Reprodução
CULTURA 12
Rei na tela
Conhecido como rei do rock’n’roll, Elvis Presley é tema de mostra de cinema e exposição de objetos no Palácio das Artes. A entrada é gratuita
Minas Gerais
6 MINAS
Breno Pataro
Aumento vai parar na Justiça Após contestação judicial, aumento para R$ 3,50 deve esperar até dezembro. Reajuste renderia R$ 355 mil por dia para empresas
07 a 13 de agosto de 2015 • edição 98 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
Remoção forçada e ilegal em BH
Rafaella Dotta / BFMG
4 CIDADES Famílias da Vila Arthur de Sá, no bairro União, estão sendo removidas de suas casas, em lugar onde está sendo construído grande empreendimento. Defensoria afirma que Prefeitura não tem autorização para atuar no terreno, que pertence à Superintendência de Patrimônio da União. Moradores criticam intervenção da Urbel, feita sem diálogo e deixando prejuízos para a comunidade
9 BRASIL
Quanto mais rico, menos imposto paga Dados divulgados pela Receita Federal mostram a injustiça tributária no país. Apenas 6,4% da renda da elite brasileira é retida na fonte, enquanto as camadas intermediárias, com rendimento entre 20 e 40 salários mínimos por ano, pagam 11,7%
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
editorial | Brasil
Eles estão no ataque
ESPAÇO dos Leitores
Tão tradicional que já virou atrativo turístico na capital. Programa de domingo no centro da cidade. Ronan Romão comentando a matéria “Economia Solidária cresce em Belo Horizonte”
E o Aécio? Vai responder por isso? Lucia Bizzotto comentando a publicação “Cemig pode perder 45% do seu potencial energético”
Já vai tarde! Vera Monteiro comentando a publicação “PSOL pede que presidente da Câmara deixe o cargo”
Já estão preparando a festa da edição 100? Marcelo Pereira, comentando a edição 97 do Brasil de Fato Minas Gerais
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br Giovani Clark
Enfrentamos um difícil mo- mo. mento, em que interesses capitaA ofensiva imperialista atulistas internacionais intensificam al busca retomar o terreno perdisua ofensiva contra os governos do pelo imperialismo entre 2000 progressistas em nosso continen- e 2008. Neste sentido, os EUA imte. primiram uma forte política de São os mesmos grupos que nos cerco e isolamento sobre a Chianos 80 e 90 apostaram em gover- na e a Rússia através de diversas nos neoliberais e assim a econo- bases militares no leste europeu e mia de diversos países do conti- na eurásia. Desestabilizar os gonente foram vernos proabertas pa- Desestabilizar o governo brasileiro é gressistas da ra o capiAmérica Lainteresse internacional tal financeitina tamro internabém é parcional. Aqui no Brasil, represen- te da ofensiva, assim como dertantes desses interesses abriram rubar em qualquer parte do munuma onda de privatizações, den- do regimes políticos independentre outras medidas que nos tor- tes e não alinhados com Washingnou mais dependentes e empo- ton. No plano econômico, os EUA brecidos. Um período marcado buscaram retomar o espaço perpor derrotas da classe trabalha- dido para a China na América Ladora e por uma concepção de de- tina e na Ásia através de acordos mocracia restrita, que não inclui comerciais. um profundo acesso à cidadania Buscam violentamente retomar política e social. suas posições no continente. DerO neoliberalismo concentrou rubar o governo da Venezuela, renda e secundarizou o capital afastar o continente da articulaprodutivo. A convergência de de- ção dos BRICS (integração formasemprego, descontentamento de da por Brasil, Rússia, Índia, China frações burguesas com as políti- e África do Sul) acabar com os gocas neoliberais e crises econômi- vernos progressistas e atender aos cas criaram as condições para re- interesses das corporações estavoltas popudunidenses. lares e derDesestabilirotas das for- Objetivo é desmoralizar a Petrobras zar o goverças neolibeno brasileiro e as empresas estatais rais no proé uma peça cesso eleitofundamenral, possibilitando a emergência tal deste xadrez geopolítico. de governos de esquerda e cenFica cada vez mais evidente tro-esquerda a partir de 1998 na que o atual cerco político contra o América Latina. governo Dilma forma parte dessa Diversas conquistas democrá- estratégia. É cada vez mais nítido ticas e populares ocorreram nes- que, por trás da Operação Lavase período. A integração regional Jato, o objetivo é desmoralizar a avançou. Ao mesmo tempo, co- Petrobras e as empresas estatais, meçaram a surgir os limites des- de modo a criar as condições para ses governos, que se expressaram privatizá-las. nas dificuldades de aprofundaNosso maior desafio é construir mento das conquistas populares e a unidade das forças democrátina incapacidade de pautar proje- cas e populares, não só para bartos políticos de ruptura. Some-se rar a ofensiva da direita, mas para a isto a constante articulação das exigir a retomada do desenvolviclasses dominantes antinacionais mento e avançar num Projeto Poe antipopulares com o imperialis- pular.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Pedro Cíndio, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Fotografia: Larissa Costa. Estagiária: Raíssa Lopes. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Diagramação: Bruno Dayrell. Tiragem: 40 mil exemplares.
CIDADES
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
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Álcool e outras drogas na juventude: mapa virtual mostra onde procurar ajuda ÚTIL Com linguagem interativa, site traz informações sobre entidades públicas Reprodução / Fórum das Juventudes
Rafaella Dotta O Fórum das Juventudes da Grande BH faz um passeio pela cidade e mostra onde estão órgãos públicos que recebem jovens que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas em Belo Horizonte. O mapa interativo “PARA ONDE IR?” foi lançado na segunda (3), no Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, e acompanha um relatório de análise do setor. No link estão as informações básicas de 12 entidades de saúde e de assistência social: endereço, local de abrangência, horário de atendimento, contatos, serviços e previsão de expansão, além do fluxo de encaminhamento entre os órgãos. É possível ver, por exemplo, que o Centro de Referência em Saúde Mental pa-
funcionários dos órgãos mapeados. Há, por exemplo, a sinalização de graves retrocessos com o programa “Crack, é possível vencer!” e em relação ao financiamento das comunida-
Análise mostra que políticas são recentes e enfrentam disputas
Lançamento do site foi realizado na segunda (3)
ra Usuários de Álcool e outras Drogas (Cersam) poderá encaminhar o paciente a três entidades: Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Unidade Básica de Saúde (UBS) ou para o projeto
Consultórios de Rua, dependendo do caso. Analisando as entidades No relatório que acompanha o mapa, o Fórum traz opiniões embasadas em
Governo não avança em negociação com servidores da SREs GREVE Categoria pede propostas concretas para voltar ao trabalho Lidyane Ponciano
Na tarde de terça-feira (4), os servidores das Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e Órgão Central, em greve desde o dia 27 de julho, se reuniram com representantes do governo de Minas para mais uma negociação sobre a correção das distorções na carreira dos trabalhadores. O encontro aconteceu na Cidade Administrativa, com a presença da coordenadora geral do Sind-UTE/MG Beatriz Cerqueira, das diretoras estaduais Lecioni Pereira, Marilda de Abreu e Feliciana Saldanha, além do secretário adjunto de Educação de Minas Gerais Antônio Carlos Pereira e o secretário adjunto do Governo, Francisco Moreira. A categoria acompanhou, pelo lado de fora, os rumos da conversa. Cerca
de mil integrantes das 47 Superintendências Regionais participaram da vigília com cartazes, faixas e apitos. Retornos do governo A administração do estado negou o pedido de aplicação da mesma tabela de Analista Educacional para os demais analistas, alegando que a diferença salarial deve existir. Segundo o governo, também não é possível a realização da substituição do estágio probatório por promoção por escolaridade. O governo diz que será realizada outra reunião - cuja data não foi definida - para a correção das tabelas de Técnico da Educação, Assistente da Educação e Assistente Técnico da Educação Básica. Em nota, o Sind-UTE afirmou que o “sindicato
des terapêuticas. “Para além das entrevistas, a gente acessou documentos de pesquisa. Tem, por exemplo, uma pesquisa do Conselho Federal de Psicologia sobre comunidades terapêuticas do país inteiro, que revela violações sistemáticas de pessoas que estão dentro de várias dessas comunidades”, afirma Sâmia Beche-
lane, integrante do Fórum. A análise aponta, ainda, que as políticas são muito recentes em todos os níveis de governo e que estão em um forte campo de disputa. Em um dos fronts, os que defendem a política da redução de danos, trabalhando com a prevenção ao abuso de álcool e outras drogas. Em outro, a política “hospitalocêntrica”, que indica a internação como saída.
PARA ONDE IR? A pesquisa, que foi realizado em parceria com a ONG Cipó Comunicação Interativa e o Ministério da Saúde, está disponível no site forumdasjuventudes.org.br, com versão acessível a celulares e tablets.
PERGUNTA DA SEMANA No mês de julho, a garotada aproveitou as férias para brincar, passear com a família e ajudar os pais em casa. Agora, a coisa ficou mais séria, com o retorno às aulas para o segundo semestre letivo de 2015. O Brasil de Fato pergunta:
O que você achou da volta às aulas?
tentou durante toda a reunião que fossem feitas propostas mais concretas” e que a ausência delas “é incompatível com a realidade de mobilização atual, que as distorções nas carreiras precisam ser enfrentadas e corrigidas, que servidores com mais de 20 anos de estado estão no nível I da carreira, que é necessário enfrentar e corrigir as distorções que existem em relação aos demais servidores de outras secretarias.” (Da redação)
Está legal porque dá vontade de ver os amigos, brincar com eles, conversar. Também estou gostando muito porque agora tem duas aulas de Educação Física, a professora resolveu dar futebol e tem aula de xadrez. As outras matérias eu estava achando bem fáceis antes das férias, só que deu uma dificultada depois que voltou. Daniel Neves, 10 anos, aluno da E.E. Carlos Campos
Nós, crianças, somos do contra. Se a gente está na aula, a gente quer férias. Se a gente está de férias, a gente quer ter aula. Eu estou gostando sim de voltar às aulas porque a gente pode ver mais pessoas e não fica entediado em casa. Tem gente que, como não viaja, só fica em casa. Filipe Pereira, 12 anos, aluno da E.E.Prof.ª Inês Geralda de Oliveira
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CIDADES
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
Prefeitura retira moradores da Vila Arthur de Sá REMOÇÃO FORÇADA Promotor afirma que intervenção é ilegal e viola direitos Wallace Oliveira Imagine que há décadas você vive num lugar próximo de seu trabalho e da escola de seus filhos, no mesmo bairro onde moram seus amigos e parentes. Para construir sua casa, você trabalhou duro por muitos anos. Um dia, uma grande construtora começa a erguer uma edificação bem ao lado de sua comunidade. Em seguida, a Prefeitura anuncia que você terá que abandonar o local e lhe oferece um apartamento em bairro distante ou uma indenização tão baixa que não dá para comprar outra casa. Isto está acontecendo na Vila Arthur de Sá, no bairro União, região nordes-
te de BH. Em 2013, cerca de 98 famílias viviam no local. Desde então, mais de 60 foram removidas para a construção de uma alça da Via 710, projeto de infraes-
Os moradores acreditam que as remoções estejam relacionadas à construção do Center Minas
minar no primeiro semestre de 2016. No entanto, os moradores acreditam que as remoções estejam relacionadas a outros interesses: “Depois que o grande empreendimento chegou, a Prefeitura veio falando que a gente tinha que sair, alegando que
era por causa da Via 710. Só que a Via 710 não atinge o lugar onde estamos”, questiona Calmina Gomes, moradora da vila há 25 anos. O empreendimento ao qual ela se refere é o Center Minas, que fica atrás do Minas Shopping. Consiste num complexo comer-
cial construído pela empresa EPO Engenharia e gerido pela AD Shopping e a AD Mall Gestão Comercial. Ocupa um terreno de mais de 47 mil metros quadrados, tendo como lojas âncoras a Leroy Merlin, Lojas Rede, UNIBH, Decathlon, Petz e Supermercados BH.
trutura viária que ligará as avenidas Cristiano Machado e Andradas. A obra conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal, e está prevista para ter-
Moradores criticam Prefeitura não tem autorização para atuar na área desrespeito da Urbel Os moradores denunciam que a intervenção da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), órgão responsável pela remoção das famílias, é agressiva e desrespeitosa. O entulho das casas demolidas não é retirado e atrai ratos, baratas e escorpiões. Um trator quebrou a boca do esgoto, que ficou aberto, causando mau cheiro. Em moradias que dividem paredes, quando um imóvel é destruído, os vizinhos passam a ter problemas com abalos, rachaduras e infiltrações. De acordo com o promotor Lucas Diz Simões, da Defensoria Pública de Minas Gerais, a Prefeitura não está autorizada a intervir na área: “Aqui é um terreno federal. Para que a Prefeitura atuasse aqui, ela teria que ter uma autorização da União. Somente a partir de 2014 eles conseguiram uma autorização de obra. Contudo, quando
procuramos a Superintendência de Patrimônio da União (SPU), fomos alertados de que a autorização não abrange a Vila Artur de Sá”, relata. Em mapa do empreendimento obtido pela Defensoria junto à SPU [reprodução ao lado], fica claro que justamente o terreno da vila está de fora da autorização conseguida pela PBH.
Lucas acrescenta ainda que, mesmo se estivesse autorizada a intervir no local, a prefeitura deveria levar em conta o interesse social. “Não houve audiência pública prévia para discutir a obra. Será que essa obra beneficia toda a sociedade ou é feita pelo interesse do empreendimento? Isto tinha que ser debatido”, critica o defensor.
O entulho das casas demolidas não é retirado e atrai ratos, baratas e escorpiões As indenizações pagas às pessoas que deixam suas casas são insuficientes para comprar outra casa e levam em conta apenas a área construída, sem considerar o
valor do terreno: “A instrução normativa do Ministério das Cidades e diretrizes internacionais dizem que o terreno tem valor econômico. O terreno tem que ser mensurado e valorado, não pode ser desconsiderado na hora de definir a indenização”, explica Lucas Simões. Além disso, os apartamentos oferecidos pela PBH ficam em bairros distantes, como o Belmonte e o São José, atrapalhando as relações já estabelecidas no União. “O lugar onde a gente mora não é só o barracão. É a região, é ter metrô perto, ter transporte, ter supermercado. Para sairmos, eles têm que pagar um valor digno. Nós queremos um local perto de onde já moramos, que é um bairro muito bom”, exemplifica a moradora Dona Almenda. A reportagem entrou em contato com a Urbel por e-mail e telefone, mas, até o fechamento desta edição, a companhia ainda não havia respondido.
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
SUAS Verba de R$ 200 milhões, parada nos cofres municipais, preocupa governo Divulgação
Qualificação para prefeituras de Minas A Secretaria Estadual de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese) lança o
Educação passou longe João Paulo Cunha
programa “Qualifica Suas”, na sexta (7). O governo de Minas Gerais divulgou que R$ 200 milhões estão parados nas contas dos municípios mineiros. A primeira atividade será a assessoria técnica às prefeituras, para promover o gasto qualificado da verba do setor. André Quintão, secretário da Sedese, afirma que no
Brasil há R$ 1 bilhão parado por falta de capacitação com os gestores municipais, que ainda não conhecem a fundo o SUAS. O programa pretende atuar na qualificação de profissionais e conselheiros da assistência social, assim como na assessoria técnica e acompanhamento das prefeituras. (Da redação)
GENTE É PRA BRILHAR ! Jô Anjos
Aos 74, Vó Ana aprende a ler “A vó Ana dos Anjos é daquelas típicas mulheres fortes desse Brasil. Enfrentou com coragem o desafio de sair da cidade de Paulistas, no Vale do Rio Doce, em busca de vida melhor para ela e os filhos na “cidade grande”, no ano de 1988. Mora desde então na cidade metropolitana de Santa Luzia. Ficou viúva muito cedo e desde então é ao mesmo tempo “pai”, “mãe” e “avó” dos 10 filhos , 14 netos e 2 bisnetos. No bairro onde vive desde que veio do interior, tornou-se uma verdadeira personagem. É a “mãezona” da rua. Ali,
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Artigo
Assistência social terá 11ª Conferência Municipal e programa estadual
Nos dias 21 e 22 de agosto acontece, em Belo Horizonte, a 11ª Conferência Municipal de Assistência Social, um espaço para avaliar a atual situação e elaborar novas propostas para o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O tema da Conferência é “Consolidar o SUAS de vez, rumo a 2026” e pretende criar diretrizes para os próximos dez anos. Como preparação para o evento municipal, acontecem nove Conferências Regionais, realizadas até 13 de agosto, com o objetivo de discutir problemas locais e eleger delegados para a etapa municipal. A 11ª Conferência será realizada no Dayrell Hotel & Convenções, na rua Espírito Santo, 901, Centro de BH.
MINAS
Dona Ana, como é chamada, coloca todo seu saber da medicina popular a serviços dos vizinhos e amigos. Tem sempre remédio pra tudo. Sua casa sempre guarda aquele “cafezim” da tarde com gostinho do interior. No dia 8 de agosto, vó Ana faz 74 anos. Recentemente, com a ajuda da filha mais nova, se dispôs a aprender a ler e escrever,
alargando ainda mais os passos de dignidade de sua jornada. Esse, como todos os outros, é um desafio que temos certeza que ela vai vencer rapidinho! Viva a vó Ana, que nos enche de orgulho! Depoimento de Liliam dos Anjos, para a seção #VovonoBF, em homenagem ao dias da avós, 26 de julho
Algumas poucas escolas privadas brasileiras devem estar comemorando. Ou melhor, fazendo as contas. A divulgação dos resultados dos colégios com alunos com melhores notas no Enem se tornou uma poderosa peça de marketing e um item significativo na bolsa de mensalidades. Pode parecer um truísmo, afinal, numa sociedade de mercado, nada mais transparente: o bom produto precisa custar caro. Quem paga mais, merece levar mais para casa. Só que há um pequeno detalhe que fica esquecido nessa tabela contábil: estamos falando de educação. A mais importante das políticas públicas, que carrega com ela a responsabilidade decisiva pela conquista da equidade, a educação é um retrato do que o país espera do seu futuro. Pelo visto, apostamos cada vez mais na desigualdade. Os resultados são sempre apresentados a partir de uma divisão de base entre escolas particulares e públicas. Não é apenas um refinamento A educação deixa de ser estatístico, mas a constatação uma prática de liberdade de que outra ci- para se conformar como um são, considerada quase natu- instrumento de segregação ral, escora a divisão na sociedade. Nossa luta de classes se dá tanto entre classes sociais como entre classes escolares. O valor da mensalidade das instituições que se situam no topo da lista é uma expressão do fenômeno de reprodução social entre as gerações. O que uma família paga para que um aluno frequente uma das escolas do alto do pódio (não por acaso, uma das melhores classificadas em Minas Gerais se chama Colégio Elite) é superior a dois salários mínimos. Ou seja, os mais ricos terão formação melhor, que os permitirão disputar com mais proficiência as oportunidades sociais, inclusive as vagas em universidades públicas. O maior prejuízo – além do reforço da exclusão por causa da concentração de renda, da falácia da meritocracia e da lógica reprodutiva da composição das classes sociais – no entanto, é a consequência ideológica de todo o processo. A educação deixa de ser, como defendia Paulo Freire, uma prática de liberdade para se conformar como um instrumento de segregação. Algumas escolas, percebendo a força mercadológica dessa estratégia – não basta ser o melhor, é preciso que os outros sejam considerados piores – passam a selecionar seu alunado a partir do retorno que podem auferir com seu sucesso acadêmico. Voltando aos dados da pesquisa, o que fica é a tarefa urgente de inverter a escala de valores, trazendo ao setor de volta uma política de aperfeiçoamento individual e coletivo. Valorizar o professor, estabelecer estratégias eficientes de combate às desigualdades, combinar excelência e políticas inclusivas, atuar sempre no campo da universalização e ampliação de oportunidades, humanizar o ensino e o processo de aprendizagem, investir em tecnologia de ponta e manter a atenção para a diversidade. São mais que imperativos pedagógicos: são índices de humanidade. O setor educacional parece ter perdido o rumo de sua tarefa civilizadora. Há momentos em que o educador precisa ser educado.
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CIDADES
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
Com aumento cancelado, tarifa de ônibus vai parar na Justiça TRANSPORTE O reajuste, que renderia R$ 355 mil por dia às empresas, foi considerado ilegal Tom Braga
Rafaella Dotta O aumento de passagem em Belo Horizonte sofreria um aumento fora de época, anunciado pela BHTrans na sexta (31), que elevaria a tarifa de R$ 3,10 para R$ 3,40. Em contestação a essa atitude, a Defensoria Pública de Minas Gerais aprovou liminar que proíbe o aumento por 180 dias, por considerá-lo ilegal. O aumento da passagem foi anunciado pela Secretaria Municipal de Transporte (BHTrans) em 31 de julho, em coletiva de imprensa. O secretário Ramon Victor César afirmou que o número de passageiros utilizando benefícios concedidos pela BHTrans e concessionárias, como a viagem integrada do MOVE, foi maior que o projetado, o que teria causado uma queda de 6,04% no número de passageiros pagantes e um desequilíbrio nas contas. “Ninguém tem bola de cristal para saber quantas pessoas iriam se apropriar de benefícios que conscientemente nós colocávamos à disposição dos usuários”,
REAJUSTES junho de 2013 a junho de 2015 Julho de 2013: REDUÇÃO da passagem – de R$2,80 para 2,65 Abril de 2014: AUMENTO – de 2,65 para 2,85 Jan. de 2015: AUMENTO de R$ 2,85 para R$ 3,10 Agosto de 2015: AUMENTO de 3,10 para 3,40
disse o secretário. O aumento seria embasado na cláusula 19 do contrato entre a BHTrans e empresas, assim como nos estudos apresentados pelo Sindicato das Empresas de Transporte (SETRA -BH). Riscos faziam parte do contrato As justificativas da defensora pública Júnia Roman, que questiona o aumento, são embasadas também na cláusula 19 do contrato, que determina que a diminuição
do número de passageiros não pode ser argumento para um aumento fora de época. O acordo descreve que o baixo lucro e a queda da demanda de passageiros “são riscos assumidos pela concessionária”. A 4ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal acolheu o questionamento da defensora e suspendeu o aumento de todas as tarifas de transporte de Belo Horizonte por um prazo de 180 dias. A pena pelo descumprimento da decisão é de R$ 1 milhão por dia. Na noite de terça (4), a PBH já haNoronha Rosa
População protesta contra aumentos: foram três desde abril de 2014
via entrado com recurso para derrubar a liminar e garantir o aumento. O estudo feito pela empresa Ernst & Young, apresentado pela SETRA-BH à prefeitura, pede um aumento para 3,50. A auditoria indica queda de 10% da receita tarifária, com o crescimento de 18% dos custos, apontando o MOVE como principal motivo. Lucro extraordinário e baixa qualidade O aumento de 30 centavos nas passagens trariam um lucro de R$355 mil por dia às empresas de ônibus, segundo informações da BHTrans sobre o número de usuários em maio deste ano. Além disso, o movimento Tarifa Zero BH divulga estatísticas que mostram que com a implantação do MOVE, os custos diminuíram. Em 2014, a média de quilômetros rodados pelos veículos no ano diminuiu em 10 milhões em relação a 2012. A frota diminuiu em 300 ônibus. A média de passageiros por motoristas mais que dobrou: em 2012 cada motorista levava 72 passageiros, hoje, é um motorista para 160 passageiros. “As empresas e a BHTrans alegam custos maiores com o MOVE, mas dá pra ver na realidade que isso não está acontecendo”, afirma Annie Oviedo, integrante do Tarifa Zero BH. Para ela, o reajuste é “um roubo”. “A população não vai ter nenhuma melhora por conta desse aumento”, critica.
FATOS EM FOCO
Frente popular em BH Movimentos populares e sindicais promovem nesta sexta (7) uma plenária estadual para articular a construção de uma frente popular de esquerda em Minas Gerais. O encontro faz parte de uma discussão nacional, que reúne diversos segmentos sociais em torno da defesa da democracia e da Petrobras e contra medidas que retiram direitos. O evento será na sede do Crea (Avenida Álvares Cabral, 1600, Santo Agostinho), às 18h e contará com a presença do filósofo Leonardo Boff.
Jornada pela Democracia Reprodução / CTB
No próximo dia 20, movimentos populares, entidades e organizações sindicais se unem mais uma vez em ato nacional em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e das conquistas do povo brasileiro. Apesar de serem contra as articulações para o impeachment da presidenta, as mobilizações do dia 20 denunciarão o ajuste fiscal colocado em prática por Joaquim Levy, ministro da fazenda.
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
Acompanhando Na edição 95...
Foto da semana
OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Marcus Vieira
MST pede investigação de ataques de bombas e queda de avião ...E agora O conflito na Fazenda Casa Branca, localizada entre Governador Valadares e Tumiritinga, permanece. As áreas improdutivas foram ocupadas por 150 famílias do MST no mês passado e, desde então, o suposto dono da fazenda, que não apresenta documentação das terras, vem ameaçando os sem-terra, utilizando aviões para atirar bombas, coquetéis de veneno, creolina e pólvora sobre o acampamento. O MST, em nota, denuncia que motos e carros continuam rondando a região e cobra dos órgãos competentes, como a Polícia Militar, que tomem as devidas providências para proteger as pessoas acampadas.
Na edição 96... Prefeito processado por fraude em saúde ...E agora No dia 1 de agosto, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais se tornou responsável pela gestão da assistência hospitalar e ambulatorial do município de Montes Claros. Na terça (4), a Superintendência Regional de Saúde (SRS) da cidade afirmou, durante coletiva de imprensa, que a entidade já funciona com equipe especializada para receber a demanda dos 86 municípios do Norte de Minas e garantir o atendimento ao usuário. A Prefeitura se mostrou insatisfeita com a decisão, e declarou em comunicado oficial que a medida seria “arbitrária e ilegal”.
Quem não reparou na última lua cheia? Ela foi a segunda do mês de julho, fenômeno relativamente raro que só ocorrerá novamente em 2018. Belo Horizonte ficou ainda mais iluminada e o bairro Cabana, na região Oeste da capital, pareceu fazer pose junto com nosso satélite natural. O fotógrafo Marcus Vieira fez o clique da sua própria casa. E a sugestão da foto veio da leitora Liliam Daniela.
Breno Altman
Joaquín Piñero
Cavalo de pau na Lava Jato Os ricos e o golpe A prisão preventiva de José Dirceu não é apenas uma decisão arbitrária, sem provas e motivos razoáveis. Além de estar sob regime de prisão domiciliar, à disposição da Justiça, a incriminação está exclusivamente apoiada sobre duas delações premiadas cujas provas não foram colhidas. O juiz Sérgio Moro adotou a tese da ilegalidade dos contratos de consultoria da JD Associados com empreiteiras ligadas à Petrobras, no valor de R$ 9,5 milhões em oito anos, porque dois réus confessos, Milton Pascowitch e Júlio Camargo, em troca de eventuais benefícios, afirmaram se tratar de propinas disfarçadas. Quais motivos levam Moro e seus aliados afrontar garantias constitucionais? Sinais de manobra política são evidentes. É efetivada praticamente às vésperas do programa nacional do PT ir ao ar. Também serve de combustível para as manifestações da direita, convocadas para 16 de agosto. O terceiro objetivo é tirar Eduardo Cunha do cen- Juiz afronta garantias tro das denúncias. O mais constitucionais importante, porém, é que a prisão dá cavalo de pau na caracterização da Operação Lava Jato. Antes, a explicação predominante era que se tratava de cartel empresarial na Petrobras, pagando suborno para diretores da empresa e fazendo repasses clandestinos para partidos políticos. Agora, fala-se de esquema criado pelo primeiro governo Lula, sob o comando de José Dirceu. A meta essencial é desgastar Lula e, talvez, levá-lo aos tribunais e à prisão. Possivelmente não irá demorar para ser apresentado o próximo capítulo: se José Dirceu, então ministro, montou o suposto “esquema de propina”, quem teria ordenado a continuidade da operação? Perguntarão: quem seria o chefe do chefe? Se o governo e o PT não saírem da pasmaceira, com a cabeça debaixo da terra, logo será tarde demais. Breno Altman é diretor do site Opera Mundi.
A história nos ensina que sempre quando os ricos sentem seus interesses ameaçados se articulam em todos os espaços de poder, criam uma situação de desestabilização política e o passo seguinte é a derrubada do poder constituído. A mais recente manobra desse tipo foi o golpe militar de 1964. Naquele momento, o Brasil vivia sob um clima de pressão social para que houvesse mudanças na economia e na política a fim de favorecer a maioria da população excluída de seus mais básicos direitos. O então presidente João Goulart anunciou as Reformas de Base, que reuniam um conjunto de iniciativas, como as reformas bancária, fiscal, administrativa, universitária, urbana e agrária. Essas reformas atingiam diretamente uma pequena classe rica, mas muito poderosa. O desfecho disso tudo foi o golpe em 1º de abril de 1964. Derrubaram o presidente João Goulart, deGolpe é para ricos mocraticamente eleito, e manterem poder nenhuma das reformas anunciadas foi adiante, os problemas sociais se mantiveram e os ricos ficaram mais ricos. Atualmente vivemos uma situação semelhante àquela que antecedeu o golpe de 1964. O país está envolvido em uma crise econômica, social e política. Ocorre que os lugares onde se estão armando essa estratégia estão mais sujos do que “pau de galinheiro”. O primeiro deles é o TCU, em que denúncias de corrupção envolvem seus ministros. O outro é a Câmara dos Deputados, também com seu presidente Eduardo Cunha enlameado de corrupção. Esperamos que Dilma sinalize com mudanças substanciais para a classe trabalhadora e não medidas que jogam mais água no moinho dos golpistas. Seguramente a grande maioria não quer que sejam quebrados os pilares da democracia duramente conquistados, muito menos pagar por uma crise na qual só os ricos ganham. Joaquín Piñero é da coordenação nacional do MST.
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BRASIL
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
Após mobilizações, governo revê corte no orçamento da reforma agrária SEM TERRA O MST realizou atos em 18 estados contra o ajuste fiscal Mídia Ninja
Iris Pacheco De Brasília Após dois dias de mobilizações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em todo o país, com a ocupação de 13 sedes do Ministério da Fazenda contra cortes, o governo anunciou a recomposição do orçamento para a reforma agrária. O compromisso veio logo depois de reunião realizada na terça-feira (4), entre integrantes do movimento e os ministros da Casa Civil, Aloízio Mercadante, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, e do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias. De acordo o ministro Pa-
sumido de assentar as 120 mil famílias acampadas. “Se não houver desapropriação de terras para novos assentamentos, não
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra cobra mudanças
trus Ananias, a redução no orçamento previsto para a reforma agrária, em decreto de contingenciamento publicado na última semana, pode ser revista. Em termos proporcionais, o Ministério do Desenvolvimento Agrário é a pasta mais prejudicada pelo contingenciamento do orçamento da União. O apor-
Romário vai pedir indenização a Veja por danos morais
te que antes era de R$ 3,5 bilhões foi reduzido para R$ 1,8 bilhão. O valor representa uma redução de quase 50% do montante previsto inicialmente na Lei Orçamentária de 2015. Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, com esse corte fica inviável para o governo garantir o compromisso as-
“Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, representa a elite do país” adianta discutir reforma agrária. Nós seguiremos na luta identificando latifúndios e exigindo que sejam desapropriados para Reforma Agrária conforme nossa legislação”, afirmou Conceição. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, se comprometeu a anunciar o novo valor a ser contingen-
ciado no dia 20. Mobilizações ocorreram em 18 estados O MST mobilizou 18 estados, além da capital federal, com ocupações do Ministério da Fazenda em 13 estados, além de diversas outras mobilizações, como ocupações de terras e trancamento de rodovias e ferrovias. Segundo Alexandre, a luta também teve o objetivo de mostrar para a sociedade brasileira que é o Ministério da Fazenda que coloca em prática a política econômica ditada pelo capital e pela burguesia. “O Ministro Joaquim Levy não representa o povo brasileiro e sim, a elite burguesa desse país”, frisou.
Educação, trabalho, cidadania e pautas sociais sob o olhar dos professores
ÉTICA Banco suíço confirmou que jogador não tem conta em seu nome, ao contrário do que divulgou a revista O senador Romário (PSB-RJ) divulgou em suas redes sociais e no Plenário do Senado o documento emitido pelo banco BSI, da Suíça, confirmando que o extrato bancário em seu nome publicado pela revista Veja é falso. Segundo a publicação semanal da Editora Abril, Romário teria uma conta não declarada no BSI, na qual estariam depositados cerca de 7,5 milhões de dólares. “Nós estabelecemos como certo que este extrato bancário é falso e que o sr. Romário de Souza Faria não é o titular desta conta em nosso banco na Suíça”, afirma o BSI em nota oficial. Segundo o banco, os fatos constituem “de-
litos penais graves” e, por isso, a instituição “solicita a abertura imediata de um procedimento penal” no Ministério Público da Suíça. No Senado, Romário disse ter tido uma amostra “do que há de pior no jornalismo”, que se manifesta quando alguns profissionais “pensam que detêm a exclusividade da informação e da verdade”. Romário afirmou que o episódio serviu para mostrar a “falta de ética de Veja”, uma revista “sem credibilidade”, e prometeu pedir indenização por danos morais no valor de dez vezes o valor supostamente sonegado por ele: 75 milhões de reais, portanto. (Da Carta Capital)
Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais Sugestões e comentários: extraclasse@sinprominas.org.br Filiado à Fitee, Contee e CTB - www.sinprominas.org.br f Sinpro Minas
BRASIL
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Quanto mais rico, menos impostos TRIBUTOS No Brasil, 0,3% da população concentra 22% de toda a riqueza declarada Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF) A Receita Federal divulgou recentemente os dados das declarações do imposto de renda das pessoas físicas entre 2008 e 2014. As informações escancaram a desigualdade econômica da população brasileira. O número de contribuintes com renda mensal acima de 160 salários mínimos (ou que ganham mais de R$ 1,3 milhão de reais por ano) corresponde a apenas 0,3% do total. É uma pe-
Renda
quena elite de 71.440 pessoas, entre os mais de 26,4 milhões de pessoas que declararam o imposto referente ao ano de 2013. Esse topo da pirâmide social totalizou rendimentos de R$ 298 bilhões e possui patrimônio de R$ 1,2 trilhão. Eles são donos de quase 22% das propriedades, bens e ativos financeiros declarados. Se somar com os outros 136 mil brasileiros com renda acima de 80 salários mínimos por mês, essa elite passa a ser dona de 30% da rique-
Salário Comprometido¹
za no Brasil. Injustiça tributária A divulgação desses dados é uma ação inédita do governo. Além de demonstrar a desigualdade de renda, os números denunciam também a injustiça tributária praticada no país. A camada mais rica tem 6,4% de sua renda retida na fonte pela Receita, em média. Já os extratos intermediários, gente que tem rendimentos anuais entre 20 e 40 salários mínimos (R$ 162.420 e R$ 325.440) pa-
Imposto na Fonte² 6,4%
22,7%
gam 11,7% de imposto retido na fonte. No caso do imposto de renda, ele só é progressivo até uma determinada faixa de renda. Quem recebe acima de R$ 4.664 por mês, paga a mesma alíquota de que ganha R$ 10 mil, R$ 50 mil ou R$ 300 mil mensais. Cerca de 40% da carga tributária brasileira, atualmente, é composta por impostos indiretos, que são aqueles embutidos nos produtos de consumo, que acabam pesando no bolso dos mais pobres. A popu-
lação de baixa renda e as classes médias comprometem 32,8% dos seus rendimentos com impostos, enquanto os 10% mais ricos gastam 22,7% da sua renda com tributos. Para o economista Rodrigo Orair, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), essa é uma questão central. “O grande problema é a tributação do consumo, que compromete quase tudo que os mais pobres ganham, e a profunda a diferença com os mais ricos”, analisa.
1 - A população de baixa renda e as classes médias comprometem 32,8% dos seus rendimentos com impostos, enquanto os mais ricos gastam 22,7% da sua renda com tributos. 2 - A camada mais rica tem 6,4% de sua renda retida na fonte pela Receita, em média. Já os extratos intermediários, gente que tem rendimentos anuais entre 20 e 40 salários mínimos pagam 11,7% de imposto retido na fonte.
Bens de luxo isentos de impostos 32,8%
11,7%
Iates e aeronaves, por exemplo, não são tributados. Outro flagrante é a não tributação de lucros e dividendos recebidos por acionistas e sócios de empresas. Esse privilégio foi assegurado em 1996, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), sob o argumento de que o lucro já era tributado ao nível da empresa e não poderia ser taxado duas vezes. Ocorre que, entre as 34 nações desenvolvidas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas a Estônia garante essa isenção.
Países desenvolvidos cobram mais de seus ricos O Brasil vai na contramão da maioria dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo. Em média, a tributação total da renda representa, em termos de carga tributária, 57% do total nos Estados Unidos, 64% na França e 48% na Alemanha. Significa que, proporcionalmente, os mais ricos pagam mais impostos e os mais pobres pagam menos. Nesses mesmos países, a carga tri-
Reprodução
butária sobre a produção e consumo, que é igualmente paga por ricos e pobres através dos produtos, não passa de 18% nos EUA ou de 25%, na França. Já no Brasil, corresponde a mais da metade. Por outro lado, o imposto sobre os rendimentos é tímido em nosso país, não ultrapassa 35% da carga tributária. “As pessoas reclamam de ter que pagar imposto de
renda, IPTU, IPVA, mas não vê que paga muito mais de ICMS, IPI, Cofins, de forma invisível sobre o consumo”, exemplifica Rodrigo Orair, economista do Ipea. Isso afeta também a competitividade da economia, pois tornam os custos de produção e, consequentemente, dos produtos, muito mais caros no mercado brasileiro, penalizando a população mais pobre.
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MUNDO
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70 anos depois da bomba de Hiroshima, líderes pedem fim de armas nucleares JAPÃO Atualmente, existe o equivalente a 85 bombas para cada país do mundo Reprodução
Do Opera Mundi Em 1945, os Estados Unidos lançaram a bomba “Little Boy” (pequeno garoto) sobre Hiroshima, resultando na morte de 140 mil japoneses. Passados 70 anos, a quantidade de armas existentes, mais de 16 mil, seria suficiente para armar todos os países do mundo com 85 ogivas. Hiroshima foi o primeiro alvo de uma bomba nuclear. Três dias depois, Nagasaki era atingida pela “Fat Man” (Homem Gordo). O saldo de mortos ultrapassou 200 mil japoneses. Após os bombardeios, ocorreram mais de 2.000 detonações de bombas em testes, nenhuma delas em outra guerra. O uso das bombas impul-
sionou a corrida armamentista entre EUA e URSS durante a Guerra Fria (19451991). Hoje, Rússia e EUA detêm 93% das armas nucleares de todo o mundo. A quantidade de ogivas sob a posse de Washington e Moscou é 25 vezes superior à da França, terceiro maior arsenal. Nesse ritmo, os dois arsenais que crescem mais rápido, Paquistão e Índia, levariam 760 anos para atingir os dois países. Gastos De acordo com a ONG Global Zero, entre 2010 e 2020 os governos do mundo gastarão US$ 1 trilhão em armas nucleares. A organização aponta que os nove países gastaram em 2011 US$ 100 bilhões em progra-
EUA controlam 90% das comunicações e vigiam informações há quase 50 anos COMUNICAÇÃO Sistema foi criado para espionar satélites e telegrafia, afirma jornalista Desde 1966, transmissões por satélite, telegrafia e outras formas de comunicação são espionadas pelos Estados Unidos. É o que revela o jornalista britânico Duncan Campbell no site The Intercept. Em seu artigo, o jornalista conta a história do sistema de vigilância, também conhecido como Projeto P415 e mostra elementos filtrados pelo ex-agente da NSA, Edward Snowden, refugiado atualmente na Rússia. Os documentos confirmam que o mecanismo foi criado na década de 1960, logo após o início da instalação de satélites de comunicação na órbita terrestre. A rede, batizada de Frosting, tinha dois programas
principais: o Transient, destinado às comunicações via satélite da União Soviética, e o Echelon, que se concentrava nos sinais eletrônicos de potências ocidentais. A Echelon foi, por anos, um serviço de espionagem por meio do qual eram interceptadas transmissões por satélite ou telegrafia. O programa, que utilizava sistemas avançados para buscar palavras chaves e frases que pudessem ter informação relevante ainda está ativo e funciona tendocontrole de 90% das comunicações em todo o mundo. (Com informações do Opera Mundi)
mas nucleares — só os Estados Unidos, US$ 61,3 bi, o que representa 9% do total de investimentos militares a cada ano. A ONG pontua que os
gestores preferem realizar cortes em “educação, saúde, segurança pública e outros serviços essenciais” mas não em armas nucleares.
Não-Proliferação Nove países possuem reconhecidamente armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, República Popular da China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte e Israel. Mas só cinco, integrantes do TNP (Tratado de Não -Proliferação de Armas Nucleares) — Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China - detêm 98% das armas nucleares do mundo. O trabalho, realizado por Hans Kristensen e Robert Norris, da Federação de Cientistas Norte-Americanos, conclui que o TNP está em um dilema. “Após décadas de redução das ogivas, não há indicações de que as potências planejem desistir no futuro”, aponta.
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ENTREVISTA 11
Filme traz “o outro lado” de Sabotage, diz diretor BATE PAPO Ivan 13P fala sobre a produção, o financiamento e a relação com a família do rapper Reprodução
eu quero ser ator” ou “queria trabalhar no cinema, me leva que eu seguro a luz, carrego os equipamentos”. Já é o Sabotage, que é um músico, influenciando essa galera a ser ator e não necessariamente a ser rapper. Já deixou outra sementinha aí.
Rafaella Dotta Ivan Ferreira, publicitário conhecido como Ivan 13P, dirige seu primeiro longametragem e escolheu Sabotage para seu tema. Mais ainda, diz que o som de Sabotage é que o escolheu. O resultado foi o filme “Sabotage: maestro do Canão”, que estreou em Belo Horizonte na última semana e segue em cartaz no Cine 104 até o dia 12 de agosto. Para chegar ao ponto final, foram 11 anos de produção. Neste tempo, Ivan 13P produziu diversos documentários ligados à música, como o “Favela no ar”, sobre a cena rap de São Paulo, e o “Rotação 33 - Fita mixada” com KL Jay, integrante dos Racionais MC’s. Brasil de Fato - Ivan, dá pra sobreviver fazendo produção independente? Ivan 13P - Eu estou devendo até minhas cuecas, faz tempo já, mas eu vivo disso. Tenho meu apê, pago minhas contas. Em projetos grandes como um longa-metragem é mais difícil. Por mais que você consiga um patrocínio, sempre se gasta mais.
“Estou devendo até minhas cuecas, faz tempo já, mas eu vivo disso” O documentário do Sabotage teve financiamento? A gente começou independente e terminou com patrocínio. Já fiz vários filmes independentes, é super bacana, uma atitude da qual você se honra muito depois, mas pretendo fazer cada vez menos sem dinheiro. Porque, se você faz um filme sem grana, você não consegue trabalhar o filme. Quem produz tem uma grande dificuldade que é “onde eu vou passar meu filme?”
Ivan 13P: filme sobre Sabotagem ficou 11 anos em produção
Qual a relação do documentário com a família do Sabotage? Desde o começo, a gente sempre teve o apoio da família dele. E ver que eles estavam afim que a gente fizesse o filme e que ia dar uma boa repercussão nos motivou bastante. Hoje temos uma parceria com a família, que fica com quase 50% do que é arrecadado. Temos então dois objetivos: fazer o filme ser visto e fazer virar alguma grana. Se conseguir as duas coisas, ótimo.
“Quem produz tem uma grande dificuldade que é “onde eu vou passar meu filme?”” Por que você escolheu falar do Sabotage no seu primeiro longa-metragem? Porque ele foi um cara totalmente diferenciado. Eu gravei ele vivo em 2002 pro documentário “Favela no ar” e sentia que eu tinha uma missão. O fato de
ter aquele material tão rico me dizia “você tem que fazer alguma coisa”, isso não pode ficar no armário. Depois que ele foi assassinado resolvi fazer um filme só sobre ele.
O que você aprendeu de mais forte produzindo esse filme? O que eu aprendi, tanto com o Sabota quanto com o filme, é acreditar e dar a cara. O Sabotage fez isso e chegou lá. A gente insistiu com o filme, teve vários motivos pra abandonar, mas estamos aqui. Primeiro, é preciso acreditar bem no que você está querendo, depois bota fé e faz virar. E qual pergunta você faria
hoje ao Sabotage? Seria sobre a questão das drogas. A ex-esposa do Sabota conta que ele fumava crack. Um dia, chegou em
“Primeiro, é preciso acreditar bem no que você está querendo, depois bota fé e faz virar” casa com uma pedra de crack e colocou numa santinha de plástico dizendo “não quero essa parada”. Quando acordou, a pedra tinha corroído a santinha. E ele decidiu parar. E ficamos sabendo também que ele era um cara do candomblé. Eu perguntaria: como a sua fé te ajuda, te influencia?
Sabotage, o mestre do Canão
“Tem o lance de ouvir o som do artista e tem o lance de conhecer o outro lado, e esse filme traz um pouco do que foi a vida do Sabota” E o que você acha que esse documentário traz às pessoas que estão conhecendo o som dele? Tem o lance de ouvir o som do artista e tem o lance de conhecer o outro lado, e esse filme traz um pouco do que foi a vida do Sabota. Quando a gente começou, achamos que o público ia ser a galera do rap, mas não. Tem o rap, que o pessoal é fiel e ele é um ícone, mas fizemos uma sessão com um monte de professores, por exemplo. E mais um ponto forte é que o filme esclarece o trabalho dele no cinema. Tem fim de sessões que a molecada diz pra gente “pô,
Divulgação
Mauro Mateus dos Santos foi compositor, cantor e ator e uma das principais referências para o rap brasileiro. Morador da favela do Canão, zona sul de São Paulo, Sabotage, como ficou conhecido, fazia rimas que expressavam o desejo de transformação da sua realidade. Seu único CD, denominado “Rap é Compromisso”, foi lançado em 2001. Durante a sua carreira, fez participações em vários CDs, como RZO e SP Funk. Atuou nos filmes “O Invasor” e “Carandiru”, compondo as trilhas sonoras de ambos. Aos 29 anos, Sabotage foi assassinado em um ponto de ônibus, deixando um legado que marcou a história da música brasileira.
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CULTURA
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que e
Será que o mundo melhorou 150 anos depois?
Há pouco mais de um mês, estreou no horário das 18h “Além do Tempo”, novela escrita por Elizabeth Jhin, que tem tradição de escrever folhetins trazendo o mundo espiritual e a reencarna-
ção como fio condutor. Desta vez, a novela conta a história de duas encarnações dos personagens. Uma delas se passa no século XIX e a segunda 150 anos depois, ou seja, nos dias atuais. O cenário do romance impossível de Lívia (Aline Morais) e Felipe (Rafael Cardoso) é Campobello, cidade fictícia do sul do Brasil e especializada no cultivo de uvas e comercialização de vinho. Dizem que são duas novelas em uma só, já que as duas fases têm enredo com início, meio e fim e os personagens terão uma nova chance para escrever os caminhos da sua vida na etapa contemporâ-
nea do folhetim. Ainda no século XIX, vem me chamando a atenção na história a presença das preceptoras Severa (Dani Barros) e Rita (Daniela Fontan), duas moças que cuidam de Alex (Kadu Shons) e Felícia (Mel Maia). Pesquisei por aí e descobri que na tradição inglesa da época vitoriana, era comum a contratação de uma moça para se ocupar das atividades pedagógicas dos filhos. A preceptora tinha a função de desafogar a rotina da mãe e esposa, cuidando da orientação moral e social dos pupilos. Por isso, tinha de ser uma “boa moça”, uma lady conhece-
Novela
dora das regras e costumes de um ambiente refinado. Por atuar no espaço reservado do lar, a profissional acaba fazendo parte da família e se agrega à vida doméstica da burguesia, ganhando o status da inglesa com trabalho remunerado. Para além disso, o que me chama a atenção na figura da preceptora é a ideia de uma educação infantil baseada no controle e na disciplina doméstica. As crianças mais ricas eram separadas do espaço escolar, certamente para não se misturarem às pessoas de outras camadas sociais. Perdiam a possibilidade de socializar
e de estabelecer laços além do núcleo familiar. Não à toa Alex e Felícia adoram brincar juntos quando se visitam, mas sempre acompanhados de suas preceptoras. O que será que as duas serão na segunda fase da novela? 150 depois? Só vendo pra saber! Ainda bem, pelo menos no Brasil de hoje, os pais não podem negar aos filhos a educação escolar, não é mesmo? Quer dialogar comigo? Manda email para quimvela@brasildefato.com.br Até semana que vem! Joaquim Vela
Fotografias ocupam muros e igreja de Ouro Preto OLHAR Projeto proporciona reflexões sobre a identidade negra da antiga capital mineira Eric Gomes
Entre os dias 6 e 9 de agosto, Ouro Preto será ocupada por inúmeras imagens que retratam o tema “Identidade e Cultura Negra”. Em sua 4ª edição, o projeto “Fotógrafos em Ouro Preto” traz oficinas, palestras, debates, além da exposição Cidade Murada, que exibirá fotografias nos muros que rodeiam o município. O ensaio “Pele Preta”, da fotógrafa inglesa Maureen Bisilliat, naturalizada brasileira, virá pela primeira vez a Minas Gerais. As fotos foram feitas há 50 anos e ti-
veram sua primeira exibição em 1966, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A exposição será no interior da igreja Nossa Senhora do Rosário e compõe uma homenagem à Irmandade da igreja, que completa 300 anos. O evento promove ainda a interação entre fotógrafos e comunidade. O distrito Antônio Pereira, que possui altos índices de violência contra a mulher, recebe um projeto de diálogo entre lideranças femininas locais sobre direitos, saúde da
mulher e combate à violência. A ação pretende resultar em um catálogo de fotos e textos, que formarão a exposição Mulher em Foco – Antônio Pereira.
SERVIÇO O quê: Fotógrafos em Ouro Preto Quando: 05 a 09 de agosto Onde: Ouro Preto Informações gerais: www. fotografosemouropreto. com.br
Mariana de Matos abre Elvis Presley é tema da mostra de exposição com evento cinema no Palácio das Artes gratuito A misteriosa morte de Elvis, em 16 de agosto de
Reprodução
Juliana Matos
“Parto” é o nome da exposição da artista Mariana de Matos, que será inaugurada no dia 14 de agosto, no Espaço Suricato. O nome representa parte do processo da artista, e propõe que o visitante experimente as obras à luz dos significados múltiplos da palavra: parir, partir-se, partir. A mostra reúne um recorte de sua produção artística, ainda inédita, de 2013 a 2015. Serviço: Exposição individual da artista Mariana de Matos
Onde? Rua Souza Bastos, 175 – Floresta Quando? De 14 a 30 de agosto Entrada gratuita
1977, é fato lembrado pelos fãs do Rei do Rock em todo o mundo. O Cine Humberto Mauro, em parceria com o Clube Elvis de Belo Horizonte, realizam, de 7 a 19 de agosto, a mostra “This Is Elvis”, em homenagem ao músico e ator que deixou O fiel e apaixonado público há 38 anos. Na programação, estão filmes estrelados por Presley, como o primeiro de sua carreira “Ama-me com ternura”, filmado no mesmo ano da primeira grava-
ção oficial em estúdio do cantor, “Elvis é assim”, “Prisioneiro do rock and roll” e “Seresteiro de Acapulco”, além de sua cinebiografia, dirigida por John Carpenter e estrelada por Kurt Russell. Micro exposição
Paralelamente às exibições, o Cine Humberto Mauro também fará, na entrada do cinema, uma exposição de objetos relacionados ao cantor, em parceria com o fã-clube mineiro, que também ajudou na curadoria da mostra.
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Barreiro comemora 160 anos com diversas atrações Duda Las Casas
Peça “A mulher que cuspiu a maçã” faz parte da programação
FESTA Teatros, musicais, palestras e serviços de orientação acontecem ao longo do mês Pedro Cindio O Barreiro comemorou no dia 3 de agosto seus 160 anos. Ao longo de todo o mês, parques, escolas e praças serão usados para proporcionar serviços e entretenimento para a população, em mais de 60 atividades.
Uma delas é a “IV Mostra Barreiro de Teatro de Animação”, de teatro com bonecos. A peça “Aborrecentes do Bairreiro” premiada e em cartaz desde 2000, é uma das que estão na programação. Outro evento será o “Caverna das Tribos – Virada Radical”, com DJ, street dance e mini pista de skate.
No dia 30 será o encerramento, na Avenida Presidente Costa e Silva (entre Rua Emílio Zeymer e Rua Jornalita Vander Moreira), com a “festa agostina. Vai ter rua de lazer, apresentações de bandas, quadrilha e barracas de comida. As atrações começam as 10 horas e terminam as 18h.
CULTURA
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Polo regional Antes com economia essencialmente agrária, a partir da industrialização iniciada na década de 1950, o Barreiro tornou-se um polo regional. Atualmente com mais de 9 mil prestadores de serviços, 5 mil estabelecimentos comerciais e cerca de 1.700 indústrias, a região, localizada no sudoeste de Belo Horizonte, acolhe, segundo o Censo de 2010, mais de 283 mil moradores, além de receber diariamente milhares de visitantes das cidades metropolitanas do entorno.
160 anos com problemas históricos O bairro hoje é a segunda região mais movimentada da capital, perdendo apenas para o hipercentro de Belo Horizonte. Porém muitos problemas se arrastam há anos. A falta de saneamento básico em diversos pontos e ruas sem asfaltos ainda são realidade na região. Um outro problema que se arrasta há 30 anos é a chegada do metrô. A verba foi liberada diversas vezes, porém o governo estadual nunca havia feito um único projeto para a expansão do metrô. O transporte coletivo é uma reclamação constante dos moradores. O hospital Barreiro é tema de debate até hoje, pois o esqueleto está montado, mas as obras não caminharam. O prefeito Marcio Lacerda afirmou que o hospital será aberto em setembro, mas entidades de defesa da saúde desconfiam de que a intenção é repassá-lo à iniciativa privada.
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Suflê de legumes
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
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Derreta a manteiga, sem deixar esquentar muito. Junte a farinha, depois o sal e o leite, mexa sempre até engrossar. Retire do fogo e deixe esfriar. Misture as gemas bem batidas, o queijo e os legumes. Por fim, coloque as claras em neve. Leve imediatamente ao forno a 180°C, em um pirex untado com manteiga, por 15 minutos. Tempo de preparo
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Solução
2 colheres de sopa de farinha de trigo 300 ml de leite 2 colheres de sopa de manteiga ou margarina 1 pitada de sal 50 g de queijo ralado 4 ovos Legumes cozidos e cortados em cubos
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MODO DE PREPARO
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INGREDIENTES
Amiga da Saúde Na educação dos filhos, usar palmadinhas e castigo parece inevitável. Isso pode causar algum mal para a criança? Reprodução
Luiza Vitória, 33 anos, nutricionista. Cara Luiza, nós vivemos numa sociedade que acostumou a bater nos filhos como forma de educação, naturalizando a agressão. A violência física e também a psicológica (gritos, ameaças, castigo) estão presentes no dia a dia da maioria das famílias. Não é mera coincidência que crianças violentadas se tornem adultos violentos ou adultos que aceitem um lar violento mais tarde. É um grande desafio aprendermos a disciplina positiva, educar sem violentar, respeitar a criança acima de tudo. Para isso, é preciso entender as fases do desenvolvimento da criança e os motivos que a levam a fazer birras, testar seus limites, desobedecer. Acima de tudo, é necessário que os pais e cuidadores tenham paciência para compreender que educar é principalmente orientar com amor e persistência. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
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Criança disputa Mundial
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ESPORTES
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Três Toques Wallace Oliveira
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Machismo faz Thaisa fechar Instagram Facebook / Thaisa Vôlei
A Copa Libertadores da América já tem campeão. Com três gols, o River Plate da Argentina bateu o Tigres, barrando a possibilidade do primeiro título mexicano. O River, que mostrava futebol exemplar no ano passado, começou 2015 jogando mal e logo foi desacreditado por torcedores e pela mídia esportiva. Terminou a fase de grupos como pior segundo colocado, mas recuperou o bom desempenho e eliminou seu arquirrival, o Boca Juniors, nas oitavas; nas quartas, passou por cima de seu tradicional carrasco, o Cruzeiro, no Mineirão; nas semifinais, bateu a sensação do momento, o Guarani do Paraguai; na grande final, atropelou o Tigres, considerado, até então, um dos melhores times da competição. Foi uma campanha de respeito. Uma atleta de apenas 10 anos de idade disputa o Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan (Rússia). A nadadora Alzain Tareq, que representa o Bahrein, é a mais jovem participante da história do torneio. Ela compete nas provas dos 50 metros borboleta e dos 50 metros livres. Enganase, todavia, quem pensa que Tareq tem o pior tempo entre as classificadas. Nos 50 metros livres, ela está à frente de outras três nadadoras.
De costas para a América do Sul Esta foi a segunda final de Libertadores sem brasileiros, após nove anos consecutivos com participação do Brasil. E os argentinos agora têm 24 títulos, contra 17 do Brasil. Todavia, poucos brasileiros assistiram à bonita festa no Monumental de Nuñez, disponível apenas na TV fechada, pela Fox e Sportv. Muita gente só quer ver o próprio time ou algum jogo mais importante do futebol europeu. Em contrapartida, os grandes canais de TV, como a Globo, ficam de costas para o continente e de olho no próprio umbigo, não mostrando o que o torcedor mediano não está condicionado a ver todos os dias. Reprodução
E os Paralímpicos?
Agora é lei Facebook / Alan Fonteles
Nenhum canal da TV aberta brasileira transmitirá os Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015. Diferentemente do Pan, que foi exibido pela Record, o Parapan só será visto pela TV por assinatura. Os direitos de transmissão foram comprados pela SporTV, que pertence à Globo. As competições acontecem entre os dias 7 e 15 de agosto. Com mais de 270 paratletas, o Brasil é o favorito a liderar o quadro de medalhas.
A presidenta Dilma Rousseff sancionou a Medida Provisória 671, que agora virou Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. A lei prevê o refinanciamento das dívidas fiscais dos clubes de futebol, mas cobra determinadas contrapartidas, como a gestão transparente e democrática das entidades que aderirem ao programa. Suas dívidas, apreciadas na casa dos bilhões, são um grande rombo nos cofres públicos. Para pegar exemplos mais próximos, vejamos Atlético e Cruzeiro. O primeiro deve à União mais de R$ 284 milhões. O segundo deve quase R$ 20 milhões. Pratique esportes
Basquete
Onde:
Rua dos Agrônomos, 285, Alípio de Melo, BH.
Quando:
todo sábado, a partir das 9h.
O projeto Basquete Popular no Bairro oferece aulas gratuitas, abertas a pessoas de todas as idades, no Parque Vencesli Firmino da Silva.
Informações: (31) 3277-8403
O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.
Thaisa Daher, bicampeã olímpica de voleibol, resolveu fechar sua antiga conta no Instagram, na qual postava fotos de seu dia a dia. A decisão foi motivada pela machismo, agressividade e baixo nível de alguns comentários de internautas. Em entrevista ao portal UOL, a jogadora comentou: “a pessoa não pode falar que está bonita. Precisa falar que você está gostosa e todas aquelas coisas muito mais para baixo. (...) Não é esse o objetivo”. Thaisa também afirmou que posta suas fotos quando se sente bem com sua autoimagem, independentemente dos comentários que as pessoas fazem. A atleta concluiu: “Não é porque o padrão é ser magrinha ou esquelética que você precisa ser também. Cada uma tem seu padrão e você tem de respeitá-lo. Acima de tudo, se sentir bem, se respeitar, respeitar seu corpo”.
VocêSabia? No mês de setembro, o Brasil concluirá as obras do quarto maior centro de treinamento paralímpico do mundo, na cidade de São Paulo. O centro terá capacidade para quase 300 paratletas de 15 diferentes modalidades e também abrigará espaços de pesquisa e medicina esportiva.
16 ESPORTES
Belo Horizonte, 07 a 13 de agosto de 2015
DECLARAÇÃO DA SEMANA
CURTO E GROSSO
Priorizar o quê?
Reprodução
“ Bruno Cantini / Flickr do Atlético-MG
Wallace Oliveira Foram definidos os confrontos das oitavas de final da Copa do Brasil. Os times que jogaram na primeira fase se encontram com os que estavam na Libertadores. O Atlético pega o Figueirense, o Cruzeiro encara o Palmeiras, equipe comandada por Marcelo Oliveira. Para quem luta pelo título ou contra o rebaixamento no Brasileirão, surge, então, o dilema: qual das duas competições deve ser priorizada? Em 2012, o Palmeiras foi campeão de uma e rebaixado na outra. Em 2013, o Cruzeiro foi eliminado na Copa do Brasil e levantou a taça no Brasileirão. Em regra, jo-
Lionel Messi: ‘fantástico’. Cristiano Ronaldo: ‘bom’. Zlatan Ibrahimovic: ‘Uau!’
”
gar pelos dois títulos tem sido desgastante, pois obriga a manter uma maratona de dois jogos semanais durante todo o resto do ano. Isto só é assim por conta da irracionalidade do calendário brasileiro. Na Europa, times que conquistaram a Tríplice Coroa (campeonato nacional, copa nacional e Champions League),
disputando o maior número possível de jogos, não atingem a média brasileira de 68 partidas, segundo dados do Bom Senso FC. Na temporada 2014-2015, o Barcelona ganhou tudo jogando 60 partidas, 16 a menos que o Cruzeiro, campeão brasileiro de 2014, e 14 a menos que o Atlético, campeão da Copa do Brasil.
Zlatan Ibrahimovic, atacante do Paris Saint-Germain e rei da cocada preta, em mais uma demonstração pública de veneração por sua magnífica pessoa.
Gol de placa Além do quarto lugar na tabela, com 29 pontos, o Sport tem outros números para comemorar: é o único clube que não recebeu nenhum cartão vermelho. Como se não bastasse, também é o quarto colocado em número de amarelos, atrás apenas do Galo, do São Paulo e do Corinthians.
Gol contra Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, vetou a venda de meias-entradas pela internet, que agora são distribuídas apenas nas bilheterias do Allianz Parque. Contra o Atlético-PR, domingo (2), o clube não vendeu nenhuma meia-entrada, pois todos os ingressos foram comercializados online.
OPINIÃO Bráulio Siffert Em meio a times tecnicamente fracos, a regularidade do América em casa está fazendo o time se sobressair e se firmar cada vez mais como candidato ao acesso à primeira divisão. Dentre todas as equipes das séries A e B do Brasileirão, o América é o que tem, até agora, o melhor aproveitamento dentro de casa: são oito vitórias e um empate, com
um aproveitamento maior que 90%. Se mantiver essa média no segundo turno, para conseguir o acesso, o América precisará de apenas mais duas vitórias e dois empates nos dez jogos a serem disputados fora de casa. E esses números podem melhorar ainda mais, caso arranque um bom resultado contra o Ceará, no Castelão, e contra o Botafogo em casa, na última rodada do primeiro turno.
OPINIÃO Rogério Hilário O Atlético inicia a trajetória do bi da Copa do Brasil. Teoricamente, se deu bem. Vai enfrentar o Figueirense. No sorteio, evitou um clássico nesta fase e tem a chance de se garantir no primeiro confronto. A equipe já demonstrou competência em torneios eliminatórios. Falta a superação em disputas de pontos corridos. Vale a pena esperar por mais es-
ta façanha inédita. O Alvinegro vem passando ao largo das contusões, por ter um elenco homogêneo, e se precavendo das suspensões, com um esquema tático favorável aos marcadores e defensores. Percalços são possíveis. O Sobrenatural de Almeida, personagem de Nelson Rodrigues, e as manobras de bastidores nos rondam. Mas já dizia Paulo Leminski: sofrer será nossa última obra.
OPINIÃO Léo Calixto O Cruzeiro anunciou a contratação do meio campista argentino Ariel Cabral, de 27 anos. Ex-jogador do Velez Sarsfield, Cabral é canhoto e pode jogar tanto centralizado quanto na faixa da esquerda, no esquema com três volantes. A contratação veio em boa hora por dois motivos. O primeiro refere-se a mais uma opção no meio para Luxemburgo, pois, no
novo esquema com três volantes, o treinador não dependerá de Charles ou outro volante de contenção na armação de jogadas. O segundo relaciona-se diretamente com o primeiro, no momento em que a contratação de um meia com potencial para se destacar dentro de campo pode fazer com que a torcida volte a lotar o Mineirão e fazer o que sempre fez: empurrar a La Bestia Negra.