5 MINAS
Reprodução
Parto humanizado
6e7
Reprodução
Do metrô ao cinema
Sofia Feldman, que atende pelo SUS, é referência mundial em parto normal. Gestante é acolhida com rede de atendimento
Minas Gerais
13 CULTURA
Metroviários têm a oportunidade de ver suas rotinas retratadas no filme de Cao Guimarães “O Homem das Multidões” 09 a 15 de outubro de 2014 • edição 59 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
MINAS
O 1º turno acabou. E agora? Reprodução
Minas Gerais é motivo de preocupações eleitorais, já que é o segundo maior estado em número de eleitores. Estudiosos comentam as vitórias de Dilma e Pimentel. Enquanto isso, cenário da Assembleia aponta menos mulheres, menos negros e aumento da articulação pró PT entre deputados
10 BRASIL
Reprodução
4 CIDADES
3 CIDADES
Segundo turno mais apertado
Pré-ENEM a baixo custo
Primavera pede atenção
Diferenças de projetos entre Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB) devem aparecer melhor agora
Cursinhos organizados por voluntários preparam inscritos de baixa renda para o ENEM
Climatologista explica as ondas de calor e frio que chegaram a Minas nos últimos dias
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
editorial | Minas Gerais
ma Rousseff e Aécio Neves será uma batalha decisiva, duríssima, que exigirá a mais ampla mobilização de todos os setores populares e de esquerda em nosso país. Aécio Neves contará com o apoio da grande mídia, que também se prepara para utilizar toda sua artilharia de denúncias nas próximas semanas. Mais do que nas outras eleições em que a candidatura do PT enfrentou a do PSDB, agora a vitória de Dilma Rousseff dependerá da mobilização militante. Uma eleição a ser decidida com o trabalho voluntário, de casa em casa, nas ruas, como nos melhores momentos da história do PT. E dependerá, muito mais, da ousadia em aprofundar o programa de mudanças. O segundo turno favorecerá o debate político entre dois projetos distintos. Será o momento
Derrota histórica do PSDB em Minas O povo mineiro teve coragem de romper com o ciclo do PSDB em Minas Gerais. A última década foi marcada por uma política pela implementação de medidas neoliberais que concentraram renda, fragilizaram as políticas sociais no estado e criminalizarão os movimentos sociais. O PSDB não apresentou proposta concreta de superação da pobreza e da desigualdade. Ao contrário, assistimos apenas a mudança de nome dos programas federais ao serem aplicados em Minas. As forças populares reagiram a um governo que privilegia aos ricos construindo diferentes iniciativas de resistência e diálogo com a sociedade. A derrota do PSDB em Minas é resultado do acúmulo de descontentamentos. Em 2011, tivemos uma das maiores greves dos professores já ocorridas em Minas Gerais, com duração de mais de 100 dias. Em 2013, as organizações popula-
Com a vitória do Pimentel, reacendem as ideias e desejos de avançarmos nas pautas populares em Minas Gerais res realizaram um Plebiscito Popular pela Redução da Tarifa de Energia e do ICMS, que recolheu mais de 600 mil votos. Também o Brasil de Fato MG nasce dessa caminhada, expressando o descontentamento com a imprensa que nada ou quase nada divulgou de ruim sobre Aécio ao longo dos últimos anos. Agora, com a vitória de Pimentel, reacendem as ideias e desejos de avançarmos nas pautas populares em Minas Gerais. Assim, o governador eleito será chamado a dar respostas às pautas sociais e econômicas que estão represadas, como saúde, educação, transporte, moradia e agricul-
tura familiar. Para conquistar as mudanças que a população mostrou desejar nas urnas será preciso uma articulação política e um programa de governo que consigam aglutinar as forças progressistas e democráticas de nossa sociedade. Resta a tarefa de derrotar o PSDB e o seu projeto neoliberal nacionalmente. Esse projeto retira a responsabilidade do Estado com a vida do povo, privatizando e entregando a saúde, a educação, o transporte para o mercado e pra as empresas. Derrotar Aécio Neves e o PSDB nas eleições de 2014 é um serviço que devemos prestar ao povo brasileiro. Seguimos nas ruas, nos bairros, nas praças, nas periferias, nas fábricas, nas escolas e nas igrejas, demonstrando que o projeto neoliberal do PSDB e Aécio são contra a classe trabalhadora e a favor dos interesses de uma minoria internacional que vive à custa do suor de quem trabalha. Já temos o que comemorar. Mas de pouco valerá se Aécio vier a governar o país, com sua visão neoliberal e sua equipe, que, muito provavelmente, vai repetir a mesma lógica de governar que foi aplicada por 12 anos aqui.
editorial | Brasil
Derrotar a direita não permite vacilação Concluímos o primeiro turno das eleições gerais com um Congresso Nacional mais conservador. A onda reacionária fortaleceu as bancadas ligadas a grupos evangélicos fundamentalistas, lideranças contra a ampliação de direitos e a chamada “bancada da bala”, defensora da intensificação de medidas repressivas. Mas fortaleceu principalmente as bancadas patronais, ligadas aos grandes grupos econômicos. Votos nulos, em branco e a abstenção apresentaram um significativo crescimento, permitindo concluir que também canalizaram a insatisfação dos eleitores. A conjunção entre um quadro recessivo na economia e o momento eleitoral sempre fragiliza a situação e fortalece o discurso oposicionista. Neste contexto, as forças neoliberais percebem a possibilidade de vitória e jogarão todas as suas fichas nos próximos dias. O confronto entre Dil-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
O segundo turno favorecerá o debate político entre dois projetos distintos. O momento histórico não permite vacilações que se explicitará que Aécio significa o retorno do neoliberalismo, com suas privatizações, alinhamento com os EUA e redução de investimentos sociais. O momento histórico não permite vacilações. É preciso derrotar o neoliberalismo. Silenciar num momento tão decisivo ou esconder-se com o pretexto da coerência num discurso sectário é cometer um grave erro político. Porém, mesmo vitoriosa Dilma governará com uma correlação de forças desfavorável no Congresso Nacional. Este cenário reforça, mais ainda, a necessidade de lutar por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Sem enfrentar o atual sistema político estaremos condenados a assistir o fechamento de um verdadeiro cerco político reacionário. É fundamental apoiar a candidatura Dilma. Erguer com força a bandeira da ‘Constituinte Já’, será fundamental para não permitir que se feche o cerco conservador.
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Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
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Com que roupa eu vou? TEMPERATURA Transição entre inverno e primavera provoca mudanças nas condições climáticas Reprodução
Thaíne Belissa Escolher a roupa certa para sair de casa não tem sido fácil nas últimas semanas em Minas Gerais, desde a chegada da primavera e das mudanças drásticas de temperatura. Logo no final de setembro, a população ficou assustada com a onda de calor que atingiu 35ºC e bateu recorde no ano. Poucos dias depois, muita gente foi pega de surpresa pelo frio que resolveu aparecer no início da noite. De acordo com especialistas, a variação no clima é comum nessa época do ano, mas é preciso ficar atento aos prejuízos que isso pode trazer à saúde e se prevenir. Dyan Diniz de Carvalho, meteorologista do Centro de Climatologia da PUC Minas, afirma que é comum a ocorrência de diferentes condições climáticas em um mesmo dia nesse perí-
odo de transição entre inverno e primavera. Mas ele explica que o calor excessivo nos últimos dias de setembro foi causado pela chegada de uma frente fria, que pressionou o ar quente que já estava na atmosfera, gerando uma sensação de abafamento. “Essa massa de ar não permitiu a troca de calor e o ar quente ficou retido aqui. O último dia de setembro e o primeiro de outubro registraram temperaturas de 35ºC, batendo recorde no ano”, afirma. Mas, segundo o meteorologista, a frente fria foi avançando pelo estado e provocando a queda de temperatura, no final da primeira semana de outubro. Aliado a isso, vieram os ventos, que aumentaram ainda mais a sensação de frio. Ele afirma que a tendência é que a temperatura volte a subir, mas não tanto. Além disso, a previsão é que o tempo per-
maneça seco, com umidade abaixo de 30%. “A expectativa anterior era de que outubro começasse com chuva, mas há muito tempo que a climatologia não obedece a um padrão. O que podemos dizer é que não há sinal de chuva significativa nos próximos dias em Minas Gerais”, destaca. Cuidados O médico e diretor do departamento de clínica médica da Associação Médica de Minas Gerais, Sanzio Fonseca, lembra que é preciso se prevenir do choque térmico. Por isso, ele recomenda que as pessoas levem um agasalho na bolsa, a fim de se proteger do frio, caso a temperatura caia de repente. Além disso, ele destaca que é preciso evitar sair de lugares com ar condicionado direto para a rua, onde a temperatura está mais elevada. Fonseca também chama
Defensores da Reforma Política vão a Brasília
As eleições ainda não acabaram, mas o sistema político segue sendo questionado. Os organizadores de um plebiscito popular que pedia a convocação de uma Assembleia Constituinte para votar mudanças no sistema político pretendem levar o resultado da consulta a Brasília. Nos dias 13, 14 e 15 de outubro, cerca de 1500 pessoas de todo o país se reúnem na capital federal. Segundo Adília Sozzi, advogada e uma das organizadoras da ação, eles pretendem levar a proposta de um Decreto Legislativo solicitando que o Congresso Nacional convoque um plebiscito oficial sobre o tema. O Decreto será entregue, juntamente com o resultado de votos, ao Supremo Tribunal
a atenção para as doenças respiratórias, que são mais comuns no tempo seco. Ele lembra que há vacinação contra gripe e pneumonia, que são muito importantes, principalmente em idosos e crianças. O médico afirma que a baixa umidade também costuma ressecar a pe-
le, os olhos e a mucosa do nariz, por isso é preciso se prevenir, usando hidratante para o corpo e soro fisiológico para o nariz. Para os olhos, ele recomenda colírio, mas o paciente precisa consultar um médico para saber qual é o mais adequado para ele.
PERGUNTA DA SEMANA
MUDANÇA Após recolher 7,7 milhões de votos, organizadores de Plebiscito entregam o resultado à presidência Reprodução
Rafaella Dotta
Além de beber água, é preciso usar hidrante para o corpo e soro para o nariz
No dia 5 de outubro tivemos resultados que vão influenciar os próximos quatro anos do país: as eleições. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, 142 milhões de pessoas foram às urnas escolher seus representantes na presidência, no governo de estado, Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e no Senado. Depois da votação, muitas análises apareceram. Surpresa de alguns e esperança de outros.
E para você, o resultado das eleições foi uma surpresa?
Mais de 7 milhões de pessoas votaram
Federal, ao Congresso Nacional e à Presidência. “Precisamos que um terço dos deputados ou dos senadores assinem a solicitação do decreto para que comece sua tramitação”, explica Adília. “Este vai ser um momento histórico, em que vamos entregar ao governo o desejo de 7 milhões de pesso-
as. Isso deve estimular uma mudança ainda maior deste país”, acredita Priscila Araújo, que é professora e organizou o Plebiscito Constituinte na região metropolitana de Belo Horizonte. De Minas Gerais, 300 pessoas, da região central e interior do estado, devem seguir até Brasília.
Me surpreendi porque o Aécio foi para o segundo turno. Mas na política sempre tem surpresa: você vota em um candidato para o segundo mandato e ele larga pra concorrer a outro, por exemplo. É um desrespeito ao eleitor. Gilvan Silva Santos, encarregado de obras
Sinceramente, eu desisto de eleição. Promessas, promessas e promessas. Acho que o povo está cansado de palavras. Está na hora dos candidatos criarem atitude, se colocarem no nosso lugar e fazer alguma coisa por nós. Natália Rocha, estudante
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CIDADES
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
Cursinhos comunitários são alternativa de preparação para ENEM UNIVERSIDADE Mais da metade dos inscritos na prova têm carência comprovada Reprodução
Thaíne Belissa A menos de um mês para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorre nos dias 8 e 9 de novembro, estudantes de todo o país repassam as últimas matérias e se preparam para as provas que podem dar a eles a chave da universidade. A tensão e o nervosismo atingem a todos, mas de forma ainda mais especial os milhares de estudantes de baixa renda, que enxergam no vestibular uma oportunidade de ascensão social e mudança de vida. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o Enem de 2014 recebeu 8,7 milhões de inscrições, o que representa um crescimento de 21,6% em relação ao ano anterior. Do total de candidatos, a maioria é constituída por negros (57,91%) e isentos na matrícula
por carência comprovada (57,17%). Grande parte desses candidatos de baixa renda se prepararam em cursinhos comunitários, como o Pré-vestibular Educafro Minas, que atende em 13 pontos no estado. Com foco nos estudantes negros e de baixa renda, eles contam com 156 voluntários e 280 alunos. Para a assistente social Noelle Lopes, o cursinho comunitário dá mais chance ao aluno de baixa renda de aproveitar os incentivos do governo, como as cotas e o Prouni. “O acesso à universidade é uma forma de dar poder à população carente, que se eleva socialmente, tem mais acesso aos espaços públicos e promove mudanças”, diz. Outro cursinho que já ajudou milhares de estudantes é o Vila Marçola, que existe há nove anos no Aglomerado da Serra, tem 20 voluntários diretamen-
Serviço
Educafro Atende em 13 núcleos em Minas Gerais Vagas: 280 Valor da mensalidade: R$ 40 Sede: Av. Amazonas, 314 - sala 210 – Centro Telefone: (31) 3271-3038 Pré- vestibular Vila Marçola Aglomerado da Serra – Belo Horizonte Vagas: 70 Valor da mensalidade: R$ 35 Telefones: (31) 9888-7265 / (31) 8859-9623 Gruprez Atende o bairro Floramar e comunidades ao redor – Belo Horizonte Vagas: 500 Valor da mensalidade: Até 10% de um salário mínimo Telefone: (31) 3115-7000 Pré-vestibular Comunitário Édson Luís Rua Hortências, s/n, Pio XII - São João Del Rei Vagas: 65 Valor da mensalidade: R$ 35 Telefone: (32) 9147-3512 Casa do Movimento Popular Av. Gal. David Sarnoff, 117 - Cidade Industrial - Contagem Informações: revisaoenem2014@gmail.com Gratuito
Voluntários ajudam na preparação para entrada nas universidades
te envolvidos e atende a cerca de 70 alunos. Além das disciplinas tradicionais, ele tem duas matérias especiais: “Sociedade e Cidadania” e “Motivação Pessoal e Organização Coletiva”. Segundo a coordenadora geral, Ana Flávia Pereira, o objetivo é gerar nos alunos a consciência sobre seu papel na comunidade. Ela acredita que a adoção do Enem ampliou o acesso à universidade, pois aumentou as possibilidades dos alunos de escolha de cursos e instituições de ensino, além de propor uma prova que vai além do conhecimento teórico. “O Enem propõe um
Candidatos de baixa renda se prepararam em cursinhos comunitários, como o Pré-vestibular Educafro Minas, que atende em 13 pontos no estado viés de avaliação mais democrático, na medida em que amplia as habilidades a serem avaliadas, quebra esse ciclo de conhecimento não contextualizado e valoriza saberes que vão além dos livros”, analisa.
Oportunidade Morador do Aglomerado da Serra, Helio do Nascimento é um dos alunos do cursinho Vila Marçola. Ele afirma que não teria condições de pagar por um pré-vestibular tradicional e vê como oportunidade o cursinho comunitário. Ele ainda está em dúvida se vai tentar Direito ou Engenharia, mas uma coisa ele garante: vai voltar para ajudar o pré-vestibular. “Quero contribuir de alguma forma, levando conhecimento e mostrando que nós que moramos no aglomerado também podemos alcançar a universidade”, destaca.
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
Parto humanizado e respeito à mulher oferecido pelo SUS em BH HOSPITAL SOFIA FELDMAN Tratamento humanizado gera segurança e local atinge altos índices de parto normal Fotos: Michelle Fernandes/Ag. Eficaz
Maíra Gomes Miriam Gomes da Silva descobriu que esperava um bebê quando já estava no terceiro mês de gravidez. Como fez nas três gestações anteriores, rapidamente marcou sua consulta no hospital Sofia Feldman, no bairro Tupi, em Belo Horizonte. “Nem todo médico trabalha com carinho, mas aqui eles tratam a gente super bem. Eles prestam atenção, são acolhedores”, declara. Em funcionamento desde a década de 80, o Sofia Feldman iniciou suas atividades como entidade beneficente, e, posteriormente, foi integrado ao Sistema Único de Saúde. O hospital funciona com assistência multi e interdisciplinar, atenção humanizada, incentivo ao parto normal, oferecimento de métodos farmacológicos e não farmacológicos de alívio de dor e planejamento familiar. Cerca de 75% dos mil partos realizados por mês são feitos de forma normal, porcentagem bem acima
Enquanto a média de parto normal no Brasil é 48%, no Sofia o índice chega a 75% do índice no Brasil que é de 48%. O Brasil é recordista em partos de cesariana. Na rede privada, pode chegar a 83%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. “O Sofia proporciona um acolhimento sem igual. Não só porque é mais legal, mas porque eles dão respaldo científico sobre as formas de tratamento di-
ferenciadas, com menos medicamento e sem violação”, acredita Mika Santos, gestante de 40 semanas. A futura mãe iniciou o acompanhamento no Sofia Feldman após ter recebido muitos ‘nãos’ sobre seu desejo pelo parto normal. Isso porque o bebê está em posição pélvica, ou seja, sentada e não virada de cabeça pra baixo como de costume. “Já saí de muito ultrassom chorando, mas aqui disseram que tenho uma chance de tentar tê-la de parto normal. Vou esperar e ver o que o bebê quer”, diz.
O profissional que acompanha todo o pré-natal e dá a assistência no parto não é o médico e sim uma enfermeira obstetra, treinada para o cuidado. “Podemos atuar com o respaldo da equipe multidisciplinar e conduzir o parto de risco habitual. Somente em caso de alguma emergência o médico é chamado”, explica Jordânia da Conceição Felix França, enfermeira obstetra. Referência no atendimento à gestante em todo o mundo, o local abriga uma ampla rede de atendimento. Ao chegar ao hospital, a gestante é recebida no Núcleo de Terapias Integrativas, onde tem acesso a tratamentos como acupuntura e escalda pés. O hospital conta ainda com uma Casa de Gestante, com 23 vagas, para abrigar mulheres com gravidez de risco, como alteração de pressão, diabetes ou rompimento prematuro de bolsa, que necessitam de acompanhamento mas não há necessidade de internação no hospital.
Parto normal prazeroso e saudável Para a realização do parto normal em uma gravidez sem risco, o hospital tem um de seus principais diferenciais, o Centro de Parto Normal David Capistrano. A Casa de Parto possui quatro quartos com banheiros e jardins de inverno privativos, sendo um deles com banheira para parto na água. Em todo o processo, a mulher é encorajada a caminhar, a utilizar massagens e práticas complementares (homeopatia, florais, shiatsu, reiki) no alívio não farmacológico da dor. Ela também pode escolher a posição que considerar mais confortável no trabalho de
parto: deitada, de cócoras, ajoelhada ou na água. Dessa forma, o Centro proporciona o fortalecimento da rede de proteção social ao recém-nascido e o resgate da imagem do parto normal de forma prazerosa, segura e saudável. De acordo com as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, não são realizados tricotomia (raspagem dos pelos), clister (lavagem intestinal), nem episiotomia (corte da vagina) e soroterapia de rotina. “É muito importante o empoderamento da mulher no processo de par-
to. A sociedade tem insistido que a mulher não tem capacidade de fazer aquilo que sempre fez, que é dar à luz. E saber que tem lugar que trabalha o parto humanizado no SUS é re-
volucionário. E acho que a forma de a pessoa nascer influi na vida daquele ser e de um sociedade inteira”, afirma Miguel Safe Santos, pai que acompanha a esposa em seu pré-natal.
MINAS
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Fatos em Foco
Trabalhadores reivindicam retorno ao Mineirão Barraqueiros que trabalhavam no entorno do estádio do Mineirão exigem que a Prefeitura retome o processo de negociação. Eles estão proibidos de vender mercadorias na região desde o início das obras para a Copa. Após ocuparem a sede da Regional Pampulha, um grupo de trabalhadores foi recebido pelo órgão, que se comprometeu a realizar um novo encontro entre as partes, com representantes do Ministério Público. De acordo com a integrante das Brigadas Populares e do Copac Isabella Miranda, os barraqueiros querem que a PBH e o MP estabeleçam um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que autorize sua volta para o local. Além disso, eles são contra a realização de um processo licitatório para definir quem poderá explorar o comércio na região. “Precisamos de um amparo jurídico que permita o retorno dos 96 barraqueiros que se cadastraram na prefeitura para retornar à região. É a reparação de um direito violado”, explica a ativista. (Do Minas Livre)
Mutirão de Laqueadura em Valadares No sábado (11), a prefeitura de Governador Valadares realiza o primeiro Mutirão de Laqueadura e Vasectomia, esterilização para não ter mais filhos. Podem fazer a técnica cirúrgica homens e mulheres maiores de 25 anos ou com pelo menos dois filhos vivos. Deve ser observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e a cirurgia, tempo em que são submetidos ao aconselhamento de equipe multidisciplinar. Para participar, é preciso ter feito cadastro. Os pacientes deverão comparecer ao Centro, junto com o cônjuge para consulta com equipe multidisciplinar. O local fica na rua São João, 344, Centro. Mais informações no site da Prefeitura: www.valadares.mg.gov.br.
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MINAS
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Assembleia tem menos mulheres e negros que a sociedade ELEITOS Composição da Assembleia é pouco representativa Da Redação A representação de mulheres e negros nas cadeiras sempre foi baixa. Nestas eleições, não houve mudança significativa para as mulheres. Onde eram apenas quatro, a partir de janeiro de 2015, serão cinco mulheres. A única reeleição foi da deputada Rosângela Reis (Pros), que conquistou seu terceiro mandato consecutivo. As demais eleitas são Marília Campos (PT), Cleise Laviola (PMDB), Ione Pinheiro (DEM) e Arlete Magalhães (PTN). Para os negros, a situação que já era ruim ficou ainda pior. São hoje três: Neilando Pimenta (PHS), Pinduca Ferreira (PP) e Marques Abreu (PTB). Nestas eleições entrou apenas um representante negro, o reeleito Neilando Pimenta.
NA SOCIEDADE
NA ASSEMBLEIA
93,51%
49%
51%
Homens
Homens
Mulheres
Mulheres
NA SOCIEDADE
6,49%
Para colocar em prática os projetos e programas propostos, Fernando Pimentel (PT) precisará de uma forte base aliada na Assembleia Legislativa. O novo governador termina as eleições com 26 dos 77 deputados estaduais a seu favor, da coligação Minas Para Todos e do PCdoB. Dos partidos restantes, os deputados se dividiram no apoio a Pimenta da Veiga (PSDB) ou entraram com outras coligações nas eleições.
2010
2014
PT
11
10 (7)*
PMDB PROS PRB A Voz de Minas PSDB PP PSD PPS DEM Minas Avança PV PDT Avante Minas PTB Minas Quer Mudança PSB Minas Melhor PSC PTC Uma só Minas PTN Sou + Minas PEN PHS PCdoB PR PMN PTdoB
8 2 2
10 (7)* 1 (1)* 2 (2)*
14 5 6 3 2
9 (8)* 3 (2)* 4 (4)* 3 (1)* 2 (1)*
5 3
4 (4)* 4 (3)*
4
3 (3)*
3
3 (2)*
1 1
2 1 (1)*
0
3
1 0 2 1 1 1
1 (1)* 1 3 (2)* 4 (1)* 1 3 (1)*
NA ASSEMBLEIA
Minas Para Todos 98.70%
49%
51%
Outros
Outros
Negros
Negros
2010 (em quantidade)
1,30%
2014 (em quantidade)
Mulheres
4
5
Negros
3
1
Total Deputados Estaduais
77
77
Enriquecendo com a política Dentre as reeleições na Assembleia Legislativa, estão os nomes dos deputados que obtiveram maior aumento de patrimônio durante os últimos quatro anos de mandato. Deputados reeleitos que aumentaram seu patrimônio em mais de R$1 milhão nos últimos quatro anos
Aumento do patrimônio entre 2010 e 2014 (em R$)
Inacio Franco (PV)
11.933.260,40
Deiró Marra (PR)
7.590.197,81
Bráulio Braz (PTB) Fabio Cherem (PSD) Dilzon Melo (PTB) Luiz Humberto Carneiro (PSDB) Ivair Nogueira (PMDB) Sávio Souza Cruz (PMDB) Bonifácio Mourão (PSDB) Alencar da Silveira Junior (PDT) Pastor Vanderley Miranda (PMDB)
5.797.481,33 3.675.186,55 2.946.159,97 2.410.771,90 2.181.773,52 2.129.987,64 1.999.031,09 1.647.023,66 1.332.078,86
Fonte:TRE-MG
Partidos e poderes na Assembleia
*Deputados reeleitos
ELEIÇÕES
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
Minas deu vitória para Dilma e Pimentel
Bombou na rede Jornal “dos mineiros” ou “do Aécio”?
RECADO DAS URNAS Especialistas e políticos avaliam derrota de Aécio no próprio estado e vitória de Pimentel já no primeiro turno
Reprodução
Thaíne Belissa Classificada como “surpresa” para alguns e “recado das urnas” para outros, a derrota do candidato à presidência do PSDB, Aécio Neves, em Minas Gerais, ganhou repercussão durante toda a semana. A vitória, em primeiro turno, de Fernando Pimentel (PT) para o governo do Estado apimentou ainda mais essa discussão e pesou na balança de especialistas e políticos, que interpretam esses resultados como um grito dos mineiros por renovação. Com 43,48% dos votos em Minas Gerais, Dilma Roussseff foi a candidata à presidência mais votada em Minas Gerais, superando o ex-governador Aécio Neves, que teve 39,75% dos votos e vai disputar o segundo turno. Já nas eleições para o governo do Estado, a vitória de Fernando Pimentel foi mais folgada: ele venceu no primeiro turno, com 52,98% dos votos. Para a professora
do departamento de Ciência Política da UFMG Helcimara de Souza Telles, esse cenário merece uma análise cuidadosa, pois pode ser decisivo no segundo turno das eleições para a presidência. “Minas Gerais foi pró-PT, mas, por outro lado, São Paulo fechou com o PSDB, então os resultados
“Minas Gerais foi pró-PT, mas São Paulo fechou com o PSDB. Os resultados nesses dois estados serão bastante significativos para o segundo turno” nesses dois estados serão bastante significativos para o trabalho dos candidatos no segundo turno”, analisa. Na opinião dela, as urnas em Minas revelaram um desejo da população de renovação, o que ela acredita não ter acontecido em
Dilma foi a candidata à presidência mais votada em MG
outros estados. Ela afirma que o país teve muitos governadores reeleitos e critica votos em candidatos conservadores, como Celso Russomano (PRB/SP), Jair Bolsonaro (PP/RJ) e Marco Feliciano (PSC/SP). “Em Minas Gerais a situação está melhor, pois o candidato do PT ao governo conseguiu formar sua bancada e, por aqui, será mais fácil implementar medidas progressistas, como ele mesmo prometeu”, diz. O cientista político e professor da PUC Minas Mal-
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co Camargos também acredita que os resultados nas urnas têm a ver com o anseio dos mineiros por renovação. “A gestão do PSDB foi questionada e emergiu o desejo de mudança, tanto no jeito de governar quanto nos próprios representantes”, afirma. Ele também destaca o desempenho dos candidatos durante as eleições, o que contribuiu para a decisão dos eleitores. Para o professor, Aécio Neves estava distante de Minas Gerais e não conseguiu dominar os debates. Já Fernando Pimentel discutiu com mais clareza as políticas públicas para o estado.
Os Diários Associados, proprietário do jornal Estado de Minas, enviou convocação, assinada em nome dos “funcionários”, para participação em caminhada a favor de Aécio Neves. Em nota, Sindicato dos Jornalistas alertou: “Qualquer pressão deve ser denunciada para que sejam tomadas medidas jurídicas cabíveis para resguardar o direito ao voto dos eleitores.” Jornalista do jornal, Daniel Camargos bombou no facebook ao postar:
“Eu, Daniel Augusto Resende Camargos, jamais participarei de uma caminhada em apoio ao candidato à presidência da República, Aécio Neves”. Músico deixa Aécio no vácuo
Desejo de mudança necessitará de sustentação parlamentar COLIGAÇÕES Apesar de ainda ser minoria, base de sustentação do governo pode crescer O sentimento de reforma também começa a ser sentido pelos deputados que vão compor a Assembleia Legislativa. Apesar do índice de renovação da casa ter sido de apenas 33%, os políticos preveem grandes mudanças. Entre os principais motivos está a vitória da coligação Minas para Todos, composta por partidos aliados ao PT, que teve o maior número de candidatos eleitos, sendo ao todo 23. De acordo com o deputado reeleito Rogério Correia (PT), outros três deputados do PCdoB também vão se aliar à chapa de Pimentel,
o que amplia esse número para 26. “Em tese, ainda é minoria, mas há partidos menores que vamos procurar para nos dar apoio”, afirma. A segunda coligação com maior número de deputados eleitos foi A Voz de Minas, dos aliados do PSDB: 21. Ao todo, a Assembleia contará com deputados de 22 partidos. O deputado reeleito Sávio Souza Cruz (PMDB) também aposta na articulação política. Ele afirma que está esperançoso de que o próximo governo vai responder ao pedido de mudança. “Esperamos resgatar ins-
tituições, como o judiciário, o Ministério Público e a própria ALMG, que foram amordaçadas pelos tucanos”, frisa. Já o deputado da coligação A Voz de Minas Lafayette Andrada (PSDB) acredita que a principal mudança vem com o novo governador e não só com o número de deputados das coligações. “O Palácio da Liberdade exerce grande influência sobre a ALMG, então essa relação vai mudar”, diz. Ele afirma que o PSDB vai procurar os partidos que apoiaram Pimenta da Veiga, mas já adianta que não está
muito otimista. “Os partidos periféricos sempre são sugados pela base do governador. Mas, vamos pedir para que os companheiros mantenham o apoio”, diz. O deputado Durval Ângelo (PT) lembra que é comum essas articulações dos partidos na mudança de governo. “Sempre critiquei a oposição pela oposição e continuo acreditando nisso. Vamos ter uma postura equilibrada e republicana, mas também vamos tratar os problemas de Minas Gerais, pois o paraíso cor de rosa desenhado pelos tucanos não existe”, frisa.
Músico morador de favela de BH se recusa a dar a mão a Aécio e memes se espalham com diferentes montagens. Sou mineiro e digo #AecioNuncaMais Evento no facebook que convoca “manifestação livre pelo povo brasileiro” para o sábado, 11 de outubro, em Belo Horizonte, bomba na rede, e nos primeiros dias atinge milhares de confirmações.
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
Foto da semana
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
Acompanhando
Adriana Leroy de Magalhães / Reprodução Facebook
Na edição 34... Falta uma assinatura para a CPI do Mineirão ...E agora
Na madrugada da quarta-feira (8), um eclipse total da lua pôde ser visto da Terra. O acontecimento gerou o fenômeno conhecido como “Lua de Sangue”, que acontece quando a lua está na fase cheia e se alinha com a Terra e o sol. A luz solar atravessa a atmosfera terrestre, a luz azul é absorvida e a luz vermelha e alaranjada são refratadas na sombra, deixando a coloração no astro. Essa é a segunda Lua de Sangue de 2014. Outras quatro ainda irão ocorrer neste e no próximo ano.
Igor Fuser
Leonardo Boff
O petróleo e as eleições
Dilma é continuidade da invenção do novo Brasil
O petróleo entrou, com destaque, no debate eleitoral. No centro da discussão está uma pergunta: de que maneira o Brasil conseguirá tirar o máximo proveito dessa imensa riqueza? Trata-se de uma das maiores reservas de petróleo no mundo, podendo chegar a 120 bilhões de barris. E esse é o recurso natural mais valioso do planeta. No governo Lula, o Brasil adotou um conjunto de leis com o objetivo de proteger o nosso petróleo e impedir que as empresas estrangeiras se apropriem da renda que será gerada com a sua exploração. Essas regras colocam a Petrobrás, empresa brasileira controlada pelo Estado, como a principal responsável pela extração da área do pré-sal. As regras adotadas por iniciativa de Lula e mantidas no governo Dilma, também favorecem a geração de empregos e o progresso econômico do Brasil. Em todos os projetos de exploração do pré-sal, é obrigatória a compra de equipamentos e serviços produzidos no nosso país, em certas proporções estabelecidas por lei. Por exemplo, os navios envolvidos na extração em alto-mar estão sendo fabricados aqui mesmo, em vez de serem importados. Com isso, a indústria naval brasileira hoje oferece empregos de qualidade a dezenas de milhares de trabalhadores. O candidato da oposição, Aécio Neves, quer mudar essas regras, em favor das empresas petrolíferas estrangeiras. Aécio propõe medidas que, se aprovadas, irão aumentar a fatia do capital externo nos lucros do petróleo e retirar a obrigatoriedade do chamado “conteúdo nacional” no processo de produção do pré-sal. Essa é uma questão muito grave. Se o petróleo brasileiro cair nas mãos das multinacionais, o sonho de utilizar essa riqueza em favor da melhoria da educação e da saúde do nosso povo vai para o beleléu. Igor Fuser é jornalista e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).
É notório que a direita brasileira, especialmente aquela articulação de forças elitistas que sempre ocuparam o poder de Estado e o trataram como propriedade privada (patrimonialismo), apoiadas pela mídia privada e familiar, está se aproveitando da crise que é mundial e não apenas nacional (e temos a vantagem de manter um mínimo de crescimento e o emprego dos trabalhadores, coisa que não acontece nem na Europa nem nos EUA) para fazer sangrar a presidenta Dilma. Se por um lado não podemos nos privar de algumas críticas ao governo do PT, por outro, seria faltar à verdade se não reconhecêssemos os avanços significativos. A inclusão social realizada e as políticas sociais benéficas para aqueles milhões que sempre estiveram à margem possuem uma magnitude histórica cujo significado ainda não acabamos de avaliar, especialmente se nos confrontarmos com as fases históricas anteriores. Surgiu um estranho ódio contra o PT em muitos âmbitos da sociedade: suspeito que esse ódio é porque as políticas públicas permitiram aos pobres usarem o avião, comprar seu carrinho e ir ao shopping moderno. O lugar deles não é no avião mas permanecer lá na periferia. Devemos aproveitar as oportunidades que os países centrais em profunda crise nos propiciam: reafirmar nossa autonomia e garantindo nosso futuro. Ou viveremos atrelados ao destino sempre decidido por eles que nos querem condenar a sermos apenas os fornecedores dos produtos in natura que lhes faltam e assim voltam a nos colonizar. Este é o desafio lançado aos candidatos. Não vejo figura melhor para seguir nesta reconstrução a partir de baixo, que nos levem para frente e para o alto do que a atual presidenta Dilma. Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor. É dele o livro ‘Proteger a Terra e cuidar da vida: Como escapar do fim do mundo’.
Engavetada desde fevereiro de 2013, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Minas Arena recebeu nesta terça (7) as assinaturas que faltavam. Em abril de 2014, a CPI contava com apenas 25 assinaturas – uma a menos do que o mínimo necessário. As investigações giram em torno dos R$ 44,4 milhões repassados, em 2013, pelo governo ao Minas Arena. Esse valor significa um investimento de R$ 700 por cadeira no Mineirão – ou cerca do dobro dos R$ 376 investidos por cidadão mineiro na saúde pública. Uma das irregularidades apontada no pedido de CPI é que o contrato prevê que o governo é obrigado a cobrir as perdas financeiras do Minas Arena caso o consórcio tenha prejuízo. Na edição 20... Juízes mineiros tentam aumentar seus salários ...E agora O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou o pagamento de auxílio-moradia para juízes federais e estaduais, em resolução aprovada na última terça (7). O benefício não poderá ser maior do que o valor pago aos ministros do STF, R$ 4.377,73 e não será pago a magistrados aposentados e em casos de residência oficial disponível. A Advocacia-Geral da União recorreu ao Supremo para evitar o pagamento do auxílio, pois entende que o pagamento é ilegal e terá impacto de R$ 350 milhões por ano nas contas públicas.
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ENTREVISTA
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“O embate agora se dá entre dois projetos políticos” BALANÇO Cientista político analisa resultado das eleições para Legislativo e Executivo Joana Tavares
Joana Tavares O resultado do primeiro turno das eleições trouxe muitas perguntas. Todos os candidatos parecem ter se apropriado do discurso de mudança, mas Marina Silva, que propunha uma “nova política” ficou de fora da corrida. Agora, dois projetos que os brasileiros já conhecem se enfrentam nas urnas. O cientista político, professor da PUC e diretor do instituto Ver, Marco Camargos, analisa o cenário e defende que é hora de se apresentarem as propostas, para além dos ataques pessoais. Brasil de Fato - Pode-se dizer que houve uma vitória do PT em Minas Gerais este ano, considerando a vitória em primeiro turno de Fernando Pimentel e a derrota de Aécio no estado? Malco Camargos - Aécio incorporou o discurso de mudança em sua campanha para presidente e Pimenta da Veiga ecoou esse discurso no estado. Mas Pimenta defendia a continuidade. Pimentel foi sábio e usou os argumentos de Pimenta como combustível para fomentar o desejo de mudança e conseguiu colocar que era possível fazer diferente em Minas Gerais, com quatro bandeiras: estar mais perto das pessoas, diminuir as desigualdades regionais, promover melhorias no sistema de saúde, e, por fim, com um discurso de independência dos mineiros em relação a suas escolhas. Um discurso de autonomia para Minas, de liberdade em relação a seus caciques. Foi isso tudo que possibilitou a vitória do Pimentel, além da escolha do PSDB por Pimenta da Veiga, alguém mais distante do estado, fora das estruturas e mais velho. Parece que todos os partidos estão tentando se apropriar do desejo de mudança. Como você vê o
segundo turno nesse contexto? Observamos que quem embarcou muito forte no discurso de novidade ou mudança não se deu bem. As eleições produziram um resultado até mais conservador do que se espera-
“É preciso deixar as paixões de lado e conseguir comparar racionalmente projetos e pessoas, no que se refere ao passado e ao futuro” va. Em nível federal, quem apostava na ‘nova política’ ficou fora do segundo turno. Agora temos um candidato de continuidade e outro que representa quem já esteve no poder e quer voltar. Então o embate hoje não é mais em relação a uma forma de fazer política, mas em relação a dois projetos políticos que o brasileiro já experimentou e agora pode escolher. De outro lado, no Legislativo, não houve taxas de renovação significativas. Aqui em Minas, por exemplo, elas foram menores do que em outros anos, somado a um aumento de representação de pequenos partidos mais conservadores. As pessoas novas que entraram, tanto na Assembleia quanto na Câmara dos Deputados, são principalmente aqueles que entraram a partir de herança de DNA, por transferências de votos de pai para filhos ou de marido para mulher. Não há uma renovação importante. Nenhuma liderança das manifestações, por exemplo, vai ocupar algum cargo. Parece forte, nesse segundo turno, um repúdio ao PT, às vezes mais nítido do que uma defesa do projeto do PSDB. Como você explica isso? Vivemos um momento singular nas escolhas políticas, no qual elas não pas-
Malco Camargos: “os eleitores estão se restringindo a falar bem ou mal de uma pessoa, e não pensando em qual Brasil nós queremos de 2014 pra frente”
“Os votos brancos e nulos não cresceram tanto quanto alguns analistas diziam. Esse crescimento é constante, a cada ano aumenta” sam mais por uma perspectiva de futuro e sim por uma avaliação de um passado recente. As pessoas não estão dando conta de comparar os dois projetos que já experimentaram - do PT e do PSDB - e não estão dando conta de prever cenários, do que será o PT ou o PSDB no governo. Estão agindo como torcedores apaixonados, defendendo seu time. Mas no futebol somos somente espectadores e na política nós somos atores. É preciso deixar as paixões de lado e conseguir comparar racionalmente, comparar pessoas e também projetos, no que se refere ao passado e ao futuro. Para isso temos que deixar de colocar estereótipos e começar a discutir quais serão as ações que serão e foram tomadas por um e outro partido. Você acha que esse com-
portamento também explica em alguma medida o grande número de votos nulos e brancos ou é outro fenômeno? Os votos brancos e nulos não cresceram tanto quanto alguns analistas diziam. Esse crescimento é constante, a cada ano aumenta. Tem duas coisas aí. Uma é o processamento de informações no Tribunal Superior Eleitoral, que não computa todos os óbitos e faz com que se registrem mais abstenções. Há também um eleitor mais descrente com a política que opta pela não participação. Não é a maioria, esse grupo é pequeno. É importante que esse grupo tenha a clareza que o voto é obrigatório, mas é com essa obrigação que a gente conquista direitos. E quando você abre mão de participar, você está abrindo mão da possibilidade de conquistar direitos, ou para você ou para quem você acha importante que tenha esses direitos constituídos. Quais os limites do nosso sistema eleitoral para que esse momento seja melhor aproveitado para um verdadeiro debate de projetos? Do ponto de vista das
eleições proporcionais, ou seja, as eleições legislativas, o nosso sistema é bastante perverso. Porque o alto número de candidatos e a competição interna da cada partido faz com que o eleitor tenha pouca clareza de quais são as reais bandeiras dos partidos. Mas do ponto de vista da eleição majoritária, o sistema é bastante generoso. O tempo de exposição ao qual todos os candidatos têm direito é grande. Quando os candidatos aos cargos do Executivo não fazem bom uso desse tempo, é por interesse próprio, de não querer questionar ou não se expor em relação às políticas. É fundamental que nós saibamos com clareza quais são as mudanças que Dilma se propõe a fazer e, de outro lado, quem está disputando o cargo pela oposição tem obrigação de dizer quais são as ações que serão tomadas quando chegar ao poder. Só falar que o atual é ruim não é suficiente para justificar uma escolha. Infelizmente, eles estão pautando uma discussão nos eleitores que estão se restringindo a falar bem ou mal de uma pessoa, e não pensando em qual Brasil nós queremos de 2014 pra frente.
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BRASIL
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Congresso fica pior para trabalhadores e movimentos sociais ELEIÇÕES 2014 Nova composição na Câmara é mais conservadora e pode dificultar reforma política e avanços sociais Reprodução
Pedro Rafael Vilela De Brasília
A nova composição do Congresso Nacional, eleita no último domingo (5), deve dificultar muito o avanço da pauta dos trabalhadores e dos movimentos sociais, como a redução da jornada de trabalho e temas relacionados às questões indígenas, sexuais e da maioridade penal. Levantamento preliminar realizado pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas (Diap) revelou, por exemplo, que a bancada de parlamentares defensores dos direitos trabalhistas caiu de 83 para 46 representantes na Câmara dos Deputados, podendo chegar a no máximo 50. Já os empresários, segundo o Diap, somam 190 deputados eleitos, número que pode atingir cerca de 250 parlamentares, quase metade da Câmara. “Essa diferença entre a
bancada empresarial e a bancada trabalhista acontece em um momento em que a pauta dos empresários está na mesa. Eles terão muito mais condições políticas de aprovar a regulamentação da terceirização com precarização do trabalho e a flexibilização das leis trabalhistas. Também fica praticamente descartada a aprovação da redução da jornada de trabalho, pauta histórica dos sindicatos”, avalia Antônio Augusto Queiroz, analista do Diap.
O ex-militar Jair Bolsonaro, o pastor evangélico Marco Feliciano e o ruralista Luiz Carlos Heinze foram eleitos com votações expressivas
Direitos em risco
Outras duas bancadas que aumentaram o poder nessas eleições são a evangélica e a de segurança, também conhecida como bancada da bala. O aumento foi em média 20%, estima o departamento. Temas como descriminalização do aborto, homofobia e casamento igualitário para pessoas do mesmo sexo não devem prosperar. “Es-
sas bandeiras terão adversários ainda mais fortes no próximo Congresso”, adverte. Com a bancada mais conservadora, questões como a limitação de terras indígenas e redução da maioridade penal podem ser aprovadas. “A possibilidade de avanços sociais é quase
zero e o risco de retrocesso é muito grande”, aponta Queiroz. Perfil
De acordo com o Diap, a renovação da Câmara dos Deputados foi de 46%. O número de partidos representados subiu de 22 para 28, revelando uma frag-
mentação ainda maior de poder. Aumentou ligeiramente o número de mulheres, que passam a ser 51, contra 47 da atual legislatura. As três maiores bancadas partidárias continuam sendo PT, PMDB e PSDB, mas apenas o PSDB cresceu em número de parlamentares.
Aécio articula forças neoliberais para enfrentar Dilma Reprodução
Pedro Rafael Vilela De Brasília
Após uma virada surpreendente sobre Marina Silva (PSB) nas urnas, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) busca fortalecer seu grupo e fazer frente à presidenta Dilma Rousseff nas eleições do próximo dia 26. A movimentação dos tucanos nesta semana buscou atrair setores políticos derrotados no 1º turno. Além de conseguir o alinhamento automático de Pastor Everaldo (PSC), o tucano também obteve apoio do PV, que concorreu à presidência com Eduardo Jorge, e do diretório nacional do PSB, que abrigou a can-
didatura Marina Silva. Porém, até mesmo o candidato a governador da Paraíba pelo PSB, Ricardo Coutinho, decidiu apoiar Dilma para “barrar retrocessos na Paraíba e no Brasil”. Em editorial publicado no Brasil de Fato, movimentos sociais avaliaram o que o projeto do PSDB põe em risco os avanços sociais. O PSOL, que concorreu à presidência com Luciana Genro, também divulgou seu posicionamento na quarta (8). Pregando “nenhum voto em Aécio”, a nota critica o governo Dilma por não ter enfrentado o conservadorismo no Congresso Nacional, mas ressalta que é preciso evi-
PSB de Marina Silva declarou apoio a Aécio, mas candidato a governador da Paraíba decidiu apoiar Dilma
tar um retrocesso maior com a volta do PSDB ao governo federal. Uma das principais lideranças do PSOL, o deputado estadual mais votado do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, já se posicionou favorável a Dilma. “Um governo tucano representa o retorno de uma elite conservadora e de uma política econômica prejudicial aos trabalhadores e à população mais pobre. As gestões do PSDB sucatearam as universidades públicas, desmantelaram o Estado, deixaram o funcionalismo sem reajustes, arrocharam salários e provocaram desemprego em massa”, afirmou o parlamentar.
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Alimentos recebem “semáforo nutricional” em rótulos SAÚDE Equador é o primeiro país da América Latina a adotar avisos sobre risco de ingredientes Reprodução
Da redação
As prateleiras do Equador ficaram diferentes neste mês. Todos os alimentos passarão a conter em suas embalagens um “semáforo nutricional” que avisa sobre a quantidade de alguns dos ingredientes perigosos à saúde humana. O Regulamento Sanitário de Etiqueta equatoriano está em vigência desde agosto de 2013 e se tornou obrigatório para todos os rótulos a partir de agosto de 2014. A iniciativa é comemorada por grupos de consumidores e de saúde, como a Associação Médica Britânica. Para a pesquisadora do Instituto Brasileiro de De-
fesa do Consumidor (Idec) Ana Paula Bortoletto, a iniciativa alerta às pessoas sobre alimentos prejudiciais e ainda viabiliza comparações rápidas entre os produtos antes da compra. Uma tarja vermelha vem acompanhada da expressão “ALTO EM...”, a amarela acompanha “MÉDIO EM...” e a verde diz “BAIXO EM...”. Os ingredientes analisados são o açúcar, o sal e a gordura. Em um produto pode vir: “Baixo em sal”, “Alto em gordura” e “Médio em açúcar”. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou um grupo de trabalho sobre a rotulagem nutricional, para o
qual convidou pesquisadores, associações de defesa dos consumidores e nutricionistas. O objetivo é apresentar uma proposta até junho de 2016 e mantê-la em consonância com o Mercosul.
BRASIL
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40 mil votam em SP para presidente da Bolívia Cerca de 40 mil bolivianos que residem em São Paulo poderão votar nas eleições da Bolívia no próximo domingo (12). O Tribunal Supremo Eleitoral boliviano estima que 272.058 pessoas, distribuídas em 33 países, participarão do pleito votando no exterior. A cidade de São Paulo é a segunda – atrás de Buenos Aires - maior zona eleitoral fora da Bolívia. Argentina, Espanha e Brasil são os países com o maior número de eleitores bolivianos. O TSE estima que cerca de 5 milhões de eleitores comparecerão às urnas para eleger presidente, deputados e senadores. Quem está fora do país, no entanto, só poderá votar para presidente e vice. “O número de eleitores no exterior é de 5% do total, o que aumenta a importância desses votos para o re-
sultado final”, afirma a vicecônsul da Bolívia no Brasil, Vania Claros. O número de eleitores “estrangeiros” para as eleições de domingo (12) poderia ser maior se bolivianos sem documentos que moram no Brasil pudessem ir às urnas. Segundo dados da Polícia Federal de 2013, cerca de 100 mil cidadãos da Bolívia vivem em situação ilegal no país. Desejo de votar Os bolivianos reclamam por não poder participar da vida política do Brasil. “Seria mais importante votar aqui. Essa é uma luta dos imigrantes, pois, como moramos no Brasil há muito tempo, gostaríamos de participar da vida política”, critica Luis Vasquez, presidente da Associação dos Empreendedores Bolivianos de SP. (Opera Mundi)
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CULTURA
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AGENDA DO FIM DE SEMANA CONTAGEM BELO HORIZONTE
Cia. Crônica de Teatro apresenta o espetáculo “Coragem”. Releitura sobre as manifestações brasileiras e a realidade de Contagem. De 9 a 12 de outubro. Quinta às 20h, na Praça dos Ciganos; sexta às 20h, na Praça das Bandeiras; sábado às 16h, na Vila da Paz e domingo, às 11h, na Feira de Artesanato do bairro Amazonas.
Mais uma edição da Praia da Estação marca a primavera e o processo de finalização das eleições presidenciais. Sábado (11), a partir de 12h, na Praça da Estação (Avenida dos Andradas, 201, Centro).
BELO HORIZONTE
BELO HORIZONTE
Mostra “Cineclube” exibe o filme “O Enigma da Pirâmide”, de Barry Levinson, que narra as aventuras do adolescente Sherlock Holmes e de seu fiel parceiro John Watson. Sábado (11), às 16h, no Teatro Oi Futuro (Rua Pirapetinga, 4001, Serra).
O Cine Theatro Brasil faz um ano e apresenta shows dos músicos Babaia, Túlio Mourão, Nestor Santana e Gladson Braga. Quinta (9), às 18h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Avenida Amazonas, 315, Praça Sete, Centro).
Segunda a quinta-feira BELO HORIZONTE
Exposição “Monstros do Rock” apresenta caricaturas de ídolos do rock, como Mick Jagger e Paul McCartney. Até 11 de novembro, no Centro Cultural Venda Nova (Rua José Ferreira dos Santos, 184, Jardim dos Comerciários, Venda Nova).
#FICAADICA
BELO HORIZONTE
Show do duo Reis Barbetas, com a pianista Carla Reis e o violonista Flávio Barbetas. Quarta (13), às 20h, no Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena, 1534, Centro).
BELO HORIZONTE
Com programação voltada ao cinema nacional em outubro, o projeto Curta Circuito exibe o filme O Fraco do Sexo Forte, do diretor Oziris Parcifal de Figueiroa. Segunda (13), às 19h, na Rua Vitório Marçola, nº 203, sala 10, Anchieta.
BELO HORIZONTE
Em homenagem ao dia das crianças, o projeto “Conversa ao pé do fogão” realiza o evento “Brinquedos e Brincadeiras”, onde crianças e adultos são estimulados a rememorar brincadeiras populares. Quarta (15), às 14, no Centro Cultural Lagoa do Nado (Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã).
Oficinas de arte para crianças No mês de outubro, a galeria de arte digital Urban Arts preparou atividades para instigar a criatividade e o interesse das crianças pelas artes plásticas. Serão disponibilizadas, até o dia 25, oficinas inspiradas em grandes pintores como Pablo Picasso, Paul Klee, Salvador Dalí e René Magritte. Os pequenos poderão brincar com diferentes técnicas de pintura, como desenho, aquarela, colagem e
muito mais. Serão ensinadas formas, abordagens e cores que compõem os estilos dos artistas que transitam entre surrealismo, modernismo, expressionismo e cubismo. O objetivo da iniciativa é aproximar o universo infantil da arte. Poderão participar crianças de 4 a 10 anos. As oficinas acontecem nos dias 11, 18 e 25 de outubro, em dois horários: às 15h e às 16h30, e receberão até dez crianças cada.
Para participar, é necessário realizar reserva pelo telefone (31) 25554677. A entrada é gratuita. SERVIÇO Dias 11, 18 e 25 (sábados), às 15h e às 16h30, na Galeria Urban Arts Belo Horizonte (Rua Sergipe, 1171 – Savassi). Como chegar
Você pode pegar as linhas 5106, 104 , 2101 e SC04B.
CULTURA
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Metroviários ganham personagem no cinema VIDA NA ARTE “O Homem das Multidões”, filmado em BH, conta a vida de um condutor de metrô Reprodução
Maíra Gomes Geraldo José da Silva trabalha como assistente condutor (ou maquinista, como ele prefere chamar) no metrô de Belo Horizonte há 28 anos. Mas, no último mês, Geraldo tentou uma nova profissão, de ator de cinema. Ele fez uma pequena participação no filme “O Homem das Multidões”, dos diretores Cao Guimarães e Marcelo Gomes, baseado em conto de mesmo nome, de Edgar Alan Poe. Com estreia no Brasil no dia 31 de julho, o filme foi sucesso entre os trabalhadores metroviários. Isso porque o personagem principal é condutor do metrô de BH, como Ge-
raldo e outros 130 funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O filme acompanha a história de Juvenal (Paulo André), um condutor que vive sozinho no Centro da cidade, e Margô (Silvia Lourenço), controladora do sistema de metrô, que aparenta ter apenas relações virtuais. Por meio do encontro dos personagens, os diretores do filme buscam mostrar a vida de solitários em uma cidade grande. “A ideia de um condutor de metrô, que ao mesmo tempo em que fica no meio da multidão está também ilhado na cabine do trem, caiu como uma luva para a curva dramática do filme”, explica o di-
retor Cao Guimarães sobre a escolha da profissão dos personagens. Diversas visitas dos diretores e dos atores aos “bas-
Para garantirmos mais recursos para que o Governo invista em Educação, Saúde e Transporte, é necessário mais eficiência no combate à sonegação.
Vamos apoiar essa proposta
++ eficiência justiça recursos
investimentos benefícios para todos
Compartilhe, comunique, dissemine essa ideia: facebook.com/186PECdaEficiencia
Apoio: Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais - SINDIFISCO-MG
tidores” do sistema de metrô em BH e os dois meses de filmagens auxiliaram na construção das personagens e do roteiro do filme, como explica Cao. “Após conhecer de dentro o metrô tivemos muitas ideias para o filme, como o lava-jato ou o ‘homem morto’. Vários elementos a que conseguimos ter acesso, não apenas do maquinário, mas também com os trabalhadores”, conta. O responsável da CBTU por acompanhar as filmagens nos trens foi Geraldo. Após alguns dias de trabalho, ele foi convidado para fazer algumas cenas e topou. “Foi um experiência muito bacana, de conhecer o set de filmagens. E os textos saíram da minha cabeça”, conta, orgulhoso. Ele aparece em duas cenas do filme, quando as personagens se relacionam com colegas de trabalho.
que pra gente que entende do sistema, vê que tem alguns truques”, declara Geraldo, que conta ter percebido que o personagem Juvenal não estava operando o trem em uma das cenas. Thiago Cesar Pinto Oliveira também é condutor e concorda com Geraldo. “Tem coisa que a gente que é maquinista percebe, mas o filme retratou muito bem conversas e coisas que dizemos”, afirma. Thiago gosta muito de sua profissão, em que já está há oito anos. Ela conta que visita estações ferroviárias em cada cidade que visita. “Eu adoro trabalhar como maquinista. Acho que se você perguntar vai ver que todos gostam. Não conheço quem trabalhe com ferrovia que não ame”, declara. Por isso, ele se animou muito com o filme e foi um dos primeiros a ver. “Achei o máximo, nem dá pra descrever direito. É como se a gente estivesse se vendo na telona. E com um amigo da gente participando? Experiência inédita”, emociona-se.
“Se vendo na telona” O maquinista afirma que nunca tinha visto um filme brasileiro que retratasse o trabalho dos metroviários, e crê que ‘O Homem das Multidões’ o fez com qualidade. “Foi bom o filme mostrar os nossos bastidores, que a população não conhecia. Mas é claro O filme está em cartaz no cine Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, n.1.581), às 21h30.
Reprodução
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Novela duas coisas. Ela dizia o que a gente já sabe: as novelas, por terem um tempo mais ou menos padrão, enrolam, enchem linguiça, nada acontece do seu meio para o fim. Segundo, que ela vivia uma vida agitada, veloz, usando as suas palavras. Na sua lógica, se a novela mostra um pouco da vida e na sua vida quase não se enche linguiça, há algo desencontrado. Pensei se ela tinha razão. Concluí que sim. A última novela em que a adrenalina foi do início ao fim foi Avenida Brasil, exibida há
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Amiga da saúde, sempre soube que beber muita água faz bem pros rins. Meu avô está com problema renal e o médico disse que ele pode tomar somente um pouquinho de água. Isso é certo?
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Solução
É certo sim, Queila. Tomar muita água é importante para prevenir problemas nos rins. Porém, se a pessoa tem insuficiência renal, o rim já não funciona direito. Nesse caso, ela deverá reduzir a quantidade de água. Isso é necessário porque quando tomamos muito líquido, o rim fica mais sobrecarregado. Em alguns casos, quando o problema fica mais grave e os rins não funcionam mais, é necessário fazer hemodiálise (filtração do sangue com aparelho, cumprindo a função que seria dos rins).
Seu avô deve seguir as recomendações do médico de forma rigorosa, pois isso é muito sério.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.
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Queila Mara, 20 anos, estudante.
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gum serviço que possa trabalhar a dependência química. O uso de qualquer droga durante a gestação pode fazer mal ao feto, porém, neste caso, como muitos outros parecidos, não se trata de escolha.
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Cara Poliana, a dependência química a qualquer droga, seja álcool, tabaco, maconha, crack, cocaína, etc, é considerada uma doença. Se a pessoa é dependente, ela não consegue ficar sem a droga facilmente, mesmo em situação como esta, de uma gravidez. Se você não puder ajudá-la de alguma forma, considerá-la criminosa não vai contribuir em nada. Ela continua sendo cidadã e tendo seus direitos de mulher e mãe garantidos, apesar da dependência. Veja se ela já está fazendo pré-natal. O serviço de saúde poderá ajudá-la tanto no acompanhamento de rotina, como tentando encaminhá-la para al-
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Poliana Silvério, 39 anos, costureira.
Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br
© Revistas COQUETEL
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Oi, amiga da saúde. Tenho uma vizinha que é viciada em cocaína. Pensei que agora que ela está grávida iria parar com isso, mas outro dia vi que ela estava drogada. Tenho que denunciá-la pelo mal que está fazendo ao bebê?
go ver o próximo, e se pode. Com a novela, tem-se que esperar 24 horas e, mesmo lendo o resumo, ver é bem mais legal que ler. Mas os índices de audiência estão abaixo da média. Se os folhetins querem recuperar seu público volátil, precisam inovar: trazer a mesma dinamicidade da vida contemporânea para os roteiros. Ou serão cada vez mais uma opção a menos de entretenimento. Fica a dica para autores e diretores.
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).
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Amiga da Saúde
dois anos. De lá pra cá, percebo um movimento cada vez mais descendente de pessoas que veem novelas, pelo menos no meu ciclo de amizades e agora no salão. Uma razão a senhora do secador já identificou. A outra acredito ser a facilidade em se acessar as séries americanas pelos pacotes de TV a cabo. Além da idealização de que a produção americana é melhor (eu acho diferente, não melhor), as temporadas são rápidas, as histórias são dinâmicas, num episódio acontece tanta coisa que se quer lo-
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Não se fazem mais novelas como antes. Ouvi essa denúncia quando estava no cabeleireiro. Eu não gosto de cortar cabelo, mas o salão é um espaço privilegiado para ouvir o que as pessoas pensam: nele a gente se solta mais para falar amenidades da vida social
e, claro e sempre, dos dilemas da vida privada. A senhora que disse isso estava dentro daqueles mega secadores de cabelo e lia uma revista de novela. Como metade da cabeça estava dentro do secador e seus olhos virados para baixo empenhados na revista, não consegui ver seu rosto muito bem, mas percebi em marcas de expressão o tom de denúncia. “As histórias empacam”, ela dizia. “Não representam a velocidade da vida, o tanto de decisões que a gente tem de tomar num único dia”. Entendi
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Queremos novelas mais ágeis
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14 VARIEDADES
ESPORTE
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
na geral Ginástica artística Protesto no Coritiba
Em protesto contra o atraso no pagamento de salários, os jogadores do Coritiba entraram em campo, no sábado (4), carregando uma faixa que dizia “Torcedor coxa-branca: a nossa única motivação é você – três meses de salários atrasados e promessas do presidente em vão. Lutaremos juntos até o fim”. Os torcedores do time aplaudiram a atitude.
A seleção brasileira masculina de ginástica artística fez história na última terça-feira (6), ao chegar pela primeira vez às finais do Mundial, em Nanning, na China. A equipe, formada por sete ginastas, encerrou a participação em sexto lugar. O melhor desempenho na modalidade até então era o 13º lugar, obtido no Mundial de 2013. A China, referência na modalidade, faturou a medalha de ouro pela sexta vez consecutiva, o Japão ficou com a prata e os Estados Unidos com o bronze. O feito brasileiro traz a aposta de um bom desempenho nas Olimpíadas de 2016 e reforça a necessidade de mais investimento nos esportes de alto rendimento individual e por equipe.
CPI do Mineirão
O ministro Ronaldo
Na terça-feira (7), a oposição da Assembleia Legislativa de Minas Gerais protocolou o pedido de abertura da CPI do Mineirão, com o objetivo de investigar o contrato entre o governo estadual e a Minas Arena, as obras do estádio e o contrato da empresa com o Cruzeiro. O pedido de apuração foi apresentado em fevereiro de 2013, mas estava parado, por não ter as 26 assinaturas necessárias.
O velho ídolo do Cruzeiro e do Corinthians pode ser Ministro do Esporte em eventual governo de seu amigo íntimo, Aécio Neves (PSDB). Ambos têm relações pessoais com José Maria Marin, atual presidente da CBF e governador de São Paulo durante a ditadura civil-militar. Marin, que também declarou voto em Aécio, é o maior entusiasta da indicação de Ronaldo para o ministério. A possível vitória de Aécio e, por extensão, do ex-craque, representaria, para a CBF, o apoio do governo federal na defesa de suas políticas empresariais, que visam ao lucro com a Seleção Brasileira, que não valorizam os campeonatos nacionais e que ignoram o interesse social do esporte.
Bola fora: quando os candidatos do futebol jogam contra o patrimônio
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Você Sabia
Embora a renda bruta de bilheteria do Mineirão tenha sido de aproximadamente R$ 54,9 milhões em 2013, o governo do estado repassou ao consórcio Minas Arena cerca de R$ 44,4 milhões dos cofres públicos, a fim de cobrir o que seria o “prejuízo da empresa”. A medida estava prevista no contrato da parceria público-privada (PPP) e será objeto de investigação na CPI do Mineirão.
Pratique esportes
Iniciação esportiva Reprodução
Wallace Oliveira As votações do último domingo (5) tiveram ao menos 31 candidatos do meio futebolístico: cinco dirigentes, dois comunicadores esportivos, um árbitro, um promotor ligado ao futebol e 22 jogadores. Desses, oito se elegeram deputados estaduais, quatro federais e dois senadores. O nosso regime político permite que trabalhadores dos mais diversos ramos se candidatem a cargos públicos. Ao mesmo tempo, não impede que pessoas famosas se beneficiem do fato de serem amplamente conhecidas para divulgarem a própria candidatura. Isto, por sua vez, exige capacidade para discernir entre a escolha de um candidato por seu histórico, programa e competência e o voto informado por critérios alheios à política. O fato de ser o “xodó” de uma torcida não torna uma pessoa automaticamente uma opção para representar o povo.
Em Minas, as últimas legislaturas produziram lamentáveis exemplos de representantes eleitos por torcidas, como em 2011, na aprovação da lei 19.837, que destruiu a carreira das trabalhadoras da educação pública estadual. Os deputados Alencar da Silveira Júnior (PDT), Gustavo Perrela (SDD), João Leite (PSDB), João Vítor Xavier (PSDB) e Marques Abreu (PTB), todos vinculados ao futebol mineiro, votaram contra a educação e a favor do governo do estado. Em 2013, esses mesmos parlamentares aprovaram o fim do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg), contrariando recomendações do Ministério Público e do Ministério da Previdência Social. O deputado Mário Henrique Caixa (PCdoB) também integrou o conluio. Recentemente, o helicóptero de uma empresa da família do senador Zezé Perrella (PDT) foi apreendido com 445 kg de pasta-base de cocaína. Seu filho, Gusta-
Gustavo Perrela ficou de fora da Câmara
Onde: Rua Portugal, 20, Eldorado. Contagem. Quando: inscrições até 17 de outubro. Informações:contagem. mg.gov.br/arquivos/comunicacao/regulamento_ oec_2014.pdf Contato: (31) 3352-5464
vo Perrella, gastou verba pública para abastecer a aeronave. O futebol brasileiro atravessa uma crise crônica e aguda. Há muita corrupção na CBF, as finanças dos clubes vão mal, mais de 80% dos jogadores profissionais recebem menos de dois salários mínimos, a estrutura do futebol feminino é precária, direitos da criança e do adolescente são violados nos espaços de formação de atletas, os principais estádios se elitizaram, a quali-
dade do futebol jogado caiu. Para tudo dizer com poucas palavras, a derrota por 7 a 1 começou muito antes daquele jogo da Seleção. A retomada do caminho da vitória não deixa escolha: necessariamente, é preciso passar pela política. Por isso mesmo, é válido que gente do futebol se organize politicamente, apresente suas propostas e se candidate. Infelizmente, porém, os atuais representantes eleitos por torcedores não têm correspondido a esta tarefa.
Estão abertas as inscrições para as Olimpíadas Estudantis de Contagem 2014. Participam mais de 3 mil estudantes da cidade, nascidos entre 1998 e 2003. Haverá competições de basquete, futsal, handebol, judô, peteca, voleibol e xadrez, nas categorias masculino e feminino. O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.
16 ESPORTES
Belo Horizonte, 09 a 15 de outubro de 2014
OPINIÃO Atlético
Dívidas, desfalques e oportunismo Bruno Cantini
Rogério Hilário Mais uma vez, o Atlético enfrenta dois dilemas: a crise financeira e os desfalques, provocados por contusões, suspensões os interesses escusos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Embora o presidente do clube, Alexandre Kalil, passe de largo quando o assunto envolve dívidas, salários e direito de imagem dos jogadores continuam atrasados. Mesmo sem ter os milhões de Ronaldinho Gaúcho para pagar, a diretoria encontra dificuldades para manter as remunerações em dia, mesmo com o Independência constantemente cheio e com o cartão Galo na Veia. Os débitos federais levam ao confisco de quase tudo. Nem adiantou assumir o controle do estádio. No Mineirão, a arrecadação seria maior. Sem dúvida. Quanto aos desfalques,
embora possamos eximir os dirigentes da responsabilidade pelas lesões e os cartões, as convocações para amistosos oportunistas são um absurdo. Na Europa, quando as seleções participam de partidas oficiais ou de jogos preparatórios, os campeonatos são suspensos. Isto é previsto no calendário. A CBF, pelo visto, é incapaz de articular uma programação decente ou organizada. As partidas pululam, surgem
do nada e servem apenas aos caprichos dos dirigentes da entidade. Ainda mais com a necessidade de redenção do fracasso na Copa do Mundo. E a imprensa nada contesta. Tentou, na verdade, depreciar as obras e as ações do governo nacional. Quando se provou o sucesso do Mundial, como a geração de empregos e o atendimento aos turistas estrangeiros, calouse ou quase escondeu. Imparcialidade é isto aí.
OPINIÃO América
É possível acreditar América Futebol Clube
OPINIÃO Cruzeiro
Foi divertido, será trabalhoso Reprodução
Wallace Oliveira No próximo dia das crianças (12), o Cruzeiro vai enfrentar o Flamengo no Maracanã. O último confronto entre as duas equipes, ainda no primeiro turno, foi divertido: a turma do Marcelo Oliveira pôs os rubro-negros para brincar na roda, lá no Parque do Sabiá, com gols de Borges, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart e uma tempestade de outros tantos gols perdidos pelo time azul. Na época, a equipe rubro-negra amargava a zona de rebaixamento, ao passo que o Cruzeiro vinha numa campanha crescente no Brasileirão, após ter sido eliminado da Libertadores. Agora, será mais trabalhoso vencer o Flamengo, que se recuperou no campeonato. O Cruzeiro, por sua vez, está num momento crítico, embora o desempenho do time ainda seja o melhor da competição. Novamente, joga desfalca-
Bráulio Siffert do. Além disso, todo o grupo começa a sentir os efeitos deletérios da maratona de dois jogos semanais, que prejudicam principalmente aqueles times cujo sistema de jogo tem como base uma intensa movimentação de todos os jogadores ao longo das partidas. Apesar do cansaço, vale a pena jogar esta partida como se fosse a final do Brasileirão. Se o Cruzeiro terminar esta rodada com am-
pla vantagem sobre o vicecolocado, terá uma quase certeza do título. A partir de então, os adversários a serem enfrentados são tecnicamente inferiores às equipes contra as quais o Cruzeiro já jogou no início do returno. Lutar pelo título antecipado do Campeonato Brasileiro, além do mais, garante tranquilidade para avançar no objetivo maior deste ano, que é a conquista da Tríplice Coroa.
Após recuperar 15 dos 21 pontos que o tapetão havia lhe tirado e após golear o Náutico por 4 a 1 fora de casa, o América deu uma pontinha de esperança aos torcedores de um possível acesso à Série A. Mas, para isso, terá uma missão muito difícil. A dez rodadas do fim, o América está com 38 pontos e em nono lugar. Se tomar como base a média dos últimos cinco anos da Série
B, precisa de pouco mais de 60 pontos para ficar entre os quatro primeiros. Para isso, o América precisa vencer seis, empatar quatro e não perder nenhuma ou então vencer sete e empatar uma, podendo perder duas. Pelo baixo nível dos adversários e pelo futebol agressivo e em certa medida convincente que o América demonstrou em alguns momentos dos últimos jogos, é sim possível crer nesse grande feito. Acredita, América!