Violência na rede Mulheres que têm intimidade divulgada sem autorização também devem se amparar na Lei Maria da Penha, que prevê humilhação como crime
variedades | pág. 13
Amiga da saúde Dicas para evitar infecção urinária, a importância da masturbação feminina e mais! Leia na coluna semanal que tira suas dúvidas
Uma visão popular do Brasil e do mundo
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Zero
Polêmica marcou resultado contra Vasco. Conversa entre jogadores retomou questão.
Galo
Atlético se prepara para o retorno de Ronaldinho
Edição
minas | pág. 6
Belo Horizonte, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2013 | ano 1 | edição 15 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg
cidades | pág. 3 e 4
Mais especulação imobiliária O Nova BH irá aumentar a capacidade de oferta de imóveis na capital. Especialistas denunciam que isso vai aumentar especulação imobiliária e expulsar os pobres para periferias, sem solucionar falta de moradia. Prefeitura tenta aprovar projeto sem debate com a sociedade, infringido leis
minas | pág. 7
Corrupção tucana ainda sem julgamento Esquema de mensalão teria começado em Minas Gerais com governo tucano, em 1998. Desvio de R$3,5 mi foi o primeiro caso do Valerioduto. Caso até hoje não foi a julgamento
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Reclamações contra planos de saúde 150 planos estão com comercialização suspensa pela Agência Nacional de Saúde por falta de qualidade. Mais da metade das queixas no Procon é em relação à cobertura
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Mineroduto do Eike Além de não respeitar atingidos, sistema de transporte de minério foi responsável, apenas em 2012, pelo consumo de 5 quatrilhões de litros de água potável do país
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Belo Horizonte, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2013
editorial | Minas Gerais
editorial | Brasil
Elites mineiras e manifestações
A mídia tucana está nua
Belo Horizonte viveu semana de manifestações. Greves, protestos de rua, paralisações e até bate-boca com direito a gesto obsceno estiveram presentes na luta entre os interesses da casa grande e da senzala. Motivos não estão faltando. A Polícia Federal pegou 450 quilos de cocaína no helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrela e sua família. Foi a maior apreensão do ano, com valor de R$ 10 milhões. Não é de hoje que há suspeitas quanto ao enriquecimento da família, desde que o pai do deputado, senador e ex-cartola do Cruzeiro, Zezé Perrella, se envolveu com futebol e política. O secretário municipal de Lacerda, Marcelo Faulhaber, em reunião do Conselho Municipal de Política Urbana agrediu participantes com palavras e gestos obscenos, com o dedo do meio em riste. Vejam a que ponto chegou a Prefeitura de Belo Horizonte. Na mesma semana, na Assembleia Legislativa, 45 deputados da base de apoio de Anastasia atropelaram o debate e aprovaram em primeiro turno a extinção do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg). O fundo é hoje superavitário e conta com caixa de R$ 3 bilhões. A extinção, mais cortes, demissões e ajustes recentes demonstram que Minas está quebrada. O que não pode ser denunciado pela imprensa, pois atrapalharia a candidatura do seu candidato à presidência em 2014, Aécio Neves. Para além dessas denúncias políticas, que expõem os interesses das classes dominantes, só na última quinta-feira (28), tivemos seis manifestações de rua. Mais de 200 metalúrgicos fizeram manifestações fechando os dois sentidos da avenida Olinto Meireles. O dia de luta foi puxado pelo Sindicato dos Metalúrgi-
cos, que negocia com a Fiemg reajuste salarial. Já os trabalhadores da construção civil fizeram protesto na Pampulha e na avenida Cristiano Machado, reivindicando aumento salarial e segurança no trabalho. A marcha das Ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa percorreu a Cristiano Machado até a prefeitura, com a pauta: negociação e diálogo sim, despejo não. Lacerda se recusou a recebê-los. Os trabalhadores da Cemig também fizeram protestos e marchas ao longo da semana, estão em greve desde a segunda-feira (25). Denunciam o alto preço da conta de luz, o sucateamento da empresa, a terceirização e o lucro dos acionistas. Vamos todos para a rua também. É a melhor, e talvez a única, maneira de fazer valer a democracia.
Falando Nilson
De quantos mandatos o PT precisará para se convencer que o país necessita de uma nova lei dos meios de comunicação? Será que acreditam que é possível fazer qualquer reforma para fortalecer a democracia sem atacar os oligopólios da comunicação? Apanham da mídia até quando cumprem a exigência mais corriqueira do cargo que ocupam, vide o ataque que sofre, nesses dias, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O crime que ele cometeu: recebeu documentos que indicam os desvio de dinheiro público e solicitou à Policia Federal (PF) investigar a veracidade dos fatos. Detalhe, dessa vez estão nominados importantes dirigentes políticos tucanos como “os cabeças” desses crimes. O senador e presidente do PSDB Aécio Neves não hesitou em vociferar: “O ministro precisa esclarecer qual foi sua participação nesse processo. Isso é extremamente grave”. Cabe uma pergunta: se ele fosse presidente da República e recebesse as mesmas denún-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
cias, o que ele faria? São denúncias documentadas, mas que exigem mais investigações, uma atribuição legal da PF. Em que país democrático do mundo não se adotaria providência que não essa? Nos governos tucanos, estaduais e federal, o destino das denúncias é o fundo de uma gaveta. Essa prática de governo faz parte do mundo tucano quando as denúncias envolvem seus quadro políticos. Mas esse mundo tucano só existe porque sempre contou com a conivência da mídia. No caso da roubalheira do metrô e trens de São Paulo, o conluio mídia e tucanos age com a mesma desenvoltura, certos da impunidades dos seus crimes. A mídia, de olho numa fatia desse botim, impõe silêncio. Já no caso da máfia dos fiscais da prefeitura de São Paulo, que imperou nos mandatos de Serra/Kassab, diante da impossibilidade de abafar caso, a mídia usa do seu poder para confundir.
Tão importante quanto as políticas públicas é democratizar a comunicação Não poupa esforços na tentativa de vincular o prefeito petista como cúmplice da roubalheira. Assim, ignora o fato que foi o atual prefeito que tomou a iniciativa de desbaratar essa quadrilha... Haverá também o dia, e pelo andar da carruagem será em breve, em que ficará esclarecido a atuação da mídia sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento da AP 470, conhecida como o mensalão do PT. Tão importante quanto aprofundar as políticas públicas que promovam a diminuição da desigualdade social, é promover reforma políticas que, dentre elas, promovam a democratização da comunicação em nosso país.
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Nova BH: especulação imobiliária e expulsão dos pobres POLÍTICA URBANA Projeto que vai alterar a cidade não foi discutido com população Maíra Gomes De Belo Horizonte O projeto Nova BH pode ser implantado na capital ainda este ano. A proposta é aumentar o adensamento da cidade e promover a “requalificação urbanística” dos corredores Norte e Leste-Oeste, assim como dos bairros cortados por elas, por meio de mudanças no Plano Diretor. Mas afinal, o que é tudo isso? Para que tudo isso? A falta de moradia é um problema que reflete em toda região metropolitana, que acaba por servir de “cidade dormitório” para os muitos trabalhadores que não encontram lugar para morar em BH. Segundo nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), faltam quase 130 mil casas na Grande BH. A proposta de adensar a cidade, que significa aumentar a quantidade de imóveis, deve passar pelo Plano Diretor, a lei máxima que rege o planejamento urbano. Ali se estabelece o tamanho das construções, a sua finalidade, a quantidade de áreas livres e de lazer e uma série de outras definições que mantêm a cidade um bom lugar para se viver e conviver. E é justamente aí que o
projeto Nova BH quer mexer. A proposta, apresentada pelo prefeito Marcio Lacerda no final de outubro na Câmara de Vereadores, utiliza de um instrumento de política urbana chamado Operação Urbana Consorciada (OUC), prevista na lei federal 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade. É esta ferramenta que possibilita as mudanças propostas na Lei de Uso e Ocupação do Solo e no Plano Diretor da cidade. Uma das principais modificações seria, por exemplo, que um terreno onde hoje é permitida apenas a construção de imóveis com o dobro de sua área, pudesse receber grandes prédios com cinco ou seis vezes o tamanho do lote. Isso geraria uma corrida de compra e venda de terrenos em BH e um grande aumento no número de imóveis ofertados na cidade. Impactos
Quase 25km² da cidade serão afetados, nas regiões dos corredores Antônio Carlos-Pedro I e Leste -Oeste, que inclui as avenidas dos Andradas, Tereza Cristina e Via Expressa. São 58 bairros diretamente atingidos pelo novo plano. As mudanças vão desde criações de parques à implantação de bacias de contenção de chuva, o que deve
gerar inúmeras desapropriações. De acordo com a cartilha do Nova BH, elaborada pela prefeitura, “será destinada moradia de reassentamento próxima ao local de origem para as poucas famílias removidas”. No entanto, Gladstone Otoni dos Anjos, da Pastoral Metropolitana dos Sem Casa e presidente da Associação do Bairro São Gabriel diz que não está sendo realizado um plano de reassentamento das famílias. “O que está no texto é uma coisa virtual, não encaixa. Se você vai construir um prédio de luxo, imagina se vai autorizar ter ali ao lado um prédio do Minha Casa Minha Vida, pra pobre ficar lá do lado? Isso jamais vai acontecer, vão é mandar as famílias para cima do déficit habi-
tacional”, declara. Eduardo Bittencourt, pesquisador do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da UFMG, aponta que diversos bairros indicados na lei municipal que instituiu as operações urbanas consorciadas (9959/2010) foram excluídos do projeto apresentado pela PBH. “Estes lugares apresentam sérias carências urbanísticas (infraestrutura, parcelamento do solo, transporte e mobilidade) e poderiam se beneficiar da aplicação do instrumento”, explica. Ele cita os bairros Vila Oeste, Santa Maria, Camargos, Alto dos Pinheiros, Boa Vista, São Geraldo, Esplanada e Casa Branca.
Projeto precisa ser aprovado para começar Para que possa ser efetivada, a Operação Urbana Consorciada (OUC) deve passar pela aprovação do Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur), onde é votado o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), e seguir para a Câmara dos Vereadores, onde precisa ser aceita com maioria qualificada, ou seja, ter 28 votos dos 41 vereadores. Na manhã de quinta (28), foi realizada uma reunião ordinária do Compur, que previa a discussão do Nova BH. Representantes do setor popular pediram que o tema fosse retirado da pauta, cobrando mais participação. O voto de minerva que manteve a pauta foi do presidente do Conselho, Custódio Mattos (PSDB). Mas não houve tempo hábil para a discussão, que será retomada na próxima reunião do Compur, prevista para daqui um mês. O tema está sob regime de vista, o que dará aos conselheiros mais acesso e debate sobre o projeto, mas não abrange a sociedade. Rreprodução PBH
Projeção do Nova BH divulgada pela PBH
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Falta participação e controle social, denunciam cidadãos MOBILIZAÇÃO Movimentos articulam conferência popular para garantir debate Sarah Torres
Maíra Gomes De Belo Horizonte
O pesquisador Eduardo Bittencourt explica que, sem um acompanhamento do poder público e o efetivo controle por parte da sociedade civil, alterações no mercado de terras e na dinâmica habitacional poderão gerar efeitos perversos, como o aumento excessivo no valor dos aluguéis e a gentrificação, processo que expulsa os moradores mais pobres de uma região, por não terem condições de arcar com o novo custo de vida. “Conhecemos histórias, como as reformas feitas em Londres na década de 80, e em Barcelona na década de 90, onde foram aplicadas as OUCs e, hoje, imóveis estão vazios e a população que vivia no entorno foi expulsa para regiões periféricas”, informa.
Mapa divulgado pela PBH em cartilha oficial apresenta quais serão os 25 km² afetados pelo projeto. Movimentos denunciam que o projeto só vai ocorrer onde o mercado decidir e questionam como fica o restante do eixo e a integração metropolitana
Gladstone Otoni afirma que o projeto atende a empresários e interesses pessoais do prefeito. “Isso é puramente um acordo empresarial de caixa de campanha. A especulação imobiliária abraçou as campanhas eleitorais e isso deu aos empresários a chance de ter os gestores nas mãos”, declara. Impacto de Vizinhança Para mudanças de tal porte, é necessária a realização do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que demonstra os possíveis impactos causados por projetos e obras. Eduardo denuncia que a PBH não apresentou o EIV das regiões que serão afetadas, apenas afirmou que o plano está de acordo com o estudo realizado. Associações e entidades da sociedade civil de Belo Horizonte denunciam a falta de participa-
Prefeito apresenta projeto a deputados
ção da população na elaboração do Nova BH. “É uma mudança radical, uma coisa que tem que ser discutida com a cidade, com quem está nos locais que serão atingidos”, declara Gladstone Otoni. Ele acompanha o Nova BH desde sua divulgação e afirma que deveriam estar sendo realizadas audiências públicas em todos os locais. Ao invés disso, a prefeitura de BH tem realizado reuniões com empresários a portas fechadas e negado encontros com a população. “O prefeito está falando com as lideranças que dão apoio político a ele nas regiões, levando para dentro do gabinete e falando que o projeto é uma maravilha”, denuncia. A OUC é uma ferramenta que prevê a participação popular e deve ser elaborada por ‘proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados’, segundo texto da lei. “É fundamental que a OUC seja elaborada com todos os atores envolvidos. A população atingida é de mais de 200 mil habitantes. Não adianta fazer audiência com pequenos grupos isolados,
com a guarda municipal impedindo a entrada da população”, aponta Eduardo. Ele reforça que o Estatuto das Cidades garante o debate amplo de políticas urbanas, em seu Capítulo IV, que visa à gestão democrática da cidade. Ali está prevista a realização de conferências sobre o assunto e, de acordo com a legislação municipal, a Conferência Municipal de Políticas Urbanas deve ser realizada todo primeiro ano de uma nova gestão, para a definição de diretrizes a serem consideradas durante todo o mandato. Em 2010 foi realizada a última Conferência, mas após as eleições municipais de 2012 ainda não houve outro encontro. Gladstone também integra o Conselho Municipal de Política Urbana, órgão responsável por convocar a Conferência. Ele conta que a prefeitura tem tirado de pauta a convocação durante todo o ano, evitando sua realização. “O prefeito não convocou a Conferência porque sabe que ali o projeto vai ser barrado. Ele quer passar todos esses planos sem discutir, quer fazer na marra”, declara.
conferência urbana popular As inúmeras críticas ao projeto Nova BH motivaram o Ministério Público a convocar uma audiência sobre o tema, realizada no último dia 20. O MP elaborou uma recomendação ao Compur para que a votação do projeto seja realizada apenas após amplo debate com a população, o que não foi acatado na reunião do dia 28. Outro assunto debatido no dia foi a realização da Conferência Municipal de Políticas Públicas, que deve ser feita todo primeiro mandato de governo e ainda não foi convocada pela PBH. Diversos movimentos sociais e entidades civis estão realizando a Conferência por conta própria, com abertura na sexta-feira (29), na Praça Sete e abertura oficial no dia 14 de dezembro, na Praça da Estação, às 9h. “Se a prefeitura não faz o que manda a lei, cabe a sociedade fazer isso. A Conferência Popular será feita no prazo correto, com toda a população”, declara Gladstone.
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Mineroduto de Eike Batista impacta cidades e meio ambiente TRANSPORTE Sistema passa por terrenos privados e consome uma infinidade de água potável
Preços dos principais produtos da Cesta Básica de Natal preço médio: R$ 9,73
Mídia Ninja
Mídia NINJA De Belo Horizonte
Minas Gerais é o estado que mais explora minério no país, mas depende de sistemas de transporte que levem a matéria-prima até os portos do país. Além dos quase 5 mil quilômetros de ferrovias que cortam as terras mineiras, o estado agora recebe o mineroduto Minas-Rio, maior projeto da Anglo American no mundo. O empreendimento de Eike Batista compreende uma mina do tipo céu aberto em Conceição do Mato Dentro, com reserva de 1,5 bilhão de toneladas de ferro, 525 quilômetros de dutos enterrados, 32 municípios afetados e 49% do terminal de minério do Porto de Açu, no 5º Distrito de Barra do Açu (RJ). A expectativa de produção do complexo minerário é de 26,5 milhões de toneladas/ano e a previsão de início das atividades do porto é para o segundo semestre de 2014. Esse sistema de transporte transforma o minério numa polpa, composta por 70% de minério e 30% de água, que são tensionadas através de bombas para correr pelos dutos. A água usada para esse funcionamento é retirada de nascentes de rios e dos lençóis freáticos. Só em 2012, esse meio de transporte do minério consumiu 5 quatrilhões de litros de água potável do país. Além dos danos ambientais causados pelo sistema de transporte implementado, a construção do mineroduto vem provocando ain-
SEU BOLSO
preço mais barato: R$ 8,99 Uva Itália (kg)
preço médio: R$ 12,76 Marca mais baratos: : Aymoré (em média R$10,98
Panetone de frutas (500g) Seu Ari, na borracharia onde trabalha, em Conceição do Mato Dentro. Sua casa está a 13 metros do mineroduto, mas ele não foi considerado afetado
da uma série de impactos sociais nas comunidades por onde passam os dutos. Para sua instalação é preciso uma forte investida em maquinários e trabalhadores em circulação nas cidades. A instalação do sistema passa por terrenos urbanos e em alguns casos dentro de propriedades privadas. Os critérios para identificação de atingidos é duvidoso. Em Conceição do Mato Dentro, a advogada Patrícia Generoso conta que seu Ari, borracheiro da área rural, tem sua casa instalada a 13 metros de onde passa o mineroduto e mesmo assim não foi considerado pela empresa como afetado pelas obras.
Irregularidades Uma ação civil pública, ajuizada em 2009 pelo Ministério Público Federal de Minas Gerais pede a paralisação das obras do Mineroduto. A ação está pronta para ser julgada desde maio e questiona a fragmentação do procedimento de licenciamento do empreendimento. A Procuradoria da República entende a manobra como tentativa de driblar os entraves ambientais próprios de programas amplos como o Complexo do Portuário de Açu. Outro processo questiona os danos causados pelas obras a um sítio arqueológico na região de Carangola.
Eletricitários da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) iniciaram nesta segunda-feira (25) uma greve por tempo indeterminado em todo o estado. Eles rejeitaram a proposta de acordo coletivo e de reajuste na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) apresentada pela empresa e decidiram pela paralisação. Segundo informações do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG), a pauta da categoria foi entregue à diretoria da Cemig no dia 16 de outubro e a data
-base dos trabalhadores é em 1° de novembro. No entanto, a reunião de negociação só foi agendada pela companhia para o dia 14 de novembro e a proposta apresentada foi muito aquém da pauta apresentada pelos eletricitários. De acordo com o coordenadorgeral do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho, a questão principal para os trabalhadores é a saúde e segurança. “Este é o ponto de pauta prioritário da categoria, porque só neste ano cinco eletricitários morreram à serviço da Cemig. Então, nós lutamos uma política séria de combate e prevenção aos acidentes de trabalho na empresa”, afirmou.
Trabalhadores cobram reajuste Além disso, os eletricitários reivindicam reajuste de 15,58% (recomposição salarial e aumento real), tíquete alimentação no valor de R$ 1.000, transferência dos trabalhadores da extinta Cemig Serviços para a Cemig Distribuição, distribuição justa da PLR e realização de concurso público para contratação de 5 mil funcionários. Em nota, a Cemig informou que as negociações com os sindicatos estão acontecendo normalmente e que algumas entidades já aceitaram a proposta da empresa e assinarão o acordo. O Sindieletro afirma mantém a greve.
Fique de olho! Os panetones mais baratos foram os de fabricação própria dos supermercados e padarias. O mais barato custava R$4,98 e o mais caro foi encontrado a R$6,49
preço médio:
Bacalhau Saithe: R$ 32,44 Chester: R$ 13,66 Salmão: R$ 41,27 Leitão: R$ 18,90 Lombo: R$ 18,20 Pernil com osso: R$14,36 Peru: R$13,84 Carnes (Kg)
Eletricitários em greve por segurança no trabalho Thaís Mota Do Portal Minas Livre
Fique de olho! A uva Itália apresentou baixa variação de preços. Portanto, não é preciso comparar preços de muitos supermercados.
Fique de olho! As carnes que mais variaram de preço foram o bacalhau e o salmão, que em alguns lugares chegou a custar o dobro. O lombo e o pernil também apresentaram grande variação. O lombo custou R$14,95 em um supermercado e R$22,56 em outro.
Preço médio:
R$ 15,24
Passas pretas (Kg)
Fique de olho! A passas foi encontrada a R$24,95 em um dos supermercados. Um preço bem acima do mercado.
Preço médio:
Caixa de bombons (400g)
R$ 7,55
Marca mais baratos: Nestlé (em média
R$7,41)
Data da pesquisa: Outubro/2013 Fonte: www.mercadomineiro.com.br
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Violência virtual também dói AGRESSÃO Divulgação de vídeos e fotos íntimas causa problemas graves a mulheres Rafaella Dotta De Belo Horizonte
Os casos de vídeos e fotos íntimas divulgados na internet têm tido grande repercussão no Brasil. Em 10 dias, duas adolescentes cometeram suicídio depois de verem vídeos seus divulgados na rede: uma gaúcha, de 16 anos, e Júlia, de 17 anos. Especialistas defendem que o motivo é a inversão dos papéis feita pela sociedade, em que a vítima aparece como criminosa, quando, na realidade, é vítima. Dos casos de divulgação não autorizada de imagens e vídeos relacionados a sexo, existe uma semelhança visível: as vítimas são mulheres. O especialista em crimes digitais, Wanderson Castilho, defende que isso não é semelhança, mas sim uma regra. “Esse crime é especificamente contra a mulher. Ela é chamada de vagabunda e ninguém quer saber quem é o criminoso”, afirma Castilho. Dos casos que ele já resolveu, 99% tinham esse perfil. O especialista afirma que estes crimes se dividem em dois tipos. O primeiro é considerado um crime doméstico. São casais com relacionamentos sólidos e que se separam. Para se vingar, o homem publica fotos de sua ex-companheira, com a intenção de que ela seja humilhada publicamente. O segundo tipo, na opinião de Castilho, é mais raro: são pessoas que fazem sexo casualmente e são filmadas. Em ambos os casos, o crime acontece quando a divulgação na internet é feita sem a permissão da pessoa filmada. É preciso reconhecer que o crime é cometido pela pessoa que di-
}
80% das mulheres acham ruins
}
51% das mulheres acham que isso dá
Mídia NINJA
Vítimas de divulgação de imagens sexuais na internet são mulheres
vulga a foto ou vídeo, e que a mulher não deve ser culpada. Essa é a opinião de Rose Leonel, jornalista que em 2006 teve fotos suas divulgadas por seu ex-namorado, o empresário Eduardo Gonçalves da Silva, depois de terminarem o relacionamento. Rose declara que essa exposição devasta a vida da mulher. “Isso marca a pessoa para o resto da vida e aqueles que amam a gente também ficam marcados”, aponta. Para Rose, a mulher acaba entrando em uma situação marginal, pois até a sua forma de sustento é retirada. Ela mesma perdeu o emprego, perdeu amigos e perdeu a confiança de várias pessoas. De acordo com a psicóloga Simone Francisca de Oliveira, mulheres que passam por isso podem desenvolver depressão, síndrome programas com mulheres de roupas curtas, que mostram bastante o corpo
atenção só para o corpo e desvaloriza todas as mulheres
}
74% das mulheres são favoráveis
Vinte e cinco de novembro é o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Durante todo o mês, o jornal Brasil de Fato apresenta uma série de reportagens sobre o tema.
a um maior controle da programação e da publicidade na TV
Dados da pesquisa "Corpo e representação na mídia”, realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo. A pesquisa foi realizada em agosto de 2010 e ouviu a opinião de 2.365 mulheres e 1.181 homens, com mais de 15 anos de idade, de 25 unidades da federação, cobrindo as áreas urbanas e rurais de todas as macrorregiões do país.
do pânico ou cometerem suicídio. Isso é violência? A opinião de todos os entrevistados para essa pergunta foi: sim, isso é uma violência. A psicóloga Simone Francisca de Oliveira lembrou que, inclusive, esse crime está prescrito na Lei Maria da Penha, em seu sétimo artigo. A lei fala sobre a violência psicológica contra a mulher: “Qualquer conduta que causa dano emocional e diminuição da auto-estima (...) que visa degradar seu comportamento mediante humilhação.” O processo jurídico Atualmente, não existe uma legislação específica para crimes de internet. As vítimas são orientadas a recorrer através da Lei Maria da Penha e por legislações de uso in-
devido de imagem. Porém, o especialista em crimes virtuais, Wanderson Castilho, chama a atenção para a baixa pena colocada aos condenados. No caso de Rose Leonel, o seu ex-companheiro recebeu pena de um ano e dois meses em trabalhos comunitários e pagamento de R$ 1.200 ao mês. Obrigações até agora não cumpridas e não exigidas pela Justiça. Para Castilho, isso mostra a necessidade da elaboração de leis específicas para a internet, para que o sistema judiciário tenha padrões de julgamento. Existem em tramitação no Congresso Nacional dois projetos de leis. Um colocado pelo deputado João Arruda, que está sendo chamado de “Maria da Penha Virtual”, para tratar de divulgação de vídeos e fotos registrados no âmbito doméstico. E outro, de autoria do deputado Romário, que torna crime a divulgação indevida de qualquer material íntimo. Ambas as leis são apoiadas por Wanderson Castilho, que afirma que os casos digitais são mais fáceis de resolver e dificilmente dão respostas incorretas. Para facilitar as investigações, o especialista sugere às vítimas: identificar o meio de divulgação (Facebook, Whatsapp, Blog), não apagar todas as fotos ou vídeos, registrar um Boletim de Ocorrência e contratar um profissional em crime eletrônico. “Mesmo que não existam ainda leis rígidas pra isso, é importante colocarmos essa pessoa para responder como a criminosa que é”, declara Castilho.
Machismo na mídia Imaginemos as seguintes cenas: um homem lavando roupa e sorrindo, para a propaganda do sabão em pó. Logo depois, entra um mulato sambando, com o corpo coberto de estrelinhas douradas para o concurso de “Globelezo”. Estranho, não? Para Mahara Jneesh, integrante da Marcha Mundial das Mulheres, este é um dos exercícios para identificar o papel dado às mulheres na mídia: são as donas de casa ou objetos sexuais. Para os estereótipos criados pelos meios de comunicação, a mulher é “santa” ou “não tem
valor” e isso reforça a culpa colocada nas mulheres expostas sexualmente. Apesar da divulgação dessa imagem da mulher, a pesquisadora das relações entre gênero e mídia Rayza Sarmento lembra que os meios de comunicação não podem ser os únicos culpados, pois eles reforçam problemas existentes a todo o momento. Ou seja, a discriminação à mulher não está só na mídia. “Os meios de comunicação são tão machistas quanto o resto da sociedade”, reforça.
Belo Horizonte, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2013
16 anos de impunidade para corrupção do PSDB
fatos em foco “Farinhaço” na Assembleia
DESVIO Conhecido como mensalão tucano, réus recebem tratamento diferente do Judiciário Maíra Gomes De Belo Horizonte
A prisão de José Genoino, José Dirceu e outros oito condenados pela Ação Penal 470, popularmente conhecida como “mensalão” voltou os olhos da sociedade para o assunto. Diariamente, o tema é manchete dos principais jornais e revistas de todo o país. Enquanto isso, um esquema de desvio de verba pública ainda maior corre o risco de acabar impune. O processo, conhecido como “mensalão tucano”, envolve o exgovernador de Minas e deputado federal do PSDB Eduardo Azeredo e outras 14 pessoas, inclusive o empresário Marcos Valério. Eles são acusados de crime de peculato (desvio de verba pública) e lavagem de dinheiro no ano de 1998, durante campanha eleitoral para reeleição de governador. O caso foi aberto em 2005 por Claudio Mourão, tesoureiro da campanha, durante CPI dos Correios, mas a denúncia foi aceita pela Procuradoria-Geral da República apenas em dezembro de 2009, onde está parada desde então. Para o Ministério Público federal, o desvio de 1998 foi o início da Ação Penal 470, que desvendou o esquema de desvio de verba conhecido como ‘mensalão’. Até então, não havia notícias de uso de agências de publicidade para desvio de verbas. Entenda o caso Eduardo Azeredo era governador de Minas e tentava a reeleição em 1998, tendo como vice Clésio Andrade, então membro do Partido da Frente Liberal (PFL). Juntos, eles teriam desviado ao menos R$ 3,5 milhões, junto à empresa de Marcos Valério, a SMP&B Comunicação, da qual Clésio havia sido sócio. Como foi constatado pela Polícia Federal e Ministério Público, foram realizados contratos de publicidade com a empresa pelas estatais Copasa e pela mineradora Comig, no valor de R$ 1,5 milhões cada. Outra entidade estatal envolvida foi o Banco do Estado de Minas, Bemge, que fez uma doação de R$ 500 mil para uma campanha publicitária de esportes, tocada pela SMP&B Comunicação. A denúncia é de que esses R$3,5 milhões não chegaram a ser aplicados em publicidade, mas teriam voltado para o cofre do PSDB, como caixa 2 de campanha. A SMP&B Comunicação teria repassado para a campanha de Azeredo e Clésio Andrade um total de
R$ 11 milhões, arrecadados via empréstimo como o Banco Rural, outra estatal. O empréstimo foi pago, mas com uma renegociação generosa. Dos R$ 11 milhões, apenas R$ 2 foram pagos. Impunidade Em depoimento à CPI dos Correios, Claudio Mourão declarou o financiamento dos R$ 11 milhões de Marcos Valério, e também afirmou que foram gastos R$ 20 milhões e declarados apenas R$ 8,5 milhões ao TRE. Após investigações realizadas da Polícia Federal, Banco Central e Ministério Público, o caso seguiu no Judiciário. Dos 15 acusados de envolvimento no caso, apenas Eduardo e Clésio devem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal, instância máxima. Os outros réus seguem na 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte. “A primeira questão que o Supremo decidiu foi descer todo mundo que não tinha foro privilegiado. No caso da Ação Penal 470, que ficou conhecida como mensalão, foi o
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Clésio Andrade e Eduardo Azeredo
contrário. Jogaram todo mundo na mesma bacia para dar uma arrancada no julgamento do caso”, declara o deputado Sávio Souza Cruz, do PMDB mineiro. Apesar da morosidade, o Supremo Tribunal Federal divulgou na quarta-feira (27), que o julgamento deve ser realizado em breve, mas não aponta data. Apesar de ser ano eleitoral, o que se espera é que seja realizado ainda em 2014. “A Justiça brasileira, infelizmente, está de alguma forma marcada pela grande imprensa, e esta está partidarizada. Mas esperamos que o julgamento se dê no mesmo âmbito dos outros”, declara Sávio.
R$ 11
3
Milhões
minas | 07
1
Um helicóptero da empresa do deputado estadual Gustavo Perrela (SDD) foi apreendido, no Espírito Santo, com 445 kg de pasta -base de cocaína e R$ 16 mil em dinheiro. Segundo a Polícia Federal, a droga está avaliada em R$ 10 milhões. Foram presos o piloto e o co-piloto da aeronave, Rogério Almeida Antunes e Alexandre José de Oliveira Júnio. Antunes é funcionário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e há suspeitas de que o combustível utilizado para o voo tenha sido custeado pela instituição. Para averiguar o fato, o Ministério Público do Estado abrirá investigação. Em protesto, um ato foi realizado na ALMG na quinta-feira (28). O evento intitulado “Farinhaço”, ironizou o acontecido e mobilizou centenas de pessoas.
Auditoria pública nos transportes Uma carta aberta foi entregue à Prefeitura, no dia 27, pelo Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana da Assembleia Popular Horizontal. O documento exige do município e da BHtrans que os relatórios parciais da autoria de empresas de ônibus sejam disponibilizados a toda a população. Segundo representantes da APH, a ação foi articulada a partir de respostas evasivas e recusas mal fundamentadas do executivo da capital, que salientou que os resultados seriam liberados ao público em outubro deste ano. A carta pretende garantir o cumprimento do princípio da publicidade na administração pública, previsto na Constituição Federal.
SMP&B R$ 1,5 Milhões
R$ 1,5 Milhões
Copasa
Comig
V Congresso Fora do Eixo
R$ 500 Mil
Bemge
2
1 - Eduardo Azeredo, do PSDB, era candidato a reeleição ao governo do estado, em 1998. Seu vice era Clésio Andrade, que havia sido sócio da empresa de publicidade SMP&B. 2- As empresas estatais Copasa e Comig fizeram contrato de publicidade com a SMP&B, no valor de R$ 1,5 milhões cada. O Bemge, também público, doou R$ 500 mil para uma campanha de esportes 3 - A empresa contratada, de Marcos Valério, não executou as publicidades. Pegou emprestado R$ 11 milhões, do Banco Rural, e repassou à campanha do PSDB
Brasília recebe, de 1 a 7 de dezembro, o quinto Congresso Fora do Eixo. A rede, que reúne coletivos, midialivristas, ativistas digitais, vai debater a conjuntura e temas como a criminalização dos movimentos sociais, mídias independentes, comunicação comunitária. Estão previstos mais de 1.000 participantes do Brasil e América Latina. As atividades acontecem no Congresso Federal, com a realização de audiências públicas, na Universidade da Paz e cidades satélites.
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Foto da semana
Bernadete Esperança
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Na edição 11 ... Ocupação em forma de estrela
... e agora
No dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres, 25 de novembro, militantes da Marcha Mundial das Mulheres e Levante Popular da Juventude organizaram uma batucada feminista no Parque Municipal e Feira Hippie. Elas portavam faixas como dizeres como: “o feminismo nunca matou ninguém. O machismo mata todo dia”.
Kenarik Boujikian
Clarisse Goulart Paradis
Coronelismo no Judiciário
A violência tem que ser nomear
A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental, cujos objetivos estatutários, dentre outros, são: o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito; a realização substancial, não apenas formal, dos valores, direitos e liberdades do Estado; a defesa da independência do Judiciário não só perante os demais poderes como também perante grupos de qualquer natureza, vem a público para: a) Manifestar sua preocupação com notícias que veiculam que o Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, estaria fazendo pressão para a troca de juízes de execução criminal e b) Requerer que ele dê os imprescindíveis esclarecimentos. A acusação é uma das mais sérias que podem pesar sob um magistrado que ocupa o grau máximo do Poder Judiciário e que acumula a presidência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), na medida que vulnera o Estado Democrático de Direito. Inaceitável a subtração de jurisdição depositada em um magistrado ou a realização de qualquer manobra para que um processo seja julgado por este ou aquele juiz. O povo não aceita mais o coronelismo no Judiciário. A Constituição Federal e documentos internacionais garantem a independência judicial, que não é atributo para os juízes, mas para os cidadãos. Sempre bom relembrar a primorosa lição de Eugenio Raúl Zaffaroni: “A independência do juiz é a que importa a garantia de que o magistrado não esta submetido às pressões do poderes externos à própria magistratura”. A AJD aguarda serenamente a manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal.
Faz muito tempo que denunciamos a violência sexista, isto é, a violência que sofremos por sermos mulheres. É por contribuição do movimento feminista que está difundida a ideia de que é errado e inaceitável agredir uma mulher. Na pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado” da Perseu Abramo, 91% dos homens afirmaram ser errado bater em mulher em qualquer situação. No entanto, a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil. Além da violência física, outras permanecem invisíveis ou não são amplamente reconhecidas como tal. Ouvimos muitas vezes nas músicas ou assistimos nas novelas episódios em que os homens sentem ciúmes das mulheres por vestirem uma roupa curta ou por saírem de casa em determinado horário. Muitas vezes isso é tratado como forma de amor e paixão. Essa prática legitima o controle dos homens sobre o corpo e escolhas das mulheres e a ideia de que nós pertencemos a eles. Quando estamos na rua, somos muitas vezes deslegitimadas, seja por ofensas verbais, seja pelas cantadas e gracejos, que, ao invés de serem elogios, mostram como a sociedade fornece autoridade aos homens para avaliar e categorizar as mulheres. Os transportes coletivos são outro espaço marcado pela violência. Muitas vezes nossos corpos são vistos como ‘coisas’ que podem ser tocadas ao bel prazer dos passageiros homens. Não podemos aceitar essas práticas e não achamos que criar vagões ou veículos separados para mulheres seja a solução. É preciso que o respeito à dignidade e autonomia das mulheres sejam reconhecidos por toda a sociedade. Todas as mulheres têm o direito de viver uma vida livre de qualquer tipo de violência!
Kenarik Boujikian é presidenta da Associação Juízes para a Democracia
Clarisse Goulart Paradis é militante da Marcha Mundial das Mulheres e doutoranda em Ciência Política na UFMG.
A situação do Espaço Comum Luiz Estrela continua sem desfecho. Nesta quarta-feira (27) foi realizada reunião entre representantes do Governo de Minas e os integrantes que ocupam, há cerca de um mês, o casarão da Rua Manaus, no bairro Santa Efigênia. Durante o encontro, que aconteceu no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Estado solicitou mais uma vez que o grupo deixasse o prédio. Por sua vez, os ocupantes condicionaram a saída à ocupação do imóvel ao lado do espaço, que pertence à Cemig. O governo afirmou avaliar a possibilidade, e uma nova reunião foi marcada para quarta-feira (4), na Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiental, Patrimônio Histórico e Cultural, Habitação e Urbanismo.
Na edição 10... O déficit habitacional cresce
... e agora Nesta quinta-feira (28), os moradores das ocupações urbanas Vitória, Esperança e Rosa Leão realizaram uma manifestação na Praça Sete, que terminou em frente ao prédio da Prefeitura Municipal. Os moradores pedem que a prefeitura cumpra acordos já feitos: o cancelamento dos mandados de despejo e o cadastro sócio-econômico das famílias, para incluí-las em políticas sociais. Para isso, está sendo formada uma mesa de negociações, da qual os governos estadual e federal já aceitaram participar, mas a prefeitura não. Os manifestantes pretendem acampar em frente à prefeitura até uma resposta positiva do poder municipal.
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Especialista defende ação criminal nos casos de acidentes de trabalho SAÚDE Para professor, sindicatos deveriam processar empresas por não garantirem condições Reprodução
Mariângela Castro De Belo Horizonte O Projeto Conexões de Saberes sobre o Trabalho, uma iniciativa que promove o diálogo e a construção de conhecimentos a partir das experiências de trabalhadores e acadêmicos (professores e pesquisadores), realizou, no início de novembro, na Escola Sindical Sete de Outubro, em Belo Horizonte, um debate que questionou a lógica do sistema de saúde e segurança do trabalhador. O projeto é da Faculdade de Educação da UFMG e promove discussões bimestrais sobre temas do mundo do trabalho.
“Se o trabalhador ficar doente ou morrer com nexo causal apontando que a doença e a morte têm a ver com a insalubridade, por exemplo, é preciso processar os responsáveis baseando-se no Direito Criminal e Direito Sanitário” O professor da Universidade de Brasília (UnB), doutor em Ciências da Saúde e especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira, conduziu o debate. Segundo ele, acidentes de trabalho gravíssimos e fatais devem ser tratados como crimes contra a vida. Ele defendeu a abertura de ação criminal contra os gestores das empresas que tiveram trabalhadores mortos em consequência de acidentes de trabalho, com a alegação de que eles não tomaram todas as providências necessárias para preservar a vida dos empregados. Brasil de Fato – O senhor defende mudanças no tratamento que se dá hoje para a saúde e segurança nas empresas. Defende que os sindicatos mudem de postura para efetivamente preservar a vida dos trabalhadores. Quais mudanças seriam necessárias? Paulo Rogério - Todo o sistema de saúde e segurança do trabalhador deve mudar drasticamente, começando do zero. É uma necessidade de mudança que chamo de “uma revolução sem armas e que não mata”. O caminho seria a subversão de to-
da a lógica do processo produtivo de trabalho e uma nova atitude das entidades sindicais. Uma das práticas dessa nova atitude seria os sindicatos buscarem, através do Ministério Público, a abertura de ações criminais contra os gestores das empresas, responsabilizando-os pelas doenças e acidentes de trabalho fatais e os que produzem deficientes físicos. Outro passo importantíssimo é buscar informações sobre toda a estrutura de funcionamento de poder, com suas leis e políticas, ampliando os conhecimentos além da área de saúde e segurança. E usar as informações para denunciar e criminalizar, fora do Direito do Trabalho, os acidentes e as doenças. Se o trabalhador ficar doente ou morrer com nexo causal apontando que a doença e a morte têm a ver com a insalubridade, por exemplo, é preciso processar os responsáveis baseando-se no Direito Criminal e Direito Sanitário. Se o trabalhador ficar surdo ou com a audição seriamente comprometida e se isso tiver relação com o ambiente de trabalho altamente barulhento, então será necessário buscar o Direito Ambiental. Excesso de barulho é poluição sonora. O senhor sustenta que a atual estrutura de saúde e segurança do trabalhador não funciona. Por quê? As políticas para a saúde e segurança, a legislação, o posicionamento do Judiciário e as práticas de governo na área são ineficientes e funcionam como uma “imbecilização no trabalho”. Fingem que protegem a vida, mas o modelo de saúde e segurança foi criado para proteger só o patrão. Todo o modelo admite as doenças e os acidentes, em total desconsideração com a vida do trabalhador. Cito o exemplo do pagamento da insalubridade. Esse adicional é a prova do crime, pois pa-
“Fingem que protegem a vida, mas o modelo de saúde e segurança foi criado para proteger só o patrão” ga-se o trabalhador para ele se expor aos riscos. Os patrões pagam pela doença e pela morte, eximem-se de melhorar o ambiente e o processo de trabalho. As multas do Minis-
Paulo Rogério de Oliveira, professor da UnB e doutor em Ciências da Saúde
“Oadicional de insalubridade é a prova do crime, pois paga-se o trabalhador para ele se expor aos riscos. Os patrões pagam pela doença e pela morte, eximem-se de melhorar o ambiente e o processo de trabalho”
tério do Trabalho são outra prova de um crime. Há multas ridículas, de R$ 200, por irregularidades cometidas pelas empresas que expõem os trabalhadores aos riscos. As ações trabalhistas questionando a insegurança não dão em nada. Muitos juízes concluem que são tragédias, mas não são. São crimes. Os empresários calculam riscos e até número de acidentes futuros. Então, os acidentes são previstos. E as estruturas montadas nas empresas para a saúde e segurança, CIPAs, setor de medicina do trabalhador, entre outras práticas, essas também não funcionam? Nada resolve, essas estruturas também só protegem o patrão. O trabalhador sempre é afastado das decisões, suas opiniões não são con-
sideradas, nem mesmo para contribuir na hora que eles, os patrões, decidem quais equipamentos de proteção individual os empregados vão usar. O patrão é o sujeito que manda, e o peão obedece. O peão só é sujeito quando é cobrado e pressionado, quando é apontado como o autor do erro e deve ser punido. O peão nunca é sujeito para definir metas, inclusive metas de Participação nos Lucros e Resultados, definir políticas de segurança e ações de gestão de pessoal. O patrão manda, decide, e pronto. Qual o papel do processo de produção? O processo de produção está matando, está adoecendo trabalhadores. O modelo precisa ser totalmente mudado. Não há como falar em risco sem ter um olhar subjetivo sobre os meios de produção. Hoje é o trabalhador que tem que se ajustar às máquinas, mas deveria acontecer o contrário. São as máquinas que têm que ser construídas de acordo com as necessidades do trabalhador. Riscos de doenças e acidentes de trabalho também seriam eliminados se os gestores empresariais respeitassem os trabalhadores, se não atuassem com toda a pressão por produtividade, com a imposição de metas e de lucros recordes.
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“Teleoperadores se organizam contra discriminação” MOBILIZAÇÃO Diante das más condições de trabalho e assédio moral, categoria passou a fazer greves Antônio David De São Paulo Os operadores de telemarketing formam a segunda maior categoria no país, com 1,7 milhões de trabalhadores, ficando atrás apenas do contingente de trabalhadores domésticos. Esse segmento cresceu a partir dos anos 90 e se tornou a principal porta de entrada no mercado de trabalho para os jovens. As más condições de trabalho oferecidas aos funcionários e o assédio moram marcam esse setor. Para o sociólogo e professor da Universidade de São Paulo, Ruy Braga, que estudou no livro “A Política do Precariado” (Boitempo, 2012) os teleoperadores, a categoria está reagindo. Abaixo, leia entrevista. Brasil de Fato - Ao analisar o setor, você diferencia “profissão” de “emprego de empreitada”. Qual a diferença? Ruy Braga - Na realidade, uma profissão supõe certas características
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em termos de qualificação, prestígio, estabilidade e remuneração, ausentes no telemarketing. Uma “profissão” implica a existência, em algum grau, de uma “carreira”, isto é, de possibilidades reais de progresso ocupacional. E o telemarketing? É uma atividade que bloqueia ou dificulta enormemente a progressão ocupacional, assim como se trata de um setor que paga muito mal e não exige qualificações especiais. Como as taxas de rotatividade são muito elevadas, é uma atividade realizada por meio da “empreitada”, ou seja, intermitente, terceirizada e precária. Como se dá o assédio moral? O problema do assédio moral está diretamente associado ao problema do manejo degradante da força de trabalho. Como o setor trabalha por metas, cada vez mais duras, é muito comum que coordenadores de operação ou supervisores descontro-
Jovens, não brancos, mulheres e gays são alvos preferenciais na indústria do call center
lem-se com os teleoperadores, cobrando-os aos berros. Há outras formas de pressão? Existe um assédio mais dissimulado que se esconde por trás de brincadeiras, como o nariz de palhaço, o martelinho de plásticos ou a camiseta de mico, cujos alvos preferenciais são aqueles que não alcançaram as metas. Isso sem mencionar a humilhação do tempo exíguo do intervalo e as negativas pra ir ao banheiro. Qual é o perfil desses trabalhadores? A indústria do call center há tempos tem recrutado preferencialmente jovens, não brancos, mulheres e gays. Trata-se de uma estratégia para promover um comportamento mais dócil para o ajuste do trabalhador ao regime de mobilização permanente do trabalho apoiado em altas taxas de rotatividade, na estratégia da terceirização, no controle despótico do trabalho e na pressão das metas sempre mais difíceis de serem alcançadas. Quais as consequências? Quando o grupo de trabalho é formado majoritariamente por jovens arrimos de família, por exemplo, ou por aqueles que historicamente ocupam os postos mais discriminados ou sub-remunerados, como
gays e mulheres negras, a expectativa das empresas é que esses trabalhadores comportem-se de maneira mais dócil, subordinando-se ao despotismo das gerências. Esse perfil é procurado para impor um regime de trabalho mais intenso? Trata-se de uma situação instrumentalizada. A característica menos visível, porém mais “enraizada” na subjetividade operária, é a reprodução de um poder simbólico fortemente associado ao reforço da condição de subalternidade oriunda da discriminação racial, sexual ou da orientação sexual. A capacidade de pressão dessa categoria é menor com esse perfil... No entanto, essa situação tem sido revertida desde 2008, ao menos, quando greves passaram a eclodir com muita frequência na indústria de call center protagonizadas por mulheres negras e por grupos discriminados. De certa maneira, o feitiço está virando contra o feiticeiro. Por quê? Uma experiência coletivamente compartilhada de discriminação racial ou por orientação sexual, além das lições retiradas da relação com o despotismo gerencial, empurram os teleoperadores na direção da auto -organização nos locais de trabalho e dos sindicatos que atuam no setor.
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“Os planos de saúde nunca foram sinônimo de bom atendimento” SERVIÇO Para pesquisadora, a ideia de excelência está relacionada ao atendimento por médicos particulares Guilherme Almeida De São Paulo Desde o dia 18 de novembro, 150 planos de 41 operadoras estão com comercialização suspensa pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De 19 de junho a 18 de setembro deste ano, o órgão regulador recebeu 15.158 reclamações sobre 516 operadoras de planos de saúde. As queixas demonstram que a falta de qualidade marca o setor, que possui mais de 49 milhões de usuários no país, segundo a ANS. Segundo a doutora em saúde pública e professora da UFRJ Ligia Bahia, “os planos de saúde no Brasil nunca foram sinônimo de bom atendimento. A excelência está relacionada com a possibilidade de ser assistido por médicos particulares”. Os planos de saúde representam cerca de 5% das reclamações feitas
ao Procon nesse ano. Cerca de 56% dessas queixas estão relacionadas a problemas com cobertura nos contratos de saúde. Na maioria das vezes, o que motiva a denúncia é a negativa do plano em cobrir algum tratamento. Selma do Amaral, diretora de atendimento ao consumidor do Procon São Paulo, elenca outros problemas recorrentes das operadoras. “Muitas reclamações vêm da demora ou dificuldade do consumidor em conseguir acessar o serviço, negativas de cobertura, alterações ou diminuições na rede credenciada sem aviso prévio e/ou manutenção da qualidade”, destaca. Modelo de saúde Dados da ANS ainda apontam que os problemas não são encontrados apenas em empresas menores. As grandes operadoras também
Marcello Casal Jr./ABr
Em dois meses, foram mais de 15 mil reclamações a planos de saúde
não atendem seus clientes de forma satisfatória. Exemplo disso é que em meio a outras 40 empresas, a gigante do setor Amil Assistência Médica Internacional S.A. está proibida de fazer novos contratos de mais de 50 produtos. No entanto, a forma como a agência reguladora atua com as empresas do setor também é alvo de crí-
ticas. A pesquisadora Ligia Bahia aponta que o ideal seria garantir a concorrência e impedir práticas prejudiciais ao Sistema Único de Saúde (SUS). “O que assistimos com a indicação de pessoas do mercado [empresarial] para exercerem cargos de direção na ANS é o inverso disso”, critica a doutora em saúde pública.
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Incerteza eleitoral gera conflitos em Honduras PRESIDÊNCIA Opositores denunciam fraudes nas eleições; TSE declara vitória de governista As suspeitas de fraude na eleição presidencial em Honduras, realizada no último domingo (24), geram conflitos no país. Centenas de estudantes saíram às ruas para pedir recontagem de votos e partidos da oposição denunciam fraude, enquanto candidato governista comemora vitória. Com 75,35% das mesas apuradas, o candidato governista, Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, obteve 35,26% dos votos. Já a opositora de esquerda Xiomara Castro, do Partido Libre (Liberdade e Refundação), alcançou 29,14%. Os dados foram divulgados na quarta-feira (27) pelo presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), David Matamoros. No dia da eleição, o TSE hondurenho decidiu suspender a apuração e não incorporar 20% das urnas ao total de votos das eleições, alegando problemas com atas. “Não
estão contabilizando cerca de 1.900 atas. Quer dizer, quase 400 mil votos que, em sua maioria, são de zonas onde o Libre ganhou amplamente”, explicou o candidato a vice pela chapa do Partido Libre, Enrique Reyna, ao Opera Mundi. Honduras tem um total de 5,3 milhões de eleitores. Xiomara Castro, que é mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto em golpe de Estado em junho de 2009, garantiu nesta quarta-feira (27) que apresentará provas de fraude eleitoral na próxima sextafeira (29). “Houve uma campanha suja aqui. Mantemos a posição de que o povo me elegeu. Roubaram o triunfo do povo hondurenho. O que está acontecendo é definitivo: estamos em uma ditadura”, afirmou Xiomara em entrevista a uma rádio local. (Com informações do Opera Mundi)
Senado italiano cassa mandato de Silvio Berlusconi
Honduras Tierra Libre
Eleições presidenciais ocorreram no último domingo
Os professores na TV
EUROPA Líder da direita no país foi condenado a quatro anos Wikipedia de prisão por fraude fiscal O Senado italiano aprovou na quarta-feira (27) a cassação do ex -primeiro-ministro Silvio Berlusconi do Parlamento italiano, em razão de uma recente condenação por fraude fiscal. O plenário rejeitou nove propostas apresentadas por senadores fiéis ao líder da direita no país, para não aplicar contra ele a chamada “lei Severino”, que estabelece a expulsão do Parlamento de condenados a mais de dois anos de prisão. Com a expulsão do Senado, Berlusconi perde a imunidade parlamentar para enfrentar outros julgamentos no qual é réu. O ex-premiê, que também é dono de emissoras de TV e presidente de honra do Milan, garante que não vai se afastar da vida política e continuará no comando do partido de direita Força Itália. Berlusconi foi condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal em negócios de seu conglomera-
Berlusconi está envolvido em diversas ações
do de mídia, o Mediaset. Ele também está envolvido em outras ações judiciais. Em junho, foi condenado em primeira instância a sete anos de prisão por abuso de poder e prostituição juvenil. O líder da direita ainda foi condenado a um ano de prisão em Milão por violar o sigilo telefônico de uma ligação realizada em 2005, cuja conversa foi publicada pelo jornal Il Giornale, de propriedade de seu irmão. Na mesma cidade, ele é processado por obstrução à Justiça, além de outros casos. (Com agências de notícias)
domingo - 8h25 - TV Band Minas
quarta - 11h | sexta - 20h | sábado - 16h - TV Comunitária de BH www.youtube.com/sinprominas O programa de TV do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais. Temas relacionados à educação e assuntos em debate na sociedade.
anos
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Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
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Solução
Oscar da TV premia a novela Lado a Lado No início desta semana foi entregue em Nova York o maior prêmio da televisão mundial, o Emmy Internacional 2013, o Oscar da TV. O Brasil levou dois prêmios nesta edição: Fernanda Montenegro ganhou como melhor atriz pela interpretação na comédia “Doce de Mãe”. E “Lado a Lado” foi brindada com o troféu de melhor novela. Prêmio merecido. A trama de Lado a Lado se refere ao início da década de 1920. As protagonistas, Laura e Isabel, eram mulheres batalhadoras que enfrentaram os desafios de lutarem por liberdade e independência. Laura, de família nobre, foi rejeitada pela mãe por ter se formado professora e divorciado do marido. Já Isabel contou com o desprezo do pai por se tornar uma linda dançarina de samba e viajar pelo mundo divulgando a cultura brasileira. Os preconceitos raciais, sociais e de gênero (entre homens e mulheres) foram o foco da novela de João Ximenes Braga e Cláudia Lage. Como disse meu amigo JCC uma “trama de época considerada ousada e visualmente impecável”, que contou a história do povo brasileiro. Avenida Brasil, que foi um sucesso de público em 2013, também concorreu ao prêmio de melhor novela. Como esquecer da vingança de Nina contra Carminha, uma vilã como poucas já vistas, e da família Tufão? Vivo ouvindo por aí suspiros cheios de saudade da trama que também mereceu ser indicada ao prêmio. Dá saudade mesmo, as novelas exibidas hoje não estão lá grande coisa! Eu gostei de Lado a Lado e Avenida Brasil. Deixo para você criar polêmica com seus amigos sobre qual delas foi a melhor novela de 2013. O que eu acho mesmo legal é o reconhecimento das novelas feitas aqui. É como disse meu outro amigo, o João Paulo: “o brasileiro é o povo que mais entende de novela no mundo”. Até a próxima semana!
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
AMIGA DA saúde
Olá, Amiga da Saúde! Ultimamente tenho tido infecção urinária com muita frequência. Toda vez vou ao médico e tomo antibiótico direitinho, mas isso está repetindo todo mês. O que devo fazer? Karine Dias, 25 anos, pedagoga Querida Karine, muitas coisas podem estar acontecendo! Você precisa retornar ao médico para que ele possa investigar melhor isso. Alguns hábitos podem contribuir para prevenir a infecção urinária, como, por exemplo: evitar uso de sabonetes íntimos, que podem irritar a uretra; tomar muito líquido e esvaziar a bexiga com maior frequência; fazer higiene genital antes das relações sexuais e urinar após o coito para limpar a uretra. Algumas pessoas, mesmo com esses cuida-
Por Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br
dos, persistem com infecções recorrentes. Nesses casos é necessário fazer uma maior investigação de possíveis doenças no aparelho urinário.
Recentemente vi no facebook uma oficina sobre masturbação feminina. O que seria isso? Existe uma técnica pra isso? Jaqueline Onasis, 32 anos, professora A masturbação nada mais é que a manipulação dos órgãos genitais para se excitar e atingir um orgasmo. Existe muito tabu em torno desse tema porque nossa sociedade machista ainda vê o prazer e o sexo como pecado, principalmente quando se trata das mulheres. A masturbação é muito importante para o autoconhecimento, além de melhorar a autoestima e o bem estar da pessoa. Saber o que lhe dá prazer ajuda a direcionar melhor o(a) parceiro(a) durante
o ato sexual. Existem técnicas para facilitar o prazer. No caso de nós, mulheres, a maioria das técnicas passa pela estimulação do clitóris, que é dotado de grande sensibilidade, contribuindo decisivamente para atingirmos o orgasmo.
Minha filha é muito jovem e foi diagnosticada com depressão. Estou muito preocupada, pois não quero dar os remédios fortes que o médico passou pra ela. O que posso fazer pra ajudar minha filha? Geralda Mota, 45 anos, faxineira Cara Geralda, a depressão é uma doença grave, que precisa ser tratada. O tratamento não é somente à base de remédios, mas às vezes eles precisam ser usados. Converse com o médico, peça para que ele lhe explique o motivo da prescrição. Você e sua filha têm direito de ser bem esclarecidas sobre os remédios e de escolherem se querem ou não usá-los. É importante que ela faça terapia psicológica, isso pode ajudar a identificar o que está causando a depressão e buscar superação. Veja também se é possível
que ela faça alguma atividade que possa lhe distrair e relaxar, como, por exemplo, dança, música, teatro ou exercícios físicos. O SUS em Belo Horizonte já oferece muitas atividades dessas nos centros de saúde, como arte terapia, grupos de caminhada, grupos de convivência, academia da cidade, etc.
14 | cultura
Belo Horizonte, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2013
Hip Hop conquista audiência no rádio LINHA DE FRENTE Rap conquista jovens de Lavras e motiva a cena cultural Rafaella Dotta De Belo Horizonte
Na cidade de Lavras, Sul de Minas, despontou como boa novidade para o Hip Hop o programa “Linha de Frente”, que é transmitido na faixa 104,9 FM e no site da rádio Dimensão FM. Construído por Zuza Rapper e por Patrícia Rosa, o programa toca rap nacional e tem seus maiores públicos na periferia e no presídio da cidade. Projetado inicialmente como “baixa audiência”, o programa começa à meia noite e vai ao ar em dois dias: na madrugada de sexta para sábado e de sábado para do-
Arquivo pesoal
mingo. Zuza, que coordena o programa, diz que o “Linha de Frente” já teve oportunidade de mudar de horário, contanto que algumas músicas fossem cortadas do repertório. “A gente não quis, porque censura a gente não aceita”, afirma. Conquistando principalmente o público da periferia, a audiência tem sido grande. O programa recebe mais pedidos de músicas do que pode tocar. Na semana passada, foram 92 pedidos vindos, na maioria, de ouvintes que estão presos. Perguntado sobre o motivo do sucesso, Zuza afirma que o rap fala dos problemas dos oprimidos e da periferia, e por isso as pessoas que vivem essa realidade se identificam com as músicas. Cursinho de graça Além do programa, existem outros projetos que trabalham com os jovens de Lavras. Aline Veiga, do movimento Levante Popular da Juventude, diz que o objetivo é atuar em setores essenciais para os jovens. Como exemplo, o movimento promove o Cursinho Popular, que organiza aulas gratuitas para jovens que querem prestar a prova do ENEM. Neste projeto, participaram mais de 100 jovens em 2013. Para 2014, o Levante pretende
ouça o programa
www.dimensaofm.com.br 104,9 FM (Lavras e região)
curta a página facebook.com/programalinhadefrente 4ª edição do Vozes de Mestres: Encontro Internacional de Culturas Populares
Tudo começou em 2004, no cruzamento da Goitacazes com São Paulo
continuar com o Cursinho Popular e promover a “Festa no Gueto” O evento será um momento de intervenção da cultura Hip Hop. Para os coordenadores do programa, 2014 pode ser um ano de abrir portas. Os ouvintes sugeriram a criação de um projeto de estímulo ao Hip Hop
dentro do presídio, onde várias pessoas já produzem seus raps. Outras penitenciárias do Brasil já adotaram projetos culturais, como o “Como vai seu mundo?” realizado em Guarulhos pelo rapper Dexter. Para Zuza, a ideia tem forte chance de dar certo.
Religião afro-indígena é tema de encontro internacional Da Redação De 2 a 8 de dezembro, acontece na Funarte-MG a 4ª edição do “Vozes de Mestres: Encontro Internacional de Culturas Populares”. Idealizado pela produtora cultural Geovana Dias Jardim, o projeto prevê uma série de encontros continuados, focados na valorização e difusão da cultura por meio do intercâmbio entre artistas, público, representantes e estudiosos das várias manifestações culturais do Brasil e do mundo. Em 2013, como tema central, serão abordadas as religiões afro-indígenas brasileiras, sua história, desafios e importância cultural para a sociedade. A cada edição do evento, um artista é homenageado. Este ano o escolhido é o violeiro, cantor e com-
positor uberabense Décio Marques, que faleceu em 2012. O músico foi um importante pesquisador das raízes musicais brasileiras e iberoamericanas e lançou, ao longo de sua carreira, 14 álbuns. A programação conta com shows, oficinas, mesas redondas, espetáculos de circo e teatro, seminário, feira de artesanato e alimentação, exibições de filmes e intervenções artísticas. Entre os convidados estarão o grupo indiano Mustafa Ali Jat e a banda belo-horizontina Urucum na Cara, que dividirá o palco com a compositora Inês Granja, da Colômbia. Haverá também a presença de índios de diferentes etnias do Alto Xingu, e do pagé Arifira Matibu. Confira a programação completa do encontro deste ano no site vozesdemestres.com.
Belo Horizonte, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2013
AGENDA DO FIM DE SEMANA
é tudo de graça!
MÚSICA
DEBATE O projeto Café Controverso apresenta o debate “O Trabalho dos Catadores e Seus Desafios”. Convidados: Daniela Muradas Reis e Fernando Godoy. Sábado (30), às 11h, no Café do Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade).
Festa do Dia Nacional do Samba, com a presença de Aline Calixto e Bateria da Portela. Após shows haverá exibição do filme “Noel - O Poeta da Vila”. Domingo (1), às 15h, na Rua Antônio de Albuquerque (Savassi). TEATRO
LITERATURA
Grupo Aldeia de Teatro de Bonecos apresenta a peça “Yepá, Avó do Mundo”, onde uma sábia anciã conta a lenda indígena sobre a origem da noite, através da magia dos bonecos. Sexta (29), às 20h, na Casa do Beco (Avenida Artur Bernardes, 3876, Vila Barragem Santa Lúcia).
Segunda a quinta-feira TEATRO
INFANTIL
Realizada pelo projeto SeuMeuNosso, a Feira de Troca de Livros ocorre sempre no primeiro domingo de cada mês. Domingo (1), das 10h às 12h, na Praça República do Líbano (Bairro São Bento).
Mais uma edição do projeto Brincando Na Vila, que integra ações de esporte, lazer e cultura para o desenvolvimento de crianças de vilas e aglomerados de Belo Horizonte. Sábado (30), das 11h às 15h, no Centro Cultural Urucuia (Rua W3, 500, Urucuia).
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Peça “Antepenúltima Estação” desenvolve o tema da busca por uma cidade mais acolhedora, tendo como metáfora um casarão na Praça da Liberdade. De 5 a 15 de dezembro, às 20h, no Prédio Verde do Circuito Cultural da Praça da Liberdade (esquina com Rua Gonçalves Dias).
MÚSICA
LITERATURA
A banda mineira Zimun toca pelo projeto Circuito Aberto. Quinta (5), às 21h, no Circuito Cultural Praça da Liberdade.
Lançamento do livro “Meu Tio Mendigo”, do escritor Sérgio Bandeira de Mello. Segunda (2), às 19h30, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).
MÚSICA Cantata de Natal é um espetáculo natalino composto por 300 vozes de 17 instituições públicas e corais interpretando canções do repertório natalino universal. Quarta (4), às 18h30, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho). CINEMA
A 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul reúne 38 filmes sul-americanos, que abordam de diferentes formas os direitos humanos no cinema. De 3 a 8 de dezembro, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro).
esporte |
na geral Racismo no futebol Europeu “As ofensas racistas aos jogadores não vão acabar nunca”. A frase é do zagueiro Paulão, depois da partida do domingo (24), entre Betis e Sevilla, válida pela 14º rodada do campeonato espanhol. As ofensas aconteceram após o volante receber cartão vermelho. Torcedores xingaram o jogador e imitaram gestos de macaco. Humilhado, o brasileiro deixou o campo chorando. Esse é o segundo caso de racismo nesta temporada na Europa. No dia 23 de outubro, o jogador Yaya Touré, do Manchester City foi hostilizado por torcedores russos no jogo contra CSKA Moscou.
FIFA acusada de racismo Esta semana criou-se uma polêmica em torno da indicação dos apresentadores do sorteio da Copa do Mundo, que será realizado no próximo dia 06 na Costa do Sauípe. Surgiu a informação que a FIFA teria vetado os nomes de Camila Pi-
tanga e Lázaro Ramos, dois atores negros, por não serem “palatáveis” ao público europeu. Em seus lugares foi escalada a dupla de atores Rodrigo Hilbert e Fernanda Lima, ambos igualmente globais, mas brancos. A versão foi desmentida pela FIFA, em nota oficial, e também pela própria Camila Pitanga, que afirma que nem ela nem sua agência chegaram a receber convite para apresentar o evento.
Tragédia na Arena Corinthians mata dois trabalhadores Na última quarta-feira (27), por volta das 12h45, um guindaste caiu nas obras do Itaquerão, estádio do Corinthians que abrigará partidas da Copa do Mundo do ano que vem, derrubando uma peça de 500 toneladas que seria parte da cobertura do estádio, matando dois operários e deixando outro ferido. Parte das arquibancadas também foram destruídas. Não se sabe se o desastre atrasará a entrega do estádio, prevista para janeiro.
Mais pressão do Bom Senso F C
Depois de belíssimas demonstrações de união e força nas últimas duas rodadas do Brasileirão, quando todos os jogadores de todos os times cruzaram os braços primeiro, e depois sentaram no chão antes do início das partidas da competição, o Bom Senso publicou nota exigindo mudanças na legislação fiscal e trabalhista dos clubes. A intenção é que as mudanças acabem com os tradicionais atrasos de pagamentos no futebol brasileiro e garantam direitos principalmente aos atletas mal remunerados, que são a imensa maioria da categoria. Irrita nesta história toda a falta de respostas da CBF. A expectativa é que as manifestações se intensifiquem nas duas últimas rodadas do Brasileirão, chegando inclusive a atrasos no início dos jogos, o que geraria prejuízos para a Rede de Globo, grande financiadora e “manda-chuva” do futebol. Ou seja, o recado está sendo muito bem dado.
Flamengo tricampeão da Copa do Brasil. Ponte Preta vai à final O Flamengo conquistou nesta quarta-feira (27) sua terceira Copa
do Brasil, ao derrotar o Atlético Paranaense por 2x0 no Maracanã, depois de um empate por 1x1 no jogo anterior. Um surpreendente resultado para um time que começou o ano desacreditado, com campanhas ruins tanto no Campeonato Carioca como no Brasileiro, e que teve dois técnicos demitidos (Dorival Júnior e Mano Menezes). Méritos para Jayme de Almeida, que conseguiu unir o elenco e apostou nas categorias de base do clube. A conquista deu ao Flamengo vaga na Taça Libertadores da América do próximo ano. Quem está próxima de conquistar sua vaga nesta competição é a Ponte Preta, que passou pelo São Paulo, também nesta quarta-feira, pelas semifinais da Copa Sulamericana, e agora vai enfrentar provavelmente o Lanús, da Argentina, na final da competição (até o fechamento desta edição não tínhamos o resultado do jogo de volta entre Lanús e Libertadad, do Paraguai, mas no jogo de ida os argentinos haviam vencido, fora de casa, por 2x1). Se conquistar a competição, a Ponte, apesar de já rebaixada para a Segunda Divisão, será a única representante paulista na Libertadores do ano que vem.
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Belo Horizonte, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2013
OPINIÃO Cruzeiro
Culpado até provar o contrário Whashigton Alves
Polêmica no resultado contra Vasco
Wallace Oliveira
A presunção de que o Cruzeiro vendeu o jogo do sábado (23) para o Vasco não se esgotou. Depois que Júlio Baptista foi “flagrado” dizendo ao zagueiro vascaíno Cris que fizesse outro gol, nem os límpidos esclarecimentos dos dois jogadores dissiparam as acusações de que ali haveria um esquema de adulteração da partida. Tampouco suas irretocáveis biografias impediram a multiplicação dos comentários maldosos, que fazem do outro culpado até que se prove o contrário. Inútil polêmica, que repercute entre os que não entendem as circunstâncias nas quais uma ótima equipe, como o Cruzeiro, pode perder para um adversário tecnicamente inferior, como o Vasco. Para eles, bons times sempre jogariam bem e o futebol seria mais previsível do que as lutas do UFC. Desrespeitosa polêmica, que
igualmente floresce entre os que não suportam o reconhecimento da vitória alheia. De modo parecido, alguns atleticanos ainda enchem a boca para alegarem que a derrota por 6 a 1 para o Cruzeiro, em 2011, foi vendida pelo Atlético, como se esse tipo de transação fosse menos vergonhosa do que perder na bola. Polêmica que não teria surgido sem o empenho de alguns veículos da grande mídia. Estes, após semearem a suspeita da venda do jogo, com base num recorte descontextualizado do diálogo entre os atletas, deram um espaço muito menor às respostas de Baptista. Também não fizeram uma reparação formal, admitindo que deviam ter mostrado as referidas imagens por completo, a fim de evitarem grandes equívocos. A postura dessa mídia expressa seu apreço pela audiência a qualquer preço, a despeito dos prejuízos que isso cause à imagem pública das pessoas.
A Enciclopédia do Futebol nos deixou Nilton Santos morreu nesta quarta-feira (27), por insuficiência pulmonar, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. O lateral-esquerdo, apelidado pelo jornalista Armando Nogueira de “a Enciclopédia do Futebol”, foi, segundo a FIFA, o maior de sua posição na história do futebol mundial. Em sua carreira, foi bicampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962, participando também das Copas de 1950 e 1954. Foi tetracampeão carioca e bicampeão do Torneio Rio-São Paulo pelo Botafogo, único clube que defendeu em toda sua carreira, defendendo suas cores em 723 partidas. Em sua época, foi um jogador inovador, sendo o primeiro lateral a subir ao ataque, numa época em que os jogadores desta posição atuavam quase como zagueiros pelos lados do campo.
OPINIÃO Atlético
Quando a esmola é muita, o santo desconfia Bruno Cantini
Ronaldinho Gaúcho está quase pronto
Rogério Hilário Sinceramente, fico lisonjeado com o apoio que o Ronaldinho Fenômeno promete dar ao Atlético na disputa do Mundial. Embora o considere dispensável, pois é difícil esquecer o sofrimento que ele proporcionou à Massa atleticana quando jogava pelo Cruzeiro. Lembro-me bem que o Galo contratou vários jogadores consagrados, entre eles Neto, Renato Gaúcho, Gaúcho, Luis Carlos Winck, montou um supertime, mas Ronaldinho humilhou Kanapkis, um zagueiro uruguaio de cintura dura, e marcou três gols. E deu no que deu. Apesar de ser uma “máquina”, quem conquistou o título de 1994 foi o Cruzeiro. E o Fenômeno tinha apenas 17 anos e, no mesmo ano, fez parte
da Seleção Brasileira campeã mundial nos Estados Unidos. Contudo, a vitória de 4 a 1 sobre o Goiás, no último sábado, deu um alento aos alvinegros. Diego Tardelli fez três gols e trouxe novo ânimo à Massa. Além disso, Ronaldinho Gaúcho está quase pronto para voltar. Queria até mesmo enfrentar o Fluminense. Está com fome de bola. Portanto, como as perspectivas estão cada vez melhores, não é preciso torcida do Fenômeno. Os atleticanos já dão conta do recado. E cá pra nós: o Ronaldinho está que nem político, fazendo média com todo mundo. Virou um “embaixador do futebol”, garoto-propaganda da Copa do Mundo. É meus caros: quando a esmola é muita, o santo desconfia.