Edição 90 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Minas Gerais

Reprodução / Youtube

16 ESPORTES

13 CULTURA

Manter o tabu

Congado de luto

Cruzeiro visita o Vasco. Time mineiro defende invencibilidade de nove anos em São Januário

Minas perdeu sua Rainha Conga, Dona Isabel, que faleceu aos 76 anos de idade. Acompanhe um pouco da sua trajetória

12 a 18 de junho de 2015 • edição 90 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

8 e 9 BRASIL Após protesto de jovens, comissão adia votação que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Com isso, a proposta voltará a ser analisada na próxima quarta (17). Para ilustrar a situação, o Brasil de Fato preparou uma HQ sobre o assunto, realizando uma junção entre o jornalismo e os quadrinhos. Confira nas páginas 8 e 9. Manoel Marques / Imprensa MG

6 MINAS

3 CIDADES

Promessa de participação

Fim da greve de ônibus na capital

Programa lançado por Pimentel cria Fóruns Regionais em 17 regiões do estado, para ouvir a população

Depois de três dias, rodoviários conseguem acordo favorável e linhas municipais voltam a circular em BH

Reprodução / STTRBH


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 12 a 18 de junho de 2015

editorial | Brasil

Queremos mais participação popular

ESPAÇO dos Leitores

Minha novela fala da riqueza e da pobreza, do amor, das idas e vindas do destino [...] Ainda estou escrevendo e sei que muitas ideias vão surgir. Uirá Hans Emmermacher comentando a postagem “Eleição em DCE da PUC gera polêmicas e violência”

A que ponto chegamos. Recusados nas urnas, agora a turma do chapéu frauda até eleição de DCE universitário. Que fase, hein? Uirá Hans Emmermacher comentando a postagem “Eleição em DCE da PUC gera polêmicas e violência”

Ótima entrevista com Israel do Vale sobre comunicação pública! Sílvia Amâncio comentando a edição 89 do Brasil de Fato MG

Homenagem goela abaixo... Rosângela Cangussu comentando a postagem “Em sessão que homenageou os 50 anos da Rede Globo, movimentos sociais são expulsos violentamente da ALMG”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Nesta semana o governo estadual Hoje, a política está desacreditalançou os Fóruns Regionais de Go- da, não cativa, não envolve, não insverno, como parte de uma política pira. Está muito distante da populade participação popular. ção. E essa aversão à participação e A proposta, ainda em construção, à política é construída culturalmenvem em boa e oportuna hora. Se te. É preciso que a reconstruamos. É sincera for, com certeza enfrentará preciso que vejamos a política como grandes desafios. É meritório o ace- algo bom, como a melhor maneira no do governador Fernando Pimen- de exercer o bem comum, de alartel em assumir o compromisso des- gar as fronteiras da humanidade. te governo de que haja participação É preciso dar acento ao popupopular na defilar, na expressão nição das priori- É preciso valorizar a política “ Par ticipação dades. Mais que Popular”, preisso, que a partisente nos objeticipação popular seja política de Es- vos dos Fóruns Regionais de Govertado e método de governo. no. Se perdura tanta exclusão, é porVivemos um momento no Brasil, que o principal direito negado hise no mundo, em que a participação toricamente foi o da participação. já não é opção, é necessidade. Mas não é efetivada. O Brasil está em Afinal, não são todos que neces106º lugar de um ranking de 187 paí- sitam de uma política de participases quando o assunto é participação ção. O poder econômico, os empreda mulher na política. No Congresso sários, encontram seus canais. Ennacional, elas são apenas 9%, sendo contram inclusive seus canais de dique na sociedade são 51%. álogo com a sociedade, através dos Essa situação não reflete a presen- meios de comunicação de massa, ça das mulheres nos diversos movi- empresariais. mentos, associações, iniciativas ciOs que são empregadores na sodadãs que acontecem na sociedade ciedade, ou seja, os patrões, consebrasileira. Se estão afastadas da po- guem acessar o judiciário, os legislítica é porque nossa estrutura legal lativos, os executivos nas três esfeinibe a participação, ou, no mínimo, ras. São 3% na sociedade, mas 50% preserva o machismo presente na do Congresso. Por isso, só com uma sociedade. Constituinte Os cientistas Povo mineiro só tem a ganhar Exclusiva para sociais constarealização da com mais participação tam, no Brasil, o reforma políque chamam de tica conseguicidadania regulada. E afirmam ain- remos mudar o sistema político de da que temos uma “democracia for- forma que avance nossa democramal”. O déficit de participação no cia. Brasil é dos maiores do mundo. O povo mineiro só tem a ganhar Ainda usando o exemplo da sub com um projeto que amplie e garan-representação na política, das 27 ta a participação popular. Uma políAssembleias Legislativas dos es- tica que garanta de fato orçamento tados do Brasil, menos da metade e condições para que a participação tem algum representante negro. Os aconteça. Que fortaleça as organizajovens, pessoas com menos de 35 ções da sociedade civil que já cumanos, são 58% do eleitorado e ape- prem esse papel. Que potencialize nas 7% no nosso Congresso. a democracia participativa e direta. A desigualdade social e econômi- Que politize a sociedade. ca no Brasil e em Minas é agressiOs movimentos populares seguiva, constrangedora, chocante. É pe- rão mobilizados e fazendo seu papel na que a sociedade parece ter sido de politização e elevação do nível de anestesiada para ela. consciência de nosso povo.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br / TELEFONES: (31) 3309 3304 /3568 0691

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Fotografia: Larissa Costa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Estagiária: Raíssa Lopes. Administração: Vinicius Moreno. Diagramação: Bruno Dayrell. Tiragem: 40 mil exemplares.


CIDADES

Belo Horizonte, 12 a 18 de junho de 2015

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Ônibus voltam a circular em BH TRANSPORTE Rodoviários encerram greve após empresas se comprometerem com pagamento de PLR Reprodução / STTRBH

Os motoristas e funcionários das linhas municipais do BRT Move, de Belo Horizonte, suspendem a greve a partir de sexta (12). O sindicato dos trabalhadores rodoviários realizaram acordo com as empresas de ônibus para o pagamento da Participações nos Lucros e Resultados (PLR) nos próximos 45 dias, com reajuste do INPC

Sindicato denunciava que empresa poderia romper acordo de julho. Estações paradas A greve dos rodoviários começou na segunda (8) e permaneceu por três dias, até a quarta-feira

(PLR) até o quinto dia útil de junho. O SETRA-BH declarava, em contrapartida, que as empresas de ônibus passam por problemas financeiros, decorrentes do aumento nas tarifas públicas, diesel e preço dos veículos.

(10), com adesão total da categoria, como informou o Sindicato dos Rodoviários de BH e Região (STTRBH). De acordo com funcionário de uma das estações do Move, nos horários de pico houve circula-

ção de algumas linhas, mas em outros houve paralisação total. O sindicato denunciava que as empresas, através de ofício do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belo

Site mostra os melhores leites para consumo SAÚDE Segundo análise de rótulos, marcas conhecidas podem ser as piores opções do mercado A equipe de nutricionistas Fechando o Zíper analisou 44 rótulos de leites brasileiros para avaliar quais possuem mais vantagens nutricionais. Marcas grandes como Parmalat e Itambé ficaram nas piores colocações, enquanto o primeiro lugar foi para o leite orgânico Sítio Pé na Terra, o único produto avaliado que não possui aditivos alimentares. De acordo com o site, as melhores notas foram dadas aos produtos ricos em nutrientes e com menor número de substâncias artificiais ou que mudam suas características. Aromatizantes, corantes e conservantes são exemplos de elementos não nutritivos, adicionados para mudar o aspecto do alimento. Para deixar o leite mais branco, por exemplo. Na lista geral, os leites de marcas desconhecidas

Ranking do leite* 1. Leite Desnatado Orgânico Sítio Pé na Terra 2. Leite Desnatado Xandô 3. Leite Desnatado Glória 4. Leite Desnatado Barra Mansa 5. Leite Desnatado Zero Regina 34. 35. 36. 37. 38. 39.

Leite Integral Ninho Fortificado Nestlé Leite Integral Baixa Lactose Ninho Nestlé Leite Integral Parmalat Leite Integral Lactosense Elegê Leite Integral 90% Menos Lactose Elegê Leite Integral Itambé

*A avaliação funciona a partir de rótulos enviados por internautas ao site www.fechadoziper.com. Não engloba todas as marcas e não busca validade científica.

foram mais bem avaliados. Depois do leite orgânico Sítio Pé na Terra, os melhores leites são: Xandô, Glória, Barra Mansa

e Regina. Dentre as piores notas, ficaram o leite líquido integral Itambé, o Elegê, o Parmalat e dois tipos do Leite Ninho líquido.

Horizonte (SETRA-BH), afirmaram que não iriam cumprir o acordo feito na última campanha salarial, em março. A combinação previa o pagamento da Participações nos Lucros e Resultados

Acordo Uma reunião entre o sindicato patronal e o sindicato dos trabalhadores, realizada na tarde de quintafeira (11), garantiu o retorno das linhas à normalidade. A SETRA-BH se comprometeu com o pagamento do PLR em parcela única, dentro de 45 dias, com reajuste de INPC e benefício estendido a funcionários que não o receberiam. As linhas voltam a funcionar a partir de sexta (12). (Da redação)

PERGUNTA DA SEMANA Recentemente, a FIFA foi alvo de mais um escândalo de corrupção. Sete dirigentes foram presos no dia 27 de maio, na Suíça, pelo FBI – que também revelou investigação sobre crimes de lavagem de dinheiro, extorsão e fraudes financeiras na instituição. Entre os acusados está José Maria Marin, que presidiu a CBF de 2012 a 2015. Dos 12 esquemas listados pelas autoridades americanas, ele aparece em dois, um envolvendo a Copa do Brasil e outro relacionado aos direitos de transmissão da Copa América.

E você, confia na CBF?

Não. Porque ela é uma instituição corrupta desde sempre. Só a grande mídia não queria enxergar isso. Para não desvalorizar ainda mais o futebol brasileiro, os times devem criar uma liga independente. Robson Sales, 22 anos, estudante

Não confio porque é uma empresa privada que se apropria de elementos culturais, como o futebol, que é uma característica brasileira reconhecida mundialmente, para ter um lucro exorbitante. Mariana Lacerda, 23 anos, estudante


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CIDADES

Belo Horizonte, 12 a 18 de junho de 2015

Usiminas propõe redução de salário IPATINGA 2.700 trabalhadores receberiam 14% a menos no próximo mês Reprodução / Diário Popular

Rafaella Dotta Os funcionários da Usiminas de Ipatinga podem ter redução de jornada de trabalho e de salário no mês de julho. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa), a empresa propõe que os funcionários diurnos trabalhem um dia a menos (sexta-feira) e tenham uma diminuição de 14 a 16% no salário. O motivo seria uma crise econômica internacional, que atinge a empresa. O Sindipa calcula que o lucro da empresa cresceu 319% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passo. No entanto, a Usiminas afirma que seus prejuízos foram também

to. Ele lembra que os metalúrgicos de Ipatinga recebem o menor piso salarial do Brasil, de R$ 1.268. A proposta da Usimi-

Os metalúrgicos de Ipatinga recebem o menor piso salarial do Brasil

Sindicato critica que acionistas venham acumulando lucros nos últimos anos

crescentes, desde o terceiro trimestre de 2014. “Levando em consideração que nosso reajus-

te já foi corroído pela inflação e que os acionistas vêm acumulando lucros, enquanto nós acu-

mulamos prejuízos, a nossa resposta é não”, afirma Geraldo Magela, diretor administrativo do sindica-

nas foi apresentada no dia 26 de maio, já com o AltoForno 1 desligado. A empresa tem a intenção de iniciar a jornada reduzida em 15 de junho ou 1º de julho e os 2.700 trabalhadores diurnos permaneceriam nesta situação por seis meses. Segundo o Sindipa, a proposta de redução não exclui oficialmente as demissões.

Investigação sobre morte de jovens Educação, trabalho, cidadania, e pautas sociais sob o olhar dos professores

CPI Deputados visitam periferia para recolher relatos sobre violência contra jovens negros e pobres Reprodução

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TV Band Minas • sábado • 8h TV Comunitária de BH | sábado • 16h | quarta • 11h | sexta • 20h www.youtube.com/sinprominas

Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais Sugestões e comentários: extraclasse@sinprominas.org.br Filiado à Fitee, Contee e CTB - www.sinprominas.org.br f Sinpro Minas

“Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu”, canta a banda MCs Racionais, lembrando da violência que atinge os jovens e as periferias brasileiras. A partir deste ano, a Câmara de Deputados e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) decidiram investigar o problema, já que foram mortos 206 mil brasileiros nos últimos quatro anos. Em Belo Horizonte, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre Violência Contra Jovens Negros e Pobres, da Câmara dos Deputados, realizou visita ao bairro Alto Vera Cruz, em 8 de junho. A intenção é colher depoimentos e pensar, junto à comunidade, soluções para o problema, segundo afirma o deputado Reginaldo Lopes (PT), presidente da CPI. Demais deputados presentes no Debate Público sobre o Genocídio da Juventude Negra no Brasil,

ocorrido na ALMG também em 8 de junho, reafirmaram a importância de falar desta violência, em contraposição à proposta de redução da maioridade penal. “Jovens não são criminosos, podem até se envolver com o crime, mas a ideia de naturalizar a juventude como criminosa é errada”, afirmou Marco Cardoso, integrante do movimento negro nacional. (Da redação).


Belo Horizonte, 12 a 18 de junho de 2015

Preso por 43 anos em solitária pode ser libertado

Não basta ser direita Reprodução

ram revogadas por tribunais de recurso, e mesmo assim ele continuou preso. O Ministério Público do Louisiana queria acusá-lo uma terceira vez, mas o juiz responsável ordenou aos procuradores que desistam do caso, argumentando que Woodfox nunca será julgado com

imparcialidade no estado do Louisiana. Apesar das condenações, os Panteras Negras sempre negaram envolvimento nas mortes e afirmaram que foram colocados na solitária por lutarem por melhores condições de vida na prisão. (Da redação)

Contagem protesta Na quinta-feira (11), cerca de 200 servidores da Saúde e Educação de Contagem fecharam a Avenida Cardeal, no bairro Cidade Industrial. Eles colocaram caixões no asfalto e interromperam o trânsito no sentido Belo Horizonte, em protesto contra a Prefeitura da cidade, que não ofereceu qualquer tipo de reajuste salarial. Os trabalhadores decidiram manter o indicativo de greve. Camila Martucheli

Servidor público municipal de Belo Horizonte, fortaleça o seu sindicato! Conheça os canais de comunicação do Sindibel:

SINDIBEL Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte

www.sindibel.com.br facebook.com/sindibel (31) 3272-9865

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Artigo

INSJUTIÇA Militante dos Panteras Negras está em isolamento desde abril de 1972 Após 43 anos confinado na solitária de uma prisão de segurança máxima em Louisiana, nos Estados Unidos, o Pantera Negra Albert Woodfox, de 68 anos, teve a libertação determinada por um juiz federal, na segunda-feira (8). A promotoria, no entanto, recorreu da decisão e Albert terá que aguardar o veredito final na penitenciária. Ele é o prisioneiro que está há mais anos em regime de isolamento nos EUA. Woodfox foi colocado em isolamento em 18 de abril de 1972, juntamente com Robert King e Herman Wallace, acusados pela morte de um guarda em uma rebelião. King foi libertado em 2001 e Wallace em 2013, já Woodfox foi julgado e condenado duas vezes. As sentenças fo-

MINAS

João Paulo Cunha Um dos fenômenos mais singulares da vida política contemporânea é a saída do armário da direita em escala global. Não da direita ideológica, defensora de valores de mercado na economia e de sua tradução conservadora no campo político. Mas da direita raivosa, preconceituosa, antipopular e moralista. Uma espécie de reacionarismo de baixo instinto, que se expressa em comportamentos violentos, machistas, homofóbicos e chauvinistas. Como numa onda reativa, não basta mais ser direita, tem que participar. Há muitas camadas nessa escalada das pessoas e grupos em direção às manifestações públicas orgulhosas de sua ignorância. As teses da esquerda, que deveriam ser ecoadas na ação de um governo de base popular, têm sido sistematicamente deixadas de lado em razão de um pragmatismo isolacionista e autossuficiente. Não se recorre mais à sustentação histórica da mobilização, o que tem jogado contra o principal capital político do projeto defendido pela coalizão de forças no poder. A estratégia de assumir os prejuízos políticos de momento em nome de um acerto a longo prazo vem perdendo consistência e significação para Não se pode ser tolerante boa parte do mocom a intolerância vimento sindical e popular. Assim como a natureza, a política tem horror ao vácuo. As ruas passaram a receber novos personagens que, ainda que relativamente desastrados em suas manifestações, estão tomando gosto pela coisa. Os neoconservadores estão se sentindo seguros para exacerbar seu comportamento antissocial de forma hedionda. Ganham com isso força as manifestações racistas e fascistas de todo espécie, fundadas no falso argumento da liberdade de expressão. É preciso sempre reforçar o caráter criminoso dessas atitudes. Não se pode ser tolerante com a intolerância. É nesse caldo de incivilidade histórica que estamos acompanhando o risco real da retomada de projetos como a antecipação da maioridade penal, do novo estatuto da família, da recondução de princípios religiosos no cerne do Estado, da desregulamentação das relações trabalhistas e da fraudulenta reforma política que mantém o financiamento privado de campanhas. Há uma tendência ao esmorecimento que começa na economia, ganha tradução na política e chega com força ao ânimo das pessoas. A nova direita tem, além do poder de dividir pelo ódio, o condão de deixar o futuro mais cinza e as pessoas mais tristes. O filósofo holandês Spinoza, já no século 17, afirmava a ligação entre a dominação e a tristeza. A verdadeira ação libertadora deveria ser guiada pela alegria. Não se deve condenar os afetos, mas compreendê-los; não se pode conviver com a tirania, é tarefa do homem livre combatê-la com as armas da razão e da emoção. Pode-se imaginar um programa deixado pelo pensador para a reconquista das ruas: alegria como expressão de nossa vontade de crescimento humano, ampliação da liberdade do corpo e da mente, combate aos fundamentalismos religiosos e luta dirigida pelo conhecimento das pessoas e da sociedade. Não basta ser esquerda, tem que revolucionar.


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MINAS

Belo Horizonte, 12 a 18 de junho de 2015

Participação popular será base dos fóruns regionais

POLÍTICA Em lançamento do programa, governador prometeu cumprir todos os convênios assinados Manoel Marques / Imprensa MG

Joana Tavares O lançamento dos Fóruns Regionais do governo de Minas, na terça-feira (2), levantou promessas e expectativas. Apresentado pelo governador Fernando Pimentel (PT) como a efetivação de um dos compromissos de campanha – “ouvir para governar” – o programa tem como objetivo “ser um elo entre o poder público e a população”. O primeiro dos 17 fóruns foi lançado na quinta (11), em Montes Claros, no chamado “Território de Desenvolvimento Norte”, que envolve dez microrregiões. A proposta é que esses fóruns reúnam representantes do governo, das secreta-

Primeiro dos 17 fóruns foi lançado em Montes Claros, no Norte de Minas rias de estado, das prefeituras e Câmaras, órgãos federais, sociedade civil organizada e não organizada, para levantar demandas, discutir propostas e, principalmente, construir políticas públicas. Em seu discurso de apresentação do projeto, o governador se comprometeu a cumprir todos os convênios assinados. “Desta vez,

Representantes da sociedade civil, prefeitos e secretários participaram do lançamento

a sociedade não está sendo chamada para ouvir o que nós queremos que ela faça. Ao contrário, estamos chamando para nós ouvirmos o que ela quer que nós façamos por ela”, prometeu. Frederico Santana Rick, da coordenação da Consulta Popular, representou a sociedade civil e saudou a iniciativa de tornar a participação popular uma política de Estado. Frederico lembrou que o Brasil ainda é muito deficitário em termos de participação. “Não podemos nos contentar com uma cidadania formal, regulada. Há uma demanda concreta de democracia direta e participativa”, complementou, citando mecanismos como plebiscitos e referendos. “Nos-

sa baixa cultura cidadã não é genética, é uma construção social. Ela foi criada e pode ser desconstruída”, ressaltou. “Uma proposta seria a criação de agentes comunitários de cidadania, que pudessem atuar em todos os municípios”. Expectativas Um dos 157 prefeitos presentes, Donizete Lemos (PT), de Joaíma, no Baixo Vale do Jequitinhonha, reforçou a importância de políticas que garantam a geração de emprego e renda na região. José Pereira Neto, diretor de escola estadual, reforça que a expectativa é que as decisões não sejam tomadas de cima pra baixo. Ele reconhece o avanço

que significou a assinatura do compromisso com o piso salarial dos professores, mas frisa: “a questão não é só salário. Precisamos discutir condições de trabalho e projeto de educação”. Maurílio Pereira, do grupo “Amigos da Rua”, ressaltou a importância de existir um espaço para as pessoas lutarem por seus direitos. “Acho positivo o governo se colocar disposto e aberto para conversar com as entidades”, destacou. Aline Ruas, do Movimento dos Atingidos por Barra-

“Nossa baixa cultura cidadã não é genética, é uma construção social” gens (MAB), elogia a iniciativa, mas pontua: “agora o fundamental é tornar real essa participação. Precisamos ter resultados concretos desses fóruns. A população precisa participar dos resultados, ter conquistas”. Beatriz Carvalho, do Conselho Regional de Nutricionistas, reforça a necessidade de serem debatidas as propostas que os movimentos populares já têm. “Quem produz, os agricultores familiares, têm respostas, propostas, que precisam ser levadas em consideração”, destaca.

“Os fóruns vão discutir o orçamento e o planejamento, as coisas mais importantes do Estado” Confira minientrevista com Nilmário Miranda, secretário de Direitos Humanos Brasil de Fato MG - Como vai se dar concretamente a participação social a partir desses fóruns regionais? Que tipo de políticas serão desenvolvidas para garantir isso? Nilmário Miranda - São dois modelos. Os fóruns, os territórios, são para a sociedade como um todo. Todas as classes sociais, toda a representação da sociedade. É

uma proposta de descentralização do governo, para ele ficar mais perto das pessoas, que também é uma forma de participação. No caso da construção do PPAG, que envolve o orçamento dos quatro anos, e o plano mineiro de desenvolvimento territorial, a partir das potencialidades de cada região. É importante porque vão estar os sindicatos, movimentos, empresários, representantes políticos, órgãos de governo federal e estadual. A minha secretaria cuida também da participação social do mundo do

trabalho, dos que lutam para universalizar direitos, políticas públicas universais. Lutar para direitos do papel e torná -los realidade. São dois processos que se combinam. Como vai ser a composição dos fóruns? Esses fóruns são experiência nova, então não há um projeto acabado, não parte mde um modelo. Ali vai ter representantes dos prefeitos, vereadores, da sociedade civil organizada e não organizada, do lado empresarial e dos trabalhadores, de mo-

vimentos sociais, de órgãos de governo federal e estadual. Uma das ideias é que o cidadão não precise viajar 700 km para vir até Belo Horizonte. O máximo de distância vai ser 100 km. É levar o governo para perto do povo. Para que as pessoas possam levar suas demandas. Hoje demos um passo, subimos o primeiro degrau. É um projeto importante, que será avaliado sempre, para ser aperfeiçoado. Esses fóruns vão discutir o orçamento e o planejamento, as coisas mais importantes do estado.

FATOS EM FOCO

Mensalão Tucano ainda sem sentença As investigações por desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro do processo que ficou conhecido como “Mensalão Tucano” começaram há mais de dez anos, mas ainda não há nenhum condenado. Doze réus são acusados de desviar 13,5 milhões, em valores corrigidos, para financiamento da campanha eleitoral de Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Dois deles já ficaram impunes, pois completaram 70 anos e foram beneficiados com a prescrição.

Vale é condenada a multa por acidentes de trabalho No complexo dos Carajás, no Pará, mais de 2 mil funcionários sofreram acidentes graves e 12 morreram nos últimos 15 anos. Outros 1362 trabalhadores terceirizados pela empresa também foram vítimas de acidentes de trabalho, sendo sete deles fatais. A Justiça do Trabalho condenou a Vale a pagar R$ 804 milhões pela alta frequência de casos, causada pela negligência e descumprimento de normas básicas e elementares de segurança, saúde e medicina do trabalho. A Vale pode recorrer da decisão.


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Acompanhando

Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Coletivo de Comunicação Popular

Na edição 89... “Servidores da PBH permanecem em greve” ...E agora Após acordo com governo municipal, a maioria da assembleia geral, realizada na quarta (10), decidiu pela suspensão da greve. A PBH afirmou que o reajuste será definido em setembro e se comprometeu a não enviar à Câmara Municipal qualquer proposta que reduza ou retire benefícios sem acordo com a categoria. Os dias parados não serão descontados e aqueles que foram cortados serão repostos até dezembro. O Sindibel afirma que o estado de greve será mantido e, caso o reajuste não seja satisfatório, o movimento grevista se reiniciará. Na edição 86... “Grupo evangélico entra no lugar da Rádio Guarani” ...E agora No fim do último mês, entidades que integram o comitê mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação entraram com uma representação junto ao Ministério Público Federal que denuncia o arrendamento da Rádio Guarani. O documento aponta que houve fraude na transferência da concessão da faixa 96,5 para a rádio Feliz FM e que transação foi realizada sem autorização do Governo Federal, ferindo a igualdade de concorrência com outras rádios no procedimento licitatório.

Na última segunda (8), durante a cerimônia promovida pela ALMG para homenagear os 50 anos da Rede Globo, movimentos sociais realizaram um ato que denunciou a emissora por apoiar a ditadura militar e sonegar impostos. Dentre os presentes na sessão solene, estava o ator Milton Gonçalves que, em seu discurso, justificou que a emissora contratou comunistas durante o regime militar, afirmando que a juventude que ali manifestava não conhecia a verdadeira história. O que o ator se esqueceu de dizer foi que o grupo Globo se posicionou publicamente como favorável ao golpe militar que instaurou uma ditadura de 21 anos no país.

Frei Betto

Marcel Farah

Leite derramado

Pátria educadora em resposta ao cerco da mídia

Reza o ditado que não adianta chorar sobre o leite derramado. Nada fará com que ele retorne ao copo ou à garrafa. Isso se aplica ao fenômeno Eduardo Cunha. O PT, ao fazer opção preferencial pelo PMDB, agora colhe o que semeou. Acreditou que 300 picaretas iriam se transformar e encher de votos e apoios no Congresso. Agora Chapeuzinho Vermelho conhece o tamanho da boca do Lobo Mau disfarçado de vovozinha. Haveria alternativa à governabilidade? Sim, exemplo: ao assumir a presidência da Bolívia pela primeira vez, Evo Morales não tinha apoio nem do mercado nem do Congresso. Mobilizou, então, seus aliados históricos: os movimentos sociais. Assim, conseguiu modificar o perfil do Congresso boliviano e obter o apoio do mercado. É o governo que apresenta resultados mais positivos e solidez política. No Brasil, os grandes par- É urgente reinventar tidos se amesquinharam, e a política os pequenos, com raras exceções, são balcões de negócios. O país melhorou nos governos Lula e Dilma? Muito, como nunca em nossa história republicana. Mas o neodesenvolvimento trafegou em estrada esburacada sem construir sustentabilidade. Nenhuma reforma estrutural foi feita em 12 anos. A inclusão econômica de 45 milhões de brasileiros não se fez acompanhar da redução da desigualdade social. Estimulou-se o consumismo sem politizar a nação. Rentistas e especuladores nadaram de braçadas. Foi preciso chamar um Chicago boy, Joaquim Mãos de Tesoura Levy, para tentar salvar a economia, sacrificando os mais pobres. E o Congresso foi abocanhado pela dupla Cunha-Renan. Cadê o Conselhão? Cadê o diálogo com os movimentos sociais? A agenda positiva? O projeto histórico de “construir um novo Brasil”? Diante do leite derramado, urge reinventar o processo político brasileiro. Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org

O processo de construção de uma pátria educadora não pode ser focado unicamente no aspecto escolar da educação. É preciso considerar as experiências de educação que existem para além da escola, na rua, na praça, nas redes, na mídia, no campo, e por aí vai. A educação brasileira experimentou por alguns anos ser regada de utopia transformadora, com um viés emancipatório que buscava mudar as pessoas que mudariam a realidade de baixo para cima. As experiências de educação libertadoras foram um aperitivo das políticas públicas de educação na década de 1960, com um plano nacional de alfabetização que se moldava pela ideia de alfabetizar conscientizando. Essas experiências estiveram presentes em diversos outros espaços fora do Estado, ligadas aos processos formativos de organizações da sociedade. É preciso mais Não há como pensar uma educação pública pátria educadora sem considerar profundamente estes processos, e principalmente seus princípios éticos e políticos, de transformação da realidade, de reformas de base, de revolução. A realidade brasileira e latino-americana é marcada pela desigualdade e pela inserção subordinada de nossas nações na modernidade. Duas questões não podem ficar de lado neste debate da educação: a educação popular e a integração latino-americana. Educação popular como educação contextualizada, que reverta o processo de mercantilização da educação, garanta o acesso universal, a prioridade à educação pública. Integração latino-americana, que seja também um processo educacional, e de solidariedade entre os povos latino-americanos. Uma pátria educadora deve assumir uma postura que supere o colonialismo de nossos meios de comunicação, de nossa inserção internacional e de nossa tradição educacional. Marcel Franco Araújo Farah é educador popular.


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Médicos roubam o SUS e mídia dá pouca atenção CORRUPÇÃO Polícia Federal desarticula quadrilha de empresários e profissionais da saúde que cobravam “por fora” e desviavam recursos públicos Reprodução

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)* Há uma semana, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a operação “Desiderato” contra fraudes praticadas por médicos e empresários no Sistema Único de Saúde (SUS). Os mandados de prisão, buscas e apreensão e condução coercitiva foram cumpridos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina e mobilizaram mais de 200 agentes. Segundo os investigadores, o prejuízo aos cofres públicos chega a R$ 5 milhões. O centro da operação foi na cidade de Montes Claros (MG), onde três médicos cardiologistas foram presos por evidência de pelo menos três crimes: recebimento de propina sobre equipamentos médicos compra-

dos com verbas públicas, desvio de equipamentos do patrimônio público para uso em clínicas particulares e cobrança “por fora” em cirurgias de pacientes já

atendidos pelo SUS. Corrupção antiga De acordo com Celso Luiz Dellagiustina, que é médico ortopedista há

mais de 40 anos e advogado especialista em direito sanitário, esses casos de corrupção são sistemáticos. Ocorrem desde a década de 1980, quando surgiram os diversos tipos de próteses. “As empresas que vendiam próteses passaram a financiar médicos e congressos, um privilégio que se dava aos colegas, e que foi aumentando até o ponto em que a competição entre as empresas foi tão grande que parte do lucro obtido com a venda de produtos para o SUS era dado aos médicos, configurando uma cadeia de corrupção”, explica. Outro crime apurado pela investigação é a cobrança “por fora” de pacientes que estavam na fila para cirurgias cobertas pelo SUS. Enganados, os pacientes chegaram a pagar até R$ 40 mil para serem operados.

Silêncio dos médicos e da mídia Apesar da gravidade, a grande mídia deu quase nenhuma atenção ao caso. O Conselho Federal de Medicina (CFP) publicou um pequeno comunicado, pedindo investigação do caso e ressaltando o direito de defesa dos médicos acusados. “Quando lançaram o programa Mais Médicos, todas as entidades médicas e o CFP se rebelaram, lançaram manifestos, tentaram boicotar o programa, entraram com ações judiciais. Quando se trata de crimes dentro da categoria, há um recuo, quase ninguém se pronuncia e isso só reforça o caráter corporativista da classe médica”, critica o médico Celso Dellagustina. *Com informações da Rede Brasil Atual


ENTREVISTA 11

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“Vivemos uma doença crônica da água” ECOLOGIA Ambientalista defende que não existe crise hídrica, mas problemas estruturais Reproducao - SINDAGUA

Rafaella Dotta 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente, quando se recolocam em pauta debates relativos ao clima, à água, à preservação da natureza. Em Belo Horizonte, o Sindicato dos trabalhadores da distribuição de água e esgoto (Sindágua) organizou um seminário que reuniu atingidos pela mineração e ativistas que defendem os recursos naturais. Um deles foi o ambientalista Gustavo Gazzinelli. Nascido em Belo Horizonte e formado em jornalismo na UFMG, Gustavo preferiu seguir a carreira política. Seu trabalho mais recente foi em Brasília, no Ministério da Cultura, onde permaneceu por três anos. Para ele, se interessar e defender o meio ambiente é parte da sua utopia de vida, do seu projeto de mundo. Brasil de Fato MG - Por que você decidiu virar um ambientalista? Gustavo Gazzinelli Na minha juventude, tive a oportunidade de ir ao sul da Alemanha. Lá eles andam muito de trem e a pé, coisa que ficou na minha cabeça como um modelo mais razoável de existência. Eu sempre me liguei em política, pensando na utopia como um projeto. E a ecologia foi fazendo parte da utopia, da minha utopia.

“A região metropolitana de BH hoje tem 6 milhões de habitantes e 5 desses vivem em uma única área urbana” Quais seriam as questões ambientais mais importantes de Minas hoje? Varia de região para região do estado. Na metropolitana, que é onde eu te-

Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) não vai lá ver quanto se gasta. Hoje, o que existe é um automonitoramento, a empresa mede e fala quanto gasta. E elas captam água antes de a Copasa captar. Uma parte do que viria para o abastecimento público, que é a prioridade, não vem porque elas estão captando antes.

“Para saber a que esse governo veio precisamos esperar pelo menos até o final do ano” Gustavo Gazzinelli: “A ecologia foi faezendo parte da minha utopia”

nho o olhar mais apurado, o maior problema é a mineração. E outro que é a conurbação. São os pedaços isolados de cidades que foram aumentando até juntar com outra. A região metropolitana de BH hoje tem 6 milhões de habitantes e 5 desses vivem em uma única área urbana, formada por mais de um município. Isso traz problemas de abastecimento e estrutura, relativos ao ambiente. Na questão da água, você afirmaria que existe uma crise em Minas Gerais? Crise talvez não, o que existe é uma doença crônica. Por exemplo, se você tem uma artrite, de vez em quando você tem umas dores mais intensas, isso é a crise. Mas a doença já está instalada. Então, nós vivemos uma doença crônica da água. Outra coisa importante é que Minas Gerais vive realidades muito distintas. São três biomas, bacias e ocupações demográficas diferentes no estado e distintas situações hídricas. Não existe um tratamento universal, porque há regi-

ões que já têm conflitos por causa da água, como o Triângulo Mineiro, a região do rio Paracatu, João Pinheiro, Unaí, regiões do norte de Minas. Outras não estão em crise, mas podem chegar a esse ponto.

“Nós, consumidores, temos um relógio de medir consumo de água na nossa casa, mas boa parte das empresas que têm alto consumo de água não precisam medir isso” Quais seriam as causas desse problema? O monitoramento deficiente do consumo é um sério problema. Nós, consumidores, temos um relógio de medir consumo de água na nossa casa, mas boa parte das empresas que têm alto consumo de água não precisam medir isso. Onde a Vale está fazendo uma grande captação de água, o

Qual a sua avaliação sobre o novo governo estadual, em relação às águas? Ainda é cedo pra falar. Muita gente diz que o Sávio de Souza Cruz, secretário do Meio Ambiente, é ligado à FIEMG e à mineração. Pra mim, o que importa, é o resultado do que ele vai fazer e das atitudes da Secretaria. Existe a preocupação de que há uma cen-

tralização da tomada de decisões. O governo acaba de criar uma força tarefa para mudar os processos de outorgas, com um grupo que não é da área do meio ambiente, o que levanta críticas. Mas pra saber a que esse governo veio precisamos esperar pelo menos até o final do ano. Na questão crônica da água, o que seria preciso fazer? Planejar um decrescimento das atividades que consomem mais água. Na região metropolitana, a mineração, que é altamente intensiva em uso de água, tem que diminuir, até chegar em um padrão que seja possível de conviver. Não se pode licenciar mais e aumentar a produção, porque ela já ultrapassou o admissível. E é preciso incentivar que empresas que consomem menos água e gerem mais valor econômico venham pra cá. Porque essa região não comporta mais. Ou nós é que vamos pagar o preço, tendo que tomar banho de três minutos... ou nem isso. Mídia Ninja

Para Gustavo Gazzinelli o maior problema ambiental na região metropolitana é a mineração


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CULTURA

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AGENDA DO FIM DE SEMANA Exposição

Projeções

Pintura

“Tradição e resistência: sujeitos, práticas e memórias da cultura popular em BH” acontece no Centro de Referência da Cultura Popular Lagoa do Nado, rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã. Até julho, de terça a domingo, das 10h às 17h.

O Espaço do Conhecimento UFMG receberá a exposição “Reservas Ecológicas de Minas Gerais”, da artista plástica Yara Tupynambá. São projeções de pinturas que expressam a riqueza natural mineira. Todas as noites, entre 18h e 22h, até 21 de junho.

Crianças de mais de 8 anos podem participar de oficina de desenho que estimula a criatividade e desenvolve uma perspectiva das artes plásticas. Segundas, quartas e sextas, das 10h às 12h. Terças e quintas, das 14h às 16h. Na Rua Padre Júlio Maria, 1577, Alto Vera Cruz

Segunda a quinta-feira Arraiá

Gastronomia

O Arraiá de Santa Tereza vai acontecer nos dias 13 e 14 de junho na Praça Duque de Caxias. Terá quadrilhão, forró, missa sertaneja, feira de artesanato, barraquinhas de comida. No sábado será de 14h às 22h e no domingo das 8h às 22h.

A 1º edição do “Minerão Gastrô” contará com foodtrucks, restaurantes, chefes de cozinha na Esplanada do Mineirão. Os amantes de skate e patins poderão aproveitar a área para as manobras radicais. Dia 14 de junho, a partir das 11h.

Felipe Oliveira / Sinjus

Protesto organizado por artistas mineiros pela manutenção do teatro Klaus Vianna

“Bike” à fantasia

No dia 14, acontecerá o “12º Pedal dos Roias e Turminha do Chaves”. Serão 6 KM pedalados em um percurso com subidas leves e trajetos planos. A fantasia é livre e é permitido levar animais de estimação. Às 9h, na Praça do Ciclista (av. Carandaí com av. Brasil).

Klauss Vianna fica! VITÓRIA Decisão de fechar o teatro é suspensa e agrada classe artística mineira Na última quarta (10), o secretário de cultura, Ângelo Oswaldo, anunciou que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu o fechamento do teatro Oi Futuro Klauss Vianna. O prédio pertence ao TJMG e, a partir de agosto, seria transformado em um auditório para uso do judiciário.

A decisão foi tomada pelo desembargador Pedro Bittencourt, que percebeu a incompatibilidade entre as estruturas. Para a construção do auditório, seria necessária a demolição do teatro. Apesar de ser uma decisão provisória, pois carece de aprovação dos demais desembargadores que

compõem o tribunal pleno, a classe artística mineira comemorou. Desde 2012, quando a decisão de fechamento foi divulgada, o movimento Viva Klauss Vianna, formado por diversos artistas, promoveu, dentre várias atividades, protestos e um abaixo-assinado em defesa da manutenção do teatro.


CULTURA

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Congado chora por Dona Isabel LUTO Rainha Conga herdou da família a ligação com a cultura Raíssa Lopes No dia 2 de junho, Minas Gerais perdeu a sua Rainha Conga, Isabel Casimiro das Dores Gasparino, mais conhecida como Dona Isabel. Ela sofreu um ataque cardíaco e faleceu, aos 76 anos de idade, em sua casa. A belo -horizontina, moradora do bairro Concórdia, era uma das principais representantes da Cultura de Congado no estado. Desde 1984 exercia o cargo de presidente da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, posto que herdou devido à tradição matriarcal da família. Princesa desde os cinco anos, subiu ao trono com a morte da mãe Maria Casimira que, da mesma forma, havia sucedido a avó. Em 2014, foi reconhecida pelo prêmio “Mestres da Cultura Popular de Belo Horizonte”, que valoriza a perpetuação das tradições que compõem o patrimônio imaterial da capital mineira. Dona Isabel deixa seis filhos, oito netos e quatro bisnetos.

Thainá Nogueira

“Quando a avó montou a Guarda, (...) ela fez a promessa de fazer sete anos de festa. Ela chamou um povo, falou que fez uma promessa e que precisava de ajuda. Eles falaram que iam ajudar a preta velha a cumprir. Eles veio e não queria saber o que tinha de comer, se não tinha o que comer. Na visão dela, ela tinha que ter alguma coisa pra esse povo lá. O que ela tinha? Arroz, feijão, dobradinha e repolho, que era o que o dinheiro dela dava e era o que os vizinhos dela ajudaram a comprar. E as pessoas vinham, gente que ela tinha cortado o umbigo, gente que ela tinha lavado a roupa, esses tipos de coisa. Fez a comidinha, o tutu. Por que é tutu? Porque um pouquinho de feijão e um pouquinho de farinha você faz o panelão. E o cardápio foi resolvido dessa forma. Aí vieram essas pessoas pra cumprir a promessa. Passou os 7 anos, eles viram que deu certo. Todo ano vinham. Quando acabou a promessa estava todo mundo liberado”. Belinha contando sobre o início da Guarda e o trabalho da avó na mesma entrevista, em 2011

“Minha mãe nasceu no Açude, em Vianópolis, Betim. Toda vida meus pais, meus avós, foram devotos de Nossa Senhora do Rosário. Minas mãe, com 6 anos de idade, foi princesa da Guarda de uns parentes nossos, do Sr. Joaquim Nicolau. Meu avô e meus tios eram dançantes. Enfim, a gente já vem de geração em geração”. Dona Isabel em entrevista à jornalista Lívia Bacelete, em 2011

O Congado O Congado (Congada, ou Congo) é uma manifestação cultural-religiosa de influência africana

celebrada em várias regiões brasileiras. Originouse na África, em Congo, e foi disseminada no Brasil a partir do tráfico negreiro, que trouxe ao país

milhares de africanos que foram escravizados. Aqui, é celebrada em vários estados, como Bahia, Goiás, e Rio Grande do Sul. Em Minas, es-

tado de grande valorização dessa cultura, a devoção se concentra nos santos Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia.

Grupos de teatro se fortalecem em Minas COLETIVO Encontro reúne diversos municípios e aponta criação de cooperativa para classe artística Reprodução / Facebook

Maíra Gomes O feriado em Belo Horizonte foi de luta para grupos de teatro de Minas Gerais. O Sesc Venda Nova recebeu entre os dias 5 e 7, o IV Encontro Estadual de Grupos de Teatro, com participação de representantes de diversos municípios. “Todas as atividades contribuíram para a estruturação dos grupos e na construção de perspectivas político culturais para a profissão”, aponta Cleiton Henriques, professor e diretor de teatro, membro da diretoria do Movimento de Teatros de Grupo de Minas Gerais, MTG, organizador do encontro. Discutir as demandas e

a possibilidade de se reconhecer enquanto classe trabalhadora artística, e que consiga caminhos para andar juntos, pautar a especificidade do setor”, conclui Cleiton.

Próxima reunião será no dia 22 de junho , para dar continuidade à criação de cooperativa necessidades de sustentabilidade, existência e continuidade das atividades dos grupos em todo o estado foi o principal ob-

jetivo do encontro.Com a participação de representantes da Cooperativa Paulista de Teatro e da Cooperativa Mineira de

Músicos, os grupos apontaram para a criação de uma cooperativa da classe também no estado. “O encontro proporcionou

O grupo vai se reunir no dia 22 de junho, no Sindicato dos Jornalistas, em Belo Horizonte, para dar continuidade à criação da cooperativa.


14 VARIEDADES

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Novela

Cardápio variado de novelas no ar que

Na coluna desta semana quero mostrar alguns números sobre as novelas atualmente no ar na TV aberta. Foquei apenas nos folhetins exibidos pela primeira vez na telinha. A ideia é mostrar um pouco o pa-

norama da produção atual de novelas e seu desempenho em termos de audiência. Ao todo temos são oito histórias que podem ser acompanhadas pelos amantes da teledramaturgia. E tem para todos os públicos: do infantil ao adulto, passando pelos adolescentes, os religiosos, os românticos. No SBT, famoso por exibir tramas latino-americanas, “Coração Indomável” é mais uma história mexicana de amor, dilemas familiares e relações entre pobres e ricos. “Chiquititas”, escrita pela filha de Silvio

Santos, Íris Abravanel, há quase um ano no ar, é uma boa opção para as crianças. A Band estreou em fevereiro a novela turca “Mil e uma noites”, alternativa para quem gosta de tramas internacionais fora do eixo dos países hispânicos. A Globo continua firme na programação novelística do fim de tarde ao fim da noite e exibe hoje cinco folhetins, após a estreia, nesta semana, da novela das 23h “Verdades Secretas”. Fechando o festival de novelas, temos ainda “Os Dez Mandamentos”, história bíblica da Re-

As novelas também se diferenciam pelo tamanho: as produções vão de 90 (“Mil e uma noites”) a 540 capítulos (“Chiquititas”) o que faz média de capítulos chegar a 200. O panorama apresentado só reforça o que já sabemos: a novela é um programa que o brasileiro gosta e acompanha.

de Record. A maioria das novelas vem batendo a meta de audiência prevista. “Malhação” e seu formato repetitivo, “Sete Vidas” que, apesar do texto correto e bonito é exibida num horário de difícil audiência, e “Babilônia” com todas as polêmicas comportamentais de seu enredo são as histórias cuja audiência está abaixo da meta. As demais estão no limite da meta ou poucos pontos acima, o que revela que tramas diferentes são bem recebidas pelo público.

Boa semana para você! Joaquim Vela

Amiga da Saúde Cara Amiga, tenho um filho de 2 anos e tenho muito medo de engravidar novamente. Recentemente, iniciei um namoro e meu medo aumentou. Penso em usar DIU de cobre, mas vejo tanta gente falando mal! Ele é seguro? Diana Aparecida, 25 anos, gerente de loja

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ESPORTE

Belo Horizonte, 12 a 18 de junho de 2015

Globo deve explicações no escândalo do futebol

na geral Paratletas brasileiros quebram recordes

na geral Parlamento europeu quer Blatter fora

RELAÇÕES PERIGOSAS Principal brasileiro envolvido é sócio da família Marinho

CPB

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Reprodução

Reprodução

Wallace Oliveira

No último fim de semana, a seleção brasileira de natação paralímpica disputou o torneio Jimi Flowers Classic, nos Estados Unidos. O Brasileiro Talisson Glock quebrou o recorde mundial nos 200m costas S6, para atletas com afetação leve do tronco e extremidades. Roberto Alcalde bate o recorde das Américas nos 200m peito. Já Ítalo Gomes Pereira quebrou o recorde dos 200m costas S7, para quem tem afetações graves nas extremidades.

Há duas semanas, o FBI divulgou o escândalo de corrupção envolvendo dirigentes da FIFA e empresários do futebol, indiciados por lavagem de dinheiro, propina e fraude eletrônica. Os crimes foram cometidos na definição de países-sede da Copa do Mundo e em contratos e marketing e transmissão de eventos esportivos. Em sua cobertura do caso, a TV Globo fez questão de ressaltar que não paira a menor suspeita sobre as empresas de mídia responsáveis pela transmissão dos eventos esportivos. Mas isto não é verdade. Existem, sim, motivos para suspeitar da Vênus Platinada. Em primeiro lugar, por suas estreitíssimas relações com um dos pivôs do es-

cândalo, o empresário José Hawilla. Ele é sócio de Paulo Daudt Marinho na TV TEM de São José do Rio Preto (SP), afiliada da Rede Globo. Nos Estados Unidos, esse parceiro da Globo assinou um acordo com o FBI, confessando seu envolvimento no escândalo, delatando outras pessoas e aceitando de-

volver R$ 473 milhões. Ademais, as investigações, que não estão concluídas, acusam propina na transmissão de jogos da Libertadores, Copa do Brasil e Copa América. Todos esses torneios, vale lembrar, foram transmitidos pela TV Globo.

O Parlamento Europeu quer que Joseph Blatter, presidente da FIFA, seja imediatamente substituído. Ele já tinha renunciado ao novo cargo de presidente, logo após ter sido reeleito, por conta dos escândalos de corrupção na entidade. Contudo, cumpriria o mandato atual até dezembro. Em nota, os legisladores afirmam: “a credibilidade da FIFA e as urgentes reformas não podem ser conquistadas enquanto um novo líder não for apontado”.

ASSEMBLEIA ESTADUAL

Sind-UTE/MG convoca para: com paralisação total de atividades

junho 2015

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horas

Participe!

Acompanhamento da votação do PL 1504/15

Maio/2015

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Em mobilização para:

ial r a l Sa a e o s i P reir ade r a C lid Qua

Edital para eleição de direção de escola Reivindicações dos servidores da Superintendências Regionais de Ensino (SREs)

www.sindutemg.org.br

Local: Pátio da Assembleia Legislativa - Minas Gerais / Belo Horizonte


16 ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA

CURTO E GROSSO

Reprodução

Cruzeiro defende invencibilidade no São Januário

Reprodução

Wallace Oliveira No fim de semana, dos times mineiros, apenas o Cruzeiro joga pela série A do Brasileirão. O Galo já disputou a 7ª rodada na quarta-feira (10), no Horto, quando empatou em 2 a 2 com o Santos. Sábado (13), às 21h, o Cruzeiro visita o Vasco no São Januário. Já faz nove anos que a Raposa não perde nesse estádio. A última derrota ocorreu em 2006, quando o jogo terminou em 1 a 0 para o time da colina. Cruzeiro e Vasco já se enfrentaram 86 vezes na história, com 32 vitórias cruzeirenses, 26 derrotas e 28 empates. O jogo mais importan-

Futebol precisa de gente honesta, de gente querendo fazer o bem, promover futebol e cidadania.

te ocorreu em 1974, no Maracanã, pela decisão do Campeonato Brasileiro. O time carioca levantou a taça, vencendo a decisão por 2 a 1. Até hoje os cruzeirenses reclamam de um gol mal anulado de Zé Carlos. No atual momento, a situação dos dois difere um pouco. O Vasco está na penúltima colocação, sem ainda ter

vencido. O Cruzeiro teve um início complicado, mas vem de uma vitória no clássico, o que dá novo ânimo à equipe. Sozinho, porém, ânimo não ganha jogo nenhum. O time celeste jogará sem Gabriel Xavier, De Arrascaeta e Alisson. Vai ter que correr muito para não deixar o adversário emplacar a primeira vitória no Brasileirão.

Ronaldo Nazário, ex-jogador e empresário do ramo esportivo. Ele é sócio de José Hawilla, empresário que confessou ter praticado extorsão, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, no escândalo de corrupção da FIFA.

Gol de placa A seleção brasileira feminina estreou com vitória de 2 a 0 contra a Coréia do Sul, na Copa do Mundo do Canadá. A craque Marta marcou e se tornou a maior artilheira de mundiais, com 15 tentos. A talentosa meio-campista Formiga, aos 37 anos, tornou-se a jogadora mais velha a marcar no torneio.

Gol contra No confronto entre Joinville e Corinthians, no último sábado (6), em Santa Catarina, um torcedor do Joinville, de 15 anos, perdeu um dos olhos. Ele foi atingido por um membro da Polícia Militar, que atirou com bola de borracha, durante uma briga generalizada entre as duas torcidas.

OPINIÃO América Bráulio Siffert Apesar da pequena evolução nos últimos jogos, o time do América ainda precisa melhorar muito, sobretudo do meio para frente. O segundo volante – alternado entre Thiago Santos e Diego Lorenzi – não tem qualidade para sair jogando. O camisa 10, Mancini, mal aguenta um tempo de jogo e não tem correspondido: até hoje, não deu nenhuma assistência para

gol. Os demais armadores também não conseguem armar boas jogadas. No ataque, só Toscano tem se salvado. Cristiano e Felipe Amorim precisam ser sacados do time e darem lugar aos jovens Rubens e Sávio. O técnico Givanildo Oliveira tem sido bastante teimoso e pouco estrategista, insistindo com jogadores que não estão bem e dando poucas oportunidades para os garotos se aprimorarem.

OPINIÃO Atlético Rogério Hilário Depois dos últimos resultados, o técnico Levir Culpi precisa rever seus conceitos. Esta história de apenas um volante, antes de tornar a equipe mais ofensiva, fragiliza o sistema defensivo. Uma coisa é certa: o Atlético deixou ser surpreendente e mortal dentro de casa, mesmo com o apoio incondicional da massa. Todos conhecem o estilo de jogo

do time e as estratégias do treinador. Sabem, de antemão: o Galo vai pressionar a saída de bola, para armar um contra-ataque rápido. E, para neutralizar isto, usam o mesmo estratagema. Ou seja, o Alvinegro é vítima de seu próprio veneno. Antes favorito em análises apressadas e premidas pela adulação, o Atlético se tornou um competidor comum numa competição trivial e vulgar.

OPINIÃO Cruzeiro Léo Calixto Duas semanas se passaram desde a última coluna. Como todos sabem, no futebol, infelizmente, não há verdade que dure mais de 24 horas. Se o ritmo de mudanças no esporte é muito alto em um dia, imaginemos em duas semanas. No Cruzeiro, a maior das mudanças ocorreu no comando técnico. Não concordo de maneira alguma com a saída de Marcelo Olivei-

ra, mas não podemos negar que a chegada do “pofexô” Luxemburgo trouxe outro ânimo aos jogadores. Se era difícil encontrar alguma deficiência no trabalho de Marcelo Oliveira, a chegada de Luxemburgo explicitou essa deficiência. A maneira de Luxemburgo conduzir o elenco celeste nesse momento de pós-bicampeonato brasileiro, com maior comando, trouxe de volta a vontade de ganhar.


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