BRASIL 7 11 ENTREVISTA
Antonio Cruz / Agência Brasil
Minas Gerais
Mídia NINJA
Julgamento de tragédia adiado
Globo virou partido político
Superior Tribunal de Justiça suspendeu inquérito da Polícia Civil que apurou responsabilidades no rompimento da Barragem da Samarco em Mariana. Movimentos temem impunidade
Para professora da UFF, cobertura manipuladora da Rede Globo cria condições para golpe de Estado. “A mídia não tem o papel de produzir palpites, mas sim de informar”, afirma Sylvia Moretzsohn
24 a 31 de março de 2016 • edição 128 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
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Direitos trabalhistas em risco com impeachment Divulgação
#NãoVaiTerGolpe Em show no Rio de Janeiro, Elza Soares se somou ao coro “não vai ter golpe” da plateia e pediu aos fãs que lutem pela democracia. No dia 31, ato nacional ocorrerá em Brasília. Em Belo Horizonte, o show “Canto da Democracia” terá as presenças de Titane, Pereira da Viola, Vander Lee, Sérgio Pererê, Gabriel Guedes, Graveola e o Lixo Polifônico, entre outros artistas, na Praça da Estação, na próxima quinta, às 17h.
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MUNDO 10
MINAS 5
Até Obama foi pra Cuba
PF prende executivo mineiro
Pela primeira vez em 88 anos, Raúl Castro recebeu o presidente dos Estados Unidos em Havana. O objetivo do encontro foi aproximar os dois países
Nova fase da Lava Jato prende diretores, funcionários e intermediários da Odebrecht, entre os quais o mineiro Sérgio Neves. Lista com 200 políticos é vazada, mas Moro pede sigilo
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
Editorial | Brasil
Querem o golpe para tirar direitos dos trabalhadores
ESPAÇO dos Leitores “O Brasil precisa acordar e ver que essa emissora Globo não oferece nada de útil, além de ficar ao lado dos poderosos.” Rosana Maia
“Concordo!” Leonice Rodrigues Pereira comentando a matéria “Bicho é pra adotar, não comprar”
“Uma aula de História para os que não viveram o golpe de 64 e uma boa reflexão para os que têm a memória curta.” JF Maciel comentando o artigo “É preciso falar sobre 1964”, de João Paulo Cunha
“Que capa maravilhosa! Arrepiei.” Isis Medeiros comentando a edição especial “Golpe, não!”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Estamos vivendo um importan- setores que estão decididos a tirar te momento da luta de classes no Dilma, custe o que custar. É o caBrasil. Precisamos sair da confusão so dos que se beneficiam dos juros que tentam nos impor, para com- altos, da especulação financeira, e preender os interesses em jogo. Te- são contra reformas em nossa somos que evitar a histeria promovi- ciedade. da pela Rede Globo, que tem se coQuerem realinhar o Brasil com locado como importante condu- os interesses do imperialismo estatora do processo golpista. Ao mes- dunidense, retirar direitos da clasmo tempo, lembrar que a polariza- se trabalhadora e criminalizar as ção da socielutas sociais. dade sempre Pressionam o existiu, entre Querem realinhar o Brasil aos governo em índios e colovárias frentes, interesses dos EUA nizadores, esdisputando a cravos e donos leitura dos fade escravos, patrões e empregados, tos, a cabeça e o coração das pespobres e ricos. soas, através dos meios de comuO povo sempre teve inimigos, nicação. No Congresso, impondo e por isso, até hoje o Brasil é mui- medidas neoliberais, que retiram to desigual, e a maior parte da sua direitos dos trabalhadores e jogam população não tem acesso a saú- o peso da crise nas costas dos mais de, educação, cultura, transporte, pobres. lazer, terra e moradia. Não é que Setores do judiciário e da polícia faltem essas coisas no Brasil, terí- federal têm sido agentes políticos amos condições de atender essas fundamentais dos interesses neolidemandas, mas para isso, os que berais. O núcleo central da operadetêm as riquezas teriam que acei- ção Lava Jato tem objetivos claratar dividi-las. Leis devem ser feitas mente golpistas, afrontando e copara isso, como para taxar grandes locando em risco garantias consfortunas, heranças, as especula- titucionais fundantes da democrações, imóveis cia. Além disociosos, e por so, temos fraaí vai. ções da clasÉ preciso confiança na Adentrase média que capacidade de luta mos nesta poforam ganhas larização polípara o projeto tica, contudo, de restauração ainda em uma correlação de forças neoliberal. desfavorável aos trabalhadores em nível mundial e também no Brasil. É preciso reagir Eles possuem os meios de comuSe não queremos que a crise renicação, como a Globo, por exem- caia sobre os trabalhadores e os plo, e setores alinhados no poder mais pobres; se não queremos que judiciário. Também no Congres- os avanços dos últimos anos retroso nacional, os deputados e sena- cedam; precisaremos combinar a dores foram eleitos com dinheiro mobilização de massas com a amde grandes empresas, e, portanto, pliação da organização popular. não votam conforme o interesse da Os trabalhadores contam, hoje, no grande maioria. Brasil, com a Frente Brasil Popular como ferramenta de unidade e luQuerem realinhar o Brasil aos ta da classe trabalhadora. interesses dos EUA O momento exige firmeza e conNesse momento e nessas condi- fiança política na capacidade de ções, se consolida uma nova eta- luta e resistência do Povo Brasileipa da luta de classes no Brasil. Há ro.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Fotografia: Larissa Costa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Diagramação: Bruno Dayrell. Tiragem: 25 mil exemplares.
GERAL
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
Mandou bem
Reprodução
Frase da Semana
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Divulgação
“Tento ser ator, não tento ser rei, tenho a necessidade primária de antes de tudo ser cidadão”
Doulas garantidas em maternidades Foi derrubado na última quinta (3) veto do prefeito Marcio Lacerda ao Projeto de Lei 810/13, que garante a presença de doulas em maternidades públicas e privadas de Belo Horizonte caso seja esse o desejo da gestante. A sessão plenária foi marcada por uma maioria de mulheres. Segundo o PL, a doula não substitui nenhum profissional da equipe de saúde em partos hospitalares ou domiciliares, nem o direito ao acompanhante, previsto em lei federal.
PERGUNTA DA SEMANA A Páscoa tem diversos significados nas mais diferentes culturas. Na Antiguidade, por exemplo, a data era lembrada em homenagem à libertação dos judeus da escravidão no Egito. Hoje, simboliza para os católicos a ressurreição de Cristo. Em algumas regiões da Alemanha, a tradição é dar ovos verdes, já na China acontece a “Ching-Ming”, festa na qual as pessoas visitam túmulos e deixam doces para agradar aos ancestrais.
E para você, o que significa a Páscoa? Qual a tradição da sua família?
Tônico Pereira comentando áudio que vazou de Cláudio Botelho, no qual o diretor afirmou que “o ator é um rei, não pode ser peitado por um negro”
Serviço
Previna-se das doenças típicas do outono Reprodução
A baixa umidade do ar específica da estação faz os casos de doenças respiratórias aumentarem. É preciso, então, buscar alternativas para afastar os ataques de asma, rinites e sinusites. Especialistas defendem que o melhor a fazer nesses casos é caprichar na hidratação do corpo e deixar
de lado carpetes, cortinas e bichos de pelúcia. Exercícios devem ser praticados antes das 7h30 e depois das 20h, para evitar os horários de pico da poluição atmosférica.
#BombouNaRede Divulgação
Para mim, é uma época de paz e amor. As pessoas não deveriam brigar nessa data. No domingo dou presente que comprei pra minha mãe e pros meus irmãos. Chocolate todo mundo gosta! Pedro Henrique F. Pereira, 11 anos
Representa um tempo de reflexão. Procuro um tempo pra reviver com mais intensidade minha fé cristã. O chocolate tem uma razão cultural, mas há tempos se tornou uma oportunidade lucrativa. Luciana Ferraz de Oliveira, 21 anos
Uma apresentação do espetáculo “Todos os Musicais de Chico Bu-
arque em 90 Minutos” foi interrompida no último sábado (19), após co-
mentário do ator e também codiretor da montagem, Claudio Botelho. Segundo espectadores, ele teria chamado o vice-presidente Lula de “ladrão” e a presidente Dilma de “ladra”. A fala motivou vaias do público e alguns pagantes se dirigiam à saída do teatro quando o ator teria dito que “ninguém era obrigado a ver a peça” e que “poderiam pegar o dinheiro de volta”. Em resposta, a plateia entoou gritos de “não vai ter golpe”. O incidente levou o músico Chico Buarque a declarar que não autorizará mais que Botelho use suas canções em trabalhos futuros.
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CIDADES
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
Movimento quer nova política para BH PREFEITURA Segundo ativistas do “Vire o Jogo”, privatização da cidade é um dos maiores problemas da gestão de Marcio Lacerda
FATOS EM FOCO Eleição do Conselho Cultural de BH
Reprodução / MTD
Rafaella Dotta Uma prefeitura pouco presente, que cobra muitos impostos e não dá retornos. É assim que os integrantes do “Vire o Jogo” enxergam a gestão de Marcio Lacerda (PSB) na prefeitura de Belo Horizonte. O movimento, criado no final de 2015, reúne atualmente 20 entidades que denunciam, principalmente, a privatização da cidade. “Queremos recuperar a alegria de viver em BH, que anda apagada depois de Integrantes do Vire o Jogo fizeram manifestação contra a gestão via Parceria tantas trapalhadas e equí- Público Privada do Hospital do Barreiro vocos cometidos pela atual prefeitura”, afirma José GeBruno Pedralva, médico ra são os que mais estão soraldo Martins, integrante do Vire o Jogo. Para ele, o prin- e diretor do Sindicato dos frendo com medidas da atucipal problema está no de- Servidores Públicos Mu- al gestão. “A grande maioria senvolvimento desigual da nicipais de Belo Horizon- dos servidores avalia que a cidade, em que as periferias te (Sindibel), aponta que os gestão é uma das piores que trabalhadores da prefeitu- a gente já viveu”, diz. “A quaficam em segundo plano.
lidade das políticas públicas caiu, as condições de trabalho caíram e isso afeta o povo”. Para Bruno, a essência do problema é o projeto que o governo de Marcio Lacerda implementa na cidade, que ele caracteriza como de “concepção neoliberal”. “Ou seja, a prefeitura cobra bastantes impostos, mas dá pouco retorno em termos de direitos sociais. É uma prefeitura ausente da vida do cidadão”, resume. Propostas Segundo os integrantes do Vire o Jogo, a plataforma de propostas ainda está em construção. “A intenção é ouvir a cidade e retomar as políticas públicas que beneficiam os mais desfavorecidos”, aponta José Geraldo.
Podem ser feitas até dia 31 de março as inscrições para participar do Conselho Municipal de Política Cultural. Serão eleitos sete representantes para setores culturais e nove representantes regionais, cuja função é fiscalizar e avaliar o financiamento da cultura em Belo Horizonte e o Plano Municipal de Cultura. No total, o conselho possui 30 membros. O edital está disponível em www. bhfazcultura.pbh.gov.br e a eleição acontece em 30 de abril.
MINAS
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
Opinião
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Não tolerar o intolerável João Paulo Cunha
Está na hora de ouvir, negociar, compreender, argumentar, debater. É chegado o momento de conversar, partilhar, assimilar, dialogar. Quando os sinais do tempo nos apontam a divisão, o confronto e o ódio, vive-se o imperativo humano da aproximação, da sinergia, do amor. Mas vamos devagar com tanta delicadeza. Tudo estaria muito bem não fossem as exigências do real com sua força incontornável. Não se pode ser tolerante com a intolerância. Há sinais de alerta que não podem ser ultrapassados. Talvez por isso seja o momento de ir contra a corrente que convoca à tolerância para deixar claro que o que nos divide nem sempre se trata apenas de algo assimilável pela boa vontade. Não se pode falar em democracia com o mesmo peso no caso das manifestações que estão cindindo a sociedade brasileira. Quando a classe média canarinha assume ser o avatar da elite, ela não defende valores universais e populares, signos que definem historicamente a democracia moderna. Mas tão-somente interesses regressivos.
Por isso, é no mínimo um erro lógico comparar numericamente as manifestações pró-impeachment com as ações em defesa das instituições e do Estado Democrático de Direito. Outro equívoco que obriga à intolerância assumida é o uso partidário da Justiça, a fratura dos princípios do direito da pessoa, a absurda lógica de vazamentos e ilegalidades. O que se tem visto é o esfacelamento das normas legais em nome de condenações tácitas, prévias à investigação. A quem apelar quando um juiz de
Não se pode tolerar os falsos democratas e juízes justiceiros primeira instância usa a lei de acordo com suas conveniências, peita o Supremo Tribunal Federal e se arroga contra o direito de defesa e às ações de advogados? Usando o sistema midiático para reforçar o poder de formatar a opinião pública, a Justiça deixou de ser terreno da racionalidade para assumir a passionalidade das torcidas de futebol e das plateias de espetáculos.
Assim como não se pode tolerar os falsos democratas e juízes justiceiros, não é legítimo aceitar que a comunicação seja patrocinada na sociedade a partir de interesses de classe. Não se trata apenas de criticar a mídia, mas de não aceitar que a sociedade prescinda de seu papel regulador. Por fim, na longa lista de intolerâncias necessárias, é inaceitável a naturalização da economia liberal, com seu braço financeiro a ditar regras. Para o desemprego, nada melhor que capar direitos trabalhistas; para a distribuição de renda, cortemse os programas sociais. Para o bom resultado das finanças, tire dos pobres para dar aos ricos por meio do superávit primário; para aquecer o mercado, reduza-se o aumento real de salários. Se o caso é defender as pessoas no longo prazo, faça da Previdência uma promessa de miséria anunciada; se o assunto é justiça tributária, cobre-se do trabalho, inflem-se patos contra impostos e deixem as fortunas em paz em seus paraísos. Já tem gente encarregada de buscar o diálogo. O que é muito bom. Está na hora também de indicar o terreno onde não se admite conversa. Há um solo mínimo de humanidade e que precisa ser riscado no chão. Não passarão. A intolerância ao intolerável é uma convicção que nos faz humanos.
Lava Jato prende executivos da Odebrecht e identifica lista com mais de 200 políticos LIGAÇÕES Em Minas Gerais, foi preso o executivo Sérgio Luiz Neves, superintendente da construtora Rovena Rosa / Agência Brasil
Da redação Na manhã da última terça-feira (22), a Polícia Federal (PF) deflagrou a 26ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Xepa. Os trabalhos da operação giram em torno de um suposto esquema de contabilidade paralela no Grupo Odebrecht, que teria como finalidade o pagamento de vantagens indevidas a terceiros. Os investigados responderão por crimes de corrupção, evasão de divisas, organização criminosa e lavagem de ativos. Foram executados 67 mandados de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva, 11 de prisão temporária e quatro de prisão preventiva. Em Minas Gerais, a PF realizou a prisão temporária do executivo Sérgio Luis Neves, diretor superintendente da Odebrecht. Ele foi levado para Curitiba, onde pres-
À tarde, o juiz Sérgio Moro decretou sigilo sobre a lista e pediu que o Ministério Público Federal (MPF) se manifeste sob a possibilidade de enviar a documentação ao Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com Moro, o procedimento se daria por conta da presença de “autoridades com foro privilegiado”. Isto, por sua vez, destoa da conduta adotada até então pelo juiz paranaense. Recentemente, foram vazadas gravações de diálogos da presidenta Dilma, do ex-presidente Lula e de outras pessoas ligadas ao governo.
Operação investiga esquema de contabilidade paralela
ta esclarecimentos. Seu nome aparece em trocas de e-mails com a ex-funcionária Maria Lúcia Tavares, negociando o pagamento de R$ 15,5 milhões em propinas, destinados a um sujeito de apelido “Mineirinho”. Planilhas apreendidas pela PF mostram que os pa-
gamentos foram realizados em Belo Horizonte, entre os dias 7 de outubro de 2014 e 23 de dezembro daquele mesmo ano. Listão Na quarta-feira (23), o portal Uol divulgou uma lista apreendida pela Lava Ja-
to, que estava em posse do executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa. Na lista, constam os nomes de mais de 200 políticos, de 18 diferentes partidos. O documento não deixa claro qual seria a finalidade da lista e se ela estaria ou não vinculada a práticas ilegais.
Empresa Em nota, a Odebrecht disse que tem prestado todos os esclarecimentos às autoridades e reconheceu que a Lava Jato tem revelado a existência de um “sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país”.
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OPINIÃO
Acompanhando
Belo Horizonte, 24 11 a 31 17 de março de 2016
Foto da semana
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
Lidyane Ponciano / CUT Minas
Na edição 116... Tire seu racismo do caminho ...E agora Acusados do caso Taís Araújo são liberados A Justiça soltou os três homens apontados pela polícia como responsáveis pelos ataques racistas à atriz Taís Araújo. Eles estavam presos desde a última quarta-feira (16), e tiveram suas penas convertidas em medidas cautelares. Os acusados deverão comparecer em juízo todas as vezes em que forem intimados.
Na edição 118... Após nova ameaça, Mata do Planalto permanece a salvo ...E agora Mais uma vez, Mata do Planalto corre risco A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) anunciaram que iniciarão, na Semana Santa, votação da Licença Prévia que pode dar parecer favorável à construção de um condomínio na Mata do Planalto. A votação é a mesma que ocorreria no dia 22 de dezembro do ano passado, cancelada após protestos dos moradores. Em nota, o Movimento Salve a Mata do Planalto declara repúdio à ação e pede que as reivindicações protocoladas no BH Resolve e Ministério Público sejam atendidas.
DEMOCRACIA Na última sexta (18), cerca de 1 milhão e 350 mil pessoas saíram às ruas de várias cidades brasileiras para defender a democracia e protestar contra o golpe. Em Belo Horizonte, segundo a Frente Brasil Popular, 100 mil manifestantes participaram do ato na região central. No encerramento, diversos artistas fizeram shows na Praça da Estação
Tarso Genro
A ‘exceção’ é o golpe. Ele já está dado.
Para popularizar a defesa política, ainda em curso, sobre a legalidade e legitimidade obtida nas urnas pelo Governo Dilma, cunhou-se a expressão “não vai ter golpe”. Correta, por sinal, mas que agora precisa ser interpretada de forma diferente. No destino da crise, terá um grande peso a disputa dentro do Parlamento e do Poder Judiciário. A pressão política democrática sobre os parlamentares adquire grande importância. Os “movimentos” de rua têm limites para influenciar o Direito que agora comanda a Política. A “exceção” está constituída e é hegemônica. Não foi gratuita a divulgação, pelo golpismo, das gravações de Lula, reclamando das posições do Supremo, pois sabem que o desfecho não será pelas armas, mas pela flexibilização dos princípios constitucionais. Os eventos dos juristas são tão importantes para enfrentar a “exceção” como as manifestações. A expressão “não vai ter golpe” deve ser interpretada, diante da sabotagem na recupe- Querem atropelar ração da economia e a inviabiConstituição lização de um governo estável, com maioria social e parlamentar, capaz de lhe permitir uma rotina de governabilidade. Revogar a “exceção” é a verdadeira disputa pela hegemonia, pois a Presidenta pode permanecer no poder, “sangrando”, sem de fato governar. Importante ressaltar que a expressão “não vai ter golpe”, não deve sugerir que estamos numa situação semelhante à de 64. Naquele momento, os militares estavam organizados em torno da Guerra Fria. Opunham-se aos projetos de mudanças reformistas. Hoje, atuam dentro das suas funções constitucionais. A última palavra não será das Forças Armadas. Será do que as ruas e o debate político de alto nível repercutirem no Parlamento e no do Supremo Tribunal Federal, como guardião formal da Constituição. Tarso Genro é bacharel em direito e ex-governador do Rio Grande do Sul pelo Patido dos Trabalhadores (PT).
Elaine Tavares
Rede Globo, a fábrica de ideologia
A Globo mostrou o que é ser uma fábrica de ideologia. Coloca como herói alguém que trabalha acima da lei, insufla o golpe, escancara sua posição. Nada de novo. A mídia comercial é o braço armado do sistema. Há quem diga que não é bem assim, que não é tanto poder sobre as pessoas. Mas é. A onda fascistóide que varre o país só cresce. E muito desse crescimento vem da atuação da mídia. Não digo que as pessoas sejam tábulas rasas. Não. Isso seria estúpido e equivocado. O filósofo Adorno mostra que existem na sociedade os fascistas em potencial. Pessoas abertas às tendências antidemocráticas da sociedade e, com a instigação sistemática, se tornariam autoritárias e passíveis de explicitação do ódio. Ele tentava explicar tendências autoritárias na sociedade estadunidense após a segunda grande guerra, e baseava suas conclusões na Meios de comunicação experiência vivida pelo nainsuflam ódio zismo. A tendência fascista está na consciência e pode aflorar até mesmo nas chamadas “pessoas de bem”. O fato é que a classe dominante usa os meios de comunicação para insuflar o ódio a tudo que apareça como entrave ao seu domínio. E é aí que a televisão, fábrica de ideologia, entra. Como o espaço mais propício para a fermentação do ódio e para a construção de uma sociedade autoritária. Milhares de trabalhadores públicos em greve fazendo passeata em Brasília não entram no plantão da Globo, mas meia dúzia de reacionários gritando em frente ao Palácio da Alvorada são elevados ao patamar de “heróis da pátria”. A mão dura, quando é para ser usada em favor dos pobres, não serve. Aí, quem a usa é acusado de ditador, como Fidel, Che, Chávez. Querem o autoritarismo para garantir privilégios. Mal sabem que quando se acorda o monstro, ele pode pisar em qualquer um. Elaine Tavares é jornalista do Instituto de Estudos Latino-americanos/UFSC.
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
BRASIL
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Liminar suspende inquérito sobre tragédia em Mariana RESPONSABILIDADE Decisão vale até que a Justiça decida se o caso vai para a esfera federal ou se fica na esfera estadual Lidyane Ponciano
Da redação, com Agência Brasil O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu liminar suspendendo o inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais que apurou responsabilidades no rompimento da Barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, em novembro do ano passado. A suspensão vale até que a Justiça decida o conflito de competência e estabeleça se o caso vai para a esfera federal ou se fica na esfera estadual. Concluído em fevereiro, o inquérito indiciou e pediu a prisão preventiva de seis funcionários da Samarco, entre elas o presidente licenciado Ricardo Vescovi, além de um engenheiro da VogBR, empresa que prestava serviços à mineradora. No mês passado, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Ministério
Movimento critica decisão e argumenta que ela não fornece garantias de que os responsáveis serão punidos
Público Federal (MPF) pediram que o inquérito fosse enviado à Justiça Federal. A solicitação tinha como objetivo reunir, na mesma jurisdição, todo o julgamento relacionado ao rompimento da barragem. Segundo o MPMG e o MPF, a medida ajudaria a evitar decisões contraditórias, já que a Justiça Federal vinha analisando os delitos ambientais ocorri-
dos na Bacia do Rio Doce. No entanto, a juíza Marcela Decat de Moura negou o pedido e manteve a tramitação do inquérito na Justiça Estadual, na comarca da Mariana. Em seu despacho, ela argumentou que a sociedade do município mineiro precisa exercer a garantia constitucional de julgar, no local dos fatos, os indivíduos que supostamente pratica-
Lei antiterror pode criminalizar protestos abuso Sancionada com vetos pela presidenta, lei prevê reclusão de 12 a 30 anos em regime fechado
ram os crimes dolosos contra a vida. O MPF decidiu então acionar o STJ. No último dia 11, o ministro Nefi Cordeiro informou à juíza Marcela Decat de Moura sua decisão de suspender temporariamente o inquérito. A barragem da mineradora Samarco se rompeu na tarde do dia 5 de novembro, no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana. A tragédia deixou 19 mortos e inundou a região com lama, causando destruição de vegetação nativa e poluindo as águas da Bacia do Rio Doce. Prorrogação Um segundo inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais, com foco nos crimes ambientais decorridos do rompimento de barragem, pode ter o prazo ampliado. O relatório final das investigações deveria ter sido conclu-
ído até dia 22. No entanto, os delegados encarregados do caso solicitaram à Justiça a prorrogação do prazo. A juíza Marcela Decat de Moura será encarregada de avaliar o pedido. Os movimentos sociais que acompanham o caso criticaram a prorrogação do julgamento e cobram punição aos culpados pela tragédia. “O Comitê vê a liminar como forma de atrasar ainda mais a punição dos culpados pela tragédia. E acredita que a transferência também favorece os indiciados”, declarou o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, que também alerta sobre o risco da transferência do caso da Polícia Civil de Minas para a Polícia Federal. De acordo com o movimento, a ação pode culminar no arquivamento do inquérito e não fornece garantias de que haverá punição aos responsáveis.
Greve dos professores
Lidyane Ponciano
Tomaz Silva / Agência Brasil
Uma lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff na última semana pode facilitar a criminalização de protestos, violando direitos reconhecidos na Constituição. Conhecida como Lei Antiterrorismo (13.260/2016), a norma aprovada no Congresso Nacional define como terror a prática de, por razões de xenofobia, discrimina-
ção ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, agir para provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. Para esses casos, o texto prevê reclusão de 12 a 30 anos em regime fechado (a mesma prevista para homicídio doloso qualificado), sem prejuízo das penas
relativas a outras infrações decorrentes. Oito pontos do texto foram vetados, como a apologia ao terrorismo. No mesmo dia da sanção presidencial (17), os institutos Artigo 18, Justiça Global e Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH) publicaram uma nota de repúdio, afirmando que todas as ações proibidas pela nova lei já estavam tipificadas em dispositivos da legislação penal, com mais de 1.600 tipos penais. Além disso, na medida em que prevê como terrorismo práticas como o porte de “meios capazes de causar danos” (uma conduta absolutamente genérica, não necessariamente vinculada a uma intenção criminosa), a aplicação da lei constitui “uma violação aos princípios constitucionais da legalidade estrita, da lesividade e da proporcionalidade”. (Da redação)
EDUCAÇÃO Entre os dias 15 e 17 de março, trabalhadores da educação realizaram greve nacional contra a terceirização, a militarização das escolas, pelo pagamento do piso salarial entre outras reivindicações. Em Minas Gerais, a adesão foi alta, conforme repasses das sedes regionais do sindicato. Houve paralisação de atividades em todas as regiões, com registros de índices superiores a 90% em várias cidades. “Estamos dando uma demonstração de força coletiva, comprovando que a nossa estratégia de mobilização com um calendário de atividades desde o início do ano escolar foi acertada”, avaliou a coordenadora geral do Sind-UTE/MG Beatriz Cerqueira.
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BRASIL
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
Professores universitários e juristas contra o impeachment CRÍTICAS Eles consideram a medida um “golpe sofisticado”, semelhante à ditadura militar Isis Medeiros
Da redação Na terça-feira (22), juristas realizaram ato no Palácio do Planalto contra os processos em curso em relação à deposição da presidenta Dilma. Participaram da ação defensores públicos, promotores e advogados que pediram pelo cumprimento das regras constitucionais. Durante a ação, foi divulgado também o manifesto “Pela Legalidade e em Defesa da Democracia”, assinado por 8 mil profissionais. Outro manifesto foi assinado por juristas nesta semana, contra o que chamam de “golpe sofisticado” em curso no Brasil. Eles criticam duramente a mídia, chegando a afirmar que se perdeu o pudor quanto à manipulação, distorção e
mocracia, participação, informação diversa e respeito à Constituição”, diz trecho da nota.
encobrimento de fatos. “Assistimos à espetacularização de prisões, expondo as pessoas à destruição pública”, diz a nota. Das pessoas que assinam, a maioria atua em tribunais e universidades de Minas Gerais. São 17 juízes, 53 pro-
Em show, Elza Soares se manifesta contra o golpe
Divulgação / Rodrigo Braga
CULTURA “Nada está perdido! Vamos à luta, minha gente! ”, disse a artista
“Quem está de vermelho aí?”, foi assim que Elza Soares começou o seu show no Circo Voador, no Rio de Janeiro, na sexta (18). Na pla-
teia, milhares de pessoas começaram então a gritar “Não vai ter golpe” repetidas vezes, referindo-se à sua posição contrária ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Logo depois da música “A Carne”, a cantora convocou as pessoas a se manifestarem pela democracia. “Paz! Democracia! O meu partido é o povo. Este povo que luta”, disse, “Nada está perdido! Vamos à luta, minha gente! ”. Caetano critica impeachment O cantor Caetano Veloso também estava no show de Elza no Circo Voador, mas deu a sua opinião na quinta (17), em gravação do programa Altas Horas. Ele apontou semelhanças entre as manifestações do impeachment e os atos que apoiaram o golpe de 1964, que instalou a ditadura militar no Brasil.
fessores de faculdades de direito, além de desembargadores, promotores e juristas do Peru, Chile, Paraguai, Uruguai, Porto Rico, Espanha, Bélgica e Itália. “Estamos em meio a uma guerra ideológica e econômica. A solução é mais de-
Evangélicos lançam manifesto pela democracia Pastores e líderes do grupo Missão na Íntegra, de 25 estados brasileiros, lançaram manifesto de evangélicos em defesa do Estado democrático de direito. O documento aponta críticas sobre procedimentos adotados na Operação Lava Jato e será encaminhado ao Congresso Nacional e Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Um ato também está previsto para a segunda (28). Segundo os organizadores, a iniciativa tem o objetivo de romper a visão de que protestantes estariam associados ao retrocesso e à intolerância.
Movimentos preparam ato nacional contra o golpe Na próxima quinta (31), movimentos e entidades sociais realizam ato nacional em Brasília contra o impeachment e pelo respeito à democracia. Construída pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a manifestação também criticará o ajuste fiscal, a reforma da previdência, a privatização da Petrobras, além de exigir a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara. A expectativa é que saiam caravanas de todos os estados. Em Belo Horizonte, no mesmo dia, ocorrerá show denominado Canto pela Democracia, com artistas mineiros. Será na Praça da Estação, a partir das 17h.
Pastorais divulgam carta em defesa da democracia REAÇÃO Vaticano também alerta sobre ameaças políticas no Brasil Reprodução
Um dos membros da Cúria do Papa Francisco, o brasileiro João Braz de Aviz, deu entrevista nessa segunda (22) para a Rádio Vaticano na qual condenou a possibilidade de um golpe e afirmou sobre a necessidade da democracia no país. “Messianismos não existem”, ressaltou. A Cáritas Brasileira, a Comissão Pastoral da Terra, o Conselho Indigenista Missionário, o Conselho Pastoral dos Pescadores e o Serviço Pastoral dos Migrantes divulgaram, em 17 de março, uma carta aberta pela defesa da democracia no Brasil. As entidades relembram que a ditadura militar “imprimiu na sociedade brasileira um quadro de pavor e sofrimento” e repudiam um novo período com essas características. “Na nossa ainda jovem democracia, estamos presenciando o mesmo discurso de combate à corrupção propagado pelos meios de
comunicação às vésperas do golpe de 1964. Mais uma vez a sociedade brasileira corre o risco de vivenciar o mesmo cenário de horror e pânico”, explica a carta. No Ceará, o Bispo da Diocese de Crateús, Dom Ailton Menegussi afirmou que “tem muita gente pousando de santinho e nunca pensou em pobre. (...) Estão fazendo discurso bonito porque querem o poder”. O vídeo já tem milhares de visualizações na internet. Atos continuam Depois da manifestação
de 18 de março, em que 60 mil pessoas foram às ruas em BH, os atos de defesa da democracia continuam diariamente. Na quinta (24), acontece o “Artistas pela Democracia e Contra o Golpe”, para a gravação de um vídeo, e o “Happy Hour Contra o Golpe”, uma reunião de jornalistas. No dia 28, entra em cena o “Hip Hop na Resistência”, com música a partir das 18h, no Sindicatos dos Jornalistas. E no dia 29, acontece o “Juristas Mineiros pela Democracia”, às 18h30, na Faculdade de Direito da UFMG.
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BRASIL
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Impeachment de Dilma vai alavancar projetos que prejudicam os trabalhadores, alerta Diap POLÍTICA Governo e oposição contabilizam votos para autorizar ou não um processo de afastamento da presidenta. Câmara pode decidir no dia 11 de abril Claudio Araújo / Câmara dos Deputados
Pedro Rafael Vilela A crise política brasileira, que ninguém mais se atreve a dizer quando termina, ao menos promete exibir, ao longo das próximas semanas, capítulos que podem ser decisivos para o futuro do país. A comissão especial do impeachment instalada pela Câmara dos Deputados e composta por 65 membros titulares, deve concluir os trabalhos até a segunda semana de abril. Mas, independentemente da recomendação da comissão, a decisão final sobre a abertura ou não de um processo de impeachment caberá ao plenário da Casa, que pode votar o tema já no dia 11 de abril. Ao todo, serão necessários pelo menos 342 votos a favor do pedido de afastamento da presidenta para que o processo siga para o Senado. Lá, uma comissão especial de senadores precisa aprovar, por maioria simples, a continuidade do processo. Se isso ocorrer, Dilma é afastada temporariamente por 180 dias; em seu lu-
gar, assumiria o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Durante o afastamento, o Senado conduziria o processo de impeachment que, ao final, seria votado pelos parlamentares. Para confirmar o afastamento definitivo da presidenta, seria necessário o voto favorável de dois terços dos senadores (54 votos). Pior para os trabalhadores A consolidação do impeachment de Dilma Rousseff abre caminho para apro-
Voto a voto Governo e oposição divergem sobre quem está com vantagem de votos na comissão especial do impeachment da Câmara. O mapeamento de votos de cada lado indica um embate extremamente acirrado. Dos 65 membros titulares da comissão, o governo teria voto favorável de 30 a 33 deputados. Outros 28 parlamentares votarão certamente pelo afastamento de Dilma, e há ainda cinco deputados cujo voto está indefinido. “A margem do governo hoje é absolutamente estreita e os indecisos tendem a votar pelo impeachment”, avalia To-
ninho, do Diap. Porém, o palco definidor será o plenário da Câmara, com o voto dos 513 deputados. Nesse cenário, o governo está trabalhando com todo tipo de apoio, que não se resume ao voto. “A oposição, para aprovar o impeachment, precisa obter 342 votos, independentemente do número de parlamentares que estejam em plenário para votar. Por isso, o governo trabalha também para assegurar ausências e abstenções de deputados que poderiam votar a favor do impeachment e diminuir a margem da oposição”, explica Toninho, do Diap.
vação de uma série de projetos que vão impactar diretamente sobre as condições de vida dos trabalhadores e aposentados. Esta é a avaliação do Departamento Intersindical e Assessoria Parlamentar (Diap). A investida inclui a flexibilização das leis trabalhistas, mas vai além. “Qual é a principal acusação que pesa sobre o governo hoje? A de ter sido um governo intervencionista, que afugentou os investimentos. Para resolver isso, eles querem mudar os mar-
cos regulatórios, tanto na economia, quanto nas relações de trabalho, aprovando o corte de direitos”, explica Antônio Augusto Queiroz, o Toninho, assessor técnico e diretor e documentação do Diap. O programa do PMDB, batizado de “Ponte para o Futuro”, inclui, por exemplo, uma reforma da previdência que aumenta a idade mínima da aposentadoria e elimina o salário mínimo como piso do benefício. Deve avançar também a desvinculação orçamentária obrigatória de recursos para a educação e saúde, afetando setores que já sofrem, historicamente, com falta de investimento. “A prevalência das negociações entre patrões e empregados sobre a legislação trabalhista e a privatização selvagem, como forma de fazer caixa com a venda de ativos, também fazem parte desse programa”, alerta Toninho. No encontro de juristas com a presidenta Dilma Rousseff, na última semana, em Brasília, o subprocurador-geral da Repúbli-
ca, João Pedro de Sabóia de Mello Filho, ressaltou que não se trata de sair em defesa de um governo, mas de preservar o Estado de Direito e a democracia. Ele ad-
Plenário da Câmara deve votar até dia 11 sobre afastamento. De lá, votação vai para o Senado vertiu que o atual processo político e jurídico em curso para derrubar o governo esconde uma finalidade “claramente eleitoral”, que pode levar a um retrocesso nas conquistas dos mais pobres. “Querem flexibilizar a legislação trabalhista, querem acabar ou pelo menos diminuir significativamente programas sociais, enfim, querem que o pobre fique eternamente passando fome. Ora, isto, nós que lutamos pelo direito como instrumento de justiça social, não vamos assistir de braços cruzados”.
Processo que cita Lula está agora no STF Lula Marques / Agência PT
Determinação do ministro Teori Zavascki expedida nessa terça-feira (22) ordena que as investigações da Operação Lava Jato que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sejam remetidas ao Supremo Tribunal Federal. A decisão não anula a suspensão de Lula como ministro, mas paralisa manobra de Gilmar Mendes, que devolveu para Moro o inquérito sobre o político. Zavascki também decretou novamente o sigilo sobre as gravações telefônicas do ex-presiden-
te e exigiu que Moro preste, em um prazo de até dez dias, informações sobre a retirada do segredo de justiça e vazamentos de áudios. Também na terça (22), a
ministra do STF Rosa Weber negou pedido da defesa de Lula para suspender a decisão de Mendes. Ainda cabe recurso da decisão.
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MUNDO
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Dia Mundial da Água: 78% dos empregos no mundo dependem de recursos hídricos ALERTA A falta de fornecimento de água pode limitar o crescimento econômico mundial nos próximos anos, diz ONU Reprodução
Andreia Verdélio Agência Brasil A falta de fornecimento de água seguro, adequado e confiável para os setores altamente dependentes de recursos hídricos resulta na perda ou no desaparecimento de empregos e pode limitar o crescimento econômico mundial nos próximos anos, “a menos que exista infraestrutura suficiente para gerenciar e armazenar a água”. O alerta é feito na terça-feira (22), Dia Mundial da Água, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com o tema “a água e o emprego”, a edição de 2016 do Relatório Mundial das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Hídricos mostra que 78% dos empregos que consti-
tuem a força de trabalho mundial são dependentes dos recursos hídricos. “Nós temos algo em torno de 1,5 bilhão de pessoas no mundo que ainda têm problemas de acesso à água, seja em quantidade ou em qualidade. Isso afeta o emprego delas também”, disse o coordenador do setor de Ci-
Depois de 88 anos, Cuba recebe presidente dos EUA HISTÓRICO Visita tem o objetivo de aproximação entre países e pauta fim do bloqueio à ilha Cuba Debate
ências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão. Economia verde Além do aumento da demanda, as mudanças climáticas são uma ameaça à disponibilidade de recursos hídricos. Segundo a oficial do Programa Mundial das Nações Unidas em Ava-
liação dos Recurso Hídricos da Unesco na Itália, Angela Ortigara, as maiores potencialidades de emprego estão relacionadas com a economia verde. “Há todo um trabalho para capacitar os empresários para essa transição econômica”, afirma. A produção de energia, por exemplo, como um requisito para o desenvolvimento, possibilita a criação de empregos diretos e indiretos por todos os setores econômicos. Segundo a Unesco, o crescimento no setor de energia renovável leva ao crescimento do número de empregos verdes e independentes de recursos hídricos. “Podemos dizer que a geração de energia eólica e solar já cria mais empregos do que a de fonte convencional”.
Cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo ainda têm problemas de acesso à água Políticas públicas O relatório da Unesco recomenda que cada país, conforme a sua base de recursos, potencialidades e prioridades, identifique e promova estratégias específicas e coerentes, bem como planos e políticas para alcançar o equilíbrio ideal entre os setores da economia e gerar o melhor resultado possível de empregos decentes e produtivos, sem comprometer a sustentabilidade dos recursos hídricos e do meio ambiente.
Cepal critica ameaças à democracia no Brasil AMÉRICA LATINA “Há um golpe de Estado midiático e judicial”, afirma Nicolás Maduro, presidente da Venezuela Reprodução
De 20 a 22 de março, Cuba recebeu o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que estava em viagem diplomática. Foi a primeira vez em 88 anos que um presidente norte-americano entra na ilha. A visita foi motivada por interesses de ambos os lados, em uma reaproximação que acontece há aproximadamente um ano. Em seu discurso na tarde de terça (22) a representantes políticos cubanos, Obama destacou semelhanças entre os dois países e reco-
nheceu que a política adotada contra Cuba era equivocada. “É uma política de isolamento que só afetava o povo cubano, e não ao governo”, afirmou. O presidente estadunidense visitou o monumento de José Martí, líder da independência cubana, fez conversas oficiais com o governo e participou de um fórum de negócios, com empresários dos EUA e representantes de empreendimentos cubanos.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou os povos da América Latina a manifestar solidariedade e apoiar a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A convocação aconteceu em 16 de março, durante discurso no Palácio de Miraflores. “Conversei com vários presidentes da América Latina e do Caribe muito preocupados pelo golpe de Estado contra Rousseff. Não duvido em classificá-lo dessa forma, há um golpe de Estado midiático e judicial contra a presidente”, disse. Cepal manifesta preocupação A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) encaminhou nessa terça (22) mensagem
à presidenta Dilma, se posicionando sobre o atual momento da política brasileira. A entidade se disse preocupada com as ameaças à democracia no país e criticou as tentativas de obstrução da Justiça. Jornais internacionais denunciam golpe A imprensa ao redor do mundo tem criticado as
contradições nos protestos pelo impeachment da presidenta Dilma. É o caso do maior jornal da Espanha, o El País, e o maior jornal alemão, o Suedeutsche Zeitung. Ambos publicaram textos que apresentavam preocupação com a situação do Brasil e denunciavam que os protestos não são contra a corrupção, mas sim a favor da elite brasileira.
ENTREVISTA
Belo Horizonte, 19de a 25 de fevereiro Belo Horizonte, 24 a 31 março de 2016 de 2016
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“A Globo age como partido político”, afirma pesquisadora poder Para Sylvia Moretzsohn, cobertura da emissora sobre acontecimentos políticos cria condições para golpe de Estado no Brasil Reprodução
Por Mariana Pitasse, do Rio de Janeiro (RJ) O modo como a Rede Globo está noticiando os últimos acontecimentos políticos tem repercutido de várias formas pelo país. Na última quarta-feira, uma edição estendida do Jornal Nacional foi dedicada apenas a interpretar gravações sigilosas de Lula e da presidenta Dilma, parte de investigações da Polícia Federal liberadas diretamente pelo juiz federal Sérgio Moro. Nas redes sociais, o Jornal Nacional foi um dos assuntos mais comentados, principalmente no Twitter, em que a maioria das postagens fazia críticas à “cobertura manipuladora promovida pela emissora”. Para Sylvia Moretzsohn, professora do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), está crescendo a consciência de que existe uma manipulação de informações articulada pela Rede Globo.
“Globo não pode continuar com tanto poder” Brasil de Fato - Você acredita que o jornalismo produzido pela Globo está trabalhando como partido político? Sylvia Moretzsohn Há muito tempo. A ação do Jornal Nacional é muito clara. Não é à toa que a Dilma tenha tido tanto espaço nas últimas edições, porque sempre que ela aparece é uma chamada para as pessoas baterem panela. Com a internet e whatsapp, as pessoas se comunicam muito rápido. Então, toda vez que o Lula e a Dilma entram no ar é a mesma coisa. Vão criando
à corrupção. Existem pessoas que vão às ruas pedir intervenção militar, mas ninguém vai à rua pedir pela corrupção. Eles colocam como se estivessem defendendo o Brasil e a democracia, mas a marca da corrupção só está em um partido (PT), que hoje representa toda a esquerda brasileira.
“É urgente uma legislação para os meios de comunicação no Brasil” “A mídia não tem o papel de produzir palpites, mas sim de informar”
uma disposição, um efeito cascata. É claro que a Globo não está mais preocupada em fingir. Brasil de fato - Como isso funciona na prática? Sobre as gravações grampeadas de Lula e Dilma, por exemplo, o Jornal Nacional anunciou como se os pilares da república estivessem caindo, mas eu sinceramente não vi nada naquela gravação em que os dois conversam. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: grampearam o Palácio do Planalto. Essa é a notícia. Só que a Globo ficou martelando a noite toda sobre interpretações das gravações, sem apuração. Não questionaram o fato de um juiz federal quebrar o sigilo e divulgar dessa forma para a imprensa. Brasil de fato - Na internet, houve uma grande repercussão negativa sobre a cobertura da Globo. Como você acredita que a população em geral interpreta o que a emissora está fazendo? Está crescendo uma cer-
ta consciência de que existe uma manipulação. Mas eu acho que ainda é uma minoria que protesta contra o oligopólio da Globo e sobre o conteúdo de suas transmissões. Acredito que se houvesse consciência, as pessoas não atenderiam às chamadas para bater panela. Brasil de fato - Qual a principal consequência dessa ação da emissora?
“Globo quer criar condições para golpe de Estado” Com certeza criar condições para um golpe de Estado. Querem fazer com que a opinião pública se manifeste a favor da derrubada de Dilma, mas sempre em nome de uma causa nobre, que é o combate
Brasil de Fato - O que a população pode fazer diante disso? Denunciar, se manifestar contra isso. Precisamos debater sobre a democratização da comunicação, é mais do que urgente uma legislação para os meios de comunicação no Brasil. A Globo não pode continuar imperando com tanto poder sobre uma concessão pública. A mídia não tem o papel de produzir palpites, mas sim, de informar.
31 de marÇo Em defesa da Democracia
e Contra o Golpe
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House of Brasil?
Novela Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br
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Convidei novamente meu parceiro Antônio Claret para nos ajudar a refletir sobre o atual contexto político contemporâneo. Ele nos conta sobre um seriado que vem dando o que falar atualmente. Veja aí e depois dê a sua opinião. A série House of Cards (original Netflix) é um fenômeno de público e crítica no Brasil e no mundo. No enredo, ambientado na capital dos Estados Unidos, Washington, o político Frank Underwood (Kevin Spacey) e sua mulher Claire (Robin Wright) articulam a ascensão política do casal de forma inescrupulosa e cí-
Nossos Direitos O que é o salário benefício do INSS? Todas as pessoas que estiverem de alguma forma inscritas na Previdência Social (INSS), seja como empregado, empregador, trabalhador autônomo, trabalhador avulso, empregado doméstico e trabalhador rural, e seus dependentes terão direito a receber o salário benefício no caso de aposentadoria, auxílio doença, auxílio acidente, entre outros benefícios. Sempre é bom lembrar que para ter direito a alguns desses benefícios, como auxílio doença e aposentadoria por invalidez, existe uma carência mínima de 12 contribuições mensais. Para os segurados inscritos no INSS antes de novembro de 1999, o salário de benefício será obtido através da média simples das maio-
res contribuições a partir de julho de 1994, que sofrerão a correção monetária. Para aqueles inscritos a partir de novembro de 1999, no caso de aposentadoria por idade e tempo de contribuição, o salário benefício será calculado através da média dos 80% de todo o período contributivo. Não se pode esquecer que para os casos de aposentadoria por idade e tempo de contribuição, aplica-se o fator previdenciário. Para os casos de aposentadoria por invalidez, especial, auxílio doença e auxílio acidente, não será aplicado o fator previdenciário para o cálculo do salário benefício. Ronaldo Pagotto é advogado trabalhista em São Paulo.
nica. O roteiro é envolvente, os diálogos muito bem construídos e cada episódio parece ter vida e clímax próprios, apesar da concatenação de capítulos ser articulada de forma igualmente brilhante e precisa. O lançamento recente da quarta temporada da série coincidiu com o atual momento de superaquecimento do clima político no Brasil e, logo, as comparações entre a ficção e a realidade se tornaram irresistíveis. Aproveitando a “deixa” proporcionada pelo teatro da política brasileira, os próprios produtores da série americana têm investido nas comparações. Em fevereiro, para promover o lançamento da atual temporada, Frank Underwood foi “capa” das revistas “Veja” e “Carta Capital”. Há poucos
dias, tornou-se viral na internet um vídeo, aparentemente anônimo, que imita a abertura da série com imagens de Brasília. Essas comparações surgem de forma espontânea e refletem a visão de parte da população brasileira sobre o processo político. Segundo essa visão, os resultados políticos seriam frutos de algumas mentes criminosas que manipulam a tudo e a todos em benefício próprio. É uma visão limitada, que ignora a complexidade do jogo político e o impacto das múltiplas regras e regimes na produção das justiças e injustiças sociais, políticas e econômicas. O clamor pelo salvador da pátria, ou pelo mocinho hollywoodiano, ressalta a velha oposição “bem versus mal”, que é primária e in-
gênua. Esse desvio de foco nos faz esquecer, por exemplo, que o modelo de financiamento de campanha eleitoral, há muito em vigor, não só alimenta a corrupção generalizada, como resulta em uma brutal desigualdade de nossas chances de participação na esfera pública. Misturar ficção e realidade pode cristalizar a ideia de que os políticos da vida real são também encarnações do mal, impossibilitando o pensamento crítico e escurecendo a visão de uma realidade em que, em grande medida, somos nós, assim como eles, dentes de engrenagens muito maiores. Antônio Claret Também no email: antonioclaret@gmail.com
ANÚNCIO
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www.malvados.com.br Reprodução
Cookies integrais E você, tem alguma receita que queira compartilhar? Envie para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Terra (?), objetivo do navegador Veste feminina como a produzida pelas artesãs do bilro Atração da MTV
© Revistas COQUETEL
Principal combustível Alternativa para países como de máquinas agrícoIsrael, onde há escassez de recursos Jornadas a lugares las e caminhões hídricos como Aparecida (SP) Carro, em inglês
Diana Ross, cantora dos EUA
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Gêmeos (?): nascem colados um ao outro
"Quem ama o perigo (?) perecerá" (Bíb.)
Andam (cavalos) entre passo e galope À (?) solta: sem controle (pop.)
Escolhido Secreção produzida pelo fígado
(?) Vicente, o Pai do Teatro Português
Isento de Imobiliza o membro fraturado
1 colherinha de sal
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1/2 xícara de água
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1 colher de fermento
Amiga, é verdade que não faz bem dormir com o celular ligado perto da gente? Quais os riscos? Milena Domingos, 17 anos, estudante.
A partida fora do campeonato (fut.) Dígrafo de “gueto” 1.000 em romanos
Organização Palestina (sigla)
Opcionais: chocolate
Amiga da Saúde
Que está no âmago Alfredo (?), pintor
Enfiar o pé na (?): exceder os limites (gír.) "Mona Lisa", em relação a Da Vinci
3/car — emi — gil. 4/emma — torn. 5/monza — rédea — volpi. 6/trotam. 14/vestido de renda.
Solução V D E S T I D S O D E F R V E N D J A
C O N O S C O
O F L I D E O R R O T M D E N I S E L E I F E S A E L E M A L E O S N T E D A S E L A MI A R B R A
C L I A M R T R ED T O T O M A M O E M M I R I E G A V S T O O LP P R I
M A G
P E R E G R I N A Ç Õ E S
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D E S S A
BANCO
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caju, etc.
(?) telescópica, acessório de rifles
Amado Batista, cantor goiano
1/2 xícara de óleo vegetal
Misture todos os ingredientes. Leve a massa para gelar antes de assar, já em formato de rolo. Depois de congelada, corte em fatias de 1 cm. Tempo no forno: 10 min ou menos, assim que dourar a parte de baixo do biscoito. Mesmo que ainda esteja mole, pode retirar do forno se estiver dourado embaixo, pois o biscoitinho fica duro assim que esfria. Delícia!
passas, aveia, castanha de
Fuji ou eva Máquina da usina nuclear
Bairro da Zona Sul carioca Compras e (?): ações comerciais (?) Rosa: o Poeta da Vila (MPB)
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MODO DE PREPARO
picado, coco ralado, uvas
João Paulo (?): papa canonizado em 2014 Circuito de F1 italiano Empresa fonográfica
No limite entre duas regiões
2 xícaras de açúcar mascavo
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(?) Stone, atriz Para que direção? Variedade de cerveja Em nossa companhia
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químico
Rasgado, em inglês "Militar", em IPM
Princípio de funcionamento do sonar
4 xícaras de farinha de trigo integral
Abrange 4 semanas A 3ª nota musical Resultado que entristece o torcedor Sua Majestade (abrev.) Esporte de Roger Federer Legítima (?), atenuante criminal Fonte natural de calor
Ingredientes
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Cara Milena, ainda não conhecemos todos os riscos relacionados ao uso excessivo dos celulares e aparelhos eletrônicos. Considerando o poder das grandes corporações sobre as pesquisas científicas, é provável que nunca tenhamos provas de riscos à saúde, pois isso poderia comprometer as vendas. O que se sabe é que os celulares emitem ondas eletromagnéticas que seriam potencialmente cancerígenas, principalmente quando estão com wi-fi ligado e em contato com a pele. Sabe-se também que essa radiação pode provocar insônia e esterilidade masculina, além de gerar estresse e ansiedade relacionados aos avisos sonoros de novas mensagens e emails. Se estiver conectado à tomada, existe risco também de o aparelho pegar fogo. Portanto, devese evitar dormir com o celular próximo ao corpo. O recomendado é que ele esteja a pelo menos um metro de distância, de preferência desligado. É mais seguro também manter o celular afastado do corpo durante o dia e reduzir o tempo das ligações. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
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CULTURA
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
“No vermelho”: documentário retrata vida dos trabalhadores e artistas de sinal EM CARTAZ Filme busca reflexão de público e protagonismo de quem tem a rua como ganha pão Divulgação
Raíssa Lopes “No Vermelho” é o nome do novo filme do cineasta mineiro Marcelo Reis. Terceiro título de uma filmografia recheada de questionamentos sociais, o recente longa não foge à regra e busca trazer a perspectiva dos trabalhadores que, driblando a invisibilidade, fazem do semáforo seu escritório. Na obra, um pouco da grande diversidade que esse universo comporta: vendedor de frutas, balas, lavador de para-brisa, cantor e artistas malabares. De acordo com o diretor, personagens que têm em comum o fato de que foram escolhidos por instinto e a luta em busca de atenção. E é “no vermelho” que surge a única oportunidade de se fazerem notados. “Foi uma pesquisa extensa. Eu e minha equipe andamos uns 1.000 km sem sair de BH”, revela Marcelo. Ele conta ainda que as filmagens foram realizadas na capital durante os anos de 2013 e 2014, mas com a perspectiva de se falar sobre
tor. Isso porque é a partir do outro lado do vidro – e não só dele – que surgem o preconceito e o abuso, segundo os entrevistados.
“Gostaria de proporcionar uma autorreflexão para esse público que consome cinema no Brasil, que fecha a janela do automóvel”
Mãe de diretor costumava comprar frutas dos personagens hoje abordados em documentário
a situação das metrópoles em toda a América Latina. “A necessidade do dinheiro é o que faz alguém existir hoje. A gente vive em
Histórias do mundo em voz e violão Divulgação
O cantor mineiro Felipe de Oliveira apresenta o show “Histórias do Mundo em Voz e Violão” na próxima quinta (24), às 20h30, no Teatro Marília (Avenida Professor Alfredo Balena, 586 - Santa Efigênia). O espetáculo, que além de musical é cênico, navega pelo repertório da MPB e busca canções residentes no imaginário brasileiro que falam sobre o amor vivido no sertão. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
lugares projetados para carros e, embora esses trabalhadores não estejam dentro deles, eles falam muito de quem está”, revela o dire-
Para Marcelo, o filme é também uma tentativa de mudar a cabeça dos motoristas e mostrar, de alguma forma, o quanto as pessoas que vivem da rua são estigmatizadas. “Gostaria de proporcionar uma autorreflexão para esse público que consume cinema no Brasil, que fecha a janela do automóvel. Além de dar voz a quem quase nunca é protagonista, o filme é uma forma de possibilitar o conta-
to entre pessoas que não se encontrariam em outro momento, não nessa sociedade classista em que vivemos”, declara o diretor. Criador cresceu vendo vendedores Os irmãos Marcelo e Márcio Rolim, também retratados no documentário, têm significado especial para Reis. Ainda menino, o cineasta os via enquanto tentavam fazer o dinheiro do dia oferecendo frutas no trânsito. “Passava de carro na saída da escola com minha mãe e ela comprava. Eles também eram crianças. Conhecê-los foi uma troca muito forte e sou muito grato por dividirem sua história de vida”, conta. “No vermelho” estreou no último dia 24 e fica em cartaz até 30 de março, com sessões às 19h, no Cine 104 (Praça Ruy Barbosa, 104). A partir de 31/03, o horário das exibições será alterado, mas ainda não foi definido. Os ingressos custam R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia -entrada).
Você se vê na TV? Divulgação
A pergunta foi um dos combustíveis para a criação do programa de televisão Estação Plural, veiculado pela TV Brasil. A atração aborda pautas de comportamento e atualidades e tem três apresentadores ligados ao universo LGBT: a cantora Ellen Oléria, lésbica, o jornalista Fernando Oliveira, gay, e a integrante da banda Uó Mel Gonçalves, que é trans. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras, a partir das 23h, e tem o objetivo de construir debates a partir de óticas distintas e singulares. Em coletiva de imprensa durante o lançamento do semanário, a diretora Myriam Porto declarou que a TV pública
Programa também é exibido na Rede Minas, todas as sextas, às 23h
tem a obrigação de mostrar a diversidade. “Aqui podemos experimentar, temos
esse papel de vanguardista que eu acho muito importante”, comentou.
ESPORTES
Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
Globo fecha com Corinthians e outros 12 clubes
Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians
Após flertar com o canal o Esporte Interativo, o Corinthians resolveu renovar com a Globo, até 2024, seu contrato de direitos de TV fechada. A Globosat ofereceu ao clube paulista um aumento nas luvas e benefícios pelas placas de publicidade à beira do campo. Outros 12 clubes também acertaram com a empresa da família Marinho: Avaí, Chapecoense, Náutico, São Paulo, Grêmio, Fluminense, Botafogo, Vasco, Atlético-MG, Cruzeiro, Vitória e Sport. Por outro lado, Santos, Inter, Atlético-PR, Joinville, Ceará, Bahia, Paysandu e Sampaio Corrêa fecharam com o Esporte Interativo. O canal pertence à Turner, empresa com sede nos Estados Unidos. Outros clubes ainda estão negociando.
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução
“As arquibancadas de São Paulo e de todos os 27 estados do país estarão em plena manifestação em defesa da democracia. Não vamos nos amedrontar.” Alex Miduim, vice-presidente da Associação Nacional de Torcidas Organizadas, mostrando que as torcidas de futebol também estão preocupadas com a ameaça de golpe no país.
Contrato entre emissora e time paulista vai até 2024
Gol de placa
A partida Confiança 1x0 Flamengo, na quarta (16), deu visibilidade à campanha denominada #NãoQuebreAConfiança. O objetivo do clube sergipano é reforçar o combate à violência contra as mulheres, com ações que vão de gestos em campo a um hotsite com histórias de diversas mulheres.
Gol contra
Torcedores do PSV Eindhoven humilharam mendigas ao atirar moedas sobre elas e ofendê-las com termos preconceituosos. O fato ocorreu na terça (15), em Madri, onde a equipe holandesa foi eliminada da Liga dos Campeões pelo Atlético. Esses torcedores mereceram a eliminação.
Dá-lhe, Coelho! Bráulio Siffert As atuações contra os times do interior de Minas deixaram claro que o América precisa mudar muita coisa para não ser humilhado na Série A. E deve começar pelo técnico: Givanildo abusa do medo, da teimosia e da incapacidade de organizar o time. Ultrapassado, não traz nada de novo, não ousa, não muda o time, não dá chance aos garotos. Tem
que ser demitido. Mas um novo técnico também não irá longe com esse elenco. A diretoria disse que montava um time para disputar vaga na Libertadores, mas o que se vê são jogadores medíocres, com raríssimas exceções. Dos titulares, só se salvam João Ricardo e Leandro Guerreiro, além de Osman, que está lesionado. Ou seja, o América precisa de um novo time inteiro.
É Galo doido! Rogério Hilário O Atlético vai para o clássico num processo de desmanche. Diante da desorganização do futebol brasileiro, por culpa da CBF e dos próprios clubes, ávidos por independência, mas sem propensão para tanto. O Galo perdeu os goleiros titular e reserva, um zagueiro, dois laterais, dois armadores e um atacante. Parece pouco, dada a penú-
ria do Campeonato Mineiro. Mas como penar é nossa sina, a partida ainda será às 11h, em pleno domingo de Páscoa. Pelo menos Robinho estará lá. Mas, é bom não cantar vitória muito cedo, pois até a última hora podem surgir outros desfalques. Contudo, clássico é clássico ou vice-versa. Uma vitória leva o time à liderança. Portanto, resta a esperança, nossa maior aliada.
La Bestia Negra Léo Calixto Domingo (27) é dia de clássico entre Cruzeiro e Atlético. E o duelo entre os dois principais clubes de Minas Gerais terá muitos desfalques. O calendário do Campeonato Mineiro deste ano proporcionou a bizarra situação de ter o principal jogo da primeira fase entre duas datas FIFA (datas oficiais de jogos das seleções). Essa é ape-
nas uma amostra – ao lado das arquibancadas vazias – da desvalorização dos campeonatos estaduais. É hora de mudarmos a estrutura desses torneios, deixando-os para clubes menores que almejam se estruturar. O discurso das federações estaduais, de que tirar os clubes grandes é esvaziar a disputa, cai por terra quando percebemos, na prática, o interesse de seus dirigentes.
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Belo Horizonte, 24 a 31 de março de 2016
ESPORTES
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“O Gol não Valeu”: espetáculo mexe no sentimento do torcedor apaixonado teatro Peça conta história de garoto que torce por time que não ganha nada Divulgação
Wallace Oliveira Houve um tempo em que o futebol brasileiro podia ser definido como religião, festa e batalha de cânticos e jogadas. Tempo em que, como recordou o escritor Eduardo Galeano, era raro o torcedor que dizia “meu time joga hoje”, pois preferia dizer “nós jogamos hoje”. Pouco a pouco, porém, essa comunhão se desfaz em negócio rentável, comandado pragmaticamente por empresários, canais de TV e carreiristas frios. Será que a peça “O Gol não Valeu”, encenada pelo grupo Zap 18, quer ressuscitar o sentimento dos aficionados pela bola? Um deles, após assistir ao espetáculo no CCBB BH, confessou: “De tudo o que vi no teatro, foi o que melhor conseguiu ver por
ada por referências futebolísticas, como o jogo de botão, os álbuns de figurinhas, pôsteres de clubes, camisas, bandeiras, histórias e hinos.
Era raro o torcedor que dizia “meu time joga hoje”, pois preferia dizer “nós jogamos hoje”
dentro meu sentimento de torcedor”. De maneira leve e descontraída, o texto de Francisco Falabella conta a história de Rivelino, um garoto fanático por um ti-
me que não ganha nada. O pai é um cronista que também respira o esporte bretão, enquanto a mãe acredita que o futebol seja, de fato, “o ópio do povo”. Uma narrativa povo-
Metáfora da vida “Essa peça pode suscitar uma nostalgia, remexer nas memórias, despertar o imaginário do futebol-arte de outros tempos, o futebol romantizado das várzeas. E não apenas no público infantil e jovem, porque pega muita gente, independente da idade, e faz voltar a ser
criança”, comenta o ator Gustavo Falabella. Mas, como esporte e arte nunca estão imunes aos conflitos da vida cotidiana, a narrativa permite ir além do contexto esportivo. A crítica das relações de gênero é um ponto forte. “Tem esse conflito com a mãe, que é pé frio e não pode participar dos jogos. De fato, há uma coisa perversa no futebol, mas o estádio também é lugar de convivência, reúne pessoas diferentes, de vários cantos da cidade”, conclui Gustavo.
Onde: Teatro Francisco Nunes. Av. Afonso Pena, s/n - Centro, BH. Quando: sábados, às 16h; domingos, às 11h. Em cartaz até 10 de abril. Ingresso: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia), podem ser adquiridos na bilheteria do teatro.Todas as crianças pagam meia entrada. Informações: 3277-1414; 3277-6325