OPINIÃO
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Valter Campanato / Agência Brasil
BRASIL
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Quem tem dó dos Neves?
E a saúde, como será afetada?
“Não é preciso ter compaixão com a tristeza dos Neves. Há uma determinação em tudo que fizeram.” Confira artigo sobre as reações dos irmãos às delações
Para ex-presidente da ANS, retirar dinheiro da saúde pública e fortalecer planos privados é sinônimo de retrocesso para toda a sociedade
Minas Gerais
7 a 12 de abril de 2017 • edição 178 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg
DEsmonte à vista
Governo federal não paga dívida de R$ 6 bilhões aos Correios e aumenta crise da estatal, que já demitiu funcionários e fechou agências por todo o país. Na pior fase de sua história, a empresa vive a constante ameaça de privatização
MINAS
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BRASIL
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“Faz escuro, mas eu canto: liberdade em todo canto”
Temer corta mais recursos sociais
Preparação para desfile da Luta Antimanicomial recebe composições que falam dos riscos do golpe para a saúde mentale o desmonte da Previdência. Nesta sexta (31), grande mobilização promete tomar as ruas do país contra as retiradas de direitos
A verba para combater a violência contra a mulher foi diminuída em 61%. Para especialistas, medida ameaça direitos das vítimas, como delegacias especializadas
Mídia NINJA
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Editorial | Brasil
Uma prosa rápida sobre a América Latina
ESPAÇO dos Leitores “É o desmonte explícito do Sistema Único de Saúde!” Maria Rosa Fernandes Mendes escreve sobre a matéria “Trabalhadoras dos serviços gerais do SUS estão com salários e benefícios atrasados”.
“A cada ato, você tem mais certeza de que vale a pena lutar, conhece mais pessoas incríveis e se sente mais vivo” David Sandstrom comenta fotos do ato no sábado (1), que encerrou o Congresso Extraordinário da CUT Minas e marcou os 53 anos do golpe militar no Brasil
“Temer mente, chantageia e destrói o Brasil” Kakânia comenta artigo “Os puxadinhos golpistas não merecem sequer o nome de reforma”, de João Paulo Cunha
“Recebe duas, porque uma só, geralmente salário mínimo, não dá nem para comprar pão e água. Vergonha são essas aposentadorias escandalosas de militares. Fora Temer e sua corja maldita!” Malu Marcon comenta a matéria “Quem recebe pensão e benefício também vai perder com a reforma da Previdência”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Notícias de outros países nos parece algo muito distante. Não costumamos refletir sobre a relação entre o que acontece no Brasil e o que rola mundo afora. Se a TV inventa notícias do nosso próprio país, imagina de outros países do mundo. Mas precisamos ficar atentos a América Latina, nossos vizinhos. O Equador acabou de eleger um novo presidente, Lenín Moreno, que conta com o apoio do atual pre-
do o mesmo estilo de golpe que deu certo no Paraguai e no Brasil. Tentando dar uma cara de legalidade ao que, na verdade, é um golpe de estado contra o presidente Maduro. O parlamento e parte dos empresários sabotam a economia da forma mais safada, chegando ao cúmulo de es-
Greve contra a brutalidade e a ignorância
conder comida. Por sorte, a Venezuela conta com um Judiciário que não se acovarda, nem se rende diante dos golpistas como no Brasil. Em nenhum momento o parlamento foi fechado, muito menos a pedido do executivo, exceto na mentirada que circulou na grande imprensa. Esses três países, assim como o Brasil e outros, vieram, nos últimos 10 anos, conquistando melhorias para a vida das suas populações. Com a crise econômica, o bolo deixou de crescer, e os ricos desses países não quiseram mais dividir seu pedaço com os mais pobres. O resultado disso foram golpes da direita derrubando presidentes eleitos. Nesse cenário, uma retomada brasileira é fundamental. As três últimas grandes manifestações, 8, 15 e 31 de março já deram o recado. Cruzemos os braços dia 28 de abril, data convocada pelas centrais sindicais e pela Frente Brasil Popular para uma greve geral em defesa da aposentadoria, dos direitos trabalhistas e contra as terceirizações.
sidente Rafael Correa e do povo pobre equatoriano. Foi uma vitória disputada como foram as brasileiras que elegeram Dilma Rousseff, e lá, como aqui, o candidato perdedor adotou o mesmo comportamento do Aécio Neves: inventa fraudes, contesta o resultado e tenta vencer no tapetão. No Paraguai, parte da população literalmente botou fogo no Congresso em protesto contra uma emenda que permitiria a reeleição no país. Não custa lembrar que em 2012 o país viveu um golpe parlamentar, que derrubou o presidente eleito Fernando Lugo, exatamente como ocorreu contra a Dilma, alguns anos depois, de forma aperfeiçoada. Na Venezuela, depois da morte de Hugo Chávez e da crise internacional que derrubou o preço do barril de petróleo, a direita vem tentan-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
Todas medidas de Temer são contra pobres
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
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Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
“A resistência de uma mulher em um ambiente restrito é a resistência de todas em ambiente coletivo”
O presidente golpista Michel Temer (PMDB) assumiu o governo e anunciou, já nos primeiros meses, medidas para retirar direitos dos trabalhadores. No pacote estão a PEC 55, a reforma da Previdência, a terceirização e mais.
Como essas mudanças afetam a sua vida?
Flaviana Costa de Sá, estudante
Ih... Eu sei que nessa eu vou me ferrar. Só os trabalhadores pagam a conta. Eu não gosto nem de pensar em quando vou aposentar. E essa terceirização, para mim ,é outro golpe, é picaretagem.
Júlio César Cizílio, auxiliar de contabilidade
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Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
Afeta tudo. Você vai trabalhar não sei quanto tempo para não ter nem garantia de aposentar? Se você acaba adoecendo, não pode nem tirar uma licença, tem que continuar produzindo... Não dá!
GERAL
Escreveu a Letícia Sabatella sobre a denúncia da figurinista Susllem Tonani, que afirma ter sido assediada sexualmente pelo ator José Mayer
Reprodução
#BombouNaRede Reprodução de vídeo
HUCK COMEÇA MAL O apresentador Luciano Huck está de olho na política e, no fim de março, deu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo com jeito de candidato à presidência do país. O ar pretensioso e um pouco arrogante de Huck gerou diversos memes e uma pesquisa de opinião em que o apresentador aparece como o candidato mais rejeitado: 46% declaram que não votariam no apresentador “de jeito nenhum”. Perguntado sobre suas relações políticas, Huck menciona sua amizade de 17 anos com o senador Aécio Neves, o mais recente – e frequente - delatado na Operação Lava Jato.
Mais segurança: app dispara mensagens para contatos O índice de violência à mulher, simplesmente por ela ser mulher, ainda é alto nas ruas e dentro de casa. Pensando em ajudá-las, foi criado o aplicativo Braços Dados. Como funciona? Você cadastra o número de cinco pessoas, que serão contatadas por mensagens de texto (SMS) quando você estiver em risco. O projeto pretende ajudar a evitar violências e, com os dados, elaborar um mapa de quais lugares são mais inseguros às mulheres. Para usar, basta baixar o aplicativo Braços Dados, gratuitamente.
EDIÇÃO IDEAL DE “O GLOBO” Circulou em diversos pontos da cidade de São Paulo uma edição falsa do jornal O Globo. Com manchetes como “Temer renuncia: eleições convocadas” e “Deputados federais receberão salário mínimo”. No editorial, a edição satírica de O Globo pede perdão por apoiar o impeachment de Dilma Rousseff. A brincadeira teve o objetivo de relembrar o apoio do jornal à ditadura militar, instalada em 31 de março de 1964, e o apoio ao golpe de 2016.
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CIDADES
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Grupos culturais cobram explicações sobre projetos em viadutos ESPAÇO PÚBLICO Prefeitura dá autorização a entidades civis para “administrarem” baixios de viadutos Fora do Eixo
Rafaella Dotta
A
Prefeitura de Belo Horizonte colocou para funcionar um velho plano para viadutos da cidade. Desde 2013 no “forno”, o objetivo do projeto é ceder espaços embaixo de viadutos para a construção de quadras, locais para feiras, eventos e socialização. Os espaços serão adminsitrados por entidades que ganhem o “direito real de uso”. O caso mais emblemático é o do viaduto Santa Tereza, embaixo da avenida Assis Chateaubriand, no Centro, que há pelo menos dez anos vem sendo ocupado por diversos grupos culturais, com destaque para o Duelo de MCs. O problema é que o mesmo local usado pelos rappers será agora administrado pela Central Única das Favelas (CUFA),
sem ponte de diálogo, de acordo com agentes culturais que atualmente ocupam o viaduto. “A gente não entendeu: por que a Cufa vai governar o Viaduto Santa Tereza, que não tem governo e não terá?”, questiona o grupo Real da Rua, em nota. Ludmilla Zago, pesquisadora e uma das fundadoras da organização, defende que
o viaduto já é ocupado e que o diálogo com a prefeitura sempre foi uma demanda do mo-
CUFA será nova “administradora” do Viaduto Santa Tereza, no Centro
vimento. “Há dez anos ocupamos o viaduto quase sem apoio da prefeitura. Até pouco tempo era cobrado inclusive um valor para realizar eventos ali”, indigna-se. Para Ludi, não há motivos para que prefeitura e CUFA “atropelem” as pessoas que utilizam e revitalizaram o viaduto. Segundo ela, o Real da Rua chama uma conversa entre CUFA, prefeitura e apoiadores para sexta (7). A CUFA foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição. O que muda? No caso de a Família de Rua querer realizar algum evento no viaduto, por exemplo, terá que ter uma dupla permissão: uma da CUFA, que será gestora do lugar, e outra da prefeitura, através do mecanismo comum de alvará. Isso acontece porque a Prefeitura deu
à CUFA o “direito real de uso” do viaduto, e ela passa a atuar como espécie de “administradora” do local. O plano Já são cinco baixios de viadutos cedidos a projetos sociais e culturais em BH. O viaduto Santa Tereza; o Nansen Araújo, na Lagoinha; o viaduto Ângelo Pedersoli, sobre a Via Expressa, no Prado; e o viaduto Sara Kubitscheck, sobre a avenida Olegário Maciel, Bonfim. A prefeitura continua recebendo propostas de entidades para os demais viadutos. A infraestrutura e manutenção dos locais ficam por conta de cada entidade proponente, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento de BH, e elas terão até seis meses, após o licenciamento, para estar com tudo funcionando.
Projeto de lei estadual que poderia assegurar direitos dos atingidos por barragens é adiado Divulgação
Raíssa Lopes
U
m projeto de lei (PL) que institui políticas públicas para os atingidos por barragens em Minas Gerais seria votado nessa quartafeira (5), mas, por ausência do deputado Leonídio Bol-
ças (PMDB), teve a avaliação adiada. Leonídio é presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e também relator do PL. De acordo com o Movimento dos Atingidos Por
Barragens (MAB), ele havia se comprometido com o andamento do documento na Câmara, mas teria realizado uma viagem para a Europa horas antes da votação. O projeto em questão é o de número 3.312/2016, que instaura a Política Estadual
dos Atingidos por Barragens e outros Empreendimentos (PEABE), e já tramita há mais de um ano na casa. Segundo o MAB, a PEABE conceitua os perfis de pessoas atingidas e define quais são seus direitos, além de estabelecer uma gestão conjunta para pensar um plano de desenvolvimento social e econômico de reparação de danos para empreendimentos futuros e para aqueles que já existem. Pressão Para Pablo Dias, da coordenação nacional do movimento, a postura do parlamentar cede à pressão de
grandes empresas, que não desejariam a aprovação do projeto no estado, com a justificativa de que ele travaria o desenvolvimento econômico. “Existe uma omissão por parte da ALMG e uma tentativa de segurar a legislação para beneficiar mineradoras e grandes empresários”, diz. A última vez que algo do tipo foi feito para tentar preservar direitos dos atingidos foi em 2010, no governo Lula, quando o ex-presidente assinou um decreto que estabelecia critérios de cadastros socioeconômicos para pessoas que sofrem com as barragens.
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
MINAS
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Opinião
Os irmãos Neves estão tristes João Paulo
Aécio Neves ficou indignado. Para o brasileiro, que desde a derrota do senador tucano, se acostumou com sua máscara de ódio e revanche contra o resultado das urnas, o semblante não mudou. Continua a emanar arrogância. O que mudou foi o alvo de seu destempero. Aécio agora ataca a imprensa e a justiça, que sempre o embalaram no colo. Andrea Neves ficou triste, até chorou. Para os mineiros, que se fartaram em acompanhar seu domínio sobre a mídia e seu estilo na fabricação da imagem do irmão mais novo, foi uma revelação de fragilidade que não se esperava dela. Altiva e discreta, nada é mais distante de Andréa que a fraqueza, a humildade e mesmo a exibição de sentimentos. O fato que deu origem a comportamentos tão inusitados nos dois personagens foi a reportagem da revista Veja, o mesmo suporte que tan-
tas vezes brandiram de forma ameaçadora contra adversários, ou exibiam com orgulho quando lhes incensava o ego. A publi-
Aécio ataca a imprensa e a justiça que o embalava no colo cação trouxe o vazamento de uma delação, que aponta depósitos em contas de um banco em Nova York, relativos a propina, envolvendo os manos. As consequências do episódio já são públicas e esperadas. Aécio se dissolveu como sal de frutas na água. Conseguiu ser superado até por Dória, um petiz em política e sem pedigree no partido. Mesmo em seu estado natal e terceiro endereço (depois do Leblon e Brasília), vem acompanhando um movimento contínuo e determinado de afasta-
mento de antigos aliados. Ele hoje é figura a ser evitada. O totem de papelão ficou sem serventia: ninguém o procura para tirar uma selfie. Ele encurta seu futuro político. Aécio e Andrea acreditaram um no outro. O candidato era invencível; a protetora era infalível. Aécio foi pego na armadilha criada pela manipulação da mídia a peso de publicidade oficial, ameaças a jornalistas e outras estratégias encobridoras. A blindagem tirou dele a defesa para a divergência e o debate. Ele não argumenta, ataca; não fala, vocifera; não relaciona, contracena. Andrea extirpou dele a saudável vacina do real. Não saber perder é o maior defeito de origem de um político. Não é preciso ter compaixão com a tristeza dos Neves. Há uma determinação em tudo que fizeram. Atacaram a democracia por rancor, operaram contra a economia, ajudaram a parir o ódio na sociedade, criaram instabilidade nas instituições. Suas mãos estão manchadas por um golpe contra o país.
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Oportunidade. O ponto de partida de toda mudança. É por causa dela que coisas surpreendentes acontecem. E, por acreditar nisso, o Governo do Estado de Minas Gerais criou o reINTEGRA C.A., um programa de ressocialização e qualificação profissional para detentos do Sistema Prisional mineiro. Hoje, são 60 pré-egressos do regime semiaberto trabalhando na Cidade Administrativa. Um projeto que só está começando e vai crescer junto com a vontade dessas pessoas de recomeçar a vida. Mais que a responsabilidade legal do Estado, uma preocupação com a dignidade de homens e mulheres. Acesse direitoshumanos.mg.gov.br e saiba mais.
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MINAS
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Contra retrocessos, luta antimanicomial prepara desfile do dia 18 de maio CRIAR SEM TEMER Concurso para escolha de enredo será realizado no sábado (8)
Fernando Barbosa e Silva
Raíssa Lopes
dia 18 de maio, quanO do se celebra a importância da Luta Antimanicomial no Brasil, começa a ser construído no sábado (8), com um concurso que definirá o samba enredo 2017 da Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam Tam, que comemora seus 20 anos de vida.
Com o tema “Faz escuro, mas eu canto: liberdade em todo canto”, a disputa receberá canções que abordam os recentes retrocessos sofridos nos direitos dos trabalhadores e na política nacional. Entre composições de pacientes da saúde mental, profissionais da área e familiares, a seleção será realizada das 9h às 12h, no Centro de Saúde São Pau-
lo (Rua Aiuruoca, 501 - São Paulo). Esse será o primeiro desfile realizado após o golpe de 2016. Portanto, como relata a representante do Fórum Mineiro de Saúde Mental Soraia Marcos, pretende abranger pautas que espelham os medos de quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) e de quem luta a favor do trata-
Cotas são aprovadas na pós-graduação da UFMG A partir de 2018, cursos de mestrado, mestrado profissional e doutorado da Universidade Federal de Minas Gerais terão cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência. A decisão foi tomada, por unanimidade, na terça (4), pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da instituição. Nos processos seletivos, deverão ser reservadas entre 20% e 50% das vagas disponíveis para candidatos que se autodeclararem negros. A percentagem máxima corresponde à proporção de negros na população brasileira. No caso dos indígenas e das pessoas com deficiência, os cursos de pós-graduação stricto sensu deverão criar uma vaga suplementar para cada grupo.
mento humanizado e com liberdade. “O SUS está em risco, assim como a saúde mental, que só existe por conta da universalidade e igualdade do modelo que está inserida”, declara. Ela também se preocupa com a volta da violência e dos manicômios, além da situação do orçamento da saúde depois da PEC 55, que congela por 20 anos os gastos no setor. Mais diálogo É por isso que, de acordo com Soraia, o protesto em
forma de carnaval vai tratar da reforma antimanicomial, exigindo do governo federal diálogo com os movimentos para a escolha de um coordenador de saúde. “Falta construção em conjunto. Não queremos interesses mercadológicos ou conservadores”, diz a representante. Além disso, o desfile conta, ainda, com a ala “Criar Sem Temer”, que tem o objetivo de lembrar as conquistas do povo para elaborar novas estratégias de resistência.
Choque ataca ocupação em Uberlândia REPRESSÃO Bombas de gás e balas de borracha atingiram inclusive quem não participou de protesto Reprodução MTST
so com mais de 60 anos - a reportagem entrevistou oito moradores vítimas das bombas de gás, dentro de suas residências, incluindo um cadeirante, uma jovem grávida e uma menina de menos de dois anos.
Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá*
N
o dia 31 de março, acompanhando atos em todo o Brasil, manifestantes da Ocupação do Glória, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, fecharam por meia hora a BR 050, rodovia que beira a comunidade. A manifestação foi brutalmente reprimida pela Polícia Militar. Após a rápida desocupação da estrada, realizada à bala de borracha e bombas de efeito moral, sem espaço de negociação, a PM perma-
neceu por vários minutos atirando sobre as casas do assentamento vizinho. Diversas residências foram danificadas e pessoas que sequer
estavam na manifestação sofreram as consequências da ação truculenta. Além de três feridos com bala de borracha - dois no rosto e um ido-
Ocupação Glória Havia uma pressão para a desocupação da área onde está o assentamento Glória, ocupada desde 2012 e de propriedade da Universidade Federal de Uberlândia. Mais de 16 mil pessoas vivem no local, que passa por intensas
disputas. Em fevereiro, a PM deu declarações de que estava com o efetivo pronto para efetuar o despejo das famílias. O Major Julio Cesar Cerizze Cerazo de Oliveira chegou a declarar que havia perigo de “fatalidades” em caso de confronto, e que a polícia já havia feito uma previsão de cenário com 40 mortes. O reitor da UFU, no entanto, aposta em uma “solução pacífica” para resolver a questão, a partir da Medida Provisória 759, que facilita a regularização de ocupações urbanas consolidadas, como é o caso do Glória. (Dos Jornalistas Livres)
Acompanhando
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Foto da semana
OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
Lidyane Ponciano / CUT Minas
Coutinho / SCO - STF Na ediçãoRosinei 176... “A missão da justiça criminal é conter as classes desfavorecidas”
... E agora Família de menino morto no Habib’s quer nova investigação O Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo realizou mais uma necropsia no corpo de menino de 13 anos que morreu em frente a uma loja da rede Habib’s, em São Paulo. A análise foi pedida pela família da criança, que acredita que a morte foi causada por agressão. Uma câmera mostra dois funcionários do Habib’s arrastando o jovem, já desacordado e sem roupa, para o outro lado da rua. Porém, a empresa nega a violência e se baseia em autópsia feita no início de março. Com base em novo laudo e relato de testemunhas, a família pretende reabrir o caso. Na edição 176... Atingidos cobram justiça para Mariana ... E agora Deputados listam infrações no Rio Doce A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal dos Deputados finalizou relatório sobre infrações de direitos cometidos pelo crime cometido pela empresa Samarco. Foram constatados desrespeito ao direito à informação, à participação, ao padrão digno de vida, à moradia adequada, à educação, à saúde, à cultura e às reparações dos problemas com o rompimento da barragem de Mariana, em novembro de 2015. A comissão envia o relatório aos órgãos públicos a título de recomendação.
MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA Com declamações de poemas e relatos de torturados pela ditadura militar, movimentos populares realizaram uma intervenção em frente ao antigo Departamento de Ordem e Política Social (Dops), em Belo Horizonte, no sábado (1). A manifestação marcou os 53 anos do golpe militar e também encerrou o Congresso Extraordinário da Central Única dos Trabalhadores (CUT Minas), realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nos dias 31 de março e 1º de abril.
Fagner Torres
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Eu me chamo Fagner Torres e trabalho com comunicação desde 2008. Minha última experiência ocorreu entre os anos de 2014 e 2016 como trabalhador terceirizado na Átrio Rio Service, prestadora de serviços do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Embora minha atribuição fosse Assessor de Imprensa, em minha Carteira de Trabalho fui identificado como Analista Júnior. Era apenas o início. Nos 34 meses em que permaneci contratado, recebi remuneração (salário + vale transporte + alimentação) corretamente apenas nos primeiros 24 meses de contrato. A partir daí, uma sucessão de abusos e assédios morais começaram a ocorrer comigo e com os cerca de 400 profissionais. Dez meses trabalhados sem salários e sem nenhuma justificativa. Apenas um infame ‘não temos previsão’. Recebendo, inclusive, ameaças para o caso da equipe organizar um rodízio entre os funcionários. Numa relação terceirizada, geralmente, seu contratante não ‘aparece’. Na demissão, a Átrio Rio Existiam três letras que Service pagou apedavam segurança: CLT nas o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS, de todos os demitidos. Os 40% referentes ao desligamento, as férias vencidas, o 13º salário e os seis meses atrasados estão sendo postulados na Justiça. Existiam três letras que me davam um pouco de segurança de receber meus direitos, nem que fosse no tribunal. A tal CLT. Desde dia 31/3, ela não existe mais. Com a decisão deste governo federal ilegítimo, os direitos dos trabalhadores estão sendo reduzidos a pó, juntamente com os Tribunais do Trabalho.
Conscientes de sua responsabilidade na vida pública, os cristãos devem estar presentes na formação dos consensos necessários e na oposição contra as injustiças. Visando promover o bem-estar da população brasileira, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu a Seguridade Social, destinada a garantir saúde, previdência e assistência social. Nenhuma reforma pode operar em sentido contrário, trazendo o risco de aumentar as desigualdades que historicamente já caracterizam a sociedade brasileira. Num momento de intensa crise de representatividade e de legitimidade das instituições, é contraditório e perigoso impor mudanças constitucionais. Também é preciso assegurar a transparência das informações veiculadas. É indispensável que se apresentem, com clareza, todas as fontes de financiamento e o verdadeiro destino dos recursos da Previdência e da Seguridade So- É inaceitável reforma para cial. redução de direitos A Previdência é uma das políticas sociais de maior abrangência. É arriscado analisá-la apenas sob a ótica de receitas e despesas, esquecendo-se de seu papel essencial na redistribuição de renda. A Previdência Social representa, para os cidadãos empobrecidos, a única diferença entre o desamparo e uma velhice minimamente segura. É inaceitável uma reforma que se assenta na redução dos direitos dos mais pobres, assim como é inadmissível estabelecer benefícios abaixo do salário mínimo. É contraditório o modelo que pretende reduzir os benefícios pagos sem que antes sejam cobrados os débitos dos sonegadores e reavaliadas as isenções.
Eu, jornalista terceirizado
Fagner Torres é jornalista. Leia íntegra em brasildefato.com.br
Não é esta reforma da Previdência de que o Brasil precisa
Dom Walmor Oliveira de Azevedo é Arcebispo de BH. Leia íntegra em www.arquidiocesebh.org.br
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BRASIL
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Prisão do mais importante cientista nuclear brasileiro é questionada por políticos DIREITOS HUMANOS Deputado federal Wadih Damous (PT) pede pena alternativa ou indulto ao almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva Fania Rodrigues
A
prisão e condenação do homem que colocou o Brasil entre os poucos países que dominam a tecnologia nuclear é criticada no meio político. O almirante da Marinha do Brasil e físico nuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, de 77 anos, foi condenado a 43 anos de prisão, em agosto de 2015, pelo juiz Sérgio Moro, no âmbito da operação Lava Jato. O tema voltou à tona recentemente, depois que o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) defendeu na tribuna do Congresso Nacional o indulto do almirante, por considerar que “ele tem muito mais a contribuir com o país, estando livre do que preso”. Segundo Wadih Damous, o almirante Othon estava trabalhando em um projeto revolucionário quando foi preso. “Ele estava trabalhando em um projeto científi-
feita à Lava Jato. Othon disse em depoimento que foi procurado pela Andrade Gutierrez, em 2004, para realizar um estudo que comprovasse a importância da retomada das obras da usina de Angra 3 para o sistema energético do Brasil. O contrato, que já pertencia à construtora, estava parado havia mais de 20 anos. O pagamento, segundo o almirante, seria a regio Moro recebeu formação”, muneração de seus serviços aponta Milton Temer, oficial prestados à construtora anda Marinha, cassado em 1964 tes de ser presidente da Eleno golpe militar. tronuclear. A defesa alega, ainda, que Entenda o caso a condenação de 43 anos de O almirante Othon foi acuprisão, proferida em agossado pelo Ministério Públito de 2015 pelo juiz Serco de receber R$ 4,5 milhões gio Moro, a um homem de como vantagens na construção de usina nuclear Angra 3, 77 anos de idade, é na prána época em que foi presiden- tica, uma prisão perpétua. te da Eletronuclear, de 2005 a Por ser militar, o almirante 2015. O militar foi apontado está em uma prisão da Maripelo ex-presidente da Andra- nha, localizada em Duque de de Gutierrez, Rogério Nora de Caxias, região metropolitana Sá, em uma delação premiada do Rio de Janeiro. Portal Naval
co de tubos geradores capazes de produzir eletricidade com queda d’água de apenas um metro de altura. Isso seria capaz de levar energia a milhares de brasileiros”, explica o deputado. Para o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral (PSB) o almirante é um patriota e um cientista sem comparação. “Othon é um homem absolutamente brilhante, um patriota comprometido com a ciência brasileira. Ele desenvolveu a tecnologia de centrífugas que o
Brasil tem hoje, reconhecida como a melhor tecnologia do mundo, dentro desse setor de domínio do ciclo de urânio”, afirma. “O almirante Othon foi condenado por 43 anos de prisão, acusado de receber R$ 4,5 milhões, mas os executivos da Petrobras que roubaram centos de milhões estão todos soltos. O Aécio é acusado de receber R$ 50 milhões. A prisão do almirante atende a interesses internacionais, principalmente dos EUA, onde o juiz Sér-
Temer reduz 61% da verba de combate à violência contra a mulher RETROCESSO Especialista afirma que medida ameaça funcionamento de órgãos como as delegacias especializadas EBC
Da redação
O
governo golpista de Michel Temer reduz mais recursos referentes a direitos sociais. A verba para o atendimento a mulheres em situação de violência diminuiu 61%. Em 2016, sob o governo de Dilma Rousseff, o investimento foi de R$ 42,9 milhões. O governo anuncia que investirá R$ 16,7 neste ano.
A redução influencia diretamente no número de atendimentos e na qualidade. Segundo a advogada Leila Linhares, representante do Mecanismo de Acompanhamento da Implementação da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Mesec), o Brasil deu um grande passo com a Lei Maria da Penha. Porém, sem verba, as delegacias da mulher, por
exemplo, ficam com funcionamento ameaçado. Segundo Leila, esses recursos foram responsáveis por abrir delegacias das mulheres, centros de apoio e órgãos que ajudaram a reparar e coibir a violência contra a mulher. “Esses recursos possibilitaram um avanço, mas a gente vê que a cada dia esses órgãos perdem força, e os serviços estão sendo desativados”, diz. (Com informações de RBA)
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
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Trabalhadores denunciam desmonte dos Correios GOLPE Fechamento de centenas de agências e demissão de funcionários afeta qualidade do serviço e abre caminho para a privatização da estatal Reprodução
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
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undada em 1663, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), uma das mais antigas do país, vive no governo Temer a pior fase de sua história. A direção da estatal alega um déficit acumulado de mais R$ 4 bilhões nos últimos dois anos para impor uma agenda de reestruturação, que passa pela demissão de milhares de funcionários e o fechamento de mais de mais de 250 unidades próprias em todo o país. O Plano de Demissão Voluntária (PDV) da estatal, lançado no começo deste ano, obteve a adesão de 5,5 mil empregados; a meta inicial era atingir 8 mil. Por causa disso, a direção dos Correios estuda adotar um plano de demissão motivada, que poderia atingir funcionários concursados, mesmo que eles não queiram pedir des-
ligamento. A medida é polêmica e, se for levada adiante, abrirá precedente para demissão unilateral de funcionários concursados em di-
Federação afirma que governo deve R$ 6 bilhões aos Correios
versas empresas públicas federais. Os Correios possuem 117 mil empregados e mais de 6.400 agências próprias, além de 1.000 conveniadas. A estatal entrega por dia, em média, mais de 30 milhões de correspondências e encomendas em todo o país. Déficit? A principal justificativa para o resultado negativo nas contas dos Correios é o apor-
te para financiar o plano de saúde dos funcionários. Dos R$ 2,1 bilhões em prejuízos apurados em 2016, cerca de R$ 1,6 bilhão seria para os planos. Mas a maior parte desse gasto, na verdade, é uma projeção da empresa para manter o benefício do pós-emprego, ou seja, o plano dos aposentados. “A empresa, há cerca de três anos, mudou seu balanço contábil para incluir uma dívida futura com o plano de saúde, com base em estimativas da expectativa de vida dos aposentados. Os Correios não têm que desembolsar esse recurso agora, mas estão usando esse argumento para pedir um sacrifício aos trabalhadores e estão prejudicando o atendimento ao público”, aponta José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).
Poderosos interesses
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que os Correios terão que fazer “cortes radicais” para evitar a privatização e que o governo federal não vai aportar nenhum recurso na empresa. Segundo sindicatos e a federação dos trabalhadores dos Correios, no entanto, o governo deve pelo menos R$ 6 bilhões aos Correios de repasses indevidos da estatal ao Tesouro Nacional ao longo dos últimos anos. A “ameaça” de privatização vem sendo repetida pelo presidente da companhia, Guilherme Campos, que trava uma batalha com os empregados da empresa para cortar gastos e benefícios. Além da mudança no plano de saúde, com elevação da cota paga por cada empregado, o presidente dos Correios suspendeu as férias dos funcionários até abril de 2018.
AMEAÇA Quebra do monopólio do setor pode atrair gigantes de outros países
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pesar de insistir na tese de privatização caso a estatal não equilibre as contas, o próprio presidente dos Correios admite que este seria o pior momento para a uma operação dessa natureza. “O ativo está muito depreciado e sua avaliação atual está bem abaixo de seu valor real”, declarou Guilherme Campos em recente entrevista. Investidores estimam que os Correios poderiam valer de R$ 3 a R$ 5 bilhões, apesar de sua receita anual ultrapassar os R$ 18 bilhões. Dessa receita total,
Reprodução Facebook
Além de entrega de correspondências, Correios opera o Banco Postal, presente em 1,6 mil municípios
mais de 54% provêm de serviços exclusivos que só a empresa opera por deter o monopólio do setor no país. A quebra desse monopólio, por meio da privatização, poderia atrair gigantes de outros países, como as norte-americanas Fedex e DHL. Além da entrega de cartas, correspondências e encomendas, os Correios conduzem grandes operações logísticas, como a distribuição de livros didáticos e das provas do Enem. Presente em todos os municípios do país,
a empresa ainda é responsável pela inclusão bancária de milhões de brasileiros, por meio do Banco Postal, única instituição financeira presente em mais de 1,6 mil municípios do país. “Nós sabemos que o capital privado não tem interesse nos pequenos municípios, onde o volume de negócios é pequeno. Ficariam com o chamado filé e abandonariam o atendimento nas regiões periféricas”, afirma a deputada Maria do Rosário (PT-RS), em artigo recente.
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MUNDO
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Ações da Justiça venezuelana fazem frente às tentativas de golpe POLÍTICA Assembleia se recusou a afastar três parlamentares eleitos com fraude Reprodução
Da redação
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epois que o Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela anunciou a suspensão, na última semana, do funcionamento normal da Assembleia Nacional, órgãos da mídia corporativa internacional têm falado em golpe no país. Para quem estudou o assunto, o episódio indica, pelo contrário, o funcionamento das instituições democráticas venezuelanas, frente às inúmeras tentativas de golpe da oposição. A suspensão ocorreu após a Assembleia Nacional (equivalente do Congresso no Brasil) ter se recusado a afastar três deputados que venceram as eleições por meios comprovadamente fraudulentos. No sábado (1), o Tribunal reavaliou a decisão e publicou um comunicado indicando a revogação da senten-
Chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, acusou a OEA de violentar suas prórpias regras
ça. “O que se vê na Venezuela é a ação do Judiciário para preservar o cumprimento das normas de funcionamento das instituições políticas dentro dos preceitos constitucionais”, explica Igor Fuser, professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC). Após o embate, deputados da oposição afirma-
ram que tentariam cassar as funções de alguns magistrados do TSJ, o que, segundo o sindicalista venezuelano, Ivan González, não tem fundamento. “A Assembleia Nacional não pode destituir magistrados do TSJ”, afirma. Em janeiro, por não conseguir convocar referen-
do para revogar o mandato presidencial de Maduro no tempo definido por lei, a oposição cogitou realizar um julgamento político do presidente. Isto, porém, não está previsto na Constituição. Depois, deputados oposicionistas chegaram a declarar vaga a Presidência. “[Nesse caso], invadiram a
competência do TSJ”, defende Gilberto Maringoni, professor da UFABC. OEA ‘violentou’ normas, diz chanceler Na segunda-feira (3), membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), aprovaram uma declaração segundo a qual haveria na Venezuela uma “grave alteração inconstitucional da ordem democrática”. Eles também exigiram que o governo de Nicolás Maduro restaurasse “a plena autoridade” da Assembleia Nacional, de maioria opositora. Na quarta (5), a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, fez um duro discurso na OEA, acusando o órgão de violentar suas próprias regras para decidir contra Caracas.
Eleições no Equador: candidato derrotado incita instabilidade AMÉRICA LATINA Com menos de 3% de diferença, população deu vitória a Lenín Moreno, do movimento de esquerda Reprodução
Da redação
A
s eleições à presidência do Equador estão envolvidas em polêmicas, depois que o candidato derrotado, Guillermo Lasso, iniciou uma série de denúncias de fraudes eleitorais. A votação aconteceu em 3 de abril e resultou em 51,16% de votos a Lenín Moreno, partidário do atual presidente Rafael Correa.
Guillermo Lasso e seu partido fazem duas denúncias. Uma de que houve um “apagão” no momento da votação e que os resultados passaram a tender para seu concorrente, e outra de que, descontando urnas com atas supostamente irregulares, Guillermo sairia vencedor. O candidato reivindica ao Conselho Nacional Eleitoral a recontagem dos votos, e afirma que não reconhece a vitória de Lenín Moreno.
O atual presidente equatoriano classificou a chapa de Guillermo de “maus perdedores”. “Para a oligarquia, ‘fraude’ é quando perdem as eleições”, escreveu Correa em seu perfil no Twitter. Ele também afirmou que o movimento Alianza Pais (AP) aceitará o pedido de auditoria informática e recontagem de votos, com a condição de que o processo seja feito publicamente.
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
ENTREVISTA
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“Quando a saúde pública perde dinheiro, ninguém se beneficia” SUS Ex-presidente da ANS analisa impactos da Emenda 95, que congelou os gastos federais com saúde por duas décadas Wallace Oliveira / Brasil de Fato MG
Wallace Oliveira
F
austo Pereira dos Santos é médico sanitarista e doutor em Saúde Coletiva. Com uma longa trajetória na construção e defesa do SUS, ele já foi presidente da Agência Nacional de Saúde, por dois mandatos, e secretário de saúde no estado de Minas Gerais e nos municípios de Ipatinga e Belo Horizonte. Em entrevista ao Brasil de Fato MG, Fausto analisa os impactos das reformas do governo não eleito de Temer (PMDB) na saúde dos brasileiros.
O governo Temer (PMDB) tem promovido mudanças profundas no Estado brasileiro. Como isso interfere na saúde dos brasileiros?
Quando o governo define um patamar de gastos no nível em que teremos com a Emenda 95 (antiga PEC 241/55), o processo de envelhecimento populacional e incorporação de tecnologias não vai ter contrapartida pelo SUS. Isso condena as pessoas que, neste momento, estão aumentando sua expectativa de vida a não terem acesso a esse desenvolvimento da área da saúde. Ao mesmo tempo, temos o crescimento da violência e dos problemas da urgência e emergência no país. O projeto da terceirização ampla e geral tem outro im-
Setor privado gasta mais e produz menos”
Fauto Pereira dos Santos foi secretário d saúde de Minas Gerais e dos municípios de Ipatinga e Belo Horizonte
pacto importante. Na saúde, o trabalho é muito especializado e exige pessoas com treinamento intenso, que conheçam a realidade e, no caso da Saúde da Família, estabeleçam relações com a comunidade local. Já existem algumas áreas terceirizadas na saúde, nas quais se trabalha com alta rotatividade, salários muito baixos. Com isso, o que teremos é uma quebra da relação entre profissionais e usuários. Aqui em BH, por exemplo, há profissionais que estão na mesma área há 15, 20 anos, que conhecem a população. Isso será cada vez mais raro. Outra característica da terceirização é que, nas áreas terceirizadas, as empresas vêm, ganham licitação, contratam as pessoas, não recolhem fundo de garantia, não recolhem direitos previdenciários, depois quebram na sequência, e as pessoas ficam sem seus direitos. Aí, vem uma nova empresa, contrata aqueles trabalhadores, passa a não contar férias. Já a reforma da Previdência é movida por uma política
Terceirização na saúde vai piorar atendimento” mais geral do governo, não é porque tem déficit. Esse conjunto de reformas equivale a um desmonte do SUS?
Existem duas formas de tirar as pessoas do SUS. Uma delas é não ter assistência nenhuma, como em algumas localidades que, por exemplo, foram ter médicos pela primeira vez há três anos, com o Programa Mais Médicos. Outra é empurrar as pessoas para um plano de saúde. Recentemente, o governo encaminhou à Agência Nacional de Saúde Suplementar a proposta dos ditos “planos populares de saúde” ou “planos acessíveis”. O governo juntou representantes do mercado para reelaborar proposições que já estavam em discussão ou tinham sido derrotadas desde a implantação da lei
dos planos, na década de 90. O centro dessa proposta é quebrar a linha dorsal da regulamentação dos planos, que são todas as doenças do CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) terem cobertura. Além disso, propõe-se a existência de planos nos quais só a assistência primária teria cobertura, deixando de fora a alta complexidade, criando um caminho rápido para fugir da regulação e chegar à alta complexidade do SUS. O conjunto das proposições é uma quebra do processo regulatório. Certa ideologia prega que o Estado é necessariamente ineficiente e o mercado seria capaz de substituir o sistema público. É assim?
O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), disse que resolveria os problemas de São Paulo com o “Corujão da Saúde”, contratando a rede privada para, à noite, atender a fila do SUS. O resultado é o seguinte: ele gastou a mesma
quantia de dinheiro público com o setor privado e com os hospitais públicos. Do total dos exames feitos nestes primeiros três meses, três quartos dos exames foram feitos no setor público e apenas um quarto no setor privado.
Congelamento dos gastos da saúde atrapalha desenvolvimento” Não devemos negar os problemas de ineficiência no setor público, mas eu, como gestor, não vi nenhum exemplo de eficiência no setor privado que dê reforço a essa tese. Por exemplo, os planos de saúde, com financiamento maior, têm um atendimento muito menor. Quem se beneficia quando a saúde pública perde recursos?
Quando a saúde pública perde dinheiro, ninguém se beneficia, nem mesmo o mercado. A contenção de recursos da saúde significa um atraso, uma opção pelo pagamento de juros para o capital financeiro, em detrimento de um projeto de desenvolvimento para o país.
Governo vai quebrar regulamentação de planos privados”
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Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Nossos direitos
Amiga da Saúde
Direito do consumidor em serviços de telefonia móvel As operadoras de telefonia lideram em disparada o número de reclamações e de violações aos direitos dos consumidores. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) regulamenta os diversos direitos de proteção dos consumidores. Conheça alguns: - O cliente não precisa passar por um atendente para fazer o cancelamento de serviços de telefonia. Ele poderá realizá-lo de forma eletrônica, por telefone, internet ou terminais de autoatendimento. Nesses casos, a operadora tem um prazo máximo de dois
dias úteis para efetivar a decisão. - Os créditos para celulares pré -pagos terão validade mínima de 30 dias. Esta norma também prevê a obrigatoriedade de as operadoras informarem seus clientes quando o crédito estiver perto de expirar. - Para garantir direitos de clientes de planos pós-pago de telefonia celular, é exigida a emissão da fatura detalhada, que deverá informar aos clientes o valor sobre cada serviço utilizado. Caso se sinta prejudicado, procure os órgãos de Defesa do Consumidor!
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.
Amiga, a lei Maria da Penha vale também pra homossexuais? Vitória Souza, 30 anos, motorista Sim, Vitória, a lei Maria da Penha é aplicável também a situações de violência nas relações homoafetivas. Isso é justo, na medida em que muitos casais homossexuais reproduzem um comportamento parecido com os heterossexuais no que diz respeito às desigualdades de gênero. Mesmo não havendo a diferenciação
sexual, incorporam-se os papéis ditados pelo machismo na divisão de tarefas do cotidiano. Consequentemente, há uma desvalorização da pessoa que assume o papel de mulher. Se isso resulta em violência física ou de qualquer natureza, a vítima deve procurar ajuda e a lei Maria da Penha poderá ser aplicada.
Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
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Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
13 VARIEDADES 13 por Alan Tygel
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Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
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2 copos de fubá de milho 1 copo de água 1 ovo Sal a gosto
Modo de fazer Misture o fubá com a água fria, até ficar com uma consistência de papa, quase líquida. Caso necessário, coloque mais água. Acrescente o ovo e misture até que fique homogêneo. Unte uma frigideira com um pouco de manteiga e despeje a mistura até cobrir a superfície. Procure deixar o mais fino possível. Deixe em fogo baixo até que a água seque e a tortilha desgrude do fundo. Vire para aquecer um pouco o outro lado e sirva quentinha pura ou com queijos e geleias.
Transgênico não! 9 7 3 1 6 8 2 4 5
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Ingredientes:
Atualmente, no Brasil, é feito o plantio de milho, soja e algodão transgênicos. São sementes geneticamente modificadas para serem resistentes a agrotóxicos, ou para que elas mesmas produzam toxinas que espantam insetos. Além de ainda existirem muitas dúvidas sobre a segurança alimentar dos transgênicos, esse tipo de semente não pode ser guardada nem trocada, deixando os agricultores dependentes das empresas multinacionais. Por isso, evite consumir alimentos que possuam o “T” preto dentro de um triângulo amarelo, que indica que foram produzidos com ingredientes transgênicos. Assim, você cuida da sua saúde e estimula a produção de alimentos melhores!
* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Artistas lutam para tocar nas ruas de BH Movimento pede mudança na lei que proíbe o uso de pequenas caixas de som em praças e vias Mídia NINJA
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quem quer ver seu trabalho. E nessa, as pessoas que geralmente não vão ao teatro são as que mais se aproveitam”, completa.
Rafaella Dotta
inguém vai ao teatro”, brinca o músico Chico Rocha, da banda Faca Amolada. Ele e dezenas de artistas defendem o direito a apresentar sua arte nas ruas de Belo Horizonte, como acontece na maioria das capitais do Brasil e em outros países. Porém, suas vozes não conseguem competir com os sons de carros, ônibus e precisam de caixas de som para ajudá-los. Mas esses equipamentos são proibidos em BH desde 2011. O assunto vem à tona novamente por conta do Projeto de Lei 1587, de autoria do vereador Gilson Reis (PCdoB), que prevê que caixas de
som de até 200 watts voltem a ser permitidas na capital mineira. O PL foi aprovado pela Câmara de Vereadores a fim de modificar a lei 10.277, de 2011, mas foi vetado pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS). Chico Rocha, que é parte do Movimento Arte nas Ruas BH, acredita que o veto acon-
teceu por um desconhecimento do poder executivo quanto à diferença entre potência da caixa de som e altura do volume. “Confundiram watts com decibéis. Uma caixinha de 20 watts (de potência) também pode extrapolar os 70 decibéis. Precisamos de uma caixa de 200 watts para
ter um som de qualidade, não alto”, explica. Ele argumenta que a apresentação de rua é a fonte de renda de muitos grupos artísticos. Além disso, defende que a interação entre arte e espectador é muito mais envolvente, quando acontece em lugares públicos. “Para ali
A votação, parte final Artistas organizados no Movimento Arte nas Ruas BH protestam pela aprovação do PL. A votação do veto do prefeito, pelos vereadores, acontece na reunião ordinária de 10 de abril. Os parlamentares podem decidir pela anulação do veto, o que faria com que a lei começasse a valer. Caso voltem atrás em suas posições e mantenham o veto, a proibição continua.
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Belo Horizonte, 7 a 12 de abril de 2017
Rugby conquista campo próprio em Uberlândia
Bruna Karoline Pinto e Zilá Carvalho
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á dez anos, Uberlândia possui time de rugby. O esporte tem conquistado seu lugar na cidade e formado novos atletas. Porém, as dificuldades ainda são grandes. Para as mulheres, além da falta de recursos, pesa o preconceito, que faz da prática esportiva uma luta diária por afirmação. Origens O rugby chegou à cidade por iniciativa de um estudante de engenharia da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), Gustavo Bevilaqua. Ele iniciou um time chamado Leopardos, composto por universitários e atletas da comunidade, que praticavam o esporte no campo da UFU. Em 2010, o Leopardos se dividiu em duas equipes, o Leopardos e o Uberlândia
Em 2016, Uberlândia Rugby realizou festival com mais de 300 estudantes
2ª VIA DE CONTA, FALTA DE LUZ OU CONSULTA DE DÉBITO? TÁ NA MÃO.
Rugby Club (URC). Porém, em 2012, elas voltaram a ser uma só, adotando o nome de Uberlândia Rugby. O Rugby Union – versão criada em 1871, que se popularizou na maioria dos países onde o esporte é praticado – tem duas modalidades principais: o Rugby 15 e o Rugby 7. No Rugby 7, o Uberlândia Rugby é campeão mineiro e participa do Campeonato Brasileiro. Na modalidade 15, já é vicecampeão há 3 anos e agora almeja o primeiro lugar. No início, o time teve problemas com a falta de espaço para treinar, pois o campo
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Curta e Grossa
PRECONCEITO Atleta relata dificuldades enfrentadas por mulheres na modalidade Rhayara Rocha
ESPORTES
da UFU ficava fechado durante um grande período do ano. Só na última gestão da Prefeitura de Uberlândia, a equipe conseguiu um campo específico para os jogos, incluindo as crianças.
Mulheres no rugby Há quatro anos, a cirurgiã dentista Camila Raquel Alves encontrou no rugby uma forma de mudar sua rotina e sua perspectiva sobre os desafios diários. Hoje com 31 anos, ela é atleta do Uberlândia Rugby e do Rugby Pelo Brasil e já defendeu diversas outras equipes. Desde o início, Camila tem percebido as barreiras contra a participação feminina. “O preconceito é quebrado todos os dias, na medida em que a gente vivencia o esporte. Ele está presente tanto na família, amigos, no círculo social, quanto no próprio esporte. A gente percebe que a valorização do feminino é uma constante luta. Eu viajei muito pelo Brasil”, afirma.
Coelhinho da Páscoa, o que trazes pra Minas? Fabrício Farias Além de dois feriados em sequência (Oh, glória!), o mês de abril promete emoção para o futebol mineiro. Uma amostra veio na terça (4), quando o Cruzeiro teve dificuldades para superar o Nacional-PAR, na Sul-americana. Desafios maiores serão os confrontos com o São Paulo, pela Copa do Brasil, e a decisão do Mineiro. Já para o Atlético, o torneio estadual será importante para o técnico ter tranquilidade no Brasileirão e na Libertadores. Nos três principais jogos do ano, contra Cruzeiro e Godoy Cruz, não conseguiu vencer. Os dois clubes com melhores elencos do país podem confirmar o bom momento ou experimentar o gosto amargo do fracasso, logo no mês do chocolate.
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Polícia Federal prende dirigentes da CBDA
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução
Divulgação CBDA
bomba desta quinta-feira (6) foi a A prisão do ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquá-
ticos (CBDA), Coaracy Nunes. Também foram detidos Sérgio Ribeiro, diretor financeiro da entidade, e Ricardo Cabral, coordenador do polo aquático. As pri-
sões fazem parte da Operação Águas Claras, da Polícia Federal e Ministério Público Federal. As investigações apuram o desvio de cerca de R$ 40 milhões, repassados à Confederação por meio de convênios e leis de fomento ao esporte, sem a devida aplicação.
Até hoje, quando vou a algum estádio, dependendo do estádio, tem xingamentos [racistas]. São coisas que existem, infelizmente, em todos os países no mundo, mas que a gente tem que enfrentar Abel Neto, jornalista esportivo, lamentando os episódios de racismo no futebol.
Gol de placa Politizada, a nadadora Joanna Maranhão “pôs no lugar” o riquinho e estrela global Luciano Huck. O moço da elite disse que já estava na hora de a geração dele tomar o poder, ao que a nadadora contestou no twitter: “Amore, vocês já estão no poder há séculos! ”. O coxinha fingiu de égua.
Gol contra Na quarta (5), o Central de Caruaru tomou 5 a 0 do Náutico, em Recife, pelo pernambucano. Mas isso é o de menos. Segundo o zagueiro Sanny, do time do agreste, a crise no clube é tão grande que, no dia da partida, os atletas só almoçaram e não comeram mais nada até o horário jogo!
Decacampeão
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Leo Calixto
A LuArenas (BWA), concessionária do Estádio Independência, extrapolou os limites da irresponsabilidade e do desrespeito ao América e aos órgãos públicos, ao iniciar as obras de uma arquibancada móvel sem licenças e autorizações e em um loDecacampeão cal do estádio que não mais lhe pertence. O América classificou a obra como “clandestina e ilegal” e já acionou a Justiça para a paralisação do empreendimento. A LuArenas, que pretendia criar 5 mil novos lugares na área, próximo aos vestiários, também desrespeitou cláusulas do contrato estabelecido entre a empresa, o Estado e o América. Como se não bastasse, a LuArenas deve 15 meses de aluguel do estádio, cerca de R$ 3 milhões.
A derrota no clássico serve de lição. Diante de adversários menos qualificados, ficou a impressão de evolução da equipe, teoricamente evidenciada pelos 100% de aproveitamento no Estadual. A partida deixou claras as deficiências na marÉ Galo doido! A falha de cação, armação e conclusões. Giovanni e a expulsão de Fred são desculpas para quem ignorou os momentos de instabilidade do Galo. A malandragem ou o receio de encarar a fúria alvinegra fazem com que se valorize o lampejo de reação no final da partida, o desempenho de Marlone e o erro da arbitragem no segundo gol. Comentar partidas é meio que ser engenheiro de obra pronta. Mas análises menos parciais podem evitar desastre maior.
Em entrevista coletiva, há mais ou menos duas semanas, Mano Menezes enfatizou a importância que o mês de abril tem para a sequência da temporada celeste. São jogos decisivos pelo Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e pela Copa SulameriBestia Negra cana, que jáLa aconteceu. As vitórias sobre o maior rival (normal) e sobre o Nacional – PAR, na abertura do mês, contribuíram para que a moral do grupo se elevasse. São nesses momentos que a qualidade do elenco é posta à prova. No próximo fim de semana, ganharemos mais um reforço para a temporada. Fábio voltará aos gramados como titular contra o Democrata-GV, após um tempo de inatividade por lesão. É mais uma peça importante na luta pelos títulos.