Edição 118 do Brasil de Fato MG

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Com segundo reajuste do ano, Praça Sete vira palco de manifestação contra tarifa na sexta. Ação judicial continua pela tentativa de suspender aumentos de 2015

CIDADES

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MINAS

08 a 14 de Janeiro de 2016 • edição 118 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

Lei 100 deixa 59 mil desamparados

CULTURA

Fernando Frazao / Agencia Brasil

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Valter Campanato / Agencia Brasil

A Lei 100, sancionada por Aécio Neves em 2007, foi decretada inconstitucional pelo STF em 2014. Seu prazo de validade foi prorrogado até 30 de dezembro de 2015, o que permitiu que mais de 8 mil servidores se aposentassem. Mesmo assim, 59.412 trabalhadores, a maioria da educação, foram dispensados.

MINAS

Sindieletro

Após 46 dias com atividades paralisadas, eletricitários seguem reivindicando direitos. Movimentos populares manifestam apoio em carta

Blog Salas de Cinema SP

Minas Gerais

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Greve na Cemig

Cinemas de rua Antes partes fundamentais da cidade, espaços entram em decadência com o crescimento urbano. Entre as causas, a especulação imobiliária, mudanças comportamentais e novas tecnologias

ESPORTES

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Fim dos “autos de resistência” Norma da Polícia Federal e Civil determina o fim o uso do termo “auto de resistência” nos boletins. O nome escondia mortes decorrentes de ação policial. Resolução determina ainda abertura de inquérito policial sempre que o uso da força resultar em lesão corporal ou morte.

BRASIL

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Salvem a cancha! Antonio Cruz / Agencia Brasil

Rafaella Dotta

3,70 é motivo de protesto

Projeto de lei propõe preservar os campos de várzea. Belo Horizonte ainda tem muitos campinhos, mas locais são cada vez mais escassos na cidade


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

Editorial | Brasil

Receita para um feliz 2016

ESPAÇO dos Leitores “Não cometeremos o mesmo erro, torturas nunca mais”. Elaine Ribeiro, comentando a entrevista “‘Nenhum passo atrás, manicômio nunca mais”

“Para um outro mundo ser possível, somente com uma outra comunicação. O jornal vem trazer este espaço na mídia impressa e internet; dar voz aos movimentos sociais, às comunidades, a todos (as) que lutam por igualdade e justiça, pelos direitos humanos e pela democratização da comunicação”. Stella Oliveira

“Incrível. Fiquei muito feliz de chegar no metrô e me entregarem esse jornal. Estão de parabéns, um jornal imparcial e sempre com notícias que realmente são importantes pro nosso dia”. Kawany Tamoyos

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anota aí o número do Brasil de Fato no WhatsApp: 31 98979-8859

Em início de ano não há quem to empresarial das campanhas eleiresista a fazer planos e estabelecer torais para garantir que medidas metas. Nesse exercício projetamos democratizantes não aconteçam. nossos soSabemos que nhos. E o que essas elites semseria de nós 2015 ensina que será preciso pre encontraram sem eles? Não coconstruir uma força social resistência, é segredo pamo a fuga do tracapaz de enfrentar as elites balho forçado de ra ninguém que 2015 foi indígenas e neum ano digros, a constifícil. Claro que pelos olhos da im- tuição de quilombos, as greves, as prensa empresarial, a crise foi pin- campanhas por direitos políticos e tada com cores mais feias. sociais, as inúmeras revoltas e rebeNão podemos fechar os olhos pa- liões. Para um feliz 2016 será precira as dificuldades que vivemos. Pa- so dar mais musculatura a essa forra o 2016 dos nossos sonhos será ça popular. Será preciso que o popreciso enfrentar os desafios que se vo construa novas organizações e colocaram no caminho. São mui- formas de luta, fortaleça uma imtos, mas parece possível enxergar prensa comprometida com o proum central: quem tem privilégios jeto popular, estabeleça lutas unitána sociedade brasileira, nossa eli- rias que permitam fazer a direita rete, não aceita dividir a riqueza e faz cuar e acabem com privilégios. de tudo para manter a desigualdaAconteceram muitas mobilizade que lhe favorece. Simples assim. ções em 2015. Mas não foram lutas São mais de 500 anos de domina- para obter novas conquistas, foram ção. Por que aceitariam docilmen- manifestações defensivas para não te deixar que os mais pobres ocu- permitir o retrocesso e a retirada de passem os espaços que sempre fo- direitos. Em 2016, é preciso virar o ram dos ricos? Por isso foram con- jogo. Precisamos tirar o time dos tra as cotas, contra a expansão das trabalhadores da defesa, colocá-lo políticas sono ataque, e obriciais, contra gar nossas elites a a política de Frente terá de armar o povo de recuar. aumento do ideias, projeto político e de uma Tivemos no salário míano passado a imprensa popular nimo, conoportunidade de tra a reforma aprender imporagrária, e por aí vai. tantes lições. A principal delas talEm 2015 resolveram que não vez seja a necessidade de colocar queriam mais conciliar. O temor de fim a qualquer ilusão com nossas que o projeto em curso pudesse co- elites – para quem ainda tinha allocar em risco suas riquezas e pri- guma. vilégios levou-os a adotar outras esDa crise surgem as oportunidatratégias, mesmo que atropelassem des, e brotaram sementes de escom isso a democracia. Mesmo ten- perança em 2015. Vimos nascer a do lucrado muito ao longo dos últi- Frente Brasil Popular, uma articulamos anos, queriam um basta. ção de movimentos e partidos políOs mais de 500 anos de domina- ticos dispostos a sustentar um proção lhes permitiu acumular muito jeto popular para o Brasil. Entre oupoder. Usam e abusam dos meios tras iniciativas, caberá a essa Frende comunicação, tentando fazer te armar o povo: de ideias, de conscom que o povo incorpore suas ciência, de projeto político, de uma ideias. Usam do poder judiciário, imprensa comprometida com seu reduto de salários de muitos milha- projeto, e de uma organização pores de reais. Usam do financiamen- lítica capaz de dirigir a luta coletiva.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Fotografia: Larissa Costa. Estagiária: Raíssa Lopes. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Jonathan Hassen. Administração: Vinicius Nolasco. Diagramação: Luiz Romaniello. Tiragem: 40 mil exemplares.


Reprodução / Facebook

RACISMO NAS REDES

Na última semana, a foto de um menino negro de 4 anos com seu novo brinquedo – o personagem Finn, herói do filme “Star Wars: o despertar da força”, também negro – viralizou na internet. A publicação foi boicotada por grupos racistas, que denunciaram o conteúdo por “nudez”. A foto chegou até a ser suspensa pelo Facebook, mas voltou horas depois em decorrência dos protestos de usuários que exigiram a correção da rede social.

Reprodução / Facebook

E NA RUA

A jornalista Etiene Martins relatou, em sua página no Facebook, o racismo que sofreu no Supermercado DIA, na rua da Bahia, região central da capital. Um segurança ordenou a Etiene que colocasse sua bolsa no guarda-volumes, quando os demais clientes entravam na loja com seus pertences. A jornalista realizou boletim de ocorrência denunciando o agressor. A empresa, no entanto, apenas afastou o empregado - que era terceirizado e disse “não compactuar com destrato aos clientes”.

Frase da Semana “A blindagem é tão óbvia que já está virando piada” Cantor Tico Santa Cruz comentando a falta de notícias a respeito das denúncias de corrupção do senador Aécio Neves na Operação Lava Jato. (Leia mais na página 8.)

Aumento do salário mínimo injetará R$ 57 bi na economia

Com o reajuste de 11,67% e valor de R$ 880 a partir de 1º de janeiro, o salário mínimo nacional terá alcançado um ganho real de 77,3% acima da inflação acumulada desde 2002. Passará a ter, ainda, o maior poder de compra desde 1979. O acréscimo de renda aos 48 milhões de brasileiros que recebem salário mínimo representará uma injeção de recursos de R$ 57 bilhões na economia, com impacto de R$ 30,7 bilhões na arrecadação de impostos. E ainda que o aumento do mínimo repercuta nos pagamentos da Previdência Social, já que são 22,5 milhões os aposentados e pensionistas que o recebem, os efeitos do aumento da renda em circulação na economia compensam. “Cada R$ 1 de acréscimo no salário mínimo tem um retorno de R$ 293 milhões ao ano somente sobre a folha de benefícios da Previdência Social”, diz José Silvestre, do Dieese. Cerca de dois terços dos municípios do país têm como principal fonte de renda e de movimentação das atividades econômicas locais o salário mínimo.

Reprodução

O POVO NO PODER A Revolta da Cabanagem (1835 – 1840) completou 181 anos no dia 7 de janeiro de 2016. Considerada um dos maiores e mais importantes movimentos políticos e populares do país, uniu mestiços, escravos, clero, latifundiários e intelectuais em prol da expulsão de forças reacionárias que, após a independência do Brasil, pretendiam manter a província de Grão Pará (atual estado do Pará, Região Norte do país) sob o domínio de Portugal.

CIDADES

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PRA LU PODE...

Segundo informações da Folha de S. Paulo, a esposa de Geraldo Alckmin (PSDB), Lu Alckmin, já fez mais viagens utilizando aeronaves do governo do que os próprios secretários de governo. Ela fez 132 deslocamentos em jatos e helicópteros oficiais, frente aos 76 realizados pelos assistentes. Em nota, o governo justificou o número elevado e afirmou: “Dona Lu desenvolve um amplo trabalho voluntário, com agenda transparente”.

DEU RUIM! pmdb / Reprodução Facebook

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

O meme “Diferentona” que consiste em publicações que ironizam pessoas que se consideram “exclusivas” - está bombando nas redes sociais. Fez tanto sucesso que nem o PMDB quis ficar de fora. O problema é que o partido não entendeu muito bem a proposta e acabou divulgando uma postagem que debochava de si mesmo. A “zoeira” não passou despercebida pelos internautas, que viralizaram o conteúdo.


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CIDADES

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

Empresas fecham ano com 20% de aumento na passagem ÔNIBUS Ministério Público questiona reajustes municipal e metropolitano Rafaella Dotta Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) mediu 10,47% e O Ministério Público de economistas afirmam que Minas Gerais (MPMG) en- 2015 fechou com não mais trou, na segunda (4), com que 10,8% de inflação. mais uma ação civil contra O promotor pede limio aumento da passagem de nar que suspenda a Portaria ônibus das linhas de Belo 110/2015, da Secretaria MuHorizonte, desta vez, contra nicipal de Serviços Urbanos, o reajuste publicado em 30 até que os fatos sejam julgade dezembro de 2015. Para dos. o promotor Eduardo Nepomuceno, os aumentos acontecidos em julho e dezembro resultam na cobrança MPL chama protesto dupla da inflação sobre os para sexta, na passageiros. Praça Sete Ao considerar como preço-base a passagem de 30 de julho de 2015 (R$ 3,40), a ação afirma que há uma Aumento também na “flagrante violação ao con- região metropolitana trato de concessão”, especiEm 3 de janeiro iniciaram ficamente no artigo 11.3.1. as novas tarifas para as 825 Para o Ministério Público, o linhas que ligam as cidades cálculo deveria ser feito em da Região Metropolitana de cima da passagem de de- Belo Horizonte, com um auzembro de 2014 (R$ 3,10), já mento médio de 12,89%. A que incide sobre a inflação maioria das passagens pasde todo o ano. sam de R$ 3,95 para R$ 4,45, O acréscimo anual na a partir do Move das Estapassagem resulta hoje em ções São Gabriel, Vilarinho, 19,35%, com o preço saltan- Justinópolis e São Benedito. do de R$ 3,10 para R$ 3,70. O O reajuste, aprovado pevalor é duas vezes maior que lo Governo de Minas Gerais, a inflação para o período. também é alvo de investigaEm novembro, o Índice de ção do MPMG por ser maior

Isis Medeiros

que a inflação. O promotor Eduardo Nepomuceno estuda o caso e a apresentação de uma ação civil, recurso ou Termo de Ajustamento de Conduta até o fim de janeiro. Protestos: “Se aumentar ninguém aguenta” Integrantes do movimento Tarifa Zero produziram uma marchinha de carnaval com críticas aos recentes aumentos da passagem. Nos próximos dias acontecem pelo menos duas manifestações contra o reajuste. Na sexta-feira (8) às 18h na Praça Sete em Belo Horizonte,

organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL-BH), e na quarta (13) no Move da Estação Justinópolis. A principal reivindicação é a revogação do aumento, mas Cíntia Melo, do MPL-BH, lembra de mais um problema, foco de inúmeras reclamações dos usuários do transporte. “Somos contra o corte das linhas de ônibus, que foram mais de 100”, afirma. No evento virtual, 3,5 mil pessoas confirmaram presença para o protesto na Praça Sete. São Paulo e Rio de Janeiro terão protestos na mesma data e hora.

VIADUTO SANTA TEREZA Conclusão da reforma pode acontecer até junho; movimentos decidiram retomar a realização de eventos no local Entra ano, e a obra do Viaduto Santa Tereza não sai. Prevista para o segundo semestre de 2014, a construção do Circuito de Esportes e recuperação estrutural ainda não tem data definida, apenas a previsão de que deverá ocorrer até junho de 2016. A estimativa é da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), que também comunicou que já foram realizadas as reformas dos sanitários, piso, quadra de basquete, drenagem, obstáculos para pista de skate, arquibancada e calçada. A execução da rede

elétrica e iluminação se encontram em andamento, assim como outros reparos importantes. Segundo o órgão, ainda serão iniciadas a recuperação do pavimento do asfalto e também do concreto no tabuleiro do viaduto, área que pertence à Vale. “Será feita assim que houver a liberação da empresa”, afirmou a Sudecap por nota. Pedro Valentim, do Viaduto Ocupado - movimento que desde o início exigiu transparência do poder público e participação popular na gestão do espaço -, declarou que com a demora do projeto, a comissão antes criada para acompanhar o

desenvolvimento das obras se dissipou. “Essa comissão foi reivindicada em fevereiro de 2014 e oficializada somente em agosto do mesmo ano. Foi tudo tão devagar que decidimos abandoná-la, ocupar o viaduto como a gente sempre ocupou. Se a obra esta-

Jornal Estado de Minas não pagou 13º Desde dezembro de 2015 os funcionários do grupo Diários Associados, proprietário do jornal Estados de Minas e da TV Alterosa, organizam atos para reivindicar direitos trabalhistas. Até o começo de janeiro, apenas 25% do décimo terceiro havia sido pago. A empresa acumula queixas sobre o não recolhimento de Previdência e FGTs, mudanças no plano de saúde e não pagamento de férias, transporte e alimentação. Uma nova assembleia foi realizada na segundafeira (4), quando os trabalhadores marcaram mais uma reunião para o próximo dia 11, na qual poderão decidir pela greve. O movimento pode, ainda, ganhar caráter nacional, reunindo profissionais do Diários Associados no Rio de Janeiro e Brasília.

13 feriados em 2016

Ano novo, obra velha Raíssa Lopes

FATOS EM FOCO

Rafaella Dotta

va a passos lentos antes disso, ficou mais ainda depois”, constata Valentim, que também é integrante do coletivo Família de Rua, organizador do Duelo de MCs. No momento, a reforma está custeada em quase R$ 5 bilhões, contabilizando R$ 4.700.948,85.

Publicada pelo Diário Oficial da União no início de janeiro, a lista de feriados nacionais de 2016 conta com 13 datas, entre feriados e pontos facultativos. Neste ano, quase todos os meses contam com dias de recesso, com exceção de junho e julho. Agosto também não está incluso na tabela oficial do ano, mas consta no calendário de Belo Horizonte com o dia de Assunção de Nossa Senhora.


Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

MINAS

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Oito anos depois, o fim da novela da Lei 100 TRABALHO Lei aprovada no governo Aécio foi considerada inconstitucional em 2014 e agora quase 60 mil servidores são desligados Agência Brasil Wallace Oliveira efetivando cerca de 98 mil trabalhadores sem realizar A professora Marilene concurso público. O objetiSales, da cidade de Berilo vo era manter na previdên(Norte de Minas), dava au- cia estadual os não efetivos, las nos anos iniciais do ensi- isentando o governo do pano fundamental da rede es- gamento de contribuições tadual. Ela foi efetivada em não recolhidas ao INSS, no 2007, por meio da Lei Com- montante de R$ 13 bilhões. plementar nº 100. No exer- Em alguns casos, pessocício do magistério, Marile- as sem licenciatura tornane contraiu uma doença vocal e teve que se afastar da Objetivo da Lei 100 sala de aula. Com o problema da voz, veio a depressão era isentar o governo e insegurança com relação do pagamento de ao futuro. No dia 31 de decontribuições não zembro de 2015, a professora perdeu o emprego, com a recolhidas ao INSS revogação da Lei 100. De acordo com a Secretaria de Estado de Planeja- ram-se titulares de cargos mento e Gestão (Seplag), do magistério: advogados 59.412 servidores estaduais dando aulas de português, foram desligados, 97% de- fonoaudiólogos lecionando les na área da educação. Do sociologia, administradores total, 1.481 serão aposenta- ensinando matemática, endos por invalidez, mas seus tre outros. atos de aposentadoria ainda não haviam sido publi- Lei inconstitucional cados, motivo pelo qual os Em março de 2014, o Sunomes ainda constavam na premo Tribunal Federal lista de desligamento. Mari- (STF) considerou a Lei 100 lene não sabe se poderá se inconstitucional, durante o aposentar. julgamento da Ação DireO problema começou ta de Inconstitucionalidade em 2007, quando o então (ADI) 4876. governador Aécio Neves “Nós não pedimos uma (PSDB) assinou a Lei 100, estabilidade que é incons-

titucional. Eu recebi uma carta dizendo que eu tinha os mesmos direitos de um servidor efetivo, mas, na verdade, não tinha. Agora, estou sem resposta sobre a minha aposentadoria por invalidez e nem concorrer à designação eu posso, por conta do problema da voz”, relata a professora Marilene Sales.

balhadores prestes a serem demitidos sem direito a se-

Adiamento do prazo O STF decidiu que os servidores efetivados pela Lei 100 perderiam a condição de titulares de cargo efetivo e seriam desligados até 1º de abril de 2015. Na época, houve grande apreensão entre tra-

guro desemprego e FGTS. Em maio, após muita pressão do sindicato, o governador Fernando Pimentel (PT) obteve junto ao Supremo o adiamento do prazo para 31 dezembro. A mudança na data permitiu que cerca de 8 mil servidores se

“Eu recebi uma carta dizendo que tinha os mesmos direitos de um servidor efetivo, mas, na verdade, não tinha”, diz professora

Pressão para garantir direitos DIREITOS Sindicato da educação critica Lei 100, mas busca informar servidores

Lidyane Ponciano

Wallace Oliveira “Desde o início, o sindicato alertou que o vínculo [da Lei 100] era precário e orientou as pessoas a fazerem o concurso. Algumas fizeram e estão sendo convocadas. Outras ficaram remanescentes em cargos de direção e vicedireção, pois também conquistamos a possibilidade de que concorressem a tais cargos. Agora, um número considerável se aposentou”, afirma Paulo Henrique Fonseca, da direção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação

de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). Entretanto, outras situações ainda estão pendentes. “Não tivemos uma solução definitiva sobre a questão previdenciária. Em 2007, o governo efeti-

Adiamento do prazo permitiu que oito mil se aposentassem, segundo Seplag vou esses servidores para incluí-los na previdência própria do estado, abrindo

mão dos repasses ao INSS. Outro problema diz respeito ao rateio de férias e décimo terceiro. Essas pessoas trabalharam em 2015 e deveriam receber esses direitos”, aponta.

No dia 10 de dezembro, o Sind-UTE encaminhou um ofício à Seplag, com o pedido de pagamento dos direitos de férias e terço das férias para todos os servidores. O documento

encaixassem nos requisitos para aposentadoria. Foi o que aconteceu com a professora de biologia Sônia Maria Ferreira Cirino, afastada da sala de aula em 2008, também em razão de um problema vocal. Ela se encontrava em desvio de função e conseguiu aposentar-se por idade e tempo de serviço, aos 60 anos. De acordo com a Seplag, quem foi desligado tem direito ao atendimento de saúde do Ipsemg até o dia 10 de fevereiro. As servidoras grávidas ou em licença maternidade receberão seus vencimentos normalmente até o quinto mês após o parto.

também faz referência ao problema dos servidores em vias de se aposentar. Estado pode reconvocar exonerados Parte dos mais de 59 mil exonerados no dia 31 de dezembro poderão ser readmitidos pelo governo, em contratos temporários. Foi o que prometeu, na quarta-feira (6), o governador Fernando Pimentel, que disse que os servidores receberão um comunicado informando sobre seu futuro. Além disso, segundo o governador, os servidores que se encontravam em licença médica antes da data da exoneração poderão terminar seu tratamento pelo Ipsemg.


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OPINIÃO

Artigo

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

Sem rebeldia não há saída João Paulo Cunha

Em uma das cenas do filme “As sufragistas”, em cartaz nos cinemas de BH, uma personagem afirma que é melhor ser rebelde que escrava. Pode parecer uma frase banal – afinal, quem não escolheria a rebeldia à servidão? –, mas que parece nomear opções com as quais nos deparamos todos os dias. Na democracia imperfeita em que vivemos, as formas de repressão se tornaram tão naturais quanto invisíveis. Criminaliza-se o aborto, jovens negros e pobres são perseguidos como bandidos e índios são mortos de forma covarde. O machismo se firma como gramática de relacionamento em todos os setores, os homossexuais são discriminados, revogam-se políticas humanistas de saúde mental em nome de interesses de mercado. Na sociedade higiênica, a norma é penalizar a diferença. O que é violência extrema se realiza como destino. Sem rebeldia, sobra a escravidão voluntária. O filme da diretora Sarah Gavron tem como sua maior força política a percepção de que as palavras habituais não bastam quando se trata

do combate às injustiças. O empenho da rebeldia é criar instrumentos para fortalecer as palavras necessárias e canalizar a ação quando o discurso estanca. E é aí que reside a contemporaneidade da história da luta pelo voto feminino mostrada no filme. Mais que uma conquista institucional, trata-se da coragem de olhar adiante da lei, de inaugurar novos contextos de liberdade. Essa, talvez, seja a melhor inspiração para o ano que começa. Não podemos ficar presos aos limites que estão sendo impostos pelo jogo po-

As palavras habituais não bastam quando se trata do combate às injustiças lítico tradicional. O cenário montado pelos golpistas é, em sua essência, legalista no sentido mais conservador da palavra. Aceitar o debate nesses termos paralisou, de uma só vez, os dois lados da aliança em torno da defesa das conquistas democráticas. O governo ficou refém do discurso jurídico e presa fácil de alianças menores. Os movimentos populares, por sua vez, colocaram bandeiras históricas entre

Greve na Cemig completa 46 dias DIREITOS Quando ainda era candidato, Pimentel prometeu Reprodução reverter as terceirizações na empresa Da redação O movimento reivindica o fim das terceirizações, contratação de 400 eletricitários, participação linear nos lucros e resultados, reajuste salarial com correção das perdas inflacionárias e melhores condições de trabalho e saúde, entre outros direitos. Na quarta-feira (6), cerca de 400 trabalhadores realizaram um ato em frente Palácio da Liberdade, na Região Centro Sul de BH. A partir de então, o sindicato realiza assembleias em todo o estado, que terminam na sexta (8). Durante o protesto, o governador Fernando Pimentel (PT) participava de uma entrevista coletiva e comentou a greve. “A Cemig é uma empresa, uma sociedade anônima, com ações na bolsa de valores. Portanto, é uma empresa estatal, mas de gestão privada. O governo do estado não pode entrar e não pode interferir na negociação entre a diretoria da empresa e seus servidores”, declarou. Em maio de 2014, quando ainda era candidato, Pimentel assinou uma carta de compromissos, prometendo reverter a política de terceirizações e a privatização da Cemig.

parênteses para fortalecer a resistência ao golpe. A presidenta Dilma Rousseff preferiu valorizar a interlocução com a opinião pública por meio da imprensa familiar. A escolha enviesada de seu público prioritário deixou de lado os setores populares em nome da pretensa opinião pública representada pela mídia comercial. Os movimentos populares, depois de preteridos por esses meios de comunicação, precisam agora defender o aprofundamento de sua identidade. Eles fizeram sua parte e devem partir para a reafirmação de seus princípios. O governo deve ter aprendido que não pode contar com os inimigos da democracia, embora ainda se enfraqueça ao mandar seus primeiros sinais de ano-novo via páginas de jornalões. O caminho da recuperação da governabilidade e da economia, que será lento, passará necessariamente pela coragem de falar olho no olho, com os interlocutores certos, nas horas certas. No momento em que a oposição já não esconde mais sua única estratégia – melar o jogo a qualquer custo –, a conjuntura só pode avançar com palavras e ações de gente grande. O governo precisa crescer para merecer a sociedade organizada disposta a mudar o jogo, desde que seja pra valer. Este será um ano de rebeldia. É o melhor que os movimentos sociais têm a oferecer ao país.

Sindicatos criticam atraso de salários no estado IMPASSE Situação pode se repetir pelos próximos três meses Da redação

Solidariedade Uma plenária em solidariedade aos eletricitários em greve será realizada na próxima quarta (12), na sede do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro/MG), por iniciativa de sindicatos e movimentos populares. Uma carta de apoio foi divulgada na quinta-feira (7), assinada pelos movimentos. “Os governos neoliberais conseguiram a façanha de tornar a diferença entre o menor e o maior salário dentro da empresa, que era de 18 vezes, em 32 vezes, graças à distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de forma a priorizar os salários mais altos”, afirma a carta.

Após o governador Fernando Pimentel anunciar que, pelos próximos três meses, os salários dos servidores podem ser pagos dois dias úteis após a data normal, sindicatos protestaram contra o atraso nos pagamentos. Em carta ao governador, o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Sindifisco-MG), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE-MG) e o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (SindSaúde-MG) solicitaram a manutenção da data do dia 8 de janeiro e pediram uma reunião para abordar o assunto. O anúncio dos atrasos foi feito durante cerimônia de lançamento de um aplicativo para celulares que disponibilizará informações sobre serviços públicos estaduais. Segundo os sindicatos, “o governo atual repete o erro do governo anterior, de tentar fazer ajuste fiscal sobre a folha de

pagamento, sacrificando os trabalhadores”. De acordo com o documento, um dos pilares da atual crise econômica no país é a desoneração fiscal ilimitada e sem retorno social, feita pelo governo federal para favorecer grandes empresas. Em Minas Gerais, essa política teria sido implementada pelo PSDB e não foi revista pelo governo atual. Dívida com a União Em janeiro de 2016, o estado de Minas Gerais supera o limite de endividamento permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Só a dívida com a União ultrapassa R$ 77 bilhões. Para enfrentar esse problema, uma nova lei estadual permitirá uma mudança nos critérios de indexação dos contratos entre estado e União. Atualmente, os contratos são corrigidos com base no IGP-DI mais 7,5%. Com a lei, os contratos terão como base o IPCA mais 4%, o que significa que a dívida passa a crescer menos do que o previsto pela regra anterior.


Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

Na edição 111... Vitória na justiça garante preservação da Mata do Planalto ...E agora Após nova ameaça, Mata do Planalto permanece a salvo Contrariando o parecer da Procuradoria Geral do Município, o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) anunciou, no fim de 2015, a realização de nova votação da Licença Prévia para construção de condomínios na Mata do Planalto. As obras já haviam sido proibidas pelo Tribunal de Justiça, em novembro. Para garantir o cumprimento da ação, integrantes da Associação do Bairro Planalto, Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAM) acompanharam a sessão - que aconteceu na Secretaria Municipal de Meio Ambiente no dia 22 de dezembro - e pediram a preservação de 100% da área ameaçada. Devido à pressão popular, o processo que autorizaria o empreendimento - um condomínio com 16 prédios – está suspenso para averiguação. Na edição 116... Maduro anuncia reestruturação em todas as áreas do governo ...E agora Nova Assembleia toma posse na Venezuela Os deputados eleitos para a Assembleia Nacional da Venezuela tomaram posse na terça (5). A sessão foi tumultuada devido à decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que impediu a posse de quatro dos assembleístas eleitos (três opositores e um governista). A medida fez com que a oposição deixasse de contar com a maioria de 122 deputados, ficando com 109 e os governistas com 54. Ainda assim, a primeira medida foi a retirada dos quadros do ex -presidente Hugo Chávez, e também do herói da independência, Simón Bolívar, das paredes da casa. Porém, do lado de fora, uma manifestação tomou as ruas para demonstrar apoio à nova assembleia e impedir o retrocesso de conquistas sociais.

Foto da semana

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Tassio Lopes

Acompanhando

OPINIÃO

Palhaço da Companhia “Unidos Por Santos Reis” - Passos/Sul de Minas - “Na folia tem palhaço, que faz verso e diabrura”, canta o verso de Folia de Reis, do sambista Martinho da Vila. As Folias de Reis são manifestações culturais populares presentes em vários lugares do Brasil. São realizadas entre os dias 25 de dezembro e 6 de janeiro, recordando a viagem mítica dos Três Reis Magos à cidade de Belém, à procura do menino Jesus. Em alguns lugares, as folias têm a apresentação de um palhaço que faz brincadeiras em malabarismos e pede dinheiro.

Frei Felipe Sousa

Lúcio Parrela

Ideologia e educação

Cemig, uma empresa à beira do caos

Desde quando começou a ser debatida, a Base Nacional Comum Curricular (BNC) vem sofrendo críticas da mídia em relação à escolha dos conteúdos, feita por supostas “opções ideológicas” do MEC. Acusam a proposta da BNC de “ideologização”, mais especificamente para os conteúdos de história, alegando que diversos temas importantes da história da civilização ocidental foram excluídos e substituídos por outros menos importantes, como história da África e “uma tal história ameríndia”. Tais críticas sugerem a responsabilidade disso na “ideologia” do governo federal, estabelecendo comparações com regimes autoritários, que sempre se preocuparam com o controle da educação. Palavra perigosa esta: ideologia. Ainda mais quando aparece na sua forma de derivação, como ideologização. No caso das críticas da grande mídia, ela aparece no seu sentido pleno. Os que acusam de ideologização são, na verdade, os verdadeiros ideologizadores. São os que, a todo momento, distorcem a realidade dos fatos, lan- Qual sua visão da çando uma cortina de fumaça história? no debate, escondendo ou revelando o que lhes interessa. E isso com o claro objetivo de manter a sua versão da História e a sua secular dominação. Especulo que temam o rompimento do consenso da sociedade que sempre legitimou sua dominação no momento em que os nossos alunos descobrirem a sua verdadeira história, se reconhecendo como povo, identificando os opressores e exigindo justiça. Com uma educação comprometida com a verdadeira história, duvido muito que as coisas continuariam como estão. Importante este debate e não podemos ficar alheios a ele. Toda história, inevitavelmente, é construída a partir de uma visão. Cabe a nós, povo brasileiro, fazermos a nossa escolha.

A propaganda, todos conhecem bem. Durante anos, a Cemig alimentou o jargão de ser “a melhor energia do Brasil”. Na prática, o faz de contas parece tomar outros contornos. Nem a população, tampouco os próprios trabalhadores da empresa, estão dispostos a conviver com o descaso e a irresponsabilidade que marca a gestão da Cemig. Por todo o estado, explodem manifestações de consumidores cobrando melhorias e uma política tarifária mais justa. No mesmo sentido, os trabalhadores da Cemig estão em greve há mais de 46 dias denunciando as mutilações e mortes na empresa, o sucateamento das redes, a ganância de gestores que buscam enriquecimento a curto prazo, e a precarização nas relações de trabalho. Infelizmente, a mudança no comando da Cemig a partir da eleição do governador Pimentel tem se mostrado incompetente para lidar Greve tenta romper com o conflito social instagestão elitista lado na empresa. Enquanto viram as costas para a manifestação dos trabalhadores e insistem em retirar direitos históricos da categoria, a diretoria da Cemig alimenta uma casta de gestores que desestabilizaram a Cemig nos últimos anos; reforçam um complexo esquema com empreiteiras que já demonstraram seu potencial para entrada de corrupção. Os eletricitários de Minas permaneceram em luta por justiça na distribuição de renda entre os trabalhadores. É preciso construir alternativas à crise política e econômica da Cemig e o caminho para isso é o rompimento com vícios e desigualdades de um modelo de gestão elitista. Lutamos pelo fim da carnificina no setor elétrico de Minas e pelo respeito na prestação de serviço público à sociedade. Abra o olho, governador!

Frei Felipe Sousa é formado em filosofia e é frei franciscano.

Lúcio Parrela é diretor do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais - Sindieletro MG.


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BRASIL

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

Aécio Neves é novamente citado em denúncia LAVA JATO Entregador de dólares afirma o repasse de R$ 300 mil ao senador Lula Marques / Agencia PT

Da redação Como parte das investigações da Operação Lava Jato, Carlos Alexandre de Souza Rocha forneceu uma delação premiada em 1º de julho de 2015, em depoimento reconhecido como legítimo pelo Superior Tribunal Federal. Na denúncia, o nome do senador Aécio Neves (PSDB) aparece como receptor de R$ 300 mil vindos da empresa UTC Engenharia, no segundo semestre de 2013. Carlos Alexandre declara ter conhecido o doleiro Alberto Youssef em 2008 e, desde então, fazia o trabalho de entregar verbas de propina a diversos políticos, geralmente no valor de R$ 150 mil e R$ 300 mil. Em

2013, afirma ter feito cerca de quatro entregas a um diretor da UTC chamado Mi-

randa. Em uma das entregas, Miranda teria se mostrado an-

sioso em receber a quantia, que logo levou a outro local. Quando retornou, Miranda teria comentado: “Ainda bem que esse dinheiro chegou, porque eu não aguentava mais a pessoa me cobrando tanto”. Quando Carlos Alexandre indagou quem era, Miranda respondeu rapidamente “Aécio Neves”. Em resposta, a assessoria de Aécio afirma que o senador não conhece Carlos Alexandre e classifica as denúncias como “nitidamente falsas”, “com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB”. Não virou notícia Personalidades criticaram o silêncio dos grandes meios de comunicação so-

bre a denúncia contra Aécio Neves. O fato foi veiculado em matéria interna e sem destaque pelo jornal Folha de São Paulo e em manchete pelo site Uol, que depois de duas horas retirou a notícia do local de evidência. Mário Magalhães, jornalista e escritor, postou em seu perfil no Twitter “Depoimento citando Aécio foi em julho. Por que não o vazaram, como outros?”. O cantor Tico Santa Cruz, da banda Detonautas, comentou em sua página no Facebook “A blindagem é tão óbvia que já está virando piada”. Em 2015, Aécio Neves foi citado mais duas vezes durante as investigações da Operação Lava Jato, em fevereiro e agosto.

Dois meses depois, investigações ainda não estão concluídas MARIANA MP determina que mineradora pague R$ 20 mil a cada família deslocada Da redação Após dois meses do crime que indignou o Brasil e atingiu milhares de famílias em toda a bacia do Rio Doce, a investigação sobre o rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, continua sem conclusões. No entanto, o Ministério Público avança em acordos e pesquisa mostra que a população identifica culpa da empresa. Em audiência de conciliação no dia 23 de dezembro, a Samarco Mineração S.A., empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton, foi condenada ao pagamento emergencial de R$ 20 mil a cada família deslocada e R$ 100 mil àquelas que perderam parentes. Esta foi a decisão do juiz Frederico Esteves Duarte Gonçalves, da 2ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Mariana, na homologação de acordo entre o Minis-

tério Público de Minas Gerais e a empresa. A Samarco também fica responsável pela ajuda mensal de um salário mínimo a todos os que perderam sua renda, com o acréscimo de 20% a cada membro dependente do núcleo familiar, além de custear os aluguéis e fornecer cesta básica até a reconstru-

Laudo do Ibama aponta que 663 km de rios foram atingidos ção das comunidades. Para demais acordos, uma nova audiência conciliatória está marcada para o dia 20 de janeiro com a presença do Ministério Público, representantes das vítimas e da Samarco. 89% acredita que culpa é da Samarco Na segunda (4), a agên-

Joka Madruga

cia de pesquisas Hello Research, com sede em São Paulo, divulgou estudo da opinião popular sobre o crime. Foram entrevistadas 1.200 pessoas em todo o Brasil. Destas, 89% afirma que a culpa da tragédia é da Samarco. 73% acreditam que a fiscalização estadual é responsável e 62% afirmam que o governo federal também tem parte de culpa. Bacia destruída O desastre ambiental do dia 5 de novembro atingiu 663 quilômetros de rios e resultou na destruição de 1.469 hectares de vegetação, incluindo Áreas de Preservação Permanente, mostra laudo técnico preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No distrito de Bento Rodrigues, 207 das 251 edificações (82%) ficaram soterradas. Segundo o Ibama, não é possível dizer se a mancha

aumentou ou diminuiu nos últimos dias. O aumento da turbidez da água, e não uma suposta contaminação, provocou a morte de milhares de peixes e de outros animais. Ainda de acordo com o Ibama, das mais de 80 espécies de peixes apontadas

como nativas antes da tragédia, 11 são classificadas como ameaçadas de extinção e 12 existiam apenas lá. Ainda não é possível afirmar como será o processo de recuperação, pois o desastre está em curso. (Com Agência Brasil).


Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

BRASIL

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“Auto de resistência” fora dos boletins policiais DIREITOS HUMANOS Nova norma sugere que mortes pela polícia não podem ser camufladas Agência Brasil Uma resolução conjunta do Conselho Superior de Polícia, órgão da Polícia Federal, e do Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil publicada no dia 4 no Diário Oficial da União aboliu o uso dos termos “auto de resistência” e “resistência seguida de morte” nos boletins de ocorrência e inquéritos policiais em todo o território nacional. A medida, aprovada em 13 de outubro de 2015, mas com vigência somente a partir da publicação no DOU, promove a uniformização dos procedimentos internos das polícias judiciárias federal e civis dos estados nos casos de lesão corporal ou morte decorrentes de resistência a ações policiais. O texto determina que, a partir de agora, todas as ocorrências do tipo sejam registradas como “lesão corporal decorrente de oposição à intervenção policial” ou “homicídio decorrente de oposição à ação policial”. De acordo com a norma, um inquérito policial com

tramitação prioritária deverá ser aberto sempre que o uso da força por um agente de Estado resultar em lesão corporal ou morte. O processo deve ser enviado ao Ministério Público independentemente de outros procedimentos correcionais internos das polícias. A decisão segue uma resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos em 2012, que recomendava que as mortes causadas por agentes de Es-

Medida combate o racismo institucional e estrutural tado não fossem camufladas por termos genéricos. “Nós sabemos, inclusive, que as principais vítimas dessas mortes são jovens negros de periferia. A medida então passa a ser mais importante ainda, porque combate o racismo institucional e estrutural e se coloca como um exemplo para as instituições policiais nos Estados da Federação”,

afirmou o secretário especial de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Rogério Sottili. O fim dos autos de resistência é uma reivindicação antiga de grupos de defesa de direitos humanos. Em janeiro de 2015, por exemplo, a organização não governamental Human Rights divulgou relatório em que apontava um aumento de 97% no número de mortes decorrentes de ações policias em São Paulo, que foram de 369, em 2013, para 728 em 2014. No Rio de Janeiro, foram 416 mortes por essas causas em 2013 e 582 em 2014, um crescimento de 40%. Anistia Internacional A Anistia Internacional criticou a nova nomenclatura estabelecida pelas polícias Federal e Civil para substituir termos como “auto de resistência” e “resistência seguida de morte”. Para a organização, a nova nomenclatura não combate a violência policial injustificada,

uma vez que mantém a lógica de oposição presente nos termos utilizados anteriormente ao ainda referir-se à vítima como resistente. “A Anistia Internacional espera que qualquer nova nomenclatura proposta seja neutra, que não apresente qualquer tipo de prejulgamento a respeito do com-

Fernando Frazao / Agencia Brasil

portamento da vítima”, disse a assessora de Direitos Humanos da AI, Renata Neder, . “Todo homicídio decorrente de intervenção policial deve ser investigado como um homicídio. Só através de uma investigação completa, independente e imparcial é possível determinar o contexto daquela morte”.

Indígenas se manifestam em SC após assassinato de menino indígena VIOLÊNCIA Vítor Pinto, de dois anos, foi esfaqueado enquanto era amamentado Jacson Santana e Mariana Oliveira / Cimi-Regional Sul

Da Redação Centenas de pessoas, em sua maioria indígenas dos povos Guarani Mbyá e Kaingang participaram de atos em protesto na quartafeira (6) pela morte do menino Kaingang Vítor Pinto, de dois anos, assassinado há uma semana na rodoviária de Imbituba (SC) enquanto era alimentado no colo de sua mãe. Um dos atos ocorreu em frente à própria rodoviária e teve a participação de 100 pessoas que utilizaram lenços vermelhos no pescoço em referência ao local onde a criança foi esfaqueada. No lugar onde o crime aconteceu, os indígenas fizeram uma inscrição no chão com os dizeres: “Ví-

tor Kaingang, você vive em nós”. Em seguida, os manifestantes dirigiram-se à delegacia da Polícia Civil, que fica próxima ao local do crime, para cobrar esclarecimentos sobre a investigação da morte da criança. O delegado titular da ci-

dade, Raphael Giordani, afirmou aos manifestantes que o suspeito detido no dia 31 de dezembro não confessou o crime. Presente em frente à delegacia, a mãe do menino, Sônia da Silva, disse que o suspeito preso “é o mesmo” homem que assassinou seu fi-

lho. A investigação segue e ele pode permanecer preso temporariamente até o dia 31 de janeiro. Indignação Em Chapecó, cidade na qual fica a Aldeia Kondá, onde vive a família de Vítor, outro ato reuniu 500 pessoas, em sua grande parte indígenas das comunidades locais, que realizaram danças e, após algumas falas, fizeram uma caminhada pelo centro da cidade. Os pais de Vítor, como muitos outros indígenas costumam fazer nesta época do ano, haviam saído da Terra Indígena Aldeia Kondá para comercializar artesanato no litoral catarinense, onde pretendiam per-

manecer até o fim do carnaval junto com ele e seus outros dois filhos, um de seis e outro de doze anos. Ao meio-dia, na quartafeira passada (30), na antevéspera do Ano Novo, Vítor foi esfaqueado no pescoço por um desconhecido que se aproximou enquanto ele se alimentava no colo de sua mãe. “Esperamos que haja justiça, que exista respeito e menos discriminação contra o nosso povo”, afirmou Idalino Kaingang, liderança da aldeia Toldo Chimbangue, que fica também em Chapecó. “Construíram a cidade em cima da nossa terra e agora querem nos dizer onde podemos ou não podemos ficar”, concluiu o líder.


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MUNDO

Comissão de Direitos Humanos critica mudança na Lei de Meios da Argentina

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

ONU condena teste nuclear da Coreia do Norte AMEAÇA Conselho de Segurança declarou que vai implementar medidas em represália ao país asiático

AMÉRICA LATINA Comissão enviou carta ao presidente Macri sobre importância de liberdade de expressão EPA / Lusa

Opera Mundi O Conselho de Segurança da ONU “condenou fortemente” na quarta-feira (06) a realização do teste nuclear da Coreia do Norte, que ocorreu às 10h no horário norte-coreano (23h30 de terça-feira no horário de Brasília). O Conselho se reuniu em caráter de emergência para tratar do assunto e classificou o teste como “uma clara ameaça à paz e à segurança internacional”. Elbio Rosselli, embaixador do Uruguai na ONU e atual presidente do Conselho, disse que as Nações Unidas haviam previamente anunciado “a determinação de tomar medidas significativas” caso a Coreia do Norte realizasse um novo teste nuclear. “Seguindo esse compromisso e a

gravidade dessa violação, os membros do Conselho de Segurança começarão imediatamente a trabalhar em tais medidas por meio de uma nova resolução do Conselho”, declarou Rosselli. Não foram especificadas quais medidas o Conse-

lho pretende adotar em represália à Coreia do Norte. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o teste nuclear norte-coreano é “profundo desestabilizador da segurança regional” e viola diversas resoluções já aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Opera Mundi nou um decreto que implicou a dissolução das agênPor meio de uma carta, a cias Afsca (Autoridade FeComissão Interamericana de deral de Serviços de ComuDireitos Humanos (CIDH), nicação Audiovisual) e Aftic da OEA transmitiu ao gover- (Autoridade Federal de Tecno argentino sua inquieta- nologias da Informação e ção em relação às mudanças das Comunicações). do sistema legal de serviços Ambas as agências fode comunicação audiovisual ram criadas por leis votano país, revelou o jornal Pá- das pelo Congresso durangina 12 no domingo (3). te o governo de Cristina KirO veículo, que teve acesso chner e deixarão de existir a a um documento confiden- partir de segunda-feira (4), cial enviado a Buenos Aires, quando serão fundidas no afirma que o organismo au- recém-criado Ente Naciotônomo “pediu elementos nal de Comunicações (Enasobre a suposta legalidade com), que absorverá as fundas medidas adotadas e con- ções desses dois órgãos. tém uma solicitação de inNos últimos anos, a Afsformação sobre tudo que foi ca supervisionava a aplicafeito pelo governo de Mauri- ção da Lei de Meios, aprocio Macri em matéria de li- vada pelo Congresso argenberdade de expressão”. tino em 2009 com o objetiNa última quarta-feira vo de impedir o monopólio (30), o presidente argentino, dos meios de comunicação, Mauricio Macri, empossado enquanto a Aftic regulava as há menos de um mês, assi- telecomunicações.


Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

ENTREVISTA 11

“É preciso mudar a política econômica, não apenas o gerente”, reivindica João Pedro Stedile

Rafael Stedile

Bruno Pavan, de São Paulo

E qual o balanço das mobilizações?

João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e integrante da Frente Brasil Popular, considera que movimentos devem exigir mudanças no governo. Em entrevista ao Brasil de Fato, Stedile avalia que “a novela do impeachment” deve terminar até abril de 2016 e que o ano será marcado pela luta em torno da condução da política econômica do governo.

Bem, aí acho que foi um ano bem disputado. A direita teve seu auge em março, e depois foi diminuindo em agosto, e caiu no ridículo em dezembro. E os movimentos populares fizeram o caminho inverso: fomos aumentando devagarzinho, e demos o troco em dezembro, com mobilizações de massa, em muitas capitais. Acho que agora conseguimos envolver não apenas os militantes, mas muita gente da base começou a se mexer e também foi pra rua. Acho que, na rua, o impeachment está derrotado.

Brasil de Fato - Que balanço os movimentos que compõem a Frente Brasil Popular fazem de 2015? João Pedro Stedile A Frente Brasil Popular é uma frente ampla, uma aliança das mais diferentes formas de organização de nosso povo: movimentos populares, da juventude, sindicais e partidos. Nós sempre tomamos as deliberações por consenso, não temos instâncias de coordenação, nem portavozes. Assim não falo pela Frente Brasil Popular. Falo pelo que vejo nas minhas andanças pelo Brasil. Em termos gerais, em 2015 a mediocridade política imperou. A maioria do povo

“É preciso diminuir a taxa de juros e financiar grandes obras nas cidades” brasileiro, com 54 milhões de votos, reelegeu a presidenta Dilma [PT]. Porém, setores das classes dominantes e os partidos mais conservadores não se deram por vencidos e quiseram retomar o comando do Executivo no tapetão. Começaram a conspirar desde a posse. Para isso, se utilizaram dos espaços nos quais têm hegemonia - como a mídia corporativa, o poder Judiciário e o Congresso - para tentar derrubar a presidenta.

Reprodução / Facebook

E na economia, qual é o balanço? O balanço é extremamente negativo na economia. A economia brasileira vive uma grave crise, fruto de sua dependência do capitalismo internacional e do controle hegemônico dos bancos e das empresas transnacionais. Terminamos o ano com queda de 4% no PIB. Caíram os investimentos produtivos, seja por parte do governo e empresas estatais, seja por parte dos empresários. O governo cometeu vários erros que agravaram a crise. Primeiro, trouxe um neoliberal para o Ministério da Fazenda, que certamente teria sido ministro da chapa Aécio Neves. As medidas neoliberais de aumento da taxa de juros de 7 para 14,15%, os cortes nos gastos sociais, o tal ajuste fiscal, só produziram mais problemas para o povo e para a economia. A inflação atingiu os 10% ao ano e o desemprego alcançou a média de 8,9% da população trabalhadora. O tesouro nacional pagou 484 bilhões de reais em juros e amortização aos bancos. Felizmente, o ministro caiu. Deixou, porém, um ano perdido. É preciso mudar a política econômica, não apenas o gerente. Como os movimentos po-

pulares analisam a tragédia ambiental que aconteceu em Mariana? 2015 ficará marcado pelo maior crime ambiental da história do país, e quiçá um

“Cunha é o Ali Babá brasileiro” dos maiores do planeta. E por que aconteceu? Pela sanha das mineradoras, no caso, a Vale, de ter lucro máximo. Em outros países, o lixo das mineradoras tem outro tratamento. Porém, custa mais caro. Já se romperam cinco barragens no país, e há outras 48 em condições semelhantes. Qual a avaliação da atuação do Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados, em 2015 ? O Congresso foi o espelho maior da mediocridade da política durante o ano. Primeiro, elegeram Eduardo Cunha [PMDB-RJ] co-

mo presidente da Câmara, ainda que todos soubessem de suas falcatruas. E quando ele soube que a Procuradoria da República iria pedir sua destituição e prisão, se adiantou e propôs o impeachment da presidenta Dilma. Mas o feitiço voltou-se contra o feiticeiro, que usou de falsos argumentos. Tenho certeza de que com o rito determinado pelo STF, certamente o governo terá os votos necessários na Câmara e no Senado para barrar o processo. Porém, além das artimanhas do Ali Babá brasileiro, o Congresso se revelou extremamente conservador em todas as matérias encaminhadas, uma dicotomia total com os anseios e práticas da sociedade.

“Acho que, na rua, o impeachment está derrotado” E qual a solução para esse mal funcionamento

da democracia brasileira? Temos defendido a necessidade de uma reforma política profunda, que devolva ao povo o direito de escolher sem influências da mídia ou do capital. Há diversos projetos de lei apresentados pela Coalizão Democrática. Porém, esse Congresso não quer, e nem tem moral, para cortar seus próprios dedos. Então, só nos resta lutar por uma Assembleia Constituinte, que somente virá com o reascenso do movimento de massa. Quais são as perspectivas políticas para o ano de 2016, na ótica dos movimentos populares? Nossa expectativa é de que até abril termine a novela do impeachment. E, a partir daí, o governo se recomponha com uma nova aliança de partidos governantes, com um novo ministério adequado à realidade da sociedade. E que o governo volte a assumir os compromissos que fez na campanha.


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CULTURA

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

Feliz 16, queridos leitores!

Novela Joaquim Vela também no email: quimvela@brasildefato.com.br Divulgação

As inovações tecnológicas, em seus variados aspectos e por força de nossa cultura, quase sempre surgem com algo positivo. A série de TV britânica “Black Mirror”, criada por Charlie Brooker e agora disponível no Netflix, busca problematizar os efeitos da tecnologia no presente e em um futuro não tão distante. O nome da sé-

Fazendo jus às propostas que fiz no texto de encerramento

de 2015, especificamente as de convidar outros colaboradores e de diversificar os

deste ano. Então vamos lá!

Nós e o espelho negro rie – espelho preto – parece fazer referência às telas de nossos smartphones e tablets quando desligados, mas seu fio condutor é o uso e as consequências da tecnologia em sua plenitude. Os capítulos são independentes e os temas não são estranhos ao telespectador, pois as sensações não são diferentes daquelas vivenciadas no cotidiano, em qualquer época e em qualquer lugar. Estão expostos o amor, o ciúme, a vergonha, o medo, o ódio,

a vingança e mais um sem número de emoções. A trama que envolve o personagem do terceiro episódio da primeira temporada, por exemplo, em muito lembra a obsessão de Bentinho, narrador do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, escrito há mais de um século. O convite que a série nos faz é para refletir sobre a condição humana, portanto sobre esses mesmos sentimentos, porém em um mundo definitivamente conectado e em uma sociedade na qual cada um de seus membros corre o constante risco da abso-

ACESSÍVEL Ingressos variam de R$ 5 a R$ 15 nos postos inscritos na campanha

Divulgação

luta exposição. A tecnologia apresentada na série é inevitável, pois se é possível, por exemplo, registrar todas as memórias em um dispositivo colocado dentro do cérebro e, indo mais longe, adquirir novos conhecimentos na velocidade de um download, passa a não ser mais escolha das pessoas permanecer de fora desse universo. Em Black Mirror não existe espaço para aqueles segredos e jogos de sombras que são tão importantes à manutenção dos laços sociais e da própria individualidade, da identidade e da sanida-

de mental. A série é feita sob medida para abalar a inabalável crença no progresso tecnológico e, ao mesmo tempo, provocar reflexões sobre temas e dilemas onipresentes e atemporais em nossas sociedades. Vale a pena conferir. Antonio Claret Gostou do texto? Já viu a série? Quer comentar? Estamos sempre conectados pelo quimvela@ brasildefato.com.br. Te encontro lá, virtualmente e com a ajuda da tecnologia.

AGENDA DE FÉRIAS

Museu de História Natural recebe crianças Divulgação / Museu historia natural

Aberta a turnê de teatro e dança a preços populares

De 11 a 15 de janeiro, o Museu de História Natural da UFMG (Rua Gustavo da Silveira, 135 - Santa Inês) oferece oficinas, jogos didáticos, caminhadas na mata e brincadeiras tradicionais para crianças de 5 a 12 anos. As atividades fazem parte da 10ª Colônia de Férias do Museu. Os agendamentos devem ser feitos pelo telefone 34097650.

Começa o Verão de Arte Contemporânea Divulgação / VAC Elisângela D’Paula (Preta)

A Campanha de Popularização do Teatro e da Dança chega à sua 42ª edição, com peças em Belo Horizonte, Betim, Juiz de Fora e Conceição do Mato Dentro. De 6 de janeiro a 6 de março serão apresentados 160 espetáculos, com temas infantis e adultos. Os ingressos custam de R$ 5 a R$ 15 e podem ser comprados nos shoppings de Belo Horizonte credenciados no Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc): Cidade, Pátio Savassi, Estação, Metropolitan Betim, Itaú Power, Del Rey e no Mercado das Flores (Avenida Afonso Pena, 1055). Para pagamento, é aceita a moeda virtual Dotz e, no Mercado das Flores, o Vale Cultura. Mais informações no site www.sinparc.com.br ou pelo telefone 3272-7487.

temas da coluna, chamei o meu amigo Antônio Claret para iniciar a série de textos

Desde 1970 A Campanha de Popularização acontece em Belo Horizonte desde a década de 1970, quando artistas preocupados com a diminuição do número de espectadores propuseram que o governo federal abraçasse um projeto de popularização. Em 1983, a campanha passou a ser realizada pelo Sinparc e em 1999 a dança passou a incluir o conjunto de espetáculos.

Para jovens e adultos, começa a temporada do Verão de Arte Contemporânea (VAC), que vai de 8 de janeiro a 5 de fevereiro, em sua edição comemorativa de 10 anos. A programação traz filmes, peças de teatro, dança, exposição, gastronomia e moda. Os grupos A Banda Mais Bonita da Cidade e Todos os Caetanos do Mundo já estão confirmados. Mais informações em www. veraoarte.com.br.


Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

CULTURA

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Cadê o cinema que estava aqui? Raíssa Lopes

“Na mocidade, me reunia com minhas amigas no Centro para vermos filmes juntas. Sempre tomávamos um lanche depois, era parte do ‘ritual’. O cinema era uma magia... Quando acabou, deixou um vazio”, relembra a professora Simone Carsalade, hoje com 55 anos. Aos 20, a docente vivia em uma Belo Horizonte diferente, uma antiga capital que respirava a sétima arte até a década de 1970, quando começou a decadência. Fechamentos massivos interromperam a atividade dos projetores e a rotina daqueles que faziam das casas de filme um ponto de encontro. “Mudança de tecnologia, especulação imobiliária... Foram muitos os fatores que desencadearam a queda dos cinemas daqui”, analisa o cineasta Bellini Andrade, idealizador do documentário “Metrópoles”, lan-

retrata o processo de ascensão e derrocada de 24 salas de Belo Horizonte, concentra no título uma homenagem ao obsoleto Cine Metrópole – fundado em 1942 – e um dos motivos primordiais para o fim da atividade: o crescimento da cidade. Bellini explica que a partir do desenvolvimento da capital, os espaços para estacionar carros foram se tornando escassos e a violência começou a se intensificar. Paralelamente, acontecia o surgimento do VHs e exibição de filmes na tele-

“As áreas de lazer hoje estão confinadas. As pessoas vão aos shoppings, não aos cinemas” visão, o que contribuiu para que os moradores mudassem a forma de experimentar a cidade. Já fragilizados, os cinemas de rua se depa-

O Cine Belas Artes

reprodução

O cinema de rua comercial que hoje resiste em BH foi criado em 1992, por iniciativa da cineasta Elza Cataldo. Na década de 60, o local funcionava como DCE da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e lá, além de estudantes, a esquerda brasileira também se reunia para organizar ações contra o Governo Militar. Disponibilizando filmes fora do circuito comercial, o Belas Artes, segundo Olivotto, consegue se manter com a combinação entre bilheteria, café e patrocínio. “A iniciativa pública é totalmente centralizada em BH

hoje estão confinadas. As pessoas vão aos shoppings, não aos cinemas. Se manter na rua é muito mais caro porque os estabelecimentos não possuem os confortos que a classe média exige, e essa migração

e, para resistir, a sala precisa de militância – hoje a cargo do diretor Adhemar Oliveira”, comenta. A reabertura de cerca de 300 salas em Minas Gerais chegou a ser levantada pela Secretaria de Estado da Cultura, mas ainda não há proposta definitiva.

memórias afetivas dos usuários. O trabalho desenvolvido por Luiza Therezo, Maria Fernanda Chicre e Natália Meira pode ser encontrado no site www.cinemaderuabh.com e também na página do Facebook “Cinema de Rua BH”.

[aos centros comerciais] faz com que o cinema perca sua expressão artística e se torne puramente entretenimento. Os cidadãos passaram a escolher aquilo que o consumo oferece mais facilmente”, reflete.

O que já passou por BH: Cine Candelária

Site reúne trajetória da sétima arte em BH Uma cartografia que contém a história das salas de cinema da capital foi criada por alunas da Pontifícia Universidade Católica (PUC), contendo um mapa com informações e fotografias de cada cinema da cidade, além de acervo das

fios: a especulação imobiliária. “Nessa época, houve a eclosão de igrejas evangélicas. Os cinemas eram estabelecimentos muito confortáveis para elas, já possuíam palcos, plateia, estrutura pronta. Não mais tão rentáveis, se viram obrigados a ceder à procura de grandes empreendimentos. Não coincidentemente, muitos se tornaram também estacionamentos, bancos e boates”, revela. Os donos das salas, como tentativa final de salvamento, ainda transformaram as casas em cines pornôs ou locais de exibição de longas de ação – programação que não segurou por muito tempo. Pedro Olivotto, ex-proprietário do Cine Belas Artes, único em atividade em Belo Horizonte, atribui a decadência dos cinemas de rua à influência da indústria norte-americana na cultura brasileira. “As áreas de lazer

Cine Acaiaca

Cine Candelária (2000 lugares - Praça Raul Soares, 315) Inaugurado em 1952, era um dos cinemas mais populares de BH. Foi uma das salas que, com a decadência, investiu em filmes com conteúdo pornográfico - contrastantes com os clássicos de início. Fechou as portas em 1995. Cine Pathé (150 lugares - Av. Cristovão Colombo, 1.328 – Savassi) Primeira sala de cinema da região sul de BH, foi inaugurada em 1948, atendendo a pedidos de moradores do bairro Funcionários. Após resistir para se manter, foi fechado em 1999.

Cine Metrópole / Acervo Iepha

CIDADE Especulação imobiliária, novas tecnologias e mudanças no comportamento são alguns motivos para fechamento de salas de rua çado em 2012. O longa, que raram com o vilão dos desa-

Cine Pathé

Cine Acaiaca (818 lugares - Av. Afonso Pena, 867) Localizado em um dos edifícios mais tradicionais de BH, foi inaugurado em 1948. Encerrou as atividades na década de 80, para dar lugar à igreja evangélica Graça de Deus.


14 VARIEDADES

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016 www.malvados.com.br

Amiga da Saúde Amiga da saúde, fui diagnosticada com condiloma e o médico disse que peguei HPV numa relação sexual. Tem como eu saber se peguei do meu parceiro atual que está comigo há dois anos? Anônima

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Solução

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Cara leitora, o HPV (Papilomavírus humano) é um vírus que causa verrugas. Existem mais de 120 tipos de HPV. Alguns deles gostam da região genital e provocam essa doença conhecida como condiloma (verrugas genitais). Grande parte da população possui o HPV e não sabe. Uma vez que a pessoa é infectada, o vírus pode se manifestar rapidamente ou ficar latente no corpo sem provocar nenhum sintoma por até 20 anos. Quando o sistema de defesa da pessoa se enfraquece, podem aparecer as lesões. Além da transmissão pelo contato sexual, também é possível contrair o vírus por meio do uso compartilhado de toalhas ou objetos íntimos, além de vasos sanitários. Assim, é muito difícil determinar como você contraiu o HPV. Pode ser uma infecção recente ou de muitos anos atrás. A prevenção com uso de camisinha em todas as relações sexuais, além do não compartilhamento Brasil de roupas e objetos íntimos, é orientação que vale17:36 para todos. As meninas Anúncio de Fato - Rádio Sinpro Minas.pdf 1 30/11/15 a partir de 9 anos devem também receber a vacina, fornecida em todas as unidades básicas de saúde do SUS.


Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

na geral

Márcio Rodrigues/CPB/MPÍX

Para a equipe paralímpica brasileira, se 2016 for tão vitorioso quanto 2015, teremos um ano de ouro. As expectativas estão voltadas para os Jogos do Rio 2016, após os recordes e conquistas dos jogos de Toronto, no ano passado, quando o Brasil obteve o primeiro lugar no quadro de medalhas. Além do apoio na preparação dos atletas, o Comitê Paralímpico Brasileiro também investiu na divulgação das modalidades, numa parceria com uma rede de cinemas. Durante a exibição de trailers, os espectadores também assistirão a vídeos com as histórias dos paratletas, numa campanha intitulada #MudeoImpossível

VocêSabia? Os Jogos Paralímpicos do Rio 2016 acontecerão entre os dias 7 e 18 de setembro, com a participação de 4350 paratletas, representando 176 países. Serão disputadas 528 provas: 226 femininas, 264 masculinas e 38 provas mistas.

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Campos de várzea podem ganhar lei em BH PATRIMÔNIO Vereadores querem proibir edificações no entorno dos campos Reprodução / PJF

Mude o impossível

ESPORTES

Wallace Oliveira No passado, quem já sonhou em ser um jogador de futebol com certeza desfilou sua arte nos campos de várzea. Por eles passaram não apenas atletas consagrados, como Wilson Piazza e Dadá Maravilha, mas também boleiros habituados a jogar a boa e velha pelada do fim de semana. “No campo do Matador eu marquei mais gols que Pelé. E olha que eu trabalhava como servente de pedreiro durante a semana”, conta o aposentado Manoel Teixeira, morador do bairro São

Campinhos são espaços de convivência, lazer e cultura Gabriel. Aos poucos, porém, desaparecem os campinhos que serviam de diversão para gente de todas as idades, dando lugar a vias para automóveis, edifícios, estacionamentos e casas. Quem ainda bate uma bolinha

“No passado, quem já sonhou em ser um jogador de futebol com certeza desfilou sua arte nos campos de várzea”

costuma alugar uma quadra particular, ao passo que, para a maioria dos apreciadores do esporte bretão, o futebol de campo se reduz a mera atração da TV. Apesar dessa tendência, BH ainda é uma cidade cercada pelos campos de várzea, onde atuam centenas de equipes de futebol amador e milhares de peladeiros. Em breve, um projeto de preservação desses es-

paços pode ser tornar lei. O PL 1634/15, de autoria do vereador Adriano Ventura (PT), prevê que os campos sejam inventariados, tombados como patrimônio histórico e cultural e que, em seu entorno, sejam proibidas a construção e edificação. “A ideia é preservar esses espaços de lazer, cultura e convivência, onde se encontram não apenas quem

joga futebol, mas crianças, adolescentes e adultos de todas as idades”, afirma Michele Farias, assessora do vereador. O projeto ganhou redação final na Comissão de Legislação e Justiça da Câmara Municipal e já foi aprovado em segundo turno. Agora, aguarda emenda de um vereador e depois seguirá para a sanção do prefeito.

A eterna modernização do futebol brasileiro Casall Jr. / Agência Brasil

Léo Calixto A conversão das relações entre seres humanos em negócio pelo sistema capitalista chegou ao futebol antes mesmo de que pudéssemos imaginar. A revolução tecnológica começou com a transmissão de jogos ao vivo, na década de 1980. A partir daí, os clubes passaram a investir em estrutura e marketing para conquistarem torcedores ao redor do mundo. Esse processo de reorganização do esporte bretão é chamado de modernização. Cada país vivenciou as mudanças de forma diferente. No Brasil, ainda estamos longe do ideal. A má gerência e corrupção dos dirigentes de clubes e entidades, somadas à inser-

ção de empresas cuja atividade-fim não é o futebol, são fatores responsáveis pela escassez de bons jogado-

O futebol, como bem público, não se desenvolve quando o interesse individual prevalece sobre a coletividade res e exemplos de um futebol atrasado. O não controle, por parte do Estado, sobre a gerência destas instituições garante a perpetuação de pequenos grupos, que investem com o único interesse de obter lucros com as negociações de jogadores e/ou patrocínio. Mesmo com o quadro

O debate sobre os problemas do futebol brasileiro retornou após os 7 a 1 da Copa do Mundo

negativo, o debate sobre os problemas latentes do futebol brasileiro voltou somente após os 7 a 1 da Copa do Mundo. A modernização tem que passar por uma democratização de todas as instâncias do esporte. Para tanto, é necessária a participação de todos os atores

presentes na engrenagem: dirigentes, técnicos, jogadores, patrocinadores e a torcida. Só avançaremos quando entendermos que o futebol, enquanto bem público, não se desenvolve quando há a prevalência de interesses individuais sobre os interesses coletivos.


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ESPORTES

Belo Horizonte, 8 a 14 de janeiro de 2016

DECLARAÇÃO DA SEMANA

CURTO E GROSSO

Mudou o destino Wallace Oliveira O desmonte do vitorioso time do Corinthians gerou piadas entre torcedores. Um corintiano disse que foi comer no China in Box com a camisa do timão e saiu de lá contratado pelos chineses. Só para a China, estão indo os meias Renato Augusto, Ralf e Jadson e quiçá o zagueiro Gil e o atacante Vágner Love. Há um ano, o desmonte atingia em cheio o futebol de Minas. O Cruzeiro perdia Éverton Ribeiro para o Al-Ahli, dos Emirados Árabes, e Ricardo Goulart para o Guangzhou Evergrande, da China. Também para a China foi o meia-atacante Diego Tardelli, que foi jogar

Reprodução / sina.com

no Shandong Luneng. Ao que tudo indica, o destino dos principais jogadores brasileiros mudou do continente europeu para o asiático. Se, por um lado, os atletas trocam a chance de defender a seleção brasileira por uma carreira milionária e sem riscos, por outro, cai o nível técnico da seleção, com cada vez menos opções de jogadores atuando nos clubes de ponta da Europa. Isto ocorre por dois motivos. Primeiro, os asiáticos investem cada vez mais em brasileiros. Ao mesmo tempo, porém, a qualidade dos jogadores que o Brasil forma piorou. Daí que os melhores já não são bons o suficiente para interessar aos europeus.

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“aoParabéns Cruzeiro

Reprodução / Raja Casablanca

e a toda a sua grande torcida no aniversário desta grande equipe do Brasil.

Raja Casablanca, clube que eliminou o Atlético no Mundial de 2013, felicitando o Cruzeiro pelo Twitter. Ídolo do Atlético, Tardelli agora é jogador do Shandong Luneng, da China

Gol de placa Aos 37 anos, Didier Drogba, ex-atacante do Chelsea e da Costa do Marfim, anunciou a aposentadoria como jogador profissional. Considerado um dos melhores do continente africano, ele marcou 293 gols e conquistou quatro edições da Premier League e uma Champions League, entre outros títulos.

Gol contra

Na NBA, um torcedor do Utah Jazz apontou um laser no rosto do jogador James Harden, do Houston Rockets, durante partida realizada na última segunda-feira (4). O atleta ficou muito irritado. Em retaliação, o torcedor foi banido de jogos da liga por um ano.

OPINIÃO Bráulio Siffert Não é segredo para ninguém que o grande objetivo do América na temporada é manter-se na primeira divisão do Brasileirão. E, para isso, terá que ser melhor do que foi em praticamente todas suas outras 14 participações na competição. Embora tenha alcançado boas colocações nos anos 70, nos últimos 20 anos o time foi rebaixado

em 1998, em 2001 e em 2011. Só não caiu no ano 2000. Se conseguir manter-se por mais de um ano na Série A, o América conseguirá expressivo aumento de receita, de torcida e de respeito, podendo, inclusive, passar a sonhar com títulos mais expressivos. Para isso, diretoria e jogadores precisam superar a diferença de orçamento com muito profissionalismo, vontade e inteligência.

OPINIÃO Rogério Hilário O Atlético retorna aos treinamentos com três incógnitas e uma dúvida. Erazo, Cazares e Hyuri, com todo o nosso respeito, estão longe de empolgar. Fica ainda um calafrio: o equatoriano vem mesmo para suprir uma possível transferência de Jemerson? Diante disso, temos muito a temer. Da defesa, a revelação do Galo é o melhor. Quanto

a Cazares, resta saber se conseguirá se adaptar ao estilo do Galo. O colombiano Cárdenas fracassou. O currículo do atacante Hyuri é pouco recomendável. Dizer que brilhou no Botafogo em 2013 soa como brincadeira. Outro problema é o estilo da equipe. Como ficará sob o comando de Diego Aguirre? Em pouco tempo saberemos, pois a Florida Copa começa no dia 13 de janeiro.

OPINIÃO Léo Calixto Mal terminou o turbulento ano de 2015 e 2016 já começa movimentado. Pelo menos para o Cruzeiro, a expectativa é de conquistas importantes. A agitação causada pela saída do técnico Mano Menezes no final do ano passado foi substituída pela agitação das contratações realizadas para esta temporada. Nomes como os argentinos Sanches

Miño, Matías Pisano, do volante colombiano Cuéllar e do atacante Douglas Coutinho, somados aos retornos de jogadores importantes, como Dedé, podem trazer de volta o futebol técnico praticado pelos grandes times celestes de outrora. Mas uma boa equipe não é nada sem sua torcida e a presença da China Azul no Mineirão será fator essencial para o sucesso da campanha.


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