Edição 11 do BF MG by Brasil de Fato MG

brasil | pág. 10

De 2000 a 2010, foram registrados 43,7 mil assassinatos

Futuro da internet adiado Projeto de Lei busca garantir que internet continue funcionando como está. Marco Civil deve ser votado na terça (5)

Cruzeiro Coroação a quem merece: Fábio é o melhor goleiro do Brasil

Atlético

Whashigton Alves

Agressão à mulher

esporte | pág. 16

A eternidade da música comparada à eternidade do Galo

Edição

birita.com

minas | pág. 6

Uma visão popular do Brasil e do mundo

cidades | pág. 3

Desrespeito aos idosos nos ônibus Mídia Ninja

minas | pág. 7

Presídio pode virar espaço de educação em Neves População pressiona governo para fechar as portas do presídio José Maria de Alkimin. Prefeita denuncia falta de contrapartida do Estado na cidade, que abriga maior complexo prisional do país cultura | pág. 14

Ocupação cultural em prédio abandonado Jovens ocupam casarão, abandonado desde 1994, para a criação de centro de arte e cultura, o Espaço Luiz Estrela. Após seis dias, foi expedida ordem de despejo. Grupo continua no local, mas está em alerta Mídia Ninja

Eles recebem péssimo atendimento e estão pagando mais do que deveriam. Lei do Governo Estadual garante passagem grátis para linhas intermunicipais, mas nunca foi implantada cidades | pág. 4

Dia de finados: alto custo da morte Funerárias e cemitérios cobram taxas altas, de até R$5 mil para serviço completo. Pesquisa do Mercado Mineiro aponta um aumento de 12,07% no valor do serviço funerário, e de 23,44% no preço dos túmulos

02 | opinião

Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

Justiça ou política?

Os donos da impunidade

Fato um. A Câmara de Vereadores de BH está sob nova e mesma direção. O presidente da casa, Léo Burguês, cujo nome expressa de que lado joga, mudou do PSDB para o PTdoB. Outros vereadores também migraram para o PTdoB, o que garantiu presidência e maioria ao partido na mesa diretora. Com isso, a Câmara é dirigida por um partido que saiu nanico das eleições. O PTdoB comemora. A democracia perde, afinal, a população belorizontina não votou no programa desse partido. Alguns vereadores reclamam e prometem questionar a composição pouco democrática da mesa diretora na Justiça. De que lado ficará a Justiça, quem arrisca um palpite? Vereadores reclamam sem grande consequência. Legislativo e Judiciário estão dominados por interesses resistentes a mudanças. Exemplo disso é a incapacidade de realizar a reforma política. Fato dois. O secretário estadual

Nas mobilizações populares ocorridas em junho, a direita – sempre liderada pela Rede Globo e a revista Veja – tentou se apossar da bandeira da ética na política e das lutas contra a corrupção e roubalheira dos cofres públicos. Quiseram, com isso, apressar as prisões dos que estão sendo julgados no chamado mensalão petista (AP-470) e, ao mesmo tempo, desviar a atenção sobre as acusações que pesam sobre seus ombros. No ano passado, ficou comprovado que a Veja estava associada ao crime organizado, liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. Juntos, escreveu o jornalista Luis Nassif, “montavam jogadas, armações jornalísticas de interesse de ambos: do criminoso, para alijar inimigos, da revista, para impor

A investigação deveria lançar luz também, quanto à propriedade de rádios e jornais por parte de quem exerce cargo político. Acompanhemos, juízes mineiros costumam ser muito amigos de certos deputados. Fato 3. Que a capital dos mineiros carece de maior estímulo para a área cultural é fato inegável. Mas a visão predominante é da cultura ora como mercadoria, ora como evento. Na última semana, moradores de Belo Horizonte ocuparam um casarão no bairro Santa Efigênia, que estava fechado desde 1994. Nascia com a ocupação o Espaço Cultural Luiz Estrela. A Justiça determinou o despejo. Entendeu que é mais justo o casarão fechado que como espaço cultural. Tenhamos esperança e sigamos organizados e vigilantes.

Falando Nilson

População não votou no programa do PTdoB, que agora domina a Câmara. Vereadores prometem questionar a composição da mesa diretora. De que lado ficará a Justiça? Quem arrisca um palpite? de agricultura, Elmiro Nascimento, será julgado pelo Tribunal de Justiça, acusado de improbidade administrativa. Ele foi deputado estadual e há indícios de que, nessa época, tenha contratado três funcionários, pagos pela Assembleia Legislativa, para trabalhar em suas fazendas e rádio em Patos de Minas. Mas parece que o assunto não interessa muito à imprensa mineira, apesar da possibilidade do roubo de R$ 458 mil de dinheiro público.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304

seu poder e vender mais”. Até hoje, o Judiciário e o Ministério Publico ignoraram o crime. E a Veja continua impune! Este ano, descobriu-se que a Rede Globo promoveu a sonegação fiscal de R$ 1,2 bilhão, quantia que deve à Receita Federal. Há um processo judicial contra a funcionária da Globo, por roubo do pro-

O conluio entre autoridades políticas, setores do Poder Judiciário e a conivência da mídia criam as condições favoráveis para a corrupção e a roubalheira dos cofres públicos cesso na Justiça. E a Globo? Nos sucessivos governos tucanos no Estado de São Paulo, se estruturou a corrupção no transporte público, envolvendo duas empresas estrangeiras: a francesa Alstom e a alemã Siemens. Uma fortuna ainda incalculável foi roubada do transporte público da maior cidade do Brasil. A Justiça suíça, que também investiga a corrupção promovida por essas empresas, identificou alguns funcionários públicos e políticos do PSDB como possíveis participantes e beneficiários. A revista Veja se cala sobre o assunto. Os noticiários da Globo praticamente ignoram os fatos. Assim, o conluio entre autoridades políticas, setores do Poder Judiciário e a conivência da mídia criam as condições favoráveis para a corrupção e a roubalheira dos cofres públicos. Para finalizar, Judiciário e Ministério Público devem ao povo brasileiro uma resposta às denúncias contidas nos livros “A Privataria Tucana” e “O Príncipe da Privataria”.

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, José Reginaldo Inácio, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br

cidades | 03

Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

Idosos são desrespeitados nos ônibus de BH

Serviços úteis à melhor idade Cartão de ônibus “BHBus Master”

DESCASO Número de vagas reservadas é insuficiente Rafaella Dotta

Rafaella Dotta De Belo Horizonte

O Estatuto do Idoso, aprovado em 2003, determina que todas as pessoas acima de 65 anos têm o direito de não pagar passagem em ônibus urbanos e rurais. A lei obriga que todos os ônibus tenham no mínimo 10% de vagas reservadas para idosos, mas essa quantidade tem sido insuficiente para atender aos idosos de BH. Onofre de Oliveira é motorista aposentado e tem 71 anos. Ele conta que quando precisa ir a um lugar distante, tem que pagar a passagem. Isso acontece porque os bancos reservados para idosos estão

Disque denúncia: violência contra o idoso A campanha contra a violência à pessoa idosa alerta que existem vários tipos de violência e todas devem ser denunciadas: abuso financeiro, violência física, psicológica, sexual, emocional, isolamento da pessoa idosa, abandono e uso excessivo de medicamentos. O telefone do disque denúncia é: 181.

Além de não terem seus direitos garantidos, idosos afirmam que são mal atendidos nos ônibus da capital sempre lotados. “Eu tenho o cartão Master, está na validade e com tudo certo, mas não passa na catraca”, afirmou Onofre. Além de ficarem em pé, muitos idosos demoram a conseguir um ônibus. “Os motoristas passam e não param. E quando param, nem esperam os idosos sentarem”, conta Madalena Costa. Ela já presenciou situações de queda e ferimento de idosos e diz que os motoristas nem

Passe livre para idosos O Estatuto do Idoso prevê que fica a cargo das prefeituras decidir se as pessoas acima de 60 anos terão passe gratuito. Em BH, a exvereadora Neila Batista elaborou o Projeto de Lei 105, que propunha a gratuidade. O projeto foi colocado em tramitação em 2005 e foi arquivado. Desde então, a prefeitura não tratou mais do tema. Segundo Adilson Rodrigues, presidente do Sindicato dos Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais, a gratuidade poderia beneficiar 200 mil idosos em BH. Ele acredita que o idoso não deve pagar a passagem, pois já contribuiu com impostos durante toda a sua vida como trabalhador.

Para ter acesso à parte traseira de todos os ônibus de BH, os idosos com mais de 65 anos podem fazer o cartão “BHBus Master”. É necessário: comprovante de residência e carteira de identidade. A foto é tirada no local. O cartão é gratuito e não tem limites de viagens. Sede da Transfácil: Rua Professor Moraes, 216, Funcionários. Horário de funcionamento: segunda a sexta de 8 às 17h.

Farmácia popular: remédios gratuitos ou com descontos

Onofre de Oliveira precisa passar na roleta porque faltam assentos e cartão Master não funciona

mesmo socorreram. A BHTrans informou que todas as reclamações realizadas pelo telefone 156 são enviadas para a empresa correspondente à linha em que o problema aconteceu. A partir disso, esta empresa é orientada a

dar uma advertência ao motorista e encaminhar uma resposta ao passageiro. Madalena, que já fez reclamações por telefone e por e-mail, declarou que nunca recebeu resposta.

Lei não cumprida: idosos estão pagando mais do que deveriam A Lei 10.419, aprovada pelo Governo Estadual em 1991, diz que todos os cidadãos acima de 65 anos têm gratuidade em ônibus intermunicipais. Isso quer dizer que estas pessoas não precisariam pagar passagens entre quaisquer cidades de Minas Gerais, o que não acontece. A Assembleia Legislativa de MG (ALMG), em audiência pública no dia 15 de outubro, discutiu a questão e alguns deputados lamentaram a não implantação da lei, que existe há 20 anos. De acordo com a Secretaria de Transporte e Obras Públicas de MG, o Governo Estadual não tem dinheiro para custear o passe-livre intermunicipal

e, por isso, os idosos continuam a pagar suas passagens. O deputado Adelmo Leão, do PT, declarou que as empresas de transporte dificilmente teriam prejuízo ao darem a gratuidade para os idosos. Além disso, o deputado defende que o Governo Estadual dê prioridade para a questão. “A lei orçamentária está na Assembleia e podemos fazer as adaptações necessárias”, afirmou. O cumprimento da lei, que garantiria a reserva de dois assentos para idosos em cada ônibus intermunicipal, totalizaria apenas 0,52% de custo a mais para as empresas. Isso já funciona em 21 estados do Brasil.

As Farmácias Populares foram criadas para garantir o acesso gratuito, no caso de hipertensos e diabéticos, ou com até 90% de desconto em uma lista de 100 medicamentos. Qualquer cidadão pode adquirir os remédios, desde que tenha em mãos uma receita médica ou odontológica, mesmo que seja particular. Para adquirir os medicamentos gratuitos são necessários documento com foto e CPF. Regional

Endereço

Barreiro

Rua Alcindo Vieira, 69 Barreiro (ao lado do TER)

Centro-Sul

Noroeste

Venda Nova

Rua dos Carijós - Centro (próximo ao Shopping Tupinambás) Rua Formiga, 140 – Lagoinha (atrás do Mercado da Lagoinha) Rua Padre Pedro Pinto, 1.500 (no Shopping O Ponto)

Telefones úteis Conselho Municipal do Idoso: 32779865 Coordenadoria de Direitos da Pessoa Idosa: 3277-4383 Centro de Referência da Pessoa Idosa: 3277-7164

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Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

No momento da dor, gasto é alto FINADOS Enterrar um ente querido não sai por menos de R$ 2 mil Mídia Ninja

Maíra Gomes De Belo Horizonte

Morrer é inevitável, todos nós chegaremos a este momento um dia. E a célebre expressão popular já sabe: “Difícil é pra quem fica”. Difícil na saudade, na dor da perda e no bolso. Quando um ente querido falece, é necessário passar por uma série de procedimentos burocráticos e financeiros para a realização de um sepultamento digno. Deve ser realizada a contratação de serviços funerários - que compreendem urna, flores, transporte e preparação do corpo - além de serviços do sepultamento, que, no caso de cemitérios públicos, incluem apenas as taxas de enterro e velório. Belo Horizonte possui três cemitérios municipais, da Paz, Consolação e Saudade. Em cemitérios particulares, é preciso fazer a compra do túmulo, que custa, em média, R$ 7 mil. Quem não pode pagar por um túmulo particular, precisa, então, arcar com os custos mínimos da Prefeitura, que giram em torno de R$ 600.

Somam-se a esse valor gastos com serviços funerários, que variam de R$ 1.200 a R$ 3.000. Segundo o site Mercado Mineiro, houve um aumento de 12,07% no valor do serviço funerário. E de até 23,44% no preço dos túmulos. Sepultamento gratuito, um direito

O custo da morte está tão alto em Belo Horizonte que cerca de 80 sepultamentos gratuitos são realizados mensalmente na cidade. Segundo informações da Prefeitura, entre janeiro de outubro, 810 famílias utilizaram o benefício. Direito garantido por lei, o serviço é oferecido pela Prefeitura, em parceria com a Santa Casa. Segundo informações da funerária Santa Casa, a PBH disponibiliza jazigo, velório e realização do sepultamento nos cemitérios Consolação e Saudade e a Santa Casa é responsável pelo tratamento do corpo, urna e transporte fúnebre. Após três anos, deve ser realizada a exumação do corpo, que poderá ir para um local dentro do próprio cemitério ou à escolha da família.

Cemitério da Paz é um dos três cemitérios públicos, que cobram apenas as taxas de enterro e velório

Serviço Para ter acesso ao benefício, o óbito deve ter ocorrido em Belo Horizonte. A família precisa declarar renda de até três salários mínimos e levar a certidão ou declaração de óbito e documento de identidade até o serviço de assistência social mais próximo de sua residência.

Prefeitura é responsável pelos desconhecidos O Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte recebe uma média de 150 corpos por semana. Uma parte deles - cerca de 20 - não é identificada. Eles são registrados como “desconhecidos” e aguardase que o corpo seja reclamado por algum familiar. Se existem familiares afirmando

que o corpo é de um parente seu, a família deve assinar um termo de reconhecimento na delegacia de polícia e é feita a liberação do corpo. Se em até 30 dias não aparecer alguém, o IML faz a colheita de material para estudo do DNA, impressão digital, fotografia e exame da

arcada dentária. É feita a busca pela identidade a partir destes exames. O diretor do IML André Roquette afirma que cerca de 80% dos que entram desconhecidos acabam sendo identificados, por familiares ou através das pesquisas. “Se houver qualquer questionamento futuramente, pode-se lançar mão des-

ses exames para comparar. O corpo é sepultado em uma cova identificada para que possa ser exumado, se necessário”, explica Roquette. O sepultamento de desconhecidos é realizado também pela parceria entre Santa Casa e Prefeitura de Belo Horizonte.

Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

Consumidores de Minas Gerais votam pela redução da conta de luz PLEBISCITO Consulta à população sobre a tarifa de ICMS vai até dia 3

Soniamara Maranho

minas | 05

Pergunta da semana Você acredita que o Plebiscito Popular para reduzir a conta de luz vai dar resultado?

Rafaella Dotta* De Belo Horizonte

O Plebiscito Popular pela redução da conta de luz está acontecendo todos os dias nos principais pontos de Minas Gerais e se estende até domingo (3). São cerca de cem entidades, movimentos e sindicatos construtores, levando o Plebiscito a mais de 300 cidades do estado. Segundo os organizadores, a segunda semana de realização do Plebiscito Popular está animada e as urnas continuam sendo bastante procuradas. “A igreja tem ajudado muito. Nas missas, os padres aconselham os fiéis a votar. É muito bom ver a igreja se engajando com a gente”, afirma Jair Gomes, diretor financeiro do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro MG). A ação pretende abaixar o valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o preço da energia no estado. De acordo com informações dos organizadores, a conta de luz em MG poderia ser dez vezes mais barata. Para votar no Plebiscito é necessário apresentar documento e disponibilizar três minutos do seu dia. Procure uma urna no seu bairro, sindicato ou igreja e ajude a baixar a conta de luz em MG. Pelo estado

Em mais de 300 municípios mineiros, o Plebiscito Popular pela redução da conta de luz tem atraído cada vez mais pessoas interessadas em reduzir as tarifas de energia e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a conta de luz. No interior, a população tem se mostrado indignada com os valo-

“Eu acredito que sim. Se a gente não manifestar, os políticos acham que está tudo bom e vão aumentar a conta de luz cada vez mais. O Plebiscito é importante por isso: pra mostrar o que gente acha que está errado” Priscila Gabriela, operadora de vendas

Urnas com votação do plebiscito popular estão espalhadas em mais de 300 cidades

res praticados em Minas. “As pessoas dizem que realmente é um roubo a conta de energia e muitas delas trazem as faturas para nos mostrar como são altos os valores”, conta uma das organizados do Plebiscito Popular no Alto Jequitinhonha, Xymene Trindade Fernandes. Ainda segundo ela, há urnas fixas em Diamantina, Gouveia e Datas, e urnas itinerantes em outros distritos da região. De acordo com um balanço preliminar, até a última semana tinham sido recolhidos mais de 3 mil votos apenas em Diamantina. “Mas há urnas espalhadas por toda a região e aguardamos uma

boa participação nesta última semana de votação”, explica Xymene Trindade. Segundo ela, o Plebiscito tem sido tão bem recebido que alguns moradores de Diamantina sugeriram que os movimentos sociais realizassem consultas também sobre os preços da água e do IPTU praticados no município.

“Talvez não abaixe tudo o que estamos pedindo, os 50%, mas alguma coisa adianta, sim. O que não pode é os governantes acharem que o povo é cordeiro deles, é analfabeto. Se todos os que votaram começarem a cobrar dos políticos, eles vão ter que ouvir” Fernando Serrano, leiloeiro de imóveis

Zona da Mata

Já na Zona da Mata, a participação tem sido tão grande que os organizadores se queixam da falta de colaboradores para ajudar no processo de recolhimento de votos. “Todo nosso trabalho é feito por militantes de movimentos sociais e sindicais, não pagamos nada a ninguém. Então, a gente sente que é uma pena não ter mais militantes porque a votação está muito boa”, disse a representante do movimento Consulta Popular Berenice Celeste Alves. Entre os municípios que englobam a regional Zona da Mata estão Juiz de Fora, Além Paraíba, Leopoldina, Cataguases, Goianá, Piau e Matias Barbosa. “Na rua Alfred, no coração de Juiz de Fora, foi preciso mais uma urna porque a primeira já estava cheia. Além disso, há militantes na porta das escolas, fábricas de têxteis e me-

talurgia e nas feiras livres”, conta Berenice. Além das cidades citadas acima, outro grupo responde pelo Plebiscito na região de Viçosa e Ponte Nova. Sul de Minas

No Sul de Minas, um dos militantes que atua em Alfenas, André Araújo Carvalho, garante que a participação da população está muito intensa e só não é maior em função do número de colaboradores que trabalham na coleta de votos nos 30 municípios abrangidos pela região. “Nossa maior dificuldade é encontrar gente pra participar na coleta de votos, mas nossa expectativa é de que só em Alfenas sejam recolhidos 5 mil votos”, afirma. *Com Portal Minas Livre

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Dia a dia de violência ESPECIAL Modelo de sociedade é responsável pelo aumento dos casos

Vinte e cinco de novembro é marcado como o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Durante todo o mês, o jornal Brasil de Fato apresenta um série de reportagens sobre o tema. Reprodução

Maíra Gomes De Belo Horizonte

A cada três minutos uma mulher é violentada no Brasil. Entre 1980 e 2010, foram assassinadas 92 mil. Nos últimos dez anos, foram 43,7 mil assassinatos, um aumento de 230% em relação ao período anterior. Esses dados foram apresentados no Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil, em estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, Cebela, baseado em informações do Ministério da Saúde. Clarisse Goulart Paradis é militante de uma organização internacional de luta pelos direitos das mulheres, a Marcha Mundial das Mulheres. Ela acredita que o alto índice de assassinatos de mulheres tem raiz no sistema vigente na sociedade. “Está intimamente ligado ao modelo que gente vive, ao capitalismo, que se baseia na exploração do trabalhador, e também da

mulher. É uma forma de controle do corpo, da vida”, declara. Para ela, o dia 25 deve ser um dia de luta e denúncia. “É uma data para marcar o número expressivo de assassinatos por parceiros e a crueldade com que são mortas as mulheres”, diz. A chefe da Divisão de Atendimento à Mulher, ao Idoso e a Pessoa com deficiência, Margareth de Freitas Assis, concorda. “A violência contra a mulher vem de questões culturais, por ainda estarmos em uma cultura machista e patriarcal. A maioria dos casos de homicídio têm como motivação o homem não aceitar o fim de um relacionamento, pois acha que a mulher vai ser sempre posse dele”, argumenta. Na casa e na rua De acordo com o Mapa da Violência, é alto o índice de assassinatos dentro da casa das vítimas. Do total de 70.270 casos de violência, 71,8% foram na residência. Apesar de ter maior incidên-

Mais de 70% dos casos de violência ocorrem na casa das vítimas

cia, não é apenas no âmbito familiar que as mulheres são violentadas. Clarisse explica que a violência está no ambiente familiar e no público. “Se existisse apenas na família, seria fácil de resolver, ao mudar apenas as relações familiares. Mas está no mundo do trabalho, nas ruas. O caso da UFMG [em que um professor foi suspenso por

S O Ê D A C , A I S ANASTA

S E Õ H L I R$ 8 B O Ã Ç A C U DA ED

Esse dinheiro é do povo e tem que ser investido em educação!

www.sindutemg.org.br

ofender alunas, retratado na edição 10 do BF MG] é importante para exemplificar como a violência perpassa as relações sociais”, demonstra. E acrescenta: “vemos um nível de violência na vida das mulheres que é impressionante, dizemos que o cotidiano das mulheres é violento”.

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fatos em foco

Escola no lugar de cadeia

Eleição de reitor da UFMG

RIBEIRÃO DAS NEVES Primeiro presídio da cidade deve ser desativado Maíra Gomes

Maíra Gomes De Belo Horizonte

Ribeirão das Neves pode receber um centro de educação e cultura no lugar do presídio José Maria de Alkimin. Para a criação do centro, proposta da Rede Nós Amamos Neves desde o ano de 2005, será necessária a desativação do presídio, que hoje abriga 1710 presos, quase 500 a mais do que sua capacidade. A maioria, cerca de 800, cumpre pena em regime semiaberto. De acordo com o deputado Paulo Lamac (PT), essa característica facilitaria a desativação. “Existem recursos do governo federal para ampliar unidades de presos em regime semiaberto. Entendemos que, além de uma necessidade, existe uma oportunidade”, aponta. Ele afirma que a desativação poderia ser feita de maneira gradativa, contanto que houvesse compromisso e planejamento. Governo diz que não dá

A resposta do governo, representado na audiência pública sobre o tema, realizada no final de outubro, pelo superintendente de Articulação Institucional e Gestão de Vagas da Seds, Pabloneli de Souza Vidal, foi negativa. “Não temos condições de realocar o presos, mas vamos

Governo negou, em audiência pública, a possibilidade de realocar os presos

abrir espaço para diálogo e debate”, declarou. Segundo ele, o déficit de vagas no sistema prisional em Minas é de pouco mais de 15 mil, sendo 6 mil apenas na Região Metropolitana. “O que podemos fazer é evitar que presos do interior venham pra cá”, acrescenta. Pabloneli propõe a criação de uma comissão com a participação do poder público e da população, para o estudo da viabilidade e criação de uma proposta para desativação do presídio José Maria de Alkimim para daqui a cinco anos, já que afirma que não há viabilidade con-

creta para desativá-lo hoje. “Devemos estudar para saber se a projeção da população prisional do estado vai permitir ou não essa desativação”, argumenta. A psicóloga e integrante da Rede Nós Amamos Neves Rosely Carlos Augusto não vê com animação a perspectiva dos cinco anos, pois afirma haver uma política de segurança voltada para o sistema penitenciário. “Imagino que a demanda vai ser ainda maior. As políticas de prevenção são muito tímidas perto da demanda. Qual a política de trabalho, de educação?”, questiona.

Primeiro presídio privado do país Ribeirão das Neves tem o maior complexo carcerário do Brasil e recentemente recebeu o primeiro presídio gerido por uma Parceria Público Privada. Inaugurado no dia 28 de janeiro deste ano, o presídio trará mais 3 mil presos para a cidade. Antes da inauguração, foram realizadas manifestações contra a instalação, que apresentou diversas irregularidades. O Ministério Público de Minas (MP/MG) afirma que o formato de Parceria Público-Privada (PPP) para presídios é inconstitucional, uma vez que o Estado está abrindo mão de sua responsabilidade na execução das penas, passando-a para a iniciativa privada. É considerado ilegal também por não cumprir a Lei nº 12.936, que decreta o número máximo de 170 presos por unidade prisional. Cada unidade do complexo PPP terá 608 vagas. A prefeita do município Daniela Corrêa afirma ser contra a insta-

lação do presídio PPP. “Foi instalado sem o desejo do povo, sem autorização do povo, já que não foi feito um plebiscito como a lei diz que tem que ser, pedindo a opinião popular. Afirmamos que não gostaríamos que o presídio estivesse lá”, declara. Daniela afirma que, mesmo assim, o município acolhe os presos. Apesar de a maioria dos funcionários do presídio serem muní-

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cipes de Ribeirão das Neves, a prefeita acredita que é uma contrapartida pequena. “Não recebemos nenhum tipo de investimento do Estado de forma compensatória por cada preso que está no município hoje. O que a gente pede é que se pague uma contrapartida por preso, que isso ajude no atendimento de sua saúde e das famílias que são recebidas pela assistência social”, conclui. Reprodução

Mais de 3 mil presos devem ficar no presídio, o que ultrapassa o limite legal

Saiu na quinta-feira (31) o resultado da eleição da reitoria da UFMG. Das três chapas que concorreram, duas irão disputar o segundo turno nos dias 12 e 13 de novembro. Os estudantes e técnico-administrativos reclamaram do resultado. De acordo com eles, a chapa desclassificada obteve mais votos que as demais. “Culpa dos critérios da eleição, que dão aos professores 70% de peso no total do pleito”, afirmou o técnico Marcelo Pereira em seu perfil do Facebook.

Trabalhadores de universidades públicas realizam seminário A Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores Técnico -Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas (Fasubra) realiza seu Encontro Regional Sudeste. Este encontro vai discutir questões relacionadas a sindicatos e a problemas profissionais dos técnico-administrativos. Acontecerá de 6 a 9 de novembro, no auditório da reitoria da UFMG.

Brasil Foods e Carrefour vendem produtos irregulares A empresa alimentícia Brasil Foods e o supermercado Carrefour foram multados em R$1 milhão por venderem produto irregular. O iogurte parcialmente desnatado Bio Fibras não possuía os nutrientes inscritos na embalagem, além de não estar cadastrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O supermercado terá que se ajustar a essa e outras exigências da Anvisa, pois também foi constatada a venda de produtos fora da validade.

Comunidade quilombola sofre ameaças de fazendeira O Quilombo Marobá dos Teixeira, localizado na cidade de Almenara, no norte de MG, vem sofrendo ameaças por parte de Maria do Rosário, que se diz proprietária da terra em que a comunidade vive. O caso está em tramitação na Justiça, mas, dadas as ameaças, o Quilombo pede que os órgãos competentes tomem providências urgentes.

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Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

Acompanhando

Foto da semana

Maria Objetiva

Na edição 10... Lei orgânica da Polícia Civil é aprovada em segundo turno na ALMG

... e agora

Participe Protesto realizado na rodovia LMG-808 no bairro Tupã, em Contagem. Os moradores pediam negociação com a prefeitura e a permanência na área. No final do dia, o mandato judicial foi cumprido e mais de cem famílias foram desalojadas.

Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato

Lindolfo Fernandes de Castro

Frei Gilvander Luís Moreira

Injustiça tributária

O déficit habitacional cresce

O debate sobre os impostos e a necessidade de uma Reforma Tributária peca, muitas vezes, por não passar nem perto de diagnosticar e atacar o principal problema: o sistema tributário onera mais os trabalhadores. A carga tributária brasileira é mais injusta do que excessiva e entender isso é fundamental para reverter essa situação. Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que os 10% da população mais pobre gastam 33% de sua renda em impostos, enquanto os 10% mais ricos destinam 23% para o mesmo fim. Isso é o que chamamos de um sistema tributário regressivo: paga mais quem ganha menos. Isso ocorre, principalmente, porque no sistema tributário brasileiro, a maior parte dos impostos está concentrada no consumo e na mão de obra. Em 2008, 47,10% dos impostos incidiam sobre o consumo e 28,05% sobre a mão de obra. Esses tributos representam mais de 75% da carga tributária. Como a maioria dos tributos incide sobre a mão de obra e o consumo, os impostos acabam sendo repassados nos preços e custos pagos pelos trabalhadores. Assim, o sistema tributário do nosso país reflete e ao mesmo tempo intensifica uma das características mais marcantes da nossa sociedade: a desigualdade. Qualquer discussão séria sobre uma Reforma Tributária deve partir do pressuposto de que é preciso promover a justiça social e a melhoria na prestação de serviços públicos. Isso só é possível tributando mais as altas rendas, os grandes patrimônios pessoais e, em menor escala, o consumo e a mão de obra.

Cresce a especulação imobiliária e com ela o déficit habitacional. Políticas habitacionais populares estão quase só em discursos e vãs promessas. Somente na Região Metropolitana, já são mais de 25 mil famílias em ocupações urbanas, umas planejadas e outras “espontâneas”. Direitos fundamentais, como o de morar com dignidade, estão sendo violados. O povo, sem-terra e sem-casa, não tolera mais sobreviver sob a cruz do aluguel, que é veneno que come no prato dos pobres, ou sob a cruz da humilhação que é sobreviver de favor: peso nas costas de parentes e perda de liberdade. Três fatores, entre outros, estão movendo os oprimidos para a luta: A necessidade, melhor dizendo, a injustiça social que campeia. O capitalismo neoliberal, cada vez mais, concentra riquezas em poucas mãos e esfola sem piedade a classe trabalhadora, que está sendo casa vez mais pisada. O empobrecimento dos trabalhadores está se acelerando de forma vertiginosa. Salários e condições análogas à escravidão é o que mais se vê no mundo do capital atualmente. Outro fator foram as manifestações do mês de junho de 2013, que inocularam um bom colírio nos olhos de muita gente que está acordando para a necessidade das lutas coletivas. O terceiro fator é o exemplo positivo da ocupaçãocomunidade Dandara – e de outras ocupações exitosas. Muita gente oprimida está dizendo assim: “O povo da Dandara está conquistando mil casas e vários outros direitos. Nós vamos conquistar. Por isso vamos para a luta coletiva.”

Lindolfo Fernandes de Castro é presidente do Sindifisco-MG

Frei Gilvander Luís Moreira é assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Na quarta-feira (23) foi aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a Lei Orgânica da Polícia Civil. Apesar de haver algumas melhorias, as principais reivindicações da categoria, que dizem respeito a promoção, salário e contratação dos profissionais, não foram atendidas. De acordo com o diretor do Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol MG) Adilson Bispo a greve dos policiais está completando 140 dias e não tem prazo para terminar. “Vamos fazer uma assembleia geral daqui a 20 dias, para decidir se a greve continua ou não”, explica. Por enquanto, a direção do sindicato irá prosseguir nas negociações para colocar em outros órgãos institucionais as 27 propostas que não foram contempladas na Lei Orgânica.

Na edição 7... BHMorar não soluciona falta de moradia

... e agora O Brasil de Fato MG, desde sua segunda edição, acompanha os casos de ocupação urbana no estado e nesta semana foi realizado mais um despejo. Cerca de 100 famílias foram expulsas de um terreno do bairro Tupã, em Contagem. Os moradores tentaram acordos com a prefeitura, mas a Justiça expediu o mandado de desocupação sem que as famílias tivessem garantias de nova moradia. Pais e mães de família protestaram contra a ação, fechando a rodovia LMG-808. Mesmo assim, as casas foram derrubadas no mesmo dia.

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“O aumento da taxa de juros traz um prejuízo danado para o trabalhador” SINDICAL Presidente da CUT fala sobre política econômica, PSDB e terceirização Joana Tavares De Belo Horizonte Em dois dias, Vagner Freitas, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, pôde constatar a difícil situação dos trabalhadores em Minas Gerais. Ouviu os servidores municipais, que fizeram, recentemente, greve por melhores salários. Conversou com os professores acampados desde agosto que reivindicam o pagamento do piso salarial. No mesmo saguão da Assembleia Legislativa, estão montadas as barracas dos policiais civis, que também pedem melhorias para a categoria. Paulista, Vagner começou a entrevista coletiva alertando para o “mal que os tucanos fazem ao país”. Ele fala também sobre a luta contra a taxa de juros - a mais alta do mundo -, pelo fim do fator previdenciário e do PSDB sindical. Brasil de Fato - Você comentou que precisava alertar a nação em relação ao mal que os tucanos fazem ao país. O que você quer dizer com isso?

Vagner Freitas - O ambiente político tem propiciado avanços para os trabalhadores. Isso não acontecia nos oitos anos em que Fernando Henrique foi presidente. Na época dele, nós fazíamos campanhas para defender os direitos, para que não fossem retirados. Nós vivemos oito anos de congelamento de salá-

“Se o PL da terceirização for colocado à votação como está, vamos denunciar como traidor da classe trabalhadora todos os que votarem por sua aprovação. Vamos dar nome e endereço de cada um deles” rios, com poder de compra achatadíssimo. A política econômica não propiciava investimento em mercado interno, em expansão do crédito, como se tem hoje. Nós sabemos a diferença de ter um governo que com erros e acertos - propicia o diálogo e se preocupa em governar para os que têm menos, e outro governo, que tem claro interesse em uma vinculação ao capital externo e especulativo. Tem gente que acha que é preciso diminuir a qualidade de vida das pessoas e precarizar a vida como teoria econômica. Isso é um

processo gestado, pensado e defendido publicamente. Não podemos permitir o retrocesso. Qual a posição da CUT em relação ao aumento das taxas de juros?

Não podemos entender como um governo democrático popular faz isso. A CUT passou a vida combatendo a política de juros altos, isso não é política para controlar a inflação e traz um prejuízo danado pro trabalhador. Causa um processo de estrangulamento, de não crescimento da economia interna, diminui a oferta de emprego e de salário. Arrebenta no trabalhador. O aumento da taxa - que pode chegar a dois dígitos - vai fazer que a CUT critique este governo da mesma forma que fazia com os anteriores. Por conta disso, estamos chamando para o dia 26 uma manifestação das centrais sindicais: contra a elevação da taxa de juro e pela correção da tabela de imposto de renda. Porque do jeito que está, nossas conquistas são comidas pelo Leão, enquanto a fortuna não é tributada. Essa política é equivocada e nociva ao trabalhador brasileiro.

zer o serviço. Só que com os trabalhadores ganhando metade do salário, com menos benefícios. São mais de 12 milhões de terceirizados no Brasil, e são exatamente os 12 milhões que ganham menos, que cumprem uma jornada maior, que adoe-

“São mais de 12 milhões de terceirizados no Brasil e são exatamente os 12 milhões que ganham menos, que cumprem uma jornada maior, que adoecem e morrem mais por acidentes de trabalho” cem e morrem mais por acidentes de trabalho. Qual a mão de obra que o Brasil quer ter? Qual a importância da mão de obra na qualidade do produto final? Tanto faz? Até os empresários sabem da importância da qualifica-

toral, na sua casa, no bar que ele frequenta, onde ele estiver, denunciando que aquele deputado é contra os trabalhadores. Como você avalia a atuação do PSDB nos sindicatos?

O PSDB não tem nada a ver com o movimento sindical. O PSDB não tem política pro Brasil porque nem se sente envolvido com o país. E pra fazer sindicalismo tem que ter opção popular. Eles não querem organizar os trabalhadores por melhores condições de vida, pra que ganhem mais. O PSDB quer fazer o contrário: quer tutelar o movimento sindical, para que ele não reivindique, não organize e que o partido tenha controle para não permitir que as massas populares se coloquem contra o projeto das elites. Tenho um respeito muito grande por todas as centrais sindicais, apesar das nossas diferenças de concepção. Agora, não consigo imaginar como alguém pode ser sindicalista e deJoana Tavares

Apesar de uma luta antiga, por que a questão do fator previdenciário está sendo retomada?

Essa foi outra herança maldita do governo Fernando Henrique, mas não dá mais pra ficar criticando só ele. Porque o governo do PT, ou hegemonizado pelo PT, está no governo há 12 anos e não tirou o fator previdenciário. O fator faz que você trabalhe mais pra se aposentar e, quando se aposenta, ganhe menos. Acabar com ele geraria a possibilidade de milhões de trabalhadores solicitarem a aposentadoria. Assim, novos empregos seriam gerados, mais trabalhadores ingressariam no mercado de trabalho e poderiam contribuir com a previdência. O que é o Projeto de Lei da terceirização e em que pé está sua aprovação?

O PL 4330 da terceirização é atroz, nocivo, vil, criminoso com o Brasil, não só com os trabalhadores. O que se quer fazer com esse PL não é regulamentar a terceirização, é fazer uma reforma trabalhista. O projeto significa que todo trabalhador contratado numa empresa diretamente, qualquer um de nós, pode ser sumariamente demitido e a empresa contratar uma empresa terceira para fa-

Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores

ção. O que querem fazer é a ganância pura. Esse PL é de autoria do deputado Sandro Mabel, do PMDB de Goiás. Ou seja, da base do governo. Mas fizemos uma campanha forte, conseguimos interromper isso e ele não foi votado ainda. Eles se intimidaram de votar, pois perceberiam que teriam problemas pra se eleger ano que vem. Se o projeto for colocado à votação como está, vamos denunciar como traidor da classe trabalhadora todos que votarem por sua aprovação. Vamos dar nome e endereço de cada um deles. Vamos na sua base elei-

fender o Anastasia, o Serra, o Aécio... porque eles não têm política pro trabalhador. Sindicato é pra atende ao interesse do trabalhador. Como se associar a um partido como o PSDB, que tem políticas regressivas para a classe? O PSDB pura e simplesmente ataca o movimento sindical. Construíram instrumentos para acabar com o movimento, porque para o projeto neoliberal não interessa existirem sindicatos. O PSDB é um partido que defende as elites, isso é licito. Mas trabalhador não é da elite, não tem cabimento defender esse projeto.

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Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

Ato pede mais recursos para a saúde ORÇAMENTO Manifestantes defendem a destinação de 10% da receita bruta da União para o setor Da Agência Brasil

Com o objetivo de pressionar os parlamentares a aprovar projetos que ampliem os recursos para o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), o Conselho Nacional de Saúde (CNS) promoveu na quarta-feira (30) uma mobilização em frente ao Congresso Nacional. Usando faixas e com o apoio de um carro de som, os manifestantes defendem principalmente a destinação de 10% da receita bruta da União para o setor, conforme previsto no Projeto de Lei Complementar 312/12. A medida, que representa um adicional de R$ 46 bilhões para a saúde já em 2014, tramita na Câmara. A proposta é uma iniciativa do Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública, o Saúde+10, e recebeu a assinatura de 2,2 milhões de eleitores. O Senado aprecia outro projeto sobre a ampliação do financiamento do setor, o que cria o Orçamento Impositivo. Segundo o texto, 50% das emendas de deputados e senadores devem ser destinados à saúde.

De acordo com coordenador do Saúde+10, Ronald Ferreira, a demanda popular precisa ser considerada pelos parlamentares. “O Congresso está, no dia de hoje, debatendo o financiamento da saúde e queremos ser ouvidos”, disse. “Vamos exigir que no processo de discussão o povo seja levado em consideração. A proposta do governo faz apenas um ajuste orçamentário e isso nos preocupa porque se não houver recursos, novos medidas importantes, como o Mais Médicos, se desmancharão em breve”, completou. Durante a manifestação, que contou com a participação de representantes de conselhos de saúde de todos os estados, a presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza, informou que as entidades também vão lançar, no Ministério da Saúde, uma campanha para incentivar a ampliação da participação popular no controle social do SUS. Ela explicou que a iniciativa prevê ações que se estenderão até a 15ª Conferência Nacional de Saúde, marcada para 2015, em Brasília. Entre elas es-

Antônio Cruz_ABr

Dilma e o ministro Alexandre Padilha com o médico Juan Delgado, na sanção do programa

tão ciclos de debates, campanhas e uma mostra itinerante sobre a história do SUS, que deve circular por vários estados. “Acreditamos que o SUS deve ser resgatado como patrimônio popular. O povo forma uma opinião negativa do SUS, muito distorcida, em

parte, por causa do que é veiculado na imprensa. Nossa chamada é para que todo cidadão brasileiro possa opinar, conhecer e se mobilizar em defesa de um dos maiores sistemas de saúde universal do mundo, apesar de todas as deficiências”, disse.

Votação do Marco Civil da Internet é adiada novamente

URGÊNCIA Projeto de lei que consolida os direitos, deveres e princípios para o uso da rede deve ser votado na terça Lívia Bacelete De Belo Horizonte

Mais uma vez a votação do Marco Civil da Internet foi adiada, no dia 29, na Câmara dos Deputados. A matéria está em urgência constitucional e tranca a votação de outros projetos. De acordo com o presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o projeto de lei só deverá ser apreciado na próxima terça-feira (5). O Marco Civil da Internet visa consolidar os direitos, deveres e princípios para o uso e desenvolvimento da internet no Brasil. O Projeto de Lei é considerado uma referência mundial de legislação para a rede, garantindo princípios, tais como a privacidade dos usuários, neutralidade e a liberdade de expressão. O doutor em Ciência Política pela USP e pesquisador em cibercultura Sérgio Amadeu explica que o

Marco Civil quer garantir que a internet continue funcionando como está. “Pode parecer estranho, mas não é. Como as grandes corporações, a polícia e os setores mais retrógrados do Estado querem mudar a forma como a internet funciona. Acreditamos que o jeito de garantir que ela continue como está é crian-

do uma lei”, explica. Riscos da aprovação

Se aprovado, o Marco Civil da Internet irá proibir, por exemplo, que as empresas responsáveis pela conexão repassem registros de acessos dos internautas para outras empresas, garantindo a privacidade, Mídia Ninja

exceto em casos de ordem judicial. O texto ainda exige a manutenção da qualidade dos pacotes vendidos e proíbe qualquer monitoramento, análise ou fiscalização do conteúdo dos pacotes de dados pelos operadores de rede, preservando a neutralidade desses operadores em relação ao uso da internet. Assim, as empresas de telecomunicação não poderão restringir o tráfego de acesso aos conteúdos nem diferenciar o uso dos internautas com pacotes de informação. A maior polêmica que envolve o PL gira em torno do parágrafo 2º do artigo 15, que permite a remoção de conteúdos, sem ordem judicial, para casos de infração a direitos autorais ou conexos. As entidades da sociedade civil que discutem o assunto afirmam que o impasse está na pressão feita sobre os parlamentares pela Rede Globo e pelas empresas de telecomunicações para a manutenção do parágrafo.

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Policiais raramente são julgados por violência, diz jurista IMPUNIDADE O projeto de lei que acaba com os autos de resistência viabilizará investigações Guilherme Almeida De São Paulo O desembargador Antônio Carlos Malheiros, coordenador da Vara de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, avalia que a reação da população aos casos de violência policial mostra que a sociedade não aguenta mais esperar uma resposta do Poder Judiciário. “São poucos os casos de violência de policias que são julgados”, diz Nesta semana, após a morte do jovem de 17 anos Douglas Rodrigues com um tiro no peito por um policial, a população da Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo, fez protestos que terminaram com repressão da Polícia Militar, 90 pessoas detidas, carros incendiados e bloqueio da rodovia federal Fernão Dias. O porta-voz da PM, capitão

Mauro Lopes, lamentou a “abordagem malsucedida”, disse que o tiro foi acidental e que o policial responsável foi “autuado em flagrante delito por homicídio culposo (sem intenção de matar)”. Para garantir que esses casos sejam investigados, o desembargador defende a aprovação do Projeto de Lei 4471/2012, que altera o Código de Processo Penal e acaba com o recurso dos “autos de resistência”. Atualmente, a polícia pode registrar qualquer caso como “resistência seguida de morte” para justificar assassinatos e evitar investigações. “É habitual um policial dizer que foi recebido a balas e registrar um homicídio como resistência seguida de morte”, disse Douglas Belchior, coordenador da União de Núcleos de Educação Popular para Negras, Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro).

José Eduardo Cardozo (Justiça), Magda Chambriand (ANP) e Edson Lobão (Minas e Energia) com representantes das empresas do consórcio

Para o desembargador, essa mudança fará que casos que não são investigados no sistema atual sejam tratados como homicídio.

Projeto está parado na Câmara O Projeto de Lei 4471/2012, que acaba com o procedimento dos autos de resistência, não tem previsão para entrar na pauta e ser votado na Câmara dos Deputados. O presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) fez o compromisso de colocar o projeto em votação em 22 de outubro, diante de uma comissão formada por artistas e dirigentes de movimentos sociais. “A pauta ficou prejudicada por outras prioridades”, disse Alves. “Apesar da pressão dos movimentos e da manifestação de ministros, deputados e senadores, a aprovação do fim dos autos de resistência, o projeto não é prioridade da maioria parlamentar no Congresso”, avalia Douglas Belchior, coordenador da Uneafro. Para Belchior, a aprovação do projeto é urgente e diminuirá o impacto da violência policial. “Há informações de que, com a adoção parcial do fim dos autos de resistência em São Paulo, houve uma redução de 30% no número de homicídios cometidos por policiais”. “O país ultrapassou a marca de 1 milhão de assassinatos nos últimos

30 anos. Grande parte foi cometida por policiais. Ainda existem brechas na lei para os policiais, após cometerem assassinatos, terem o direito de culpar a vítima e ficarem livres da investigação”, disse.

Fernando Frazão / Agência Brasil

“A partir daí acontece o processo, a perícia, corpo de delito e balística para julgar se o homicídio foi intencional ou não”, explica.

O que muda com o Projeto de Lei 4471/2012

O projeto foi apresentado ano passado pelos deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP), Fabio Trad (PMDB-MS), Protógenes de Queiroz (PCdoB-SP) e Miro Texeira (atualmente no PROS-RJ). (GA) Agência Brasil

-Termos “autos de resistência” e “resistência seguida de morte” serão trocados, respectivamente, por “lesão corporal decorrente de intervenção policial” e “morte decorrente de intervenção policial” -Proibição de acompanhamento do exame de corpo de delito por pessoa estranha ao quadro de peritos -Obriga a preservação da cena do crime e consequente documentação fotográfica e coleta de vestígios em casos de morte violenta -Obrigada a notificação dos registros das lesões e/ou mortes causadas pela ação policial -Delegacia de Crimes contra a Pessoa ou a repartição de polícia judiciária deve instaurar inquérito para investigar o fato

Henrique Alves, presidente da Câmara: “A pauta ficou prejudicada por outras prioridades”

-Envio de comunicado para o Ministério Público.

12 | mundo

Belo Horizonte, de 01 a 07 de novembro de 2013

“Máquina de vigilância dos EUA se tornou um monstro”

Rafael Stedile

ESPIONAGEM Um dos maiores especialistas do tema diz que a NSA não sabe “justificar suas próprias atividades” A NSA (sigla para Agência de Segurança Nacional) trabalha atualmente com um orçamento bilionário e os funcionários “não sabem o que fazer ou, pior, não sabem como justificar suas atividades”. Esta é a conclusão de Féliz Moreno de la Cova, um dos maiores especialistas em serviços de inteligência e tecnologia da informação. Em entrevista para a agência russa RT, Moreno de La Cova afirma que policiais e todos os funcionários da NSA precisam de algo para viver e “não há terroristas suficientes para deixar todos ocupados”. “Portanto, eles [EUA] precisam espionar pessoas honradas, líderes políticos e todos que venham à cabeça”, analisa.

Moreno de la Cova também destaca que a NSA também não é a agência mais importante dos norte-americanos. “Temos o FBI, CIA... Essas são clássicas e mais abrangentes”, afirma. O especialista concedeu entrevista no dia que Washington confirmou que Barack Obama não sabia do esquema de espionagem contra os principais dirigentes mundiais até metade de 2013. O presidente norte-americano tinha conhecimento do programa de vigilância da NSA, mas desconhecia a abrangência e o poder do sistema – capaz de espionar, por exemplo, o celular da presidente da Alemanha Angela Merkel e outros milhões de europeus. (Opera Mundi)

Nesta semana, Obama afirmou desconhecer abrangência da espionagem

Falta infraestrutura para OIT diz direitos para domésticos é desigual África, diz ex-ministro CONTINENTE Segundo Franklin Martins, ex-ministro no governo Lula, continente vive “momento crucial” A África atual se ressente da falta de uma infraestrutura que promova a integração entre os países do continente, avaliou o jornalista e ex-ministro Franklin Martins, que acaba de estrear a série de reportagens de TV “Presidentes Africanos”. Em entrevista, Martins avalia que a maioria dos países africanos construiu sua economia voltada Hugo Delgado – Agência Lusa

Moçambique foi um dos países visitados por Martins

para o exterior, de “exportação para as metrópoles”, com pouca ênfase nas trocas entres os países. “Hoje, o comércio interafricano representa só 3% . O objetivo é chegar a 20%, 25%”, sinalizou. Isso gerou uma falta de estrutura, de logísticas de integração à África. Ele também relata que a paz vem crescendo no continente, apesar de ainda haver muitas áreas instáveis. “De um bilhão de africanos, 100 milhões vivem em regiões onde há ameaça ou presença de conflito. Isso é uma novidade, porque antes havia muito mais áreas de conflito, muito por causa das fronteiras extremamente artificiais”, aponta. O documentário de 15 episódios é composto de entrevistas com os líderes de 13 dos maiores países africanos, entre os quais África do Sul, Moçambique, Egito e Tunísia. “Presidentes Africanos” marca o retorno de Franklin à TV como jornalista. A série é exibida nos canais Discovery Civilization e Band. (Opera Mundi)

Levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que apenas 10% dos trabalhadores domésticos em todo o mundo têm os mesmos direitos que os demais trabalhadores. Segundo o órgão, os domésticos estão sujeitos a condições consideradas deploráveis, exploração e abuso dos direitos. Apesar de constatar que houve avanços no mundo, o órgão ressalta a necessidade de reformas legislativas para igualar os trabalhadores domésticos aos demais. “Reformas legislativas em relação aos trabalhadores domésticos foram concluídas em vários países, incluindo Argentina, Bahrein, Brasil, Espanha, Filipinas, Tailândia e Vietnã”, diz trecho do relatório. Para a OIT, além da aprovação de leis que ampliem os direitos dos domésticos, o desafio é colocar os novos marcos regulatórios em prática. Segundo a OIT, atualmente, o universo de trabalhadores domésticos no mundo é aproximadamente 53 milhões de pessoas, sendo 83% mulheres. (Agência Brasil)

Domésticas

83% das domésticas no mundo são mulheres

FRASE DA SEMANA “Se espionagem fosse feita pelo Equador, seríamos criminosos”, disse o presidente equatoriano, Rafael Correa, sobre a espionagem em massa realizada pelos EUA.

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Pronto! Depois de muita enrolaĂ§ĂŁo, a verdade foi revelada. Amarilys contou para Niko, personagens de Amor Ă Vida, novela das 21h, que transou com Eron, seu marido, e que o filho, FabrĂcio, nĂŁo ĂŠ fruto da fertilizaĂ§ĂŁo realizada no Hospital San Magno. JĂĄ ouviu dizer que nĂŁo se questiona o furor de uma mulher apaixonada? Parece que a mĂŠdica virou os olhos pelo advogado quando foi viver com ele e Niko, para ser barriga solidĂĄria do bebĂŞ tĂŁo sonhado pelo casal. Depois de tentativas fracassadas de fertilizaĂ§ĂŁo, ela se iludiu com a possibilidade de viver uma famĂlia e seduziu Eron, que atĂŠ entĂŁo vivia numa relaĂ§ĂŁo estĂĄvel, fiel e feliz com Niko. O menino nasceu, o jogo de seduĂ§ĂŁo pela vida heterossexual esquentou e a briga pelo bebĂŞ comeĂ§ou. O circo estĂĄ armado! PaixĂŁo, traiĂ§ĂŁo e paternidade sĂŁo razĂľes para as atitudes dos personagens apĂłs a revelaĂ§ĂŁo. E com certeza, estĂĄ dividindo muitas opiniĂľes por aĂ. Quem traiu quem? E o filho fica com quem? Quem usou de meios egoĂstas, falsos e covardes para justificar os atos? HĂĄ quem diga que a mĂŠdica meteu a colher na vida dos rapazes e nĂŁo podia ter fingido a fertilizaĂ§ĂŁo. HĂĄ quem diga que Eron foi um frouxo e nunca poderia ter traĂdo o marido com a melhor amiga dele, ainda mais dentro do lar. E hĂĄ quem diga que Niko perdeu o jogo e deve abrir mĂŁo da crianĂ§a. Converse sobre isso com as pessoas com quem vocĂŞ convive e com quem fala de novela. Ă&#x2030; um tema novo no horĂĄrio nobre, pouquĂssimo discutido nas prosas do dia a dia. Pense, debata e opine: mande um e-mail para quimvela@brasildefato.com.br pra eu saber o que vocĂŞ andou discutindo por aĂ. AtĂŠ mais! Por Joaquim Vela

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De quem ĂŠ a culpa? E o filho?

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dem ajudar a reduzir as dores, mas para isso, precisam ser supervisionadas por profissionais qualificados. AlĂŠm do mais, ĂŠ muito importante que procure uma avaliaĂ§ĂŁo mĂŠdica para verificar se nĂŁo hĂĄ problemas mais graves que precisam ser tratados.

Amiga, sempre tive o costume de usar tĂŞnis. Ultimamente, aderi aos sapatos abertos e meus pĂŠs estĂŁo ficando cascudos e muito rachados, mas nĂŁo quero deixar de usar sandĂĄlias. Que cuidados devo tomar para que meus pĂŠs nĂŁo fiquem mais assim? Paula Rocha, 29, cabeleireira Querida Paula, usar somente sapatos abertos causa esse ressecamento na pele dos pĂŠs, com tendĂŞncia a rachaduras. O melhor seria revezar com os calĂ§ados fechados. AlĂŠm disso, ĂŠ importante investir bastante na hidrataĂ§ĂŁo dos pĂŠs. Use todos os dias, antes de deitar, um creme hidratante, massageando bem os pĂŠs atĂŠ a absorĂ§ĂŁo do creme. Se possĂvel, durma de meias, isso ajuda a potencializar o efeito do produto. Em farmĂĄcias na-

Querida amiga, notei que, Ă s vezes, minhas mĂŁos e pĂŠs incham sem muita explicaĂ§ĂŁo ou qualquer esforĂ§o fĂsico de minha parte. Doem bastante, inclusive o pulso e os tornozelos. A dor nĂŁo ocorre todos os dias, mas sinto esse desconforto hĂĄ muito tempo, vai e volta. Devo me preocupar? Gabriella Carvalho, 23, operadora de telemarketing

turais vocĂŞ pode encontrar um creme manipulado Ă base de glicerina que pode ajudar muito. Evite lixar os pĂŠs, isso pode atĂŠ melhorar na hora, mas, a longo prazo, sĂł contribui para aumentar o ressecamento da pele. Evite passar creme entre os dedos para evitar as micoses.

Deve se preocupar sim, Gabriela. Esses sintomas podem sugerir doenĂ§as reumĂĄticas. Ă&#x2030; necessĂĄrio investigar melhor com exames laboratoriais e relacionĂĄ-los com a sua

histĂłria clĂnica. Procure o centro de saĂşde mais prĂłximo de sua casa e fale sobre esses sintomas para que seja agendada uma consulta mĂŠdica na sua equipe de referĂŞncia.

14 | cultura

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

Ocupação em forma de estrela RESISTÊNCIA Novo espaço cultural tem proposta de gestão coletiva e corre risco de despejo Maíra Gomes togestão e horizontalidade. “QuereDe Belo Horizonte mos promover um centro cultural que trabalhe em conjunto e ouvinOcupação tem sido um tema do a voz da sociedade. A nossa inmuito retratado no Brasil de Fato satisfação com os equipamentos de MG e, desta vez, Belo Horizonte re- cultura tem a ver com a falta do dicebe um ocupação diferente. Des- álogo com a sociedade civil. As pode sábado (26) um casarão no bair- líticas de cultura são pensadas com ro Santa Efigênia abriga o Espaço um distanciamento enorme dos Comum Luiz Estrela, que se propõe envolvidos”, declara Silvia. a ser um centro cultural público. O casarão pertence à Fundação Histórico e disputas Hospitalar do Estado de Minas GeSituado na rua Manaus, na altura rais (Fhemig) e estava abandonado número 348, o casarão foi consdo desde 1994. A ocupação tem or- truído em 1913 para abrigar o Hosganizado mutirões para limpeza e pital Militar da Força Pública Miadaptação do local e oferta de ofici- neira. Como conta Silvia, ele foi fenas, como de Yoga e Kung Fu. Cerca chado na década de 80, quando de 100 pessoas estão envolvidas na passou a funcionar uma escola no organização do espaço, onde são local, que teve suas portas fechaoferecidos diariamente almoço co- das em 1994. Desde então, o prédio, munitário e uma agenda de ativida- tombado pelo Patrimônio Histórico des culturais. municipal, está abandonado. “Só posso falar emocionada soO advogado Joviano Mayer afirbre essa experiência. Estamos rea- ma que o poder público nunca fez lizando o que a gente espera que o nada para manter o patrimônio. Ele poder público realize”, conta Silvia apresenta um agravante: em 2012, Andrade, 32, produtora cultural e foi assinado um protocolo entre a parte do grupo que está construin- Fhemig e a Fundação Educaciodo o novo centro. nal Lucas Machado (Feluma), paCumprindo o que manda a Cons- ra cessão do local para um memotituição Federal, garantir uma fun- rial do ex-presidente Juscelino Kução social para um bem público, bitschek. “O processo foi iniciado, o grupo pretende criar um espaço mas nada foi assinado. É mais um que possibilite o acesso da popula- espaço público que pode ser privação à arte e à cultura, a partir da au- tizado, sem debate com a socieda-

Mídia Ninja

Ocupação tem as portas abertas e faz homenagem a artista morador de rua, que está desaparecido

de”, denuncia o advogado do Coletivo Margarida Alves, que presta assessoria jurídica ao Espaço. Despejo O grupo pediu uma reunião com o governador e com a Fhemig para debater os rumos do prédio. Na quinta-feira (31), um oficial de Jus-

tiça e policias foram até o Espaço com uma ordem de despejo. Cinco camburões estiveram durante a tarde no local, que também recebeu o apoio da comunidade e outros. Um acordo entre a PM, o oficial e advogados decidiu por não realizar a ordem de despejo até que o grupo seja recebido pelo governador.

Quem é Luiz Estrela?

Acabou a espera Raíssa Lopes De Belo Horizonte “O que acontece aqui?!”. Para um frequentador do Duelo de MC’s, essa pergunta é bastante familiar. Todos sabiam o que ela queria dizer. Assim que Monge - mestre de cerimônia do evento - a proferia, ouviase um coro ensurdecedor, que respondia quase como instintivamente: “Duelo de MC’s!”. Dada a resposta, era certo que a partir dali começariam as batalhas de rima que, durante seis anos, foram parte das noites de sexta de muita gente. Porém, há cinco meses, não se ouvem mais os habituais sinais que caracterizavam as disputas de rap no Viaduto Santa Tereza, palco tradicional do evento. O grupo idealizador do projeto, Coletivo Família de Rua, decidiu em junho deste ano encerrar suas atividades. Segundo o integrante Pedro Va-

lentim, mais conhecido como PDR, a pausa foi necessária e resultou da negligência do poder público local e mau comportamento de frequentadores. “Uma parcela de pessoas que comparecia ao Duelo protagonizava uma cena triste de venda e consumo de drogas, com a presença de muitos adolescentes e crianças. Além disso, a desarticulação, a burocracia e falta de vontade da administração pública contribuíram muito para o encerramento”, afirma. Os membros do Família de Rua tentaram alternativas para repensar a situação, criaram espaços de reflexão e elaboração de estratégias mas, cansados, encararam o término. “Na época, atingimos o nosso limite. Paramos para refletir e entender o papel do Duelo de MC’s naquele espaço, na cidade”, conta PDR. A pausa, pelo que parece, deu certo. O Duelo de MC’s mata a sau-

Luis Estrela, um jovem morador de rua que teimava em ser artista, fazia da rua o seu palco, dos curiosos plateia, de roupas usadas figurino de gala. Ele desapareceu no dia 26 de junho deste ano, em meio ao clima de manifestações e Copa das Confederações. Conhecidos contam que foi espancado até a morte, mas ainda não há confirmação. Grupos denunciam que Belo Horizonte tem sido palco de diversas manifestações de extermínio da população de rua. dade dos grafites do Viaduto Santa Tereza neste domingo (3), às 14h, e assim acontecerá em todos os demais domingos. A volta é anunciada por PDR com gás e frescor de início e recebida com brilho nos olhos daqueles que viam o Duelo como agente de luta e afirmação da Cultura Hip Hop belohorizontina. “A mudança de dia tem muito a ver com um novo momento, com a proposta de recomeço. Um novo dia, um novo horário, com novo fôlego. Refletimos muito e entendemos até aqui que o Duelo cumpriu seu papel na noite de sexta-feira e que é hora de darmos espaço para a novidade. Continuamos acreditando na cultura Hip Hop e nas pessoas. ‘Vamo’ que ‘vamo’!”, declara.

Mídia Ninja

Duelo de MC’s, agora aos domingos

Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

é tudo de graça!

AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

TEATRO

O espetáculo “E o palhaço o que é?”, do Grupo Off-Sina, propõe reflexão sobre a simplicidade do cotidiano. Domingo (3), às 16h, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2244, Centro).

DANÇA

O II Festival OMI – O Festival Internacional da Diversidade Cultural realiza sessão de Cinema Africano. Quinta (7), às 19h, no auditório do Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro, BH/MG). EXPOSIÇÃO

O projeto “Dança no Parque”, que promove encontros de simpatizantes da dança, acontece esta semana no Parque Municipal Rosinha Cadar (Rua Rodrigues Caldas, 315, Santo Agostinho). Domingo (03), de 15h30 às 18h.

Lançamento do disco “Abrir Fronteiras”, do músico e compositor Casquídeo, que estrelou turnê com Milton Nascimento. Sexta (01), às 21hrs, no Teatro da Assembleia (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho).

Festival da Diversidade Cultural Em comemoração ao Mês da Consciência Negra, de 1º a 30 de novembro, acontece em BH o II Festival OMI - O Festival Internacional da Diversidade Cultural. A palavra “omi”, na mile-

Segunda a quinta-feira CINEMA

Show de inauguração do Espaço HIPHOP - Coliseu de MC’s com a cantora Zaika dos Santos. Sábado (02), às 14h, no Espaço do Saber (Rua Portugal, 370, Contagem).

nar e tradicional língua Yorùba, significa água, fluidez e permeabilidade. Define também tudo aquilo que é imprescindível. A segunda edição do projeto defen-

Exposição celebra 70 anos da Pampulha. O acervo contém o projeto do arquiteto Oscar Niemeyer e série de imagens e documentos históricos de um dos mais importantes complexos arquitetônicos do país. Até dia 30/04,

na Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha).

Soam bobas, até mesmo falsas, as críticas à decisão do atacante sergipano Diego Costa em defender a seleção da Espanha, país em que ele passou a maior parte de sua carreira, ao invés da seleção do Brasil, onde nunca atuou profissionalmente. O futebol há muito se tornou uma atividade capitalista, as seleções nacionais há muito são integradas por jogadores de outros países, que os atraem por uma boa proposta financeira. Exemplos é que não faltam, desde seleções multicampeões como Alemanha e Espanha, até equipes do Oriente Médio e Japão. As críticas soam ainda mais falsas vindas da CBF, que fez da Seleção Brasileira um grande balcão de negócios desde há muito. O mesmo vale para Felipão, que, quando era treinador da Seleção de Portugal, convocou o brasileiro Deco e nem por isso o acusou de traidor da pátria. Diego Costa tem o direito de jogar onde quiser, a seleção da CBF está longe de ser a “pá-

O Cine Humberto Mauro apresenta a mostra Cinema e Rock’n’Roll, que exibirá filmes que mesclam a estética do estilo de grupos como Led Zeppelin e The Rolling Stones com o cinema. De 04 a 13 de novembro (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro). DANÇA

A mostra “Narrativas Poéticas - Coleção Santander Brasil” apresenta obras das últimas seis décadas de arte no Brasil. Até o dia 26/01, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201, Centro).

A 2ª Mostra Coreográfica Núcleo Artístico promove a dança Exposição reúne série como forma de produde trabalhos confeccio- ção cultural, educacionados pelo artista João nal e profissional. QuarCastilho, nos anos de ta-feira (30), no Teatro 2012 e 2013. Até 06/12, Dom Silvério (Av. Nossa na Funarte - MG (Rua Ja- Senhora do Carmo, 230 nuária, 68, Floresta). – São Pedro).

de o tema “Territórios da Diversidade”, e entre as atividades programadas estão exposições, palestras, mesas de discussão, intervenções artísticas, mostras de filmes, bate papos e shows relacionados à valorização da cultura negra

na geral Muito barulho por nada

cultura | 15

no Brasil e mundo. Toda a programação é gratuita, e as inscrições podem ser realizadas pelo site do Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (www.insod.org). esporte |

tria de chuteiras” que o Nelson Rodrigues reivindicava na década de 60 - e, sejamos sinceros, o atacante do Atlético de Madrid fará pouquíssima falta na equipe brasileira. Esta coluna defende a convocação de Valter, o gordinho matador que é um dos grandes destaques do Campeonato Brasileiro.

Série B com casa cheia em 2014 A Segundona promete para o ano que vem. Com a subida do Santa Cruz-PE, Vila Nova-GO e Sampaio Corrêa-MA, times com tradição e torcidas regionais fortes, que subiram da Série C, e as possíveis quedas de Náutico e Vasco da Série A, a Série B promete estádios cheios. Podem até superar as medíocres médias de público que tem assistido à Primeira Divisão (até a 31ª rodada eram míseros 14.263 pagantes por jogo, média bem inferior aos 18.807 presentes na “poderosa” Major League Soccer, a Liga Estadunidense de futebol). Esta coluna torce, ainda, pela permanência do

Paysandu, o Papão de Belém, que está empatado com o ABC de Natal e com o Atlético-GO, com 35 pontos e luta para escapar do rebaixamento na Série B.

é rigorosamente o mesmo que passou pelas mãos de Autuori e, antes dele, Ney Franco.

Muricy mais uma vez impecável

Em três semanas saberemos quem são as 11 seleções que completarão a lista dos 32 países que disputarão a Copa do Mundo do Brasil no ano que vem. É que entre 13 e 20 de novembro serão realizados os jogos de repescagem das vagas que sobraram. Já estão garantidos Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Equador, Estados Unidos, Costa Rica, Honduras, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Itália, Suíça, Bósnia e Herzegovina, Bélgica, Rússia, Austrália, Japão, Irã e Coreia do Sul. Os confrontos da repescagem serão: Portugal X Suécia, Ucrânia X França, Grécia X Romênia, Islândia X Croácia, Costa do Marfim X Senegal, Etiópia X Nigéria, Tunísia X Camarões, Gana X Egito, Burkina Faso X Argélia, Uruguai X Jordânia, Nova Zelândia X México.

Se o segundo turno do Campeonato Brasileiro valesse como uma competição à parte, o São Paulo estaria em segundo lugar, empatado com o Cruzeiro com 25 pontos, perdendo o primeiro lugar apenas no quesito saldo de gols. A excelente campanha, que afastou qualquer possibilidade de rebaixamento para a equipe tricolor, é a confirmação da enorme competência do técnico Muricy Ramalho e sua química quase perfeita com a equipe do São Paulo. Pra quem tem memória curta, no final do primeiro turno, o São Paulo ocupava a 18ª posição da tabela, e era seríssimo candidato ao rebaixamento. Na ocasião, a diretoria do clube demitiu o treinador Paulo Autuori e promoveu a volta de Muricy. Além disso, o elenco

Copa do Mundo quase completa

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Belo Horizonte, de 25 a 31 de outubro de 2013

OPINIÃO Cruzeiro

O melhor goleiro do Brasil Whashigton Alves

Fábio merece um grande título pelo Cruzeiro

Wallace de Oliveira

Comecei a gostar de futebol em 1994, vendo Dida defender até pensamento de atacante adversário. Além do bom futebol, era necessário ter sorte para vazar o grandalhão baiano. Com sua saída, em 1999, o Cruzeiro custou a repor a vaga à altura. André Döring fez boa Copa do Brasil em 2000, mas teve muitos problemas com contusões. Em 2003, veio o competente Gomes, que logo foi para a Europa. Fábio passou pelo clube em 1999, foi para o Vasco em 2000 e retornou a BH em 2004. Porém, seriam precisos mais quatro anos para que ele se tornasse o melhor goleiro do Brasil. Depois de uma temporada ruim em 2007, Fábio surgiu absoluto em 2008. Desde então, nunca vi arqueiro tão regular. Nunca vi quem pegasse tantos chutes indefensáveis, quando nossa defesa não era confiável. Nunca vi um goleiro falhar tão

pouco. Nunca vi, depois do grande Sorín, jogador tão identificado com o Cruzeiro e sua torcida. Alguém tem dúvidas de que já teríamos frequentado a Série B sem os milagres de são Fábio? É um sacrilégio ele não ter jogado uma Copa do Mundo, uma injustiça ele ainda não ter um grande título pelo Cruzeiro, um dever de toda a equipe correr para coroar, com antecipação, sua impecável atuação no campeonato. Agora é o Santos

Na Vila Belmiro, o time não pode ter o apagão do último jogo. Após precipitar uma tempestade de futebol celeste sobre o Criciúma, o líder sofreu uma virada surpreendente e teve que reverter o placar no segundo tempo. Só tenho uma explicação para tal fato: um misto de excessiva autoconfiança com a falta de cuidado na marcação pelo lado esquerdo, setor conhecido como Avenida Egídio de Araújo Pereira.

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OPINIÃO Atlético

Perda e magia Bruno Cantini

Rogério Hilário O final de semana foi trágico. Não tanto pela derrota do Atlético para o Botafogo, a vitória de virada do Cruzeiro ou o massacre doCoritiba sobre o Grêmio. E, sim, pela morte de Lou Reed, um dos últimos gênios da música. Ao contrário do futebol, em que os craques surgem aos montes, embora os geniais sejam também raros, nas artes surgem poucos como Lou Reed, autor de obras-primas como “Walk on the wild side”, “Sweet Jane”, “Romeo and Juliet”, “Children”, “Kill your sons”, “Magic and Loss” e muitas outras. Tão estupendo, original e criativo como Lou sobrevivem apenas Bob Dylan e Leonard Cohen, que estão acima dos 70 anos. Os outros estão muitos degraus abaixo. Uso como mote o universo da música para mostrar que ele é incomparável. Cantores, compositores e músicos produzem a vida inteira, enquanto os jogadores têm prazo de validade. Por isso, várias gerações podem usufruir do talento de um artista, mas no esporte os afortunados são limitados. Os brasileiros com menos de 40 anos não

Futebol passa, mas tem seus encantos

viram Pelé jogar. Por isso, já sinto alguma nostalgia do Atlético do título da Libertadores, diante da inconstância da equipe no Brasileiro. Mas, deixe estar. Ronaldinho Gaúcho está voltando, Rever vai se recuperar, Tardelli estará ainda melhor no Mundial no Marrocos. Só de pensar nisso, minha tristeza pela morte de Lou Reed e com a finitude do ser humano vai passando. Afinal, Galo, Lou Reed e a arte são eternos.

Definições sobre o calendário Esta semana houve enfim uma reunião em que decisões foram tomadas acerca do calendário do futebol, reivindicadas pelo Bom Senso FC, movimento criado por atletas das Séries A e B do futebol brasileiro. Na reunião, ficou acertado que o calendário de 2014 não terá modificações devido aos 45 dias de paralisação no meio do ano para a realização da Copa do Mundo. Em compensação, a partir de 2015 se acertou que haverá 30 dias de férias garantidos para os jogadores, e outros 30 dias de prétemporada para as equipes, com o calendário de jogos começando apenas em fevereiro. Dessa forma, os torneios estaduais deverão ficar menores, com menos equipes e datas. A CBF publicou nota oficial em seu site afirmando também que haverá um limite anual de jogos, sem informar qual será esse limite.