Edição 20 do Brasil de Fato MG

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Bruno Cantini

cultura | pág. 14

Divulgação

esportes | pág. 16

Teatro e dança mais baratos

Ronaldinho Gaúcho fica no Atlético e o time agora pode se preocupar com outros reforços como para laterais, zaga e mesmo para o ataque, caso se confirme a saída de Alecsandro

Artistas e produtores comentam sobre os avanços e limites da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de Belo Horizonte, que em 2014 completa 40 anos

Edição

O dia do fico

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014 | ano 1 | edição 20 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

minas | pág. 6

Mais R$ 40 mi para juízes

Mídia Ninja

cidades | pág. 3

Lucro com o lixo

Mínimo maior

Prefeitura de Belo Horizonte terá lucro de mais de R$ 100 milhões às custas de aumento de 45,44% na taxa de coleta de lixo. Com 95% dos trabalhadores terceirizados, o serviço é realizado sem condições adequadas. Varredores e coletores trabalham sem banheiro, refeitórios e equipamentos de segurança

Marcelo Moreno

cidades | pág. 4

Mídia Ninja

Juízes têm salários de até R$ 25.500 e diversos auxílios que outros trabalhadores não têm, como 60 dias de férias. Na proposta de reajuste feita pelo Tribunal de Justiça, querem mais benefícios, como auxílio moradia, R$ 12 mil para compra de livros, entre outros. Servidores afirmam que verba poderia ser melhor aplicada em melhorias no Judiciário

Com aumento de 6,78%, o mínimo passou para R$ 724. O salário tem tido aumento acima da inflação desde 2002. Com o novo valor, a economia terá um incremento de R$ 28,4 bilhões e 48,2 milhões de pessoas serão beneficiadasdiretamente.Comerciante afirma que não vai aumentar preços


02 | opinião

Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

E você, tem curso superior?

O poder do veneno

Janeiro é período de descanso para muitos. Para outros, é tempo de ansiedade e angústia, época de prova e vestibulares. Mais de 74% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão fora do ensino superior. E não só os jovens gostariam de ter acesso a um curso superior público, gratuito e de qualidade. Mesmo antes do fechamento das inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), os dados demonstravam que Minas Gerais é o estado com maior número de inscrições e a UFMG é a instituição com a maior concorrência entre os estudantes brasileiros. São apenas 3.535 vagas para milhares de candidatos. Em todo país, são 171.401 vagas em 115 instituições. Um número mui-

O milho, um dos principais alimentos dos seres humanos, é tema de uma denúncia preocupante. Pesquisa liderada pelo pesquisador francês Gilles-Éric Séralini, publicada em 2012, aponta que ratos alimentados a vida toda com o milho transgênico da empresa transnacional Monsanto desenvolveram câncer, problemas hepático-renais e morte prematura em índices bem superiores aos que receberam outro tipo de alimentação. Além dos riscos do consumo de milho transgênico, o caso também explicitou outra face da companhia norte-americana do agronegócio: sua ingerência política nos âmbitos científicos. A revista que publicou o artigo, chamada Food and Chemical Toxicology, apesar de reconhecer que a pesquisa é séria e não apresenta incorreções, se retratou da sua publicação, dizendo que o estudo não é conclusivo. O “pedido de desculpas” ocor-

São mais de 13 milhões de analfabetos no Brasil, 8,7% da população. Uma vergonha to pequeno para o tamanho da demanda. A unificação do processo seletivo através do Sisu e do Enem é um avanço. Avanço maior ainda é a destinação de 44% das vagas nas universidades públicas para cotistas, estudantes de escolas públicas e negros. Saltamos de 8 candidatos por vaga, em 2008, para 17,3, em 2012, nas instituições federais. Nesse mesmo período, as vagas saltaram de 169,5 mil para 283,4 mil, um aumento de 67,2%. Mas ainda carecemos do básico, como a erradicação do analfabetismo. São mais de 13 milhões de analfabetos no Brasil, 8,7% da população. Uma vergonha. A Revolução Cubana erradicou o analfabetismo ainda em 1961. A Venezuela, no primeiro mandato de Hugo Chávez. Honduras e Nicarágua também o fizeram. O sonhado acesso ao ensino superior pode se tornar um pesadelo em um país em que 80% das vagas são ofertadas por cursos privados. As mensalidades são verdadeiras fortunas. A educação nem sem-

pre é de qualidade, já que, como mercadoria, fica submetida a interesses do mercado. Em 2008, havia cerca de 18 mil cursos de graduação no setor privado e 6.772 no setor público. Hoje o setor privado está ainda maior. Por isso é tão necessário o investimento de 10% do PIB na educação. Nos anos 90, o investimento total do país, em todos os níveis da educação, oscilou próximo a 4% do PIB. Avançou um pouco ao longo dos anos 2000 e hoje está acima dos 6%. Desses, 1% é com o ensino superior. O acesso à educação, como sabemos, é influenciado pelos demais direitos e pela distribuição de renda. Em Belo Horizonte, por exemplo, a renda é bastante concentrada. Os 20% mais pobres detêm apenas 2,85% da renda, enquanto os 20% mais ricos ficam com 65%. É preciso colocar um basta neste apartheid em que vivemos. Uma educação pública e crítica precisa contribuir para essa transformação.

reu depois de uma agressiva campanha contra o trabalho do pesquisador francês. Do outro lado, a União de Cientistas Comprometidos com a Sociedade emitiu um comunicado condenando a pressão das empresas transnacionais sobre as revistas científicas, para que se retratem dos estudos que confirmam danos à saúde pelo consumo dos seus produtos. Outro caso que espanta é o de que a Monsanto teve participação ativa no golpe de Estado do Paraguai, em junho de 2012, que afastou o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo. O educador Juan Diaz Bordenave, falecido em novembro de 2012, escreveu que, entre os dez fatores que serviram como detonadores do golpe, estava o “aumento da proibição de sementes

Além dos riscos dos produtos transgênicos, empresas interferem na política e na produção científica transgênicas, o que poderia afetar os enormes lucros da multinacional norte-americana Monsanto”. Com o passar dos dias, ficou ainda mais clara a participação das transnacionais Monsanto e Cargill, em conluio com a oligarquia latifundiária, as elites empresariais e a mídia na execução do golpe. Esses casos nos fazem pensar sobre a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando o fim das doações de campanha eleitoral por pessoas jurídicas - a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650. Não causa surpresa ver que ministros do STF, como Gilmar Mendes, se posicionem contrários à ação da OAB. Os campos de atuação e os interesses comuns ficam evidentes.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br


Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

Salário mínimo aumenta 6,78%

Pergunta da semana

PREÇOS A dúvida que fica é: o comércio também vai aumentar? Mídia Ninja

Rafaella Dotta De Belo Horizonte

Muitas pessoas têm a opinião parecida com a da jardineira Elizabeth da Costa: ela acredita que o aumento do salário mínimo é uma ilusão. “O salário aumenta, mas as coisas aumentam mais ainda. Já subiu o cigarro, subiu o açúcar, vai subir a passagem. E os 46 reais, vão fazer diferença no final do mês?”, pergunta Elizabeth. O Brasil de Fato MG procurou dados e especialistas para responder a questão. A partir do dia 1º de janeiro, o salário mínimo passou a ser R$ 724, de acordo com o anúncio do governo federal, feito em 23 de dezembro de 2013. O aumento, que vai atingir 48 milhões de brasileiros, corresponde a 6,78%. Ele corrige o salário em relação à inflação e dá um aumento real de 1,18%. Os reajustes salariais estão acontecendo em todos os anos desde 2002. Desde 2007, o reajuste faz parte da Política de Valorização do Salário Mínimo. Em todo mês de janeiro, o valor perdido com a inflação é reposto e dá-se um aumento real com base no crescimento do

O ano começou com reajuste em vários setores, entre eles o salário mínimo. Em 23 de dezembro foi anunciado pelo governo federal um aumento de R$ 46, elevando o mínimo de R$ 678 para R$ 724.

O aumento do salário mínimo vai ter impacto na sua vida?

Comerciante afirma que a papelaria em que trabalha não vai aumentar os preços

Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. De acordo com informações do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), 2014 não teve o melhor reajuste dos últimos anos. O economista e técnico do Dieese Carlos Machado explica que o aumento dado pelo governo federal depende do desenvolvimento da economia. “É preciso considerar que, por inúme-

ras razões, inclusive da economia externa, o Brasil cresceu pouco. Se a economia tivesse crescido mais, teríamos um reajuste maior”, diz. Porém, em comparação com mínimos dos últimos anos, o número de cestas básicas que o salário mínimo consegue comprar aumentou. Com o novo valor de R$724, o trabalhador conseguirá levar 2,23 cestas básicas para casa. Este é o melhor índice desde 1979.

O comércio aumentará os preços? O comerciante Ubiraci de Castro afirma que a papelaria em que trabalha não vai aumentar preços. “Normalmente, nem é o comércio que repassa o aumento para os consumidores. Mas os nossos aluguéis e os materiais que compramos pra vender, esses começam a ser mais caros”, afirma. O economista e técnico do Dieese Carlos Machado também acredita que o aumento do salário mínimo não é motivo para o aumento dos preços no comércio. Ele lembra

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da cesta básica, que teve aumento abaixo do salário mínimo nos últimos anos. “Veja o hortifruti: o preço é colocado pela oferta e pela demanda e não pelo salário mínimo”, exemplifica. De acordo com o economista, o aumento de preços pode acontecer, mas não é regra. “No passado, qualquer reajuste no mínimo, automaticamente era repassado para os preços. Mas agora temos uma inflação controlada”, finalizou.

Impactos da elevação do Salário Mínimo na economia 48,2 milhões de pessoas têm salário vinculado ao mínimo

De certa forma, não deixa de ser uma coisinha que aumenta no pagamento. Deveria ser maior. Não digo só pra mim, mas praqueles que têm um salário mínimo e cinco filhos. Como ficam essas pessoas? Esse salário deveria ser o dobro, né? Aripe José de Deus, motorista da Telemont

28,4

bilhões será o incremento de renda na economia brasileira

13,9 bilhões correspondem ao incremento na arrecadação de impostos sobre o consumo

Educação, comida e cigarros elevam custo de vida nas capitais Marli Moreira Agência Brasil

O ano de 2014 começou com mais pressão sobre o bolso do consumidor, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que apresentou alta de 0,73% na primeira prévia do mês ante um aumento de 0,69% na última apuração de 2013. O levantamento feito nas principais capitais do país pelo Instituto Brasileiro de

Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que três dos oito grupos pesquisados tiveram acréscimos. A maior influência partiu do grupo educação, leitura e recreação que passou de 0,47% para 1,03%. Esse avanço foi puxado pelos cursos formais, com elevação de 1,41%. Também ocorreram acréscimos nos grupos alimentação, com destaque para as frutas (de 3,66% para 5,31%), e despesas diversas

(de 0,38% para 0,70%), sob o efeito dos cigarros que ficam 1,26% mais caros, ante um aumento anterior de 0,55%. O IPC-S só não subiu mais porque o ritmo de remarcações foi mais contido nos grupos habitação (de 0,51% para 0,43%); vestuário (de 0,50% para 0,37%); comunicação (de -0,07% para -0,10%); saúde e cuidados pessoais (de 0,53% para 0,47%) e transportes (de 1,20% para 1,16%).

Aumento de salário pra mim não existe. O salário aumenta, mas as coisas aumentam mais ainda. Já subiu o cigarro, subiu o açúcar, vai subir a passagem. Então não é aumento de salário. Isso aí é enganar o povo, na minha opinião. Elizabeth da Costa, jardineira


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Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

PBH cobra taxa de lixo abusiva e precariza trabalho de varredores IRREGULARIDADE Serviço custa metade do valor arrecadado Maíra Gomes De Belo Horizonte Logo no início de 2014, moradores de Belo Horizonte levaram um susto ao conferir a guia do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU): um aumento de 45% na taxa de recolhimento de resíduos, conhecida como taxa de lixo. O valor, acrescido ao aumento no IPTU de 5,85%, compromete o bolso dos contribuintes, que já têm muitos gastos para o início do ano. A Prefeitura de Belo Horizonte não fez a divulgação de aumento da taxa, que foi percebida apenas na consulta à guia do IPTU. Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), a razão do aumento teria sido uma revisão periódica de custos, considerada a partir de contratos, inflação, revisões salariais e investimentos em melhorias. No entanto, não especifica quais teriam sido ou serão as melhorias. A assessoria da prefeitura informou que no ano de 2007 o lixo passou a ser levado para um aterro em Sa-

bará por necessidade de espaço, o que aumentou o custo. Ainda assim, não detalhou quanto teria sido o aumento.De acordo com a Lei Municipal 8147/2000, o cálculo que define o valor da taxa deve ser feito com base no custo de coleta, transporte e destinação final dos resíduos, e rateado entre os contribuintes conforme a frequência da coleta. No entanto, de acordo com a previsão orçamentária de 2014 apresentada pela PBH, o valor de custo dos serviços deve ser de quase metade do valor arrecadado com a cobrança da taxa. Enquanto foi lançado um valor de R$192 milhões a ser pago pelos contribuintes pelo serviço de lixo, a prefeitura pretende gastar apenas R$ 90,4 milhões. A economista Eulália Alvarenga denuncia a ilegalidade da cobrança acima do valor de custo. “Isso é abusivo, um tributo não pode ser um confisco e sim um subsídio para a realização do serviço. O governo não pode lucrar em cima de seus cidadãos”, declara. Ela aponta ainda o risco de inflacionar a eco-

nomia do município, uma vez que o comércio e indústrias devem inserir o aumento de 45% também no valor de seus produtos. A prefeitura não apresenta as planilhas dos custos, impossibilitando que seja feita a confirmação dos dados. “Deveria ser apresentada a planilha de custo. Como con-

Imóveis com coleta diária Imóveis com coleta 3x por semana

tribuinte, como vou me defender de um confisco se não sei a base de cálculo da taxa?”, questiona Eulália. Até o fechamento desta edição, a prefeitura não informou o que pretende fazer com o valor restante, bem como não respondeu sobre a denúncia de ilegalidade da cobrança.

2012 (R$)

2013 (R$)

Aumento (%)

2014 (R$)

Aumento (%)

296,00

312,00

5,40

453,80

45,44

148,00

156,00

4,69

226,90

45,44

Custo dos serviços de lixo para a PBH (de acordo com planejamento orçamentário) (R$)

90,4 milhões

Valor que a PBH deve arrecadar com a taxa de lixo (de acordo com apresentação da PBH) (R$)

192 milhões

Contribuintes que se sintam lesados com a cobrança da taxa devem ir até o BH Resolve ou qualquer outro posto de atendimento da prefeitura com documentos pessoais e a guia de cobrança em mãos.

95% dos trabalhadores em limpeza urbana são terceirizados Mídia Ninja

“Tem muita irregularidade nas terceirizadas. Tudo o que você pensar nós já denunciamos”, declara o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de BH (Sindibel), Vander Lucio dos Santos. Servidor aposentado pela SLU, Vander conta que a condição de um trabalhador de limpeza terceirizado em BH é terrível. Cerca de 95% dos trabalhadores em limpeza urbana são terceirizados, entre varredores e coletores. Os caminhões apresentam falhas mecânicas e de estrutura, como pneus carecas, problemas de freio e falta de apoio para os garis atrás do carro. “No ano passado teve um acidente, um caminhão capotou na região da Pampulha. Foi porque não

tinha condição nenhuma de trabalhar”, denuncia Vander. Atrasos de cerca de três meses no pagamento dos salários, falta de uniformes e equipamentos de segurança são problemas frequentes. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza (Sindeac), Paulo Roberto da Silva, reforça a denúncia. “As condições são péssimas. Os coletores percorrem em média 35 a 40 km por dia e trabalham no meio de veículos. Tudo isso sem condições adequadas. Não têm banheiro, um refeitório, não têm lugar de repouso, o protetor solar não é fornecido. Muitas vezes usam uniforme rasgado ou até roupas próprias para trabalhar”, exemplifica. Até o fechamento desta edição, a

Prefeitura de Belo Horizonte não esclareceu quais são os contratos firmados com empresas para a realização dos serviços de limpeza, nem os termos que garantem qualidade no serviço e para o trabalhador. Apesar de o fornecimento de contratos públicos ser garantido por lei, eles não são divulgados. Sabe-se que são mais de nove empreiteiras, definidas a partir de licitação. “Ninguém sabe como o contrato é ou como foi feito. As empresas entram e saem rapidamente, e os funcionários sofrem. Terceirização é muito precário, fica tudo sucateado”, diz Vander Lucio. E acrescenta: “as empreiteiras acabam com os terceirizados. São mandados embora, sem garantia de nada”. (MG)


Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

O balanço da educação que Minas Gerais não viu SALA DE AULA Professores denunciam que números positivos do governo escondem realidade precária Reprodução

Thaíne Belissa Portal Minas Livre Divulgado há poucas semanas pelo governo estadual, o balanço da educação em Minas Gerais referente ao ano de 2013 trouxe uma enxurrada de números positivos. Jornais e portais de notícias reproduziram dados da secretaria sobre melhorias para os servidores públicos, investimentos em estrutura física e transporte escolar, além de uma série de estatísticas que apontaram o estado como vitorioso no processo da educação. Entretanto, especialistas apontam falhas graves e alertam que a educação em Minas Gerais ainda está muito longe do ideal. Um dos primeiros pontos destacados pelo balanço da Secretaria de Educação é o investimento de R$159,3 milhões na melhoria da rede física das unidades escolares em todas as regiões do estado. De acordo com o governo, os recursos foram investidos tanto em construção de novas escolas, quanto em reformas e compra de mobiliário e equipamentos. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do Programa Pensar a Educação Pensar Brasil, Luciano Mendes, é difícil entender esse montante de investimento sem levar em conta o tamanho e necessidade da rede. Ele acredita que a divulgação de milhões não faz sentido quando não se sabe quanto desse dinheiro é necessário para garantir uma boa estrutura física escolar. Mas, mesmo sem o governo apontar o tamanho de sua carência frente aos seus recursos, o professor adianta que o Estado não atende à necessidade de seus estudantes. “Ainda faltam elementos estruturais para um atendimento que garanta os direitos da criança na escola pública de Minas Gerais. Temos muito o que avançar na melhor ocupação do espaço, conservação dos prédios, divisão adequada das escolas”, avalia. Segundo Mendes, na maioria das escolas faltam espaços que promovam boas relações entre as próprias crianças e entre os estudantes e a sociedade. “E se isso é verdade para a rede de educa-

Estudo do Dieese aponta que faltam um milhão de vagas no Ensino Médio

ção, é muito marcante também na educação infantil: boa parte do atendimento às crianças até cinco anos não é feito pelas Umeis, pois elas não atendem a toda a demanda”, critica. A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), Beatriz Cerqueira, afirma que esses investimentos anunciados não são vistos no dia a dia das escolas. “Em outubro deste ano o Dieese lançou um estudo que mostra como está a infraestrutura das escolas estaduais. É impressionante a quanti-

dade de unidades que sequer têm lugar para os alunos comerem”, frisa. Ela reforça que os números não refletem a realidade completa. A começar pela educação básica, que não atende toda a demanda. “Nem todas as crianças e adolescentes têm vaga garantida na rede pública. Um recente estudo do Dieese apurou que, em Minas Gerais, faltam cerca de um milhão de vagas no Ensino Médio. Esses adolescentes são empurrados para a rede privada, que cresceu cerca de 10% nos últimos anos”, afirma.

Minas Gerais não atingiu metas do Todos Pela Educação Entre os números apontados pelo balanço, a secretaria cita o relatório “De Olho nas Metas”, do movimento Todos Pela Educação. De acordo com o governo, o estado aparece nas primeiras posições nos índices relacionados ao desempenho dos estudantes em Português e Matemática. Entretanto, a gerente da área técnica do Todos Pela Educação, Alejandra Miraz, afirma que Minas Gerais só atingiu as metas em português no nono ano, e em matemática, no quinto ano. Em outras séries, o desempenho é baixo, como é o caso de matemática no ensino médio, em que apenas 15% dos alunos alcançaram desempenho adequado.

No Ensino Médio

96% das escolas não têm sala de leitura, 49% não têm quadra de esportes 64% não têm laboratório de ciências

No Ensino Fundamental

76% não possuem laboratório de ciências 55% não têm quadra de esporte 11% não oferecem biblioteca.

Fontes: Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado e Censo Escolar 2010

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fatos em foco Mais de 2 milhões se inscrevem no Sisu O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) bateu o recorde de inscritos no primeiro semestre de 2014. Segundo balanço parcial divulgado pelo Ministério da Educação, o programa ultrapassou a marca de 2 milhões de inscrições na quarta-feira (8). A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é a faculdade com maior índice de concorrência entre os estudantes, com quase 40 candidatos por vaga oferecida. Ao todo, são 140.186 inscrições para ocupar os 3.535 lugares disponíveis na Universidade. As inscrições continuam até 23h59 desta sexta-feira (10), e podem ser realizadas pelo site do Sisu (http://sisu.mec.gov.br).

Vagas de emprego em BH O Sine BH abriu nesta quinta-feira (9), 661 oportunidades de emprego para trabalhadores com ou sem experiência. São 358 vagas destinadas aos que já estiveram inseridos no mercado de trabalho e outras 303 para aqueles que ainda buscam uma colocação. Os salários chegam até R$ 2 mil, e as inscrições podem ser efetuadas nas unidades do Sine Barreiro, Centro e Venda Nova. Os interessados deverão ter em mãos carteira de trabalho, PIS/PASE/NIT/ NIS, Identidade, CPF e comprovante de endereço.

81 municípios mineiros em emergência O município de Sardoá, localizado no leste de Minas Gerais, receberá do Ministério da Integração Nacional R$ 219,2 mil destinados à ações de socorro e restabelecimento dos serviços essenciais decorrentes das fortes chuvas do mês de dezembro. A cidade teve estado de calamidade pública decretado após os temporais, que provocaram a morte de seis pessoas da mesma família. Ao todo, morreram 22 pessoas em Minas Gerais, 226 cidadãos foram feridos, 32.148 desalojados, 16.768 desabrigados, 9.906 casas danificadas e 591 destruídas. Atualmente, 81 municípios mineiros se encontram em situação de emergência.


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Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

Juízes mineiros tentam aumentar seus salários PENDURICALHOS Magistrados ganham acima de R$ 20 mil e querem mais subsídios do estado Rafaella Dotta De Belo Horizonte O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aprovou, no dia 18 de dezembro, um anteprojeto de lei para aumentar os benefícios de juízes e desembargadores do estado. Atualmente, seus salários variam de R$ 21.500 a R$ 25.500, e, com os auxílios, podem ultrapassar os R$ 28.059, o teto para o funcionalismo público em todo o país, valor que recebem os ministros do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a Constituição Federal, a revisão da organização e divisão judiciárias precisa ser feita de dois em dois anos e é competência do Tribunal de Justiça do estado. Assim, o TJMG propôs, no último mês de 2013, a alteração da Lei Complementar número 59. Se aprovada, a emenda pode custar R$ 40 milhões por ano, segundo previsão do Sindicato dos Servidores da Justiça de Primeira Instância

de Minas (Serjusmig). A proposta causou polêmica. Não apresenta avanço para escrivães, contadores e demais trabalhadores do Judiciário, e, em contrapartida, aumenta o número de benefícios a juízes e desembargadores. Entre outros, foi criado auxílio para compra de livros, aumento do abono de férias e pagamento de R$25 mil para os que precisarem mudar de comarca. Em apoio à criação dos benefícios, o desembargador Nelson Missias de Morais lançou um documento em que afirma que os juízes precisam de boas ofertas de salários para manterem o interesse de trabalhar no estado. Para ele, países estrangeiros e empresas privadas apresentam propostas melhores. E enfatiza: “Nós ficamos quase sete anos sem reajustes”. Críticas Servidores do Judiciário criticaram o aumento e pediram inves-

“Farinha pouca, meu pirão primeiro”

Como você classifica o aumento de benefícios para os juízes e desembargadores? É preocupante. Nós temos vários fóruns e comarcas onde a estrutura é muito deficiente. Prédios com rachaduras, com risco de desabar, servidores que revezam computadores e o dinheiro do Judiciário está sendo usado para outro fim... Quem são os outros trabalhadores do Judiciário? O que eles estão achando? São pessoas que trabalham nos

timentos em prédios e melhores condições de trabalho. A presidenta do Serjusmig, Sandra Silvestrini, acredita que a verba do Judiciário deveria beneficiar também os usuários e os trabalhadores. Daqui pra frente, o anteprojeto de

lei será enviado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais e será submetido à aprovação dos deputados. De acordo com a presidenta do Serjusmig, a expectativa é que o projeto comece a tramitar em fevereiro, quando a Assembleia retoma os trabalhos.

Para onde a balança pesa?

Mini entrevista

Representando o Sindicato dos Servidores da Justiça de Primeira Instância (Serjusmig), a presidenta Sandra Silvestrini critica o uso do Fundo Especial do Judiciário para beneficiar apenas uma parte do setor. Ela defende a aplicação do dinheiro em mais profissionais, reforma de prédios e compra de material de trabalho. Propõe, também, que a aplicação do recurso seja decidida em audiências públicas, com a presença dos cidadãos.

Reprodução

fóruns e que estão sendo atingidas diretamente. Toda vez que procuramos melhorar as condições de trabalho, o Tribunal de Justiça alega que não tem dinheiro. Mas quando é para aumentar seus salários, eles tiram do fundo especial do Judiciário. Então, a prática dos juízes e desembargadores tem sido essa: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. O que você espera daqui pra frente? Pedimos que a Assembleia Legislativa não aprove esse projeto “no apagar das luzes”. Nós queremos audiências públicas. Os cidadãos tem o direito de dizer se concordam que o dinheiro deles vá para os altos salários dos juízes ou não.

Juízes e desembargadores Auxílio para compra de livros (R$12 mil por ano) Auxílio saúde Auxílio doença Auxílio moradia Auxílio alimentação Diárias e pagamento de gastos em missão oficial Remoção de comarca ou promoção (R$ 25 mil) Pagamento de 2/3 do salário para cada 30 dias de férias Pagamento pelo plantão de finais de semana e feriados Gratificação pela direção de foros 60 dias de férias

Demais trabalhadores da Justiça Não recebem Não recebem Não recebem Não recebem Sim Recebem R$15 para missão rural e R$7,50 para missão urbana Não recebem Recebem 1/3 do salário para os 30 dias de férias Trabalham finais de semana e horas noturnas sem receber Administram o foro e comarcas sem nenhuma gratificação 30 dias de férias

Enquanto isso... Escrivães e contadores Aguardam que o TJMG implemente a gratificação prevista na Lei 20865/2013, que também criou 320 cargos de Gerente de Contadoria, 1.237 cargos de Gerente de Secretaria e 130 cargos de Assessor Judiciário. Aprovados em concurso Aguardam pela posse nos cargos previstos na Lei 20964/2013, que criou 1100 cargos de Oficial de Apoio e 100 cargos de Oficial Judiciário.


Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

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Fraude de R$ 39,9 milhões ainda não deu cadeia para tucanos CAIXA 2 Alckmin, Aécio e Serra ficaram livres da Lista de Furnas Lúcia Rodrigues Do site Viomundo Quem pensa que o mensalão do PSDB é o único esquema de corrupção do partido que está impune, se engana. A sigla está envolvida em pelo menos outro escândalo de desvio de recursos que não foi julgado até agora, apesar de a Polícia Federal ter atestado a autenticidade do documento-chave para a denúncia. O mensalão tucano ajudou a financiar a campanha de 1998, quando Fernando Henrique Cardoso se reelegeu ao Planalto e Eduardo Azeredo, do PSDB, foi derrotado na disputa pelo governo de Minas Gerais por Itamar Franco. Nas eleições de 2002, os tucanos promoveram outra forma de arrecadação de recursos para financiar suas campanhas e as de seus aliados. O esquema previa o repasse de dinheiro por meio de licitações superfaturadas da empresa Furnas Centrais Elétricas S.A. Na ocasião, Aécio Neves era candidato a governador de Minas, Geraldo Alckmin concorria em São Paulo (ambos foram eleitos) e José Serra disputava com Lula o Planalto. A chamada Lista de Furnas, como ficou conhecida a estratégia de financiamento montada pelos tucanos, rendeu milhões de reais pa-

ra financiar campanhas. Denúncia da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro classifica o esquema como criminoso. O delator do mensalão tucano, Nilton Monteiro, que também é o responsável pelo vazamento de informações sobre a lista, informou à procuradora Andréa Bayão Pereira, autora da ação do MPF, que os recursos eram controlados em um fundo (caixinha). A Lista de Furnas, documento de cinco páginas assinado por Dimas Fabiano Toledo, à época diretor de Planejamento, Engenharia e Construção de Furnas e operador do esquema, traz os nomes de mais de 150 políticos beneficiários, assim como uma centena de empresas financiadoras. No alto de cada folha se lê a advertência: confidencial. O laudo da Polícia Federal atesta que o documento é autêntico. O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), primeiro a entregar uma cópia da Lista de Furnas à Polícia Federal, obteve o xerox do documento com o delator do mensalão tucano. “Na época, o Nilton Monteiro, e até hoje provavelmente, não ficou satisfeito comigo. A intenção dele não era entregar (a lista) à Polícia Federal. Ele tinha aquilo para fazer suas negociações com o lado de lá”, afirma ao se referir às tentativas do delator de arrancar vantagens dos ex-aliados tucanos.

Empreiteiras e bancos As construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS e Odebrecht são algumas das que financiaram o esquema. O Banco do Brasil, Bank Boston, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Opportunity e Rural são algumas das instituições financeiras que, segundo a lista assinada por Dimas Toledo, injetaram dinheiro no esquema. A Alstom e a Siemens, envolvidas no esquema de superfaturamento de trens do Metrô e da CPTM comprados pelo governo tucano paulista, são citadas na lista. As agências de publicidade de Marcos Valério, DNA e SMP&B, também contribuíram. Petrobras, Vale do Rio Doce, CSN, Mitsubishi, Pirelli, Eletropaulo, Gerdau, Mendes Júnior Siderúrgica, General Eletric e Cemig figuram entre a centena de empresas públicas e privadas que aparecem como financiadoras.

Os fundos de previdência privada dos funcionários da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal também são mencionados. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Firjan, foi outra que destinou recursos para o esquema tucano, de acordo com o documento. O Tribunal de Contas da União analisou contratos de Furnas e detectou direcionamento em favor de determinadas empresas, além de superfaturamento nas licitações. Uma auditoria da Controladoria Geral da União, realizada em 2006, constatou falhas no processo licitatório de Furnas: fraudes, desperdícios e abusos, além de projetos anti -econômicos e inadequados às necessidades da empresa. Mesmo com todas as evidências, o processo sobre a Lista de Furnas está parado, segundo o deputado Rogério Correia.

Desvio de milhões de reais O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, então candidato ao cargo, o ex-governador José Serra, que disputava a Presidência da República, e o senador Aécio Neves, à época candidato ao governo de Minas Gerais, foram os principais beneficiários do esquema de corrupção milionário do PSDB. Pela lista, Alckmin foi quem mais recebeu recursos: R$ 9,3 milhões, Serra foi beneficiado com R$ 7 milhões. Aécio aparece como beneficiário de R$ 5,5 milhões, quantia repassada em uma única parcela. Eduardo Azeredo (PSDB), exgovernador de Minas e então candidato ao Senado, recebeu R$ 550 mil.

Já o candidato a outra vaga no Senado por Minas, Zezé Perrella (PSDB-MG), pai do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), dono da empresa proprietária do helicóptero apreendido pela Polícia Federal, no Espírito Santo, com quase meia tonelada de cocaína, foi beneficiado com R$ 350 mil. Ao lado do nome de Zezé Perrella e do montante repassado aparece a informação entre parênteses: autorização de Aécio Neves. Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, também recebeu R$ 695 mil, para repassar a comitês e prefeitos do interior do Estado de Minas Gerais.


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Acompanhando

Foto da semana

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Participe Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato

Na edição 18 ... Famílias do Cafezal podem ser expulsas de suas casas

... e agora

“Como defensora dos direitos das mulheres, peço que publiquem esta foto que encontrei. No dia 9 de janeiro Simone de Beauvoir completaria 106 anos de vida. Seu livro “O Segundo Sexo” faz 65 anos em 2014. Nele Simone lançou as bases do feminismo atual, onde afirma “não se nasce mulher, torna-se”. Sugestão da leitora Clara Carvalho

J. B. Libanio

Anna Carolina e Rômulo Fernandes

A festa dos Magos

Direito de Greve

A festa dos Magos somam duas tradições. O dado básico vem-nos de Mateus. Depois, na tradição popular, acrescentamos aos Magos, por causa dos três presentes, o número três e o título de rei. Daí falarmos dos três reis magos. Chamá-los de reis brota de duas fontes. Os presentes parecem revelar-lhes a condição real. Não é qualquer um que leva ouro de presente. Além disso, o texto de Isaías da missa da festa fala dos presentes ouro, incenso e alude que os reis trarão de suas riquezas (Is 60, 11). Então ligam-se os presentes e os reis com a figura dos Magos. E eis três Reis Magos adorando o menino. O fato real por trás da narração de Mateus escapa-nos ao conhecimento exato. Mas a mensagem do texto toca-nos diretamente. Os Magos somos nós. O evangelista contara-nos o nascimento de Jesus cercado de referências do mundo judaico. Leitor desavisado interpretaria que Jesus veio somente para o povo judeu. Então a genial mensagem do judeu Mateus para os judeus cristãos da comunidade a que escreve faz vir lá do Oriente os adoradores de Jesus. Mais: Herodes, a cidade de Jerusalém, capital de Israel, só se dá conta do nascimento de Jesus quando Magos estrangeiros chegam perguntando: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,2). Que então acontece? Herodes e toda Jerusalém se perturbam. A grande notícia para os pastores veio dos anjos, para Herodes e Jerusalém de estrangeiros. Lição maravilhosa! Tenhamos o coração aberto porque Deus fala por meio de quem menos esperamos. Como os magos, ofereçamos ao Menino Deus o ouro do melhor que temos, o incenso da piedade e a mirra da nossa humanidade.

A redução do desemprego no Brasil apresenta aos trabalhadores um contexto favorável à pressão por melhores condições de trabalho, expresso no aumento do número de greves nos últimos anos. De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2012, foram registradas 873 greves no país – um aumento de 58% em relação às 554 greves deflagradas em 2011. Entre as pautas de reivindicação, destaca-se a recuperação do poder aquisitivo dos salários e o combate ao trabalho precarizado, a exemplo da terceirização e do trabalho temporário. A greve é o principal mecanismo coletivo e consciente de conquista de direitos trabalhistas, cabendo aos trabalhadores decidirem sobre a oportunidade e os interesses defendidos pelo seu exercício, conforme art. 9º da Constituição. Em reação à movimentação sindical, a grande mídia criminaliza os grevistas e resume a greve a um transtorno para a população. O Poder Judiciário, por sua vez, exerce blindagem jurídica ao direito de greve, esvaziando sua capacidade de pressão. No caso das atividades essenciais, tornou-se regra exigir a permanência de grande número de trabalhadores em serviço, sob pena de multas diárias. Em curtíssimo tempo, a Justiça do Trabalho tem determinado a manutenção de até 80% do efetivo, inviabilizando, na prática, o exercício desse direito constitucional pelas categorias. Nenhuma categoria, isoladamente, tem força para enfrentar o aparato jurídico e o discurso midiático de criminalização da luta sindical. Os trabalhadores terão que tomar a defesa do direito de greve como pauta prioritária, a partir da luta unificada.

João Batista Libanio é padre e teólogo jesuíta

Anna Carolina e Rômulo Fernandes são advogados populares

Durante o período das chuvas, a população da Vila Cafezal não teve surpresa com relação ao risco iminente que corriam, segundo laudo falso da PBH. Moradores afirmam que não houve deslizamentos ou qualquer tipo de rachadura no solo, apesar da grande quantidade de água. Estão sendo planejadas e executadas algumas melhorias para o local, como retirada de lixo e entulho. Do ponto de vista jurídico, a PBH tentou mais uma investida. No dia 17 de dezembro, entrou com uma liminar pedindo a demolição de todas as casas que estão na área em debate. No entanto, outra ação sobre o assunto já está correndo no judiciário, o que deu brecha para que a Defensoria Pública entrasse com um agravo. No dia 30, a liminar da PBH foi cassada, mais uma vitória para a Vila Cafezal.

Na edição 18... Câmara vota 18 projetos até o fim do ano ...E AGORA Um dos Projetos de Lei aprovados pela Câmara Municipal de Belo Horizonte durante a época de Natal foi um projeto que prevê ampliação da participação popular no Legislativo. No dia 20/12, a Comissão de Legislação e Justiça aprovou a redação final de nove PL’s. As proposições foram encaminhadas ao prefeito Marcio Lacerda, que pode vetar ou sancionar os projetos. A Câmara está de recesso até 1º de fevereiro, quando os políticos iniciarão as atividades de 2014. A nova pauta do ano não foi decidida, e o resultado dos projetos que ainda se encontram em tramitação não foram divulgados.


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“Minirreforma política não satisfaz a sociedade” SUPLICY

Para senador, reforma eleitoral não está à altura das reivindicações populares Mariana Desidério De São Paulo

O senador Eduardo Suplicy está com 72 anos. Foi o primeiro senador eleito pelo Partido dos Trabalhadores e é um dos políticos mais populares em São Paulo. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele analisa os desdobramentos das manifestações de junho. “Todos os governantes e todos os representantes do povo estão mais alertas para atender os anseios expressos pela população”, avalia. Suplicy defende um processo de reeducação da Polícia Militar para impedir abusos e defende a discussão sobre a desmilitarização da po-

“Os representantes do povo estão mais alertas para atender os anseios expressos pela população” lícia. “Essa proposta pode e deve ser estudada. É necessário, sem sombra de dúvida, haver um esforço de reeducação para modificar a ação, muitas vezes abusiva e repressiva de parte da Polícia Militar”, defende. Brasil de Fato - Como o senhor avalia a resposta do poder público às mobilizações de junho? Eduardo Suplicy - Desde que os protestos aconteceram, a presidenta Dilma e seus ministros passaram a ter um diálogo mais direto. Ela convidou representantes do Movimento Passe Livre, dos movimentos de moradia, dos sem-terra e das centrais sindicais para dialogar diretamente. Ela também resolveu pessoalmente estar mais em contato direto com os movimentos sociais nas visitas que fez aos diversos estados. Todos os governantes e todos os representantes do povo estão mais alertas para atender os anseios expressos pela população. Antes dos protestos, o PT havia se afastado desses movimentos? Se distanciou um pouco. Mas o PT tem tido a responsabilidade de procurar estar atento. O PT foi forjado nos movimentos sociais e sempre esteve presente nas grandes manifestações, tais como a “Diretas Já” e o movimento por ética na políti-

ca. Também tem presença em movimentos de moradia e pela reforma agrária. Então, é um partido que precisa estar em sintonia com as ruas. Também houve mudanças no Congresso após as manifestações nas ruas? Houve uma intensificação de esforços para votar matérias. Nem todas as matérias foram votadas da forma como o movimento social está pedindo. A presidenta Dilma tinha proposto ao Congresso Nacional um plebiscito e cinco temas principais para a reforma eleitoral. Mas não se conseguiu uma reforma eleitoral à altura das reivindicações populares que possa valer para as eleições do ano que vem.

Pode dar exemplos do que não avançou? A proibição da contribuição de pessoas jurídicas ou de empresas para os partidos, coligações e candidatos. O senador Jorge Viana (PT) apresentou a proposta. Fui relator e fiz um parecer favorável. Porém, perdemos na Comissão de Constituição e Justiça. Também perdemos na mesma comissão a votação do projeto pelo qual, durante a campanha eleitoral, os candidatos deveriam publicar na internet as contribuições que receberam para suas campanhas. É possível que uma reforma política efetiva seja capitaneada pelos próprios congressistas, que têm interesses diretos no formato Rafael Stedile

eleitoral atual? A minirreforma que querem deputados, senadores e partidos não vai satisfazer a sociedade. Daí porque quero continuar a luta pelo financiamento público de campanha. O senhor acredita que a polícia deve ser desmilitarizada? Há uma proposta, que foi apresentada pelo então deputado federal Hélio Bicudo, para que a polícia seja desmilitarizada. Essa proposta pode e deve ser estudada. É necessário, sem sombra de dúvida, haver um esforço de reeducação para

“Eduardo Campos e Marina Silva estiveram muito mais conosco do PT do que na oposição” modificar a ação, muitas vezes abusiva e repressiva de parte da Polícia Militar. Não creio que seja o procedimento normal de toda a corporação. Quais as suas perspectivas em relação às eleições? Como você avalia a aliança Eduardo Campos -Marina Silva? Temos que ver isso como um movimento democrático legítimo. Eduardo Campos e Marina Silva são pessoas que ao longo das últimas décadas estiveram muito mais conosco do PT do que na oposição. Eduardo Campos é neto de Miguel Arraes, vem de uma tradição de luta pela democratização do país e por direitos. Seu governo em Pernambuco teve apoio do PT. E a Marina Silva? A Marina Silva tem a maior parte de sua vida integrada ao PT. Fomos senadores juntos. Construímos uma amizade muito forte. Ela me convidou a ser membro da Rede quando ainda estava em formação. Mas eu afirmei que sou fundador do PT e sou a favor da fidelidade partidária. Ela, inclusive, disse a mim que, se o PT me lançar como candidato ao Senado, possivelmente a Rede não lançaria um outro candidato. Mas isso é uma decisão da Rede com o PSB.


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Barrar a terceirização foi a principal vitória do sindicalismo TRABALHO Sindicatos lutaram contra projeto que pretende flexibilizar a CLT e foram às ruas em defesa de ampla pauta Luiz Carvalho e Vanessa Ramos De São Paulo Na balanço do ano do movimento sindical, a grande vitória foi barrar a tentativa de ataque aos direitos trabalhistas. Pronto para ser votado desde maio de 2013, o Projeto de Lei 4330/2004, do empresário e deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO) modifica a legislação trabalhista para permitir a terceirização em todas as atividades, dificultar a organização sindical e excluir a empresa tomadora de serviços da responsabilidade sobre os terceirizados. Em 6 de março, as centrais colocaram mais de 50 mil pessoas numa marcha em Brasília, que terminou com um decreto da presidenta Dilma Rousseff para regulamentar a convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do direito de organização, e a convenção coletiva para os servidores públicos. E foi só. As paralisações nacionais seguiram em 11 de julho, 30 de agosto e 26 de novembro, mas não conseguiram destravar o restante da pauta. Com manifestações dentro e fora do Congresso Nacional, as centrais sindicais conseguiram fazer com que o debate fosse levado à mesa de

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negociação com governo e empresários e a convocação de uma audiência na Câmara dos Deputados. O projeto ainda está parado na Coordenação de Comissões Permanentes. O contra-ataque dos empresários veio em novembro, com um Projeto de Lei do Senado (PLS 87/10), do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), com texto idêntico ao PL. Com a pressão das centrais, a bancada do PT pediu vistas, o que adiou a votação até a realização de uma audiência pública na Casa para discutir o tema. Campanhas salariais mantêm tendência de alta Para os sindicatos, o ano foi melhor do que o esperado. As campanhas salariais mantiveram a tendência de aumento real, mesmo diante da resistência dos empresários. Em média, os trabalhadores arrancaram 1,4% de reajuste no segundo semestre, período em que ocorrem as principais negociações do setor privado. No entanto, a agenda política do movimento sindical não avançou. Temas como a redução da jornada sem redução de salário, o fim do fator previdenciário e a reforma política estão parados.

“Essa mesma agenda permanece em 2014, porque não saímos das negociações com o que desejávamos. Diante do peso político que têm os trabalhadores, esperamos que em ano eleitoral consigamos impulsionar tanto as campanhas salariais das categorias quanto os temas que interessam a todos os trabalhadores”, aponta o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. Os movimentos sociais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) se uniram

para organizar um plebiscito popular para convocar uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. O objetivo é ampliar a participação direta e popular na decisão dos rumos do país, com maior representatividade dos grupos que têm pouca voz no Congresso como, por exemplo, mulheres, negros e indígenas. “Quem tem força para eleger deputado e senador hoje são os grandes grupos econômicos e as grandes empresas. Isso precisa mudar”, disse o secretário de Políticas Sociais da CUT em São Paulo, João Batista Gomes.

Lei que criminaliza o racismo completa 25 anos Leonardo Ferreira RadioagênciaNP Criada há 25 anos, a Lei 7.716 define os crimes de preconceito racial. A legislação determina a pena de reclusão a quem tenha cometido atos de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Apesar da mudança no papel, os negros no Brasil ainda sofrem racismo e frequentemente se veem em situação de discriminação. Segundo a recente Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), divulgada em 2013, 104,2 milhões de brasileiros são pretos e

pardos, o que corresponde a mais da metade da população do país (52,9%). As diferenças raciais aparecem em praticamente todos os indicadores. No caso da violência, por exemplo, a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco, de acordo com o estudo. De 1989 para cá, outras leis importantes na luta contra o preconceito racial foram criadas no Brasil, como o Estatuto da Igualdade Racial (2010) e a Lei de Cotas (2012).


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Pedrinhas escancara crise no sistema carcerário, apontam especialistas SEGURANÇA Modelo prisional é avaliado como violento e ineficiente Valter Campanato / Agência Brasil

Guilherme Almeida De São Paulo

O governo brasileiro tem até sexta-feira (10) para responder à OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a série de mortes e graves violações de direitos humanos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. Após a Polícia Militar assumir a segurança no local, os conflitos se intensificaram e ataques a ônibus foram comandados de dentro do presídio, já conhecido como problemático. Especialistas apontam que essa crise não se trata de um caso localizado e evidenciam falhas no sistema carcerário como um todo. Os números são assustadores, como aponta Lúcia Nader, diretora executiva da ONG Conectas Direitos Humanos. “Em 20 anos aumentou em 308% o número de presos no Brasil, enquanto a população aumentou só 30%. Temos uma população carcerária de 548 mil pessoas, a quarta maior do mundo”, diz. “Não se pode nem falar em sistema [prisional] porque a situação é um tanto caótica”, avalia o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, Jo-

sé de Jesus Filho. Ele diz que o Brasil nunca planejou de forma articulada a política penitenciária, nem mesmo as revisões no código penal projetam os impactos das leis no número de presos. Segundo Filho, a situação fica insustentável. “As politicas são pautadas sempre por soluções emergenciais em torno de crises. As respostas são sempre as mesmas: transferência de presos e construção de presídios”, afirma. Celas superlotadas Um dos maiores problemas do sistema é a superlotação dos presídios. De acordo com o mapeamento da Conectas, faltam cerca de 207 mil vagas. “As prisões acabam virando grandes depósitos de pessoas que cometeram pequenos delitos, geralmente pessoas negras e pobres”, comenta o jurista Silvio Luiz de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama, que combate o racismo. Para Almeida, muitos fatores contribuem com as altas taxas de superlotação. Como uma polícia que é avaliada pelos índices de prisões efetuadas, além do grande número de presos provisórios – estima-se que cerca de 35% dos presos

Problemas carcerários e violência policial culminaram no pior massacre em presídios do Brasil, o Carandiru

nunca foram sequer julgados. Silvio Luiz ressalta que esse volume de prisões é uma decisão política. “Isso é uma ferramenta de faxina étnica e controle de pobreza. A superlotação não passa de uma política de Estado”, conclui. Todos os especialistas consultados apontam que a prisão em re-

gime fechado deveria ser o último recurso do sistema judicial. No entanto, a realidade é outra. O presidente do Instituto Luiz Gama diz que o Judiciário é ao mesmo tempo conivente com o encarceramento em massa e despreparado para lidar com um número tão grande de processos.

“Inaceitável, ilegal e ineficiente” O sistema penitenciário brasileiro pode ser definido em três pontos, segundo a diretora da ONG Conectas Direitos Humanos, Lúcia Nader. “Ele é inaceitável, porque ignora qualquer padrão ético de dignidade humana. É ilegal, porque viola leis de garantias constitucionais, como a superlotação dos presídios. E, por fim, totalmente ineficiente porque não recupera o preso e o devolve para uma sociedade violenta, sem apoio”, critica. ão existência de pesquisas sobre reincidência no sistema. José de Jesus Filho, da Pastoral Carcerária, afirma que os órgãos responsáveis por custear esses levantamentos - o Departamento Penitenciário Nacional e o Conselho Nacional de Justiça - nunca o fizeram. “Além disso, o Estado não tem programa de reintegração social. O egresso se vê preso numa porta giratória que o leva de volta para a prisão”, lamenta.

PRISÕES NO BRASIL | Raio x de um sistema falido


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Tribunal chileno encerra caso da morte de Salvador Allende DITADURA Investigação conclui que tropas chegaram depois que ex-presidente se matou Crédito: Reprodução

De Brasília (DF) O Supremo Tribunal chileno confirmou a extinção do processo sobre a morte do ex-presidente Salvador Allende, falecido em 11 de setembro de 1973. Com a decisão, está encerrada a investigação iniciada há três anos pelo ministro Mario Carroza, para saber se houve participação de outras pessoas. O tribunal ratificou a decisão do juiz, que concluiu que o ex -presidente se matou no Salão Independência do Palácio La Moneda, sede do governo chileno. Ele se matou com um fuzil AK-47. Para chegar à conclusão, o juiz Carroza contratou perícias que incluíram a exumação do corpo de Al-

lende e análise de peritos chilenos e estrangeiros. A investigação está entre os 726 casos de supostas violações aos direitos humanos durante a ditadura de Augusto Pinochet, que nunca haviam sido investigadas. Sobre a suposta participação de militares na morte do ex-presidente, as investigações apontam que as tropas que invadiram La Moneda chegaram após Allende ter se matado, e ressaltam que não há nenhuma evidência que comprove ter havido confronto. (Agência Brasil com informações da TVN e da Telam)

Equador reduziu homicídios e aumentou apreensão de droga

Cúpula do Mercosul é adiada para 31 de janeiro

LEVANTAMENTO Número de assassinatos ficou abaixo da média da América Latina De Quito (Equador) O governo do Equador conseguiu uma histórica redução nos homicídios em 2013 e aumentou a apreensão de drogas para 57,43 toneladas, a quantidade mais alta dos últimos quatro anos. O anúncio foi feito pelo Ministério do Interior, em comunicado, nesta terça-feira (7). A taxa de homicídios no ano passado foi 10,8 casos por cada 100 mil habitantes, a mais baixa nos últimos nove anos e abaixo da média da América Latina. Em 2009, a taxa de homicídios foi 18,64 casos por

cada 100 mil habitantes, ou 2.635, enquanto no ano passado, o valor baixou para 920, o que representa uma diminuição, em valores absolutos, de 35%. O ministro do Interior, José Serrano, disse que a meta para 2017 é reduzir a taxa para cinco casos de homicídio por cada 100 mil habitantes. A apreensão de 57,43 toneladas de droga em 2013, especialmente cocaína, evitou que mais de 500 milhões de doses chegassem aos consumidores no Equador e em outros países. (Agência Brasil com informações da Agência Lusa) Reprodução

MERCADO COMUM Encontro marcará o retorno oficial do Paraguai ao Mercosul Carolina Sarres de Brasília (DF) A Cúpula do Mercosul foi adiada para o dia 31 de janeiro. A reunião estava marcada para o dia 17 deste mês, mas foi remarcada para coincidir com o fim da reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na capital de Cuba, Havana, que será entre os dias 28 e 29 próximos. A Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados já havia sido adiada em dezembro, devido aos problemas

de saúde da presidenta argentina, Cristina Kirchner, que passou por uma cirurgia após um traumatismo craniano e ficou afastada por um período. O encontro de líderes sul-americanos no final do mês na capital venezuelana, Caracas, marcará o retorno oficial do Paraguai ao Mercosul, depois do período de suspensão desde junho de 2012, após o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. (Agência Brasil com informações da agência pública de notícias do Paraguai, IPParaguay) Reprodução


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Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. © Revistas COQUETEL Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

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Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

Estou fazendo reposição hormonal, por causa da menopausa, porém engordei muito. É normal que aconteça isso?

Há 5 anos não faço o exame papanicolau porque me falaram que por eu ter relações apenas com mulheres não preciso mais. É verdade?

Penha Coutinho, 50 anos, professora

Julia Gomide, arquiteta, 30 anos

Prezada Penha, nem toda mulher que chega ao período do climatério, no qual acontece a menopausa, tem que fazer reposição hormonal. Ela geralmente é indicada para quem apresenta sintomas como ondas de calor e ressecamento vaginal, mas sempre devem ser avaliados os riscos e benefícios. Sobre o aumento de peso, é bom lembrar que todas temos maior propensão a engordar quando ganhamos mais idade. Após a menopausa, a mulher tem maior tendência a acumular gordura no abdome, perden-

Não, Julia! Toda mulher de 25 a 64 anos, independente de sua orientação sexual, deve fazer o Papanicolau, também chamado de preventivo ou citopatológico do colo do útero. É um exame importante na detecção de alterações que podem ser precursoras do câncer. Não deixe de procurar um centro de saúde para realizar seu exame.

do a cintura. Esse tipo de gordura é a mais perigosa para a saúde, pois se associa ao diabetes, à hipertensão arterial e alterações das gorduras do sangue. Por isso é importante fazer um exercício físico regular e ter uma alimentação ricas em verduras, frutas, legumes e com menos açúcar, sal e gorduras.

Tomo com frequência a pílula do dia seguinte, mas ouvi falar que ela pode prejudicar minha saúde, o que devo fazer? Alexandra, estudante, 26 anos

Oi Alexandra, a pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência e deve ser usado só nesses casos, pois possui uma alta dosagem de hormônios. Se usado de maneira contínua, pode sim prejudicar sua saúde. O melhor é você procurar um(a) médico(a) para indicação de um método contraceptivo regular que combine mais com você.


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Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

Campanha de Popularização do Teatro e da Dança faz 40 anos PALCO Baixo preço dos ingressos atrai público, mas grande parte da programação é das comédias Maíra Gomes De Belo Horizonte Há 40 anos o teatro tem sido estrela nos primeiros meses do ano. A Campanha de Popularização do Teatro e Dança chega a sua 40ª edição com mais de 150 peças, entre comédias, dramas e infantis, além de apresentações de dança. Com início em 3 de janeiro e duração de dois meses, o evento traz espetáculos a preços acessíveis, de R$ 5 a R$ 12, além de peças gratuitas. Para o ator integrante do grupo Espanca! Gustavo Bones o evento tem grande importância para a capital. “A cidade vive o teatro durante dois meses, e assim o populariza. Quando o taxista e a cabeleireira estão falando sobre teatro, quando a população se apropria do tema, é muito bom”, diz. A vendedora Juliana Leonela compõe o público da campanha há três anos e conta que os baixos preços dos ingressos são atraentes. “Tem peças que fora desta época custam em torno de R$ 60. Aqui eu pago apenas R$12, então fica bem em conta”, comenta. No entanto, Gustavo pondera que ao longo do ano é possível encontrar muitas apresentações com valores iguais ou até mais baixos que os cobrados na campanha e aponta que a organização do evento deve ter o cuidado de fazer essa divulgação, para que o teatro faça parte da vida da população belo-horizontina. O estudante Daniel Arcanjo Santana conta que vai ao tea-

Mídia Ninja

tro apenas durante o evento: “Acho difícil acreditar que tem ingresso a esses preços durante o ano. Fiquei surpreso, vou procurar saber mais”. Daniel, assim como Juliana, tem preferência pelas comédias. Durante a edição deste ano, serão apresentadas 65 peças da categoria, a mais procurada. Artistas do cenário de BH apontam que o estilo acaba tendo mais participação, mas há espaço para todos. “Ainda assim, a organização precisa fazer esforço para fomentar a diversidade, sair do besteirol, para que a campanha seja realmente do teatro de BH e não de uma parcela dele”, diz Gustavo. Outra linguagem O grupo Teatro 171 está com o espetáculo “Encontro com Pedro Juan” na campanha. A atriz e produtora Junia Pereira conta que o espetáculo não tem o apelo comum das comédias, por apresentar uma linguagem diferenciada, experimental. Ela diz que “Encontro com Pedro Juan” se apresentará em um local que abriga pequeno número de pessoas, mas pagou a mesma taxa de participação que grandes apresentações. “Tem produções com caráter mais popular, que vai atrair um público maior. Os organizadores deveriam compreender isso melhor e oferecer condições diferentes para produtores que trabalham assim”, aponta. Outro importante desafio demonstrado pelos artistas é a conquista do público. “O que consegui-

A campanha conta com mais de 150 peças, sendo 65 comédias

mos durante a campanha é ter um público que não costuma aparecer durante o ano. Mas acho que poucas dessas pessoas vão continuar indo ao teatro”, diz Junia. Apesar das ponderações, é inegável a importância do evento para a cidade. Para Gustavo Bones, o evento traz um boa oportunidade. “Adoro a campanha. Adoro apresentar, porque o público é diferente do que a nossa divulgação alcança. E gosto muito de assistir aos espetáculos”. Junia faz uma sugestão: “A campanha é muito boa, mas deve ser feita como uma ação perma-

nente e não apenas um evento”. Sônia Maria de Oliveira Couto participa sempre que pode. “Eu gosto muito dessa campanha. Temos artistas daqui que têm a oportunidade de mostrar a sua cara, para que a população veja o valor que ele tem. Este ano, ela já escolheu algumas peças, como “Lisbela e o Prisioneiro”. A dica que deixa é fazer uma boa seleção do que assistir. “Tem umas peças que não valem a pena, como a ‘Quem ri por último ri melhor’. Mas ‘As Barbeiras’ é excelente, já vi duas vezes”, se diverte.

Adeus, Nelson Ned Da Redação O ano de 2014 se iniciou com uma grande perda para a música popular brasileira. No dia 5 de janeiro, morreu, aos 66 anos, o cantor Nelson Ned, intérprete do clássico “Tudo passará”, lançado em 1969. Nelson estava internado desde o dia 4 com pneumonia, no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo. Natural de Ubá (MG) e primogênito de sete filhos, Nelson Ned deixou sua cidade natal aos 17 anos para tentar a vida no Rio de Janeiro, onde se consolidou como cantor de músicas românticas nos anos 60. A

partir de então, passou a ser figura recorrente no Programa do Chacrinha, apresentador que classificou como “pai de sua carreira artística”. Nelson possuía apenas um metro e 12 centímetros de altura, provenientes do nanismo, problema de crescimento que atinge uma pessoa em cada 15 mil no mundo. Por isso foi parte importante na luta contra o preconceito e discriminação. Em entrevista, chegou a afirmar que só não fez parte da Jovem Guarda porque era “anão e feio”. Ao todo possui 62 discos gravados em português e espanhol. Foi o primeiro artista brasileiro a vender um milhão de cópias nos EUA.

No auge da carreira se apresentou no Carnegie Hall e Madison Square Garden, ambos em Nova York. Em 2003, sofreu um acidente vascular cerebral que afetou sua voz e memória. O cantor teve então que se afastar dos palcos para viver no Recanto São Camilo, também em Cotia, sob os cuidados de sua irmã. Durante a década de 1970, foi rotulado como “brega”, ao lado de nomes como Reginaldo Rossi, Odair José e Agnaldo Timóteo. Entre seus hits, estão também “Tamanho não é Documento”, “Não Tenho Culpa de Ser Triste”, “Caprichoso”, “Será, Será” e “Se eu Pudesse Conversar com Deus”.


cultura | 15

Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

é tudo de graça!

AGENDA DO FIM DE SEMANA PRAIA DA ESTAÇÃO

FESTA O Baile da Maior Idade é um encontro mensal do grupo da terceira idade da comunidade Vila Santa Rita. A festa contará com participação da banda “Vozes do Vale”. Sexta (10), às 15h, 4 anos. Encontro de blocos de carnaval com en- no Centro Cultural Visaio para o carnaval e Copa. Sábado (11), às 11h, la Santa Rita (Rua Ana na Praça da Estação. Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita). LITERATURA

MÚSICA

CINEMA

Segunda a quinta-feira ASTRONOMIA

Planetário Sesc está aberto aos visitantes. Entre as atrações estão projeções da terra em tempo real e oficinas pedagógicas. Até dia 09/03, de 10h às 21h, no Minas Shopping (Avenida Cristiano Machado, 4000, União). INFANTIL

Clube de Leitura com o livro “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder, com coordenação de Diego D’ávila. Sábado (11), às 13h, no Centro Cultural Vila Santa Rita.

Apresentação com bandas de Rock, Reggae e Soul do Coletivo Conexão Autoral. Sábado (11), às No Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821, Padre Eustáquio).

Exibição da mostra “Os Três Patetas”, em homenagem ao lendário grupo cômico norte-americano do século XX. Sábado (11), às 16h, no Cineclube Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Mangabeiras).

CINEMA

Leitura de histórias e trechos de Literatura Infantil e Juvenil. Quarta (15), às 14h30, no Centro Cultural Lindéia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445 – Lindéia).

Pelo projeto Café Animado, os animadores do Laboratório de Stop-Motion da Escola de Belas Artes da UFMG se encontram para bate-papo. Quinta (16), de 9h às 21h, no café do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro).

FOTOGRAFIA

A Exposição Expofoto: Clima - Tempo exibe as obras do fotojornalista Vitor Silva. Até dia 2/2, de terça a sábado das 11h às 21h e domingos, das 11h às 19h, no Teatro Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Mangabeiras).

ARTES PLÁSTICAS

Da Pintura, exposição do artista Manuel Carvalho. De 16/01 a 23/02, das 10h às 18h, na Galeria de Arte do BDMG Cultural (Rua Bernardo Guimarães, 1600, Lourdes).

esporte |

na geral Copa do Nordeste Começa no dia 18 de janeiro a 12ª edição da Copa do Nordeste. O Nordestão, como é conhecido, conta com 16 times de sete estados nordestinos. Os três melhores colocados dos campeonatos baiano e pernambucano e dois dos campeonatos estaduais de Alagoas, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe têm vaga garantida na competição. Na primeira fase, as equipes são divididas em quatro grupos, com jogos de dois turnos. Classificam-se para as quartas de finais os dois times de cada grupo que mais pontuaram na fase de grupos. A Copa do Nordeste é um dos torneios interestaduais mais importantes do Brasil. Sua primeira edição foi em 1994 e depois de um longo período sem ser realizada retomou em 2013, organizada pela CBF. Das 11 edições ocorridas, o Vitória (BA) é o maior vencedor, com cinco títulos, seguido de Bahia e Sport Recife, com dois títulos cada. O campeão

da edição 2013 é o Campinense, da Paraíba. A partir desse ano, o vencedor do torneio tem vaga garantida na Copa Sul Americana.

Sul Americano e mundial de vôlei As cidades de Belo Horizonte e Betim irão sediar, respectivamente, os campeonatos Sul americano e mundial de vôlei pelo segundo ano consecutivo. A Confederação Sul Americana de Vôlei escolheu a Arena Vivo para sediar a competição continental, está marcada para acontecer de 19 a 23 de fevereiro. Já a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) divulgou, em seu site oficial, que o ginásio poliesportivo Divino Braga será novamente palco da disputa mundial e o torneio está confirmado para acontecer entre os dias 6 e 11 de maio. Além do Sada Cruzeiro, anfitrião e atual campeão do mundo, estarão garantidos no torneio os campeões da Europa, África e Ásia e América.

Copa São Paulo Júnior 2014 Começou na sexta passada (03)

a Copa São Paulo Júnior, principal competição de jovens de até 20 anos do Brasil. A Copinha, como é chamada, conta com a participação de 104 clubes, sendo 103 brasileiros e 1 japonês, o Kashiwa Reysol. Na primeira fase, os clubes são divididos em 26 grupos, com quatro times em cada. Após se enfrentarem em turno único, passam para a segunda fase, de mata-mata, todos os primeiros colocados dos grupos mais os seis melhores segundos colocados. Atual campeão da copinha, o Santos entra como um dos favoritos na disputa, assim como os times de Cruzeiro, Internacional, Corinthians, São Paulo, Atlético Mineiro, Flamengo e Palmeiras, clubes que vêm se destacando nas últimas competições de júniores. A final da competição será disputada no estádio Pacaembu no dia 25 de janeiro, data do aniversário da cidade de São Paulo.

O país do Handebol As jogadoras da Seleção brasileira de Handebol, depois de conquistar um título inédito para o país, foram recebidas pelo ministro dos es-

portes, Aldo Rebelo, e não se fizeram de rogadas: foram logo pedindo mais apoio para a modalidade no Brasil. Devido à falta de incentivo e patrocínio, a maior parte das atletas atua na Europa. Das 16 jogadoras, seis jogam na Áustria, duas na Dinamarca, uma na França, uma na Eslovênia, uma na Rússia e uma na Hungria e apenas três no Brasil. Apesar do pouco investimento, as brasileiras fizeram uma campanha histórica na disputa mundial ao vencer a Sérvia, em Belgrado, no dia 22 de dezembro por 22 a 20.


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Belo Horizonte, de 10 a 16 de janeiro de 2014

OPINIÃO Cruzeiro

“La Copa Libertadores es mi obsesión” Bruno Cantini

Kalil anda bravo com o bloqueio da Receita Federal ao dinheiro da negociação do Bernard por conta de dívidas antigas do Atlético

OPINIÃO Atlético

Final feliz Bruno Cantini

Wallace Oliveira Este verso, milhões de vezes entoado por algumas das maiores torcidas da América Latina, define o espírito que se apoderou da China Azul nos últimos meses. Antes mesmo que Fábio erguesse a taça de campeão brasileiro, já se podia escutar outra invocação do torneio continental: “Vamos, Cruzeiro querido, de tradição, Libertadores ser campeão...”. No mês de janeiro, atendendo aos pedidos de alguns leitores, apresentarei números, anedotas, curiosidades e análises da competição. A Copa Libertadores da América foi criada em 1959, no 30º Congresso Ordinário da Conmebol, em Buenos Aires. A primeira edição ocorreu em 1960 e teve o Peñarol como campeão. O nome atual é uma homenagem a líderes dos processos de independência dos países da América Hispânica e Brasil:

Simón Bolívar, José Artigas, José de San Martín, José Bonifácio de Andrada e Silva, D. Pedro I, Antonio Jose de Sucre e Bernardo O’Higgins. Os países que mais acumulam títulos: Argentina (22), Brasil (17) e Uruguai (8). Dos clubes, os maiores campeões são Independiente (7), Boca Juniors (6), Peñarol (5) e Estudiantes (4). Entre os brasileiros, Santos e São Paulo ganharam três vezes cada, seguidos por Cruzeiro, Grêmio e Internacional, cada um duas vezes, e Atlético/MG, Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Vasco, com um título. O Cruzeiro participou de 13 edições, chegou a quatro finais e ganhou duas, em 1976 e 1997. De 128 partidas disputadas, venceu 77, empatou 22 e perdeu 29, marcando 251 gols e sofrendo outros 130. Vanderlei Eustáquio de Oliveira, o Palhinha, é o maior artilheiro cruzeirense no torneio, com 20 gols.

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(31) 3309-3304 publicidademg@brasildefato.com.br

Rogério Hilário Nem me pergunte o que aconteceu no Mundial Interclubes, o assunto do momento é a permanência de Ronaldinho Gaúcho no Atlético. Finalmente, o bom senso venceu. Apesar das especulações sobre a transferência para o futebol turno, com justificativas como o ocaso da carreira de R10, aos 33 anos, e a chance de ampliar a já polpuda fortuna, pesou o sucesso do time sob o comando do craque. E, ao que parece, Alexandre Kalil não precisou fazer loucura para garantir a renovação. Fica a esperança de um ano ainda melhor. Mas isso depende da contratação de alguns reforços para setores carentes, como as laterais e, de certa forma, a zaga, que tem poucas opções. Quanto ao ataque, com a possível saída de Alecsandro, carece também de mais alternativas. Com o fim da novela Ronaldinho

Gaúcho, o Galo se livra de um problema quase insolúvel: quem substituiria R10. Em disponibilidade ou jogando no Brasil, não há jogador do mesmo nível. No exterior, existem poucos. E são inacessíveis, haja vista a fábula que os clubes europeus investem para contratar promessas como o galês Gareth Bale, adquirido pelo Real Madrid por 91 milhões de euros. No elenco atual, o Galo tem apenas dois jogadores para a função: Diego Tardelli e Dátolo. Só que estão a anos-luz do talento de Ronaldinho Gaúcho, seja nos passes precisos, seja na habilidade e, principalmente, nas cobranças de falta. Como a diretoria do clube se viraria, caso o craque saísse, não dá nem ao menos para imaginar. Ceder ou desanimar, depois de saborear a conquista da primeira Libertadores, são verbos proibidos no Atlético. E seria preciso renascer das cinzas.


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