Edição 43 do Brasil de Fato Minas Gerais

Page 1

8 CIDADES

Minas Gerais

6

MINAS

Consulta sobre sistema político

Tom Zé é o entrevistado da semana

Das cidades da região metropolitana, sete já criaram comitês para “mudar as regras da política” no Brasil

Um dos principais artistas brasileiros esbanja vigor aos 77 anos

20 a 26 de junho de 2014 de 2014 • edição 43 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

Site Tom Zé

5 MINAS

4 CIDADES

Reprodução

Lei proíbe uso de máscaras Governo de Minas Gerais aprovou, na quarta (18), lei que proíbe que pessoas usem máscaras em manifestações de qualquer tipo. A lei vale durante e depois da Copa

10 BRASIL ALMG

Manifesto contra Joaquim Barbosa

Copa do Mundo 16

ESPORTES

Empate com México leva a ajustes

As decisões do presidente do STF, Joaquim Barbosa, no tratamento dado aos condenados no mensalão geraram revoltas. Mais de 300 personalidades denunciam violação de direitos em manifesto contra Barbosa

PBH quer Hospital para iniciativa privada

15

CBF

ESPORTES

Nem tão rivais Mundial Hoy

14

Hospital do Barreiro pode ser alvo de parceria entre Prefeitura de Belo Horizonte e grandes empresas. Vereadores e ativistas da saúde afirmam que o projeto é desconhecido e não garante atendimento gratuito

ESPORTES

Acompanhe o balanço da Copa


2

OPINIÃO

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

editorial | Minas Gerais

editorial | Brasil

A Copa e o mundo

Enquanto isso ...

Em tempos de Copa do Mundo, é possível aprender muito sobre a sociedade. O esporte pode ser um ótimo ponto de partida para analisar o mundo. Por exemplo, por que há tantos times europeus na Copa? Das 32 seleções, 13 são europeias. Se a Europa é o segundo menor continente do planeta (tanto em território quanto em população), é injusto os países de lá terem mais chances de participar do torneio que os demais. Isso mostra que as coisas não são divididas igualitariamente, e sim de acordo com os interesses, para beneficiar quem é mais forte. Os melhores jogadores da África, Ásia e América Latina atuam em times da Europa. Ou seja, algumas regiões do planeta exercem o papel de exportar suas riquezas para outras, mais desenvolvidas. É assim no futebol, é assim na economia. As regiões centrais (como a Europa e os EUA) exploram as riquezas na-

mão. Com certeza muitos jogadores de futebol são gays, inclusive muitos dos craques que participam agora da Copa. Mas isso é assunto proibido. “Ah, já os negros têm seu lugar no futebol! O maior jogador da história é negro! Vários craques de ontem e de hoje também!” E nada disso foi suficiente para banir o racismo do esporte. Veem-se a cada dia novos crimes de racismo sendo praticados dentro e fora de campo. E as entidades que comandam o futebol (como a FIFA e a CBF) pouco fazem para punir e evitar que o racismo siga presente. O futebol é reflexo da sociedade. E nesse jogo, todos participam. Tanto no futebol, quanto na vida, assistir pela TV parece bom - mas cuidado, o narrador tenta influenciar o tempo todo para quem você deve torcer. Mas, sem dúvida, também na vida, o melhor é estar em campo. Para a Copa ser do povo, só com o povo no poder.

A imprensa brasileira esqueceu a vida real e nessas semanas esta focada completamente na Copa. Alguns torcendo para que dê tudo errado, e outros apenas querendo aumentar a audiência. Enquanto isso, o povão quer apenas ver bom futebol e ver o Brasil campeão. Nesse contexto, três acontecimentos latinoamericanos foram solenemente ignorados pelo noticiário brasileiro no mês de junho. O primeiro deles foi a posse do novo presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, antigo líder guerilheiro. Seu mandato pode significar de fato um governo de esquerda contra a ingerência dos Estados Unidos. O segundo foi a realização da reunião do G 77 mais China, na Bolívia. Esse grupo reúne 133 países em desenvolvimento mais a China. A reunião serviu para que seus governantes fizessem uma avaliação da gravidade da situação econômica dos países. O grande capital das transnacionais quer transformar essas nações em meras exportadoras de matérias primas mi-

O esporte pode ser um ótimo ponto de partida para analisar o mundo turais das regiões periféricas do mundo, levando embora aquilo que lhes interessa. E porque na Copa só há homens? Nos times, nas comissões técnicas, na arbitragem. Às mulheres cabe torcer. “Mas há uma Copa do Mundo de futebol feminino” alguns dirão. E porque ela é menos importante que a masculina? Porque recebe menos atenção e investimento? O machismo é um dos pilares da atual sociedade e ele também está presente no mundo da bola. E onde estão os jogadores homossexuais, alguém viu? Escondidinhos em seus “armários”, pois assumir sua orientação sexual no ambiente futebolístico é “pior” que fazer gol de

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

nerais, energéticas e agrícolas. Esse modelo deixa para nossos povos apenas a pobreza e as consequências ambientais, com graves alterações climáticas. O terceiro foi a vitória de Juan Manuel Santos no segundo turno das eleições colombianas. Sua reeleição representa a derrota da ultradireita colombiana que pressio-

Três acontecimentos latinoamericanos foram solenemente ignorados pelo noticiário brasileiro no mês de junho nava o encerramento do processo de diálogo pela paz. Para as esquerdas de toda América Latina essa vitória foi importante, porque coloca um freio na onda direitista que está tomando conta dos meios de comunicação em todo continente. Enquanto isso, no Brasil... Já no Brasil, dominado pelo clima de Copa, tivemos as convenções partidárias, sempre burocráticas e de cartas marcadas. Talvez a única novidade foi a clara situação revelada pela convenção do PMDB, que mesmo apoiando formalmente a chapa com o PT, demonstrou que a maioria dos seus diretórios farão campanha contra Dilma. Boa lição para os que sempre defendem dormir com os adversários. Outro fato foi a reação da direita contra o decreto da presidenta que regulamenta o que já está na Constituição, sobre a possibilidade de criação de conselhos da sociedade civil. Esses conselhos aumentariam a participação social na administração dos interesses do povo mesmo tendo papeis secundários. A direita reagiu de forma histérica, dando a entender que se tratava de conselhos chavistas, bolivarianos... Santa Paciência! Ouvir o que pensam os setores organizados da sociedade é o mínimo que um governo deve fazer.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br / TELEFONE: (31) 3309 3304

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/ MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotógrafa: Ana Beatriz Noronha. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.


CIDADES

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

3

Reforma Política se espalha pela RMBH PLEBISCITO Organização já chegou a 500 cidades e pretende mudar regras da política a nível nacional Midia Ninja

Rafaella Dotta Você está satisfeito com a política? Percebendo a insatisfação da população com o atual sistema político, organizações estão preparando um Plebiscito Popular entre os dias 1º e 7 de setembro. Durante uma semana a população será consultada se é a favor de que se mudem as leis do sistema político. O objetivo é coletar 10 milhões de votos em todo o Brasil para instalar uma Assembleia Constituinte exclusiva para fazer uma reforma política. A ideia, que se espalhou rapidamente pelo Brasil e já conta com 500 comitês, também está se enraizando na região metropolitana de Belo Horizonte, conta Luís Henrique Shikasho, engenheiro florestal e um dos organizado-

res do Comitê Metropolitano. “Desde o lançamento em fevereiro, já tínhamos pessoas com a vontade de organizar o Plebiscito, mas agora elas conseguiram aglutinar muitas outras interessadas”, afirma. A organização chegou a Nova Lima, Contagem, Betim, Vespasiano, Ibirité, Ribeirão das Neves e cerca de sete comitês em Belo Horizonte, tanto territoriais quanto temáticos. Para Luís, “os brasileiros estão insatisfeitos com a política e sentem que é preciso mudar as regras do jogo”. Por isso, ele aposta que a organização do Plebiscito continuará crescendo. Atividades diversas Em Nova Lima, a primeira reunião ampliada aconteceu na segunda-

mento do “Oficine Club”, do Comitê de Contagem, que pretende passar filmes relacionados ao tema. Segundo Florence Poznanski, integrante do comitê, foram realizadas ações em cinco regiões da cidade, além do incentivo a grupos temáticos.

Comitês estudam Reforma Política e propõem Constituinte

feira (16), no Cineminha da cidade. Foi quando Júlio Cesar Bernardes, gestor imobiliário e morador de Nova Lima há dez anos, ouviu falar do Plebiscito pela primeira vez. “Eu vim aqui hoje com alguma

Enquete da ONU mostra prioridades para investimentos públicos ESCOLHA Educação, saúde e governo honesto são prioridades dos internaltas Da redação A Organização das Nações Unidas (ONU) está realizando a enquete online “Meu Mundo” para saber em que área os cidadãos gostariam de ver investimentos públicos em 2015. Mais de dois milhões de pessoas já participaram, entre elas, 50 mil brasileiros. A enquete fornece ao internauta 16 opções de escolha, basicamente sobre políticas públicas e direitos humanos essências, entre os quais a pessoa pode eleger seis. Ao final, o voto é contabilizado nas estatísticas com resultados de “Mundo” e “Brasil”, que podem ser acessados na página virtual. Até o momento, as três

O objetivo da pesquisa é fornecer informações para uma agenda de desenvolvimento a partir de 2015 prioridades escolhidas por cidadãos de todo o mundo e pelos brasileiros são iguais: educação, saúde e governo honesto e atuante. Já a quarta opção difere. Enquanto o resto do mundo quer “melhores oportunidades de trabalho”, essa opção ficou em décimo lugar para os brasileiros. Na quarta prioridade votamos em “proteção contra o crime e a vio-

lência”. Pessoas de 194 países já participaram e as opções menos escolhidas foram “acesso ao telefone e à internet” e “acesso à energia em sua casa”. Para os brasileiros, essas também são as áreas que menos necessitam de investimentos públicos nos próximos anos. O objetivo da pesquisa é fornecer informações para uma agenda de desenvolvimento a partir de 2015, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a ser decidida por governantes de todo o mundo. A enquete ficará aberta por todo o ano de 2014. A votação e os resultados podem ser vistos em: www.myworld2015.org/?lang=pr.

precaução. Estou indo em um evento, em ano eleitoral, mas fiquei até o fim e vi que tem uma ideia interessante, que é fazer a mudança política”, declarou. Nesta quinta (19), também aconteceu o lança-

O que é comitê? É um grupo de pessoas interessadas em realizar o Plebiscito da Constituinte na sua cidade, escola, bairro, associação comunitária, entre outros. O objetivo é realizar ações de divulgação do Plebiscito e, durante a semana da Pátria – de 1º a 7 de setembro, fazer a coleta de votos. Para fazer parte, os interessados podem ligar para (31) 3238-5000 ou mandar e-mail para plebiscitopopularmg@ gmail.com.

PERGUNTA DA SEMANA Não é só para a nossa seleção brasileira que o brasileiro está torcendo. A qualidade do jogo em campo, a identificação com os países vizinhos, ou o desejo de que países fora da Europa ganhem, nos levam a torcer para outros times. O Brasil de Fato MG pergunta:

Você está torcendo pra outra seleção, fora o Brasil?

Eu não torço pra nenhuma outra, só pro Brasil. Eu já não torço muito, não sou atleticana nem cruzeirense, só de quatro em quatro anos para o Brasil. (Andreia mostra as unhas com as cores da bandeira brasileira). Andreia Aparecida de Souza, auxiliar de serviços gerais

Todas as seleções são merecedoras, mas principalmente a Costa do Marfim e Colômbia. Eu vi eles jogarem e achei que foram muito esforçados. E não só por isso. A maioria dos campeões da Copa até hoje são da Europa. Seria bom mostrar pra população desses países que eles têm potencial.

Marcos Vinicius, promotor de vendas


4

CIDADES

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Hospital do Barreiro pode não ser público

Fatos em Foco

Ingredientes que provocam alergia terão novos rótulos

RETROCESSO Depois de pronto, prefeitura quer entregar hospital a grandes empresas Divulgação ALMG

Rafaella Dotta O Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro, conhecido como Hospital do Barreiro, está prestes a entrar em uma parceria com grandes empresas. A ideia é do prefeito Marcio Lacerda, que enviou à Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte um Projeto para transformá-lo em um Serviço Social Autônomo (SSA). Isso garante ao hospital uma administração mais desvinculada da Prefeitura. O vereador Adriano Ventura, que acompanha a construção do Hospital desde 2009, afirmou que o projeto é uma novidade em Belo Horizonte. Segundo os modelos já existentes no Brasil, o principal problema é a prefeitura perder o domínio de um bem público. “Imagine: a Câmara Municipal não poderia mais acompanhar o que está sendo decidido no hospital”, afirmou o vereador. O novo modelo também é criticado por aumentar a distância entre a população e a administração do hospital. “A participação da sociedade organizada é pouca no conselho administrativo”, diz Andreia Hermogenes, diretora do Sin-

dibel e integrante do Conselho Municipal de Saúde. Marcio Lacerda propõe que os administradores do hospital sejam: seis representantes da Prefeitura, dois representantes de grandes empresas, dois representantes de movimentos da saúde, um representante dos usuários e 1 representante dos trabalhadores. Para Andreia, isso significa uma “autonomia em relação ao controle social”,

“A Câmara Municipal não poderia mais acompanhar o que está sendo decidido no hospital” ou seja, os interesses predominantes serão os das empresas e da prefeitura, e não da população organizada. “É um hospital que está sendo construído todo com dinheiro público e por isso deve servir ao interesse dos usuários”, lembrou. Técnicos afirmam que o atendimento no hospital será feito 100% pelo SUS, com gratuidade, porém, vereadores e representantes de movimentos querem garantias oficiais. “É pre-

A obra do Hospital do Barreiro está dois anos e meio atrasada

ciso que a sociedade civil possa controlar o hospital. Nesse momento, não há nenhuma garantia de que vai ser assim”, disse Adriano Ventura. Mais caro e atrasado do que o combinado A obra do Hospital do Barreiro iniciou em 2009 e tinha previsão de entrega nos primeiros meses de 2012. Portanto, está dois anos e meio atrasada. Segundo Bruno Abreu Gomes, médico da família no Centro de Saúde do Barrei-

ro de Cima, mais de cinco construtoras já desistiram da obra, pois queriam mais retorno financeiro. “As empresas demonstraram que seu compromisso é com o lucro, não com o povo”, afirmou. A construção, feita através de Parceria Público -Privada (PPP), em que uma empresa trabalha em conjunto com a administração pública, foi inicialmente orçada em R$ 142 milhões. Porém, a expectativa é que termine gastando R$ 220 milhões.

Turistas movimentam economia Da redação Belo Horizonte está diferente. Com a Copa do Mundo, muda a rotina. Em dias de jogo, há quem participe de protestos contra o evento da FIFA, há quem aproveite a folga no trabalho para ver as partidas com amigos. Mas além da rotina diferente para os belorizontinos, outra novidade aparece: os turistas. Não é sempre que a cida-

de ouve tantos sotaques. O Ministério do Turismo estima que mais de 380 mil pessoas – entre brasileiros e estrangeiros – vão passar por BH nos meses de junho e julho. Das 12 cidades-sede, a capital mineira é a quinta mais procurada. “Belo Horizonte nos acolheu muito bem e nos pareceu muito linda”, elogia a estudante de ciências políticas colombiana Nina Valencia, que viuseu país go-

lear a Grécia no jogo de estreia do Mineirão. A média de gastos dos turistas de fora que vieram especificamente para o Mundial – segundo estimativas do Ministério – é de R$ 5.500 durante sua estadia no país, descontadas as despesas com passagens aéreas. A expectativa é que eles gastem R$ 6, 7 bilhões no Brasil e R$ 700 milhões em Belo Horizonte.

“Belo Horizonte nos acolheu muito bem“

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou nesta segunda-feira (16) a consulta pública para definir mudanças nos rótulos de alimentos que contêm ingredientes capazes de provocar alergia. O prazo para recebimento de comentários e sugestões será de 60 dias. Entre as chamadas substâncias alergênicas a serem listadas nas embalagens dos produtos estão: cereais com glúten, crustáceos, ovo, peixe, amendoim, leite, soja e castanhas em geral. Dependendo do grau de sensibilidade, o alérgico pode ter choque anafilático, fechamento da glote, além de outras reações graves que podem levar à morte. Após a decisão final da agência, as indústrias terão prazo de 12 meses para adequação às novas re-

Pintar cabelo aumenta o risco de câncer Estudo publicado recentemente coloca em xeque a segurança de tingir e fazer permanente em cabelo. A pesquisa da Universidade de Lund, na Suécia, encontrou no sangue de cabeleireiros concentrações mais altas de aminas aromáticas carcinogênicas, compostos presentes nos produtos utilizados para tingir e fazer permanentes nas mechas e que já foram banidos da União Europeia. Pelo menos uma das substâncias do grupo, a ortotoluidina, está comprovadamente envolvida na expressão de câncer de bexiga, de mama e na leucemia.


MINAS

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Fatos em Foco

Cemig firma acordo com empresa espanhola

Artistas presos em BH

PRIVATIZAÇÃO Acordo transfere para iniciativa privada controle sobre o gás Reprodução

Thaís Mota Minas Livre Em comunicado publicado na segunda-feira (16), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) anunciou um acordo firmado com a Gás Natural Fenosa (GNF) para a criação da empresa Gás Natural do Brasil S.A. (GNB), que será “uma plataforma de consolidação de ativos e investimentos em projetos de gás natural”. De acordo com o Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro/ MG), a transação pode representar uma “privatização branca da Gasmig” já que o acordo estaria transferindo à iniciativa privada o controle sobre a estatal do gás e a Cemig seria apenas a sócia minoritária. O caso também foi leva-

do ao plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT). Segundo ele, a Cemig assumiu o compromisso de levar o gás até o Triângulo Mineiro e, para isso, possui uma empresa subsidiária que é a Gasmig. Entretanto, ao anunciar a criação da GNB, a companhia estaria transferindo esse compromisso à iniciativa privada. “Funcionários da Gasmig e do sindicato vieram até mim trazendo uma preocupação porque, ao que parece, a Cemig está montando uma estrutura que não pertence ao Estado. Ou seja, é uma terceirização, uma privatização do transporte e distribuição de gás. Ao invés de ser uma ação do estado em favor do gás, a Cemig está iniciando uma operação

Estimado em R$ 3 bilhões, o gasoduto terá 457 quilômetros

que não traz nada para Minas”, afirmou. O acordo já havia sido ventilado anteriormente como forma de viabilizar a construção de um novo gasoduto entre Betim, na Grande BH, e Uberaba, no Triângulo Mineiro. Estimado em R$ 3 bilhões, o gasoduto terá 457 quilô-

metros e capacidade para transportar 3 milhões de metros de cúbicos por dia (m³/d) de gás. A previsão inicial é de que a obra esteja concluída até maio de 2016 e o acordo assinado entre Cemig e a espanhola Fenosa será estendido a todas as operações de gás natural em Minas.

Arte e alegria em manifestação na Savassi PROTESTO Usando a arte e a cultura manifestantes buscam dar visibilidade a denúncias sobre a Fifa Midia Ninja

Maíra Gomes Em mais um jogo do Brasil na Copa do Mundo, manifestantes foram às ruas de Belo Horizonte na tarde de terça (17). Após a violência da Polícia Militar na última manifestação na capital, realizada no dia da abertura da Copa, os grupos decidiram fazer um ato artístico e alegre, desta vez na Praça da Savassi. “Fizemos um ocupação lúdica de um espaço que está sendo usado para as comemorações do evento da Fifa na cidade”, explica Isabella Gonçalves Miranda, integrante do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa em BH. Por volta das 13h, as 200

pessoas presentes foram cercadas por policiais militares, com a tática conhecida como “envelopamento”. Mesmo entre centenas de PMs, os manifestantes fizeram intervenções culturais, e jogos de futebol. Por volta das 19h, uma ciranda furou o cerco da PM, com danças, música e descontração. O COPAC, Ocupação Luiz Estrela e outros movimentos que tocam os atos vão realizar nos próximos dias uma Copa Popular, com os grupos atingidos pelo evento no Brasil, como feirantes do Mineirinho, ambulantes do Mineirão, moradores de ocupações, profissionais do sexo e moradores de rua. “Faremos um campeonato,

para jogar futebol e dar visibilidade aos atingidos. Porque passada a Copa, a situação deles continua precária”, relata. Os movimentos denunciam violações de direitos

5

causados pela Fifa, e a violência da Policia Militar de Minas Gerais, que tem reprimido protestos e prendido manifestantes sem justificativa.

Quatro artistas que participam do Espaço Comum Luiz Estrela foram detidos na segunda (16), na avenida dos Andradas, no centro da capital. Os artistas carregavam materiais como arame, tinta e madeira, que seriam utilizados na intervenção cultural “Arte Contra a Copa” na rua Guaicurus, próximo ao Espaço 104. De acordo com o tenente-coronel Alberto Luiz, os objetos são considerados arma branca e, por esse motivo, portá-los é uma contravenção penal. Os artistas Tita Marçal, Felipe Godoy, Mary Astrus e Nando Llamas foram liberados após serem ouvidos na delegacia.

PM agride jovem em manifestação A integrante do coletivo Mídia Ninja Fora do Eixo Karinny Magalhães foi presa durante os protestos da quinta-feira (12) em Belo Horizonte. Ela foi acusada de ter atirado uma pedra contra uma agência bancária do Itaú e de estar entre os envolvidos na destruição de uma viatura da Polícia Civil no pátio do Detran. Em nota divulgada na página do Facebook, o coletivo denuncia que a correspondente foi agredida por policiais militares durante a cobertura da manifestação na região central de BH, com “socos na cara e chutes na barriga”. O coletivo levou o caso para a Anistia Internacional, que abraçou a denúncia.


6

MINAS

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Contratados a título precário, oficiais temem dispensa JUSTIÇA Apesar de faltarem mais de 5 mil servidores, Tribunal não nomeia concursados Ana Drummond Guerra

Ana Paula D. Guerra Há três anos, centenas de Oficiais de Apoio Judicial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) vivem na incerteza se terão direito ou não a serem efetivados nos cargos que conquistaram legitimamente por meio de concurso público. Aprovados em 2009, esses funcionários encontram-se contratados a título precário pelo Tribunal, exercendo as mesmas atividades e sujeitos às mesmas obrigações de um servidor efetivo, mas não desfrutam dos mesmos benefícios, tampouco têm garantidos os mesmos direitos, incluindo a estabilidade no cargo. A alegação do TJMG para não nomear os aprovados no concurso, é de que eles estariam apenas substituindo servidores licenciados, não havendo, portanto, vagas disponíveis. Mas a presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça de 1ª Instância de Minas Gerais (SERJUSMIG), Sandra Silvestrini, contradiz a explicação do TJMG, argumentando que a necessidade de contratação de mais servidores é comprovada pelo próprio Tribunal. “Em 2007, o TJMG fez um levantamento segundo o qual havia em todo o estado um déficit de mais de cinco mil servidores. E como, de lá para cá, o número de processos quadruplicou enquanto o de servidores permaneceu o mesmo, podemos concluir que hoje temos uma defasagem ainda maior”, explica. A consequência é o alto índice de adoecimento dos servidores. Só em 2013, mais de sete mil trabalhadores foram afastados devido a problemas de saúde, sendo a depressão uma das doenças mais frequentes. “O que está acontecendo no judiciário mineiro é uma afronta aos direitos dos cidadãos: perdem os servidores, que estão adoecendo, perdem os advogados,

cujos processos não avançam, e perde toda a sociedade, que tem um atendimento ineficiente”, ressalta Sandra Silvestrini. O que está ruim pode piorar Por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o TJMG deveria começar a demitir todos os contratados a título precário a partir do último mês de maio. O TJMG, no entanto, recorreu ao CNJ e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prorrogar o prazo em mais 18 meses. De acordo com o advogado Otávio Dayrell, essa prorrogação prejudicaria ainda mais os concursados por retirar deles a possibilidade de tomarem posse nos cargos, uma vez que o concurso vence em janeiro de 2015. O julgamento do procedimento aconteceu na última segunda-feira (16) em Brasília, e o CNJ deu ordem para que o TJMG contratasse, até o final deste ano, 267 aprovados, sendo que a dispensa dos precários deverá ser escalonada no prazo de um ano. Contraponto O TJMG alega ainda que a implantação do processo judicial eletrônico (PJe) vai atenuar a necessidade de contratação de mais servidores e que falta verba. Em contraposição, o sindicato dos servidores argumenta que a implantação do PJe em todo o Estado ainda vai demorar, pelo menos, 10 anos. E a não efetivação dos aprovados no concurso público vigente pode prejudicar esta implantação, por falta de mão de obra qualificada. E a contratação não significa um gasto novo, uma vez que o Tribunal já paga salários a um total de 806 funcionários designados, e a previsão no orçamento para a contratação de mais 220 servidores.

Tribunal recebeu ordem para contratar servidores até o final deste ano

Notícias do Legislativo Acompanhe o trabalho dos vereadores na Câmara Municipal de Belo Horizonte

Inclusão esportiva de pessoas com deficiência A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor aprovou na quinta (12) parecer pela aprovação do PL 1034/14, que propõe a criação de categorias específicas, com premiação própria, para incentivar a participação de pessoas com deficiência em eventos como corridas de rua, maratonas, torneios e campeonatos esportivos do município.

Mais cargos na Educação Infantil O plenário da Câmara aprovou na sexta (13) 16 projetos de lei. Entre eles, estão propostas que criam novos cargos públicos na rede municipal de educação e que facilitam pagamento de créditos devidos ao município.

Participação Popular O plenário aprovou em 1º turno o Projeto de Resolução 754/13, que objetiva facilitar a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular, por meio da validação de subscrições realizadas por meio da internet. Atualmente, de acordo com a Lei Orgânica do Município, é necessária a assinatura de pelo menos 5% do eleitorado belo-horizontino (cerca de 93 mil pessoas) para que se possa protocolar um projeto de lei de iniciativa popular. A medida valeria também para a convocação de plebiscito por iniciativa popular.

Fatos em Foco

Fim da greve na saúde em MG Ninja Após 18Mídiadias de greve, os servidores da rede estadual de saúde decidiram em assembleia na sexta (13), suspender temporariamente o movimento. A decisão foi tomada após o governo insistir que só iniciaria as negociações após o fim da paralisação. Está marcada uma nova assembleia da categoria para o dia 25 de junho, quando devem avaliar a proposta que será apresentada pelo governo. Os trabalhadores exigem a redução da jornada de trabalho sem diminuição nos salários, revisão do plano de carreira da categoria e outros.

Trecho BHConfins sob trilhos Na quarta, (18) o governo de Minas lançou a primeira etapa para um transporte sobre trilhos que ligará o centro de Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. A obra deve ser feita em regime de parceria público -privada (PPP). Está aberta uma consulta geral, o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), em que empresas, universidades e até mesmo cidadãos podem participar apresentando projetos que ofereçam a melhor alternativa de transporte. O edital exige que a solução seja sobre trilhos como, por exemplo, o VLT, monotrilho ou metrô. O projeto está sob coordenação da secretaria de Transportes e Obras Púbicas (Setop) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede).


Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Proibido máscaras em manifestações POLÊMICA Governador sanciona em tempo recorde lei que proíbe máscaras em manifestações Da redação abre brecha para a aprovação de uma série de leis que O governador de Minas criminalizam os movimenGerais, Alberto Pinto Coe- tos sociais. Esse será o legalho, sancionou o projeto de do deixado após a Copa no lei PL 4.474/13, que proíbe Brasil”, declara Isabella Gono uso de máscaras em ma- çalves Miranda, integrante nifestações nas ruas de todo do Comitê Popular dos Atino estado. A Lei 21.324 foi pu- gidos pela Copa em BH. Ela blicada no Diário Oficial dos aponta que a realização da Poderes do Estado na quar- Copa no país apressou uma ta (18). De acordo com o tex- série de medidas do legislato, está restrito o uso de más- tivo, como a discussão da lei cara, venda ou qualquer co- antiterrorismo e outras. bertura que oculte a face em Em caso de descumprieventos que envolvem mul- mento da medida, o infratidões. A proposição tam- tor pode ser encaminhado bém obriga o cidadão flagra- à identificação criminal ou do com máscara a se identi- ter de pagar uma multa enficar sempre que solicitado tre 500 e 10 mil Unidades por policial. Fiscais do Estado de Minas A aprovação do projeto Gerais (Ufemgs), que corde lei e a sanção do gover- respondem a valores entre nador foram realizadas com R$ 1.319,10 e R$ 26.382,00, velocidade impressionan- respectivamente. Além diste. A Assembleia Legislati- so, poderá ser monitorado va aprovou em segundo tur- permanentemente em ouno na tarde de segunda-fei- tros eventos semelhantes. ra (16). Mesmo tendo prazo “É uma questão complede até dez dias para dirigir xa e controvertida. Você tem o texto ao governador, o en- diversos tipos de manifestavio foi feito no mesmo dia. ção em que o uso de másAlberto Coelho, por sua vez, caras é completamente lícitinha outros quinze dias pa- to, generalizar é uma quesra aprovar, e o fez no dia se- tão que nos preocupa basguinte. tante”, aponta o procurador “Com a realização da Co- José Antônio Baêta de Melo pa no Brasil, vivemos num Cançado, presidente da Comomento de exceção, quan- missão de Prevenção à Viodo vários direitos políticos lência em Manifestações Poestão sendo retirados. Isso pulares. Reprodução “É uma questão complexa e controvertida”, aponta o procurador José Antônio Baêta Cançado

MINAS

A GENTE É MAIS BRASIL. —

A gente é mais Brasil quando bate recordes de produção no pré-sal. A nossa produção de petróleo está entre as que mais cresceram no mundo, nos últimos dez anos. Em maio de 2014, ultrapassamos a marca de 470 mil barris de petróleo por dia, somente no pré-sal.

A gente é mais Brasil quando constrói navios e plataformas aqui. Estamos criando novos empregos e oportunidades: hoje já são 80 mil trabalhadores na indústria naval. Até 2020, está prevista a entrega de 38 plataformas, 28 sondas, 88 navios e 146 barcos de apoio.

A gente é mais Brasil quando aumenta a produção das refinarias no país. Processamos, em março de 2014, mais de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia.

A gente é mais Brasil quando garante estrutura para entregar mais gás. Com o investimento em gasodutos e terminais de regaseificação, ultrapassamos a entrega de 100 milhões de metros cúbicos de gás natural em um único dia.

A gente é mais Brasil quando nosso valor de mercado aumenta seis vezes desde 2002. Nosso valor de mercado atual* é 104,9 bilhões de dólares, seis vezes maior do que em 2002, quando foi avaliado em 15,5 bilhões de dólares. *valor em 7 de maio de 2014.

A gente é mais Brasil fazendo mais, acreditando mais e crescendo mais. Em 2014, estamos investindo um total de 104 bilhões de reais para continuarmos crescendo. E até 2020 vamos duplicar a nossa produção de petróleo.

Saiba mais em petrobras.com.br/fatosedados

7


8

OPINIÃO

Belo Horizonte, 20 a 26 de junho de 2014

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Acompanhando Midia Ninja

Na edição 01... Demissões irregulares na Rede Minas ...E agora

Garoto joga bola na praça Sete durante ato que questiona a Copa do Mundo da Fifa. Protestos ocorreram no dia 12, 14 e 17, e foram marcados por grande aparato policial.

Frei Gilvander Luís Moreira

Ivo Lesbaupin

Carta aberta aos juízes: o preço de um despejo

Da democracia enquanto governo do povo

Srs. Juízes, só em Minas, há mais de 250 liminares de reintegração de posse para serem cumpridas, em propriedades que estavam abandonadas, ociosas, sem cumprir função social. A regra é “reintegre-se ficando autorizado o uso da força policial.” Isso sem garantir os inúmeros direitos fundamentais de milhares de pessoas. Vejamos o preço de um despejo, a partir da experiência de 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros dia 5: Usaram 250 policiais da tropa de choque e de vários outros batalhões da PM/MG; quatro tratores, inclusive um de esteira; vários caminhões, mais de 40 viaturas, helicóptero, cavalaria, cães, inúmeros aparelhos de comunicação. Senhores juízes, quanto custa preparar e realizar uma operação como essa? Quanto em alimento, água, combustível e arsenal bélico? Sabemos que quem paga é o povo. Quantas milhares de famílias ficaram sem segurança pública, porque um enorme contingente policial foi deslocado para despejar quem luta para sair da cruz do aluguel? Só na Ocupação Santa Cruz, destruíram 80 casas de alvenaria. Em média, as famílias tinham investido cerca de R$ 8 mil em cada uma 80 casas são R$ 640 mil. Mais da metade desse dinheiro, cerca de R$ 400 mil, foi conseguida em empréstimo para descontar durante 4 ou 5 anos na aposentadoria de um salário mínimo. Ficaram sem casas e com uma dívida que comerá parte da migalha de aposentadoria. Centenas de famílias foram jogadas novamente na cruz do aluguel. Ou foram jogadas nas costas de parentes que normalmente já pagam aluguel também. Há um preço muito maior do que o prejuízo econômico: um despejo sem alternativa digna mata o sonho de conquistar moradia própria.

O recente decreto assinado pela presidenta Dilma, que cria a Política Nacional de Participação Social, tem sido bombardeado por alguns meios de comunicação e por alguns líderes políticos. Segundo editorial do Estadão, ele constitui “um conjunto de barbaridades jurídicas” que permitiria a participação direta da sociedade. Segundo o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), o decreto “cria um poder paralelo” ao parlamento. Tais afirmações parecem desconhecer o significado da palavra “democracia”, que quer dizer “governo do povo”. Aliás, a nossa Constituição Federal é clara em seu artigo 1º, parágrafo único: “Todo poder emana do povo, que o exerce indiretamente, por representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição”. A democracia representativa é uma forma de exercício da democracia, não a única. Democracia significa “soberania popular”. Na Suíça, os cidadãos são frequentemente consultados pela internet. No Uruguai, são usuais os plebiscitos. Na Islândia, a nova constituição foi elaborada com a participação direta dos cidadãos. No Brasil, uma das leis mais populares foi uma “iniciativa popular”: a Lei da “Ficha Limpa”. A Constituição de 1988 institucionalizou instrumentos de democracia participativa e direta como plebiscito, referendo e iniciativa popular. É preciso dizer que o modo como se está exercendo a democracia participativa entre nós também está em questão. Por isso precisamos de uma Reforma do Sistema Político em nosso país, para que o poder deixe de ser determinado pelo peso do poder econômico e possa representar os interesses da maioria dos cidadãos. Isto implica acabar com o financiamento empresarial privado. Leia a íntegra em www.adital.com.br

Frei Gilvander L. Moreira é padre da Ordem dos Carmelitas, bacharel em Filosofia e Teologia.

Ivo Lesbaupin é diretor executivo da Abong e diretor do Iser Assessoria.

Movimento #salvearedeminas publicou uma resposta à nota de esclarecimento realizada pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. Ali, denuncia a quebra do compromisso do governo mineiro de que manteria todo o quadro de funcionários de que a emissora dispunha até a conclusão de todas as etapas do concurso, gerando danos à grade da emissora. Até o momento, 54 funcionários foram demitidos, sem reposição dos seus cargos pelos concursados. “Com o corte de profissionais sem a substituição por concursados, as horas na grade de programação inédita dedicadas à cultura e à arte caíram pela metade”, anuncia a nota. Na edição 42... Elite econômica quer democracia sem povo ...E agora Frente aos ataques de diversos setores sociais, em especial a grande mídia e alguns partidos do Congresso Nacional ao decreto assinado pela presidenta Dilma no fim de maio, que cria uma Política Nacional de Participação Social (PNPS), organizações reagem com apoio à proposta. Personalidades, artistas, militantes, juristas, intelectuais e organizações da sociedade civil divulgaram texto que recebeu mais de 50 mil assinaturas, declarando apoio à ampliação dos espaços de participação social no Estado.


Belo Horizonte, 20 a 26 de junho de 2014

ENTREVISTA

9

“Só virei artista quando descobri que era péssimo cantor” CRIATIVO Tom Zé segue irreverente e questionador Mariana Desidério de S’ao Paulo Depois da Tropicália, a música brasileira passou a falar do presente. Quem diz isso é um dos principais artistas brasileiros e integrante do movimento que mudou o som do Brasil nos anos 1960. Estamos falando de Tom Zé. O músico está com 77 anos e continua produzindo incessantemente. Prepara agora um álbum gravado com jovens artistas — será o 25° disco de sua carreira. Nesta entrevista ao Brasil de Fato MG, fala sobre forró, funk e tropicalismo. Como você começou a se interessar pela música? Eu não tinha nada para fazer música, não tinha em casa ninguém que fosse amante disso. Mas tínhamos a banda da cidade em Irará, no interior da Bahia. Quando eu estava com 7 anos de idade, eles foram para a rua de manhã só com os instrumentos de canto, e tocou-se uma coisa bem delicada, caminhando pela rua. Acordei e parecia que estava num sonho. Lá em Irará não tem nenhum motor, então o silêncio é outro. No dia que eu acordei com isso, fiquei muito impressionado com a possibilidade de ter essa emoção no mundo. De quais músicas você gostava naquela época? A Rádio Nacional tinha uma programação que era uma coisa inacreditável. E, naquele tempo, as coisas que chegavam lá do mundo civilizado e que tinham a ver com a gente eram Luiz Gonzaga e Adoniran Barbosa, tocando principalmente “Saudosa Maloca”. Como se tornou músico? O universo musical daquela época estava delimitado por um certo procedimento no qual eu nunca entrei. Eu sempre fui mais

para o limite entre o ruído e o som do que para a permanência no som. Eu só me tornei artista porque descobri logo que era um péssimo cantor, um péssimo violonista e um péssimo compositor. Foi isso que me fez virar músico. E aí eu resolvi fazer música sobre o

Site Tom Zé

“‘Saudosa Maloca’ foi uma das primeiras músicas que me impressionou profundamente” que estava na minha frente. Então, por exemplo, se o prefeito não calçava a rua, eu fazia uma música com queixas ao prefeito, é claro que brincando também, porque em Irará não se pode virar inimigo do prefeito! Era o quê? Era alguma coisa feita com música perto! Mas música, não. Mesmo quando era só voz e violão. Porque música naquele tempo era uma coisa que tratava de coisas distantes, com o verbo no pretérito. E uma música com o verbo no presente era uma coisa absolutamente nova. Você ficou conhecido na música brasileira por sua participação no movimento tropicalista dos anos 1960 e 1970, com Caetano e Gil. Como define o tropicalismo? É o resultado de Caetano e Gil, que são dois gênios e que por acaso estavam presentes nos anos de 1960, quando São Paulo queria mudar a fisionomia da arte brasileira. Havia um tipo de música no Brasil, aquilo que eu falei de uma música falando de um pretérito, falando de lugares não conhecidos, de amores super românticos, que era uma coisa que o movimento romântico passou para a melodia. Então, em 1962, quando nós nos conhecemos, o Caetano disse uma

“ O que pode orgulhar mais uma nação do que brotar coisa nova em todo lugar, de todo jeito? ”

coisa assim: “Agora minha música está deixando de ser uma nostalgia de tempos e lugares.” Na época, as músicas de vocês foram muito criticadas. De onde você acha que vem essa resistência ao que é novo? É importante assustar quem vem atrás. Quem veio até ali precisa tomar um susto para poder não gostar. Isso é uma estratégia que parece ser parte da história. O tropicalismo é muito mais marcado pelo que teve contra ele do que pelo que teve a favor. O que es-

“O tropicalismo é muito mais marcado pelo que teve contra ele do que pelo que teve a favor” tava contra dá muito mais a ideia da força que ele tinha. Todo mundo esqueceu, mas teve a passeata contra a guitarra, teve abaixo-assinado contra programa tropicalista na TV, teve vaia contra o Caetano. Disseram que aquilo não era brasileiro, não era música, foi uma cisão.

Mas isso não parece acontecer com você. Eu sempre tive curiosidade. Por exemplo, há um tempo o secretário da Cultura da Paraíba, o Chico Cesar, disse assim: dinheiro público não vai pagar “forró matéria plástica”. Quando eu soube disso, perguntei: o que é isso, forró matéria plástica? Fui ver e achei coisas que me deram muita inspiração. E aí era o caso de dizer assim: Chico, tudo o que aparece é o povo que faz. A gente tem que ouvir para aprender, senão a gente para no tempo. Esse forró universitário tem coisas que eu admiro profundamente, tenho inveja. Isso também acontece muito com o funk hoje. O que acha do funk que surgiu no Rio de Janeiro? Graças a Deus, o Brasil é o lugar onde fermentam essas coisas. Aqui você descansa e de repente descobre que no Pará tem um tipo de música completamente diferente. Para mim, uma novidade é uma maravilha. Não tenho preconceito. Seja lá onde for, ela nasce porque uma população inteira vai ali co-

“Tudo o que aparece na música é o povo que faz. A gente tem que ouvir para aprender, senão a gente para no tempo” laborar com miligramas de seiva cerebral para a coisa se constituir numa ameba, ameba essa que se desenvolve até se transformar num estilo. O que pode orgulhar mais uma nação do que brotar coisa nova em todo lugar, de todo jeito? Por que acha que isso acontece no Brasil? Para mim, uma das coisas mais importantes é que esse país foi fundado com educação não-aristotélica. Porque o mundo todo vive em condição de escravidão a Aristóteles. Eu sei que as índias brasileiras nos ensinaram a ser asseados, a tomar banho. As índias gostavam de se lavar. Eu não sei, talvez a mesma coisa que lavou o corpo da índia seja aquela que toda hora lava a cabeça da gente e faça com que possamos admitir coisa nova. É essa metáfora que eu estou querendo trazer.


10

BRASIL

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Sociedade civil cobra lei que define regras para ONGs PROJETO Entidades querem autonomia em relação ao poder público e segurança jurídica nos contratos Divulgação

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)

Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados vai criar novas regras para parcerias celebradas entre o poder público e as organizações da sociedade civil. A medida atende o reivindicação histórica das mais de 290 mil entidades privadas sem fins lucrativos que atuam no Brasil. São grupos que desenvolvem ações de interesse público em saúde, educação, promoção de direitos, cultura, ciência e tecnologia, desenvolvimento agrário, moradia, entre outras. A ideia do PL 7168/14 é criar um ambiente jurídico específico para as ONGs e demais organizações civis. A principal mudança é o fim do convênio como principal mecanismo de repasse de recursos en-

tre órgãos públicos e as entidades, que também é utilizado para parcerias entre estados e municípios. A medida cria o termo de colaboração e o termo de fomento. Dessa forma, criase a possibilidade de as entidades receberem recursos públicos sem necessidade de contrapartida financeira, que poderá ser revertida em bens e serviços. Também permite às organizações captar recurso por meio da apresentação de projetos próprios. “O projeto reconhece as organizações como autônomas e não terceirizadas do poder público”, explica Eleutéria Amora, coordenadora-geral da Casa da Mulher Trabalhadora e diretora da Associação Brasileira de Organizações NãoGovernamentais (Abong) no Rio de Janeiro. O projeto também ins-

titui o chamamento público para seleção de organizações. Atualmente, não há regras claras sobre isso, o que abre espaço para favorecimentos e corrupção. Outra mudança é a possibilidade de atuação em rede por diversas entidades, com agregação de projetos e a criação de um sistema de prestação de contas mais adequado à realidade das organizações, com regras mais simples para valores inferiores a R$ 600 mil. O PL 7168/14, que tramita apensado ao PL 3877/04, já foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e aguarda inclusão na pauta do plenário. Na semana passada, manobra do PSDB, DEM, PSD e PPS impediu a votação, em represália ao decreto do governo federal que institui a política nacional de participação

Projeto reconhece organizações como autônomas e não terceirizadas do poder público

social. Como já foi aprovada no Senado Federal, se passar na Câmara, a nova

lei das ONGs seguirá diretamente para sanção presidencial.

Artistas e intelectuais lançam manifesto contra “violação” de Joaquim Barbosa Carlos Humberto SCO STF

Um manifesto assinado por 300 personalidades pede que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja a decisão de manter presos os condenados no mensalão, que tem direito ao regime semiaberto. O documento recebeu apoio de intelectuais, artistas e lideranças políticas. No texto, eles manifestam preocupação com a conduta do presidente do STF, Joaquim Barbosa, à frente da execução penal de José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares. A carta será levada ao Supremo esta semana e deverá ser protocolada no gabinete de todos os ministros. “O Presidente do Supremo Tribunal Federal, ao invés de cumprir

as decisões dessa Suprema Corte, nega direitos a alguns sentenciados, desrespeitando a decisão do próprio pleno do STF e a jurisprudência do STJ quanto ao cumprimento do regime semiaberto”, afirma um trecho do manifesto. Em maio, Joaquim Barbosa, que é o relator da ação penal do mensalão, negou pedido de autorização para trabalhar formulado pela defesa dó exministro José Dirceu, e revogou as autorizações que já haviam sido concedidas para sete réus, entre eles o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-deputado João Paulo Cunha, também do PT. Barbosa alegou que os condenados deveriam cumprir um sex-

Carta de personalidades ao STF demonstra preocupação com atitude de Joaquim Barbosa

to da pena em regime fechado, como manda a lei. Ocorre que, há mais de dez anos, o STJ tem autorizado trabalho desde o começo do cumprimento da pena. O manifesto diz que a medida causa “angústia” e “desespero”. Afirma ainda que vai afetar não apenas os condenados do mensalão, mas mi-

lhares de outras famílias de sentenciados que cumprem penas em regime semiaberto e poderão ter que voltar à prisão. A assessoria do STF ainda não se manifestou sobre o teor do documento. Autoritário

O manifesto será entregue uma semana depois

do episódio em que Joaquim Barbosa expulsou o advogado de José Genoíno do plenário do STF. Luiz Fernando Pacheco foi à tribuna pedir que o ministro colocasse em pauta o recurso da defesa requerendo novamente a prisão domiciliar. Genoíno sofre de problemas cardíacos e teve de voltar à prisão no dia 1º de maio por determinação do ministro. A Procuradoria Geral da República já deu parecer favorável à prisão domiciliar. Após uma discussão entre os dois e sem responder ao apelo, Barbosa determinou que a segurança retirasse o advogado do prédio. A medida foi duramente criticada no meio jurídico.


Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

MUNDO

11

Rússia suspende gás e Ucrânia declara estado de emergência energética CRISE Europa teme ficar sem gás durante o inverno; Kiev e Moscou se comprometeram com o abastecimento dos países do continente Agência EFE

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseny Yatsenyuk, declarou “estado de emergência” no setor energético na segunda-feira (16), após a Rússia ter cumprido a promessa de cortar o fornecimento de gás ao país. Após o anúncio, a Europa manifestou o temor de ficar sem gás no próximo inverno, embora russos e ucranianos tenham se comprometido a continuar enviando normalmente o gás ao continente. De acordo com o chefe executivo da empresa Naftogaz, Andriy Kobolev, a Ucrânia tem gás suficiente para suprir a demanda doméstica pelos próximos seis

meses e garantiu que uma empresa alemã está pronta para vender gás à Ucrânia pelo preço de US$ 300 dólares por mil metros cúbicos. Fornecimento europeu

A União Europeia importa da Rússia quase metade do gás que consome (39%). Cerca de 15% deste gás chega ao continente pela Ucrânia. “As próximas semanas não serão problemáticas, vamos receber os volumes habituais de gás”, garantiu Oettinger, alertando para um possível problema caso o inverno seja rigoroso e a situação se mantenha. A empresa russa Gazprom anunciou que o forneci-

mento do combustível ao país vizinho passará a ser feito apenas em sistema de pré-pagamento, como vinha ameaçando a Rússia desde maio. Fracasso nas negociações

O corte de gás foi decidido hoje de manhã, depois de um ultimato para que a empresa estatal ucraniana de energia pagasse uma dívida, que de acordo com a agência Reuters pode chegar a R$ 10 bilhões. A Ucrânia não aceitou o aumento de preço imposto pela Rússia após a chegada ao poder de autoridades pró-Ocidente, depois da queda do presidente pró

Ministro de Energia ucraniano, Iuri Prodan, garantiu que fornecimento à Europa não será afetado

-Rússia Viktor Yanukovytch. O preço subiu de 268 dólares (R$ 598,74) por 1.000 metros cúbicos para 485 dólares (R$ 1.083,54). Na “última oferta”, Moscou apresentou a proposta de US$

385 (R$ 860,13). A medida russa foi tomada após um fim de semana violento que incluiu a morte de 49 militares na queda de um avião ucraniano. (Operamundi)


12 VARIEDADES

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

...enquanto durou. E que venham novas relações!

Separar é um processo. É isso que nos mostra a história de Cadu e Clara, o casal aparentemente mais feliz de “Em Família”. O casamento dos dois, depois de um longo período de desgaste, de situações na corda bamba, de aproximações e distanciamentos, chegou ao fim.

Demora-se para separar. Ainda mais quando não se tem um motivo evidente, como uma traição ou um traço inaceitável do outro, um barraco ou a revelação de um segredo bombástico. Demorase ainda mais quando se tem um filho, um negócio familiar, quando se é companhei-

Oi Amiga da Saúde! Estou grávida de 6 meses e até aqui me preparo para um parto normal, mas minha amiga me falou que os médicos cortam a vagina pra passar a cabeça do bebê. Agora estou com medo. Posso evitar isso? O que devo fazer? Kênia Rafaela, 29 anos, tradutora Querida Kênia, esse corte que os profissionais fazem na vagina se chama episiotomia. É usada para abrir passagem para a cabeça do bebê durante o parto, mas muitas vezes essa técnica é utilizada sem necessidade. É possível ter um parto normal sem episiotomia, desde que você prepare bem o seu períneo (musculatura da região da vagina). Existem exercícios de fortalecimento que precisam ser feitos cotidianamente antes do parto. Procure estudar esse assunto. Prepare-se bem e você poderá ter um parto natural do jeito que você espera. Você tem esse direito. Os profissionais não podem fazer nenhum procedimento sem a sua autorização. Converse sobre isso nas consultas de pré-natal.

Amiga da Saúde, minha filha tem se queixado de uma dor de cabeça fraca todos os dias após o período da escola. Será que isso é normal só pelo esforço pra escrever?

Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)

CAÇA-PALAVRAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

enjoos da gravidez No início da GRAVIDEZ, as mulheres sofrem com os ENJOOS, e o motivo é simples: o aumento na produção da PROGESTERONA. No primeiro TRIMESTRE de gestação, esse hormônio é originado principalmente no OVÁRIO para evitar que o organismo rejeite o feto e aumentar o ENDOMÉTRIO, tecido interno do ÚTERO que, se não estiver bem desenvolvido, pode causar ABORTO espontâneo. Como consequência, ele também torna o sistema gastrointestinal mais lento, provocando a SENSAÇÃO de mal-estar. Isso porque a progesterona relaxa os músculos LISOS, aqueles que não são controlados VOLUNTARIAMENTE, e faz com que os alimentos circulem mais DEVAGAR pelos intestinos. Normalmente, as pessoas já sentem o estômago VAZIO duas horas após a refeição, mas as gestantes, devido à DIGESTÃO lenta, podem ainda se sentir “cheias” até oito horas após comer, favorecendo a ânsia de vômito. Depois do terceiro mês, a PLACENTA passa a produzir a progesterona no lugar do ovário, e o corpo começa a se habituar a essa MUDANÇA, reduzindo os enjoos na maioria das mulheres. U O O A T N E C A L P A W B

K P I P P M O B Q P H D E E

D U E Z B D E E G R S D N Q

M I P H A O R T E O Q U D K

U P S L N V P N D G Ç Y O N

D D O S Z A R E V E X Y M I

A Ç O A T R I M E S T R E G

N D J K N I B A B T U M T G

Ç A N I G O M I O E I H R C

A A E A A Q I R D R S X I L

I U V A W T E A S O K N O V

T C J A C T K T E N V B G U

I L A J U P T N Q A H M G A

R G I Q V Ç D U J J Z U C Ç

P E H S T Y O L P K E P R G

A F A B O R T O H O D H A D

U C I P S S C V W W I X G M

H Q D N N Q G X I V V P A X

O Ã Ç A S N E S K O A Z V S

E I P E U P N U I E R T E Ç

C Z K J P O Ã T S E G I D W

C M N R F M G P W U O G R X 50

Solução

T

T R

U D A N Ç A O L Ã S O O J N E I A Ç S B A U O S I O T R S N O E T E Ã A I R A T N U L O V S T O S E R O N A E Z E D I V A R G I I O R A G A V E D

T V A R I N E M E G E S T R E N D O M E

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

ra sempre. Eles terão de se haver com a curiosidade do filho em entender a nova relação da mãe. A história de Clara e Marina promete e ainda falaremos dela. Acho que Ivan vai construir bem a novidade. Como também o fará se Cadu finalmente se entregar a Verônica ou a Dra. Sílvia. E que tarde, mas não falhe o fim de uma relação, quando se descobrir que ela foi eterna enquanto durou.

M O I A Z T A N O E C E T A L P R O P

Olá Edinalva! Sua filha pode ter dificuldade para enxergar e por isso estar fazendo muito esforço durante o período da escola. Nenhuma dor que se repete com muita frequência é normal. Procure levá-la para uma avaliação com oftalmologista (médico dos olhos). Se não houver nenhuma alteração nos olhos e ela continuar sentindo essas dores, precisará passar por uma avaliação clínica para investigar o que pode estar causando a dor de cabeça. Em Belo Horizonte, você poderá ter acesso tanto ao oftalmologista quanto ao clínico através do centro de saúde mais próximo de sua casa.

fatigar, o desejo se desloca e vai minando pouco a pouco. De repente, aparece na vida de Clara uma mulher - e que mulher! - que a encanta e lhe abre a possibilidade de viver um outro e novo amor. Ninguém está livre disso, ainda mais quando, em casa, as noites não andam sequer mornas. Marina é o limite final com o que Clara e Cadu se deparam, mas, como já disse, demora-se para separar. Clara e Cadu devem seguir suas vidas. Serão mais que amigos, e não há razão para ser diferente. Ivan os une pa-

ro e se vive bem com o outro. Viver bem com o outro não basta para sustentar um casamento. É caso de Cadu e Clara e de muitos casais ou ex-casais por aí. A história dos dois é peculiar. Cadu, bom marido, pai exemplar, um companheirão da ex-esposa, andava perdido em altos e baixos profissionais. Qualquer instabilidade desequilibra a relação e a admiração pelo outro vai embora. Clara, apesar de amá-lo, se cansou da “mocidade” empreendedora do ex-marido e aí, quando o outro começa a

Amiga da Saúde

Edinalva, 45 anos, diarista.

Novela


Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

CULTURA

13

Casa dos Jornalistas aberta para imprensa e torcedores da Copa INTEGRAÇÃO Sindicato disponibiliza programação cultural gratuita com shows, debates e exibição dos jogos do mundial Raíssa Lopes Até o último dia de Copa do Mundo, a Casa dos Jornalistas, sede do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, se torna a “BH Press House”. O projeto foi criado para receber os profissionais de comunicação da imprensa mundial que visitam a capital durante os dias de jogos e promover iniciativas de integração e diversão entre os participantes. Também aberta ao público, a casa disponibiliza programação cultural diária, com shows musicais, apresentação de DJ’s convidados, exposição de charges e fotos, café cultural, lançamento de livros e atos públicos.

“Ao longo da história, a Casa dos Jornalistas sempre foi muito importante para os movimentos sociais. Na ditadura, se tornou símbolo de resistência dos profissionais de imprensa e, desde então, se tornou um espaço aberto para ser ocupado. E nós percebemos que essa era a hora perfeita de ocupá-la novamente”, conta o diretor de cultura do sindicato, Artênius Daniel. Localizada na área central, próxima a hotéis e restaurantes, já atraiu jornalistas argelinos e canadenses que vieram documentar as primeiras partidas de futebol. Além da exibição dos jogos das seleções, atrações musicais já conhecidas

AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

HIP HOP

pelos belo-horizontinos têm participação garantida. O Dj Cubanito - parceria constante da banda mineira Black Sonora - e a artista Carou Araújo fazem parte da lista. Além disso, o tradicional Festival Conexão, já na 14ª edição e com 13 anos de história, fará da sede um de seus palcos nessa sextafeira (20), com os músicos do The Hells Project. Na terça (24) às 15h, está marcado um ato público em protesto contra a prisão da jornalista Karinny Magalhães, do Mídia Ninja. A ativista foi detida e espancada pela Polícia Militar mineira enquanto cobria as manifestações do dia 12 de junho.

é tudo de graça! LITERATURA

Cecília Pederzoli

Exposição “Show de Bola: A fotografia mineira no futebol”, com mostra de imagens produzida especialmente para o evento

BH Press House / Casa do Jornalista em BH Shows, exposições, debates, lançamentos de livros e outras ações de integração Data: Até dia 13/7. Horário: de segunda a sábado, das 9h às 23h. Entrada gratuita. Endereço: Avenida Álvares Cabral, 400, Centro

Segunda a quinta-feira MÚSICA Show da banda Cidade Negra, pelo festival Savassi Cultural. Cada ingresso pode ser adquirido com dois quilos de alimentos não perecíveis. Segunda (23), na Praça da Savassi.

Show do cantor Babilak Bah. Sexta (20), às 16h, na Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha).

O Duelo de MC’s volta às ruas, levando ao público as tradicionais batalhas de rap. Sábado (21), das 14h às 21h, na Praça Sete.

FESTIVAL O evento “Arte Solo” é um festival de arte e cultura que reúne dança, música, artes cênicas, pintura, gastronomia, literatura, fotografia, cinema, artes digitais e moda. Em três dias, irá reunir cerca de 50 artistas em mais de 200 horas de programação. Sexta (20), sábado (21) e domingo (22), das 16h às 22h, na Praça da Liberdade. Confira as atrações no site www.artesolobh.com.br.

Projeto “Variedades Literárias” reúne feiras de publicações independentes, mesas de debates, oficinas de dramaturgia e leituras dramáticas comentadas. Sábado (21) e domingo (22), das 14h às 18h30, no Galpão Cine Horto (Avenida João Pinheiro, 342, Lourdes).

INFANTIL O projeto “Lê uma história pra mim” entra no clima da Copa e, nesta edição, promove a leitura compartilhada de histórias de literatura infantil e juvenil que tenham como tema o futebol. Quinta (26), às 14h, no Centro Cultural Zilah Spósito (Rua Carnaúba, 286, Jaqueline).

EXPOSIÇÃO Exibição de obras da artista Erli Fantini, especialista em modelagem e esculturas de materiais orgânicos. De 26/06 a 10/08, das 9h às 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro).


14

ESPORTES

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Copa do Mundo: o que já rolou ANÁLISE Avaliação dos momentos mais marcantes na primeira semana da Copa do Mundo Por Bruno Porpetta (RJ) Arbitragem é um problema global No Campeonato Brasileiro, reclama-se constantemente do nível da arbitragem. A Copa do Mundo está provando que o problema com os árbitros não é exclusividade nossa. Não foram poucos os erros de arbitragem neste mundial, em apenas uma semana. Na abertura da Copa, o japonês Yuichi Nishimura viu pênalti inexistente em Fred. Daí em diante, foi um festival de pênaltis de araque, mais fácil contar os que realmente aconteceram. Para não falar dos gols mexicanos

mal anulados pelo colombiano Wilmar Roldan, que poderiam ter tornado a tarefa de vencer os camaroneses mais tranquila. Como dizia Nelson Rodrigues: “O videoteipe é burro!” Esta é a primeira Copa onde a FIFA admitiu o uso da tecnologia, exclusivamente para lances na linha do gol, através de um chip instalado na bola. E coube a um jogo apitado pelo brasileiro Sandro Meira Ricci o uso desta novidade. Na partida entre França e Honduras, vencida por 3 a 0 pelos europeus, o segundo

gol da partida foi determinado pelo chip. Ao bater nas costas do goleiro hondurenho Valadares, a bola ultrapassou a linha do gol antes que ele desse o tapa para fora. Apesar da imagem por computador que mostrava a bola dentro do gol, o treinador da seleção hondurenha, Luís Suarez, reclamou muito do lance. A simpatia que aumenta a torcida Alemães e holandeses estão entre as seleções mais simpáticas da Copa. Ambas foram muito solícitas com fãs brasileiros, posando para fotos e distri-

buindo autógrafos. Não só isto. Os destaques alemães – o goleiro Neuer e o meia Schweinsteiger – foram filmados vestindo camisas do Bahia, cantando o hino do clube e confraternizando com os torcedores. Os holandeses não se cansam de mergulhar no mar de Ipanema, além de cair na noite carioca na comemoração do aniversário de Sneijder. Assim, conseguiram trazer a torcida para suas seleções e, não por acaso, tiveram os resultados mais expressivos da primeira rodada da Copa. A Holanda goleou a Espanha, atual campeã do mundo, por

5 a 1 e os alemães atropelaram Portugal por 4 a 0. As vaias que não incomodam Após a Presidenta Dilma afirmar não se incomodar com as vaias e xingamentos recebidos na abertura da Copa, em São Paulo, a torcida brasileira não aprendeu a lição. Quando começou a vaiar e xingar o craque Lionel Messi, ele passou por três marcadores e marcou um golaço contra a Bósnia, em um Maracanã invadido pelos argentinos. Torcer tem feito bem, vaiar e xingar não.


Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

15

ESPORTE

Rivalidade de argentinos é maior com ingleses e uruguaios DISPUTA Hermanos não dão tanta importância à rivalidade com brasileiros Divulgação

Em época de Copa do Mundo, ressurge o estereótipo do argentino “do mal”, nacionalista ao extremo, desleal e catimbeiro, pior adversário do Brasil. Contudo, essa rivalidade tem fundamento histórico ou é um mito midiático restrito ao folclore do futebol? Segundo historiadores, a encarniçada rivalidade entre brasileiros e argentinos pode não ser apenas um folclore, mas também não é tão grande como propagam alguns locutores e comentaristas esportivos. A rivalidade é, inclusive, maior para nós do que para eles, acredita a historiadora Lívia Maga-

lhães, mestre pelo Centro de Estudios Latinoamericanos da Universidad Nacional de San Martín, Argentina, e doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense. “Na verdade, o grande rival argentino, pelo menos no futebol, ainda é a Inglaterra, no imaginário social deles.” Segundo ela, “um jogo entre Brasil e Argentina é um jogo de rivalidade, de brincadeiras entre brasileiros e argentinos, mas contra a Inglaterra, é um jogo sério. Eles entram em campo vestindo a questão das Malvinas, do imperialismo inglês”, diz. “Acho que o Brasil com-

O grande ídolo Maradona comemora vitória da Copa do Mundo de 1986

pra mais isso, de que no futebol o grande inimigo é a Argentina, mas eles não nos consideram o primeiro rival.”

Já para Julio Pimentel Pinto, professor de História da América Latina no Departamento de História da USP, a rivalidade maior

na geral Maradona foi barrado no Maracanã Diego Maradona compareceu ao Maracanã (RJ) no último domingo (15) para cobrir o jogo entre Argentina e Bósnia. Ele compõe a equipe da Telesur, TV pública latino -americana que transmite a Copa para vários países. Mesmo apresentando as credenciais exigidas à imprensa, Maradona foi impedido de entrar no estádio e não pôde realizar a transmissão. A FIFA alega não ter registros do incidente e sugere que o jogador talvez tenha tentado entrar pela portaria errada. O argentino negou essa versão e declarou: “Quando há má fé, te mandam esquecer e voltar ao hotel, como fizeram com a gente”.

A seleção argentina e as Gente que nunca viu #Preconceito avós da Praça de Maio mulher O movimento Abuelas de la Plaza de Mayo é um coletivo de mulheres cujos filhos desapareceram na implacável perseguição política desencadeada pela ditadura civilmilitar argentina (19761983). Elas lutam para localizar os jovens sequestrados pela repressão política, proporcionar um enterro digno aos que foram assassinados e criar condições para que nunca mais o terror do Estado ditatorial reapareça. O treinador da seleção argentina, Alejandro Sabella, e os jogadores Messi, Mascherano e Lavezzi registraram, por filmagem, seu apoio ao movimento, antes de virem disputar a Copa do Mundo. O vídeo se encontra disponível no seguinte endereço: abuelas.org.ar.

Semana passada, 40 mil colombianos vieram a BH apoiar sua seleção contra a Grécia. Na véspera da partida (13), eles preencheram a cidade com uma bonita festa, que foi amplamente comentada pelos belorizontinos. Porém, esse acontecimento também teve uma marca negativa. Num bar da Savassi, onde era transmitido o confronto entre Holanda e Espanha, cada mulher que passava pela rua era alvo de piadas machistas, olas e aplausos de deboche, feitos por dezenas de estrangeiros para lá de alcoolizados. Nos rostos dessas mulheres, era nítido o mal estar com o constrangimento público. Algumas delas davam uma grande volta, evitando atravessar a roda dos leões. Uma moça que trabalhava no local comentou: “acho que essa gente nunca viu uma mulher”.

Marcelo, lateral da seleção brasileira, foi alvo de preconceito nas redes sociais durante a partida contra a Croácia. Após o gol contra, internautas associaram a fatalidade à cor do jogador, espalhando pelo twitter frases racistas do tipo: “tinha que ser preto”, “preto só faz merda”, e “se fosse branco, não faria isso”. Algo parecido se repetiu depois da partida entre Holanda e Espanha, pelo grupo B. Irritados com o apoio da torcida brasileira à goleada holandesa, torcedores espanhóis chamaram os brasileiros de “macacos” e questionaram as comemorações: “Como não têm nada o que fazer, esses macacos ficam felizes com a derrota da Espanha”. Tristes casos como esses mostram que a superação do preconceito no futebol ainda está longe de acontecer.

para a Argentina é outra. “Não sei se com a Inglaterra tem uma rivalidade propriamente futebolística. Mas uma rivalidade muito grande e muitas vezes esquecida, no plano econômico, histórico e no futebol, é com o Uruguai”, aponta Pimentel. “É uma briga complexa, tem um histórico. Há conflitos que aconteceram no século 19, as disputas comerciais no decorrer do 20. E ainda hoje, eles têm querelas profundas nas imediações do rio da Prata, com o despejo de lixo tóxico no lado uruguaio e vice-versa, por exemplo.” (Da Rede Brasil Atual)

?

Você Sabia

? ?

Em 84 anos, desde 1930, somente um país deixou de organizar o Mundial. Em outubro de 1982, a Colômbia peitou a FIFA, afirmando que as exigências para o torneio de 1986 não lhe convinham e que as necessidades do país eram outras. Os colombianos passavam por uma intensa crise econômica e não havia recursos para a construção dos 12 estádios exigidos. Com a desistência, a competição passou para o México. O país realizou a preparação para a Copa mesmo com o terremoto ocorrido dia 19 de setembro de 1985, que atingiu 8,1 graus na escala Richter.


16 ESPORTES OPINIÃO

Belo Horizonte, de 20 a 26 de junho de 2014

Balde de água fria, na hora certa AJUSTE Empate com o México obriga a repensar escalação e apontamentos táticos Divulgação CBF

Diego Silveira O calor de Fortaleza e o apoio incondicional da torcida, com direito ao já repetitivo canto do hino à capela, não bastaram para que a seleção brasileira derrotasse o México. Ao final da partida, tomamos um banho de água fria. Bom para diminuir a empolgação, acertar os ponteiros e reconhecer os limites. Com exceção de Thiago Silva e Luiz Gustavo, tecnicamente, o time inteiro se comportou mal. Taticamente, também. Um problema do time de Felipão é a falta de um meia de criação. No primeiro tempo, o bom volume de jogo se deu através da transição direta entre defesa e ataque. Melhor teria sido se Paulinho

azeitasse o elo entre os setores, trabalhando a bola pelo meio, fazendo-a chegar mais redonda na frente. Na atual má fase do volante do Tottenham, sua substituição por Hernanes ou Fernandinho manteria a qualidade defensiva e melhoraria a criação. No segundo tempo, perdemos de vez a intermediária. A entrada de Bernard no lugar de Ramires tornou o time mais leve e rápido, mas pulverizou as ações e afrouxou a marcação. Cada um jogando por si, a seleção parecia um punhado de bons jogadores, não um time. Resultado: um México com domínio do jogo, congestionando o meio campo e criando perigo contra a meta brasileira. Há pouco tempo pa-

México com domínio do jogo congestionou o meio campo

ra ajustes. Nessas condições, o que se espera é que a equipe tenha consciência de seus limites. A mais evidente limitação é a depen-

OPINIÃO

escasso repertório tático da equipe, aproximar nossos bons coadjuvantes da estrela da companhia é a melhor alternativa.

Charge

A elitização dos estádios brasileiros Reprodução

Leonardo Calixto Depois da “invasão” argentina no Rio de Janeiro, quando aproximadamente 3 mil torcedores fizeram a festa antes, durante e depois do jogo Argentina x Bósnia, foi a vez de Fortaleza receber fenômeno parecido. Para acompanhar o jogo entre Brasil x México, cerca de 5 mil mexicanos desembarcaram de avião e navio na capital cearense. O fato de ser Copa do Mundo torna a presença destes torcedores no país algo normal. Até aí, tudo bem. Apesar de a maioria dos torcedores presentes no Castelão – estádio onde foi o jogo Brasil x México – ser de brasileiros, isto não intimidou a torcida do México, que se sobressaiu aos brasileiros, dando a impressão de que eram eles a jogar em casa. Sobressaiu-se na vontade de torcer, de gritar, de vibrar, na vonta-

dência de Neymar. No Castelão, o craque jogou isolado, e seus lances terminaram na marcação de três ou quatro mexicanos. Dado o

de de demonstrar, acima de tudo sua, paixão pelo futebol. Futebol, esporte que tanto mexe com brasileiros e brasileiras. Esporte que no país tupiniquim começou a ser praticado por elites e foi po-

pularizado, como assim deve ser. Digo ‘deve’ pelo fato de ser visto hoje como mais um produto que podemos comprar a qualquer momento, em qualquer supermercado. Os grandes veículos de

comunicação e as entidades máximas do futebol brasileiro e mundial fizeram de tudo (e conseguiram) para retirar o povo brasileiro dos estádios durante a Copa. Os preços abusivos dos ingressos levaram um público não ha-

bituado a este ambiente frequentado historicamente pelos apaixonados pelo futebol. O reflexo de todo esse processo é sentido nos jogos do Brasil, onde uma torcida apática e sem criatividade tenta, sem sucesso, apoiar a seleção!


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.