8 FOTO DA SEMANA
Minas Gerais
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Contra a exploração sexual
Abastecimento está ameaçado em BH
Chargistas de todo o mundo participaram de concurso para denunciar e ridicularizar os turistas que pretendem cometer exploração sexual de crianças e adolescentes
Projetos da empresa Vale do Rio Doce destruirão o maior reservatório de água da capital. Especialistas garantem que os estragos são irreversíveis
13 a 19 de junho de 2014 de 2014 • edição 42 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
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Reprodução
Elite econômica quer democracia sem povo
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ESPORTES
Brasil vence com show de Neymar
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ESPORTES
Empresas que dominam a Copa Partidos de oposição ao governo federal como PSDB, DEM e PPS e os maiores jornais do país se colocaram contra o Decreto que prevê o envolvimento direto da população no acompanhamento dos programas de governo.
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Reprodução
Falta de apoio aos pequenos agricultores Em véspera de eleição para o governo estadual, moradores do campo falam dos grandes problemas que enfrentam
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ESPORTES
Futebol no pé e na cabeça O Brasil de Fato traz sugestões de filmes, livros e músicas para entender melhor o futebol. Jorge Ben é um dos nossos indicados, com a canção “Umbabarauma”
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OPINIÃO
Belo Horizonte, de 13 a 19 de junho de 2014
editorial | Brasil
editorial | Minas Gerais
Muito além da Copa No ano passado, milhares de pessoas foram às ruas em todo o país. Os protestos, que começaram com o questionamento de mais um aumento das passagens, rapidamente se alastraram para demandas de toda ordem. Começou a Copa das Confederações e o evento se tornou mais um aglutinador das centenas de manifestações que seguiram ocorrendo, em todo o mês de junho. Se a Copa das Confederações era um treino para a Copa do Mundo, será que também era um treino para a política? Será que se repetiria a onda de protestos durante o evento da Fifa? Parece que a população brasileira ficou constrangida em comemorar a realização do mundial no país. Apesar de ter sido inicialmente comemorado como vitória. É raro o mundial ocorrer no hemisfério sul e na América Latina. Quando o Brasil obteve essa conquista até a oposição ao governo federal fez questão de aparecer na foto. É fácil perceber os absurdos da Fifa, que impõe suas regras para os pa-
É preciso localizar a questão, entender o que cabe a cada esfera de representação e, sempre, pressionar por mais participação popular na tomada de decisões
consórcio privado, o Minas Arena, para fazer as obras. Foi um bom negócio para as empresas: lucro de R$ 1 bilhão garantido nos próximos 25 anos, mesmo se o estádio ficasse fechado. E certamente muito mais com ele aberto. E um péssimo negócio para o povo: ingressos até 300% mais caros, mesmo depois da Copa. Grandes eventos como este são oportunidades para expor contradições. A lógica do capitalismo é essa: tudo vira oportunidade de negócio. A primeira vítima foi o futebol, que virou uma mercadoria das mais caras. Mas nem tudo é consequência do Mundial. É verdade que precisamos de mais, muito mais, investimentos em saúde e educação. Mas não é verdade que esses recursos foram desviados para os estádios. É preciso localizar a questão, entender o que cabe a cada esfera de representação e, sempre, pressionar por mais participação popular na tomada de decisões. É preciso mudar o sistema político que nos exclui das decisões mais importantes.
Reconquistar o direito de greve O número de trabalhadores paralisando suas atividades vem aumentando no Brasil. A diminuição do desemprego nos últimos anos abriu oportunidades à luta contra as péssimas condições de trabalho e de baixa remuneração no país. A greve é o único meio que os trabalhadores têm para obter coletivamente uma vida melhor. Mas os governos e o judiciário vêm fazendo de tudo para suprimir esse direito, previsto no artigo 9º da Constituição de 1988. A repressão à greve dos metroviários de São Paulo é o melhor e mais recente exemplo. Embora as autoridades estatais falem em legalidade, o que há é uma farsa jurídica. Antes mesmo de deflagrada a greve dos metroviários paulistas, a Justiça do Trabalho decidiu liminarmente: proibição de greve no horário de pico e manutenção de 70% dos trens em funcionamento nos outros horários. O transporte público é considerado por lei “atividade essencial”. Entretanto, na interpretação que o judiciário faz, não há espaço pa-
íses que sediam o evento. A Lei Geral da Copa viola a soberania nacional. Impedir a população de circular por vias públicas, impedir o comércio nos entornos de estádios e delimitar até mesmo a forma de assistir aos jogos são alguns dos absurdos. A preparação para o mundial também gerou indignação. Famílias foram removidas de suas casas. Houve aumento do preço dos ingressos. Todos sabemos que a elitização do futebol não começou com a Copa. Mas as reformas nos estádios aumentou a exclusão dos trabalhadores mais pobres dos estádios. O Mineirão é um bom exemplo. O governo de Minas contratou um
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
ra a mínima perturbação da normalidade, o que retira toda a força da greve. Os grevistas propuseram liberar as catracas, mas o tribunal rebateu que isso “causaria prejuízo à empresa”. Greves funcionam justamente porque causam prejuízos. Sem isso, a mobilização não tem força e nada se conquista.
A greve é o único meio que os trabalhadores têm para obter coletivamente uma vida melhor. Qualquer coisa que fizessem os trabalhadores seria considerado “abuso”. Põe-se o dilema à classe trabalhadora: ou aceitar calada todos os anos a proposta do patrão, amparado pelos tribunais, ou lutar pela reconquista do direito de greve. Os metroviários decidiram lutar e a reação foi digna da Ditadura. O judiciário, conhecido por sua morosidade, resolveu abrir uma exceção: julgou em pleno domingo a greve “abusiva” como um todo, ignorando o texto constitucional que restringe o julgamento a atos individuais de eventual abuso. O governo anunciou demissões. As multas ao sindicato já chegam a quase R$ 1 milhão. A mesma mídia que tenta jogar a população contra os grevistas em nome do “direito de ir e vir” silencia que o PSDB está há décadas no governo estadual sem investir na ampliação do Metrô e nos demais serviços públicos — como no caso da crise no abastecimento de água em São Paulo. A população sabe que a qualidade dos serviços depende fundamentalmente dos trabalhadores que os executam e por isso a greve dos metroviários é também uma luta em defesa do Metrô. É hora do povo brasileiro prestar solidariedade aos grevistas. E de toda a classe trabalhadora levantar a bandeira da reconquista do direito de greve.
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CIDADES
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Sete Lagoas faz festa para Uruguai INTEGRAÇÃO Seleção do país vizinho se hospeda na cidade e recebe homenagem Joana Tavares* Parece que já acabou o trauma do Maracanaço. Pelo menos em Sete Lagoas, onde a seleção uruguaia se hospeda e se prepara para a Copa, o clima é de união entre os países. Os jogadores chegaram à cidade da região metropolitana na segunda-feira (9) e na terça (10) fizeram um treino aberto para cinco mil pessoas. E à noite a festa continuou. A prefeitura promoveu uma noite cultural Brasil-Uruguai, com apresentações de música, dança e culinária dos dois países. Mais de duas mil pessoas foram até a Praça Tiradentes. “Tem que ser assim entre países vizinhos e irmãos, não é? Isso confirma e ressalta o que os uruguaios já conhecem dos brasileiros, do calor humano, do bom recebimento”, elogia o cônsul do Uruguai no Brasil, Jor-
ge Luis Pouy-Janavel. Jorge avalia que, apesar de vizinhos geograficamente, a dimensão territorial do Brasil faz com que muitos estados do país – inclusive Minas Gerais – não conheçam traços da cultura de seu país. A chef de cozinha Maria Cristina de Paula confirma essa impressão. Quando foi convidada para montar uma barraca na feira gastronômica, ela, que dá aula no Senac de culinárias estrangeiras, disse que precisou pesquisar para avaliar o que cozinhar. “A comida parece com a nossa, mas eles gostam mais de carne. E a carne parece ser de melhor qualidade também”, diz. Além de sanduíche típico – o Puchero – e outros pratos, Maria Cristina fez o Alfajor, a famosa sobremesa com doce de leite. “Mais uma semelhança com a gente aqui de Minas Gerais.
Dança e música A pequena Mariana Cristina Ribeiro Pereira, de 8 anos, não sabia que a festa era para o Uruguai. Gostou mesmo da apresentação do grupo folclórico Banzé, de Montes Claros. Mariana só tinha olhos para o bumba-meu-boi. Mas esse não foi o único número do grupo, que faz uma pesquisa de diversas danças de origem afro-brasileira. Hugo Ojeda, cantor do grupo uruguaio Tango-x3, ficou feliz em ver apresentações de candombe, que também acontecem em seu país. “Poderia ser uma barreira o idioma, mas não é, porque as raízes são comuns”, disse, antes de soltar a voz em diversas canções de Gardel, Aníbal e Piazzola, acompa-
O que é Maracanaço Os uruguaios inventaram essa expressão para se referir à vitória sobre o Brasil na Copa do Mundo de 1950, no estádio do Maracanã.
Expediente especial durante a Copa ATENÇÃO Confira mudanças nos horários de funcionamento em BH Da redação As partidas da seleção brasileira irão modificar o horário de funcionamento de empresas e serviços na capital mineira. A adaptação de expediente está confirmada para a primeira fase do campeonato, apenas nos dias em que o Brasil estará em campo. Os jogos acontecerão em 12 de junho, às 17h, em 17 de junho, às 16 h, e em 23 de junho, às 17h. Lojas de rua: iniciam o dia às 8h e fecham sempre 1 hora e 30 minutos antes das partidas. Algumas irão reabrir após o jogo. Shoppings: iniciam às 9h e também fecham 1 hora e 30 minutos antes das partidas.
Algumas lojas reabrem após o jogo. Restaurantes Populares: abrem normalmente e funcionam até às 13h. Transporte: o sistema gerenciado pela BHTrans terá reforço entre 14h e 16h. Na hora do jogo, entre 17h e 19h, o número será reduzido, e após, retorna ao normal. Parque Municipal (Avenida Afonso Pena, Centro): aberto das 6h às 14h. os demais parques funcionarão das 8h às 14h. Prefeitura: o expediente dos órgãos de administração municipal se encerrarão três horas antes dos jogos. Em caso de jogos do Brasil em Belo Horizonte, se encerrarão cinco horas antes.
Valéria Borges
Mas o doce de leite deles é mais escuro”, pontua. No fim da noite, não sobrava um pra contar história.
Saúde: UPAs, Hospital Odilon Behrens e Samu funcionarão 24 horas. As CERSAMs funcionam das 7h às 14h. O Serviço Psiquiátrico Noturno, das 19h às 7h. Os Centros de Saúde, Centro de Controle e Laboratório de Zoonoses, Centros de Especialidades Médicas, Centro de Treinamento e Referência, Unidades de Referência Secundária, Centro Municipal de Imagem, Centro Médico de Oftalmologia, Centros de Reabilitação, Farmácia Distrital, Centros de Convivência, Laboratórios Distritais e Central funcionarão entre 7h e 14h. Bancos: abrirão das 8h30 às 12h30.
nhado de quatro músicos e um casal dançarino. “Achei bárbaro tudo que eles apresentaram. Sou apaixonada por dança”, avalia Maria da Conceição Diniz, moradora da cidade, que pretende participar de outras atividades da festa,
que vai até sexta-feira (13). Também na Praça Tiradentes, estão previstas apresentações de dança, artesanato e uma mostra de filmes uruguaios. *Colaborou Wallace Oliveira
PERGUNTA DA SEMANA No dia 31 de maio, Belo Horizonte recebeu a Marcha da Maconha. Com dizeres como “legalizar para acabar com a guerra às drogas”, cerca de 10 mil manifestantes protestavam a favor da descriminalização da droga para uso medicinal e recreativo. O Brasil de Fato MG pergunta:
O que você acha da liberação da maconha?
“Tem tanta coisa ilícita acontecendo no Brasil, a maconha é de menos. A droga já é até liberada, só não assinam um papel. Usam na sua frente. Não liberam porque muitos “peixes grandes” vão deixar de ganhar dinheiro. Se liberasse, talvez acabaria um pouco da corrupção.”
“Não sei o que é pior, se é liberar ou não liberar. Se você não libera, todo mundo usa porque é proibido. Às vezes se liberar vai diminuir o uso... Eu acho que é melhor liberar”.
Edmar Cândido Cassini, 37 anos, gesseiro
Stefânia Poliane, 27 anos, cozinheira
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CIDADES
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Projeto lista grupos de resistência negra em BH
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CULTURA NEGRA Pesquisa da UFMG elabora mapa com as lutas de jovens negros na cidade e região Agência megafone
Maíra Gomes A luta de movimentos negros ganhou novo aliado na capital de Minas Gerais esta semana. Na terça (10), foi realizado o lançamento do Mapa da Resistência da Juventude Negra de Belo Horizonte, no Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Inicialmente, o projeto investigou 17 grupos de jovens que debatem questões relacionadas à hierarquia geracional e à temática racial, alguns com atuação na região há 20 anos. O Mapa é resultado de um projeto de pesquisa desenvolvido pela equipe do Programa de Educação Tutorial - Conexões de Saberes, vinculada ao Núcleo Conexões de Saberes da UFMG. “A ideia surgiu da identificação de alguns problemas como o genocídio da juventude negra e o mito da democracia racial, que tem atuado para inviabilizar os problemas vividos pelos jovens negros”, relata Tayane Lino, integrante da
equipe de coordenação do projeto. Com um layout que dialoga com a juventude, o Mapa apresenta grupos que promovem a cultura negra ou fazem o trabalho em âmbito institucional, como conselhos municipais e debates em universidades. “As bandeiras de luta, as ações, a ocupação da cidade, a participação ou não em espaços formais, dinâmica interna e externa, tudo isso foi
A ideia surgiu da identificação de alguns problemas como o genocídio da juventude negra e o mito da democracia racial
captado pelos alunos e pesquisadores e está apresentado no Mapa”, explica Tayane. O Fórum das Juventudes de BH aglutina grupos de jovens negros na Região Metropolitana, alguns desses mapeados pelo proje-
to. “São processos históricos de debate e atuação dos problemas de jovens negros, grupos e experiências diversificadas. É importante o registro dos trabalhos”, declara Vanessa Beco, secretária executiva do Fórum. A Guarda Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário é o mais antigo do Mapa. Criada em janeiro de 1944, a Guarda é um grupo de Reinado, expressão reli-
giosa e cultural, que reúne elementos da religiosidade africana e da fé católica. A história do grupo, objetivos e fotografias estão apresentados no Mapa. Até dezembro deste ano, dez novas organizações de resistência devem entrar para o Mapa, que pode ser visto no site: http://agenciamegafone.com.br/mapa/
Protestos em BH na abertura da Copa Barnabé di Kartola/Maria Objetiva
Da redação Cerca de mil pessoas se reuniram no início da tarde de quinta-feira (12) na Praça Sete para protestar no primeiro dia de jogo da Copa do Mundo no Brasil. Os manifestantes, de diversos movimentos sociais, levantavam bandeiras com o lema “Copa pra quem?”. Bruno Cardoso, do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac), entidade que, em maio, realizou um encontro nacional em BH, explica que o protesto iniciou na Praça Sete como uma denúncia em relação aos gastos do mun-
dial e à atuação da FIFA. “A intenção é fazer a crítica necessária a toda essa questão. Temos diversas pautas, como a moradia, por exemplo”, diz. Bruno conta que outras pessoas se somaram ao protesto e subiram a avenida Afonso Pena e João Pinheiro até a Praça da Liberdade, onde está o relógio que contava os dias para a realização do mundial. Lá, a Polícia Militar disparou bombas de gás contra as pessoas. Bancos e outros prédios foram quebrados e pelo menos dez manifestantes foram detidos.
Quando chegaram na Praça da Liberdade, manifestantes foram recebidos com violência policial
Praça da Estação vira Zona Cultural de Belo Horizonte A Prefeitura de BH oficializou a criação da Zona Cultural Praça da Estação, em decreto publicado no Diário Oficial de terça (10). A decisão pretende estimular a realização de eventos de pequeno e médio porte, priorizando produtores e artistas locais. Será criado um Conselho Consultivo, de caráter paritário, vinculado à Fundação Municipal de Cultura, que deverá definir o calendário de atividades e outras obrigações. O decreto estabelece ainda o prazo de um ano para a elaboração de um plano diretor para o local. Os eventos foram proibidos pela prefeitura no local em 2009. Um ano depois, o Executivo liberou as atividades após protestos de movimentos culturais.
Barraqueiros podem voltar a trabalhar no Mineirão após Copa Depois de quatro anos sem ter um local fixo para trabalhar, os barraqueiros do Mineirão podem voltar ao local ainda este ano. A garantia foi assinalada pelo Secretário de Administração da Regional Pampulha, Humberto Pereira, na segunda (9). A expectativa é que a proposta da prefeitura seja formalizada em reunião ainda nesta semana. O comércio na área externa do Mineirão existe desde a década de 60, mas em 2010 as 150 famílias que ali trabalhavam foram obrigadas a sair por causa das obras para a Copa do Mundo. Desde então, muitos estão em situação precária e sem nenhum recurso para manter suas famílias.
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Políticas de incentivo não atendem agricultura familiar REIVINDICAÇÕES Trabalhadores rurais exigem dos candidatos plano de governo com maior atenção ao campo Reprodução Maíra Gomes O estado de Minas Gerais é o segundo estado em agricultores familiares no Brasil, atrás apenas do Paraná. Cerca de 10% dos agricultores de todo o país estão no estado, totalizando quase 500 mil famílias no campo. Nesse bojo estão desde indígenas, quilombolas, ribeirinhos, vazanteiros, geraizeiros e sem terra, uma grande diversidade de modo de vida e produção agrícola. Economicamente, a produção agrícola familiar tem um importante peso, com cerca de 52% da produção de leite, quase metade do milho, 44% do arroz, 32% de feijão e café e 83% da mandioca de todo o estado é produção de pequenos agricultores.
Agricultura familiar produz cerca de 52% do leite, quase metade do milho, 44% do arroz, 32% de feijão e café e 83% da mandioca No entanto, organizações de agricultores familiares denunciam que o atual governo de estado não tem olhado para essa população. “Os agricultores trabalham em pre-
Estado tem muitas terras públicas e muitas pessoas vivendo em situação precária
cárias condições. Não tem uma política de agricultura que incentive os pequenos produtores em Minas”, declara Joceli Andrioli do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que aponta ainda dificuldades no acesso às políticas nacionais existentes por falta de apoio no estado. Pautas comuns unem organizações Os movimentos e organizações do campo se uniram para elaborar conjuntamente uma pauta de reivindicações aos candidatos ao governo de Minas. Em encontro com Fernando Pimentel, candidato petista, no início do mês, os pontos foram debatidos e o candidato se comproMST
meteu a elaborar um plano de governo que abarque também os problemas vividos pelos trabalhadores do campo. “Tivemos um diálogo com o candidato porque queremos um governo que possa responder aos nossos desafios”, explica Maria Alvez de Souza, diretora de Políticas Sociais e Previdência da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAEMG). Um dos quatro pontos da pauta trata da criação de uma Secretaria de Agricultura Camponesa e Familiar, para dar base para o acesso e aprofundamento de políticas nacionais de incentivo à agricultura familiar. “O governo do estado possui uma sub secretaria de agricultura familiar, que é esvaziada de recursos e de infraestrutura. Precisamos de base institucional para ter acesso às políticas nacionais criadas nos governos Lula e Dilma e outras políticas a que não temos acesso na atual gestão do governo de Minas”, declara Samuel Costa, dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Terras públicas e direitos são reivindicações Outro importante debate é o acesso à terra. O estado de Minas é um dos que mais possui terra devoluta no país, mais de 200 mil hectares. “Temos muita terra que é pública e muitas pessoas que vivem em condições precárias com pouco espaço de terra”, denuncia Samuel. Grandes projetos beneficiam apenas as grandes empresas produtoras de eucalipto principalmente, trazendo vários impactos à população do campo. Os grupos pedem desapropriação de terras que não cumprem sua função social e distribuição das terras devolutas do estado para trabalhadores do campo. As quase 3 milhões de pessoas que vivem no campo em Minas Gerais têm dificuldades de acesso a políticas de saúde, educação, lazer, energia elétrica e outras. A garantia do aceso a estes direitos é fundamental para o povo do campo, para que não se tenha uma continuidade do êxodo rural no estado. “O programa Luz para Todos é federal, mas em Minas 70% das famílias assentadas não têm acesso à energia elétrica”, conta Samuel.
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Pimenta da Veiga é suspeito de receber R$ 300 mil das agências de Marcos Valério O Ministério Público Federal (MPF) confirmou na terça (10) que recebeu da Polícia Federal (PF) o relatório sobre o indiciamento por lavagem de dinheiro do pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, Pimenta da Veiga. Ele é suspeito de receber R$ 300 mil das agências de publicidade de Marcos Valério, condenado pelo mensalão. Em declaração à imprensa em abril deste ano, Pimenta da Veiga confirmou ter recebido o valor da agência de publicidade SMP&B, mas que este se refere a serviços prestados pelo seu escritório de advocacia. A PF e o MPF disseram que a investigação segue em sigilo e que, por isso, não poderiam revelar detalhes.
Goleiro Bruno será transferido Segundo decreto publicado na terça (10), o goleiro Bruno Fernandes será transferido para a Penitenciária Francisco Sá, a cerca de 50 km de Montes Claros, onde fica a sede do Montes Claros Futebol Clube, time com o qual Bruno tem contrato de cinco anos. Integrante da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais, Adilson Rocha, acha positivo o trabalho do atleta. “A pena tem sentido de castigo e de ressocialização. E o trabalho é, sem dúvida, um instrumento”, esclareceu. O assunto é polêmico. No início do ano, movimentos organizados de mulheres na cidade fizeram manifestação contra a entrada do jogador no time.
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Água ameaçada em BH ALERTA Busca por minério destruirá os maiores reservatórios da região Rafaella Dotta um aquífero, é irrecuperável, porque você destruiu o Movimentos querem a sistema de filtração e armaproteção da Serra do Ganda- zenamento de água”, comrela, com a intenção de pro- pletou. teger o aquífero que fornece Essa destruição pode es40% da água de Belo Hori- tar perto de acontecer no zonte e 85% do município de Gandarela, devido a projetos Caetés. Caso projetos de mi- da empresa Vale do Rio Doneração sejam aprovados, ce. O professor universitário causarão danos irreversíveis, garantem ativistas, que Quando se explode conseguiram sua primeira um aquífero, é reunião com ministra nesta irrecuperável, porque quarta-feira (11). “Não é só poluição. É a você destruiu o destruição definitiva de um sistema de filtração e aquífero”, alerta Maria Teresa de Freitas Corujo, do armazenamento de Movimento pela Preserva- água ção da Serra do Gandarela. Ela afirma que quando o ca- e especialista em justiça amso é poluição, podemos pen- biental Eder Jurandir Carsar uma forma de despoluir. neiro afirma que a exploraMas, “quando se explode ção de minério está causan-
do problemas generalizados em toda Minas Gerais, “processo que acarreta violação de direitos humanos de forma recorrente”. Para finalizar, o professor alerta: “O Gandarela é um dos únicos pontos ainda não minerados”.
de dentro das reservas, para não criar obstáculos aos projetos empreendidos pela Vale do Rio Doce. “Não tem a menor lógica criar um parque nacional e deixá-los de fora da proteção, se o parque é justamente para proteger isso”, diz a ativista.
Criar áreas de proteção O Movimento pela Preservação da Serra defende que sejam criadas duas áreas: um Parque Nacional e uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Juntas, elas têm o objetivo de proteger a serra e as comunidades do entorno, que seriam atingidas diretamente pela mineração. No entanto, afirma Maria Teresa, a intenção é retirar os territórios de mineração
Movimentos não conseguem respostas O Brasil de Fato MG entrou em contato com três órgãos do governo: o Ministério do Meio Ambiente, a Casa Civil e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, não obtendo resposta de nenhum deles. Como afirmado por Maria Teresa, a presidência tinha sinalizado votar a criação do Parque do Gandarela no dia 5 de junho, o que não
aconteceu. Nesta quarta-feira (11), houve a primeira reunião entre o movimento, o deputado federal Padre João e Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente. Segundo Maria Teresa, o principal resultado foi a apresentação de argumentos e relatório técnico que mostram a necessidade da proteção à serra. “Nos pareceu que ela não foi informada devidamente sobre a situação, mas agora sabe dos nossos motivos”, disse. A ministra não respondeu a um prazo de criação das áreas, dizendo que isso é confidencial até a decisão da presidência. Segundo Maria Teresa, o movimento irá enviar os documentos técnicos e aguardará resposta.
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Fórum discute futuro das águas do Sul de Minas AMEAÇA Com presença de integrante da ONU, representantes de quatro cidades se unem para Marcelo Britto proteger águas minerais Rafaella Dotta “Tudo o que aprendemos na escola sobre a água está completamente errado”, iniciou Maude Barlow, ativista canadense presente no primeiro Fórum Nossas Águas, realizado em 7 de junho em Cambuquira. Lá, quatro cidades do Sul de Minas se reuniram para debater o futuro das águas minerais, altamente exploradas pela empresa Nestlé. A ativista, que é integrante da Organização das Nações Unidas (ONU), abriu o evento alertando para a enorme exportação das águas brasileiras, através da mineração, da produção agrícola, da produção de etanol e do próprio engarrafamento. “Desde 1990 mais da metade dos riachos da China sumiram. Para fazer os produtos que a China exporta, esse foi o custo”, exemplificou Maude, afirmando que o Brasil está seguindo o mesmo caminho. Essas atividades são consideradas “exportadoras de água” porque contaminam ou transportam muitos litros. O etanol, por exemplo, gasta mil litros de água para cada litro de combustível produzido, segundo a ativista. Por isso, as águas ficarão
cada vez mais caras e “as empresas estão correndo para se apropriar delas”, disse Maude Barlow.
As águas ficarão cada vez mais caras e as empresas estão correndo para se apropriar delas Água para ricos e sede para pobres “É preciso elaborar um plano para garantir água a quem não vai ter”, disse a representante da ONU. No Canadá, o governo entregou o departamento que administrava a distribuição de água a uma empresa, o que resultou no corte imediato da água de 150 mil casas. “Essas são pessoas pobres e em geral negras, e não tem condição de pagar pelo aumento ocorrido nos últimos dez anos no Canadá”. Populações querem preservar suas águas As cidades de Baependi, Caxambu, Cambuquira, São Lourenço, Lambari e Carmo de Minas formam a região das Águas da Mantiqueira de Minas, antigamente chamada de Circuito das Águas. Elas possuem nascentes de água Marcelo Britto
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CURTA
Escala mínima na saúde Em greve há mais de 15 dias, os servidores estaduais da saúde terão de retornar ao trabalho, em 100% nas UTIs, CTIs e unidades de urgência e emergência, e em 50% nos demais locais de trabalho da Fhemig. O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) denuncia as precariedades do sistema de saúde e a ausência de negociação com o estado. O Tribunal de Justiça agendou uma audiência de conciliação para sexta-feira (13), às 15h.
Enterro na Assembleia Legislativa
Maude Barlow ativista canadense da ONU presente no primeiro Fórum Nossas Águas
mineral com fins medicinais e terapêuticos, sendo que Cambuquira tem a melhor água mineral do mundo. A parte triste, conta Ana Paula Lemes de Souza, presidente da ONG Nova Cambuquira, é que a antiga “melhor do mundo” deixou de ser envasada por motivos não esclarecidos, sugerindo a possibilidade da exaustão total da fonte . Essa é a preocupação das organizações que querem reverter o quadro de exploração no Sul de Minas. “A situação em Cambuquira está melhor porque as ONGs ainda não deixaram nada de mais sério acontecer”, afirmou Ana Paula. No Fórum, Cambuquira foi contemplada como primeira “Comunidade Azul” da América Latina, título concedido por uma ONG canadense e que pretende chamar a atenção para a proteção das águas.
A ONG Nova Cambuquira também lançou a petição “Água é saúde, água é vida”, que pede a retirada das águas minerais do Novo Código de Mineração. O objetivo é proteger as águas de uma exploração que vai até o esgotamento das jazidas, como permite o Código. O documento será entregue ao deputado Leonardo Quintão, relator do Novo Código de Mineração, e ao deputado Gabriel Guimarães, presidente da Comissão Especial para o caso. Ainda que a petição seja aprovada em lei, Bergson Guimarães, coordenador regional das promotorias de Justiça do Meio Ambiente da Bacia do Rio Grande, afirma que o movimento da população não pode acabar. “Só a aprovação da lei não basta. Implementá-la é uma nova luta”, estimulou o promotor.
Nesta quarta-feira (11), a direção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/ MG) se reuniu com a secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Renata Vilhena. O encontro foi fruto da série de manifestações realizadas nas últimas semanas. Paralelamente, os educadores encenaram na Assembleia Legislativa de Minas Gerais o enterro simbólico dos doze direitos retirados da categoria nos mandados de Aécio Neves e Anastasia.
Professores de BH suspendem greve Em assembleia no dia 11, quarta-feira, os professores da rede municipal também suspenderam a greve. Eles aguardam resposta da prefeitura até 7 de julho e podem voltar à paralisação das atividades no dia 18 do mesmo mês.
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Acompanhando
Na edição 21...
A charge acima é da “Campanha Internacional contra a exploração sexual de crianças “ promovida por movimentos sociais e entidades ligadas aos direitos humanos de todo o mundo. O projeto chama a atenção para o agravamento do problema durante o período de Copa do Mundo. O “sexo fácil” é anunciado por redes criminosas que exploram tanto mulheres como crianças e adolescentes. As brasileiras também são frequentemente relacionadas a objetos de consumo nas campanhas publicitárias voltadas para turistas. No início do ano, por exemplo, a Adidas criou peças que vinculam a imagem das mulheres brasileiras à apelos sexuais.
Prefeito tenta matar liderança quilombola no Norte de Minas ...E agora
Igor Fuser
Clair da Flora Martins e Eloá Cruz
Se a direita ganhar
Burocracia jurídica impede desestatização da Vale
O Brasil enfrenta, nas eleições presidenciais deste ano, o risco de um brutal retrocesso político, com o eventual retorno das forças de direita – representadas, principalmente, pelo candidato tucano Aécio Neves – ao governo federal. Nesse caso, teremos uma guinada rumo a um país mais desigual, mais autoritário, mais conservador. Não será apenas uma reprise do que foram os tempos de FHC. Limitando este exercício de imaginação apenas à política externa, é aposta certa supor que uma das primeiras medidas de um governo Aécio seria a expulsão dos profissionais cubanos engajados no programa Mais Médicos. Também imediata seria a adesão do Brasil a um acordo do Mercosul com a União Europeia nos termos da finada Alca. O Mercosul, se sobreviver, voltará a ser apenas um campo comercial, destituído do projeto político de uma integração mais profunda. A Unasul e a CELAC, esvaziadas, se tornarão siglas irrelevantes, enquanto a moribunda OEA ganhará um novo sopro de vida. Quanto ao Brics, articulação central no combate ao domínio unipolar do planeta pelo império estadunidense, sofrerá um baque. Golpistas latino-americanos, já assanhados após os triunfos em Honduras e no Paraguai (ações antidemocráticas combatidas com firmeza por Lula e Dilma), ganharão espaço. Que o diga Maria Corina Machado, líder da atual campanha de desestabilização na Venezuela, que foi recebida com fanfarra pelo governador Geraldo Alckmin do PSDB. Governos e movimentos sociais progressistas, na América Latina e no mundo, perderão um ponto de apoio. Isso é apenas uma parte do que está em jogo nas eleições. Espantoso é que, no campo da esquerda, tantos pareçam não se dar conta.
O novo capítulo da “novela jurídica” que envolve as ações que questionam o leilão e o valor do acervo da Vale do Rio Doce, desestatizada em 1997, diz respeito a uma decisão do Ministro do STF, Gilmar Mendes, publicada em 05 de maio último. Mendes negou provimento a um recurso extraordinário interposto no final de 2012 pela Vale. Apesar da decisão beneficiar todos os autores das ações populares, o andamento do processo poderá continuar suspenso até o julgamento do novo recurso. A liminar suspendeu mais uma vez, desde o final de 2010, a decisão da 5ª Turma do TRF da 1ª Região (Brasília), que determinou que as ações populares voltassem a Belém do Pará para novo julgamento. As ações exigem nulidade do Edital do Leilão e perícia sobre a realidade do patrimônio leiloado, definindo o verdadeiro valor do acervo da CVRD, fixado em somente R$ 3,34 bilhões, em 1997. Se for confirmado que houve sonegação e subavaliação de bens, as decisões pela nulidade da venda será coisa certa. Os autores das ações esperam que o Ministro revogue a liminar. Não há mais motivos para manter paralisadas as dezenas de ações populares que tramitam na Justiça desde 97. Que as riquezas produzidas pela Vale possam, realmente, servir ao desenvolvimento econômico social do país, de uma forma sustentável, beneficiando o conjunto da população brasileira e não a grupos particulares que se apropriaram destes benefícios através do Leilão. Além da nulidade da licitação, os autores confiam que o Estado brasileiro possa ser recompensado financeira e moralmente dos prejuízos que teve com a venda espúria desse grande patrimônio público.
Igor Fuser é jornalista e professor do curso de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Clair da Flora Martins e Eloá Cruz são advogadas e autoras de ações populares pelo cancelamento da privatização da Vale.
Na entrevista da edição 21, conversamos com José Carlos de Oliveira Neto, liderança do quilombo Brejo dos Crioulos, que denunciou a violação de direitos dos negros na região de São João da Ponte. Na terça (10), os moradores do quilombo fizeram uma vigília em frente ao Tribunal de Justiça de MG. Quatro quilombolas estão presos há dois anos pela morte de um jagunço da região. O advogado, Elcio Pacheco, afirma que a prisão foi feita com irregularidades e que um recurso pode anular a condenação. O resultado sai em 10 dias e, se for pela anulação, os quilombolas entrarão com pedido de habeas corpus. Na edição 30... Burocracia contra hip hop ...E agora O Duelo de MC´s não acontecia desde o final do ano passado. A PBH fechou o Viaduto Santa Teresa e exigiu pagamentos de R$ 600,00 em taxas para realização da atividade. Após muito embate com a prefeitura, graças à intervenção da Procuradoria Geral do Município em abril, o grupo conseguiu se ver livre do pagamento. Conquistaram alvará de funcionamento para realizar o evento de 15 em 15 dias, de 12 às 21h na Praça Sete. No último dia (7), ocorreu o Duelo reunindo 800 pessoas.
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ENTREVISTA
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“A Fifa nunca tomou medidas drásticas contra o racismo” ESPORTE O historiador Joel Rufino conta suas impressões sobre os recentes crimes raciais no futebol André Vieira do Rio de Janeiro No ano em que o Brasil recebe a Copa do Mundo da Fifa, novos casos de racismo no futebol continuam surgindo. Episódios que muitas vezes não recebem a atenção necessária por parte de governos e entidades esportivas. O Brasil de Fato entrevistou o professor e escritor Joel Rufino, um dos maiores especialistas no debate sobre os direitos da população negra. Brasil de Fato - Como o senhor avalia o racismo no futebol? Joel Rufino - O futebol se tornou um dos negócios mais rentáveis do mundo. Os clubes europeus disputam aqueles campeonatos a ferro e fogo, como se fossem batalhas, e nesses momentos de grande competição o racismo aparece, é colocado pra fora. Em épocas de paz, sem competitividade, o racismo existe, mas está escondido, a pessoa tem vergonha de ser racista. Quando a competição se acirra como nesse futebol de hoje, a pessoa perde a vergonha. A CBF lançou em 2014 a campanha “Somos Iguais”. O senhor acredita nas ações da Fifa e de suas confederações no combate ao racismo? Eu acho muito difícil a Fifa ser sincera em alguma coisa. Não acredito. Pode ser que ela seja também, temos que dar o benefício da dúvida. Mas uma instituição com a riqueza da Fifa, com o poder de entrar nos países e fazer o que quiser, de distribuir dinheiro, como é que pode uma instituição dessa combater o racismo? Por exemplo, faz tempo que podiam tomar medidas drásticas contra as demonstrações de racismo. Nunca tomaram. Aqui mesmo na América do Sul, houve o caso do Peru, quando xingaram um jogador bra-
sileiro num jogo em Lima. Esse time continua na liga, não puseram pra fora. Os juízes levam o jogo até o fim por instrução das federações, embora a regra seja clara. Em caso de demonstração de racismo os juízes podem parar o jogo, mas eles não param. Na prática,
“Qualquer ato de racismo contra uma pessoa tem que ter uma reação, ou da própria pessoa ou de quem estiver ao lado” eles não fazem nada. [Joel se refere ao jogo entre Cruzeiro e Real Garcilaso em fevereiro de 2014. Na partida, quando o jogador do time mineiro Tinga pegava na bola, a torcida adversária imitava sons de macaco]. E durante o mundial de futebol? Nessa Copa que vai ter aqui no Brasil, se houver demonstração de racismo por parte dos torcedores ou dos jogadores em campo, você acredita que a CBF e o governo brasileiro vão tomar alguma medida? Você acredita? Não, eles não vão, porque eles vão querer continuar a Copa. O importante para eles é a Copa. Em uma partida contra o Villareal em abril deste ano, o lateral do Barcelona Daniel Alves comeu uma banana arremessada no gramado. Para o senhor, o que representa esta atitude? Pode ser um plano de marketing, mas até que provem o contrário foi um gesto espontâneo e antirracista. A banana, que é símbolo do macaco, portanto é um símbolo racista, foi comida por ele e aquilo vai se transformar em merda. Tudo o que você come se transforma em merda. Eu achei muito bonito, eu gos-
tei disso. Acho que foi um anti-gesto, um anti-símbolo. Comeu a ofensa e transformou ela em merda. Como devemos enfrentar o racismo? Eu acho que tem que reagir, essa é a primeira coisa. Qualquer ato de racismo contra uma pessoa tem que ter uma reação, ou da própria pessoa ou de quem estiver ao lado. Isso de alguma maneira é pedagógico. Não é pela punição em si, mas ensina que o racismo é um crime. A segunda é apoiar as ações afirmativas do governo, seja qual for. Vê se muda esse quadro de ausência de profissionais negros. O problema é estrutural. Se é preconceito, eu posso citar aqui número de
Arquivo pessoal
medidas que se podem tomar. Se é o racismo, que é estrutural, é muito mais sério, demanda muito mais esforço de todos, das orga-
nizações, dos sindicatos. É preciso organização para fazer reformas de base. Pressão, luta, ir para as ruas.
Os professores na TV
sábado - 8h20 - TV Band Minas
quarta - 11h | sexta - 20h | sábado - 16h - TV Comunitária de BH www.youtube.com/sinprominas O programa de TV do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais. Temas relacionados à educação e assuntos em debate na sociedade.
Filiado à Fitee, Contee e CTB - www.sinprominas.org.br
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BRASIL
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População deve ser ouvida sobre programas do governo, prevê decreto MAIS DEMOCRACIA Medida cria política de participação social, mas é atacada por parlamentares de oposição no Agência Brasil Congresso Nacional Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
Uma forte pressão dos partidos que fazem oposição ao governo federal quer derrubar o Decreto nº 8243/14, assinado pela presidenta Dilma Rousseff há duas semanas. A medida cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS), que prevê o envolvimento direto da população no acompanhamento dos programas de governo em diversas áreas. Na prática, a norma define e fortalece o papel de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias e mesas de diálogo que já existem e que venham a ser criados. Esses organismos devem ter participação de cidadãos e organizações da sociedade civil, como coletivos e movimentos sociais. O decreto observa que os órgãos da administração direta (ministérios) e indireta (como Ibama, INSS, Embrapa, Anvisa, etc.) devem levar em conta essas instâncias na formulação,
execução e avaliação dos programas de governo. Pela norma, a escolha dos representantes da sociedade civil deve levar em conta a pluralidade dos segmentos que atuam nos diversos setores. “O que o decreto faz é cumprir o que já está previsto na Constituição Federal. Esses espaços de participação popular foram criados por demanda da sociedade”, afirma José Antônio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Moroni lembra que a primeira conferência nacional do Brasil ocorreu em 1941 e o tema era educação. “Esse aumento da participação social vai fazer com que a população seja mais ouvida. As manifestações de junho do ano passado trazem claramente a demanda do povo de ser mais escutado pelos governos”, defende Pedro Pontual, diretor de participação social da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Manifestações de junho de 2013 exigiram mais participação na política
Reação
Apesar dessas características, partidos de oposição articulam a derrubada do decreto no Congresso Nacional. Na sessão de terça-feira (10), manobra de partidos como PSDB, DEM, PSD e PPS impediu a votação de projetos de lei
‘Querem uma democracia sem povo’ CONSERVADORISMO Meios de comunicação fazem campanha contra participação popular na política, afirmam especialistas As principais críticas do decreto presidencial que institui a participação social nas decisões de governo também foram difundidas pelos meios de comunicação. Alguns dos maiores jornais do país, como o Estado de S. Paulo, O Globo e o Correio Braziliense, dedicaram editoriais e matérias para detonar a proposta. “É uma mudança de regime por decreto”, chegou a classificar o texto opinativo do Estadão nos últimos dias.
“Eles [elite econômica] querem manter esse modelo de democracia baseado apenas na representação porque é onde eles dominam por meio do financiamento privado de campanha, usam de todos os meios para continuarmos a ser uma democracia sem povo”, aponta José Antônio Moroni, do Inesc. Para o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, a campanha midiática con-
tra o decreto mostra que os meios de comunicação empresariais “nunca toleraram a democracia” e são contra qualquer iniciativa de democratizar o poder. “Eles transmitem um discurso de liberdade, mas trata-se da mesma mídia que apoiou o golpe de estado em 1964, sustentou a ditadura militar e não aceita nenhum tipo de participação popular”, argumenta.
no plenário. Uma proposta de decreto legislativo foi apresentada pelo deputado Mendonça Filho (DEM-PE) para suspender os efeitos da norma editada pela presidenta Dilma. “[Foi] uma invasão à esfera de competência do Parlamento brasileiro e uma afronta à or-
dem constitucional do país. A democracia se dá por meio dos seus representantes no Congresso, legitimamente eleitos”, criticou o parlamentar. Um bloco de dez partidos quer levar o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Midia Ninja
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MUNDO
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ELN e governo colombiano negociam fim do conflito armado ACORDO Anúncio é feito em meio à corrida eleitoral que tem nas conversas de paz o tema central da disputa entre presidente e opositor Agência EFE
O governo colombiano e o ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda maior guerrilha do país, estão mantendo conversas desde janeiro para instaurar uma mesa de diálogos e estabelecer a agenda de discussões para pôr fim ao conflito que dura mais de 50 anos no país. O anúncio, feito nesta terça-feira (10), ocorre mais de um ano após o início das negociações de paz com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e em meio à disputa eleitoral que tem no estabelecimento da paz o tema central. O anúncio do início das conversas foi feito pela ex-
-senadora Piedad Córdoba e pelo líder do Clamor Social pela Paz, Germán Roncancio. Os pontos que serão discutidos ainda não foram totalmente definidos. Por hora, as partes estão fazendo uma aproximação e os únicos temas esclarecidos são a inclusão das vítimas e a participação da sociedade nos diálogos que serão realizados. No comunicado divulgado pela guerrilha, as partes agradecem a “Brasil, Chile, Cuba, Noruega, Bolívia e Venezuela pela ajuda ao processo de paz”. Não ficou claro, no entanto, se esses países atuarão como me-
diadores no diálogo com o ELN e tampouco foi especificado em que país ocorrerão as conversas. Candidato à reeleição, Juan Manuel Santos fez dos diálogos de paz o principal tema de sua campanha. As conversas, que são realizadas em Havana com as FARC, são o principal ponto de discórdia entre ele e o opositor Óscar Iván Zuluaga, que venceu o primeiro turno da disputa e critica abertamente o processo conduzido pela atual gestão. O segundo turno das eleições colombianas será realizado no próximo domingo (15). (Opera Mundi)
Anúncio do início das conversas foi feito pela ex-senadora Piedad Córdoba e pelo líder do Clamor Social pela Paz, Germán Roncancio
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Bola na rede (e na TV!)
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Solução
Boa tarde D. Antoninha! Apesar de a lei do SUS dizer que as ACS são peça fundamental para a Saúde da Família, a Prefeitura de BH não faz concurso há seis anos, por isso estão faltando em muitas unidades. Elas são muito importantes, pois facilitam o contato da comunidade com o Centro de Saúde. A população precisa cobrar isso da prefeitura, pois vemos todos os dias gastos enormes com outras coisas que não são tão importantes para o povo. Organize um grupo de pessoas perto da sua casa que também estão sendo prejudicadas e procure uma resposta na prefeitura ou na secretaria de saúde.
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Maria Antoninha, 62 anos, aposentada
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Boa tarde! Você sabe quando chegarão outras Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) pra passar nas casas? Antes, a moça do posto vinha na minha casa todo mês e me ajudava muito, agora dizem no posto de saúde que está faltando ACS.
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A diálise em casa é segura sim. Quando os rins param de funcionar, precisamos de outro método de possa retirar as impurezas do sangue. Existem três formas: hemodiálise, diálise peritoneal e o transplante de rins. A diálise peritoneal pode ser feita em hospital ou no domicílio. Trata-se de um líquido que é injetado no abdome do paciente e depois é retirado junto com as impurezas. Pode ser manual ou automático. Neste caso é usado um aparelho que fica ligado durante toda a noite, levando de 8 a 10 horas para concluir o processo. Para realização no domicílio algum familiar precisa passar por uma capacitação. O maquinário e materiais necessários são fornecidos pelo SUS.
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Amanda, 22 anos, estudante
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O médico da minha avó disse que ela terá que fazer diálise, já que tem problema nos rins. Ele falou que poderíamos fazer em casa. Achei estranho pois nunca ouvi falar disso. É seguro?
Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).
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Amiga da Saúde
safios da vida de jogador de futebol foram retratados na trama. No último capítulo, o pênalti que leva a equipe para a 1ª divisão é inesquecível! Você se lembra? Espero que durante a Copa, a gente possa recordar não só os momentos do futebol nas novelas, mas de todos aqueles em que a bola na rede nos provocou alegria. Bom mundial para você e até semana que vem!
do o ator, à espreita atrás do gol, agarrou a bola na rede e simulou a alegria de ter pontuado o marcador. Mais recentemente, o megassucesso “Avenida Brasil” focalizou o universo do futebol através da figura de Tufão. O personagem, jogador do Flamengo, conquistou sucesso nacional na carreira como atleta. De família pobre, do subúrbio do Rio, acumulou fortuna, abriu projeto social e se dedicou a promover o Divino Futebol Clube, equipe fictícia da comunidade onde vivia com sua família. Os de-
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bem com o espírito da Copa. E, sinceramente, não acho que uma coisa exclui a outra. Eu sei que nosso assunto aqui é novela. Mas em meio ao reboliço futebolístico que nos acompanhará durante os próximos 30 dias, inevitável não recordar como o esporte já esteve nas novelas. Pesquisei informações por aí e encontrei algumas referências.
Lá na década de 1970, na história dos “Irmãos Coragem”, reprisada em 1995, o caçula dos três irmãos, Duda, era um atacante de sucesso do Flamengo e depois do Corinthians. Alguns jogos e times “de verdade” eram usados nas filmagens da novela. Nos anos 1980, em “Vereda Tropical”, o ator Mário Gomes deu vida a Luca, inicialmente jogador do Vasco e depois do Timão. A comemoração do gol fictício marcado por Luca no jogo entre Vasco e Corinthians foi gravada no próprio Morumbi, quan-
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Pronto! Depois de anos de espera, a Copa do Mundo no Brasil começou. Ruas enfeitadas, clima de festa, bolões de resultados, adoração aos jogadores e as seleções. Outra rotina. É bom ter a rotina quebrada, não é mesmo? O futebol é traço tão forte em nossa cultura que a insatisfação com o mundial tem convivido
Novela
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CULTURA
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Festival de Inverno da UFMG está em BH OCUPAÇÃO Público externo é convidado a se apropriar do Campus Pampulha, que recebe com espaços de descanso e palcos livres Divulgação
Da redação
ras para troca de mudas e sementes, comidas típicas de aldeias e terreiros africanos, redes para descanso dos participantes e palcos livres para apresentação de diferentes atrações artísticas. Além disso, para facilitar e apoiar a discussão de mobilidade urbana na capital, serão destinados espaços prioritários para aqueles que adotarem a bicicleta como condução e o transporte público terá catraca livre. Realizado em três faixas de programação – manhã, tarde e noite – o Festival de Inverno da UFMG promoverá, na primeira faixa, encontros transdisciplinares entre os participantes do evento e convidados; atividades à tarde dos grupos de trabalho (GTs), que, na prática, são as an-
Após ter passado por diversas cidades do interior de Minas em seus 22 anos de existência, o Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), será realizado em Belo Horizonte novamente. O evento acontece no campus Pampulha, entre os dias 18 e 26 de julho. O tema escolhido para a 46ª edição, “Campus: Território Livre”, marca o início do novo ciclo no projeto, que pretende convidar o público externo ao ambiente acadêmico para se apropriar e desfrutar das imediações da universidade como espaço de livre convivência. Para isso, na semana do festival, o campus abrigará hortas comunitárias e fei-
AGENDA DO FIM DE SEMANA DANÇA
Apresentação do espetáculo “Ressonâncias e Brasilidades”, da Quik Companhia de Dança. A atração envolve música, arquitetura e apropriação do espaço público. Sexta (13) e domingo (15), às 11h30, na Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha).
RAP
tigas oficinas; e, finalmente, um conjunto de exibição de cinema, no início da noite, em vários pontos do câmpus Pampulha, seguido de apresentações artísticas – música, teatro e performances. Para César Guimarães, coordenador do evento nos últimos dois anos, a edição 46ª “trata-se, em pequena escala, de inventar a reciprocidade que a universidade deve à comunidade a que pertence, mas da qual ela própria tantas vezes se defende e se protege”.
As inscrições para as oficinas do projeto, que ainda serão divulgadas, começarão no final de junho. A divulgação da programação está prevista para o próximo dia 17 e pode ser vista no endereço www.facebook.com/festivalufmg.
é tudo de graça! INFANTIL
Crianças torcedoras participarão de bate-papo sobre futebol, que promete confirmar que os O evento Batalha pequenos também enda Rua apresenta tendem desse espormais um duelo en- te. Mediação de Thiago tre MC’s. Sexta (13), Costa, Coordenador do das 17h às 19h, no Museu Brasileiro do FuShopping Uai (Rua tebol. Domingo (15), às Saturnino Brito, 77, 22h, no Memorial Minas Centro). (Praça da Liberdade, s/ nº, Funcionários).
SOUL BH recebe mais um Quarteirão do Soul, com músicas dos anos 70 e 80 no estilo soul e funk. Sábado (14), das 14h às 20h, No Espaço Santa Catarina Soul (Rua Santa Catarina, esquina com Av. Amazonas).
Segunda a quinta-feira TEATRO
O espetáculo “Bata-me! (PopWitch)”, com direção de Diego Bagagal, é um conto de fadas contestador. A peça retrata a história de uma trans-bruxa brasileira, residente ilegal na Europa, e espancada por um príncipe encantado. De 13 a 29/06. Quintas a domingos, às 20h, no Espaço CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro).
INTERATIVIDADE
2ª Mostra ArteSônica de Belo Horizonte promove o som e a música como objetos de experimentação artística. O público poderá conferir shows, performances, participar de oficinas, além de conferir seleção especial de filmes e documentários. De 18 a 22/06, no Teatro Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Serra). A programação completa pode ser vista na página www.facebook.com/MostraArteSonica
EXPOSIÇÃO Mostra “Gambiólogos 2.0” apresenta ao público 30 obras de arte realizadas com sucata e outros materiais inusitados. Construção de peças ao vivo. Até 17/08, terças, quartas, quintas e sextas das 11h às 21h, e domingos, das 11h às 19h, no Teatro Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Mangabeiras).
CINEMA
Mostra “Estéticas do Jogo” exibe diferentes aproximações estéticas do cinema com os mais distintos jogos e esportes. De 13 a 27/06, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).
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ESPORTES
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O futebol na estante, na vitrola e no vídeo Miguel Stédile A paixão pelo futebol sempre ultrapassou os gramados e inspirou inúmeros artistas que contaram ou cantaram dribles, heróis, partidas vencidas ou derrotas dos seus times. O Brasil de Fato MG apresenta sugestões para quem quer que o futebol não fique só nas partidas de tevê e entre em campo nos livros, CDs e filmes.
Futebol para ouvir Bola na trave não altera o placar, bola na área sem ninguém para cabecear... Dificilmente alguém vai escapar de passar esta Copa sem ouvir “É uma partida de futebol” do Skank. Os mineiros, torcedores do Galo e da Raposa, criaram um verdadeiro hino ao esporte, reforçado pelo naipe dos metais no refrão. Antes deles, Jorge Ben já cantava que era Flamengo e tinha uma nega chamada Teresa. Antes de mudar o nome para Ben Jor, o carioca também homenageou o jogador Fio Maravilha e um ponta-de-lança africano em “Umbabarauma”. No ano passado, a música foi regravada com participação de Mano Brown, do Racionais MCs. Fluminense doente, com direito a bandeira com seu rosto na torcida, Chico Buarque também montou um famoso time de amigos para as peladas durante as turnês. “Pelas tabelas” mistura futebol com a luta pela democratização do país, mas também escreveu sobre as tentativas dos amigos flamenguistas em converter sua filha, fluminense, em “Receita para virar casaca de neném”.
Indicações do Brasil de Fato “País Tropical”, 1969, álbum Jorge Ben “Umbabarauma”, 1976, álbum África Brasil, de Jorge Ben “Ilmo. Sr. Ciro Monteiro ou Receita pra virar casaca de neném ”,1969, de Chico Buarque “Pelas tabelas”, 1984, do álbum Chico Buarque, de Chico Buarque “É uma partida de futebol”, 1996, em O Samba Poconé , do Skank
Dribles para ler
O inglês Nick Horbny se tornou popular nos anos 90 e teve vários livros adaptados para o cinema, como “Alta Fidelidade”. No entanto, foi com “Febre de Bola”, em que associa uma partida de futebol para cada momento importante de sua vida, que estourou internacionalmente. No meio de tantos times ingleses, Horbny cita uma única seleção: a brasileira. O professor Hilário Franco Junior foi professor de História Social do Futebol na USP (Universidade de São Paulo). Dos encontros, reunindo torcedores, ex-jogadores, jornalistas e técnicos, saiu um clássico entre os livros sobre futebol, “A dança dos deuses”. No livro, ele descreve como diversas ciências humanas explicam o futebol e, ao mesmo tempo, estabelece um paralelo entre a situação política do Brasil e o esporte, desde sua chegada aqui. Só que o futebol também deixa cicatrizes na alma. O recém-lançado “Uma triste história do futebol no Brasil: o Maracanaço” (Editora Méritos) de Gerson Wasen Fraga reconta o pior episódio da história da nossa seleção: a queda diante do Uruguai em pleno Maracanã em 1950. Fraga mostra como o país queria projetar uma identidade desenvolvida com a Copa e foi obrigado pela derrota a encarar seus problemas sociais, como o racismo. Indicações do Brasil de Fato
“Febre de Bola”, 1992, por Nick Horbny, lançado no Brasil pela Companhia das Letras “A dança dos deuses”, por Hilário Franco Junior, de 2007, da Companhia das Letras “Uma triste história do futebol no Brasil: o Maracanaço”, de Gerson Wasen Fraga, de 2014, Editora Méritos
Jogadas para encher os olhos
Indicações do Brasil de Fato “Barbosa”, 1988, de Jorge Furtado “Pelé Eterno”, 2004 , Aníbal Massaini Neto “Maradona”, 2008, de Emir Kusturica “Rudo e Cursi “, 2008, de Carlos Cuarón
Apesar de nos considerarmos o país do futebol, faltam bons filmes brasileiros sobre o esporte. Uma exceção é o curta-metragem “Barbosa”, de Jorge Furtado. O filme, que pode ser visto na internet, mostra um cientista (Antônio Fagundes) voltando no tempo para tentar impedir o Maracanaço. Para quem gosta de rever jogadas, o documentário “Pelé Eterno” dispensa atenção na narração ou nas histórias. Deixa qualquer um vidrado nas jogadas geniais do camisa 10, algumas delas reconstituídas por computador. Para quem prefere conhecer a vida pessoal dos jogadores, “Maradona”, de Emir Kusturica, revela que o argentino era craque com a bola nos pés, mas também socialmente, com preocupação política e opiniões fortes. Para quem quer assistir com os filhos, vale ver “Um time show de bola”, de Juan Jose Campanella (argentino vencedor do Oscar com “O Segredos dos seus olhos”), baseado em conto de Fontanarosa, o maior escritor de futebol argentino. A trilha é do grupo porta-riquenho de rap Calle 13. Fique de olho em como o vilão lembra o craque Cristiano Ronaldo. Para quem prefere comédia, o mexicano “Rudo e Cursi “, de Carlos Cuarón, mostra dois irmãos, um atacante craque e outro um goleiro medíocre, que se enfrentam em times opostos na primeira divisão em meio à fama, traições, bandidos e lealdade.
“Um time show de bola”, 2012, de Juan Jose Campanella
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ESPORTE
Os donos da Copa Wallace Oliveira Gostamos de futebol e isto ninguém nos tira. Porém, o principal torneio futebolístico da Terra foi capturado pelos proprietários de grandes negócios privados. Convertida em mais um negócio, a Copa do Mundo tem donos. São eles, afinal, os grandes ganhadores dessa competição que, antes de ser esportiva, pertence aos assuntos do mercado. Listamos algumas das principais empresas dos donos da Copa 2014, detentoras de privilégios comerciais: o monopólio do comércio em territórios FIFA, a exposição de suas marcas no evento e o uso comercial dos símbolos da Copa. A maioria dessas empresas tem sua sede na Euro-
pa, Estados Unidos ou Ásia. É o caso, em primeiro lugar, da organizadora FIFA, que lucrará bilhões com as vendas de cotas de patrocínio e direitos de transmissão. Sua sede fica na Suíça, onde o sigilo bancário é tão sagrado quanto a própria vida. A alemã Adidas AG é o segundo maior fornecedor de materiais esportivos do mundo, atrás apenas da Nike, que, embora não patrocine o Mundial, divulgará sua marca por meio de algumas seleções e jogadores. A Adidas quer bater a meta dos 2 bilhões de euros em faturamento e depende da parceria com a FIFA para tanto. Lidera a lista os Estados Unidos, capital internacional do Capital. A Coca-Cola é a maior produtora de bebidas não-alcoólicas. O
McDonald’s Corporation tem mais de 35 mil restaurantes e 70 milhões de consumidores de fast food espalhados em mais de 100 países. A Johnson & Johnson Inc. controla quase todo o mercado de produtos de higiene do mundo. Empreendimento de mais de 20 mil prestadoras de serviços financeiros, a Visa movimenta trilhões em transações com cartão de crédito e débito.
A Ásia também tem seus representantes,como a Hyundai Kia Automotive Group, o Emirates Group e a japonesa Sony Corporation, quinto maior conglomerado de mídia do planeta. A belgo-brasileira AB InBev detém dezenas de marcas de cerveja, como a Brahma, a Skol e a Budweiser. A luso-brasileira CorpCo (fusão entre a Oi e a Portugal Telecom) presta serviços de telefonia, internet,
TV por assinatura, e outros. Com sede no Brasil, a Marfrig/Moypark é um dos maiores produtores de alimentos à base de carnes. E a lista vai longe. Perante os senhores dessas marcas, todos os governos capitalistas se ajoelham como quem adora a seus deuses. Afinal, eles não são apenas os donos da Copa. A eles pertence toda a terra habitada.
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esporte |
na geral Blatter quer o quinto mandato na FIFA
Em meio a denúncias de corrupção e propina, Joseph Blatter, presidente da FIFA desde 1998, anunciou, no Congresso da entidade, realizado em São Paulo nestas terça (10) e quarta (11), que pretende se candidatar ao 5º mandato. O anúncio foi recebido com frieza, especialmente pelas federações europeias, que organizam a candidatura oposicionista de Michel Platini, atual presidente da UEFA. As eleições serão realizadas em maio de 2015.
Polêmica com patroci- Não vai ter craque nadora da copa
Maradona narra a Copa para Telesur
A cantora Claudia Leitte, atração da festa de abertura da Copa do Mundo 2014, foi proibida de posar para uma foto com a camisa do Barcelona, após a coletiva de imprensa. Motivo? O clube da região da Catalunha é patrocinado pela fornecedora de material esportivo Nike e pela empresa de aviação Qatar Airways, rivais da Adidas e Emirates, patrocinadoras oficiais da FIFA e da Copa. Uma decisão até fácil de entender, já que, por questão de contrato, a FIFA não pode promover a imagem de outras empresas em suas instâncias. O mesmo comportamento a entidade adotou com os ambulantes que já existiam ao redor dos estádios brasileiros, o que deixou milhares sem suas rendas e privou torcedores estrangeiros de conhecer os sabores dos estádios tupiniquins.
Uma alternativa para acompanhar a Copa do Mundo é o canal latino-americano de comunicação, a TeleSur. O canal, multi estatal, passa na televisão aberta de vários países da América Latina, mas no Brasil só é possível acompanhar por internet ou por antena. No ar desde 2005, a TeleSur, com sede na Venezuela, tem como lema “Nosso Norte é o Sul” e tem uma vasta programação jornalística e cultural. Para a Copa do Mundo, o comentarista será Diego Maradona, que recebeu o convite do então presidente Hugo Chávez. Vale a pena conferir. O site é telesurtv.net.
Se tem uma coisa que vai faltar nessa copa, são os craques. Uma série de lesões de última hora tirou importantes jogadores do mundial. A Holanda, por exemplo, está sem Kevin Strootman e Rafael van der Vaart, enquanto a Espanha tem as baixas de Thiago Alcântara e do goleiro Valdés. A Inglaterra se apresenta sem o velocista Walcott e os franceses não poderão contar com o astro Ribéry. O atacante Marco Reus é desfalque na Alemanha e a Itália perdeu Riccardo Montolivo. A Croácia sofreu revés triplo com Ivan Strinic, Ivo Ilicevic e Niko Kranjcar e a Rússia entra em campo sem o capitão Roman Shirokov. Entre as seleções latino-americanas, as principais baixas são de Luis Montes, do México, Matías Fernández, do Chile, e Falcão Garcia, da Colômbia.
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Você Sabia
O Brasil se gaba por ser o único país que participou de todas as Copas do Mundo, mas a razão não é das melhores. A Copa de 1938, realizada na França, foi boicotada por todos os países sul americanos, exceto o Brasil. O boicote foi feito porque havia um acordo de alternar a sede das Copas do Mundo entre os dois continentes. A Copa de 1930 foi no Uruguai e a de 34, na Itália. A sede seguinte, portanto, deveria ter sido sulamericana. O Brasil fez um papel feio nesse episódio. Como prêmio por sua “traição”, ganhou o direito de sediar a Copa seguinte, em 1950.
16 ESPORTES
Belo Horizonte, de 13 a 19 de junho de 2014
OPINIÃO
Brasil e Croácia: o jogo do Neymar
ESTRÉIA Apesar do nervosismo, Neymar da show e Brasil sai com a vitória wallace Oliveira
petição, começou falhando.
A equipe de Felipão parecia sentir o peso de sua primeira partida como anfitriã da Copa. Começou errando passes e não conseguia encaixar a marcação, enquanto a Croácia apertava e explorava os contra-ataques em dois lances pelas pontas. No segundo deles, gol da Croácia! Daniel Alves deixou livre Olic, que cruzou para a área, onde quatro brasileiros, perdidos na jogada, não tiraram a bola. Pego de surpresa, Marcelo involuntariamente tocou a bola contra as redes vazias, abrindo o marcador para a Croácia. A defesa brasileira, que tem tudo para ser uma das menos vazadas da com-
Mesmo com o time nervoso, Neymar empatou para o Brasil, fazendo seu primeiro gol na história dos mundiais. Um golaço. Bateu atrás da marcação, no canto esquerdo do goleiro. Será esta a Copa de Neymar? Está claro que na Seleção ele joga melhor do que no Barça, tem mais liberdade, chama a responsabilidade. A partir daí, o jogo foi mais Brasil, com Oscar pela direita e Neymar infernal por todos os lados. Mas ainda falta a esta seleção valorizar a posse de bola, cadenciar o jogo, não tentar resolver todos os lances tão rápido.
Vipcomm
O jogo, enfim, não foi dos melhores. Muitos erros das duas equipes. O Brasil abusava da bola levantada na área, mas numa jogada dessas surgiu o pênalti inexistente, que contou com a malandragem de Fred. O goleiro foi bem na bola, mas Neymar cobrou ainda melhor e virou para o Brasil. Não fosse um gigante chamado David Luiz e a Croácia teria empatado. A defesa às vezes parecia perdida, até que Oscar chutou a la Romário e definiu o placar. A Seleção ainda vai evoluir nesta Copa, sem o nervosismo da estreia. Se Neymar também crescer na competição, o time de Felipão talvez se torne o mais difícil a ser batido.
OPINIÃO
Cerimônias de abertura Vipcomm
Diego Silveira Depois de meses de uma expectativa de tensão pelos protestos e ansiedade pelo futebol, a Copa do Mundo da Fifa e de seus poderosos patrocinadores teve seu pontapé inicial. A cerimônia de abertura oficial, vazia de público nas arquibancadas e de artistas no gramado, deixou gringos e brasileiros com saudades dos desfiles das escolas de samba do Rio. Por sorte, São Pedro brindou São Paulo com um céu azul anil raro na Pauliceia, dando boas-vindas ao evento. Em Belo Horizonte, o dia cinza trouxe junto o clima de Copa. Bandeiras e camisas coloriam as ruas, cornetas ensurdeciam a torcida. O cenário ufanista se repetiu pelo país. Também se repetiu o cenário de manifestações. A cerimônia de abertura dos protestos em BH teve como palco a região centro-sul. Cerca de 600 pessoas ligadas a partidos políticos de extrema-es-
querda e black blocs se organizaram no centro da cidade e marcharam até a Praça da Liberdade. Próximo à antiga sede do governo estadual, os primeiros conflitos entre manifestantes e policiais começaram. Quem começou, não se sabe. O certo é que houve quebra-quebra e a PM, como sempre, foi para lá de desproporcional. Nesse cenário, os manifestantes e suas causas mais que justas perderam espaço. A partir daí, o filme
das manifestações de 2013 se projetou nas ruas da cidade, com manifestantes provocados, depredação e mais repressão dos militares. O descontrole da PM promete novos espetáculos. Como se não bastassem algumas atitudes equivocadas dos manifestantes... As cerimônias de abertura não foram alvissareiras. O primeiro dia mostra que a Copa tem muito a evoluir, sobretudo fora de campo.
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