Edição 89 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Minas Gerais

Gil Leonardi / Imprensa MG

16 ESPORTES

3 CIDADES

Longa ficha criminal

Barraqueiros sem trabalho

José Maria Marin, ex-presidente da CBF, vai em cana. Corrupção começou quando ele era aliado da ditadura. Outros oito dirigentes também foram presos

Pressionada, Prefeitura propõe volta de barraqueiros para o Mineirão, mas Minas Arena segue sem solucionar impasse de trabalhadores

29 de maio a 04 de junho de 2015 • edição 89 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

Aprovada a farra do financiamento de campanha Luis Macedo / Câmara dos Deputados

9 BRASIL

4 CIDADES

6 MINAS

Suco “detox” faz sucesso em BH

Mobilizações contra terceirização

Nutricionista comenta sobre mitos e benefícios dos sucos verdes. É verdade que eles ajudam a limpar o organismo?

No dia 29, movimentos organizam paralisação em todo país. Em BH, metroviários anunciam interrupção do trabalho

Mídia Ninja

Eduardo Cunha (PMBD-RJ) rompe acordo e coloca questão do financiamento de campanha de novo na pauta. 71 deputados – oito mineiros – mudam o voto e aprovam que empresas possam fazer doações para partidos políticos. “Essa foi claramente a PEC da corrupção”, critica Ricardo Gebrim, da campanha por uma Constituinte Exclusiva para a reforma do sistema político


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

editorial | Brasil

Dois duros enfrentamentos O ano de 2015 já está marcado por grandes embates. A oposição de direita, seja no Congresso, seja nos meios de comunicação, tem conseguido impor uma pauta conservadora à sociedade.

ESPAÇO dos Leitores

Sem desmerecer o esforço de ambos, não se deve achar que esse é o caminho natural. O correto seria que todos tivessem chances iguais. Talvez assim, esses dois chegassem muito mais longe. José Orlando Fidelis comentando a matéria “Da rua para o primeiro lugar no concurso”

Se com carteira assinada estão dando calote nos trabalhadores, imagina com a terceirização da terceirização! Raquel Andrade comentando a matéria “Sindicatos e movimentos populares planejam paralisação geral dia 29”

O valor da vida de alguém está diretamente relacionado à sua capacidade de consumo, nós não somos cidadãos com direitos humanos básicos e universais respeitados, nós somos consumidores e compramos nossos direitos. Bruno De Oliveira comentando a matéria “Moradores denunciam água contaminada em Santos Dumont, interior de MG”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

ajuste fiscal e por mudanças na política econômica.

Outro embate teve início na terça, 27. A Câmara dos Deputados, através do seu presidente Eduardo Cunha e do PMDB, deram início O debate público a que assisti- ao embate contra os anseios popumos não trata da necessidade de lares por reforma política. Foram avanços e derrotados em c o n q u i s t a s As organizações sociais prometem várias de sude direitos. as propostas, marcar o 29 de maio como dia que na prátiAo contrário. A popu- nacional de paralisação contra a ca seriam uma lação assiscontrarreforterceirização e o ajuste fiscal te, assustama política, da, à criação como: “Distride um clima de medo, insegurança, tão”, do “Distrital misto” e até a rede crise. Criado esse cenário, bus- gulamentação no financiamento ca-se propor como saída a retirada empresarial de campanha. No ende direitos. tanto, literalmente da noite para o dia, o presidente Eduardo Cunha O ajuste fiscal, até o momento, fez seus achaques e conseguiu que só pesou sobre os trabalhadores. 71 deputados mudassem o voto e No Congresso, desengavetam o que passassem a defender o financiaantes não tinham coragem de colo- mento empresarial para partidos. car na pauta: redução da maiorida- Apesar de ter feito um acordo que de penal; alteração no estatuto das os temas não seriam votados novaarmas; liberação da obrigação de mente, Cunha provou não ser horotulagem de alimentos transgêni- mem de palavra ou de pudor e fez cos. E a lista segue. valer seus interesses. Infelizmente, ele não está isolaPara avançar na reforma traba- do em sua postura egoísta, corpolhista que inrativa, antiteressa aos pa- Cunha não está isolado em sua democrática trões, a proe antipopupostura egoísta, corporativa, posta que agolar. A maiora trazem é antidemocrática e antipopular ria dos para terceirizalamentação. Os trabalhadores terceiriza- res não vai votar em propostas que dos adoecem mais, ganham me- os prejudique, que ameace sua renos, têm menos férias, sofrem mais eleição. E como os parlamentares acidentes de trabalho. O Congres- que lá estão foram eleitos pelas reso quer liberar de vez a terceiriza- gras atuais, contaminadas pelos inção. A proposta aprovada na Câma- teresses do poder econômico, logo ra dos Deputados permite inclusi- se conclui que é impossível que de ve que a empresa terceirize sua ati- lá saia uma reforma política demovidade fim. É a precarização geral e crática. irrestrita dos empregos no Brasil. As organizações prometem não aceitar passivamente a contrarOs sindicatos, movimentos po- reforma política. Essa atitude do pulares e juristas têm denunciado Congresso, contrária aos intereso risco que corremos. As organiza- ses populares, reforça a necessidações sociais prometem marcar o 29 de da luta por uma Constituinte exde maio como dia nacional de pa- clusiva e soberana para fazer a reralisação contra a terceirização, o forma política.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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CIDADES

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Servidores da PBH permanecem em greve TRABALHO Além de “Reajuste Zero”, funcionários denunciam piora nas regras de férias e outros direitos Reprodução / Sindibel

Rafaella Dotta Cerca de 2 mil pessoas participaram, na terça (26) e quarta (27), de manifestações a favor do reajuste salarial e permanência dos direitos dos servidores da Prefeitura de Belo Horizonte. A greve começou na segunda (25) e pretende pressionar a PBH a manter atuais regras de férias e reajustes salariais. No dia 26, os manifestantes realizaram uma lavagem das escadarias da prefeitura, com a intenção de “lavar da PBH a falta de condições de trabalho, o assédio moral e outras sujeiras”, afirma o presidente do Sindicato dos Ser-

Arrecadação da PBH não atingirá a meta, mas deve ser maior que a do ano anterior

não atingirá a meta, mas deve ser maior que a do ano anterior.

vidores Públicos Municipais (Sindibel), Israel Arimar. Os atos são organizados por sete entidades, que representam 200 mil trabalhadores. Segundo Israel, a PBH apresentou as propostas em separado para as entidades,

indicando a suspensão ou modificação de pelo menos quatro direitos dos servidores, como acabar com as férias prêmio e o quinquênio. “O que está sendo apresentado pela área econômica da PBH é a redução drás-

Filme Livre anima o mês de junho em BH CINEMA Projeto que incentiva produções audiovisuais independentes chega à capital pela primeira vez Divulgação

Da redação De 3 a 22 de junho, Belo Horizonte será sede da Mostra do Filme Livre (MLF), festival que valoriza o cinema independente no Brasil. O evento já está em sua 14ª edição, mas esta será a primeira vez que a capital mineira fará parte do circuito que inclui Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Na programação estão mais de 200 filmes, oficinas e homenagens a importantes cineastas do país. “Cinema brasileiro possível”, “Mais cinemas, menos templos”, e “A gente não quer só novela” são algumas frases que integram a publicidade da mostra e deixam clara a sua proposta: valorização do cinema independente, livre de amarras. Este ano o festival recebeu 1460 filmes. Dos 209 selecionados, apenas 49, ou seja, 23%, utilizaram verbas públicas na produção. “As outras foram feitas sem essa grana, mas com muita gana”, explica Guilherme Whi-

tica dos direitos dos trabalhadores”, critica Israel, lembrando que a análise do Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese), encomendada pelo sindicato, indica que a arrecadação de verbas da PBH

Prefeitura nega A PBH afirma que as finanças do município foram “profundamente afetadas pela crise econômica que abala o país”, com queda de arrecadação de 8,3%. A prefeitura nega, ainda, que tenha proposto o “Reajuste Zero” aos servidores, destacando que aguarda o resultado da arrecadação dos próximos meses. Na segunda (1), os servidores realizam nova assembleia para decidir as próximas ações. Segundo o presidente do Sindibel, foi enviada à PBH uma solicitação de proposta que, se não for respondida, aumentará a tendência de continuação da greve.

PERGUNTA DA SEMANA A corrupção é tema central dos meios de comunicação, que a colocam na política, no governo e nos partidos. A publicidade é tão grande que a palavra “CPI” já se incorporou ao cotidiano dos brasileiros. Alguns estudiosos sobre o Brasil analisam que a corrupção, ou o “jeitinho”, é sistêmico no país e perpassa nossa formação cultural e social.

Pra você, onde pode ser vista a corrupção?

taker, criador e organizador da MFL. Ele conta que a MFL é o único evento de cinema que admite filmes de todos os formatos, gêneros e durações, além de aceitar filmes de qualquer época, já que a maioria dos festivais aceita obras realizadas no máximo há dois anos. As sessões irão acontecer no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça

da Liberdade, com entrada gratuita. Na noite de abertura, que acontecerá no primeiro dia de junho, será exibido o longa “O tempo não existe no lugar em que estamos”, do diretor paraibano Dellani Lima, que mora em BH. A programação completa pode ser conferida na íntegra no site www.mostradofilmelivre.com.

No trabalho, no dia a dia, na própria família. Na verdade, a gente acaba sendo mal acostumado. Vivemos no meio de tanto caso errado que, mesmo sem querer, você acaba sendo corrupto com alguma coisa. Robson Reis, trabalhador da Copasa

A corrupção existe em todo lugar, tanto na política como na saúde, na escola. Veja: entra verba em todas as áreas, mas ela não é aproveitada como deveria. Pra mim, isso é um exemplo grande de corrupção. Gabriele Raiane, vendedora


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CIDADES

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Prefeitura propõe à Minas Arena volta dos barraqueiros ao Mineirão

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Bombou na Rede

IMPASSE Município cede à luta dos trabalhadores, mas concessionária segue analisando a medida Reprodução / Brigadas Populares

Raíssa Lopes Após grande pressão dos barraqueiros, a Prefeitura de Belo Horizonte encaminhou ao consórcio Minas Arena, responsável pela gestão do Mineirão, proposta que prevê a volta dos trabalhadores ao estádio. A medida, se aprovada, levaria os 96 autônomos para a Esplanada com a condição de que eles paguem o aluguel do espaço. Segundo Ernani Francisco Pereira, um dos fundadores da Associação dos Barraqueiros do Entorno do Mineirão (ABAEM), a notícia não foi recebida com muita empolgação pelos trabalhadores, já que o receio de que seja cobrada uma taxa abusiva é alto. “Se vierem com um aluguel absurdo não vamos aceitar. Nós gostaríamos que a Minas Arena devolvesse a Esplanada ao Estado, que lá fosse um lugar público de fato”, desabafa.

Desde 2010, barraqueiros estão proibidos de trabalhar no estádio

De acordo com Ernani, a Parceria Público Privada (PPP) entre Estado e Minas Arena afetou cerca de 150 famílias que faziam uso do local na época, em 2010. Hoje, 54 delas já desistiram de lutar por seus direitos. “Foi uma mudança radical de vida. Eu lidero o movimento dos barraqueiros há 20 anos e não possuo

nem casa própria. Há cinco anos a gente não tem local de trabalho, falta dinheiro pra comprar mercadoria, pra pagar água e luz”, conta Ernani, que é mais um dos que sobrevivem tentando driblar a fiscalização. Tradição Os barraqueiros trabalhavam no local desde 1964.

Além deles, também foram proibidos os churrascos que torcedores costumavam realizar no estacionamento em dias de grandes jogos. “As arenas que trouxeram modernidade ao futebol brasileiro afastaram, na mesma medida, importantes manifestações populares”, analisa o estudante Tiago Mattar, assíduo frequentador do estádio. Barraqueiros em luta A Minas Arena ainda não publicou parecer sobre a decisão. Os barraqueiros seguirão pressionando para que não haja ainda mais demora na solução do problema. Uma reunião está marcada para o dia 2 junho, no Mineirinho, na qual os membros da ABAEM irão decidir quais serão as próximas ações do grupo. Procurada, a concessionária não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Sucos Detox funcionam mesmo? SAÚDE Sucos prometem eliminar toxinas do organismo Reprodução

Larissa Costa Ultimamente, surgiram pelas ruas do centro de BH diversos estabelecimentos que vendem sucos e vitaminas naturais. Um dos sucos que andam fazendo sucesso, principalmente entre aquelas pessoas preocupadas com a saúde, são os chamados “detox”. Feitos com vários ingredientes, como couve, hortelã, abacaxi, gengibre, limão, água de coco e salsinha, esses sucos prometem eliminar toxinas, regular o intestino e até mesmo emagrecer. Viviane Paixão, nutricionista conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas de Minas Gerais (CRN9/ MG), aponta que os sucos detox são bebidas que favorecem a limpeza hepática e

ajudam a eliminar substâncias nocivas que sobrecarregam o organismo, como radicais livres. “Também ajudam no processo de emagrecimento, pois além de desintoxicar o organismo, melhoram o funcionamento do sistema imunológico e do intestino, além de hidratar o corpo. São muito ricos em vitaminas, minerais e fibras. Todas essas características que eles possuem favorecem a perda de peso”, afirma Viviane. Variações No entanto, a nutricionista alerta que cada organismo reage de uma forma. “Ninguém é igual, cada organismo é um e, portanto, o que funciona para uma pessoa não pode funcionar para outra”, diz.

Nutricionista defende que suco ajuda inclusive a emagrecer

Entre os consumidores, as opiniões se dividem. “Sempre tomo antes e depois da academia”, afirma a estudante de jornalismo Isabela Lima, que diz ter sentido os benefícios prometidos pelo o suco. Já o comerciante Ricar-

do Modente diz não ter expectativas nas propriedades do suco. Mesmo assim, ele garante tomar de vez em quando. “O sabor é gostoso mesmo, apesar de ter coisa que muita não gos@gente Mas ta, como gengibre. não senti nenhuma diferença”.

Babás que não possuem nomes Chamou atenção dos internautas a ausência dos nomes das duas babás na repercussão do acidente que sofrereram no domingo (24), quando acompanhavam o casal de apresetandores Angélica e Luciano Huck e seus filhos.

Líder do MBL é atendido pelo SAMU Uma integrante e um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri, foram atropelados na noite de sábado (23) por um motorista embriagado, entre as cidades de Abadiânia e Alexânia, em Goiás. Após o acidente as vítimas foram atendidas, ainda na estrada, pelo SAMU, serviço implementado durante o governo Lula. O MBL é contra os gastos públicos com escolas e o SUS, por exemplo, e prega que empresas cuidem e cobrem por todos os serviços essenciais.


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MINAS

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Programas fortalecem Mutirão para convivência com o semiárido pomar no Cafezal CIDADANIA Construção de cisternas e fortalecimento da agroecologia pautam lançamento

ÁREA DE RISCO Moradores e apoiadores recuperam encosta com frutas Reprodução / ASA

Reprodução

Fabiano C. César

Larissa Costa

Cuidar da água e da produção, para fortalecer a cidadania e o protagonismo de agricultoras e agricultores. Com esses objetivos, foram lançados os programas “Cisternas nas escolas” e “Sementes do semiárido” na terça-feira (26), na Cidade Administrativa, pelo governo do estado e pela Articulação do Semiárido Mineiro (ASA Minas). O primeiro vai levar água para escolas rurais e proporcionar debates em torno da educação, alimentação e comunicação no campo. O coordenador do projeto, Decanor Nunes, salientou que esse programa visa refletir so-

No próximo domingo (29), acontecerá o 16º Mutirão de Formação do Pomar do Cafezal, na Vila Santana do Cafezal, no aglomerado da Serra. Há mais de um ano, moradores da comunidade, junto com estudantes e apoiadores, decidiram recuperar uma área de encosta considerada de risco pela prefeitura. A solução encontrada foi construir um pomar para recuperar o solo e evitar o desmoronamento. A arquiteta e professora Margarete Leta é uma das apoiadoras e conta que o pomar já possui 140 mudas de frutíferas plantadas e um viveiro. “O pomar faz parte

Programas foram lançados pelo governo e pela Articulação do Semiárido Minas

bre “a água como um saber”. O segundo programa busca implantar casas de sementes comunitárias para garantir a segurança alimentar e nutricional dos agricultores. A coordenadora executiva

da ASA Minas, Leninha Alves, reforçou que o lançamento é importante para confirmar o compromisso com políticas que construam a democratização do acesso à terra e à água.

Peixes infectados O pescador Ariovaldo Teixeira de Oliveira mostra, em vídeo gravado em 20 de maio, peixes que apresentam feridas e infecções, pescados no rio Jequitinhonha. O fato levanta suspeitas sobre a contaminação da água, que vem apresentando o sumiço de espécies de peixes desde a construção das barragens de Irapé e Itapebi. As fotos foram divulgadas pela Cáritas Diocesana do Baixo Jequitinhonha. Reprodução / Cáritas

da resistência das 177 famílias que estavam ameaçadas de remoção”, conta. Ela destaca que as famílias já sentem o benefício do pomar. “Já estão colhendo muitas coisas, como abóbora, chuchu e quiabo”, diz. O mutirão é aberto e ocorre todos os últimos domingos do mês.

Mulheres ainda recebem menos que os homens DESIGUALDADE Diferença salarial aumentou nos últimos anos No mercado de trabalho brasileiro, homens geralmente são mais valorizados que as mulheres. Dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), além de comprovarem essa afirmativa, indicam que a diferença de salários entre homens e mulheres que exercem a mesma função aumentou mais que o dobro nos últimos 12 anos. Em 2003, o salário médio das mulheres admitidas com carteira assinada era de R$ 824, enquanto o dos homens era de R$ 882, um valor 6,85% maior. Em março deste ano, essa diferença atingiu 14,38%. Ou seja, mesmo possuindo as mesmas atribuições, homens recebem uma média de R$ 160 reais a mais que mulheres. Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial das Mulheres, afirma que as razões para essa diferença estão re-

Reprodução

lacionadas com a forma como a sociedade se organiza. “Ainda há a ideia de que certas funções são exclusivas das mulheres, como o trabalho doméstico. Essa divisão faz com que o salário das mulheres seja considerado como uma ajuda na renda da família”, afirma.


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MINAS

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FATOS EM FOCO

Má qualidade e mortes em terceirização de serviços TRABALHO Projeto de Lei em debate no Senado pode ampliar precarização até em atividade fim de empresas Reprodução

Maíra Gomes “Terceirizado é que nem dublê da televisão. Ele é quem faz o serviço, mas você nunca vê, só aparece o artista principal. É um serviço escravo, no anonimato, que só aparece quando se acidenta”. Essa é a tradução de terceirização para o eletricista aposentado Lucio Neri de Souza. Ele trabalhou 11 anos para a Cemig, prestando serviço para oito empreiteiras, até o dia em que se acidentou e perdeu a perna direita e os dois antebraços. Lucio Neri denuncia que o serviço terceirizado é muito precário, já que para obter lucro, as empresas obrigam os trabalhadores a correr com as tarefas, sem garantir a segurança. “A gente tem que trocar pelo menos cinco postes por

dia. Se fosse a Cemig fazendo, seria apenas um”, exemplifica. Desde o acidente, Lucio recebe uma aposentadoria de cerca de R$1100. Se fosse trabalhador direto da Cemig, estaria recebendo pelo menos R$ 7 mil. “Minha mulher teve que largar o trabalho pra cuidar de mim. É uma peleja muito grande que vivemos aqui, estamos na misericórdia de Deus mesmo”, diz. O que muda? Nilton de Souza, diretor do Sindicato dos Professores de Minas Gerais, Sinpro Minas, aponta que a educação perderia muito caso professores passassem a ser terceirizados, já que eles seriam contratados por apenas um ou dois anos, sem garantia de continuidade. O vínculo en-

Aécio perde processo contra sites

tre aluno e professor ficaria ameaçado, bem como o comprometimento pedagógico do educador com a escola. Também para o serviço de prestação de informações à sociedade, que é a profissão do jornalista, a terceirização é um perigo.

“Sem condições e vínculo de trabalho para o jornalista, as notícias terão menor qualidade, menos comprometimento com o interesse público e a veracidade”, acredita Kerison Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.

Mobilizações em todo o país no dia 29 Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

No dia 29 de maio, definido como o “Dia de Paralisação Nacional contra a Terceirização, as Medidas Provisórias 664 e 665 e o Ajuste Fiscal, e em Defesa dos Direitos e da Democracia”, está prevista uma paralisação em todo o país contra a aprovação do PLC 30/2015. Na Região Metropolitana de BH, os metroviários prometeram paralisação de 24 horas, a partir da 00h de sexta-feira. Metalúrgicos farão mobi-

lizações desde as 6 horas, com atos nas portas de fábricas na Cidade Industrial, em Contagem. Participarão também das paralisações servidores públicos de BH, educadores e diversas categorias. Das 10 horas às 15 horas, em uma barraca na Praça Sete, no centro de Belo Horizonte, dirigentes e militantes dos movimentos sindical e sociais vão distribuir panfletos e dialogar com a população sobre a terceirização. Às

14 horas, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai realizar uma audiência pública sobre o tema, preparando os participantes para a concentração para o ato, que começa às 16 horas, na Praça Afonso Arinos. Mais de mil camponeses de movimentos do campo devem participar da mobilização na capital. Também estão programados atos nas cidades

-polo do Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Norte de Minas. Trabalhadores da MGS de Lavras, que estão com as atividades paralisadas desde segunda-feira (25), farão passeata no município, junto a sindicatos; também em Pouso Alegre. Em Montes Claros, funcionários da Cemig, Copasa e da educação organizarão atividades ao longo de todo o dia na região.

ENTENDA A Câmara dos Deputados aprovou no dia 22de abril o texto do Projeto de Lei 4330/04, que estende a qualquer atividade das empresas a possibilidade de terceirização. Agora no Senado Federal, o projeto tramitará como Projeto de Lei da Câmara (PLC) 30/2015, onde deverá passar por cinco comissões antes da análise do Plenário da Casa: Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); de Assuntos Econômicos (CAE); de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH); e de Assuntos Sociais (CAS).

O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) foi derrotado em ação judicial contra os sites de busca Google, Bing e Yahoo. O processo pedia que a Justiça restringisse as buscas na internet que levavam a notícias de desvio de verba, referente à época em que Aécio era governador de Minas Gerais. A decisão foi tomada pelo juiz Rodrigo Garcia Martinez, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Termo visa facilitar PPPs O governo estadual assinou, na quarta (27), acordo para auxiliar tecnicamente municípios mineiros que se interessem em firmar Parcerias PúblicoPrivadas (PPPs). A primeira cidade a utilizar o serviço será Uberaba. Além deste termo, a gestão estadual anterior foi estimuladora das PPPs no estado. Um dos exemplos é o Mineirão, atualmente questionado por deputados por apresentar gastos e contrato polêmicos.


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Acompanhando

Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Mídia Ninja

Na edição 60... “Irregularidades na reforma do Mineirão serão investigadas” ...E agora Em outubro de 2014, o Brasil de Fato MG anunciava a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa de MG para apurar o valor de R$ 18 milhões gastos na reforma do estádio, assim como o contrato feito com a empresa Minas Arena. Na segunda (25), uma audiência pública na ALMG expôs novamente as posições. A empresa pede complemento orçamentário além dos R$ 255 milhões já repassados pelo governo. Enquanto isso, parlamentares afirmam que o contrato é superfaturado, podendo chegar ao dobro do custo real. O contrato é feito por Parceria Público Privada e prevê pagamentos mensais à Minas Arena.

Na edição 85... Repressão a professores do Paraná ...E agora Na última segunda (25), 12 juristas protocolaram na Assembleia Legislativa do Paraná um pedido de impeachment do governador do Estado, Beto Richa (PSDB). A petição tem 6 mil assinaturas e se deve ao massacre no Centro Cívico de Curitiba em abril deste ano, no qual 200 pessoas ficaram feridas, entre professores, estudantes e servidores públicos.

O dia 27 de maio foi marcado por ações de protesto e de cultura em todo o país. Jovens se manifestaram contra a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, proposta no Congresso Nacional pela PEC 171. Na foto, protesto em Belo Horizonte, na Praça Sete, que teve projeções e apresentações culturais.

Armando Boito Jr.

Michel Yakini

Fora Levy é a palavra de ordem

Geraç@o crista-baixa

A luta contra o ajuste fiscal ganhou força. O prefeito do Rio obteve na Justiça o direito de pagar a dívida da cidade dentro da legislação estabelecida e que vem sendo burlada pelo Ministério da Fazenda. O prefeito Fernando Haddad, de SP, entrou com ação apresentando o mesmo pedido. Os governadores do Paraná e do Rio Grande do Sul estão seguindo o mesmo caminho. A Associação Nacional dos Prefeitos está aconselhando cerca de 180 municípios que façam o mesmo. Desde que Levy foi empossado, os movimentos populares têm denunciado e combatido o ajuste fiscal. Muitos sindicatos do setor público já estão sentindo o impacto dessa política contracionista. No setor privado, as demissões crescem. Os trabalhadores não devem pensar que o ajuste é apoiado por toda a burguesia. Dezenas de associações empreCresce a pressão sariais, embora proclamem contra o ajuste fiscal apoio genérico, estão lutando abertamente contra. A situação da economia mundial mudou e o capital estrangeiro de fora ou aqui investido, juntamente com os segmentos da burguesia brasileira que se integraram a esse capital, perceberam na queda do crescimento econômico a oportunidade de desencadearem uma ofensiva restauradora, visando obter um governo que realizasse uma nova onda de reformas neoliberais. Mobilizaram a alta classe média, e o PSDB e a mídia, seus representantes partidário e ideológico. Como todos sabem, o governo Dilma decidiu, então, recuar. Joaquim Levy é o nome que representa esse recuo. À medida em que o governo federal concilia com os principais inimigos das classes trabalhadoras, será o termo “crítica” e não o termo “apoio” da equação que deverá, paulatinamente, prevalecer. Está na hora de levantar a palavra de ordem “Fora Levy”.

Quando você faz um comentário no blog da poeta Samanta Biotti, surge a pergunta na tela: “Já olhou pro céu hoje?”. Quase como um “na paz, sai da internet e vai tomar um ar”. Só que na noia do dedinho e da tecla frenética, essa sugestão passa batida várias vezes. Até aí, tudo bem. Desprezar a pergunta de um blog não é pecado. Mas não olhar pro céu, ou simplesmente não olhar pra frente, é uma parada presente e preocupante. Há exemplos manjados, do tipo: ter que desviar do cara que atravessa no vermelho, preocupado com plim do biri-biri; um motorista dando um salve pra outro “Sai do zapzapmané, tu vai causar um acidente”. Isso sem citar a “solidãoacompanhada.com” nos butecos, restaurantes e na condução. Mas a sociologia desse desprezo e dessa “solidão” não é o que mais me chama a atenção. O fato é que esse bombardeio Já olhou para cibernético, de uns 15 anos pra o céu hoje? cá, está deixando a gente cada vez mais corcunda. E é aí que mora o diabo. Crista-baixa por crista-baixa, virar páginas ou fritar na telinha dá o mesmo efeito visual. A diferença é que ao ler, vire-e-mexe a gente levanta a cabeça, degusta o imaginário, contempla a lentidão, sem essa de passar o dedo veloz na secura por uma imagem. Outra coisa, quando chegamos ao destino final, fechamos o livro e colocamos na velha mochila de carregar versos, pois é hora de ler o mundo. Já na hipnose da telinha, andamos clicando sem pausa pro respiro. A crista-baixa, que atende ao transe imediato da roleta -russa hitec, conduz a gente a olhar pra baixo, com a coluna quebrada, ombro encolhido, na linha da obediência, sem olhar o céu e as pessoas em volta. E enquanto a coluna entorta, a sugestão persiste: Já olhou pro céu hoje?

Michel Yakini é escritor e produtor cultural e escreve em Armando Boito Jr. é professor de ciência política na www.michelyakini.com Unicamp.


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BRASIL

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

Perfil elitizado de médicos é um dos desafios ao atendimento básico da saúde FORMAÇÃO Especialistas avaliam dados de pesquisa sobre renda e etnia dos profissionais Reprodução

José Coutinho Júnior De São Paulo Mulheres, jovens, brancas, que moram com os pais, nunca trabalharam e sempre estudaram em escola privada. Este é o perfil da maioria dos recémformados em medicina no estado paulista, segundo levantamento do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). A pesquisa ainda está sendo finalizada, mas dados preliminares foram divulgados pelo presidente do conselho, Bráulio Luna Filho, em seminário sobre saúde. Os dados relativos a São Paulo correspondem à realidade do perfil dos médicos em todo o país. Um questionário do Exame Nacional de Desempenho de

Estudantes (Enade) de 2013 constatou que 56,1% dos que fizeram a prova eram mulheres, com 33,9% entre 25 e 29 anos. Do total de estudantes, 73,6% se declararam como brancos. Os que se declararam pardos/mulatos corresponderam a 21,3%. Já os que disseram ser negros representavam 2,3% do universo. A pesquisa do Enade também aponta que a faixa de renda familiar mensal mais comum para os estudantes de medicina foi a de 10 a 30 salários mínimos (R$ 6.780,01 a R$20.340). O médico da família e supervisor do Programa Mais Médicos Renato Penha, diz não se surpreender com os números. “É pouco comum encontrar pessoas que trabalham e fazem cursos de

medicina ao mesmo tempo, porque a carga horária do curso é pesada, o que limita o acesso dos mais pobres. Outros perfis, como indígenas ou negros, mesmo com a política de cotas, são pouco comuns por con-

ta da concorrência”, avalia. Estudo O tipo de formação oferecida nos cursos de medicina brasileiros, no entanto, segue um viés técnico, voltado para o mercado

e as especialidades que dão mais dinheiro acabam sendo as escolhas principais dos formados. É o que avalia Joana Carvalho, médica da família no Rio de Janeiro e orientadora na especialização de Saúde da Família. “O currículo médico hoje nas universidades tem pouco contato com a atenção primária à saúde, que é a estratégia de Saúde da Família. Os estudantes nem conhecem e têm um discurso do senso comum e dos próprios médicos de que a saúde pública é inferior, para pobre, que não tem condição de pagar serviço de saúde de qualidade. Isso precisa aparecer de uma forma mais presente na graduação dos médicos, para que os preconceitos desapareçam”, declarou.

Protesto contra PEC da corrupção BRASÍLIA Para movimentos e sindicatos, Congresso não fará correções no sistema Mídia Ninja

Cerca de mil pessoas protestaram em frente ao Congresso no dia 26, contra a aprovação da PEC 352. Os manifestantes, membros de centrais sindicais e movimentos populares, foram impedidos de entrar na Câmara e acompanharam a votação do lado de fora. Entre as propostas defendidas, está o fim do fi-

nanciamento privado de campanhas, a realização de mais consultas à população e o voto no programa partidário ao invés de indivíduos. Em 2014, a campanha pela Constituinte recolheu 7,5 milhões de assinaturas favoráveis à realização de um plebiscito para convocar uma Assembleia Constituinte para a reforma política.


BRASIL

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

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Manobra de Cunha prevalece e Câmara aprova financiamento privado para empresas CONTRARREFORMA Presidente rompe acordo e deputados voltam atrás Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados3

Da Rede Brasil Atual Numa virada total do que já havia sido acordado, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite de quarta-feira (27), a inclusão na Constituição do financiamento privado de campanha para partidos políticos, por 330 votos a favor e 141 contra. Os parlamentares também aprovaram o fim da reeleição para os cargos de presidente, governador e prefeito. A votação, que aconteceu sob clima tenso, foi marcada

330 deputados foram favoráveis à doação empresarial para partidos por protestos das bancadas do PT, PCdoB, Psol e PSB, que não aceitaram o fato de Eduardo Cunha (PMDB -RJ) ter colocado outra vez em apreciação emendas sobre um tema que já tinha sido votado e derrotado na sessão da noite anterior.

A retomada da votação sobre financiamento de campanha se deu devido a uma estratégia do presidente, que resolveu fatiar a discussão do tema em três itens diferentes. Cunha argumentou que, regimentalmente, era necessário votar todas as emendas. Segundo o líder do PT, deputado Sibá Machado (AC), que não concordou com a nova votação, “regimentalmente ele pode até estar certo, mas o que se trata é de quebra de um acordo”. A justificativa de que Cunha estava certo partiu do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e também do autor da emenda que acabou aprovada, o deputado Celso Russomanno (PRB-SP). “O texto que perdeu autorizava doações de empresas a candidatos e partidos, enquanto o aprovado nesta quarta-feira permite as doações empresariais apenas aos partidos. Há uma diferença substancial no mérito”, argumentou Leonardo Picciani. “Os deputados derrota-

Cunha fez uma das campanhas mais caras nas eleições de 2014, de R$ 6,8 milhões

ram o texto na sessão anterior por não concordar com doações de empresas diretamente a candidatos. Muitos achavam que não estava certo o financiamento

“A democracia brasileira sofreu um golpe” direto, que ele cria compromisso do candidato com a empresa, o que não é claro”, acrescentou Russomanno. Para o deputado Wa-

dih Damous (PT-RJ), que já presidiu a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro, “a democracia brasileira sofreu um golpe”. “O presidente da Casa, que não aceita resultado contrário à sua vontade, em esdrúxula interpretação do regimento interno, pôs para votar novamente o financiamento empresarial das campanhas. Em menos de 24 horas, diversos deputados ‘mudaram’ de ideia. Isso significa enlamear a Constituição. E enfiar a marmelada goela abaixo

do povo brasileiro”, reclamou, após o resultado. Na prática, 76 parlamentares mudaram seu voto a favor do financiamento de campanhas por empresas. “A contribuição empresarial de campanhas já foi votada e rejeitada por este plenário. Vocês têm que aceitar essa derrota e seguir adiante com os outros temas. Chega de golpe”, criticou a deputada Maria do Rosário Nunes (PT-RS). Doação inconstitucional Com a inclusão na Constituição da permissão para doação de empresas a partidos políticos, os deputados impedem que esse modelo de financiamento seja considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – onde tramita uma ação que avalia este tema e sobre a qual seis ministros do tribunal já se posicionaram contra. A ação foi impetrada pela OAB e há mais de um ano está parada por conta de um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.

“Os atuais parlamentares jamais terão interesse em mudar as regras que os beneficiam” O advogado e integrante da Coordenação Nacional da campanha do Plebiscito Popular da Constituinte Ricardo Gebrim explica o golpe de Cunha e defende eleição de uma assembleia específica para fazer a reforma política. A aprovação do financiamento empresarial de campanha foi uma manobra de

Cunha? Um golpe? Evidente que sim. O regimento [da Câmara dos deputados] dá muitos poderes ao presidente, mas ele tinha feito um trato com o colégio de líderes dos partidos. O acordo é bem explícito, de que só haveria uma única votação para o tema. Mas tendo perdido na terça (26), por conta de um desgaste por ter deposto Marcelo

Cunha da comissão que relatava a PEC, ele teve uma noite inteira para ameaçar, fazer pressões e votar novamente. O que é o financiamento privado de campanha aprovado? É importante saber que a situação piorou. Hoje você sabe qual empresa financiou qual deputado. Porém, o texto que foi aprovado libera do-

ação para os partidos. É evidente que as empresas doadoras vão combinar com os partidos: “eu te dou 10 milhões, mas quero 9 milhões na campanha de fulano”. E a gente vai ficar ainda mais sem informação. Essa foi claramente a PEC da corrupção. Por que uma Constituinte para a Reforma Política? Por essa “reforma”, fica cla-

ro que os atuais parlamentares jamais terão interesse em mudar as regras que os beneficiam. Eles não estão pensando em nome da nação ou da democracia, mas dos seus mandatos. Se a gente não tiver uma assembleia exclusiva, com pessoas eleitas pelo povo e a princípio sem interesses eleitorais, nenhum erro vai ser corrigido. (Rafaella Dotta)

Posição dos partidos na votação do Financiamento Empresarial de Campanha

Votaram “Sim” DEM, PMDB, PSDB, PR, PRB, PSD, PSC, PTB, PTdoB, PTC, PTN, Solidariedade, PV, PEN, PHS, PMN, PP, PRP, PRTB, PSDC, PSL. Votaram “Não” PCdoB, PDT, PT, PPS. Dividido entre “Sim” e “Não” PSB, PROS Obstrução PSOL

Deputados mineiros que “viraram a casaca”

Misael Varella (DEM) Rodrigo Pacheco (PMDB) Odelmo Leão (PP) Lincoln Portela (PR) Marcelo Álvaro Antônio (PRP) Raquel Muniz (PSC) Luis Tibé (PTdoB) Pastor Franklin (PTdoB)


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MUNDO

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

Com Podemos, esquerda ganha poder nas eleições locais da Espanha EUROPA Partido contrário a medidas de austeridade venceu em cidades como Barcelona e Madri Andrea Ciambra

Do Opera Mundi Na Espanha, as eleições locais de domingo (24) representaram o aumento de poder do partido de esquerda Podemos, rompendo com o tradicional bipartidarismo entre o governista PP (Partido Popular) e o oposicionista PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol). Mais de 35 milhões de espanhóis foram às urnas para escolher 8.122 prefeitos e governadores de 13 regiões da nação europeia. Em um termômetro para as eleições gerais previstas para novembro, o Podemos teve conquistas importantes, como a vitória da candidata Ada Colau para a prefeitura de Barcelona. Ativista e contra medidas de austeridade, Colau ven-

Colau, militante do movimento de moradia eleita prefeita de Barcelona |

ceu na segunda maior cidade do país após ficar conhecida por liderar uma organização que luta para impedir o despejo de inquilinos que não conseguem

pagar a hipoteca aos bancos em meio à forte crise econômica que afeta a Espanha. Citado pela Agência Efe, o líder do Podemos, Pablo

Iglesias, garantiu que a sua legenda está em posição de disputar a vitória nas próximas eleições gerais e acrescentou que têm a “mão estendida” para negociar com qualquer força que dê um giro de 180 graus à política de cortes. Embora tenha obtido maioria em Madri, há grandes chances de perder a prefeitura da capital para Manuela Carmena, uma antiga juíza de 71 anos da coalizão local “Ahora Madrid”, que é composta pelo movimento dos “indignados”, do qual Podemos faz parte. Renovação Segundo os resultados preliminares, o PP obteve 27% dos votos, mais de dez pontos abaixo do obtido há quatro anos, seguido pelo

PSOE, com 25%. Embora as duas legendas concentrem o maior número de votos, o resultado foi considerado para ambas uma derrota e um desgaste da imagem de seus líderes. O PP, que governava com comodidade na maioria das regiões e prefeituras espanholas, sofreu um forte desgaste e agora terá que fazer acordos com outras forças se quiser conservar uma parcela mais significativa de poder. Será mais difícil em várias regiões, onde a união de formações de esquerda pode deixá-lo fora dos governos, assim como em importantes prefeituras. O domínio do PP na política espanhola se traduzia até agora também no controle da maioria das comunidades autônomas.


Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

ENTREVISTA 11

“A comunicação pública deve se voltar ao que possa gerar benefícios à sociedade” COMUNICAÇÃO Israel do Vale, presidente da Rede Minas, avalia que emissora precisa se aproximar mais do dia a dia dos mineiros Reprodução / Observatório da Diversidade

Rafaella Dotta

ma da realidade das pessoas. A vinda do jornalista João Paulo Cunha é uma aquisição simbólica que representa esse movimento. A mesma coisa estamos fazendo com a economia. O cidadão comum tem direito de entender se o aumento do dólar significa mais dinheiro no bolso ou não.

Israel do Vale é um jornalista com forte ligação com o setor cultural. Tem experiência em jornais impressos e emissoras de TV, além de produção artística e incursões como DJ. Em janeiro, ele foi nomeado presidente da Rede Minas. Israel analisa que a emissora precisa superar sua característica de “TV de classe média” e se desafiar a cobrir a realidade da periferia de Belo Horizonte e dos outros 852 municípios do estado. Brasil de Fato MG - Qual a diferença entre trabalhar em um meio de comunicação público e um comercial? Israel do Vale - O que mais me atrai é o que uma TV pública poderia ser. Eu me desencantei com o jornalismo nos grandes veículos quando vivi de perto uma tentativa de intervenção política, uma tentativa de atuar prejudicando um candidato da época. E olha que eu trabalhava no caderno de cultura... O que aprendi é que esses dois tipos de comunicação têm beneficiários diferentes. Enquanto a comunicação privada tem como objetivo primordial o lucro, a comunicação pública deve se voltar ao interesse público, que possa gerar benefícios à sociedade. E o que me atrai é justamente a liberdade que os veículos comerciais não oferecem, do ponto de vista da ousadia, dos interesses que se defende. E como você vê a TV comercial nos dias atuais? Esse momento histórico deixou as emissoras um pouco atordoadas, por conta da mudança de lógica decorrente da internet. O que a gente vê na TV comercial hoje é uma tentativa das emissoras de aprisionar a atenção. Um mecanismo que elas adotam é a dra-

Israel do Vale: “A gente quer pegar assuntos complexos e traduzir pra uma lógica mais simples”

matização da notícia, que alimenta o que eu chamo de “indústria do pânico”. Se um marciano caísse agora na Terra e ligasse a TV, ele ia querer voltar na mesma hora pra Marte, com medo até de atravessar a rua.

“O que a gente vê na TV comercial hoje é uma tentativa das emissoras de aprisionar a atenção, criando a ‘indústria do pânico’” Como você avalia a Rede Minas hoje? Uma das coisas que questionamos com a nossa equipe é: qual o sentido de cobrir um acidente de trânsito? Nós somos uma emissora estadual, que precisa falar pra 20 milhões de pessoas em 853 municípios. A título de crítica, o nome certo da Rede Minas, nesse momento, seria “TV Contorno”. É uma TV de classe média, para a classe média. Quem vê a Rede Minas não consegue enxergar a realidade

sequer da periferia de BH. Quanto mais da região metropolitana e dos 852 municípios além de BH. Claro que isso não é uma opção,

que se desafiar a trabalhar no sinal inverso, a explorar o campo que a TV comercial não explora.

E o que pretendem fazer nos próximos anos? O primeiro movimento que estamos fazendo é restabelecer a conexão com todos os temas. No momento, não existe tema proibido. A gente quer pegar assuntos é mais uma falta de opção. complexos e traduzir pra Mas nós temos que nos in- uma lógica mais simples, comodar. A TV pública tem mais pedestre, mais próxi-

“A TV pública tem que se desafiar a explorar o campo que a TV comercial não explora”

“A televisão pública tende a ser uma rádio com imagem. Temos que avançar em direção ao conteúdo com uma dinâmica mais sedutora” Como acha que a TV pública está atualmente? Por falta de dinheiro, recursos humanos e técnicos, a televisão pública tende a ser uma rádio com imagem. São programas de estúdio, com um ou mais convidados, de perninhas cruzadas falando coisas inteligentes sobre assuntos relevantes. Isso é importante, mas a gente tem que se desafiar a fazer TV, ou seja: audiovisual. Não dá pra ficar só no blá blá blá, isso é o áudio. Temos que avançar em direção ao conteúdo com uma dinâmica mais sedutora.


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CULTURA

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

AGENDA DO FIM DE SEMANA Cinema experimental

Filmes que sem grandes investimentos, com máximo de cinco minutos e que permitam experimentações serão foco da “Mostra competitiva Tela Aberta 5’ ”. Na sexta (29), às 19h, no Galpão Cultural Benfeitoria, rua Sapucaí, 153, bairro Floresta.

UFMG aberta

Música infantil

Trilha sonora

O campus Pampulha da UFMG recebe o “Domingo no Campus”, com atividades de slackline, futebol e brincadeiras infantis e apresentações musicais, como o grupo Batuque na Cozinha. No domingo (31), das 8h às 15h, na av. Antônio Carlos, 6.627.

“O Quintal da Guegué” apresenta canções infantis, compostas por letras simples e acompanhadas por gestos divertidos na voz da arte-educadora Guegué e do músico Paulo David. No domingo (31), às 11h, na Praça Duque de Caxias.

O Teatro Klauss Vianna recebe “Cine Concerto Sons & Imagens”, um diálogo livre entre alguns filmes do cineasta Cao Guimarães e as trilhas sonoras improvisadas, executadas ao vivo pelo duo experimental O Grivo. No domingo (31), às 20h, av. Afonso Pena, 4001.

FICA A DICA Quem ainda não teve a oportunidade de visitar a exposição “Mira Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas” ainda está em tempo. Até o dia 30 de maio, sábado, o público pode visitar a mostra, que reúne obras de artistas indígenas de todo o país, com apresentação de sua cultura, histórias e crenças demonstrados em pinturas e obras das mais variadas.

BOA DA SEMANA

A exposição propicia ao público novas possibilidades de experiências em artes visuais, pois o coloca em contato com diferentes artistas e linguagens, suas maneiras de criar, suas técnicas e suas poéticas. No local estão também expostas algumas das mais de cem publicações de autoria indígena, coordenadas pelo núcleo de pesquisas Literaterras, da UFMG.

Serviço Quando: Sexta, das 14h às 20h e no sábado, das 10h às 17h. Onde: Galpão Paraíso 44, na rua Cachoeira Dourada, 44, bairro Paraíso.

“Clínica do sono” O coletivo TAZ apresenta, até 31 de maio, a peça “Clínica do Sono”, com texto e direção de Daniel Toledo. O espetáculo mostra a rotina de uma Organização Não Governamental (ONG) que cuida de pessoas com distúrbios de sono. Enquanto alguns dos personagens têm muito sono, outros sofrem de insônia crônica. E, com boa dose de humor, a ONG fictícia estabelece que os “sem so-

no” cuidarão do sono dos demais. De acordo com a descrição da peça, isso revela um “equilíbrio perverso entre exploração e filantropia”. A montagem da peça foi financiada através de uma “vaquinha virtual”, que recebeu a colaboração de 150 pessoas, que já receberam seus ingressos. A entrada custa R$ 5 (inteira) e pode ser adquirida na porta. As apresentações acon-

tecem na sexta, às 20h, e no sábado e domingo em dois horários: 18h e 20h. No Teatro Espanca!, rua Aarão Reis, 542, Centro.

Serviço O quê: peça de teatro “Clínica do sono” Quando: até 31 de maio Onde: rua Aarão Reis, 542 Quanto: R$ 5


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CULTURA

Tambolelê lança o clipe “A caUsa é nossa”

Virada Cultural é prévia de Festival Independente

RESISTÊNCIA Vídeo faz parte de campanha para comprar uma sede própria

ARTE Nos dias 29 e 30, Contagem recebe apresentação preliminar para o F5 Divulgação

Reprodução

com o apoio de diversos artistas, como Sérgio Pererê, Juçara Nunnes, Luci Lobato, Conceição Aparecida Pereira e o Bloco da Língua.

Entre os dias 10 e 19 de julho, acontece em Contagem o Festival de Cultura Independente (F5) com debates, atrações musicais, teatrais e fotográficas. Para aquecer os motores, o F5 apresenta uma Virada Cultural no próximo fim de semana, 29 e 30 de maio. A ideia é divulgar e angariar recursos para a realização do evento. Assim como o F5, a Virada Cultural se organiza de forma colaborativa entre produtores e artistas. A apresentação artística é voluntária é preciso apenas uma inscrição via formulário online. A programação, dias e locais são decididos em reuniões quinzenais, nos meses anteriores ao Festival. O Fórum Popular de Cultura de Contagem (FPCContagem) é responsável pela comissão organizadora

e por estimular as reuniões. O grupo existe desde 2009, ano do primeiro F5. Jessé Duarte, membro do FPC desde os primórdios, conta que o fórum nasceu depois de uma carta escrita pela “Cia. Crônica de Teatro”, denunciando a falta de políticas culturais na cidade e chamando artistas e população a juntarem forças. Desde então, cidadãos de Contagem realizam o F5, de forma independente. “Seria mais fácil pedir apoio da prefeitura, mas pela falta de políticas estruturantes que re-

gulamentem esse ‘apoio’, você acaba entrando no jogo do favoritismo político”, explica Jessé. “Ao realizar um festival independente, realizamos também uma agenda de resistência”. O FPC organiza, assim, a primeira Virada Cultural de Contagem. Serão montados dois palcos na Praça do Apoema, Avenida João César de Oliveira, 751, com programação que começa às 20h de sexta (29) e termina às 20h de sábado (30). Mais informações no blog do evento f5festival.blogspot.com.br.

29/05

2015

O Centro Cultural Tambolelê, que atua há 15 anos na capital mineira, realiza campanha para a compra da sua atual sede. O clipe “A caUsa é nossa”, lançado em 17 de maio, mostra a nova casa e pretende auxiliar na arrecadação de verbas através do site tambolele.com.br. O grupo nasceu no bairro Novo Glória, onde se mantém até hoje, e se especializou em oficinas de percussão gratuitas para a comunidade. Lá, funcionam as atividades semanais do Bloco Oficina Tambolelê e do Xicas da Silva. Na Rua Passo Fundo, 124. Desde novembro, a campanha já realizou oficinas de dança, festas, shows, arrecadação de dinheiro nas ruas e campanhas virtuais, contando

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DIA NACIONAL DE

PARALISAÇÃO E MANIFESTAÇÕES

Contra a Terceirização, as Medidas Provisórias 664 e 665 e o Ajuste Fiscal Em Defesa dos Direitos e da Democracia

Manifestação em Belo Horizonte, concentração 16h, na Praça Afonso Arinos


Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

Novela

A Bíblia também virou novela que função pedagógica. Os casos da vida de Moisés, de seu nascimento até a chegada do povo hebreu à Terra Prometida, passando pela fuga do Egito através do Mar Vermelho e o encontro com Deus no Monte Sinai, é o fio condutor da trama. Mas de 100 anos da história narrada por alguns livros do Antigo Testamento são contados nas quatro fases da novela. Para quem não se lembra das aulas de ensino religioso, por volta dos anos 1300 a.C, o poderoso Faraó Seti (interpre-

Amiga da Saúde

Até semana que vem! Joaquim Vela

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

© Revistas COQUETEL

Esclarecer determinada situação Que tem Conhecido como desejos nictofobia, é comum entre crianças intensos

Fétidos; infectos

"Ideia de (?)", proposição tola (gíria) Que pode ser cultivado "Estúpido (?)", uma das músicas propulsoras do rock no Brasil Risos, na internet

Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.

Ilha lendária do Rei Artur

Profundo, em inglês Sílaba de "cacei"

Alvo de acusação da Promotoria

(?) universais: têm o sangue O negativo

(?) de Águia, banda baiana de axé

Sucesso (gíria) Volume (abrev.)

(?) Rúbia, vedete e atriz A vogal da vaia (?) Guevara, revolucionário argentino

Árvore europeia de madeira de qualidade

Ana Néri: a Mãe dos Brasileiros

Vendedora Afirmar de artefa- em carátos de ouro ter oficial Aspirina (sigla) BANCO

3/oil. 4/deep — olmo. 5/cível. 6/jerico. 8/eurídice — scorsese. 9/joalheira.

Querida Emanuella, não existe leite materno fraco, este é o melhor alimento que um bebê pode receber. Inclusive, até os seis meses de vida ele deve ingerir somente leite materno. Nos primeiros meses, a criança pode querer mamar com muita frequência mesmo, isso é normal. O desenvolvimento é muito acelerado e elas precisam de muita energia. Além disso, a digestão do leite materno é rápida e assim o corpo do bebê absorve bem os nutrientes de que precisa. O recomendando é mamar por livre demanda, ou seja, sempre que o bebê quiser. É importante a mãe deixar que o filho esvazie uma mama antes de passar para a outra, pois o leite do final da mamada contribui mais para o ganho de peso e sustenta melhor.

Resultado do vício do tabagista Martin (?), Petróleo, cineasta de em inglês "O Aviador"

"(?) Secas", romance Referente ao Direito

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Solução D O S O I C E L O N R Ç A S A E E P S U V E L O M L M O A N I R A T A R

Reprodução

O motivo pelo qual Orfeu foi ao submundo (Mit.)

A síntese de tudo o que aspiramos

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

na produção, já que está alinhada às suas filiações religiosas. O figurino, caracterização e cenografia também são elogiados. Eu gostei do que vi até agora. Vale a pena conferir! E diversificar nossas opções de entretenimento. Que novela ou programa de televisão você vê? Sugere para eu assistir também no email quimvela@ brasildefato.com.br.

www.coquetel.com.br

Cara amiga da saúde, se o bebê recém nascido chora com muita frequência é sinal de que o leite da mãe é fraco e não o sustenta? O que fazer? Emanuella Lima, 32 anos, pedagoga

tado por Zécarlos Machado), inimigo do povo hebreu, manda matar todos os bebês israelitas. Mas um bebê é salvo por sua família e colocado num cesto de bambu no Rio Nilo. A princesa, filha do Faraó, encontra a criança. Batizado Moisés (Guilherme Winter), ele é criado como príncipe da corte egípcia. A crítica aponta que a novela ganhou parte da audiência da polêmica “Babilônia”, pois dividem um período do mesmo horário. Dizem também que a Record vem investindo

T V B I C I U R I D A V A D R E S E A L L D R I C O E M E A U P I D O O S C R A L H E A T E S

Recebi uma carta de uma distribuidora do jornal, a Elaine Ribeiro, na última semana e ela critica que escrevo muito das novelas de um canal só. Ela tem razão! É sempre bom rever nossos conceitos. O entrete-

nimento realmente é diverso. Obrigado pelo toque, é sempre construtivo dialogar com o leitor, ter certeza de que a gente é lido... Já aproveitando o tema, tenho assistido à novela “Os Dez Mandamentos”, da Rede Record, no ar há dois meses. Para mim ela é uma inovação. Não apenas por ser o primeiro folhetim baseado na Bíblia, mas também por trazer uma dramaturgia alternativa aos enredos já desgastados. Uma novela sobre a história da humanidade tem, antes de tudo, uma

A M E D P O I D O J E S C U R J O

14 VARIEDADES


ESPORTE

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

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Dirigentes da FIFA na cadeia FICHA CRIMINAL Brasileiro é antigo aliado da ditadura Rafael Ribeiro/CBF

Wallace Oliveira No futebol, a notícia da semana foi a prisão e indiciamento de dirigentes e empresários esportivos, na última quarta-feira (27). Entre eles, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Os detentos estavam reunidos em Zurique, Suíça, aguardando a eleição para a presidência da FIFA. O grupo é acusado de lavagem de dinheiro, propina, fraude eletrônica e crime organizado. O esquema existe há 24 anos e movimentou pelo menos US$ 150 milhões de dólares (mais de R$ 470 milhões). As prisões foram efetu-

José Maria Marin, ex-presidente da CBF, foi preso por corrupção

Marin, filho da ditadura Reprodução

Marin foi vice de Paulo Maluf, seu correligionário no partido Arena

Um dos indiciados é José Maria Marin, ex-presidente da CBF. Nos anos 50, Marin chegou a ser jogador de futebol, mas abandonou a carreira cedo. A partir de então, percorreu uma longa trajetória na política partidária, antes de se vincular à CBF e à FIFA. Em 1963, elegeu-se vereador em São Paulo pelo Partido de Representação Popular (PRP), fundado pelo integralista Plínio Salgado. Em 1969, tornou-se presidente da Câmara Municipal, com a ajuda de Gama e Silva, ministro da Justiça responsável pela reda-

ção do Ato Institucional nº 5. Entre 1971 e 1979, foi deputado pela ARENA, partido da situação durante a ditadura. Em 1974, Marin fez um discurso elogiando a nomeação do delegado Rubens Liberatori para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Cabe lembrar que, sob o comando de Aleatori, foi realizada a Operação Camanducaia, que prendeu e espancou 90 meninos nus no quilômetro 170 da rodovia Fernão Dias. Em 1975, Marin fez outro discurso inflamado, dessa vez atacando a TV

adas a pedido do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. De acordo com o jornal The New York Times, as acusações têm como base uma investigação que o FBI começou em 2011, apontando corrupção na disputa para sediar as copas da Rússia (2018) e Catar (2022), além de contratos de marketing e transmissão de eventos esportivos pela TV. Em entrevista realizada em Nova York, Loretta Lynch, secretária de Justiça dos EUA, revelou que a candidatura do Brasil à Copa de 2014 também é investigada.

Escândalo tem três brasileiros Divulgação

O escândalo da FIFA tem envolvidos de pelo menos 11 diferentes países: Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Trinidad y Tobago, Ilhas Cayman, Costa Rica, Nicarágua, Paraguai, Uruguai, Argentina e Venezuela. No Brasil, além do ex-presidente da CBF, há outras duas pessoas, ambos empresários. Um deles é Jose Hawilla, sócio da TV Tem, emissora filiada à Rede Globo. Para proteger sua imagem, a FIFA baniu provisoriamente 11 acusados de qualquer atividade ligada ao futebol nacional ou internacional. “As acusações são claramente ligadas ao futebol e são de natureza tão séria, que foi imperativo tomar medidas firmes e imediatas”, explica Hans-Joachim Eckert, em nota do comitê de ética da entidade. Cultura, cujo editor-chefe era o jornalista Vladimir Herzog. Duas semanas depois, Herzog foi preso pelo DOI-CODI, torturado e assassinado. A ficha de José Maria Marin vai longe. Em 1979, ele tornou-se vice de Pau-

VocêSabia?

José Hawilla, dono da Traffic e acionista da TV Tem, filiada da Rede Globo.

lo Maluf no governo do Estado de São Paulo. Quando Maluf precisou renunciar para candidatar-se a deputado federal, em 1982, Marin assumiu o cargo de governador. À época, ele já era presidente da Federação Paulista de Futebol, a

qual comandou até 1988. Marin chegou à presidência da CBF em 2012, substituindo Ricardo Teixeira. Seu mandato durou até o mês passado, quando ele transferiu o cargo a Marco Polo Del Nero, a quem ajudou a eleger.

Em janeiro de 2012, numa premiação da Copa São Paulo de Futebol Junior, o jogador corintiano Mateus recebeu uma medalha. Porém, durante a cerimônia, o então presidente da CBF, José Maria Marin, pegou a medalha do garoto e a colocou no bolso. O roubo foi flagrado pelas câmeras da TV Bandeirantes.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 29 de maio a 04 de junho de 2015

DECLARAÇÃO DA SEMANA

CURTO E GROSSO

Rumos opostos? Wallace Oliveira Tropeçou na Ponte e caiu no River. Assim foi a semana do Cruzeiro, a pior desde a chegada de Marcelo Oliveira. E é nesse clima horrível que o time vai ao Orlando Scarpeli, domingo (31), encarar o Figueirense. Se não ganhar, fica na zona de rebaixamento do Brasileirão. Pela qualidade de alguns atletas, é difícil dizer que a Raposa vá lutar para não cair, mas, enquanto não arranjar um armador para organizar o meio campo, está condenado a jogar apenas para não perder. Do outro lado, o Galo vem de um revés para o Atlético Paranaense, mas tem mos-

trado um bom futebol nas últimas rodadas. Se não venceu em todas elas, jogou para vencer. Domingo, pega o Vasco no Horto, de olho no topo da tabela. A dúvida é o retorno de Guilherme, afastado há um mês por conta de lesão. Quando entra em campo, o jogador é decisivo para o time, mas ainda sofre muito com a parte física. Um pouco adiante, no dia 6 de junho, os dois clubes mineiros se reencontrarão no Independência, em seu quarto confronto no ano. Pelo andar da carruagem, deve ser o clássico de um Cruzeiro no Z-4 contra um Atlético

Bruno Cantin / Clube Atlético Mineiro

Se eu soubesse antes da rodada que seria tão ruim, teria ido a um teatro, a um parque. Sou obrigado a sentar num domingo à tarde pra ver aquilo lá?

Reprodução Twitter / @wcasagrandejr

Walter Casagrande, comentarista da Globo, reclamando do jogo entre Corinthians e Fluminense, no domingo (24). Só esqueceuse de dizer que a emissora em que ele trabalha transmitiu essa pelada para quase todo o Brasil.

no G-4. No futebol, entretanto, tudo muda muito rápido. Um jogo pode mudar os rumos da história.

Gol de placa O Goiás Esporte Clube navega em mar calmo. O segredo? Não dar um passo maior que as pernas. Com teto salarial de R$ 50 mil para jogadores profissionais e portas fechadas a empresários, o clube se prepara para alçar voos mais altos. É o caminho certo para um que não tem muitas fontes de receita.

Gol contra Mesmo que elimine o Tupi na Copa do Brasil, o Ceará não sabe se jogará a fase seguinte. Classificado para a Copa Sul-Americana, o clube terá que optar por uma das duas competições, já que o calendário organizado pela CBF não previu o conflito de datas. Já ouviram dizer que 7 a 1 foi pouco?

OPINIÃO América Bráulio Siffert Por incrível que pareça, mesmo ganhando de goleada do Santa Cruz, o América ainda não convenceu nesse início de Série B. Falta mais controle do jogo, organização dentro de campo, poder ofensivo e melhor ligação entre o meio de campo e o ataque. A vitória sobre o Santinha demonstrou que, com um pouco mais de capricho e qualida-

de, é fácil conquistar pontos na Série B, na qual, via de regra, os times são muito fracos. Aparentemente, além do Botafogo, os adversários a serem perseguidos serão Náutico, Bahia, Vitória e Ceará, apesar de ser ainda muito cedo para fazer qualquer prognóstico. Mas, caso queira subir, o América precisa melhorar e conquistar pontos dentro e fora de casa, desde já, assim como fez no ano passado.

OPINIÃO Atlético Rogério Hilário Numa competição como o Brasileiro, tudo pode mudar em pouco tempo. Depois de apresentar futebol de gala contra o Fluminense, o Atlético parou no Furacão. Embora tenha atuado bem, faltou, segundo Levir, pontaria. Talvez tenha faltado mesmo futebol competitivo. É fácil culpar a má sorte e difícil reconhecer as qualidades do adversário. Os jogado-

res paranaenses lutaram muito e tiveram chances de ampliar o placar. A estratégia de apenas um volante pode tornar a equipe ofensiva, mas deixa a defesa vulnerável. Haja vista as sucessivas saídas de Victor com os pés para cortar contra-ataques. Ou seja, melhor mesmo é o retorno de Leandro Donizete. Quando à armação, solução só com a volta de Guilherme. Quando? Nem o treinador sabe.

OPINIÃO Cruzeiro Léo Calixto Se a palavra que resumiu a vitória na Argentina por 1 a 0 foi exuberante, a desta semana, depois da derrota por 3 a 0, dentro do Mineirão, é inacreditável! Inacreditável não pela desclassificação para um grande time do futebol sul-americano, mas pela forma como ela aconteceu. Como um time capaz de fazer uma partida tão firme taticamente na

casa do adversário pode sucumbir dentro de casa perante sua torcida, como se fosse um time juvenil jogando bola? O fato é que o técnico Gallardo deu um nó tático em Marcelo Oliveira, adiantando suas linhas e travando o Cruzeiro no seu campo de defesa. Na fatídica partida, ficou evidente a necessidade da contratação de um meia-atacante e um volante de qualidade para a saída de bola.


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