PERFIL
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Divuilgação
Minas Gerais
MC Soffia, rainha pretinha
Maioria é contra Olimpíadas
Rapper de 12 anos escreve rimas para aumentar autoestima de garotas negras. Em seu mais recente clipe, a Rapunzel não precisa de príncipe e usa dreads
Pesquisa do Ibope revela que 60% dos brasileiros acredita que jogos irão trazer prejuízos ao país
Fernando Frazão / Agência Brasil
29 de julho a 04 de agosto de 2016 • edição 146 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita
Universidade pública: alguém vai ficar de fora
Em publicação, Globo defendeu ideia de privatização do ensino superior. O argumento é que a cobrança de mensalidades seria mais justa, já que a maioria dos estudantes de universidades federais é de alta renda. Para especialistas, a medida, que não deu certo em outros países, representaria mais desigualdade e injustiça social para o país Tomaz Silva / Agência Brasil
BRASIL 04
CIDADES
Plano Diretor pode não ser votado Marcio Lacerda envia projeto que altera proposta original do novo Plano Diretor de BH e votação pode não acontecer. Tema não é consenso entre movimentos
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OPINIÃO
Imprensa “leva-e-traz” Michel Temer manda meios de comunicação avisarem que tudo o que for possível será privatizado, que direitos serão cortados até não poder mais
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Editorial | Brasil
Velhas ideias, novos sentidos
ESPAÇO dos Leitores
Algumas palavras, de tão ditas, parece que vão ficando gastas, vazias e até sem sentido. Isso vale também para ideias, conceitos e julgamentos, que vão se repetindo tanto que parece que viram verdade pela exaustão. Um exemplo: a meritocracia. É uma ideia tão antiga que parece que já nasceu pronta, mas de onde será que ela vem? Essa concepção de que é preciso merecer, trabalhar muito, estudar muito, ralar muito para ter o mínimo para viver – casa, comida, educação, saúde, respeito - está presente em todo canto.
“Concordo! Sou totalmente contra. Não tem que ter vagão exclusivo, tem é que se exigir respeito”. Marcia Nunes, comentando a matéria “Para movimentos feministas, ‘Vagão Rosa’ não é a solução para abusos”
“Absurdo... Arcaica, misógina, excludente, ridícula essa ideia! Tempos sombrios”. Renata Mirian comentando a mesma matéria
“Lula propõe uma Constituinte. Eu também!” Sálvio Penna comentando a entrevista feita ao ex-presidente Lula, “Deveríamos nos dedicar a uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política”
“Grande Sertão!” Jair Gopefi comentando a matéria “60 anos de encantamento”, que celebra aniversário do livro de Guimarães Rosa
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Algumas ideias servem apenas para reforçar desigualdades e preconceitos Outra ainda: homens e mulheres são muito diferentes para terem vivências iguais. Desde criança, para as meninas é oferecido um tipo de brincadeira, um tom de cor, um espaço. Para os meninos, outros. Algumas frases cumprem esse papel de chiclete que gruda de geração em geração: “comporte-se como uma menina” ou “ele pode, ele é homem”. Mas, em contextos como o atual, em que os clichês não dão conta da complexidade da vida e a experiência muitas vezes contradiz o senso comum, vale o exercício de olhar de perto as palavras e ideias que moldam a sociedade. Olhar para cada um desses “pensamen-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
tos-chiclete” e perguntar de onde vêm, para que servem, será que são verdade mesmo? “Repetir até ficar diferente” Poetas sabem mudar as palavras. Um deles, o sábio Manoel de Barros, escreveu: “repetir, repetir, até ficar diferente”. A meritocracia. Quem disse que o “sucesso é fruto do esforço”? Se quem mais trabalha muitas vezes não tem nem o mínimo? Talvez não seja questão de mérito, mas de nascimento. Quem já nasce com “mérito” tudo consegue. Quem não nasce rico, batalha infinitas vezes mais. Meninos e meninas têm suas especificidades e isso é bom. Mas justificar diferenças salariais, de jornada de trabalho e de responsabilidade sobre a casa e os cuidados a partir disso já é um pulo muito grande, não parece? Quem foi que disse mesmo que existe um lugar pra um e outro pra outra? Novas palavras Se podemos perguntar a origem das ideias e das palavras, podemos também criar novas e mudar o sentido de antigas. Se eles dizem crise, nós podemos devolver e dizer que essa crise é deles. Se nos mandam trabalhar mais, podemos exigir participar da decisão das coisas. Se nos retiram direitos, vamos para as ruas conquistar outros mais. Se dizem que política não é coisa de trabalhador, dizemos que não nos enganam mais com velhas palavras.
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Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Especial celebra dia das mulheres negras, latinas e caribenhas
GERAL
Frase da Semana
3 Maxwell Vilela
Estou cansada dessa impunidade, dessa onda de ódio, de gente que escreve o que quer para atacar a quem está quieto. Quero justiça!” desabafou Preta Gil. Na segunda (25), ela foi atacada em sua página do Facebook com diversas mensagens de ódio, racistas e preconceituosas. A cantora prestou queixa na Delegacia de Repressão a Crimes de Internet. Divulgação
BombouNaRede A publicação “Nós, Mujeres”, do Brasil de Fato, busca discutir as diversas faces das realidades das mulheres e, para isso, ouviu as brasileiras Jurema Werneck, Geni Guimarães, MC Soffia, Ialorixá Wand d’Oxum, Lucia Udemezue e a cubana Maria Faguana. As matérias discutem o que é ser negra na América Latina, território que segue tradições escravocratas e colonialistas. Confira: migre.me/us07A
Reprodução de vídeo
PERGUNTA DA SEMANA Entidades de todo o país se posicionaram contra o editorial publicado neste domingo (24) pelo jornal O Globo. O texto defende o fim do ensino superior gratuito no Brasil, e diz que a medida serviria como forma de “equilibrar as contas públicas”.
E você, acha que a educação superior deve ser pública ou privada?
Suplicy preso ao tentar preservar ocupação Após protestar contra a violência policial em uma ação de reintegração de posse na cidade de Educandário, Zona Oeste de São Paulo, o ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi detido por “desobediência à ordem dos oficiais” e “obstrução à Justiça”. Em entrevista ao Brasil de Fato, o político afirmou ter previsto o risco de uma ação de violência grave e, na tentativa de manter a Polícia Militar afastada, se deitou no local, sendo acompanhado por moradores da ocupação. “Vi uma senhora passando mal por causa de bomba de gás. Ela tem três crianças. Fiquei preocupado com investidas dessa natureza”, declarou. Ele foi levado para a 75ª DP, ouvido e liberado algumas horas depois.
Reprodução
“Tem que ser pública. Muitos jovens têm vontade de estudar e não conseguem porque não têm condição financeira. Além disso, acho que isso é um incentivo a mais para que as pessoas busquem uma universidade”. Gabriela Fernanda de Souza, 19 anos, modelo fotográfica
“Pra mim, educação é um bem público e todo mundo deveria ter direito a isso desde pequeno. Como o ensino não é de qualidade e a desigualdade social é muito grande, é importante manter e melhorar o acesso à universidade”. Max Michel Souza, 24 anos, estudante
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ou be d n a m
A cantora Paula Lima sofreu um ataque racista no Facebook, mas não deixou barato e decidiu denunciar o agressor por discriminação racial. A artista, que se manifestou em sua página, disse não ser a primeira vez que lidou com preconceitos do tipo na internet. “Eu não posso falar que não me atingiu e tudo bem, não. Isso é crime e vou até o final, por uma questão de respeito, de negritude, de cidadania”, comentou.
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CIDADES
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Novo projeto adia votação de Plano Diretor BELO HORIZONTE Versão atual foi aprovada há 20 anos; polêmicas marcam atualização Wallace Oliveira
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pós cinco anos sendo discutido, o novo Plano Diretor da capital pode não ser votado nesta legislatura. Na última semana, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) encaminhou à Câmara Municipal um substitutivo ao projeto de lei original (PL 1749/2015), prevendo alterações em quatro pontos. Parlamentares e movimentos acreditam que, com a mudança, são grandes as chan-
É necessário um novo Plano Diretor, que não privilegie a especulação e as grandes empresas”, afirma vereador da oposição
ces de que o Plano não seja aprovado. Com a entrada do substitutivo, o trâmite volta às comissões, o que, de acordo com os parlamentares, aumenta as chances de que o Plano não seja aprovado. Para a oposição, o projeto requer tempo de maturação e discussão, o que teria sido desconsiderado com a entrada do substitutivo na última hora. “É necessário um novo Plano Diretor, que não privilegie a especulação e as grandes empresas. O atual foi aprovado em 1996, antes do Estatuto das Cidades. Por outro lado, o projeto mexe na estrutura da cidade, causando impactos em várias áreas. Então, não pode ser votado a toque de caixa, como a Prefeitura quer, sem que possamos discuti-lo amplamente com a população”, afirma o vereador Pedro Patrus (PT). Alguns avanços O tema também não é consensual entre movimen-
Fotos: Maxwell Vilela
O problema é que, na Câmara, o projeto vira moeda de troca de vereadores neste período pré-eleitoral”, diz militante
Com o novo subistitutivo, Plano não pôde ser votado e volta às comissões
tos. Uma parte pede a aprovação urgente e ressalta os avanços que o Plano incorporou. “Em que pesem alguns pontos, a lógica geral é acabar com a flexibilização excessiva dos parâmetros construtivos, cobrar por área
construída, distribuir os efeitos positivos da estrutura urbana e minimizar os impactos negativos das construções. O problema é que, na Câmara, o projeto vira moeda de troca de vereadores neste período pré-eleitoral”,
comenta André Veloso, do Movimento Tarifa Zero. Entre os aspectos positivos, ele indica a consolidação de um sistema de vias com faixas exclusivas para ônibus, a criação de um fundo municipal para subsidiar o transporte público, limites à construção de garagens e a definição de que lotes usados como estacionamentos na área central, sem nenhuma outra atividade, sejam considerados imóveis subutilizados, sendo, portanto, passíveis de taxações.
Ocupações urbanas criticam plano original VILAS E FAVELAS Movimentos discordam da possibilidade de retirar as ocupações das zonas especiais
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m contrapartida, entidades ligadas à luta por moradia e que organizam ocupações urbanas pediram a alteração o Plano. Um dos pontos criticados foi o artigo 178 do PL original, que permitiria excluir das Zonas Especiais de Interesse Social áreas anteriormente ocupadas, mediante acordo entre moradores e proprietários e a aprovação do Conselho Municipal de Habitação. “O artigo desvirtua completamente o instrumento, que visa a garantir a não expulsão da população de baixa renda de vilas e de favelas, principalmente as bem localizadas e que têm pressão do mercado”, pu-
blicou, em nota, o movimento Brigadas Populares. Nova emenda Na segunda-feira (25), após reunião entre o MLB, o presidente da Câmara, Wellington Magalhães (PTN), e a mesa diretora, ficou acordada a apresentação de uma emenda ao Plano Diretor, reconhecendo todas as ocupações da cidade como Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). Os vereadores também prometeram apresentar projeto alterando o zoneamento das ocupações, a fim de destiná-las à moradia popular, independentemente da aprovação do Plano Diretor.
O que são planos diretores?
Vereadores prometeram a movimentos apresentar projeto para ocupações
São instrumentos básicos do planejamento, que orientam políticas de desenvolvimento e ordenamento da expansão urbana nas cidades brasileiras. Os planos diretores foram previstos no Estatuto das Cidades (Lei Federal 10.257/2001), obrigatoriamente, para municípios com mais de 20 mil habitantes ou integrantes de regiões metropolitanas, áreas de interesse turístico ou áreas sob influência de atividades com grande impacto ambiental. O Plano Diretor vigente em Belo Horizonte foi aprovado em 1996.
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Não foi por falta de aviso João Paulo Cunha
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vise à imprensa que vou cortar direitos
trabalhistas. Avise também que vou acabar com a universalidade do SUS. Não esqueça de avisar sobre a decisão de rifar o pré-sal e privatizar a Petrobras. É bom que a imprensa saiba que a universidade pública e gratuita subiu no telhado. Não esqueça de avisar a todos os veículos de comunicação que vou buscar o Michelzinho na escola. Para que todo mundo fique informado, deixe vazar que a Cultura será implodida. Aqueles arruaceiros rouanetdependentes levaram o Ministério, mas vão valer menos que uma repartição de província. Outro aviso para a imprensa: aposentadoria só depois dos 65. Melhor, depois dos 70. Para não dizer que não houve transparência, deixem claro que o Minha Casa Minha Vida agora é para os ricos. Dê um jeito de pôr a Caixa Econômica Federal na jogada. Estudante de graduação no exterior? Nem pensar. Mande avisar que o corte é pra ontem.
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Já que estamos na educação, deixe a imprensa bem informada sobre a diminuição de vagas do Fies, a extinção do Pronatec e a respeito da PEC que congela as verbas para o setor por 20 anos. Para aproveitar o gelo, coloque as verbas da saúde no mesmo saco.
Temer já disse a que veio, basta prestar atenção aos recados Já falei do Michelzinho? Buscá-lo-ei na -dendo escola em Brasília, onde está aprena escrever em várias línguas, inclusive no vernáculo, com mesóclise e tudo. Quem sabe um Ciência sem Fronteira na pré-escola? Vamos pensar. Avise à imprensa que C, L e T serão três letras mortas em breve. Aos outros países, avise que nosso chanceler não gosta da América do Sul, do Caribe e da África. E, pelo visto, nem de mulher. A imprensa já deve saber, mas é bom reforçar: movimentos sociais e protes-
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MINAS
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Opinião
tos de estudantes serão tratados nos cascos depois do impeachment. É para avisar também que vou mudar as regras da TV pública. Quero tudo muito transparente, claro, branco. Chapa branca. Não esqueça de vazar antes para a Globo. Dessa notícia eles vão gostar muito, com o ibope caindo pelas tabelas. Dê um jeito de avisar que os blogs não receberão publicidade pública. A verdade não tem preço. A mentira tem. Como o discurso da privatização agrada aos leitores da imprensa que interessa, vamos avisar que estão com os dias contados a educação pública, a segurança pública, a saúde pública, a previdência social e tudo mais que for público e social. Estamos fazendo nossa parte. O mercado depois faz a dele. Sobre as Olimpíadas, mande avisar: se der certo, é mérito meu; se for um fracasso, foi um delírio do PT. Não vamos entrar na briga de canguru e eletricista. O melhor é ficar com a segurança e mandar o general trabalhar. Pode ser treinamento necessário num futuro próximo. A imprensa precisa reforçar que há um clima de esperança no ar, que a economia está retomando seu curso, agora desviado para pagamento de juros.
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MG
Reprodução
Maltratar animais pode dar multa de até R$ 3 mil Agora, maltratar animais em Minas Gerais pode render multa de até R$ 3 mil. A lei foi sancionada pelo governador Fernando Pimentel, na quarta-feira (20), e já está valendo. A regra vale para qualquer pessoa que for flagrada ou denunciada pelo crime, que registra como violência “atos de omissão ou que atentem contra a saúde física e mental do animal”. Isso quer dizer que abandono, por exemplo, pode ser classificado como delito. A iniciativa é pioneira no estado e antiga reivindicação dos movimentos de proteção aos animais.
3 anos
Festa de aniversário do Brasil de Fato MG!
Resistência
Dia 12 de agosto
E boas notícias
Mais informações: https://goo.gl/EsnAjH
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ENTREVISTA
11 de a 17 de março deagosto 2016 de 2016 Belo Horizonte, 29 julho a 04 de
“Lei Antiterrorismo foi concebida para reprimir os movimentos sociais”, avalia jurista RETROCESSOS Beatriz Vargas, professora da UnB, afirma que nova lei é vaga e pode gerar interpretações voltadas à opressão da esquerda Tomaz Silva / Agêncai Brasil
Cristiane Sampaio De Brasília (DF)
operação da Polícia A Federal que resultou na prisão de dez pessoas
supostamente ligadas ao Estado Islâmico reacendeu o debate sobre a Lei Antiterrorismo (Lei nº 13.260). Sancionada em março deste ano pela presidenta afastada Dilma Rousseff, a legislação é criticada por movimentos populares e pesquisadores que interpretam a medida como uma ferramenta de opressão dos grupos tradicionalmente alinhados à esquerda. É o que pensa a jurista Beatriz Vargas, professora da Faculdade de Direi-
O contexto do golpe acaba propiciando mais violência policial e perseguição” to da Universidade de Brasília (UnB) e integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB. Ela conversou com o Brasil de Fato sobre a nova legislação, abordando ainda o contexto de perseguição política dos movimentos populares na atual conjuntura brasileira e o papel da academia jurídica diante do processo que levou ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Brasil de Fato - Qual a sua opinião sobre a Lei Antiter-
tortura contra preso comum, não se sensibiliza com o genocídio de jovens negros que ocorre todo dia, etc. E, mais que isso, temos hoje o contexto do golpe, que, quando vai se consolidando, acaba criando uma espécie de anomia [ausência de lei]. Acho que há uma instabilidade no contexto do golpe que acaba propiciando este tipo de resposta: mais violência policial e perseguição aos movimentos sociais, que são geralmente associados à esquerda.
Beatriz Vargas: “Não temos terrorismo no Brasil”
rorismo? Você acha que o Brasil precisava de uma legislação como essa? Beatriz Vargas - Não. Primeiro, porque nós não temos terrorismo. Segundo, porque o ordenamento penal vigente dá conta de repressão, violência à pessoa e violência ao patrimônio. Terceiro, porque acho que essa Lei Antiterrorismo acabou sendo concebida para reprimir os movimentos sociais. O texto não tem nem clareza suficiente, então, acaba que, na prática, a legislação pode ser usada para que se cometam arbitrariedades contra os movimentos. Existem alguns pontos da lei que poderiam interferir mais nas ações dos movimentos de rua durante um evento como as Olimpíadas, por exemplo? De modo geral, existem previsões na legislação que são muito fluidas, ambíguas e, portanto, abertas, podendo abrigar qualquer coisa. No meu modo de ver, uma ação terrorista visa necessariamente algum tipo de mu-
dança de poder. Não deixa de ser um crime de natureza política, e a lei não garante isso. Veja, por exemplo, que um black bloc pode ser enquadrado numa legislação dessa, o que é uma coisa absurda,
Podemos dizer que a cúpula da Justiça é mais conservadora” porque não existe na atuação dele nenhum tipo de motivação de mudança de poder, de regime. É uma manifestação que não tem essa dimensão. O que está por trás da tentativa de criminalização desses grupos? Estamos vivendo um contexto de virada à direita e há uma intenção de criminalização de qualquer ato, como se o direito penal fosse o grande moderador social. Vivemos em uma sociedade conservadora, racista, punitivista. No geral, a opinião pública aceita
Como se dá esse embate político-ideológico do ponto de vista jurídico? É possível afirmar, por exemplo, que a doutrina está mais alinhada à direita? Não sei se seria possível afirmar isso, mas o que se pode dizer é que o instrumento do direito, o instrumento jurídico existe para ser usado de todos os modos. Outra coisa é a aplicação dele, a interpretação das instituições. Chegamos num ponto em que o nosso ordenamento jurídico começou a contemplar uma série de
Não podemos voltar ao patamar pré-Constituição de 88, que era o de conquistas de direitos, porque já estávamos na fase de avanço desses direitos”
avanços do ponto de vista de legislação social, dos direitos e das liberdades individuais. Na prática, a aplicação desse instrumental pelas instituições é que tem sido insatisfatória, deficitária, e acho que essa é uma tendência da Justiça, que é sim uma instituição mais conservadora. Podemos dizer que a cúpula da Justiça é mais conservadora. Qual seria o papel da academia numa conjuntura como a atual? O professor José Geraldo [ex-reitor da UnB] me convidou para uma série de seminários sobre como fazer tese em tempos de golpe. A gente discutiu como pesquisar no direito hoje dentro deste contexto e chegamos à conclusão de que devemos utilizar a pesquisa para fazer uma verdadeira resistência ao desmonte desse edifício de direitos que a gente tem. Não posso afirmar que já chegamos a um patamar satisfatório, claro, mas estávamos construindo esse arcabouço de regras protetivas de direitos individuais e coletivos, e a sensação agora é de que isso está sob ameaça, no sentido de uma reversão. Num primeiro momento, nosso papel é fazer a denúncia disso, resistir. Isso significa fazer pressão e fornecer aos quadros políticos e legislativos os elementos, dados e informações reais para que se possa compor a política de resistência. Não podemos voltar ao patamar pré-Constituição de 88, que era o de conquistas de direitos, porque já estávamos na fase de avanço desses direitos.
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Acompanhando Na edição 143...
Foto da semana
OPINIÃO
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
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José Eduardo Bernardes
Oito meses de destruição ...E agora BHP paga apenas metade de valor prometido O grupo BHP Billiton, um dos responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão, anunciou na quinta-feira (28) que irá disponibilizar de 1,1 a 1,3 bilhão de dólares para sanar os custos da recuperação. O valor, no entanto, representa apenas metade do que a mineradora, que é a maior do mundo, se comprometeu a pagar para enfrentar os impactos diretos gerados pelo incidente. Em nota, o diretor executivo da empresa, Andrew Mackenzie, disse acreditar que a ação “demonstra o apoio da instituição à recuperação a longo prazo das comunidades afetadas”. Na edição 142... Nova lei garante vagas em creches para filhos de mulheres vítimas de violência ...E agora Mulheres em situação de violência poderão receber apoio financeiro Foi sancionada na quarta (27) lei que autoriza o Estado de Minas Gerais a repassar recursos às mulheres que sofrem violência doméstica. A nova legislação prevê o auxílio-moradia, criado para garantir o custeio de despesas básicas necessárias em caso de lar temporário, e também a distribuição de verba para vítimas que dependem do companheiro para se sustentar. A regra já está em vigor e a maneira como o benefício será repassado será estudada pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac).
DIRETO DO CAMPO Mais de 58 mil pessoas passaram pelo Festival Nacional de Artes e Cultura da Reforma Agrária, que aconteceu de 20 a 24 de julho, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte. Foram 160 toneladas de alimentos comercializados, entre pratos típicos, produtos industrializados e in natura. O agricultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Robson dos Santos Almeida (foto), de Sergipe, vendeu mamão, coco, feijão de corda, cará, abóbora, laranja, tangerina e até caranguejo.
Roberto Malvezzi, Gogó
Maria Luisa Mendonça
Golpe = Poder
Impeachment é teatro do absurdo
Golpe é conquista do poder. Nem mais, nem menos. Uma vez no poder, nenhum golpista está afim de abandoná-lo. A luta permanente é por sua manutenção. De que adianta Dilma voltar se os derrotados mais uma vez não se conformarem com a derrota? Aceitar a derrota é o pilar número um da democracia eleitoral que, se não for respeitado, não há ordem que se estabeleça. Se o golpe for consumado, as piores consequências virão depois do desfecho, em agosto. Uma vez empoderados, vão dirigir todas suas foices sobre os direitos dos trabalhadores, alguns já sinalizados: mudanças na aposentadoria dos rurais; idade igual para aposentadoria de homens e mulheres aos 70 anos; redução nos direitos previdenciários dos professores; ataque à saúde pública; à educação pública; à política do salário mínimo, inclusive a desvinculação do mínimo como piso da previdência. Temer quer jornada diária Pior virá após desfecho em agosto de 12 horas, como nos tempos da revolução industrial. Estamos regredindo aos séculos XVII e XVIII? O rombo fiscal já foi ampliado de 97 bilhões de reais (Dilma) para 170 bilhões (Temer). Segundo a insuspeita Kátia Abreu, 50 bilhões apenas para bancar o golpe. Mas, não é só na dimensão social que as perspectivas são abissais, mas também na estratégia global de retorno à dependência dos Estados Unidos e de privatização do pouco que restou. A verdade é que o quadro político brasileiro é o mesmo do século XX. A velha política agoniza, mas a nova não nasceu. Novos paradigmas só podem ser vistos em iniciativas populares. Mas esses são quase invisíveis. Roberto Malvezzi (Gogó) é do Conselho Pastoral dos Pescadores e da Comissão Pastoral da Terra, músico, filósofo e teólogo.
“Quando um processo que não é justo é conduzido por interesses inconfessáveis, mas que todo mundo mais ou menos já sabe, então se cria uma espécie de capa de cinismo que encobre os processos sociais legítimos da política”. Essa observação, da psicanalista Maria Rita Kehl, resume o contexto no qual presenciamos o impeachment da presidenta Dilma. Desde o início, estava claro que a acusação declarada contra Dilma, que seria baseada nas “pedaladas fiscais”, servia somente como uma “capa de cinismo” para barrar as investigações de corrupção e implantar uma agenda conservadora que tem sido rejeitada pela maioria da sociedade Impeachment nas eleições presidenciais desé cinismo de 2002. Estava claro, portanto, que se tratava de um golpe parlamentar contra uma presidente eleita e reeleita. Esse teatro conta com cenas tão patéticas que pode ser descrito como surreal. Começou com a votação na Câmara dos Deputados, e depois no Senado. Basicamente, o que se caracterizou como “pedalada fiscal” representa um tipo de mecanismo financeiro utilizado não somente no Brasil. No caso específico da acusação contra Dilma, como mostrou o Ministério Público Federal, as operações foram feitas para subsidiar empréstimos a taxas de juros menores. Esse tipo de manipulação não seria possível sem o apoio da mídia corporativa. As cenas patéticas continuaram, com a queda de três ministros de Temer e as gravações que revelaram a conspiração desses políticos contra Dilma. Tudo isso sob a “capa” de silêncio do Supremo Tribunal Federal. Não precisamos ir muito longe para compreender as consequências da quebra das regras fundamentais em uma democracia. A memória do golpe de 1964, que instalou uma ditadura no Brasil, ainda deixa marcas profundas na sociedade. Maria Luisa Mendonça é doutora em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
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BRASIL
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
José Serra diz que alta participação de mulheres na política ‘é perigo’ SEM NOÇÃO Piada machista foi feita durante pronunciamento conjunto com chanceler mexicana José Cruz / Agência Brasil
Da redação
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m visita oficial ao México, o ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), fez uma piada machista durante um pronunciamento conjunto com a chanceler mexicana, Claudia Ruiz Massieu, na segunda (25). “Devo dizer, cara ministra, que o México, para os políticos homens no Brasil, é um perigo porque descobri que aqui metade das senadoras são mulheres”, disse, tentando ser engraçado. Serra também reiterou o
Há 12 mulheres no Senado e 52 deputadas do total de 513 cadeiras na Câmara dos Deputados no Brasil Ministro interino fez troça sobre participação das mulheres na política
convite à ministra para visitar o Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos. “Quero muito que a senhora vá ao
Brasil, mas isso representará um perigo, porque a senhora vai chamar atenção para o assunto”, seguiu.
Atualmente, há 12 mulheres em um total de 81 cadeiras no Senado e 52 deputadas do total de 513 cadeiras na Câmara dos Deputados no Brasil. No
Fique ligado no Programa Outras Palavras!
México, são 47 mulheres do total de 128 congressistas no Senado, representando, portanto 36,71% — algo distante da metade considerada “um perigo” por José Serra. Reincidente Em dezembro de 2015, quando era senador, Serra disse à ex-ministra Kátia Abreu que ela tinha “fama de ser muito namoradeira”. Ela reagiu jogando uma taça de vinho no senador e declarou que achou o comentário “infeliz, desrespeitoso, arrogante e machista”.
Educação! em /as es
z dos Trabal A vo had or
O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), está sendo veiculado em novo horário na TV Band Minas (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Esse programa também é exibido nas TVs Band Triângulo e Candidés.
Todos os sábados, na TV Band Minas
18h50
às
19h20
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Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Globo sugere ao governo privatizar universidades públicas DIREITOS Ministro da Educação já havia sinalizado apoio para cobrança de mensalidade em cursos de pós-graduação
Assecom / Unilab
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
D
ona da maior fortuna do país e uma das maiores do mundo, avaliada pela revista Forbes em mais de 37 bilhões de dólares, a família Marinho, proprietária das Organizações Globo, sugeriu ao governo interino de Michel Temer a privatização completa do ensino superior no Brasil, com a cobrança de mensalidades. A proposta foi apresentada em editorial do jornal O Globo, publicado no último fim de semana. O principal argumento do jornal é de que os governos perderam a capacidade de financiamento das universidades públicas e que a cobrança seria justa, pois a maioria dos que acessam o ensino superior gratuito são de alta renda. Aos mais pobres, seriam garantidas bolsas de estudo, de acordo com a proposta do jornal. A privatização do ensino superior já recebeu sinalização positiva do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM). Ele afirmou, no mês passado, que apoiará a cobrança de mensalidades em cursos de extensão e de pósgraduação em universidades públicas, caso as instituições assim desejem. A ideia de que privatizar o acesso ao ensino seria a solução para o setor é amplamente rebatida por especialistas, entidades da sociedade civil e parlamentares. Em artigo, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) classificou de “grande mentira” a proposta. “A experiência internacional mostra que esse modelo [de privatização das universidades] é um fracasso e só produz mais desigual-
“Mais acesso à universidade só será feito com forte investimento estatal”, diz especialista
dade, mais injustiça social, mais exclusão”. A proposta de privatização do ensino também colide com o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado
Privatização só produz mais desigualdade e injustiça social” há pouco tempo, e que prevê a necessidade de pelo menos mais 2 milhões de matrículas nas universidades públicas para os próximos dez anos. Acesso restrito A taxa de acesso ao ensino superior no Brasil ainda é vergonhosa. Apenas 17% da população com idade entre 18 e 24 anos está cursando graduação, deixando o Brasil atrás de países com economia muito menores, como Paraguai e Bolívia. O PNE estipula a necessidade de expandir esse percentual para 33% até 2026, ainda um número baixo, mas que seria um grande avanço para um país com tanta desigualdade de oportunidades.
Representante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara concorda que existe uma grave injustiça entre ricos e pobres no acesso à universidade, mas rejeita a privatização do setor. “Mais acesso à universidade só será feito por meio de um forte investimento estatal. Não dá para confiar no setor privado, até porque, hoje, a maior parte das instituições privadas são controladas pelo mercado financeiro, com finalidade de lucro e baixa qualidade, salvo raras exceções”.
Apenas 17% da população entre 18 e 24 anos está na faculdade no Brasil Mundo na direção contrária A tendência mundial tem sido a de estatizar o ensino superior. É o caso do Chile, que depois de protestos de estudantes contra as altas mensalidades, começou a rever o modelo priva-
do. A Alemanha, recentemente, aboliu a cobrança de matrículas em suas faculdades. “A privatização do ensi-
Aumentar imposto sobre a renda dos ricos seria mais justo, propõe exministro no vai provocar ainda maior endividamento da população pobre”, critica Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Tributação progressiva Para Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e professor de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), a raiz do problema está na cobrança injusta dos impostos no Brasil, em que o pobre paga mais que o rico, em termos proporcionais. “Cobrar anuidade dos alunos com mais dinheiro parece justo, mas penso que seria bem melhor aumentar o imposto de renda das pessoas que ganham mais dinheiro”, propõe o acadêmico.
BRASIL
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Fatos em foco Frente Povo Sem Medo realiza ato contra Temer Movimentos que compõem a Frente Povo Sem Medo vão às ruas no domingo (31) contra o governo interino de Michel Temer. Dentre as reivindicações, estão a taxação de grandes fortunas, a realização de uma auditoria da dívida pública do país, a democratização dos meios de comunicação e a desmilitarização da polícia. A Frente ainda critica a reforma da previdência e a privatização do pré-sal. Há confirmações de atos em oito estados, além de mobilizações em Lisboa, Portugal.
Frente Brasil Popular convoca ato pela democracia no Rio de Janeiro Uma manifestação nacional contra o governo ilegítimo de Michel Temer está agendada para o dia 5 agosto, no Rio de Janeiro. Nesse dia, será realizada na capital carioca a abertura dos jogos olímpicos. Organizada pela Frente Brasil Popular, o ato é em defesa da democracia e contra a retirada de direitos da classe trabalhadora. A expectativa é que participem caravanas de todos os estados.
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MUNDO
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Golpe provocará explosões sociais na América Latina, diz Dilma CONJUNTURA Presidenta afastada comenta que caracteristica de golpe mudou na região
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m entrevista concedida ao jornal mexicano La Jornada, a presidenta brasileira afastada, Dilma Rousseff, questionou a política exterior do governo interino comandado por Michel Temer. “Considero importante estudar as raízes desta nova forma de golpe que ocorre na América Latina. O primeiro passo que vemos são as elites formando alianças amplas para derrubar os governos populares, a fim de impedir que continuem com seus programas sociais e de impulso ao desenvolvimento”, disse. A chefe de Estado afastada ressaltou que o padrão de golpe aplicado a governos progressistas na região mudou. Segundo ela, já não se assemelha ao que ocorreu nos anos 1960-70, com o apoio dos militares. Questionada se poderia imaginar que após o golpe parlamentar que destituiu o ex-presidente Fernando Lugo
Roberto Stuckert Filho / PR
em 2012 ela seria a próxima vítima desse tipo de ação, Dilma foi taxativa: “jamais imaginei. Não acreditava que no Brasil a cláusula democrática estabelecida dentro do Mercosul e da Unasul seria violada”. Para Dilma, “esses processos golpistas podem trazer consequências imprevisíveis” e pontua que “quem está apostando nesses golpes
Você pode esconder as coisas, mas no fim um golpe é um golpe. Ninguém pode acreditar que alguém dê um golpe e tudo siga como estava”
na América Latina corre o risco de causar uma desestabilização profunda” e não descarta o risco de uma explosão social na região: “esses processos golpistas podem trazer consequências imprevisíveis. E parece que nem os próprios golpistas sabem o que poderá ser desencadeado no futuro. Lamentavelmente o preço a pagar será muito alto”. “Você pode esconder as coisas, mas no fim, um golpe é um golpe. Ninguém pode
acreditar que alguém dê um golpe e tudo siga como estava”, ressaltou. Questionada sobre uma possível participação dos Estados Unidos no processo de impeachment, ela considera que “nesses golpes não existem essas interferências externas tão claras como nos golpes militares. Agora são as próprias forças internas as grandes responsáveis. As elites dos nossos países não precisam dos Estados Unidos”.
Hillary Clinton é primeira mulher a concorrer à Presidência dos EUA por partido grande ELEIÇÕES Além de Hillary, Jill Stein também concorre ao cargo pelo Partido Verde José Romildo Agência Brasil A ex-secretária de Estado Hillary Clinton passou a ser, na terça-feira (26), a primeira mulher candidata à Presidência dos Estados Unidos por um grande partido. A oficialização da candidatura de Hillary foi feita no segundo dia da convenção nacional do Partido Democrata, no Centro Well Fargo, em Filadélfia, estado da Pensilvânia. Ao longo da campanha, Hillary Clinton obteve o
Reprodução
apoio de 2.807 candidatos e foi com esse número que ela chegou à convenção como favorita, sendo inclusive apoiada pelo seu principal rival Bernie Sanders. Mas, durante a convenção, esse apoio chegou a ser questionado depois que um setor do partido, que apoia Bernie Sanders, ameaçou desafiá-la. Além de Hillary, a médica e ativista Jill Stein também concorre ao cargo de presidência estadunidense pelo Partido Verde.
Fatos em foco Aplicativo homenageia Fidel Castro Uma universidade de Cuba desenvolveu um aplicativo de celular para homenagear o ex-presidente e um dos líderes da Revolução Cubana, Fidel Castro, que completará 90 anos no dia 13 de agosto. A ferramenta se chama “Fidel Entre Nosotros” (“Fidel Entre Nós”). Segundo o Granma, o aplicativo traz discursos e textos de Fidel, assim como imagens, vídeos, áudios e uma biografia do líder revolucionário.
Mulheres realizam “mamaço” na Argentina As principais praças da Argentina foram cenário de um protesto massivo, no último domingo (24), pelo direito de as mulheres alimentarem seus filhos em qualquer lugar e momento que seja necessário. Milhares de mulheres com seus bebês protagonizaram um “mamaço” para defender a amamentação como um direito fundamental. A convocatória foi feita logo após o jornal El Argentino Zona Norte ter denunciado, no dia 15 de julho, que uma mulher de 22 anos esteve a ponto de ser detida pela polícia por estar amamentando seu filho em uma praça do município de San Isidro, na Grande Buenos Aires.
Belo Horizonte, 25 deafevereiro de 2016 Belo Horizonte, 2919 dea julho 04 de agosto de 2016
PERFIL
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MC Soffia, a menina das rimas afiadas ARTE Cantora de hip hop e ativista da igualdade racial, menina de 12 anos recriou uma Rapunzel, empoderada e sem príncipe Divulgação
Juliana Gonçalves De São Paulo Era uma vez uma menina pretinha que descobriu que tinha o dom de rimar. Mas rimar não é fácil e ela quis fazer música que deixasse outras crianças felizes. Para isso, precisou mergulhar na sua história e estudar quem foram seus ancestrais. Conheceu Dandara, guerreira que liderou o quilombo de Palmares ao lado de Zumbi, e leu Carolina de Jesus, autora que escreveu sobre a população negra da favela. Essa menina pretinha se chama Soffia, tem 12 anos e canta hip hop. Como to-
MC Soffia manda recado para outras meninas negras: “Conheçam sua história”
da criança, vai à escola, gosta de estudar e de brincar, principalmente com as bonecas negras costuradas pela avó materna Lucia Makena – nome queniano que significa “a feliz”.
“Faço música de força e resistência. Quero ajudar as meninas negras para que elas se amem e se aceitem como são’’, afirma. Recentemente, Soffia lançou o clipe da música “Mi-
nha Rapunzel de Dread”. “Essa Rapunzel é africana da Etiópia e não precisa do príncipe para se salvar, é empoderada e não tem inimigas’’, fala a MC que se divertiu muito na gravação do vídeo. Luta Para Soffia, o dia 25 de julho - data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latina e Caribenha e o Dia Nacional da Mulher Negra, é dia de luta. ‘’Mais crianças deveriam saber sobre esse dia, as escolas tinham que falar mais, porque é importante não só para as mulheres, mas para as meninas negras também’’. Para as meninas pretinhas, Soffia manda o recado:
“Conheçam a sua história. As famílias dessas crianças precisam escutar o que elas têm a dizer’’. Futuro Soffia está entre os nomes confirmados para a abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro, ao lado de nomes como Elza Soares e Ludmilla. Neste ano, quer ainda gravar seu CD e no futuro sonha em ser médica cardiologista. Mas na história de MC Soffia, ela pode ser o que quiser.
Confira o vídeo da entrevista em: migre.me/usrHb
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Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Amiga da Saúde Minha avó sempre diz que tem que usar faixa e um pouquinho de azeite pra curar o umbigo dos bebês. Outro dia ouvi no posto de saúde que isso é errado. É mesmo?
Vitória Batista, 20 anos, atendente.
Cara Vitória, antigamente essa era uma prática comum. Entretanto, hoje sabemos que ela aumenta o risco de infecções e morte do recém-nascido. Isso porque o óleo e a faixa criam um ambiente úmido e quente, propício ao crescimento de bactérias. O ideal é utilizar somente álcool a 70% (ou álcool absoluto) para a limpeza do umbigo. O coto umbilical deve permanecer o mais seco possível. Até ele
cair, deve-se colocar pouca água na banheira para evitar molhar muito. Se molhar, secar com uma gaze estéril. Terminada a limpeza, não há necessidade de cobrir o umbigo com nada, basta deixá -lo pra fora da fralda. Depois que o coto cair, pode lavar o umbigo com água e sabão durante o banho e deve-se continuar limpando com álcool por mais 10 dias.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
Nossos Direitos Cuidado com as falsas cooperativas O trabalhador(a) deve tomar muito cuidado com as falsas cooperativas, as conhecidas “coopergatos”, que contratam sem qualquer garantia dos direitos trabalhistas. Conforme disposto no artigo 2º da lei 12.690/2012, uma cooperativa é um empreendimento no qual todos são “sócios” e dividem o ganho igualmente. Já as falsas cooperativas funcionam como uma empresa de intermediação de mão de obra, na qual os tra-
balhadores apenas cumprem ordens, são levados a trabalhar em outras empresas, recebem pagamentos mensais fixos, não participam das decisões da cooperativa. Fique atento, se você está em dúvida sobre a legalidade da cooperativa a que aderiu ou quer aderir, procure o sindicato da sua categoria, ou um advogado(a) ou a Delegacia Regional do Trabalho. Carlos Duarte é Advogado Trabalhista e previdenciário
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NOVOS ENCONTROS O GOVERNO DE MINAS GERAIS ABRE CAMINHOS PARA LEVAR A CIDADANIA PARA O CAMPO.
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� 14 ENTIDADES E ÓRGÃOS PÚBLICOS ENVOLVIDOS
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� PREVISÃO DE R$ 1,3 BILHÃO INVESTIDOS ATÉ 2018
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O Governo de Minas Gerais está plantando sementes para promover a cidadania, a participação social e o desenvolvimento territorial sustentável em regiões do campo que se encontram em situação de alta vulnerabilidade social. É o Novos Encontros. Um conjunto articulado de programas, ações e projetos voltados para valorizar a diversidade do campo, ampliar e qualificar o acesso aos serviços públicos, gerar renda e melhorar a infraestrutura rural com foco na elevação das condições de vida e de produção. Novos Encontros. Um importante passo do Governo de Minas Gerais para promover a inclusão social e produtiva, levando mais oportunidades para milhares de famílias que vivem no campo.
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www.malvados.com.br
por Alan Tygel
Dicas Mastigadas Borscht Para aquecer o inverno, uma dica da minha avó, diretamente da Romênia. Divulgação
Ingredientes • • • • • • • •
2 cenouras 1 talo de aipo 1 cebola 1,5 litro de água 1 dente de alho amassado Sal e limão a gosto 1/2 kg de beterraba 1/2 kg de tomates
MODO DE PREPARO
Lavar bem a beterraba e cozinhar com casca, junto com as cenouras, o aipo, o alho, a cebola e os tomates sem pele e sem sementes. Quando a beterraba estiver cozida, passar tudo no liquidificador com a água do cozimento. Temperar com sal e limão, e ferver na panela. Sirva quente, opcionalmente com creme de leite ou batatas cozidas.
Do leste Europeu Para o Mundo
O Borscht é uma herança cultural de países do leste Europeu, como a Rússia, Romênia, Ucrânia e Polônia. Possui muitas variações de acordo com o país, e pode ser feita com carnes, ou ser servida fria como entrada. O prato se espalhou pelo mundo através de imigrantes judeus que fugiram das perseguições antissemitas. O nome Borscht é do idioma Ídiche, falado por muitos desses imigrantes.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Além da produção agrícola, Festival da Reforma Agrária trouxe para Minas histórias de vida
Encontro internacional reúne mulheres quadrinistas na capital Divulgação
ARTE Evento teve saldo positivo e reafirmou força da cultura do campo Maxell Vilela
Raíssa Lopes
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ntre 20 e 24 de julho, mais de 58 mil pessoas passaram pela Serraria Souza Pinto e Praça da Estação, locais que receberam as atrações do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O número de visitantes evidencia apenas um pouco do sucesso do evento, que contou com apresentação de produtos da Reforma Agrária, barraquinhas de comidas típicas de várias regiões do país e shows dos músicos Chico César, Flávio Renegado, Titane, Lirinha, Aline Calixto, Xangai, entre outros.
O contato com as famílias produtoras desfaz preconceitos” Na feira, composta por cerca de 1500 trabalhadores, estavam expostos os frutos do dia a dia e trabalho de centenas de assentados e acampados que acreditam no resultado do cultivo sem agrotóxicos. Para o representante do setor de Produção do MST Milton Jornazieri, a mensagem deixada por esses quatro dias é clara: Minas Gerais aprova a questão da Reforma Agrária. A outra é de que alimentar-se é, sim, um ato político. “Cultivar a terra é um elemento cultural muito forte
Concurso de música e de literatura mostram a diversidade da produção rural
que a agricultura camponesa passa de geração para geração. E essa feira expressa um pouco do que é a relação com o território conquistado, uma expressão consistente que o agronegócio tenta nos tirar ao monopolizar as ações”, afirma. Ele explica também que é a partir do contato com as famílias e com os produtos que muitas pessoas, que não sabem a fundo os princípios do movimento, desfazem preconceitos. “O evento significou abertura de novos mercados, autoestima aos trabalhadores e proporcionou ao público conhecimento sobre os benefícios da Reforma Agrária, que a mídia tradicional mostra de forma negativa”, ressalta Milton. Muita comida, mas muita música O festival organizou, ainda, concursos de música e
literatura. Mais de 100 canções de 18 estados do Brasil foram inscritas. Vinte delas farão parte de um CD, assim como 60 das 120 poesias recitadas irão compor um livro, que será lançado ainda este ano pela editora Expressão Popular. Bruna Gavino, uma das artistas a se apresentar e selecionada para integrar o disco, classificou como “maravilhosa” a experiência de conhecer outros participantes e cantar para um “público que resiste”. A letra da canção “Em cada canto de Minas, o mesmo canto de luta”, segundo a autora, foi criada como tentativa de expressar o que é fazer parte de um movimento social organizado e não se sentir sozinha. “A cultura que existe não é só aquela pregada pela indústria. O povo produz, conta sua história de força através da música”, declara a cantora.
De 29 a 31 de julho, Belo Horizonte recebe o 2º Encontro Lady’s Comics, que tem o objetivo de valorizar a produção das mulheres quadrinistas. O evento é pioneiro na América Latina e conta com rodas de conversa sobre representatividade, comercialização de trabalhos, oficinas, painéis e intervenções permanentes. Além disso, durante os quatro dias será realizada a exposição “Chicks on Comics”, inédita no Brasil e encabeçada por nove profissionais de diferentes países, que apresentarão 20 obras aos visitantes. Quem estiver presente também terá a oportunidade de conhecer com exclusividade o QUATI (Quadrinhos, educação, traços e imaginação), projeto direcionado ao público infantil e a educadores. O Lady’s Comics acontece no Centro de Referência da Juventude (Rua Aarão Reis - Centro), das 9h às 20h, com entrada gratuita. Para mais informações, acesse o site: www.ladycomics.com.br.
Espetáculo revive trajetória de guerrilheiras Divulgação
A peça “Guerrilha - Experimento para tempos sombrios” será apresentada nos dias 29, 30 e 31 de julho no teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 - Centro). O espetáculo faz parte do projeto Off Cena, que tem o intuito de explorar a relação entre arte e política, e aborda passagens das vidas de mulheres guerrilheiras da América Latina e de outros países. Os ingressos já estão sendo vendidos, pelo valor de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). As apresentações serão realizadas na sexta e sábado, às 20h, e no domingo, às 19h.
Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
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ESPORTES
Mais da metade não apoia Olimpíadas, afirma Ibope Tomaz Silva/Agência Brasil
VocêSabia? Por decisão da CBF, nenhum jogo do Brasileirão teria recesso durante as Olimpíadas. Entretanto, a pedido da Polícia Militar, a entidade máxima do futebol brasileiro teve que adiar três jogos de Botafogo e Fluminense, que têm mando de campo no Maracanã.
Você tem críticas, sugestões, perguntas a fazer? Escreva para nós
esportemg@
brasildefato.com.br
O
Ibope Inteligência divulgou uma pesquisa que mede a aprovação dos Jogos Olímpicos pelos brasileiros, realizada entre os dias 14 e 18 em 141 municípios do Sudeste. Das 2002 pessoas entrevistadas, 60% acreditam que a Olimpíada trará mais prejuízos que benefícios ao país, embora 59% torçam pelo sucesso do evento e dos atletas brasileiros. Os pesquisadores do Ibope esperam que a avaliação melhore durante o evento, a exemplo do que aconteceu na Copa do Mundo de 2014. O relatório da pesquisa está disponível no link: migre.me/ut3Td.
Curto e Grosso
A CBF é um fracasso
Rafael Ribeiro / CBF
Wallace Oliveira
T
odo mundo sabe que o futebol Brasileiro não tem salvação nas mãos da CBF. Mas a turma do Marin e Del Nero faz questão de esfregar essa dura verdade na nossa cara diariamente. A última demonstração do fracasso da CBF é o fato de que, durante as Olimpíadas, o Campeonato Brasileiro não terá recesso. A decisão mostra um desrespeito aos outros esportes, que perdem audiência para o futebol, o descaso com o próprio futebol e indiferença com relação ao interesse dos torcedores. Clubes que cedem atletas para a Seleção ficarão
na geral
Jogos Minas Gerais
Divulgação
Terminaram as etapas regionais dos Jogos de Minas Gerais 2016, que tiveram representantes de 60 municípios, competindo em Uberaba, Itajubá, Pirapora e Ponte Nova. Houve disputas em modalidades de basquete, futsal, handebol e voleibol. Os quatro primeiros de cada modalidade se classificaram para a etapa estadual, que acontecerá em Lavras, entre os dias 2 e 11 de setembro. Shana Reis/ GERJ
Durante Olimpíadas, Brasileirão não terá recesso.
desfalcados. Algumas equipes terão que jogar em outros estádios, como o Cruzeiro, que mandará seus jogos no Independência para ceder o Mineirão para os Jogos Olímpicos. Só a Glo-
bo, detentora do monopólio da transmissão, sai ganhando, pois pode transmitir ou escolher não transmitir as Olimpíadas e o futebol brasileiro onde, quando e como quiser.
Paratletas brasileiros faturam prata em Londres No fechamento do Grand Prix do Comitê Paralímpico Internacional, dois atletas brasieliros faturaram medalhas. O alagoano Yohansson Nascimento correu nos 100m classe T47 (para atletas com amputações nos braços) e completou o percurso em 10s93, conquistando a medalha de prata. Já o paraibano Ariosvaldo Silva fez o percurso dos 100mT53 (para cadeirantes) em 14s 72 e também faturou a prata.
Arquivo pessoal
Trabalhadores acusam comitês de mortes Na quinta (28), a Federação Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), homenageou os 11 trabalhadores que morreram em acidentes das obras das Olimpíadas. Durante o evento, foi apresentada uma carta exigindo dos comitês olímpicos que assumam sua responsabilidade nessas tragédias.
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Belo Horizonte, 29 de julho a 04 de agosto de 2016
Ex-presidentes não vão à abertura das Olimpíadas
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução
Ricardo Stuckert
Como um americano, pai que perdeu o pai em ato de violência e homem negro, estou muito preocupado com as mortes de afroamericanos pelas mãos da polícia.
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elo visto, o interino Michel Temer (PMDB) será vaiado sozinho. Nenhum ex-presidente comparecerá à cerimônia de abertura dos Jogos do Rio, no dia 5 de agosto. José Sarney (PMDB) disse que se recupera de uma cirurgia no braço. Collor (PTC) afirma que nem sabia que foi convidado. Fernando Henrique passou por uma cirurgia no
coração. Lula e Dilma (PT) não querem ficar no mesmo espaço que o interino. Há sete anos, quando o Rio de Janeiro foi confirmado como cidade-sede, até a oposição brigou para subir no palanque com Lula, aproveitando-se da euforia com a notícia e da popularidade do então presidente da República.
Michael Jordan, um dos maiores jogadores de basquete da história, em repúdio à violência contra negros nos Estados Unidos.
Ganhador do Puskás pendura as chuteiras para jogar videogame Divulgação/ Fifa
Gol de placa Com o maior número de pontos (33) da história da Libertadores, após 10 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota, o Atlético Nacional de Medellín se sagrou bicampeão continental. Os colombianos superaram o Independiente del Valle por 1 a 0, na quarta-feira (27), e levantaram a taça após 27 anos.
Gol contra Demitir técnico é moda, mas os contratos entre clubes e treinadores têm que ser tão ruins para os clubes? O Cruzeiro deverá pagar até dezembro de 2017 o salário integral do técnico Paulo Bento, num total de R$ 9,5 milhões, mesmo sem tê-lo no comando.
Decacampeão Bráulio Siffert No primeiro jogo sob o comando de Enderson Moreira, contra o Flamengo, o América mostrou alguma evolução no segundo tempo, com mais organização e chances de gol. Mas o técnico insiste em peças que não estão funcionando, como Leandro Guerreiro, Alan Mineiro, Bruno Teles e Osman. Como já trabalhou em categorias de base, inclusive no
À direita, Wendell Lira com o campeão de videogame Abdulaziz Alshehri
Vencedor do prêmio de gol mais bonito do futebol mundial, o atacante Wendell Lira anunciou o fim da carreira no Vila Nova (GO). Ele quer seguir a profissão de jogador profissional de videogame testando o jogo Fifa, uma franquia de futebol da EA Sports. O talento de Lira nos jogos eletrônicos foi descoberto em janeiro, quando ele derrotou o campeão mundial, Abdulaziz Alshehri, por 6 a 1.
É Galo doido! Rogério Hilário
América, Enderson deve saber da qualidade dos garotos e tem que começar a usá-los com mais frequência. Matheuzinho destacou-se nos treinos com a seleção olímpica e, ao retornar, deveria ser testado como titular. Xavier, Makton e Messias são alguns dos que precisam ser priorizados, no lugar de atletas mais velhos, contratados no desespero.
Se os problemas com contusões ou ajustes se foram, aflora a obrigação de chegar ao G4. Acabam as desculpas do suposto fraco desempenho no campo adversário. A responsabilidade aumentou para os concorrentes e para o Galo. E, mesmo com uma vitória sobre o Santa Cruz, no Independência, o Atlético ainda estará fora dos quatro primeiros lugares,
La Bestia Negra Nádia Daian
por ter menos vitórias que o Santos. E talvez nem mude a classificação, caso Atlético-PR e Flamengo vençam. Chegar próximo ao topo está relativamente mais fácil, mas será um grande desafio brigar pelo título, mesmo com os retornos de Luan e Pratto, entre outros. A luta, para valer, começa agora. Sem euforia, com os pés no chão.
No jogo contra o Sport, eu tive a certeza de que vivemos uma maré de azar. O time atacou como nunca e perdeu como sempre. A dificuldade em fazer gols é proporcional à facilidade em entregá-los. Foi difícil digerir a derrota, não só pela situação na tabela, como também pelo volume de jogo apresentado. O Cruzeiro buscou o resultado, mas per-
deu para si mesmo, sucumbiu aos erros defensivos e ofensivos. E, quando não aparecem os resultados, cai o treinador. O ano é 2016, mas parece um replay de 2015. E Mano retorna pouco mais de sete meses após sua saída, com a missão de salvar o time novamente. Que tenha sucesso e que possamos, finalmente, enxergar belos horizontes.