Edição 18 do Brasil de Fato MG

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Bruno Cantini

Mídia Ninja

esportes | pág. 16

minas | pág. 6

Galo volta sem título

Aposentadoria em risco Assembleia Legislativa aprovou Projeto de Lei que prevê a extinção do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais. Assim, aposentadoria dos servidores públicos do estado está ameaçada

Edição

Em atuação irreconhecível e preguiçosa da equipe, Atlético perde jogo contra o Raja Casablanca no Marrocos, decepciona torcedores e se despede do Mundial

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013 | ano 1 | edição 18 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

cidades | pág. 4

Famílias do Cafezal podem ser expulsas de suas casas Samuel Scarponi Nereu JR

Geólogo demonstra em laudo independente que a área não está em risco iminente

Famílias da Vila Santana do Cafezal, no Aglomerado da Serra, acusam a Prefeitura de Belo Horizonte de manipular documentos e laudos referentes à situação de risco de suas casas. Desde 2009, a PBH os ameaça de expulsão do terreno, sem realizar as obras necessárias para conter o risco de deslizamento da encosta. Segundo relatos, PBH enganou ocupantes, fazendo-os assinar papéis que teoricamente serviriam para o cadastro no Bolsa Aluguel mas, na realidade, atestavam sua saída

entrevista | pág. 9

cultura | pág. 14

No embalo do funk O estilo, que nasceu na década de 80 nos becos da periferia carioca, ganha adeptos de diversas classes sociais, mas continua sofrendo preconceito

Mídia Ninja

O escritor mineiro discute o significado do Natal, a participação na política por grupos religiosos, analisa o Papa Francisco e as mudanças no Vaticano

Rafael Stedile

Frei Betto e o Natal


02 | opinião

Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

Economia mineira e balanço

Avanços, retrocessos e sinais de mobilização

Balanços são momentos oportunos para saber se cumprimos com nossos objetivos e expectativas. Afinal, a caminhada do ano só faz sentido se soubermos onde queremos chegar. Além do balanço individual, é preciso uma avaliação comum da situação do nosso estado. Quanto diminuiu a desigualdade de renda, quanto aumentou o acesso e a qualidade da educação, da saúde, do transporte, da cultura? Estamos caminhando rumo a uma sociedade mais justa, solidária e fraterna? Temos uma economia dependente e um governo bom pra poucos. E o que um governo de poucos faz? Bem, faz parcerias. Hoje existem 22 Parcerias Público-Privadas

Mesmo diante da falência mundial do modelo neoliberal, o governo estadual segue insistindo no receituário em Minas (parcerias em que o Estado entra com o custo e o setor privado com o lucro). Entre as 22 está o primeiro presídio privado do país, em Ribeirão das Neves, em que o Estado transfere R$ 2.700 para cada preso do “Alcatraz Mineiro” – valor bem acima do salário dos professores do estado. O consórcio “parceiro” que administra o presídio, apesar da arrecadação generosa, economiza nos direitos: cada preso tem direito a um banho de 3 minutos por dia e troca de sabonete somente a cada 20 dias. A economia mineira cresceu menos que o restante do país. Pior, seguiu aprofundando sua dependência da mineração, segmento depredatório, insustentável, de baixo valor agregado, alta exploração dos trabalhadores e dependente da exportação. Em segundo lugar vem setor químico, e, em terceiro, biodiesel. Triste sina. Antes ouro e açúcar,

hoje minério e biodiesel. Como nos ensinou o historiador Caio Prado Jr., a engrenagem segue a mesma: atender a voracidade do capital internacional, garantir os lucros dos capitalistas locais às custas de baixos salários e sobre-exploração. Se a equação se mantém, é porque nosso Estado segue dirigido pelas mesmas elites subservientes aos interesses internacionais. A prova disso é que, mesmo diante da falência mundial do modelo neoliberal, o governo estadual segue insistindo no receituário. Arrocho para o funcionalismo, corte de gastos sociais, livre mercado, pouco diálogo e abundante recurso para publicidade e marketing. E claro, o que tem sido a marca de Aécio, Anastasia e Lacerda: intolerância com a participação popular. Não por acaso, as reações têm surgido, a consciência e a organização popular aumentado. Aos anti-povo, que não entenderam os recados das ruas, não custa lembrar: outros junhos virão!

Falando Nilson

Somente no futuro teremos elementos mais precisos para avaliar o que representou 2013 para a história recente. Porém, podemos levantar os sinais mais visíveis desse período e as perspectivas que se abriram. Tivemos poucos avanços nas condições de vida da população. O nível de emprego e a inflação dos preços da cesta básica se mantiveram. Tivemos o programa de saúde Mais Médicos, que pretende levar médicos aos lugares desamparados no interior do país, mas também na periferia de luxuosas capitais. Porém, houve retrocessos na política econômica. O Banco Central voltou a aumentar a taxa de juros Selic. Com isso, aumentou as transferências de recursos públicos dos impostos para os bancos. Esse dinheiro é apropriado por 5 mil famílias de ricaços, segundo pesquisas do professor Márcio Pochmann. Com isso, faltam recursos para democratizar a educação superior, ainda restrita a 12% de jovens. Pa-

ra ampliar, é necessário investir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em educação. Os investimentos públicos em transporte coletivo estão muito distantes do necessário. A locomoção nas grandes cidades é cada vez mais cara e sacrifica milhões de brasileiros, que perdem horas de suas vidas no trânsito. O custo dos aluguéis e imóveis disparou, com um aumento médio de 180% em todo país, fruto da especulação desenfreada do capital financeiro. O país entregou 40% de nossas reservas do pré-sal para exploração compartida com duas multinacionais europeias e duas chinesas, quando a Petrobrás poderia fazê-lo sozinha.

Ricos aumentaram seus ganhos, enquanto os trabalhadores ficaram na mesma base, com piores condições de vida Na corte mais alta do Poder Judiciário, o imperador Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), age à revelia de qualquer norma jurídica, com apoio da Rede Globo. A burguesia se aproveitou de sua hegemonia na política econômica, nos meios de comunicação e no poder político para aumentar seus ganhos e impor sua agenda. Resultado: os ricos aumentaram seus ganhos, enquanto os trabalhadores ficaram na mesma base, com piores condições de vida. Por outro lado, o ano foi revelador, pois a juventude foi às ruas durante dois meses seguidos e demonstrou que quer mudanças. As lutas da juventude são um termômetro e prenunciam períodos de maior conscientização política e mobilização social. Assim, 2014 será ainda mais intenso de lutas e articulações das forças populares.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br


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Feira Hippie no movimento do Natal CARA NOVA Artesanato está na lista dos presentes de fim de ano Rafaella Dotta De Belo Horizonte A Feira de Artes, Artesanato e Produtores de Variedades de Belo Horizonte, conhecida como Feira Hippie, está de cara nova. Desde o dia 8 de dezembro, a organização das barracas foi reformulada, por recomendação da Prefeitura. Agora, os finais de semana mais cheios do ano estão testando a mudança. Através da Gerência de Feiras Permanentes Centro-Sul, as barracas foram reorganizadas, mediante sorteio. Para a implantação das novas normas, os expositores também precisaram se adequar a exigências de higiene e conservação da barraca. Sônia Mendes, que é costureira de chapéus e expõe na feira há 40 anos, acredita que algumas pessoas ainda não encontraram as barracas das quais sempre foram clientes. Mas, apesar disso, acredita que a mudança foi positiva. “É importante ter organização, para a Feira ficar cada vez melhor”, diz. A Feira Hippie costuma receber 80 mil pessoas por domingo, chegando a 120 mil em épocas festivas, como o Natal. O coordenador da feira e membro da comissão que representa os expositores na prefeitura, Alan Vinicius, está otimista com o resultado deste ano. Para ele, mesmo que a economia esteja sofrendo alguma instabilidade, os produtos artesanais são chamativos. “A gente compensa porque temos um preço diferenciado, direta-

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Às vésperas da data mais festiva do mundo, a Câmara Municipal de Belo Horizonte iniciou na última quarta-feira (18) o período de convocações extraordinárias, que vai até o dia 24 de dezembro. Na época pré-natalina, 18 projetos serão colocados em votação, sendo nove indicados pelo legislativo e nove pelo executivo. A urgência é para aprovar determinados projetos, o que atende ao interesse do poder municipal em anular a mobilização social para participar das sessões, o que faz a diferença em uma Câmara composta por 41 vereadores, 37 da base aliada. Os Projetos de Lei em discussão tratam de projetos como a construção de centros de convenções, al-

Pergunta da semana Com a chegada do Natal, as pessoas se ocupam em comprar os presentes para familiares e amigos, preparar a casa para receber parentes e garantir o cardápio da ceia. Alguns correm na busca de passagens para longas viagens a fim de encontrar quem não vê há muito tempo. Outros estão ainda buscando o que e com quem passar as festas. No meio de tudo isso, acabam por refletir sobre o ano que se passou, as relações estabelecidas, as conquistas e as perdas. Nesta época do ano, mesmo quem não é católico e não celebra o nascimento de Jesus, costuma refletir e espalhar desejos positivos.

Que mensagem você gostaria de deixar para as pessoas neste Natal? mente do produtor”, afirma. O pai de família Hugo de Santana também defende os artesanatos da Feira Hippie. Todo Natal, leva seus filhos para escolher seus presentes na Afonso Pena, pois prefere a Feira aos shoppings da cidade. Para ele, a Feira é mais do que artesanato, faz parte do costume dos belo -horizontinos. “Eu venho aqui todo ano porque quero que ela continue. A Feira não pode acabar”, defende. Assunto para 2014: A Feira Hippie vai mudar de lugar? De acordo com expositores, neste ano houve rumores de que a Fei-

ra Hippie mudaria de endereço, para ser realocada na Avenida Augusto de Lima. De acordo com o coordenador da Feira Hippie, Alan Vinicius, a proposta não existe oficialmente. “A prefeitura fez um layout para a Augusto de Lima, mas era despropositado e não obedecia às normas do Corpo de Bombeiros”, explica. Por via das dúvidas, o coordenador finalizou: “Estamos sempre alertas”. Funcionamento Dia: todos os domingos Horário: das 4 às 14h Local: Avenida Afonso Pena

Câmara vota 18 projetos até o fim do ano Raíssa Galvão De Belo Horizonte

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terações no código de posturas do município, operações urbanas, empréstimo bancário de R$100 milhões com o BNDES, concessão de espaço aéreo para a Cemig e estratégias publicitárias para a Copa 2014.

A urgência é para aprovar determinados projetos, o que atende ao interesse do poder municipal em anular a mobilização social na participação das sessões Na última semana, um dos encaminhamentos da I Conferência Popular de Políticas Urbanas foi a vigília da sociedade civil e movimentos sociais na Câmara para acompa-

nhar as sessões e garantir pressão popular e visibilidade das votações. A sessão de quarta-feira foi marcada por protestos de vereadores da oposição contra o grande número de projetos do Executivo enviados à Casa no final do ano e a celeridade de sua tramitação, que impedem o devido aprofundamento no debate entre os vereadores e a sociedade antes da votação em plenário. Um dos projetos aprovados liberou a transferência de 53 terrenos públicos, distribuídos nas nove regionais da cidade, à empresa PBH Ativos S.A, uma sociedade anônima, de capital fechado, que tem como acionistas a PBH, a Prodabel, BHTrans e quatro secretários da prefeitura. A companhia pode vender os terrenos ou usá-los como garantia de empréstimos.

Pensar bastante, fazer uma reflexão do que aconteceu ao longo do ano para não ter problemas no próximo. Buscar muita sabedoria, saber pisar no chão, pisar devagarzinho. A gente tem que ter o pé no chão pra o amanhã não ser tão difícil. Márcia de Fátima Barbosa, 61, pipoqueira

Está faltando muito amor no mundo, tem muito egoísmo, as pessoas estão esquecendo de Deus. Este momento é de refletir mais, pensar mais no amor e no próximo. Joalina de Marques Soares, 54, professora


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PBH engana moradores para que saiam de suas casas VILA CAFEZAL Ao invés de fazer as obras necessárias, poder público coage famílias a deixarem os terrenos Maíra Gomes De Belo Horizonte O roteiro é conhecido: a Prefeitura vai até uma comunidade, diz que as famílias construíram suas casas em áreas de risco e as pressiona para sair, sem realizar as obras necessárias para conter o perigo e oferecendo como alternativa o Bolsa Aluguel. No caso da Vila Santana do Cafezal, uma das muitas que compõem o Aglomerado da Serra, na região Sul da capital, o roteiro foi apimentado. Cerca de 130 famílias moram no local, que pertence à família Fayal, que um dia já foi proprietária de grande parte de Belo Horizonte. Em 2009, a PBH circulou na comunidade a notícia de que a área oferecia riscos aos moradores e sugeriu que saíssem. Após a reação das famílias, alegou que o risco era apenas pontual e que seriam necessárias intervenções para anular o perigo. As obras não foram realizadas e, quatro anos depois, a prefeitura entrou com pedido de autorização para a demolição das casas, da vila devido a um risco iminente de desabamento de uma grande encosta. Lucas Diz Simões, defensor público que acompanha o caso, explica que o processo foi suspenso após atuação da defensoria, baseado nos problemas sociais que a retirada das famílias poderia gerar. Mas alguns meses depois, em

Fotos: Samuel Scarponi

outubro, a prefeitura voltou ao local com propostas de acordos com a população. “Como o terreno é privado, o poder público só pode retirar as pessoas sem sua autorização se a casa estiver caindo. Se é apenas risco, deve entrar na Justiça”, explica Lucas. Espalhando medo “No início, todos os moradores estavam completamente convencidos daquele risco e também de que teriam que sair porque não tinham direito naquele local, já que era terreno particular”, conta Maurício Nogueira de Souza, uma das lideranças da vila. Foi então criado um comitê para tratar do assunto, que iniciou uma perícia para avaliar os riscos reais. O geólogo Gilvan Brunet Aguiar elaborou novo laudo, em que destaca que não há o perigo declarado pela PBH, mas apenas alguns casos pontuais, que podem ser tratados. A arquiteta Raquel Manna Julião destaca que obras de contenção poderiam resolver os problemas, como muros de arrima, impermeabilização de partes do terreno e construção de canaletas. Segundo Lucas Simões, a remoção é a última saída em casos como esse, porque pode gerar diversos problemas sociais, como perda de empregos, problemas de saúde e na educação dos jovens e crianças. A Defensoria entrou com dois processos na Justiça; um no iní-

Moradores participam de audiência pública e depois fazem ato na Urbel

Técnicos visitam Vila do Cafezal e atestam que não há risco iminente

cio do ano, que conseguiu suspender a ação da prefeitura, e outro exigindo que o município faça as obras necessárias na comunidade. “A gente confia no laudo dos moradores, já que as pessoas contratadas são muito competentes. Mas as obras devem ser feitas, e são de responsabilidade da prefeitura”, diz. O caso aguarda um terceiro laudo, desta vez expedido por um perito contratado pelo juiz para garantir a imparcialidade. “Durante esta semana vamos pedir que a perícia seja feita com urgência. Esperamos que até janeiro já tenha uma definição”, conta o defensor. Prefeitura coage a assinar sem ler A prefeitura, por meio da Companhia Urbanizadora e de Habitação (Urbel), pedia às pessoas que assinassem um documento de cadastro, que serviria para o recebimento da Bolsa Aluguel. Posteriormente, era verificado que o papel assinado comprometia o morador a sair de sua casa e autorizava a de-

molição do imóvel. “Foi com a Tropa de Choque que eles chegaram, nem bateram na porta, já foram abrindo o portão das pessoas”, conta Fabiana Silva. Como não sabia do que se tratava - não a deixaram ler o documento - ela se recusou assinar. “Depois que ele colocou lá que eu recusei assinar, me deu a segunda via e eu vi do que se tratava”, conta. O documento era um compromisso de que a família entregaria dentro de três dias um laudo de engenheiros negando o risco de desabamento. Caso não cumprisse, admitia pagar uma multa de R$9 mil. Mas nem todos os moradores conseguiram fugir da armadilha. Após visita à sua casa, Djalma Das Flores Neri assinou um papel onde se comprometia a sair e autorizava a demolição. Em troca, receberia o bolsa aluguel. “Eu não sei ler, só sei assinar meu nome. E assinei confiando neles”, diz. “Esse pessoal da prefeitura está agindo de forma muito incorreta com a gente. Estão agindo de má fé com todo mundo, agindo de má fé”, desabafa.


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Decisão política gera prescrição para envolvidos no mensalão tucano

SEU BOLSO

preço médio: R$ 12,86 Marca mais barata: Camil

JUSTIÇA Treze anos depois do caso de desvio de verba, acusados não foram julgados

Reprodução

Maíra Gomes De Belo Horizonte “Foram os tucanos de Minas Gerais que conceberam, projetaram e construíram os primeiros túneis do Valerioduto”, declara o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB). O esquema, conhecido como “mensalão tucano”, ocorreu em 1998, cinco anos antes do mensalão petista. No entanto, 13 anos depois do ocorrido e três anos após a denúncia ser aceita pela Justiça, o caso ainda não foi a julgamento. A morosidade pode levar à prescrição – ou seja, à extinção da responsabilidade penal dos acusados - dos crimes em alguns casos, do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia (PSB) que, em novembro de 2012, completou 70 anos. Quando se completa essa idade, os réus têm o prazo de prescrição reduzido pela metade.O mesmo pode ocorrer com Cláudio Mourão, considerado peça-chave no esquema de corrupção do PSDB em Minas, que completa 70 anos em abril de 2014. O promotor responsável pelo processo em Belo Horizonte, João Medeiros, explica que a conta para a definição do prazo de prescrição é complicada, pois se baseia em regras aplicadas após a definição da pena. Mas declara

Arroz (5Kg) Fique de olho! O

Açúcar Cristal (5Kg) Óleo de Soja (900ml) Azeredo, Marcos Valério e Walfrido Mares Guia são réus no caso

que é possível fazer uma projeção do tempo, já que as penas previstas na lei para os crimes de peculato e lavagem de dinheiro são altas, de 2 a 12 anos para o primeiro e de 3 a 10 anos no segundo caso. “Temos motivos para achar que as penas podem ser afixadas em patamares mais elevados. Assim, estaríamos diante de uma não prescrição”, aponta o promotor. A operação tucana O caso de corrupção envolve o deputado federal Eduardo Azeredo e outras 14 pessoas, inclusive o empresário Marcos Valério, em crime de peculato (desvio de verba pública) e lavagem de dinhei-

ro, durante campanha eleitoral. Azeredo era governador e tentava a reeleição em 1998, tendo como vice Clésio Andrade, então do Partido da Frente Liberal (PFL). A dupla teria desviado ao menos R$ 3,5 milhões dos cofres públicos, com a empresa de Marcos Valério SMP&B Comunicação. Cláudio Mourão fora tesoureiro da campanha, portanto, principal articulador do esquema. Dos 15 acusados de envolvimento no caso, apenas Eduardo e Clésio devem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Os outros réus seguem na 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte

Acionistas da Cemig recebem mais que a saúde pública

Feijão (1Kg)

Azeite (500ml) Margarina (500g)

Manteiga (500g)

Portal Minas Livre Apesar de ter apresentado um lucro de R$ 4,3 bilhões em 2012, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) distribuirá R$ 5,051 bilhões aos acionistas até o final do ano deste ano. De acordo com comunicado divulgado pela empresa no dia 5 de dezembro, o pagamento acontecerá no próximo dia 19. Os acionistas receberão quase três vezes o que o governo investiu em transporte ao longo de 2013 em Minas Gerais e mais do que o valor investido em saúde em todo o estado, que até agora foi de R$ 4,819 bilhões, de acordo com informações do Portal da Transparência do Go-

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verno de Minas. Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG) Jairo Nogueira Filho, a legislação prevê que a distribuição de dividendos não seja superior a 25% do lucro das empresas. No entanto, no acordo de acionistas da Cemig, a previsão é de que 50% dos lucros sejam repassados aos donos de ações, enquanto na prática, esse valor supera 100%. De acordo com a economista Maria Dirlene Marques, essa distribuição de dividendos é reflexo da queda no valor das ações da Ce-

mig após a mudança das regras para a renovação de concessões. “Então, para tornar as ações mais atrativas, a empresa aumenta a distribuição de dividendos e acaba assumindo um risco”, explica. No caso da Cemig, o coordenador-geral do Sindieletro explica que o pacto de dividendos assumido pela empresa interfere diretamente na saúde e segurança dos trabalhadores. Só este ano já foram cinco funcionários e terceirizados da Cemig mortos em acidentes de trabalho, o que revela uma falta de investimento da empresa nessa questão e motiva a greve da categoria.

Requeijão (220g)

arroz Camil foi encontrado no Supermercado Wal-Mart, de Contagem, por R$10,98. preço médio: R$ 7,11 Marca mais barata Pink Preço médio: R$ 2,90 Marca mais barata: Liza Preço médio: R$ 6,44 Marca mais barata: Carioca Pink Fique de olho! O Feijão Jalo Tryumpho teve muita variação de preço. Em alguns lugares custou R$4,89 e em outros, R$8,48 Preço médio: R$ 12,89 Marca mais barata: Cocinero Preço médio: R$ 4,57 Marca mais barata: Delícia Preço médio: R$ 8,68 Marca mais barata: Cotochés Fique de olho! Manteiga Cotochés foi encontrada a R$9,68 em alguns mercados Preço médio: R$ 5,53 Marca mais barata: Cotochés Poços de Caldas

Preço médio: R$ 2,26 Marca mais barata: Cotochés Preço médio: Leite 2,14 desnatado R$ Marca mais (1L) barata: Cotochés

Leite integral (1L)

Data da pesquisa: 15 a 18 de dezembro de 2013 Fonte: www.mercadomineiro.com.br


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Aposentadorias em risco PREVIDÊNCIA Governo de MG mexe no dinheiro da aposentadoria dos servidores do estado Reprodução

Rafaella Dotta De Belo Horizonte Os servidores públicos de Minas Gerais temem perder o dinheiro que garante suas aposentadorias. No dia 5 de dezembro, a Assembleia Legislativa aprovou o Projeto de Lei 54/13, que extinguiu o Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg), que tinha caixa de R$ 3 bilhões. Deputados da oposição e Ministério Público tentam reverter a decisão. O Estado de Minas Gerais contava, desde 2002, com dois fundos de previdência: o Fundo Financeiro de Previdência (Funfip) e o Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg). Ambos com a função de pagar aposentadorias e pensões dos servidores públicos. Porém, possuíam uma grande diferença: o Funfip tinha uma dívida de R$ 8 bilhões, e o Funpemg tinha um saldo de R$ 3 bilhões. No final de

“Esse dinheiro era para pagar as futuras aposentadorias” novembro, o governo enviou para a Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 54/2013, com o objetivo de extinguir o Funpemg, transferindo o seu caixa para o Funfip. De acordo com o deputado Rogério Correia (PT), a aprovação desse PL foi uma manobra articulada: com o dinheiro do Funpemg, o governo cobre o rombo feito no Funfip, e pode utilizar os R$700 milhões (que mensalmente injetava no Funfip) para outros fins. “Esse dinheiro era para pagar as futuras aposentadorias. Gastando isso agora, o Tesouro ficará mais apertado, o que tira dinheiro da saúde, educação, estradas”, exemplifica o deputado. Sandra Silvestrini, presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça de Primeira Instância do Estado de Minas Gerais (Serjusmig), em entrevista ao Programa Segurança e Cidadania, defende que o governo do estado está falido financeiramente. “Essa é uma solução imediata, para empurrar com a barriga mais uns meses, e depois então trazer à tona as consequências dessas medidas”, afirma Sandra. Deputados e sindicatos tentam barrar o gasto

Centenas de servidores acompanharam a votação do projeto

A forma como foi aprovado o Projeto de Lei 54/2013 foi vista com censura pelo Ministério Público Estadual. Antes do PL ser aprovado, a promotoria do MPE recomendou a suspensão da tramitação do projeto e a não transferência de recursos entre os Fundos, pois o Ministério da Previdência Social ainda não havia se posicionado oficialmente. Além do descumprimento dessa recomendação, a Assembleia Legislativa aprovou a Lei Complementar 37/2013, em que anulou a necessidade de plebiscito para que fossem realizadas alterações nos fundos de previdência. No dia 11 de dezembro, deputados do Bloco Minas Sem Censura e nove sindicatos de servidores públicos se reuniram com o Ministério Público para requisitar prote-

ção aos R$ 3 bilhões do Funpemg. O promotor de Defesa do Patrimônio Público, Eduardo Nepomuceno, afirmou que o Ministério Público Estadual e Federal entrarão, ainda neste ano, com ação na Justiça para questionar a constitucionalidade da decisão. Desdobramentos em 2014 A relação entre Ministério da Previdência e governo de Minas Gerais foi abalada por essa manobra. Em resposta à solicitação de posicionamento feita pelo Ministério Público, a Previdência avisou que não liberará ao governo mineiro o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), o que impossibilita o repasse de verbas voluntárias do governo federal ao governo estadual.

GOVERNO ESTADUAL

QUEBROU O IPSEMG

E QUER FAZER O SERVIDOR PAGAR A CONTA Sind-Saúde/MG é contra a coparticipação imposta pelo governo. Saúde não é mercadoria.

fatos em foco Menos folga para os deputados Foi aprovado na noite de terçafeira (17) o projeto que suspende o pagamento de auxílio-moradia para parlamentares que residem na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). No entanto, o auxílio-moradia continua existindo para os parlamentares com residência fixa ou imóvel registrado em outras regiões do estado, caso de 38 deputados. Mas, até a noite de terça, 25 deles já haviam assinado um termo abrindo mão do benefício que totaliza de R$ 2.850 por pessoa. A medida vale a partir de janeiro de 2014 e o auxíliomoradia passará a ser verba indenizatória. Com isso, os deputados que quiserem requer o benefício terão que apresentar nota fiscal comprovando o pagamento de aluguel. O texto aprovado proíbe a ALMG de reembolsar despesas com pagamento de condomínio, energia, gás, água, reforma, impostos e taxas.

Financiamento privado de campanha O financiamento das campanhas por empresas corresponde a 98% das doações diretas recebidas pelos candidatos. Já a participação de pessoas físicas – eleitores – no financiamento direto é quase nula. O Supremo está discutindo o tema, assim como o TSE. Parte dos ministros questionou a legislação e quatro já votaram pelo fim das doações pelas empresas. A votação foi suspensa por pedido de vista do ministro Teori Zavascki, sem prazo para ser retomada. Os ministros questionam a lisura das campanhas, afirmando que o financiamento pode gerar favorecimento às financiadoras na elaboração e operação de políticas públicas.

Natal mais salgado A ceia de Natal ficou 8,1% mais cara do que em 2012, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A alta de preços é superior aos 5,48% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Entre os itens que tiveram maior aumento no período estão: farinha de trigo (30,56%), batata-inglesa (21,07%), frutas (15,41%) e panetone (15,31%).


Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

fatos em foco Greve é suspensa Depois de 20 dias, trabalhadores da Cemig resolveram suspender a greve. O motivo foi a renovação do Acordo Coletivo 2013/2014, que, dentre outros, retoma acordos que a empresa deveria ter cumprido em 2013, como o aumento real (1,2% acima da inflação) e o início de um Pacto pela Saúde e Segurança dos trabalhadores.

Escola troca ditador por comunista A Escola Estadual Garrastazu Médici, de Salvador (BA), realizou plebiscito para mudar de nome. Os estudantes e funcionários puderam escolher entre dois nomes: Milton Campos ou Carlos Marighella. Ganhou a homenagem ao comunista baiano, que foi deputado, guerrilheiro, poeta e capoeirista.

Um carro para duas pessoas Em dez anos, o número de carros por habitante dobrou na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Enquanto em 2002 havia um automóvel para cada quatro pessoas, atualmente a proporção é de um para dois moradores. A maior quantidade de veículos particulares fez com que, nos últimos dez anos, a parcela da população que opta pelo transporte coletivo se equiparasse à que escolhe o meio individual. Os dados são da pesquisa Origem Destino, da Secretaria de Estado de Gestão Metropolitana. 30,8% dos moradores da RMBH usam, hoje, carro ou moto para se locomover, contra 31,4% que optam pelo transporte de massa. Em 2002, esses índices eram de 18,2% e 44,2%, respectivamente.

Hospital da UFMG privatizado No dia 11 de dezembro, a reitoria da UFMG aprovou que o Hospital das Clínicas da universidade começa a ser gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). A mudança está acontecendo em todas as universidades federais do Brasil, acompanhada por protestos de funcionários e estudantes universitários, que alegam a precarização ainda maior dos “Hospitais Escola”.

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Natal traz clima de solidariedade em ocupação APOIO Comunidade promove festas e arrecada brinquedos Maíra Gomes De Belo Horizonte A ocupação William Rosa, em Contagem, é um espaço de esperança que une 3900 famílias de diversos locais diferentes em uma só luta: moradia. São pessoas comuns que buscam construir um lar, um local seguro para descansar da luta do dia a dia e criar seu filhos. Estão morando em um local sem políticas públicas, sem direitos garantidos, em casas de madeirite ou com apenas um cômodo. E estas pessoas também querem um fim de ano alegre, com festança, paz e união. Para isso, a coordenação da Ocupação organiza uma série de eventos comemorativos, busca solidariedade de pessoas de fora da comunidade e inicia uma campanha de paz na periferia. Entre os dias 14 e 15, os moradores deram início a um campeonato de futebol com o objetivo de se conhecer e unir, além da realização de um culto ecumênico. Para o próximo sábado (21), está prevista uma programação com folias, mutirão e reuniões. Durante a noite, a comunidade dará uma festa de Natal, com entrega de presentes às crianças. Todos os eventos são abertos ao público. Um dos coordenadores da ocupação, Lacerda dos Santos, membro do movimento Luta Popular, conta que há duas semanas foi iniciada uma campanha intitulada “Paz na periferia, nossa luta é por moradia”. Ele aponta que a causa de violência nas comunidades vem do próprio funcionamento do sistema, que não apresenta oportunidades aos jovens pobres, principalmente os negros. “Fizemos faixas que estão rodando a comunidade. Queremos sensibilizar a população e também colocar que ato de violência é produto da sociedade e não das ocupações ou favelas”, declara. Quem sente na pele Os moradores do local sabem bem o significado da palavra solidariedade, já que na luta é preciso união e apoio mútuo. As quase 5 mil crianças que moram no local já contam com um espaço educativo em fase de finalização, fruto de uma rede de apoio. “O pessoal da ocupação ajuda com a mão de obra, e as pessoas que acha-

ram que tinham condições fizeram doações de materiais. A creche é resultado disso tudo”, conta Lacerda. Ele informa que o espaço estará em pleno funcionamento já no início de 2014. O que ainda falta às muitas crianças que moram ali são presentes de Natal. Os moradores montaram uma barraca de doa-

ções na avenida Severino Ballesteros, onde têm conseguido presentes diariamente. “Mas são muitas crianças, né? Ainda precisamos de muita coisa”, diz Lacerda. Para doações e apoio à comunidade, entre em contato com Lacerda no número (31)9708.4830, ou no e-mail lacerdaafro@yahoo. com.br. Matheus Sá Motta


08 | opinião

Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

Acompanhando

Foto da semana

Espaço Comum Luiz Estrela

Participe Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato

Na edição 11 ... Ocupação em forma de estrela ...E AGORA

Quase 20 anos abandonado, o casarão da rua Manaus, 348, no Santa Efigência, ganhou vida há dois meses, com uma ocupação cultural. Depois de muitas negociações, o imóvel foi cedido para a cultura da cidade

Sumara Ribeiro

Cristina del Papa

2014 promete muita luta!

Privatização do HC-UFMG

As manifestações de junho marcaram o ano e o resultado das ruas levaram a presidente Dilma a anunciar a adoção dos “5 pactos”, cujos eixos são: responsabilidade fiscal, plebiscito por uma Constituinte para fazer a reforma política, saúde, educação e transporte. Reivindicações exigidas nos cartazes e que foram parcialmente atendidas. Inúmeros municípios foram obrigados a reduzir as tarifas do transporte e a presidente, por sua vez, implantou o programa “Mais Médicos”. O problema é que melhorar o transporte, a educação e a saúde pública exige grandes investimentos por parte, principalmente, do governo federal. No entanto, o que vemos, é o governo cumprir apenas com a “responsabilidade fiscal” – o 1º pacto –, ou seja, arrecadar e fazer caixa para manter o superávit fiscal. Um dinheiro que vai para as mãos de banqueiros e que deixa de ser usado nos serviços públicos. Também na contramão está a política de concessões para empresas privadas de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, além do petróleo, como vimos no leilão de Libra. A combinação dessas questões econômicas com a falta de vontade política do Congresso Nacional faz com que terminemos o ano sem a reforma política, o 2º pacto. Estão certos a Central Única dos Trabalhadores, o MST, as organizações estudantis e movimentos populares de todo país em se mobilizarem para organizar, no 7 de setembro de 2014, o Plebiscito pela Constituinte que faça a reforma política. Não será o Congresso Nacional, dominado por grupos econômicos que financiam as campanhas eleitorais, que o fará. E as ruas, de novo, darão o recado. Como podemos ver, 2014 promete muita luta!

O Conselho Universitário da UFMG passou por cima do Estatuto e do Regimento Geral da Universidade aprovando – em um processo de votação irregular – a entrega do patrimônio humano e físico que compõe o Hospital das Clínicas para a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Esta decisão de privatizar o HC-UFMG, terceirizando sua gestão, foi tomada de forma desrespeitosa e preconceituosa. Os ritos processuais foram ‘manobrados’, permitindo uma votação com quórum simples, quando o Estatuto e Regimento da UFMG obrigam o quórum qualificado. Este golpe impediu que os técnico-administrativos e alunos barrassem a terceirização. Nós, do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino, acreditamos que a votação não tem valor diante das diversas irregularidades. Assim como não reconhecemos a EBSERH, empresa que já nasceu contestada pela Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.895/2013. Diferente dos professores que votaram a favor da terceirização, acreditamos que o fato de o Hospital das Clínicas ser referência nacional só foi possível graças à gestão universitária e ao compromisso com o ensino, pesquisa, extensão e assistência à sociedade. Uma empresa preocupada com lucros e reduções de gastos não poderá manter o alto nível do atendimento. Por fim, sabemos que os Hospitais Universitários que a EBSERH assumiu já apresentam problemas como a redução do atendimento e da força de trabalho. Somente o futuro dirá quem estava certo, se quem defendeu uma concepção de Estado Democrático de Direito ou um Estado Neoliberal com ampla terceirização do serviço público.

Sumara Ribeiro é membro do Diretório Estadual do PTMG

Cristina del Papa é coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes)

Com aproximadamente dois meses de ocupação, o Espaço Comum Luiz Estrela, instalado em um casarão abandonado na rua Manaus, em Santa Efigênia, entrou em acordo com o Governo de Minas nesta quarta-feira (18) sobre a cessão do imóvel. O prédio será cedido ao Espaço por intermédio da entidade Oficina de Imagens, que representará juridicamente os ocupantes. Assim poderão ser oficializadas as obras de preservação do imóvel e também seu uso como centro cultural popular. O casarão foi construído em 1913 para abrigar o Hospital Militar da Força Pública. Funcionou como hospital e chegou a ter crianças internadas. Estava abandonado desde 1994 e o governo pretendia fazer um memorial para o ex-presidente JK no local.

Na edição 11... Idosos são desrespeitados nos ônibus de BH

... e agora Foi aprovado em segundo turno nesta quarta-feira (18) o Projeto de Lei que garante passe livre para idosos (passageiros com mais de 65 anos, possuidores de renda individual inferior a dois salários mínimos) e pessoas com deficiência em ônibus intermunicipais de Minas Gerais. Segundo a proposta, cuja implementação é prevista para 2014, cada veículo deverá ter dois lugares destinados aos beneficiários. O idoso deverá apresentar a identidade no momento do embarque, além do documento que comprove seu cadastro de isenção de pagamento. O projeto depende agora da sanção do governador Antonio Anastasia.


Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

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“Mercado procura obscurecer a dimensão de Jesus no Natal” FREI BETTO

Escritor retoma aspectos políticos de Cristo e avalia Papa Francisco

Guilherme Almeida De São Paulo Carlos Alberto Libânio Christo, mais conhecido como Frei Betto, vive no convento de ordem dominicana, no bairro Perdizes, em São Paulo. Autor de 53 livros, já ganhou o Prêmio Jabuti pelas obras “Batismo de Sangue” e “Típicos Tipos – perfis literários”. Adepto da Teologia da Libertação, é um grande defensor dos direitos humanos no Brasil e uma das maiores vozes em favor dos movimentos populares. Foi assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2004, e coordenou o programa Fome Zero. Desde de que professou na Ordem Dominicana, em 1966, acompanha as mudanças na Igreja Católica.

“O Papa é um latinoamericano e tem muita sensibilidade pela questão social. Realmente, seus primeiros passo são positivos” Em entrevista concedida ao Brasil de Fato, Betto elogia o Papa Francisco, analisa as mudanças no Vaticano e a crise da Igreja Católica no Brasil. Ele demonstra preocupação com o processo de “confessionalização da política”. Brasil de Fato - Qual é sua avaliação sobre o Papa Francisco? Frei Betto - Foi uma grande novidade a eleição do [Jorge Mario] Bergoglio. É um latino-americano e tem muita sensibilidade pela questão social. Seus primeiros passos são positivos. Começou uma reforma da Igreja de cima pra baixo, o que corresponde à estrutura piramidal da Igreja Católica. Ele abandonou uma série de símbolos que eram da nobreza, como a capa, o sapato vermelho e a cruz de ouro. Também é interessante o fato de ele preferir morar na Casa de Santa Marta, uma casa de hóspedes, com um refeitório usado pelo pessoal que trabalha no Vaticano, largando a residência pontifícia. Houve alterações na estrutura da Igreja? Ele nomeou uma comissão de oito cardeais de cinco continentes para estudar a reforma da cúria, mas

só saberemos o resultado no fim de janeiro. O novo Papa deu sinais também de querer reformar ou até erradicar o Banco do Vaticano, que oficialmente tem o nome de Instituto de Obras Religiosas. Essas modificações deslocam o debate dentro da Igreja do pessoal para o social. Abrem-se pistas para uma nova teologia, principalmente a respeito da moral sexual, que é um tema congelado dentro da Igreja desde o século 16. Acentua-se também a questão da opção pelos pobres e a denúncia da desigualdade social. É preciso rever questões como o celibato, ordenação de mulheres, patriarcalismo, volta ao ministério sacerdotal dos padres casados. Quando o Papa fala que a Igreja precisa de uma Teologia da Mulher, está abrindo portas para uma reflexão. Estamos mais perto dessa abertura do que com os pontificados anteriores. Passamos praticamente 35 anos de pontificados conservadores. Agora existe muita esperança de melhora. Você fala em diferentes teologias dentro da mesma religião. O que isso significa? Tudo depende da Teologia que os agentes pastorais assumem, aqueles que animam a comunidade. Se é uma fundamentalista, reacionária, ou se é da libertação, que coloca todos nós cristãos como discípulos de um prisioneiro político. Jesus não morreu de hepatite na cama nem

“Jesus foi preso e torturado, julgado com dois presos políticos e condenado à pena de morte. Que fé os cristãos têm hoje que não questionam essa desordem estabelecida?” em um desastre de camelo em uma esquina de Jerusalém. Ele foi preso e torturado, julgado com dois presos políticos e condenado à pena de morte dos romanos. Que fé os cristãos têm hoje que não questionam essa desordem estabelecida? A fé de Jesus o levou a ser considerado subversivo, portanto, uma ameaça para a desordem estabelecida. Aí ele foi eliminado. Não é nem questão de politizar a história, é retomar o passado como realmente foi.

Rafael Stedile

O Natal é um exemplo história religiosa que mudou de sentido? O que é o Natal? Um casal de Nazaré, Maria e José, vão para Belém. Lá são rejeitados e convocados pelo recenseamento do Império Romano. Há várias hipóteses de porque eles foram rejeitados. A minha é que foram rejeitados porque Maria chegou grávida e eles não estavam oficialmente casados. Então, eles literalmente ocuparam uma terra privada. Eu costumo brincar que, no dia seguinte, o “Diário de Belém” deve ter dado a manchete: ‘Família de sem-terra ocupa propriedade rural’. Jesus nasceu em um curral. Isso é muito simbólico. Na época de Jesus, quem lidava com animais era socialmente rejeitado. Está lá na Bíblia visivelmente. Mas muita gente não tem olhos pra ver. Mesmo com esse pano de fundo, por que o Natal se transformou em um feriado de troca de presentes? A data tem um sentido religioso muito forte e é muito sedutora do ponto de vista de seu simbolismo. O mercado procura cada vez mais obscurecer a dimensão de Jesus de Nazaré e impor o Papai Noel, que tinha originalmente a cor verde. A Coca-Cola impôs a cor vermelha. Há uma ‘Papainoelização’ que transforma o Natal em uma festa do consumo. O mercado quer se impor na pós-modernidade. É a mercantilização de todas as dimensões da vida.

Como você vê a representação política de grupos religiosos na política? A figura religiosa pode participar, sem desrespeitar o pluralismo religioso e querer transformar a sua concepção religiosa em lei universal a ferro e fogo. Foi o que aconteceu com o deputado eleito para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e dos Deputados [referência ao pastor da Igreja Assembleia de Deus Marcos Feliciano] na questão da homossexualidade. A política é um espaço laico. Portanto, quando se confessionaliza a política, se nega a laicidade desse espaço. É evidente que os evangélicos fundamentalistas gostariam de impor a sua doutrina, principalmente sua dou-

“Temo que a gente esteja assistindo silenciosamente a um ascenso de um projeto de confessionalização da política” trina moral, ao conjunto da população. Para isso, só há um jeito: a persuasão, através da pregação e a conversão. Temo que a gente esteja assistindo silenciosamente a um ascenso de um projeto de confessionalização da política. Seria um passo atrás em relação à modernidade e às conquistas da autonomia do Estado, do espaço político e da laicidade.


10 | brasil

Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

Ministério do Trabalho firma acordo com MEC para qualificar trabalhador Reprodução

QUALIFICAÇÃO A partir de março do ano que vem, serão ofertadas 500 mil vagas de formação até dia 20 Agência Brasil Os ministros do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Dias, e da Educação (MEC), Aloizio Mercadante, assinaram na terça-feira (17) acordo de cooperação técnica que institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) na modalidade Trabalhador. A partir de março do ano que vem, serão ofertadas 500 mil vagas de formação e qualificação profissional para trabalhadores desempregados cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine), 250 mil vagas para o ProJovem Trabalhador, que atende a pessoas entre 18 e 29 anos, e 150 mil vagas para

o Programa Aprendizagem, para jovens entre 15 e 24 anos. Com o acordo, os repasses para ações de qualificação profissional destinados pelo MTE a organizações não governamentais (ONGs) e organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) deixarão de existir a partir do ano que vem. No Pronatec Trabalhador serão ofertados 840 cursos técnicos e de formação continuada. “Não são cursos escolhidos aleatoriamente. O Ministério do Trabalho fez o mapeamento considerando as demandas dos estados e municípios e do mercado de trabalho. A partir desse diagnóstico, o ministério propôs ao MEC as vagas que agora oferecemos”, disse Manoel Dias.

Premiado, movimento Mães de Maio defende desmilitarização da polícia RECONHECIMENTO Prêmio foi entregue pela presidenta Dilma Rousseff A presidenta Dilma Rousseff entregou o Prêmio de Direitos Humanos 2013 nesta quinta-feira (12), em Brasília, reconhecendo que a “tortura continua existindo em nosso país”. “Eu que experimentei a tortura sei o que ela significa, o desrespeito à mais elementar condição de humanidade de uma pessoa”, disse. Durante o evento, participantes protestaram contra a violência policial. “Chega de alegria, a polícia mata pobre todo dia”, era uma das palavras de ordem. A pauta subiu para o palco quando a fundadora do grupo Mães de Maio, Débora Maria, recebeu o prêmio na categoria “Enfrentamento à violência”. “Quando a gente sente na pele o que é perder um filho, a gente se põe no lugar também das vítimas do passado, das vítimas da ditadura. Para a gente poder comemorar o fim da ditadura, temos que desmilitarizar a polícia”, afirmou Débora, que teve seu filho morto em 2006 pela PM paulista. Dilma respondeu a Débora, durante seu discurso, lembrando que também lutou contra a ditadura militar e afirmou que se empe-

nhará em solucionar o problema da violência policial. “Vamos juntos superar esse cenário de mortalidade da juventude. Porque a his-

tória de um grande país não se faz com uma juventude sendo objeto de violência. Se faz com a juventude viva.” (Revista Fórum)

Pesquisador cria aplicativo com 64 rádios comunitárias Facilitar e ampliar o acesso a rádios comunitárias do mundo inteiro foram inspirações para o jornalista Arthur William, pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) para criar o aplicativo RadCom (com versões para web, Iphone e Android). A premissa é que as culturas, as vozes e os ideais locais devem ser valorizados e chegar cada vez mais longe. A tecnologia, que reúne inicialmente 64 rádios comunitárias de 17 países, está preparada para cadastrar novas emissoras do mesmo gênero. Existem outros aplicativos para ouvir rádios em smartphones, só que é difícil fazer esse filtro pelas emissoras comunitárias. E sabemos que a maioria das disponíveis nesses Apps é comercial”, explicou o pesquisador. O aplicativo reúne estações ligadas a redes livres e comunitárias, como AMARC, Projeto Dissonante, Rizoma de Rádios Livres e o Projeto Orelha. O app pode ser baixado no site http://rebaixada. org/radcom. O projeto “Rebaixada”, que originou o aplicativo, foi resultado da pesquisa de mestrado de Arthur William. (EBC)


Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

brasil | 11

Dilma recorre ao setor privado por infraestrutura OBRAS Aceleração do plano de concessões busca crescimento da economia Guilherme Almeida De São Paulo

O ano de 2013 marcou uma mudança na estratégia do governo federal. Após indicadores pouco animadores de crescimento da economia, a presidenta Dilma Rousseff acelerou o Plano de Investimento em Logística (PIL). Esse programa projeta uma série de concessões públicas para obras de infraestrutura e gestão de aeroportos, portos, ferrovias e rodovias para o escoamento da produção agrícola e industrial, melhorando o sistema de transporte do país. Já foram arrematados cinco aeroportos, em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas, Guarulhos e Brasília. A média de ágio – valor pago acima do mínimo do leilão – é de 316%. Também foram a leilão três grandes trechos de estradas, as BRs 060, 153, 262, 050 e 163.

O PIL foi lançado em agosto de 2012, no entanto, não obteve o sucesso esperado, previa contratos pouco rentáveis às grandes empreiteiras que disputam os leilões. O governo fez ajustes no plano inicial que, de acordo com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foram necessários para chegar a uma mediação dos dois grandes modelos recentes de concessão pública no Brasil. No governo Fernando Henrique Cardoso, houve a privatização de empresas estatais, enquanto no Luiz Inácio da havia maior participação estatal nas concessões por tempo determinado. Para o professor Armando Boito Jr., do departamento de ciência política da Unicamp, o projeto colocado pela presidenta Dilma permite o crescimento tanto das estatais quanto das empresas privadas sediadas no Brasil.

Concessões abrem discussão sobre modelo econômico O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) afirma que o Brasil está “anos-luz” atrasado em infraestrutura e defende as concessões realizadas pelo governo. “Precisamos desses investimentos para garantir uma economia com capacidade de escoamento da produção e uma infraestrutura à altura dos desafios que o Brasil enfrenta”, analisa. Para ele, a relação com o setor privado é positiva para o Estado. “O governo buscou um modelo que garante investimento e remuneração do investidor”, conclui. “Definitivamente, não temos recursos para fazer via Estado”, afirma o deputado federal.

Para o líder do PSOL na Câmara Ivan Valente, o Estado deveria chamar para si a responsabilidade de gerir a infraestrutura. “Há diferenças entre os modelos do PSDB e PT. No entanto, não se deixa de ofertar à iniciativa privada uma fatia grande da riqueza nacional”, avalia. Segundo ele, as concessões poderiam ser evitadas com mudanças na economia para viabilizar o investimento estatal em infraestrutura. “O modelo econômico brasileiro gasta quase metade do orçamento para pagar juros, amortizações e rolagens da dívida pública”, afirma Ivan Valente. (GA) Portal da Copa

O aeroporto de Confins foi um dos que foram entregues a concessões

Wilson Dias/ABr

Presidenta Dilma Rousseff no lançamento do Programa de Concessões de Rodovias, Ferrovias e Trem de Alta Velocidade

O especialista avalia que esse modelo de concessões não agrada totalmente ao capital internacional, tampouco é indiferente às necessidades populares. “É o conflito entre o projeto neodesenvolvimentista que vivemos com o neoliberal ortodoxo dos anos 1990”, explica. Ivan Valente, deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL/SP) faz críticas aos mo-

delos de FHC, Lula e Dilma. “O governo FHC vendeu o patrimônio para pagar a dívida externa e entregou empresas estatais à especulação. É uma privatização selvagem. O modelo do PT é também privatização. Não tem outro termo. Mesmo que a gerência fique com o setor privado por tempo determinado, o Estado poderia cumprir essa função”, defende.


12 | mundo

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Geração de empregos será desafio para América Latina em 2014

Bachelet volta a ser presidente do Chile

PANORAMA Para OIT, estamos em um momento positivo, porém, desafiador A perda de dinamismo da economia teve impacto negativo sobre o mercado de trabalho na América Latina e no Caribe – grupo de países do qual o Brasil faz parte. De acordo com o Panorama Laboral da América Latina e do Caribe 2013 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), para manter e consolidar o crescimento dos últimos dez anos, será necessário criar 43,5 milhões de empregos na próxima década. “A região corre o risco de perder uma oportunidade de avançar na geração de mais e melhores empregos. Estamos em um momento positivo, porém, desafiador”, informa o documento. Caso a região não recupere o dinamismo econômico, a previsão é a de que haja 14,8 milhões de pessoas sem emprego nesses países em 2014. Entre os que trabalham, pelo menos 130 milhões estão na informalidade. A OIT estima que três de

Reprodução

cada dez trabalhadores latino-americanos não tenham acesso à proteção social. Em relação às taxas de desemprego, os países com os piores desem-

penhos neste ano foram a Jamaica (15,4%) e a Colômbia (11,1%). Os melhores, o Panamá (4,7%), o Equador (4,7%) e o Brasil (5,6%). (Agência Brasil)

No último domingo (15), quando o Servel (Serviço Eleitoral chileno) anunciou a parcial com 59% dos votos apurados, o Chile conheceu o nome da mulher que governará o país a partir do próximo mês de março e durante os próximos quatro anos. Ela é a socialista Michelle Bachelet, que também foi a primeira mulher a governar o país (entre 2006 e 2010) e agora volta à presidência. Bachelet superou a representante governista Evelyn Matthei, que foi ministra do Trabalho do atual governo de Sebastián Piñera. Bachelet é a primeira figura política chilena a vencer duas eleições presidenciais e, com os novos quatro anos de mandato que terá pela frente, se tornará a presidente com mais tempo no cargo desde o retorno da democracia (em 1990). A vitória de Bachelet é marcada também por uma alta taxa de abstenção, que tem sido regra nas eleições chilenas desde a instalação do sistema de voto facultativo. Neste domingo, a evasão eleitoral registrada foi de 60%.


Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

A novela Como ela é

CAÇA-PALAVRAS

© Revistas COQUETEL 2013

Reprodução

www.coquetel.com.br

variedades | 13

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Fenômeno surgido no NORDESTE brasileiro entre o final do SÉCULO XIX e início do século XX, o CANGAÇO foi um movimento SOCIAL gerado a partir das péssimas CONDIÇÕES de vida da região, resultantes da concentração de RENDA nos latifúndios. Os cangaceiros andavam em BANDOS armados espalhando o medo através de atitudes violentas, como saques a fazendas, ATAQUES a comboios e sequestros de CAÇA-PALAVRAS FAZENDEIROS. www.coquetel.com.br © Revistas O cangaceiro mais FAMOSO foi Virgulino Ferreira da COQUETEL 2013 Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto. Silva, o LAMPIÃO, que ficou conhecido como o Rei do Cangaço. Ele e seu bando atuaram entre 1920 e 1938, e, apesar de ser considerado um CRIMINOSO brutal Fenômeno surgido no NORDESTE brasileiro entre o final pelas autoridades, eraXIX visto pela POPULAÇÃO como do SÉCULO e início do século XX, o CANGAÇO foi um movimento SOCIAL gerado a partir das símbolo de bravura e HONRA. Durante o péssimas governo CONDIÇÕES de vida da região, resultantes da de Getúlio VARGAS foideempreendida uma CAÇADA a concentração RENDA nos latifúndios. Os cangaandavam em BANDOS armados espalhando Lampião, que ceiros acabou assassinado em 1938, juntamente com sua o medo através de atitudes violentas, como saques MULHER, Maria Bonita, e outros membros do seu a fazendas, ATAQUES a comboios e sequestros de grupo. As cabeças do casal FAZENDEIROS. foram decepadas e expostas em locais PÚBLICOS. Y

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Estamos chegando ao final de mais um ano. Nessa hora, é bom a gente recuperar aquilo que fez, para perceber os rumos que as coisas tomaram. Nessa toada, acho legal a gente fazer uma retrospectiva da nossa coluna em 2013. Vamos lá? A ideia era a gente discutir sobre a vida e as relações humanas a partir das histórias que acompanhamos todos os dias nas novelas. O brasileiro gosta de novela e se refere a elas nas conversas do dia a dia, logo são um bom incentivo para os textos semanais. Neste espaço, falamos das confusões dos autores dos folhetins, que vêm enrolando as tramas com histórias sem pé nem cabeça e personagens forçados. Discutimos as relações de gênero, a partir das histórias de traição e lembramos que o adultério e maldade são tramas certas de qualquer novela. E da vida. Recuperamos fatos da história de nosso país nas novelas de época e vimos que muitos deles ainda permanecem enraizados na história de hoje. Falamos de temas ainda novos nas resenhas do dia a dia, como os casais homossexuais, a barriga solidária, os preconceitos dos namoros que fogem dos estereótipos da sociedade. Ficamos surpresos ao descobrir os segredos “cabeludos” das histórias e dos personagens, reconhecendo que também temos sete chaves que mantêm nossos segredos bem guardados. Acho que cumprimos nossa missão! E queremos seguir falando da vida pelas novelas no ano que vem. Por isso, mais uma vez convidamos você a entrar em contato no quimvela@brasildefato.com.br para dar sugestões e comentar os textos da “Novela como ela é!” Uma linda passagem de ano e boas festas para se divertir!

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S A G R A V E C C U O L N O O S P U D L A I I

S A EÇ C C UÕ O LE N O S D I Ç Õ E S

Solução Solução

Nossa coluna em 2013

Amiga da Saúde, tenho a pele negra e nunca usei filtro solar. Tenho chance de ter câncer de pele? O que devo fazer para evitar?

Oi Amiga da Saúde, minha menstruação é irregular. Isso pode ser indício de algum problema de saúde?

Sinto muita dor na relação sexual, mas meu parceiro diz que é normal. Com o passar do tempo, posso me acostumar? Ou posso estar com algum problema?

Maria Luciene, 29 anos, cabeleireira

Jéssica Leandra, 19 anos, estudante

Geralda Matias, 32 anos, costureira

Cara Maria, é raro aparecer um câncer de pele em pessoas negras, pois os negros possuem muita melanina e isso confere maior proteção contra os raios solares. Mesmo com essa chance muito pequena, é mais seguro se prevenir com uso do protetor solar, principalmente se você tiver que ficar exposta ao sol por muito tempo. Evite o sol nos horários em que está mais forte, dando preferência para os períodos da manhã (até 10 horas) e no fim da tarde (após as 16 horas).

Querida Jéssica, a menstruação irregular pode ser relacionada a algum desarranjo que precisa ser investigado por um ginecologista. Mas é preciso ver se este é realmente seu caso, pois a maioria de nós fica confusa quando a menstruação não chega sempre no mesmo dia do mês. Você deve contar o intervalo entre o primeiro dia de uma menstruação e o primeiro dia da próxima. Esse é o ciclo menstrual, que pode ser de 25, 30, 35 dias, etc (varia muito em cada mulher). Se ele for sempre

Você pode sim estar com algum problema de saúde, Geralda. Diga ao seu parceiro que não é normal sentir dor durante a relação sexual. Aliás, a relação sexual precisa te causar prazer e não sofrimento. Você não deve se acostumar com nada que te faça mal. A dor forte durante ou depois do ato sexual se chama Dispareunia. Pode estar relacionada a diversos fatores, como infecções vaginais ou no útero, inflamações das glândulas vaginais, pouca lubrificação vaginal, reações alérgicas a produtos anticoncepcionais, malformação congênita de al-

igual ou com pequenas variações, está regular. Irregular seria um ciclo que num mês é de 20 dias, no outro de 40, no outro de 30, ou seja, você nunca sabe quando a menstruação chegará. É comum a menstruação desregulada nos primeiros anos da adolescência e perto da menopausa.

guma estrutura genital, entre outras. Dependendo da posição no ato sexual, pode haver alguma dorzinha bem leve, que dá prazer. Isso não é Dispareunia e não precisa ser tratado. Procure sua equipe no Centro de Saúde e peça para agendar uma avaliação médica.


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Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

Som de preto, de favelado, do Brasil inteiro FUNK Preconceito contra o estilo é reflexo da discriminação racial

Mídia Ninja

Raíssa Lopes De Belo Horizonte Assim como o samba, ele nasceu nos morros do Rio de Janeiro e ruiu com o modelo tradicional de se fazer e pensar música da época. O funk - que hoje não é somente carioca, mas um dos gêneros musicais mais populares do país - surgiu na década de 1980, influenciado por ritmos americanos como Black, Funky e principalmente, Miami Bass. De lá pra cá, foram inúmeras as transformações e estilos incorporados à categoria. Entre as contestações sociais de Cidinho e Doca, declarações de amor de Claudinho e Buchecha e shows da poderosa Anitta, barreiras foram ultrapassadas e preconceitos quebrados. Porém, foram construídos muitos outros, que ainda precisam ser desfeitos. Ricardo Silva, conhecido popularmente como MC Baby, é compositor da música “Som de Preto”, que estourou ao ser tema da protagonista Raíssa na novela América, produzida pela Rede Globo no ano de 2005. Em sua letra afirma que o gênero musical “é som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”. Para ele, o preconceito que ronda o universo funkeiro é, na maioria das vezes, racial. “Se compararmos a história do funk com a do samba, pagode, e até mesmo da capoeira, enxergamos o fato nitidamente. Essas três manifestações da

Funk pode caracterizar situação de revolta, uma espécie de grito

cultura negra, consequentemente periférica, eram proibidas antigamente. A polícia as perseguiu desde o início”, afirma. O músico alega que a sociedade, principalmente a classe média – grupo que movimenta a economia do país e denomina as modas que serão seguidas pelos demais brasileiros – é responsável pelas mudanças que levaram o gênero musical a ser o que é hoje. “Eles sempre negaram o funk. Mesmo quando falava de amor, da realidade do morador da favela. Não só eu, como muitos sociólogos defendem que verReprodução

MC Baby defende: “é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado”

tentes como o “Proibidão” e a “Putaria”, são formas que os funkeiros encontraram de chamar a atenção, de dizer ‘eu quero ser visto’, ‘eu estou aqui!’. Essas letras caracterizam uma situação de revolta, uma espécie de grito. Quando o funk desceu para o asfalto as coisas mudaram um pouco, mas o ritmo ainda é criminalizado. A classe média e as emissoras de TV que a influenciaram foram os primeiros a ‘bater’ no funk, portanto, tudo o que fazem atualmente para o valorizar, para mim, é pouco. Eles ainda devem muito ao estilo”, defende. MC Baby enfatiza que, após a Rede Globo ter colocado sua música como tema de uma protagonista branca, moradora da zona sul carioca, o funk se alastrou por áreas antes inimagináveis. “Lembro de uma cena que me marcou. Era a Mariana Ximenes, atriz que interpretava o papel na época, ainda vestida de noiva, dançando funk na festa de seu casamento. Esse foi o pontapé para a disseminação da cultura. Na mesma época, fiz um show com o DJ Malboro no Chevrolet Hall, e muita gente rica prestigiou. Deixamos o recado de que eles abraçaram o funk como novidade naquele momento, mas que ele sempre existiu”, menciona. Funk consciente Belo Horizonte é conhecida nacionalmente com o berço do “Funk Consciente”, famoso por descrever

o cotidiano da periferia. Para Baby, a febre paulista do “Funk Ostentação”, que enaltece o dinheiro e bens materiais é válida, porém passageira. “Não acredito que seja um estilo que veio para ficar. A televisão começou a perceber que o funk era a música atual dos jovens, e que daria dinheiro. A partir daí os programas de auditório começaram a convidar artistas e por isso ele cresceu. O que eu acho legal desse funk é que ele vai ‘na contramão’, porque o desemprego, assim como a falta de cultura, ainda é algo comum na favela. Então, muitas vezes o ‘molequinho’ que mora em comunidade canta funk sobre mansões, roupas e tênis de marca para amenizar o dia a dia da pobreza. Ele levanta sem saber se vai comer e fica mais tranquilo ao ouvir essas músicas. Por outro lado, é ilusão. Dá pra dizer que 90% do pessoal que mora nessas áreas não tem sequer um relógio”. O MC ainda atesta que muitos funkeiros deixam de tocar o estilo que gostam para agradar a mídia, pois assim garantem o sustento de suas famílias. “É difícil criticar um cara que canta “Putaria”, por exemplo. Atualmente é o que faz sucesso, e ele precisa ganhar dinheiro. Além disso, todos os funks que muitas pessoas condenam são geradores de emprego. Desde o porteiro e segurança de casas de shows, ao vendedor do CD pirata”, defende.


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Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

AGENDA DO FIM DE SEMANA

é tudo de graça!

MÚSICA

MÚSICA

EXPOSIÇÃO

Apresentação do show “Cavalo Motor, do Sertão à Grande Cidade”, do músico Makely Ka. Sábado (21), às 15h, no Centro Cultural Venda Nova (Rua José Ferreira Santos, 184, Venda Nova).

A exposição “Tramas e Bordados – Ontem e Hoje” apresenta peças íntimas e camisolas bordadas à mão em uma oficina realizada no Centro de Referência de Assistência Social, CRAS, do bairro Aarão Reis. Até 31/05, todas as terças, quartas, quintas e sextas das 10h às 21h, no Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte (Rua Bahia, 1149, Centro).

Coral Lírico e Big Band interpretam Concerto Sacro de Duke Ellington. O espetáculo terá a participação do sapateador Steven Harper e da soprano Rita Medeiros. Sábado (21), às 20h30, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).

MÚSICA

CINEMA

GASTRONOMIA

Segunda a quinta-feira

EXPOSIÇÃO

Show com dupla de rap Dokttor Bhu e Shabê. Sábado (21), às 18h, no Centro Cultural Venda Nova (Rua José Ferreira Santos, 184, Venda Nova).

Mostra de Cinema Argentino, com a exibição dos filmes “Kamchatka” e “El Último Elvis”. Sábado (21), às 16h, Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim).

Festa de Encerramento do Circuito Gastronômico da Pampulha. Sábado (21), das 12h às 21h, no Parque Ecológico da Pampulha (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 6061, Pampulha).

O Centro Cultural Minas Tênis Clube recebe exposição de Tomie Ohtake no ano do seu centenário de nascimento. Até 02/02, terças a sábados, de 10 às 20h e domingos, de 11 às 19h, no Centro Cultural Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2.244, Centro de Facilidades - Piso 5).

EXPOSIÇÃO O Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) recebe a exposição “Pinturas de Mauro Silper – Pinacoteca MHAB”. Até 25/12, todas as terças, sextas, sábados e domingos, das 10h às 17h; quartas e quintas, das 10h às 21h. A mostra acontece no Museu Histórico Abílio Barreto( Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim).

EXPOSIÇÃO

A exposição “Escavar o Futuro” propõe uma reflexão sobre a produção artística dos anos 1960 e 70. Até 02/02, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, Galeria Arlinda Corrêa Lima, Centro de Arte Contemporânea e Fotografia e Parque Municipal Américo Renne Giannetti.

VISITA

Visita ao Aquário da Prefeitura - Bacia do Rio São Francisco, considerado o maior de água doce do Brasil. A partir das 9h, na Avenida Otacílio Negrão de Lima, 8000, Pampulha.

esporte |

na geral Brasileirão Feminino Bom Senso do Vôlei A atuação do movimento Bom Senso Futebol, incentivou os atletas das equipes do voleibol brasileiro , presentes na Super Liga, a construir algo parecido. Insatisfeitos com uma série de fatores, uma comitiva de jogadores foi, na última terça feira (17), até o zagueiro corintiano Paulo André, um dos líderes do Bom Senso F.C. buscar ajuda para construção do “Bom Senso do Vôlei”. As principais reivindicações aproximam-se das colocadas dentro dos gramados: melhor calendário de jogos, pagamento em dia de salário, mais diálogo por parte da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Uma das iniciativas que mais chamam a atenção no Bom Senso F.C são os constantes protestos, realizados nas últimas rodadas do Brasileirão. No vôlei, a ideia já está sendo pensada para uma rodada próxima da Superliga. E nem mesmo paralisações e greves são descartadas pelos atletas.

O Centro Olímpico de São Paulo é o atual campeão brasileiro de futebol feminino. A equipe sagrouse campeã após somar mais pontos nos jogos de ida e volta da final da competição contra o conterrâneo paulista São José. O atual campeão tem também a melhor campanha da competição: nos doze jogos disputados, foram nove vitórias, dois empates e uma derrota. Por sua vez o São José, embora tenha perdido o Brasileiro conquistou outros três títulos na temporada: os Jogos Regionais, a Copa do Brasil e a Libertadores da América. Demanda antiga do Futebol Feminino Profissional, o “Brasileirão” foi realizado pela primeira vez em 2013, contou com 20 equipes divididas numa primeira fase em quatro grupos de cinco clubes cada, seguido de três fases eliminatórias.

Sorteio Oitavas-de-final UEFA Champions League Aconteceu na última segundafeira (16) o sorteio dos confron-

tos das oitavas-de-final da UEFA Champions League, principal competição de clubes do mundo. Atual campeão, o Bayern Munique, que está disputando o mundial de clubes em Marrocos junto com o Galo, terá um grande adversário na primeira fase do mata-mata, mas o principal confronto desta fase será entre Manchester City (ING) x Barcelona, clube espanhol em que atua a joia brasileira Neymar. Os outros jogos são: Arsenal (ING) x Bayern Munique (ALE); Chelsea (ING) x Galatasaray (TUR); Olympiacos (GRE) x Manchester United (ING); Bayer Leverkusen (ALE) x PSG (FRA); Atlético de Madrid (ESP) x Milan (ITA); Zenit (RUS) x Borussia Dortmund (ALE); Schalke 04 (ALE) x Real Madrid (ESP).

Convocações No dia 12 de fevereiro, o técnico da seleção brasileira, Luis Felipe Scolari, divulga a lista de convocados para o último amistoso do Brasil antes da Copa do Mundo, contra a África do Sul, dia 5 de março. Já a relação dos 23 jogadores convocados para a Copa do Mundo sai-

rá dia 7 de maio. A apresentação está marcada para 26 de maio. O grupo treinará na Granja Comary, em Teresópolis, centro de treinamento oficial da CBF. Estão programados dois jogos para os dias 4 e 7 de junho, com adversários ainda não escolhidos. A estreia do Brasil acontece dia 12 de junho, no Itaquerão, contra a Croácia.

Fórmula 4 A Petroball Racing Limited anunciou a participação na temporada 2014 da Fórmula 4 inglesa. O time brasileiro terá sua primeira experiência internacional. O objetivo é montar uma estrutura para levar pilotos para o automobilismo europeu. “Teremos como dar aos pilotos brasileiros um ambiente mais familiar quando deixarem o Brasil tão jovens, permitindo que eles se acostumem o mais rápido possível ao novo ambiente”, diz José Roberto Sabathe, dono da Petroball. Para isso, será montada uma base, que está sendo chamada de Casa Brasil, em Milton Keynes, na Inglaterra.


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Belo Horizonte, de 20 a 26 de dezembro de 2013

OPINIÃO

Os cínicos Wallace Oliveira

Tabela do Campeonato Brasileiro de 2013

Em 1997, a TV Globo divulgou gravações de conversas nas quais o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol supostamente oferecia resultados da Copa do Brasil aos dirigentes do Corinthians e Atlético Paranaense, em troca de dinheiro para financiar sua candidatura a deputado. Por conta disto, Fluminense e Bragantino pediram a anulação do Brasileiro de 1996. A CBF cancelou o rebaixamento dos dois clubes. Novamente, o Fluminense ficou entre os últimos colocados e, então, desceu à série B, caindo à série C já em 1998. Em 1999, numa disputa judicial entre Rio Branco e Tocantinópolis, foi bloqueado o passe de Sandro Iroshi, pertencente ao São Paulo. Próximos da zona da degola, Botafogo e Inter reivindicaram à Justiça Desportiva os pontos de jogos perdidos para o time paulista, que escalou Iroshi em situação irregular. Foram atendidos. O vice-lanterna Gama protestou na justiça comum.

Sem a conclusão do processo, a CBF não pôde organizar o campeonato do ano 2000 e transferiu a prerrogativa ao Clube dos Treze, que criou a Copa João Havelange. Ela integrava as três principais divisões do futebol nacional, com 116 equipes distribuídas em quatro módulos na fase de grupos. O Fluminense, que acabara de ganhar a série C de 99, compôs o módulo dos clubes da série A e, extinta a Copa, ficou na primeira divisão sem ter passado pela segunda. Dessa época, o Tricolor herdou a pecha de rebaixado moral, assim permanecendo até que pague a dívida que contraiu com a Segundona. Quando, porém, o Flu mais uma vez cai na bola e na bola tem a chance de recuperar a dignidade, seus dirigentes abraçam com entusiasmo a salvação vinda de um erro infantil e irrelevante da Lusa, apoiados na letra fria da lei. Cinismo típico de alguns personagens do tricolor Nelson Rodrigues, que certamente não louvaria esse “feito”.

Atlético

Atlético decepciona e não vai à final do Mundial Bruno Cantini

Da Redação Foi simplesmente decepcionante. O Atlético frustrou as expectativas de sua torcida - inclusive dos cerca de 20 mil atleticanos que foram ao Marrocos, segundo informações da embaixada brasileira - ao ser derrotado pelo Raja Casablanca, na última quarta-feira (18), por 3x1, pelas semifinais do Mundial de Clubes da FIFA. Com o resultado, será o Raja que irá enfrentar o Bayern de Munique, neste sá-

bado (21), na final. O Atlético fará o jogo preliminar, contra o Guangzhou Evergrande, da China, às 14h30, valendo o terceiro lugar da competição. A atuação do Atlético foi irreconhecível, com um time apático, diante de um Raja que esbanjou disposição diante de sua torcida entusiasmada com o resultado inacreditável. Com a derrota, o presidente Alexandre Kalil já anunciou a saída do treinador Cuca, e o elenco deve sofrer outras baixas.

Lusa cai A segunda-feira (16) marcou o caráter partidário do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. A Portuguesa foi rebaixada no Brasileirão, dando lugar ao Fluminense, após o julgamento sobre a escalação de Héverton na última rodada do campeonato.


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