cidades | pág. 4
cultura | pág. 14
Greve por trabalho melhor
Mestre popular
Ao passo que as empresas de transporte lucraram R$ 53,4 milhões entre 2008 e 2012, motoristas e cobradores precisam fazer greve para conseguir o básico, como banheiros nos pontos finais
Edição
O renascimento do carnaval de rua e dos blocos em BH trazem à memória grandes carnavalescos da cidade, como o Mestre Conga, hoje com 87 anos e atuante desde os 16. “Percebi que o que fazia desde criança era cultura”, diz
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014| ano 1 | edição 27| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg
cultura | pág. 14, 15 e 16
Já começou o carnaval!
Flora Rajão
Tem carnaval para todos os gostos e públicos nas diversas regiões de BH. Confira na página 16 a programação dos palcos da Estação do Samba e dos desfiles. Na página 15, a programação dos blocos alternativos. Na página 14, confira as dificuldades dos foliões e grupos para garantir a festa popular nas vilas e favelas
cidades | pág. 3
brasil | pág. 11
Baleados em serviço
Brasil: campeão dos agrotóxicos
Dois funcionários da UPA Norte foram baleados no plantão. “São inúmeras as denúncias de agressões contra servidores, mas a PBH não tem ação efetiva” afirma presidente do Sindibel
14 agrotóxicos proibidos no mundo são comercializados no Brasil e estão até no leite materno. Fundação Oswaldo Cruz condena a facilidade de importação dos venenos
entrevista | pág. 9
Dinheiro da saúde desviado Acusado de desviar R$3,5 bilhões da saúde, o ex-governador Aécio Neves pode perder o direito de se candidatar. Em entrevista, a promotora do Ministério Público Josely Pones Ramos afirma: há provas de fraude nos governos de Aécio e Anastasia
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Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
editorial | Brasil
editorial | Minas Gerais
Por um transporte melhor para todos Todo dia, precisamos trabalhar. Quase todo mundo, para isso, precisa sair de casa, pegar algum meio de transporte, chegar no emprego e depois voltar. Quando paramos para pensar que uma parte considerável do dia é perdida nesse trajeto, começamos e refletir sobre o modelo de cidade e de transporte. Para piorar, a passagem não é nada barata. Os R$ 2,65 cobrados nos ônibus de Belo Horizonte consomem cerca de 15% do orçamento mensal da população da capital. Ou seja: pagamos - e muito - para poder ir e vir. Se 15% de tudo que ganhamos vai para a locomoção, era de se esperar um transporte confortável, rápido, que desse para viajar sentado e com segurança. Mas sabemos que não é assim:
Empresas de transporte coletivo lucraram mais de R$ 53 milhões nos últimos quatro anos esperar em pontos lotados, subir em ônibus mais cheios ainda, esperar horas até chegar no destino é rotina generalizada. Por isso, o descontentamento contra o aumento das tarifas ganhou tanta adesão. Pagar muito por um serviço tão ruim causa indignação. Em BH, foi revogado o aumento. É uma vitória, mas como entender que as empresas que fazem esse serviço podem lucrar tanto em cima de um direito? Elas acumularam, segundo estudo encomendado pela própria Prefeitura, mais de R$ 53 milhões nos últimos quatro anos. Muitas vezes, ficamos com tanta raiva dessa situação toda que descontamos em quem aparece: os motoristas e trocadores. Esse foi um grande mérito da greve desta semana. Por mais que seja desagradável esperar ainda mais nos pontos, pegar condução ainda mais cheia, a população pôde parar para pensar: e essas pessoas? Eles trabalham mais do que a jornada prevê, sofrem com o trân-
sito, com problemas da frota, do clima. E não recebem aumento. Muitos pontos finais não têm sequer banheiro e, quando têm, estão em situação insalubre, sujos e abandonados. Já pensou o estresse que eles passam, todo dia, apenas para trabalhar? Depois da mobilização, os rodoviários conseguiram algumas conquistas, mas esperam mais. E a Prefeitura, a responsável por regulamentar o transporte na capital, por acompanhar os contratos com as empresas e por garantir a qualidade de vida da população, sequer se manifestou. Esse quadro é um bom resumo da nossa cidade. A população paga caro por um serviço ruim, o trabalhador é mal tratado no exercício da sua função, um punhado de empresas lucra milhões e a prefeitura fica quieta. Motoristas, trocadores e a população estão do mesmo lado. Querem um transporte decente, barato, com boas condições de trabalho. Para garantir isso, o melhor caminho continua sendo a mobilização social, seja na forma de greves ou de atos de rua.
Venezuela no centro da luta de classes mundial A imprensa mundial inunda as televisões e jornais com cenas de violência na Venezuela. Um espectador comum pensará que, em questão de horas, o governo de Nicolás Maduro deve cair. Mas o que está acontecendo mesmo? Em 2013, o governo Maduro tomou medidas para conter o ataque especulativo à economia do país e, entre as medidas adotadas, passou a controlar a liberação de dólares para importação das empresas privadas. Assim, secou a fonte dos lucros estratosféricos e o abastecimento de dinheiro público para as atividades direitistas. A burguesia passou a esconder os produtos importados para criar um pânico de desabastecimento. O governo deu ordens para que o Exército identificasse quem estava escondendo e os produtos fossem entregues à população. Os Estados Unidos querem retomar o controle do petróleo e manter influência na América do Sul, já que perdeu parte da sua força na Colômbia e no Chile. Por isso, aceleraram a tática de desestabilização do governo venezuelano, com
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
as ameaças de boicote e da inflação, combinado com a violência. A direita venezuelana, derrotada nas eleições com Henrique Capriles, acionou a linha dura da violência e do caos, elegendo como líder Leopoldo López, que já está preso. E agora acelerou os vínculos com a direita narcotraficante colombiana. Vários mercenários tentaram entrar armados e foram presos. A imprensa mundial manipula esses fatos e o discurso é o mesmo em todos os países. No Brasil, chega a ser ridícula a tomada de posição da Globo, SBT, Band e todos os jornais da burguesia. Diante desse contexto, a luta de classes emergiu nas ruas. De um lado a juventude de classe média, filhos da burguesia, foi pra as ruas, praticando todo tipo de violência. Porém, encontraram do outro lado da rua milhões de venezue-
A direita, derrotada nas eleições com Henrique Capriles, acionou a linha dura da violência e do caos. Agora acelerou os vínculos com a direita narcotraficante colombiana lanos, trabalhadores, pobres das periferias, que apoiam Maduro e o aprofundamento das mudanças sociais. A burguesia venezuelana aposta que, diante do clima de caos e violência, aconteçam divisões nas Forças Armadas, ainda que não haja nenhum sinal. Assim, a tendência do processo venezuelano é de que, mesmo que os enfrentamentos de rua continuem, o povo mobilizado junto com as Forças Armadas exigirão mudanças ainda mais radicais para aprofundar o caráter revolucionário do processo bolivariano.
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Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Atentado contra servidores municipais UPA Dois trabalhadores foram atingidos em serviço e sindicato cobra mais segurança
Edwaldo Cabidelli/Sindibel
Por Edwaldo Cabidelli O plantão de dois funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, no bairro Primeiro de Maio, terminou de forma trágica na madrugada de segunda-feira (24). O guarda municipal, Leanderson Leonardo de Souza, de 32 anos, e a técnica de enfermagem, Carmem Maria Rangel dos Santos, de 53 anos, foram vítimas de tentativa de homicídio praticada por três homens que tentavam invadir a UPA sem autorização. De acordo com a Polícia Militar, o crime ocorreu quando o guarda municipal, cumprindo o regulamento da UPA que permite a entrada de apenas um acompanhante por paciente, impediu a entrada de três homens que pretendiam visitar uma
Secretário de saúde se comprometeu com a entrega de uma nova UPA na região Norte até o final do semestre paciente internada. Após discussão, um dos homens sacou uma arma e disparou vários tiros contra o guarda, que foi atingido nas costas, mãos e braços. Um dos tiros acertou também a técnica de enfermagem, que estava próxima ao local. Questionado sobre a negligência da Prefeitura com relação aos constantes casos de agressão contra funcionários de UPA’s e centros de saúde, o Secretário Municipal de Saúde Fabiano Pimenta se comprometeu a entregar uma nova UPA na região
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Pergunta da semana O orçamento da saúde em Minas Gerais teve grandes perdas nos últimos 12 anos. De acordo com investigações do Ministério Público, o governo estadual deixou de investir R$3,5 bilhões entre 2003 e 2008, época em que Aécio Neves foi governador do estado. Críticas à saúde pública aumentam. Médicos, enfermeiros e fiscais apontam problemas dentro dos hospitais, como a falta de equipamentos e remédios. E você, usuário:
O que acha da saúde pública?
Audiência pública discutiu o caso na Câmara Municipal
Norte até o final do semestre. Isso, segundo ele, irá melhorar as condições de trabalho para os servidores e o atendimento aos usuários. Na terça-feira (25), uma audiência pública na Câmara Municipal (CMBH) debateu a implementação do adicional de risco para os guardas municipais e contou com grande adesão da categoria. Durante a sessão, o caso dos servidores baleados em serviço foi também discutido, como exemplo do descaso da PBH com relação à segurança de seus trabalhadores. Tragédia anunciada De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), a prefei-
tura foi alertada diversas vezes sobre a necessidade de ações concretas para garantir a integridade física dos agentes públicos no exercício de suas funções, principalmente aqueles que atuam em áreas de risco. “São inúmeras as denúncias que chegam de agressões e ameaças aos servidores públicos, sempre enviadas à PBH por meio de ofício, cobrando soluções”, afirma Israel Arimar, presidente do Sindibel. O sindicato solicitou à CMBH uma audiência para discutir a segurança dos servidores municipais, prevista para março. Israel afirmou que se não houver uma ação efetiva da PBH, o Sindibel poderá entrar com ação judicial pedindo até mesmo a suspensão temporária dos serviços públicos.
Já fui duas vezes no posto e não tem médico. Estou com um resfriado. Falei pra enfermeira: então me arranja um comprimido, porque resfriado em velho, sabe como é... E ela disse: “eu não posso dar. Vem aqui amanhã, quem sabe tem médico”. Essa é a situação da saúde em Belo Horizonte. Se o governo não investiu a quantidade que deveria ter, então a falha está aí. Todo mundo está sentindo, porque a qualidade está muito ruim. Ivison Souza, trabalhador da limpeza
Ônibus de graça no carnaval Por Rafaella Dotta
A Campanha Tarifa Zero BH lançou uma proposta criativa de protesto: ônibus com passagem gratuita. A ideia começou com uma carta entregue à Prefeitura de Belo Horizonte, escrita por 23 blocos, em que pediam ônibus gratuitos e horários especiais no carnaval. Sem respostas, o Tarifa Zero resolveu colocar a proposta em prática, mesmo sem o apoio do poder municipal. “Pensamos em uma maneira de mostrar que o passe gratuito é possível, com um protesto criativo”, afirmou Juliana Galvão, integrante do grupo. O objetivo é mostrar aos passageiros uma nova forma de en-
Flora Rajão
xergar o transporte público, que pode ser visto como direito, ao contrário do que é hoje: uma mercadoria. A ideia ganhou repercussão logo que foi divulgada e já soma mais de 1.200 compartilhamentos no Facebook. “Ficamos muito felizes em saber que as pessoas acharam interessante. Vai trazer esse lado político que o carnaval de BH também tem”, afirmou Juliana. Itinerário Ainda não foram decididos os caminhos e horários que o ônibus vai rodar. O itinerário será publicado na sexta-feira (28) no tarifazerobh.org e na página do Facebook (Tarifa Zero BH).
Uma vergonha. A gente vai ao posto e não tem médico, quando tem, não tem horário pra atender. Eu estava com um exame no posto, consegui marcar, mas infelizmente não deu pra ir. Pra remarcar, jogaram pra daqui a dois meses. Tenho muita necessidade e vou ter que pagar pra fazer, porque se depender do sistema público, não tem jeito. Acho que os governos deveriam fazer um pouco mais pela saúde e pela educação também. Valdirene Costa de Amorim, promotora autônoma
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Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Transporte em crise DEGRADANTE Rodoviários trabalham sem banheiros e com jornada estressante Por Maíra Gomes A semana não começou fácil em Belo Horizonte. Os rodoviários entraram em greve na segunda (24) e ficaram dois dias parados. Durante a greve, foi mantida uma média de 35% da frota de ônibus operando normalmente. Já as estações Venda Nova, Barreiro, Diamante e Vilarinho tiveram paralisação completa ou parcial. Segundo informações da BHTrans, 347.744 passageiros foram afetados nos dias de paralisação. A consultora de vendas Débora Alves esperou o ônibus por mais de uma hora para chegar ao trabalho, até que o empregador a autorizou a pegar um táxi. “Se eu tivesse que pagar não iria. O que ganho em um dia é quase o valor do taxi”, diz. De quem é a culpa? Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários (STTR-BH), Ronaldo Batista, os culpados não são os trabalhadores que lutam por seus direitos, e sim as empresas que não negociam. Até o fim de segunda-feira o sindicato não recebeu qualquer resposta dos patrões acerca das reivindicações. O diálogo só começou após a intervenção do Tribunal de Justiça do Trabalho. A proposta das empresas foi votada na quarta-feira (26) em assembleia e aprovada pelos rodoviários, dando fim à greve. “Não estamos satisfeitos, mas os trabalhadores estão contemplados.
Viram que não tinha mais como negociar a aceitaram a proposta”, declara o presidente. As exigências eram por melhoria na qualidade de trabalho do rodoviários, já que 30% da categoria se encontra adoentada atualmente. “As principais causas são estresse
Noronha Rosa
Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários, os culpados não são os trabalhadores que lutam por seus direitos e sim as empresas que não negociam e depressão. Os trabalhadores têm que conviver com o trânsito caótico, agressões verbais e físicas e assaltos diariamente. Vão para o trabalho com medo”, conta Ronaldo. Uma das principais reivindicações foi a redução da jornada de trabalho, de 6h40 para seis horas. Ronaldo explica que uma jornada maior de seis horas obriga o trabalhador a fazer uma hora de almoço, colocando-o à disposição da empresa por mais tempo, sem remuneração. Ele diz que este é o principal problema vivido pelo rodoviário, já que trabalha com os intempéries do tempo, como trânsito, falha mecânica, assalto e outros, que podem atrasar o dia de trabalho. “Geralmente são oito horas trabalhadas e
Categoria conseguiu aumento real de apenas 2%
algumas empresas pagam o extra, outras não”, declara. O acordo final fechou em 6h20 a jornada de trabalho. Dificuldades no trabalho Durante o exercício da função, os trabalhadores sofrem com a falta de banheiros em todos os pontos finais. O diretor do STTR-BH Carlos Henrique denuncia a situação. “Algumas estações têm, mas estão imundos, não têm manutenção. Onde não tem é triste também. Imagina ter que pedir pra ir em um
bar usar o banheiro em horário de trabalho?”, indaga. O Ministério do Trabalho se comprometeu a fazer junto ao Sindicato dos Rodoviários e as empresas uma força tarefa de implantação de banheiros em pontos finais até o mês de abril. O aumento salarial fechou em 7,26%, configurando um ganho real de 2%. A exigência dos trabalhadores foi de 21,5%, já que os reajustes do último anos têm sido de muito pouco aumento real, como o 0,5% conquistado no ano passado.
PBH apresenta auditoria prévia dos contratos com empresas de ônibus Noronha Rosa
Prometido pela Prefeitura de BH para novembro, apenas esta semana foi feita a apresentação da auditoria dos contratos com empresas de ônibus na capital. A avaliação das concessões do Sistema de Transporte Público por ônibus de Belo Horizonte, entre os anos de 2008 e 2012, demonstra um lucro líquido de R$ 53,4 milhões para as empresas. Na segunda-feira foram apresentados três documentos, elaborados pela consultoria Ernst & Young, contratada pela PBH. André Veloso, integrante do movimento Tarifa Zero, explica que o apresentado não foi uma audito-
ria, como exigido pelos movimentos, e sim um verificação independente. A diferença é que a auditoria permite a verificação por parte
da população dos dados financeiros apresentados. Ele diz que não apareceram as fontes primárias dos dados. Ou se-
ja, foram citadas as notas fiscais, mas não foram disponibilizadas as próprias notas. “Assim, não pode ser feita a verificação da veracidade do documento. Eles podem inflar os custos, fazendo notas frias, de um lugar que nem vende o material, com preços acima do mercado”, preocupa-se André. A PBH não entregou todos os documentos necessários, faltando ainda o relatório de avaliação final, que vai dizer como está o equilíbrio econômico dos contratos e as recomendações à prefeitura, pedido pelo próprio Marcio Lacerda. A PBH prometeu o relatório final para o mês de março.
Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Segurança ou repressão na Copa do Mundo?
fatos em foco Corrupção: irmão de Perrella acusado
FORÇA 10 mil policiais estão preparados para atuar durante o evento Por Maíra Gomes Após a morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, atingido na cabeça por um rojão durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus, no Rio de Janeiro, iniciou-se uma verdadeira caça às bruxas no país e passou a ficar mais frequente o pedido por mais segurança. O Governo Federal anunciou a presença das Forças Armadas na Copa do Mundo se necessário. A presidenta Dilma Rousseff disse que foram investidos R$ 1,9 bilhão para estruturar o sistema de segurança e para coibir atos de vandalismo. Em Minas Gerais, o governador Anastasia anunciou o aumento de 800 policias militares nas ruas de BH e Região Metropolitana, já em vigor, o que totaliza cerca de 7800 PMs no policiamento ostensivo.
“Não existe clareza sobre o que o PM pode ou não fazer, e isso é resquício do modelo policial adotado durante a ditadura no país” Especialista em Segurança Pública, Robson Sávio aponta que existe uma demanda pelo aumento da repressão policial no país, capitaneada pela grande mídia. “Isso responde a uma sociedade patrimonialista, aos donos de concessionárias, bancos e instituições que foram vitimadas nas manifestações de junho do ano passado”, aponta Robson, que
Reprodução
Depois de Gustavo e Zezé Perrella serem suspeitos de tráfico, mais um membro da família é investigado. Alvimar, irmão de Zezé Perrella, é acusado de fraude no fornecimento de alimentos a presídios de Minas Gerais. O esquema teria desviado R$ 80 milhões, através da empresa Stillus Alimentação. Alvimar Perrella e mais dois empresários são apontados como chefes da quadrilha.
Azeredo quer atrasar Justiça
frisa a inversão do papel da polícia, que deve trabalhar por garantia de direitos e não da manutenção patrimonial. Robson destaca que o problema principal são as lacunas com relação ao mandato policial no Brasil. “Não existe clareza sobre o que o PM pode ou não fazer, e isso é resquício do modelo policial adotado durante a ditadura no país”, explica. O especialista diz que se preocupa com a dificuldade em distinguir, entre os grupos participantes de uma manifestação, entre os que praticam a violência e os que não, o que pode gerar uma repressão de forma desmedida.
Integrante do Comitê Contra a Copa de Belo Horizonte, Fidélis Alcântara compartilha da mesma preocupação. “A violência vem se acirrando nas ruas e o papel do Estado tem sido aumentá-la. As forças policias não conseguem conter violência com mais violência. Na manifestação do dia 22 [de junho de 2013], a polícia veio do Mineirão até o centro jogando bomba atrás dos manifestantes com o Caveirão”, declara. Ele aponta que durante as manifestações do ano passado, a grande maioria dos conflitos violentos começaram depois que a polícia usou a força, como balas de borracha e bombas de gás.
Preparação para a Copa A Polícia Militar já está se preparando para a Copa do Mundo. O Tenente Coronel Alberto Luiz Alves, assessor de comunicação da PMMG, declarou que a corporação receberá cerca de 10 mil homens durante o evento, incluindo aqueles que estão na Academia atualmente, e um efetivo que virá de cidades do interior. Além disso, a corporação contará com o efetivo especializado, como o Gate, a Rotam, o Choque e a Cavalaria. O Tenente Coronel diz que as forças estarão trabalhando em locais de concentração de pessoas, seja os estádios, ou até mesmo shopping ou lugares onde turistas possam frequentar. “Vamos contemplar tudo, até
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o pior. Nós não podemos descartar a possibilidade de manifestações, mas não estamos focados apenas nisso”, declara. A PM pretende utilizar grande diversidade de armamento. A novidade são as granadas de tinta. Lançada a cinco ou 19 metros de distân-
A PM pretende utilizar grande diversidade de armamento. A novidade são as granadas de tinta cia, ela se parte em pequenos pedaços emborrachados, emitindo uma emulsão de cor vermelha que vai tingir roupas e pessoas que estive-
rem em algum conflito. Os equipamentos convencionais como capacetes, escudos balísticos, gás e bala de borracha também serão usados. “Faremos o uso de forma diferenciada, primeiro o diálogo, depois a aproximação”, diz o Tenente. Para Robson, o uso da violência policial é compreensível desde que com proporcionalidade, ou seja, quando a polícia está com o mesmo arsenal bélico que o grupo que tenta coibir. “A perspectiva da segurança pública é trabalhar para que o caldo não entorne, porque seria ruim para todo mundo. Obviamente vai ter reação a uma manifestação, mas se espera que seja na lógica da proporcionalidade”, diz.
Eduardo Azeredo é acusado de ser chefe do “mensalão tucano”. A investigação contra o ex-governador entrou em fase final nos últimos meses e, para forçar que a ação se reinicie, Azeredo renunciou a seu mandato de deputado federal. O Ministério Público Federal e o Estadual não concordaram e querem garantir que o julgamento ocorra ainda neste ano. O procurador-geral da República orientou que Azeredo seja condenado a 22 anos de prisão.
Lagoa da Pampulha limpa: só depois da Copa A Prefeitura de Belo Horizonte tinha o objetivo de deixar a Lagoa da Pampulha limpa para a Copa do Mundo de 2014. Porém, a Copasa e a Sudecap declararam que o serviço vai ter atrasos e não terminará antes do evento. O adiamento se deve a problemas nas técnicas e equipamentos utilizados, que não estão sendo eficientes. A primeira etapa do serviço vai custar R$109 milhões ao governo e as obras tiveram início em outubro de 2013.
Um carnaval diferente na UFMG Começa nesta sexta-feira (28) o 8º Festival de Verão da UFMG, que vai até 4 de março. O evento é composto por oficinas, shows, filmes, palestras, espetáculos teatrais, entre outros. As inscrições vão até sábado (1) ou até o dia de cada atividade. Elas acontecerão no Centro Cultural UFMG, na Praça da Estação e no Espaço do Conhecimento UFMG, na Praça da Liberdade.
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais vai demitir 580 pessoas IRREGULARIDADES TJMG tem até maio para regularizar problemas trabalhistas Por Rafaella Dotta
Ana Drummond Guerra
Fóruns, comarcas e secretarias de justiça podem entrar em colapso a partir de maio, alerta sindicato dos servidores. Mais de 580 oficiais de apoio e oficiais de Justiça serão despedidos, sem novas contratações previstas, pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
A partir de maio, mais de 580 oficiais de apoio e oficiais de Justiça serão despedidos, sem novas contratações previstas. Maio é o prazo para regularizar 800 precários De acordo com a Assembleia Legislativa, maio é o prazo para regularizar os 800 funcionários contratados como “precários”. Em situação irregular há pelo menos três anos, o Judiciário de Minas Gerais foi alertado pelo Conselho Nacional de Justiça a colocar a casa em ordem. Isso significa ajustar a situação trabalhista de 800 funcionários, que foram contratados para ser temporários, mas já completam anos no cargo. “Nós prestamos concurso público, mas ao invés de nos nomear o Tribunal nos chamou para trabalhar a título de precários (contra-
Trabalhadores do judiciário fazem manifestação no TJMG
tados)”, explica o oficial de apoio, Guilherme Nahass. Os “precários” não têm os mesmos direitos trabalhistas que um trabalhador comum, como o seguro desemprego, nem que um servidor público, e pode ser demitido a qualquer mo-
mento. Tentativa de solução Percebendo a situação destes profissionais, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu por uma solução rápida, e deu até maio para o TJMG
resolver a situação dos 800 precários. De acordo com Rui Viana, vice-presidente do Sindicato dos Servidores de Justiça de Primeira Instância (Serjusmig), o TJMG já decidiu: vai cortar 580 cargos e permanecer com 220.
Situação caótica no Judiciário O Sindicato dos Servidores de Primeira Instância (Serjusmig) pede, há vários anos, que sejam abertos mais cargos no Judiciário. Segundo o sindicato, existem escrivães e contadores trabalhando 2 horas a mais por dia, sem receber nenhum bônus salarial.
Escrivães e contadores trabalham duas horas a mais por dia, sem receber bônus salariais “A gente quer um número de contratação maior porque há necessidade. O número de processos praticamente quadruplicou nesses últimos anos, e o quadro
de pessoal nem aumentou”, afirmou Rui Viana, vice-presidente do sindicato. De acordo com o Projeto de Lei 3879/2013, já aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Tribunal precisa efetivar 1.200 novos funcionários para melhorar seu funcionamento. O TJMG apresentou apenas 220 contratações para o ano.
pagamento de uma série de benefícios aos magistrados. Esse re-
Mais benefícios para juízes A presidente do Serjusmig, Sandra Silvestrini, informou aos representantes do Tribunal de Justiça que a Comissão de Constituição e Justiça da ALMG aprovou diligência ao Projeto de Lei Complementar (PLC), que prevê
querimento quer dizer que a tramitação do projeto fica suspensa no Legislativo até que o TJMG autor do projeto - explique a origem dos recursos para implementar esses benefícios. Os sindicatos denunciam que o pagamento de auxílios fora da
O TJMG precisa explicar à Assembleia origem dos recursos que garantiriam pagamento de benefícios a juízes
folha, como auxílio-livro, auxílio-remoção, indenização de férias e outros podem ter um impacto de até R$ 40 milhões no orçamento anual. “Como o TJMG poderá responder positivamente à previsão de limite orçamentário para atender às “novidades” para os juízes? Enquanto isso, em relação às antigas demandas dos trabalhadores, eles respondem sistematicamente com a alegação de falta de recurso”, afirma Sandra. Para Rui Viana, o dinheiro do Judiciário deveria ser investido em mais funcionários no momento e não em aumento de benefícios para juízes.
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Iniciativa de organizações sociais promete balançar a política PLEBISCITO Entre 1º e 7 de setembro, brasileiros poderão decidir mudanças na política do país Rafaella Dotta Dessa vez, não vamos votar em um candidato. Estamos convidados a escolher todos os candidatos de uma só vez, e também a política. Foi lançado em Minas Gerais o Plebiscito para mudar o Sistema Político brasileiro, que chama a população a votar em novas leis eleitorais e políticas. Acontecerá entre 1º e 7 de setembro, em todo o país. O lançamento do Plebiscito em Minas Gerais teve a participação de 117 organizações e aconteceu em 22 de fevereiro, no Salão da Igreja Boa Viagem, em Belo Horizonte. A
Resultado do plebiscito da conta de luz será entregue no 5º Encontro de Movimentos Sociais iniciativa pretende reunir pessoas descontentes com a política, para realizar uma coleta de votos a favor de mudanças na Constituição Brasileira, de 1988. De acordo com Beatriz Cerquei-
Rafaella Dotta
ra, presidente da CUT Minas Gerais e uma das organizadoras do Plebiscito, para mudar os políticos é preciso mudar as regras das eleições. “Já foi comprovado que, em cada R$1 que as empresas colocam na campanha de políticos, eles retornam R$12 depois de eleitos, através de corrupção e preferências em licitações”. A mudança da política é o mais correto a fazer no momento, acredita Joceli Andrioli, coordenador nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). Para ele, o tema vem de junho de 2013. “As manifestações pediram uma nova política. Essa é uma angústia do povo.” Próximos passos Em 1, 2 e 3 de maio, será realizado o 5º Encontro de Movimentos Sociais, que vai entregar ao governo estadual os 600 mil votos do Plebiscito para abaixar a conta de luz, feito em outubro de 2013. Lá também serão iniciados, junto a mais organizadores, os trabalhos pelo Plebiscito do Sistema Político.
Mais de 270 pessoas participaram da plenária que discituiu o plebiscito
A professora Maria Catarina, de Divinópolis, vai participar do Plebiscito e deixou um recado para as pessoas que gostariam de ajudar: “Procurem um movimento sério ou
faça da forma que você achar melhor, conversando no seu trabalho, na sua casa. Há várias maneiras das pessoas participarem. Pode ser aí, na rua em que você mora.”
Cemig mantém trabalhadores escravizados Stefano Wrobleski Repórter Brasil A Cemig foi responsabilizada por fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) pela submissão de 179 trabalhadores a condições análogas à escravidão em Belo Horizonte. A primeira fiscalização na empresa aconteceu em julho de 2013 e foi acompanhada também pela Polícia Federal. A caracterização de escravidão foi resultado de intensa investigação que levou mais de seis meses, com análise de documentos e tomada de depoimentos das vítimas. Além de submeter trabalhadores à escravidão, a Cemig – empresa de economia mista controlada pelo governo do Estado de Minas Gerais – é acusada também de terceirização ilegal e contratação de em-
presas sem licitação. Procurada pela Repórter Brasil, a empresa enviou posicionamento negando as acusações. O relatório de fiscalização servirá de base para a ação do Ministério Público do Trabalho. A procuradora Luciana Marques Coutinho destacou, em apreciação prévia, que não é o primeiro problema trabalhista envolvendo a Cemig. “O resultado da ação fiscal realizada em 2013, além de comprovar os fatos narrados nas ações civis públicas já ajuizadas, ou seja, a ilicitude da terceirização e a absurda precarização do trabalho dos terceirizados, revela um incremento ou piora do quadro”, escreveu. Trabalho escravo urbano Os 179 empregados trabalhavam no reparo e construção da rede elétrica da Cemig e estavam submeti-
dos a jornadas exaustivas sistemáticas. Segundo o auditor fiscal Marcelo Gonçalves Campos, que coordenou a operação, era comum os trabalhadores passarem mais de onze horas por dia em serviço. Além disso, o descanso entre as jornadas era abaixo do permitido na legislação trabalhista e os empregados não ti-
Ministério do Trabalho flagrou 179 pessoas com trabalho degradante nham nenhum dia de descanso semanal. Quando a carga de trabalho excedia os limites legais, era comum o pagamento de valores “por fora”. Além de submetidos a jornadas exaustivas, os trabalhadores não tinham água potável, banheiros ou lugar para comer. “Se nós fazemos essas exigências no meio rural, te-
mos também que exigir o cumprimento dessas obrigações no meio urbano”, ressaltou o auditor. Dentre os 179 trabalhadores, 82 eram migrantes e estavam alojados em condições degradantes. As sete casas onde os que não eram de Belo Horizonte viviam estavam sujas, não dispunham de armários e tinham entulho e lixo acumulados em áreas comuns. A denúncia da situação a que os trabalhadores estavam submetidos chegou ao MTE através do sindicato da categoria. De acordo com Jefferson Leandro Silva, diretor do Sindieletro, um dos empregados suicidouse em seu alojamento em fevereiro de 2013. “Quando fomos conversar com os trabalhadores, eles relataram as dificuldades de trabalho e a dificuldade de viajar para casa por conta da jornada”, contou. Segundo ele, os colegas explicaram que esse foi o motivo do suicídio.
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Noronha Rosa
Na edição 26 ... “Apagão virou fenômeno nacional” ...E AGORA
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Amarelo chão e uma gota de mão na janela. Sobre a poesia que a gente vive e as pequenas sutilezas cotidianas. Registro feito no bairro Cartuxa, na cidade de Mariana.
Igor Fuser
Marcos Maia
Por que tanta briga na Venezuela? Territórios do carnaval A Venezuela é assunto de destaque no noticiário. Percebe-se que existe um conflito intenso. Mas faltam informações para entender o que está acontecendo. O foco do conflito é o petróleo. A Venezuela possui as maiores reservas mundiais do combustível. Desde o início do século passado, o petróleo do país tem sido explorado e vendido por empresas, como a Esso e a Shell, e uma pequena minoria de venezuelanos, que enriqueceram às custas desse bem natural. Quando Hugo Chávez se tornou presidente, em 1999, as coisas começaram a mudar. Ele destinou o dinheiro para melhorar as condições de vida da maioria da população, que vivia na pobreza e na miséria. Hoje, graças às políticas sociais desse governo, não existe mais fome no país. Os salários aumentaram, o desemprego diminuiu e milhares de moradias populares e postos de saúde foram construídos. Os ricos ficaram incomodados, pois perderam os seus privilégios. Junto com o governo dos Estados Unidos, a elite da Venezuela deu um golpe de Estado em 2002. O então presidente Chávez foi tirado do governo, mas voltou três dias depois, nos braços do povo, que defendeu nas ruas a democracia. Desde então, o país vive em disputa. Os políticos da elite e os empresários, com apoio dos EUA, fazem de tudo para derrubar o governo. Mas a obra de Chávez – que faleceu no ano passado – criou raízes. Agora uma parte da oposição, desesperada porque perdeu as duas eleições realizadas em 2013, resolveu partir para a violência. Começou a organizar ações para derrubar o presidente Nicolás Maduro, que está continuando a obra de Chávez. Mas os golpistas representam uma minoria. A maioria está deixando claro, mais uma vez, sua disposição de defender a democracia e a justiça social na Venezuela. Igor Fuser é professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC)
O carnaval é uma festa de cores, ritmos, movimentos de corpo e imaginação ilimitada. Sempre foi uma manifestação popular com forte componente teatral. No caso dos blocos de rua, o carnaval vive um momento em que a parede que separa “plateia” e “atores” passa por uma demolição. As pessoas não querem apenas ver o desfile passar, querem ser atores a construir seu próprio roteiro, seu próprio jogo. Como nos ensina Mikhail Bakhtin, no carnaval, “por um certo tempo o jogo se transforma em vida real”. E a vida real, sabemos, é muitas vezes perversa. E para combater essa crueldade, movimentos de variados tipos têm se apropriado do espaço público com o objetivo de humanizá-lo, visando diminuir a influência de corporações privadas. Vários blocos de rua trazem a alegria, a irreverência e a criatividade como estandarte de luta pela liberdade. E liberdade é o espírito do carnaval. Outro grupo secularmente privado da liberdade é o dos negros. Homens e mulheres que há cerca de um século utilizam o samba e o carnaval como meio de conquistar espaço e respeito em uma sociedade ainda bafejada pela escravidão. Na avenida e no imaginário da festa foram vitoriosos – estão aí as escolas de samba para comprovar - mas no cotidiano ainda estão em plena luta contra o preconceito e a hipocrisia. Em BH, essa história tem seu marco com a fundação da Escola de Samba Pedreira Unida, a primeira da cidade, na comunidade Pedreira Prado Lopes. Com a volta dos desfiles das escolas de samba para a avenida Afonso Pena e com o crescimento do carnaval de rua, esperamos que esses dois atores culturais - que desenvolvem lutas distintas mas paralelas – se encontrem em cortejos que tenham como enredo a luta contra o racismo, demais preconceitos e outras atitudes que entristecem o país. Marcos Maia é historiador
Segundo denúncia do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) a energia vendida em Minas, Paraná e São Paulo é 25 vezes mais cara do que no resto do país. “Fato que pode levar ao aumento médio de 31% na tarifa de eletricidade para consumidores cativos, onde estão as residências e a pequena e média indústria”, diz a nota.
Na edição 10... “Neonazista que enforcou catador de papel é solto”... ...E AGORA Os jovens Donato Baudson Peret, de 25 anos e Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos, que agrediram um catador de papel na Savassi, em Belo Horizonte, foram processados por racismo, formação de quadrilha e divulgação do nazismo. Eles foram mantidos presos por seis meses, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Os laudos médicos realizados durante a investigação apontaram insanidade mental e, na última segunda-feira (24), o processo contra os jovens foi suspenso. João Matheus Vetter de Moura, de 20 anos, também envolvido, já se encontrava em liberdade.
ERRAMOS: A data correta para o evento Massa Crítica BH, divulgado na matéria “Direitos para os ciclistas” na edição 25, é dia 28 de fevereiro, e não dia 21 como informado.
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“Foram 3 bilhões e 500 milhões desviados da saúde em seis anos” FRAUDE CONTÁBIL Promotora revela detalhes do processo que move contra o ex-governador Aécio Neves Paula Laboissière e Aline Leal - Agência Brasil
Por Rafaella Dotta Josely Pontes Ramos é promotora de saúde do Ministério Público e, em 2010, ficou conhecida nacionalmente por entrar com ação civil para investigar os gastos com saúde durante o mandato do ex-governador Aécio Neves. O foco de investigação eram R$ 3,5 bilhões repassados à Copasa entre 2003 e 2008. Em meio à procura de provas, a promotora descobriu que a Companhia não recebia o dinheiro. A promotora, assim como os críticos ao governo de Aécio Neves, concorda que existe uma interpretação ambígua em relação à verba. O dinheiro pode ter tido uma destinação ilegal, classificada como corrupção. Ou pode nunca ter existido. Ambas as hipóteses são amostras de uma fraude contábil, acusação que pode levar Aécio Neves a perder seus direitos políticos. O procurador-geral de Justiça recentemente extinguiu o processo, mas a promotora afirma que vai lutar para que a ação seja julgada. “Foram 3 bilhões e 500 milhões desviados da saúde em seis anos. Nós estamos falando de 12 anos da mesma prática em Minas Gerais”, afirma, reforçando que a prática se mantém no governo Anastasia.
“Em agosto de 2010, recebi as contestações do Estado e da Copasa dizendo que nunca o estado transferiu recurso para a empresa. Aquilo era investimento que a Copasa fez, com capital próprio, no saneamento básico” Brasil de Fato - Promotora, como você decidiu entrar com ação para investigar as despesas de saúde do governo Aécio Neves? Josely Ramos - Chegaram na promotoria, inicialmente, os pareceres do Tribunal de Contas a respeito da saúde, com a notícia de que o estado enviava recursos para a Copasa, em um volume muito grande. Isso já vinha acontecendo desde 2003. Então, busquei as Leis Orçamentárias de 2003 a 2008 e no recurso da saúde apareceu a Copasa realmente abocanhando quase a metade, e às vezes a metade, do dinheiro da
de e quando. Apenas falaram que eu o investiguei apontando o nome da investigação. A minha indignação é que, apenas com a ação muito avançada, levanta-se essa outra hipótese e o procurador-geral de justiça fala que não houve dano ao patrimônio público. Qual futuro pretende dar a essa ação civil? Eu estou ali, lutando para que ela não se extinga. Foram 3 bilhões e 500 milhões desviados da saúde em seis anos. Nós estamos falando de 12 anos da mesma prática em Mi-
Desvio de verba compromete a saúde pública em Minas Gerais
saúde. Então, eu notifiquei o presidente da Copasa para vir à promotoria e ele não veio. Notifiquei a contadora-geral do Estado, porque é ela que lança os valores mencionados ali [na prestação de contas]. A contadora-geral também não veio. Eu não tinha dúvida em nenhum momento que o dinheiro saía do fundo estadual de saúde e ia para a Copasa. O que era feito dele lá? Era o que eu não sabia. Como você chegou até a investigação do governo estadual? Eu fiquei diante de um impasse porque, para o Tribunal de Contas, o recurso saía do Estado e ia para a Copasa. Mas nos balanços da Companhia e nos relatórios de auditoria independente não apareciam esses valores. Em agosto de 2010, recebi as contestações do Estado e da Copasa dizendo que nunca o estado transferiu recurso para a empresa. Aquilo era investimento que a Copasa fez, com capital próprio, no saneamento básico, que foram lançados no orçamento e na prestação de contas do Estado, o que não pode ser feito. A contabilidade pública tem lei, a Lei 4320/64. Lá se diz o que pode constar e não pode constar. Eles feriram a regra da prestação de contas e da Lei Orçamentária. Com base nisso, eu fiz a ação de improbidade contra o Aécio Neves e a Maria da Conceição, em dezembro de 2010. O procurador-geral da justiça alega que você, como promotora, não podia abrir ação contra um governador e, por isso, quer ex-
tinguir a ação contra Aécio Neves e Maria da Conceição. Qual a sua opinião? Eu jamais investiguei sequer o secretário estadual de saúde. Quando o procurador-geral e a própria defesa [de Aécio Neves e da
“A minha indignação é que, apenas com a ação muito avançada, levantase essa outra hipótese e o procurador-geral de justiça fala que não houve dano ao patrimônio público” contadora-geral do Estado] falam que o governador foi investigado e o Tribunal de Justiça acata, isso sequer tem correlação com a norma constitucional. Por quê? Quem ordena o fundo estadual de saúde é o secretário de saúde. Não é o governador o coordenador da despesa. Em outras políticas e outras áreas, é o governador que define, com o secretário de fazenda, por exemplo, o que vai ser gasto. Na área da saúde, não. Em embargos de declaração de um advogado constituído pelo Aécio, ele conseguiu reverter a situação, dizendo que eu o havia investigado porque [a ação] chamava a “Prestação de contas” do governador de 2003 a 2008. Se pelo nome da investigação se define o que tem ali dentro, eu poderia muito bem ter colocado “Carnaval 2002”, não é? Mas não apontaram como eu investiguei, de que maneira, on-
“Foram 3 bilhões e 500 milhões desviados da saúde em seis anos. Nós estamos falando de 12 anos da mesma prática em Minas Gerais” nas Gerais. No governo Anastasia isso não mudou. Também ele [procurador-geral de Justiça] poderia investigar, agora com essa fraude devidamente confessada no processo. O governo não poderia ter lançado o orçamento da Copasa dentro do orçamento público. Senão fica fácil, pega os tributos e faz investimentos em empresas que não são da administração pública direta. Se chegar a ação aqui para me intimar, vou recorrer ao Tribunal de Justiça, e depois ao STJ e STF. Quais os problemas que a extinção do processo pode trazer para Minas Gerais? Primeiro, quem me garante que esse dinheiro não foi [para a Copasa]? Porque fica fácil agora a Copasa falar “Eu nunca recebi recurso” e o Estado dizer “Eu nunca mandei”. Basta eles falarem que eu me convenço? Isso precisa ser esclarecido. Tenho uma ação igual contra o governo Itamar, de R$1 bilhão que ele desviou. Não deu o menor trabalho pra investigar, porque ele não maquiou o orçamento. Já a ação foi extinta agora por conta do governo Aécio. Então, o que vai ser? Se o gestor resolve não cumprir o mínimo para a política pública não vai acontecer nada? Ele não provocou o dano de apropriação do recurso, mas e a saúde, vai ficar sem finanças? Isso eu gostaria de perguntar para o procurador-geral de Justiça. Está autorizado, então?
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Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Após pressão, Adidas cancela venda de camisas com conotação machista COPA Empresa alegou que camisetas eram para público dos EUA
Danil Leon
Da Redação A empresa de material esportivo Adidas teve que se retratar com o público brasileiro, nesta terça-feira (25), após lançar duas camisetas comemorativas da Copa do Mundo no Brasil. O material foi acusado de ser machista e de incentivar o turismo sexual no país. Dezenas de organizações feministas se mobilizaram e criticaram o material nas redes sociais durante todo o dia. O governo brasileiro também se posicionou contra a multinacional alemã. O Ministério do Esporte usou sua página no facebook para responder à campanha da empresa e publicou adaptações nas imagens em que a bunda feminina é substituída por um rosto sorridente e a da garota de biquíni por uma baiana.
Além do Ministério, a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) lançou nota em que repudiou “veementemente” o tom das camisetas. O presidente da empresa, Flavio Dino, declarou que a campanha “vai no sentido contrário do
que o Brasil defende”. Em seu twitter oficial, a presidenta Dilma Rousseff declarou que o “Brasil está feliz em receber os turistas que chegarão para a Copa, mas também está pronto para combater o turismo sexual”.
A Adidas, que é patrocinadora oficial da Copa, declarou que retirou os produtos das prateleiras e que as camisetas eram uma edição limitada para o público estadunidense.
Desaparecidos e esquecidos Apública Em julho do ano passado, um grito ecoou na maior favela da zona Sul do Rio de Janeiro e ultrapassou fronteiras. Como se viesse das caixas de som da rádio poste da Rocinha, o clamor da viúva do pedreiro desaparecido nas mãos da polícia multiplicou-se pelas faixas dos protestos de rua, que sacudiam o país desde junho, e ganhou as redes sociais. “Cadê o Amarildo?”, o mundo passou a perguntar, como se o conhecesse ali do botequim do Julio, na parte baixa da comunidade. Com a pressão da sociedade, as investigações seguiram adiante. Acabaram revelando que o marido de Elisabete Gomes, trabalhador e pai de sete filhos, foi torturado e morto pelos policiais da UPP da Rocinha. Os 25 policiais indiciados por participação nas torturas que levaram Amarildo à morte começaram a ser julgados este mês. Seu corpo, porém, continua desaparecido. Ainda assim, o desfecho é uma raridade entre os casos de desaparecimento no Rio de Janeiro – muitos sequer são investigados. O caso de Amarildo foi o único a
ganhar visibilidade entre os 6.034 desaparecimentos contabilizados entre novembro de 2012 e outubro de 2013, pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) – não há dados mais recentes disponíveis. Desde o primeiro ano do governo Sérgio Cabral, as estatísticas do ISP (vinculado à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro) apontam quase 40 mil desaparecidos. Além da fragilidade das investigações policiais, o desaparecimento do pedreiro, denunciado por Elisabete, escancarou a violência encoberta pela empolgação com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), criada a partir de novembro de 2008, com a promessa de “pacificar” as favelas cariocas, martirizadas pelo crime organizado e pela polícia. “Eu não vou parar de gritar, deixar isso impune. Não vamos calar a boca. Mesmo que meu marido fosse traficante, não tinha que matar, tinha que prender”, reafirma ainda agora Elisabete, as palavras atropeladas pela velocidade da fala, que é a sua arma desde o desaparecimento de Amarildo. Quanto mais gente ouvir o que ela diz, melhor.
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Fiocruz critica flexibilizar lei de agrotóxicos SAÚDE A suspensão começa a valer a partir de sexta-feira (21) Da Redação A Fundação Oswaldo Cruz lançou uma Carta Aberta condenando as flexibilizações na lei sobre agrotóxicos no país. Os alvos principais são os projetos de lei 12.873 e o decreto 8.133, ambos de 2013, que facilitam a importação de agrotóxicos em casos de pragas sem precisar passar por avaliação prévia dos órgãos reguladores brasileiros. A nota responsabiliza a “crescente pressão dos conglomerados econômicos de produção de agroquímicos para atender as demandas do mercado e de commodities agrícola” por gerar uma “tendência de supressão da função reguladora do Estado”. Por fim, a fundação cita que
Reprodução
inúmeros estudos internacionais já confirmaram os danos causados aos trabalhadores e comunidades expostas a esses produtos. Agrotóxicos no Brasil
O professor Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), desenvolveu estudo e apontou que os brasileiros consomem 14 agrotóxicos proibidos no mundo por afetarem a saúde humana. Pignati analisou 62 mostras de leite materno de mães que tiveram filhos de 2007 a 2010, na Cidade de Lucas do Rio Verde (MT) e em todas encontrou a presença de agrotóxicos. Destaca-se o Endosuflan, que prejudica os sistemas endócrino e reprodutivo, presente em 44% das amostras.
HSBC é condenado por violar intimidade de funcionários afastados Reprodução
Daniele Silveira De São Paulo Uma empresa decide registrar a rotina e a vida pessoal de trabalhadores. Monta dossiês, com detalhes sobre horário de saída e volta para casa, local de destino, meio de transporte utilizado, hábitos de consumo e informações sobre cônjuges e filhos. Parece uma situação típica da ditadura civil-militar
(1964-1985), mas isso ocorreu entre os anos de 1999 e 2003. E a empresa em questão é o banco inglês HSBC. As violações em série cometidas pelo banco foram parar nos tribunais. No início de fevereiro, o HSBC foi condenado a pagar indenização de R$ 67,5 milhões por danos morais coletivos. O processo tramita em segredo de Justiça, com o objetivo de preservar os dados pessoais dos trabalhadores contidos nos
CURSOS GRATUITOS Graças a Ação Civil Pública, ajuizada em 2000 pelo Ministério Púbico do Trabalho, após denúncias do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais Sindipetro/MG, a Petrobrás foi condenada ao pagamento de multa por descumprimento de obrigação de fazer. Dentre as determinações, está a formação e qualificação profissional da comunidade do entorno da Refinaria Gabriel Passos - Regap. O Sesi e o Senai, instituições de ensino do Sistema Fiemg, foram escolhidas para estarem à frente deste processo. Ao todo, 17 cursos serão oferecidos gratuitamente no período da manhã, tarde e noite em três cidades: Betim, Contagem e Ibirité. Confira no site: www.sindipetromg.org.br, a lista completa dos cursos e suas respectivas descrições. Divulgue!
autos. Em entrevista ao Brasil de Fato, uma das funcionárias do HSBC espionadas pela empresa confirma que foi alvo de investigações particulares. A bancária conta que as investigações traziam detalhes da vida pessoal e que o dossiê continha fotos que confirmam que os investigadores a seguiram. “Tinha nome, tinha endereço, tinha telefone, tinha tudo”, descreve. Documentos levantados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) comprovaram que o banco contra-
tou a empresa Centro de Inteligência Empresarial (CIE) para realizar investigações privadas. A CIE investigou, a pedido do HSBC, 152 pessoas de diversos estados do Brasil. Além da condenação por danos morais coletivos, o HSBC também foi orientado a não mais realizar investigações particulares ou qualquer outro ato que viole o lar, a intimidade ou a vida privada de seus empregados ou trabalhadores terceirizados O não cumprimento das determinações implica multa de R$ 1 milhão por empregado investigado.
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Argentina julga responsáveis por repressão em protestos de 2001 VIOLÊNCIA 17 são acusados de homicídios, tentativas de homicídio e lesões corporais em manifestações de 2001 Começou na segunda-feira (24) o julgamento de 17 pessoas consideradas responsáveis pela violência que tomou conta da Argentina em dezembro de 2001 – durante a pior crise da história recente do país. Em dois dias de manifestações, que resultaram na renúncia do então presidente Fernando de La Rúa, 38 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Entre os acusados estão o ex-secretário de Segurança Interior do governo de De la Rua, Enrique Mathov. Mais de 400 pessoas vão prestar depoimento e o julgamento deve demorar dois anos. Num ato em homenagem às vítimas, em frente ao tribunal, o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Juan Martin Fresneda, lamentou que tantos jovens tenham morrido nos protestos de 2001 (alguns deles com 13, 15 e 16 anos), e que a justiça tenha demorado
tanto. “As sociedades sempre pagam um preço alto por mortes, especialmente se ocorrem em manifestações sociais”, disse Fresneda à Agência Brasil. O estopim da violência na Argentina foi a decisão do governo de confiscar os depósitos bancários dos cidadãos, na véspera do Natal de 2001, para pagar a dívida externa. Houve saques a supermercados e protestos contra a recessão e o desemprego. O então presidente Fernando De La Rua decretou estado de sítio na noite de 19 de dezembro, mas uma multidão desafiou as autoridades e saiu às ruas – com panelas na mão – para protestar na Praça de Maio, em frente ao palácio presidencial. As forças de segurança reprimiram, algumas vezes com tiros. Fernando De La Rúa foi acusado de ser o responsável indireto pelas mortes, por ter decretado o estado de sítio e ter permitido a repressão.
Asociación de Reporteros Gráficos de la República Argentina
Milhares de pessoas saíram às ruas da Argentina para protestar, durante a pior crise da história recente do país
Ele foi absolvido em tribunais de primeira e segunda instâncias, mas os organismos de defesa dos Direitos Humanos apelaram à Suprema
17,18 E 19 DE MARÇO
O voto da educação vale muito!
Corte, que deve dar seu veredito em breve. (Monica Yanakiew, da Agência Brasil)
Royalties do petróleo investidos na valorização dos educador Carreira e jornada para todos os profissionais da educação Contra a proposta de reajuste dos governadores e o INPC 10% do PIB para a educação pública Pelo cumprimento da lei do Piso Votação imediata do PNE
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A novela Como ela é Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
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Solução
Muita gente já deve ter percebido outro clima nas ruas, no ônibus, no trabalho. Chega esta época do ano e o carnaval vai dando pinta. E ele já começou! O carnaval é uma festa profana, em que as pessoas costumam se permitir mais. Vale fantasiar de qualquer coisa para brincar, pular e seguir o movimento de alegria e desprendimento. É o “adeus à carne”, de acordo com a origem da palavra. O carnaval já foi trama de muitas novelas. E não poderia ser diferente, já que a festa é uma forte tradição de nosso povo. Como esquecer da novela “Senhora do Destino” (2005) de Aguinaldo Silva? Geovani Improta (José Wilker) era o presidente da fictícia escola de samba “Unidos de Vila São Miguel” e dedicava sua vida à agremiação. Durante toda a história, acompanhamos a organização do desfile, que no carnaval daquele ano homenageou a protagonista da novela Maria do Carmo (Suzana Vieira) e sua saga de mulher nordestina que teve a filha sequestrada pela malvada Nazaré (Renata Sorrah). Vários personagens eram membros da Escola de Samba e embalaram o desfile, gravado na própria Sapucaí, cantando o samba-enredo composto por sambistas de verdade. O presidente da escola ficou tão famoso que depois foi para o cinema. Além de Senhora do Destino, o carnaval também foi retratado em outras novelas, como “Felicidade” (1991), “Quem é você” (1996), “Páginas da Vida” (2006) e “Duas caras” (2007), o que confirma que os autores de novela valorizam esta linda festa popular que muito diz sobre a formação de nossa cultura. Carnaval é bom. O empurra-empurra dos blocos, dos trios elétricos, do movimento na avenida faz a gente se aproximar mais uns dos outros e nos entendermos enquanto um povo comum. Nem tudo que passa na novela dá pra viver na vida real. Mas o carnaval sim! Por isso, aproveite a folia e até semana que vem! Por Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)
AMIGA DA saúde
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Amiga, sou fumante há 15 anos. Alterno o cigarro branco com o cigarro de palha, mas quero muito parar com os dois. Estou tentando fumar apenas cigarro de palha. Você acha que é um bom caminho? Josiléia Martins, 30 anos, advogada
Amiga, nunca fiquei com mulher, mas às vezes sonho que estou beijando uma amiga e sinto muito prazer. Mas também fico com vergonha. Será que sou lésbica? Ou estou com algum problema? Luciene, 16 anos, estudante
Não Josiléia, esse caminho que você escolheu não ajuda muito. O cigarro de palha contém nicotina e por não ter filtro você ainda absorve uma quantidade maior do produto. Faz mal pra saúde tanto quanto o outro. Os cigarros matam 50% de seus usuários. Se você não quer fazer parte desta estatística, escolha um método mais eficaz. Marque um dia D e pare neste dia. Procure alguma coisa para fazer na hora que vier a fissura (vontade muito intensa de fumar, que passa em 5 minutos), algumas pessoas bebem
Querida Luciene, fique tranquila. É muito comum e natural termos fantasias sexuais envolvendo pessoas do mesmo sexo que o nosso. Isso não é problema nenhum. Cada pessoa, a partir da sua experiência, vai desenvolvendo formas de relacionamento que mais a satisfazem. Alguns gostam de ter relações com pessoas do mesmo sexo, outros gostam mais do sexo oposto. Há também pessoas que se satisfazem das duas formas. Seja na prática ou na fantasia, isso não é problema ne-
água, outras saem para caminhar, enfim, veja o que é possível para você. Caso tenha dificuldade, procure ajuda. Hoje existem grupos de tratamento de tabagismo disponíveis no SUS, uma ótima opção para ajudar quem está disposto a parar. Informe-se no seu Centro de Saúde de referência.
nhum. Apesar de todos os preconceitos que ainda existem na nossa sociedade, o mais importante é buscar fazer aquilo que te satisfaz e te deixa feliz. Não dê tanto valor aos rótulos. Busque ser você mesma.
Ouço minhas amigas falarem sobre a técnica do chuveirinho, mas não entendo muito bem. Pode me explicar? Leydiana, 18 anos Cara Janaína, a técnica do chuveirinho é uma forma de masturbação feminina muito comum. Consiste em se masturbar utilizando o jato de água do chuveirinho, concentrando a água sobre o clitóris. Se bem feito, provoca excitação e contribui para a mulher atingir o orgasmo. Embora existam muitos mitos e preconceitos sobre a masturbação, ela é saudável tanto para homens quanto para as mulheres. Faz parte do autoconhecimento do corpo, ajuda a pessoa a saber o que lhe causa mais prazer e isso é fundamental para desenvolver
uma boa experiência sexual. Existem muitas outras técnicas que podem ser utilizadas para a masturbação, estudar o assunto e abusar da criatividade é fundamental.
14 | cultura
Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Carnaval fora do centro RESISTÊNCIA Carnafavela e escolas de samba enfrentam desafios para manterem atividades Por Raíssa Lopes Desde o início de suas atividades, o Carnaval de Belo Horizonte enfrenta dificuldades para sua realização. E, como de costume, os obstáculos enfrentados pelo carnaval de periferia são ainda maiores. O caráter de resistência que está resurgindo atualmente na festa da cidade sempre esteve presente na vida de quem lutou para a realização e manutenção do carnaval em vilas e comunidades da cidade. É o caso do Carnafavela, movimento que acontece há nove anos na Barragem Santa Lúcia, região Centro-Sul da capital. O evento surgiu a partir da reunião de três amigos que viram a necessidade da criação de uma festa que, além de agregar os moradores da favela, valorizasse artistas da região. “A galera da periferia é menos favorecida em relação à cultura. O carnaval era completamente ócio, e os tradicionais muito caros para os moradores daqui. Então, em 2005, captamos nossos próprios recursos e demos corpo ao Carnafavela”, conta um dos organizadores do evento, Flávio Silva, mais conhecido como Tikinho. Flávio conta que o modelo como o carnaval era realizado antigamente não condizia com o perfil de folião que está presente nas ruas de BH, um dos motivos principais pa-
ra o sucesso que a festa adquiriu ao longo dos anos. “Atualmente, as pessoas querem ocupar, chegar e curtir, e eles centralizavam as atrações. Áreas fora dos tradicionais eixos-culturais nunca tiveram incentivo”, comenta. Hoje, o Carnafavela reúne 15 mil pessoas por dia de evento e recebe habitantes não só da periferia, mas de toda Belo Horizonte e cidades adjacentes. Porém, ainda segundo o organizador, o incentivo recebido continua precário. “Eu poderia dizer que a maior dificuldade que temos no momento é patrocínio. O apoio da prefeitura é pouco acessível e são pouquíssimas empresas de grande e médio porte que investem em ações culturais de comunidades. Só existem eventos para beneficiar a classe média. Pra gente, é muito mais trabalhoso e corrido”, afirma. Luta para que o samba não acabe A falta de incentivo ao samba, como manifestação cultural da favela, também atinge as escassas Escolas de Samba de Belo Horizonte. Para o sambista mineiro Mestre Conga, as dificuldades começam na falta de verba para manter os desfiles de carnaval. “As fantasias, os instrumentos... Tudo era muito caro, e os próprios músicos deviam arcar com o preço. Por isso o carnaval de rua perdeu a força”, atesta. Além disso, o músico chama
a atenção para a ditadura vivida na época do governo de Getúlio Vargas, que reprimia constantemente a festa. “Com o fim do regime, as escolas de samba voltaram à cidade, mas logo veio o prefeito Pimenta da Veiga, que cortou o carnaval”, lembra. Fundador da Escola de Samba Inconfidência Mineira, criada em 1950, o compositor diz que o samba e o congado eram alvo constante de preconceito. “Nos primeiros anos da escola, ensaiávamos no meu quintal, no bairro Concórdia. E os vizinhos, pais dos meus colegas que participavam, manda-
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vam eles saírem do meio da ‘negrada’, da ‘palhaçada’. Tudo isso a gente aguentava na cara”, desabafa. Conga declara que hoje uma das únicas escolas de samba em bom funcionamento é a Cidade Jardim, que completou 52 anos em 2014. Para a vice-presidente da escola, Tiene Dias, o valor destinado à manutenção dos desfiles é irrisório. “Fazemos a Cidade Jardim andar com raça porque acreditamos verdadeiramente na importância do samba, principalmente do independente. Resistimos sempre, só assim para fazer alguma coisa andar”, assegura Tiene.
Mestre de arte e cultura popular Por Raíssa Lopes José Luiz Louredo, o Mestre Conga, é um compositor e sambista nascido na cidade de Ponte Nova, Zona da Mata Mineira. O senhor de 87 anos se mudou para Belo Horizonte aos seis anos de idade. O famoso apelido, hoje marca do samba mineiro, surgiu quando ainda estava na escola. “Meus amigos ficavam brincando, gritavam ‘ô Conga!’, ‘Conguinha’, ‘Congão’, porque eu fazia parte de uma Guarda de Congo. Aí aquela meninada ficava de encarnação comigo, e quanto mais um apelido te irrita, mais ele fica, né?”. E ficou. José, já então Conga, aos 16 anos, quando ia realizar seu exame admissional na escola profissionalizante, encontrou amigos que lhe fizeram mudar de rota. Ele decidiu ir dançar e se divertir, próximo à rua Guaicurus. “No dia seguinte, fiz a
mesma coisa. Duas semanas depois meu pai morreu. Foi então que me soltei na vida, nem fiz mais a matrícula. Porque por mais que minha mãe tentasse, nunca seria tão enérgica quanto meu pai”, lembra. De lá, surgiram os encontros que fizeram com que fosse convidado a ingressar na bateria da Escola de Samba Surpresa, em 1945. Em 1950, fundou sua própria escola, a Inconfidência Mineira, e iniciou sua história no carnaval do estado. “Meus amigos costumavam dizer que nossos encontros eram como uma Faculdade do Samba. E eu dizia ‘não, faculdade é coisa da elite!’. Foi só em 1966 que percebi que o que eu fazia desde criança era cultura. Nesse dia li um panfleto do saudoso Padre Lage que dizia que existiam dois tipos de cultura: a erudita e a popular. A ficha caiu. Corri para contar aos meus amigos que produzíamos arte e cultura, desde novinhos”.
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Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Festa do protesto
cultura | 15
CARNAVAL Blocos aliam a diversão com a crítica política Por Raíssa Lopes Diante do contexto político na cidade e da insatisfação da população com o governo, a festa, além de proporcionar diversão aos foliões, se tornou uma interessante maneira de se manifestar. Com marchinhas como “A Coxinha da Madrastra” e “Imagina na Copa”, a política dominou o tema das três edições do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, que premiou em 2014 “O Baile do Pó Royal”, ironia à apreensão de mais de 400 quilos de cocaína no helicóptero da família do senador Zezé Perrela. Este ano, das 12 canções inscritas, sete tiveram em suas letras críticas a políticos. Os blocos também saíram às ruas, disseram ‘não’ a imposições da Prefeitura e assumiram de vez o caráter libertário e contestador. Grades e abadás foram substituídos pela vontade de vivenciar a cidade, ocupar espaços públicos e questionar abusos e políticas ineficientes. O machismo sofrido diariamente pelas mulheres impulsionou a
criação do “Bloco As Desobedientes do Ritmo – Mulheres na Rua”, que desfilará pela cidade no dia 8 de março. A ideia surgiu a partir de organizações de grupos como a Marcha Mundial das Mulheres, Central Única de Trabalhadores (CUT), MST, Levante Popular da Juventude, DCE da UFMG, MAB e alguns sindicatos que lutam contra a mercantilização do corpo feminino, contra a violência, e defendem a legalização do aborto. “Queríamos brincar o carnaval, mas não esquecer que também é uma festa de luta. Nessa época do ano acontecem muitas manifestações machistas e nós desejamos fazer contraponto a essa ideologia, dizer de uma forma divertida que não somos apenas corpo”, afirma Fernanda Caldeira, uma das organizadoras do bloco. Uma bateria comandará a festa com marchinhas personalizadas e interpretadas por cantoras feministas. As ocupações urbanas também incentivaram mobilizações de pessoas que criticam a inter-
venção violenta do Estado nestes locais. É o caso do Tico Tico Serra Copo, bloco itinerante criado por arquitetos no bairro Serra, em 2009. De acordo com o organizador Roberto Andrés, o grupo realiza uma espécie de experimentação da cidade, visitando lu-
“Os blocos também saíram às ruas, disseram ‘não’ a imposições da Prefeitura e assumiram de vez o caráter libertário e contestador” gares marginalizados, como viadutos e terrenos abandonados. “Já andamos pelo túnel da Lagoinha, da Cristiano Machado, e esse ano visitaremos a Vila Santana do Cafezal [ameaçada de despejo pela Urbel] e o Parque da 1ª Água”, conta. Para a construção do parque, a PBH desapropriou os moradores da região, mas abandonou o projeto e os entulhos que restaram
das demolições das casas. “A ocupação das ruas que o carnaval gerou colocou vários grupos em contato. Hoje vemos uma cidade muito politizada, eventos festivos que, ao mesmo tempo, contestam”, comenta Roberto. A mesma contestação levou ao movimento Tarifa Zero, campanha que levanta a ideia do transporte público sem catracas. Encabeçado pela Assembleia Popular Horizontal, o projeto culminou no Bloco Pula Catraca. “Resolvemos brincar e defender o Tarifa Zero no carnaval pela visibilidade. É uma oportunidade bacana de difundir o movimento e fazer a população conhecê-lo”, diz a participante daAPH Izabela Cosenza. Ela conta que o bloco apresentará repertório de músicas próprias e do trio mineiro Tião Duá. “Nosso objetivo é nos divertir sem deixar de manifestar nossa vontade, nossa insatisfação em relação ao atraso da auditória do transporte, do MOVE e dessa confusão que é a mobilidade urbana na capital”, declara.
Programa-se! Bloco Popular da Juventude
O Bloco Popular da Juventude nasceu como proposta do grupo de negros e negras do Levante Popular da Juventude, movimento social composto por jovens militantes que buscam a transformação da sociedade. A ideia do bloco é levar de forma irreverente, ao som de tambores, o grito de revolta da juventude pelas ruas da cidade. O Bloco Popular da Juventude convida todos os jovens que sofrem na pele a exclusão racial, social e de gênero para se juntarem ao grupo nesse domingo e lutarem por uma sociedade justa e livre de qualquer exploração.Domingo (2), às 14h, na
tão da PBH. Desde 2010, o bloco se concentra na praia e caminha até a prefeitura onde lava a fachada do prédio público e refresca cerimonialmente os banhistas. Em 2014 o bloco questiona a intensificação do processo de transformação da cidade em mercadoria, com a realização próxima da Copa do Mundo, e também contesta a implantação do Projeto Nova BH. Sábado (1), às 12h,
14h, na Praça do Cardoso, na Serra. Bloco Então Brilha
Bloco Tico Tico Serra Copo
Surgiu como uma brincadeira despretensiosa de um grupo de amigos que, ao perceber a movimentação de grupos que buscavam se apropriar da cidade como palco para a festa carnavalesca, se sentiu motivado a sair pelas ruas de BH. Com o lema “gente é pra brilhar”, o grupo convida qualquer pessoa para se integrar ao bloco e luta pela liberdade sexual.Sábado (1), às 9h, na
rua Guaicurus.
Bloco Toca Raul Agremiação
Bloco da Praia
Psicodélica!
Tico Tico Serra Copo valoriza a espontaneidade e a experimentação da cidade, visitando bairros esquecidos, túneis, viadutos, passarelas, torres abandonadas e lotes vagos. Esse ano passará por algumas
O Bloco tem como inspiração a frase “não sei pr’onde eu tô indo, mas sei que tô no meu caminho”, do cantor Raul Seixas. Nasceu a partir da vontade de fazer política cantando e dançando e interagir de forma bem-humorada com o carnaval que renasce na cidade. O grupo reafirma o ato de não pagar para participar do carnaval.Sábado (1), às 11h, na Igreja da Boa Viagem.
na Praça da Estação
Avenida José Bonifácio (189).
A Praia da Estação surgiu a partir do decreto do prefeito Marcio Lacerda que proibia a realização de eventos de qualquer natureza na Praça da Estação. O movimento impulsionou uma série de protestos a favor da livre apropriação dos espaço públicos e contra a atual ges-
vilas que compõem o Aglomerado da Serra, Parque da 1ª água e Vila Santana do Cafezal.Domingo (2), às
Bloco Filhos de Tcha Tcha
Surgiu em 2010, com objetivo de fazer as pessoas circularem e se encontrarem em bairros distantes. Protesta contra a desigualdade social, má distribuição de recursos públicos e alto déficit habitacional. O grupo defende que não existe política efetiva e sensível de moradia social na capital e esse ano desfilará pelas ocupações Zilah Spósito, Rosa Leão e Esperança, oferecendo apoio às famílias que lutam por vida digna. Segunda (3), às 11h, nas ocupações Zilah Spósito, Rosa Leão e Esperança.
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Belo Horizonte, de 28 de fevereiro a 06 de março de 2014
Palco da Pampulha Praça Nova da Pampulha – Avenida Fleming – Bairro Ouro Preto
Sábado (1), a partir das 12h: Músicas eletrônicas infantis, brincadeiras e oficinas, Virô Samba, Bateria Show Força Real, Bandinha do Marcão Domingo (2), a partir das 10h: Músicas eletrônicas infantis, brincadeiras e oficinas, Bloco Rei, Orquestra Som Maior Segunda (3), a partir das 10h: Músicas eletrônicas infantis, brincadeiras e oficinas, Lucas Soyer e Banda, Mauro Saraiva, Dona Elisa Terça (4), a partir das 10h: Músicas eletrônicas infantis, brincadeiras e oficinas, Na Cadência do Samba, Fino do Samba, Carnaviola
PROGRAMAÇÃO PALCOS ESTAÇÃO DO SAMBA Sábado (1), a partir das 19h: Trem das Onze, Samba da Madrugada, Aline Calixto, Martinho da Vila Palco Praça da Estação Avenida dos Andradas, 201 – Bairro Centro
Domingo (2), a partir das 19h: Molejo, Black Soul, Velha Guarda de BH, Banda Coceira no Bibico (com Chico Amaral e Banda) Segunda (3), a partir das 14h: Samba de Empório, Grupo Camafeu, Samba de Luiz Terça (4), a partir das 14h: Samba de Comadre, Dois do Samba, Samba da Meia Noite, Zé da Guiomar
Palco da Avenida Brasil Avenida Brasil, 41, entre Domingos Vieira e Álvares Maciel – B. Santa Efigênia
Sexta (28), a partir das 18h: Estivadores do Havai, Andreia Amendoeira, Thiago Delegado, Kebraê Sábado (1), a partir das 16h: Dona Jandira, Marina Gomes, Senta a Pua, Capim Seco, Dudu Nicácio. Domingo (2), a partir das 16h: S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L (Coletivo Dinamite BH, Yellow Caps (Alemanha), Bloco Alcova, DJ Naroca, DeSkaReggae SoundSystem)
Sábado (1), a partir das 16h: Bloco do Approach Domingo (2), a partir das 16h: Banda Nascidos do Samba, Bateria Imperador, Projeto Saravá, Banda Odara
Segunda (3), a partir das 16h: S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L (Graveola, Porcas Borboletas, Pequena Morte, Pollerapantón (Argentina), Dj Luiz Valente (BH), RoodBoss SoundSystem)
Confira a programação dos blocos de rua
Terça (4), a partir das 16h: Cinebloco, Flor de Abacate, Gustavo Maguá, Mart’nália
no link: http://zip.net/brmCWS
Palco da Savassi Praça Diogo Vasconcelos – Av. Cristóvão Colombo/ Getúlio Vargas – Savassi
DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA E BLOCOS CARICATOS Avenida Afonso Pena, entre Avenida Carandaí e a Rua da Bahia
Segunda (3), a partir das 19h
Terça (4), a partir das 19h
Blocos Caricatos (em ordem de desfile)
Escolas de Samba (em ordem de desfile)
1. Estivadores do Havaí 2. Corsários do Samba 3. Vila Estrela 4. Inocentes de Santa Tereza 5. Por Acaso 6. Mulatos do Samba 7. Bacharéis do Samba 8. Aflitos do Anchieta 9. Infiltrados de Santa Tereza
1. Força Real 2. Estrela do Vale 3. Imperavi de Ouros 4. Acadêmicos de Venda Nova 5. Canto da Alvorada 6. Cidade Jardim