Violência no parto Uma em cada quatro brasileiras sofreu algum tipo de violência na gestação. Cesarianas são arriscadas e desnecessárias, afirmam ativistas
esportes | pág. 16
Tricampeão Consagrado como o melhor time do Brasileirão, o Cruzeiro conquistou o Tricampeonato Brasileiro na quarta-feira (14). Os China Azul, aos milhares, ocuparam as ruas da capital e do interior para a comemoração. “O Minerão é nosso e as ruas também”, bradavam os torcedores
Edição
minas | pág. 6 e 7
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013 | ano 1 | edição 13 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg
Ser negro no Brasil Leonardo Lopes de Miranda
brasil | pág. 11
Reforma Política Proposta do Congresso pode não ser suficiente para atender reivindicações. Movimentos chamam plebiscito popular para que questões sejam definidas por uma Constituinte Exclusiva
minas | pág. 4
Bacia do Calafate Para PBH, bacia deve combater enchente no Arrudas, mas especialista afirma que melhoria será temporária. As 580 famílias do bairro afirmam que não vão sair Gabriel Zambon
Dia da Consciência Negra estimula reflexões sobre a negritude
brasil | pág. 10 Dados e opiniões sobre a situação dos negros no Brasil. A desigualdade racial ainda existe?
entrevista | pág. 9 Assistente social afirma: preconceito racial existe e é motivo de opressão e violência
cultura | pág. 14 Sim ao cacheado! Salão afro dá dicas baratas para tratar do cabelo crespo, sem alisamentos
02 | opinião
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
editorial | Minas Gerais
editorial | Brasil
Cemig e Azeredo: fins privados
Você quer mudar o sistema político no Brasil?
O deputado federal, ex-senador e ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo, do PSDB, apresentou no Congresso Nacional um Projeto de Lei, o PL 87, que pode entrar em votação nesta semana. O PL precariza as relações trabalhistas e enfraquece o poder de reivindicação dos trabalhadores. A proposta propõe a terceirização em todos os setores, inclusive nas atividades fim. O PL 87 é clone do PL 4330, recém parado na Câmara por pressão dos trabalhadores. A proposta de Azeredo foi redigida sem qualquer discussão com as organizações de representação. Mesma prática que teve quando foi senador e governa-
Na gestão de Azeredo, investigado por roubo de dinheiro público, a Cemig começou a ser privatizada dor. E, claro, mesma política neoliberal. Na sua gestão, a Cemig começou a ser privatizada, com a venda de um terço de suas ações. Mesmas ações que o governador Itamar Franco retomou ao Estado, e depois foram novamente vendidas por Aécio Neves, também do PSDB. Eduardo Azeredo é réu pelos crimes de peculato (roubo de dinheiro público) e lavagem de dinheiro. Roubo que ficou conhecido como mensalão mineiro, que buscou desviar recursos para sua campanha de reeleição ao governado em 1998. Este ano o caso teve seu primeiro condenado. Nélio Brant Magalhães, ex-diretor do Banco Rural, foi sentenciado pela Justiça Federal em Minas a 9 anos e 9 meses de prisão. E Eduardo Azeredo, quando será condenado? O prejuízos chegaram a R$ 2,7 milhões ao Estado de Minas Gerais. A Cemig, que os governos tucanos entregaram para interesses privados, segue dando muito lucro, ao invés de bem-estar à população e a seus trabalhadores. Só nos últi-
mos três meses, a empresa teve lucro de R$ 789 milhões. Os comentários do presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, explicam a visão da empresa: é preciso mais lucro, agregar mais valor ao ‘negócio’, e “proporcionar aos acionistas o retorno adequado e atrativo de seus investimentos”. Ou seja, quem manda na Cemig são os investidores, em sua grande parte investidores internacionais. A Cemig é campeã nacional e internacional de mortes de seus trabalhadores, em função da terceirização. Como vemos, o PSDB, como partido dos grandes empresários e investidores nacionais e internacionais, não brinca em serviço, seja lá no Senado, seja aqui no governo do Estado. Mas vem aí o resultado do Plebiscito Popular pela redução da tarifa de energia e do ICMS. O poderes públicos não poderão se silenciar diante do resultado.
Falando Nilson
A partir da iniciativa de 86 movimentos sociais, o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político será lançado nesta sexta-feira (15). Serão realizadas inúmeras atividades até a coleta de votos, em setembro de 2014. Os plebiscitos populares são uma decisiva contribuição dos movimentos sociais à luta popular. Apesar de não ter valor legal, exercem pressão política e social, permitindo que milhões de brasileiros expressem a sua vontade. Entre 1º e 7 de setembro de 2002, foram coletados mais de 10 milhões de votos em 46 mil urnas instaladas, graças ao trabalho voluntário de 160 mil participantes, em plebiscito sobre a entrada do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O resultado não deixou dúvidas sobre a vontade da população: 98,32% dos eleitores se declararam contra a adesão do Brasil.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
A campanha foi fundamental para que a proposta, que comprometia nossa soberania nacional, fosse rejeitada. Agora, o tema é a mudança do sistema político. Os protestos populares de junho de 2013 recolocaram em cena uma luta central: a disputa pelo orçamento público, em parte sequestrado por grandes grupos econômicos. Apesar da sua complexidade, apresentando uma pauta difusa, um traço evidente nas ruas foi o desejo de parcelas dos setores populares e médios por mais investimentos em educação, saúde, transporte, moradia e segurança. Os manifestantes fizeram reivindicações econômicas que são também uma revolta contra a própria política, ou melhor, contra um tipo de prática política que uma mudança estrutural em nosso sistema político pode enterrar de uma vez por todas.
A realização de mudanças no sistema político é determinante para as reformas estruturais O Brasil necessita de reformas estruturais que mudem o papel de suas instituições criando uma nova institucionalidade para avançar na democratização. As reformas agrária, urbana, tributária, do judiciário, da educação, da saúde, dos meios de comunicação não passam em um Congresso Nacional composto majoritariamente por parlamentares eleitos com o dinheiro dos empresários. Portanto, a realização de uma mudança no sistema político é determinante para o avanço das demais reformas estruturantes. Assim, está aberto um verdadeiro desafio de atingir amplas parcelas da população, fazendo do plebiscito uma manifestação política em grande escala.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Haitianos tentam vida nova em BH MIGRAÇÃO Três anos depois do terremoto que assolou o país, situação não é animadora Arquivo pessoal
Rafaella Dotta De Belo Horizonte Em 2010, o Haiti foi atingido por um terremoto que destruiu o país. Foram 300 mil mortos, 250 mil feridos e 1,5 milhão de pessoas desabrigadas. Agora, três anos depois, o país ainda não se reconstruiu e a estimativa é de que ainda existam 500 mil desabrigados e uma taxa de desemprego de 95%. É essa a situação dos haitianos que resolvem sair do seu país e tentar reconstruir suas vidas no Brasil. Eles declaram que no Haiti todos os serviços básicos, como saúde e educação, não são de qualidade e reclamam principalmente da falta de segurança. Mackenson, haitiano que hoje mora em BH, diz que no Haiti, as pessoas vivem com o medo constante de serem roubadas ou sequestradas. No entanto, a realidade no Brasil não é animadora. Empresários brasileiros têm se aproveitado dos problemas dos haitianos, colocando-os em empregos de situação precária, semelhantes ao trabalho escravo. Um integrante do Comitê de Solidariedade aos Haitianos de BH, Elerson da Silva, afirma que essas pessoas estão sendo exploradas. “As mulheres são abusadas de todas as formas possíveis e algumas acabam virando serviçais domésticas”, denuncia. Desde o início deste ano, seis mil haitianos entraram no Brasil. A maioria passa pela fronteira com o Peru, no Acre, e ficam esperando que empresas contratem seus serviços. O Conselho Nacional de Imigração, na resolução normativa 97/2012, regulamentou que o Brasil expedirá 1.200 vistos de caráter humanitário por ano, com prioridade aos haitianos. Apoio aos haitianos
“Nosso objetivo principal é dar ferramentas para os haitianos se inserirem na cultura brasileira. Eles chegam tão vulneráveis que não conseguem se inserir nas políticas de assistência do país. O fato de os haitianos estarem aqui é uma oportunidade para o Brasil, porque não estamos preparados para receber estrangeiros”, declara Arturo Estrada, integrante do Centro Zami, grupo que apoia haitianos que moram no Brasil.
cidades | 03
Pergunta da semana De acordo com o IBGE, foram trazidos 4 milhões de africanos para o Brasil, que aqui foram escravizados. Destes, muitos fugiam e formavam comunidades. O líder mais importante destes escravos foi Zumbi dos Palmares, que foi assassinado no dia 20 de novembro, em 1695. Para não esquecer dessa história, o movimento negro fez do 20 de novembro o dia da Consciência Negra, comemorado todos os anos.
O que você acha do dia da Consciência Negra?
“Aqui no Brasil a gente tem uma mistura de raças muito grande. Ter um feriado com esse nome conscientiza as pessoas sobre o negro e sobre várias coisas que são da nossa raça.” Mackenson e Minouche (esq.) vieram para o Brasil em busca de melhores condições
Bárbara Lima, atriz
Opiniões de um haitiano em BH Mackenson Vieux veio para o Brasil no final de 2011 acompanhado da esposa, Minouche Dagueerre. No Haiti, ele era tradutor e fala quatro línguas: inglês, francês, crioulo e português. Hoje, ele é eletricista em BH e está fazendo curso técnico em eletrônica. O Brasil de Fato conversou com ele, em sua casa, em Contagem. Brasil de Fato - Por que você veio para o Brasil?
Mackenson - A gente veio pra cá pra buscar uma vida mais tranquila. Nós não precisamos só de dinheiro. No Haiti, se eu precisasse levar meu filho no hospital, não funcionava. Antes do terremoto, lá já não era bom, imagi-
na depois... O que os haitianos estão passando no Brasil?
Alguns precisam dividir casa com dez pessoas. Eles não têm dinheiro pra ter uma vida melhor que isso. Eu e Minouche já fomos enganados também. Trabalhamos para duas empresas que até hoje não pagaram nada pra gente. Você quer voltar para o Haiti?
Eu deixei irmãos, uma irmã, primo, prima e uma filha adotiva lá. Eu gostaria de visitá-los, mas a passagem é muito cara. Mas voltar para morar no Haiti não dá. Talvez em outro país.
“Ajuda a conscientizar, a acabar com esse preconceito que existe entre o povo brasileiro e que tem que acabar.” Eduardo Lopes, estudante
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
“Piscinão” do Calafate gera revolta na população DESAPROPRIAÇÃO Mais de 500 famílias podem perder suas casas para a construção de uma bacia de contenção de águas de chuva Maíra Gomes De Belo Horizonte
Desde que BH passou a ocupar o entorno do Ribeirão Arrudas, suas águas têm causado problemas constantes para a população em tempo de chuva. Muitas foram as propostas para acalmar o rio, mas, desta vez, a Prefeitura de BH promete dar a solução. Está sendo preparada a construção de um grande “piscinão” para acomodar as águas da chuva, com capacidade para 600 milhões de litros, menor apenas que a Lagoa da Pampulha. De acordo com a Secretaria de Obras do município, a bacia será construída no bairro Calafate, na região Oeste da cidade. O projeto de combate à inundação do Arrudas abarca também um reservatório de controle de cheias, no Bairro das Indústrias. Ao todo, o projeto custará R$ 328 milhões, sendo R$ 23 milhões da prefeitura e o restante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar da grandiosidade, no projeto e na promessa, a obra é questionada por especialistas. “A bacia funciona até um limite, até o quanto de água pode caber. Se o volume for menor, você pode controlar o efeito da chuva. Se não for, poderá ter os mesmos problemas de antes”, declara Marcus Vinícius Polignano, coordenador do projeto Manuelzão e presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas. O especialista aponta que há
Fotos: Maíra Gomes
má administração na questão das águas e seus cursos. O planejamento urbano tem sido feito para enquadrar as águas no desenho da cidade. Para Marcus, o correto seria fazer o contrário, de acordo com a lógica dos caminhos d’água. “Muitos rios e córregos viraram avenidas. Nada mais normal que as águas transformem nossas ruas em córregos, buscando seu caminho natural”, demonstra. Construção vai desalojar famílias
A Bacia do Calafate vai ocupar desde o cruzamento da Via Expressa com a Teresa Cristina até seu encontro com a Silva Lobo, totalizando uma área de 196 mil m². Para sua construção, será necessária a retirada de mais de 500 famílias. Se-
Apesar de cadastro estar pronto, famílias não têm informação sobre remoções gundo a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), responsável pelo procedimento, um estudo para a implantação da nova rodoviária no local foi realizado em 2005. Dali saiu o Plano Diretor de Remoção e Reassentamento (PDRR) da Vila Calafate, que será a base para o novo PDRR. A Urbel afirma que a atualização será realizada apenas em meados
Bacia do Calafate vai ocupar 196 mil m² e desalojar 500 famílias
de 2014, época prevista para o início das obras. No entanto, em visita ao local, o Brasil de Fato MG confirmou com um técnico da PBH que a medição e o cadastro das famílias foi finalizado esta semana. As famílias da região afirmam que ainda não foram comunicadas sobre as desapropriações “Ainda não sabemos se vamos ou não ser despejados e são 580 famílias nessa área”, diz Elton Moura, presidente da Associação dos Moradores da Vila Calafate. Os moradores declaram que não
são favoráveis à construção da Bacia na Vila Calafate. Maria das Dores Pereira da Cruz afirma que não pretende sair. “Como você mora num lugar há 14 anos e vai deixando assim, de repente? Eles não têm direito de tirar a gente assim, isso não é da prefeitura, é da gente”, diz. Ela conta que a região é bem localizada, com farmácia, padaria, supermercado e outros serviços próximos. “Eles vão querer jogar a gente num cantão que não tem nada. Tem muito lugar pra eles fazerem piscinão”, declara.
Audiência Pública debate novo plano urbano de BH no dia 20 O novo plano de desenvolvimento urbano de Belo Horizonte, denominado Operação Urbana Consorciada, tem sido alvo de polêmicas na sociedade, por propor mudanças radicais em leis e planos já estabelecidos, além de prever diversas desapropriações. No dia 20 de novembro, às 18h, será realizada uma AuPrefeitura oferece “piscinão” como solução para contenção de águas de chuva
diência Pública sobre o tema no auditório do Crea-MG, na avenida Álvares Cabral, 1.600, B. Santo Agostinho. Ali, serão apresentados os termos e propostas do novo plano por representantes da Prefeitura de BH, além de ouvidos os apontamentos da população e movimentos organizados que divergem do programa.
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Quilombo vive agressões
SEU BOLSO
JEQUITINHONHA Comunidade de descendentes de escravos é ameaçada por fazendeira
Desde 1899, o Quilombo Marobá dos Teixeira espera pelo cumprimento dos seus direitos. A comunidade tem documentos que comprovam a posse da terra, mas devido ao não reconhecimento da Justiça, enfrenta conflitos. A população declara que está sofrendo ameaças de fazendeiros que se dizem proprietários do terreno. O Quilombo Marobá dos Teixeira está localizado na cidade de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, e é composto por 40 famílias. A comunidade utiliza a terra para produzir alimentos para sua sobrevivência e para venda. Mas, apesar de viverem no território há mais de cem anos, os quilombolas ainda não conseguiram o título de propriedade. Na década de 1940, a família do fazendeiro Arcelino Antunes Luz invadiu e se instalou no local já ocupado pelo quilombo. Desde então, latifundiários e quilombolas brigam pela posse do terreno. A falta de decisão do poder judiciário tem deixado, até o momen-
Onze suspeitos de agredir os quilombolas foram presos, mas só um ainda está detido to, a situação se resolver através de meios “extra-oficiais”. No dia 26 de outubro, a população do Quilombo Marobá denunciou intimidações feitas por Maria do Rosário, suposta proprietária da terra. De acordo com Gildázio Santos, integrante do Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos que está acompanhando o caso, a fazendeira ameaçou tanto o qui-
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos/InstitutoDH
Rafaella Dotta De Belo Horizonte
Materiais de construção têm variação de preços conforme o local de compra. Listamos aqui alguns dos locais mais baratos, mas fique atento ao preço do frete. Em alguns casos, se for possível fazer a sua compra toda na mesma empresa, o valor do frete pode ficar mais baixo. Em compras à vista, as lojas costumam apresentar bons descontos.
Quarenta famílias vivem há cem anos no território
lombo quanto o acampamento 16 de abril do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), situado na mesma região. Em nota publicada pela Comissão Pastoral da Terra, as comunidades declararam que a fazendeira, juntamente com pessoas não identificadas, transitou com carros durante todo o dia “dirigindose às pessoas com ações verbais e gestuais de violência simbólica e discriminação racial e social”. O gado de ambas as comunidades foi soltos na rodovia. A Polícia Militar compareceu ao local e prendeu 11 suspeitos, que portavam armas de fogo e facões. Apenas um deles permaneceu detido, por ter antecedentes criminais. A comunidade declara ter medo de que as ameaças se concretizem. Lei está a favor da comunidade
A Constituição Federal dá aos quilombolas o direito ao território em que vivem. Está no artigo 68: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que
O que é um quilombo? Na época da escravidão no Brasil, milhares de negros e indígenas escravizados conseguiram fugir das fazendas e se reuniram em pequenas comunidades, onde passaram a viver. Estas comunidades foram chamadas de quilombos e algumas sobrevivem até hoje. Um dos maiores quilombos do Brasil foi o dos Palmares, na antiga capitania de Pernambuco. Sua organização começou no século XVI, mas na segunda metade do século XVII chegou ao auge, com uma população estimada em mais de 20 mil pessoas. Uma das principais lideranças foi Zumbi, assassinado pela repressão em 20 de novembro de 1695. Seu exemplo de coragem no enfrentamento da escravidão inspirou o dia da Consciência Negra. Em Minas Gerais, segundo levantamento do Centro de Documentação Eloy Ferreira (Cedefes), existem 500 comunidades quilombolas. Destas, 130 têm processo de regulamentação aberto no Incra e aguardam a efetivação da posse da terra.
estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitirlhes os títulos respectivos”. Fica, então, a dúvida: por que isso ainda não aconteceu? De acordo com Gildázio Santos, o processo está em andamento. O relatório antropológico, necessário ao caso, já foi feito pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas até hoje não houve entrega do documento. “Sem a resposta do Incra, não é possível levar o processo adiante”, afirma. A comunidade ainda não tem acesso às políticas públicas do governo. Não tem água encanada, energia e escola, por exemplo. Arlete Pereira Dias, moradora do quilombo, acredita que o relatório do Incra vai dar direito a tudo isso. Para ela, um documento que defina a comunidade como quilombo dará a possibilidade de inscrição em projetos agrícolas. Assim, a comunidade pode desenvolver a produção local e garantir melhores condições de vida. Daqui pra frente...
Na próxima terça-feira (19), a equipe do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos realizará o primeiro Curso de Formação de Defensores de Direitos Humanos com a Comunidade Quilombo da Marobá dos Teixeiras e parceiros da região. Logo depois, no dia 22 de novembro, o quilombo terá uma reunião com o Incra, com a promessa da entrega do relatório antropológico. A comunidade tem grande expectativa com esse dia, afirmou Arlete Pereira. “Com esse mapa nas mãos, os conflitos podem acabar de vez.”
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Data da pesquisa: Outubro/2013 Fonte: www.mercadomineiro.com.br
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
O parto é da mulher DIREITO Movimentos denunciam violência e propõem mudanças para promover o parto humanizado
Vinte e cinco de novembro é marcado como o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Durante todo o mês, o jornal Brasil de Fato apresenta uma série de reportagens sobre o tema.
Polly do Amaral
Maria Cecília Alvim De Belo Horizonte
Ao longo da história, a mulher foi vítima de inúmeras formas de exploração e desrespeito por parte dos homens, reflexo de uma cultura de submissão e dominação. Felizmente, essa situação tem mudado com o protagonismo crescente das mulheres. Nesse contexto de superação, no entanto, começa a se revelar um novo tipo de violência contra a mulher, que se manifesta durante a gestação, parto e pós-parto. Tem sido negado à mulher o direito à escolha sobre o tipo de parto que deseja e, ainda, o direito à assistência humanizada por parte de instituições e profissionais de saúde. Essa situação tem resultado em um número crescente de cesarianas desnecessárias, partos sofridos, e relatos de tensão, sofrimento, dor e indignação por parte de mães, pais e familiares. Essa nova constatação de uma violência sutil, muitas vezes nem percebida como violência, advém do movimento de mulheres pela gestação e parto ativo. Mobilizadas, elas denunciam que a “violência no parto também é violência contra a mulher”. Cada vez mais mulheres relatam serem vítimas de abusos físicos, comentários agressivos, discriminação, humilhação, ameaças, restrições de acompanhante. Denunciam ainda que são submetidas a cesarianas por conveniência médica e a separação de seus bebês logo após o parto. Condutas como essas por parte das equipes de saúde são apontadas como violentas, pois afrontam o direito da mulher e do bebê a uma experiência consciente e feliz de gestação, parto e pós-parto. A médica e doutora em Saúde Pública Sônia Lansky diz que, muitas vezes, os próprios profissionais de saúde não enxergam o que fazem como violência. “É um fenômeno médico masculino, muitas vezes incorporado também pelas mulheres. O que acontece é uma massificação e despersonalização de condutas, como se todas as mulheres fossem iguais”, destaca. Ela afirma que essas condutas já estão tão institucionalizadas que as gestantes também muitas vezes não percebem que estão sendo vítimas de violência. “É um direito da mulher e da criança
Parto natural na água, na Casa de Parto do Hospital Sofia Feldman
ter acesso à atenção respeitosa no parto”, destaca. Direito humano
Graves denúncias da ocorrência de violência no parto em Minas Gerais foram apresentadas por representantes de entidades não-governamentais durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa em 2012. O relatório, elaborado pela rede de mulheres pelo parto ativo, apresenta informações relevantes sobre as condições de atenção ao parto no estado e no país. Está embasado em diversas referências bibliográficas, legislações nacionais e acordos internacionais que, segundo a rede de mulheres, não estão sendo cumpridos nas materni-
dades brasileiras. O documento destaca que, em 2010, a Corte Europeia de Direitos Humanos reconheceu a autoridade, a autonomia e o apoio às escolhas feitas pela parturiente como direitos humanos. Algumas pesquisas citadas pelo relatório comprovam essas afirmativas. Uma delas, feita em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, apontou que uma em cada quatro brasileiras relatou ter sofrido algum tipo de violência durante a assistência ao parto. Sônia Lansky, que é também coordenadora da Comissão Perinatal e do Comitê de Prevenção de Óbitos Materno, Fetal e Infantil da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, afirmou que 78,6% das mortes durante o par-
to no Brasil têm como causa direta a qualidade da assistência. Segundo ela, o número de óbitos de mães em Belo Horizonte chega a 42,3 para cada 100 mil, sendo que o aceitável pela OMS é de 20.
VIOLÊNCIA AO DAR À LUZ - Uma em cada quatro brasileiras relatou ter sofrido algum tipo de violência durante a assistência ao parto (Pesquisa da Fundação Perseu Abramo, 2010) - O número de óbitos de mães em Belo Horizonte chega a 42,3 para cada 100 mil, sendo que o aceitável pela OMS é de 20.
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Parto humanizado
fatos em foco Comemoração do Tri é recebida com balas e bombas de gás
PRESSÃO Muitas vezes, é negado à mulher o direito de escolher a forma de dar à luz Maria Cecília Alvim De Belo Horizonte
Durante os nove meses de espera, a mulher se prepara e cria muitas expectativas com relação à hora e ao tipo de parto. No entanto, hoje em dia, muitas vezes a mulher não participa ativamente desse momento, pois é negado a ela o direito à escolha informada do parto e à assistência humanizada. Com isso, ocorrem partos sofridos e cesarianas em muitas situações desnecessárias e sem o consentimento da mulher. Segundo Pollyana do Amaral Ferreira, integrante da rede de mulheres pelo parto ativo e coordenadora do Ishtar, a geração anterior viveu momentos de sofrimento relacionados a procedimentos inadequados e à má assistência ao parto normal. Isso fortaleceu mitos de que o parto normal é sempre sofrido e doloroso, o que não é verdade. “Muitas vezes, quando (a grávida) diz querer o parto cesárea, está dizendo: eu não quero ser maltratada no parto normal”, afirma. A médica Sônia Lansky perce-
Mídia Ninja
Movimentos reividincam protagonismo da mulher em todo o processo
be a disseminação da cesariana como um fenômeno latinoamericano relacionado à violência de gênero, muitas vezes incorporada pelas mulheres, em função das relações de poder que se estabelecem. “Há um domínio do poder médico. É ele que decide, sabe, controla. A mulher fica completamente exposta e subjugada a esse poder”, alerta. Protagonismo da mulher
Incentivar o protagonismo da
mulher em todo o processo de gestação, parto e maternidade é uma das premissas que motivam profissionais, especialistas e mulheres ativistas pelo parto normal no país. Um desses grupos é o Ishtar – Espaço para gestantes, que se reúne no Sinpro Minas (rua Jaime Gomes, 198, Floresta) toda primeira quartafeira de cada mês, às 20h, a partir de 6 de novembro de 2013, e no Parque Ecológico da Pampulha, todo 3º sábado do mês, às 9h30.
“Quem mais morre por aborto são as pobres e negras” Maíra Gomes De Belo Horizonte
No Brasil, o governo oferece uma política específica para a saúde da mulher, voltada principalmente para o sistema reprodutivo, centrado em exames e ações relacionadas, como cuidados com mamas e colo do útero. No entanto, ativistas
apontam que esse enfoque desconsidera a condição em que a mulher é colocada na sociedade. “Sabemos que as mulheres adoecem mais por estarem em uma situação de desigualdade. Na hora de pensar a saúde, não se leva em conta que elas trabalham fora e ainda têm uma pesada jornada de trabalho em caMMM/MG
Protesto da Marcha Mundial das Mulheres pelo direito ao aborto
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sa, por exemplo”, destaca a profissional de saúde e militante da Marcha Mundial das Mulheres Bernadete Monteiro. A cada dois dias, uma mulher morre no Brasil em decorrência de abortos inseguros e, para Bernadete, o tema devia ser amplamente debatido no campo da saúde. Ela conta que mulheres que chegam em situação de abortamento nos hospitais e postos de saúde são recebidas com maus tratos, sem nem mesmo os profissionais saberem se o aborto foi provocado ou espontâneo. Ela frisa, ainda, que dados confirmam que quem mais morre por aborto são as mulheres pobres e negras, por não terem acesso a clínicas clandestinas que fazem o aborto seguro. “Uma em cada sete mulheres abortam no Brasil, ou seja, muitas. Mas as mais pobres são as que mais sofrem. Por essas razões lutamos para a legalização do aborto”, conclui.
A comemoração do Tricampeonato do Cruzeiro foi marcada por violência policial no Centro de Belo Horizonte. Pouco depois do fim do jogo, as praças da Estação e Sete já estavam lotadas de torcedores de todas as idades festejando a conquista do título. Era quase uma da manhã quando bombas de pimenta e gás lacrimogêneo começaram a cair no meio da multidão por todos os lados, gerando alvoroço nos presentes. Muitas pessoas acabaram pisoteadas e outras passaram mal com os efeitos do gás. Em alguns pontos, como na Rua dos Caetés, foram disparados tiros de borracha contra os torcedores.
Servidores da saúde em estado de greve Em assembleia realizada na manhã de quarta-feira (13), os servidores da saúde do estado aprovaram o Termo de Acordo proposto pelo governo, mas decidiram manter a greve até que algumas reivindicações - como o Fundo de Previdência - sejam atendidas.
Dia Mundial do Diabetes Neste 14 de novembro, Dia Mundial do Diabetes, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) informa que há 13,4 milhões de diabéticos no Brasil (tipo 1 e 2), o que deixa o país em quarto lugar no mundo em número de casos. O Dia Mundial do Diabetes foi criado em 1991 pela IDF em parceria com a OMS (Organização Mundial da Saúde), com o objetivo de dar respostas ao crescente interesse em torno da doença, além de alertar para o aumento de sua incidência no mundo.
Levante reunirá 400 jovens em Ribeirão das Neves Entre os dias 15 e 17 de novembro o movimento Levante Popular da Juventude fará seu I Acampamento Estadual. A expectativa é que cerca de 400 jovens participem do evento, que contará com debates, esportes, teatro, rodas de conversa, de capoeira e noites culturais.
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Acompanhando
Foto da semana
Mídia Ninja
NA EDIÇÃO 12 ... Saúde municipal sem remédio
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as do centro da capital na madrugada de quinta (14). Em comemoração ao Tricampeonato Brasileiro do Cruzeiro, milhares de torcedores foram à Praça da Estação e Praça Sete com alegria e muitas explosões de fogos.
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato
Filipe Rodrigues
Elaine Cristina Ribeiro
Você ainda é jovem?
Não aceitaremos preconceito
Não digo pela idade. Não importa que tenha mais de
Por que perguntei se você ainda é jovem? Porque ser jovem, diante desta realidade, é ser uma força transformadora. É estar preocupado com o futuro a ponto de se organizar hoje para lutar pelos nossos direitos de amanhã. Ser jovem é não se calar diante das injustiças. Precisamos de uma sociedade mais inteligente. E ainda há esperança. Outros junhos virão!
Após a abolição da escravidão, com a lei Áurea, há mais de 120 anos, o racismo seguiu existindo. Mesmo liberto, o negro era considerado inferior no intelecto e nos seus direitos. O movimento negro começa a se organizar e formar seus coletivos de discussão. Onde havia apenas a revolta e a melancolia, passa a existir o orgulho da raça e a certeza de sua contribuição à história. Es sa herança, até os dias de hoje, colocou no centro do debate as políticas de ações afirmativas. Com a lei 10.639, de janeiro de 2003, que torna obrigató rio o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, cai por terra o mito da democracia racial. Nos últimos dez anos, o Brasil tem avançado no debate e no enfrentamento aos efeitos do racismo na vilação total do país, segundo o censo de 2010. O Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010) é outro fundamental instrumento de coibição a práticas antirracistas e apoio ao judiciário para permitir a promoção de ações civis públicas, impondo multas para quem comete preconceito. O estatuto é uma vitória para a população negra e um avanço para o país, pois ele garante direitos básicos, como a saúde, moradia, educação, além de coibir discriminação racial, sendo um marco histórico de resgate e reconhecimento da dívida do Brasil com a população negra. Toda sociedade civil, órgãos governamentais, sindicatos e centrais sindicais, estudantes e a população em geral podem colaborar cobrando o cumprimento das leis.
Filipe Rodrigues é integrante do movimento Levante Popular da Juventude
Elaine Cristina Ribeiro é secretária de Combate ao Racismo da CUT/MG
que podemos melhorar o mundo em que vivemos. Essa é a energia de um jovem. Em qualquer lugar, um jovem (ou uma jovem!) estará pensando em como melhorar as coisas, ou pelo menos deveria. Diz um ditado que o nível de inteligência de uma sociedade pode ser medido por como seus jovens e idosos são tratados. Os jovens, porque são o futuro, a esperança. Sobre eles estarão as forças do futuro. E os mais velhos, pelo reconhecimento de seus esforços, por sua sabedoria. E como os mais velhos são tratados aqui? A saúde é precária. Trabalharam durante toda a vida pra hoje não terem direito a um cuidado digno para tratar suas enfermidades. A seguridade social, uma vergonha! Quando não é salário mínimo, como na imensa maioria dos casos, o salário vai se desvalorizando até chegar ao mínimo depois de pouco tempo. Quantos aposentados ainda precisam trabalhar? Inúmeros! E como tratamos os jovens? Vamos nos preocupar mais com nossos jovens! Ora, vejamos, podemos começar pela má educação. Que educação básica é essa em Minas Gerais? Puro marketing. Vamos falar do extermínio da juventude da periferia, onde sofremos com muitas mortes de amigos e parentes nesse faz de
E AGORA
Na madrugada de terça-feira (12), centrais sindicais, sindicados de base, federações, confederações e movimentos sociais realizaram manifestação para consagrar o Dia Nacional de Mobilização pelo Fim do Fator Previdenciário. A concentração ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos de BH e de lá os manifestantes seguiram pela BR-381, em direção a São Paulo. As duas pistas da estrada foram fechadas por cerca de duas horas. José Wagner de Moraes de Oliveira, presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos testo foi uma tentativa de denunciar à população a intransigência de patrões, e reivindicar mais investimentos na saúde, piso salarial dos professores, correção imediata da tabela de imposto de renda, entre outros direitos dos trabalhadores.
NA EDIÇÃO 12... Mais uma vez, Polícia Militar violenta moradoras de ocupação ...
E AGORA
Na quarta-feira (13), representantes das comunidades Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa participaram de uma reunião com o Governo de MG, Ministério Público, Polícia Militar e Defensoria Pública para discutir a situação dos moradores das ocupações. O Governo Estadual se comprometeu a receber cadastro das mais de 12 mil famílias que moram nas ocupações. Militantes apontam que ainda há falta de interesse das prefeituras de Contagem e BH em solucionar a questão da falta de moradias. Durante a reunião, cerca de 600 pessoas das ocupações fecharam a MG-010, no Bairro Serra Verde, em Venda Nova, por uma hora. O grupo seguiu para o pátio da Cidade Administrativa, onde perma reunião.
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“Consciência negra é dever de todo brasileiro” NEGRITUDE Assistente social fala sobre o racismo, preconceito e opressão no Brasil Marcela Viana De Belo Horizonte No dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Nea negritude que há em cada brasileiro, independente da cor da pele. Conversamos com Jair da Costa Júnior, negro, assistente social e especialista em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública pela UFMG, sobre a questão do negro, ou como ele prefere dizer, “a questão da sociedade”. ou a negra numa sociedade heterogênea como a brasileira?
Jair da Costa Júnior - Pode até paquem é negro no Brasil. Porém, em um país que cultivou, ao longo de
partir de critérios que indicam que o negro, na atualidade, não é somente aquele de pele escura, mas aqueles que trazem os “signos” da pobreza. Vale destacar, ainda, que entendemos por negro a pessoa de pele escura, o não branco. Assim, ainda não superaram. Em minha opinião, negro ou negra somos todos de pele escura, e é este critério mo e da exclusão nossa de todo dia. Segundo o último IBGE, de 2010, a maioria dos brasileiros é de negros e pardos, ainda assim, o racismo é muito presente em nossa sociedade. Por quê?
Nossa história é permeada por tentativas de branquear a população e, dessa forma, o negro é colo-
cado como um mal. De contos infantis a políticas de imigração, várias ações e projetos tinham e têm o intuito de “salvar” o Brasil do negro, da negritude e da lembrança de estar ligado ancestral ou geneticamente aos escravos. O grande problema dessas “políticas” de branqueamento, é que, além de não ou seja, manter o preconceito velado, elas nos deixam vivendo sob a mentira da integração racial e de não reconhecer esse preconceito, seja na intimidade, seja na vida pública. Esta modalidade de racismo, o racismo institucional, traz a marca de outra falácia, a da democracia racial, da universalidade e igualdade de direitos perante a lei, e ao mesmo tempo,promove o massa cre do negro no cotidiano. O massacre subjetivo, pior que a morte física, a morte social tira do “ser” to-
da sua potencialidade, limitando-o em sua própria essência. O massacre objetivo, então, nem se fala, os noticiários e as estatísticas comprovam como são maiores as “chances” de jovens negros morrerem, apenas pelo fato de serem negros. Quais são os problemas mais graves enfrentados pela população negra, hoje, no Brasil?
Sem sombra de dúvidas é o racismo. O Brasil desenvolveu uma das
morte social de um grupo, que é pela via do racismo, da discriminação ria do Brasil nos mostra que não somente pelo fato de termos sido colonizados por europeus, mas também pela manutenção de padrões
“O Brasil desenvolveu uma
Arquivo pessoal
promover a morte social de um grupo, que é pela via do racismo, da discriminação e
construção social e não importante relembrar isso, uma vez que o conceito de raça foi utilizado
de vida europeus e pela disseminação de uma cultura patriarcal e heteronormativa ariana, não nos reconhecemos como negros. Buscamos os padrões europeus, e quan-
supremacia branca e a suposta inferioridade negra como forma de dominação” sua história, o desejo de branqueamento da população, a negação do negro, não é fácil apresentar uma Não é raro encontrarmos pessoas negras que assimilam o modelo de homem branco europeu como ideal e não se consideram negras, negam sua ancestralidade. Dessa forma, assumir-se negro é um dilema a ser superado, pois ainda é um grande peso para o negro carregar o O escritor Steve Olson destaca trução social e não um conceito lembrar isso, uma vez que o conceicar a suposta supremacia branca e a suposta inferioridade negra como forma de dominação. Contudo, po-
Jair da Costa Júnior, assistente social e pesquisador
A OPRESSÃO SISTEMÁTICA VIVIDA PELO NEGRO A OPRESSÃO SISTEMÁTICA VIVIDA PELO NEGRO A filósofa estadunidense Iris Marion Young, em estudo não traduzido, frisa que a opres- tista política estadunidense, frisado que a opressão são muitas vezes se dá de maneira Iris sutil.Marion Ao indicarYoung, as formasé de violência sofrida por vámuitas vezes se dádestaca de maneira sutil, em nosso cotidiano. Ao indicar as forrios grupos, a autora que os negros sofrem sistematicamente as cinco categorias mas de opressão por proposto vários grupos, a autora elencadas. A seguir, sofrida leia o resumo por Jair Costa Júnior:destaca que os negros sofrem sistematicamente as cinco categorias elencadas. AOexploração - Transferência do trabalho de um social em texto não tem tradução dos pararesultados o português. A seguir, leiagrupo o resumo probenefício outro. posto pelodeentrevistado, Jair Costa Júnior, sobre as principais manifestaA marginalização de pessoas é expulsa da participação na vições da opressão em- Uma umacategoria sociedade: da social. O1.A desempoderamento - As pessoas impedidasdo detrabalho tomar decisões raraexploração - Transferência dossão resultados de ume grupo menteem têmbenefício o direito de opiniões. social dedar outro. O processo de opressão praticado sobre os O imperialismo cultural – Os significados dominantes demão uma de sociedade se hoje, um exército de reserva de obra baranegros permitiu existir, a perspectiva está fora do de padrão passa a ser marcado cotatornam que alimenta uma geral. lógicaQuem de distribuição renda desigual. mo outros”. 2.A“osmarginalização - Corresponde ao processo em que uma categoria violênciaseria – Trata-se especificamente da violência dirigida a pessoas, por sedeA pessoas expulsa da participação na vida social. Sobre este não rem membros de algum específico. precisamos dizer nada,grupo assista à televisão, ao jornalismo policial e tire su-
também pelo modo de vestir, atividades culturais, entre outras questões. Há, ainda, a mídia atuando como o grande monstro opressor, talvez a principal máquina de matar subjetividades. Por este mecanismo, é mantida uma imagem altamente pejorativa do negro. Há uma intencionalidade na forma como as notícias e informações são veiculadas, e, até mesmo quando não são veiculadas.. Se você é negro, está sujeito a ser parado e abordado pela polícia a todo momento e, caso transite por bairros de classe média, as chances aumentam, em regiões de classe alta é 100% certo que você será abordado pela polícia. Mesmo assim, mesmo sabendo que a consciência negra deve ser despertada em toda a sociedade, sem dúvida, ela deve acontecer primeiro em todo negro e negra brasileiros.
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Onde está a diferença? 20 DE NOVEMBRO Dia da Consciência Negra: visibilidade à negritude brasileira Rafaella Dotta De Belo Horizonte Na opinião de Estela Casimiro de Abreu, que é negra, trabalha como pipoqueira e tem 54 anos, a situação dos negros melhorou no país. Para fazer a comparação, Estela relembra os seus 13 anos: “A gente tinha que ser melhor que todo mundo pra conseguir estudar”. Hoje, seu filho faz faculdade de direito e dona Estela afirma que o acesso aos estudos tem melhorado a posição do negro no país. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre a situação dos negros na década de 2000 a 2010 confirma a opinião de Estela, apontando que
o acesso dos negros às políticas públicas do governo aumentou. Porém, o quadro geral ainda é de desigualdade entre brancos e negros. O estudo constatou que o Sistema Único de Saúde (SUS) deixa mais negros sem atendimento do que brancos: 27% de pretos e pardos pediram consulta, mas não foram atendidos, contra 14% dos brancos. Isso acontece porque grande porcentagem de brancos não dependem unicamente do SUS, pois utilizam hospitais particulares. Para Gildázio Santos, integrante do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais, o não recebimento de condições básicas de sobrevivência
também pode ser considerado uma forma de violência. “Ficar sem política pública é a mãe das violações dos direitos humanos”, afirma. O estudo da UFRJ demonstra que na garantia dos direitos humanos, a desigualdade racial persiste. Enquanto os brancos têm uma média de oito anos de estudo, os negros tem 6,3 anos. Enquanto foram assassinados 30 mil brancos em 2008, o número de negros foi 60 mil. Dos moradores de favelas, 66% são negros. A falta de condições básicas como educação, saúde e acesso à cultura gera a desigualdade nos empregos, salários e aquisição de bens, entre outros. Enquanto a média de salário de uma negra é de R$ 430, de um branca é de R$ 790.
20 de novembro: afirmação da Cultura Negra O dia 20 de novembro foi eleito pelo movimento negro como o dia da Consciência Negra. Dia também de lembrança da morte de Zumbi dos Palmares, grande líder dos africanos escravizados no Brasil. Neste ano, 1.024 cidades, entra elas, Belo Horizonte, aderiram ao feriado, que é facultativo na maioria dos estados. Para Zaika, uma artista negra, esse é um dia para afirmar a identidade negra e dizer ‘não’ ao preconceito. “É preciso subverter o preconceito e isso pode ser feito através de diversas formas: assumir o seu cabelo negro, a roupa”, afirma.
Retrato da desigualdade Cargos mais altos em empresas
Brancos 93,3%
Negros 5,3%
Quem mora nas favelas
Brancos 33%
Média de salários
Homem branco: R$1.270 Homem negro: R$640 Mulher negra: R$430 Mulher branca: R$790
Trabalhadoras domésticas com carteira assinada
Taxa de desemprego
Brancos 14,5% Negros 18,6% Opinião das ruas
Negros 66,1%
Domicílios sem geladeira Brancos 30,5%
Brancos 19%
Negros 47%
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa foi realizada por: Ipea, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e IBGE. Dados de 2008. Para formar a classificação de negros, o IBGE soma a população preta à população parda.
Negros 25,2%
Número de assassinatos em um ano “A gente recebe o feriado da Consciência Negra com o maior prazer. Um dia pra passar a cultura da nossa raça, ensinar pra quem está vindo, entendeu?”
Brancos 30 mil
Negros 60 mil
Estela Casimiro de Abreu, pipoqueira, 54 anos.
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Reforma eleitoral não muda sistema político DEMOCRACIA Temas como abuso do poder econômico e personificação da política não foram tocados Valter Campanato / Agência Brasil
Guilherme Almeida De São Paulo
Um grupo de trabalho coordenado pelo deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) foi criado para discutir mudanças no sistema eleitoral, no início de julho. Nessa época, as mobilizações de junho levaram a presidenta Dilma Rousseff a propor a convocação de um plebiscito para a realização de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para a Reforma Política. A maioria dos partidos do Congresso, especialmente o PMDB, se opôs à proposta da presidenta. O presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves (PMDB -RN) criou um grupo com representantes de 11 partidos para fazer uma proposta da própria Casa e bloquear a Constituinte. “Foi um movimento marcado
para retardar a reforma política e evitar que o plebiscito ganhasse corpo”, avalia o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), que foi relator da Comissão Especial da Reforma Política e autor de um projeto de lei com mudanças no sistema eleitoral. O grupo entregou, no dia 5 de novembro, ao presidente da Câmara o texto com as propostas para a reforma política. Mudanças como fim do voto obrigatório e reeleição para cargos do Executivo foram propostas. Ainda há um caminho longo até a concretização de alguma reforma, porque o texto terá que tramitar em comissões e ser aprovado na Câmara e no Senado. Com isso, a previsão é que entre em vigor em 2016. Fontana, que estudou o sistema eleitoral para construir a proposta, critica o trabalho do grupo
Ainda há um caminho longo até que alguma reforma se concretize, pois texto vai precisa ser aprovado na Câmara e no Senado.
criado pelo presidente da Câmara. Para ele, temas como abuso do poder econômico nos processos eleitorais e a personificação da política não foram tocados. “As propostas do grupo incentivam a doação oculta, porque colocam a cargo dos partidos di-
recionar o dinheiro de empresas”, diz Fontana, que defende o fim do financiamento privado de campanha. Ele critica também a manutenção do voto direto e nominal nas eleições de parlamentares, que reduz a importância dos partidos.
“Parlamentares não querem mudar o sistema político”, afirma especialista “A maioria no parlamento não tem interesse em mudar as regras que os colocaram no poder”, afirma José Antônio Moroni, da coordenação da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política, que articula desde 2003 organizações da sociedade civil para elaborar propostas de mudanças. A partir dessa avaliação, 86 movimentos sociais lançam o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político nesta sexta-feira (16), em Brasília. O plebiscito terá uma única pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político Brasileiro?”. Previsto para acontecer entre 1º e 7 de setembro de 2014, as entidades pretendem realizar diversas atividades até a votação. “O plebiscito é um instrumento para lutarmos pela convocação de uma constituinte exclusiva para promover as reformas políticas, que abrirão espaço para as necessárias reformas estruturais. O Congresso não quer Constituinte nem uma reforma
política de verdade. Agora, cabe às forças populares se mobilizarem e fazerem por conta própria um plebiscito popular”, afirma o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues. Para José Antônio Moroni, a proibição do financiamento privado de campanhas eleitorais é o fator determinante na discussão. “O financiamento público exclusivo democratiza o poder”, afirma. Para ele, as propostas do grupo de trabalho coordenado por Cândido Vacarezza (PT-SP) partiu da perspectiva da manutenção do financiamento de campanhas por empresas e não apresenta nenhuma alteração estrutural. Moroni defende também a realização de plebiscitos e referendos como instrumentos de participação da população, que implica a regulamentação do artigo 14 da Constituição. “Os instrumentos da democracia direta foram incorporados pelo sistema representativo, que se tornou o poder absoluto. Os instrumento da democracia direta têm que es-
tar nas mãos da população”, afirma o especialista. Para o coordenador da plataforma, será necessária uma consulta à população para que a reforma política aumente a participação popular e solucione a crise de representatividade, apontada
como catalizadora das mobilizações de junho. “Uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana é necessária para obter mudanças concretas em estruturas de funcionamento”, conclui.
O que está em discussão
O que quer a sociedade
na Câmara
civil organizada
• doações privadas de campanha aos partidos, não mais a candidatos. • unificação das eleições a cada quatro anos, • fim da reeleição • voto facultativo • voto distrital • piso de 5% de votos apurados para o partido ter acesso ao fundo partidário • perda de mandato para quem se desfiliar voluntariamente do partido
• proibição do financiamento privado de campanhas eleitorais • realização de plebiscitos e referendos de iniciativa popular • maior transparência nas eleições e nas instituições • maior participação de mulheres, negros e camponeses nas esferas de poder • democratização dos meios de comunicação e do Poder Judiciário • realização de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para viabilizar as mudanças no sistema político
12 | mundo
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Michelle Bachelet pode voltar à presidência do Chile ELEIÇÕES No próximo domingo (17), o país escolherá seu novo presidente e renovará a Câmara dos Deputados e parte do Senado. Reprodução A ex-presidenta chilena, Michelle Bachelet, pode voltar a presidir o país. As pesquisas de opinião apontam o favoritismo da socialista, com 32% da intenção de votos. O número não a livra de um segundo turno, que possivelmente será com a candidata governista de centro-direita Evelyn Matthei, segunda colocada com 20% dos votos. Os dados são do instituto privado Ipsos, do início de novembro. As eleições no Chile acontecem no próximo domingo (17). Além da presidência, serão renovados a Câmara dos Deputados e parte do Senado. O segundo turno, se necessário, será em 5 de dezembro. Bachelet governou o Chile entre 2006 e 2010. Ela deixou o governo com índices de aprovação de quase 80%. Após deixar o cargo, a chile-
na foi diretora da ONU para as Mulheres. O apoio à Bachelet, candidata do bloco de centro-esquerda Nueva Mayoría, ultrapassa o país sul-americano. Em recente declaração, o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que “ela provou que é possível que, com firmeza, mas também com diálogos e soluções criativas o país avance no rumo da dignidade e da justiça”. A principal concorrente de Bachelet no pleito, Evelyn Matthei, é a aposta do atual governo de Sebastián Piñera. O mandatário tem baixa popularidade, cerca de 30%, e recebe críticas por seu modelo centrado na educação privada e pela falta de políticas públicas para aplacar a profunda desigualdade social do país. (da Redação)
Bachelet tem 32% das intenções de voto
Atenção servidores públicos de Belo Horizonte! Vocês têm uma importante decisão a fazer. Votação
De 18 a 22 de novembro, o Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) realizará um plebiscito para decidir, por meio do voto de sua base filiada, se o Sindicato deve participar de uma central sindical e em qual entidade se filiar. A CUT/MG reafirma o seu compromisso de estar na luta pela valorização dos servidores municipais, melhores condições de trabalho, no combate ao assédio moral, de fazer a denúncia permanente do projeto neoliberal do Prefeito Márcio Lacerda e lutar contra a criminalização das lutas sociais, entre outras frentes de lutas. Também reafirma o seu compromisso com lutas nacionais importantes como o fim do fator previdenciário, a aprovação do Piso Salarial dos Agentes Comunitários de Saúde e Agente de Combate à Endemias, redução da jornada de trabalho sem redução de salário, a regulamentação do direito de negociação coletiva no setor público, a luta contra a terceirização e todas as formas de precarização do trabalho, entre outras bandeiras. Filie-se à CUT e fortaleça ainda mais a luta da classe trabalhadora.
Filie-se a CUT! Somos fortes. Somos CUT!
NÃO
SIM
s opções:
arque uma da
ido “SIM”, m o tenha escolh
Cas
nononono
CUT
(Central Única
dores)
dos Trabalha
nononono
Onde votar?
el, Av. Afonso Além de urnas na sede do Sindib - BH / MG, tro Pena, 726 - 18º andar - Cen de trabalho. haverá urnas itinerantes por locais ao Sindibel. Podem votar os servidores filiados
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www.cutmg.org.br
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Reprodução
A novela Como ela é
Onde encontrar a felicidade?
CURSOS GRATUITOS Graças a Ação Civil Pública, ajuizada em 2000 pelo Ministério Púbico do Trabalho, após denúncias do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais Sindipetro/MG, a Petrobrás foi condenada ao pagamento de multa por descumprimento de obrigação de fazer. Dentre as determinações, está a formação e qualificação profissional da comunidade do entorno da Refinaria Gabriel Passos - Regap. O Sesi e o Senai, instituições de ensino do Sistema Fiemg, foram escolhidas para estarem à frente deste processo. Ao todo, 17 cursos serão oferecidos gratuitamente no período da manhã, tarde e noite em três cidades: Betim, Contagem e Ibirité. Confira no site: www.sindipetromg.org.br, a lista completa dos cursos e suas respectivas descrições. Divulgue!
AMIGA DA saúde
A nova novela das 19h, “Além do Horizonte” estreou há duas semanas e vai abordar uma trama cheia de suspense e segredos. A principal questão que vai girar em torno dos protagonistas é a busca pela felicidade. Tudo indica que vários personagens “desaparecidos” foram para um lugar paradisíaco, uma sociedade secreta e desconhecida em busca da plenitude e liberdade. As razões para o sumiço dessas pessoas serão descobertas durante a novela. “Até onde você iria para ser livre e ter uma vida plena e feliz?”. Essa é, enfim, a pergunta que a novela pretende discutir. Tomara que ela nos ajude a respondê-la, porque me parece bem difícil. Fiquemos de olho! Já vi pessoas que vão longe por conta de uma paixão. Atravessam oceanos, mudam de cidade, de ritmo de vida. Mudam a si mesmas. Já vi também pessoas largarem empregos estáveis para encontrar a plenitude no próprio negócio. Já vi gente que é feliz vivendo a vida em prol de uma causa ou de outras pessoas. Eu sou daqueles que entraria num avião, num barco, num ônibus ou num trem se tivesse a mínima certeza de que no destino final da viagem a felicidade estaria me esperando de braços abertos. Poderia ser por um amor, por um trabalho, por um lugar, não importa. Pois a sensação de felicidade para mim é a melhor maneira de se sentir livre. A felicidade é uma busca constante das pessoas. Parece que o comum é nos sentirmos incompletos, sempre nos falta alguma coisa. Penso que para responder a essa pergunta, um primeiro passo é saber o que nos deixa plenos e felizes. Sabendo isso, bobo daquele que não for atrás. Mesmo que para isso tenhamos que ir além... E você, o que acha? O que te deixa feliz? O que você faria para ir atrás da plenitude? Continuo esperando seu contato e sugestões no quimvela@brasildefato.com.br Até a próxima semana!
Por Joaquim Vela
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Uso anticoncepcional há quase dez anos, mas há algum tempo sinto que isso tem afetado a minha libido. O meu marido reclama muito que a nossa vida sexual piorou. O que devo fazer? A pílula realmente afeta o desejo sexual?
Uma vizinha minha apanha do marido quase todas as semanas. Já tem muitos anos que ela sofre isso, mas ela não larga ele e nem faz a denúncia na polícia. Ela fica triste o tempo todo. Não sei o que fazer. Não consigo mais ficar sem fazer nada nessa situação.
Maria Aparecida, 40 anos, professora
Anônima
Olá, Maria! O anticoncepcional hormonal (pílula ou injetável) pode sim interferir no desejo sexual. Em geral, esses remédios podem reduzir os níveis de testosterona, que é um hormônio que contribui para aumentar o desejo sexual em homens e mulheres. Mas esse efeito nem sempre acontece. Talvez seja bom experimentar outro método e avaliar se mudará sua libido; um
A violência doméstica é mais comum do que imaginamos. Em geral, os homens ameaçam as mulheres, seus filhos, sua família. Por isso elas têm medo de denunciar ou de terminar o relacionamento. Às vezes, também pode existir uma dependência econômica em relação ao agressor, que dificulta a situação. Procure conversar com ela. Saiba o que está acontecendo. É muito importante que ela
profissional de saúde poderá lhe esclarecer melhor sobre outras possibilidades. Existem outros fatores que interferem na libido da mulher, como o estresse, a sobrecarga de trabalho, conflitos com o(a) parceiro(a), contenção do desejo sexual durante o crescimento, etc. Vale a pena verificar também essas questões, elas podem estar pesando mais do que a própria pílula.
Amiga da Saúde, sou estudante, tenho 23 anos e faço exercício físico há muito tempo. De uns anos pra cá reparei que as minhas pernas estão se enchendo de varizes. Muitas mulheres na minha família também têm. O que causa varizes? Tem relação com o exercício? O que devo fazer para evitar? Mônica, 23 anos, estudante
denuncie, pois, enquanto nada é feito, o homem se sente dono da situação e mais ele agride. Ligue 180, você pode fazer a denúncia (com sigilo absoluto do denunciante), e procurar saber qual serviço buscar no caso dela.
Querida Mônica, as varizes estão relacionadas a fatores hereditários, mas não é só isso. Passar muitas horas de pé ou sentada, o sedentarismo e a gestação são outros fatores de risco para esse problema. Fazer exercícios físicos contribui para prevenir, continue fazendo. Usar meias compressoras e elevar as pernas no fim do dia também ajuda. Mas se você acha que estão aumentando, procure se consultar com um angiologista, pois é necessário saber o
que, no seu caso, pode estar acontecendo e buscar tratamento e outras maneiras de prevenção.
14 | cultura
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
Prenda seu preconceito e solte o seu cabelo Arquivo pessoal
AFRO Penteado muda a percepção das pessoas Rafaella Dotta De Belo Horizonte
Soltar os cabelos e prender o preconceito é o lema de muitos homens e mulheres que perceberam a discriminação racial na aparência. Como os negros e pardos, em sua maioria, têm cabelos enrolados, são estimulados a se parecerem cada vez mais com brancos para serem bem aceitos. Assim, o cabelo enrolado é chamado de “ruim”, enquanto o cabelo liso é “bom”. O assistente social Jair da Costa Júnior [entrevistado na página 9] lembra que esse tipo de pensamento vem dos padrões europeus, que o Brasil até hoje insiste em querer seguir. “Quando digo padrões, me refiro a uma infinidade de questões, que passam também pelo modo de Luís Cláudio Júnior Ferreira
vestir, pelas atividades culturais. O simples fato de as brasileiras desejarem tanto alisar o cabelo vem daí também, assim como a visão de que dread é coisa de gente suja, e a referência ao cabelo crespo como ‘cabelo ruim’”, critica. A cantora Zaika é uma artista negra que usa cabelos afro e propaga essa ideia. Para ela, a aceitação do cabelo afro é uma afirmação da própria essência, um reconhecimento da cultura negra. Zaika também diz que não é fácil fazer essa transformação. “Um dia você chega no trabalho com o cabelo crespo e todo mundo diz: mas que cabelo é esse? Você só usava liso... e por isso é preciso acompanhar e apoiar as meninas que passam por essa fase”, ensina. Mudando a cabeça
De cada dez pessoas que entram no salão de Marcos Santos para renovar sua escova progressiva, apenas duas continuam com essa prática. O cabeleireiro, especializado em penteados afro, explica que, durante o tratamento de cabelos enrolados, os clientes passam a conhecer seu cabelo e começam a assumir outra aparência. “Nós transformamos a concepção que a pessoa tem sobre o que o seu cabelo é”,
Dicas para o dia-a-dia do cabelo crespo* Pentear: o cabelo (seco) todos os dias, pelo menos duas vezes ao dia, principalmente antes de dormir e antes de molhar. Molhar: o cabelo pode ser molhado todos os dias, mas não precisa ser encharcado. O ideal é utilizar um borrifador.
Penteados afros + procurados 1. Trança 2. Anelado
3. Biro biro 4. Dreads
Cremes: passar no comprimento e pontas do cabelo, nunca na raiz. Cremes indicados: leave-ins, umectantes e hidratantes sem enxágue. Nunca passar condicionador sem enxaguá-lo depois. *Por Marcos Santos, cabeleireiro do Salão Magos de Beleza Afro.
afirma, orgulhoso. Tratamento
Ter cabelos crespos e bonitos não é tarefa fácil: dá trabalho, gasta tempo e dinheiro. Na comparação de preços, o tratamento para enrolados é quase quatro vezes mais caro. Enquanto o alisamento custa em média R$ 100, o tratamento para anelados sai a R$ 350. “São os cabelos das pessoas mais necessitadas e menos favorecidas e que acabam pagando mais caro”, critica o
cabeleireiro Marcos Santos. Pensando em baratear o processo, Marcos dá sugestões de cuidados diários. Para ele, o tratamento mais eficiente é buscar informações sobre como cuidar dos cabelos crespos. Ele avisa: os cuidados para cabelos lisos não devem ser aplicados ao enrolado. “Precisamos divulgar as possibilidades que não agridem o cabelo enrolado. A nossa intenção é, um dia, excluir o alisamento definitivo de dentro dos salões afro”, diz o cabeleireiro.
Programação extensa Em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, BH ganha programação especial dedicada à celebração da data. As atividades incluem atrações para a valorização da cultura afrodescendente, como exposições, palestras, shows, bate-papos, oficinas, arte urbana, peças de teatro e dança. A programação é inteiramente gratuita, e entre os destaques está a mostra “Expoesia: Poesias de Poetas Negros Brasileiros”, que expõe obras de autores negros espalhados pelo país. A exposição acontece do dia 19 a 30 deste mês no Centro Cultural Padre Eustáquio, que também disponibilizará aos visitantes sessão de contação de histórias com o tema “Histórias da Mãe África para contar encantar”. O Funk e o Rap, gêneros musicais que nasceram nas periferias das grandes cidades e atuam na contestação
do preconceito racial e social, também estarão presentes na programação. O Centro Cultural Alto Vera Cruz realizará, do dia 29 de novembro a 7 de dezembro, a Semana Hip Hop, com apresentações de MC’s que representam a cena independente da região. A curadoria do evento fica por conta dos grupos Rapper Blitz e Coletivo Trem Loko. Com classificação etária livre, a capoeira será ensinada em uma das oficinas do projeto. Todos que se interessarem em aprender um pouco sobre a atividade, trazida ao Brasil a partir do tráfico de escravos africanos, pode participar das aulas, que acontecerão todas as quartas, sextas e sábados no Galpão no Centro Cultural Lagoa do Nado. Para conferir toda a programação do evento, acesse o site Catraca Livre catracalivre.com.br/bh.
Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
AGENDA DO FIM DE SEMANA PRAIA
é tudo de graça! ARTES MANUAIS
Praia da Estação, em comemoração aos 21 dias do Espaço Comum Luiz Estrela. Sábado (16), às 13h, na Praça da Estação.
INFANTIL
CAPOEIRA
Segunda a quinta-feira LITERATURA
COMUNICAÇÃO O projeto Sempre Um Papo recebe o escritor Paulo Scott para debate e lançamento do livro Ithaca Road. Segunda (18), às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537 - Centro).
Oficina de artes manuais, com o objetivo de desenvolver arte a partir da ressignificação de materiais recicláveis. Sexta (15), de 9h às 14h, no Centro Cultural Jardim Guanabara (Rua João Álvares Cabral, 277, Floramar). MÚSICA
cultura | 15
DANÇA
EXPOSIÇÃO
O “Festival Imagem Comunitária e Transformação Cultural”, promovido pela Associação Imagem Comunitária (AIC), traz produções e debates sobre comunicação . Quarta (20), de 19h30 às 21h30, quinta (21) e sexta (22) de 19h às 22h, no Espaço CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa) MÚSICA
O rapper MV Bill marca presença na próxima edição do projeto “Brincando na Vila”. Sábado (16), das 9h às 13h, no Parque Jornalista Eduardo Conri (Avenida Arthur Bernardes, 86, São Bento).
Roda de Capoeira com o mestre Braçada. Sexta (15), às 14h, na Ocupação William Rosa (Av. Severino Ballesteros Rodrigues, bairro Laguna, Contagem).
Grupo Toca de Tatu apresenta o show “Radamés”, que homenageia o compositor Radamés Gnatalli. Sábado (16), às 10h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821, Padre Eustáquio).
O bailarino e coreógrafo Ivaldo Bertazzo ministra oficina gratuita sobre seu método de reeducação do movimento. Quinta (21), às 19h, no Centro Universitário UNA (Rua Aymorés, 1451, Lourdes).
3ª edição do Simbio, festival de artes visuais que propõe a abordagem de temas contemporâneos. Até dia 15/12, de terça a domingo, das 11h às 19h, no Teatro Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Mangabeiras).
na geral Diretoria do Flamengo rouba torcedor O torcedor do Flamengo que quiser apoiar o seu time na final da Copa do Brasil, no Maracanã, no próximo dia 27, vai ter que desembolsar uma bagatela. O ingresso mais barato (aquele atrás do gol) foram anunciados por R$ 250, enquanto os melhores lugares saem por R$ 800, ou seja, cinco semanas de trabalho de alguém que recebe um salário mínimo. As desculpas da diretoria são muitas: ação de cambistas, número elevado de gratuidades, meia-entrada… Não colam. Trata-se de abuso econômico, claro e cristalino. Tanto é que o Procon-RJ chamou a diretoria flamenguista para cobrar explicações. Vale lembrar que a prática não é exclusividade do Flamengo. A diretoria do Atlético Mineiro ofereceu ingressos para a final da Libertadores deste ano a preços que variavam de R$ 100 a R$ 500.
Dorival Júnior é o queridinho do Rio de Janeiro Depois da justa demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo, a diretoria do Fluminense anunciou a contratação de Dorival Júnior. Dessa maneira, o treinador araraquarense alcançou o feito de dirigir três
A cantora Selmma Carvalho lança seu disco “Minha Festa”. Quarta (20), às 19h30, no Café do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro). esporte |
dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro no ano de 2013: começou o ano no Flamengo, de onde foi demitido por não chegar a um acerto salarial com a diretoria. Logo depois, foi anunciado como técnico do Vasco, substituindo Paulo Autuori, e demitido após péssima campanha, entregando o time na zona do rebaixamento. Agora tentará salvar o Fluminense da degola. Terá dura missão: o Fluminense não vence uma partida há nove rodadas e o elenco sofre com a falta de qualidade e as contusões de seus principais jogadores, como Fred e Wagner. Esta coluna, entretanto, torce pelo rebaixamento do Fluminense, que tem na sua história a mancha de ter subido da Série C direto para a Série A, graças às maracutaias da CBF na década de 90.
Balanço do Brasileirão Com o campeão brasileiro definido, já podemos fazer algumas avaliações sobre a competição deste ano. A primeira constatação: O “eixo” Rio-São Paulo fez feio este ano na principal competição nacional. Seu único representante no G4, o Botafogo, que chegou a disputar o título na metade da competição, hoje vê a ameaça real de ficar de fora da Libertadores, substituído por Goiás ou Vitória, ou ainda por São Paulo ou
Ponte Preta, caso algum destes seja campeão da Copa Sulamericana. A zona de Rebaixamento terá um time paulista (a Ponte Preta) e provavelmente um time carioca (Fluminense ou Vasco). Outra constatação: dos times que subiram da Série B este ano, apenas o Criciúma fez cam-
panha ruim, correndo sério risco de rebaixamento, faltando cinco rodadas para o fim da competição. Entre os demais, o Atlético-PR faz campanha impecável, e o Goiás e o Vitória fizeram um segundo turno surpreendente, sendo candidatos à Libertadores em 2014.
artigo | Fernanda Costa
A composição do time da Copa A seleção brasileira de futebol terá três jogos amistosos pela frente com o objetivo de finalizar a preparação para a Copa do Mundo do Brasil em 2014. Os jogos contra as seleções de Honduras e Chile acontecerão nos dias 16 e 19 de novembro, respectivamente, nos EUA. Já o amistoso contra a seleção da África do Sul, que terá o Brasil como visitante, ocorrerá no dia 5 de março de 2014. A convocação para os dois jogos deste mês manteve a base da família Scolari, mas com algumas novidades, como Robinho e Willian, para compor o ataque, e o zagueiro Marquinhos, que joga ao lado de Tiago Silva no PSG. O goleiro Júlio César manteve sua vaga de titular no time, apesar de, atualmente, não defender o gol da equipe Queens P. Rangers.
Vale lembrar: alguns jogadores não convocados por motivos diferentes podem até perder sua vaga permanentemente. Os zagueiros Dedé, Réver e Henrique ganharam mais um concorrente à quarta vaga da defesa, que, acredito, deveria ficar com o atleticano. Já o ataque não terá Fred, por estar lesionado, nem o menino Lucas, que, infelizmente, não apresentou seu bom futebol na seleção canarinho. Entretanto, o assunto mais comentado da semana é, sem sombra de dúvidas, a decisão do atacante Diego Costa, que, acreditem, vai defender a camisa dos atuais campeões do mundo. Como disse Felipão, em sua primeira entrevista no retorno à seleção, a equipe tem obrigação de trazer o caneco e, ainda mais, jogar o futebol arte que alegra tanto quanto as vitórias.
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Belo Horizonte, de 15 a 21 de novembro de 2013
TriCampeão
OPINIÃO Cruzeiro
Um time heroico e imortal Wallace de Oliveira Depois do triunfo sobre o Botafogo, na 22ª rodada, havia dúvidas sobre quem seria o campeão brasileiro? A finalíssima contra o Grêmio confirmou para o Brasil o que os cruzeirenses já sabiam: o Cruzeiro está para seus “concorrentes” como o céu está sobre a Terra. A prova não vem apenas dos números, mas, sobretudo, do jogo envolvente que Marcelo Oliveira engendrou. No domingo (10), caiu no Mineirão outra tempestade de futebol celeste. Só mesmo o Cruzeiro para furar a barreira gremista, covarde opção de Portaluppi por tudo sacrificar para não tomar gols. Só a China Azul é capaz de tornar o Gigante da Pampulha tão pequeno para tanta festa. Só mesmo Fábio, essa mura-
lha, pode defender seguro todas as tentativas de tirar do Cruzeiro o que lhe pertence desde o início. No estádio Heriberto Hülse, Wellington Paulista fez o gol do título. Foi o gol mais cruzeirense da história do Criciúma. No Barradão, por outro lado, a Bestia Negra não teve outra de suas brilhantes partidas. Era impossível aos jogadores se concentrarem no campo, enquanto a torcida libertava seu grito de campeão. Ainda assim, a superioridade técnica garantiu a vitória sobre o aguerrido Vitória. O Mineirão é nosso, as ruas também
Fim de jogo na Bahia. Em Minas, o mesmo oceano azul que inundou o Mineirão transborda e se expande, cobrindo a Praça Sete,
a Praça da Estação, a Avenida Amazonas, a Savassi, muitas vias do centro da capital, os bairros da periferia, o interior do estado, as ondas de rádio e TV, as páginas dos jornais, a imaginação das crianças, os sonhos dos poetas. Ao lado de cruzeirenses de todas as idades, vi torcedores de outros clubes prestigiando a celebração do mais bonito futebol brasileiro do ano. O Brasil se rende ao Cruzeiro e este é só o começo. Ainda temos quatro partidas para comemorarmos o título e dizermos à PM, ao Governo do Estado e à Prefeitura que as ruas de BH são do povo brasileiro. Também falta recuperar os estádios, que nos foram roubados com as parcerias público-privadas e os preços abusivos dos ingressos.
Washington Alves