Edição 37 do Brasil de Fato Minas Gerais

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Brasil | pág. 10

Brasil | pág. 11

Quintão do minério

Negros são 8,5% Hoje tem: do Congresso tradição africana

Deputado responsável por analisar novas leis da mineração recebeu R$ 370 mil de mineradoras e movimentos acionam Ética da Câmara

Apesar de serem maioria da população, negros não se veem representados na política. Reforma do sistema político e cotas são propostas para alterar situação

cultura | pág. 14

Festejos de Reinados já começaram em Belo Horizonte, e mês de maio tem celebrações do dia 1º ao 31

Edição

Andreza Coutinho / Divulgação

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 0 9 a 15 de maio de 2014| ano 1 | edição 37| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

cidades | págs. 3 e 4

Lacerda questionado na Justiça e nas ruas Fotos: Sindibel

Prefeito de Belo Horizonte dispensou empresas de pagarem impostos e prejudicou o orçamento municipal, diz Ministério Público. Organizações civis indicam que Marcio Lacerda acumula problemas em suas prestações de conta e tem uma gestão fechada à população. Para protestar, funcionários da prefeitura foram até o prédio do poder municipal no mesmo dia que entraram em greve (6)

esportes | pág. 15

cidades | pág. 3

entrevista | pág. 9

minas | pág. 5

Ingressos de graça

Pergunta da semana

Reforma urbana

“Copasa para pobres”

Belo Horizonte receberá ingressos da Copa do Mundo para distribuir gratuitamente. Programa beneficiará 50 mil pessoas em todo o país

Parados desde o dia 6, garis e varredores de rua fizeram falta à população. O Brasil de Fato MG pergunta: O que você acha da greve dos garis?

“É preciso dar visibilidade para a luta de classes que se dá em torno das cidades”, afirma Ermínia Maricato, especialista em política urbana

Funcionários da Copanor, filial da Copasa no norte de Minas, afirmam que empresa oferece água sem tratamento e más condições de trabalho


02 | opinião

Belo Horizonte, de 09 a 15 de maio de 2014

editorial | Brasil

editorial | Minas Gerais

Crise de destino e a luta pela Constituinte Ao longo dos últimos cem anos o sistema político no Brasil contribuiu para consolidar a hegemonia das classes ricas. Além de ser pautado pelo peso do poder econômico, o sistema político é avesso à participação popular. O resultado: um conjunto de instituições sem compromisso com a soberania nacional e com as demandas populares. Agora, esse padrão passa por uma profunda crise. As manifestações de junho denunciaram o apodrecimento das instituições da República e reafirmaram o que o intelectual Caio Prado Júnior chamava de “crise destino” do Brasil. Reconhecer essa crise é o primeiro passo. Suas bases residem no fato de que a revolução bur-

No Brasil, estamos num momento histórico que nos permite avançar para resolver nossa crise destino. Por isso, a tática das forças populares nos próximos anos tende a combinar a luta de massas com a luta pela constituinte guesa no Brasil foi conservadora. Ou seja, o desenvolvimento capitalista no Brasil não veio acompanhado de reformas estruturais que favorecessem as classes populares. Isto significa que em pleno século XXI o Brasil carrega uma pesada herança colonial. Podemos afirmar que esta “crise destino” é uma característica comum dos países latino-americanos. Nos últimos 15 anos, os países do nosso continente que ensaiaram saídas populares e de esquerda para suas crises de destino passaram por processos de Assembleias Constituintes. Isso possibilitou a refundação de seus sistemas políticos, ampliando participação popular e viabilizando reformas estruturais. Assim ocorreu na Venezuela e na Bolívia, por exemplo. Não por acaso, as forças populares chilenas estão pautando e exigindo da presidenta Michele Bachelet uma assembleia constituinte. Na Colômbia, essa também já é bandeira política de diversas organizações populares. No Brasil, estamos num momento histórico, que nos permite avançar para resolver nossa crise destino. Por isso, a tática das forças populares nos próximos anos tende a combinar a luta de massas com a luta pela constituinte. Qualquer candidatura à Presidência da República que ignorar a constituinte ou que apoiá-la simplesmente como elemento de retórica poderá pagar um preço caro. Veremos.

Povo na rua muda a história Em 1886, há 128 anos, milhares de trabalhadores e trabalhadoras da cidade de Chicago, nos Estados Unidos, reivindicavam melhores condições de vida, pautando a redução da jornada de 13 para 8 horas diárias. A manifestação foi duramente reprimida pela polícia, dando origem ao dia 1º de maio como Dia do Trabalhador. Infelizmente, não é de surpreender que, tantos anos depois, ainda seja preciso fazer paralisações e atos de rua para pressionar pela efetivação de direitos básicos, como reajuste salarial acima da inflação e condições dignas de trabalhar. Foi isso que fizeram os servidores da Prefeitura de Belo Horizonte, que decretaram greve até que suas propostas sejam atendidas, como mostra a matéria da página 3. Em situação ainda mais precária estão os varredores de rua, que também fizeram greve, mas voltaram ao serviço. O fato de os garis, trabalhadores tão essenciais para a saúde da nossa cidade, não serem funcionários públicos, e sim terceirizados, evidencia, mais uma vez, o descaso da gestão municipal com a vida dos cidadãos.

Como explica Ermínia Maricato, as leis estão do lado da população. O problema são os interesses em disputa, que fazem com que, muitas vezes, a balança penda para o lado dos mais ricos

Ou a situação dos trabalhadores da Copanor, que há mais de 45 dias estão em greve e não foram atendidos. A própria existência da Copanor, “uma Copasa para os pobres”, já é uma denúncia. A população do Norte e Nordeste de Minas têm os mesmos direitos que qualquer mineiro, e não podem seguir recebendo água bruta, sem tratamento, o que causa uma série de doenças, como denuncia um médico da família em matéria da página 5. A boa notícia vem do Ministério Público, que move ação contra Marcio Lacerda, por ter concedido isenção fiscal às empresas de transporte sem prever outra fonte de receita para compensar a renúncia, segundo explica o promotor à nossa reportagem, na página 4. O mesmo MP ajuizou ação contra o aumento das passagens, mostrando seu papel de defesa da cidadania. Como explica Ermínia Maricato em entrevista na página 9, as leis estão do lado da população. O problema são os interesses em disputa, que fazem com que, muitas vezes, a balança penda para o lado dos mais ricos. É essa mesma parcela dos mais ricos que tenta convencer a sociedade de que mais obras é sinônimo de progresso, sem discutir sua necessidade e impactos. Que tenta passar a ideia que manifestação atrapalha o trânsito, sem demonstrar que não há outra forma de se fazer ouvir. Mas o 1º de maio de 2014 e tantas outras manifestações provam que eles nem sempre conseguem.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Bruno Dayrell. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/ MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.


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Servidores da PBH entram em greve por melhoria nos serviços públicos TRABALHO Prefeitura ofereceu reajuste maior a quem ganha mais de R$ 20 mil

Sindibel

Bráulio Siffert

Salários defasados, más condições de trabalho, falta de equipamentos, infraestrutura precária, privilégios para os que ganham mais e incapacidade da prefeitura em resolver tantos problemas foram alguns dos motivos que levaram os trabalhadores dos serviços públicos municipais de Belo Horizonte a entrar em greve geral a partir do dia 6 de maio. Dentre outros pontos, os servidores reivindicam 15% de reajuste salarial, aumento do vale-refeição para R$ 28, realização de concursos públicos e melhoria das condições de trabalho. Mas a prefeitura ofereceu, com incidência apenas a partir de outubro, 5,56% de reajuste e R$ 1 a mais no vale-refeição, o que não repõe sequer a inflação acumulada e não melhora em quase nada a péssima situação salarial dos servidores. O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), Israel Arimar, lembra que há uma grande disparidade salarial dentro da prefeitura e uma diferença de tratamento que beneficia apenas os que ganham mais. “A maior prova do descaso com que a prefeitura trata a maioria dos trabalhadores que atendem as necessidades da população é a decisão do governo de conceder 30% de reajuste para os poucos que ganham mais de R$ 20 mil por mês, como os auditores e procuradores, enquanto que para a maioria, que ganha pouco mais que um salário mínimo, a proposta é seis vezes menor”, disse Israel.

Trabalhadores da Prefeitura decidiram em assembleia entrar em greve

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Pergunta da semana Você viu que a cidade está com mais lixo na rua do que o normal? Os garis, em conjunto com demais servidores públicos, estão de greve desde o dia 6. Médicos, enfermeiros, agentes comunitários, administrativos, professores e outros decidiram paralisar seus trabalhos devido às más condições e salários oferecidos pela Prefeitura. Os terceirizados, que fazem toda a coleta domiciliar da cidade, já voltaram ao trabalho, mas os funcionários da SLU ainda não. O Brasil de Fato MG pergunta:

O que você acha da greve dos garis em Belo Horizonte?

Gari da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) há 28 anos, Robson Rodrigues ganha apenas R$ 870 por mês e lamenta a precarização da SLU e de todo o serviço público. “Os preços das coisas aumentam cada vez mais e os salários defasados não dão conta de pagar as nossas necessidades básicas”, diz. Situação precária Esta situação de desvalorização da maioria dos servidores públicos e de insensibilidade em relação às condições de trabalho se repete em praticamente todos os cargos e serviços do funcionalismo municipal. Na saúde, faltam desde gazes e ataduras para curativos a equipamentos para realização de exames e diagnósticos, inúmeros materiais básicos para a realização de um atendimento minimamente digno nos hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e demais unidades de saúde. Nas escolas municipais, além da

falta de investimentos na formação e capacitação dos professores, algumas escolas não receberam até hoje os Kits Escolares e uniformes, que deveriam ser entregues aos alunos no início do ano letivo. Dos cerca de R$ 200 milhões que estavam previstos no orçamento municipal de 2013 para as escolas e Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEIs), apenas 15% foram, de fato, repassados. Na cada vez mais precarizada Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), que hoje está quase toda terceirizada nas mãos das empreiteiras, faltam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e muitos servidores recebem, como salário-base, menos do que o salário mínimo. Diante de toda essa situação e das tentativas frustradas de negociação com a prefeitura, os servidores decidiram entrar em greve até que o governo mude de postura e passe a valorizar os servidores e investir nos serviços públicos.

Primeiro, se está entrando em greve deve ser por causa de salário, não é? Tinha que ter um reajuste no salário deles, porque esse serviço é bom pra gente, mas não deve ser muito legal pra eles. Tinha que dar esse aumento, pra cidade voltar ao normal. Eduardo Júnior ourives

Garis aceitam proposta e encerram paralisação Thaís Mota Portal Minas Livre

Terminou na quarta-feira (7) a greve dos garis de empresas terceirizadas da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de Belo Horizonte. Durante reunião no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), representantes das empresas apresentaram uma proposta que foi aprovada pela categoria. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, a coleta domiciliar começa a ser re-

gularizada a partir da noite de quarta. De acordo com informações do Sindeac, entidade que representa os garis terceirizados, a proposta apresentada consiste em aumento de R$ 140 no salário, passando de R$ 960 para R$ 1.100; reajuste do tíquete alimentação de R$ 15,60 para R$ 20; redução do desconto no salário referente ao tíquete alimentação de

20% para 10%; abono dos dias parados e estabilidade no emprego por 90 dias após o fim da greve. Atualmente, toda a coleta de lixo domiciliar em BH é feita pelas empresas terceirizadas. A SLU é responsável apenas pela coleta de lixo hospitalar e pela varrição das ruas, que também foi afetada já que os profissionais da Superintendência estão em greve desde terça-feira.

Eu acho que não precisava ir até esse ponto, que os governantes deixam chegar, mas acho certo. Eles trabalham muito, ralam mesmo e tem que ter uma situação melhor. Se perguntarem, eu digo que apoio essa greve. Cristiane dos Santos auxiliar administrativa


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Réu na Justiça, Lacerda é investigado por outros desvios DENÚNCIAS Servidores públicos, vereadores e movimentos questionam ações da prefeitura Reprodução

Maíra Gomes O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), é réu de uma ação civil pública de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público de Minas Gerais desde o dia 30 de abril. Lacerda está sendo processado por ter concedido isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) ao setor de transporte sem a realização de um estudo do impacto financeiro e sem a indicação de outra fonte de receita que compensaria a renúncia fiscal, como determina o artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Nos seis anos de gestão do Marcio Lacerda à frente da Prefeitura de Belo Horizonte, ele já coleciona uma série de denúncias sobre irregularidades e ilegalidades em seu governo, que não passam despercebidos aos olhos de organizações populares e membros do legislativo. “Ele vai acumulando vários problemas em relação à prestação de contas, decisões pouco transparentes e isso só gera desconfiança da gestão de Lacerda, que está cada vez mais vinculada aos interesses do grande capital”, acredita o vereador Gilson Reis (PCdoB). A categoria dos servidores públicos de BH está em greve desde terça-feira (6). O presidente do sindicato da categoria, Sindibel, Israel Arimar de Moura afirma que a gestão de Lacerda tem causado situação perversa para o

Se condenado, Lacerda perde o cargo de prefeito e fica impedido de se candidatar por oito anos

servidor, que vive uma realidade de baixos salários, assédio moral e ausência de uma série de direitos. Por diversas vezes o Sindibel acionou o Ministério Público para fazer denúncias sobre a gestão da PBH, como a de que a prefeitura mantém um número de cargos comissionados na Fundação Municipal de Cultura bem acima do que é permitido pela Lei Orgânica do Município. Israel lembra que a prefeitura só fez concurso para o cargo de Analistas de Políticas Públicas para a Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social após o sindicato denunciar e o Ministério Público intervir.

Entenda a ação contra Lacerda Em julho de 2013, durante as manifestações contra aumentos das passagens de ônibus, o prefeito recuou na elevação de R$ 0,15 no valor do transporte municipal, que passaria de R$ 2,65 para R$ 2,80. O valor anterior (R$ 2,65) foi mantido por meio da desoneração dos impostos federais PIS/Cofins (R$ 0,10) e do ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) (R$ 0,05). A isenção fiscal concedida às 43 concessionárias de transporte público de Belo Horizonte teria descumprido normas fiscais e causado impactos nas contas do município, segundo ação do MP. “A tarifa deveria baixar sem que o município abrisse mão de receita”, explica o promotor do caso Eduardo Nepomuceno. A ação pede ainda a perda do cargo de prefeito e a cassação dos direitos políticos de Lacerda por oito anos, o que o impediria de disputar eleições nesse período. A ação aguarda resposta da defesa para então ser recebida pela Justiça.

Quase um milhão para voos fretados No ano de 2011, uma ação também de improbidade administrativa questionava o fato de o prefeito ter fretado aviões para fazer 39 viagens pelo país, o que teria causado danos aos cofres públicos. Lacerda gastou aproximadamente R$ 25 mil em cada uma das viagens que, se tivessem sido realizadas com companhias aéreas, o gasto total poderia ser até 2.700% menor. No mesmo ano, Lacerda sofreu outra ação civil pública do MPMG, exigindo a anulação da nomeação de Tiago Lacerda, seu filho, para presidente do Comitê Executivo da Copa em BH, com atribuições de gestor e representante político.

Nova BH não passou pela população “Este é um governo que não ouve, quer mandar na Câmara do jeito dele. Isso é o mais grave: como conviver com um gestor que não dialoga? É um governo marcado pela soberba, o Lacerda acha que faz a lei e que pode tudo”, aponta o vereador Adriano Ventura (PT). Um dos principais exemplos de falta de diálogo da administração da prefeitura é a Operação Urbana Consorciada (OUC) Nova BH. O Estudo de Impactos do projeto foi encaminhado e aprovado pelo Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur) à revelia de recomendações do Ministério Público, no fim do ano passado. “Uma das maiores irregularidades citadas pelo MP foi que em todo o processo de produção do projeto não houve nenhuma participação popular. O prefeito desacatou deliberadamente recomendações do MP quando colocou em votação o projeto no Compur”, declara Fernando Soares, do movimento Fora Lacerda. Fernando diz ainda que o MP investiga fraudes e irregularidade nas votações da Conferência de Políticas Urbanas, com indícios claros de funcionários da PBH que estão comprando pessoas para fazerem corpo nas eleições a favor dos projetos da prefeitura.

Críticas Questionado sobre o julgamento por improbidade administrativa, o promotor Eduardo Nepomuceno explica que a justiça leva em consideração apenas a ação julgada, mas que poderia ser diferente. “De acordo com o princípio constitucional da probidade, que é governar com transparência, ética, eficiência, respeitando a lei e a Constituição e zelando pelo gasto correto do dinheiro público, é razoável que se peça que outras ações sofridas pelo gestor sejam levadas em consideração”, diz. O presidente do Sindibel, Israel, acredita que o prefeito deve sofrer as consequências do descumprimento da lei. “Trabalhar dentro do que é correto, não passar por cima da lei, é uma obrigação e missão de qualquer um. Se as denúncias que o MP recebeu forem de fato comprovadas, ele deve pagar”, defende. “É um absurdo que as investigações não tenham chegado a nenhuma conclusão. A população precisa acompanhar de perto esse caso e pressionar a Justiça para cassar o prefeito. É hora de a população ir para as ruas pedindo a sua cassação”, acrescenta Fidélis Alcântara, do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac).


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Governo não dá resposta a trabalhadores da Copanor

fatos em foco Seminários discutem exploração sexual, manifestações e Copa

GREVE Apesar de paralisação já durar mais de 40 dias, população do Norte do estado ainda não tem solução Reprodução

Rafaella Dotta Funcionários da Copanor (Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais) estão em greve há 44 dias. “O engraçado é que o governo nem pediu que o trabalho voltasse”, afirma Gilberto dos Santos, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua/MG). Para ele, essa é uma demonstração da falta de atenção do governo estadual aos municípios do norte do estado. Desde do dia 26 de março, os profissionais da Copanor pararam de trabalhar devido à falta de respostas por parte do governo e da empresa. Os trabalhadores pedem plano de saúde, melhores condições e reajuste salarial, já que recebem pouco mais que um salário mínimo. De acordo com Gilberto, a situação chegou ao ponto de os trabalhadores comprarem peças para a empresa com o seu próprio dinheiro. A Copanor se reuniu com o sindicato na quinta-feira (8), mas as negociações não avançaram. O presidente da empresa, Frank Deschamp Lamas, declarou que a administração irá apresentar uma proposta na segunda-feira (12), em nova audiência. Frank afirmou que a Copanor irá contemplar o reajuste e o aumento no ticket alimentação, porém, não cederá na reivindicação do plano de saúde. “A grande dificuldade da Copanor é ser uma empresa que trabalha para o social, ou seja, não podemos ter lucro. Então, como colocar gastos que não vão refletir na tarifa? O plano de saúde só vai ser discutido quando houver uma revisão tarifária”, disse. Em contrapartida, José Maria dos Santos, presidente do Sindágua, defende que o plano de saúde aos trabalhadores é essencial à saúde da própria água que eles manuseiam. “Essa é uma grande questão para os trabalhadores, e não é tão caro quanto parece. Eles são jovens, solteiros, e a empresa poderia se esforçar para atendê-los”, defende. Para José Maria, a falta de atenção acontece porque a Copanor atende a uma população pobre. “Quarenta dias de greve e você não vê nem governo estadual, nem empresa, nem ninguém se posicionar, dar uma resposta para a população do Norte. Será que é porque é uma população

Precarização do trabalho é tanta que faltam materiais para distribuição de água tratada

desprovida de recurso?”, questiona. Trabalhadores da distribuição de água no Norte e Nordeste de Minas Gerais denunciam, ainda, que empresa não está cumprindo com o serviço que deveria. Wagner Xavier, trabalhador da Copasa em Belo Horizonte, acompanhou os trabalhos da Copanor e afirma que “a população está recebendo água bruta”. Segundo Wagner, a empresa não faz investimento suficiente em materiais de trabalho e na contratação de profissionais. Frank Deschamp Lamas, presidente da Copanor, afirmou que desconhece ocorrências de água não tratada na distribuição feita pela empresa.

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O que é a Copanor: A partir da lei 16.698, de 2007, o governo estadual criou a Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Copanor), com o objetivo de atender municípios pequenos, de 200 a 5 mil habitantes, onde a Copasa ainda não atuava. Para convencer os prefeitos da região a aderirem à proposta, o governo estadual afirmou que a Copanor faria o mesmo trabalho da Copasa, porém, por preço mais baixo.

Água não tratada pode causar doenças e má formação O consumo de água bruta, ou seja, sem tratamento, pode ocasionar infecções parasitárias, como hepatite, esquistossomose, diarreias e doenças intestinais. Jesus Cardoso Netto, médico da família na cidade de Mariana, alerta para mais riscos. “Existe a contaminação pela boca, bebendo ou comendo, porque a pessoa utilizou a água na preparação do alimento, e doenças em que o parasita entra pela pele. É um número menor, mas também existem”, destaca. Para o médico, as crianças são as mais suscetíveis a essas doenças. “Eu trabalhei com populações mais carentes e vi que as crianças não desenvolvem seu potencial, ficam menores, mais magras, quando não têm água tratada. E, no geral, as pessoas têm menor baixa expectativa de vida”.

A Pastoral da Mulher de Belo Horizonte, em parceria com a Prefeitura, realiza o seminário “Impactos da Copa: Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual”, que tem o objetivo de promover o debate e a reflexão acerca dos possíveis desdobramentos e consequências sociais que a realização da Copa do Mundo de 2014 poderá apresentar na Exploração Sexual e o Tráfico de Pessoas em BH. O seminário será na próxima quinta-feira (15), no auditório da Fundação João Pinheiro, campus Pampulha. Os interessados devem fazer inscrição nos telefones 3277-7899 e 3277-7351 ou pelo email:gerpsp@pbh.gov.br. Outro seminário também discute a Copa. No dia 14, o Ministério Público convida movimentos e entidades interessadas para uma reunião da comissão de prevenção à violência em manifestações populares, na qual serão retomados os trabalhos de preparação para a Copa. Será às 14h, na Sala Minas Gerais do Edifício José Cantomizzi (avenida Álvares Cabral, 1740).

Novo ato contra aumento de tarifas O reajuste de 6,57% no valor da passagem dos ônibus metropolitanos foi anunciado pelo Governo de Minas no dia 17 de abril, na véspera do feriado prolongado. Um protesto já foi realizado e um novo ato acontecerá no Viaduto José Alencar. O local foi escolhido por ter sido palco das manifestações e também por ser trajeto de várias linhas de ônibus intermunicipais.

Grito dos Excluídos vem aí Realizado todo ano paralelamente ao desfile de 7 de setembro, o Grito dos Excluídos reúne diversos movimentos sociais e militantes das igrejas para denunciar o modelo político e econômico e as desigualdades do país. Este ano o tema será “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos” e a organização do evento já começou. Além da pauta nacional, o Grito dos Excluídos 2014 vai levantar também temas específicos da realidade de Minas Gerais, como a conta de luz cara, o plebiscito pela reforma política, a luta pelo transporte público coletivo. A 1ª primeira reunião de construção aberta à participação será dia 16 de maio, às 17h, na Igreja São José.


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Atingidos pela Copa denunciam violações de direitos ENCONTRO NACIONAL BH recebe atingidos de todo o país para debater problemas causados pelo Mundial Maíra Gomes “Quando tivemos a notícia de que a Copa do Mundo seria no Brasil, o primeiro sentimento foi de euforia, imaginávamos só coisas boas pra população. Quando soubemos que a feira seria fechada por causa da Copa, caiu a ficha. Sentimos que estávamos sendo atingidos pela Copa”, desabafa Taine Sevidanes, expositor na Feira do Mineirinho. Assim como Taine, a realização da Copa do Mundo no Brasil surpreendeu muita gente. As obras nas 12 cidades-sede, realizadas para cumprir o padrão exigido pela FIFA, organizadora do evento, tem causado danos constantes à população. Segundo estudo realizado pela Rede Jubileu Sul, quase 250 mil pessoas já foram removidas de suas casas por causa da Copa.

Mídia Ninja

Copa pra que(m)? Entre os dias 1 e 3 de maio, Belo Horizonte recebeu o “Encontro Nacional dos Atingidos – Quem Perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos”, realizado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop).

“Não pode ser em nome do futebol, que é justamente uma paixão nacional, que as pessoas vão acabar sofrendo todas essas violações” A Articulação se reúne há quatro anos, desde que os preparativos para a Copa do Mundo no Brasil começaram a violar os direitos dos cidadãos. A arquiteta e urbanista Cláudia Favaro, do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre, explica que o princi-

pal efeito do evento foi a priorização das obras exigidas pela FIFA, em detrimento de demandas históricas da população, como saneamento, habitação e trabalho. “E o pior é que essas obras deixam uma série de consequências, de desrespeito principalmente aos pobres, à população mais vulnerável. Não pode ser em nome do futebol, que é justamente uma paixão nacional, que as pessoas vão acabar sofrendo todas essas violações”, declara. Durante os jogos no Brasil, Cláudia aponta que movimentos e comunidades devem ir para as ruas dar visibilidade às injustiças. “As comunidades atingidas vão gritar durante a Copa, colocar a sua pauta e fazer com que o governo recue e repare as violações que fez”, acredita. Para o feirante Taine, a Copa deixa um legado. “Aos 52 anos de idade, em

Na segunda-feira, mais de mil pessoas atingidas pela Copa protestaram nas rua de BH

momento algum eu imaginava que ia ter que ir pra rua lutar pelos meus direitos. Eu achava que já tinha conquistado tudo o que eu precisava. O maior legado dessa Copa foi a consciência que despertou no jovem e no trabalhador. Apesar de ter sido atingido, me sinto feliz por esse fenômeno que aconteceu comigo”, acredita.


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Manifestantes lançaram na Cemig os 600 mil votos que pedem conta de luz mais barata PLEBISCITO Cerca de 2 mil pessoas fizeram ato na capital durante encontro Rafaella Dotta Na última sexta-feira (2), 2 mil pessoas foram até à sede da Cemig pressionar pela redução da conta de luz em Minas Gerais. Os manifestantes entregaram à empresa os 603 mil votos coletados durante o Plebiscito pela redução da tarifa de energia, organizado em 2013, que pede a diminuição do imposto da conta de luz - ICMS, de 30% para 14%, e a redução do preço cobrado pelo megawatt em 50%. O presidente da Companhia Energética de Minas Gerais, Djalma Bastos de Morais, recebeu representantes do Plebiscito na manhã de sexta-feira, de acordo com Jairo Nogueira, coordenador do Sindicato dos Eletricitários e um dos organizadores da ação. O grupo protocolou o documento que comprova os 603 mil votos coletados em 300 cidades do estado. Na tarde do mesmo dia, os 2 mil manifestantes organizaram passeata para entregar os votos à Cemig e lançaram as cédulas de votação para dentro dos portões da empresa. O deputado Rogério Correia (PT), que participou da comis-

Mídia Ninja

são de diálogo com a empresa, defende que essa é melhor forma de pressionar a Cemig pela redução da conta de luz. “Nós já tentamos várias formas de abaixar a conta de luz, abaixar o ICMS, e nada. Por isso, nosso movimento está de parabéns”, disse. Contra o aumento da conta de luz Em 8 de abril deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou um aumento de 14% nas contas dos consumidores mineiros. A medida contemplou menos da metade do aumento requerido pela Cemig, que era de 30%, mas mesmo assim foi um retrocesso, acredita Sônia Maranho, liderança nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Para Sônia, os consumidores devem continuar questionando o preço da energia. “Precisamos manter uma mobilização contínua para exigir que a Cemig devolva o dinheiro injustamente cobrado dos mineiros”, afirmou. Em 19 de maio, haverá uma audiência pública na

Documento com os votos foi entregue ao presidente da empresa

Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o tema. Continuação do protesto Depois de passar pela Cemig, a manifestação seguiu para a Praça Sete, onde foi estirada de um prédio uma faixa com os escritos

“Constituinte já”, pedindo a instauração de uma Assembleia que possa mudar as leis da política do país. As ações fizeram parte do 5º Encontro dos Movimentos Sociais de Minas Gerais, que aconteceu de 1 a 3 de maio, na Praça da Assembleia Legislativa, em Belo Horizonte.

Trabalhadores rurais discutem violação dos direitos humanos em Jequitaí Elane de Oliveira de Jequitaí Uma audiência pública no município de Jequitaí, no Norte de Minas, no dia 8 de maio, vai discutir a garantia dos direitos das populações atingidas pelo Projeto Hidroagrícola Jequitaí, de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf ). O Projeto prevê a construção de duas barragens, uma para geração de 20MW de energia e outra para a irrigação de 35mil hectares. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), mais de mil famílias serão atingidas nos municípios de Claro dos Poções, Engenheiro Navarro, Francisco Dumont, Jequitaí, Lagoa dos Patos e Várzea da Palma e ainda não tiveram suas indenizações garantidas. O MAB argumenta que as barragens poderiam ser utilizadas para

Projeto Jequitaí pode atingir mil famílias

melhorar as condições da pequena agricultura, e se transformar em um projeto modelo de reassentamento. “No entanto, o que está colocado é uma obra que reproduz a lógica do modelo energético: uma barragem voltada para a contenção de água para projetos de irrigação do agronegócio e outra para a geração de energia para o polo minerador e metalúrgico do norte do esta-

do”, avalia Alexandre Gonçalves, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). “Quando a Codevasf chegou eles prometeram terra, disseram que nossos filhos tinham direitos e que iriam pagar até os pés de laranja. Já passou mais de ano e não recebemos nada”, denuncia Marta Neves, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). A Companhia terceirizou para

a Ruralminas a elaboração do plano de negociação do projeto, que o quarteirizou para a Fundação Renato Azeredo, em um contrato de R$ 11.899.808. Em uma apresentação questionada pelos movimentos sociais, o plano teria sido aprovado. Moisés Borges, do MAB, afirma que até hoje não foram cumpridos nem mesmo os termos daquele plano. “Exigimos a anulação do Plano de Negociação apresentado pela empresa, que foi aprovado de forma autoritária, desrespeitando os atingidos, que não participaram do processo de construção da proposta. O documento não reconhece todas as famílias que serão atingidas e não apresenta propostas consistentes para os atingidos”, afirma. A Audiência é parte do plano de trabalho formulado junto à Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Social (CIMOS), equipe de mobilização ligada ao Ministério Público Estadual, que vem auxiliando os atingidos na resolução do conflito.


08 | opinião

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Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Acompanhando

Na edição 35... Tarifa Zero pede que MP suspenda aumento do transporte intermunicipal ... E agora

“Para desabafar, às 16h09 do dia 24 de abril, minha casa foi invadida por policiais militares, dizendo que havia duas pessoas escondidas fugitivas da cidade de Sete Lagoas. Bom, eu não tenho parentes nessa cidade. Ao serem questionados se tinham mandados, os policiais começaram a nos dizer que estávamos ocultando essas ditas pessoas. Eles ficaram muito bravos, e um cabo tirava e colocava a arma no coldre. Bem, se nós da favela não temos os mesmos direitos do resto da cidade, não vivemos numa democracia...” Relato de Paulino Braz, brasileiro, negro e sem dinheiro

Alisson Trotta, Iasmim Chequér e Marta Grave

Resistência e luta pela moradia em Montes Claros A Constituição Federal de 1988, conquista do povo brasileiro, assegura um dos direitos fundamentais para uma vida digna: o direito à moradia. Infelizmente, essa garantia não se verifica, já que no cotidiano das cidades vivenciamos a violação permanente desse direito humano. Na cidade de Montes Claros – a maior do norte de Minas Gerais –, apesar de ser um polo econômico e político central para o estado, a realidade não é diferente. Para milhares de trabalhadores, o cotidiano é de resistência e luta diante das péssimas condições de moradia. Nos últimos dois anos, a luta popular pela moradia tem-se tornado mais evidente em Montes Claros, devido também à atuação do atual governo, que vem realizando remoções e despejos ilegais de diversas comunidades. Essa ofensiva do poder público não se dá, porém, sem a resistência da população. Nos bairros Vila Atlântida e Alterosa são quase 60 famílias envolvidas na luta pela moradia, além de outras 400 que constituem a Ocupação urbana Santa Cruz, localizada num terreno abandonado em espaço valorizado da cidade. Desde 1937 que o terreno, agora ocupado, se encontrava abandonado - a primeira ocupação aconteceu há mais ou menos 15 anos. Nessa altura, três famílias influentes da cidade reclamaram a posse do terreno em questão, sendo que até hoje não apresentaram qualquer documentação que comprove que o terreno seja, de fato, propriedade deles. Gestões anteriores da Prefeitura lotearam e urbanizaram vários bairros do entorno, deixando, todavia, a área da ocupação Santa Cruz no abandono. Há cerca de seis meses, as famílias têm se reorganizado com a colaboração de movimentos sociais como o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD). Iasmim Chequér, Alisson Trotta, Marta Grave são mili-

tantes do MTD em Montes Claros.

Rubem M. Magalhães Sobrinho

O Move e seus desdobramentos A população do bairro Nossa Senhora de Fátima de Sabará, estimada em aproximadamente 35 mil habitantes, já sofria com o descaso do Departamento de Estradas de Rodagens do Estado de Minas Gerais DER MG, e da Prefeitura de Sabará. Agora, com a implantação do Move, está sofrendo muito mais. A implantação do Move Metropolitano pode ser um avanço para melhorar a mobilidade urbana. No entanto, a população do bairro sofre com as longas filas e horas de espera no sistema antigo de transporte, e, com o Move Metropolitano, tem que amargar a boca com o aumento da tarifa, que passou de R$ 3,10 para R$ 3,30. E ainda tem que lidar com a diminuição da quantidade de ônibus circulando. Às vezes os passageiros têm que esperar por mais de duas horas pelo transporte. Há ainda a possibilidade de terem que pagar uma segunda passagem, já que o sistema de leitura dos cartões dos ônibus não estão ajustados ou reconhecendo os novos cartões Move-Ótimo. Motoristas e cobradores, trabalhadores que não são responsáveis pela situação, sofrem com a descarga de ódio e indignação dos usuários. A empresa Viação Brasília não atende às reclamações. Quando se consegue falar lá, o atendimento é feito de forma ríspida e grosseira. Enquanto isso, milionários patrões ficam ricos às custas das altas tarifas cobradas de uma população sofrida. A omissão das autoridades sabarenses é um absurdo. Como morador da região há mais de 20 anos fico impressionado. O bairro faz divisa com a região nordeste de Belo Horizonte, e está aproximadamente a 6,5 km do terminal Move-Metropolitano da estação do metrô São Gabriel, e da estação do metro José Cândido da Silveira, mas tem um dos piores serviços de transporte público da Grande BH. Rubem Maxwell Magalhães Sobrinho é radialista, apresentador do programa de rádio Manhã Sertaneja, na Rádio Borba Gato de Sabará.

Na edição 35, o Brasil de Fato MG divulgou notícia sobre o aumento da passagem, assunto que segue acompanhando. O Ministério Público (MP) entrou com ação requerendo a anulação permanente do reajuste da passagem, na última segunda-feira (5). As ações anteriores pediam adiamento do prazo, mas, após constatar que as planilhas da BHTrans possuem “graves inconsistências, que impedem, juridicamente, seu respaldo técnico e administrativo”, o MP defende agora a anulação completa do aumento. O promotor Eduardo Nepomuceno pede que a BHTrans e empresas concessionárias façam auditorias e relatórios que comprovem suas contas, sob a pena de R$ 1 milhão por dia para a BHTrans e R$ 10 milhões por dia para as concessionárias. Em resposta, a Prefeitura afirma que irá analisar a proposta. Na edição 26... Mulheres são 50% da população e menos de 6% dos parlamentares .. E agora Na edição 26, divulgamos que as mulheres representam 6% dos parlamentares de BH e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e, na semana passada, o IBGE lançou índice sobre a participação feminina. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 2013, o Brasil tinha apenas 12% de prefeitas. No total dos 5570 municípios do país, 675 são administrados por mulheres. Em Minas Gerais, a proporção é ainda menor: dos 853 municípios, apenas 71 são governados por mulheres, o que representa 8,3% do total.


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entrevista | 09

“Nossas cidades são um grande negócio na mão de poucos” ERMÍNIA MARICATO Arquiteta fala sobre o boom imobiliário, a mobilidade urbana e as conquistas das manifestações Noronha Rosa

Joana Tavares Uma das principais pensadoras sobre as cidades brasileiras, Ermínia Maricato foi secretária executiva do Ministério das Cidades, formulou propostas para a área urbana para o governo Lula e recentemente foi conselheira das Nações Unidas para assentamentos humanos, além de dar aulas na USP e na Unicamp. Convidada para o Ciclo de Debates do Brasil de Fato MG, Ermínia fala nesta entrevista sobre a crise nas cidades e as perspectivas abertas com as manifestações de junho 2013. Brasil de Fato - O movimento das ruas de 2013 trouxe uma série de reivindicações, entre elas a questão da ocupação do espaço urbano. Que conquistas esse movimento trouxe? Ermínia Maricato - Sabe quantas cidades brasileiras cancelaram o aumento nos transportes com as mobilizações de junho de 2013? Mais de 100! E não foi só isso. Coisas que estavam engavetadas, obras faraônicas inúteis e obras para automóvel andar - que é o que mais se faz- muitas foram canceladas. Foi muita mudança a partir de junho de 2013. A vida na ci-

“A propriedade privada não é absoluta na Constituição, é subordinada à função social. O direito à moradia é absoluto. No entanto, o judiciário brasileiro trata o direito à moradia como relativo e o direito à propriedade absoluto” dade está insuportável e é impressionante como a política urbana é invisível no Brasil. A mobilidade e o uso e ocupação do solo são dois eixos fundamentais. Eu diria que depois das ultimas três décadas, estamos, desde junho de 2013, começando a encarar a política de mobilidade urbana. Mas a política fundiária urbana nós ainda não começamos a decifrar. Eu diria que a própria sociedade suporta muito e conhece pouco. Nossas cidades são um grande negócio na mão de poucos. Ou seja, lobbys muito bem organizados funcionam pra levar a cidade para um caminho que não

A professora Erminia Maricato

beneficia a maior parte da população. É muito mais o caminho de quem tem lucro com a construção das cidades. Sem dúvida nenhuma, eu diria que as três forças que comandam hoje o crescimento das cidades são a indústria automobilística, que contraria o interesse do transporte coletivo; o capital imobiliário e o capital de construção. E tudo em consonância com o financiamento das campanhas eleitorais.

propriedade. É exatamente a ideia de que o direito de propriedade privada é limitado. Pelo quê? Pelo interesse coletivo. Todos nós pagamos pra construir a estrutura das cidades - asfalto, drenagem, esgoto, iluminação pública, transporte - tudo isso foi pago por todo mundo. E vai um sujeito e deixa um lo-

Podemos dizer então que não são cidades do povo e para o povo, e sim pra quem especula esse mercado. Não tenho a menor dúvida. Estudando as cidades por muitos anos, eu diria que estamos num momento em que vivemos uma verdadeira tragédia das cidades brasileiras, em que a função social das cidades, prevista na Constituição brasileira; a função social da propriedade, prevista na Constituição brasileira e no Estatuto da Cidade, estão em plano absolutamente secundário.

te vazio. Esse lote está cumprindo a função social que tem que ter numa cidade? Não! A propriedade privada não é absoluta na Constituição, é subordinada à função social. O direito à moradia é absoluto. No entanto, o judiciário brasileiro trata o direito à moradia como relativo e o direito à propriedade como absoluto.

O que é a função social da propriedade? Nós conquistamos na Constituição de 1988 dois capítulos sobre as cidades. E dentro desses capítulos está a proposta da função social da

“O boom imobiliário não é progresso, ele empobrece toda a cidade”

Qual sua avaliação do programa Minha Casa, Minha Vida e das intervenções em vilas e aglomerados? Estamos vivendo no Brasil um boom imobiliário. Durante três anos, houve um aumento de 154% no preço do metro quadrado de terrenos e imóveis em São Paulo, e 181% no Rio de Janeiro. Os aluguéis cresceram na mesma medida. Passamos duas décadas per-

didas, sem investimento público nas cidades. Quando o investimento vem, por meio dos PAC e Minha Casa, Minha Vida, aparecem também os capitais, que tomaram conta das cidades. Com o apoio, é claro, de muitos do executivo e legislativo. Isso acarretou em um boom imobiliário, que a verticalização e a produção de moradia, ao invés de abaixarem o preço dos imóveis, elevaram. Na medida em que não fizemos a reforma fundiária, não implementamos a função social da propriedade urbana, todo o subsídio que está sendo colocado pelo governo federal está indo para o preço da propriedade, para os imóveis e para os terrenos. Isso está afastando a população mais pobre, que não consegue o financiamento do Minha Casa, Minha Vida e que não está conseguindo mais pagar o aluguel. O boom imobiliário não é progresso, ele empobrece toda a cidade. Ele pega uma parte da riqueza produzida por toda a população e a coloca no bolso de alguns, que são os proprietários imobiliários e principalmente os incorporadores imobiliários. Como é possível aliar esse gás novo de se pensar as cidades com o acúmulo de organizações e movimentos que já faziam a disputa do modelo de cidade, de Estado, de política? Acho que a política urbana não é prioridade para os partidos, nem os de esquerda, no Brasil. É preciso dar visibilidade para a luta de classes que se dá em torno das cidades. O espaço urbano não é apenas palco para a luta de classe, é objeto e agente. A gente precisa conhecer mais. Mais do que nunca, a informação, o conhecimento é a libertação.

Ciclo de debates O Ciclo de Debates sobre Reforma Urbana acontecerá todas as quartas-feiras de maio. No dia 14, o tema será Direito Humano à Moradia, com exposição da Dra. Cleide Nepomuceno, Defensora Pública de Minas Gerais, e Francisco Galvão da coordenação nacional do MTD. A entrada é gratuita. O debate será no Sindibel (avenida Afonso Pena, 726, 18º andar)


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Deputado financiado por mineradoras é acusado de quebra de decoro parlamentar REPRESENTAÇÃO Organizações entraram com processo contra Leonardo Quintão Reprodução

Rafaella Dotta Organizações de defesa de territórios contra a mineração entrou com processo contra o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), por quebra de decoro parlamentar. Na representação elaborada por advogados dos movimentos e do Instituto Socioambiental (ISA), afirma-se que o deputado não poderia ser relator do Marco Regulatório da Mineração, pois teve sua campanha eleitoral financiada por mineradoras. O Código de Ética da Câmara dos Deputados regula que é atitude contrária ao decoro parlamentar relatar matéria de “interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”. O advogado e coordenador do ISA Raul Silva Telles diz que o deputado pode influenciar a nova lei com os interesses das empresas mineradoras, já que teve 20% do financiamento da sua campanha feita por elas. O documento da representação afirma que Leonardo Quintão, eleito por Minas Gerais, recebeu R$ 379 mil de mineradoras para a sua campanha de 2010. As empresas doadoras da verba foram Arcelormittal, Ecosteel, Gerdau, LGA Mineração e Siderurgia e Usiminas. Processo

A representação foi enviada à Câmara dos Deputados e, posteriormente, será encaminhada à Comissão de Ética da casa. A ação será analisada e, se for considerada correta, irá novamente ao plenário da Câmara. O advogado Raul Silva Telles acredita que essa é uma batalha difícil, pois o presidente da Câmara é do mesmo partido que Quintão, o PMDB. “Temos vários indicativos de que querem paralisar a representação e absolverem o deputado. Sabendo disso, estamos preparando ações para pressionar a Câmara, porque não existe dúvida de que ele feriu o Código de Ética”, afirma o advogado. Caso a acusação de decoro seja aprovada pelos parlamentares, o Código da mineração demoraria mais alguns meses a ser aprovado. Raul afirma que isso não é interessante para os donos de mineradoras, que estão fazendo campanha para aprová-lo imediatamente. “O projeto ficou cinco anos no governo, chegou no Congresso e está sendo dominado por parla-

mentares da mineração. Essa é uma lei que vai durar uns 50 anos. É preferível demorar mais meses a que aprovar uma lei que fere os interesses da população”, avalia. Marco Regulatório da Mineração

O Marco Regulatório da Mineração foi proposto para atualizar a lei referente à mineração no Brasil, de 1967. Atualmente em tramitação no Congresso, o projeto traz mudanças principalmente fiscais, oferecendo aos municípios produtores uma porcentagem maior na arrecadação de re-

cursos. Hoje, as prefeituras têm direito a 2% do lucro e o novo Código aumenta para 4% do valor bruto do minério. Segundo Maria Júlia Gomes, coordenadora do Comitê Nacional Em Defesa Dos Territórios Frente à Mineração, o Código deveria tratar também dos direitos das populações. “Aumentaram muito os problemas da mineração nos últimos anos, de água contaminada, por exemplo, e o texto não tem nenhum ponto positivo para as populações atingidas pelas mineradoras”, diz.

Quintão recebeu R$ 379 mil de mineradoras

PARA GARANTIR OPORTUNIDADES IGUAIS DESDE CEDO, O GOVERNO FEDERAL ESTÁ INVESTINDO FORTEMENTE

Reprodução

NA EDUCAÇÃO. Aqui em Minas e no Brasil inteiro. Recursos garantidos para a construção de 548 creches e pré-escolas. 32.590 professores participam do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. 3.528 escolas já oferecem educação em tempo integral.

É assim que o Brasil combate a desigualdade social e se torna

UM PAÍS CADA VEZ MAIS JUSTO.


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brasil | 11

Negros não têm vez na política REPRESENTAÇÃO Mesmo sendo maioria no Brasil, população afrodescendente está excluída do poder Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF) Reprodução

No próximo dia 13 de maio, o Brasil completa 126 anos de abolição da escravidão. De lá pra cá, muita coisa mudou, mas os negros continuam com uma representação muito pequena nos espaços de poder. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51% da população se declaram negros. Porém, apenas 8,5% dos parlamentares no Congresso Nacional, um total de 43 representantes, entre deputados e senadores, também se declaram negros. Essa diferença revela a dificuldade de a maioria da população se ver representada na política. “A maioria dos candidatos eleitos no Brasil tem vínculos com os setores empresariais ou são financiados por empresários”, aponta Clédisson Junior, do Coletivo Nacional de Juventude Negra – Enegrecer. “Nós, negros, apesar de sermos maioria da população, do total de trabalhadores e de desempregados, não conseguimos competir nas eleições”, acrescenta. Um dos principais entraves tem a ver com o poder econômico. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta

que, do total de 594 deputados e senadores, apenas 91 são considerados representantes da classe trabalhadora. A maioria é formada por empresários, que ocupam 273 vagas. No Brasil, uma campanha eleitoral custa, em média, o valor de R$ 4,4 milhões. Mudar a Constituição

Por causa dessa realidade, movimentos sociais e entidades da sociedade civil lançaram a campanha do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. O objetivo é mobilizar a população e recolher votos em favor de uma Assembleia Constituinte para fazer a reforma política. “A Constituição de 1988 não conseguiu incorporar bandeiras históricas do movimento popular, especialmente o movimento negro. Será a chance de corrigir isso com um Congresso eleito só para essa finalidade”, explica Clédisson Junior, do coletivo Enegrecer. Uma das medidas para garantir maior representatividade de negros na política é estabelecer cotas de vagas nos parlamentos municipais, estaduais e federais. Uma Proposta de

Deputado Luiz Alberto propõe reserva de vagas para negros no Legislativo

Emenda Constitucional (PEC), que tramita na Câmara dos Deputados, pretende reservar, durante um prazo pré-determinado de 20 anos, um percentual de 30% de vagas obrigatórias para candidatos negros. O autor da medida é o deputado Luiz Alberto (PT-BA). Na justificativa do projeto, o deputado defende que medidas semelhantes já foram ado-

tadas em outros países, como os Estados Unidos e nações vizinhas. “Vários países da América do Sul, como a Bolívia, a Colômbia e o Equador, têm legislado para também garantir que a representação política deixe de refletir o predomínio social de descendentes dos colonizadores europeus e se torne mais equitativa do ponto de vista étnico e racial”, explica.

Cota para negros em concursos federais avança no Senado A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Sendo Federal aprovou, nesta quarta-feira (7), o projeto de lei nº 29/2014, que reserva 20% das vagas oferecidas em concursos públicos federais a candidatos negros e pardos. A proposta foi apresentada pelo Poder Executivo e aplica a reserva de vagas a órgãos da administração pública federal, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União. A cota racial terá validade de dez anos e não se aplicará a concursos cujos editais tenham sido publicados antes da vigência da lei. Para concorrer a essas vagas, os candidatos deverão se declarar negros ou pardos no ato da inscrição do concurso, conforme o quesito de cor ou raça usado pelo IBGE. Se for constatada falsida-

de na declaração do candidato, as penas aplicadas poderão variar de eliminação no concurso até a perda do emprego público. “Estimativas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão indicam que apenas 30% dos servidores públicos federais ativos são negros, contrastando com os 50,7% de negros da população brasileira, conforme dados do Censo 2010”, argumentou o senador Humberto Costa (PT-PE), relator do projeto. Como já foi aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto de lei segue em regime de urgência para o plenário do Senado, onde deve, se aprovado, elevado à sanção presidencial. Uma medida semelhante também foi aprovada e está em vigor na cidade de São Paulo, reservando 20% de vagas em concurso público para negros. (Com informações da Agência Senado).

Reprodução

Apesar de serem mais da metade da população, negros ocupam apenas 8,5% do Parlamento

Confira todas as entrevistas completas do Programa de Classe que é exibido na TV Comunitária, canal 06 da NET e 13 OI TV, domingo às 10h, com reprises na segunda (7h30 e 23h30), terça (7h30), quarta (15h30), quinta (16h30), sextas (13h) e sábados (9h30 e 15h30).


12 | mundo

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Bachelet adianta reforma eleitoral no Chile

Milho transgênico da Monsanto é proibido na França

AMÉRICA LATINA Situação e oposição são pegas de surpresa; projetos incluem mudanças no Congresso e voto ABr

Pegando de surpresa a oposição e até aliados, o governo da presidenta chilena Michelle Bachelet decidiu adiantar reformas que não estavam previstas para os primeiros cem dias de mandato. Desde o começo de abril, já foram enviados ao Congresso três projetos de lei propondo alterações nos sistemas eleitoral e político. O parlamento debateu e aprovou rapidamente, até com apoio da oposição, o primeiro projeto, que estabeleceu o direito de voto nas eleições presidenciais e plebiscitos nacionais aos cidadãos chilenos que moram no exterior desde o fim da ditadura. Os demais projetos foram apresentados na semana passada. Um deles prevê mudanças no processo eleitoral legislativo. O texto original, entre outras coisas, estabelece cotas nas listas parlamentares: um mínimo de 40% de candidatas mulheres e cotas a povos originários e or-

Projeto do governo Bachelet prevê cotas para mulheres e povos originários no Parlamento.

ganizações sociais, mas com porcentagem ainda não definida. (Victor Farinelli, de Santiago, no Chile, do Opera Mundi)

OMS: mais de 800 mulheres morrem por dia em complicações da gravidez

EUROPA A empresa é uma das mais criticadas por agricultores de todo o mundo O senado francês aprovou um projeto de lei do Partido Socialista que proíbe o cultivo do milho transgênico da empresa norte-americana Monsanto em território nacional. O texto autoriza a possibilidade de destruir as plantações desse grão, caso a legislação não seja cumprida. Anteriormente, a Assembleia Nacional também se pronunciou contrariamente ao cultivo da semente geneticamente modificada MON 802, denunciado em vários países pelos impactos negativos sobre a saúde e o meio ambiente. (Prensa Latina/Paris)

Agricultores apontam impactos negativos sobre a saúde e o meio ambiente

Sem valorizar

os professores,

Reprodução

99% das mortes ocorrem em países em desenvolvimento.

Mais de 800 mulheres morrem todos os dias devido a complicações na gravidez e no parto, mostra a OMS (Organização Mundial da Saúde) em dados divulgados nesta semana. A mortalidade materna, no entanto, registra redução de 45% desde 1990. Em 2013, 289 mil mulheres morreram devido a complicações relacionadas à gravidez e ao parto. Em 1990, foram 523 mil mortes. A quase totalidade das mortes maternas (99%) ocorre em países em desenvolvimento e um terço do total é registrado em apenas dois países: a Índia (50 mil) e a Nigéria (40 mil). A agência da ONU assinala ainda que um quarto das mortes deve-se a hemorragia severa. Outras causas identificadas são a hipertensão induzida pela gravidez (14%), infecções (11%), obstruções e outras complicações no parto (9%), complicações relacionadas ao aborto (8%) e coágulos sanguíneos (3%). (Agência Brasil)

a educação para Campanha Salarial 2014

Assembleia com paralisação das atividades 13 de maio - terça-feira - 9h Local: Associação Médica de Minas Gerais (Av. João Pinheiro, 161- Centro - BH)

SINDICATO DOS PROFESSORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS FILIADO À FITEE, CONTEE E CTB - WWW.SINPROMINAS.ORG.BR


variedades | 13

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A novela Como ela ĂŠ

Tecnologia e Glamour

Nesta semana, Geração Brasil entra no ar no horĂĄrio das 19h. Substituindo a malsucedida “AlĂŠm do Horizonteâ€?, o novo folhetim promete resgatar a audiĂŞncia do horĂĄrio com muita ação, glamour e mistĂŠrio. A trama gira em torno do grande gĂŞnio da tecnologia Jonas Marra (Murilo BenĂ­cio), brasileiro e diretor executivo da empresa. O personagem ĂŠ um visionĂĄrio que nos anos 1990 ambicionava criar um computador de uso pessoal e com preço popular. Rumo a seu objetivo, se muda para os Estados Unidos, onde realiza seu sonho, consolida sua carreira no ramo da tecnologia e se torna Ă­dolo de jovens desejosos a entrar para a lista dos gĂŞnios da informĂĄtica.

A trama inicia 20 anos depois disso, quando Jonas anuncia seu retorno para o Brasil e a transferência da matriz da empresa para cå. Os sócios solicitam que ele treine um novo jovem para assumir a direção executiva da Marra Internacional e ele decide realizar um reality show para encontrar seu sucessor. PorÊm, seu retorno ao país tupiniquim relevarå muitos segredos do passado. A possibilidade de conquistar um espaço junto a Jonas vai mexer com muitos jovens envolvidos com a computação, o que promete movimentar a trama. Novos casos de amor, vividos inclusive por ele e por sua esposa, a artista americana Pamela Parker (Clåudia Abreu), tambÊm farão parte do

enredo da histĂłria. Os primeiros capĂ­tulos da novela dĂŁo sinais de que Geração Brasil tem tudo para emplacar. Os temas sĂŁo atuais e o tom jovem da novela ĂŠ atraente. Se os autores estiverem inspirados como na Ăşltima novela de sua autoria “Cheias de Charmeâ€?, o sucesso ĂŠ garantido. PorĂŠm, fiquei com uma pulga atrĂĄs da orelha, que desde agora compartilho com vocĂŞs e peço uma atenção especial: o reforço do imperialismo tecnolĂłgico e computacional do Tio Sam. HaverĂĄ mensagens subliminares? Novamente, fiquemos de olho! Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br

AMIGA DA saĂşde Mande sua dĂşvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui vocĂŞ pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da SaĂşde

Querida amiga, estou hĂĄ muito tempo com meu namorado e nĂŁo posso usar anticoncepcionais porque tenho problema de coagulação do sangue. Sempre usamos o coito interrompido e deu certo, mas todos dizem que ĂŠ perigoso engravidar. É isso mesmo?

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

Lucimara, 29 anos, artesĂŁ É isso mesmo, Lucimara. O risco de engravidar com a prĂĄtica do coito interrompido ĂŠ grande. É assim porque mesmo antes de o homem ejacular, ele libera um lĂ­quido lubrificante que jĂĄ contĂŠm espermatozoide (cĂŠlula reprodutora masculina). É verdade que esse mĂŠtodo reduz as chances da gravidez porque a mulher receberĂĄ em sua vagina muito menos espermatozoides do que quando o homem “goza dentro delaâ€?. PorĂŠm, como o risco ĂŠ muito grande, muitos profissionais nem consideram o coito interrompido como mĂŠtodo anticoncepcional. AlĂŠm do mais, ele tambĂŠm nĂŁo previne das doenças sexualmente transmissĂ­veis e pode gerar muita ansiedade no casal, pelo risco de nĂŁo conseguirem retirar o pĂŞnis no momento correto. Mais indicado para quem nĂŁo quer ou nĂŁo pode usar hormĂ´nios ĂŠ o preservativo (camisinha). Ele ĂŠ mais seguro, mais saudĂĄvel e ĂŠ distribuĂ­do gratuitamente pelo SUS.

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Solução

Querida Antônia, Ê importante que a sua filha faça uma consulta ginecológica para que seja avaliada e receba orientaçþes necessårias para sua saúde. Entretanto, o MinistÊrio da Saúde recomenda que 25 anos Ê a idade mínima para realização do exame Papanicolau (o exame preventivo para o câncer de colo de útero). Caso a mulher tenha iniciado a vida sexual muito nova, talvez seja necessårio fazer o exame antes. AlÊm disso, independente da idade, toda mulher que tenha alguma queixa ginecológica tem que ser avaliada por profissional qualificado e pode ser preciso fazer o exame Papanicolau. A partir dos 25 anos, Ê recomendado fazer o exame anualmente.

AntĂ´nia Eva, 59 anos, passadeira

Oi amiga da saĂşde, minha filha tem 18 anos. Com essa idade ela jĂĄ tem que fazer o exame Papanicolau?


14 | cultura

Belo Horizonte, de 09 a 15 de maio de 2014

“1961-2014” fala do Brasil pelo olhar dos jovens TEATRO ZAP 18 usa de músicas, imagens e interação com o público para provocar reflexão Raíssa Lopes “1961-2014”. Esse é o nome do espetáculo desenvolvido pela Companhia Zap 18, que conta a história do Brasil desde a década de 1960 até os dias atuais. Mesclando fatos históricos importantes com a trajetória dos próprios atores, a peça combina elementos audiovisuais, música, teatro e interação direta com o público. O projeto propõe uma linha do tempo que deve estar sempre ativa, posto que a história está em constante mutação. Os atores já incluíram no roteiro homenagem a DG, Douglas Rafael Silva, dançarino do Esquenta (programa global apresentado por Regina Casé) morto por policiais militares em morro carioca e a Fabiane Maria de Jesus, linchada no litoral de São Paulo por supostamente sequestrar crianças para rituais de magia negra. Emocionante e engraçada, “19612014” combina, em pouco mais de uma hora de apresentação, passado e presente: Ditadura Militar, Diretas Já, MST, Tarifa Zero, Levante Popular da Juventude, Copas do Mundo, entre outros. Além disso, expõe os anseios de uma geração de “20 e alguns e 30 e poucos anos”, como define Gustavo Falabella, há 12 anos

Reprodução

ator da Zap. “O espetáculo nasceu de questões íntimas, quando eu e mais dois atores queríamos falar da gente, dos jovens. Isso foi, aos poucos, nos aproximando da história do país. O Brasil foi uma espécie de ‘funil’ que deu vazão a rupturas com narrativas pessoais. Pudemos falar de futebol (que são as minhas histórias), sindicalismo... Várias coisas que não entendemos como história macro, mas que também fazem parte dessa história que a gente não encontra nos livros”, declara Gustavo. Aliado a isso, o grupo ironiza a cobertura da mídia brasileira a respeito dos fatos narrados e a hegemonia da comunicação e entretenimento da Rede Globo. “Não vai ter Copa, não estamos no FIT” Ao reunir as críticas sociais presentes nas peças do grupo, a ZAP 18 criou a mostra “Não vai ter Copa, não estamos no FIT”, que ocorreu de 30 de abril e 4 de maio, em Belo Horizonte. A mostra apresentou o repertório da Companhia e, segundo Gustavo, evidenciou o posicionamento crítico da equipe a respeito de políticas públicas estatais e nacionais. “Além de nos mostrarmos contrários à maneira como a Copa

está sendo desenvolvida, expomos a visão de artistas que escolheram não se inserir no FIT, porque acreditam que esse festival é conduzido de forma pouco democrática, pouco clara, com critérios estranhos e curadoria e coordenação bem distantes do que a cidade deseja”, afirma.

Zap 18 Zona de Arte da Periferia, a Zap 18 é um espaço artístico cultural dedicado à formação e educação de jovens a partir da arte localizado no bairro Serrano, periferia belo-horizontina. Para acompanhar a agenda de espetáculos do grupo, acesse o site www.zap18.com.br.

Abertura dos Reinados em Minas Gerais Da redação Os ciclos de festejos nos Reinados de Minas Gerais já começaram. Com o fim da quaresma e a celebração da Páscoa, as manifestações populares católicas, também conhecidas como reisados, Congado ou congadas têm a abertura de seus Reinados no mês de maio. Típicas dos negros, os Reinados revelam importantes expressões da cultura e da fé do povo mineiro, através da devoção a Nossa Senhora do Rosário, e aos Santos Pretos, principalmente São Benedito e Santa Efigênia.

Na região Metropolitana de Belo Horizonte, diversos Reinados já realizam seus festejos. Na comunidade quilombola dos Arturos, em Contagem, a Festa da Abolição acontece de 6 a 31 de maio, comemorando o fim da escravatura no Brasil e celebrando a diminuição do preconceito entre as raças e a cidadania dos negros. Em Belo Horizonte, a tradicional Guarda de Congo e Moçambique Treze de Maio, no bairro Concórdia, comemora os 126 anos da abolição, os 70 anos da Guarda de Moçambique e 16 anos da Guarda de Congo nos festejos que vão de 1º a 13 de maio.

Os festejos do Reinado envolvem a realização de novenas, levantamento de mastros e bandeiras, procissões, cortejos solenes, coroações de reis e rainhas, cumprimentos de promessas, leilões, cantos, danças e banquetes coletivos. Nesse período, muitas irmandades celebram as festas em louvor a São Benedito, além da comemoração pelo dia da assinatura da lei de abolição da escravatura – 13 de maio. Embora os movimentos negros não vejam motivos para comemorar esse marco histórico, a data é celebrada em muitos Reinados do estado.

Serviço: - Comunidade dos Arturos: Rua da Capelinha, nº 50, Jardim Vera Cruz - Contagem Programação: http://www.guiaculturaldecontagem.com.br/2014/05/festa-da-abolicao-comunidade-dos-arturos_5.html - Guarda de Congo e Moçambique Treze de Maio: Rua Jataí, nº 1.309, Concórdia – Belo Horizonte Mais informações: (31) 3421-7646 / trezedemaionsr@gmail.com

Rodrigo Clemente\ Divulgação


cultura | 15

Belo Horizonte, de 09 a 15 de maio de 2014

AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

LITERATURA

Série de Concertos no Parque apresenta forró executado por orquestras em homenagem ao Dia das Mães. Sábado (10), a partir das 16h, e domingo (11), às 10, no Parque Municipal Américo Renné Gianetti.

Lançamento do livro “Meu corpo é um esconderijo”, da escritora Mariana de Matos. A obra reúne cerca de 100 poemas que envolvem os desafios da criação, paixão, e outros sentimentos. Sexta (9), às 19h, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro).

é tudo de graça! TEATRO

O grupo cearense Teatro Máquina apresenta o espetáculo “Ivanov”, baseado na obra do escritor Anton Tchékhov. De 9 a 11 de maio. Sexta às 20h, sábado às 19h e 21h (sessão dupla), e domingo às 19h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3613, Horto).

MÚSICA

Show de Marcelo Jeneci, que interpretará as canções do disco “De graça”. Sexta (9), às 18h30, na Praça da Savassi.

Segunda a quinta-feira EXPOSIÇÃO

LITERATURA

Mostra “Olhares sobre o golpe de 64 - 50 anos depois” exibe coletânea de imagens, depoimentos e documentários que retratam a época da ditadura militar brasileira. Até 17/05, das 8h às 22h, no hall de entrada do prédio 8 da PUC Minas Contagem (R. Rio Comprido, 4.580, Contagem).

O projeto sempre um papo recebe a escritora Eliane Brum para bate -papo e lançamento do livro “Meus Desacontecimentos - A História da Minha Vida com as Palavras”. Segunda (12), às 19h30, na sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro).

MÚSICA

AUDIOVISUAL Festival do Minuto, maior festival de vídeos da América Latina, terá seus curtas exibidos para a comunidade. Quarta (14), às 14h, no Centro Cultural Vila Fátima (São Miguel, 215, Baleia).

Ei Música Brasil – Encontro Internacional de Música de Minas Gerais traz debates a respeito da construção colaborativa de plataformas para promoção da música mineira. Entre as atrações musicais estarão a banda Dibigode Instrumental, Déa Trancoso e Luiza Brina. De 12 a 14/05, na Praça da Liberdade e Museu Mineiro (Av. João Pinheiro, 342, Funcionários). A programação completa pode ser vista no site musicaminas.com.

esporte |

na geral Ingressos doados

O Governo Federal distribuirá 50 mil ingressos da Copa do Mundo. As entradas se destinam a alunos de escolas do Programa Mais Educação e a comunidades indígenas assistidas pelo governo. Essa é uma rara alternativa para os que não têm como pagar os preços extorsivos cobrados para assistir às partidas. Curitiba é a cidade mais beneficiada (7.800 bilhetes). BH receberá 2.304 ingressos.

Convocação da Seleção Brasileira

Mundial de Clubes Masculino de Vôlei agita BH

O técnico da Seleção Brasileira de futebol, Luis Felipe Scolari, convocou na quarta-feira (7) os 23 atletas que irão disputar a Copa do Mundo. À medida que Felipão lia os nomes dos convocados e estes apareciam no telão, dúvidas, polêmicas, aplausos surgiam não somente entre os jornalistas, mas também na maciça maioria dos lares de brasileiros e brasileiras. Entre os selecionáveis, apenas dois nomes sofreram críticas mais contundentes. O goleiro Júlio César do Toronto FC e o zagueiro Henrique do Napoli. O goleiro – já contestado pela falha na copa passada- ficou muito tempo sem jogar e hoje está em uma liga fraca tecnicamente. Já o zagueiro, mesmo jogando em um grande clube europeu, não está no mesmo nível de Miranda (Atlético de Madrid) e Dedé (Cruzeiro), jogadores preteridos por Scolari. O que causa espanto é ver o técnico da seleção justificar a convocação destes dois nomes com o argumento de que são homens de sua confiança e não por critérios técnicos. Crítica maior deve ser feita à postura intransigente do treinador, que demonstrou insatisfação e impaciência com as críticas recebidas. Postura es-

Começou na segunda (5) o Mundial de Clubes Masculino de Vôlei, evento que está sendo realizado no Mineirinho e que envolve 8 clubes do mundo inteiro. O Brasil é representado pelo Cruzeiro, atual campeão mundial. Até o fechamento desta edição, restando uma rodada para o final da fase de grupos, os classificados para as semifinais seriam: Belgorie Belgorod, da Rússia, em primeiro lugar, e Cruzeiro, em segundo, pelo Grupo A; e Al-Rayyan, do Qatar, em primeiro, e UPCN, da Argentina, em segundo, pelo Grupo B. A surpresa desta edição é a fraca campanha do Trentino Volley, da Itália, que perdeu no jogo de estreia para o surpreendente Al-Rayyan, do espetacular meio de rede cubano Simon, por 3-0, e passou apertado pelo UPCN da Argentina por 3-2. A fase final da competição será realizada neste final de semana, no Mineirinho, com os jogos semifinais começando às 17h30 de sábado, e as finais, às 16h30 do domingo. Programa imperdível para o final de semana!

Outro Futebol Série do Canal Brasil que mostra a realidade de alguns dos milhares praticantes do esporte que são movidos apenas pelo amor à camisa. A equipe do programa percorreu diversas regiões do Brasil buscando retratar o espírito lúdico dessa prática. A série vai ao ar aos domingos às 21h30 e também esta disponível na internet. Dica imperdível para os amantes de um “outro futebol”.

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Você Sabia

Na seleção que disputou a primeira Copa do Mundo em 1930, apenas um jogador não atuava no Rio de Janeiro. O motivo era a briga entre a CBD (atual CBF), essencialmente carioca, e a Associação Paulista de Futebol. Araken Patuska só conseguiu a façanha porque estava brigado com o seu time, o Santos.


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Belo Horizonte, de 09 a 15 de maio de 2014

OPINIÃO América De igual para igual Representação

Bráulio Siffert Afora o baixo nível do jogo de ida da Copa do Brasil contra o Bahia, o América demonstrou que não deixa nada a desejar diante dos fracos times da Série A. O Coelho jogou até melhor que os baianos e como nos últimos anos tem ganhado mais fora de casa fica a esperança de conquistar a classificação na Fonte Nova na próxima quarta-feira. O avanço à próxima fase garantirá um proveitoso duelo contra o Corinthians e, dada a inconsistência de todos os times brasileiros, equipes de Série B, como o América, podem até sonhar em brigar pelo título. Em seus 102 anos de história – completados

na semana passada – o América não chegou nem perto de vencer uma Copa do Brasil, mas, em nível nacional, já venceu a Copa Sul-Minas (2000), os Brasileiros da Série C (2009) e Série B (1997) e, nas categorias de base, o campeonato brasileiro sub-20 (2011) e a Copa São Paulo (1996).

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

Perdão, só com vitória

Bruno Cantini

Volta, Goulart! Anibal Greco/Site Oficial do Cruzeiro

Rogério Hilário Em pouco mais de duas semanas – não podemos levar em consideração os cinco meses do ano, o Atlético passou de candidato ao tri em Minas Gerais, de favorito ao bi na Copa Libertadores e de forte concorrente ao título brasileiro a vice na disputa regional, à decepção na competição das Américas e a ocupante da zona do rebaixamento no Nacional. E, diante de tamanho vexame, surgiram a demissão de Paulo Autuori e os pedidos de desculpas do presidente do clube, Alexandre Kalil, e do novo comandante Levir Culpi. São todos imperdoáveis. Que todos têm culpa, qualquer torcedor sabe. O que importa, mesmo, para a massa, é qual vai ser a solução numa situação dessas, em que um diz que fez lambança, o outro afirma que falta foco aos jogadores. De explicações,

com certeza, os atleticanos já estão cheios. E as desculpas são as mais esfarrapadas possíveis. Como é que Jô não faz mais gols, Ronaldinho Gaúcho sequer acerta um lançamento, o meio-campo marca mal, os laterais levam bolas nas costas, o time não consegue ser veloz nos contra-ataques e ninguém mais morre no Horto? Até mesmo Victor vem sofrendo gols em conclusões de fora da área. A data para acabar com tanto martírio é domingo, no clássico estadual pelo Campeonato Mineiro, no Independência. Esta na hora de experimentar algum resquício de alegria, pelo menos contra o arquirrival, que o Atlético não conseguiu vencer ainda em 2014. O momento de reagir é agora, perder novamente é imperdoável.

Wallace Oliveira Quarta-feira (7) não foi o dia do Cruzeiro. Mais cedo, a equipe de voleibol perdeu a invencibilidade no Mundial para o Belogorie Belgorod (ainda bem que eu não sou narrador de voleibol, pois esse nome é um trava-língua). O futebol, à noite, foi aquele São Fábio nos acuda, enquanto o San Lorenzo deitava e rolava nas duas pontas. Na Libertadores, uma derrota fora de casa não é o fim do mundo. O problema é reverter a desvantagem contra um adversário que já mostrou que sabe defender e contra-atacar muito bem. É imprescindível, pois, que alguns jogadores recuperem o bom rendimento. Ali onde atuam Júlio Baptista e Ricardo Goulart, em especial, a bola bate e volta, nenhuma jogada vai adiante. Todo mundo sabe que o Marlo-

ne tem um irmão gêmeo. Pelo visto, o Ricardo Goulart também tem um, que não é jogador, mas joga no Cruzeiro em 2014, enquanto o nosso armador tira longas férias. Volta para o Cruzeiro, Goulart! A China Azul sente saudades do seu bom futebol. Cornetagem à parte, o Cruzeiro deve fazer uma partida melhor no Mineirão, como tem sido a regra. Antes, porém, precisa se concentrar em mais um jogo do Brasileirão, dessa vez contra o Atlético/MG. Escalar um time misto nas atuais circunstâncias é a melhor opção, a fim de descansar jogadores para o confronto que realmente interessa, contra o San Lorenzo. Os reservas, por sua vez, não têm deixado a desejar e podem fazer um bom jogo. Vencendo ou não o clássico, esta é a oportunidade de observar alguma possível opção para o jogo da próxima quarta-feira. E dá-lhe Cruzeiro!


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