Larissa Costa
Minas Gerais
15 ESPORTES
Sambista de vida e sonho
Greve pode parar o Espanhol
Dona Eliza é da velha guarda do samba da capital. Cantora e compositora desde os 10 anos, faz parte da história do carnaval de BH
Clubes lutam por redistribuição dos direitos de TV e ameaçam greve. Real e Barça concentram quase metade dos recursos
Reprodução
13 a 26 de fevereiro de 2015 • edição 75 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
Nathalia Torres
Reprodução/ PBH
Nathalia Torres
É Carnaval!
Bruna Tassis
Reprodução Reprodução/Facebook
12 e 13 CULTURA
11 ENTREVISTA
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
editorial | Brasil
Os 50 anos da Globo
PERGUNTA DA SEMANA O sucesso do carnaval de Belo Horizonte está se espalhando pelo país. Blocos que vão às ruas desde 2010 têm este ano um grande desafio, já que a Belotur espera mais de 2 milhões de foliões para curtir a festa e preparou pacotes turísticos para quem vem curtir em BH. O cenário aponta uma consolidação da festa na capital, o que pode transformar a cidade em referência nacional para curtir a folia.
O que você acha do Carnaval de BH ter ficado tão grande?
No dia 7 de fevereiro, a diretora da Central Globo de Jornalismo, Silvia Faria, enviou um e-mail a todos os chefes de núcleo dando a seguinte ordem: “Assunto: Tirar trecho que menciona FHC nos VTs sobre a Lava Jato”. Atenção para a orientação. “Sergio e Mazza: revisem os vts com atenção! Não vamos deixar ir ao ar nenhum com citação ao Fernando Henrique”. Conta o jornalista Luis Nassif que a ordem veio porque a reportagem da emissora havia procurado FHC para repercutir as declarações de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, que denunciou a existência do esquema de corrupção ainda no governo tucano. Assim como no caso do chamado “mensalão” (AP 470), cabe à Globo desinformar os telespectadores e criar no imaginário da po pulação a ideia que a corrupção da Petrobras é uma invenção petista. Quantos mandatos o governo petista necessitará para se convencer de que o monopólio de comunicação exercido pela Rede Globo é um atentado à democracia e é a maior trincheira antidemocrática de resistência às politicas sociais e à distribuição da riqueza pro duzida em nosso país? Esse monopólio nasceu e se con solidou graças ao apoio que deu ao golpe militar, em 1964, des-
Globo orientou tirar qualquer menção a FHC em matéria da Lava Jato
Sempre gostei muito de carnaval. As cores, os blocos nas ruas, a irreverência, acho maneiro tudo o que envolve a festa. Minha expectativa é grande, todo ano tem blocos novos, vem gente de todo o lado brincar e contagiar a nossa festa. Isis Moreira, 24 anos, estudante pré-vestibular
Eu acho muito bom. Ano passo fiquei aqui e achei que seria ruim, mas gostei muito. Não tem essa coisa de só Rio, São Paulo e Salvador que é bom. Carnaval pode ser muito bom aqui também, os melhores blocos estão aqui. Lucas Cornélio Nogueira, 17 anos, estagiário
tituindo um governo democraticamente eleito e jogando o país numa ditadura militar de duas décadas. Fingindo combater a corrup ção na Petrobras, a Globo esconde seus reais objetivos: acabar com o sistema de partilha do petróleo, esquartejar e, posteriormente, privatizar a companhia. A mesma política entreguista defendida pelos tucanos José Serra, Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. As-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
sim, o e-mail da diretora de jornalismo da Globo faz parte desse conluio mídia-tucanos, cada vez mais exposto à sua nudez. Comprovadamente ré num processo em que sonegou milhões de reais em impostos, a Rede Globo continua recebendo verbas milionárias dos cofres públicos, gastos em publicidades. Um caso de sonegação que se associa a outro crime: o processo foi furtado da Re-
Família Marinho, a mais rica do país, é contra taxar grandes fortunas ceita Federal e até hoje permanece desconhecido quem esteve por trás da funcionária que cometeu a ação criminosa. Sendo a família Marinho a mais rica do país, é compreensível que coloque seu império midiático contra as iniciativas de leis que defendem a necessidade de taxar as grandes fortunas, como ocorrem na maioria dos países desenvolvidos. A Globo não hesita em se contrapor às iniciativas de aperfeiçoar os mecanis mos de participação popular. Em recente editorial, se posicionou contra uma Assembleia Nacio nal Constituinte, exclusiva, para que a sociedade possa promover as mudanças na política, reivindicadas nas gigantescas mobilizações populares, em junho de 2013. Ao se contrapor, utili za como único argumento que se trata uma iniciativa do PT para se manter no poder. Ignora, propositalmente, que essa inciativa pertence a centenas de movimentos populares, sindicais, estudantis e das pastorais de igrejas. A liberdade de expressão já é uma conquista conso lidada na Constituição Federal. É ne cessário, agora, aperfeiçoar e fortalecer esse direito, enfrentando o monopólio da mídia empresarial/familiar e democratizar a comunicação em nosso país.
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Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
CIDADES
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Vereadores denunciam interferência do Executivo na Câmara DEMOCRACIA Alteração no regimento interno e nas comissões são algumas das pautas polêmicas Arquivo Pessoal
Helena Pawlow O ano de 2015 inicia com mudanças polêmicas na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Um dos pontos cruciais é a proposta de alteração do Regimento Interno, com cerca de 40 pontos. Vereadores que representam a oposição na Câmara realizaram na última segunda (9) um encontro com representantes de movimentos sociais, sindicatos e outras entidades para apresentar essas mudanças e debater questões que envolvem o Legislativo e a cidade.
A proposta de mudança no Regimento interfere na autonomia e na função fiscalizadora da Casa Legislativa. “A intervenção da Prefeitura nas atividades
“A proposta interfere na autonomia e na função da Casa Legislativa”
Vereadores da oposição realizaram reunião com movimentos sociais e sindicatos para apresentar mudanças
PBH quer vender área de mananciais
do Legislativo anula qualquer ação política que vá contra os interesses particulares do governo municipal. Querem impor uma mordaça na oposição e não vamos permitir isso”, afirmou o vereador Pedro
Patrus (PT) Durante a reunião, foram apresentadas algumas das propostas mais polêmicas de mudança no Regimento. Segundo uma delas, os pedidos de informação e convocação às autoridades para participarem de audiências públicas passa a precisar da aprovação da Mesa. Outra medida propõe a redução do pronunciamento e da quantidade de parlamentares que terão direito à fala nas plenárias. Outra dá ao presidente da Mesa a prerrogativa de solicitar que a população seja retirada da galeria, caso se sinta incomodado com o debate.
Morre última girafa do Jardim Zoológico de Belo Horizonte Reprodução/Sindebel
IMPASSE Terrenos fazem parte da Estação Ecológica de Fechos, que abastece Nova Lima e 30% de BH Maíra Gomes
Câmara Municipal
Em meio a uma grande crise de água no estado, a Prefeitura de Belo Horizonte pretende colocar à venda terrenos em área de proteção ambiental, no bairro Jardim Canadá, pondo em risco mananciais que abastecem a população de Nova Lima e outras 300 mil pessoas da Região Sul de Belo Horizonte. No início de dezembro, a Câmara dos Vereadores aprovou em 1º turno o Projeto de Lei 1304/14, que autoriza a venda dos 414 lotes, somando 151,4 mil metros quadrados. A votação em 2º turno está na pauta da casa e deve ser debatida a qualquer momento. Durante a última semana, vereadores de oposição articularam a obstrução das sessões para impedir a votação da pauta, além de outros temas que pedem negociação. “A posição do governo e dos líderes do go-
Projeto segue para votação
verno na câmara é avessa à negociação. Têm uma visão autoritária, acham que vai passar de forma unilate-
Caso não seja vendido, terreno será doado à PBH Ativos S/A ral o que querem dentro da casa”, afirma o vereador Gilson Reis (PCdoB). A oposição pretende obstruir as votações até que o assunto se-
ja retirado da pauta e aberta a negociação. O terreno está avaliado em cerca de R$ 102 milhões e, de acordo com o texto do projeto de lei, assinado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), o dinheiro será usado para desenvolver obras de infraestrutura. O documento aponta que, caso a Prefeitura não consiga vender os terrenos, está prevista a doação dos lotes à PBH Ativos S/A. A empresa, criada na gestão de Lacerda, é uma sociedade anônima de economia mista, que tem a Prefeitura como maior acionista. No ano passado, a prefeitura doou 53 terrenos, avaliados em R$ 155 milhões, para a PBH Ativos S/A. Impasse ambiental Os terrenos ficam no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, e a maior parte está na Estação Ecológica de Fechos, pertencente ao Parque Estadual Serra do Rola Moça, local de cursos d´água de
Na manhã de terça (10), morreu a última girafa do Jardim Zoológico de BH. Ana Raio tinha 12 anos e estava em tratamento desde janeiro por causa de lesões no dorso. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindibel) vem solicitando implementação imediata de melhorias estruturais no Zoológico, como a instalação de posto médico. qualidade especial. Na década de 1950, a prefeitura comprou as terras para garantir o cuidado de mananciais de abastecimento do município. Gilson aponta que qualquer alteração na região coloca em risco a questão hídrica na cidade, e alerta para o interesse de mineradoras no local. “Em 10 anos uma região importante como esta não estar a serviço da cidade é muito ruim. Nas mãos do poder público há maior capacidade de intervenção, já que o privado
prevê lucros”, preocupa-se. O secretário de Meio Ambiente de Nova Lima, Roberto Messias, informou à imprensa que não será admitida a construção no local. “Ali estão mananciais que abastecem não só Nova Lima, mas Belo Horizonte também. Com a falta de água que vemos em outros Estados, não vamos admitir que se construa naquele local e acredito que quem comprar o terreno enfrentará dificuldade em conseguir alvarás para construção”, afirmou Roberto Messias.
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CIDADES
Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
Não é carnaval, é feriado! ALTERNATIVA Muitos deixam de lado a festança nas ruas e aproveitam os dias de folga para descansar Reprodução/CatracaLivre Chico Trekking
Maíra Gomes Escolas se preparam o ano todo, crianças montam as fantasias e os ensaios de blocos enchem as ruas. O Carnaval é esperado e querido por muitos, mas sempre há os que preferem não ser foliões. O comerciante Antônio Soares, 53, diz que prefere o sossego. “Minha esposa gosta, sempre enfeitou os meninos pra festa, escola e essas coisas. Mas eu mesmo nunca fui muito de carnaval, prefiro descansar em casa”, conta. Já a estudante de magistério Ana Maraisa Ferreira, 19, aproveita esses dias para fazer o que gosta, mas na correria do dia a dia não sobre tempo. “Eu gosto de sair pra cantar, tocar, ir ao cinema. Aproveito também para descansar ou ir à igreja, qualquer coisa que me acrescenta alguma coisa”, diz. Ela participou do carnaval apenas uma vez, e somente para acompanhar uma amiga. Já a diarista Ana Maria Borges, 56, não participou da folia nenhuma vez. “Não gosto muito de carnaval, fico em casa mesmo e aproveito para descansar. Gosto de ficar mexendo em casa, faço crochê, bordado”, relata. E para esses que preferem passar os cinco dias sem notar a farra, o Brasil de Fato MG tem algumas sugestões: Divulgação/it.film-cine
Para aproveitar o feriadão em casa, nada melhor que uma boa música. A Feira do Vinil e CDs Independentes é uma oportunidade para buscar artistas nacionais e internacionais. No sábado, das 14h às 17h, na Galeria dos Inconfidentes, na rua Pernambuco, 1000, bairro Savassi. Reprodução/Destino Livre
Criar algo realmente bonito com as mãos, como um jardim ou uma horta cheia de frutas e verduras, alivia o estresse do cotidiano e melhora o humor. Não é preciso ter um grande quintal, vale plantar até em pequenos vasos e baldes. Boa dica é aproveitar o calor da época para pegar uma cachoeira, com belas paisagens próximas a BH, além de proporcionar uma boa caminhada. A Cachoeira da Ostra, em Brumadinho, é uma boa pedida para quem quer fazer um “bate-volta”, pois fica localizada no distrito de Casa Branca, a pouco mais de 30 quilômetros de BH. A cascata de 10 metros fica em um vale montanhoso, que requer uma caminhada de uma hora por uma trilha saindo do vilarejo. O Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, preparou uma programação nada carnavalesca para agradar aos cinéfilos. A mostra “O Fascínio do Medo: Terror Anos 70” exibe filmes que se destacaram da década que foi singular para o gênero. O horror da vida em sociedade, a relação do homem com a religiosidade, tensões raciais e étnicas e a revolução sexual são temas de filmes como “O Exorcista”, “Aniversário Macabro”, “O Inquilino”, “A Profecia”, “O despertar dos mortos” e “Halloween”. Com início na sexta-feira, 13, a mostra vai até o dia 05 de março, mas não haverá programação nos dias 16 e 17.
O Brasil não precisa de mais impostos.
Precisa, sim, de mais mecanismos de combate à corrupção,
como a PEC 186.
Conheça a PEC 186: facebook.com/186PECdaEficiencia Ajude a aprovar essa proposta: secure.avaaz.org/po/petition/Aprovar_a_PEC_186 Apoio: Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais - SINDIFISCO-MG
Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
ALMG aprova retorno do auxílio-moradia Willian Dias/ALMG
Às pressas, os deputados mineiros aprovaram em segundo turno a volta do auxílio-moradia no Estado. A votação aconteceu na tarde de terça-feira (10) no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais sob vaias dos eleitores presentes. Agora, todos os parlamentares, inclusive aqueles que possuem casa própria e residem em Belo Horizonte e região metropolitana, terão direito ao benefício no valor de R$ 2.850. Na avaliação do presidente da organização não-governamental Mãos Limpas, João Batista Moreira dos Santos, a aprovação do Projeto de Resolução 1/2015 representa um atentado contra a população e a economia mineira. “Estamos no início de um novo mandato parlamentar e também de um novo mandato no Executivo já com perspectiva de recessão, de redução da atividade econômica e consequentemente da arrecadação de tributos, mas parece que os deputados não estão enxergando isso. Acham que podem arrancar do contribuinte mineiro mais alguns milhares de reais para viver na mordomia”. Ainda segundo o representante da ONG, a atitude dos parlamentares represen-
Projeto foi aprovado por 36 dos 77 parlamentares
ta um retrocesso, já que há um ano a Casa havia suspendido o auxílio-moradia para deputados que morassem em Belo Horizonte ou região metropolitana. Ele ressaltou ainda que, nesses casos, apenas uma reforma política poderia dar um basta a essa si-
Projeto aprovado ainda permite que licenciados usem verba indenizatória tuação recorrente em todas as esferas do poder no Brasil. Resposta A justificativa da Mesa Diretora da ALMG para aprovar o projeto de resolução foi justamente a comparação com os demais poderes. Segundo a assessoria de imprensa
da Casa, a Mesa alegou que os membros do Poder Legislativo devem ter equivalência de tratamento em relação aos membros da magistratura e do Ministério Público. Uma vez que o Parlamento mineiro não oferece a opção de imóvel funcional para os seus membros, como é o caso da Câmara dos Deputados, a ajuda de custo deve ser concedida a todos os parlamentares. Além da volta do auxíliomoradia, o projeto aprovado por 36 votos favoráveis permite que os deputados que se licenciarem da Casa para assumir cargos de secretário de Estado ou ministro possam utilizar a verba indenizatória mensal da Casa, no valor de R$ 20 mil, caso optem pela remuneração do mandato.
Trabalhadores de Janaúba recebem 13° pela primeira vez DIREITOS Benefício não era pago aos servidores há 14 anos Nayara Morais Mesmo com vínculo direto com a prefeitura de Janaúba, região Norte de Minas, trabalhadores do município foram receber, pela primeira vez em anos, o pagamento do 13°. Muitos relatam trabalhar na cidade desde 2001, mas nunca tiveram acesso ao direito. A manobra da prefeitura, segundo o Sindi-
cato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) era manter contratos precários. De acordo com a Prefeitura, o pagamento do 13° foi realizado a 1.194 servidores contratados, que não recebiam o salário de final de ano há pelo menos 14 anos. Dentre os servidores beneficiados estão Agentes de Combate às Endemias (ACE), Agen-
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Artigo
DEPUTADOS Benefícios haviam sido extintos do Legislativo mineiro no final de 2013 por unanimidade Thaís Mota Minas Livre
MINAS
tes Comunitários de Saúde (ACS) e garis. A diretora do Sind-Saúde/MG e da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Lionete Pires, lembrou que o pagamento aconteceu graças à pressão sobre o executivo para que seus direitos fossem cumpridos. Lionete ressalta que falta o pagamento do retroativo e também as férias.
A utilidade da revolta João Paulo O debate político no Brasil está tão em torno da possibilidade do impedimento da presidenta Dilma Rousseff que o mais grave já está ocorrendo: o país está quase parando. Desde o resultado eleitoral, não se fala em outra coisa que não seja golpe, corrupção e reforma política. A crise da Petrobras se tornou o único assunto nacional. Dela parecem jorrar todos os motivos que dividem hoje a sociedade. É desse tema que surgem questões como a composição do sistema político, a forma como a Justiça vem sendo conduzida e até as decisões econômicas, com a defesa do mercado como única saída para o caos. A escolha do novo presidente da companhia foi um exemplo de como “mercado” deixou de ser uma relação interessada de forças econômicas para se tornar um sujeito político. A primeira distinção que precisa ser levada em consideração é que há um mercado econômico e um mercado político. O primeiro é composto de coisas que têm preço e, historicamente, levou a uma realidade que privilegia o grande capital e os ga- É fundamental que nhos rentistas, em desprestías ações para as gio das pessoas e da produção. A segunda acepção de quais o governo foi mercado se relaciona a va- eleito se apresentem lores sem preço, como ideias políticas e ideologias. no dia a dia da vida Quando, num tempo das pessoas como o nosso, só tem valor o que tem preço, como lembra o sociólogo português Boaventura Sousa Santos, mercado político e mercado econômico se confundem. Vem daí a percepção de que o país está em marcha reduzida. A primeira reação, e a mais urgente, é mesmo a organização das forças populares e democráticas de alta intensidade contra toda tentativa de desrespeitar a vontade das urnas. O que ainda vai exigir muita força de mobilização e resposta. Mas há mais a ser feito. É o caso da saúde pública, da educação, dos partidários de políticas inclusivas, dos defensores das minorias e das populações indígenas, da luta contra a violência que atinge sobretudo negros e mulheres, da reforma agrária e do desenvolvimento sustentável, entre outras. Não se trata de lutas separadas. É preciso reafirmar a democracia e a vitória do projeto apresentado à nação nas eleições. Mas, ao mesmo tempo, é fundamental que as ações para as quais o governo foi eleito se apresentem no dia a dia da vida das pessoas. A redistribuição de renda, a defesa do sistema público de saúde, a universalização da educação de qualidade, a indução do crescimento em direção à equidade, a justiça tributária. O exemplo da mobilização dos educadores mineiros precisa ser seguido. Força decisiva na eleição no estado, já nas primeiras ações da nova administração foram capazes de avançar da justíssima pauta salarial para a derrubada dos projetos-piloto inviáveis e autoritários, que vinham manchando a história da educação em Minas em favor do marketing de circunstância. Há várias formas de se construir políticas públicas. O governo tem que mostrar logo qual é a sua. Há muitas formas de fazer política. O pensador Jean -Paul Sartre dizia que sempre há razão para nos revoltarmos. É um bom método. É a revolta que toca o bonde da história.
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MINAS
Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
Reinventando o Ensino médio não funciona mais em 2015 EDUCAÇÃO Entidades de estudantes e professores comemoram fim do programa e outras medidas Reprodução-manunatureza
Maíra Gomes Após três anos de funcionamento precário, o programa Reinventado o Ensino Médio (REM) foi cancelado pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, comandada agora por Macaé Maria Evaristo Santos (PT). A decisão, publicada no diário oficial no dia 23 de janeiro, foi comemorada por entidades estudantis e de trabalhadores da educação. “Essa foi a medida mais acertada do governo. O programa não dava certo na maioria do estado e onde funcionava havia muitos problemas”, aponta Beatriz Cerqueira, coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sind-UTE MG). O programa tinha como
objetivo aproximar o aluno regular do ensino preparatório para o mercado de trabalho. Com a inclusão de cinco disciplinas, a carga horária dos alunos do ensino médio aumentou, exigindo a inclusão do sexto horário.
Educadores físicos voltam a ser responsáveis por turmas dos anos iniciais
cação, cada instituição recebeu o equivalente a R$ 250 por mês.
ra ser usado como propagando do governo”, argumenta Renan Santos, professor e integrante do movimento Levante Popular da Juventude. Com relação ao corpo docente, não houve formação e habilitação adequa-
Desafios continuam “O que precisamos é construir uma proposta ouvindo os trabalhadores e a comunidade escolar. A proposta deve estar de acordo com os anseios desta comunidade”, pontua a coordenadora do Sind-UTE. Segundo Beatriz, o governo ainda não entrou em contato com o sindicato para dialogar sobre uma nova proposta para a educação no estado. Em 2012, o projeto foi implantado como piloto em 11 escolas da capital. A partir de 2013, foi ampliado para outras 122 escolas da rede estadual em todas as regiões e, em 2014, chegou às 2.164 escolas de ensino médio de Minas.
Em 2014, cada escola do estado recebeu cerca de R$ 250 por mês para implementação do programa Entidades, no entanto, denunciam que o programa não disponibilizou estrutura para receber esse aumento na carga, como merenda escolar ou transporte. “As aulas não tinham valor legal de ensino técnico, o programa foi feito pa-
das para aplicar as disciplinas. Da verba destinada ao programa em 2014, apenas 5% foi executada: R$ 4,6 milhões em oito meses. Levando-se em conta que são 2.189 escolas atendidas, segundo a própria Secretaria de Estado da Edu-
Mudanças marcam Piso Salarial ainda é demanda educação em Minas Resolução publicada no dia 21 de janeiro determina uma série de mudanças no funcionamento da rede púbica estadual. Grande parte atende a antigas reivindicações dos trabalhadores em educação e, somadas ao cancelamento do Reinventando o Ensino Médio, sinalizam que novo governo deve estar mais próximo da categoria. Em janeiro de 2013, uma resolução da Secretaria de Educação estadual havia definido a retirada dos professores de Educação Física para as turmas dos chamados anos inicias, de 1º a 5º anos. Com o novo governo, a medida foi cancelada e os educadores físicos voltaram a ser responsáveis por essas turmas. O educador físico José Francisco Ribeiro explica que não proporcionar para a criança a possibili-
dade desse tipo de vivência dentro da escola é uma grande perda. “São práticas, vivências e valores que só são possíveis quando se extrapola as salas de aula, em um ambiente aberto e onde não se tem 100% do controle. É importante para a formação”, aponta José, que é professor de educação física na rede estadual. Outro ponto da resolução publicada no governo Pimentel facilita a entrada de estudantes no período noturno. Antes era exigida a carteira de trabalho para a matrícula e agora o aluno pode apresentar também o comprovante de inscrição e recolhimento como autônomo no Ministério da Previdência Social ou uma declaração assinada por um responsável e pelo próprio adolescente maior de 16 anos.
Em atividade desde o dia 20 de janeiro, uma comissão estuda o pagamento do piso nacional salarial para os professores da rede estadual. Reivindicação antiga da categoria, pagamento do piso foi mote principal para a maior greve dos professores na história do estado, em 2011, de 112 dias. Membros de cinco secretarias de esta-
do fazem parte do grupo de trabalho, além de representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE MG) e da Associação de Diretores das Escolas Oficiais. O grupo se reúne as quintas-feiras e deve apresentar uma solução até o meio de abril, de acordo com o coordenador da sub-sede Amazonas
DEFENDER A PETROBRÁS É DEFENDER O BRASIL! Assine o manifesto de apoio no site do Sindipetro/MG www.sindipetromg.org.br
do Sind-UTE MG, Geraldo Miguel de Souza. “A educação tem que ser uma construção coletiva. No governo anterior vinha tudo de cima e nós tínhamos que dar um jeito de digerir. Agora vivemos uma construção coletiva e isso é muito positivo”, aponta. O professor, no entanto, destaca que é preciso ficar atento ao resultado das negociações.
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OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Luana Dayrell
Na edição 73... Na crise da água, Ibama pode autorizar mais um mineroduto em Minas ...E agora Na noite de quinta (5) foi realizada em Grão Mogol, Norte de Minas, uma audiência pública como parte do processo de licenciamento do projeto Vale do Rio Pardo, da Sul Americana de Metais (SAM). A empresa e o Ibama compunham a mesa, mas o Ministério Público não compareceu. Movimentos sociais e comunidades tradicionais de geraizeiros estiveram presentes e exigiram a realização de outra audiência, desta vez no Vale das Cancelas. O pedido está sendo analisado pelo Ibama, que não apontou data para outra atividade ou prazo para a entrega do licenciamento.
Na edição 70... PBH não atende reivindicações e agentes municipais de saúde entram em greve ...E agora Na quinta (12), Agentes de Combate a Endemias (ACE) e os Agentes Comunitários de Saúde votaram pela continuidade da paralisação dos servidores municipais, que já é considerada a mais longa da categoria, com mais de 40 dias. A PBH mantém seu posicionamento de não pagar o Piso Salarial Nacional para os agentes enquanto não houver adicional do repasse do Ministério da Saúde. A próxima assembleia foi agendada para dia 19, quinta-feira, às 9h, na Praça da Estação.
Belo Horizonte ainda tem daquelas coisas que são comuns em cidades pequenas. Como o morador acima, da região do Baixo Onça, que há 20 anos, faça chuva ou faça sol, entrega todos os dias o leite na casa da vizinhança. Felizardos vizinhos. (Enviado pela leitora Luana Dayrell)
Pe. Henrique Moura
Mauro Santayana
“Ressuscitarei na luta de meu povo”
O “fim” do Brasil
Nos anos 70 muitos países da América Latina e Central viviam terríveis ditaduras. Em todos eles, várias instituições e pessoas se destacaram na luta pela vida, pela democratização de seus países. Nesse contexto, emerge a figura de dom Oscar Romero, arcebispo de São Salvador, em El Salvador. Aos poucos ele foi percebendo a opressão política, econômica e social sobre seu povo, orientada pelos Estados Unidos. Dom Romero, inspirado pelo evangelho de Jesus, pelo Concílio Vaticano II, falava todos os domingos em programa da rádio local. Denunciava torturas, desaparecimentos e a falta de liberdade de expressão e direitos. Propunha diálogo, mudanças estruturais para que a vida do povo fosse respeitada e a justiça Dom Oscar Romero será fosse feita. Foi se torcanonizado nando incômodo para os militares que governavam o país, para os ricos e até mesmo para colegas bispos, padres e alguns cristãos(as) apoiadores(as) dos militares e da ditadura. Até que em março de 1980, denunciando mais uma vez as torturas e injustiças, chama a atenção dos próprios soldados, dizendo-lhes que não podiam obedecer às ordens de seus superiores que ordenavam matar seus irmãos(as). Foi fatal! No dia 24 de março de 1980, enquanto celebrava missa na capela do hospital onde morava, foi assassinado a mando da repressão. Agora o Papa Francisco reconheceu - depois de 35 anos! - que Dom Oscar deu a vida pela justiça e pela defesa dos pobres e dos direitos humanos. Por isso será canonizado. Depois de 35 anos, podemos reconhecer que o que ele dizia - “se me matarem ressuscitarei na luta dos pobres” - aconteceu não só em El Salvador, mas em todos aqueles países que viviam sob ditadura.
Já há alguns meses, grassam na internet mensagens com o título genérico de “O Fim do Brasil”, defendendo a tese de que a nação vai quebrar nos próximos meses. Na análise econômica, o que interessa são os números e os fatos. Segundo dados do Banco Mundial, o PIB do Brasil passou, em 11 anos, de US$ 504 bilhões em 2002, para US$ 2,2 trilhões em 2013. Nosso Produto Interno Bruto cresceu mais de 400% em 10 anos. Para se ter ideia, o México não chegou a duplicar de PIB no período, passando de US$ 741 bilhões em 2002 para US$ 1,2 trilhão em 2013; os Estados Unidos o fizeram em menos de 80%. Passamos de 0,5% do tamanho da economia norte-americana para quase 15%. Devíamos US$ 40 bilhões ao FMI, e hoje temos mais de US$ 370 bilhões em PIB do Brasil cresceu 400% reservas internacioem dez anos nais. Nossa dívida líquida pública, que era de 60% há 12 anos, está em 33%. A externa fechou em 21% do PIB, em 2013, quando ela era de 41,8% em 2002. Em valores nominais, as vendas nos supermercados cresceram quase 9% no ano passado. A proporção de famílias sem condições de pagar dívidas em atraso também diminuiu, de 6,9% para 6,3%. O Brasil não vai acabar em 2015. Mas se nada for feito para desmitificar a campanha antinacional em curso, poderemos assistir ao “fim do Brasil” como o conhecemos. Para evitar que isso aconteça, grandes e pequenos investidores precisam ser estimulados a investir na Bolsa, antes que só os estrangeiros o façam. O combate à corrupção – com a punição dos responsáveis – deve ser entendido como um meio de sanar nossas grandes empresas, e não de inviabilizá-las como instrumentos estratégicos para o desenvolvimento nacional. É legítimo que quem estiver insatisfeito combata a aliança que está no poder, mas não o destino do Brasil e o futuro dos brasileiros.
Pe. Henrique Moura é presbítero da Arquidiocese de Belo Horizonte e do Fórum Político Interreligioso.
Mauro Santayana é jornalista e mantém a página www.maurosantayana.com, onde está a íntegra deste artigo
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BRASIL
Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
Ajuste fiscal só no bolso do trabalhador ECONOMIA Medidas para equilibrar contas públicas atingem pobres e classe média, mas preservam privilégios dos mais ricos Marcos Santos/USP Gabriel Brito do Correio da Cidadania A lógica é sempre a mesma. O país afetado pela crise econômica, dólar em alta, crescimento em baixa, déficit nas contas. O remédio para tudo isso, claro, é economizar, promover o chamado “ajuste fiscal”. O problema é que o alvo do ajuste são sempre os trabalhadores. As medidas até agora anunciadas pelo governo federal só incidem no bolso e na vida dos mais pobres. O objetivo declarado do Ministério da Fazenda é poupar R$ 66,3 bilhões, valor que corresponde a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, a geração de riqueza da economia brasileira. É o chamado superávit primário, a economia que demonstra o compromisso do governo em pagar os juros da dívida pública, favorecendo banqueiros e rentistas à custa de recursos que poderiam servir a áreas sociais. Logo nas primeiras semanas de janeiro, a ordem presidencial foi reduzir R$ 1,9 bilhão do orçamento de ministérios e outros órgãos federais. A decisão teve forte impacto, por exemplo, na Educação, pasta que teve corte de despesas administrativas de mais de meio milhão de reais.
Aumento de impostos Para chegar à meta de economia de vários bilhões, foram reajustados impostos federais como PIS/Cofins e a Cide sobre os combustíveis e sobre a importação. Também dobrou-se o percentual, de 1,5% para 3%, do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), encarecendo a tomada de empréstimos de curto prazo. Sem con-
A defasagem na tabela do IR acumulada desde 1996 chega a 64,28% tar os aumentos nas contas de luz, que neste ano podem ultrapassar os 40% na maioria dos estados. Em termos de impostos, uma medida mais impactante para os trabalhadores e classe média nesse começo de ano foi o veto da presidenta Dilma ao reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda (IR). Se o aumento tivesse sido aprovado, as pessoas que ganham até R$ 1.903,98 não precisariam prestar contas à Receita Federal. Atualmente, quem ganha a partir de R$ 1.710,79 já paga 7,5% de imposto. “O contribuinte mais uma vez é o maior sacrificado”, lamenta Cláudio Damasceno, presidente do Sindica-
Medidas anunciadas até agora para enfrentar crise econômica incidem no bolso e vida dos mais pobres
to Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (SindFisco). A defasagem na tabela do IR acumulada desde 1996 chega a 64,28%. Significa que as faixas de tributação não acompanharam a inflação do período, de modo que trabalhadores com menor renda passaram a pagar imposto, enquanto trabalhadores de maior renda tiveram o índice de cobrança congelado, já que acima de R$ 4.271,59, o índice é único (27,5%), mesmo se o salário ou rendimento for de R$ 20, R$ 40 mil ou mais por mês. O SindFisco propõe que se crie uma faixa de tributação sobre a renda para grandes rendimentos. Essa
Guardas Municipais sindicalizem no Sindibel O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte - Sindibel, que representa legitimamente os Guardas Municipais de BH, tem lutado com todas as forças para conquistar avanços para a categoria.
Trabalhador filiado, sindicato forte! Av. Afonso Pena, 726, 18º andar, Centro - Tel: 3272-9865 - Site: www.sindibel.com.br
medida, além de ser mais justa, atenuaria a queda na arrecadação de impostos com o reajuste na tabe-
la, que é justamente o argumento alegado pelo governo para não corrigir os índices.
Injustiça tributária brasileira Carga de impostos sobre os mais pobres é 10% maior do que a cobrança para minoria rica Nenhuma das medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo enfrenta o desigual sistema tributário brasileiro. De acordo com a Constituição Federal, em seu artigo 145, “os impostos, sempre que possível, terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte”. Na prática, ocorre exatamente o inverso. Cerca de 40% da carga tributária é composta por impostos indiretos, que são aqueles embutidos nos produtos, que acabam pesando mais no bolso dos mais pobres ao fazer compras no supermercado, por exemplo. Como resultado, a população de mais baixa renda compromete 32,8% dos seus
rendimentos com impostos, enquanto os 10% mais ricos gastam 22,7% da sua renda com tributos. “As classes médias e os mais pobres pagam, proporcionalmente, muito mais impostos que os mais ricos. E é por isso que acho que são os ricos, prioritariamente, que devem arcar com o ônus do reequilíbrio fiscal”, afirma o senador Lindberg Farias (PT-RJ). Uma das injustiças mais criticadas por entidades que atuam no tema, como o SindFisco, é a isenção fiscal sobre lucros e dividendos de sócios ou acionistas de empresas, instituída em 1996 pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Enquanto os lucros e dividendos gozam de
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Reprodução/Wikimedia Reprodução/Wikimedia
IPVA para jatinhos De acordo com o SindFisco, o sistema tributário também deveria incidir sobre bens de luxo, como lanchas e jatinhos. “Cabe lembrar que o Brasil é o país com a segunda maior frota de aviões executivos e o maior conjunto de helicópteros urbanos do mundo. Os proprietários geralmente possuem renda ou patrimônio elevado e, por isso, capacidade maior de contribuir para o financiamento do Estado”, defende documento do sindicato.
isenção, os rendimentos provenientes do trabalho submetem-se a alíquotas crescentes, de até 27,5%”, informa cartilha do sindicato sobre desafios tributários do Brasil. O Imposto Territorial Rural (ITR) também é alvo de crítica. No país do agronegócio, com enormes e lucrativos empreendimentos no campo, gran-
des fazendas e latifúndios, esse imposto só recolheu para os cofres públicos o percentual de 0,04% da carga tributária total. Propriedade rural de dezenas de quilômetros quadrados paga menos imposto do que imóveis urbanos nas cidades, que têm de arcar anualmente com taxas crescentes de IPTU.
Imposto sobre grandes fortunas Outra medida reivindicada na sociedade é a regulamentação da cobrança de imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição Federal. Países como França e Suíça aplicam essa cobrança para corrigir distorções tributárias e garantir mais igualdade e justiça social entre os cidadãos que pagam impostos.
No dia 12 de fevereiro, o assassinato da missionária Dorothy Stang completa dez anos. Os mandantes do crime, Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Pereira Galvão, continuam em liberdade. Irmã Dorothy trabalhou por mais de 30 anos com pequenos produtores agroextrativistas, no sudoeste do Pará e defendia a distribuição da terra.
PL da terceirização é desarquivado e pode ir ao plenário da Câmara O Projeto de Lei 4.330/04, que expande a terceirização, foi desarquivado na terça (10). De autoria do ex-deputado Sandro Mabel (PMDBGO), o PL está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados. A votação em plenário depende do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que precisa incluir a matéria na ordem do dia. Essa decisão é tomada no âmbito do Colégio de Líderes. Há forte tendência de o projeto ir à frente, tendo em vista a composição da Câmara empossada no dia 1º de fevereiro de 2015. Trata-se de uma composição mais conservadora, com uma bancada empresarial que manteve sua força e poder, com 220 representantes na Câmara. A bancada sindical,
que na legislatura passada tinha 83 representantes na Casa, agora tem 51. Senado Além da investida a favor da terceirização na Câmara, pode voltar à tramitação no Senado projeto idêntico ao PL 4.330. Trata-se do PLS 87/10. De autoria do ex-senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o texto aguardava parecer para discussão e votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso retorne ao debate na CCJ ainda será apreciado pela Comissão de Assuntos Sociais, em decisão terminativa. O PLS 87 foi arquivado no final da legislatura, mas poderá ser desarquivado mediante requerimento de qualquer senador, com apoio de 27 colegas.
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MUNDO
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Sócios alemães pedem explicações de Siemens
Bachelet termina ano legislativo com reformas aprovadas
CRIME Acionistas pediram que a multinacional explicasse informação da Comissão Nacional da Verdade de que Siemens financiou Oban
AMÉRICA DO SUL Presidenta do Chile começou a aprovar reforma educacional e leis de direito à herança para casais homossexuais
Felipe Amorim Operamundi Durante a reunião anual de prestação de contas da multinacional alemã Siemens, em Munique, um grupo de acionistas minoritários questionou a empresa por seu envolvimento com a ditadura militar brasileira (19641985). Ao exigir esclarecimentos, a Associação de Acionistas Críticos fez uso do relatório final da CNV (Comissão Nacional da Verdade), que cita a Siemens como uma das financiadoras da Oban (Operação Bandeirante), órgão da repressão que mais tarde daria origem ao DOI-Co-
di — o principal centro de tortura e morte do regime militar. “A Siemens deve encarar sua responsabilidade histórica e admitir os atos que cometeu”, assinala o documento entregue pela associação e lido dian-
A empresa financiou repressão na América Latina te dos demais acionistas e diretores da multinacional em reunião em janeiro. Ao expor o caso na reunião, Christian Russau, membro da diretoria da Associação dos Acionistas Críticos, acrescentou que relatos dão conta de
que, no total, 66 pessoas foram assassinadas nas dependências do complexo Oban/DOI-Codi, entre as quais 39 morreram sob tortura. O acionista também inquiriu Joe Kaeser, CEO da Siemens, perguntando se a empresa tem conhecimento sobre o conluio e se há planos para investigar as denúncias. Kaeser disse que a Siemens, ao ter notícia do envolvimento, pesquisou nos arquivos financeiros e não encontrou nada. A Associação de Acionistas Críticos é um grupo sem fins lucrativos que possui ações em mais de 25 das maiores empresas da Alemanha.
Victor Farinelli Santiago Michelle Bachelet termina o primeiro ano legislativo do segundo mandato com pelo menos uma das três reformas prometidas na campanha totalmente aprovada. A Câmara dos Deputados aprovou as alterações feitas pelo Senado em um capítulo da reforma do sistema educacional para o ensino médio e fundamental. Agora, falta apenas a sanção da presidente. Além disso, também foi concluído esta semana o último trâmite do proje-
to que possibilita acesso à herança aos casais homossexuais no Chile, primeira lei que garante direitos civis aos casais gays no país. O último capítulo apro-
Falta apenas sanção da presidenta vado na reforma educacional estava na pauta do Movimento Estudantil, como a proibição do lucro nos estabelecimentos educacionais de ensino fundamental e médio, o fim do sistema de financiamento compartilhado e da seleção de alunos por critérios socioeconômicos, étnicos ou religiosos.
a c i s í F o ã ç a c u d E e d a n i l p i c s i d . l a a t d n o e n m r a o t d n Re u F o n i s n E o d s i a i c i n i s o aos an s, e r o d a c u d e s o d ta is u q n o c a m u Mais a m u r o p m ta lu e u q s te n a d u st e movimentos sociais e is a r e G s a in M m e e d a d li a u Q e d a c li b Educação Pú m
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ENTREVISTA 11
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“Eu vou ser o que eu quero, não o que querem que eu seja” MÚSICA Dona Eliza conta sua história de vida, carreira e dificuldades para se consolidar como sambista Larissa Costa
Raíssa Lopes Para quem não conhece, ela logo se apresenta: “sou cantora, compositora e meu apelido artístico é Dona Eliza”. Ana - seu primeiro nome - para os conhecidos e Pretinha, para o pai, a sambista de 66 anos de idade e 35 de carreira faz parte da Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte e já participou de importantes carnavais na cidade. Nascida em Águas Formosas, no Vale do Mucuri, tem nas raízes o batuque e herdou do pai a paixão pela música. Fez parte da Escola de Samba Unidos dos Guaranis e Cidade Jardim, onde gravou o samba enredo de 2010. Compôs também, junto ao músico Mandruvá, o samba de 2015 da Acadêmicos de Venda Nova, “O Toque Dourado de Midas”. Brasil de Fato - Quando a senhora percebeu o seu interesse pela música? Dona Eliza - Lido com música desde menina, comecei aos 10 anos. Meu pai me estimulou a compor. Ele era batuqueiro e violeiro, mas não sabia nem ler nem escrever. Ele me falava o que queria colocar na música e eu es-
“Minha mãe sempre falava pra gente: ‘recuar sempre, desistir nunca” crevia no papel. Ali a gente formava os versos e botava a melodia. Minha primeira composição foi “Cativa Mulata”, em homenagem à minha mãe. É muito bonita, é uma relíquia, coisa de infância, história de família. Daí pra frente não parei mais. E a carreira artística, como começou? Além do meu pai, meus
ar sempre, desistir nunca”. Logo que cheguei, comecei a trabalhar em um frigorífico, até que encontrei - Deus o tenha na Santa Glória! - Seu Jadir Ambrósio, que disse que precisava de mim na Velha Guarda. Aí comecei a participar e a gente fez show aqui e acolá. As coisas foram acontecendo e graças a Deus, agora estou bem!
irmãos também tocavam. Mas fui só eu da família que resolveu correr atrás. Lá pros meus 17 anos fui para o Rio de Janeiro para tentar alguma coisa na
“Não vou dizer que foi fácil, passei um bocado de coisa, viu? É difícil você nadar entre paióis...” música. Morei lá sete anos, mas a situação complicou porque você chega num lugar diferente, não conhece ninguém, então dificilmente consegue alguma coisa. Lá eu trabalhei em casa de família pra ter onde morar, pra depois eu me empenhar na coisa. Quando vi que não teria uma abertura pra mim, vim-me embora. Você voltou para Águas Formosas? Inicialmente sim, fui ver como minha mãe estava. Ela disse pra mim: “cê vai ficar?”. Eu disse que não, iria pra BH. Ela insistia: “nossa, filha, você vai bater de frente com a capital? Deixa isso pra lá...”. Eu disse: “deixo não. É um sonho meu. Eu sou negra sim, vai ser difícil, mas não tem como mudar esse sonho, essa coisa de querer ser. E eu vou ser o que eu quero, não o que querem que eu seja”. E ela? Disse “você que sabe!” (risos). Depois disso você veio para Belo Horizonte... Quando vim pra cá, também não conhecia ninguém. Então comecei a perambular por aí, mas assim, sempre procurando um trabalho para não praticar erros incorrigíveis. Eu costumo dizer que errar todos erramos, mas coi-
“Eu não perdi dinheiro na música, mas também não ganhei o suficiente pra que eu possa fazer um CD”
“Já cheguei a ficar em último lugar em concurso de marchinhas, não por merecer, mas por conta da vaidade masculina, porque tinham mais homens e de mulher compositora só tinha eu” sas que podemos corrigir, assentar a cabeça e reagir. Então pra eu não cair em coisa errada como droga e prostituição (o que não faltou convite), pedi serviço numa casa em troca de comida. Lá trabalhei cinco anos e aproveitei pra fazer um certo conhecimento do lugar, das ruas. Frequentava barzinhos, fiz amizades. Foi quando me
entrosei com pessoas da música e vim tocando o bonde. Não vou dizer que foi fácil, passei um bocado de coisa, viu? É difícil você nadar entre paióis... Nessa época consegui uma apresentação na Rádio Inconfidência, num programa chamado “Hora do Sertanejo”, mas tudo ficou muito difícil e eu decidi voltar para o interior. Mas aqui na capital você se consolidou como cantora e compositora. Como isso aconteceu? Fiquei 14 anos afastada da música e daqui de BH. Quando minha mãe faleceu, decidi voltar. Ela sempre falava pra gente “recu-
Como é ser sambista mulher? Existem muitas dificuldades, machismo, preconceito... Sabe aquela coisa de “é mulher? Vamos dar um ‘chega pra lá’ nela!”. Aquela que acha que não consegue sai fora, mas aquela que tem sangue no olho bate de frente. Eu bato! Não vem não, não bate o pé pra mim que eu não corro. Já cheguei a ficar em último lugar em concurso de marchinhas, não por merecer, mas por conta da vaidade masculina, porque tinham mais homens e de mulher compositora só tinha eu. Analisando a sua carreira hoje, a senhora chegou aonde queria? Acha que realizou o sonho da menina de 17 anos? Em parte. Porque ainda quero conseguir gravar meu CD. É muita dificuldade de dinheiro, a gente vive numa correria danada, os músicos cobram caro pra trabalhar com a gente. Eu não perdi dinheiro na música, mas também não ganhei o suficiente pra que eu possa fazer um CD. Mas eu espero em Deus que antes de partir dessa pra melhor eu consiga.
Dona Eliza já compôs mais de 500 músicas. A artista se apresenta com Dona Jandira no próximo dia 17, terça-feira de carnaval, no palco do Alfândega Bar. No dia 4 de março, as duas apresentarão o projeto “Elas cantam o que há de novo”, no Teatro Francisco Nunes.
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CULTURA
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l a v a n r Ca
Flávia Mafra
Blocos e batuques
Bloco de pré-carnaval mais tradicional de Belo Horizonte, a Banda Mole comemora o seu 40º aniversário neste ano. Criada durante a ditadura militar, em 1975, por um grupo de intelectuais e operários como forma de protesto, a Banda Mole resiste e tomou características de evento de grande massa, embalada pelos trios elétricos arrastando multidões pela Avenida Afonso Pena. Desde 2004, a banda tem data definida por lei municipal, como forma de garantir infraestrutura e segurança.
Escolas de samba
Há alguns anos, o atual contexto político de Belo Horizonte e insatisfação da população reergueram uma antiga tradição popular: os bloquinhos de rua que, por sua vez, adicionaram um teor mais contestador à festa. A diversidade é a grande característica do novo carnaval belo-horizontino, no qual a irreverência, humor ou crítica estão sempre presentes. A tradição também faz parte da folia, com os grupos de batuque já conhecidos pelos mineiros. Entre blocos cadastrados e não cadastrados, a Belotur estima o desfile de 200 grupos. São inúmeras as opções e para conferi-las, acesse o roteiro de sites que o Brasil de Fato MG selecionou, com a programação oficial do Carnaval 2015.
Onde pular o carnaval São mais de 200 atrações, entre escolas de samba, blocos caricatos, bailes e blocos de rua. E para saber o que está rolando e não perder “aquele” bloco que esperou o ano todo, é bom dar uma olhadinha na programação e montar o seu roteiro antes de sair pra folia. Na página carnavaldebh.com.br está a programação oficial, com destaque para o desfile na avenida Afonso Pena, que na segunda (16) traz os Blocos Caricatos e na terça (17) as Escolas de Samba. Ali também estão os blocos de rua que fizeram a inscrição na Belotur e atrações dos mais de 10 palcos montados pela prefeitura. Além disso, a Corte Real Momesca - com direito a duas princesas, rainha e, claro, o Rei Momo - ganha agenda especial no Carnaval BH 2015. O Facebook é também uma importante ferramenta de busca para o Carnaval BH. Muitos blocos têm suas próprias páginas e eventos, mas alguns reúnem a maioria da programação não-oficial. São eles: Carnaval de rua BH e Viva o Carnaval BH.
Maurício de Souza/Acervo Belotur
Divulgação Belotur
Banda Mole
Durante a construção de Belo Horizonte, os operários que trabalhavam nas obras da cidade começaram a desfilar fantasiados pela região da Praça da Liberdade. De rostos pintados, eles batiam latas e tambores em cima de carroças. Logo, iniciaram-se os chamados bailes populares e também as batalhas de confetes. Assim, sem pretensão, a periferia criava as primeiras escolas de samba da capital. Apesar de hoje estarem mais estruturadas, as escolas ainda enfrentam dificuldades para montar os desfiles, que acontecem muitas vezes devido ao empenho da comunidade. Conferir o resultado das escolas de samba na avenida, além de grande atração, proporciona ao público um pouco da memória de BH e daqueles que ergueram, com muito suor, a história da cidade.
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Chapolin “Ei, Chapolin, joga água em mim!”. Quem já participou do Bloco da Praia ou da Praia da Estação com certeza já ouviu essa frase. A Chapolin já se tornou personagem característico do carnaval de BH e, sem ela, a festa não seria a mesma. Mas quem está por trás da fantasia? Brasil de Fato - Quem é a Chapolin? Meu nome é Denise Lopes Leal, tenho 30 anos, sou atriz, produtora e apaixonada pelo carnaval! Você mesma criou o personagem? Como surgiu a ideia e por quê? Em janeiro de 2010, comecei a trabalhar no Teatro Espanca!, ali na Aarão Reis, e no carnaval subi na marquise do teatro e joguei água nos foliões quando o Bloco da Praia passou. No ano seguinte, comprei uma fantasia de Chapolin e fiz a mesma coisa, quando o bloco passou, subi na marquise e joguei água. E as pessoas começaram a cantar: “Ei, Chapolin joga água em mim! E aí pegou. Comecei a ir de Chapolin na Praia da Estação e jogar água do caminhão-pipa e não parei mais. Pra mim é como uma performance. Me divirto muito. E nesse tem mais! Tem até Bloco do Chapolin! Esse ano você vai jogar água nos foliões? Com certeza! O Bloco do Chapolin vai sair junto com o Bloco da Praia no sábado, dia 14. Às 12h, ele sai da Praça da Estação em direção à Raul Soares, com duas paradas: na porta do Teatro Espanca!, com a famosa mangueira nos foliões, e na porta da prefeitura tem o caminhão-pipa, onde temos o ato simbólico de lavar a sujeira da PBH e dar banho na população.
Dicas para curtir o carnaval “adoidado” Beba muita água: a hidratação é fundamental para o corpo não reclamar da folia. Sucos naturais e água de coco são também ótimas opções. Que tal levar uma garrafinha de casa?
Não bebeu água o suficiente e está com ressaca? Um copo de limão com água, sem açúcar, a cada quatro horas vai melhorar o astral e deixar o corpo pronto pra outra.
Vai seguir os blocos? Então leve uma marmita! Pão, frutas e castanhas são boas opções energéticas. Se for comer na rua, evite frituras e alimentos gordurosos. Seu organismo irá agradecer. Sapatos confortáveis e fechados, com sola baixa, garantem uma folia duradoura. Você não vai querer voltar antes pra casa com bolhas nos pés, vai? Ah! Bonés e chapéus são bem vindos! Use protetor solar. Ficar muito tempo exposto ao sol pode causar vermelhidão e ardência e isso atrapalha qualquer carnaval. E cuidado com as maquiagens, elas podem causar alergias e até queimaduras. Que tal experimentar colorau? É um corante natural e pode até virar pintura.
Se for beber, não dirija! Os números de acidentes em feriados aumentam muito. Escolham sempre o motorista da rodada ou voltem de táxi. Pensem nas outras pessoas que estão na rua!
Arrumou um romance? Proteja-se! Em BH, serão distribuídos 450 mil preservativos. Então não tem desculpa. Use camisinha sempre!
O que não rola nesse carnaval! É tempo de se fantasiar, de dançar e de curtir o calor que só o verão brasileiro proporciona! Só que nesse clima, muita gente leva pra folia também muito preconceito, discriminação e machismo. Por isso, o Brasil de Fato MG dá algumas dicas do que NÃO (grande mesmo) pode fazer no carnaval (e em nenhuma outra ocasião) para não estragar a festa de ninguém: - Beijo forçado: Não pode. Se as mulheres não querem, não insista! Não é Não. Passada de mão, cantada e fiu-fiu são formas de violência e não podem ser tolerados! - Música homofóbica: Já deu, né?! Chega de reproduzir preconceito por meio das marchinhas e músicas que caricaturam as pessoas. Que tal aceitar que, assim como o carnaval, o mundo é diverso?
- Usar desculpas esfarrapadas, como “ela mereceu porque bebeu demais” ou “quem mandou usar uma roupa tão curta”. As roupas que as mulheres vestem ou a bebida que elas tomam não são culpadas pelo assédio que elas sofrem. O problema está em quem violenta! E não custa lembrar que uma “encoxada” indesejada também é agressão! - Piadas racistas: de jeito nenhum! Mesmo o racismo sendo crime no Brasil, tem gente saindo por aí com fantasias que estereotipam o povo negro. “Nega maluca” não é fantasia, mulher não é objeto e racismo não é engraçado. - O carnaval é uma festa linda e faz parte da cultura popular. Por isso vá de coração leve, não reproduza os preconceitos e espalhe boas energias!
14 VARIEDADES
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O que precisa de tratamento ĂŠ a homofobia
TragĂŠdia ĂŠ pouca na vida de ClĂĄudio (JosĂŠ Mayer) e Beatriz (Susy RĂŞgo). Os dois jĂĄ caĂram nas garras do fofoqueiro TĂŠo Pereira (Paulo Betti), que jogou aos quatro cantos a bissexualidade do rapaz, foram alvo do preconceito nas ruas, o que levou a mo-
ça a capotar o carro, perderam o respeito e a convivência com o filho homofóbico, Enrico (Joaquim Lopes), que abandonou a noiva no altar após um ataque de homofobia e jå tentou boicotar o restaurante do pai. Para piorar a ficha macabra do casal e sua fa-
mĂlia, agora ClĂĄudio estĂĄ entre a vida e a morte. Felipe (LaĂŠrcio Fonseca), exfuncionĂĄrio e responsĂĄvel por executar o plano de boicote do restaurante, vem perseguindo e ameaçando a Enrico, desde que foi seduzido e trapaceado por ele. Diante de mais uma rejeição, o moço surta e parte pra cima do homofĂłbico com um espeto. ClĂĄudio entra no meio dos dois para salvar o filho e acaba ferido, perdendo muito sangue. O autor de ImpĂŠrio, Aguinaldo Silva, vem dando destaque Ă trama coadjuvante da histĂłria, e assim, jĂĄ contribui com a abordagem do universo gay pelas nove-
las, tĂŁo mais frequente nos Ăşltimos anos, ufa! Desta vez, a homofobia ĂŠ o centro da discussĂŁo, e nĂŁo mais a aceitação pessoal da homossexualidade e os dolorosos processos de “saĂda do armĂĄrioâ€?. O autor deslocou a questĂŁo do outro com quem o homossexual se relaciona e a amargura sentida pelo outro que nĂŁo aceita as diferentes sexualidades. Enrico sofre de uma patologia grave. Ele perde o controle da razĂŁo e de seus atos quando o tema ĂŠ a homossexualidade. Mesmo emocionado com a grave situação do pai apĂłs ser ferido, nega doar sangue para ele e cai em agonia. Ele precisa ser trata-
do para compreender, respeitar e conviver com seu pai bissexual e com a sociedade, que ainda engatinha na efetiva realização dos direitos dos homossexuais. Espero que a tragĂŠdia do momento seja superada pela famĂlia de Enrico e que ele consiga superar sua fobia antes mesmo da homofobia ser criminalizada e ele precisar levar sua questĂŁo para a justiça, alĂŠm do divĂŁ. Sugira temas e converse comigo no quimvela@brasildefarto.com.br Bom carnaval! Alegria, axĂŠ, balanceio, amor e camisinha!
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).
Sou diabĂŠtica e uso insulina. Estou revoltada porque no posto de saĂşde estĂŁo me fornecendo poucas seringas e agulhas. Tenho que reutilizĂĄ-las oito vezes. JĂĄ tentei brigar lĂĄ, mas dizem que ĂŠ norma do MinistĂŠrio da SaĂşde. Isso ĂŠ verdade?
www.coquetel.com.br
Š Revistas COQUETEL
Maria MercĂŞs, 58 anos
Infelizmente isso ĂŠ verdade sim, Maria. Existe uma norma do MinistĂŠrio da SaĂşde que diz que a agulha/seringa pode ser reutilizada no domicĂlio pela mesma pessoa para aplicação de insulina por atĂŠ oito vezes. Em 2013, o MinistĂŠrio PĂşblico tentou questionar essa norma e atĂŠ conseguiu uma liminar favorĂĄvel, porĂŠm a AGU (Advocacia Geral da UniĂŁo) derrubou essa liminar alegando que nĂŁo hĂĄ estudos que comprovem prejuĂzos para os pacientes que reutilizam as agulhas/seringas, alĂŠm de gerar um custo muito alto o fornecimento desse insumo para uso Ăşnico. Sabemos que a agulha reduz o poder de corte quando reutilizada, causando mais dor e dificuldade na aplicação. Acredito ser necessĂĄria uma mobilização dos usuĂĄrios para discutir melhor com o governo possĂveis mudanças nessa norma.
Solução
Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.
Mande sua dĂşvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui vocĂŞ pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da SaĂşde
Querida JanaĂna, a dor na barriga ĂŠ um dos sintomas que os vermes provocam. Alguns causam tambĂŠm diarreia frequente, perda de peso, falta de apetite, etc. PorĂŠm, alĂŠm dos vermes, muitas outras doenças podem causar dor na barriga. É mais seguro levar a criança para avaliação mĂŠdica para uma condução correta do caso. Pode ser que seja somente manha, mas como saber sem verificar?
Amiga da saĂşde, criança que tem muita dor na barriga pode estar com verme? Meu filho queixa sempre, mas acho que ĂŠ manha dele. JanaĂna Ribeiro, 34 anos, secretĂĄria
ESPORTE
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na geral Sul-americano de vôlei Confederação Brasileira de Voleibol
Faltando poucas rodadas para o fim da fase classificatória da Superliga, a equipe de vôlei do Cruzeiro, já classificada para os playoffs, viajou nesta semana a San Juan, Argentina, para disputar o Sul-americano. A competição garante vaga no Campeonato Mundial de Clubes, que, como na última edição, será realizado em Belo Horizonte, entre os dias 5 e 10 de maio. A equipe mineira vai em busca do tricampeonato sul-americano.
Eleições na FIFA Facebook/Luis Figo
Greve pode para Campeonato Espanhol
na geral
CONFLITO Clubes da Espanha querem redistribuição dos direitos de TV
Recorde no salto com vara
Wikimedia
Comitê Olímpico Brasileiro
Wallace Oliveira Na última quarta-feira (11), em entrevista a uma rádio da Espanha, Joan Collet, presidente do Espanyol, declarou que vários clubes da primeira divisão do país estão dispostos a fazer uma greve. Eles querem que o governo aprove uma lei de renegociação coletiva dos direitos de TV. “Nós estamos prontos para parar o campeonato se isso não sair em uma, duas ou três semanas”, declarou Collet. Atualmente, o dinheiro repassado pelas emissoras de TV aos clubes está sobremaneira concentrado nos cofres de Real Madrid e Barcelona. Juntos, os dois maiores da Espanha recebem quase a metade de toda a cota de TV, cujo montante é de 735 milhões de
Joan Collet ameaça greve, se não houver negociação coletiva dos direitos de TV
dólares, aproximadamente. Este é um dos fatores pelos quais Real e Barça sempre estão em condições favoráveis para formar as melhores equipes. Não por acaso, nas últimas 11 edições do Campeonato Espanhol, os dois clubes só não foram campeões duas ve-
zes. O protesto dos clubes menores também é motivado pelo novo acordo firmado na Liga Inglesa. Lá, os clubes negociam coletivamente com as empresas de TV e as cotas são distribuídas de maneira menos desigual.
Você Sabia? No Brasil, o dinheiro que as emissoras de TV pagam pela transmissão dos jogos de futebol está concentrado nas mãos de alguns poucos clubes. Para se ter uma ideia, Flamengo e Corinthians, com R$ 110 milhões/ano, cada, recebem 60% a mais do que Atlético/MG, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Inter. O Projeto de Lei 7681/14 propõe rever essa distribuição, mas a discussão está parada no Congresso Nacional.
Ciclismo
Onde: em frente ao Colégio Arnaldo. Avenida Carandaí, 331. Savassi, BH. Quando: 15 de fevereiro. Concentração às 9h, saída às 9h30 Informações: bikeanjobh@ gmail.com
Tai Chi Chuan
Onde: Praça do Trenzinho, Parque Municipal. Centro, BH. Quando: sextas-feiras, das 8 às 9h, e sábados, das 8 às 10h. Informações: marcellgiffa@ ig.com.br.
No último domingo (8), a brasileira Fabiana Murer brilhou no campeonato mundial de salto com vara, disputado em Nevers, na França. A atleta faturou medalha de ouro, ao atingir a marca de 4,83 metros no salto em pista coberta. Com o feito, ela desbancou seu próprio recorde sul-americano, de 4,82m, alcançado em 2010. Os próximos desafios de Fabiana são os Jogos Pan -Americanos de Toronto, em julho, e o Mundial de Pequim, em agosto.
Chances para poucos Reprodução
Reprodução/Portal Brasil
Pratique esportes
São quatro os candidatos que disputarão as eleições para presidente da FIFA, no dia 29 de maio. Além de Joseph Blatter, que tenta a reeleição mesmo envolto em inúmeros escândalos de corrupção, o príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein, o presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael van Praag, e o ex-jogador Luis Figo concorrem ao cargo. Os nomes foram oficializados esta semana, após análise do Comitê de Ética da entidade.
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O Bike Ano BH reúne o pessoal do Pedal dos Rôia e do Pedal do Chaves, em um passeio seguro e divertido pela cidade. É importante manter em ordem o equipamento de ciclismo.
Tai Chi Chuan é uma arte marcial e uma forma de meditação em movimento, que permite trabalhar a autodefesa, saúde e equilíbrio. Para participar das aulas, é necessário fazer inscrição.
O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.
Estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Futebol da Universidade Federal de Viçosa constatou que, dos quase 3 mil jogadores avaliados nas “peneiras” anuais dos clubes da Série A, apenas 25 são aprovados para integrarem as categorias de base. Analisadas as chances de ingresso no profissional, a proporção cai para sete. Entre os motivos para os baixos índices, a pesquisa apontou a falta de investimento na formação social do atleta.
16 ESPORTES
Belo Horizonte, 13 a 26 de fevereiro de 2015
Cárdenas vem aí
FRASE DA SEMANA
ESTREIA Colombiano pode jogar contra a Pantera
Instagram/Ibrahimovic Bruno Cantini
Wallace Oliveira No sábado (14), o Galo receberá o Democrata-GV no Independência, às 19h30. A novidade pode ser a estreia do meia Sherman Cárdenas, uma das principais contratações da temporada 2015. O nome do colombiano já consta no Boletim Informativo Diário da CBF, o que permite que ele atue em jogos oficiais. Cárdenas tem 25 anos e é natural da cidade de Bucaramanga. Foi revelado pelo Atlético Bucaramanga em 2005, depois passando por Milionários, La Equidad e Junior Barranquilla, até chegar ao Atletico Nacional, como substituto do meia Macnelly Torres. No ano passado, foi um dos grandes responsáveis pela eliminação do Galo
“
Isso é o mais perto que vocês podem chegar de mim agora. Não se esqueçam de tirar fotos.
”
O meia De Arrascaeta é a principal contratação do Cruzeiro na temporada
na Libertadores. De acordo com a imprensa colombiana, o Atlético desembolsou 500 mil dólares pelo empréstimo de Cárdenas até o fim do ano. A nova contratação alvinegra tem apenas 1,68m, mas muitas qualidades técnicas. Destaca-se pelo controle da
O atacante Zlatan Ibrahimovic, rei da cocada preta, tirando onda com a estátua de cera inaugurada em sua homenagem, no museu Grevin, em Paris.
bola, movimentação, bom passe e chute de fora da área. Em seus bons momentos, será uma das principais armas ofensivas do técnico Levir Culpi. Pode atuar compondo a marcação com os volantes e armando o jogo pelo centro ou pelos lados.
Gol de placa Ao contratar o zagueiro Paulo André, o Cruzeiro mandou muito bem. Bom jogador, experiente em Libertadores e com uma carreira vitoriosa, vai contribuir dentro do campo. Membro do Bom Senso FC e adversário dos dirigentes da CBF, também vai ajudar fora do campo, na luta pela democratização do futebol brasileiro.
Gol contra
Palmeirenses colaram no estádio Allianz Parque uma foto do atacante Emerson Sheik, tirada em 2013, na qual ele beijava um amigo. Perto da imagem, escreveram: “Aqui, isso é proibido!”. Essa provocação homofóbica mostra que esses torcedores perderam a noção do ridículo. Quem são eles para dizerem o que as outras pessoas não podem fazer?
OPINIÃO América Bráulio Siffert Assim como praticamente todos os times do Brasil, que não planejam no longo prazo e acabam tendo que montar novos times a cada início de temporada, o América, nesse começo de 2015, gera apreensão e dúvidas. Mas, nos primeiros jogos, o time demonstrou qualidades e potencialidades. A dupla de zaga passou boa confiança, o meia Man-
cini articulou bem algumas jogadas e o ataque mostrou velocidade e poder de decisão. Ainda falta trabalhar a transição entre a defesa e o ataque, que está sendo feita prioritariamente por chutões, criar mais aproximação de um volante e um atacante com o armador, dar mais chances aos reservas e aprimorar os laterais Bryan e Patrick, que são os únicos garotos da base no time titular.
OPINIÃO Atlético Rogério Hilário Os 100% de aproveitamento do Atlético no Campeonato Mineiro não são surpreendentes. A única dúvida é quanto à participação na Libertadores. As vitórias sobre Tupi e Mamoré eram esperadas, bem como a adaptação à ausência de Tardelli. Falta um craque. Quem sabe Cárdenas ocupa este espaço. No entanto, para as competições do ano, bas-
ta um elenco compacto, bem entrosado e disciplinado. A estratégia de Levir Culpi lembra a de Cuca. Marcação por pressão, na saída de bola do adversário. Contra-ataques em velocidade, pelas beiradas do campo ou em passes pelo meio. E a busca obsessiva pelo resultado positivo em quaisquer circunstâncias e locais, mas tendo como trunfo a decisão no Independência, onde é quase insuperável.
OPINIÃO Cruzeiro Léo Calixto Na quarta-feira dia (11), em jogo válido pela terceira rodada do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro venceu o confronto contra o Guarani de Divinópolis. A vitória por 3 a 1, construída no segundo tempo, deu uma injeção de ânimo no treinador e na torcida celeste, por dois motivos. Primeiro, porque, pela primeira vez no ano, o Cruzeiro faz um jogo con-
sistente – o que demonstra que os jogadores estão se entrosando –, com paciência para furar o bloqueio, acertando os passes. Segundo, a excelente estreia do uruguaio De Arrascaeta permitirá ao treinador colocar em prática o que está pensando para o time, que é construir um sistema defensivo muito forte, dando liberdade aos homens de frente na criação e finalização de jogadas.