Edição 29 do BF MG

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Reprodução

Atingidos cobram direitos

cultura | pág. 14

Era uma vez... Contar histórias não sai de moda e traz benefícios para o corpo e para alma de quem narra e de quem ouve, além de ajudar a diminuir a velocidade de um mundo altamente tecnológico

A construção de hidrelétricas expulsa pessoas de suas casas e de suas vidas. Conheça a história de atingidos por barragens e as ações do MAB para esta sexta-feira (14), em Belo Horizonte

Edição

Reprodução

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014| ano 1 | edição 29| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

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“Ela não é criminosa, é mãe” Reprodução

Creche fechada há dois anos Crianças não têm onde ficar enquanto mães precisam trabalhar. Essa é a situação da Pedreira Prado Lopes, onde só existe uma creche para os 10 mil moradores. A outra creche da comunidade está fechada para reformas há dois anos, mas nada foi feito. Segundo a PBH, a previsão de término da obra é apenas em 2016

Valéria Borges

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Livros de graça em Contagem Brenda Viegas

Mesmo cometendo crimes menos violentos que os homens, mulheres sofrem mais com a prisão. Elas enfrentam problemas como a falta de ginecologistas e ausência de berçários. A matéria traz depoimentos que denunciam a separação ilegal de filhos e mães presas, que precisam passar a guarda para outra pessoa, já que os pais estão ausentes

Doação de livros para todos os gostos na Praça Iria Diniz, em Contagem. Voluntários construíram um programa que distribui contos, poesia, literatura e materiais didáticos. Eles têm descoberto que a história de “brasileiro não gostar de ler” não é verdade. “É impressionante como as pessoas querem livros”, afirmou uma das idealizadoras do projeto


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Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

Nossas bandeiras de luta

A crise do imperialismo

Dados divulgados no início do ano pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela ONG Oxfam Intermón apontam que o Brasil teve um significativo sucesso em reduzir as desigualdades, graças a investimentos públicos e ao aumento do salário mínimo em mais de 50% desde 2003. Contudo, a concentração das riquezas e dos recursos econômicos nas mãos de poucos tem aumentado. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. É por essa razão que o país amarga índices inaceitáveis de miséria, fome, pobreza, precariedade de serviços públicos e é um dos mais cruéis em concentração de renda. A ONU nos classificou em 85° lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em 2013. Apenas a dívida pública absorverá mais de 42% dos recursos orçamentários em 2014, enquanto a saúde ficará com menos de 4% e a educação com pouco mais de 3%. Os transportes receberão apenas 1% dos recursos e a seguFalando Nilson rança pública bem menos: 0,35%. Essas escolhas de orçamento, além de todas as formas de desvio

Apenas a dívida pública absorverá mais de 42% dos recursos orçamentários em 2014, enquanto a saúde ficará com menos de 4% e a educação com pouco mais de 3%. Os transportes receberão apenas 1% dos recursos e a segurança pública bem menos: 0,35% dos recursos públicos, reforçam a lógica da desigualdade e impedem a garantia dos direitos de vida digna para o povo brasileiro. É preciso pensar no modelo de desenvolvimento capitalista, que degrada o meio ambiente e explora as relações de trabalho. Aprendemos na jornada de junho de 2013 que o Brasil e Minas Gerais vivem uma crise política de suas instituições. O povo não se vê representado pelos atuais políticos. Assim, uma luta importante é pelas reformas estruturais, como a reforma econômica, reforma do judiciário, reforma agrária, democratização da comunicação e a reforma política. É preciso mudar as regras do jogo, para termos uma democracia representativa séria, em que o povo possa acreditar. Somente com mobilizações nas ruas poderemos alcançar mudanças. Temos que levar nossos cartazes contra as obras superfaturadas da Copa, contra a FIFA e CBF, contra os corruptos e os corruptores, contra o pagamento da dívida pública e que os recursos públicos sejam para o povo, mas também levar nossa bandeira e palavra de ordem a favor do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político como forma de exercício democrático e participação popular.

Os últimos acontecimentos na Ucrânia mostram que a hegemonia do imperialismo dos Estados Unidos está em crise. A Rússia reafirma sua influência na Ásia Central, na Europa Central e no Oriente Médio. Além disso, meteu uma cunha no coração da influência estadunidense na Europa ao ensaiar uma aliança econômica com a Alemanha, que incomoda o imperialismo e seus principais aliados no velho continente. Foi sintomática a iniciativa da diplomacia russa e de seu poderio militar em frustrar os planos do imperialismo para a Síria. A China emerge rapidamente e tem um grande potencial para superar economicamente os EUA. O país asiático constrói, gradativamente, sua própria área de influência e expande suas relações de cooperação econômica. Tanto a China como a Rússia possuem armas nucleares. E isso tem um significado na geopolítica atual: o direito internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar. Nos países latino-americanos, a crise das ex-

Os Estados Unidos poderão ter seus planos mais uma vez frustrados por Moscou na Ucrânia periências neoliberais viabilizou a emergência de governos progressistas. Esse quadro favoreceu importantes experiências de integração regional que não interessam ao imperialismo. Não por acaso, o imperialismo patrocina atualmente a tentativa de golpe contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. O movimento mais recente na Europa de reação à crise da hegemonia do imperialismo estadunidense ocorreu no apoio e patrocínio do governo Obama e da CIA ao golpe sofrido pelo governo ucraniano, que era pró-russo. A escandalosa quebra da ordem democrática na Ucrânia ocorreu com o apoio das potências europeias e da OTAN, linha auxiliar dos EUA. O governo russo reagiu imediatamente, denunciou o golpe dos fascistas e seus patrocinadores. Além disso, fez uma movimentação militar para proteger os cidadãos russos, que são maioria e moram na península da Crimeia, que legalmente pertence à Ucrânia. A capital Kiev e o governo fascista da Ucrânia estão sendo monitoradas pelos russos. O imperialismo poderá ter seus planos mais uma vez frustrados por Moscou. O imperialismo certamente continuará sua política agressiva de reação à sua perda de hegemonia. Uma coisa é certa: a bandeira da paz, historicamente, pertence aos revolucionários. Ao proletariado não interessam as guerras, mesmo sabendo que dependendo da conjuntura, elas abrem janelas revolucionárias.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

contato..................brasildefatomg@brasildefato.com.br para anunciar : publicidademg@brasildefato.com.br / (31) 3309 3304 - (11) 2131 0800

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br/ (31) 3309-3314


Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

Projeto distribui livros, sonhos e conhecimento

Pergunta da semana

LEITURA Mais de 90 mil títulos já foram distribuídos na cidade Brenda Viegas

Por Rosana Zica No dia 8 de março, a Praça Iria Diniz, que abriga a maior feira de variedades de Contagem, na Região Metropolitana, deixou de ser lugar só de comércio e virou espaço de conhecimento, informação e literatura. O Projeto Trilhas da Leitura – Construindo a Cidadania distribuiu gratuitamente mais de quatro mil livros de contos, poesia, romance, além de revistas científicas, gibis e muito material didático para quem se prepara para um concurso ou para o Enem no final do ano. Além da doação, teve lançamento do livro “Filisteu e o fim do Mundo”, de Hélio Pereira Santos, poesia, apresentação da Banda Senso Incomum e da Companhia de Dança Studio Jazz e tenda com serviços de saúde. O idealizador do projeto, criado em 2011, Ricardo Carvalho, diz que o objetivo do programa é promover o acesso à leitura, especialmente nas localidades que não contam com bibliotecas públicas ou comunitárias. Freguesia do livro O Trilhas da Leitura já distribuiu cerca de 90 mil exemplares em vários bairros da cidade e beneficia, principalmente, pessoas que não podem comprar livros com frequência, como a auxiliar de serviços gerais Maria Aparecida Silva, que mora no bairro Durval de Barros. Enquanto a filha Jéssica, de 12 anos, participava do ensaio da Orquestra Jovem de Contagem, ela buscava histórias sobre a vida dos animais e livrinhos para os filhos menores. “Esse projeto é muito bom porque às vezes a gente fica em frente à te-

Objetivo do programa é promover acesso à leitura, especialmente onde não há biblioteca

levisão por falta de livro”, conta. A dona de casa Efigênia Ferreira voltou para casa feliz da vida abraçada aos três romances que escolheu, dentre eles uma edição capa

A cada edição do programa, os voluntários ficam mais convencidos de que aquela história que brasileiro não gosta de ler é ficção barata dura de “100 anos de solidão”, que rendeu o Prêmio Nobel de Literatura a Gabriel Garcia Márquez. “Moro em apartamento e quando fico sozinha viajo até em revista da Turma da Mônica. Esses livros aqui vieram na hora certa, leio em 20 dias e de-

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pois passo para minha tia que também devora livros”, diz. Enquanto renovava pequenas montanhas de livros didáticos a serem doados, a empresária Maria da Conceição Viegas disse que é muito bom ver a surpresa de quem passa pela praça quando descobre que tudo ali é de graça. “A única coisa que pedimos é o carinho das pessoas para, após a leitura, doarem o livro novamente”, explica. A cada edição do programa que termina, os voluntários, exaustos, ficam mais convencidos de que aquela história que brasileiro não gosta de ler é ficção barata. “É impressionante como as pessoas querem livros e se sentem felizes quando ganham”, diz Maria da Conceição.

Doações podem ser feitas na 26ª CIA da Policia Militar (Centro Social Urbano) Rua Senegal 229 - Eldorado, Praça da Glória, Academia Uniart, na Av. José Faria da Rocha 4875, Eldorado, Ponto de Luz Livraria Espírita e Papelaria, Rua Manoel Teixeira de Camargos, 470, Eldorado e na OAB Contagem, Rua Edmir Leão, 454, Sede. Mais informações: trilhasdaleitura.com.br e facebook.com/TrilhasdaLeituraConstruindoCidadania.

As empresas de celular têm batido recordes de queixas no Brasil. Na última semana, em uma lista de 10 empresas com mais reclamações, 4 eram de telefonia: Vivo (2º lugar), Oi (3º lugar), Tim (5º lugar) e Claro (8º lugar), de acordo com o site “Reclame aqui”. Segundo informações do Procon, as maiores reclamações são sobre cobranças indevidas ou abusivas. Em Minas Gerais, a Tim está sendo processada por má qualidade de serviços. O Procon do estado condenou a operadora a pagar multa de R$ 8.721.641,33 por congestionamento de tráfego de voz e dados. Mas a Tim ainda pode recorrer na Justiça para não pagar o valor.

E você, o que acha do seu serviço de celular?

“A Claro é uma decepção. A gente paga a conta e, enquanto não cai no sistema, eles bloqueiam o telefone. A gente não recebe, a gente não faz ligação. Esses dias, eu liguei e a assistente me disse: ‘compra outro aparelho’. Eu disse: ‘quer saber, eu vou pagar a conta e vou passar pra outra operadora’.” Matilde Ferreira da Cruz, aposentada

O teste do BRT Enfrentando o período de adaptação, o novo sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte, Move (nome dado ao BRT – sigla em inglês para transporte rápido), que começou a funcionar nesse sábado (8), está encarando diversos problemas. Estações e ônibus lotados, dificuldade dos motoristas para conduzir os veículos especiais, falhas técnicas nos coletivos, falta de informação e equipamentos sem funcionar nas plataformas estão dei-

xando os passageiros insatisfeitos. Letreiros eletrônicos também não funcionaram. Na primeira etapa do projeto, foram inaugurados o corredor da Avenida Cristiano Machado até o Centro, Savassi e região hospitalar. As linhas convencionais de ônibus usadas atualmente ainda não foram alteradas e os usuários estão apenas experimentando o novo modelo. Entre as linhas criadas para atender ao Move, somente três foram inauguradas: 83D, 83P e 82.

Metrô em greve na quarta-feira Trabalhadores do metrô farão greve de um dia, em 19 de março. O metrô está em vias de ser privatizado, através de uma Parceria Público Privada (PPP) e ainda não há respostas sobre o possível aumento de tarifa e a demissão dos metroviários. No dia 19, haverá uma assembleia, organizada pelo Sindicato dos Metroviários (Sindimetro-MG), em que a greve pode ser aprovada por tempo indeterminado.

“Acho relativamente bom. O problema é que é muito comum os celulares ficarem fora de área. E no interior tem um problema também, fica caro quando tem que ligar fora da nossa área, usando DDD. É muito mais caro que a antiga telefonia, com certeza” José Bernardino Medeiros, auxiliar técnico


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Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

Apenas uma creche para atender 10 mil pessoas

fatos em foco Estudante é presa em manifestação

DESCASO Pedreira Prado Lopes tem apenas uma Umei em funcionamento Por Maíra Gomes

Valéria Borges

Juventina de Jesus Moreira tem 57 anos. Ela cuida de seus três netos pequenos, já que sua filha e o marido trabalham o dia todo. A menorzinha tem sete meses, o outro tem dois anos e o mais velho, quatro. Apenas o último conseguiu vaga em uma creche municipal. O emprego de Juventina é mais flexível que o de sua filha e genro, mas ela também trabalha. Por isso, a família tem que pagar para deixar os dois pequenos em algum lugar. Ela conta que a mãe das crianças desembolsa R$ 140 por cada menino, total de R$ 280 por mês. “Tentei vaga pra eles todos. Durante três anos tentei pra esse aqui, mas só depois que fui no Conselho Tutelar é que arrumaram pra mim”, conta Juventina, que leva e busca o neto na creche da comunidade vizinha, conhecida como Buraco Quente. Juventina mora na comunidade Pedreira Prado Lopes (PPL), na região Noroeste de BH. Apesar dos seus mais de 10 mil habitantes, o local possui apenas uma Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI). Há dois anos eram duas, mas uma delas está fechada desde então. A Prefeitura de BH lacrou as portas da UMEI PPL afirmando que seria feita uma reforma. Até hoje as portas estão fechadas e não há qualquer sinal de melhorias. Cimento, brita, areias, equipamentos e outros materiais usados nas obras do Vila Viva na região ficam estocados na UMEI. Enquanto

Fechada há dois anos, creche só deve ser reaberta em 2016, segundo PBH

isso, mulheres procuram um lugar para deixar as crianças.

A Prefeitura de BH lacrou as portas da UMEI PPL afirmando que seria feita uma reforma. Até hoje as portas estão fechadas e não há qualquer sinal de melhorias Outra avó que tem que cuidar do neto é Shirley de Freitas. Ela já tentou vaga em todas as creches públicas da região, sem sucesso. “A mãe do menino tem apenas 13 anos e o pai 17. O Conselho Tutelar mandou

eles voltarem a estudar, mas não tem quem fique com a criança”, diz. Agora ela aguarda a resposta da regional da Prefeitura, para onde levou uma carta do Conselho com pedido de vaga. A carta foi entregue há dois meses. Na única creche pública na comunidade, a UMEI Maria da Glória Lommez, estuda a filha de Leandra Aparecida, com apenas oito meses. Leandra conta que foram oferecidas cinco vagas para os moradores, quatro pelo Conselho Tutelar e uma de sorteio. “A de sorteio foi a minha. Pela misericórdia de Deus eu consegui, mas tinha um tanto de gente tentando”, diz. Como muitas, Leandra tem que trabalhar e não teria com quem deixar a filha.

Enquanto isso, crianças correm risco em escola inadequada Mas não foram todas as crianças que estudavam na UMEI PPL que ficaram sem lugar para estudar. Ao lado do local existe uma escola municipal de ensino fundamental. Ali ficam hoje 85 das crianças de um a cinco anos que deveriam estar na UMEI. Mas as mães ainda não se sentem seguras. A escola municipal Dr. José Diogo de Almeida Magalhães não foi adaptada para receber as crianças. Sem pias, bebedouros, vasos sanitários de tamanho adequado, elas correm risco constante de acidentes. “Lá é um perigo. Minha menina

de 4 anos estuda no segundo andar. Em época de chuvas, fica tudo molhado e escorregadio. A gente deixa os filhos lá, mas fica com o coração na mão. Deixa porque tem que deixar mesmo, porque a gente tem que trabalhar”, desabafa Girlaine de Jesus Solto, mãe de Nicole, que estudou na UMEI PPL e foi direcionada para o José Diogo assim que a creche fechou. Girlaine teve sorte, pois nem todas as crianças conseguiram vaga. “Tem muita criança ainda sem creche. Muitas mães estão tentando até hoje sem conseguir”, conta.

Creche só em 2016 A Secretaria Municipal de Educação informou ao Brasil de Fato que a UMEI PPL deverá ser totalmente reconstruída e está em fase de “projetos complementares”. Ou seja, não foi finalizada a fase da papelada. A obra será realizada por meio da Parceria Público-Privada (PPP) com a construtora Odebrecht. Serão R$ 190 milhões para 32 unidades de educação infantil. Apesar de já feita a contratação, a secretaria declarou que não há previsão para início das obras. Mas garante que até 2016 tudo será entregue.

A estudante Amanda Limone, de 18, foi presa no dia 8 de março, dia de luta das mulheres. Ela participava de uma marcha quando um rapaz chegou acompanhado por policiais e a garota foi detida sob acusação de pichação, prevista no Art. 65 da Lei de Crimes Ambientais. Junto com ela foram apreendidos materiais como fitas de cetim, barbante e oito latas de tinta, provas que sustentam a defesa da estudante, de que pintava e ornamentava a faixa de tecido para o ato público. A denúncia veio do rapaz que acompanhava o policial. Segundo testemunhas, o garoto se sentiu ofendido com a frase “tire seu terço do meu útero” que viu no muro, ao lado de onde acontecia a manifestação. “Como estava indo buscar sua namorada, deve ter ficado preocupado que ela pudesse de alguma forma se conscientizar sobre pautas feministas ao passar pela praça”, declara Adília Nogueira, feminista e advogada que acompanhou o caso. “Com certeza a frase o incomodou muito. Ele não parava de repeti-la para os policiais e na delegacia”, contou Amanda. A advogada afirma que a polícia não viu nenhum ato de pichação por parte da acusada, mas recebeu a denúncia do rapaz. Foi agendada uma audiência para o dia 02 de abril na Justiça Criminal para dar continuidade ao caso.

Justiça determina expulsão de famílias A 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou a reintegração de posse do terreno onde está localizada a Ocupação Guarani Kaiowá, na terça-feira (11). O local pertence à empresa Muschioni Empreendimentos Ltda e atualmente abriga cerca de 150 famílias, que prometeram resistência. O sociólogo Rafael Bittencourt, das Brigadas Populares, alegou que a decisão do TJMG foi injusta e que o grupo irá pressionar o governador Antonio Anastasia e a presidenta Dilma para garantir a permanência dos moradores. “Estamos estudando estratégias de recursos jurídicos e iniciaremos processo de luta política também. Dentro do Executivo, nas três esferas, há possibilidade de solução pacífica. Lutamos pelo direito à moradia e para isso existem inúmeras possibilidades”, alega.


Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

“Ela não é criminosa, é mãe” PRIVAÇÃO Muitas mulheres são presas para acobertar crimes de parentes Reprodução

Por Maíra Gomes Os crimes cometidos pelas mulheres são, na maioria, ligados a drogas, e não a crimes violentos. Segundo dados do Ministério da Justiça, em Minas Gerais há 4.217 homens presos por homicídio, enquanto apenas 111 mulheres estão presas pelo mesmo crime. No caso de tráfico por entorpecentes, as mulheres têm maior incidência, com 25,17% contra apenas 17,23% dos homens condenados. Em sua maioria, o que leva as mulheres à prisão é o acobertamen-

“A maioria das mulheres que estão aqui é por causa de marido ou namorado, porque segurou droga dele ou coisa assim” to de algum crime cometido por familiares. “Conheci uma moça que se entregou no lugar do filho por tráfico de drogas e pegou 15 anos de cadeia. Uma pessoa que faz isso não

Apesar de garantido o direito ao parto e à amamentação, não há espaço adequado

aqui é por causa de marido ou namorado, porque segurou droga dele ou coisa assim”, conta. Ela diz que, ainda assim, os homens não prestam o apoio necessário na cadeia: “Eles abandonam elas lá dentro,

Tráfico de entorpecentes

7.394

17,23% do total de homens presos em MG

126

4,21% do total de mulheres presas em MG

9,83% do total de homens presos em MG

Minas Gerais 0

Brasil 66

Módulo de Saúde Feminino (Gestantes/Parturientes) Brasil 39

Crianças que moram no Sistema

25,17% do total de mulheres presas em MG

é criminosa, é mãe”, defende Heidi Cerneka, uma das coordenadoras nacionais da Pastoral Carcerária. Helena (nome fictício), detida há sete meses no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, afirma que, com ela, estão presas muitas inocentes. “A maioria das mulheres que estão

Creches e berçário

Minas Gerais 23

664

4.217

Minas Gerais 37 Presos pela Lei Maria da Penha: apenas 21 homens

Brasil 166

Ginecologista Minas Gerais 3

Brasil 15

não vão dar nenhum suporte para a mulher”. Heidi Cerneka, em seus 15 anos de trabalho junto às mulheres presas, percebe que a principal dificuldade está na relação com a família, especialmente com os filhos. “Em uma pesquisa que fize-

mos em 2002, os homens que fazem trabalho remunerado afirmaram que usam o dinheiro eles mesmos, para comprar coisas que lhes faltam dentro do presídio. Já as mulheres enviam o recurso para quem está cuidando dos filhos”, exemplifica Heidi. Dificuldades na gravidez Apesar de garantido o direito ao parto e à amamentação para as mulheres detidas, o governo não disponibiliza espaço adequado. Em Minas, são disponibilizados apenas 60 leitos para gestantes e lactantes, em 23 diferentes localidades. No país todo, são apenas 39 casas. “Em alguns estados há berçário ou celas especiais para mães com crianças, mas já vi casos de bebês recém nascidos morando em uma cela comum de presídio”, conta Heidi. Em Minas não há nenhum berçário. Em todo o país são apenas 66. Em dezembro de 2012 trabalhavam no Sistema Prisional apenas três ginecologistas para todo o estado de Minas, e quinze no país todo.

Dificuldades para restabelecer a vida Para visitar as mães, as crianças só podem ser levadas por quem tenha sua guarda. Assim, as mulheres são obrigadas a passar a guarda para outros, na falta de um pai presente. Muitas vezes, ficam com medo de que a pessoa acabe por não devolver seus filhos após a pena cumprida. Helena tem um filho de um ano, cuja guarda está com sua mãe, a avó do garoto, que o traz em suas visitas. Mas Helena se preocupa: “Na revista dos visi-

fatos em foco Professores em greve por 3 dias Professores de Minas Gerais irão aderir à greve nacional da educação, durante os dias 17, 18 e 19 de março. A expectativa é que os níveis fundamental e médio não realizem aulas nesses dias. De acordo com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE), a paralisação não é, ainda, um indicativo de uma greve longa. Os professores mineiros se reunirão em assembleia, em 24 de abril, para decidir suas próximas ações.

Minas tem o maior número de serviços de saúde para mulheres

Dados específicos sobre mulheres homicídio simples ou qualificado

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tantes, eles tiram a fraldinha do meu filho, levantam a blusinha. Isso é muito constrangedor”. Ela tem apenas seis minutos por semana para falar com sua família ao telefone. Outra dificuldade é a volta para a casa, pois as mulheres muitas vezes cuidam sozinhas de tudo. Na volta, têm que refazer toda a vida. “Já os homens voltam para a casa de suas esposas, que na maioria das vezes esperam por eles. Ou então para irmãs

ou mães”, afirma Heidi. Algumas mães descobrem que perderam os filhos para sempre, entregues para lares adotivos. Isso ocorre quando o juiz destitui a guarda da mãe sem nem mesmo chamar uma audiência, garantida por lei. “Quantas vezes acompanhamos mulheres que nem sabiam que o filho foi para a adoção? Antes de tirar o direito da mãe, ela deve ser ouvida, eles precisam saber se há um parente que possa cuidar da criança”, defende Heidi.

Ao todo, há 42 serviços deste tipo no Estado, enquanto em São Paulo existe apenas um. A informação é de uma pesquisa divulgada pelo IBGE. Segundo o estudo, Minas tem 65 delegacias especializadas no atendimento à mulher, três presídios exclusivamente femininos, 11 núcleos da mulher nas Defensorias Públicas, três unidades de juizado ou vara especial de violência doméstica e família contra a mulher, além de 18 centros especializados de atendimento à mulher em situação de violência (Ceam) e um Instituto Médico Legal (IML).Em 2013, um plano estadual de Políticas para as Mulheres (PEPM) foi lançado em Minas Gerais, com vigência até 2015.

MST discute Reforma Política Acontece, no sábado (15), debate sobre Plebiscito da Constituinte por uma Reforma Política, com o palestrante João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). A atividade começa às 14h e será no Sindicato dos Bancários, na Rua Tamoios, 611, em Belo Horizonte.

Hospitais são suspeitos de atrasar cirurgias para lucrar O Ministério Público de Minas Gerais, através da Promotoria de Saúde, fará uma auditoria em seis hospitais da capital. A desconfiança é que médicos e funcionários atrasavam propositalmente as cirurgias de câncer para mandar seus pacientes a clínicas particulares de quimioterapia.


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Prefeituras e Assembleia Legislativa retiram homenagens à ditadura MUDANÇA Ruas, praças e estádio com nomes de torturadores podem ser rebatizados Por Rafaella Dotta Em 31 de março, data em que o golpe de 1964 completa 50 anos, prefeituras pretendem realizar ações de impacto. O objetivo é excluir homenagens aos políticos desse período, que participaram de torturas e mortes de brasileiros. Com a mesma intenção, deputado estadual pede a mudança dos nomes de ruas de Belo Horizonte e também do “Mineirão”. São João del-Rei No salão nobre da prefeitura sanjoanense estão pendurados os retratos de todos os presidentes brasileiros. O prefeito, Helvécio Reis, anunciou que, em 31 de março, irá retirar da parede os quadros dos exditadores do Brasil. Segundo Sálvio Penna, assessor do prefeito, o ato serve para repensarmos a nossa história. “Tem

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que aparecer a verdade e o quanto custou ao brasileiro esse período. A ditadura acabou com o Congresso Nacional, perseguiu lideranças e matou seus adversários”, defende. Coronel Fabriciano O vereador Marcos da Luz, de Coronel Fabriciano, também quer “rever a história”. Ele formulou um Projeto de Lei para modificar o nome da principal via da cidade, a avenida Magalhães Pinto, que homenageia um dos articuladores do golpe. De acordo com o vereador, outros países da América Latina, como o Uruguai, já começaram a retirar homenagens a torturadores e agora é a vez do Brasil. “A Lei segue a tendência mundial de recuperar e preservar a memória histórica dos fatos ocorridos durante a repressão militar”, afirmou Marcos da Luz.

Belo Horizonte Órgãos estaduais, situados em Belo Horizonte, também poderão mudar de nome. É o caso do “Mineirão”, que oficialmente se chama Estádio Governador Magalhães Pinto. No ano passado, o deputado Paulo Lamac entrou com o Projeto de Lei 3.795, para que órgãos estaduais

retirem homenagens a pessoas que cometeram ou participaram de torturas e violação de direitos humanos, com destaque para o período da ditadura militar. Na última quarta-feira (12), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou a pauta, o que significa que ela será encaminhada para votação em plenário até o final deste semestre.

17, 18 e 19 DE MARÇO Royalties do petróleo investidos na valorização dos educadores Carreira e jornada para todos os profissionais da educação Contra a proposta de reajuste dos governadores e o INPC 10% do PIB para a educação pública Pelo cumprimento da lei do Piso Votação imediata do PNE

O voto da educação vale muito!


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Vidas alagadas BARRAGENS Construção de hidrelétricas expulsa famílias e destrói ambiente Por Thiago Alves Dizem que as hidrelétricas são uma fonte de energia ambientalmente sustentável e eficiente. No entanto, a prática revela a contradição: as barragens representam, muitas vezes, destruição ambiental, violação de direitos e o aumento da pobreza nas regiões onde são implantadas. Não é preciso ir longe para ver isso. Os habitantes das cidades de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, na Zona da Mata, conhecem bem o resultado das promessas. Ali foi inaugurada, em agosto de 2005, a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, construída no Rio Doce pelo Consórcio Candonga, associação feita entre a mineradora Vale e siderúrgica indiana Novelis Inc.. “Muita gente achou que ia ser bom, que ia gerar empregos, que o povo ia mudar de vida, que ia receber as indenizações tudo direitinho. Tinha muita gente a favor da barragem”, afirma Dejanira, a Dona Deja, garimpeira de Rio Doce e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Mas o que era expectativa virou decepção: “A Vale e a Novelis não respeitaram ninguém, muita gente ficou sem indenização”, lembra. A obra foi alvo de denúncias em diversos órgãos de defesa dos direitos humanos, inclusive para a Organização das Nações Unidas (ONU).

Thiago Alves

Gente que some e água que não dá pra beber Dona Deja conta que em todo o processo de instalação da usina houve um padrão de violência e desrespeito aos direitos, com destaque para dois episódios: o desaparecimento de João Caetano dos Santos, mais conhecido como “Gabundo”, lavrador que desapareceu dentro do canteiro de obras e cujo corpo nunca foi encontrado. O outro foi a expulsão de 14 famílias que ainda resistiam, retiradas de sua área de forma trucu-

“Não respeitaram ninguém, muita gente ficou sem indenização” lenta em uma mega operação policial, em maio de 2004. Além disso, o Novo Soberbo, reassentamento construído pelo Consórcio Candonga, resultou na construção de casas que, na aparência, lembram um condomínio de classe média, mas na realidade representam a síntese da violação dos direitos. “As casas são bonitas, mas não têm segurança nenhuma. A maioria delas não tem vigas nem colunas, são feitas com material de baixa qualidade, as cozinhas são muitas pequenas. O pior de tudo: a água é contaminada, não presta pra beber, conforme denunciamos diversas vezes”, afirma o morador José Antonio.

Operação policial que retirou os moradores do velho Soberbo no dia 03 de maio de 2004

O que é MAB?

O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) foi fundado em 1991, por pessoas que tiveram perdas com a implantação de represas, também chamadas de barragens. Milhares de famílias perderam empregos e casas, pois a região em que moravam foi alagada. Em 2009, foi a primeira vez que os Atingidos por Barragens foram reconhecidos pelo governo brasileiro. Em declaração, o então presidente Lula afirmou: “certamente nós temos dívidas com eles. Durante muito tempo se construiu hidrelétricas, se prometia dar casas, e não veio as casas e não veio as terras.” De acordo com o MAB, já foram construídas 2 mil barragens no Brasil, que atingiram 1 milhão de pessoas. Hoje, 45 barragens estão em construção e estão previstas mais 99 até 2021.

14 de março: um dia de protestos O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) faz um dia de manifestações para lembrar o resultado que as hidrelétricas trazem à população. Em 14 de março, Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, estão previstas reuniões com órgãos do governo e protestos contra o preço da conta de luz. Na manhã de sexta (14), o movimento irá se reunir com órgãos do governo. De acordo com Pablo Andrade Dias, da coordenação estadual do MAB, o objetivo da reunião é tocar em dois pontos principais: política estadual de direitos para atingidos e licenciamento de mineradoras e hidrelétricas em Minas Gerais. À tarde, os integrantes do MAB

perspectiva de aumento”, critica.

pretendem alertar os mineiros sobre a conta de luz. Segundo o movimento, a Cemig é parte de um esquema para aumentar o preço da energia em Minas Gerais, que já é uma das mais caras do Brasil.

Pablo lembra que o Plebiscito da Energia, realizado em outubro do ano passado, teve 600 mil votos pela redução da conta. “E o que a gente está vendo como resposta é justamente o contrário, a

Ações Em Belo Horizonte, o movimento pretende receber 200 pessoas vindas do interior, para se somar aos apoiadores da região metropolitana, afirmou Letícia Oliveira, que também é da coordenação estadual do MAB. Em todo o estado, presume-se que 1.500 pessoas estarão nas manifestações. Além da capital, ocorrerão ações no Norte de Minas e no Leste, na região de Aymorés. Todas as manifestações abordarão o tema dos direitos para os atingidos, dentre temas locais.


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Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Mídia Ninja

Acompanhando

Na edição 20 ... PBH cobra taxa de lixo abusiva e precariza trabalho de varredores ...E AGORA

As mulheres saíram às ruas de Belo Horizonte em 8 de março, Dia Internacional da Mulher. O Bloco As Desobedientes do Ritmo reuniu cerca de 1000 pessoas na Praça Afonso Arinos, reivindicando igualdade de direitos entre homens e mulheres e o fim da violência contra a mulher. Cartazes foram espalhados no Centro como forma de protesto.

Irmã Marilande

Roberto Franklin de Leão

Minas: 3º lugar em denúncias de trabalho escravo

Greve nacional da educação

Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2013 houve 173 denúncias de trabalho escravo no Brasil. Vinte ocorreram em Minas Gerais, que ocupa o terceiro lugar nas denúncias. Em segundo lugar vem o Maranhão, com 27 e o Pará em primeiro, com o mesmo número. Em 2013 foram libertos 2.208 trabalhadores, 56% na cidade. Deste total, 538 foram libertas em São Paulo e 440 em Minas Gerais. A construção lidera o ranking das denúncias, com 41%, seguido do setor das lavouras, com 21%, e pecuária em terceiro, somando 12% das denúncias. De 2003 a 2013, foram realizadas 102 denúncias de trabalho escravo em Minas, e 2.143 trabalhadores resgatados. O estado também ocupa o terceiro lugar na “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego, que cadastra os empregadores flagrados com exploração indevida. Dos 579 nomes de empresas e pessoas físicas incluídas na lista, 46 são de Minas Gerais. A maioria está na região Norte, no setor das carvoarias e madeireiras. Ainda de acordo com a lista suja, a maior libertação em Minas ocorreu em uma fazenda do Triângulo Mineiro, onde foram libertas 207 pessoas num canavial. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte as denúncias são da construção civil, metalúrgicas e fábricas de roupas. A construção civil responde por 66% das denúncias. De acordo com Procuradoria Geral, quando se trata de investigações sobre a prática de trabalho escravo, Minas Gerais fica em segundo lugar, com 174 investigações. O primeiro é o Pará, com 295. Quanto ao perfil dos trabalhadores resgatados, a maioria são homens entre 25 a 34 anos, que estudaram até o 5º ano incompleto. Ir. Marilande dos Santos Silva é agente da Comissão Pastoral da Terra/MG

A luta dos mais de 3 milhões de trabalhadores das escolas públicas de nível básico do país ganhará um novo capítulo com a greve nacional agendada pela categoria para os dias 17 a 19 de março. Transcorridos quase seis anos da sanção da Lei Federal nº 11.738, que regulamentou o piso salarial nacional do magistério, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), e o Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (SindUTE), em âmbito do estado de Minas Gerais, lutam para que essa importante lei, que visa melhorar a qualidade da educação através da valorização de seus profissionais, não se torne “letra morta”, como tantas outras no país. A escola pública no Brasil é responsável por 85% das matrículas na educação básica (da creche ao ensino médio). É preciso lutar pela inclusão dos cerca de 3,5 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos, ainda fora da escola e também pela qualidade do ensino, especialmente no campo, onde contraditoriamente, as escolas estão sendo fechadas de forma indiscriminada. É preciso mais financiamento público e profissionais com formação adequada, remuneração digna, com perspectivas na carreira e condições apropriadas de trabalho. A luta dos/as trabalhadores/as em educação é também de toda sociedade que deseja escola pública de qualidade. O engajamento dos setores sociais do campo é essencial para dar visibilidade ao direito à educação na zona rural. A melhoria dos indicadores escolares depende da aprovação do Plano Nacional de Educação com 10% do PIB para a educação pública, além do cumprimento da Lei do Piso do Magistério por parte de governadores e prefeitos, responsáveis diretos pela oferta do ensino básico no país. Roberto Franklin de Leão é Presidente nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

Uma decisão da Justiça de Minas Gerais pode fazer com que a Prefeitura de Belo Horizonte suspenda o reajuste de 45% cobrado na taxa de coleta de lixo, embutida no IPTU de 2014. Uma ação individual, movida pelo deputado Fred Costa (PEN), negada em primeira instância, teve o recurso decidido favoravelmente ao político. Foi determinado um prazo de 10 dias para que a prefeitura emita um novo boleto corrigindo o aumento apenas pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é de 5,91%. “Isso abrirá um precedente e iremos entrar com uma ação coletiva pedindo o mesmo para toda a população”, comentou Costa

Na edição 23... Lei não cumprida: idosos estão pagando mais do que deveriam ...E AGORA Relatamos o não cumprimento da lei que garante o passe livre para idosos acima de 65 anos em ônibus intermunicipais. Na época, deputados defendiam que o governo estadual não poderia arcar com os custos da medida. Em janeiro, a gratuidade foi sancionada e começou a valer em 1º de março, mas com certas restrições. Os passageiros que tenham mais de 65 anos ou sejam portadores de deficiências físicas com renda inferior a dois salários mínimos podem utilizar o serviço. Cada ônibus terá dois assentos reservados e é preciso solicitar a gratuidade à empresa com 12 horas de antecedência. No embarque, é necessário apresentar documento com foto com validade nacional.


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entrevista | 09

“Não há outro processo em gestação depois do lulismo” PERSPECTIVAS Professor de filosofia analisa cenário político pós manifestações Reprodução

Antonio David e Artur Scavoni, De São Paulo (SP), especial para o Brasil de Fato Para Vladimir Safatle, professor de filosofia da Universidade de São Paulo, a esquerda brasileira perde várias possibilidades de se diferenciar de seus adversários por ficar fazendo muitos cálculos sobre a conjuntura política. Autor de “A esquerda que não teme dizer seu nome”, Vladimir Safatle tem sido um dos mais notáveis intelectuais a discutir as questões filosóficas e morais da esquerda mundial. Na entrevista a seguir, além de avaliar as manifestações de junho do ano passado, o filósofo discorre sobre as possibilidades e necessidades de mudanças. Brasil de Fato – Em artigo recente, você afirma que as exigências populares de uma “outra política” expressas em junho “pararam na lata de lixo mais próxima”, e argumenta: “Depois de apresentar com uma mão um projeto de Assembleia Constituinte para a reforma política e retirá-lo com a outra, o governo prometera pressionar o Congresso Nacional para debater as propostas. O resultado foi cosmético, se quisermos ter um mínimo de generosidade” Vladimir Safatle – O que aconteceu foi que, num momento de sanidade, ficou claro que nós estávamos numa espécie de crise de representatividade profunda, que exigia caminhar em direção ao grau zero da representação, ou seja, voltar a dar voz ao poder instituinte, para que as condições de organização do jogo político pudessem

“Não há mais avanços na sociedade brasileira sem uma politização forte a respeito da estrutura tributária” ser recompostas. Mas quando se faz uma proposta dessas, tendo em vista que é uma proposta muito séria, o mínimo que se espera é que se esteja preparado para todas as reações que virão. É óbvio que não viriam apenas reações entusiastas, mas também gritos de golpe e coisas dessa natureza. Ninguém que acompanha a política brasileira po-

deria imaginar o contrário. Você tem insistido na necessidade de haver um “segundo ciclo de políticas contra a desigualdade baseadas na universalização de serviços públicos de qualidade”. O que isso significa, do ponto de vista da estratégia política? Acho que significa compreender que não há mais avanços na sociedade brasileira sem uma politi-

“O processo de ascensão social permitido pelo lulismo é um processo que de fato, a meu ver, se esgotou. Os processos históricos são assim, funcionam durante certo momento, mas, pelas suas próprias contradições, eles também se esgotam” zação forte a respeito, entre outras coisas, da estrutura tributária do Brasil. Eu sei que esse é ponto sensível do jogo político brasileiro, porque significa colocar contra a parede setores hegemônicos, como os interesses do setor financeiro, como os interesses da elite que paga um imposto de renda absolutamente irrelevante e irrisório, e exige uma recomposição da estrutura tributária brasileira, retirando os impostos sobre consumo e direcionando para os impostos sobre renda. Eu tenho consciência de que

isso significa um acirramento do conflito. Mas o acirramento é inevitável, vai ocorrer de uma maneira ou de outra. Porque o processo de ascensão social permitido pelo lulismo é um processo que de fato, a meu ver, se esgotou. Os processos históricos são assim, funcionam durante certo momento, mas, pelas suas próprias contradições, eles também se esgotam. Chegou nesse ponto. Em princípio não seria nada desesperador, se houvesse um outro processo em gestação. O que eu acho desesperador é perceber que não há um outro processo em gestação. Que marcas os protestos de junho deixaram? Eles deixaram muito evidente o nível de descontentamento da população brasileira e o fato de esse descontentamento ser plástico, ou seja, pode ir para qualquer lugar. Isso é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo. Essa plasticidade indica haver um combate ideológico e político a ser feito, tendo em vista a capacidade de dar respostas à altura para esse descontentamento. Não apenas dar um nome para ele, mas mostrar que é possível fazer algo. Esse ponto é o que mais me atemoriza na situação brasileira. Uma das experiências mais interessantes da esquerda dos últimos anos é o que está ocorrendo no Uruguai. Eles tiveram a seguinte sensibilidade: tão importante quanto mostrar à população que a esquerda, quando ganha, é capaz de lutar contra a desigualdade econômica e a pauperização de gran-

des camadas da população, é mostrar que, quando a esquerda ganha, a vida muda. Outra vida aparece. Outras possibilidades das vidas individuais das pessoas vão aparecendo. Outro modo de se pensar questões no sentido mais amplo da sociabilidade no interior da

“As manifestações deixaram muito evidente o nível de descontentamento da população brasileira e o fato de esse descontentamento ser plástico, ou seja, pode ir para qualquer lugar” vida social. Bater de frente com as pautas do conservadorismo moral: aprovar o casamento homossexual, pensar a questão da maconha, do aborto. Acho que esse é o nível de resposta que as pessoas esperam. Mostrar que a vida pode ser diferente, de verdade, naquilo que realmente toca as pessoas, em vários sentidos, em vários aspectos. Por exemplo: na França, uma das primeiras coisas que o governo Mitterand fez foi acabar com a pena de morte. Todas as pesquisas demonstravam que a população era majoritariamente a favor da pena de morte. E mesmo assim Mitterand acabou com a pena de morte. Hoje, qualquer pesquisa na França demonstra que a população é majoritariamente contra a pena de morte. Há horas em que o governo tem de ir lá onde a sociedade não quer ir.


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Cyberbullying aumenta entre jovens e casos de suicídio preocupam MORTES Casos envolveram meninas do Piauí e do Rio Grande do Sul Por Graça Portela do Rio de Janeiro (RJ) A distância entre Parnaíba, no Piauí, e Veranópolis, no Rio Grande do Sul, pelas estradas, é de 3.924 quilômetros. Nas ondas da internet, está marcada por dois óbitos de meninas de 16 e 17 anos, que chocaram o país em novembro de 2013. O motivo: cyberbullying. As meninas não resistiram à vergonha e à humilhação de verem suas fotos íntimas circulando nas mídias sociais, especialmente o Facebook, e se suicidaram. Os dois casos trouxeram à tona a questão do cyberbullying e seus efeitos nas vítimas. Nos casos de Giana e Julia, as adolescentes que se mataram, não havia – segundo relatos de familiares e amigos – informações sobre depressão, uso de drogas ou problemas psiquiátricos que pudessem explicar um quadro de sofrimento que levasse ao suicídio.

“Nem toda moça que é exposta dessa maneira tão violenta, desrespeitosa e danosa à autoimagem, necessariamente evolui para um suicídio. É possível que algumas fiquem deprimidas, outras podem ficar marcadas para sempre, mas elas conseguem lidar com isso”, explica o pesquisador do Programa de PósGraduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), o psicanalista e psiquiatra Carlos Estellita-Lins, que coordena o PesqSUI - Grupo de Pesquisa de Prevenção do Suicídio. “Simplificando, eu diria que essas moças perderam alguma coisa do seu ideal e de sua integridade, e não conseguiram continuar vivendo com essa perda, que foi muito grande”, completa o pesquisador. 49% dos jovens temem bullying

Uma pesquisa sobre os hábitos na web com 2.834 jovens, de idade entre 9 e 23 anos, realizada pelo SaferNet, organização não-governamen-

Violência e humilhações de cyberbulliying provocaram mortes e abrem debate

tal que trabalha no enfrentamento de crimes e violações aos Direitos Humanos na Internet, e a operadora de telecomunicações GVT (divulgada pela Agência Pública), aponta que 62% dos jovens utilizam a rede todos os dias e, desses, os que estão na faixa entre 18 e 23 anos, 86% do total, acessam diariamente. Um em cada quatro jovens já na-

morou pela internet, sendo esse um hábito entre 35% dos jovens de 18 a 23 anos, aponta a pesquisa. O sexting – envio e divulgação de conteúdos eróticos, sensuais e sexuais com imagens pessoais pela internet, via computadores ou celulares - é praticado por 6% dos jovens e, desses, 63% já enviaram mais de cinco vezes as imagens. (Fiocruz)


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Correção do Imposto de Renda poderia desafogar TETO Estudo mostra que quem ganha até R$ 2.758 não deveria pagar Pessoas que ganham até R$2.758 poderiam ser isentas de declarar imposto de renda. Estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que, entre 1996 e 2013, o governo brasileiro não reajustou a tabela de acordo com a inflação, acumulando uma discrepância de 61,24%. Ainda de acordo com o relatório, os anos de 1996 a 2003 acumularam 45,68% deste valor, enquanto os anos de 2003 a 2013 acumularam 15,56%. O resultado é: pessoas com menor poder aquisitivo têm pagado mais impostos. O Diesse, em conjunto com os sindicatos, defende que os impostos precisam ser progressivos, ou seja, quanto mais rico, mais impostos o contribuinte pagará. A reivindicação tem base no artigo 145 da Constituição Federal: “sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte”. Na última segunda-feira (10), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou ao Supremo Tribunal Federal uma ação em que indicava a inconstitucionalidade do imposto tal como está. A entidade pede que a tabela seja corrigida o quanto antes e espera resultados ainda para este ano. (Da redação)

De olho no... Imposto de Renda

O que é?

O Imposto de Renda é calculado sobre os valores recebidos pelo contribuinte no ano anterior. Este é o momento de o contribuinte declarar ganhos e gastos, o que pode gerar um valor a pagar ou “a receber” do governo. Quem precisa declarar?

Pessoas físicas e jurídicas que tiveram renda (salários + rendimentos) maior que R$ 24.556,65 em 2013. As pessoas assalariadas, com carteira assinada, pagam impostos direto na folha de pagamento, mas devem declarar. O que é necessário declarar?

É preciso declarar todos os bens e rendimentos. Tais como: automóvel, imóveis, dinheiro depositado em conta bancária, pensão, empresa, heranças, empréstimos e salários. Como reduzir o valor a ser pago?

O contribuinte deve adicionar em sua declaração gastos com saúde (exceto medicamentos), com previdência privada, com educação e com dependentes. Isso pode reduzir o valor a ser pago ou gerar uma quantidade “a receber” do governo. Prazos para declaração Início: 6 de março Término: 30 de abril Novidade

Neste ano, o Imposto de Renda pode ser enviado por Tablets e Smartphones conectados à internet, através da modalidade m-IRPF.

Preço da cesta básica O custo com a cesta básica, em fevereiro, aumentou em nove e caiu em outras nove capitais pesquisadas pelo Dieese. As maiores altas foram apuradas em Aracaju (5,31%), Florianópolis (2,49%) e Rio de Janeiro (1,35%). As diminuições ocorreram em João Pessoa (-3,47%), Manaus (-3,44%) e Brasília (-2,91%). A cesta mais cara foi a de Florianópolis (R$ 330,75) e a de menor valor, a de Aracaju (R$ 225,57). Com base na cesta mais cara, o Dieese estimou o salário mínimo necessário para um trabalhador em R$ 2.778,63 – 3,84 vezes o valor oficial (R$ 724). Essa proporção era de 4,05 vezes em fevereiro do ano passado.

brasil | 11

Este mês, o trabalhador precisou cumprir, em média, jornada de 88 horas e 30 minutos para comparar todos os gêneros essenciais. O período foi menor em relação a janeiro (88 horas e 51 minutos) e a fevereiro do ano passado (94 horas e 57 minutos). (Rede Brasil Atual)

Mais informações: www.receita.fazenda.gov.br

Inscrições abertas para Sisutec As inscrições para o Sisutec (Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica) começam no dia 17 de março e terminam no dia 21. Em 2013, primeiro ano do Sisutec, foram abertas 239.792 vagas em cursos técnicos para quem já havia concluído o ensino médio. Por meio dele, instituições públicas e particulares de educação superior e de educação profissional e tecnológica oferecem vagas gratuitas. Podem se inscrever pessoas que participaram do Enem. O Sisutec é uma das vias de

acesso ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, criado pelo governo federal em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. São oferecidos dois tipos de curso: o técnico, para quem está matriculado no ensino médio, e o curso de formação inicial e continuada ou qualificação profissional, para quem já concluiu. (Agência Brasil)


Wikimedia Commons

12 | mundo

Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

Parlamento da Crimeia se declara independente EUROPA Medida é etapa prévia para a consulta popular que deverá consolidar reunificação com Rússia O Parlamento da República Autônoma da Crimeia adotou na terça-feira (11) uma declaração de independência formal da Ucrânia, país do qual a região faz parte oficialmente. A etapa é necessária para que possa ocorrer o referendo do dia 16 de março, quando a população da Crimeia escolherá se deseja ou não romper com Kiev e juntar-se novamente à Rússia. Em seguida, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou que a declaração de independência da península está “absolutamente” de acordo com a lei. Já para os Estados Unidos, a declaração é inconstitucional, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. A adoção do documento foi aprovada em sessão extraordinária por 78 dos 100 parlamentares.

OSCE/Divulgação

Queda-de-braço na Ucrânia Por Igor Fuser*

Soldados e civis organizam barreira em território da Crimeia.

A declaração do Legislativo da Crimeia — que já detinha certa autonomia em relação ao governo central da Ucrânia — como um Estado independente e soberano abre caminho para que o referendo do próximo domingo sacramente a reunificação da região com a Rússia.

Novo pacto social para o Chile OSCE/Divulgação

A nova presidenta do Chile, Michelle Bachelet, fez, na terça-feira (11) o primeiro discurso após tomar posse e afirmou que pretende “construir um novo pacto social, que resulte em uma cidadania muito mais empoderada”. Sobre a reforma educacional (que, das três prometidas por ela durante a campanha, é a que mais gera expectativas, pela pressão do movimento estudantil), Bachelet citou a própria experiência pessoal. “Sou uma filha da educação gratuita e vejo com alegria que uma nova geração de jovens chilenos lutem com tanta força pelo retorno desse modelo. Chegou a hora de o Estado escutar os anseios da cidadania”, afirmou. A entrega da faixa presiden-

Artigo

Michelle Bachelet, presidenta eleita do Chile

cial foi feita pela nova presidente do Senado, Isabel Allende, filha do presidente deposto no golpe de 1973, Salvador Allende. (Victor Farinelli, de Santiago, no Chile, para o Opera Mundi)

A Ucrânia está sendo governada provisoriamente por um Executivo interino enquanto não ocorrem as eleições gerais. Taxado como “ilegítimo e ilegal”, o pleito está marcado para o dia 25 de maio. (Felipe Amorim, do Opera Mundi)

Resultado eleitoral de El Salvador é adiado O TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) de El Salvador ainda não confirmou o vencedor da eleição presidencial do país. Apesar da vantagem de 6.634 votos do candidato governista Salvador Sánchez Cerén, da FMLN (Frente Farabundo Martí Para Libertação Nacional), sobre o oposicionista Normán Quijano, da Arena (Aliança Republicana Nacionalista), as atas que precisarão ser revistas representam um número maior de eleitores. Isso pode, matematicamente, alterar o resultado final. A apuração definitiva foi iniciada na segunda-feira (10) e pode durar até 4 dias. O TSE forneceu números da apuração preliminar terminada na noite de domingo (9) e que coloca Sánchez Cerén na presidência com a preferência de 50,11% da população. Foram registrados 19.577 votos nulos e 11.532 abstenções.

Situada entre a Rússia e a Polônia, a Ucrânia é o principal foco de tensão internacional na atualidade. O conflito opõe, de um lado, a Rússia, e do outro os Estados Unidos. As duas potências travam uma espécie de queda-de-braço sobre qual delas exercerá influência decisiva na região. A Ucrânia é um dos novos países que surgiram na década de 1990 após o fim da União Soviética. Quase a metade de sua população fala a língua russa e muitos ucranianos de origem russa desejam manter uma ligação intensa com a terra de seus antepassados. Outros, porém, se inclinam mais para a Europa, receosos de ser dominados pelo poderoso vizinho. Nos últimos 20 anos, os Estados Unidos e sua grande aliada, a União Europeia (UE), têm procurado atrair as antigas repúblicas soviéticas para o seu lado, a fim de isolar e enfraquecer a Rússia. Mesmo que o governo russo não seja mais socialista, como nos tempos da Guerra Fria, a Rússia mantém uma política independente, o que contraria os interesses estadunidenses. Em qualquer parte do mundo, os EUA tentam derrubar os governos que se recusam a obedecer suas ordens. É o caso da Venezuela e do Irã, entre outros. Em fevereiro, políticos ucranianos favoráveis aos EUA deram um golpe de Estado, derrubando o presidente Viktor Yanukovich, que rejeitava uma aproximação maior com a UE. Entre os participantes do golpe se incluem grupos neonazistas, adeptos das ideias racistas e ditatoriais de Adolf Hitler. Os ucranianos mais ligados à Rússia se sentem intimidados pelo novo governo. Em resposta ao golpe, os moradores da Crimeia, região ucraniana de maioria russa, resolveram realizar um plebiscito para decidir se permanecem na Ucrânia ou se vão se integrar à Rússia. Essa última opção é a mais provável. Os EUA tentam impedir a consulta, mas a Rússia, que possuiu bases militares na Crimeia, mobilizou tropas para garantir que a vontade da população local seja respeitada. Se o outro lado insistir, será briga na certa. *Professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC)


variedades | 13

Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

CAÇA-PALAVRAS

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Que fruta é essa?

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O PEQUI é uma fruta mais conhecida entre a população do Centro-Oeste brasileiro. É grande, com uma CASCA verde e grossa e a polpa AMARELA. Porém o mais marcante nele é seu CAROÇO, cheio de espinhos. Para aqueles que adoram comer FRUTAS mordendo-as, muito CUIDADO na hora de experimentar o pequi, pois os ESPINHOS podem causar machucados graves nas GENGIVAS e na boca. Atualmente, diversos ESTUDOS estão sendo feitos com essa fruta tão exótica, e a descoberta de que o óleo de pequi pode ser um eficiente produto NUTRICIONAL com características TERAPÊUTICAS aponta para um futuro promissor. Até o momento, foram registradas funções anti-inflamatórias e benéficas para o sistema CARDIOVASCULAR, além de reduzir a formação de placas de gordura no sangue. O óleo de pequi foi inicialmente testado em ATLETAS maratonistas, já que sofrem muito cansaço FÍSICO e, consequentemente, têm maior produção de radicais livres. Os resultados para esses testes indicaram uma redução da INFLAMAÇÃO muscular e do estresse oxidativo. Essa DELÍCIA de fruta pode ser saboreada em receitas junto com ARROz, frango e, até, em conserva.

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Há alguns personagens de novelas que não conseguimos esquecer. Seja porque tiveram histórias emblemáticas, seja porque os atores tiveram atuações ímpares. Eu sempre me lembro de alguns deles, com saudade! Tonho da Lua, interpretado por Marcos Frota, de Mulheres de Areia (1993)! Um homem puro, apaixonado, um artista da praia. Suas esculturas de mulheres pareciam vivas. Sua maneira de falar e de se expressar eram e continuam sendo exclusivamente suas. Pena que ele sofreu o pão amassou nas mãos de Raquel. E que Ruth não tenha ficado com ele no final. Mas valeu a pena ver um personagem nada convencional ganhar tanta importância na novela. Como se esquecer de Nazaré (Renata Sorrah), de Senhora do Destino (2004)? A megera era má e engraçada ao mesmo tempo. Roubou a filha de Maria do Carmo, matou o marido empurrando-o escada abaixo, mas se metia em tanta confusão e contradições advindas da sua loucura de amar a filha sequestrada que tirou muitas gargalhadas do público. Outra atuação impecável.

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Personagens que deixam saudade

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Jogos que você já conhece em um

Ah! E não podemos deixar de nos lembrar de Carminha (Adriana Esteves), de Avenida Brasil (2012). De suas roupas brancas, suas bijuterias douradas e sua histeria potencializada pelo barulho da família Tufão. Carminha conseguiu despertar admiração e ódio nos telespectadores. Uma vilã que “dobrou” quase todos os personagens da novela , inclusive seus comparsas. Com ela ninguém podia! Seu final foi triste, porque voltou pro mesmo lugar de onde saiu (o lixão), mas amparada pelo amor incondicional de sua “mãe” D. Lucinda. De que personagem você não se esquece? Quer que nos lembremos dele aqui? Conta pra mim no quimvela@brasildefato.com.br e até semana que vem! Por Joaquim Vela


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Belo Horizonte, de 07 a 13 de março de 2014

Histórias: receita para a humanidade CONTAÇÃO Narrar e ouvir histórias pode melhorar a vida de todos Por Maíra Gomes Era uma vez uma casinha de barro lá no alto da serra. Flores de toda sorte coloriam as janelas brancas, de onde se ouvia um bela voz. A fumaça saída da chaminé não espantava os pássaros, que adoravam visitar a moça que ali vivia. Seu nome era... Os contadores e narradores sempre existiram. “É uma coisa tão ancestral, de tanto tempo, que já faz parte do nosso trajeto humano. É uma forma muito antiga de unir as pessoas, passar informações e experiências, de viver aventuras, desde que o mundo é mundo”, declara Rosana Mont’Alverne, contadora de histórias há mais de 25 anos e fundadora do Instituto Cultural Aletria. Rosana explica que as histórias têm o papel de criar a identidade de um povo e resgatar sua raiz cultural. As histórias provocam sensações e emoções que devolvem a humanidade, a noção de identidade coletiva, de algo em comum entre as pessoas. Para ela, o mundo globalizado impõe uma padronização naquilo

Arquivo Pessoal

que faz uma pessoa sentir, como os sabores, imagens e sons. Com tudo parecido onde quer que se vá, o homem se distancia das emoções, se distancia daquilo que o faz ser “gente”. “O homem se perdeu, ao mesmo tempo que encontrou um monte de possibilidades, que uniformizam o planeta. Ele esta atônito e assim foi empurrado a

“De uma forma misteriosa, as histórias têm poder da cura” participar dessa padronização. E como toda grande ação, há uma reação contrária. E essa reação aparece com os contadores”, diz Rosana. Resistência Cultural Guimarães Rosa disse certa vez “Narrar é resistir”. De acordo com a contadora, a narração ou contação de histórias passou por um fenômeno de forte crescimento no meio urbano desde o fim da década de 1980, como forma de resistência à padronização. As palavras estão to-

Histórias fazem as pessoas darem uma pausa e se sentirem no mundo

mando vida em escolas, bibliotecas, praças públicas, livrarias, por meio dos contadores, que se tornam artistas da palavra. “De uma forma misteriosa, as histórias têm o poder da cura”, acredita Rosana. A contadora acredita que as pessoas têm parado para ouvir mais histórias, em busca de si mesmas. “Tanto o narrador quanto quem ouve estão buscado sua raiz. E ela faz uma viagem, que é a sensorial”,

aponta. Rosana chama atenção para as memórias, lembranças de infância ligadas a um cheiro, um sabor ou textura. Sensações que vão adormecendo ao longo da vida e que são retomadas a partir de histórias. “A pessoa vai recuperando os sentidos, se lembrando de quem ela era, de onde veio, o que quer, o que está fazendo. A história tem o papel de ressignificar a vida no mundo moderno”, conclui.

Quem conta um conto, aumenta um ponto de vista “Quando fomos apresentar em um centro de liberdade assistida para jovens, a diretora me avisou que os meninos não iam se interessar ou prestar atenção. Mas, na hora, todos ficaram em silêncio. Ao fim, um deles levantou a mão e disse que descobriu que estava com dor de dente. Tem coisas que só são percebidas quando paramos, e é difícil parar nos dias de hoje”, conta a narradora Aline Cântia. Há sete anos ela trabalha com narração em parceria com o músico Chicó do Céu, viajando o Brasil e países da América Latina recolhendo causos, contos e histórias tradicionais e as repassando entre as diferentes culturas. Ela acredita que faltam espaços para que as pessoas se voltem para elas mesmas. “Estamos recebendo informação o tempo todo e não acumulamos experiência ou paramos para sentir.

“Todos somos bons leitores, mas ainda não descobrimos qual nosso livro preferido. A criança precisa apenas descobrir qual é a sua história” Quando paramos, damos valor a isso”, destaca. Formada em Psicologia e Teatro, Adê Melo, que trabalha apenas com crianças, faz a contação através de sua personagem Maria Clara, que saiu de um livro e agora tem a missão de recolher histórias e brincadeiras, que guarda em sua mala. Para ela, a história é um pretexto para a ação, para que a criança use o corpo. “Essa geração está imersa na tecnologia e as histórias podem trazer o frescor da relação. Uma relação intermediada através de uma

Arquivo Pessoal

Aline Cântia e Chicó do Céu recolhem causos

mala, uma pedra, uma maquiagem diferente que coloco. O ponto primordial é o contato, estar ali e olhar nos olhos. O que busco é colocá-las pra serem seres ativos, voltarem à essência da infância”, conta. A contadora Aline Medeiros escolheu trabalhar com música e faz parceria com Túlio Rocha em escolas, bibliotecas, livrarias e até em asilos. Ela acredita que a contação é uma importante ferramenta de formação de leitores. “Depois a criança quer saber os detalhes da histó-

ria e nós apresentamos o concreto, o livro. Ela quer ter o seu próprio contato, buscar a sua interpretação”, diz. Citando Paulo Freire, Aline acredita que não é difícil fazer alguém se apaixonar pela leitura. “O autor diz que todos somos bons leitores, mas ainda não descobrimos qual nosso livro preferido. A criança precisa apenas descobrir qual é a sua história”, declara.


Belo Horizonte, de 07 a 13 de março de 2014

é tudo de graça! ESPORTE

AGENDA DO FIM DE SEMANA CINEMA

LITERATURA

Exibição do longa Narradores - Memórias afetivas do futebol, que conta histórias que ocorreram durante as Copas do Mundo realizadas entre os anos 1954 e 2014. Sábado (15), às 10h, no Usiminas Belas Artes de Cinema (Rua Gonçalves Dias, 1581 Lourdes).

Lançamento do livro Por Aqui, obra de estreia da escritora Amanda Bruno, e primeiro colocado no concurso “Só Para Poetas” da editora Edith. Sábado (15), às 15h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro).

SÓ DE MULHERES

Copa Brasil de Esgrima em Cadeira de Rodas. De 14/03 a 16/03, às 8h, no Ouro Minas Palace Hotel (Avenida Cristiano Machado, 4001).

TEATRO A Cia de Teatro Nu Escuro apresenta o espetáculo Gato Negro, inspirado em mitos do imaginário latino -americano. Sábado (15), às 16h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3613, Bairro Horto).

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Segunda a quinta-feira CINEMA

INTERNACIONAL

Lançamento do documentário Ouvir o rio – uma escultura sonora de Cildo Meireles, seguido de bate-papo com a diretora Marcela Lordy. Quinta (20), às 19h30, no Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade).

BH recebe a Semana Cultural da Índia, que celebra as tradições culturais indianas com exibições de filmes, oficinas de danças típicas, entre outros. De 16/03 a 22/03, das 11h às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade).

EXPOSIÇÃO

INFANTIL

Mostra Musicais Infantis exibe produções cinematográficas musicais voltadas para o público infanto-juvenil, como “O Pequeno Príncipe, “O Mágico de Oz” e “Mary Poppins”. Até 29/03, todos os sábados, às 16h, no Teatro Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Mangabeiras).

Mostra 50 Gramas de Copo reúne 12 pinturas dos artistas plásticos Manuel Carvalho e Warley Desali. Até dia 12/04, na Aliança Francesa de Belo Horizonte (Rua Tomé de Souza, 1418, Savassi).

O Festival Internacional de Cinema Feminino (Femina) é um evento que tem o objetivo de dar visibilidade a trabalhos cinematográficos desenvolvidos por mulheres. Em 2014, o projeto comemora 10 anos de criação, incentivo à produção audiovisual feminina e difusão da igualdade entre gêneros. Em Belo Horizonte, o Espaço CentoeQuatro recebe a programação até quinta-feira (20). 75 filmes de 23 países e 12 estados brasileiros serão exibidos em mostras competitivas nacionais e internacionais, além de sessões especiais como Programa Infantil, Masculino-Feminino, Dividindo a Conta, Eu gosto é de mulher, Programa Experimental, Enquadrando Eles e Programa Especial Nacional. O Femina ainda realiza duas mesas de debate em parceria com o Grupo de Análises de Políticas e Poéticas Audiovisuais (GRAPPA). A entrada é gratuita. | Confira a programação completa em centoequatro.org |

esporte |

na geral Os sem teto do Atletismo

No último domingo (9) o movimento “Sem teto do Atletismo” realizou uma caminhada ao redor do estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro. A reivindicação é a reconstrução do estádio, que teve a pista destruída durante as obras da reforma do Maracanã. O estádio é o único no Rio que permite treino em todas as modalidades do atletismo: corrida, saltos e lançamentos.

Racismo naqui como lá Após os episódios recentes de racismo no futebol brasileiro, como nas ofensas aos jogadores Tinga (Cruzeiro) e Arouca (Santos), o ex-lateral direito campeão mundial de 1998 e recordista de jogos com a camisa da seleção francesa, Lilian Thuram, foi convidado pelo Museu de Arte do Rio para uma série de palestras sobre a questão racial. O ex-atleta é presidente da “Fundação Lilian Thuram”, que aborda o tema do preconceito racial ao redor do mundo. Para ele, “a história tanto da Europa como a do Brasil foi construída sobre a hierarquia pela cor da pele. Então há racismo na Europa e no Brasil. Na América do Sul ou na Europa, se ensina que as pessoas de cor clara são superiores às pessoas de cor escura.”

Tentativa de motim na eleição do presidente da FERJ, menos do Botafogo Em meio a um dos Campeonatos Cariocas mais desinteressantes da história, com públicos de jogos que por vezes não chegam sequer à casa do milhar, os presidentes de Vasco, Fluminense e Flamengo patrocinaram uma tentativa de boicote à eleição da “nova” diretoria da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ). Chegaram a ensaiar um nota pública conjunta pelo adiamento da eleição, mas acabaram não logrando êxito. O atual presidente Rubens Lopes, no cargo desde 2006, acabou sendo reconduzido para mais quatro anos de mandato, numa eleição de chapa única, isto é, sem concorrentes. Chama a atenção a atitude do presidente do Botafogo, único dos grandes cariocas que não manifestou repúdio a Lopes, mas que, por outro lado, tem feito suas partidas na competição estadual com o time reserva. Sua atitude talvez se explique pelo fato do seu principal patrocinador ser o mesmo da FERJ.

O Mundial Indoor de Atletismo O campeonato mundial de atletismo de pista coberta (que em inglês significa indoor) aconteceu na cidade de Sopot, na Polônia de 7 a 9 deste mês. A competição, que acontece a cada dois anos, teve ouro do brasileiro Mauro Vinícius da Silva, o Duda, no salto com vara. Duda manteve o título conquistado em 2012 e é o primeiro brasileiro bicampeão de indoor.

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Você Sabia

O atletismo é a mais antiga forma de competição conhecida pela humanidade. Os primeiros jogos olímpicos organizados pelos gregos em 776 a.C. tinham como principais competições o lançamento de disco e a corridas de obstáculos.


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Belo Horizonte, de 14 a 20 de março de 2014

OPINIÃO Cruzeiro

As lições da derrota Reprodução

Wallace Oliveira Com a derrota no Uruguai e por conta da vitória do Universidad de Chile no Peru, o Cruzeiro saiu da zona de classificação e precisa ganhar os três próximos jogos para chegar às oitavas sem depender de outros resultados. Na Libertadores, perder fora de casa não é um desastre, mas as circunstâncias da derrota trazem duros ensinamentos à equipe, à torcida e a muitos comentaristas esportivos. Reina no Brasil a mania de analisar os adversários estrangeiros apenas pela camisa, quando se deveria considerar o futebol que cada equipe joga em um dado momento. O Cruzeiro não tropeçou no Defensor. Perdeu para um time que soube conter a pressão celeste, no primeiro tempo, e se aproveitar das falhas da marcação cruzeirense, na etapa final, definindo o placar com dois golaços. Coisas de quem sabe

marcar e jogar com a bola no pé. É preocupante a euforia instaurada na Toca. Nas falas de alguns jogadores, transparece a crença de que eles podem vencer quando quiserem. Talvez por isso o Cruzeiro não tenha caprichado no último passe e nas finalizações, quando dominava a partida. Também houve equivocadas opções de jogo. Entrar com Nilton e Rodrigo Souza, deixando Lucas Silva no banco, abriu uma lacuna na armação das jogadas. O lado esquerdo da defesa há tempos carece de boa cobertura. A pressa na definição dos lances gerou muitas perdas de bola. O treinador precisa ser mais ágil ao fazer substituições. Enfim, esta terceira rodada foi uma aula sobre erros a serem corrigidos, a fim de que o bom trabalho de Marcelo Oliveira e seu plantel não se perca em poucos jogos.

OPINIÃO Atlético

Mexa-se, Galo Bruno Cantini

Reprodução

OPINIÃO América

Rogério Hilário

Torcedor ilustre! Bráulio Siffert Considerado um time de torcedores de elite, com um nome que foi dado em homenagem aos Estados Unidos da América e com referência à “sua classe aristocrática” no próprio hino, o América em seu rol de torcedores famosos também em tese não deveria fugir à regra. E figuras como os ex-governadores Eduardo Azeredo e Newton Cardoso parecem confirmar a hipótese. Mas qual não foi a minha surpresa ao ler no jornal Hoje em Dia do dia 5 de março que o fotógrafo mundialmente conhecido Sebastião Salgado, que no preto e branco expõe tão profundamente situa-

ções como fome, miséria, dor, morte e êxodo, é, desde a infância em Aimorés, torcedor do América! A reportagem diz que Salgado continua americano e acompanha lá da França, onde mora, os campeonatos brasileiros da Série A e B. Esse sim é um torcedor ilustre!

O Atlético deste ano tem um paralelo – e bota semelhança nisto. Lembra o Move (que nem sempre se mexe), que não passa de uma réplica ou um genérico do Metrô. O Galo se parece vagamente com o time de 2013, campeão mineiro e continental. Além disso, embora em operação depois de muito tempo em obras, precisa de ajustes para chegar ao ideal. E os acertos, dizem os gestores do transporte coletivo ou os mais otimistas alvinegros, virão com o tempo. Resta saber qual é o limite de nossa paciência no conturbado trânsito de Belo Horizonte ou da eficiência em uma competição como a Libertadores. Nas três partidas disputadas até agora, embora com duas vitórias e um empate, o Atlético não conven-

ceu em nenhuma delas. Apresentou falhas na marcação e, não fosse o oportunismo de Jô, autor de três gols em três jogos e um dos poucos que mantêm o nível do ano passado, talvez não estivesse na liderança do Grupo 4. Embora seja cedo (aqui não vale o tal BRT) para fazer prognósticos, o certo é que o desempenho do Galo precisa melhorar. Ainda mais se pretende, como em 2013, conquistar o primeiro lugar geral da primeira fase, o que garantiria a vantagem de disputar os jogos decisivos em casa. Ronaldinho Gaúcho mostra apenas lampejos de genialidade e até Victor vem falhando. Embora Dátolo quebre o galho como lateral, falta um especialista. Na zaga, saudades do Réver. O Atlético, realmente, precisa se mover. E o mais rápido possível.


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