Edição 65 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

3 CIDADES

9 ENTREVISTA

Idosos gastam Zezé Motta é muito com saúde militante negra Empresas burlam lei que proíbe aumento dos planos para idosos e muitos não conseguem iniciar um convênio após os 60

Minas Gerais

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A atriz fala do seu trabalho e dos limites da legislação brasileira, que não dá conta de pagar a dívida histórica com os negros

21 a 27 de novembro de 2014 • edição 65 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

MINAS

12 anos do PSDB exigem investigação Thiago Azevedo/AgEficaz

10 BRASIL

Empreiteiras no olho da corrupção Executivos das maiores empreiteiras do país estão atrás das grades. O vice -presidente da Mendes Júnior, Sérgio Mendes, assumiu ter pago R$ 8 mi de propina Reprodução

16 ESPORTES

Emoção no futebol Sábado (22) começa o período mais intenso do futebol mineiro em 2014. Atlético e Cruzeiro disputam títulos nacionais. América e Boa lutam pelo acesso à primeira divisão Reprodução

Durante mais de uma década, nove solicitações de CPIs na Assembleia Legislativa foram arquivadas. A dívida do estado passou dos R$ 100 bilhões. Sindicatos e movimentos pedem uma auditoria para saber como foi gasto o dinheiro público nesse período

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MINAS

Felisburgo: dez anos do massacre

6 MINAS

Prefeitura barra mineroduto

13 CULTURA

Fórum Doc começa em BH


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

editorial | Brasil

nhando cada vez mais espaço com mobilizações em vários locais do Brasil. A semente plantada com as manifestações de junho começou a se alastrar com o plebiscito popular, que recolheu quase 8 milhões de votos e hoje empolga milhares de apoiadores e ativistas da sociedade civil. Oito milhões de votos não são pouca coisa. Para se ter uma ideia, é mais gente que a população de países como Paraguai e Uruguai. Agora, resta saber como fazer reforma política. Aqui está um grande cabo de guerra. O PMDB puxa para o lado do referendo, apoiado por parcela do Congresso. Do outro lado, puxam centenas de organizações da sociedade civil, que organizaram o plebiscito popular e agora pedem a convocação de uma consulta oficial.

O tabu da Constituinte Causou muita estranheza o silêncio da mídia em torno do Plebiscito Popular da Constituinte. Mesmo quando a presidenta Dilma volta a tocar no assunto, com toda a prioridade, a grande mídia fala em reforma política, plebiscito e referendo, mas jamais em Constituinte exclusiva do sistema político. O ex-presidente Lula defende que uma reforma política democrática somente será possível com uma Constituinte Exclusiva e nenhum comentário da mídia. Repercutem intensamente a primeira nota da Executiva Nacional do PT depois das eleições, mas nenhuma palavra sobre a defesa da Constituinte. Comentam a presença de Luciana Genro do PSOL em atos públicos, mas escondem sua defesa da Constituinte. Os atos são chamados de “contra a direita”. No máximo noticiam que são pela “reforma política”.

O ex-presidente Lula defende que a reforma política somente será possível com uma Constituinte Exclusiva

A palavra “Constituinte” tornouse o grande tabu da mídia. Apenas programas seletivos em canais a cabo tratam do assunto, sempre para desqualificá-lo. Enquanto isso, a campanha vai crescendo nas ruas, novos comitês vão surgindo. No último dia 13 de novembro, mais de 20 mil pessoas manifestaram claramente que a reforma política que queremos é com a Constituinte Exclusiva. Com o apoio de 183 deputados, foi apresentado o Projeto de Decreto Legislativo 1508/2014, que convoca um Plebiscito nos termos do artigo 49, inciso XV, da Constituição Federal, com a pergunta: “Você é a favor de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político?” Com o mesmo conteúdo, foi

apresentado um Projeto de Decreto Legislativo no Senado Federal, com o apoio de mais de um terço de seus membros. Se conseguirmos abrir um debate na sociedade sobre o “sistema político”, inevitavelmente o monopólio da mídia será tocado. Enquanto puderem manter a fase da obscuridade, a ordem será nos ignorar. Quando não der mais, podemos ter certeza que nos combaterão com todo o seu potencial destrutivo. As organizações sociais vão compreendendo a cada dia que, sem enfrentar o atual sistema político, não se abrirá nenhuma possibilidade de pautar as questões estruturais na saúde, habitação, educação, do campo, etc. Eis porque o tema da Constituinte tem o mesmo potencial de converter-se numa meta-síntese, como foi a campanha pelas Diretas Já. Isso vem acontecendo. Os mais de 2 mil comitês populares desenvolvem criativamente formas de dialogar com a população. Os milhares de jovens que compreenderam o que estava em jogo no segundo turno das eleições presidenciais constituem o principal polo capaz de construir uma campanha com a dimensão necessária.

editorial | Minas Gerais

Reforma Política se alastra Com certeza todos já vimos a rapidez com que se alastram os pés de abóbora. Pouco tempo depois de plantada a semente, já se espalham as folhas que darão sustentação aos frutos, que também não tardam a chegar. Assim parece estar a reforma política: alastrando-se, criando apoiadores na sociedade, que logo mais darão sustentação aos frutos. O dia a dia do noticiário político apenas parece fornecer o adubo para a reforma. Para não falar só dos constantes escândalos de corrupção – o que já seria motivo suficiente - desde o final destas eleições, nenhuma boa entrevista com as principais lideranças políticas do país deixou de trazer o tema. É verdade que ainda há diversos entendimentos sobre o assunto entre as lideranças políticas brasileiras, mas nenhuma nega a necessidade da reforma. Fora das instituições tradicionais – partidos, Congresso, etc. – a questão também está ga-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

No cabo de guerra da reforma política, o PMDB puxa para o lado do referendo e centenas de organizações da sociedade civil pedem a convocação de um plebiscito oficial para pedir a convocação de uma Assembleia Constituinte O plebiscito seria para pedir a convocação de uma Assembleia Constituinte, eleita exclusivamente para fazer a reforma política. Dessa forma, os atuais deputados e senadores não teriam como legislar com base no seu próprio interesse, pois novas pessoas seriam escolhidas apenas para fazer as mudanças do sistema político. Já no caso do referendo, o Congresso apenas consultaria a população depois de uma proposta pronta. O problema é que há diversos projetos de reforma política engavetados há décadas. Se há uma lição a se tirar disso, é que o Congresso jamais fará uma reforma que restrinja seus próprios poderes, a menos que esteja sob pressão das ruas e da opinião pública.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Fotografia: Agência Eficaz. Estagiária: Raíssa Lopes. Administração: Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

CIDADES

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Planos de saúde criam obstáculos para idosos PREÇOS ABUSIVOS Mensalidades caras e consulta prévia são exemplos de medidas discriminatórias contra pessoas da terceira idade Reprodução

Rafaella Dotta Juam Lacerda Saturnino é analista de sistemas e está buscando uma solução para o pai, que aos 65 anos recebeu a notícia de que seu plano de saúde faliu. “Temos o plano há 12 anos, um convênio familiar, que foi muito pouco utilizado. E agora que meu pai está com 65 anos, precisando de médicos, o plano faliu”, desabafa. E, infelizmente, os problemas não param por aí. Na busca por outro plano de saúde para o pai, Juam encontrou novos obstáculos. “A primeira coisa que perguntam é a idade. Muitos planos não aceitam meu pai de forma nenhuma, outros aceitam com muitas restrições”, afirma. Esta é a mesma reclamação de milhares de idosos. De acordo com pesquisa do Instituto Brasilei-

ro de Defesa do Consumidor (Idec), das 20 maiores operadoras de planos de saúde de São Paulo, apenas oito aceitam pessoas com mais de 60 anos. Dessas, cinco exigem uma consulta prévia para identificar quais doenças o idoso tem para decidir se o aceitam ou não. A coordenadora do PROCON de Belo Hori-

zonte, Maria Lúcia Scarpelli, afirma que a consulta prévia tem sido comum ultimamente. Segundo ela, a prática não é ilegal, embora possa ser enquadrada como constrangimento. “Essa triagem pode ser considerada como tratamento depreciativo, o que é proibido pelo Estatuto do Idoso”, afirma.

Planos chegam a consumir 70% do salário de pessoas idosas Em 2003, foi aprovada a Lei 3.561, que criou o Estatuto do Idoso. Em relação aos planos de saúde, o documento proíbe o aumento de mensalidade para pessoas acima de 60 anos. Nos últimos 11 anos, a estratégia dos planos mudou. Se antes o aumento abusivo era cobrado depois dos 60, hoje o aumento se dá até os

59 e são colocadas altas taxas para pessoas que queiram entrar no convênio depois dos 60 anos. Segundo pesquisa do Idec, o preço médio mensal dos planos que aceitam idosos é de R$ 999,20, sendo que o mais barato sai a R$ 551. A advogada Gabriela Guerra, especializada em Contratos de Consumo e

Famílias do Anel Rodoviário só serão removidas quando tiverem para onde ir Reprodução

MPF/MG Numa iniciativa inédita, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região aprovou medida que irá garantir às famílias que vivem no Anel Rodoviário de BH a remoção humanizada de suas casas para dar lugar às obras de reforma e ampliação comandadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O acordo garante que as famílias somente sairão de suas casas quando estiverem concluídos os empreendimentos habitacionais destinados a recebê-las, em locais previamente definidos e dotados de toda a infraestrutura de equipamentos urbanos. “A conciliação permitiu a garantia dos direitos das pessoas atingidas e possibilitará a realização de uma obra de extrema importância para a mobilidade e o desenvolvimento regional, conciliando interesses muitas vezes vistos como antagônicos, mas que devem, de fato, ser harmoniza-

Advogada afirma que idosos chegam a gastar 70% da renda com planos

dos no âmbito do desenvolvimento sustentável”, afirma o procurador regional da República, João Akira Omoto. Calcula-se que mais de quatro mil famílias serão afetadas pelo empreendimento e terão de ser realocadas. Locais com infraestrutura Entre as opções de moradias, o acordo prevê tanto a construção de novos empreendimentos quanto o reassentamento por meio da compra assistida. Ficou acordado que o Dnit irá alocar recursos para a construção de um terceiro dormitório nas unidades do Minha Casa, Minha Vida. Quando os moradores optarem pela compra assistida, os valores dos imóveis também

serão custeados pelo Dnit. O acordo também prevê que, caso os recursos do Minha Casa Minha Vida não sejam suficientes, o Dnit deverá disponibilizar recursos para obras de infraestrutura nos bairros onde serão edificadas as novas unidades habitacionais, como a construção de escolas, postos de saúde, equipamentos de lazer etc. Isso porque, conforme explica o procurador regional dos Direitos do Cidadão em Minas Gerais, Edmundo Antônio Dias, “o direito à moradia adequada não é alcançado sem que se garanta o acesso concomitante a esses e outros serviços e equipamentos públicos”.

Direito à Saúde, afirma que seus clientes chegam a desembolsar 70% de seu salário com planos de saúde. “Só porque a pessoa tem mais de 60 anos, o plano faz um reajuste que ela não vai conseguir pagar”, destaca. De acordo com a advogada, somente 2% dos idosos recorrem à Justiça para a reparação de reajustes abusivos,

mas eles ganham em 98% dos casos. A coordenadora do PROCON de Belo Horizonte, Maria Lúcia Scarpelli, orienta que, em casos de aumento abusivo, os pacientes continuem pagando o plano, através de depósito em juízo, e procurem os órgãos de defesa do consumidor.

PERGUNTA DA SEMANA Dia 25 de novembro é dia internacional de luta contra a violência contra a mulher, instituído em 1999 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar de ser considerada um avanço, a implantação da Lei Maria da Penha, em 2006, não impede que as mulheres sigam sofrendo violência no Brasil. Pesquisa aponta que, a cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país e sete em cada dez já foram ou serão violentadas.

O que você acha de ainda convivermos com índices tão altos de violência contra as mulheres?

Acho uma covardia. Porque isso acontece só pelos homens. E a mulher é mãe do homem, é irmã do homem, é companheira do homem, é amante do homem. E por que ele faz isso com ela? Acho que o que falta é uma punição mais rígida, punição de verdade. Maria da Conceição Coelho da Silva, 51, costureira

Esses números são espantosos. Acredito que é por causa da impunidade que existe de uma forma geral no Brasil. As leis até que teoricamente são boas, são até exemplares, mas pela justiça ser lenta, na prática não se consegue chegar a resultado satisfatório. Esses números são vergonhosos. Eu, que sou homem, tenho nojo de saber que isso só aumenta. Gildásio Gonçalves dos Santos, 30, administrador


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CIDADES

Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

FATOS EM FOCO

Jardim América luta por área verde

Estudo sobre idosos

PARQUE Empreendimento pode acabar com área verde da Zona Oeste da capital Maíra Gomes A Zona Oeste de Belo Horizonte corre o risco de perder sua única área verde. São 22 mil m² de mata natural que pode dar lugar a dois prédios. A prefeitura detém apenas 1% do terreno. O restante faz parte de um espólio, pois o proprietário faleceu e ainda não foi feita a divisão oficial entre os herdeiros. Em casos desse tipo, a Justiça proíbe a venda até que a situação seja resolvida. No entanto, uma das herdeiras já fechou um contrato de venda do terreno para a construtora MASB, que pretende fazer um grande empreendimento no local. Cada um dos prédios deve ter 22 andares, totalizando 274 apartamentos. Além disso, é previsto um mini shopping nos primeiros andares, com 23 lojas. Os prédios pretendem disponibilizar 750 vagas de garagem, aumentado em mui-

to o fluxo de carros da região. “Muitos prédios foram construídos recentemente e o trânsito foi aumentando, já que as ruas continuam as mesmas. O empreendimento vai causar transtornos, vai ser uma calamidade”, avalia João Batista da Silva, morador do bairro há mais de 30 anos. Disputa na Justiça Em setembro de 2012, a MASB solicitou à Secretaria de Meio Ambiente autorização para construir os prédios. Desde então, moradores lutam para que a área seja transformada em um parque municipal. A partir de um abaixo-assinado feito pelo grupo, o Ministério Público iniciou uma ação civil para transformar o local em área de proteção ambiental. Uma liminar que proíbe a derrubada da mata existente no terreno foi publicada em agosto deste ano. “A liminar é provisória, temos

GENTE É PRA BRILHAR

Reprodução

Única área verde de bairro, mata de 22 mil m² pode dar lugar a dois prédios

Incentivo à reciclagem comemora três anos

que continuar com a ação para buscar procedência definitiva para a preservação da área”, explica a promotora de Habitação e Urbanismo do MP, responsável pela ação. Ela explica que, a favor do caso, já há duas indicações para a criação da Área de Proteção Ambiental. A IV Conferência Municipal de Políticas Urbanas aprovou por unanimi-

dade transformar o terreno em Área de Proteção Ambiental 1 (APA-1), que significa máxima proteção, e, na última reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), também foi votada a preservação da área. O conselho deve votar na próxima reunião, dia 26, pela aprovação ou não da licença de construção para a empresa MASB.

Área verde garante qualidade de vida

“Eu digo que vida é isso, buscar as histórias sempre de cabeça erguida, sem atropelar ninguém, ser a gente mesmo. Assim eu creio que a gente consegue superar as ondas bravas que vêm”, diz Dona Edna. Depois de perder sua mãe, sua casa e um tanto do juízo, Edna morou na rua com seu marido Zezinho e suas três filhas. “A mais nova não tinha nem um ano. Elas só não passaram fome porque Zezinho tinha coragem de pedir”, conta. Algumas pessoas que “Deus colocou” na vida da família a ajudaram a voltar para a Pedreira Prado Lopes, onde nasceu e cresceu. Para a nova casa, levou um garoto de quem cuidava na rua. E depois acolheu outro, e outro. Passou por mais uma luta, contra o câncer de colo de útero. “A médica falou que eu ia morrer”, lembra-se. Hoje, outra médica, dessa vez amiga, diz que Dona Edna é uma “guerreira lutadora”. Ela, emocionada, concorda.

A ALMG, em parceria com a PUC Minas, lança estudo sobre as condições de vida dos 2,6 milhões de idosos do estado. O Índice de Condições de Vida do Idoso (ICVI-MG) analisa seis itens: renda, educação, condições de moradia, saúde, demografia e direitos. O relatório será apresentado na quartafeira (26), no Salão Nobre da ALMG, às 10h.

O artigo 225 da Constituição Federal garante o direito à vida em um “meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. “Moro ali atrás da chácara e, sempre que passo na rua ,está geladinho e nas outras ruas está quente. A gente sente na pele a diferença que faz uma área verde”, defende Luara Colpa, moradora do bairro. João Batista defende a criação de um parque de uso comum. “Sugerimos um local para fazer encontros, caminhadas, uma pista de skate. A comunidade precisa ter uma área de lazer”, conta. Ele reforça que o desmatamento provoca

aquecimento e aumenta o risco de enchentes, já que a região perde uma grande área de permeabilidade das águas de chuva. A promotora do MP explica que a ação civil está correndo na Vara da Fazenda Pública Municipal e a decisão fica a cargo do juiz responsável. “Caso a licença de construção seja dada pelo Comam, mas o juiz defina a criação da APA, é a decisão judicial que prevalece. A MASB vai ter o licenciamento mas não vai poder intervir no local”, explica. No dia 21, haverá um ato público em defesa da manutenção da área verde e pela aprovação da APA-1 ao terreno.

O Projeto Bolsa Reciclagem completou três anos de implantação. A bolsa funciona como remuneração pelo trabalho de catadores organizados em cooperativas, de acordo com o volume de material recolhido por cada um. Durante a solenidade de comemoração, o Centro Mineiro de Referência em Resíduos defendeu mais recursos para o projeto, que é uma das únicas políticas de reciclagem feitas pelo governo estadual.

Passageiros podem pagar ônibus com nota de 50 O Procon da Assembleia entende que as placas com o aviso “Troco máximo: R$ 20” que circulam nos ônibus de BH estão erradas. A Lei Municipal 6.851, de 1995, afirma que a maior nota aceitável é equivalente a dez vezes a passagem, que seria R$ 28,50 no caso de BH. Não existindo esta cédula, a maior nota aceitável é a imediatamente posterior: R$ 50.

Cemig pode ter que devolver dinheiro a consumidores

A Cemig admite cobranças indevidas feitas entre 2002 e 2009, em Uberlândia. O valor pode chegar a R$ 225 milhões. O erro foi descoberto em 2007, mas a reparação do preço foi feita apenas em 2010. O processo está na 3ª Vara Federal de Belo Horizonte e a devolução do dinheiro ainda não foi confirmada.


MINAS

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Famílias despejadas há dois anos conseguem garantia de terreno NORTE DE MINAS Codevasf derrubou casas e expulsou 20 famílias há dois anos. Hoje, empresa cede terreno para reassentamento MAB

Maíra Gomes Foram dois anos de insegurança, luta e sofrimento, mas finalmente Dona Elza pode dizer que tem seu pedaço de terra. Em novembro de 2012, o Brasil de Fato dava a notícia sobre a derrubada ilegal de casas e expulsão de famílias da Vila dos Goianos, no município de Nova Porteirinha, no Norte de Minas Gerais, quando Dona Elza perdeu sua casa e passou dias morando embaixo de um pé de manga. Após um longo caminho de negociação, a Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf ),

responsável pelo despejo, se comprometeu a entregar um terreno à Prefeitura de Nova Porteirinha para reassentar os moradores atingidos. O local escolhido pelas famílias, com 30 hectares, estava cedido para a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e, no dia 5 deste mês, foi publicado no Diário Oficial da União o retorno do terreno para a Codevasf. O próximo passo é que o local seja passado oficialmente para a prefeitura. “O prefeito disse que já assinou os documentos necessários para receber o terreno. Ali faremos um reassentamento urbano modelo,

VVê

Após longa negociação, Codevasf se comprometeu a reassentar

onde as famílias consigam a segurança necessária, com a possibilidade de produzir uma agricultura urbana que gere renda”, aponta Moisés Borges, integran-

a

r!

Recursos sonegados só podem ser recuperados com o fortalecimento da fiscalização. A aprovação da PEC 186 irá viabilizar isso, o que trará mais benefícios para a área social.

com A aprovação da PEC 186

sem A aprovação da PEC 186

+

+saúde +educação +investimentos

-recursos -segurança -transparência

Vamos apoiar essa proposta Compartilhe, comunique, dissemine essa ideia: facebook.com/186PECdaEficiencia

Apoio: Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais - SINDIFISCO-MG

te da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que acompanha a luta desde o início. Ele explica que os antigos moradores de Vila dos Goianos vão para o local junto com outras famílias,

da Vila Furado de Oliveira, ambas atingidas pelo Projeto Gorutuba. “O Projeto Gorutuba tem um histórico de violações muito grande, é uma obra da década de 1970 que tem um passivo social muito grande”, denuncia Moisés.

Famílias ainda estão em risco GORUTUBA Construída há 35 anos, barragem causa problemas a moradores Em 1978, o rio Gorutuba foi cercado e criada a barragem Bico de Pedra, que abastece a cidade de Janaúba, polo da região, e serve ao Projeto de Irrigação Gorutuba, empreendimento da Codevasf. Grandes canais saem da barragem e seguem para os lotes irrigados, na época sorteados entre os produtores locais. Era próximo a um destes grandes canais que, há mais de 30 anos, moravam Dona Elza e outras 20 famílias, em busca de água para a sobrevivência. “Como a terra estava parada sem cultivo, eles resolveram construir suas casas ali. A Cemig e a Copasa instalaram serviços lá na época. E, depois de 20 anos, a Codevasf resolve tirar as famílias dali?”, indigna-se Ednalza Borges da Silva, militante do MAB há cinco anos e moradora de Janaúba. Hoje, muitas famílias ti-

veram que se separar e vivem em situação de insegurança, morando de favor ou de aluguel, enquanto esperam sua nova moradia. “É pesado o aluguel, né? Mas não tenho pra onde ir, nem tive como voltar pra vila, já que derrubaram minha casa”, conta Dona Elza Pereira dos Santos. Após saber da conquista da terra, ela se sente aliviada Ednalza aponta que ainda é importante garantir que o município cumpra o combinado, mas também comemora. “É uma alegria imensa, porque lutar contra grandes empresas hoje é muito difícil. Conseguir que a Codevasf cumpra o combinado é um grande começo, mas não pode parar, tem que continuar a luta. Foi o início da vitória, mas ela só vem mesmo quando vermos as famílias dentro de suas casas”, reflete.


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MINAS

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Prefeitura cancela autorização para mineroduto VIÇOSA Decreto suspende ações administrativas que liberavam o empreendimento Rafaella Dotta Após negociações e protestos, o prefeito de Viçosa assinou na terça-feira (18) um decreto que suspende documentos emitidos pelo poder municipal a favor do mineroduto da empresa Ferrous. A medida foi justificada pelo problema de abastecimento de água da cidade. No mesmo dia, integrantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) também se posicionaram contra a instalação do mineroduto na região. Na prática, a medida bloqueia a construção do mineroduto da Ferrous, que está em processo de liberação ambiental. A assinatura do decreto n° 4.773 pelo prefeito, Ângelo Chequer (PSDB), acontece em resposta

à pressão feita pela Comissão Parlamentar de Enfrentamento à Construção do Mineroduto e por movimentos. O vereador Idelmino Ronivon (PCdoB), coordenador da Comissão Parlamentar, explica que o principal motivo para a prefeitura negar o empreendimento é o uso da água. “O projeto do mineroduto passa em cima do principal manancial de Viçosa, que abastece 50% da cidade e 100% da UFV. Isso coloca em risco o abastecimento atual e futuro”, destaca. Na UFV, também na terçafeira (18), foi realizado um seminário institucional com o objetivo de debater a posição da universidade sobre o tema. De acordo com Rafael Bastos, professor da En-

vicosanewS

Pressão da sociedade civil e movimentos é apontada como motivo para suspensão do apoio da prefeitura ao mineroduto

genharia Civil, todos os posicionamentos foram contrários à construção do mineroduto e é provável que o Conselho Universitário se posicione dessa forma.

Vereadores e movimentos buscam mais adesão A construção do mineroduto passa por três aprovações: a licença prévia, a licença de instalação e de

operação, explica Luiz Paulo Guimarães, integrante da Campanha pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous. “Agora, o Ibama pode revogar a licença prévia, já dada à Ferrous, ou pressionar a prefeitura para autorizar o mineroduto, como fizeram com a prefeitura de Açucena”, avalia. A Comissão Parlamentar de Enfrentamento à Construção do Mineroduto pretende buscar vereadores e prefeitos das outras 22 cidades atingidas pelo mineroduto, a fim de criar uma unidade contra a obra. “Esse ano mais de 200 cidades mineiras entraram em estado de calamidade por falta de água. O governo de Minas Gerais também precisa se posicionar”, defende Luiz Paulo.

Dez anos depois, impunidade continua em Felisburgo

Mídia Ninja

TERRA Juíza extingue ação de desapropriação de área que foi palco de massacre Joana Tavares Na quinta-feira, 20 de novembro, completaram-se dez anos de um dos maiores massacres da história recente de Minas Gerais. Nesse mesmo dia, em 2004, um fazendeiro, acompanhado de dezenas de pistoleiros, invadiu um acampamento onde viviam 230 famílias, na cidade de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, e comandou o massacre que vitimou cinco trabalhadores. Além disso, feriram 17 pessoas, atearam fogo aos barracos, plantação e escola. Nove anos depois, em outubro de 2013, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy foi condenado a 115 anos de prisão por ter participado e planejado o ataque. Assim como o capataz Washington Agostinho da Silva, no entanto, Chafik pôde sair caminhando do Fórum, pois ain-

da pode recorrer da sentença em liberdade. Outros dois pistoleiros também foram condenados pelo crime. Enquanto convivem com a tensão de ter o mandante do crime solto, as famílias acampadas receberam outra reviravolta da Justiça. No dia 7 de novembro, a juíza Rosilene Maria Clemente, da 12ª Vara Agrária de Minas, anulou a sentença que garantia a desapropriação da fazenda Nova Alegria, onde as famílias sem-terra montaram o acampamento Terra Prometida. “Recebemos de luto essa informação. É como se mais um companheiro fosse tombado. Agora, foi a Justiça que tombou. Dez anos depois do massacre, o fazendeiro condenado não está preso e a terra ainda não foi dividida”, lamenta Alexandre Chumbinho, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(MST), que organiza as famílias sem-terra. Disputa pela terra A sentença proferida pela Justiça em favor de Chafik vai contra um decreto de desapropriação assinado pelo então presidente Lula, em 2009, que declarava que cerca de 1.800 hectares da fazenda deveriam ser destinados à reforma agrária, pois não cumpriam sua função social. Alexandre Almeida, da coordenação estadual do setor jurídico do MST, explica que quatro critérios definem se uma área cumpre ou não sua função social: a produtividade, a adequação às normas ambientais e trabalhistas e o bem-estar da população envolvida. No caso da fazenda Nova Alegria, o decreto questionava o uso ambiental e o bem-estar, pois o terreno foi palco do massacre que vitimou cinco pessoas.

Adriano Chafik foi considerado culpado em todos os processos penais e foi condenado a 115 anos de prisão pela morte de cinco sem-terra

“Nessa decisão, a juíza foi extremamente conservadora e chega a questionar se havia uma verdadeira tensão na área. Ela na verdade tenta blindar, por seu argumento, qualquer desapropriação por função social”, critica Alexandre. Ele afirma que a procuradoria federal do Incra, órgão responsável por processos desse tipo, declarou que vai recorrer da decisão em “todas as esferas possíveis”. Outros 515 hectares da fazenda foram considerados devolu-

tos, ou seja, pertencentes ao Estado. No entanto, essas terras não foram ainda demarcadas. O MST afirma que vai seguir pressionando para que a justiça seja feita no caso de Felisburgo. “As famílias foram vítimas de uma enorme violência e nunca foram indenizadas, nem pelo Estado nem pelo fazendeiro. A realização da reforma agrária é no mínimo uma compensação econômica do Estado para com elas”, afirma Alexandre Chumbinho.


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Pressão para que contas dos governos do PSDB sejam abertas TRANSPARÊNCIA Sociedade civil organizada exige uma auditoria para esclarecer irregularidades e quebradeira do estado Thiago Azevedo/AgEficaz

Maíra Gomes Depois de 12 anos exigindo do governo PSDB em Minas Gerais esclarecimentos sobre uma série de irregularidades na gestão administrativa e financeira do estado, entidades de trabalhadores e movimentos sociais agora pedem ao governador eleito Fernando Pimentel que realize uma auditoria no estado. “Assistimos nos últimos doze anos a uma série de questões que mereciam a transparência devida, não foi feito e agora devem ser investigadas”, justifica Beatriz Cerqueira, presidente da Central Única dos Trabalhados (CUT-MG). O Bloco Minas Sem Censura, de oposição na Assembleia, fez a solicitação de Nove Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que nunca foram efetivadas. Uma pesquisa realizada pelo Bloco apurou que, nos tempos de Regime Militar, de 1965 até 1984, foram realizadas 30 CPIs, enquanto nos governos Aécio Neves/Anastasia foram apenas duas. Mesmo no governo do tucano Eduardo Azeredo (1995-1998) foram 10. No de Itamar Franco (19992002), foram 17.

Beatriz, que também é coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SindUTE-MG), cita a ausência da aplicação do mínimo constitucional em saúde e educação como o fator que consideram mais simbólico da falta de fiscalização na administração do estado durante o governo PSDB. “Por mais de dez anos o governo cometeu um crime e ninguém fez nada. A Assembleia Legislativa sabia, o Tribunal de Contas sabia, o Ministério Público sabia. Quando um governo é contra a Constituição e sai impune, sem

O estado já fechou o ano de 2014 com um déficit orçamentário em torno de R$900 milhões nenhum questionamento dos órgãos que deveriam fazer a fiscalização?”, questiona. O deputado Rogério Correia chama a atenção para a realidade econômica do estado, que se encontra com uma dívida acima de R$100 bilhões. “Tivemos um aumento estratosférico da dívida do estado. E muitos destes empréstimos começam a

ser pagos agora, em 2015. Serão R$6 bi a mais do que o estado já paga com dívidas anualmente”, relata. Ele conta que o estado já fechou o ano de 2014 com um déficit orçamentário em torno de R$900 milhões e não há previsão de aumento da arrecadação. “Vamos encontrar o estado em calamidade econômica. Isso já dá pra ver o quanto é importante uma auditoria, saber por que o Choque de Gestão levou a isso”, questiona. Os movimentos vêm questionando, ao longo desses anos, o modelo de gestão das empresas pú-

Auditoria é legítima O artigo 37 da Constituição Federal dispõe sobre os princípios que devem nortear todo ato da Administração Pública, sendo eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Ou seja, é lei federal que o poder público tenha transparência em suas ações. “É natural a realização de uma auditoria, o estado existe para servir à população e ela deve saber como está sendo gasto o dinheiro público. Não se trata de

blicas, Cemig e Copasa. A Cemig tem hoje cerca de 7.500 funcionários próprios e mais de 20 mil terceirizados. “A Cemig está praticamente nas mãos das empreiteiras. Se elas decidem que não vão mais trabalhar, a Cemig não tem condições de atender a população. Precisamos saber os termos destes acordos”, provoca Jairo Nogueira Filho, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Eletricidade (Sindieletro-MG). Além disso, Jairo questiona a relação entre a estatal e o grupo Andrade Gutierrez, que detêm 33% de su-

as ações. A Copasa funciona com uma série de contratos de Parcerias Público-Privadas (PPPs), que não estão devidamente esclarecidas, e já foi alvo de uma tentativa de CPI, solicitada pela oposição na Assembleia. “A auditoria deve ser feita nestes casos e nos diversos órgãos do estado, que tem muita denúncia de má gestão do recurso público, de inchaço de máquina pública, um monte de leis delegadas que foram criadas. Isso tudo foi escondido, temos que passar Minas a limpo”, determina Rogério Correia.

caça às bruxas e sim de conhecer a realidade do estado”, declara Eulália Alvarenga, auditora fiscal e membro do grupo Auditoria Cidadã da Dívida. Ela reforça que, mesmo após ter acesso aos documentos do Tribunal de Contas da União (TCU) apresentados pelo estado, não é possível saber o que aconteceu nos últimos anos, já que muitos dados não foram apresentados nem mesmo ao TCU. “É um direito que a sociedade tem de trans-

parência das ações do estado. A auditoria pode ser feita pelo governo, pela Assembleia, mas se espera que não seja fechada, e sim que seja acompanhada pela sociedade”, aponta Eulália. “O estado está quebrado, não tem saúde e educação de qualidade, uma dívida altíssima. O novo governo vai pegar um estado cheio de problemas e pode ajudar muito ter o retrato fiel de como estão as coisas, mostrar isso pra população”, reforça Jairo (Sindieletro-MG).

Reprodução

A economista Eulália Alvarenga defende investigação


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OPINIÃO

Acompanhando

Na edição 63... Violência policial nas ocupações da RMBH ...E agora Após uma caminhada até a Cidade Administrativa na segunda-feira (17), moradores de ocupações urbanas de Belo Horizonte e região participaram de uma audiência pública com a Comissão de Direitos Humanos da ALMG. O presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo, afirma que as denúncias de violência cometidas pela PM durante as desocupações já estão sendo investigadas pelo Ministério Público (MP). Representes do atual governo e do governador eleito Fernando Pimentel (PT) também estiveram presentes e se comprometeram a começar o processo de negociação com os moradores.

Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

Beto Almeida

Eulália Alvarenga

Sem comunicação

Pelo acesso à verdade sobre a dívida de Minas

Nas eleições recentes, viu-se como o governo pos­sui enorme dificuldade para informar adequadamente so­bre todas as suas próprias realizações. Já as forças conservadoras pos­suem uma comunicação destrutiva organizada e conse­guiram confundir boa parte do eleitorado que, mesmo be­neficiado pela distribuição de renda, pelo crescimento do trabalho formal e pelos programas sociais, aceitava a te­se: “um partido não pode ficar muito tempo no poder, tem que mudar”. No entanto, transformar uma sociedade com monstruosas in­justiças sociais acumuladas, que ainda tem marcas do es­cravagismo, não é tarefa para um curto período, espe­cialmente em se tratando de um governo que não conta com maioria de esquerda no Congresso. Mais difícil ainda se este governo não tem comunicação. TVs e Rádios públicas, comunitárias e universitárias con­tinuam fragilizadas, sem sustentação. Mesmo assim, o go­verno pratica uma política de sustentação financeira da mídia conservadora, especialmente para a Rede Globo que, em 10 anos, recebeu R$ 5 bilhões em publicidade ofi­cial. Desperdício de recursos públicos, mau uso, altíssimo custo social e político negativo. Na Argentina, Venezuela, Equador e Bo­lívia, além do fortalecimento, expansão e qualificação da rádio e TVs públicas, investiu-se pesado em jornais po­pulares impressos, com distribuição militante e comer­cial massiva, a preços módicos ou gratuitamente. Há vigorosa ex­pansão do parque gráfico e da leitura de jornal e livros. Organizar um poderoso jornal coo­perativo popular, impresso e digital, também não exige mudanças na Constituição. Medidas que exigem apenas decisão política, como hou­ve ao fundar a CUT ou o PT. Decisões que foram tomadas pelas forças de es­querda nos países vizinhos.

Mas que dívida é essa de Minas Gerais? No final da década de 90, a União, segundo acordos feitos com o FMI, refinanciou as dívidas dos estados, passando-os à condição de devedores da União. Os acordos com o FMI propiciaram a implementação das políticas neoliberais, privatizações de empresas estatais estratégicas e lucrativas, sob a justificativa de que as receitas serviriam para o pagamento da dívida. Na prática, as dívidas se multiplicaram, principalmente devido à remuneração nominal cobrada pela União, composta pelo indexador IGP-DI mais juros. Minas assinou contrato em 1998 no valor nominal de R$10,18 bi. Comprometeu 13% da Receita Líquida Real mais juros de 7,5% ao ano e correção pelo IGP-DI. A CPI da dívida da Câmara dos Deputados indicou que, apesar do baixíssimo valor de mercado dos títulos, a dívida referente a eles foi refinanciada a 100% de seu valor de face, representando uma brutal transferência de recursos públicos para o setor financeiro privado. O peso da dívida para Minas inviabiliza investimentos e o atendimento às necessidades sociais, tornando-nos um dos estados mais desiguais do país. Apesar dos rigorosos pagamentos mensais, no final de 2013, a dívida estava em R$ 67 bi, ou seja, estamos enxugando gelo. O PL 99/2013, aprovado pelo Senado em 05/11/2014, não resolverá o problema da dívida do Estado com a União, reduzirá pouco, e a dívida continuará consumindo vultosos recursos. Por outro lado, o endividamento externo do Estado saltou de R$ 562 milhões, em 2007, para R$ 9,39 bi, em 2013. Parte desta dívida externa foi para pagar a dívida com a Cemig, sem nenhuma transparência. Diante disso, é necessário realizar ampla auditoria das dívidas desde sua origem.

Beto Almeida é jornalista da TV Comunitária de Brasília

Eulália Alvarenga é economista e integrante da Auditoria Cidadã da Dívida

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Movimento Negro Unificado

Na edição 60... Irregularidades no Mineirão serão investigadas ...E agora A CPI do Mineirão foi protocolada com as assinaturas necessárias na ALMG, no início de outubro. No entanto, até hoje não foi instalada. O grupo de oposição afirma que irá à Justiça para garantir o início dos trabalhos da CPI, caso a Assembleia continue adiando. De acordo com a assessoria da Assembleia, a instalação continua dependente de uma decisão do comando da Casa.

Esse cartaz, veiculado em 1991 pelo jornal do Movimento Negro Unificado (MNU), fez parte de campanha contra a violência racial. Os dizeres são do poeta Lande Onawale, nascido em Salvador, Bahia. Segundo o autor, a frase é uma resposta a uma sociedade racista que “diz a todo tempo que os negros não são capazes e merecedores desse amor mútuo de nenhum amor”. Diante de toda violência vivenciada pela mulher e homem negro, Lande defende: um beijo é resistência. Sugestão da Bruna Magalhães


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ENTREVISTA

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Zezé Motta: “Temos muita luta pela frente” CONSCIÊNCIA NEGRA Eternizada no papel de ‘Xica da Silva’, Zezé Motta, 70 anos, é uma das principais atrizes negras do Brasil Divulgação

Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ) Na semana em que se comemora a Consciência Negra, o Brasil de Fato entrevista a atriz Zezé Motta, que também atua como militante pela ampliação do espaço dos negros nos palcos e na TV. Além de atriz e cantora, Zezé também já ocupou cargos políticos, como o de Conselheira de Diretos Humanos, no governo Fernando Henrique Cardoso, e de Superintendente da Igualdade Racial do Rio de Janeiro, no governo Lula. Brasil de Fato - 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra, um momento para refletir sobre os avanços e retrocessos dos direitos da comunidade afrodescendente. E gostaria de começar falando dos avanços. Zezé Motta - Sou uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, no início dos anos 70, e desde então, houve alguns avanços, embora a gente tenha muita luta pela frente. Sou do tempo que em novela

tinha apenas dois ou três atores negros, que faziam sempre papéis subalternos. O problema não era fazer empregados, mas é que esses personagens viviam a reboque. Essa era a questão, não tinham uma história própria, estavam a serviço de outros personagens. Então, se a gente faz uma comparação, vamos ver que houve avanços, mas ainda somos poucos em muitos departamentos. Quais os principais problemas que enfrentamos ainda hoje e o que impede ao país de dar passos mais largos na questão da igualdade racial? Há questões no Brasil que não funcionam por erros básicos. A começar pela legislação, que é falha. Quando sai uma lei a favor dos negros, fica todo mundo dizendo que é

“Se a gente comparar vamos ver que houve avanços, mas ainda somos poucos em muitos departamentos”

paternalismo, mas esquecem onde estão os negros: nas prisões, nas favelas, morando em encostas. Na verdade, o erro vem desde a abolição, quando abriram as portas das senzalas sem ter um programa para que essas pessoas tivessem uma vida digna. Os negros, então, ficaram sem casa, comida e cultura. Uma coisa perversa. O racismo era uma política de Estado, que resultou na escravidão. Você acha que as cotas nas universidades são uma tentativa de reparar esses erros? O Brasil tem uma dívida com as populações negra e indígena e as cotas podem minimizar esses erros históricos. Vejo a questão das cotas como uma medida provisória. Se esse negro que for beneficiado tiver uma boa preparação ele não vai precisar de cotas para o seu filho. Você é uma militante do movimento negro. Gostaria que contasse um pouco como e por que começou a militar. Nós criamos o Centro Pedro Curi/Gshow

Em Booggie Ooggie, Zezé interpreta a personagem Sebastiana

Zezé: “Sou do tempo em que atores negros faziam só papéis subalternos”

“Há questões no Brasil que não funcionam por erros básicos. A começar pela legislação, que é falha” de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), em 1984, com o seguinte objetivo: identificar quem somos, quantos somos e onde estamos. Porque, quando falávamos da invisibilidade dos negros na mídia, as desculpas eram as mais variadas. Então, a gente não podia ficar só se queixando, decidimos arregaçar as mangas e ir à luta. Hoje, temos cursos de teatro, um cadastro de atores separados por faixa etária e uma estrutura importante. Você pode falar um pou-

co dos seus atuais trabalhos na música e na novela Boogie Oogie, da Globo? Estou viajando com um show musical chamado Negra Melodia, que é uma homenagem a Luis Melodia e a Jards Macalé. E, na Boogie Oogie, faço uma personagem que é a Sebastiana, uma empregada cujo filho sonha em ser diplomata e não consegue a vaga devido a sua cor de pele. Ele passou na prova várias vezes e ainda assim não consegue o emprego, o que provoca uma discussão sobre o tema da discriminação. Esse foi um dos motivos que me levou a aceitar o papel, mas algumas pessoas me questionaram porque aceitei fazer uma empregada. O problema não é fazer empregada, mas limitar-se a papéis que não têm história própria.


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BRASIL

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E a Polícia Federal chega aos peixes grandes JUSTIÇA Operação Lava Jato leva à prisão de poderosos empresários e pode abrir caminho para uma reforma política Divulgação

Pedro Rafael Vilela De Brasília Executivos das maiores empreiteiras do país estão atrás das grades, por causa de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, que aponta pagamento de propina em contratos das empresas com a Petrobras. A inédita prisão de tantos empresários ocorreu na última sextafeira (14), durante a sétima fase da Operação Lava Jato. Ao todo, 23 pessoas foram presas, entre elas quatro presidentes de construtoras (OAS, Queiroz Galvão, UTC e Engevix), além de executivos da Odebrecht, Mendes Júnior, Camargo Corrêa, Iesa e Galvão Engenharia. A Operação Lava Jato foi deflagrada em março deste ano para investigar esquema de lavagem e desvio de dinheiro em obras contratadas pela Petrobras. Estima-se a movimentação ilegal de R$ 10 bilhões. O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, um dos presos, afirmou na terça-

Mais de 15 anos de corrupção

Investigação é conduzida pelo Ministério

feira (18) ter pago R$ 8 milhões em propina ao doleiro Alberto Yousseff, preso no Paraná e considerado operador financeiro do esquema. Segundo o depoimento, o executivo teria sido “obrigado” a pagar propina para o doleiro, sob pena de sofrer represálias em contratos.

Executivos das maiores empreiteiras do país estão atrás das grades As investigações, porém, indicam que não há inocentes nessa relação. O jornal O Globo revelou, por exemplo, que o presiden-

“Se continuar esse sistema, não vai mudar nada”, disse Janot MOTIVAÇÃO Segundo procurador Geral da República, operação Lava Jato poderá Divulgação ser “o grande propulsor para reforma política” A reforma política foi apontada pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, um dos responsáveis pela investigação na Petrobras, como uma consequência desse escândalo na estatal. “Essas prisões serão o grande propulsor da reforma política. E esse sistema é corruptor mesmo, se continuar esse sistema não vai mudar nada, pois vamos derrubar essas pessoas e outros virão ocupar esses espaços”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Mais de 500 movimentos sociais e entidades da sociedade civil lutam pela aprovação de um Ple-

biscito que vai consultar a população sobre uma Assembleia Constituinte exclusiva para fazer a refor-

te da construtora UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, seria o líder do cartel formado entre as empresas para fraudar licitações. Outro envolvido, o diretor de engenharia industrial da Galvão, Erton Medeiros Fonseca, é apontado como um dos responsáveis pela corrupção.

A fraude e os desvios nos contratos da Petrobras serviriam para enriquecer executivos e irrigar o caixa dois eleitoral de diversos partidos, inclusive PMDB, PP e PT, mas também revela o envolvimento do PSDB de Aécio Neves e do PSB, do falecido Eduardo Campos e Marina Silva. O jornalista Ricardo Boechat, comentarista da Rádio Band News FM, chegou a provocar o cinismo do PSDB ao tratar do caso Petrobras. Ao comentar a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse “sentir vergonha” do que acontece na estatal, Boechat o chamou de “oportunista”. “Cardoso é um homem suficientemente experiente e bem informado para saber que na Petrobras se roubou também durante o seu governo. (...) Petrobras sempre teve, em maior ou menor escala, denúncias que apontavam desvios”, afirmou.

Golpe à vista? O jornalista Luis Nassif denunciou na terça-feira (18), um possível golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, numa articulação envolvendo os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Toffoli redistribuiu a análise da prestação de contas da campanha de Dilma a Gilmar Mendes, notório opositor do governo e do PT. A manobra da redistribuição foi questionada pelo Ministério Público Eleitoral. Para Nassif, se a manobra prosseguir, Gilmar Mendes pode rejeitar a aprovação das contas, aproveitando o clima das últimas revelações do caso Petrobras. Se as contas de Dilma não forem aprovadas, ela não pode ser diplomada presidenta reeleita, no dia 18 de dezembro, e uma crise política se instala no país, que poderá levar a uma tentativa de golpe institucional via Judiciário. ma política no país. As denúncias do caso Petrobras devem atingir diversos parlamentares, reforçando a tese de que o atual Congresso não tem condições de realizar uma reforma política profunda. “Depois da prisão de executivos, nenhuma grande empresa irá correr mais riscos de continuar nesse jogo [de paga-

mento de propina]. O STF já votou contra o financiamento privado de campanha. A votação não foi homologada ainda devido ao vergonhoso [ministro] Gilmar Mendes que, mesmo já sendo voto vencido, pediu vistas do processo e engavetou-o”, escreveu o jornalista Luis Nassif. (PRV)


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Líderes do Brics cobram urgência na reforma do FMI

MUNDO

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Presidente venezuelano aprova leis anticorrupção e de segurança Reprodução/JB

CREDIBILIDADE Para chefes de Estado, demora afeta legitimidade do fundo Reprodução

Agência Brasil

Chefes de Estado dos países que compõem o chamado grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) manifestaram seu “desapontamento e grave preocupação” com a não implementação das propostas de reformas estruturais do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em nota parcialmente compartilhada pelo blog do Palácio do Planalto, os cinco líderes do Brics afirmam que a demora nas reformas afetam a credibilidade e a legitimidade do fundo. “A demora injustificada em ratificar o acordo de 2010 está em contradição com os compromissos conjuntos assumidos pelos líderes do G20 desde 2009”, menciona a no-

ta, antes de criticar a demora do Congresso norte-americano em aprovar os novos termos da participação dos Estados Unidos no fundo. Em 2010, a crise financeira global motivou os países-membros a proporem ampliar a influên-

cia de países como Brasil, China e Índia no FMI mediante o aporte de recursos financeiros adicionais. A mudança, contudo, depende do aval dos países com poder de veto no organismo, sendo os Estados Unidos o principal deles.

Da Agência Lusa

O presidente venezuelano Nicolás Maduro assinou na quarta (19) um conjunto de leis para combater a corrupção e a insegurança. “Assinei a revisão da lei que cria um corpo nacional anticorrupção e também novos elementos para que os delitos não prescrevam”, disse Maduro durante discurso no Palácio Presidencial de Miraflores, em Caracas. Maduro explicou que o Corpo Nacional contra a Corrupção será uma “instituição vital para atingir a coesão dos elementos ético, educativo, cultural, institucional, legal, investigativo e policial”. Este novo organismo será vinculado diretamente à Presidência e entrará em funcionamento nos próximos dias. Será criado o Sistema Popular da Paz, que

será “contemplado na Lei Orgânica de Segurança da Nação”, de acordo com Maduro. Maduro assinou, ainda, 28 leis, incluindo reformas do sistema tributário e fiscal, com o objetivo de promover “o crescimento, a diversificação e o fim da guerra econômica”.

Denuncie! Racismo é crime No mês em que celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) destaca: a escola é também espaço para reafirmarmos o respeito às diferenças e o combate a qualquer tipo de discriminação.

SE

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UM SINDICATO DE TODAS AS RAÇAS

Confira todas as entrevistas completas do Programa de Classe que é exibido na TV Comunitária, canal 06 da NET e 13 OI TV, domingo às 10h, com reprises na segunda (7h30 e 23h30), terça (7h30), quarta (15h30), 20 de novembro quinta (16h30), sextas (13h) e Dia Nacional da Consciência Negra sábados (9h30 e 15h30).

D E CL

Ilustração: Rômulo Garcias

NEGRO É LINDO


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CULTURA

Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

AGENDA DO FIM DE SEMANA CULTURA AFRO

NATUREZA

4º Encontro de Crespas e Cacheadas de Belo Horizonte conta com palestra sobre a Consciência Negra, piquenique, sorteio de brindes e sessão de fotos. Domingo (23), às 10h, no Parque Municipal (Av. Afonso Pena, 1977, Centro).

DANÇA

Aula gratuita de Yoga no parque. Domingo (23), a partir das 9h, no Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado (Rua Vicenzo Masi, 240, Itapoã).

FOTOGRAFIA

A dançarina, atriz e coreógrafa Paola Rettore apresenta o solo “Correntes e Naufrágios”, pelo projeto Pequenas Navegações. Sábado (22) às 11h30 e 14h30 e domingo (23) às 11h30, na Casa da Ópera - Memorial Minas (Praça da Liberdade).

Oficina de Fotografia Pinhole ensina os princípios básicos da arte, além da construção da própria máquina a partir de caixas, latas ou qualquer objeto oco. Sábado (22) das 8h às 18h e domingo (23), das 8h às 12h, no Centro Cultural Lindéia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, Lindéia).

Segunda a quinta-feira INTEGRAÇÃO

POESIA

Sarau “Temos Palco” reúne jovens artistas de circo, dança, teatro, artes visuais e poesia para apresentações gratuitas ao público. Segunda (24), às 19h, na Funarte-MG (Rua Januária, 68, Floresta).

BOA DA SEMANA

ARTES PLÁSTICAS

III Sarau das Pretas marca o lançamento do Fanzine das Pretas, publicação com poemas e ilustrações feitas pelas mulheres do Bloco das Pretas. Segunda (24), às 19h, na Faculdade de Educação (FAE) da UFMG (Avenida Antônio Carlos, 6627, Pampulha).

TEATRO

A exposição “Pintura & Permanência” comemora os 57 anos de carreira do artista Carlos Bracher. De 19/11 a 12/01, todos os dias da semana - exceto terça -, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade).

Os alunos do CEFAR apresentam a peça “Sem título - (estamos com bloqueio criativo)”, que baseia-se no enredo do filme “Shakespeare Apaixonado”. Terça (25) e quarta (26), às 19h30, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).

Duelo de MCs nacional será realizado no Viaduto Santa Tereza Após enfrentar dificuldades financeiras para acontecer, o Duelo de MCs Nacional venceu mais uma batalha. A 3ª edição do evento será realizada neste domingo (23), a partir das 14h, no Viaduto Santa Tereza. A viabilização do projeto só foi possível a partir da doação de recursos, realizada através da ferramenta de financiamento online Catarse, permitindo que voluntários contribuíssem com os valores necessários para apoiar a iniciativa. Mestres de Cerimônia (MCs) de oito estados (Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo) irão se enfrentar e disputar o títu-

lo de melhor improvisador da cultura Hip Hop do Brasil. O primeiro lugar receberá o prêmio de R$ 4 mil. O representante mineiro é conhecido como MC Capanga e é da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. A programação conta ainda com apresentações dos DJs Sense e Deivid, exposição de graffiti com Criola e Sek e shows dos músicos Bruno BO, Radical Tee e o bicampeão do Duelo de MCs Nacional, Douglas Din. SERVIÇO Domingo (23), a partir das 14h No Viaduto Santa Tereza A entrada é gratuita


Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

18ª edição do Forumdoc.bh vai até 30 de novembro CINEMA Festival tem exibição gratuita de filmes e é alternativa para quem quer fugir das salas tradicionais de cinema Reprodução

Começou nesta quinta-feira (20) a 18ª edição do Festival do Filme Etnográfico e Documentário - Forumdoc.bh. O festival, que acontece desde 1997 na capital mineira, tem o objetivo de ser um espaço para discussão de trabalhos audiovisuais que incentivam a diversidade cultural e constroem diálogo com a vida social. O evento é promovido pelo coletivo Filmes de Quintal e oferece exibições gratuitas de filmes, seminários e oficina. As atividades acontecem até o dia 30 de novembro, no Cine Humberto Mauro, CentoeQuatro e Faculdade de Educação (FAE) da UFMG.

Serão exibidos cerca de 60 longas, em mostras competitivas nacionais e internacionais. Nesta edição, obras de realizadores indígenas também estarão em cartaz: “Karioka”, do diretor Takumã Kuikuro, e “Kara’i Ha’egui Kunha Karai ‘Ete – Os Verdadeiros Líderes Espirituais”, de Alberto Alvares Guarani. Já na competitiva internacional, foram selecionadas produções da Alemanha, Síria, China, EUA, França, Colômbia, Reino Unido, Nepal, Itália, Bélgica e Suíça. Para conferir a programação completa, acesse o site do festival forumdoc.org.br.

Filme de abertura do festival, “Branco sai, preto fica”, envidencia a violência

SERVIÇO Até 30 de novembro Sessões no Cine Humberto Mauro (Av. Afonso Pena, 1537, Centro), Cine 104 (Pra-

BH recebe o 9º Seminário Imagem dos Povos

RESENHA

As Sete Virtudes Divulgação

Vera Lima A escritora Dorinha Aguiar quer, por meio desse projeto, resgatar valores como respeito, sinceridade, solidariedade, resistência, generosidade e amizade, que remontam ao tempo da vovó e são tão necessários nos tempos atuais. Dorinha Aguiar utilizouse das virtudes dos animais, humanizando-os para aproximá-los de seu público-alvo. A coletânea “As 7 virtudes - histórias do ranchinho do gavião” reúne uma sequência de histórias infantis ricas em imagens e lições cidadãs. Dela fazem parte os livros “Bonitinha, a galinha amorosa”, que traz o sentimento de igualdade e compaixão; “Muriqui, o macaco feliz”, que fala da importância de cultivar a alegria e ter pensamentos positivos; “O porquinho Sujão”, que destaca a importância da sinceridade, da aceitação e da humildade. “Bolacha e a luz azul” traz como tema a generosidade, a reflexão sobre a responsabilidade com o meio

ambiente e “Blume, amiga fiel” aborda a questão da lealdade e da responsabilidade com a vida. “Bala, a onça-parda” retrata que a prudência é uma virtude importante para todos e em “Carcará, o soberano”, efetivase a construção da perseverança e do raciocínio para se adquirir resistência e se destacar na sociedade.

ça Ruy Barbosa, 104, Centro) e Faculdade de Educação da UFMG (Av. Antônio Carlos, 6627).

As 7 Virtudes - Histórias do Ranchinho do Gavião é um projeto aprovado na Lei Rouanet e 90% da produção será doada a creches públicas, escolas infantis públicas, bibliotecas e patrocinadores. A versão falada foi doada a entidades que trabalham com crianças com dificuldade de enxergar.

A capital mineira sedia, de 26 a 28 de novembro um importante encontro entre realizadores e executivos do setor audiovisual brasileiro: o 9º Seminário Internacional Imagem dos Povos. A participação é gratuita e as inscrições vão até a próxima segunda-feira, 24. As atividades ocorrem no Conservatório UFMG. O seminário avalia as atuais condições da produção de conteúdo relacionado à diversidade nos meios públicos e privados de comunicação. Também procura apresentar aos participantes quais são as principais oportunidades de financiamento para conteúdos audiovisuais disponíveis no mercado. SERVIÇO Seminário Imagem dos Povos – Diversidade e Mercado Audiovisual Data: 21 de novembro e de 26 a 28 de novembro Local: No Conservatório UFMG (Av. Afonso Pena, 1.534, Centro) A programação é gratuita

CULTURA

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#ficaadica

V Prêmio Zumbi de Cultura premia personalidades do Movimento Negro mineiro Em novembro, mês da Consciência Negra, o V Prêmio Zumbi de Cultura comemora 319 anos de luta e morte de Zumbi de Palmares e vai homenagear dez pessoas, entre artistas, personalidades e mestres, que se destacaram na promoção da arte negra no estado. O projeto tem como objetivo conscientizar, promover, ampliar e reforçar na sociedade um entendimento maior sobre os valores da cultura afro-brasileira em Minas Gerais. O prêmio contempla segmentos da dança, atuação política, música, teatro, personalidade negra, literatura, educação, manifestação cultural e religiosidade. Além disso, serão realizadas apresentações culturais e atividades integradoras até o dia 28. Na terça (25), acontece a Mostra CineAfroBH, sessão de contação de histórias e shows. No dia 26, é dia da cantora Zaika dos Santos e palestra com o tema “Empreendedorismo nas artes negras – moda, legado e cabeça feita”. Para ver a programação completa e os locais onde acontecem as atividades, acesse o site: www.arteecultura.com.br.

Companhia Baobá minas, organizadora do prêmio


14 VARIEDADES

Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

“Sem casa” na rua, “sem casa” na novela

Amiga da Saúde Estou muito preocupada porque meu filhinho de três meses nasceu com fimose e a pele é bem apertadinha. O que devo fazer? Ele pode ter problemas para ter relações sexuais no futuro? Alice Gonçalves, 30 anos, professora Cara Alice, não se preocupe. A fimose, condição na qual o prepúcio, a pele do pênis, não retrai completamente para expor a glande, a cabeça do pênis, é normal em bebês. Em geral, até os 3 anos de idade, a fimose desaparece. Você não precisa fazer nada em especial, apenas cuidar da higiene de seu filho. Alguns casos em que a criança continua sem conseguir expor a glande deverão ser avaliados por um médico, que verá o grau do problema. Ele então poderá indicar

um tratamento com medicamento hormonal ou, em último caso, uma cirurgia. Mas fique tranquila, ainda é muito cedo para você se preocupar.

Estava vendo uma reportagem sobre a mutilação genital em meninas. Você acha que, pelo bem da cultura, justifica manter uma prática dessas? Debora Aparecida, 19 anos, secretária Querida Débora, acho que a mutilação genital só se justifica pelo machismo, que é dominação dos homens sobre as mulheres. O que mais pode levar pessoas a torturarem meninas retirando seus clitóris, às vezes até os lábios vaginais, com a justificativa de que elas não devem sentir prazer sexual? Essa prática, ainda hoje frequente em muitos países africanos e em alguns asiáticos, precisa acabar. A cultura reproduz coisas boas e coisas ruins, cabe aos seres humanos alterarem seus hábitos para

obter uma vida melhor. A mutilação genital hoje já é reconhecida como uma violação dos direitos das mulheres por todos os órgãos internacionais de direitos humanos e existem pactos para pôr fim a essa prática. Entretanto, pelo machismo, em muitos lugares ainda continua acontecendo. Nós, mulheres do mundo todo, devemos nos solidarizar e pressionar para que a mutilação genital e tantas outras práticas machistas deixem de existir.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.

Um acontecimento importante para a trama de Império foi motivado por uma manifestação do movimento dos “sem casa” nas ruas de Santa Teresa, bairro onde vive Cristina, sua família e muitos outros personagens da novela. O grupo já está ocupando um casarão no bairro, há alguns capítulos, e clama por “direito à moradia, uma vida mais justa para todo mundo e um lugar decente para morar”. A manifestação reivindicava a desapropriação de um sobrado, abandonado e inutilizado, para assentar famílias do movimento. Como na maior parte das manifestações e ações de ocupação urbana da vida real, houve intervenção da polícia militar. Interessante a novela trazer a questão das ocupações urbanas. Ter uma casa não é luxo para ninguém. Ao contrário, é direito constitucional. Mas a lógica da apropriação do espaço urbano, como da terra, respeita os

Novela ditames do sistema econômico que favorece a acumulação de capital: espaço urbano e terra são bens que valem muito e por isso não estão distribuídos para todos. O pior de tudo é que a maior parte das pessoas sequer se dá conta disso. Pensam que as pessoas não têm casa porque não trabalham, porque dependem de programas sociais. Esquecem-se que muitos desabrigados não tiverem oportunidades de estudo, de ter uma alimentação saudável que lhes desse condições de aprender, e sem estudo e aprendizado, as oportunidades de trabalho são escassas. Esse esquecimento é só um dos exemplos de compreensões rasas sobre as desigualdades sociais. Pior ainda é que a maior parte das pessoas não pensa nas consequências do fenômeno dos “sem casa”. Fora delas, pessoas estão mais vulneráveis a riscos sociais, à violência e à crimi-

nalidade. Fora das casas, nossa sociedade reforça injustiças e situações de indignidade humana. É preciso desconstruir essas incompreensões e equívocos. Se a novela vai contribuir com isso? Veremos... Voltando ao acontecimento importante: em meio ao reboliço da intervenção policial, durante a manifestação, o diamante cor-de-rosa do comendador José Alfredo cai do céu... E se parte em quatro pedaços. Cora está na mira deles. E uma das partes vai parar justo nas mãos de Cardoso, o líder do movimento dos “sem casa”. O que será que ele vai fazer com a pedra preciosa? Se for comprar casa para os desabrigados, eu vou achar massa, e você? Isso se Cora não for atrás dele para resgatar o tesouro, hein? Até semana que vem! quimvela@brasildefato.com.br


Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

na geral

São José dos Campos três vezes campeã LIBERTADORES DA AMÉRICA Brasileiras golearam Paulino Menezes/ Ministério do Esporte venezuelanas na final

Bolsa Atleta Divulgação

O Ministério do Esporte divulgou, na sexta-feira (14), a lista dos beneficiados em esportes que não participam dos Jogos Olímpicos e dos Paralímpicos. A bolsa é de R$ 1850 para atletas que disputam competições internacionais e de R$ 925 para os que participam de eventos nacionais. No total, foram 734 atletas beneficiados (585 na categoria Internacional e 149 na Nacional), praticantes de esportes como kung fu, futsal e skate.

Ingressos mais caros do mundo

Da redação A equipe do São José conquistou pela terceira vez a Copa Libertadores Feminina. A final foi jogada no último domingo (16), no estádio Martins Pereira, em São José dos Campos (SP). A equipe da região do Vale do Paraíba goleou as venezuelanas por 5 a 1. Os gols do São José foram marcados por Rosana (5’), Poliana (17’ e 70’), Andressa (61’) e Giovânia (76’). Aos 60’, a atacante Viso descontou para o Caracas.

Na decisão do terceiro lugar, as paraguaias do Cerro Porteño venceram as colombianas do

VocêSabia ? A Copa Libertadores da América de Futebol Feminino começou em 2009. Até hoje, já foram disputadas seis edições da competição. Cinco delas foram vencidas por clubes brasileiros. O maior vencedor é o São José, com três títulos (2011, 2013 e 2014), seguido pelo Santos, com dois (2009 e 2010), e o ColoColo, do Chile, que levantou a taça uma vez, em 2012. clube Formas Íntimas nos pênaltis, por 5 a 4. A artilharia da Copa foi dividida entre três jogadoras, cada uma com seis gols: a brasileira Andressa, a colombiana Ospina e Viso, da Venezuela.

Gol de placa A capoeira acaba de ser incluída na lista das manifestações que são Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O reconhecimento vem na semana em que se celebra a consciência negra no Brasil. A capoeira é uma prática de origem afro-brasileira que sintetiza elementos de arte marcial, esporte, cultura popular e música.

Gol contra

Os dirigentes de Atlético e Cruzeiro transformaram a decisão da Copa do Brasil num episódio de mesquinharia, infantilidade e desrespeito. No primeiro jogo, no Independência, o Atlético garantiu à torcida rival um número de ingressos inferior à cota mínima de 10%, prevista no Regulamento Geral das Competições. Em retaliação, para o segundo jogo, no Mineirão, o Cruzeiro adotou a mesma prática e ainda pôs nos ingressos do visitante o preço abusivo de R$ 1000.

ESPORTE

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na geral Futsal no presídio Divulgação/Governo da Paraíba

Na última segunda-feira (17), teve início um torneio de futsal em 13 unidades prisionais do estado da Paraíba. Participam 503 detentos, distribuídos em 71 equipes. O evento é uma iniciativa da Secretaria de Segurança Pública, que tem desenvolvido atividades de promoção da cidadania dos presos, como cursos profissionalizantes do Pronatec, salões de artesanato e mutirões do judiciário, entre outras.

Minas é tricampeão de Judô Facebook/Paulo Andre Oficial

Reprodução

Pratique esportes

Skate Onde: Parque das Mangabeiras, BH. Em pesquisa feita pelo jornal britânico Daily Mail sobre o valor dos ingressos das principais ligas do mundo, os ingressos vendidos para o Campeonato Brasileiro de 2014 estavam em segundo lugar entre os mais caros. Em média, o valor é de 12,73 libras, o que dá aproximadamente R$ 52. O cálculo é feito com base na renda per capita semanal da população.

Quando: 22 de novembro, às 11h. Informações: : migre.me/ mYF1a

Ciclismo

Onde: Praça da Estação. Quando: 28 de novembro, das 19 às 22h. Informações: migre.me/ mYGnp

No sábado (22), será inaugurada uma pista de skate no Parque das Mangabeiras, no estilo Half Pipe. A partir de então, a pista estará aberto ao uso das terças aos domingos, das 8 às 17h.

A Massa Crítica é um evento aberto à bicicleta e outros meios de transporte por tração humana. Os participantes se encontram em local predeterminado e se locomovem pela cidade.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

A equipe de judô do Minas Tênis Clube venceu a 9ª edição do Grand Prix Nacional Interclubes Feminino, disputada no último final de semana, em São José dos Campos. Com a vitória sobre o Instituto Reação, por 4 a 1 na decisão, o Minas chegou ao terceiro título do torneio, tornando-se o maior campeão. No confronto pelo terceiro lugar, a Sogipa venceu o Pinheiros, também por 4 a 1.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 21 a 27 de novembro de 2014

Título fica em Minas, mas povo mineiro não faz festa no Mineirão

OPINIÃO América

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Wallace Oliveira

A apenas dois jogos do fim da Série B, o América está a um ponto do G-4 e, portanto, possui reais chances de conseguir o acesso. O jogo do sábado (22), contra a Ponte Preta, que já subiu à Série A, mas continua lutando pela conquista do primeiro título de sua centenária história, será certamente a batalha mais difícil. Além de vencer esse jogo e o próximo, que será contra o desinteressado Sampaio Corrêa, o América precisa torcer para que o Boa Esporte, o Atlético-GO e o Avaí não façam seis pontos em seus dois últimos jogos. Extra-campo, há de se aguardar o julgamento da situação do Icasa, cuja exclusão da Série B poderia implicar em mais cinco pontos ao América e o colocar em quinto lugar.

Depois de mais uma goleada sobre o Flamengo, pouco se pode acrescentar sobre o Atlético. Todos já viram o poderio do time nos momentos mais decisivos. Está clara a opção pela Copa do Brasil. Mas isto não tira a motivação pela campanha no Brasileiro. Além disso, há a importância de reafirmar talentos como os de Dátolo, mais uma vez um monstro dentro de campo, Luan, Carlos e, recentemente, de Dodô. O garoto marcou três gols em cinco jogos. Anteriormente, me referi ao potencial dele, embora Carlos tenha despontado antes, por sua determinação ao auxiliar na marcação e sua velocidade nos contra-ataques. Dodô é mais técnico, atua na armação e conclui tão bem quanto o companheiro.

O titulo mais importante é o Brasileirão, mas o Cruzeiro não pode descartar a chance de ganhar o penta da Copa do Brasil. A vantagem do rival é considerável, mas a Raposa já realizou grandes viradas na competição. Em 1996, decidiu o título contra o poderoso time do Palmeiras. Na finalíssima, saiu perdendo no Parque Antártica, mas foi para cima e venceu, com gols de Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos. Quatro anos depois, decidindo contra o São Paulo, no Mineirão, o Cruzeiro sofreu um gol aos 21` do segundo tempo e teria que fazer outros dois para ser campeão. Com menos de 20 minutos, o time celeste reverteu a desvantagem, com gols de Fábio Jr. e Geovane, e levantou a taça mais uma vez.

A final da Copa do Brasil pode até ser comemorada nas ruas, mas dentro dos estádios ela não será uma festa do povo. Os altos preços dos ingressos restringiram a chance de ver o jogo aos torcedores de alto poder aquisitivo. Na primeira partida, no Independência, os preços das entradas, fixados pelo Atlético, variaram entre R$200 e R$700, o que encalhou muitos bilhetes. O público não chegou a 19 mil, embora houvesse capacidade para mais de 22 mil torcedores. Esse cenário pode ser repetir no dia 26, no Mineirão. Os preços dos ingressos, fixados pelo Cruzeiro, variam de

duzentos a mil reais, este último valor sendo cobrado aos visitantes. O alto preço da entrada para torcedores atleticanos causou revolta na diretoria alvinegra, que reagiu com uma representação no Ministério Público de Minas Gerais (MP) e uma medida administrativa no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O MP propôs Ação Civil Pública pedindo a limitação das entradas do setor a R$ 500. A ação também requer a garantia da meia entrada e que o Cruzeiro seja condenado a pagar R$ 5 milhões por reparação de dano moral coletivo.

Quatro clubes e três campeonatos DECISÃO Raposa, Galo, Coelho e Coruja querem terminar o ano bem Reprodução

Da Redação Nos próximos oito dias, o futebol mineiro vivenciará seu momento mais intenso dos últimos anos. Quatro clubes do estado tentarão concluir a temporada 2014 com resultados positivos. De olho na partida entre São Paulo e Santos, na Vila, o Cruzeiro receberá o Goiás, no próximo domingo (23), no Mineirão. A depender dos resultados desses jogos, a Raposa pode ser campeã antecipada do Brasileirão, o maior campeonato nacional do país. Três dias depois, no mesmo estádio, jogará a decisão da Copa do Brasil contra o Atlético e terá que vencer o rival por 2 a

0 para levar a disputa para os pênaltis, ou por outro placar, mas com ao menos dois gols de diferença para garantir o pentacampeonato da competição.

O Galo vai embalado pela goleada sobre o Flamengo e deve poupar jogadores contra o Inter, no sábado (22). O último clássico do ano é a chance de

o alvinegro encerrar o jejum de 43 anos sem um título nacional, justo sobre o Cruzeiro, com uma conquista inédita. Vencedor do primeiro jogo, o alvinegro larga na frente, podendo perder por um gol de diferença para levantar a taça. Na série B, outros dois mineiros brigarão pela quarta vaga do acesso à primeira divisão. O América chegou a liderar o campeonato e foi punido por escalação irregular do jogador Eduardo, com perda de 21 pontos. Sob efeito da punição, caiu de produção. Tempos depois, a pena foi reduzida para seis pontos, o Coelho recobrou o ânimo e, com a recuperação dos últimos jogos,

chega forte à reta final, precisando vencer a Ponte Preta e o Sampaio Corrêa para poder jogar a série A no ano que vem. Para tanto, o clube da capital terá que torcer contra o Boa Esporte. Em quarto lugar, com 56 pontos, o time de Varginha se mantém há quatro anos na série B e depende apenas de si mesmo para garantir o tão almejado ingresso na elite do futebol brasileiro. Precisa vencer a Ponte Preta e o Icasa. Até o fechamento desta edição, o jogo entre Grêmio e Cruzeiro, em Porto Alegre, ainda não tinha terminado.


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