Edição 63 do Brasil de Fato Minas Gerais

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4 CIDADES

9 ENTREVISTA

Rogerio Sarmento AgEficaz

3 CIDADES

PBH corta investimentos

Dilma e América Latina

Hippies fora da Praça Sete

O Plano de Governo da PBH para os próximos anos teve mais de 60% do orçamento de Cultura retirado. Educação também sofreu cortes

Igor Fuser, professor da UFABC comenta sobre o impacto da vitória de Dilma Roussef para a América Latina e os desafios das forças populares

Ações da PBH com presença da PM exigem a saída dos artesãos do quarteirão fechado da Rio de Janeiro, local já tradicional

Minas Gerais

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07 a 13 de novembro de 2014 • edição 63 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

5 MINAS

ESPORTES

A Copa dos mineiros

Reprodução

Nome social no documento Comissão de Direitos Humanos aprova projeto de lei que garante uso de nome social por travestis e transexuais

Bruno Cantini / Clube Atlético Mineiro

7 e 4 MINAS

Desocupações em Minas Gerais

Anderson Pereira Santiago

Minas Gerais tem futebol demais da conta! Copa do Brasil será decidida entre Galo e Raposa, no maior clássico da história da rivalidade. Primeiro jogo acontecerá no Horto, no dia 12 de novembro. O segundo será jogado no dia 26, no Mineirão. Confrontos entre o campeão brasileiro e o campeão da Libertadores prometem parar Belo Horizonte, a capital nacional do futebol brasileiro

10 BRASIL

13 CULTURA

Pressão por Reforma Política

Plano para artesanato

Três desocupações forçadas deixaram mais de 400 pessoas sem casa na RMBH. Outras 15 ocupações ainda correm perigo. Em Uberlândia, ocupação já é bairro, mas as mais de 2 mil famílias moradoras correm risco de despejo


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

editorial | Minas Gerais

A hora e a vez da luta pela Constituinte Neste momento, as forças neo­ liberais se mobilizam contra o apro­fundamento da cidadania po­ lítica e social no Brasil. Para os ini­ migos do povo, é inadmissível am­ pliarmos as conquistas democráti­ cas. Isto fica nítido na aversão que a classe dominante brasileira tem à participação popular. Derrotados nas eleições presi­ denciais, as forças conservadoras imediatamente prepararam uma ofensiva para minar os compro­ missos assumidos pela presiden­ ta Dilma com o povo brasileiro de avançar nas mudanças. Tal inicia­ tiva combina a ofensiva de uma agenda impopular através de um Congresso Nacional cada vez mais conservador com o bombardeio da grande mídia tentando naturalizar na sociedade a “inevitabilidade” do ajuste fiscal, assim como enter­rar de vez a possibilidade de um Ple­ biscito Oficial sobre a Consti­tuinte do Sistema Político. O elemento novo na tática da di­ reita brasileira reside na tentati­ va de semear uma força social ca­ paz de tomar as ruas e colocar o go­ verno na defensiva. Isso ficou de­ monstrado na absurda tentativa de pautar o impeachment da pre­ sidenta. O objeti­vo é inviabilizar a governabilida­de de Dilma e impor a agenda ne­oliberal. Tentarão asfixiar institucional­ mente o próximo governo Dil­ ma e ter na retaguarda uma for­ ça so­cial de direita com capacida­ de de ir às ruas. Construir a legiti­ midade dessa tática na socieda­ de brasilei­ra é tarefa da imprensa conserva­dora. Além disso, para ga­ nhar tem­po, a direita brasileira ele­ ge den­tro do PT figuras que enten­ dem se­rem pacifistas e conciliado­ ras pa­ra comporem o governo jun­ to com nomes próximos ao merca­ do. O objetivo dessa movimentação é fazer com que a energia mobiliza­ dora que elegeu Dilma se dissolva e que, assim, abra-se ainda mais es­ paço para a ofensiva. O que não avança, retrocede Pa­ra evitar uma derrota políti­

Devemos exercitar a pedagogia popular para demonstrar ao povo brasileiro que a reforma política somente será democrática se for através de uma Constituinte Exclusiva ca das forças populares, é preciso com­preender que a batalha mais importante na sociedade brasileira está na con­tradição do sistema po­ lítico. Não por acaso, 450 organiza­ ções da so­ciedade brasileira estão mobiliza­ das para mudar o siste­ ma políti­co e destravar o bloqueio institu­cional que impede a partici­ pação popular nos destinos da na­ ção e a entrada das reformas estru­ turais na agenda da sociedade. Sabemos que o Congresso Na­ cional não tem condições políti­ cas de viabilizar uma reforma es­ trutural no sistema político que fa­

voreça a ampliação da democracia e das conquistas sociais. Somen­te uma Constituinte Exclusiva e Sobe­ rana do Sistema Político tem con­ dições de viabilizar esta impor­tante reforma. A imprensa conser­vadora faz de tudo para evitar este deba­ te e impedir que o povo brasi­leiro abrace a bandeira da Consti­tuinte do Sistema político. Entretanto, as movimentações da direita brasileira e a conse­ quente polarização da luta políti­ ca poderão nos lançar numa crise institucional na qual a bandeira da Constituinte tende a ganhar apoio popular. Nesse momento, é funda­ mental as forças populares demar­ carem espaço na luta política. Ou seja, agora a luta é pelo Ple­ biscito Oficial da Constituinte do Sistema Político. Devemos exerci­ tar a pedagogia popular para de­ monstrar ao povo brasileiro que a reforma política somente será de­ mocrática se for através de uma Constituinte Exclusiva. Além dis­ so, não temos como enfrentar a di­

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

Para evitar uma derrota política das forças populares, a batalha mais importante que está colocada na sociedade brasileira está na contradição do sistema político reita raivosa neste momento (com seus atos de “impeachment”) sem fortalecer a principal proposta de Dilma, Reforma Política através da Constituinte. O atrasado sistema político bra­ sileiro permite o encastelamento das forças conservadoras princi­ palmente no Congresso Nacional. As margens de negociação dos úl­ timos 12 anos no plano institucio­ nal que viabilizaram a governabili­ dade e prescindiram de uma força social de massas para melhorar a vida do povo não existem mais.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Fotografia: Agência Eficaz. Estagiária: Raíssa Lopes. Administração: Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

CIDADES

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Artesãos não podem mais expor na Praça Sete ESPAÇO URBANO Portaria da PBH delimita locais de atividades dos hippies; materiais são apreendidos durante ações

Rogerio Sarmento AgEficaz

Maíra Gomes Os hippies da Praça Se­ te têm vivido uma situação de insegurança. No dia 29 de outubro, uma operação de fiscalização levou ao local 60 agentes da prefeitura e mais 70 policiais a fim de retirar os artesãos nômades de seu tradicional local de exposi­ ção, o quarteirão fechado da rua Rio de Janeiro. Nos dias seguintes a atividade foi re­ petida. A ação pretende fazer va­ ler a Portaria Municipal 111/14, publicada no dia 03 de outubro, que delimita lo­ cais para as atividades dos hippies, a praça Rio Bran­ co e o quarteirão fechado da Carijós. Os artistas denun­ ciam que a decisão foi toma­ da sem aviso prévio ou de­ bate com os grupos do local. “Em fevereiro a gente teve reunião com o Secretário de Cultura e com o gerente da Regional e fizemos uma pro­ posta de alguns lugares para

expor. E agora fomos surpre­ endidos por essa portaria. É repressão, preconceito”, ava­ lia Evarildo Gomes, artesão conhecido como Magrão. Em 2012, por meio de uma liminar, a Justiça ga­ rantiu aos hippies o direi­ to de exposição de seus tra­

Defensora pública avalia que portaria expedida pela Prefeitura é ilegal balhos em qualquer via pú­ blica, desde que não atra­ palhe a passagem de pedes­ tres ou rampas de acesso pa­ ra deficientes. No início do ano, a PBH pediu a suspen­ são da liminar e, sem fina­ lizar o processo de diálogo, apresentou a Portaria 111. A defensora pública Júnia Ro­ man, que acompanha o caso e defende os artesãos, apon­ ta que a portaria expedida pela PBH é ilegal. “A suspen­

são foi pedida para negociar e, ao invés disso, foi lançada essa portaria que descum­ pre a decisão judicial ante­ rior e desobedece à Consti­ tuição federal”, denuncia. Violência Magrão expõe no quartei­ rão há mais de 20 anos e diz que sempre teve que lidar com a violência da Polícia Militar e a Prefeitura. “Estou nisso há muitos anos, meus filhos foram criados aqui na Praça Sete. Já vi levarem muito pano e documento de maluco aqui”, relata. O gerente regional de Li­ cenciamento e Fiscaliza­ ção da Regional Centro-Sul, Cláudio Antônio Mendes, confirma que, desde o iní­ cio das ações, já foram reali­ zadas quatro apreensões de ‘panos’, como é conhecido o material de exposição dos hippies. Ele justifica a reti­ rada dos artesãos do quar­ teirão tradicional pelo alto número de reclamações de pedestres e comerciantes.

Novas feiras de artesanato, cultura e gastronomia em BH COMÉRCIO Inscrições para pessoas físicas ficam abertas até dia 21 Da Redação Novas feiras públicas se­ rão abertas em nove regiões de Belo Horizonte. As inscri­ ções para a licitação de vagas para expositores estão aber­ tas até o dia 21 de novembro. As feiras estarão dispostas as­ sim: três na região do Barrei­ ro, duas na Centro-Sul, duas na Leste, cinco na Nordeste, sete na Noroeste, três na Nor­ te, quatro na Oeste, quatro na Pampulha e outras quatro na região de Venda Nova. Podem se inscrever pes­ soas físicas que queiram co­ mercializar plantas e flores naturais, livros e periódicos, artes plásticas e artesanato, incluindo brinquedos peda­ gógicos e flores artesanais e antiguidades, além de comi­

das e bebidas típicas, nacio­ nais e estrangeiras. Cada lici­ tante poderá se candidatar a uma barraca em quantas fei­ ras quiser, mas somente lhe será concedida a permissão de uso para uma única feira. Para a exploração de bar­ racas de alimentação, o in­ teressado deverá participar de treinamento junto à Ge­ rência de Vigilância Sanitá­ ria ou apresentar certifica­ do de curso de manipulação de alimentos com carga ho­ rária mínima de vinte horas. A licença será válida por um ano e poderá ser prorrogada sucessivamente por até cin­ co anos. As inscrições podem ser feitas por meio do sistema online de inscrição, no en­ dereço http://licitacaofeiras.

pbh.gov.br. Os editais estão disponíveis no banner da la­ teral direita do site da Pre­ feitura “Editais Feiras Regio­ nais” e os interessados devem apresentar a sua proposta na sede de uma das nove secre­ tarias regionais até o dia 21 de novembro, das 8h às 12h e das 14h às 18h.

Artesãos reclamam que não foram ouvidos por PBH

“Nesse quarteirão [da Rio de Janeiro] o fluxo de pesso­ as é mais intenso. O número de reclamações estava mui­ to alto”, diz. Ele afirma que a Prefeitura se compromete a delimitar um local para as atividades dos artesãos em

cada uma das regionais de BH. “Nas oito regionais vai ter espaço para eles. E eu en­ tendo que, com o tempo, os locais passam a ser referên­ cia para quem gosta desse ti­ po de artesanato”, defende.

PERGUNTA DA SEMANA Após a reeleição de Dilma, manifestação com apenas 30 pessoas em São Paulo pedia o impeachment da presi­ denta. No sábado (1), um grupo de mil pessoas exigia a saída de Dilma através de uma intervenção militar.

O Brasil de Fato MG pergunta: qual seria a consequência da volta da ditadura para a vida do povo no Brasil?

Eu fiz a minha tese de pós-graduação sobre a prisão na ditadura e pude observar as cenas de tortura. Eu nunca permitiria a volta da ditadura, seria uma aberração à dignidade humana. É uma ideologia que visa simplesmente o poder. Voltar à ditadura seria regredir o Brasil a uma estagnação onde ninguém teria a possibilidade de um mínimo de liberdade.

Eu vivi esse período da ditadura. Comecei minha militância em 1970, fui preso três vezes e sei o que é a ditadura e resistir na ditadura. Quem pede a volta é um grupo minoritário, mas muito perigoso. Quando viram que o peão, de chinelo de dedo, pega avião, ficaram assustados. O Brasil saiu da miséria nos governos Lula e Dilma e queremos avançar ainda mais, para que o povo não seja mais alvo de tanto preconceito e exploração.

Bernardino Ovelar, 53, padre

Helder Pacheco, 57, jornalista


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CIDADES

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

PBH corta investimentos sociais para os próximos três anos PPAG Orçamento da cultura é o mais afetado, com redução de 68% Breno Pataro

Maíra Gomes Após um ano de imple­ mentação, o Plano Pluria­ nual de Ação Governamen­ tal (PPAG) 2014-2017 da se­ gunda gestão do prefeito Marcio Lacerda (PSB) pas­ sou por sua primeira revi­ são anual. Na quinta (30), a Comissão de Orçamen­ to e Finanças Públicas rece­ beu secretários municipais e a população da capital pa­ ra debater as modificações realizadas para políticas so­ ciais. Houve corte de parte do orçamento previsto pelo PPAG original de 2013 em diversas áreas. É no campo da cultura que está o maior corte da revisão. Dos cerca de R$ 200 milhões previs­ tos para a pasta anualmen­ te, a revisão passou para R$ 95 milhões. “O cenário eco­ nômico no município po­ de mudar e para isso exis­ te a revisão do PPAG. Mas não houve uma mudança tão profunda que justifique tirar tanto da cultura”, ques­ tiona Adriana Torres, inte­ grante do Movimento Nos­ sa BH. Na revisão apresen­

Questionamentos Com dados do planeja­ mento da PBH para os pró­ ximos três anos para as áre­ as de educação, saúde, as­ sistência social, cultura, ju­ ventude e esporte, a apre­ sentação foi aquém do es­ perado, segundo o Movi­

tada pelo Executivo no mês de outubro, o montante previsto será reduzido em 68%. “A prefeitura reduziu in­ vestimentos em tudo nes­ ta revisão do PPAG. O que a gente percebe é que na re­ alidade a área social do go­ verno é muito fraca. Ele se preocupa com obras que chama de estruturan­

Mobilidade urbana também em discussão Na segunda (3) foi a vez da apresentação do PPAG de Mobilidade e Infraestru­ tura Urbana. Com orçamen­ to de R $270 milhões, o car­ ro-chefe da prefeitura para mobilidade é o projeto Cor­ ta Caminho, que desde 1996 prevê cerca de 70 obras para desafogar o trânsito no cen­ tro da cidade. “Grande par­ te do orçamento será usa­ do em remoções de casas para as obras. É uma polí­ tica que agrava o problema habitacional e tem um con­ ceito antiquado de mobili­ dade”, aponta André Veloso, membro do movimento Ta­ rifa Zero. André, no entanto, ressalta alguns pontos posi­ tivos do PPAG, como a pre­ visão de recursos para o sis­

compõem a Câmara. Gilson Reis (PCdoB), um dos pre­ sentes, avalia que “a PBH não vai cumprir o orçamen­ to para 2014 e já apresenta corte nas áreas sociais”.

tema de metrô e a amplia­ ção do BRT/MOVE. O movimento aprovei­ tou a audiência pública pa­ ra apresentar propostas po­ pulares de emenda para o planejamento: circulação de ônibus com tarifa zero nos últimos domingos de cada mês, tarifa zero no Dia Mundial Sem carro e a di­ vulgação dos dados dos ser­ viços das empresas de ôni­ bus dentro dos circulares. “A BHTrans tem esses dados desde 1998 e não disponibi­ liza o acesso nem pela inter­ net”, relata. As propostas do grupo serão analisadas pela Comissão de Financiamen­ to Público e Orçamento da Câmara.

“Área social da prefeitura é muito fraca”

A prefeitura reduziu investimentos em tudo no PPAG

tes, mas que não saem do papel”, avalia o vereador Adriano Ventura (PT). Ape­ nas Adriano e outros dois vereadores estavam presen­ tes na audiência, de 41 que

mento Nossa BH. “Os se­ cretários não apresentaram o que mudou, não foca­ ram no que foi alterado. E o ponto fundamental é saber as alterações e as justifica­ tivas”, alega Adriana Torres, integrante do movimento.

O grupo acompanha o debate do planejamento orçamentário da prefeitu­ ra desde 2009, quando fo­ ram implementadas as au­ diências públicas de apre­ sentação das peças econô­ micas do governo, fruto da luta do Nossa BH. “A gestão pública só pode fazer aquilo que está em lei, e o PPAG é a lei que define o orçamen­ to e gastos do município. Se o governo quiser mu­ dar os gastos, isso deve es­ tar previsto”, explica Adria­ na. Ela cita a prestação de contas da PBH, apresenta­ da na semana anterior, que demonstrou que apenas 51% do orçamento previsto para o ano de 2014 foi exe­ cutado pela prefeitura até agosto. “Nenhuma das áre­ as atingiu a meta, os ges­ tores tratam como se fosse uma peça de cenário e não um planejamento de mé­ dio prazo”, critica.

Violência policial nas ocupações da RMBH MORADIA Frei fala sobre situação de 400 famílias que ficaram sem lar

Reprodução

Maíra Gomes Na última semana, a Re­ gião Metropolitana de BH sofreu três desocupações forçadas, que deixaram cer­ ca de 400 famílias sem lar. Frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra, acompanha as ocupações há anos e explica que elas são direito do povo, já que todos os terrenos estão inu­ tilizados há mais de 20 anos e o poder público não apre­ senta solução para a falta de moradia. Como o poder público tem tratado a população sem casa que opta pela ocupação de terrenos inutilizados? De forma violenta, não apenas se omitindo, mas também sendo promotor da violência, ferindo a dignida­ de humana dos pobres. São

decisões jurídicas incons­ titucionais e injustas; man­ dam a polícia pra cima dos pobres. Os oficiais de justi­ ça obrigam tratores a pas­ sar por cima de casas que os pobres construíram com suor e muito trabalho. Des­ consideram a função social da propriedade, tratam pro­ blemas sociais como se fos­ sem casos de polícia. E a mí­ dia é cúmplice disso, por­ que criminaliza as lutas jus­ tas e legítimas, como terra, moradia e direitos huma­ nos. Há risco de mais desocupação forçada na RMBH? Não apenas há risco co­ mo elas já estão acontecen­ do. Semana passada a polí­ cia retirou 150 famílias em Ribeirão das Neves, na terça foi em Esmeralda e Vespa­ siano, com mais 250. Parece que agora, já que passaram

as eleições, os políticos não precisam mais do povo e ve­ mos uma série de indícios de novas ações truculentas. Quais os próximos passos dos movimentos de moradia nesse contexto? As ocupações urbanas es­ tão unidas na luta contra to­ do e qualquer despejo. Vai ter resposta sim, já com ati­ vidades marcadas ao longo da semana. O povo das ocu­ pações não vai aceitar des­ pejos sem alternativa digna de moradia.


Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

MINAS

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Pelo direito de ser chamado pelo nome GÊNERO PL aprovado em Comissão da Câmara determina que trans e travestis podem usar nome social

Na semana passada, foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Defe­ sa do Consumidor o Proje­ to de Lei de autoria do ve­ reador Pedro Patrus (PT), que determina que a ad­ ministração pública muni­ cipal use o nome social de travestis e transexuais em todos os registros relativos aos serviços públicos da ci­ dade. “O PL abrange pesso­ as que não têm modificação de nome em registro, mas que se identificam com o nome social e gostam de ser chamadas por ele”, explica a defensora pública Flávia de Morais. Ela ressalta que, caso o projeto seja aprovado inte­ gralmente - pelos vereado­ res e depois pelo prefeito -

as pessoas trans ou traves­ tis que trabalham no muni­ cípio terão garantido o di­ reito de ter em seu crachá o nome com o qual se identi­ ficam. Assim será também nos diplomas, chamadas das escolas, entre outros. “Essa é uma pequena vi­ tória, com imensa propor­ ção. Chamar alguém em um ambiente público quando o nome de registro não con­ diz com sua imagem social, é constrangedor. Muitos travestis e transexuais não frequentam espaços de saú­ de e ficam entre duas possi­ bilidades: a automedicação ou a exposição a chacotas e discriminação”, declara Pa­ trícia Augusto, mulher trans e psicóloga. Patrícia defen­ de que para que a medida tenha efetividade, é neces­ sário que os servidores pú­

blicos recebam treinamen­ to adequado. Legislação No Brasil, a lei que garan­ te a mudança de prenome é de 1973, e permite a reti­ ficação do nome não só de travestis e transexuais, co­ mo de qualquer pessoa. Se­ gundo Flávia, para que pes­ soas trans, travestis e trans­ gêneros consigam dar en­ trada em um processo judi­ cial, são utilizados dois arti­ gos. “O primeiro atesta que a pessoa pode incluir em seu nome um apelido no­ tório e o outro que o nome não pode expor ninguém a situação vexatória”, esclare­ ce. Mesmo depois da mu­ dança de nome, o sexo dos documentos permanece o mesmo. É necessário um processo judicial posterior

Encontro Estadual

de Aposentados

“Chamar alguém em ambiente público quando o nome não condiz com sua imagem é constrangedor”

para que seja feita a retifica­ ção de gênero. A cabeleireira Olivia Leo­ nel, também mulher trans, já tem o nome retificado desde 2012. Mesmo com esse direito garantido, en­ frentou graves problemas. “Fui agredida fisicamente e não pude recorrer à Lei Ma­ ria da Penha, porque o sexo na minha documentação é

28 a 30 de novembro

masculino”, relata. Para ser aprovado... O projeto de Pedro Patrus segue agora para análise da Comissão de Administra­ ção Pública. Antes de ser encaminhado à sanção ou veto do prefeito, o PL pre­ cisa do voto favorável de 21 vereadores em plenário, em dois turnos.

2014

Raíssa Lopes

Reprodução

Em comemoração aos 35 anos do Sind-UTE/MG Local: Hotel Tauá

www.sindutemg.org.br

NOVEMBRO/2014

BR - 381, antiga 262, sentido Vitória Distrito de Roças Novas / Caeté-MG


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MINAS

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

Composição do governo começa em dezembro

Bombou na rede

Boicote à Devassa

MINAS GERAIS Depois de reuniões com apoiadores, governo Pimentel começa as indicações oficiais Reprodução

Rafaella Dotta O mandato não come­ çou, mas as especulações sobre quem vai ocupar os cargos no governo de Fernando Pimentel (PT) já são muitas. De acordo com posicionamento ofi­ cial do partido, as indica­ ções começarão a partir do próximo mês, depois que reuniões entre a equi­ pe de transição e comis­ sões forem realizadas.

Os partidos, movimen­ tos e empresários que de­ ram apoio à campanha de Pimentel começarão, na próxima semana, as roda­ das de conversas com os integrantes da equipe de transição do novo gover­ no. De acordo com o depu­ tado reeleito Rogério Cor­ reia (PT), é depois disso que os nomes para as se­ cretarias serão decididos. “Já conversamos com os deputados na Assembleia

Seus Tributos

Reforma Tributária: necessária, mas distante Autor: Wertson Brasil de Souza*

A principal constatação de que nosso sistema tributário é injusto está em que os mais pobres pagam, proporcionalmente, mais impostos que os mais ricos. Um fator que contribui para isso é a chamada tributação indireta. Seu maior vilão é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), cobrança estadual que incide sobre o consumo de bens e alguns serviços. ] Isso não deveria ser assim. O Brasil, para alcançar níveis desejáveis de bem-estar social, deverá reverter essa lógica perversa de tributar os estratos mais pobres da sociedade. Em 2008, os 10% mais pobres do Brasil comprometiam 32,8% de sua renda com o pagamento de impostos, enquanto os 10% mais ricos somente 22,7% Você acha justo? Onde fica o conceito de equidade tributária? Acabamos de sair de uma disputa política em que os principais candidatos à presidência da República sequer tangenciaram este problema. As medidas propostas, em termos de reforma tributária, são sempre paliativas, localizadas, geralmente, apenas no ICMS. É preciso que haja mudanças radicais para que cada segmento da sociedade pague impostos segundo a sua capacidade contributiva. Mesmo que o governo tenha ânimo de fazer reformas profundas e necessárias, o poder de pressão, de lobby, dos grandes grupos econômicos e financeiros, sempre se dará no sentido de manter o atual modelo, perverso e injusto, mas extremamente generoso com os do andar de cima. Somente a sociedade organizada poderá contribuir para a alteração desse quadro de forças injusto e desproporcional. * Auditor Fiscal da Receita Estadual de Minas Gerais, mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor do Sindifisco-MG

Ganhou grande reper­ cussão o pedido de Boico­ te à Devassa em função da denúncia ao “Manual de boas maneiras para meni­ nas”, publicação da Azou­ gue Editorial, em parceria com a cerveja Devassa. O machismo que violenta as mulheres cotidianamente se expressou nu e cru nu­ ma dica que está na pági­ na 63: “Se um vagabundo a encontrar em um local deserto e a agarrar, deixe que ele a foda de uma vez. É o meio mais seguro de não ser estuprada.” Legislativa. Vamos fazer uma comissão dos líderes dos partidos, com diálogo permanente com a equipe de transição e depois com Pimentel”, afirmou. De acordo com Rogério Correia, a comissão será formada por ele, Ulysses Gomes (PT), Sávio Souza Cruz (PMDB), Vanderlei Miranda (PMDB), Celinho do Sinttrocel (PCdoB), Gilberto Abramo (PRB) e Rosângela Reis (PROS). A reunião entre movi­

O vencedor do pleito eleitoral tem direito a enviar uma equipe ao governo em vigência mentos sociais e equipe também acontecerá nos próximos dias. “Nós temos um pré-agendamento pra semana que vem, mas ain­ da não tem hora marca­ da”, disse Alexandre Lima Chumbinho, da coordena­ ção estadual do Movimen­ to dos Trabalhadores Ru­ rais Sem Terra (MST). O movimento requer que os assuntos já em andamento com o governo tenham um salto de qualidade, assim como seja melhor a inter­ locução. Na mesa estará uma proposta conjunta de sin­ dicatos e movimentos so­

ciais articulados em um fórum chamado “Quem Luta Educa”. Joceli An­ drioli, da coordenação na­ cional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), afirma que os mo­ vimentos apresentarão prioridades para cada se­ cretaria. “Nós vamos agir de forma articulada, cole­ tiva, e esperamos um diá­ logo permanente durante a escolha do próximo go­ verno”, disse. Equipe de transição Para passar de um go­ verno a outro, o vencedor do pleito eleitoral tem di­ reito a enviar uma equi­ pe ao governo em vigên­ cia, de acordo com a Lei Estadual 19.434/2011. Es­ sa equipe tem o objetivo de saber sobre o funciona­ mento dos órgãos públi­ cos, assim como ter aces­ so às informações sobre as contas, programas e proje­ tos do governo. Fernando Pimentel in­ dicou sua equipe de tran­ sição, que conta com sete nomes, em 14 de outubro. A primeira reunião com o governo de Alberto Pinto Coelho aconteceu na se­ gunda-feira (3). É espera­ do que alguns integrantes da equipe permaneçam em cargos do governo, a partir de janeiro.

Papa por direitos

Papa Francisco segue encantando o mundo. Terminou os três dias de encontro com movimen­ tos sociais com concla­ mação que se espalhou na rede: “Nenhuma fa­ mília sem casa, nenhum camponês sem terra, ne­ nhum trabalhador sem direitos.” Veja na página 11 que Minas Gerais te­ ve representação no en­ contro.

Jean Wyllys apoia


Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

15 mil pessoas correm o risco de serem despejadas em Uberlândia TRIÂNGULO Famílias ocuparam terreno abandonado da universidade há dois anos Anderson Pereira Santiago De Uberlândia A ocupação Elisson Prie­ tro já funciona como um bairro: o terreno está divi­ dido em lotes, com espaço reservado para creche, es­ cola, centro comunitário, farmácia e comércios. Mas as 2.220 famílias que vivem ali correm risco de despe­ jo por parte da Universida­ de Federal de Uberlândia (UFU), que detém o terre­ no. De acordo com a pre­ sidente da associação da ocupação, Minéia Nunes, a luta se iniciou após um des­ pejo feito no terreno do Se­ asa. Os moradores desa­ propriados, não tendo pa­ ra onde ir, viram no terreno abandonado, que servia co­ mo um lixão, uma possibi­ lidade de reconstruírem su­

as vidas. Em 2012, eram 400 famílias. Organizados pelo Movi­ mento Sem Teto do Brasil (MSTB), os moradores fize­ ram uma análise topográfi­ ca para confirmar a viabili­ dade de organizar um bair­ ro. O movimento nasceu e cresceu com a ocupação e é organizado por comis­ sões, voluntários, plenárias gerais, reuniões semanais e conta também com uma parte jurídica. Além disso, existe um fórum de apoio ao bairro, com vários movi­ mentos de Uberlândia. Desde o início da ocupa­ ção foi feito, por parte do Ministério Público (MP), um pedido de desapropria­ ção do terreno. Recente­ mente, os moradores foram noticiados de que o despe­ jo estava previsto para o dia 4 de dezembro. A alegação

GENTE É PRA BRILHAR

“Seria muita injustiça se eu tivesse duas mãos” Kláudio Munheka tem tantas singularidades que fica difícil resumir em uma frase só. Ele canta: “quem não tem perna é perneta. Eu que não tenho punho sou... porreta”. Cláudio é artista, compositor, escritor, músico percursionista, intérprete, poeta, atleta paraolímpico e sambista por natureza autodidata. Hoje, faz parte e ajuda a Associação Mineira de Paraplégicos. “Meu nome é Cláudio, que significa claudicante, cocho, que manca e falta um pedaço”, conta. O artista mora há 40 anos em Belo Horizonte e tem dois filhos, que cursam a universidade. Mesmo com as deficiências na perna e em um dos braços, Kláudio Munheka já foi ativista de causas dos idosos, dos negros, de pessoas em situação de rua. No esporte, possui quatro títulos nacionais.

Anderson Pereira Santiago

População da ocupação é maior do que de 400 cidades mineiras

para a desapropriação é de que o terreno é de proprie­ dade federal e por isso deve ser devolvido à UFU. Uma comissão composta por dez membros da UFU foi organizada para garantir que as problemáticas acer­ ca da ocupação sejam re­ solvidas da melhor manei­ ra possível. “Para que pos­ samos tratar do assunto re­ ferente à desocupação e ao respeito aos direitos huma­ nos, porque ali tem 10 mil pessoas, é que nós nomea­ mos uma comissão que vai fazer essa interface”, decla­ rou na época o reitor Elmi­ ro Santos Resende ao site da UFU. A universidade es­ pera que o terreno – avalia­ do em R$ 65 milhões pela Caixa Econômica Federal – seja adquirido pela prefei­ tura, e que a verba seja des­ tinada a obras de infraes­ trutura do campus Glória, ainda em construção. Negociação e expectativa Os moradores estão em negociação tanto com a UFU quanto com o MP. En­ quanto isso, o prefeito de Uberlândia Gilmar Macha­ do (PT) já declarou que é contra o despejo das famí­ lias. A prefeitura busca, em Brasília, meios de comprar o terreno. No próximo dia 14, a UFU vai decidir se o processo

contra a ocupação será reti­ rado ou não. Caso a Univer­ sidade mantenha o proces­ so, ela própria teria que ar­ car com os custos da rein­ tegração de posse, que es­ tá estimada, de acordo com a Polícia Federal, em R$ 10 milhões. Os moradores esperam que a desapropriação não ocorra. Além disso, plane­ jam melhorar a infraestru­ tura do bairro, possibilitan­ do a construção de bens co­ muns nos espaços já reser­ vados. O bairro conta com igreja e comércio próprio, mas ainda não existe coleta de lixo, saneamento básico ou sistema oficial de ener­ gia elétrica. Vera Lúcia, de 50 anos é viúva e ficou sabendo da ocupação através de um vi­ zinho. Contando apenas com um salário mínimo de renda, já não conseguia mais pagar aluguel. Mo­ rou embaixo de dois cava­ letes por algumas semanas e hoje já possui um barraco com dois cômodos, cons­ truído graças à ajuda dos moradores da ocupação e de um empréstimo. Cida, que passava dificuldades em Belém do Pará, veio pa­ ra a ocupação em Uberlân­ dia, onde sua irmã já mora­ va. Hoje possui um barra­ co e não vê perspectivas de morar em outro local.

MINAS

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Fatos em Foco Contas de Minas pioraram este ano O último balanço do go­ verno de Minas, em relação a 2013, apresentou déficit nominal de R$ 8,5 bilhões. Avaliação feita por técni­ cos do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), em um relató­ rio sobre as contas do então governador Antonio Anas­ tasia (PSDB), constatou dé­ ficit na Previdência, arreca­ dação menor que o previs­ to e o limite apertado pa­ ra empréstimos, caso quei­ ra cobrir o rombo. Esta se­ mana, a presidente do TCE, Adriene Andrade, encami­ nhou o documento para a apreciação na Assembleia Legislativa.

Lago de Três Marias chega ao nível mais baixo desde 1931 O rio São Francisco vi­ ve a pior seca de sua his­ tória. Na terça (4), a repre­ sa de Três Marias, na região Central de Minas, usada co­ mo indicador da vazão do rio, atingiu 2,82% de sua ca­ pacidade, a pior marca des­ de 1931, quando começou a medição. Antes, o pior qua­ dro registrado era em 1971, quando o reservatório che­ gou a 3%. O vice-presiden­ te do Comitê de Bacia Hi­ drográfica do São Francisco (CBHSF), Wagner Soares, diz, no entanto, que a que­ da abaixo da marca histó­ rica é “simbólica”, mas não provocará mudanças ime­ diatas na gestão, porque as medidas emergenciais pos­ síveis já foram adotadas.

Doadores de medula terão isenção de taxa em concursos Desde 2013, o país já tem isenção de taxa em concur­ sos públicos para doadores de medula óssea. Na quin­ ta (30), a Comissão de Le­ gislação e Justiça de Belo Horizonte aprovou a me­ dida para o município, que tramitava desde o início de 2012. A proposta visa au­ mentar a captação de ór­ gãos e o número de trans­ plantes realizados em BH e reduzir o tempo de espe­ ra nas filas e a falta de do­ adores.


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OPINIÃO

Acompanhando

Na edição 22... Prisão de jornalistas: Cortina de fumaça para encobrir mensalão mi­ neiro ...E agora Na terça (4), foram postos em liberdade Nil­ ton Monteiro e o jornalis­ ta Marco Aurélio Carone. Carone mantinha o site Novo Jornal, no qual pu­ blicava denúncias contra os tucanos mineiros e Aé­ cio Neves. Nilton Montei­ ro é a principal testemu­ nha contra a cúpula do PSDB em Minas Gerais no caso do mensalão tu­ cano. Os dois foram pre­ sos sob a acusação de for­ mar quadrilha para dis­ seminar documentos fal­ sos, mas denunciam que prisão foi política.

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

Gladstone Leonel da Silva Júnior

Elaine Tavares

Não confundir as “reformas políticas”

Bolivarianismo e Brasil encontro ainda distante

Em decorrência das manifestações de junho do ano pas­ sado, o Congresso Nacional criou uma comissão especial para debater a reforma política. O resultado dessa comis­ são, que teve como relator o deputado Cândido Vacarez­ za, foi a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/13. No entanto, o relatório ali produzido era uma afronta aos anseios de maior ampliação dos mecanismos demo­ cráticos no país, uma verdadeira contra-reforma política. O seu conteúdo limita a participação popular na política e debilita os partidos. O discurso era de reforma, porém a proposta pode deformar ainda mais nosso frágil sistema político-eleitoral. No início deste mês, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, resolve ressuscitar o “defunto”. A novidade é que ela seria direcionada a um referendo popular para ganhar ares de legitimidade. Assim, o povo referendaria ou não a proposta já definida da Câmara, ou seja, aquela con­ tra-reforma política elaborada em 2013. Mas há saída para fugirmos dessa contra-reforma. A bo­ la da vez é o plebiscito oficial da Constituinte. Essa alterna­ tiva viabiliza-se pelo Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1508/14, apresentado por Luiza Erundina (PSB), Renato Simões (PT) e assinado por outros 185 deputados, que foi protocolado no dia 30/10, na Câmara, para que a popula­ ção decida se quer a convocação de uma assembleia cons­ tituinte exclusiva para a reforma política. Dificilmente o Congresso Nacional atual e o eleito para o próximo mandato, com perfil mais conservador, farão a reforma política esperada pela sociedade. Logo, chegou o momento de a sociedade brasileira apostar na convocação de uma Constituinte. Temos a chance histórica de mudar o sistema político do Brasil.

O tema “bolivarianismo” voltou às manchetes, carrega­ do de preconceitos, exatamente como quando Hugo Chá­ vez, usando esse conceito, começou um processo de trans­ formações na Venezuela. Chávez era milico e encontrou nos estudos no quartel a história de um ilustre filho da Ve­ nezuela, Bolívar, também um soldado. Se preencheu com toda a promessa contida no sonho bolivariano de Pátria Grande. Uma América Latina unida, soberana, onde os pa­ íses se amparassem e construíssem juntos um novo ama­ nhã. Um espaço onde o desejo das gentes falasse mais alto do que o desejo de poder dos governantes. Simón Bolívar, ainda jovem, partiu para a Itália e nem imaginava que iria voltar e fazer uma revolução. Simón po­ deria ser considerado um “coxinha” da época, filho da aris­ tocracia, cheio da grana. Era maçom e professava as verda­ des liberais. Quando voltou à Venezuela e se integrou às forças de Francisco de Miranda, foi derrotado. Não havia entendido que sem os índios e os negros nada lograria. Foi desterrado e encontrou guarida no revolucionário Haiti, dirigido por Petión. O grande general negro foi quem ins­ truiu Bolívar e lhe propôs uma novidade: uma Venezue­ la livre, mas também para os negros, os índios, os pobres. Uma Venezuela para todos. Bolívar voltou mudado, pas­ sou a construir a libertação não só da Venezuela, mas de toda a América hispânica. O fato é que a proposta petista tem pouco de Bolívar e pouco de Chávez. Ainda não é uma proposta socialista ou coisa que o valha. É só a regulamentação do que já exis­ te com a proposta singela de um início de alfabetização participativa. Um mínimo. Mas para a classe dominante, o medo do povo pobre é porque os pobres são muitos e po­ dem mudar a face de um país, desde que compreendam a força que têm.

Gladstone Leonel da Silva Júnior é doutorando em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UnB).

Foto da semana

Elaine Tavares é jornalista. Leia a íntegra em www.brasildefato.com.br

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Mídia Ninja

Na edição 57... Campanha sobre educação é censurada ...E agora A presidente da CUT -MG e do Sind-UTE MG, Beatriz Cerqueira, rece­ beu na segunda (3) a no­ tificação de uma Ação de Investigação Judicial Elei­ toral pendido a suspen­ são dos seus direitos polí­ ticos por oito anos. A ação foi proposta pela coliga­ ção Todos por Minas, en­ cabeçada pelo PSDB, mo­ tivada pela campanha de esclarecimento que o sin­ dicato fez denunciando o descaso em que se en­ contra a educação públi­ ca mineira.

Na terça-feira (4), centenas de pessoas se reuniram em Belo Horizonte em apoio à realização de um plebiscito oficial sobre uma Assembleia Constituinte, que possa votar mudanças no sistema político. Em todo o país, organizações sociais se mobilizam pela convocação da consulta oficial. No dia 13, novo ato está previsto, para as 17h, na Praça Sete.


Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

ENTREVISTA

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“As vitórias mostram que continuamos um ciclo progressista na América Latina” INTEGRAÇÃO Professor fala sobre reeleição de Dilma e Evo Morales e das perspectivas para o continente Joana Tavares O professor de relações internacionais da Universi­ dade Federal do ABC, Igor Fuser, conhece de perto a realidade de outros países da América Latina. Nesta entrevista, fala sobre o sig­ nificado da reeleição de Dil­ ma para o continente, sobre o futuro da “onda de gover­ nos progressistas” e dos de­ safios para as forças de es­ querda do Brasil. Brasil de Fato - O que significou para a América Latina a reeleição de Dilma Rousseff? Igor Fuser - O resultado da eleição brasileira foi uma vitória para a integração da América Latina. A eleição da Dilma significa a ma­ nutenção do papel do Bra­ sil como um grande impul­ sionador da integração sulamericana. Essa eleição co­ locou em questão, a par­ tir da polarização política que houve, a continuidade de iniciativas fundamentais como o Mercosul, a Una­ sul e a Selac. O candidato da oposição, Aécio Neves, deixou claro que, no limi­ te, ele encerraria o Merco­ sul, ou esvaziaria comple­

“A Constituinte é a garantia de que esses governos progressistas serão capazes de implementar mudanças realmente profundas”

tamente essa entidade em caso de vitória. Felizmen­ te, com a vitória da Dilma, a América do Sul vai conti­ nuar caminhando no senti­ do de uma união de esfor­ ços para o desenvolvimen­ to comum e para a conquis­ ta de uma posição mais au­ tônoma no mundo. Qual é a perspectiva para a onda de governos progressistas da América Latina?

A vitória da Dilma, as­ sim como pouco antes a vi­ tória do Evo Morales na Bo­ lívia, o processo que ainda está em curso mas prova­ velmente vai levar à vitória a reeleição da Frente Ampla no Uruguai, foram proces­ sos muito importantes, por­ que significam uma confir­ mação da vitalidade e da força do ciclo de governos progressistas na América do Sul. Esse ciclo vinha sen­ do muito questionado, se levantaram muitas dúvidas sobre o futuro desse proje­ to continental latino-ame­ ricano, inaugurado com a eleição do Chávez [na Ve­

“A eleição da Dilma significa a manutenção do papel Brasil como um grande impulsionador, um baluarte da integração sul-americana” nezuela] em 1998, e depois ampliado em países como Bolívia, Argentina, Equa­ dor, Uruguai. E essas vitó­ rias mostram que continu­ amos a viver um ciclo pro­ gressista na América Latina. É um ciclo que tem endos­ so popular, são governos re­ ferendados pelas urnas em sucessivas eleições. Em to­ dos esses países, os gover­ nos com propostas progres­ sistas não perderam nenhu­ ma eleição até hoje. Os úni­ cos países em que governos progressistas deixaram o governo foi por meio de gol­ pes de estado, como o Para­ guai e Honduras. Alguns países avançaram realizando Constituintes, como a Venezuela, Bolívia e Equador. O que uma experiência desse tipo significa para o Brasil? A Constituinte é a garan­ tia de que os governos pro­ gressistas serão capazes de implementar mudanças re­ almente profundas. Por­ que o que ocorreu no Bra­

Reprodução

transmitida em toda a Amé­ rica Latina - menos no Bra­ sil infelizmente - com ênfa­ se para notícias locais. Is­ so propicia que nos conhe­ çamos melhor e que a inte­ gração deixe de ser uma pa­ lavra vazia. Espero que no Brasil um dia também es­ tejamos ligados à Telesur e que a América Latina tenha o espaço que merece na mí­ dia brasileira.

Igor Fuser: “Chama muito a atenção o total desconhecimento que existe no Brasil em relação à realidade dos outros países latino-americanos“

sil, Uruguai e Argentina foi que, embora projetos polí­ ticos progressistas tenham conquistado o governo fe­ deral, esse feito não alterou as instituições políticas. O funcionamento do Judiciá­ rio, as regras do sistema po­ lítico, as regras de participa­ ção popular, a estrutura de direitos sociais, de direitos trabalhistas e muitos outros aspectos fundamentais no funcionamento da socieda­ de civil e da ordem política permaneceram inalterados de tal maneira que as insti­ tuições permaneceram em mãos de forças conservado­ ras, de elites direitistas, dos grupos mais poderosos eco­ nomicamente. Para rom­ per isso, não basta ganhar as eleições, é preciso redis­ cutir as próprias institui­ ções, rediscutir as regras do jogo da política. Se o Brasil quiser continuar avançan­ do, vai ter que discutir seu sistema político, através de uma Constituinte específi­ ca para esse fim. Que papel a mídia cumpre no Brasil para divul-

“Em todos esses países, os governos com propostas progressistas não perderam nenhuma eleição até hoje” gar a realidade da América Latina? Chama muito a atenção o total desconhecimento que existe no Brasil em relação à realidade dos outros países latino-americanos. A Amé­ rica Latina, quando apare­ ce na mídia brasileira, é de uma forma distorcida, em geral com matérias feitas para prejudicar a imagem de governos progressistas, que aplicam políticas que não são do agrado dos pro­ prietários dos meios de co­ municação. Nos outros pa­ íses do continente, a reali­ dade não é muito diferen­ te, com exceção daqueles onde já ocorreram avanços no sentido da democratiza­ ção da mídia. Por exemplo, existe a Rede Telesur, com base na Venezuela e com apoio de vários governos da região, que é uma rede

Quais são os principais desafios que as forças progressistas de esquerda vão enfrentar no Brasil nos próximos quatro anos? Entre os muitos ganhos que essa eleição nos trou­ xe, está o fato de que o de­ bate eleitoral permitiu que se obtivesse um quase con­ senso que existe hoje en­ tre as forças progressistas na sociedade brasileira em torno de duas prioridades da luta política: o primei­ ro é uma verdadeira e pro­ funda reforma política, que só pode ser feita através de uma Constituinte convo­ cada especificamente pa­ ra esse fim. Para isso, exis­ te a proposta de que se fa­ ça um plebiscito. É preciso uma reforma política que avance na democracia par­ ticipativa, impeça o contro­ le das instituições políticas e das campanhas eleitorais pelo poder econômico, ata­ cando o problema da cor­ rupção na sua própria ori­ gem. O segundo ponto con­ sensual é a necessidade de mudanças profundas no se­ tor da comunicação, da mí­ dia, de maneira a se garantir uma verdadeira pluralidade de vozes. Censura é a situa­ ção que temos hoje, apenas os pontos de vista de direi­ ta têm acesso à esfera públi­ ca através dos meios de co­ municação. Acredito que o governo brasileiro, ago­ ra reeleito, finalmente tem uma visão mais clara desse assunto e uma vontade po­ lítica de levar adiante esse combate pela democratiza­ ção da mídia.


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BRASIL

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

Câmara retoma proposta para impedir plebiscito PARTICIPAÇÃO Diante da pressão cada vez maior da sociedade civil, deputados querem aprovar às pressas projeto que não garante reforma política Reprodução

Pedro Rafael Vilela De Brasília O presidente da Câma­ ra dos Deputados, Hen­ rique Alves (PMDB-RN), quer rapidez na tramita­ ção da Proposta de Emen­ da Constitucional (PEC) nº 352/13, que trata de mu­ danças no sistema eleito­ ral. A medida foi retoma­ da como forma de impe­ dir a realização de plebis­ cito para perguntar à po­ pulação se ela é favorável à convocação de uma as­ sembleia constituinte ex­ clusiva da reforma políti­ ca. Mais de 490 entidades e movimentos sociais de­ fendem o plebiscito e che­ garam a recolher, em se­ tembro, o apoio de 7,5 mi­ lhões de pessoas em todo o país. “Parte dos deputados quer esvaziar a propos­ ta da sociedade civil para manter o controle sobre o sistema político sem pro­ mover as mudanças neces­ sárias”, avalia José Antônio Moroni, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política. Ele tam­ bém atribui essa postura da Câmara a uma tentati­ va de confrontar o governo federal, já que até a presi­ denta Dilma Rousseff é fa­ vorável ao plebiscito. Mudar para ficar tudo igual

A PEC nº 352 foi o resul­ tado de um grupo de tra­ balho criado em 2013 após as manifestações de ju­ nho. Coordenado pelo de­ putado Cândido Vaccare­ zza (PT-SP), o relatório fi­ nal da proposta, debati­ da apenas entre os parla­ mentares, é uma “contrar­ reforma política”, na ava­ liação dos movimentos so­ ciais. “A proposta não cria nenhum mecanismo para acabar com a sub-repre­ sentação de mulheres, po­ pulação negra, povos indí­ genas e outras minorias. Também não cria meca­ nismos de democracia di­ reta”, exemplifica Moroni.

Organizações conseguiram 185 assinaturas de deputados federais pelo plebiscito oficial

Além disso, a PEC pode aumentar ainda mais a in­ fluência do poder econô­ mico nas eleições, pois le­ galizaria na Constituição a doação de recursos de campanha por empresas, algo que já foi rejeitado até pelo Supremo Tribunal Fe­ deral (STF). Há sete meses, os ministros da mais alta corte de Justiça considera­

ram inconstitucional a do­ ação de empresas em cam­ panhas eleitorais, a partir de uma ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O julgamen­ to está definido por 6 votos a 1, mas o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo e a decisão ain­ da não está valendo. “Is­ so também explica a pres­

sa dos deputados em mu­ darem a constituição para permitir doação por em­ presas. Mais um motivo do porquê temos que comba­ ter essa iniciativa”, adverte Moroni, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política. Plebiscito oficial

Enquanto isso, as orga­

nizações e movimentos so­ ciais pressionam os depu­ tados a aprovarem o Pro­ jeto de Decreto Legislativo que autoriza um plebiscito para saber se os eleitores são favoráveis à proposta de uma assembleia cons­ tituinte exclusiva sobre a reforma política. A medi­ da foi protocolada sema­ na passada e deve entrar em debate nas comissões da Câmara ao longo dos próximos dias. “Nós que­ remos aproveitar o deba­ te dessa proposta e cobrar audiências públicas em to­ dos os estados para que a população possa entender e se manifestar sobre isso”, afirma Moroni. Entre as principais rei­ vindicações, está o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais, a criação de mecanismos de democracia direta, a pari­ dade entre homens e mu­ lheres no parlamento e a representação de seto­ res marginalizados da so­ ciedade, como povos in­ dígenas, população negra, LGBT, camponesa e juven­ tude.

Quem tem medo do povo? Reprodução

DEMOCRACIA Enquanto no Brasil a participação social é alvo de polêmica, nos Estados Unidos é uma prática comum A participação popular nas decisões sobre diver­ sos temas é prática comum em países democráticos. Porém, no Brasil, tem sido alvo de polêmica e temor por parte dos parlamenta­ res, especialmente após a derrubada do decreto nº 8243/14 pela Câmara dos Deputados. O decreto cria­ va a Política Nacional de Participação Social que, en­ tre outras questões, garan­ tia participação da socieda­ de na formulação de políti­

cas públicas em várias áre­ as, como saúde, educação e cultura. Além disso, parte do Congresso Nacional tem combatido a proposta de mais de 490 movimentos sociais pela realização de um plebiscito sobre a refor­ ma política. A postura con­ trária à participação popu­ lar contrasta com a práti­ ca de países como os Esta­ dos Unidos. Somente nesta semana, os estadunidenses estão realizando 146 con­

Brasileiros residentes em Paris, apoiam plebiscito sobre Constituinte

sultas públicas em 24 esta­ dos. São plebiscitos e refe­ rendos sobre vários temas,

como aborto e política des­ criminalização da maco­ nha.


Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

MUNDO

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Republicanos assumem controle do Congresso dos EUA AMÉRICA DO NORTE Oposição controlará as duas Casas legislativas até o final do governo de Barack Obama O Partido Republicano conseguiu na terça-feira (4) a maioria no Senado dos Es­ tados Unidos, ao tomar seis cadeiras dos democratas. A cadeira da Carolina do Nor­ te foi a sexta que passou de mãos democratas para repu­ blicanas, junto com Arkan­ sas, Dakota do Sul, Monta­ na, Virgínia Ocidental e Co­ lorado, o que dá aos conser­ vadores o controle absoluto do Congresso durante os dois últimos anos de mandato do presidente Barack Obama.

O controle total do Con­ gresso por parte dos republi­ canos não acontecia desde 2006 e determina um hori­ zonte difícil para o fim da pre­ sidência de Obama. Avanços democratas

As eleições consagraram o voto nos republicanos nas disputas para cargos repre­ sentativos, mas, nas consul­ tas populares, posições pro­ gressistas saíram vencedoras. Para além do primeiro ne­ gro eleito no sul em muito tempo, e da centésima mu­

lher escolhida para o Capi­ tólio, o eleitorado democra­ ta pode ter motivos para co­ memorar, em meio às derro­ tas, no Senado — onde per­ deram a maioria conquista­ da em 2010 — e na Câmara de Representantes — onde os republicanos ampliaram ain­ da mais a vantagem de assen­ tos. Contraditoriamente, as pautas comumente associa­ das ao projeto político-social defendido pelos democratas encontraram eco na popula­ ção.

Mineira conta de seu encontro com Papa Francisco

que fazemos aqui em Mi­ nas Gerais. Pela persegui­ ção que sofremos com a criminalização das nossas lutas e sofrendo 25 proces­ sos propostos pelo PSDB, digo que foi um momento de renovar a fé, principal­ mente quando ouvi dele: “continue a fazer o que es­ tá fazendo”. - O que esse encontro com

Confira todas as entrevistas completas do Programa de Classe que é exibido na TV Comunitária, canal 06 da NET e 13 OI TV, domingo às 10h, com reprises na segunda (7h30 e 23h30), terça (7h30), quarta (15h30), quinta (16h30), sextas (13h) e sábados (9h30 e 15h30).

movimentos sinaliza em relação à postura da Igreja?

Sem dúvida a postu­ ra do Papa é um indica­ dor claro do caminho que a Igreja deve seguir: ouvir os pobres, acolhê-los e co­ locar no dia a dia da Igre­ ja a luta por direitos, ter­ ra e teto ou seja, a luta pe­ la dignidade humana, exa­ tamente o que Jesus Cristo fez. (Joana Tavares)

AMA GR

SE

Conhecer um Papa que tem este olhar pa­ ra os oprimidos foi muito importante para as lutas

Reprodução

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- O que você sentiu ao conhecer o papa pessoalmente?

Pais alertam que governo pretende anunciar morte de estudantes no México PROTESTOS Milhares de pessoas denunciam que Estado é culpado pelos desaparecimentos

PRO

No final de outubro, o Papa Francisco recebeu na Cidade do Vaticano, repre­ sentantes de movimentos populares do mundo in­ teiro. “Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum cam­ ponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”, declarou, perante tra­ balhadores precários e da economia informal, mi­ grantes, indígenas, semterra e pessoas que perde­ ram a sua habitação. Do Brasil, uma das pre­ sentes foi Beatriz Cerquei­ ra, professora e presidenta da Central Única dos Tra­ balhadores.

EUA.Lawrence Jackson

D E CL

Na quinta-feira (6), alu­ nos de mais de 80 escolas e universidades em todo o México paralisaram as ati­ vidades, em uma greve pre­ vista para durar 72 horas. Eles se uniram aos protes­ tos que vêm sendo realiza­ dos no país para pedir que os 43 jovens desaparecidos no dia 26 de setembro em Iguala, no estado de Guer­ rero, sejam encontrados ainda com vida. Familiares alertam que o governo me­ xicano pretende encerrar o caso e oficializar a morte dos jovens. Nesta quarta-feira (5), cerca de 30 mil pessoas par­ ticiparam da marcha reali­ zada na Cidade do México. “Foi o Estado”, gritavam os manifestantes, em referên­ cia ao fato de os jovens te­ rem sido entregues ao car­ tel Guerreros Unidos pe­ la própria polícia, a mando do ex-prefeito de Iguala Jo­ sé Luis Abarca e sua esposa, María de los Ángeles Pine­ da. Na última terça-feira (4), Abarca e María Pineda fo­ ram presos. Familiares dos jovens desaparecidos, po­ rém, consideram que en­ quanto os jovens não forem encontrados vivos, “não há

Marcha foi realizada na Cidade do México, no interior do país e em cidades da Europa e América Latina

resultados” a serem apre­ sentados. Estudantes, em conjun­ to com os familiares, orga­ nizam a “Caravana de In­ dignações”, com o objetivo de articular um movimen­ to nacional para reunir to­ dos os que sofrem com o desaparecimento de fami­ liares. O problema é crôni­ co no país. Nos últimos oi­ to anos, 52.941 pessoas de­ sapareceram. Familiares de 22.322 deles ainda esperam resposta sobre o paradeiro dos parentes, segundo da­ dos da Secretaria de Gover­ no do Sistema Nacional de Segurança Pública. (Opera Mundi)


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CULTURA

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

AGENDA DO FIM DE SEMANA CINEMA

CINEMA

TEATRO

MÚSICA

Mostra “Cineclube” exibe clássicos da ficção científica, como “Guerra dos Mundos”, de Byron Haskin, e “King Kong”, de Merian Cooper e Ernest Schoedsack. Até 29/11, às 16h, no Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4001, Serra). As sessões acontecem somente aos sábados.

Projeto Cine Sem Churumelas exibe filmes independentes. No mesmo dia, haverá sorteio de catálogo do diretor Alfred Hitchcock. Sexta (7), às 20h, na Praça da Jabuticaba, em Contagem.

Apresentação do espetáculo “Estima”, da Cia Movimento do Beco e “A Flauta que você me faz”, da Cia Faminta. As peças mesclam o teatro com a dança e o circo. Sábado (8), às 16, na Praça da Saúde (Avenida Silva Lobo com rua Viamão, Grajaú).

O Encontro de Bandas revive a antiga tradição de assistir desfiles de fanfarras. Domingo (9), às 10h, na Praça Floriano Peixoto (Santa Efigênia).

Segunda a quinta-feira CINEMA

LITERATURA

2ª Mostra Ditadura na Tela promove exibições de filmes com temática sobre o regime militar brasileiro. Até dia 27/11, às 19h, no Centro de Referência da Moda (Rua da Bahia, 1149, Centro). As sessões acontecem somente às quintas-feiras.

BOA DA SEMANA

Bate-papo com os escritores Ismael Caneppele e Socorro Acioli, pelo projeto Sempre um Papo. No mesmo dia haverá lançamento dos dois últimos trabalhos dos autores - “A Cabeça de Santo”, de Socorro, e “Os Famosos e os Duendes da Morte”, de Ismael. Segunda (10), às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro).

FOTOGRAFIA

MÚSICA

O artista visual Domingos Mazzilli interpreta, na exposição fotográfica “Eu é Outr@s”, 23 mulheres que povoam seu imaginário. A mostra exibe também fotos de Felipe Ferreira e participação do maquiador espanhol Raul Cabanell. De 12/11 a 14/12, na Galeria de Arte do BDMG Cultural (R. Bernardo Guimarães, 1600, Lourdes).

Show do músico Sérgio Moreira, pelo projeto Café com Música. O cantor traz no repertório interpretações de grandes nomes da música popular brasileira, como Tom Jobim e Caetano Veloso, além de canções inéditas de seu próximo CD. Quarta (12), às 19h30, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro).

BH recebe o 4º Encontro Nacional de Capoeira Angola Do dia 13 a 15 de novembro, Belo Hori­ zonte vai sediar o 4º Encontro Nacional de Capoeira Angola. O evento discute a parti­ cipação da capoeira na educação e os dez anos da lei que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasi­ leira nas escolas de ensino médio e funda­ mental do país. A programação conta com palestras, ro­ das de capoeira e oficinas com mestres da Bahia, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além disso, no dia 15 será a festa de encerramento do evento, das 13h às 18h.

O encontro é realizado na capital desde 1999 e é promovido pelo Grupo lUNA de Ca­ poeira Angola, ONG criada em 1983. O grupo é coordenado por Mestre Primo e composto por jovens e moradores da comunidade do bairro Saudade, região leste de Belo Horizonte. Este ano, também será realizada uma ho­ menagem aos 125 anos de um dos principais mestres de Capoeira Angola no país, Mestre Pastinha. Todas as atrações são gratuitas. Para conferir a programação completa, aces­ se: encontrocapoeiraangola.blogspot.com.br.


Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

Artesanato terá política própria ARTE Plano recebeu comentários de artesãos e será implantado nos próximos dez anos ufmg.br

Rafaella Dotta O Ministério da Cultura (MINC) recebeu, entre 25 de agosto e 9 de outubro, opiniões de artesãos sobre as políticas a serem adota­ das pelo governo no setor para os próximos anos. A consulta pública angariou 208 comentários para a construção do Plano Seto­ rial de Artesanato. Apesar de conter diversas falhas, artesãos acreditam que es­ te é um “primeiro passo”. O objetivo, segundo o Ministério, era coletar a opinião das pessoas que atuam diretamente no se­ tor, artesãos, comercian­ tes, pesquisadores, incen­ tivadores e outros agen­ tes, sobre propostas feitas pelo Colegiado Setorial de Artesanato. A política con­ tém estratégias de desen­ volvimento do setor para os próximos dez anos. A consulta pública fun­ cionou pela internet, atra­

vés de site em que inte­ ressados podiam ler o do­ cumento na íntegra e co­ mentar seis eixos: Criação e Produção; Formação e Capacitação; Divulgação; Distribuição e Comerciali­ zação; Fortalecimento do Artesanato; e Economia Sustentabilidade Ambien­ tal e Inovação.

Consulta pública angariou 208 comentários para a construção do Plano Setorial de Artesanato O que acharam os artesãos “Poucos artesãos tem acesso à internet, então fi­ camos um pouco prejudi­ cados, pois a consulta não chegou a muitas pessoas” lamenta a artesã Rosân­ gela Costa. Das nove as­ sociações contatadas pelo casadefilo.com

Brasil de Fato MG, apenas duas sabiam que o Minis­ tério estava aberto a opi­ niões sobre o plano. A professora de artes e artesã Rose Valverde, de Juiz de Fora, conta que re­ cebeu a informação atra­ vés de um amigo e resol­ veram debater em grupo as propostas divulgadas no site. Sua principal pre­ ocupação é a participação das prefeituras no Plano Nacional. “As dicas do pla­ no estratégico são macro, mas se não tiver envolvi­ mento dos pequenos mu­ nicípios a política vai che­ gar apenas aos grandes centros”, afirma. Em Juiz de Fora, segun­ do Rose, não existe um ca­ dastro de artesãos que fa­ cilite o contato com pro­ dutores de eventos, traba­ lho que a prefeitura pode­

Atenção Prefeitos:

Além da lei 12.994, a lei 11.350/2006 e a EC 51 garantem a regularização dos agentes, mas ainda não são cumpridas em muitos municípios de MG.

A lei 12.994 que institui o PISO DOS AGENTES DE COMBATE À ENDEMIAS (ACE) E AGENTE COMUNITRÁRIO DE SAÚDE (ACS) está em vigor desde 17 de junho de 2014, mas há prefeitos em MG que ainda estão FORA DA LEI

ACS e ACE, não vamos fugir da luta! Faça valer a conquista!

“Sem envolvimento dos pequenos municípios a política vai chegar apenas aos grandes centros” ria realizar. “Está faltando uma conversa entre as ins­ tituições e os artistas e ar­ tesãos da cidade. A gen­ te vê que empresas fazem eventos e não procuram contato conosco”, critica. Consultas públicas para Políticas Setoriais O Ministério da Cultura abriu, no mês de outubro, outras duas consultas pú­ blicas para setores cultu­ rais. O primeiro foi o Pla­ no Setorial de Design, em que os interessados pu­ deram dar opiniões acer­ ca de quatro eixos estraté­ gicos, até 16 de outubro. O segundo, o Plano Setorial de Moda, ficou aberto até a última quinta-feira, 6 de novembro. Os Planos Setoriais fa­ zem parte do Plano Nacio­ nal de Cultura, instituído pela Lei 12.343, de 2010. Os primeiros foram colo­ cados em prática em 2005, englobando as áreas de Tetaro, Dança, Circo, Mú­ sica, Artes Visuais, Cultu­ ra Popular e Cultura Indí­ gena. Hoje, as políticas se­ toriais se expandiram pa­ ra 17 áreas.

CULTURA

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#ficaadica

Feirinha do Espaço Comum Luiz Estrela Neste sábado, a partir das 10h, o Espaço Comum Luiz Estrela realiza a Fei­ rinha Estelar, espaço para divulgação e comerciali­ zação de arte, artesanato, comida vegana e vegeta­ riana, bebidas, artigos de informática, entre outros. O evento conta ainda com apresentações mu­ sicais e circenses e, a par­ tir de agora, será realiza­ do quinzenalmente, aos sábados. No dia 26 de outubro, o espaço completou um ano de criação, quando artistas e ativistas ocupa­ ram o casarão abandona­ do há mais de três déca­ das no bairro Santa Efigê­ nia. Após a primeira fase de reformas realizadas no prédio, a próxima etapa que compreende reparos no teclado do edifício está prevista para aconte­ cer entre janeiro e março do próximo ano. A partir daí, o Luiz Estrela poderá reabrir suas portas. Atualmente, as atividades estão sendo realizadas na quadra ao lado do casa­ rão. SERVIÇO Sábado (8), das 10h às 19h, no Espaço Comum Luiz Estrela (Rua Manaus, 348, Santa Efigênia). COMO CHEGAR Você pode pegar as linhas 9101, 9202, e SCO3B.


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Novela

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Solução

nal. Nesse momento, o que ela mais precisa é de tratamento psicológico e psiquiátrico adequado, cuidado e respeito por parte de todos os profissionais.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.

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Querida Jussara, no caso de sua irmã, parece que ela tem crises conversivas. Elas são comuns em pessoas com transtornos mentais. São crises motivadas por questões psicológicas (ou psicogênicas), diferente das convulsões, que são resultado de alterações neurológicas. Embora pareça que a pessoa está simulando e os profissionais muitas vezes lidem com desprezo, existe muito sofrimento psíquico por trás dessas crises psicogênicas. A pessoa, na maioria das vezes, não entra numa crise por vontade própria, mas por conta de um descontrole do seu quadro emocio-

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Minha irmã tem doença mental e às vezes ela cai no chão em crise como uma convulsão. Mas quando chego ao serviço de urgência, os profissionais a tratam como se estivesse fazendo teatro, depois ela melhora. É possível que seja mesmo fingimento dela? Jussara Lopes, 42 anos, assistente administrativa.

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Cara Bárbara, não é normal ter sangramentos vaginais fora do período menstrual. São muitas as causas possíveis para o sangramento relacionado às relações sexuais. Desde ressecamento vaginal, passando por descamações uterinas, infecções vaginais, endometrioses e doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), até infecções uterinas graves e câncer. Procure uma avaliação médica o mais rápido possível para que possa ser identificado seu problema e tratado. Você também precisa estar em dia com seu exame preventivo do colo do útero (Papanicolau), que deve ser feito uma vez por ano. Ele é fundamental para detectar lesões que não podem ser vistas a olho nu e permite eliminá-las antes que elas virem um câncer.

Joaquim Vela

www.coquetel.com.br

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Bárbara Silva, 39 anos, advogada.

Até semana que vem!

© Revistas COQUETEL

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Amiga da saúde, gostaria de saber se é normal ter um pouquinho de sangramento depois da relação sexual. Isso acontece comigo às vezes.

certeza de que sua atitude foi desaprovada pelo público que se sensibilizou com a dor de Leonardo. Eu sonho com um tempo em que os gays ganharão espaço em todos os programas de TV e lugares sociais, que gozarão de todos os direitos civis e que serão resguardados legalmente quando violentados. O Brasil de Fato MG também! E esperamos que as novelas sigam contribuindo com isso.

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

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Amiga da Saúde

homofobia. Já contamos o caso de Cláudio (José Mayer), sua bissexualidade e sua família. Nesta semana, foi a vez de Leonardo (Klebber Toledo), o ex -amante de Cláudio, passar por maus bocados. Ele foi trabalhar de animador em uma festa de crianças e quando reconhecido pela foto publicada no blog do malévolo Téo Pereira (Paulo Betti), foi expulso pela mãe do aniversariante. A alegação: “um gayzinho pode ser uma péssima influência para as crianças, pode ser pedófilo”. O rapaz ficou arrasado. É claro que pessoas como a dona da festa estão por todo lado, mas tenho

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sa, ser branco, ser engenheiro. Mas ainda estamos longe do tempo em que o preconceito e a discriminação sexual tenham acabado, e, por isso, a luta pela criminalização da homofobia é central na agenda política. Acontece que trazer personagens homossexuais para as novelas, que estão no dia a dia das pessoas, contribui em alguma medida para o reconhecimento de que a sexualidade é um mero detalhe da vida e de que a luta dos movimentos LGBT é legítima. A novela Império, das 21h, tem dado sua contribuição ao denunciar o preconceito e a

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Personagens homossexuais estão cada vez mais presentes nas novelas. Já não estamos mais no tempo em que lésbicas tinham de ser banidas dos folhetins, como ocorreu em Tor-

re de Babel (1998) com o casal de mulheres morto em explosão de shopping por conta da rejeição do público. E nem no tempo em que a questão central dos personagens gays se relaciona com a própria aceitação da sexualidade. As novelas de hoje contam com protagonistas homossexuais e bissexuais, que se beijam, se casam, vivem dilemas familiares e pessoais como os de quaisquer outros personagens É assim que tem que ser, porque ser gay ou lésbica é um mero detalhe da vida de uma pessoa, como gostar de ir ao cinema, de comida japone-

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Por um mundo sem armários

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na geral Campeonato Brasileiro de Judô Eficaz Comunicação

Jogos Escolares da Juventude

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na geral OPINIÃO América

Sonho distante Bráulio Siffert

No último sábado (1), a cidade de Ou­ ro Preto recebeu cerca de 1.500 atletas para o Campeonato Brasilei­ ro de Judô, promovido pela Liga Nacional de Judô-Brasil e sob coor­ denação da Liga Minei­ ra de Judô. A competi­ ção ocorreu no Centro Desportivo da Univer­ sidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Os obje­ tivos centrais do evento são promover a práti­ ca do esporte e integrar as pessoas por meio da modalidade.

ESPORTE

Após uma boa arran­ cada na Série B, chegan­ do a ameaçar uma entra­ da no G4, o América jo­ gou mal diante do ABC e, com a derrota, deixou bem distante o sonho de conquistar o acesso. Es­ se sonho sofreu um baque com a perda de seis pon­ tos no tapetão, mas voltou a se mostrar possível com as vitórias que seguida­ mente – embora não con­ vincentemente – começa­ ram a aparecer. Mas ago­ ra voltaram a pesar as li­ mitações do time, e a co­ missão técnica continua a insistir em veteraníssi­ mos – como Magrão, Obi­ na e Júnior Negão – ao in­ vés de apostar nas joias da vitoriosa base do América. Agora, para subir, a equi­ pe tem que praticamen­ te ganhar todos os jogos que faltam, que são contra Icasa, Avaí e Sampaio Cor­ reia, em casa, e Luverden­ se e Ponte Preta, fora.

OPINIÃO Atlético

Eu acredito Rogério Hilário O Atlético parece ter su­ perado a saída de Ronaldi­ nho Gaúcho. O time man­ teve, mesmo sem o talen­ to de R10, sua principal ca­ racterística: a superação. Como no segundo con­ fronto com o Corinthians, o Galo renasceu diante de sua torcida. Novamente o êxtase e, desta vez, o ca­ minho para o título inédi­ to na Copa do Brasil está consolidado. Adversário é o de menos. Importa mes­ mo é o retorno da confian­ ça, mesmo diante das ad­ versidades, outra virtude alvinegra. Evite-se, no en­ tanto, confundir convic­ ção com convencimen­ to ou menosprezo. O Atlé­ tico segue em frente por respeitar os concorrentes, por reconhecer seus mé­ ritos. Mas também por sa­ ber se aproveitar dos seus defeitos. Aí contam muito as manhas de Levir Culpi, às vezes errático, noutras ousado, mas sempre com­ petente.

OPINIÃO Cruzeiro

O banco salvador

Mudanças nas regras do vôlei

Wallace Oliveira O Cruzeiro acaba de en­ trar no momento mais di­ fícil da temporada. Sen­ tindo o cansaço do fim de temporada, tem pela fren­ te um Brasileiro e uma Co­ pa do Brasil a disputar. Não existe a menor possibilida­ de o clube descartar uma competição para se dedi­ car à outra. No próximo domingo, contra o Criciú­ ma, não pode deixar esca­ par a chance de abrir van­ tagem sobre o São Paulo. Na Copa do Brasil, na pró­ xima quarta-feira (12), de­ ve valorizar ao máximo o primeiro jogo da decisão, para chegar ao segundo jogo, no dia 26, tranquilo. Naturalmente, as lesões e afastamentos começam a aparecer. A salvação pode estar no banco. Na ausên­ cia de Marquinhos, vamos novamente de Willian, que já brilhou no jogo contra o Santos. No lugar de Lucas Silva, Nilton entra descan­ sado e com fome de bola.

A Federação Mundial de Vôlei (FIVB) fez al­ terações nas regras do vôlei de quadra. Uma das mudanças mais im­ portantes foi a proibi­ ção do toque na rede por parte dos atletas em qualquer momento da disputa. Além disso, a fim de reduzir o tem­ po das partidas e aten­ der aos interesses co­ merciais da televisão, o tempo técnico foi re­ duzido a um por set. As mudanças entrarão em vigor no começo do próximo ano.

Adriano se divide entre futebol e polêmicas

Pratique esportes

Basquete sobre rodas

Entre os dias 6 e 15 de novembro, será re­ alizada a etapa nacio­ nal dos Jogos Escolares da Juventude, em João Pessoa (PB). A compe­ tição é organizada pe­ lo Comitê Olímpico do Brasil, com apoio do Ministério do Esporte, e reúne estudantes de 15 a 17 anos de todos os estados brasileiros na disputa de 13 mo­ dalidades esportivas. A programação conta, ainda, com várias ativi­ dades culturais e edu­ cativas.

Lian Gong

Onde: Recife (PE) Quando: inscrições até o dia 14 de novembro. Jogos entre 16 e 20 de dezembro.

Contato: (81) 3031-3893 e (81) 9751-5557. E-mail: cbbcbasquete@ gmail.com

Informações: cpb.org. br/wp-content/uplo­ ads/2014/02/Ficha-de-Ins­ crição.pdf

A Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas (CBBC) abriu as ins­ crições para o Campeonato Brasileiro da Primeira Divi­ são.

Onde: Parque Municipal Américo Renné Giannetti, Belo Horizonte.

Contato: (31) 3277-5225

Quando: sábado, das 9 às 10h, e quarta-feira, das 8 às 9h. Informações: portalpbh. pbh.gov.br

Lian Gong é uma prática corporal criada pelo orto­ pedista Zhuang Yuan Ming, voltada para trabalhadores incorporados à indústria chinesa nos anos 70, visan­ do a prevenir e tratar dores no corpo.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

Quem pensava que o jogador Adriano esta­ va longe das polêmicas se enganou. Na mes­ ma semana em que foi à França para uma pos­ sível negociação com o Le Havre, da segunda divisão francesa, ele foi denunciado por tráfi­ co de drogas e associa­ ção ao tráfico pelo Mi­ nistério Público do Rio de Janeiro. É triste ver que, ao voltar às pági­ nas de esportes, Adria­ no também volte às pá­ ginas policiais.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 07 a 13 de novembro de 2014

O Brasil inteiro fala “uai”!

Reprodução

CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS Na cidade da maior tragédia da Seleção Brasileira, Minas vai lavar a alma do futebol brasileiro Wallace Oliveira Na madrugada da última quinta-feira (6), o podero­ so eixo Rio-São Paulo e seu apito amigo foram dormir chupando os dedos. Pela primeira vez, o Atlético jo­ gará uma final de Copa do Brasil, justo contra o Cru­ zeiro, que chega à sua sex­ ta final na competição. Pe­ la segunda vez, então, a co­ pa será decidida entre dois arquirrivais (a primeira foi entre Vasco e Flamengo,

em 2006). Como nunca an­ tes na história do futebol mineiro, teremos uma de­ cisão de grande título entre os dois maiores clubes do estado. Como nunca antes na história deste país, Be­ lo Horizonte é a capital na­ cional do futebol. O Atlético guerreiro, vi­ brante e heroico fez o raio novamente cair no mesmo lugar. Que todos os raios partam a arbitragem fla­ menguista! Que as derro­ tas dos anos 80 fiquem en­

terradas no passado! Repe­ tindo o milagre das quartas de final, o Galo perdeu por 2 a 0 no jogo de ida, no Ma­ racanã, tomou um gol no primeiro tempo da partida de volta, no Mineirão, mas partiu para cima do Fla­ mengo e, contra toda es­ perança, trucidou o adver­ sário por 4 a 1. É como dis­ se o ídolo Reinaldo: “nada melhor do que um reen­ contro com a história pa­ ra curar as dores”. No pla­ car agregado, 4 a 3 para o

time da virada. O Cruzeiro tático, frio e resistente, mas não me­ nos heroico, desceu à Bai­ xada Santista, debaixo de chuva, para jogar no limite da exaustão. Esta é a equi­ pe brasileira que mais ve­ zes entra em campo nes­ te ano (até agora, 68 par­ tidas). O maior finalista da Copa do Brasil esteve atrás no placar duas vezes. Dado como morto, buscou o em­ pate com paciência, toque de bola e a raça de Willian,

que se recuperou milagro­ samente de uma recen­ te lesão na costela. Preci­ so como numa jogada de sinuca, o moço do bigode grosso mandou dois ten­ tos no gol de Aranha, de­ cretando a ressurreição da Raposa. No placar agrega­ do, 4 a 3 para La Bestia Ne­ gra de las Americas. Que venha o Clássico dos Clássicos! O primeiro jogo da final será na quar­ ta-feira (12), no Indepen­ dência.

Antes da final, Galo encara o Verdão e o líder Cruzeiro pega o lanterna Washington Alves/Site do Cruzeiro

Pela 33ª rodada do Cam­ peonato Brasileiro, o Atlé­ tico vai ao Pacaembú en­ frentar o Palmeiras, no pró­ ximo sábado (8), às 19h30. O alvinegro, quinto coloca­ do, com 54 pontos, luta por uma vaga no G4, o que lhe garantiria a participação na

Libertadores 2015. O alvi­ verde, 13º colocado, com 39 pontos, luta contra o rebai­ xamento e quer aproveitar a euforia atleticana na Co­ pa do Brasil para vencer e se afastar do Z4. O treinador Levir Culpi ainda não con­ firmou se poupará titulares,

pensando na final da próxi­ ma quarta-feira (12). Já o Cruzeiro, de volta a BH, retoma os treinamen­ tos na tarde desta sexta-fei­ ra (7). No domingo (9), re­ ceberá o Criciúma no Mi­ neirão, às 19h30. Favorito no Brasileirão, o time pre­ cisa superar o cansaço pa­ ra garantir a vitória, não dar brecha ao São Paulo e che­ gar ao fim de novembro com o título nas mãos. Es­ tima-se que nos próximos seis jogos o Cruzeiro preci­ se de três vitórias e um em­ pate para levantar a Taça. No campeonato por pon­ tos corridos com 20 clubes, nenhum segundo coloca­ do chegou aos 74 pontos. (Da redação)


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