Edição 73 do Brasil de Fato MG

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Asteris Masouras

11 MUNDO

13 CULTURA

No primeiro dia, governo cancela privatizações na Empresa Pública de Energia e anuncia gratuidade para 300 mil famílias pobres

Com foco no público adulto, Pigmalião se destaca em festivais internacionais. As peças trazem polêmicas, como sexo, religião e aborto

Divulgação

Esquerda vence Bonecos falam na Grécia de “tabus”

Minas Gerais

30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015 • edição 73 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

Pedro França/Agência Senado

4 CIDADES

Cresce o carnaval de BH

Reprodução/Virgula/UOL

Água Aumento pro povo e gratuidade para mineração

Município pode estar começando uma tradição, mas evento ainda é grande desafio para poder público e população

5 MINAS

Racismo no vôlei Reproducao/getty-images

Campeonato estadual Vai começar o Campeonato Mineiro 2015. Doze clubes lutam pelo título mais tradicional das Gerais

14 VARIEDADES

6 MINAS

Quem é o pai de Vitória?

Copasa anuncia que sobretaxa pode ser implantada em Minas Gerais. Em São Paulo a medida já funciona e conta com aumento e descontos

5 MINAS Enquanto isso, Ibama pode ceder licença para mais um mineroduto no estado, que já tem o direito de uso gratuito de 6.200mm³/hora de água

15 ESPORTES

A capitã Fabiana foi chamada de “macaca” por torcedor, na Arena JK

Essa semana, Joaquim Vela debate paternidade, conflito sempre abordado nas novelas brasileiras


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015

editorial | Brasil

O mundo está em ebulição

ESPAÇO dos Leitores

Concordo com o comentário do Joaquim Vela, em ´Novelas e estereótipos´. Em outra novela da Globo, o pessoal tinha vindo de Florianópolis, que era sempre citada como “interior”, quando sabemos ser a capital de um dos estados com a melhor qualidade de vida do país. Além de ser no litoral, é uma ilha, portanto, mais “exterior” que o Rio.

Rubaiyat Moreira

“ “

Atenção professores de história: a edição 69 do Brasil de Fato está imperdível. Editorial perfeito. Leitora assídua Renilde Mendes

Parabéns à equipe do Brasil de Fato pelo conteúdo do jornal. Muito interessante a maneira como o Joaquim Vela faz a leitura das novelas e encaixa no dia a dia das pessoas. Sugiro escrever sobre a força que faz uma relação sobreviver nos ‘tapas’ e ‘beijos’, já que a mídia trata os rompimentos cada vez mais como algo normal, em que desajuste é motivo de troca, em que a construção perde o gosto quando deixa de ser novidade.

Leonardo Costa

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Desde 2008, vem se aprofundando a crise do modo capitalista de produção. De lá pra cá, os governos mais poderosos realizaram diversas reuniões. Todos os anos, os capitalistas se encontram em Davos, na Suíça, para debater as soluções. Mas os problemas econômicos só aumentam. E agora, agravados com uma crise ambiental e de mudanças climáticas, que afetam a todos. Os governos estão incapazes de encontrar saídas, porque o poder econômico das grandes empresas transnacionais e dos bancos é superior ao poder político dos governos. Os Estados Unidos continuam mantendo suas altas taxas de lucro, através das guerras e da manipulação do dólar como moeda internacional, que emitem sem nenhum controle. Nos últimos meses, assistimos a mais uma jogada do império, articulado com a Arábia Saudita, forçando a queda do preço do petróleo. O preço do barril já esteve a 120 dólares e caiu para cerca de 50 dólares. Os três países mais prejudicados pela queda do preço do petróleo são o Iran, a Rússia e a Venezuela. Todos adversários das políticas dos Estados Unidos. Já a direita europeia conseguiu transformar o atentando ao jornal francês de cartunistas numa grande mobilização da direita do continente. Uma clara manipulação. Afinal, os que cometeram o atentado, estariam vinculados e motivados com as forças do Estado Islâmico, criado

Os mais prejudicados pela queda do preço do petróleo são o Iran, a Rússia e a Venezuela e financiado pela OTAN, pela política da França, da Arábia Saudita e da Turquia. Novos ventos sopram na Europa Finalmente, o povo grego, cansa-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

do das medidas recessivas do Banco Central Europeu e da direita, elegeu o partido de esquerda Syriza, dando-lhe inclusive a metade de todos os deputados no parlamento. Esse resultado das eleições gregas pode influenciar à esquerda as eleições nos países da periferia da Europa (Grécia, Espanha, Portugal, Itália e Turquia).

Teremos longo período de acirramento da luta de classes em todo continente Certamente influenciarão o comportamento do eleitorado espanhol nas eleições marcadas para novembro, onde o partido PODEMOS, que representa o desejo de mudanças sociais, está na frente nas pesquisas eleitorais. Já na América Latina... Os chamados governos progressistas enfrentam cada vez mais dificuldades econômicas e políticas para levar adiante seus programas neodesenvolvimentistas. A dependência da economia latinoamericana ao capital internacional impõe limites às mudanças. A direita enclausurada em seus privilégios se rearticula e tenta impedir qualquer mudança real. Segue com hegemonia absoluta nos meios de comunicação de massa, no Congresso e no poder judiciário. E assim, vemos todos os dias um comportamento até fascista das elites brasileiras, paraguaias, argentinas, mexicanas, para impedir qualquer processo de mudança. Os tempos anunciam um longo período de agudização da luta de classes em todo continente e de retomada da ofensiva política por parte da direita no país. Ao povo brasileiro resta seguir na conscientização e organização dos que vivem do trabalho para enfrentar essa conjuntura tão complexa.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos , Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho , Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva , Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Ana Carolina Azevedo, Bráulio Siffert, João Paulo, Léo Calixto, Liliam dos Anjos, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Fotografia: Agência Eficaz. Estagiária: Raíssa Lopes. Administração: Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015

CIDADES

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Meio Passe em BH pretende atender 14 mil alunos TRANSPORTE Falta de divulgação e burocracia gera desperdício de vagas e perda de verbas Maíra Gomes Já estão abertas as inscrições para o programa Meio Passe Estudantil, da Prefeitura de Belo Horizonte. A prioridade é para alunos do ensino médio de escolas públicas e particulares – apenas bolsistas 100% - e também estudantes do EJA (Educação de Jovens Adultos) que residem a mais de um quilômetro da escola. A PBH anunciou que em 2014 foram beneficiados 10.776 estudantes e a meta para esse ano é alcançar 14 mil alunos. A Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Ames-BH) aponta que, apesar de implantado o meio passe em BH, ainda há um grande desafio. “A cada dia a passagem aumenta e o estudante tem dificuldade de

chegar até a escola. O índice de evasão é muito grande devido às dificuldades financeiras, e a passagem de ônibus é um dos fatores que mais influencia”, declara Mariana Ferreira, coordenadora geral da Ames-BH.

“Burocracia para a inserção no programa dificulta preenchimento das vagas” A conquista do benefício veio em 2010 e foi implantada em 2011. De lá pra cá, o orçamento que a Prefeitura de BH destina ao programa já perdeu cerca de R$1,5 milhão. “A PBH não aceita o preenchimento de todas as vagas, então sobra verba no fim

do ano, e esse dinheiro vai para o pagamento de amortização das dívidas da PBH. E provavelmente vai ter corte este ano de novo”, denuncia a estudante. Em 2011, o orçamento para o Fundo do Meio Passe era de R$5 milhões, e de R$ 3,5 milhões em 2014. Mariana explica que o programa beneficia prioritariamente estudantes de ensino médio, mas a prefeitura trata como se fosse benefício exclusivo deles. Quando alunos de ensino fundamental ou universitários buscam a inscrição no programa, são negados imediatamente. Ela acredita que a burocracia exigida para a inserção no programa é outro fator que dificulta o preenchimento das vagas, já que os documentos exigidos são muitos e a demora na obtenção do benefício é grande.

PBH/Divulgação

Em 2011, orçamento do Meio Passe era de R$5 milhões. Em 2014, foram apenas R$ 3,5 milhões

Ainda assim, o número de beneficiados tem aumentado, mas a abrangência ainda é insuficiente. “Tem muito mais gente que precisa do meio-passe, só em BH são 96 mil estudantes do ensino médio”, reforça Mariana. A presidenta da AMES enfati-

za ainda que os inscritos aumentam devido ao trabalho de divulgação realizado pelas entidades estudantis, o que a PBH ainda não se comprometeu a fazer. Até o fechamento da edição, a PBH não respondeu aos questionamentos.

Prêmio para a capital é questionado IRONIA Mesmo após queda de viaduto, capital recebe prêmio internacional de mobilidade urbana Reprodução/R7/Eugênio Moraes Maíra Gomes No ano de 2014, a cidade de Belo Horizonte viu problemas, falhas, e até desastres no campo da mobilidade urbana. O BRT, conhecido também como MOVE, coleciona reclamações desde o início. As tarifas de ônibus estão cada vez mais caras e só em 2014, foram dois reajustes. Críticas e denúncias sobre irregularidades nos contratos com as empresas de transporte não cansam de aparecer. E, apesar do novo sistema de transporte público, o trânsito segue aumentando. Ainda assim, a cidade recebeu, no último dia 13, o Prêmio Transporte Sustentável 2015, concedido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), que tem sede em Nova Iorque. Segundo o ITDP, o prêmio reconhece as conquistas e as estratégias do Brasil para melhorar da mobilidade e a qualidade de vida dos habi-

Mesmo com o MOVE, trânsito segue aumentando

tantes nas grandes cidades. Para conceder o prêmio, o comitê responsável considerou a implantação do MOVE e a revitalização de parte da região central, com a criação de ruas exclusivas para pedestres e uma rede de ciclovias de 27 km. O economista e mestrando em geografia André Veloso estuda a mobilidade urbana e lembra que o sistema MOVE tem trazido transtornos. Foram mais de seis meses de atraso na entrega do sistema e, após o início do funcionamento, os usuários tiveram que lidar com as obras não terminadas, inseguranças e a falta de linhas alimentadoras. Mesmo em atividade há um ano, esses proble-

mas persistem e outros novos aparecem, como a insuficiência dos ônibus, a falta de trabalhadores nas bilheterias e o aumento no tempo do percurso. “São muitos problemas da mobilidade urbana em BH. A criação das ciclovias é uma coisa boa, mas não é uma solução para o conjunto da cidade, mesmo porque não existe integração entre bicicletas, metrô e ônibus”, explica. Esta foi a décima edição do prêmio e o reconhecimento foi concedido a três cidades distintas, pois além de BH, o Rio de Janeiro e São Paulo levaram a premiação. “Um viaduto caiu durante a Copa do Mundo e a cidade ainda recebe prêmio? Inacreditável”, lembra André.

PERGUNTA DA SEMANA As últimas notícias sobre a água em Minas Gerais trouxeram preocupações, chegando ao perigo do racionamento. Especialistas estão empenhados em pensar soluções, mas também chamam a atenção para o motivo desta situação. Chuvas? Falta de planejamento? Administração da empresa?

Para você, de quem é a culpa pela falta de água?

A culpa é de quem polui, ou seja, a culpa é de todos nós. A destruição das matas ao redor dos rios e de toda a natureza, é que está trazendo esses problemas. Rios que eu nadava na infância, agora estão secos, por exemplo. Maria José, auxiliar fiscal

A Copasa poderia ter planejado melhor, prevenido, e não deixar chegar a esse ponto. Precisa começar a ter preocupação com as casas, as empresas que jogam lixo e esgoto nas nascentes também. Isso vai destruindo o fluxo da água. Delcir Pinto da Silva, corretor de seguros


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CIDADES

Belo Horizonte, 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015

Carnaval de BH se consolida em 2015

FATOS EM FOCO Ato contra retirada de direitos

FOLIA Blocos apontam que município pode estar começando uma tradição, mas evento ainda é grande desafio para poder público Brasil247

Maíra Gomes O sucesso do carnaval de Belo Horizonte está se espalhando pelo país e para este ano são esperados 1,5 milhão de foliões para curtir a festa, de acordo com a Belotur. Mas muitos são os desafios. Ao fim do carnaval em Belo Horizonte em 2014, foliões já colecionavam críticas quanto à estrutura. O recolhimento de lixo não foi suficiente e a falta de banheiros gerou sujeira e mau cheiro nas ruas da capital. “No ano passado tivemos vários problemas com a falta de estrutura mínima para o acontecimento do carnaval, especialmente para a saída dos blocos de rua”, conta Rodrigo Picolé, regente do bloco Tchanzinho Zona Norte. Ele conta que apesar das promessas da prefeitura, não foram disponibilizados banheiros no local de concentração do bloco

e a limpeza do local foi feita mais de 20 horas após o fim do desfile, causando incômodo aos moradores da região. Outra preocupação dos organizadores dos blocos de rua é o fornecimento de água e alimento, já que muitos grupos saem em locais onde não há comércio. “A prefeitura cria questões legais para dificultar a atuação dos ambulantes, o que prejudica os trabalhadores e os blocos que teriam o suporte desses ambulantes”, relata Rodrigo.

Toda a cidade deve se adaptar ao Carnaval e a participação do poder público é fundamental

“A gente é a bola da vez por muito tempo ainda” Só em dezembro, a Belotur realizou uma reunião com alguns blocos de rua para tratar desses e outros problemas. A PBH promete uma coletiva para apresentar o orçamento e a estrutura que vai oferecer para o carnaval de 2015. “Chamar uma reunião

faltando dois meses, é pouco tempo para planejar uma festa dessa grandiosidade. Acho que não teremos muitos avanços este ano. Neste carnaval, nós vamos contar com o alto astral que faz tudo dar certo”, diz a produtora e uma das fundadoras do bloco Baianas Ozadas, Re-

nata Andrade Chamilet. Como a demanda vai de banheiros e limpeza a mudanças no trânsito e transporte, organizadores de blocos apontam que poder público deve trabalhar em conjunto, mas não há previsão de reunião com BHTrans, Polícia Militar e SLU.

No último dia 28, as Centrais Sindicais realizaram um ato público em BH e em Juiz de Fora para marcar o Dia Nacional de Lutas em Defesa do Emprego e dos Direitos. Ocorreram manifestações em todo o país exigindo a revogação de duas Medidas Provisórias, estabelecidas pelo Governo Federal, que atacam direitos trabalhistas referentes ao seguro-desemprego, abono salarial, seguro-defeso, auxílio -reclusão, pensões, auxílio-doença e à terceirização da perícia médica para o âmbito das empresas privadas.

Piso salarial da educação

Carnaval de BH: Muito além da estrutura “Banheiro químico não é discutível, tem que ter e pronto. É só a pontinha de um processo que é muito grande, temos ainda muita coisa para discutir do carnaval em BH”, aponta Renata. Desde 2010, há blocos nas ruas de BH durante o carnaval mas, segundo a produtora, este é o ano em que o poder público municipal finalmente entendeu que existe de fato carnaval na cidade. “Em 2010, iam para a rua no máximo 20 pessoas, e eram consideradas malucas por fazer batuque em uma cidade deserta. É uma coisa que foi aumentando e no terceiro ano já foi gigantesco”, conta Paloma Parentoni, musicista, artista e foliã do carnaval de BH desde o início. Para ela, nunca houve o desejo de transformar o carnaval em um evento turístico, e sim um desejo de fa-

zer carnaval na própria cidade, sem precisar viajar. É justamente por ele ter tomado esse caráter de evento turístico que Paloma se diz preocupada, pois a cidade não tem histórico de receber turistas. “Quem fazia carnaval desde o começo eram pessoas que lutavam por mais op-

Em 2014, o recolhimento de lixo não foi suficiente ções culturais na cidade. 2015 é um ano que se concretizou frente aos órgãos públicos de que existe carnaval em BH, agora falta o alinhamento entre todos os lados”, diz. Renata reforça que, para que o evento seja de fato bem recebido pelos moradores e bem aproveitado pelos foliões, toda a cidade deve se mobilizar e se

adaptar para evento anual. Ela aponta que quando a Câmara dos Vereadores iniciar os trabalhos, deve ser criada uma comissão para debater o carnaval durante todo o ano, com a participação de todos os órgãos envolvidos. “Eles terão que instaurar o carnaval em BH, pedir apoio de lei, de decreto. Afinal, se trata do carnaval e tradições têm que nascer”, determina Renata. Os debates devem passar por mudanças no trânsito, fechamento de ruas e alterações no transporte púbico coletivo, tanto para que os blocos circulem com tranquilidade quanto para que os moradores de BH continuem a transitar com conforto. Outro assunto importante diz respeito à conscientização dos participantes do carnaval quanto ao uso do espaço público,

depredação e sujeira. Para a fundadora do Baianas, a responsabilidade é dos três envolvidos, poder público, blocos e foliões. “O folião deve querer jogar lixo no lugar certo, os blocos devem incentivar isso, mas o poder público deve disponibilizar lixeiras”, provoca. Renata aponta que campanhas de conscien-

BH não tem histórico de receber turistas tização podem ter todo tipo de tema, como doenças sexualmente transmissíveis e o machismo no carnaval. “Talvez BH tenha encontrado sua vocação turística. É uma cidade muito bem situada e as passagens são baratas nessa época do ano. A gente é a bola da vez por muito tempo ainda”, prevê Renata.

No último dia 27, aconteceu em BH a primeira reunião do grupo de trabalho responsável por propor novas remunerações para os profissionais da educação do estado. O grupo é formado por representantes do governo, do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) e da Associação de Diretores das Escolas Oficiais (ADEOMG). Foram acordadas algumas propostas que irão embasar o trabalho da comissão, entre elas, que todos os cargos da educação sejam contemplados na negociação, inclusive os aposentados, e que seja definida uma política de carreira para a categoria. A próxima reunião será dia 05 fevereiro.


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MINAS

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Na crise da água, IBAMA pode autorizar mais um mineroduto em Minas MINERAÇÃO Canal de transporte de minério através da água terá 482 km e atravessará 21 municípios Mídia Ninja

Filipe Ribeiro Sá Martins De Grão Mogol No auge do debate sobre o uso da água, o estado de Minas Gerais pode receber mais um mineroduto. O Projeto Vale do Rio Pardo, empreendimento que prevê um mineroduto de 482 km do Norte de Minas até a Bahia, está prestes a obter a licença prévia do IBAMA. Está marcada para a próxima quinta (5), no município de Grão Mogol, uma audiência pública para apresentar à população a atualização do EIA/RIMA do Projeto Vale do Rio Pardo, considerado o maior projeto de mineração a céu aberto do norte de Minas e o segundo maior mineroduto do Brasil. O projeto é da empresa Sul Americana de Metais S/A – SAM. Essa nova atualização traz uma expansão na estrutura e na exploração mineral do projeto aumentando ainda mais os seus im-

pactos e colocando em risco todo o abastecimento de água da região. Movimentos sociais e entidades ambientais denunciam que os principais pontos questionados na primeira apresentação do licenciamento, em 2012, sequer foram considerados. Pesquisadores apontam que o empreendimento vai afetar povos tradicionais da região, conhecidos como Geraizeiros, que dependem do cerrado vivo para sua reprodução. “O licenciamento não leva em consideração que o projeto vai iniciar um processo de desertificação na região, pelo uso e contaminação dos solos e dos mananciais”, afirma Alexandre Gonçalves, agrônomo e membro da Comissão Pastoral da Terra, uma das muitas entidades que lutam contra o empreendimento na região. O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil pública so-

A empresa já tem direito de uso de 6.200 mm³/hora de água da Barragem de Irapé

Entenda

licitando a suspensão do licenciamento ambiental da SAM em abril do ano passado, apontando diversas es-

Empreendimento será o segundo maior mineroduto do Brasil tratégias utilizadas pela empresa para burlar impedimentos na legislação am-

Famílias sem terra podem ter garantia de terreno no Vale do Jequitinhonha

27 hectares do imóvel já foram considerados de interesse social

sultar em violência, já que as 32 famílias ligadas ao MST, que ocupam o imóvel de 340 hectares, há 13 anos, não pretendiam deixar o local. 27 hectares do imóvel já foram consi-

32 famílias moram e produzem no local há 13 anos

derados de interesse social pela prefeitura de Novo Cruzeiro, que ajuizou uma ação de desapropriação da área desta porção do imóvel. O acordo prevê avaliação conjunta realizada pe-

biental. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acompanha o caso na região desde o início dos debates e afirma que têm feito denúncias ao Ibama e ao Ministério Público. “Tememos um verdadeiro crime socioambiental, com violações sistemáticas dos direitos humanos. A forma intensiva de explora-

O Projeto Vale do Rio Pardo prevê a construção de uma mina para extração do minério de ferro no município de Grão Mogol, local onde o minério será também beneficiado, e a construção do mineroduto que atravessará 21 municípios. A SAM já tem a outorga, ou seja, o direito de uso, de 6.200 mm³/hora de água da Barragem de Irapé, localizada no município. O valor representa 14% de toda a capacidade de cessão da água da barragem, que está instalada no rio Jequitinhonha, um dos maiores da região, responsável por abastecer milhares de famílias e comunidades, que vivem basicamente da agricultura familiar.

Fabiana é vítima de racismo em BH Reprodução

Um acordo extrajudicial, firmado na superintendência do Incra/MG na quarta, suspende a reintegração de posse que estava prestes a ser efetivada pela Polícia Militar, por decisão judicial, na Fazenda Gravatá, em Novo Cruzeiro (MG), no Vale do Jequitinhonha A conciliação evita um conflito que poderia re-

ção mineral é um ataque à soberania, levando nossa água e nossa biodiversidade pelos canos”, Elane Rodrigues, coordenadora estadual do MAB.

lo Incra e Governo do estado. Se o valor resultante for aceito pelo fazendeiro, o Incra ou o estado devem pagar a quantia. Caso o proprietário não concorde com o valor, a reintegração de posse pode ser cumprida.

PRECONCEITO “Vivenciar isso na minha terra torna tudo pior!” Reproduçã o/getty-images Da redação A jogadora do Sesi e capitã da Seleção Brasileira de Vôlei, Fabiana Claudino, usou as redes sociais para relatar ofensas racistas que sofreu durante um jogo da Superliga Feminina. O episódio aconteceu no último dia 27, na Arena JK. Mineira de Santa Luzia, a meio de rede contou que um senhor direcionou a ela uma série de insultos racistas. “Era macaca quer banana, macaca joga banana, entre outras ofensas. Esse tipo de ignorância me atingiu especialmente porque meus familiares estavam assistindo à partida.” A atleta Sheilla Cas-

tro, companheira de equipe, postou em sua página oficial palavras de apoio: “Acho inadmissível ainda existir racismo. Minha amiga ontem, no jogo na sua terra natal, sofreu isso com um torcedor. Fiquei muito revoltada e triste.” O torcedor foi retirado do ginásio e encaminhado para a delegacia e liberado logo em seguida.


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MINAS

Belo Horizonte, 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015

Sobretaxa proposta pela Copasa já existe em São Paulo

Bairros de BH vivem racionamento

CRISE HÍDRICA Em três meses, novas tarifas podem ser adotadas para forçar redução de consumo Rafaella Dotta

va de em três meses atingir a redução necessária. Após o prazo, afirmou a presidente, a Copasa poderá colocar em prática a sobretaxa.

No dia 22 de janeiro, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) concedeu entrevista com notícias alarmantes. Sua atu- O exemplo de São Paulo al presidente anunciou que Na capital paulista, já exiso abastecimento de água de te a cobrança diferenciada Minas Gerais está em estado nas contas de água. Premiangrave. Para solucionar o pro- do quem economiza e sobreblema, a empresa afirma três taxando quem consome acimedidas possíveis, entre elas ma da média. a tarifa adicional na conta de Por lá, a tarifa é baseada na água. média de consumo entre fe“Precisamos conclamar a vereiro de 2013 e janeiro de população de Minas a econo- 2014. Cobra-se 20% a mais mizar água”, declarou a nova para consumidores que ficapresidente da Copasa, Sina- rem até 20% além da média ra Meireles. A primeira me- mensal, e 50% para consudida da empresa será realizar mos acima disso. uma campanha de economia Na redução de consumo de água, com a intenção de entre 10 e 15%, a residência reduzir o consumo em 30%. paga 10% a menos. Entre 15 Brasil de Fato - set-2014.pdf 1 15/09/14 PM A campanha tem expectati- e 20%, recebe07:02 desconto de

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Midia Ninja

Bairro Colonial, em Ribeirão das Neves “Estamos há 7 dias sem água, em uma rua do bairro Colonial. Mas o que me mata é a falta de informação da Copasa. Ninguém sabe dizer o que é. Uns dias falam em racionamento, outros em problemas técnicos”. Antonio Carlos Benvindo.

20%. Para a economia acima de 20%, a conta virá 30% mais barata. Junto à tarifação, organizações chamam atenção para demais soluções. O téc-

Temas relacionados à educação e assuntos em debate na sociedade.

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Bandeirantes, BH “Sem água desde sexta (23) até este momento. Segundo as atendentes da Copasa, não há previsão de retorno da água”. Andréa Moreira.

Denúncias sugerem que rodízio de abastecimento já começou

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Denúncias indicam que rodízio já começou na Região Metropolitana de Belo Horizonte

sábado • 8h • TV Band Minas

sábado • 16h | quarta • 11h | sexta • 20h - TV Comunitária de BH www.youtube.com/sinprominas

Na capital paulista, premia-se quem economiza nico do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Thadeu lembra da necessidade de transparência nas informações e planejamento das obras necessárias. A Copasa ainda não anunciou medidas que irá adotar. Falta de água em BH e arredores Em bairros de Belo Horizonte e região, denúncias sugerem que um rodízio de abastecimento já começou, apesar de a notícia não ser oficial. Veja os depoimentos no box ao lado. Em resposta, a Copasa afirma que regiões estão sob manutenção no mês de janeiro. Na terça (27), nota na página da empresa anunciava corte de abastecimento em 37 bairros para “manutenção eletromecânica no sistema de bombeamento de água”.

“Ficamos sem água de segunda (19) a quinta-feira (22). Não posso afirmar se está totalmente normalizado, mas até agora não faltou mais. O corte foi feito sem aviso prévio e depois de vários telefonemas pra Copasa, nenhum operador soube explicar o motivo da falta de água, nem o tempo em que ficaríamos desabastecidos”. Renata de Franco.

Caiçara, BH “Na última semana tivemos um problema de abastecimento, segundo a Copasa, devido a um problema em uma subestação. Mas a informação que corre entre os moradores é que o abastecimento está sendo interrompido durante o dia e religado somente na parte da noite”. Rodrigo Portugal.

Bairro Ouro Preto, BH “60 horas sem água, sem aviso, sem misericórdia. Desde sexta-feira (23) até segunda-feira (26). E a Copasa fala que não é nada, é porque muita gente está gastando água por causa do calor”. Marcello Dumont.

Medidas da COPASA CAMPANHA PARA ECONOMIA DE ÁGUA: durante três meses a empresa irá apostar em uma redução de consumo de água através da conscientização da população.

www.sinprominas.org.br - www.facebook.com/sinpro.minas Filiado à Fitee, Contee e CTB

Bairro Buritis, BH

OTIMIZAR SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO: atualmente, 40% da água da Copasa se perde na rede de distribuição, em vazamentos ou má operação. A empresa quer reduzir este percentual.

SOBRETAXA NA CONTA: depois dos primeiros três meses de campanha, a Copasa poderá adotar a tarifa adicional (mais cara) para residências que tenham consumo acima da meta.


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BRASIL

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Clareador dental só poderá ser vendido com receita SAÚDE Mal utilizado, produto pode gerar danos aos usuários Raíssa Lopes Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma norma que restringe a venda de clareadores dentais. A regra prevê que produtos com concentração de peróxido de hidrogênio acima de 3% tenham a venda permitida apenas com a prescrição de um dentista. A cirurgiã-dentista Paola Gomide defende que a substância, se utilizada em concentração muito alta, pode causar grandes efeitos colaterais. “Mal aplicados, os clareadores prejudicam o esmalte do dente e aumentam a sensibilidade, além de trazerem irritação à gengiva. Se a pessoa os ingerir acidentalmente, podem ocasio-

Reprodução

nar problemas no estômago”. A dentista afirma também que cáries podem aumentar com o uso prolongado do produto, assim como restaurações podem ser comprometidas. A medida é uma antiga reivindicação do Conselho Regional de Odontologia do Estado de São Paulo,

A nova norma limita a propaganda do produto associações da classe e recomendação do Ministério Público Federal. A nova norma também limita a propaganda especializada e altera as embalagens das mercadorias, que a partir de agora deverão conter a frase “venda sob prescrição odontoló-

Cáries podem aumentar com o uso prolongado do clareador

gica” em tarja vermelha. Paola afirma que o clareamento é indicado para inúmeros casos, tanto para problemas de saúde, quanto estética - pessoas que passaram por tratamento ortodôntico e ex-fumantes, por exemplo. O problema, segundo ela, é que a análise da

situação periodontal do paciente é imprescindível para evitar danos posteriores. Além disso, sem orientação as pessoas tendem a exagerar na dose para obter resultados rápidos. Com a decisão, os clareadores só poderão ser vendidos em farmácias.

Soluções caseiras também fazem mal à saúde A dentista defende que a maioria das receitas caseiras difundidas pela internet não dão certo, como também podem causar efeitos colaterais indesejados. Da mesma forma, os cremes dentais que prometem clarear os dentes não são a melhor opção. “Eles não fazem mal à saúde, mas são mais abrasivos. Desgastam o esmalte do dente - o que deixa o paciente com maior sensibilidade - e muitas vezes não clareiam o suficiente”. Pessoas com diabetes podem fazer clareamento somente em casos em que a doença estiver controlada. O procedimento também não deve ser feito em mulheres grávidas.


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OPINIÃO

Acompanhando

Belo Horizonte, 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Marlon de Paula

Na edição 23... Chacina de Unaí: mandante ainda está solto ...E agora Em 28 de janeiro de 2004, cinco servidores do Ministério do Trabalho foram mortos na cidade mineira de Unaí, dando origem ao Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. A Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho (AAFIT/MG) realizou no último dia 28, um ato público pelo julgamento dos cinco réus. A chacina completa 11 anos e a reivindicação é que o julgamento ocorra em Belo Horizonte. Os acusados entraram com um pedido de transferência do júri popular para Unaí, mas o Supremo Tribunal Federal ainda não concluiu a decisão, tornando suspenso o processo.

Na edição 72... Irregularidades no aumento da passagem vão para a justiça ...E agora Quatro manifestantes pela redução das tarifas de ônibus foram detidos no último dia 26 durante protesto contra aumento da passagem em BH. O grupo foi acusado pela PM de pichar uma estação do Move e uma banca de revistas, mas a prisão ocorreu somente no final da manifestação, longe do local onde teriam ocorrido as pichações. Os manifestantes foram liberados após 12 horas e criticaram a demora da ação da polícia, que justificou que a lentidão foi culpa de um plantão atípico.

29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans. Para fortalecer a data, o Brasil de Fato MG divulga foto de Marlon de Paula, feita em frente ao Teatro Municipal de São João Del-Rei, durante a Parada Gay da cidade. #TransForme sua opinião!

Altamiro Borges

Emanuel Cancella

Dilma e a batalha perdida!

Privatização da Petrobras. O retorno

Na primeira reunião ministerial do seu segundo mandato, na terça (27), a presidenta criticou as manipulações da mídia e conclamou, “nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação, sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente. Reajam aos boatos. Travem a batalha da comunicação”. O discurso até é bonito, aguerrido, mas seus efeitos podem ser frustrantes. Afinal, o governo até hoje não adotou as medidas necessárias para travar a “batalha da comunicação”. Durante meia hora, a presidenta abordou vários temas. Ela tentou explicar as medidas econômicas adotadas neste início do seu segundo mandato. Afirmou que elas decorrem da crise internacional, que afetou os preços das commodities e reduziu os investimentos, Dilma precisará enfrentar e também dos problea ditadura midiática mas internos. Em outro trecho, ela garantiu que o “equilíbrio fiscal” não afetará os avanços sociais dos últimos 12 anos. “Quando for dito que vamos acabar com as conquistas históricas dos trabalhadores, respondam em alto e bom som: ‘Não é verdade!’. Os direitos trabalhistas são intocáveis, e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los”. O discurso indica uma maior compreensão sobre a urgência da “batalha da comunicação”. O problema é que os instrumentos para esta batalha são limitados. As verbas publicitárias continuaram alimentando cobras, reforçando os monopólios. A experiência da construção de uma tevê pública, a TV Brasil, também foi menosprezada, quase abandonada. Um balanço geral indica que a tal “batalha da comunicação” pode se transformar numa batalha perdida, num mero jogo retórico. Dilma precisará mostrar que está disposta, de verdade, a enfrentar a ditadura midiática. A conferir!

Ninguém estranhe se o doleiro Alberto Youssef sair solto dessa história. Em razão da delação premiada, ele teria feito acordo com a Justiça para pegar, no máximo, cinco anos, o que pode ser revertido em regime aberto, semi-aberto ou em prisão domiciliar. É pouco. Em se tratando do destino de uma das principais petrolíferas do mundo, a Petrobras. Essa onda de denúncias direcionada para desgastar a Petrobras têm objetivos cada vez mais nítidos: privatizar. A campanha desencadeada no governo Fernando Henrique Cardoso, que assumiu com o FMI o compromisso de privatizar a Petrobras, comparava as estatais a paquidermes, com rasgado apoio da mídia. A resistência popular freou a entrega aos estrangeiros. A greve de 32 dias, em maio de 1995, foi o maior conPré-sal produz 700 mil fronto. Mas não imbarris/dia pediu a aprovação da Lei 9478/97 que driblou a Constituição, subvertendo o monopólio da União sobre as riquezas do subsolo. A meta dos tucanos era entregar nossa principal empresa aos EUA. No primeiro governo Lula, foi anunciada a descoberta do pré-sal, algo de que já se tinha notícia há 30 anos. Trocando em miúdos: se a Petrobras fosse privatizada, o comprador levaria o pré-sal de brinde, hoje responsável pela produção de 700 mil barris/dia, o suficiente para abastecer Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru juntos. A Petrobras é, de longe, a empresa que mais investe no Brasil, com os impostos que financiam 75% do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Petrobras garante o abastecimento de petróleo e derivados no país há 61 anos. Toda essa publicidade negativa, repercutindo a Operação “Lava Jato” nada mais representa que o estopim para desencadear uma nova campanha de privatização da Petrobras.

Altamiro Borges é jornalista e membro do Comitê Central do PC do B.

Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).


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ENTREVISTA

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“Não adianta votar na Dilma se não cobrar a política econômica que ela prometeu” ECONOMIA Economista renomado, Luiz Gonzaga Belluzzo fala das perspectivas do Brasil e as recentes medidas do governo wikipidia

Anna Beatriz Anjos e Glauco Faria O economista e professor titular do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luiz Gonzaga Belluzzo, não poupa críticas à parte dos macroeconomistas brasileiros. “Acho que os economistas em geral têm um déficit intelectual decorrente da ignorância histórica, ficam falando abstrações”, coloca. A entrevista é de Anna Beatriz Anjos e Glauco Faria, publicada pela Revista Fórum e parte dela reproduzida pelo jornal Brasil de Fato. O que podemos esperar do ministro Joaquim Levy e da equipe econômica brasileira para os próximos quatro anos? A minha modesta opinião é a de que não devemos personalizar. O Joaquim Levy, na verdade, representa um conjunto de interesses, que acabou se impondo durante as eleições e logo depois delas. Dilma, diante da desigualdade da correlação de forças, capitulou diante do

“Quem paga imposto mesmo são os assalariados” projeto dos mercados financeiros. O que aconteceu? Exageraram no cenário de precariedade da situação fiscal. O Brasil não está à beira de um colapso, nem pelo critério da dívida pública, que está em 63% do PIB, nem pelo critério do déficit nominal, que é bastante aceitável. O modelo não corresponde à realidade… Quem aumenta seu patrimônio com a estrutura tributária e a lei fiscal brasileiras, tanto pelo lado da

tir, e aí a economia se reequilibra – é o que eles pensam. Só que essa suposição é falsa. Quando o ajuste fiscal é feito em recessão, o cara da empresa que produz, digamos, equipamentos mecânicos para outra indústria que está perdendo receita, mandando os empregados embora, vai comprar equipamento da última? Vai gastar mais, investir? Claro que não. O Estado e as empresas formam um conjunto de relações, no qual o Estado tem a função de gastar e arrecadar. 35% do que o Estado gasta volta para ele. Se ele não gasta, não volta.

tributação e da receita, como pelo lado da despesa, são os mais ricos. É uma das coisas mais escandalosas do mundo, porque quem paga imposto mesmo são os assalariados. O rico e o pobre compram a geladeira com a mesma alíquota, mas quem é que paga proporcionalmente mais? E quem é que recebe o grosso dos juros? O grosso mesmo quem recebe são os grandes poupadores. O senhor tem falado muito também da fragilidade da indústria brasileira. O Brasil vem perdendo capacidade industrial desde a dívida externa, que é o maior exemplo da inade-

“A política econômica que está sendo negociada é do Aécio” quação de se recorrer ao que eles chamam de poupança externa para financiar seu desenvolvimento. Isso nos atrasou dez anos, o que aconteceu depois foi uma tragédia econômica, tanto do ponto de vista fiscal como do ponto de vista monetário, a adoção da generalização da indexação, a perda de competitividade da indústria brasileira começou aí. E prosseguiu, porque, depois da estabilização, durante o governo FHC, usou-se o câmbio valorizado para segurar a inflação, o que destruiu a indústria. Lula aproveitou o ciclo e fez o que deveria ter feito, cumpriu o que disse que faria. Mas, por outro lado, como as coisas não são unívocas, deixou o câmbio valorizar e foi empurrando a indústria para baixo. A Dilma tentou fazer uma redução da taxa de juros, mas teve que voltar pra trás, porque um país como

“35% do que o Estado gasta volta para ele”

o Brasil, sozinho, não tem força para fazer isso. Não é por acaso que fizemos esse acordo com os BRICS. Ele é importante se o Brasil souber usar o banco e o contingente de reservas. No primeiro governo Dilma, houve uma tentativa de abaixar os juros, e houve quedas sistemáticas, uma atrás da outra. Além da questão cambial, que outros fatores fizeram com que isso não desse certo? Ela tinha noção de que isso seria prejudicial, mas foi derrotada inclusive porque os supostos beneficiários de uma redução, que seriam os industriais, estavam em menor número. Houve uma mudança na composição do empresariado brasileiro. Não há mais aqueles empresários comprometidos com sua

“Não há mais empresários comprometidos com sua indústria” indústria, como o Antônio Ermírio de Moraes, [Antonio] Bardella, Villares, que, junto com o Estado brasileiro, foram responsáveis [pelo crescimento da economia]. O ajuste fiscal tem sido muito criticado por conta dos efeitos recessivos que ele pode causar. Quais seriam medidas alternativas a ele na situação atual? A situação fiscal tem a ver com o crescimento. Qual é a lógica do ajuste fiscal? Se a gente prometer ajuste fiscal, certamente o setor privado vai ganhar mais confiança, vai inves-

Seguindo nessa discussão sobre a mídia, como o senhor vê essa separação reforçada por ela da economia da política, como se fosse algo técnico? Se houvesse outra correlação de forças no Brasil, outro arranjo social, se os trabalhadores brasileiros e sindicatos tivessem participação mais efetiva na discussão, teriam outra proposta. Mas não têm, quem as tem são os rentistas, pessoal do mercado financeiro, os proprietários e controladores da riqueza. Não adianta nada votar na Dilma – e temos que reconhecer que ela está ilhada – se você depois não cobra que ela faça a política econômica que prometeu. Em uma entrevista recente, o senhor disse que o Aécio Neves não ganhou as eleições, mas que governaria pelos próximos quatro anos. Mantém essa opinião? A política econômica que está sendo negociada é a política do Aécio. É como se dizem nos estádios de futebol: sai Armínio [Fraga, anunciado por Aécio Neves como seu eventual ministro da Fazenda], entra Levy. É a mesma coisa que trocar seis por meia dúzia.


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BRASIL

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Dilma promete empenho por reforma política DEMOCRACIA Presidenta reforçou promessas feitas no discurso de posse e deu ênfase à necessidade de mudança no sistema político planalto.gov

Da redação Em discurso que abriu a primeira reunião ministerial do segundo mandato, nessa terça (27), a presidenta Dilma Rousseff prometeu colocar em debate, já no primeiro semestre de 2015, o tema da reforma política. Ela afirmou: “Sabemos que esta é uma tarefa do Congresso Nacional, mas cabe a nós impulsionar es-

Dilma promete colocar reforma política em debate no primeiro semestre sa mudança para instituir novas regras para escolha dos representantes das casas eleitorais e aprimorar os mecanismos de interlocução com a sociedade e

Ato em favor da Constituinte está sendo preparado para o dia 4 de fevereiro, em Brasília

movimentos sociais”. Dilma também pediu aos ministros que tenham “muito diálogo” com o Congresso, e clamou por dedicação e cooperação entre os ministérios. No dia 4 de fevereiro,

um ato a favor da Constituinte Soberana e Exclusiva do Sistema Político está sendo preparado. A manifestação ocupará o Auditório Nereu Ramos, às 14h, no Congresso Nacional - em Brasília (DF).

Segundo Unicef, 42 mil jovens podem ser assassinados até 2019 HOMICÍDIOS Unicef prevê aumento de 17% no índice de morte de adolescentes. Arma de fogo é o principal meio utilizado Da redação

Brasil-247

42 mil adolescentes brasileiros, entre 12 e 18 anos, correm o risco de serem assassinados de forma violenta antes de completar 19 anos. Os dados foram publicados no Índice de Homicídios na Adolescência, divulgados na quarta-feira (28), pela Secretaria de Di-

Nordeste possui a maior taxa de homicídio entre os jovens

Jovens negros correm três vezes mais risco de morrer do que brancos reitos Humanos da Presidência da República (SDH), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ), Observatório de Favelas e

Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). Na projeção de mortes até 2019, a taxa representa um aumento de 17% em relação a 2011. Ainda segundo o estudo, jovens negros correm três vezes mais o risco de morrer do que brancos, e o nor-

deste possui a maior taxa de homicídio nessa faixa etária - dos cinco estados com maior índice, quatro pertencem à região (Alagoas, Bahia, Ceará e Paraíba). Outra informação da pesquisa é que a arma de fogo é o principal meio usado nos assassinatos de jovens brasileiros.

Artigo A história e os abutres João Paulo O mundo não está mais mentos fortes para isso. O justo, mas está mais demo- primeiro deles é a identificrático. Essa é a boa no- cação da mídia empresarial tícia. A onda que começa como uma das grandes fiapela Grécia e deve se es- doras ideológicas e operapalhar pela Europa parece cionais do projeto de conresponder a uma insatisfa- centração de renda no Bração generalizada das pes- sil. A segunda certeza é que soas que acreditaram em o sistema financeiro, com receituários de austerida- seu alinhamento internade ditados pelos organis- cional, não vai permitir a mos econômicos. Elas vi- mudança das regras em diram a economia minguar, reção a um maior investia dívida crescer, o desem- mento social a partir do Esprego aumentar e o futuro tado. A junção dessas duficar nublado. Não há orto- as barreiras cria um cenádoxia que vença a tristeza. rio impermeável às transOs olhos se voltam para formações, que precisa ser o berço da democracia. Há enfrentado com ousadia. um valor importante nesComo na Grécia, temos sa restauração da esperan- a nosso favor uma demoça. Não se tracracia forte. E Temos a nosso ta de uma vié dela que defavor uma tória já conve partir o imsagrada em democracia forte pulso para as re s u l t a d o s, mudanças. mas de uma aposta. O que Por isso, o grande desafio começa a se desenhar é é dar poder às pessoas e à uma alternativa que pare- cidadania organizada. Um ce romper com o jogo de projeto que congrega a recartas marcadas que vem forma política com a instisendo descrito em todo o tucionalização da particimundo. Mais que desloca- pação popular. Só a polítimento de um lado ao ou- ca é capaz de salvar a ecotro do espectro ideológico, nomia. com suas consequências econômicas, o que parece É preciso estar atento aos surgir é a abertura ao novo. sinais A história não acabou. Um filme em cartaz traSempre que nossos im- ta, a seu modo, dessa nova passes são descritos, lan- relação do homem com a ça-se mão de uma teoria história. mecânica e pouco crítica: Em O abutre, de Dan Gilsaímos de um passado de- roy, a violência é servida sigual e caminhamos, pas- no noticiário matinal como so a passo, para uma so- seu produto mais nobre. O ciedade madura. No Bra- personagem Louis Bloom sil, esse romance tem co- capta – e depois fabrica – mo personagens o PSDB imagens que alimentam a e PT, que se somam nu- sede de violência de uma ma trajetória que cobra sociedade que gosta de ver agora a complementação na tela como a vida maltrade seu arco de conquistas. ta os outros. Os espectadoCada lado teria um proje- res acreditam que não fato, mas a base já estaria da- zem parte do mundo que da na obediência de certos veem na TV, apenas gozam valores comuns. Algo co- de sua volúpia destrutiva, mo uma troca de conces- pelo prazer de não ser cosões entre a centro-direita mo elas. É um diagnóstico e a centro-esquerda. A de- sobre a morte do homem cisão democrática a cada livre e o fim da história. eleição apenas apontaria o Não deve ser um acaso o condutor. declínio da audiência dos Está na hora de mudar telejornais. O espectro da o enredo. E há alguns ele- vida real ronda o mundo.


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MUNDO

Com grande vantagem, Syriza vence eleições na Grécia EUROPA Vitória do partido de esquerda põe fim à política de austeridade fiscal e inaugura agenda de políticas sociais na Europa Da redação Nesse domingo (25), os gregos deram ampla vitória ao Syriza nas eleições legislativas do país. A Coligação da Esquerda Radical, Syriza, de Alexis Tsipras, abriu mais de seis pontos percentuais sobre o Nova Democracia, do atual premiê Antonis Samaras. A Coligação obteve cerca de 36% dos votos e elegeu 149 deputados, o que não configurou maioria parlamentar. A partir disso, foi firmado acordo com o Partido Gregos Independentes, que garantiu mais 13 cadeiras, totalizando 162 dos 300 assentos do Parlamento grego. Para o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, a maneira como a

imprensa mundial tem tratado o fato está deformando o significado da atual conquista do Syriza. Ele afirma que os resultados da eleição não representam a vitória de uma extrema-esquerda que defende a ruptura com a União Europeia, mas “sim a vitória de uma força política de esquerda que retoma propostas que podem ser inscritas na agenda original da democracia europeia”. Para Genro, “o Syriza não quer que a Grécia saia da União Europeia e da zona do euro. O que está propondo é a reestruturação do pagamento da dívida para dar uma folga ao tesouro grego e possibilitar a retomada dos investimentos em infraestrutura no país.”, declara.

Já do ponto de vista político, ele acredita que uma das propostas mais interessantes levantadas por Tsipras é o pedido de indenização apresentado à Alemanha, pelos crimes de guerra cometidos contra a população grega durante a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o governo grego, a quantia chegaria a 221 bilhões de dólares. Ao ser comunicado do resultado, Syriza se manifestou em nota: “Esta é uma vitória histórica para o povo grego, que votou esmagadoramente contra a austeridade, o envio de um sinal forte para a Europa, que pode ser um trampolim para a mudança. O Syriza compromete-se a um governo voltado ao social”. No primeiro dia de go-

Reproducao/BBC

“O syriza compromete-se a fazer um governo voltado para o social”

verno, o novo ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, anunciou que vão ser cancelados os planos de privatização da Empresa Pública de Energia. Anun-

ciou ainda que o governo vai preparar um novo plano para a energética, afirmando que desde já irá fornecer energia gratuita a 300 mil famílias pobres.


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CULTURA

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AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

“Noite no Sertão” traz para o início da noite de sexta-feira (30) o melhor da música sertaneja de raiz, com artistas da região e convidados. A apresentação será no Centro Cultural Lindeia Regina, no bairro Regina. Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, a partir das 19h.

SAMBA - CONTAGEM

Moradores da Vila da Paz convidam para o Samba na Vila, um encontro para “tomar uma cervejinha” e tocar um samba no buteco com amigos. A partir das 15h, sábado (31), o Bar do Bruno promete cerveja barata e oferece a churrasqueira pra quem quiser “assar uma carne”. Na rua Paulo de Frontin, 1550, Vila da Paz, B. Industrial – Contagem.

PRÉ-CARNAVAL

TEATRO INFANTIL

A onça que está sempre faminta e o jabuti que está prestes a fazer um saboroso jantar. A “esfomeada” onça vai fazer de tudo para roubar-lhe o jantar. É o que conta a peça “O Jabuti e a Onça”, baseada no antigo conto da América do Sul, Os Olhos da Onça. No Espaço Cultural da Concessionária Recreio, avenida Barão Homem de Melo, 3535, bairro Estoril, às 10h30 de domingo (01).

O Bloco do Swing Safado vai animar o domingo (01) a partir das 14h. Em sua 2ª edição, o bloco promete discotecagem de “tropicalismo sedutor sonoro” com três djs do cenário de BH e muita batucada até as 22h. No conjunto Santa Maria, rua Gentios, 1249, bairro Luxemburgo.

Segunda a quinta-feira HISTÓRIA

A exposição “Atenas e sua Acrópole” discute a relação entre os monumentos, a cidade e os cidadãos atenienses, desde a época de sua criação, até as mudanças experimentadas pela cidade através dos séculos. Na Casa do Baile. Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, bairro Pampulha, de terça a domingo, das 9h às 18h. Até o dia 28 de fevereiro.

BOA DA SEMANA

CINEMA

FOTOGRAFIA

Mostra sobre a história de Tony Vieira, um mineiro ator, roteirista, produtor e diretor. Textos, documentos de época, fotos, roteiros e revistas que contam um pouco da vida do cineasta podem ser vistos em “Tony Vieira, um cineasta mineiro”. No Museu da Imagem e do Som, na Avenida Álvares Cabral, 560, bairro Lourdes. De segunda a sexta das 9h às 17h, até o dia 28 de fevereiro. Olívia Porto

Ana Valadares nasceu em Belo Horizonte, em 1952. Fotógrafa profissional desde os 19 anos, atuou na área de moda e publicidade. “Ana Valadares - Uma vida iluminada” no Memorial Minas Gerais Vale, Praça da Liberdade, até o início de maio. De terça a sábado, das 10h às 17h30, domingo das 10h às 15h30.

POESIA

Lançamento do livro “Biscuit”, de Bruna Piantino. Na obra, composta por 30 poemas, a autora aborda a forma como a natureza humana se relaciona com a natureza em geral e como tudo se transforma a partir de estímulos exercidos. Na terça (3), às 19h, no Foyer Rio de Janeiro, no Sesc Palladium. Rua Tupinambás, 956.

Oficina Bloco Afro Magia Negra Oficina do Bloco Afro Magia Negra no sábado (31), às 19h, busca divulgar a cultura negra através da educação musical dos tambores, base instrumental do bloco. Os participantes da oficina, além do conhecimento adquirido, terão também a oportunidade de se tornarem membros do bloco.

O bloco Magia Negra nasce da vontade de reunir um coletivo de pessoas comprometidas com o combate ao preconceito ao povo negro, com o objetivo de reverenciar os valores da cultura negra na formação do Brasil. O ideal é privilegiar a cultura negra e o seu povo de pele negra, sendo um espaço

para que os homens e mulheres negras tenham visibilidade garantida em todas as instâncias da entidade. Ainda assim, os organizadores afirmam que o espaço será aberto a pessoas de todas as etnias e nacionalidades. A Oficina será no Núcleo Artístico Floresta, rua Pouso Alegre, 854 - 3º andar, bairro Floresta, em Belo Horizonte.


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Bonecos trazem polêmicas para o palco MARIONETE Pigmalião leva teatro de bonecos de novo tipo a festivais internacionais Divulgação

Rafaella Dotta “Existe uns 15 grupos que participam de todos os mais importantes festivais de teatro de bonecos do mundo. E a gente percebeu que, pra entrar nesse meio, é preciso ter uma coisa que só o seu grupo tem, ter uma coisa peculiar”, conta Eduardo Félix. Nisso se resumiu a origem do grupo Pigmalião: fazer o que nenhum grupo de teatro de bonecos faz. Escolheram colocar a polêmica no palco. O “Pigmalião - Escultura que mexe” é um grupo formado por atores que trabalham com construção e manipulação de bonecos. Em seu ateliê há esculturas pequeninas e

enormes, coordenadas por fios de marionete ou pelo próprio ator, inteiro, dentro do boneco. O desafio é “pensar formas sempre diferentes de interação entre escultura e ator”, conta Eduardo Felix, artista plástico e fundador. O grupo começou sua história tocando em assuntos tabus. A sua primeira cena, chamada “O Presente”, já falava da relação entre o desejo sexual e o consumo. A peça foi vencedora do 8º Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, em 2007, e colocou o grupo definitivamente fora do comum em termos de teatro de marionetes, que costuma exibir temas leves e, principalmente, infantis.

Em 2014, o grupo participou de festivais na Espanha, Argentina, França e País de Gales “A Filosofia na Alcova” veio para arrematar. A peça encenou o texto do fi-

10 ANOS SEM CONCURSO PARA AUDITOR FISCAL. MENOS FISCALIZAÇÃO, MENOS RECURSOS PARA O ESTADO.

Você sabia?

O SINDIFISCO-MG tem cobrado insistentemente do Governo estadual a realização do concurso público para Auditores Fiscais da Receita Estadual. Não queremos fiscais estressados, horas extras, serviço por fazer e licenças-saúde em excesso. CONCURSO PÚBLICO JÁ!

lósofo Marquês de Sade, falando de libertinagem, aborto e religião. Montada em 2011, é considerada a primeira grande produção do grupo. “Quando apresentamos no festival de Ouro Branco, 47 pessoas levantaram e saíram”, conta Aurora Majnoni, integrante do grupo, explicando como a abordagem pode causar estranheza. Mas foi essa a peculiaridade que levou o Pigmalião aos mais importantes festivais fora do Brasil. Em 2014, o grupo participou de festivais na Espanha, Argentina, França e País de Gales. Na Espanha, o Festival de Marionetes de Lleida (Fira de Titelles de Lleida) rendeu os prêmios de Proposta Inovadora e de Melhor Espetáculo pelo júri internacional. Para 2015, pelo menos quatro viagens internacionais já estão marcadas. O problema que o grupo se coloca, neste momento, é a forma de pagamento das passagens. “Em 2014 a gente gastou muito. Decidimos que íamos viajar, chegou na hora não abriu edital pra passagens, mas a gente resolveu apostar”, diz Eduardo. Neste ano, espera-se que a burocracia e as leis de incentivo deem uma mãozinha a mais.

CULTURA

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#ficaadica

Pra conhecer os animais Na última semana de férias escolares, um programa de férias imperdível para a criançada tem que ser garantido: a visita ao Jardim Zoológico de Belo Horizonte. Com mais de 3,7 mil animais de 275 espécies, ele tem se tornado um importante espaço de lazer e aprendizagem para os moradores da capital mineira e de outras cidades do país. Dois bebês gorila nasceram no local entre agosto e setembro do ano passado, e hoje já podem ser vistos pelos visitantes do Zoológico brincando a todo vapor. A elefanta africana Beré é outra moradora ilustre, que faz sucesso com as crianças pequenas, que se espantam em ver um animal tão grande. Onde hoje é o zoológico, já foi campo de golfe, serviu um tempo como fazenda de lavradores e já assistiu à fuga de uma onça -pintada até se tornar um dos mais importantes centros de pesquisa e reprodução do país, em 1959. Hoje é um ambiente capaz de fazer procriar bichos somente encontrados do outro lado do planeta.

Herlandes Tinoco/PBH

SERVIÇO

Quando: terça a domingo, das 8h30 às 16h. Preços: R$ 3,00 de terça à sexta; R$ 4,00 aos sábados e R$ 6,00 aos domingos e feriados. Endereço: Avenida Otacílio Negrão de Lima, 8000, bairro Pampulha. Como chegar: Linhas 3302, 51, 52, 505.


14 VARIEDADES

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SerĂĄ que A ĂŠ filho de B?

Eu sempre fico imaginando a surpresa de alguĂŠm ao descobrir que nĂŁo ĂŠ filho de quem sempre achou que fosse. Penso que a princĂ­pio deve ser como o alicerce de uma casa que desmorona e leva consigo tudo o que foi construĂ­do em cima. Afinal, a maioria das pessoas sabe, desde que ĂŠ gente pequena, quem sĂŁo seus

pais. Ou, o contrårio, desconhece um deles ou os dois. Mas, chamar alguÊm de pai e mãe uma parte da vida e de repente, descobrir que eles não são, ah, isso deve dar uma confusão na cabeça e no coração. Nada que não possa ser superado, ufa! Talvez por isso as novelas sempre usem e abusem dos testes

de DNA que revelam a real paternidade dos personagens. Andei pesquisando por aí e descobri que desde 1950, o DNA jå era conhecido pelos cientistas como o material que constitui a identidade única de um indivíduo. Mas somente hå 30 anos, em 1985, foi inventada a tÊcnica que permite comparar o padrão genÊtico de duas ou mais pessoas e confirmar com quase 100% de certeza se alguÊm Ê filho de outro alguÊm. No Brasil, os primeiros exames de determinação da paternidade pelo DNA foram realizados em 1988. Em Boogie Oogie, novela das 18h, que se passa dez anos antes,

Amiga da SaĂşde, bom dia. Meu marido tem muito desejo sexual e eu nĂŁo tenho vontade de transar todos os dias, Ă s vezes sĂł quero descansar. Tem algum remĂŠdio que eu possa usar pra aumentar meu desejo?

Vitória (Bianca Bin) ainda busca a resposta sobre sua origem. Depois de descobrir que foi trocada na maternidade com Sandra (Isis Valverde), e então, trocar de pai pela primeira vez, agora a vilãzinha pretende descobrir se Ê filha de Elísio (Daniel Dantas) ou de Paulo (Caco Ciocler). Descobre-se que nos EUA existe um teste de paternidade com maior precisão e ela segue para lå com a verdadeira mãe e seu suposto segundo novo pai. A revelação bombåstica vai ao ar nos próximos capítulos. Mas, calma! O autor não ficou doido não. Ao final da dÊcada de 1970, ainda não existia teste de DNA, mas a con-

firmação da paternidade jĂĄ era feita por outra tĂŠcnica que identificava alguns genes dos indivĂ­duos. Pois ĂŠ, mesmo antes do temido ou abençoado teste de DNA, a pergunta “serĂĄ que A ĂŠ filho de B?â€? jĂĄ preocupava os cientistas, os amantes Ă s escondidas e os amantes “aos muitosâ€?. Tomara que VitĂłria descubra a verdade e possa enfim, dizer “Meu pai ĂŠ esse aĂ­â€?. O legal ĂŠ que eu conheço, na vida real, uns dois casos como o dela. VocĂŞ tambĂŠm, nĂŠ? Estou esperando um alĂ´, uma sugestĂŁo, um abraço lĂĄ no quimvela@brasildefato.com.br Joaquim Vela

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Cara leitora, Ê normal algumas pessoas terem mais desejo que outras. Não existe uma regra pra isso. O mais importante Ê você transar somente quando tiver vontade, e que o ato sexual seja prazeroso para você e para seu parceiro. Alguns fatores podem reduzir o desejo sexual, como stress, cansaço, uso de alguns anticoncepcionais ou medicamentos que tratam de distúrbios psiquiåtricos, problemas relacionais entre os parceiros, etc. Em se tratando de sexo, mais importante que quantidade Ê a qualidade. Converse com seu marido sobre isso.

Amiga da saúde, meu filho de 10 anos estå com manchas brancas no rosto. Todo mundo diz que Ê verme. É isso mesmo?

João Carlos, 38 anos, mecânico.

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Querido João, não Ê bem assim. Apesar de o senso comum relacionar manchas no rosto com a presença de verminoses, isso Ê um mito. As verminoses podem provocar dor de barriga, diarreia e nåuseas, dificuldade para ganhar peso, irritabilidade, distensão abdominal (barriga inchada), etc. Mas não provocam manchinhas brancas na pele, nem ranger de dentes, outro sintoma comumente relacionado aos famigerados vermes. As manchas claras no rosto, geralmente são resultado de ressecamento da pele, alergias ou exposição inadequada ao sol. Costumam ser eståveis e demoram pra sarar. Use protetor solar e observe, caso as manchas estejam crescendo ou aumentando, procure avaliação mÊdica. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde


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ESPORTE

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Início do Campeonato Mineiro na geral

TRADIÇÃO Clubes da capital lutam para manter a hegemonia no estado

na geral

Reprodução

Não vai ter pau de selfie Reprodução

No estado do Ceará, está proibido o pau de selfie nos estádios de futebol. A regra tem como base o regulamento de segurança nos estádios, que veta a entrada de hastes e bastões. De acordo com a polícia, o objetivo é evitar que os objetos sejam usados como armas em eventuais brigas entre torcedores. A proibição não é inédita. Na Inglaterra, nos estádios do Tottenham e do Arsenal, o pau de selfie também não é permitido.

Nova lei de responsabilidade fiscal do esporte Roberto Stuckert FilhoPR

Da Redação No domingo (1), começa a 101ª edição do Campeonato Mineiro, o torneio de futebol mais tradicional do estado de Minas Gerais. Doze clubes disputarão o título estadual, sendo que dois deles são egressos da segunda divisão: o campeão do módulo II, Mamoré, de Patos de Minas, e o vice, Democrata de Governador Valadares. Como nos outros anos, em 2015, a primeira fase da competição terá confrontos entre todos os participantes, de modo que cada equipe jogará 11 partidas. Terminada a fase preliminar, os quatro melhores se classificam para as semifi-

nais. Havendo empate na pontuação, os classificados serão definidos pelos seguintes critérios: 1) maior número de vitórias; 2) saldo de gols; 3) gols marcados; 4) desempenho em confronto direto; 5) menor número de cartões vermelhos; 6) menor de número de cartões amarelos; 7) sorteio. O campeonato estadual surgiu em 1915 e já teve sete vencedores. O Atlético tem 42 títulos, o Cruzeiro 36, o América 15, o Vila Nova 5 e o Siderúrgica 2. Ipatinga e Caldense venceram uma edição, cada. O atual campeão é o Cruzeiro. O jogador que mais gols marcou em uma mesma edição foi o italiano João

Vôlei lidera intenções de compra de ingressos Wikimedia

Ninão, primeiro da esquerda para a direita, foi o maior artilheiro da história do estadual

Fantoni, famoso Ninão, com 43 tentos anotados a favor do Palestra Itália, em 1928. Ele também foi o maior artilheiro da história da competição, com 94 gols em três anos: de 1928 a 1930.

Gol de placa

Após sofrer agressões racistas vindas de um torcedor, na última terça-feira (27), a jogadora de vôlei Faiana declarou: “A realidade me mostra que não fui a primeira e nem serei a última a sofrer atos racistas, mas jamais poderia me omitir. (...) A esse senhor, lamento profundamente que ache que as chicotadas que nossos antepassados levaram, há séculos, não serviriam hoje para que nunca mais um negro se subjugue à mão pesada de qualquer outra cor de pele”.

Gol contra Como o Grêmio não ganha nada há anos, o presidente do clube, Romildo Bolzan, quer mudar a regra do Brasileirão, para ver se o tricolor fatura alguma coisa. Na segunda-feira (26), ele foi pedir a volta do mata-mata ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. O sistema de pontos corridos favorece os melhores times, mas já faz tempo que o Grêmio não monta equipes competitivas.

Segundo informações do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, mais de 174 mil pessoas já se cadastraram no programa de venda de ingressos, que teve início no dia 15 de janeiro e se encerra em março. Do total de pessoas cadastradas, 27% demonstraram interesse pelas competições de vôlei. O futebol vem na sequência, com 21,9%, seguido de natação, com 21%, e atletismo, com 20,6%. Portal de venda de ingressos: rio2016. com.

Paratleta brasileiro fica com a prata Comitê Paralímpico Brasileiro

Pratique esportes

Ciclismo

Um grupo convocado pelo governo federal criou uma agenda de reuniões com representantes do esporte. Entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro, parlamentares da bancada da bola, cartolas de clubes profissionais, jornalistas, o Bom Senso FC, sindicatos de atletas e representantes das federações e de outras categorias envolvidas com o esporte (como árbitros) discutirão um novo texto para a Lei de Responsabilidade Fiscal dos Esportes.

Onde: ciclovia da avenida dos Andradas, próximo ao Boulevard Shopping, BH. Quando: 1º de fevereiro, concentração às 9h, saída às 10h. Informações: bikeanjobh@ gmail.com

Oficina de brincadeiras

Onde: Parque das Mangabeiras, BH. Quando: 31 de janeiro e 1º de fevereiro, das 9 às 13h. Informações: (31) 32775398

No Pedal dos Rôia, o coletivo Bike Anjo BH reúne ciclistas que estão aprendendo a pedalar para dar um rolé pela cidade. É necessário levar bicicleta.

Rua de lazer do Sesc ocupa o parque com pula-pula, cama elástica, piscina de bolinha e oficinas lúdicas. O espaço também tem quadras esportivas, pistas de caminhada e academias a céu aberto.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

No último dia 26, o brasileiro Daniel Rodrigues ficou com a medalha de prata no Melbourne Wheelchair Open, na Austrália, para tenistas em cadeira de rodas. Na categoria feminina, o Brasil foi representado por Natália Mayara. Daniel e Natália foram acompanhados por Leonardo Vieira. Para eles, o torneio conta como preparação para os Jogos Parapan-Americanos de 2015, que serão realizados em agosto, na cidade de Toronto, no Canadá.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2015

Conheça mais dois concorrentes dos times mineiros na Libertadores Dando sequência à série “Abre o olho, Mineirada”, o Brasil de Fato apresenta o Independiente Santa Fe, terceiro adversário do Galo. Oponente do Cruzeiro será definido na próxima semana

Cruzeiro pega Alianza Lima ou Huracán Divulgação/Alianza Lima

Na próxima terça-feira (3), no estádio Alejandro Villanueva (Peru), começa a ser definida a última vaga do grupo do Cruzeiro na Libertadores. O clube peruano Alianza Lima receberá o argentino Huracán, na primeira partida da chave 1 da pré-Libertadores. O segundo jogo acontecerá no dia 10, na Argentina. O Cruzeiro nunca enfrentou o Huracán, que se classificou vencendo a Copa Argentina 2013/2014. Por outro lado, o Alianza Lima é um velho conhecido da Raposa. Ao todo, já ocorreram seis confrontos entre os dois clubes: dois amistosos e quatro par-

tidas da Libertadores (1997 e 1976). O Cruzeiro venceu quatro vezes, empatou uma e perdeu uma. Em 1976, a maior goleada do time celeste na história da competição foi aplicada so-

bre o Alianza Lima, no Mineirão: 7 a 1, com quatro gols de Jairzinho e três de Palhinha. Esse jogo também marcou a homenagem ao atacante Roberto Batata, que havia falecido uma semana antes.

Independiente Santa Fé (Independiente Santa Fe

O Galo já conhece bem seu terceiro adversário na Libertadores 2015: o Club Independiente Santa Fe, que garantiu a vaga de 2015 vencendo o clausura 2014. No ano passado, Atlético e Santa Fe se enfrentaram pela fase de grupos da competição, com uma vitória atleticana e um empate. Na ocasião, o Santa Fe não passou às oitavas da competição. Agora, porém, o time colombiano chega disposto a repetir o bom desempenho de 2013, quando avançou à semifinal do torneio. O clube surgiu em 1941 e

já ganhou oito campeonatos nacionais e duas copas da Colômbia. Atualmente, é comandado pelo argentino Gustavo Costas, treinador com passagens vitoriosas pelo Peru, Paraguai e Equador. Entre os principais jogadores estão o volante Daniel Torres, líder em desarmes da equipe, e o meia equatoriano Édison Méndez, com boa técnica na bola parada e bom passe. Em 2010, Méndez chegou a vestir a camisa do Galo, mas teve uma passagem discreta pelo clube, marcada por lesões.

OPINIÃO América

OPINIÃO Atlético

OPINIÃO Cruzeiro

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Wallace Oliveira

O salário de apenas um jogador do Cruzeiro ou do Atlético paga toda a folha salarial do América, que esse ano abaixou para cerca de R$ 400 mil mensais. Mas essa disparidade vem de décadas, e nem por isso o América deixou de encarar a duplinha. Por outro lado, o Coelho tem muito mais tradição, estrutura e recursos do que todos os times do interior de Minas. O clube, portanto, começa esse Campeonato Mineiro como nos outros anos: com a obrigação de ficar entre os quatro primeiros e de se desdobrar para jogar de igual para igual com Atlético e Cruzeiro. Nos amistosos, contra Villa Nova e Araxá, o América demonstrou potencialidades, e os garotos da base incendiaram os jogos. A ver como se comportarão em jogos oficiais.

O Campeonato Mineiro é relevante como laboratório para o Atlético. O objetivo principal, cantado em prosa e verso por todos, é reconquistar a Copa Libertadores. Como o atleticano se tornou um eterno insatisfeito, após conquistas inéditas, elegeu novo desafio: retomar a hegemonia no Estadual. E o caminho começa domingo (1), no Independência, contra o Tupi. Levir Culpi testa nova formação e um quarteto promissor, com Luan, Dátolo, Carlos e Lucas Pratto. O atacante argentino ainda tem muito a mostrar para justificar o investimento, mas estrela já comprovou, com o gol na vitória no amistoso contra o Shakhtar Donetsk. O treinador fala em disputa com Jô e André. Só mesmo no desespero, pois, para mim, Dodô seria a primeira opção.

O Cruzeiro começa o ano com um grande desmanche, ao perder seis titulares para outros clubes. Ao mesmo tempo, Dedé, Manoel e Alisson estão lesionados. Nessa circunstância, só resta recompor o elenco para reacender a esperança da Libertadores 2015. Até a estreia, no dia 25 de fevereiro, o treinador terá tempo para organizar a nova equipe. Deve aproveitar o Campeonato Mineiro para essa finalidade. Por outro lado, a sorte de pegar adversários mais fracos na fase de grupos da Libertadores permite ao Cruzeiro ganhar entrosamento, até que venha o mata-mata. Algumas contratações trazem bons presságios, caso do meia De Arrascaeta, por exemplo. Judivan é a revelação da base. Contudo, eles são apenas promessas, por enquanto.


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