Edição 66 do Brasil de Fato MG

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Vinnícius Silva

15 ESPORTES

15 ESPORTES

Cruzeiro leva Brasileirão

Bruno Cantini

Copa do Brasil é do Galo

Raposa leva Brasileirão pela segunda Com assistências perfeitas de Tardelli vez consecutiva e garante supremacia e Dátolo, Galo vai com tudo e leva a com quatro títulos taça. Libertadores é próxima meta

Minas Gerais

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28 de novembro a 04 de dezembro de 2014 • edição 66 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

BRASIL

O que é isso, presidenta? EBC

Thomas Lee

EBC

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MINAS

27 mil sem julgamento São 32 mil vagas nos presídios, mas há 54 mil pessoas encarceradas. Destas, 27.246 estão presas sem qualquer julgamento

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Dois meses do massacre mexicano Banqueiros e empresários receberam bem as nomeações de Nelson Barbosa (esq.) para o Planejamento e Joaquim Levy (centro) para a Fazenda. Movimentos e intelectuais que apoiaram a campanha de Dilma demonstraram descontentamento. Caso emblemático é a indicação de Kátia Abreu, presidenta da Confederação Nacional da Agricultura, conhecida opositora dos indígenas, quilombolas, do meio ambiente e da reforma agrária

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CULTURA

Novo disco e show de Racionais MC´s em BH Após 12 anos sem CD de inéditas, Racionais MC’s lança “Cores & Valores”, com 15 novas composições. O disco pode ser obtido pela internet por R$9.99. Nesta sexta (28), o quarteto desembarca na capital mineira e faz show, às 22h, no Music Hall

Chacina de 43 jovens no México expõe ligação do governo com o narcotráfico, omissão e corrupção da polícia Divulgação


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2014

editorial | Brasil

Os rumos de uma oposição perdida Derrotados, pela quarta vez seguida, no processo eleitoral para a Presidência da República, os tucanos não medem esforços para fixar no imaginário da sociedade que a corrupção, no Brasil, é uma invenção do governo petista. Desprovidos de capacidade e propostas políticas para fazer oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff, os tucanos enveredaram pelos discursos identificados com as forças mais direitistas e reacionárias da nossa sociedade. Forças políticas intolerantes com os direitos das minorias e que não vão além de repetir um ridículo discurso anticomunista, substituído agora pelo perigo de um possível regime bolivariano. Esta simbiose entre esses dois seres vivos – uma direita raivosa e os tucanos – a cada eleição se intensifica e aparece aos olhos da população como um só orga-

Aécio está sumido. Será por que o esquema de corrupção da Petrobras se aproxima dos anos do mandato de FHC? Ou por que envolve também denúncias contra a Cemig? nismo. Coube ao insuspeito tucano Xico Graziano dar o primeiro alerta, ao dizer que os militantes da direita já exigiam que o PSDB encampasse sua ideologia direitista, raivosa e revanchista. A nada petista jornalista Barbara Gancia escreveu sobre FHC: “Ultimamente o senhor parece uma matraca maria maluca, sr. ex-presidente, incitando ânimos sem se dar conta de que enfraquecer a presidente eleita é de uma irresponsabilidade à toda prova”. Apequena-se, cada vez mais, o que outrora se auto-pro-

clamou o príncipe dos sociólogos. Deprimente, ainda mais, foi ver o senador Aloysio Nunes (PSDB/SP), vice-candidato da chapa derrotada de Aécio Neves, presente no ato político, dia 15/11, que pedia o impeachment

O sistema político está aprisionado pelo poder econômico, tornando inerentes esquemas de corrupção da presidenta Dilma e a volta dos militares ao poder. O perfil das forças políticas presentes no evento foi traçado com precisão pela jornalista Laura Capriglione: “Nas redes sociais, essa gente reúne-se em comunidades com nomes carregados de simbolismos de violência explícita, como Carecas do ABC, CCC (uma homenagem ao velho Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar de direita que teve seu apogeu nos anos 1970), Frente Integralista Brasileira (uma contrafação de organização nazista), Confronto 72 (anti-semita e skinhead), além do Combate RAC (Rock Contra o Comunismo) e do Front 88 (a oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil, Hitler”, a saudação dos nazistas). Trata-se de grupos que cultivam o ódio como definição existencial, como se viu no ato público realizado no sábado (15/11) pelo impeachment de Dilma.” Já Aécio Neves, transformado em analista político do Jornal Nacional/Globo nas semanas seguintes das eleições, agora desapareceu completamente. Noticia-se que nem no Senado o parlamentar marca presença. Qual é a causa do desaparecimento? Será por que o esquema de corrupção da Petrobras começa a

achegar nos anos do mandato de FHC? Ou por que envolve também denúncias contra a Cemig durante sua gestão como governador ? Também é intrigante o silêncio do senador Álvaro Dias (PSDB/ PR) diante dos fartos e seletivos espaços que a mídia empresarial dá para a operação lava-jato. Ele, sempre prestativo para as câmeras da Rede Globo, agora está desaparecido. Terá sido um pedido do amigo Alberto Youssef? Certamente não. Mas seria importante que o senador se somasse à disposição da presidenta Dilma para ir fundo no desmonte desse esquema de corrupção, para não deixar pedra sobre pedra. A deplorável atuação da opo-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

sição ao governo petista é mais uma evidência do esgotamento do atual sistema político. Aprisionado pelo poder econômico, torna inerente ao seu DNA esquemas de corrupção e promove um irracional e imoral desequilíbrio de representatividade no parlamento. Latifundiários e grupos econômicos preenchem a grande maioria das cadeiras no parlamento. Somente uma reforma política, ampla e profunda, em torno de uma Assembleia Constituinte, soberana e exclusiva, poderá corrigir as aberrações que se estruturaram no atual sistema político.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Fotografia: Agência Eficaz. Estagiária: Raíssa Lopes. Administração: Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Tiragem: 40 mil exemplares.


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CIDADES

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Dia internacional pela produção de comida sem veneno SAÚDE Segundo estudo, um terço dos alimentos brasileiros estão contaminados Rafaella Dotta No dia 3 de dezembro, serão realizadas manifestações pelo “Dia do não uso de agrotóxicos” em todo o mundo. No Brasil, quem organiza é a “Campanha contra os Agrotóxicos e Pela Vida”, uma articulação que reúne diversas organizações sociais há quatro anos. O objetivo da “descomemoração” é chamar a atenção da sociedade para os males causados pelos pesticidas. De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Anvisa, feito em 2011, um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado. Essa informação se junta aos recordes no consumo de agrotóxicos: desde 2008, o país é campeão mundial no uso dos venenos. “Depois que vimos, ano a ano, o Brasil usar tama-

Morguefile

nha quantidade de agrotóxicos nas lavouras, tivemos a motivação para organizar a campanha”, afirma Márcio Adriano Lima, da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais. Ele destaca que “essa forma de produzir alimento é prejudicial tanto para trabalhadores rurais quanto para consumidores.”

Em Minas Gerais, a campanha completa seu terceiro ano e entra em uma nova fase. “Queremos avançar no campo jurídico, denunciando abusos de uso de agrotóxicos no estado”, explica Márcio. Alguns casos, recebidos entre 2013 e 2014, já foram encaminhados ao Ministério Público. Uma data que tem história Cidade de Bophal, Índia. Madrugada de 3 de dezembro de 1984. Em uma cidade altamente povoada, toneladas de gases usados na produção de agrotóxicos vazaram e se dissiparam. Oito mil pessoas morreram nos três primeiros dias e mais 22 mil algum tempo depois. Estudos indicam que 150 mil pessoas sofreram com doenças causadas pelo acidente. E a Union Carbide, empresa que produziu os gases, faz parte de uma corporação que ainda fatura R$

Comprar no Black Friday necessita atenção

O dia de descontos das lojas dos Estados Unidos, conhecido como Black Friday, virou moda também no Brasil a partir de 2010. O evento acontece durante todo o dia 28 de novembro, através de sites de compra na internet. Em 2010, o Black Friday movimentou R$21 milhões, já em 2013, foram R$ 424 milhões, de acordo com o site oficial. Os organizadores afirmam que a expectativa é bater um novo recorde neste ano. No entanto, órgãos de defesa do consumidor elaboraram dicas e recomendam muita atenção com aquilo que chamam de “Black Fraude”. O dobro pela metade do preço Os órgãos de defesa do consumidor atentam para o principal problema dos anos ante-

riores: a maquiagem de preço. Ao invés de fornecer descontos, diversos sites aumentam seus preços dias antes e chegam a vender produtos por valor ainda maior que o comum. O Procon indica que os consumidores pesquisem em pelo menos três lojas antes de comprar. Os sites Bizoo e Zoom, que trabalham com comparação de preços, podem ser úteis. Empresas com ficha suja É preciso, também, fugir de lojas que sejam listadas como mal vendedoras. Na página do Procon São Paulo (procon.sp. gov.br) é possível ver uma lista de 450 sites não confiáveis, que até o momento não solucionaram problemas apontados por seus consumidores. Possibilidade de cancelamento Caso o impulso seja maior

Acidente com agrotóxicos causou a morte de 30 mil pessoas na Índia

Empresa indenizará plantação foi atingida por agricultor por agrotóxico pulverizado atrapulverização de veneno vés de avião na plantação de Em Jaíba, cidade do Norte de Minas Gerais, um pequeno agricultor receberá R$ 167 mil da empresa Sada Bio Energia e Agricultura Ltda. A produção de melancia tinha previsão de produtividade de 50 toneladas por hectare, mas foi reduzida a apenas 2 toneladas por hectare. O agricultor perdeu ainda uma tonelada de abóbora por hectare, pois sua

cana-de-açúcar da empresa. O fato aconteceu em 2012. A empresa Sada alegou que não houve relação lógica entre a pulverização e as perdas da lavoura. A prova que garantiu o ganho da causa para o agricultor foi um documento da Emater-MG comprovando a realização de uma reunião entre diversos agricultores prejudicados, um dia após o acontecimento.

PERGUNTA DA SEMANA

CONSUMO Dia de descontos acontece nesta sexta e demanda cautela com problemas recorrentes Da redação

Wikipedia

Reprodução

Darren Wilson, o policial branco que matou a tiros o jovem negro Michael Brown, em agosto, em Ferguson, nos Estados Unidos, não foi considerado culpado pela Justiça. O júri de St. Louis concluiu na segunda (24) que não há provas suficientes para processá-lo. Wilson atirou pelo menos seis vezes no jovem, de apenas 18 anos, alegando autodefesa. No entanto, testemunhas afirmam que Brown estava de braços levantados. Protestos ocorrem em todo o país contra a liberação do policial.

O que você acha da liberação do policial?

que o planejado, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta para o “direito ao arrependimento”. De acordo com a legislação brasileira, compras feitas pela internet podem ser canceladas mesmo que o produto não apresente defeito. O prazo é de sete dias, contados a partir da data de entrega.

Ser racista é coisa ainda mais grave do que só matar por matar. Foi covardia duas vezes, uma por o garoto ser negro e outra por estar com braços levantados. Inocentá-lo? Não tem como! Tem que pagar, e pagar caro. Kelly Cristina de Oliveira, 23, Operadora de caixa

É um absurdo ele ter julgado a pessoa pela cor e ter matado o rapaz. E não é só lá nos EUA que isso acontece não, isso acontece muito no Brasil. Vi os protestos na televisão e acho que está certo mesmo pedir justiça. Jean Paulo Guimarães, 18, Office boy


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CIDADES

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Alimentos sem veneno e plantados em casa AGROECOLOGIA Há dez anos, entidades e moradores se organizam para fortalecer agricultura urbana Larissa Costa Ter uma horta em casa parece possível apenas para quem mora no interior. No entanto, no bairro Ribeiro de Abreu, na região nordeste da capital, a agricultura urbana faz parte da realidade de muitos moradores. Dona Júlia Machado, de 61 anos, conta que se tornou agricultora em 1981, quando se mudou para o bairro e percebeu que ali não existia o hábito de plantar verdura para consumo próprio. Ela então teve a ideia de plantar couve no seu pequeno quintal e vender para a comunidade como forma de melhorar sua situação financeira, que na época não estava muito boa.

Hoje, além da horta em sua casa, Dona Júlia é uma das duas pessoas que cuida do manejo e da comercialização de uma horta em um terreno cedido por uma igreja. Essa horta foi construída coletivamente em 2011, motivada por um curso de agricultura urbana e agroecologia realizado pela Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE), organização que trabalha na promoção e qualificação de experiências de produção agroecológica e organização popular. “Agroecologia é uma plantação sem agrotóxico, usando produtos que a gente mesmo faz, como biofertilizante e húmus de minhoca”, explica.

Arquivo Rede

Dona Júlia cuida da horta que produz uma grande variedade de verduras

A horta que Dona Júlia e sua amiga de 86 anos manejam possui uma diversidade enorme de plantas. Lá se encontra alface, couve, pepino, mandioca, cebolinha, espinafre,

Produtos são vendidos aos sábados, na Feira Terra Viva rúcula, cenoura, chuchu, abóbora, quiabo, banana, milho e outras tantas coisas que nem Dona Júlia decorou. Tudo é cultivado com base na agroecologia, aproveitando a matéria orgânica produzida pelas folhas dos capins e de outras plantas que aparecem em meio aos canteiros. Os produtos são vendidos aos sábados na feira Terra Viva e no próprio local da horta. “Muita gente me liga querendo verdura”, conta. Articulação Por causa das hortas, Dona Júlia participa da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana (AMAU), criada em 2004. Apesar do nome, a AMAU envolve diferentes organizações e grupos

Vamos apoiar essa proposta Compartilhe, comunique, dissemine essa ideia: facebook.com/186PECdaEficiencia

Apoio: Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais - SINDIFISCO-MG

de agricultores da cidade e também de áreas rurais, como experiências em comunidades quilombolas, da agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária e ocupações. “A AMAU aglutina e coloca no mesmo espaço toda essa diversidade de agriculturas para dialogar e encontrar convergências, que passam pelos desafios e soluções, pelas reivindicações e lutas comuns” afirma Lorena Anahi, ecóloga e técnica da REDE. Para marcar os dez anos de trajetória, nos dias 29 e 30 de novembro será realizado um encontro para avaliar, comemorar e vivenciar a agricultura urbana por meio de trocas de sementes e da alimentação saudável. Lorena apelida a festa que acontecerá no sábado de “discoxepa”: “disco de discoteca e xepa do que sobra da feira”.

Os produtos da Dona Júlia e de vários outros agricultores da região metropolitana de BH são comercializados todos os sábados, exceto feriado, de 9 h às 13h, na Feira Terra Viva, localizada na Rua Souza Bastos 175, Floresta. Para mais informações visite o site redeterraviva.org

O que é agroecologia A agroecologia é um conjunto de técnicas para uma produção de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, de forma que se respeite o ambiente e contribua para a construção de relações mais solidárias. A agroecologia também busca a produção de conhecimento fora dos padrões da agricultura convencional.


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Área verde pode dar lugar a prédio

DIREITOS No dia internacional, mulheres reivindicam fim da violência física, sexual e moral só na última década. Recentemente Jandira Magdalena dos Santos, de 27 anos, entrou para essa triste estatística. Ela foi morta durante um procedimento de aborto e o caso ganhou repercussão nacional. “Esse é um caso de violência ainda mais complexo. O Estado não cria condições para atender essas mulheres e as empurra para uma situação clandestina. Portanto, o Estado tem responsabilidade direta nessas mortes”, defende Eleutéria. Lei Maria da Penha Apesar dos dados de violência ainda serem preocupantes, houve avanços importantes como a lei Maria da Penha, que coíbe e pune a violência contra a mulher. Mas muitas dessas mulheres agredidas ainda têm medo ou vergonha de denunciar. Entre as mulheres ouvidas pela

Essa foi BOA ! Acrisio Siqueira/CMA

Agência Brasil

25 de novembro é o dia internacional pelo fim da violência contra a mulher

A única aérea verde da Zona Oeste de BH, no bairro Jardim Vitória, pode acabar. Em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente, na quarta (26), a construtora MASB recebeu a Licença Prévia (LP) para construir o empreendimento de dois prédios no local. Moradores que lutam pela manutenção da mata afirmam que recorrerão ao Executivo, Legislativo e Judiciário, na medida de suas competências, para revogar a LP. Eles exigem investigação de diversas irregularidades no processo.

Cemig beneficia rádios e TVs pesquisa DataSenado, de 2013, cerca de 30% afirmaram acreditar que as leis do país não são capazes de protegê-las da violência doméstica. A lei não acabou com a

violência doméstica, mas garantiu conquistas importantes. O número de centros especializados subiu de 92 para 231; o de casas de abrigo cresceu de 62 para 78. (Brasil de Fato RJ)

Movimentos sociais de Minas definem calendário de lutas Mídia Ninja

Rogério Hilário

Em um ato de enfrentamento e coragem, a vereadora de Aracaju Lucimara Passos (PCdoB) “tirou” a calcinha na Câmara Municipal, na última quarta (26). O ato foi uma resposta ao também vereador do município Agamenon Sobral (PP), que na semana anterior se posicionou sobre a notícia de que um padre havia se negado a casar uma mulher que estava sem calcinha na igreja. “Concordo plenamente, ele deveria dar uma surra nela. Vagabunda!”, disse o vereador, no microfone da Câmara. No dia seguinte ao Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher (25 de novembro), Lucimara trouxe números alarmantes de violência contra a mulher e concluiu o discurso tirando sua calcinha do bolso e chocando os presentes. “Alguém pode me dizer que eu tenho que ser surrada porque a minha calcinha está no meu bolso? Alguém pode me chamar de vagabunda?”, provocou.

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FATOS EM FOCO

Mulheres querem fim da violência O Dia Internacional de luta pelo fim da violência contra as mulheres foi celebrado no último 25 de novembro, com protestos e reivindicação por mais direitos. No Brasil, segundo a coordenadora geral da Casa da Mulher Trabalhadora, Eleutéria Amora da Silva, “a violência doméstica ainda é a principal forma de agressão física contra a mulher e causa de muitos assassinatos”, afirma. A informação é comprovada pela Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado (Fundação Perseu Abramo/SESC, 2010), que mostra que cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos no país. Outro dado alarmante é de número de assassinatos. De acordo com o Mapa da Violência, divulgado em 2012, de 1980 a 2010, foram assassinadas 91 mil mulheres, 43,5 mil

MINAS

Representantes de mais de 70 entidades participaram, no sábado (22), da Plenária Estadual dos Movimentos Sociais, em Belo Horizonte. A atividade definiu os próximos passos para este ano e para 2015. As organizações definiram um calendário comum, com mobilizações pelo plebiscito oficial pela convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva da reforma do sistema político, pelo projeto de iniciativa popular da democratização da comunicação e da regulamentação da mídia e por uma auditoria das contas do atual governo estadual. De 1° a 15 de março acontecerá a “Jornada Nacional de Lutas pelo plebiscito da Assembleia Constituinte Exclusiva e pela Reforma Política”, que vai incluir atividades nas cidades do interior, nas capitais e em Brasília. Todas as atividades serão precedidas de plenárias regionais, previstas para acontecer em janeiro e

cursos de formação. No dia 13 de dezembro, vão ser realizados atos e mobilizações em defesa dos relatórios da Comissão da Verdade e pela punição dos torturadores. As manifestações também lembrarão o Ato Institucional número 5 (AI-5). Caravanas caracterizadas para a disputa pela consulta popular pela Reforma Política e a Democratização da Comunicação vão ser organizadas para ir a Brasília no dia 1° de janeiro, posse da presidenta Dilma Rousseff.

A dois meses do encerramento da gestão tucana na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a empresa renovou por 30 meses um convênio com a Associação Mineira de Rádios e Tvs (Amirt) que beneficia 380 emissoras no estado. O convênio, celebrado em 1988, prevê ressarcimento da conta de energia das emissoras. A reposição atual, em forma de publicidade, é de 55% do valor da conta. Segundo levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o governo de Minas gastou, entre 2003 e 2011, R$ 1,5 bi em publicidade. Deste total, R$ 596 milhões foram bancados pelos cofres das empresas controladas pelo Estado, dentre elas a Cemig.

Ato pela reforma política A Coalizão Democrática pela Reforma Política reúne mais de cem entidades, como a OAB, CNBB e UNE, com o objetivo de apresentar ao Congresso um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para reformar o sistema político. A coalizão realizará um ato, no dia 5 de dezembro, às 18h30, no auditório da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem com a presença de Vick Barros, presidenta da UNE, Dom Joaquim Mol, reitor da PUC e Aldo Arantes, da OAB.


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MINAS

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Falta uma assinatura para a instalação da CPI do Aecioporto em MG CLÁUDIO Objetivo é investigar possíveis irregularidades na construção de aeroporto pelo então governador Aécio Neves (PSDB) nas terras de seu tio-avô Najla Passos Da Carta Maior De acordo com o vice-líder do PT na Assembleia Legislativa, deputado Rogério Correia (PT), 25 dos 77 deputados da casa já assinaram o pedido de instalação da CPI. A transferência da administração do aeroporto de Cláudio do governo do estado para a prefeitura do município - assinada em 24 de junho e divulgada no Diário Oficial somente no dia 21 de novembro, após o fim do processo eleitoral - pode ser o elemento que faltava para que a Assembleia aprove a instalação da “CPI do Aecioporto”. O deptuado afirma que o objetivo da comissão é inves-

tigar possíveis irregularidades na construção do aeroporto pelo então governador Aécio Neves (PSDB) nas terras de seu tio-avô, que foi indenizado com dinheiro público e, até junho, controlava o acesso à pista não reconhecida pela Agência Nacional de Aviação (Anac). Terra de Risoleta Neves, a esposa do ex-presidente Tancredo Neves, avô do senador Aécio, Cláudio é um pequeno município com 27 mil habitantes que já conta dois aeroportos nas redondezas: um a 52 Km, em Divinópolis, e outro a 44 Km, em Oliveira. Transferência Na semana passada, o atual governador, Alberto Coelho (PP), transferiu, por meio

de convênio, o aeroporto para Cláudio, administrada por José Rodrigues de Araújo, conhecido como “Zezinho do Zé do Juquinha”. Ambos pertencem ao grupo político de apoio a Aécio. “O que pare-

tra comissão barrada pela casa. “Já conseguimos 27 votos pela instalação da CPI do Mineirão, mas o presidente da AL-MG, Dinis Pinheiro, que foi o candidato a vice-governador pelo PSDB, simplesmente não lê o requerimento em plenário. E como a imprensa de Minas não noticia nada que prejudique o PSDB, tememos que esta denúncia também seja engavetada”, diz. O Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) receberam cobranças das investigace é que estão tentando apa- ções sobre possíveis irregulagar as digitais para que as fal- ridades cometidas na conscatruas não venham à tona”, trução do aeroporto e o canaposta Correia. celamento do contrato que Ele sabe, porém, que o ca- transfere sua administração à minho até a CPI será árduo. prefeitura de Cláudio. Como exemplo, cita uma ou-


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MINAS

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Muitos presos, pouca estrutura SEGURANÇA PÚBLICA Detenção sem critérios agrava superlotação de penitenciárias e leva a graves violações de direitos Rafaella Dotta As penitenciárias de Minas Gerais têm suporte para receber, segundo a Subsecretaria de Administração Prisional (Suap), 32 mil presos, divididos em 144 unidades prisionais. No entanto, existem 54 mil pessoas reclusas no estado. Especialistas defendem que superlotação está ligada ao método do sistema prisional, em que a prisão sem critérios é um dos motivos principais. “Somente neste ano, de maio a junho, foram encarceradas 700 pessoas por mês”, afirma o presidente do Sindicato de Agentes Penitenciários de Minas Gerais (Sindasp-MG), Adeílton de Souza Rocha. Ele explica que se o número de encarceramento continuar se acelerando, as condições irão piorar para detidos e funcionários. A recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) é de que exista um funcionário para cada

Willian Dias/ALMG

três presos. De acordo com Adeílton, Minas Gerais possui penitenciárias com até 50 presos por agente penitenciário, sendo a média de 14 presos por agente. “Isso interfere na qualidade do serviço prestado, interfere na nossa saúde, o agente fica submetido a stress”, denuncia. Edimar Rosa, integrante do gabinete do deputa-

As penitenciárias de Minas têm suporte para 32 mil presos, mas há 54 mil detentos no estado do Durval Ângelo (PT) e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, acompanha visitas a presídios de Minas Gerais. Ele relata que uma série de violações são agravadas pela superlotação, sendo a tortura a mais chocante delas. “Você entra e vê milhares de presos dentro de uma unidade. Não dá para fiscalizar

todas as denúncias e saber as condições em que estão vivendo”, relata. A Subsecretaria de Administração Prisional afirmou, através da assessoria, que é previsto para 2015 a geração de 15 mil vagas no sistema. Quatro cidades terão suas prisões ampliadas (Alfenas, Itajubá, Divinópolis e Montes Claros)

e dez receberão novas prisões (Ubá, Lavras, Pirapora, Machado, Iturama, Barbacena, Uberlândia, Pará de Minas e Itaúna e Poços de Caldas). Em contraposição, o advogado Adilson Geraldo Rocha, Conselheiro da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do

Brasil (OAB), questiona a construção de mais prisões. “Em 2000, o Brasil tinha 220 mil presos, hoje são 630 mil pessoas encarceradas. E a pergunta é: isto resolveu o problema da violência? Não. A violência continua aumentando cada dia mais, e nós prendendo cada vez mais”.

50% dos presos não têm julgamento DESCASO 27 mil pessoas, presas sem julgamento, recebem pouco ou nenhum auxílio jurídico “Em 2013, recebemos o caso de uma moça que tinha respondido por um processo de agressão e foi detida pela Polícia Civil. Ela ficou 20 dias presa, grávida, sem se comunicar com a família. Por fim, descobriuse que o motivo da sua prisão era o erro de um funcionário que não tinha fechado o seu processo anterior, já cumprido”, conta Edimar Rosa, participante da Comissão de Direitos Humanos da ALMG. Falhas como essa não são raras. A falta de julgamento atinge atualmente 27.246 presos de Minas Gerais, segundo a Suap, o que representa 50% do total de pessoas detidas no estado. O advogado Adilson Ge-

Reprodução

raldo Rocha explica que a prisão sem condenação é prevista em lei, porém, para casos de exceção. “Essa for-

De acordo com a legislação brasileira, todos os cidadãos têm direito de serem defendidos ma de prisão não pode ser regra como é no Brasil e na América Latina. Havendo necessidade de uma detenção cautelar, a lei autoriza, mas ela tem que ser excepcionalíssima”, destaca. Para Edimar Rosa, a maior deficiência está na lentidão do processo e na falta de acompanhamento

jurídico. “A maioria dos presos não tem condições de ter um advogado e a Defensoria Pública tem número insuficiente para dar conta de atender”, diz. De acordo com a legislação brasileira, todos os cidadãos têm direito de serem defendidos perante a Justiça, com advogado próprio ou defesa pública. A defensora Ariane de Figueiredo Murta afirma que a Defensoria possui problemas que levam ao não atendimento de todos os que precisariam. Hoje, o órgão não está instalado em todas as comarcas do estado, além de enfrentar um Poder Judiciário mais conivente em manter presas pessoas sem julgamento. (RD)


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OPINIÃO

Acompanhando

Na edição 37... Atingidos denunciam violações de direitos ...E agora Impossibilitados de trabalhar desde 2012, os barraqueiros da área externa do Mineirão finalmente receberam o compromisso de retorno de suas barracas para a área externa do estádio, a partir do dia 7 de dezembro, no jogo entre Cruzeiro e Fluminense. No dia 21 foi realizada na Câmara Municipal uma Audiência Pública sobre o assunto. Ainda sem resposta, o grupo realizou um ato público no dia 24 na porta da PBH, quando finalmente o Secretário da Regional Pampulha, Humberto Júnior, prometeu o retorno.

Belo Horizonte, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2014

Graziele Eugênio Ladeira

Fernando Soares e André Veloso

Redução da maioridade e a vida das mulheres pobres

Operação Urbana em BH: é o que queremos?

Com a atuação do novo Congresso em janeiro, assistimos à possibilidade da redução da maioridade penal. Em um país com leis falhas para os ricos e inquestionáveis para os pobres, isso representa um retrocesso na vida das mulheres da periferia. Todos nós sabemos, até os senhores elitizados, que os presídios estão superlotados de povo preto e pobre. Humanos que foram abortados mais de uma vez na vida. Primeiramente por homens inconsequentes, protegidos por conceitos sociais e morais que crucificam a mulher e os absolvem. Depois pela política atual, que não oferece alternativas à periferia, não proporciona lazer, cultura, educação de qualidade, oportunidades de emprego digno, somente as velhas grades, mantendo assim a higienização das cidades. E assim, mais uma vez são abortados pela sociedade, esquecidos e jogados em prisões que não recuperam, não ressocializam, ao contrário, contribuem para a reincidência. Novamente, cabe às mulheres enfrentar a batalha. Nas filas dos presídios conta-se nos dedos a figura masculina. Mulheres pobres que precisam faltar um dia de trabalho para então passar por uma revista íntima, constrangedora e vexatória. Reduzir a maioridade penal não beneficiará em nada a vida dessas mulheres. Elas esperam que seus filhos tenham escolhas. Que não caiam nas mãos de traficantes, mas de professores bem pagos e qualificados. Que não achem roubar mais atraente que um curso técnico gratuito. Que cheguem até elas creches, restaurantes populares, oportunidades, que seus filhos não cresçam à margem. O que as mulheres querem e reivindicam é que mais políticas públicas e sociais cheguem aos seus lares e aos seus filhos.

No final de 2013, a sociedade civil conseguiu que o Ministério Público questionasse legalmente o trâmite da Nova BH, uma operação urbana consorciada (OUC) que atingiria 7% da área de BH e estava sendo planejada a portas fechadas. Uma intensa movimentação popular destituiu o secretário e abriu uma janela para a revisão do processo. Desde o início de novembro, foi aberta a discussão da OUC, agora rebatizada de Antônio Carlos/Pedro I + Leste/Oeste. A PBH diz que retornou a um patamar anterior à Nova BH, mas o que vemos não é tão simples. O aumento na área de impacto da OUC e a apresentação de conceitos complexos que poucas pessoas têm domínio (aluguel social? Títulos de potencial construtivo?), demonstram que um processo realmente participativo precisa durar mais tempo e ousar mais nas formas de envolvimento popular. É necessário se abrir a questionamentos profundos. Não se pode permitir que a autoridade de um prefeito que manteve como secretário um homem que afirmou em rádio que “quem vai a audiência pública são pessoas que perderam a eleição [...], grupos de interesse [...], tráfico de drogas, desmanche de automóveis, prostituição” se sobreponha aos interesses da população. O questionamento a um projeto que vai impactar uma área sem precedentes em BH não pode se limitar a alterações pontuais em um plano já elaborado. A operação urbana é consorciada, e isso implica considerar a possibilidade de uma das partes do consórcio – os moradores - manifestarem seu desacordo e rejeitarem o consórcio. Além de um processo participativo maior, a cidade demanda que esta operação se abra à democracia em todas as suasconsequências.

Graziele Eugênio Ladeira é militante feminista e integrante do Levante Popular da Juventude.

Fernando Soares e André Veloso são militantes pela Reforma Urbana e do PSOL BH.

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Na edição 01... Justiça não reconhece morte de Amarildo ...E agora O Tribunal de Justiça do Rio divulgou na terça (25), a decisão de que o Estado do Rio seja responsável pelo custeio do tratamento médico e psicológico da família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido no dia 14 de julho de 2013, na Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio. A Justiça também decidiu que a viúva Elisabete Gomes da Silva e mais seis familiares sejam indenizados com pensão mensal de um salário mínimo cada. O desaparecimento de Amarildo se deu por ação de policiais militares, agentes do Estado, o que justifica a decisão.

No bairro Glória, na região noroeste de Belo Horizonte, ainda é assim. Porcos circulam pelas ruas. Esses da foto até ontem eram pequenos e circulavam junto com outros oito irmãos. Carros param, donas de casa os tocam para longe do lixo. Crianças riem. Para os moradores do bairro, aquela Belo Horizonte rural não está tão longe assim. Foto enviada pelo leitor Francisco Prado


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ENTREVISTA

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“Constituinte exclusiva é viável do ponto de vista político e jurídico” MUDANÇAS Ministro avalia os cenários para uma reforma política Camila Marins do Rio de Janeiro (RJ)

Memoria/EBC

Após 12 anos de governo do PT, houve muitos avanços, principalmente em relação à diminuição da desigualdade social e à ampliação de políticas de distribuição de renda. No entanto, é preciso mais. Dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) apontam que a composição eleita para o Congresso Nacional é a mais conservadora desde os tempos da redemocratização. Se, em 1984, o povo brasileiro clamava por “Diretas Já!”, agora a palavra da vez parece ser: “Constituinte Já”. Confira a entrevista com o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Dentre os pactos nacionais apresentados pela presidenta Dilma está a reforma política. Qual a importância dessa reforma para o país? Gilberto Carvalho - A presidenta Dilma tem dito que a reforma política é a “reforma das reformas” e ela tem toda a razão. Ela é a chave para podermos seguir avançando e aprofundarmos as transformações sociais dos últimos

de uma constituinte pode abrir brechas para a retirada de direitos. Qual a sua avaliação? É possível. Claro que há riscos, mas creio que uma Assembleia Constituinte exclusiva e limitada em seus poderes (não pode-

“Sabemos que o empresário não doa. Empresário faz um investimento. Isso deturpa a representação do povo no Congresso”

Gilberto Carvalho: “A participação popular é central neste processo”

“Há uma crise de representação no nosso sistema político e a juventude não se vê no parlamento”

mo forma de transformação da realidade. E também faz com que as vozes de amplos setores não sejam ouvidas no Congresso. Nas últimas eleições, a bancada sindical foi diminuída quase pela metade, segundo levantamento do Diap. Em contrapartida, as bancadas empresarial e ruralista cresceram e ganharam força. Essa realidade é particularmente perversa quando vemos a sub-representação de mulheres, negros, indígenas e outras minorias no parlamento.

12 anos, com a aprovação de outras reformas, como a tributária, por exemplo. Há uma crise de representação no nosso sistema político, no qual a sociedade, em especial a juventude, não se vê representada no parlamento. As manifestações de junho de 2013 deram esse recado de forma bem clara. Isso leva a uma descrença nas instituições e na política co-

De onde vêm essas distorções? Isso se deve às distorções do nosso sistema político e eleitoral, em especial o financiamento empresarial de campanha. Os candidatos, parlamentares e o próprio Executivo passam a ter uma dependência do capital financeiro, da indústria, da elite, através desse perverso financiamento empre-

“Não conseguiremos avançar nas reformas que o país precisa sem a mobilização e o engajamento da sociedade brasileira” sarial de campanha. O poder econômico passa a colonizar o poder político, a democracia. Sabemos que o empresário não doa. O empresário faz um investimento. Isso deturpa a representação do povo no Congresso e é o germe da corrupção. Inclusive, já se formou uma maioria no Supremo Tribunal Federal em torno desse entendimento. Teremos um dos congressos mais conservadores desde a redemocratização, como avançar na reforma política? A chave para avançarmos é construirmos um intenso processo de parti-

cipação e mobilização do povo brasileiro. A presidenta Dilma tem dito isso: “não haverá reforma política sem participação popular”. Vários setores vêm construindo uma saída para esse impasse, como a forte unidade construída em torno do plebiscito realizado em setembro, que conseguiu alcançar mais de sete milhões de brasileiros pregando a convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para a reforma política. Outras entidades como OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] estão firmes na coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular que vai na mesma linha: reforma política com o fim do financiamento empresarial de campanha. É possível a realização de uma Constituinte Exclusiva? Alguns setores acreditam que a possibilidade

ria mexer em outras regras da Constituição, como direitos sociais e trabalhistas, por exemplo, para não haver retrocessos) é viável do ponto de vista político e jurídico. E realizar a reforma política através de representantes eleitos exclusivamente para isso tem uma vantagem, que é a de que estes representantes não serão afetados ou terão seus interesses e mandatos em jogo com as mudanças das regras eleitorais. Isso propiciaria um ambiente de debate qualificado sobre o tema. Qual a importância da participação popular? A participação popular é central neste processo. Não conseguiremos avançar nas reformas que o país precisa sem a mobilização e o engajamento da sociedade brasileira. A presidenta tem dito que é necessário algo como o ocorrido no período das “Diretas, Já!”, e se pegarmos a história brasileira, inclusive a história mais recente, veremos que as importantes transformações e avanços na democracia foram conquistados por meio da organização e mobilização do povo brasileiro. Não seria diferente com a reforma política. (Fisenge)


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BRASIL

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Em direção ao arrocho e ao conservadorismo MINISTÉRIOS Nomeação de Joaquim Levy e indicação de Kátia Abreu desagradam setores sociais Pedro Rafael Vilela De Brasília O governo federal anunciou na quinta-feira (27) os nomes de três integrantes da equipe do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Joaquim Levy será o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa será o ministro do Planejamento e Alexandre Tombini permanecerá como presidente do Banco Central, que também tem status de ministro. Joaquim Levy é doutor em Economia pela Universidade de Chicago, de estilo liberal, e agrada ao mercado financeiro. A mudança contraria o discurso da presidenta durante a campanha e sinaliza uma política fiscal de corte de gastos e arrocho nos investimentos públicos para o próximo período. “Eu votei na Dilma porque ela defendia um certo tipo de visão. E aí ela monta um ministério que dá um recado ao contrário. É uma entrega a uma concepção que não foi oferecida na campanha”, afirmou, à re-

vista Exame, Luiz Gonzaga Belluzzo, professor de economia da Unicamp e um dos conselheiros econômicos de Dilma. Belluzzo se refere, por exemplo, à política de ajuste fiscal para pagamento de juros da dívida pública, a chamada meta de superávit primário. Quando foi secretário do Tesouro durante o governo Lula, Levy, ao lado de Antônio Palocci, foi um dos principais responsáveis pela meta de 4,5% de economia para pagamento da dívida. Tal medida implica em forte redução dos gastos e investimentos públicos que, num contexto de economia em desaceleração, pode piorar o cenário. “Isso [o arrocho] pode falhar, como mostra a experiência internacional, como o próprio FMI está mostrando na Europa”, acrescentou Belluzzo à Exame. Editor e colunista do jornal econômico Financial Times, o alemão Wolgang Munchau escreveu essa semana que o caminho do arrocho adotado pelos governos europeus apenas apro-

EBC

De estilo liberal, Levy agrada ao mercado financeiro

Se confirmadas, nomeações contrariam o discurso da presidenta durante a campanha funda o fracasso da economia e a situação da população. Ele pregou a “reestruturação da dívida pública dos países”, combinada com maiores investimentos públicos, como caminho

Mídia Ninja

Mal-estar e revolta com indicação de Kátia Abreu AGRONEGÓCIO Senadora no governo significa retrocesso na luta por fim do trabalho escravo Outra indicação que causou profundo mal-estar e revolta, principalmente entre os movimentos sociais e setores do PT, foi a indicação da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a senadora é forte opositora das medidas para pôr fim ao trabalho escravo, como a expropriação de fazendas onde se confirme essa prática. Sua própria família é envolvida em processo judicial por manter trabalhadores em regime análogo à escravidão, no Tocantins. PesaM contra ela, ainda, acusações de arre-

cadação ilegal de campanha e grilagem de terras. Apoiadora da PEC 45/2013, que defende a proibição de demarcação de terras indígenas em áreas de conflito agrário ou fundiário, Kátia Abreu no governo pode significar ainda mais retrocessos para as populações tradicionais. Outra medida de-

para o crescimento econômico e a geração de emprego. Belluzzo e outros intelectuais como André Singer (USP), Laura Tavares (UFRJ), o teólogo Leonardo Boff e representantes de movimentos sociais, como João Pedro Stédile (MST), lançaram um manifesto em “defesa do programa vitorioso nas urnas”, com críticas à nomeação de Joaquim

Levy para a Fazenda e à indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), para o Ministério da Agricultura. “Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas”, afirma o manifesto, que acrescenta, ainda, que a sociedade “não pode ser surpreendida depois das eleições”. Eles cobraram participação ativa dos movimentos sociais e outras organizações da sociedade na definição dos rumos do governo. “A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita”, diz trecho da nota.

EBC

fendida pela senadora, o Projeto de Decreto Legislativo 13/2008 assegura crédito federal para qualquer produtor rural, mesmo para quem não respeita o Plano de Manejo Florestal Sustentável e os limites de desmatamento por área rural na Amazônia. (PRF)

Na manhã de sábado (22), cerca de 2 mil jovens ocuparam uma fazenda com 2 mil hectares de de milho transgênico em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul. O objetivo da ocupação foi denunciar “o modelo do agronegócio, defendido amplamente pela bancada ruralista, e que tem a Senadora Kátia Abreu como referência política”.


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MUNDO

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Manifestações exigem respostas sobre estudantes MÉXICO Massacre de 43 jovens demonstra omissão do governo e sua ligação com o narcotráfico Luciana Gonçalves Na última quarta-feira (26), completaram-se dois meses do desaparecimento de 43 estudantes de Ayotzinapa, estado de Guerrero, no México. Para a ocasião, a Assembleia Nacional Popular, constituída por escolas rurais e movimentos sociais, organizou três grandes mobilizações: em 27 de novembro, 1 e 6 de dezembro. Os manifestantes exigem respostas em relação ao caso, já que ainda não foi confirmado se os restos encontrados pertencem aos estudantes. “Apesar da falta de provas, não há dú-

vidas de que os jovens foram assassinados”, denuncia o historiador Erik Damián Reyes. Em 20 de novembro, cerca de 100 mil pessoas reuniram-se na praça principal da Cidade do México, entre elas, estudantes da Escola Rural de Ayotzinapa e os pais dos jovens. Foi acionada a tropa de choque do Estado, que deteve 11 manifestantes, acusados de tentativa de homicídio e associação criminosa. Numa típica atitude de um governo autoritário, oito deles foram levados à cadeia de segurança máxima.

AFP

Pais dos jovens e outros estudantes se mobilizam há dois meses

Prefeito e sua esposa foram presos como autores do crime Telesur

Em 26 de setembro, em torno de cem estudantes da Escola Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, rumaram ao centro da cidade de Iguala, a cerca de 200 km da Cidade do México. Na ocasião, María Ángeles Pineda, esposa do ex-prefeito de Iguala, José Luis Abarca, realizava um comício que a lançava à vida pública. Ela pretendia uma candidatura à prefeitura. Durante o ato, apareceram os estudantes, que tinham a intenção de arrecadar fundos para uma manifestação por melhorias na educação. Os falcões do tráfico rapidamente os avistaram e comunicaram ao prefeito e sua esposa – acusados de terem fortes ligações com o tráfico - sobre a presença dos jovens. A polícia disparou mais de 400 tiros contra os ônibus onde eles estavam, em plena luz do dia. O procurador-geral da República, Jesús Murillo Karam, declarou, em coletiva de imprensa, que houve ordem direta do ex-prefeito à po-

pulação passou a exigir o aparecimento dos estudantes. O prefeito e sua esposa alegaram que estavam numa festa durante o ocorrido e conseguiram uma licença para deixar o cargo temporariamente. Com essa brecha, se esconderam. Foram encontrados mais de um mês depois, no sul da Cidade do México e, acusados pela Procuradoria Geral da República de autores intelectuais do crime, foram detidos. Presidente ausente

População questiona omissão do Estado e pede inclusive a saída de Peña Nieto

lícia para reprimir os estudantes. Seis morreram na hora. Um dos estudantes teve sua pele e olhos arrancados, ainda vivo. Vários conseguiram escapar, mas 43 foram mantidos em poder da polícia, que os en-

tregou ao cartel Guerreros Unidos. Os policiais lhes informaram que os jovens eram criminosos e pertenciam a um grupo inimigo. Reação

Imediatamente houve comoção social e a po-

Dias depois, devido à reunião do G-20, o presidente Enrique Peña Nieto foi à China. Após investigações, chegou-se à conclusão de que os jovens haviam sido brutalmente assassinados e seus corpos queimados. Peña Nieto deixou seu país literalmente em chamas. Irromperam-se dezenas de manifestações, não apenas no México, mas em todo o mundo, que exigiam respostas ao mistério que permanece até hoje, dois meses depois, em torno do

massacre. Já foram presas mais de 70 pessoas acusadas de envolvimento com o caso Iguala, como ficou conhecido internacionalmente. À medida em que começaram as investigações, foram encontradas em torno de 40 valas com restos humanos. No entanto, peritos argentinos afirmam que nenhum dos restos pertence aos estudantes. Agora, o laboratório da Faculdade de Medicina de Innsbruck, na Áustria, é o responsável por analisar o que foi encontrado. Não há prazo para a divulgação dos resultados, dado o grau de deterioração dos restos. A população tem se mobilizado para organizar abaixo-assinados, petições e manifestações, inclusive para retirar Peña Nieto da presidência. Os pais dos alunos querem seus filhos vivos. E a sociedade está sem esperanças. “Este caso foi a gota d’água, pois para nós mexicanos já está claro há muito tempo o conluio do governo com o tráfico”, afirma Erik.


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CULTURA

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AGENDA DO FIM DE SEMANA BELO HORIZONTE

BELO HORIZONTE

Evento “WaterSlide” monta um escorregador de lona na praça e incentiva pessoas a ocuparem espaços públicos. A festa também conta com piscininha inflável e música ao vivo. Os visitantes são convidados a fazer piqueniques. Em caso de chuva, o evento será adiado para outra data. Domingo (30), às 13h, na Praça do Papa.

BELO HORIZONTE

Lançamento do livro “No meio da notícia tinha uma pedra”, do escritor Ennio Rodrigues. A publicação aborda as diferentes e inovadoras maneiras utilizadas pelos jornalistas para informar pela escrita. Segunda (1), às 19h, na Quixote Livraria e Café (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi).

Os alunos do Cefar apresentam a peça “Um Cavaleiro Muito Estranho”, baseado no texto “Um Estranho Cavaleiro”, do autor belga Michel de Ghelderode. Sexta (28) e sábado (29), às 19h30, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).

Evento Apoema Sarau Livre convida para uma noite de poesia e livre expressão, com show da banda Sem Parede Meia. Sexta (28), às 20h, na Av. João Cesar De Oliveira, 751, Eldorado.

Segunda a quinta-feira

BETIM BELO HORIZONTE

Os alunos das oficinas de Ballet, Dança de Salão, Zumba e Axé, do Centro Popular de Cultura Frei Estanislau apresentam o espetáculo “A Magia da Dança”. Sábado (29), a partir das 18h, no Auditório do Centro Administrativo de Prefeitura de Betim (Rua Pará de Minas, 640, Brasiléia). Ingressos gratuitos podem ser adquiridos pelo telefone 3591-6918.

BOA DA SEMANA

CONTAGEM

Mostra “Era uma vez no cinema” reúne os principais filmes do diretor Sério Leone. De 01 a 18/12, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).

BELO HORIZONTE

O projeto Diálogos Cênicos promove a atividade Atelier Aberto, no qual artistas realizarão oficina de trabalho aberta ao público, que poderá acompanhar de perto seu funcionamento e conhecer técnicas de construção cenográfica e de bonecos. De 03 a 07/11, das 09h às 13h e das 14h às 18h, no Centro de Informação ao Visitante – Prédio Verde (Praça da Liberdade).

BELO HORIZONTE

A 9ª edição da Mostra de Cinema de Direitos Humanos no Hemisfério Sul apresenta 41 filmes que abordam temáticas como população LGBT e enfrentamento da homofobia, questões culturais e territoriais da população indígena e direitos da pessoa com deficiência. Até 3/12, no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade).

BH sedia festival de Cinema de Animação pelo 12º ano consecutivo A 12ª edição da MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação começa na terça-feira (2), em Belo Horizonte. Neste ano, o Festival exibe 180 filmes de 32 países, além de retrospectiva do trabalho do premiado animador gaúcho Otto Guerra e mostra especial do norte-americano Ben Pop. As exibições acontecem até o dia 18 de dezembro no Sesc Palladium, Cine Humberto Mauro, Cineclube Joaquim Pedro de Andrade, Cineclube Curta Degustação, Instituto Undió, Museu Mineiro, Biblioteca

Pública, Espaço do Conhecimento UFMG, Puc São Gabriel e C.A.S.A. Dos dias 2 a 5 de dezembro serão apresentadas produções nacionais e, de 9 a 12, a vez é dos curtas internacionais. Entre os destaques da Mostra Mineira estão “Oxalá e a criação do mundo”, de Denis Leroy, e “Por aqui passou um rato”, do diretor Maurício Gino. Para visualizar a programação completa acesse o blog do evento: mostramumia.blogspot.com.br.


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CULTURA

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Racionais MC’s lança disco após 12 anos de espera Divulgação

RAP Novo CD é distribuído na internet e possui músicas mais curtas e até românticas Raíssa Lopes Após 12 anos sem um CD de inéditas, os Racionais MC’s lançaram na terça-feira (25) o álbum “Cores & Valores”, que marca os 25 anos de carreira da banda. O disco é o oitavo trabalho de Mano Brown e companhia, e possui 15 faixas inéditas, totalizando 35 minutos de música. O lançamento é exclusivo da loja virtual Google Play Música, e os fãs podem adquiri-lo pela internet por R$ 9,99 até o dia 9 de dezembro. As canções também podem ser compradas individualmente, por R$ 1,99 cada. Ao contrário do que po-

de ser percebido nos sete últimos álbuns do grupo, que tinham como característica os raps densos e longos, o novo disco possui músicas mais curtas, apesar das letras sempre fortes. “A Praça” questiona, por exemplo, a atuação dos meios de comunicação. Já em “Eu te proponho”, o grupo abandona o discurso político para dar espaço a uma balada romântica. O jovem Robson Sales, de 21 anos, desde os 5 já se identificava com o grupo. Conheceu o trabalho dos Racionais quando um tio lhe apresentou “Diário de um Detento”. Para ele, o novo álbum da banda dife-

sa a discografia completa dos Racionais: “Consciência Black, Vol. 1 (Original)”, “Holocausto Urbano” (1990), “Escolha Seu Caminho” (1992), “Raio X Brasil” (1993), ”Sobrevivendo no Inferno” (1997), “Racionais Ao Vivo” (2001) e “Nada Como um Dia Após o Outro Dia” (2002). O disco pode ser ouvido também pelo Youtube.

Capa do novo CD, “Cores & Valores”

re muito do que os fãs estavam acostumados. “Li uma entrevista deles em que falavam que abordavam muito os problemas sociais e era chegada a hora de fazer uma revolução, de traçar novos horizontes. E que nós, fãs, e principalmente aqueles ha-

bitantes da periferia, deveríamos abrir a cabeça para essa nova etapa”, comenta. “Cores & Valores” é distribuído pela ONErpm, plataforma digital de venda de música, lançada em 2010. Além dele, será disponibilizada no site da empre-

Show em Belo Horizonte Nesta sexta-feira (28), o quarteto desembarca na capital mineira e faz show, às 22h, no Music Hall. No repertório estarão sucessos antigos da banda, como “O Homem Na Estrada” e “Vida Loka”. Somente a partir de 20 de dezembro o novo disco entrará na setlist. Os ingressos custam R$ 60 (pista) e R$ 140 (camarote).

Programa Outras Palavras

Confira na Band Minas e Band Triângulo o Outras Palavras - um programa realizado pelo Sind-UTE/MG com o objetivo de promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores. Além do Educação em Debate, o Programa conta com os quadros: Profissão Educador, Tira-dúvidas, Choque de Realidade, Momento CNTE, Agenda, Momento CUT Minas e o Humor na Educação.

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Fique ligado no programa Outras Palavras!

www.sindutemg.org.br Filiado à

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Julho/2014

O Programa Outras Palavras está sendo exibido em novo dia e horário (aos sábados, das 10h às 10h30), numa produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).


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Novelas de antigamente rio na noite de núpcias e, daí em diante, a trama corre na relação de amor e ódio entre os dois. Mais interessante do que isso é que a novela “traça um perfil do distanciamento entre ricos e pobres no começo da década de 1990 e discute os limites da ética na escalada social dos mais pobres e entre os ricos”, analisa o meu amigo Jobs. Outro clássico reprisado algumas vezes e que ainda mexe com o imaginário de muita gente é “A Viagem”. A novela, na telinha pela primeira vez em 1994, materializou um dos mis-

Amiga da Saúde Amiga da saúde, sou diabética e quero saber se posso usar o mel no lugar do adoçante. Acho o gosto muito melhor e é natural. Vânia Lúcia, 53 anos, artesã.

velas no Brasil. Se os recursos tecnológicos trouxeram melhores imagens e sons para as histórias, o mesmo não se pode dizer dos temas e roteiros. Acho bom que os autores revejam os folhetins em reexibição e quem sabe se inspirem um pouco! Escreve para mim? Adorei os comentários de leitores sobre algumas colunas, como a da série “Sexo e as negas”. Muito obrigado! Vou retomar esse tema depois. Joaquim Vela quimvela@brasildefalto.com.br

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Bom dia, amiga da saúde! Estou grávida de dois meses e tenho muito enjoo, como faço pra me livrar dele sem me encher de remédios? Solução

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Paula Rodrigues, 29 anos, jornalista Bom dia, Paula. Os enjoos ou náuseas são comuns no primeiro trimestre da gestação. Eles ficarão mais fortes quanto mais tempo você ficar sem se alimentar. Procure comer alguma coisa leve de duas em duas horas, nos intervalos das refeições principais. Coma algo seco, como biscoitos água e sal em jejum, pois eles reduzem as náuseas da manhã. Esprema um limão em sua garrafinha de água e vá tomando ao longo do dia, isso também ajuda a reduzir os enjoos. Mas nada funciona se você não se alimentar nos horários certos. Abuse das frutas, que são mais saudáveis e menos calóricas.

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mais, a sucralose foi mais estudada e está comprovado que é mais saudável que os outros adoçantes do mercado.

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Cara Vânia, o mel é um produto natural realmente mais saudável que o açúcar branco, porém seu doce vem da sacarose pura que, assim como o açúcar, se transforma em glicose no seu corpo. Além do mais, o mel é quase tão calórico quanto o açúcar. Dessa forma, não é possível trocar o adoçante pelo mel. Mas nem tudo está perdido! Experimente adoçantes à base de sucralose. Eles são um pouquinho mais caros, mas têm o gosto bem melhor que os adoçantes à base de ciclamato ou aspartame. A sucralose é um produto industrial, feito de uma molécula da sacarose, que não se transforma em glicose. Dessa forma, o gosto parece com o açúcar, mas ela não faz mal para diabéticos e não tem calorias. Além do

térios mais existenciais da humanidade, a vida após a morte, a partir das orientações do espiritismo. Eu ficava vidrado nas cenas que mostraram a vida no céu e no inferno. Lembrome de que a possibilidade do “reencontro com o corpo abrigo” após a morte me confortava, em tempos em que eu não entendia muito o que é a morte, afinal tinha 11 anos. A música da abertura, do Roupa Nova, é inesquecível e ainda hoje canto e lembro de imagens da novela. Rever produções antigas faz bem, porque mostra muito do desenvolvimento das no-

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Semanas atrás contei o caso de uma senhora no salão de beleza que reclamava das novelas de hoje em dia, você se lembra? Ela dizia que não se fazem novelas como antigamente, que as tramas em exibição estão chochas, que a velocidade das histórias não acom-

panha a velocidade da vida. Mas meu amigo Jobs me atinou para boas novelas antigas que estão no ar, na TV paga. Produções de 20 anos ou mais, exibidas em diferentes horários, estão divertindo meu amigo e outros telespectadores de novela. “O Dono de Mundo”, de 1991, é um dos folhetins em exibição. Escrita por Gilberto Braga, conta a história de Felipe Barreto, interpretado por Antônio Fagundes,ainda com os cabelos e bigodes pretos. Médico bem-sucedido e de caráter duvidoso, seduziu a esposa virgem de seu funcioná-

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na geral UFMG no Sul-Americano de Ginástica Divulgação

Oito ginastas da UFMG integram a seleção brasileira que disputará o Campeonato Sul-Americano de Ginástica Aeróbica, realizado entre os dias 24 e 30 de novembro, no Paraguai. Os atletas foram os mais bem classificados no Campeonato Brasileiro e no Torneio Nacional. A equipe de Ginástica Aeróbica da UFMG foi criada em 1996 e é referência nesta modalidade no país.

Mulheres salvam ano do Botafogo

ESPORTE

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na geral OPINIÃO América

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Wallace Oliveira

Desconsiderando os julgamentos extra-campo, para subir à Série A, o América entra no Independência contra o Sampaio Corrêa no sábado (29) tendo que vencer e torcer para que Boa Esporte, Atlético-GO e Avaí não vençam seus confrontos, que serão, respectivamente, contra o Icasa, o Santa Cruz e o Vasco. Para piorar, o Icasa já está rebaixado, dispensou dez atletas e, segundo um dirigente do clube, essa última partida não interessa ao clube. O Santa Cruz não tem qualquer pretensão no campeonato e o Vasco em nenhuma hipótese sai do terceiro lugar. É, portanto, um cenário desanimador, mas sabemos que no futebol tudo pode acontecer. Então, a torcida deve comparecer em peso ao NOSSO estádio e, com radinho na mão, canalizar as forças para que esses despretensiosos times joguem com dignidade.

Nada como um dia após o outro. A conquista da Copa do Brasil poderia ser previsível, mas seria menos prazerosa com outro adversário ou em outras circunstâncias. Bastou acontecer depois do tetra do arquirrival e em cima dele para ser épica. Em nenhum momento nesta quarta-feira (26) o Atlético esteve ameaçado. Faltou apenas uma goleada para coroar o feito. Levir Culpi comprovou. Sabe como neutralizá-los, pois conhece seus defeitos: a lentidão e as dependências de Éverton Ribeiro e Fábio. Só não está em campo para mostrar a Marcos Rocha e Maicosuel como concluir assistências perfeitas de Tardelli ou de Dátolo. Aliás, os dois resolveram a parada, como manda o figurino. Além da taça, temos uma Libertadores pela frente. E perspectivas ainda melhores, com as revelações Jemerson, Carlos, Dodô e Eduardo. Afinal, quem ri por último ri melhor.

O Cruzeiro termina muito bem. O Brasileirão foi para a Toca pela segunda vez consecutiva, com duas rodadas de antecedência. Já na Copa do Brasil, a supremacia ainda é cruzeirense e gremista, com quatro títulos para cada, embora o formato da competição dê oportunidades para que clubes como Santo André e Atlético eventualmente faturem a taça. Agora, importa pensar na Libertadores 2015. O clube pretende manter a base do atual elenco. Ao mesmo tempo, deve fazer boas contratações. Há tempos o Cruzeiro carece de um jogador com características de defensor, armador e finalizador, no bom estilo Dirceu Lopes (guardadas as devidas proporções), que pense e organize o jogo de uma intermediária à outra. Como o Brasil não tem formado atletas com esse perfil, vale a pena buscá-lo em outros países, como Argentina, Chile ou Colômbia.

Reprodução

Gol de placa As equipes do Neves e do Santa Cruz disputaram a final do Campeonato Mineiro de Futebol Feminino debaixo de muita chuva. A partida, realizada no Sesc Venda Nova, terminou com o placar de 1 a 0 para as meninas do Santa, com gol de Kamilla. O Santa Cruz, que já tinha vencido o primeiro jogo, sagrou-se campeã.

Brasileiros aprovaram a Copa Fernando Pereira-SECOM/SP

Em pesquisa encomendada pelo Ministério do Esporte, 76,4% dos brasileiros aprovaram a Copa do Mundo. De acordo com o estudo, 38% acreditam que o mundial deixou um legado humano (interação entre pessoas). Já 27% entendem que a Copa deixou um legado esportivo (instalações), enquanto 24% e 9% creem que o evento deixou legados urbano e econômico, respectivamente. Outros 2% dizem que a Copa deixou legado ambiental. E você, o que acha?

Corinthians livre de punições Agência Corinthians

Gol contra Se a equipe masculina de futebol do Botafogo está prestes a escrever mais um capítulo triste na história do clube, o mesmo não se pode dizer da equipe feminina. Eliminada nas semifinais do Campeonato Brasileiro, depois de grande campanha, as meninas sagraram-se campeãs carioca em 2014, ao derrotarem por 2 a 0 a equipe do Duque de Caxias. Com o título, a participação na Copa do Brasil Feminina em 2015 está garantida.

Cruzeirenses e atleticanos tinham todo o direito de comemorar seus títulos com muita festa. Porém, o estrondo das bombas caseiras, lançadas nos bairros durante a madrugada, prejudicaram pessoas que podem não curtir futebol e só queriam sossego, como crianças pequenas e idosos. Quem tem animais de estimação também reclamou muito do barulho.

Pratique esportes

Atletismo

Onde: pista de atletismo do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG. Avenida Alfredo Camaratti, S/N, B. São Luiz, BH.

O CTE/UFMG seleciona jovens entre 12 e 18 anos para equipe de atletismo. Exigese perfil físico e psicológico adequado, mas não é necessária experiência na moQuando: 30 de novembro, dalidade. Também se deve das 9 às 12h. comparecer com calçado e roupa próprios para a práInformações: (31) 3409-2326 tica.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

O Corinthians acaba de ser absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, em julgamento sobre a escalação irregular do jogador Petros, ocorrida no jogo do dia 3 de agosto, contra o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro. Se fosse condenado, o clube poderia perder quatro pontos na competição. De acordo com a defesa corintiana, o nome de Petros aparecia no BID, o que tira a responsabilidade pelo erro das costas do clube.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2014

Cofres cheios, estádios vazios

Festa do futebol toma as ruas de BH GALO E CRUZEIRO Lugar das torcidas é a rua

Divulgação

Wallace Oliveira A festa do futebol mineiro começou no domingo (23), no jogo entre Cruzeiro e Goiás, pelo Brasileirão. Mesmo debaixo de chuva forte, no início da tarde, um mar azul inundou as imediações do Mineirão. Dentro do estádio, mais de 57 mil pessoas apoiaram o tetracampeão brasileiro, que venceu o Goiás por 2 a 1, levantando a taça pela segunda vez consecutiva. Do lado de fora, uma multidão espalhada pela capital acompanhava a partida pelo rádio ou por telões de bares. Confirmado o título, noite adentro, grupos de torcedores vestidos de azul ocuparam vários pontos da cidade, como a Savassi e a Praça Sete. Para o torcedor Eduardo Freitas, de 37 anos, este é o momento mais importante de sua relação com o clube: “Nas outras vezes em que o Cruzeiro ganhou título, eu morava em São Paulo e não pude fazer esta festa toda. É meu

primeiro título em BH”, relata. Durante a semana, a festa cruzeirense não cessou, mas, com o passar dos dias, foram os atleticanos a ocuparem as ruas pelo título inédito da Copa do Brasil. Na quarta-feira (26), mais de cinco mil alvinegros acompanharam a vitória por 1 a 0 sobre o rival no Independência, onde foram montados três telões. O mascote Galo Doido estava lá. Tão logo o árbitro Luiz Flávio de Oliveira decretou o fim do confronto, a massa atleticana começou a preencher os cruzamentos das avenidas Amazonas e Afonso Pena,

Como foi previsto pelo jornal Brasil de Fato na semana passada, o alto preço dos ingressos para a finalíssima da Copa do Brasil, no Mineirão, fez com que um vasto setor do estádio ficasse vazio, a exemplo do que acontecera no primeiro jogo, no Independência. No Horto, com mando de campo atleticano, havia capacidade para aproximadamente 23 mil torcedores, mas o público daquela partida não chegou a 19 mil. Muitos

bilhetes encalharam. Na ocasião, os preços dos ingressos variaram de R$200 a R$700. Agora, tendo o Cruzeiro como mandante, apenas 40 mil ingressos foram vendidos, num total de mais de 60 mil. É que o preço das entradas variou de R$ 200 a R$ 1000. A baixa procura não impediu que a partida do Mineirão alcançasse a terceira maior arrecadação da história do futebol brasileiro entre os clubes, com renda de R$ 7.855.510.

em BH, repetindo o cenário de 2013, quando da comemoração do título da Libertadores. Até a manhã da quinta-feira (27), cerca de dez torcedores alvinegros ainda vibravam em torno do Pirulito da Praça Sete. A estudante Maria Janaína, de 17 anos, caminhava pelas ruas enrolada numa bandeira do clube. Ela afirma se sentir privilegiada por poder gritar “Galo” e pede mais à diretoria do clube: “A massa ajudou. Apoiamos quando precisaram. Agora, tem que ter carreata e cerveja grátis, como nas outras vezes”, conclui.

De eternos vices a campeões eternos TREINADORES CONSAGRADOS Marcelo Oliveira e Levir Culpi conquistaram seus principais títulos defendendo Atlético e Cruzeiro Reprodução

Wallace Oliveira No futebol brasileiro, o segundo lugar é tratado como o primeiro entre os perdedores. Os dois treinadores que ganharam os dois mais importantes títulos do Brasil em 2014, Marcelo Oliveira e Levir Culpi, muito sofreram com essa pecha. Marcelo é campeão brasileiro pela segunda vez consecutiva. Levir, pela segunda vez em sua carreira, lidera uma equipe vencedora da Copa do Brasil. No passado, eles foram pejorativamente chamados de “eternos vice-campeões”. Levir Culpi já tinha ven-

cido a Copa do Brasil de 1996 pelo Cruzeiro. Porém, seus vice-campeonatos pelo time celeste, na Supercopa de 1996, na Copa do Brasil, no Brasileirão e na Mercosul de 1998, além da Copa do Brasil de 2000, à frente do São Paulo, e do Brasileiro de 2004, comandando o Atlético Paranaense, lhe renderam o apelido de “Levice”. Foi pelo Atlético Mineiro, na última quarta-feira (26), que ele dissipou de vez essa fama. Com o título inédito sobre seu ex-clube, ganha assento no panteão dos treinadores mais vitoriosos da trajetória do Galo, ao lado de Cuca e do

imortal Telê Santana. Em 2013, Marcelo Oliveira chegou ao Cruzeiro sob muitos protestos, da-

da sua origem como ex-jogador, ídolo e treinador do Atlético. Além disso, trazia nas costas dois amargos vi-

ce-campeonatos da Copa do Brasil, ambos pelo Coritiba, em 2011 e 2012. Com pouco tempo na Toca II, formou uma equipe competitiva, que logo de cara ganhou com facilidade o Brasileirão, campeonato mais difícil do futebol nacional, o primeiro grande título de sua carreira. Agora, com o recente bicampeonato (o quarto do clube), ultrapassa, em número de grandes conquistas pelo Cruzeiro, os vitoriosos Ênio Andrade, Levir Culpi, Marco Aurélio, Paulo Autuori e Pinheiro, além dos lendários irmãos Airton e Zezé Moreira.


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