Edição 77 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Minas Gerais

8, 9 E 10

5 MINAS

11 ENTREVISTA

Mulheres que você precisa conhecer!

“Mudanças assustam quem tem privilégios”

Elas estão no futebol, nos livros, na medicina e representam o potencial feminino para grandes realizações. Helena Grecco é uma delas

A feminista Nalu Faria analisa a falência do sistema político e afirma que só a população fará transformações no país

Reprodução

06 de março a 12 de março de 2015 • edição 77 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

BRASIL

A Petrobras é do povo Tânia Rêgo Agência Brasil

13 CULTURA

15 ESPORTES

Festival DiversaS

Menos esportes no parque

Festival DiversaS apresenta arte produzida por mulheres pela ótica feminista

Prefeitura de BH proíbe skates, patins e slackline no Parque Ecológico da Pampulha

4 CIDADES

População de rua está sem apoio em BH Lacerda pede que moradores não ofereçam ajuda à população de rua e deixa segmento na mão. Assistência oferecida pela PBH não atende 80% de quem está nas ruas

Tânia Rêgo Agência Brasil

Estatal, responsável por 13% do PIB nacional, é uma das maiores empresas do mundo. Analistas avaliam que está havendo uso político da operação Lava Jato com o objetivo de privatizá-la


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

editorial | Brasil

Março: a necessária volta às ruas

ESPAÇO dos Leitores

Como curtir??? Mariana Tavares Comentando a matéria “Professores cobram de governador o piso nacional”

Esse é o Brasil que me enche de esperança! Márcia Dan Ironizando a atitude da PBH na matéria “PBH corta gastos e penaliza serviços”

Maravilha de texto! Maria José Faria Corrêa Comentando artigo de João Paulo “Ódio e divergência”

Se mexerem com o pessoal da região sul, vão encarar uma parada torta. Angie Silveira Comentando a matéria “PBH quer vender área de mananciais”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

A conjuntura política nacional está aumentando a temperatura a cada dia. A burguesia industrial abandonou completamente a aliança que tinha no governo Lula do programa de neo-desenvolvimentismo. Agora, em vez de investimentos e empréstimos no BNDES, prefere fazer especulação financeira e ganhar dinheiro no rentismo. A taxa de investimento de nossa economia está paralisada há mais de dois anos na faixa de 18% do PIB, que é muito baixo (a China investe 30% do PIB) e a maior parcela é de investimento público. A economia está patinando e em diversos setores os preços dispararam. Na frente política a direita avançou alguns passos ao eleger o presidente da Câmara e pautar projetos claramente contra os trabalhadores e a democracia, como a PEC de reforma política que legaliza a corrupção, a PEC dos povos indígenas, entre outras.

Do lado do governo, a inércia é gritante. Parece um governo do PMDB Na imprensa, é um verdadeiro massacre: uma campanha permanente contra o governo e contra qualquer luta social ou proposta de mudanças. Em 12 anos, os governos Lula-Dilma sempre jogaram o tema debaixo do tapete apostando em afagos na Globo. Agora estão levando o troco. A maioria da população reelegeu Dilma e ganhou nas urnas. Porém, a direita e a burguesia agora tentam derrotar qualquer possibilidade de mudanças através do controle do Congresso e da mídia. Basta ver a manipulação grosseira que é feita em relação à corrupção. Todos queremos punir os que se apropriaram de dinheiro público. Há várias empreiteiras envolvidas e mais de cem políticos. E na mídia o assunto é tratado como se fosse um problema do

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

governo, da esquerda e do PT! Porque não denunciam logo os nomes dos políticos envolvidos? Porque não exigem a divulgação dos nomes dos mais de 8 mil empresários e políticos brasileiros que têm contas no HBSC da Suíça? No que deu a corrupção dos trens e metrô de São Paulo? Do lado do governo, a inércia é gritante. Parece um governo do PMDB. As medidas tomadas na economia são claramente um ajuste neoliberal que só afeta a quem trabalha. Cortar gastos da educação, saúde e moradia é inexplicável. Em dois meses de governo, não conseguiram tomar uma só medida que gerasse contentamento popular. E quem planta pepino não pode colher melancia! A greve manipulada dos transportes, insuflada dia e noite pelos meios de comunicação, lembrando muito o que aconteceu no passado no governo Allende. E estão agitando outras frentes para criar um clima favorável a uma grande mobilização contra o governo, no próximo dia 15 de março. Frente a isso, a classe trabalhadora e a esquerda não têm outra alternativa senão retomar as mobilizações de rua. Será ali, nas ruas, onde poderemos ainda disputar a sociedade e os rumos do governo. A primeira e a principal mobili-

Será nas ruas a disputa da sociedade e dos rumos da política zação no próximo período é a mobilização marcada para o dia 13 de março, em todo país, em defesa da Petrobras e por uma Constituinte que realize a reforma política. Devemos transformar 13 de março numa data simbólica de retomada das lutas nas ruas, em defesa não só da Petrobrás, mas em defesa das reformas necessárias para o país.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos , Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho , Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva , Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos,RilkeNovatoPúblio,RogérioCorreia,SamueldaSilva,SérgioMiranda(inmemoriam),TemístoclesMarcelos,WagnerXavier.Editora:JoanaTavares(Mtb10140/MG).Repórteres:MaíraGomes,PedroRafaelVilela,Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira , João Paulo, Léo Calixto, Liliam dos Anjos, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Fotografia: Larissa Costa Estagiária: Raíssa Lopes. Administração: Vinicius Moreno. Diagramação: Bruno Dayrell. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

CIDADES

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Mulheres organizam atos para 8 de março FEMINISMO No Dia Internacional da Mulher, feministas ocupam ruas da cidade para reivindicar seus direitos Raíssa Lopes O 8 de março é um dia importante para a reafirmação da resistência das mulheres. Na data, feministas organizam atos por todo o estado para reivindicar direitos e reforçar a luta contra a violência, dominação e exploração. Em Belo Horizonte, as atividades acontecem também um dia antes. Na manhã do sábado (7), uma análise de conjuntura sobre a vida das mulheres está marcada para acontecer na CUT-MG. Participarão do debate representantes mulheres dos movimentos sociais de Minas Gerais. A partir das 14h, será realiza-

da uma oficina de batucada, em frente ao Teatro Espanca. No dia 8, uma intervenção está marcada para ocorrer na Feira Hippie. Segundo a representante do Levante Popular da Juventude Paula Rodrigues, a escolha do local visa a dialogar com a juventude e com as muitas mulheres feirantes. “Montamos um bloco que se chama ‘Empodera as Mina’, que vai circular durante a feira. Confeccionamos várias faixas que vão conter pautas relacionadas à luta feminista como aborto, violência, direitos trabalhistas, autonomia do corpo e Constituinte”, conta.

Reprodução

Luta constante O Dia Internacional da Mulher acontece somente uma vez ao ano, mas a batalha de feministas pelos

“Montamos um bloco que se chama ‘Empodera as Minas’, que vai circular na Afonso Pena” seus direitos acontece diariamente, reafirma Paula. Ela cita movimentos importantes que procuram integrar as mulheres e incentivar e formação e auto-organização, como a Charanga Feminista que acontece na FAFICH e a Marcha das Mu-

Sul de Minas terá atos em seis cidades, com panfletagem e batucadas

lheres Negras. “A Charanga é muito importante para denunciar o machismo com paródias de letras que circulam pela grande mídia. São realizados ensaios semanais, onde aprendemos a tocar instrumentos e debatemos a opressão”, afirma.

Manifestações no Sul de Minas Coletivos feministas também organizam atos em Pouso Alegre, Poços de Caldas, Alfenas, Lavras, Varginha e São João Del Rei. Serão realizadas atividades como panfletagem, batucada e produção de lambe-lambe.

Grupos marcam protesto para 13 de março CIDADANIA Insatisfação com sistema político volta à tona e se soma à defesa da Petrobrás Reprodução

Rafaella Dotta Estão convocadas, para o dia 13 de março, manifestações em todas as principais cidades do Brasil. As informações divulgadas até o momento mostram que os protestos irão acontecer em 24 localidades, incluindo Belo Horizonte. Os grupos organizadores estão divulgando o evento através do Facebook. De acordo com nota divulgada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), um dos motores do protesto é a insatisfação com o sistema político. A campanha “Plebiscito Constituinte”, que promete estar presente em todas as 24 cidades, realizou uma ação que recolheu 8 milhões de votos em setembro de 2014. Eles requerem uma Assembleia Constituinte para mudar as regras da política brasileira. Segundo a nota, as ações pedem também a manutenção dos atuais direi-

PERGUNTA DA SEMANA 8 de março é o dia em que mulheres do mundo todo vão a público reivindicar seus direitos. A data tem origem nas greves realizadas pelas mulheres operárias no início do século 20, mas até hoje, muitos direitos ainda não foram conquistados.

Qual a sua principal reivindicação no dia internacional de luta das mulheres?

Campanha para Constituinte da ReformaEm BH, o protesto está marcado para as Política recolheu 8 milhões de votos em 2014 16h, na Praça Afonso Arinos

tos, já que o governo federal aprovou as Medidas Provisórias 664 e 665, que pio-

Atos exigem Constituinte Exclusiva para a Reforma Política ram a situação da Previdência Social. Os atos também

visam à defesa da Petrobras como empresa pública e vão contra declarações que querem a sua privatização. Em Belo Horizonte, a concentração do protesto está marcada para as 16 horas, na Praça Afonso Arinos, Centro. O maior protesto deve acontecer no Rio de Janeiro, no mesmo dia, onde está situada a sede da Petrobras.

Eu, como mulher, quero ter minha capacidade reconhecida. Não é somente chegar à gerência ou presidência de alguma coisa, quero que as pessoas realmente reconheçam o que as mulheres são capazes de fazer. Desejo que a gente tenha a oportunidade de chegar onde queremos. Gabriele Marcela G. da Silva, 19 anos, autônoma

A gente sempre fica com o cargo menor, salário menor. Os homens estão sempre subindo de posição, têm oportunidades melhores. E também, quando andamos na rua e os homens mexem é muito ruim. Falam que isso é natureza deles, mas isso se chama é falta de respeito. Valéria Rosa de Oliveira, 50 anos, diarista


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CIDADES

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Prefeitura de BH não oferece assistência à população de rua DIREITO Rede de atendimento é insuficiente e falta de políticas públicas dificulta que população saia das ruas Reprodução

Maíra Gomes

condições para sair”, explica Samuel Rodrigues, da coordenação do Movimento Nacional da População de Rua em BH. Para a educadora social da Pastoral de Rua da Arquidiocese de BH, Claudenice Rodrigues Lopes, não se deve generalizar sobre a vontade de sair das ruas. Ela trabalha diretamente com a população de rua há muitos anos e afirma que a grande maioria quer sim sair das ru-

Na última semana, o prefeito Márcio Lacerda declarou ser contrário à ajuda à população de rua em Belo Horizonte. Em entrevista à imprensa, ele pediu que não fossem doados “objetos, comida ou dinheiro, para que eles [população de rua] dependam da assistência social da prefeitura e possam ser convencidos a deixar a rua”. De acordo com Lacerda, a prefeitura oferece políticas públicas de auxílio aos moradores de rua e apenas essa deve ser a forma de assistência. “Se tivesse uma assistência que atendesse ao anseio da população de rua, é lógico que ninguém ia querer ficar no meio da praça, sendo escorraçado por guarda municipal, pelas polícias, sendo

Mais de 80% da população de rua não têm acesso a abrigo discriminado pela população”, declara Alex Maciel Teixera, 35 anos. Ele morou nas ruas por dez anos e há pouco mais de um ano é beneficiado pelo programa Bolsa Moradia, com o qual paga o aluguel de onde mora. O último Censo de População em Situação de Rua de

“As pessoas querem, mas não encontram condições para sair das ruas”

“Se tivesse assistência, é lógico que ninguém ia querer ficar na rua sendo escorraçado”

BH, publicado em abril de 2014, identificou 1.827 pessoas morando nas ruas da capital, com um aumento de 57% desde o último censo, em 2005. No entanto, somente em 2013, 2.439 pessoas em situação de rua estavam cadastradas no CadÚnico. O abrigo municipal, no bairro Floresta, tem apenas 400 vagas. Ainda assim, o local sofre uma infestação de percevejos desde o

meio do ano passado. Para famílias em situação de rua, são apenas 32 cômodos em abrigo especializado. A prefeitura oferece outras 80 vagas (40 para homens e 40 para mulheres), em repúblicas, locais para estadia de pessoas em transição, que estão saindo da situação de rua. Ou seja, mais de 80% da população de rua não têm acesso ao abrigo. “Não querer sair das ruas é mentira”

Lacerda aponta que a maior dificuldade de retirar as pessoas da rua é em função de que “a grande maioria deles [população de rua] não se submete a qualquer tipo de regra”. No entanto, entidades que trabalham com o segmento afirmam que problema está na falta de políticas públicas e de perspectiva de vida. “Não é que as pessoas não quererem sair, é que não conseguem. Elas não enxergam

as. “Há muito trabalho a ser feito, e começa com o cuidado com a autoestima, de que a pessoa se reconheça enquanto cidadão de direito e que pode vivenciar experiências de cidadão”, relata. Faltam políticas sociais para população de rua Para Samuel, a solução está na implementação de políticas públicas integradas, de promoção da cidadania, emprego e moradia. “Precisamos romper a lógica de tratar o sujeito no âmbito da assistência social. A maioria está na idade produtiva, entre 25 e 44 anos, e deve aumentar a empregabilidade dessas pessoas”, reforça Samuel.

Alunas denunciam machismo na universidade UFMG Cerca de 50 mulheres realizaram ação contra professor durante recepção de calouros Da redação Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizaram, no último dia 02, uma intervenção denunciando um professor por atitudes machistas, racistas e homofóbicas. De acordo com as organizadoras da ação, que preferiram não se identificar por medo de retaliações, o professor do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), Antônio Zumpano, usa as redes sociais para expressar opiniões preconceituosas.

Postagens do professor nas redes sociais causou revolta entre estudantes

No início do ano, coletivos feministas da universidade criaram um grupo aberto no Facebook, denominado “Na UFMG, machistas não passarão”. O professor Antônio Zumpano

escreveu no grupo que “machistas passarão sim”, e provocou, “quero ver o que vão fazer, podem me denunciar: sou machista”. A atitude gerou revolta e as estudantes resolveram fazer a ação.

A intervenção consistiu na entrada de cerca de 50 mulheres portando cartazes e denunciando o professor durante a cerimônia de recepção de calouros que ocorria no prédio da reitoria. A principal reivindicação das alunas é que o caso seja investigado e que o professor seja expulso da instituição. “É responsabilidade da reitoria garantir a segurança das mulheres na universidade”, afirmam. O ato foi aplaudido de pé pelos calouros. O reitor, Jaime Ramírez, afirmou que assim que esse processo

chegar fundamentado na mesa da administração geral, haverá uma investigação e não será tolerado. Caso de machismo na UFMG não é novidade Em 2013, Zumpano foi alvo de protestos de estudantes por causa de postagens homofóbicas na internet. Na ocasião, as estudantes também denunciavam o professor Francisco Coelho dos Santos, por assédio moral e sexual contra uma estudante. O professor Francisco chegou a ser afastado do cargo.


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Mulheres que fizeram história em Minas

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Artigo

8 DE MARÇO Dia Internacional da Mulher traz reflexões sobre o protagonismo feminino Rafaella Dotta Não é raro que nos livros e sites didáticos encontremos os famosos “homens que fizeram história”. Eles estão na economia, nas ações gloriosas, nas artes e atualmente são os homenageados em nomes de ruas, praças e monumentos. Enfim, “ficaram para a posteridade”. Como nesta semana ocorre o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, o Brasil de Fato MG resolve trazer algumas mulheres mineiras que marcaram a história. Estudos têm mostrado que não lhes faltou protagonismo: elas realizaram muitas coisas. O que falta às mulheres, ainda hoje, é seu reconhecimento. Time de Araguari Largada para o futebol feminino Em 1958, nasceu em Ouro Preto o primeiro time de futebol feminino do Brasil: o Araguari. Inicialmente, o time foi formado para um jogo beneficente, mas fez mais sucesso que o esperado. Durante dez meses as jogadoras passaram por vários estádios mineiros. O fim veio com a pressão da igreja católica e da lei, que não permitiam mulheres em esportes “incompatíveis” com o seu físico. Carolina Maria de Jesus Uma escritora de primeira Reconhecida internacionalmente, é considerada uma das maiores escritoras do planeta. Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, no ano de 1924 e frequentou a escola por dois anos. Mais tarde, trabalhando como catadora de papel, guardava alguns deles para escrever, denunciando a pobreza e preconceito vivido pelos negros. Seu livro “Quarto de Despejo, em 1960, vendeu 100 mil exemplares no Brasil e mais de um milhão no exterior. Helena Greco Na defesa dos direitos humanos Durante a ditadura militar, em Belo Horizonte, “Dona Helena Greco” começou a se envolver na defesa de presos e torturados políticos em 1977, quando já tinha 61 anos. Recebeu diversos prêmios de direitos humanos, no Brasil e fora do país, e foi eleita a primeira vereadora de Belo Horizonte, em 1982. Hoje, ganhou mais uma homenagem: o antigo viaduto Castelo Branco, de BH, que passou a se chamar Viaduto Helena Greco. Maria Lacerda de Moura Questões feministas Desde jovem, Maria Lacerda de Moura se interessava pelo pensamento social. Ela se tornou, a partir de 1904, uma feminista e anarquista conhecida na Argentina, Uruguai e Brasil, após se formar na Escola Normal de Barbacena. Em suas conferências, Maria Lacerda tratava dos temas: educação, direitos da mulher, amor livre e combate ao fascismo. Foi uma das poucas feministas, da época, a se envolver com o movimento sindical e operário. Alzira Reis Primeira médica de Minas Gerais Por conta de sua teimosia, Alzira Reis foi a primeira médica de Minas Gerais. Formou-se em 1920. Ela conseguiu o feito depois de enfrentar diversos problemas, como a difícil autorização do Ministério da Educação e os argumentos da direção da faculdade, que se preocupava em “como uma mulher iria entrar em contato com os cadáveres masculinos nus?” Ela foi uma defensora de diversos outros direitos femininos, realizando coisas avançadas para a sua época.

MINAS

Tela sinistra João Paulo O atual debate em torno da regulação dos meios de comunicação parece se sustentar em um jogo de má fé. De um lado, os proprietários dos grandes conglomerados de mídia apelam para a acusação de censura (sobretudo ideológica); de outro, os partidários da regulação parecem se concentrar apenas na questão do monopólio econômico, como se o caso fosse somente uma questão de mercado. A situação é ainda mais grave no caso da televisão, por sua força de penetração social e pelo fato de se tratar de uma concessão pública. É preciso enfrentar a fera: as TVs comerciais não são apenas concentradoras em economia, mas, em grande escala, antiéticas e perniciosas para sociedade. O recente sucesso da volta do Gugu às telas, com uma entrevista esticada em duas edições, sobre a vida de Suzane von Richtofen na cadeia, foi saudada como uma vitória. Muita gente ficou feliz com o fato de a Record ter ultrapassado a Globo, como se isso fosse uma conquista em si. Não é. A reação veio do apresentador Ratinho, que se dispôs a entrar na luta pela baixaria para reconquistar sua posição, em outra emissora. Um câncer que espalha metástases. O caso em si, com sua carga de violência, moralismo e exploração da sexualidade da entrevistada, ficou em segundo plano. TVs comerciais são Aqueles que contestam a regulação da mí- antiéticas e perniciosas dia certamente reagirão para sociedade dizendo que a opção é livre e que o melhor controle é o remoto. Além disso, se apressaram em defender o interesse das pessoas pelo caso, expresso pela audiência. Não caberia à televisão julgar, mas oferecer ao espectador, como um espelho, aquilo que nos vai na alma e como se apresenta na vida social nosso estágio de civilização. Há aqui dois erros graves de compreensão: um psicológico e outro político. No primeiro caso, uma confusão entre desejo e vontade; no segundo, uma falha na distinção entre controle social e governamental. A psicanalista Maria Rita Kehl, em artigo publicado em 2004, “Face obscura do desejo”, explicou bem a separação entre desejar e querer. Desejamos uma coisa, mas queremos outra. É assim com todo mundo. O desejo, como ensinou Freud, é uma expressão do inconsciente que traz com ele fantasias perigosas, do incesto à crueldade em relação ao outro. Por isso, ele é recalcado, porque ameaça nosso vínculo com as pessoas. Para que o desejo se expresse, ele precisa passar pelo domínio da consciência, pelo tribunal da razão. Em sua pureza o desejo e sua realização sem barreiras - merece a qualificação de sinistro. É dessa divisão que os meios de comunicação se alimentam. No campo político, o maior engano está em associar a necessidade de controle a interesses conjunturais. A regulação da mídia não é ato de governo, mas em defesa da sociedade. Será que alguém seria contra uma regra, debatida publicamente, que impedisse a veiculação de violência explícita, estímulo ao linchamento, exploração sexual de menores, racismo e incentivo ao preconceito, sobretudo no horário em que crianças estão ligadas na TV? No entanto, é muito fácil falar em autorregulamentação como estratégia de contenção de abusos, num contexto monopolizado e corporativo. Enquanto isso, a programação – é só ver os espetáculos hediondos e histéricos das atrações vespertinas e a burrice moral do BBB – infla a telinha de eventos freudianamente sinistros.


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MINAS

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Índios Maxakali realizam protesto contra assassinatos

FATOS EM FOCO

VALE DO MUCURI Frequentes atropelamentos levaram índios da região a realizarem atos por justiça Arquivo Pessoal

Douglas Ferreira Gadelha Campelo Na sexta-feira, 27 de fevereiro, cem índios Maxakali, situados na região do Vale do Mucuri, se deslocaram das suas aldeias até o município mineiro de Ladainha para realizar um ato em repúdio aos homicídios sofridos pelos seus parentes nos últimos anos. Em 2014, Betânia Maxakali e Zé Ilton Maxakali foram atropelados, em Teófilo Otoni (MG) e nos arredores de Batinga (MG), respectivamente; Valdeir Maxakali foi apedrejado em Santa Helena de Minas (MG) e Vicente Maxakali foi baleado nas proximidades de Itanhém (BA).

Eles queixam-se, principalmente, da lentidão dos órgãos competentes Além dessas mortes, o ato prestou uma homenagem a Daldina Maxakali, atropelada no dia 31 de janeiro por um motociclista, em Ladainha. A organização do ato partiu de lideranças da Aldeia Verde Maxakali, situada

Os índios seguiram entoando cânticos dos espíritos conhecidos como yãmĩyxop

nas proximidades do município de Ladainha. Um mês após o falecimento de Daldina, os Maxakali exigem da Justiça e das autoridades investigação sobre o responsável pelo atropelamento. Eles queixam-se principalmente da morosidade dos órgãos competentes e do silêncio dos mora-

Leia os TRÊS primeiros parágrafos da matéria acima em Maxakali Tikmũũn hãmxop mã ax ka,ok mĩy ũxapexop kix Konãg kox Mõkoni tu Õmẽy ka,ax xexta pet hã, 27 memenet Tikmũ,ũn Maxakani ũpip nũte Konãgkux yĩka Mõkoni yõg tu nũte nũpaha yãy apne tu mõ tu Nanaĩn yõg hãmtuh pip tu mõ Nanaĩn ha tu xapexop nõm kĩy ãyuhuk te hõmã hãmhitap hã pu mĩy yãy yõg hãmxopmã,ax ka,ok hãmxeka ha ũkoxuk xop penãhã nõmxop te yũmũg tu yãy tu nũnãhã tu mĩy hãmxopmã,ax nũte. 2014 hã Betânia Maxakani yip te tonok Xokotõn tu, Valdeir Maxakani Mĩkax xap hãm tex ãyuhuk te xãtãnẽn tu, Zé Ilton Maxakani yip te tonok Tatoh kopa, Vicente Maxakali Ãyuhuk te tatu mãn Taẽ tu, Ha nũ nõm mĩy hãmxopmã,ax ũmtex ãyuhuk te mõtoknãg hã ha tu mĩy kutex xohi tu Daldina Maxakali mõtoknãg te tonok hãmtup te 31 yanẽn ha apne yĩxux (yõg) xop yõg kupxahi xop te tatu hãm ãgtux tu mĩy tu hãmxopmã, ax.

Maria da Penha reduziu crimes em 10% Um estudo divulgado na quarta (4) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou a efetividade da Lei Maria da Penha. A partir de dados entre 2000 e 2011, percebeu-se que o homicídio de mulheres teve menor avanço, resultando em 10% a menos. Acredita-se que a lei interferiu no “ciclo” de violência doméstica, fazendo com que os assassinatos também diminuíssem.

Câmara aprova pena maior para “feminicídio”

A Câmara dos Deputados aprovou, terçadores de Ladainha em reve- número 228, local onde Dalfeira (3), projeto de lei lar a identidade do motoci- dina foi atropelada para esque inclui o femicídio clista. como crime hedioncrever no asfalto ũn Ka,ok Segundo testemunhas, yãmĩy” que significa “espírido e homicídio qualifiDaldina foi atropelada em to de mulher forte”. cado. “Femicídio” sigfrente a um bar movimennifica o assassinato de Noêmia Maxakali, cacica tado do município por um da Aldeia Verde, disse que mulheres por razões motociclista que seguiu seu não é para a inscrição ser rede violência doméstica caminho sem prestar socor- tirada do asfalto, pois o “esou menosprezo à conro à vítima. dição de mulher, e terá paço agora é de Daldina e Os índios se concentra- dos Maxakali”. A cacica reincremento de 1/3 até ram na “Praça da Alegria” latou ainda que os 1600 Mametade a mais na peem frente à prefeitura e se- xakali atualmente vivem “cona. Das 43 mil mulheres guiram até o local do fale- mo porcos, confinados em assassinadas de 2000 a cimento entoando cânticos um território de 6 mil hecta2010, 40% dos crimes dos espíritos conhecidos cometidos denres, inicia-se que não lhesapossibilita Em comarço Campanhaforam Salarial Unificada. mo yãmĩyxop. Segundo Isael deslocar, pescar e caçar”. tro de suas próprias caMaxakali, o ato teveServidores seu inísas. Este número colo- e ven Para os professores Sueliseus e conversem com colegas de trabalho cio na madrugada “quando Isael Maxakali, organizadocou o Brasil na 7ª posia luta! homens e espíritospara auxiliação entre os 10 países res do ato, esse é o primeiro res se deslocaram até a rua de tantos outros que pretencom mais assassinatos Teófilo Otoni, em frente ao dem realizar. de mulheres.

CAMPANHA SALARIAL UNIFICADA 2015 dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte Em março inicia-se a Campanha Salarial Unificada. Servidores conversem com seus colegas de trabalho e venham para a luta!

INDIBEL


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OPINIÃO

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Leandro Couri - Refinaria de Imagens

Na edição 55... “80 mil professores sem direitos trabalhistas” ...E agora O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, visitou Brasília na quarta-feira (4) com o objetivo de pedir que a Lei 100 seja revogada somente no final do ano. O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) estava marcado para quinta (5) e resultaria na demissão de 80 mil professores até o dia 1º de abril. De acordo com declaração de Pimentel, a decisão do STF será colocada em prática, mas o novo prazo possibilita um remanejamento “com mais conforto e menos fricção com os servidores”. Ele afirma ainda que os funcionários serão abrigados pelo governo estadual em outros cargos. Na edição 46... “Governo mineiro quer mudar a Constituição para privatizar” ...E agora O governo estadual desistiu do empreendimento começado pela antiga gestão, em aprovar a Proposta de Emenda Constitucional 68, que permitia a privatização de empresas ligadas ao governo. Essa decisão que interfere diretamente na construção do gasoduto Betim-Uberaba. Agora, a tubulação que levará gás natural para a fábrica da Petrobras será construída pela Gasmig. A licitação para a construção do gasoduto foi cancelada em janeiro, mas continua a promessa de que a obra esteja concluída até 2017, quando a fábrica de amônia da Petrobras começa a funcionar. Estimase que o valor total será de R$ 2 bilhões, já incluído o aumento do percurso, que será de Queluzito a Uberlândia.

Mulheres também estão na roda de capoeira! Na foto, elas participam do primeiro “Brincadeiras de Roda” de 2015, em que o Mestre Dunga da capoeira também esteve presente. O evento acontece na Praça do Orlando, no bairro Santa Tereza, e conta com capoeira, samba e dança de coco.

Jair Gomes Pereira Filho

Julinéia Soares

Campanha da Fraternidade quer diálogo com a sociedade

8 de março das mulheres

A Campanha da Fraternidade 2015 tem como tema “Fraternidade - Igreja e Sociedade” e como lema “Eu vim para servir”. Exige ações concretas relacionadas às demandas da sociedade moderna, sob a ótica dos ensinamentos de Jesus Cristo. Como lidar e atuar diante das demandas atuais no campo sócio-político? Não há como o cristão ficar alheio à crise financeira do capital, ao acúmulo de riquezas, à violência urbana, às guerras, à fome, à degradação ambiental, à crise da água, à demanda por mais energia, à precarização do trabalho, à falta de moradia, etc. Esses sérios problemas não podem e não devem ser tratados apenas pelos políticos. Os que mais sofrem com tais problemas, os mais pobres, devem ser inseridos nos processos de discussão e na busca de soluções. Os mais pobres devem ser Por tudo isso, no inseridos nos processos de início da Quaresma, o discussão Papa Francisco reflete em tom de questionamento: “Que a Igreja seja o corpo que cuida de seus membros mais fracos, os pobres e os pequeninos...”. O Papa Francisco conclama a igreja e as pessoas a se engajarem nas lutas em defesa dos oprimidos. Por isso, a luta pela reforma política, que é bandeira da CNBB e também dos movimentos sociais, é importante ferramenta para propiciar a participação da sociedade na construção de propostas para as mudanças. E proporcionar aos nossos representantes políticos a atuação para “servir aos outros” e não apenas a seu mandato ou à sua legenda. A Campanha da Fraternidade 2015 não busca somente provocar, mas também tocar as pessoas, para que essas, assumam sua missão maior, que é “Eu vim para servir”. Aqueles que se julgam cristãos deverão atuar em qualquer instância ou instituição, com fins de construir soluções que promovam a fraternidade, a liberdade, a justiça e a paz, principalmente com os mais fracos e oprimidos. Jair Gomes Pereira Filho é diretor do Sindieletro-MG

São vários comerciais que incentivam a presentear aquelas que conhecemos com flores, perfumes, maquiagem. São mensagens que circulam dizendo do amor que a mulher emana, do cuidado que ela desprende para proteger aqueles que estão à sua volta. Que mostram como ela é boa mãe, boa esposa, boa filha, boa namorada; mensagens cheias de ideias e de tons cor-de-rosa! O que as mensagens escondem é que o 8 de março só se mostra assim por interesse do capitalismo e do patriarcado. Quando desprendido, ele vem motivado por movimentos de uma luta que atravessa séculos. Movimentos de resistência ao vermelho-sangue real e simbólico que historicamente tem feito parte da vida desses sujeitos políticos chamados “mulheres”. É somente por meio do capitalismo e do patriarcado que a data serve para reverenciar apenas “uma” mulher. Uma mulher que obedece ao sexismo cor- Guardem os seus comerciais de-rosa, que se ende TV e os seus padrões quadra no padrão, que se submete. Não, meus caros. Não se trata do “Dia Internacional da Mulher”, mas do “Dia Internacional das mulheres”. Que, vale lembrar, pertence às mulheres e não àqueles que buscam o seu controle, o seu domínio. Não somos apenas “uma”, nem somos aquela que enaltecem os comerciais da TV. Somos várias, somos diversas. Somos também aquelas que detestam o seu cor-de-rosa cínico, que preferem ganhar luta a ganhar flores, que não querem ser a esposa-mãe-filha que foi e é oferecido para nós como única ou, pelo menos, como a “devida” opção. Somos também mulheres que desejam mulheres e que amam, sim, porém, para muito além das arestas que nos impõe. Guardem os seus comerciais de TV e os seus padrões porque nós seguiremos resistindo – até que TODAS sejamos livres! Julinéia Soares é psicóloga, mestranda em Estudos Psicanalíticos pela UFMG, bissexual militante pela Rede Afro LGBT Mineira. Escreve para inspiracaopoliticaeliteraria. wordpress.com


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BRASIL

Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015 Agência Petrobras

Petrobras: mais de 60 anos de tentativas de desmonte CORRUPÇÃO ”Temos que saber apurar e punir sem enfraquecer a Petrobras. Temos muitos motivos para proteger a Petrobras de seus predadores internos e seus inimigos externos”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff Por Camila Marins (Fisenge)

Mídia e Petrobrás Desde então, os veículos de comunicação organizaram ampla campanha de destruição da empresa, em defesa da abertura do setor petrolífero à iniciativa privada. O que mudou? 61 anos após a criação da Petro-

Crise financeira é inverídica De acordo com o conselheiro do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, Paulo Metri, existem dois objetivos centrais nessas campanhas. “O primeiro é transmitir a ideia de que a Petrobras receber áreas para pesquisar e produzir petróleo é algo prejudicial para a sociedade, porque

os ladrões existentes nela ção dos diversos projetos. vão roubar o que é públi- Pressa esta que significa co. Os roubos nas empre- que o petróleo a ser prosas privadas só são mais duzido estará sendo exbem escondidos, pois o portado na pior época do dono não quer mostrar a preço do barril. Na verdafragilidade da sua empre- de, este órgão busca essa. Outro objetivo é prepa- trangular a capacidade firar a população para uma nanceira da Petrobras para ela não partifutura privacipar de muitização da PeNotícias que tos leilões e, trobras”, afirassim, sobrar mou. mostram o bom mais áreas paIsso signirendimento da ra empresas fica que, se a estrangeiras”, Petrobras é inPetrobras não alertou. capaz de astrás sumir áre- chegam à sociedade Por dessas manoas de explorabras, o setor ção e está com sua capacidade financeira financeiro privado (bancomprometida, a solução cos) elaboram a mudanseria chamar as empresas ça no marco regulatório e contratos de partilha. estrangeiras. Certo? Não. Segundo Metri, o “Certamente, uma das esargumento de falta de ca- tratégias é revogar a nova pacidade financeira é in- Lei do Petróleo, o sistema verídico. “A Petrobras de partilha e a soberania tem capacidade financei- brasileira sobre as imensas ra, bastando que a Agên- jazidas do pré-sal”, afirma cia Nacional de Petróleo o engenheiro Victor Mar(ANP) retire a pressa des- chesini. mesurada de implanta-

Petrobras em números

FUP

2,67

milhões de barris/dia Produção de petróleo e gás alcançou a marca histórica

666

barris/dia Produção do Pré-Sal

mil

17%

Crescimento na produção

de etanol

13%

do PIB nacional vem da estatal Petrobrás

*Informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP)

“Vargas precisa desistir da Petrobras”. Esta frase foi proferida, em 1954, por Assis Chateaubriand, dono do maior conglomerado da mídia brasileira na época, o “Diários Associados”. Um ano antes, em 1953, surgia a maior empresa petrolífera brasileira: a Petrobras. Em uma breve pesquisa no acervo digital do jornal “Folha da Manhã”, hoje “Folha de S. Paulo”, é possível ver inúmeras manchetes e declarações contra o caráter estatal da empresa.

bras, os ataques à empresa não cessam. Hoje, os jornais, rádios, TV e internet estampam, diariamente, denúncias contra a Petrobras e utilizam casos de corrupção como motivo para a sua privatização. Uma série de editoriais, especificamente um do jornal “O Globo”, de dezembro de 2014, defende uma espécie de “refundação da estatal”. Enquanto isso, notícias como “Petrobras recebe o mais importante prêmio da indústria de petróleo” não chegam à sociedade.


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BRASIL

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Empresas nacionais de engenharia são prejudicadas CRISE Campanha midiática afeta contratos e projetos de plataforma Concomitantes aos ataques à Petrobras, também estão as tentativas de destruição das empresas nacionais e da própria engenharia nacional. Isso porque, com as denúncias, é frequente o cancelamento de projetos e da construção de plataformas no Brasil, privilegiando as contratações no exterior. “Além de prejudicar o desenvolvimento da tecnologia nacional e ameaçar os empregos, é flagrante a tentativa de destruição da engenharia nacional,

responsável pela construção de projetos fundamentais para o desenvolvimento do país”, disse o engenheiro eletricista e diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Victor Marchesini, que trabalha na Petrobras. A petroleira Cibele Vieira, coordenadora geral do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo e funcionária da Petrobras há 12 anos, é enfática: “Atacar a Petrobras é atacar a força de trabalho.

Omitem a informação de que a Petrobras é uma das maiores e melhores empresas petrolíferas, cujos resultados operacionais e de novas tecnologias geraram o pré-sal e o pós-sal”, declarou. Além da defesa dos empregos e do desenvolvimento da tecnologia nacional, eles alertam para a importância das empresas de engenharia civil brasileiras, que formam quadros profissionais e fomentam os setores de serviços e indústria.

Arquivo Pessoal

Engenheiro da Petrobras, Victor Marchesini afirma que deve haver rigor de apuração, sem promover a destruição da Petrobras

Corrupção é sintoma do sistema político, diz especialista LAVA JATO Caso mostra como se corrompem os órgãos públicos Ainda numa reconstru- ção e responsabilização de ção histórica, enquanto casos de corrupção na PeGetúlio Vargas marcava a trobras. “A corrupção é um autossuficiência brasileira problema estrutural da sona exploração de petróleo ciedade, que precisa ser com as mãos cobertas por enfrentado em sua raiz, óleo, Carlos Lacerda afir- com transparência, parmava que havia um “mar ticipação popular e conde lama no Palácio do Ca- trole social. Jamais com o tete”. Exatamente o que os desmantelamento de pameios de comunicação es- trimônios nacionais”, restão fazendo atualmente. saltou o engenheiro Victor A corrupção é coloca- Marchesini. da acima dos interesses Enfrentar as raízes da nacionais e da soberania. corrupção exige a refle“A mídia está passando a xão do modelo de Petroimagem, como sempre, de bras que queremos. Isso que tudo que é estatal não significa a defesa de uma gera resultaempresa 100% do e não sere esta“É nosso dever pública ve para o potal; o fortalecivo brasileiro. mento de um defender o É importante Fundo Social destacar que a patrimônio nacional”, Soberano; rescorrupção não Victor Marchesini, peito às popué algo exclusilações afetavo ao meio es- diretor do Senge-RJ das e a defesa tatal, e tamde uma probém acontece no privado, dução solidária, colaboraainda mais abafado”, deta- tiva e integradora. lhou Cibele Vieira. “Com uma Petrobras Nesse sentido, os mo- 100% pública, que inclui vimentos social e sindi- transparência nas suas cal são enfáticos na defe- operações, com mínima sa da apuração, investiga- ingerência de partidos po-

líticos, sendo auditada pelos órgãos da administração pública e com controle social a empresa ficará mais imune à corrupção”, propôs Paulo Metri. Para ir à raíz do problema, é importante a defesa do financiamento público

A corrupção não é algo exclusivo ao meio estatal. Acontece no privado, ainda mais abafado das campanhas eleitorais, afirma Metri. “A arrecadação de doações por políticos junto às empresas privadas para suas campanhas pode ser considerada o início do processo de corrupção em órgãos públicos”, completou. No entanto, tramita em ritmo acelerado na Câmara dos Deputados um projeto de contrarreforma política, que quer oficializar o financiamento privado de campanha. “A nossa defesa é por uma reforma

política popular, por meio de uma Constituinte Exclusiva, que deverá mudar principalmente o caráter do financiamento, que, na nossa opinião, tem de ser público”, disse Marchesini. Cibele Vieira lembra que, junto com a reforma política, é preciso a urgente democratização dos meios de comunicação. “O resultado das elei-

ções demonstrou que nem sempre a guerra da mídia vence, uma vez que, mesmo com desmoralizações, a presidenta Dilma foi reeleita. A FUP e a CUT irão lançar uma campanha nos veículos de comunicação em defesa da Petrobras. Precisamos disputar a opinião pública”, ela defendeu. Wikipedia

Conselheiro defende que petroleira seja 100% pública e livre do controle de partidos


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BRASIL

Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

Lista ‘maldita’ mostra que poder econômico controla sistema político do país LAVA JATO Procurador-geral da República apresenta pedidos de investigação contra 54 pessoas de vários partidos Reprodução

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF) A lista com o nome dos figurões envolvidos em corrupção na Petrobras comprova que o poder econômico é quem manda mesmo no sistema político do Brasil. Ao todo, o procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, encaminhou nesta terça-feira (3), ao Supremo Tribunal Federal (STF), um conjunto de 28 pedidos de abertura de inquérito, totalizando 54 pessoas. Na maioria, são políticos de diversos partidos, da situação e da oposição, como PT, PSDB, PMDB, PTB, PP, SDD e PSB. Especula-se que os presidentes da Câmara dos De-

dos porque os pedidos ainda estão sob sigilo. O próprio procurador-geral da República pediu ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos no STF, que autorize a divulgação dos pedidos. Zavascki já afir-

Especula-se que os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB, estejam na lista de Janot

putados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB, estejam na lista de Janot com pedido para abertura de inquérito. A eles se somariam outras dezenas de parla-

mentares e ex-ministros, inclusive figuras da oposição, como Aécio Neves, que foi candidato à presidência da República no ano passado. Os nomes, no entanto, não podem ser confirma-

Procurador encaminhou ao STF pedidos de abertura de inquérito de 54 pessoas mou que “vai ter novidade” nos próximos dias. Os políticos implicados pela Procuradoria foram citados em depoimentos de ex-diretores da Petrobras e executivos de empreiteiras inves-

tigados pela operação Lava Jato. Financiamento empresarial na raiz da corrupção O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, arrecadou quase R$ 7 milhões de empresas para sua eleição, montou uma Comissão Especial sobre Reforma Política. Uma das medidas analisadas é a que regulariza, na Constituição, a doação empresarial. Os movimentos sociais criticam a iniciativa, que pode se tornar uma contrarreforma política. “São as empresas, organizadas em forma de cartel, que se associam para desviar recursos públicos.”, analisa José Antônio Moroni, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política.


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ENTREVISTA 11

“Para a direita não interessa investigar de fato a corrupção, pois significará revelar seu envolvimento” SOBERANIA Feminista aponta que Operação Lava Jato está sendo usada para enfraquecer a Petrobras. Ato em defesa da estatal está marcado para o dia 13 Reprodução

Maíra Gomes A Operação Lava Jato está para completar um ano e o uso político da investigação está sendo questionado. Movimentos sociais e sindicais se mobilizam em todo o país para a realização de uma marcha nacional em defesa da Petrobras e pela convocação de uma Constituinte exclusiva para a Reforma Política, no dia 13 de março. A feminista Nalu Faria, da Coordenação Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, fala sobre a conjuntura política do país e os desafios para a luta das mulheres em entrevista. Brasil de Fato - Após o fim das eleições presidenciais, o cenário político do Brasil está agitado e a direita iniciou uma ofensiva. O que está acontecendo? Nalu Faria - No processo eleitoral já foi explícito o que está acontecendo no Brasil: uma radicalização da luta de classes. A partir dos processos de mudança, ainda muito limitados, que ocorrem no Brasil a partir da eleição de Lula para presidente, houve alterações na composição e na dinâmica da classe trabalhadora e na proteção social aos mais pobres.

“Enquanto existir patriarcado teremos que seguir lutando” Evidentemente, isso assusta aos que têm poder e privilégios, que se organizam para derrotar não só o governo mas também as organizações da classe trabalhadora e os movimentos sociais em geral. E essa história de impeachment? O impeachment da forma como aparece é parte da estratégia golpista da direita em nossa região latino-americana e caribenha

nos últimos anos. Ou seja, não podemos desconectar o que está acontecendo no Brasil do que ocorre na Venezuela, na Argentina e ocorreu em Honduras e Paraguai. Por isso, no Brasil, a tarefa imediata é derrotar essa tentativa golpista com nossa mobilização, ao mesmo tempo em que a defesa da democracia e aprofundamento das mudanças no Brasil deve ser vinculada à nossa solidariedade com Venezuela e Argentina. Como você avalia o andamento da Operação Lava Jato? Me parece que a investigação de problemas de corrupção na Petrobras está sendo utilizada pela direita para enfraquecer a estatal. Até porque para a direita, não interessa investigar de fato a corrupção, pois isso significará não só revelar seu envolvimento, mas também desvelar os mecanismos sistêmicos de produção da corrupção, que evidentemente apontará para a urgente reforma do Estado que devemos realizar.

dar o modelo atual e construir novas relações, significa que buscamos mudanças estruturais. Também há muita distância entre uma lei aprovada, uma política proposta e a garantia real de exercício de direitos ou fim de uma discriminação. Basta olhar o exemplo da Lei Maria da Penha, que evidentemente é um avanço, mas sua implementação é outro desafio. Enquanto existir patriarcado, teremos que seguir lutando. E como sabemos que o patriarcado está imbricado ao capitalismo, ao racismo, à opressão da sexualidade, o desafio é de fato construir outro modelo. “É a nossa força que determinará nossas Qual o papel das forças possibilidades de negociação pela Reforma Política” progressistas e democráticas neste momento? Que papel os movimentos de mulheres podem cumComo vê a possibilidade rentes propostas na mesa. A prir? de uma Constituinte exnossa força é que determiclusiva para a reforma po- nará nossas possibilidades “Há muita distância lítica nesse contexto? de negociação. entre uma lei A Constituinte exclusiO dia 8 de Março marca aprovada e a garantia o dia internacional de lu“A tarefa imediata real de direitos para ta das mulheres e o noé derrotar essa vo presidente da Câmara é mulheres” tentativa golpista [o um grande conservador e O papel das forças projá se mostrou contrário às impeachment]” gressistas é ser capazes de pautas históricas das mugarantir uma forte mobililheres. va é proposta por uma parEle é muito pró-ativo em zação e de buscar unificar te ampla e significativa dos suas práticas conservado- em uma agenda a garantia movimentos sociais e forças ras. Mas a verdade é que há de avanços estratégicos e de esquerda no país. A nos- muitos anos temos muito de acumulação de forças da sa capacidade de mobiliza- poucos avanços no legislati- classe trabalhadora e dos ção é que determinará se vo e tem nos custado muita setores oprimidos. Acrediteremos correlação de for- luta para frear as iniciativas tamos que nossa prioridaças para hegemonizar essa de retrocessos. Por outro la- de é fortalecer a organizaproposta. Já foi uma vitória do, é importante afirmar ção das mulheres, sua moque a Reforma Política ho- que a luta por leis é ape- bilização, garantindo que je seja uma agenda que en- nas uma parte, pois quan- nas agendas de convergênvolve o conjunto das forças. do nos colocamos como um cia esteja uma perspectiva E por isso mesmo há dife- movimento que quer mu- feminista e anti-patriarcal.

ras b o r t e P a r e d n e f De sil! a r B o r e d n e f e d é Por uma Petrobras 100% pública


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CULTURA

Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

AGENDA DO FIM DE SEMANA CABELO AFRO

Feira gastronômica

O Parque Municipal recebe o encontro Amor Crespo & Cacheado no sábado (7), a partir das 13h. O evento reúne homens, mulheres e crianças que assumiram seus cabelos naturais, e também os que estão em processo de transição. Na avenida Afonso Pena, 1377, Centro.

No sábado (7), o estacionamento do CU Estácio de Sá recebe mais uma edição da Feirinha Aproxima, com o melhor da gastronomia para a tarde de Belo Horizonte. Das 10h às 17h, na rua Erê, 207, bairro Prado, restaurantes e produtores expõem seus produtos.

Picnic no parque

Cinema Afro

O Parque Ecológico da Pampulha recebe um encontro especial para comemorar a liberação de bicicletas e picnic no local, o Bicnic. No domingo (8), na avenida Otacílio Negrão de Lima, 7.111, bairro Pampulha, a partir das 10h.

A Mostra CineAfroBH homenageia Mãe Efigênia neste sábado (7), com programa Religiosidades. Os documentários ‘Os Mestres’ e ‘O Boi Foi Beber Água até Chegar no São Francisco’ tratam a cultura afro-brasileira. Às 19h, na rua São Tiago, 216, bairro Santa Efigênia.

Segunda a quinta-feira CINEMA

SEBASTIÃO SALGADO

Com abordagem autêntica do tema, o diretor espanhol Fernando Léon de Aranoa faz filme sobre a amizade entre duas prostitutas. “Princesas” está no Cineclube Joaquim Pedro de Andrade. Rua Tupinambás, 179, 14º andar, Centro, na terça-feira (10), às 19h.

BOA DA SEMANA

O projeto Sempre um Papo recebe o fotógrafo Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado, no Sesc Palladium, na segunda (9). O filme ‘Sal da Terra’ e a questão da água e o Instituto Terra serão temas do debate. Na avenida Augusto de Lima, 420, Centro, às 19h30.

BORDADO

Oficina trata bordado como suporte para as memórias, se revestindo de histórias vividas. Arte Bordada: Oficina de Bordado e Outras Belezas será oferecida no Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, na quinta (12), às 9h30. Na Rua Araribá, 975, Pedreira Prado Lopes.

TEATRO

Dois personagens envoltos por uma rede de pesca, representando uma rede de lembranças, é tema de ‘A Vida Começa pela Memória’, espetáculo encenado na Escola de Belas Artes da UFMG, na avenida Antonio Carlos, 6627, bairro Pampulha. Na quinta (12), às 19h30.

1o Festival Palhaça no 8 de março O I Festival Palhaça na Praça agita o Parque Municipal no domingo, dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher. O evento será distribuído em três áreas do parque (Praça dos Patins, Praça do Trenzinho e Praça do Teatro), onde serão apresentados números, espetáculos, intervenções e oficinas de palhaças. Serão 24 atrações voltadas para um público de todas as ida-

des. O Festival tem a intenção de estimular o intercâmbio entre artistas de vários âmbitos (profissionais a amadoras), criando um espaço de troca de saberes e, principalmente, dando foco à ocupação de palhaças em espaços públicos, fortalecendo a presença da mulher na arte da palhaçaria. É a primeira vez que Belo Horizonte recebe um evento que

evidencia mulheres artistas, fazedoras de cultura, palhaças e arte-educadoras.

SERVIÇO O público poderá acompanhar o festival no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, das 10h às 16h. Programação completa no blog do evento: palhacanapracafestival.blogspot.com. br.


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Mostra feminista leva a arte das mulheres para as ruas Divulgação

Festival leva às ruas de Belo Horizonte a arte produzida pelas mãos de mulheres da cidade através de uma ótica feminista de resistência e ocupação dos espaços públicos, o DiversaS Ocupa! - 1ª Mostra Feminista de Arte e Resistência. A mostra terá três eventos sediados no espaço Baixo Centro Cultural e em algumas ocupações urbanas. A função do evento, de acordo com a arte-educadora Veridiane Vidal, uma das organizadoras, é “promover o diálogo entre feministas brancas e negras e ocupar os espaços da cidade artisticamente nesse dia, que é tão emblemático para todas as mulheres”, afirma. Na sexta-feira (6), a abertura da mostra conta com a intervenção Rima na Rua, no Shopping Uai, região da

As atividades serão gratuitas e abertas a mulheres e crianças rodoviária, às 19h, o Sarau das Cachorras, com contadoras de histórias e poesia no Bar Armazém 8, no bairro Lagoinha, a partir das 19h30 e a festa Desgeneralizando na Gruta, casa

no bairro Horto, das 23h em diante. As periferias da cidade e região metropolitana recebem mostra no sábado, com atividades formativas para mulheres e crianças nas ocupações Dandara, Eliana Silva, Esperança, Rosa Leão, Vitória, Areias (Tomás Balduíno) e Guarani Kaiowá, das 14h às 18h. Vidal, responsável pela oficina de turbantes na Areias, reforça que essa descentralização da arte é a característica principal da Mostra, ocupando o centro e as periferias. “Com a arte, podemos lutar contra as opressões de sermos mulheres cis e transgêneras, negras e periféricas numa

cidade tão tradicionalista como Belo Horizonte, ocupando os espaços que nos são negados todos os dias”, completa. De volta ao centro, no domingo (8), serão 12 horas de atividades, a partir das 10h

“Com a arte, podemos lutar contra as opressões numa cidade tradicionalista” da manhã, sob o Viaduto Santa Tereza, local já consagrado como palco de produções artísticas independentes, ou tidas como marginais, por não ocuparem Divulgação

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#ficaadica

APRESENTAÇÕES Festival DiversaS de Arte e Resistência tem sua primeira edição no baixo centro e nas ocupações urbanas de BH e Região

Zaíra Pires

CULTURA

a mídia e os espaços tradicionais de arte da cidade. Apresentações de música, teatro, dança, performance, audiovisual, literatura, poesia, vídeos e grafite, além de oficinas, rodas de conversa e barracas de alimentação poderão ser apreciados. Dandara Melina, estudante e organizadora do festival, destaca que “serão três dias de atividades artísticas e formativas, protagonizadas por mulheres, feitas de forma horizontal, colaborativa e autogestionada”, ressalta. Durante a mostra, as mulheres presentes nos palcos e espaços formativos terão a oportunidade de ver e produzir arte em primeira pessoa. Serão vistos, principalmente, “as poéticas e as reflexões que envolvem ser mulher e fazer arte”, completa Melina. As atividades serão gratuitas e abertas a mulheres e crianças, exceto a festa na Gruta, em que será cobrada a entrada de 10 reais e será aberta apenas a pessoas maiores de 18 anos. O dinheiro arrecadado na portaria do evento será revertido para compra de alimentação e material para as oficinas nas ocupações no sábado. A programação completa pode ser vista no endereço facebook.com/mostradiversas.

Vivência e subjetividades femininas são relatadas em peça A premiada atriz e diretora Cida Falabella está em cartaz até o dia 22 de março, estreando o solo “Domingo”, a mais recente produção da ZAP 18. O espetáculo é uma cena-experiência que se passa em uma casa com quintal – a encenação será na própria casa da protagonista. Cida, que tem longa experiência com a investigação das relações entre teatro e realidade tanto no âmbito social como no particular, dessa vez leva para a cena as suas próprias vivências e inquietações. Do lado de dentro da casa, uma “conversa” com o público é permeada por temas femininos, quando emerge a luta de uma mulher pela vida e sua tentativa de “(des)enlouquecer”. A vida diária e poética da atriz são compartiDivulgação lhadas.

SERVIÇO “Domingo” será apresentado sempre aos domingos, às 16h30, para um público de 15 pessoas. Os ingressos custam R$30 a inteira e R$15 a meia. Reservas devem ser feitas pelo e-mail domingocida2014@gmail.com.


Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

Novela

Últimos suspiros de Império Império está na reta final. Ainda bem que as novelas chegam ao fim, porque enjoam. A história se arrasta, os personagens se fatigam, o desfecho vai dando sinal de vida. Poucas novelas me deixaram tristes por terem acabado. Falando nisso, lanço uma pergunta para você, leitor: que novela lhe deixou com gosto de quero mais? Se me contar, escrevo um texto rememorando-as. Voltando aos últimos suspiros da história do Comendador Medeiros e seus diamantes, o grande segredo que vem dando prumo pra trama será revelado antes mesmo do capítulo derradeiro. A

fórmula quem matou, quem roubou, desta vez, foi atualizada na pergunta: “quem é Fabrício Melgaço?”, o grande inimigo de José Alfredo (Alexandre Nero). Resposta: José Pedro (Caio Blat), o filho primogênito e rejeitado. Bem à luz das tragédias gregas: a prole humilhada pelo pai se fortalece num projeto de vingança a todo custo. Parece que a cena em que os dois “Josés” acertam as contas vai ser embebida de muita mágoa e decepção. Esperemos as próximas cenas para chorarmos com os dois. A relação entre pais e filhos foi um tema explorado na histó-

Amiga da Saúde

ria de Agnaldo Silva: a de Cláudio (José Mayer) e Enrico (Joaquim Lopes) renderam algumas colunas aqui no jornal. A de Danielle (Maria Ribeiro) e Bruna (Kiria Malheiros) está terminando com discussões pesadas para uma mãe e sua filha criança – a menina está, inclusive, dando as costas para a mãe como informante de Maria Marta (Lilian Cabral). A de Maria Isis (Marina Ruy Barbosa) e Magnólia (Zezé Polessa) teve como ingredientes exploração, desrespeito e contação de mentira para o “namorado” da filha. Fiquei pensando por que as

tensões familiares dão pano para manga. Veio-me uma ideia, bem exploratória: as relações de parentesco são as que vivenciamos de forma mais potencial no dia a dia e, por isso, tendem a gerar mais conflito. Contraditório disputar, brigar, trair quem está mais perto? Pode ser, mas me parece que quanto mais doméstico o trágico, mais trágico ele se torna. Escreva para mim em quimvela@brasildefato.com.br e dê sua opinião! Joaquim Vela

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

O livro mais curto do Antigo Testamento

Órgão que congrega advogados (sigla) Metal usado em fibras óticas

(?) e salvo: ileso Interjeição gaúcha Fora de (?): desnorteado

Tipo de eleição Pão, em inglês

Concentração às 16h na Praça Afonso Arinos - Passeata até à Praça Sete

Peças que formam a corrente

(?) moral: efeito da calúnia (jur.)

Pergunta comum ao ascensorista "O (?) cego é o que não quer ver" (dito)

Lado da moeda Item do gabarito de provas Altura do andar do edifício medindose do piso ao teto BANCO

A 9ª letra do alfabeto

Título (abrev.)

Animal de tração do arado primitivo

44

Solução $ & 1 ( 5 $ ® 2 0 2 6 , ; 0 ( 1 / 0 + , 6 7 $ & ( ' 2 7 $ 2 ' 7 $ , 1 7 2

Essa luta é do povo brasileiro!

Bebida alcoólica Sul (abrev.)

5 ( / 6 2 2 6 % ( ,

TODOS ÀS RUAS EM DEFESA DA PETROBRÁS, DA CONSTITUINTE E DOS DIREITOS

Equipe à qual pertence Wolverine

Cobalto (símbolo) Eu, em italiano

Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.

13 DE MARÇO

O invasor de prédios abandonados

2/io. 4/x-men. 5/bread — érbio — licor — pacto. 7/azaleia. 8/habanera. 10/radialista.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

Uma das profissões de Chico Anysio

Exercício recomendado à pessoa idosa Hiato de "teor"

$ % $ = 6 $ & 7 / +( 5 ( $ , $ / $ % ' , % , 2 5 $ ( 6 3 , $ 2 ' , 5

Querido Elias, geralmente as pessoas muito altas, para se comunicar melhor com as pessoas mais baixas, costumam curvar um pouco a coluna, mantendo uma postura mais corcunda. Pode ser esse o seu caso. A má postura é uma das principais causas de dores na coluna. Se você passa muitas horas sentado, veja a cadeira, se pode estar prejudicando também sua postura. Mochilas muito pesadas também causam dor, além de uma série de outros fatores. Se seu problema não for de postura, procure avaliação médica.

Variedade de coqueiro baixo Arbusto Mapa (?): descreve ornamental a personalidade do de jardins indivíduo (Astrol.)

& + $ 3 7 $ ' 5 $' 2 $ ( 5 & $ 5 ,

Olá, me chamo Elias tenho 19 anos, tenho 1,90m de altura. Sinto muitas dores na coluna torácica. O que pode estar provocando essas dores?

© Revistas COQUETEL

Planalto nordestino com acervo paleontológico Dança cubana (?) Social, proposta política de Lula Função do hashi no restaurante chinês

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14 VARIEDADES


Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

na geral Mineiros avançam na Superliga Montes Claros Oficial

Prefeitura proíbe esportes no Parque Ecológico CONTROVÉRSIA Medida libera parque para alguns esportes, mas restringe para outros

ESPORTE

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na geral Circuito Caixa Loterias Comitê Paralímpico Brasileiro

Reprodução

Wallace Oliveira

Três times mineiros garantiram classificação na próxima fase da Superliga Masculina de Vôlei. Apesar da derrota para o Sesi-SP, no sábado (28), o Sada Cruzeiro foi o melhor classificado, com 56 pontos. O Minas se classificou em quarto lugar, ao vencer o Voleisul por 3 sets a 1. A última vaga ficou com o Montes Claros, que venceu o Brasil Kirin pelo mesmo placar, em partida com recorde de público da atual temporada.

Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte Valter Campanato / Agência Brasil

No dia 26 de fevereiro, foi publicada no Diário Oficial do Município de Belo Horizonte uma instrução normativa da Fundação Zoo -Botânica, dispondo sobre o acesso e uso das dependências do Parque Ecológico Francisco Lins do Rêgo, popularmente conhecido como Parque Ecológico da Pampulha. A publicação aborda um amplo leque de assuntos, mas, no que tange à prática esportiva, o texto é controverso. Primeiro, o artigo 7º diz que é permitido soltar pipa, usar bolas, petecas e praticar esportes na Esplanada, além de trafegar com bicicletas na ciclovia, a uma velocidade de até 20 km/h. Esta medida foi bem re-

Prefeitura proíbe prática de slackline no Parque Ecológico da Pampulha

cebida por ciclistas. Em sua página no Facebook, os organizadores do passeio Tweed Ride BH convocaram um piquenique para comemorar a possibilidade de usar a bike no parque. Por outro lado, o artigo 8º proíbe skates, patins e slackline. O documento não

informa o motivo da proibição. Marcos Fata é praticante de slackline e critica a restrição: “acho que é ruim para os praticantes, porque o parque ecológico era um local perfeito para a prática deste esporte, que necessita de natureza e grandes espaços”, comenta.

Terminou, no último domingo a Etapa Norte-Nordeste do Circuito Caixa Loterias, realizada em Recife (PE). Durante três dias, 490 paratletas competiram em modalidades da natação, atletismo e halterofilismo. No levantamento de peso, Rodrigo Marques levantou 191kg, do Amazonas, ficou com a medalha de ouro e bateu o recorde brasileiro nos pesos pesados. Outro recordista foi o mineiro Mateus Silva, que levantou 155kg nos juniores.

VOCÊ SABIA? Slackline (do Inglês, “linha folgada”) é uma fita elástica presa entre dois pontos fixos, sobre a qual os praticantes caminham e realizam várias manobras. O esporte surgiu nos anos 80, nos EUA. No Brasil, a prática está bastante difundida. Em Aparecida de Goiânia (GO), encontra-se o primeiro centro de treinamento de slackline da América Latina, inaugurado em 2012.

Esgrima em cadeira de rodas Comitê Paralímpico Brasileiro

Pratique esportes

Rolimã

A bancada da bola conseguiu colocar a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte em regime de urgência e iria votá-la na última terça-feira (3). Porém, o texto foi retirado da pauta, após reunião entre parlamentares, dirigentes de clubes de futebol e o movimento Bom Senso FC. Para o Bom Senso, o projeto é frouxo no estabelecimento de regras e punições aos cartolas que administram indevidamente as contas dos clubes.

Onde: Vila Marimbondo. Avenida Portugal, próximo ao Eldorado, Contagem Quando: 8 de março, às 9h. Informações: leobhz2@ gmail.com

Ciclismo

Onde: Parque Ecológico da Pampulha. Avenida Otacílio Negrão de Lima, 7111, Pampulha. BH. Quando: 8 de março, das 10 às 17h. Informações: migre.me/oSqTP

O Projeto Vila Feliz realiza o Festival de Carrinhos de Rolimã, nas ladeiras da Vila Marimbondo. O evento resgata uma brincadeira que marcou a infância de muitas pessoas nos anos 80 e 90. O Tweed Ride é um encontro entre ciclistas vestidos com trajes retrô, com boinas, ternos, chapéu, meia calça, etc. Domingo, eles farão um passeio com piquenique no parque.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

Entre os dias 6 e 8 de março, Belo Horizonte recebe a I Copa Brasil de Esgrima em cadeira de rodas. O evento será realizado no Hotel Ouro Minas, abrindo o calendário da modalidade em 2015. Foram inscritos 37 paratletas. Pela primeira vez em uma competição nacional, serão usadas as três armas da esgrima: o florete, a espada e o sabre. A segunda etapa da Copa Brasil acontecerá em Curitiba (PR), entre os dias 11 e 14 de junho.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 06 de março a 12 de março de 2015

Clássico é clássico FRASE DA SEMANA

RECUPERAÇÃO Para rivais, confronto é um campeonato à parte Bruno Cantini

Wallace Oliveira No domingo (8), Cruzeiro e Atlético se enfrentarão pela 459ª vez em sua história, a 257ª no Campeonato Mineiro. Ao todo, a Raposa venceu 158 jogos, o Galo venceu 179 e houve 121 empates. Na era Mineirão, porém, o predomínio é cruzeirense, com 82 vitórias celestes contra 72 alvinegras. O Cruzeiro tem 13 pontos e o Atlético 12. Quem ganhar pode disparar na liderança. Esta, porém, não é a única motivação para vencer o clássico. Tanto Atlético quanto Cruzeiro buscam se afirmar nesta temporada. O Galo perdeu três partidas consecutivas (para o América, no Mineiro, e Colo-Colo e Atlas, na Liberta-

Wikipedia

A minha alegria maior foi dar alegria ao torcedor, porque ele pegava o dinheirinho sagrado dele e ia lá ver uma paradinha, ver um beija-flor. Era bonito demais.

dores) e ocupa a última colocação no grupo 1 do torneio continental. Após vencer o Guarani por 2 a 0, no último domingo, precisa mostrar bom resultado contra adversários mais fortes, a fim de recuperar a confiança da torcida. Já o Cru-

Dadá Maravilha, ídolo do Galo e aniversariante da última quarta-feira (4), comentando sua relação com a torcida, durante o programa de TV Alterosa Esporte.

zeiro, depois de sofrer um grande desmanche no início do ano, aos poucos recupera o entrosamento, mas teve uma vitória convincente. Além disso, o time celeste quer quebrar o jejum de sete jogos sem vencer o rival.

Gol de placa Durante o último Grenal, no domingo (1), um lance de arquibancada chamou a atenção no estádio Beira-Rio. 2 mil gremistas e colorados assistiram juntos ao clássico. A torcida mista foi uma ideia da diretoria do Inter, no intuito de mostrar que rivais não são inimigos.

Gol contra Para o jogo de domingo (8), a mídia empresarial, por puro sensacionalismo, tem dado destaque a uma suposta disputa entre os volantes Willians, do Cruzeiro, e Leandro Donizete, do Atlético. Considerando que eles estão entre os jogadores mais violentos do futebol brasileiro, o destaque midiático acaba sendo um incentivo à violência.

OPINIÃO América Bráulio Siffert Se o técnico Givanildo consertar alguns detalhes e testar algumas alterações na equipe, o América tem boas chances de melhorar ainda mais esse bom início de temporada e concorrer ao título do Campeonato Mineiro, consolidando a base para o Campeonato Brasileiro da Série B e para a continuidade da Copa do Brasil. O meio de campo é o setor que pre-

OPINIÃO Atlético Rogério Hilário

cisa de atenção especial e de experimentações. Mancini, com 34 anos, definitivamente não pode ser o grande e único responsável pela armação das jogadas. Há de se testar um volante que seja bom em apoiar – que não é o caso de Thiago Santos, Lorenzi e Guerreiro – e testar os armadores da base, Xavier e Renato Bruno, com e sem Mancini junto deles.

O Atlético vive a expectativa do clássico contra o arquirrival, tendo como alento a redescoberta do caminho das vitórias. Além disso, os prováveis retornos de Lucas Pratto, Douglas Santos e Marcos Rocha aumentam a confiança na reconquista da liderança do Campeonato Mineiro. O argentino e os dois laterais fizeram muita falta nas partidas anteriores,

OPINIÃO Cruzeiro Léo Calixto

pois, sem eles, o time perdeu poder ofensivo. O adversário vem mostrando evolução, mas a favor do Alvinegro tem-se o entrosamento, a marcação eficiente e a rapidez no ataque. Embora seja um confronto imprevisível, o Galo tem sido mais decisivo e pode usar isto como trunfo. E o time precisa se reafirmar neste ano como candidato aos títulos de todas as disputas.

O Cruzeiro somou seu segundo jogo sem fazer gol na Copa Libertadores. Análises comparando o desempenho da atual equipe com os anos anteriores não faltam. O excesso de passes para o lado pode ser interpretado como uma tentativa de furar a retranca argentina, mas também mostraram uma equipe que ainda não está com a segurança necessária para tentar o diferen-

te e traduzir o volume de jogo em gols. Esta segurança vem com o entrosamento dos jogadores entre eles mesmos e o torcedor, o qual, por sua vez, tem o papel de apoiar o time neste momento, para que as jogadas aconteçam com mais naturalidade. Domingo é dia de clássico, e nada melhor do que uma vitória convincente contra o maior rival para acelerar o processo.


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