PERNAMBUCO | 9
ENTREVISTA | 11 UNE Volante Festival cultural e político
Pernambuco
Recife, Recife, 20 a 26 de abril de 2018
ano 2
Laura Pujol
“A solidariedade internacional é um dos pilares de nossa identidade como nação e como povo”
edição 56
distribuição gratuita
Lula resiste e segue à frente nas pesquisas
OPINIÃO | 5 Rosa Sampaio Rede Globo: 53 anos forjando narrativas
CIDADES | 10 Aniversário Brasil de Fato nas ruas é diálogo com o povo
PH Reinaux
PH_REINAUX_
VARIEDADES | 14 Agenda Semana da Classe Trabalhadora
Brasil de Fato PE
Recife, 20 a 26 de abril de 2018
2 | OPINIÃO
EDITORIAL
Organização popular em defesa da Democracia MOBILIZAÇÃO. Congresso do Povo é uma iniciativa fundamental para discussão da realidade e reflexão coletiva de que caminhos seguir o último dia 17 de N abril, chegamos ao 2º aniversário do im-
peachment da presidenta Dilma Rousseff. Na realidade, como todo o planeta já percebeu, a saída da presidenta nada mais foi do que um golpe. Mas enganou-se quem achou naquele momento que tal golpe visava apenas alvejar a Dilma ou até mesmo o Partido dos Trabalhadores (PT), que ocupava a presidência desde 2003. Tal fissura na jovem democracia brasileira visava atingir, na realidade, o povo brasileiro e tudo que conquistamos com tanta luta nos últimos anos. Dentro deste contexto, vale ressaltar que a derrubada da presidenta Dilma foi apenas o primeiro passo aparente de um grande processo. E têm sido muitas as pancadas ao longo deste período. No cenário internacional, por exemplo, deixamos de ocupar um lugar de destaque, al-
É preciso que fortaleçamos nossas organizações, como movimentos, sindicatos e associações de bairro cançado desde o Governo de Lula, e passamos a ser motivo de piada. E no cenário nacional são incontáveis os prejuízos impostos ao povo brasileiro. Sem muita dificuldade, é possível encontrar retrocessos em áreas como saúde, educação, emprego, habitação, renda, entre tantos outros. O grande problema é que a elite deste país percebeu que se dependesse de voto, não voltaria a ocupar a presidência do Brasil nem tão cedo.
Afinal, possuem um programa político que o povo aprendeu a rejeitar. Quem quer mais desemprego? Quem quer fechamento de serviços de saúde ou de escolas? Certamente não somos nós. Então, encontraram o caminho do golpe para pôr em prática os seus planos. Por último, inventaram até uma Intervenção Militar no Rio de Janeiro que não dá resposta para nada. Porém, apesar deste difícil cenário, com algumas derrotas que nos foram impostas, o lado de lá não pode tudo. Isso fica claro quando não conseguem aprovar a Reforma da Previdência, que vinha para acabar com a aposentadoria do povo brasileiro. Outro exemplo vem com esta prisão arbitrária e política do presidente Lula. Quanto mais o lado de lá ataca com mentiras e calúnias, mais o povo brasileiro quer votar em Lula. É o que mostram as pes-
Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
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Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) e Cataria de Angola DRT/PE 4477 | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Rani de Mendonça, Vanessa Gonzaga Vinícius Sobreira. Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Bianca Almeida Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 20 mil Exemplares
quisas eleitorais mesmo após a prisão. Um destas pesquisas, inclusive, mostrou um resultado que chama a atenção: 73% da população brasileira sabe que os poderosos estão querendo tirar o Lula das eleições. Ao que parece, o tiro deles saiu pela culatra. Esperavam tristeza de nosso lado, mas estão vendo ânimo e disposição para seguir na luta contra o golpe e, agora, em defesa de Lula livre. Esperavam desmobilização e estão vendo o povo se organizando em defesa da Democracia. Se o lado de lá tem suas armas, nós temos a nossa. E ela é a organização popular. Mais do que nunca é preciso que fortaleçamos nossas organizações, como movimentos, sindicatos e associações de bairro. Mas, dada a força do
lado de lá, precisamos estar juntos. E é nesse
Nós mostraremos que a partida está apenas começando e que estamos caminho que temos a iniciativa do Congresso do Povo. É fundamental unir o povo para discutir a realidade que nos atinge e, principalmente, discutir o que podemos fazer para mudar esta realidade. O lado de lá acredita que já nos derrotou. Mas nós mostraremos que a partida está apenas começando e que estamos em campo para ganhar.
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FRASE DA SEMANA
mandou
BEM
Reprodiução
Estou tranquilo, mas indignado como todo inocente injustiçado”, Luiz Inácio Lula da Silva, na primeira carta após sua prisão no último dia 04, em Curitiba (PR)
GERAL l 3
Solidaridade em Bodocó s chuvas das últimas semaA nas trouxeram prejuízo na cidade de Bodocó, no Sertão do
Luiz Inácio Lula da da Silva no Ato pela Democracia no Rio de Janeiro
São Francisco. A cidade tem quase mil desabrigados por causa das enchentes. Diversas pastorais, associações e entidades tem feito uma campanha de arrecadação de alimentos e roupas na região, como nas cidades de Petrolina, Ipubi, Araripina e Santa Filomena. Em Bodocó é possível entre-
mandou Perguntamos aos nossos leitores e eles responderam através de nossa página no Facebook.
MAL Reprodução
O que você está achando da gestão de Michel Temer no Governo Federal?
Escola sem Partido
O
F
país está voltando ao mapa da fome. Pais de família sem poder alimentar seus filhos. O Brasil sendo achincalhado internacionalmente pela situação. E a cada momento um direito conquistado é arrancado. O povo está desesperançado.
oi colocado estrategicamente pelo PMDB para tentar convencer a presidenta deposta, a adotar políticas neoliberais, mas como não deu muito certo, resolveram dar um golpe.
Auderian Menezes
Ed Nascimento
oi colocada na pauta da CâF mara de Vereadores de Petrolina na última terça-feira (17),
a proposta de PL 067/2018, do vereador Osinaldo Souza, que trata da criação do Programa Escola Sem Partido. O projeto, nomeado por profissionais da educação de todo o Brasil como “Lei da Mordaça”, proíbe discussões sociais e é considerado mais autoritário que o currículo escolar durante a ditadura militar. O projeto será votado no próximo dia 24.
4 ||Mundo GERAL
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Ato ecumênico “Marielle Vive, Lula Livre”
MLNM cobra entrega de moradias
F
amílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) realizaram, na última terça-feira (17), um protesto na Avenida Costa Azevedo, no Recife, loqueando a via contra o descaso do Governo do Estado em relação às políticas de habitação. Segundo a Secretaria de Habitação, essas famílias já foram sorteadas e tem o direito às moradias, mas a entrega das residências ainda não foi feita. Além disso, o movimento se manifestou em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, que em 2009 anunciou o programa “Minha Casa, minha vida”, com a meta de entregar 2 milhões de habitações em todo país. O fim das políticas de acesso à moradia tem sido defendida pelo governo Temer, que em 2017 destinou apenas 9% do orçamento previsto ainda no governo Dilma para a construção das casas populares. Em 2018 os recursos foram zerados e a construção de conjuntos habitacionais está paralisada.
ESPAÇO SINDICAL
A
Prática antissindical na categoria química
atual conjuntura apresenta um forte ataque à organização sindical, que é a única ferramenta que os trabalhadores comuns têm para equiparar suas forças às do patrão. Práticas antissindicais estão sendo observadas com mais intensidade. Na categoria química, por exemplo, estão ocorrendo demissões de trabalhadores com estabilidade e ligados à luta sindical. Como o caso de um trabalhador em vias de se aposentar, o que não só é cruel, mas também ilegal, uma vez que o mesmo estava amparado pela Convenção Coletiva. O Sindicato da categoria química está atento e manterá mobilização permanente contra esses ataques.
Caminhos e resistências: todo poder ao Congresso do Povo!
J
unto com dezenas de outras organizações, os sindicatos, reunidos na Frente Brasil Popular, têm apontado para a necessidade de se repensar um programa político para a esquerda, que reúna, além do mais, uma ampla retomada da organização popular, para estar junto com o povo e para o povo. É neste sentido que surge a proposta do Congresso do Povo Brasileiro, que tem o objetivo de lotar o Maracanã para gritar em alto e bom som: um país mais justo é necessário e possível! Foi dado o primeiro passo no dia 07 de abril, onde se reuniram em Caruaru (PE) quase 450 pessoas em preparação para o Congresso, comprometidas em explicar e mobilizar a população pernambucana para essa luta. Procure seu sindicato, converse com seus colegas e vamos juntas e juntos lutar por nosso país!
Aconteceu no último sábado (14) o ato ecumêA nico “Marielle Vive, Lula Livre” no bairro João de Deus, em Petrolina. Organizado pela Frente Brasil
Popular, o ato contou com a representação dos movimentos sociais e das religiões católica, evangélica e religiões de matriz africana. “Nós, povo de terreiro queremos sim a liberdade para Lula e justiça para a morte de Marielle porque eles representavam os povos de terreiros. Nós, mulheres negras, lésbicas, pedindo mais igualdade e respeito,” afirma Mãe Teresa, representante das religiões de matriz africana de Petrolina. A atividade marcou um mês da execução da vereadora Marielle Franco e a luta pela liberdade do ex-presidente Lula, preso há uma semana.
Direitos de Fato Comissões de base por empresa: uma oportunidade aos sindicatos? a coluna desta semana, vamos abordar um tema que surge na N Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no bojo das alterações da Reforma Trabalhista: a criação de uma comissão de repre-
sentantes de empregados nas empresas. Segundo o Artigo 510-A, incluído na CLT, nas empresas com mais de 200 empregados passa a ser possível a eleição de uma comissão independente de empregados (de composição de três a sete representantes, não necessariamente filiados ao sindicato profissional), com mandato de um ano. E seriam atribuições dessa comissão: representação perante a administração da empresa, encaminhando reivindicações específicas; participação nas mesas de negociações de acordos coletivos de trabalho; acompanhamento do cumprimento da legislação trabalhista, previdenciária e normas coletivas, dentre outros. Os empregados eleitos para essa comissão gozarão da estabilidade no emprego, semelhante aos dirigentes sindicais. Entendemos que tal comissão criada pela Reforma Trabalhista, caso não seja ocupada pelos sindicatos, poderá ser tomada por empregados alinhados aos empregadores, atuando, em verdade, a favor e em defesa das empresas. Ou seja, temos aí uma oportunidade para os sindicatos aprofundarem o seu trabalho de base, constituindo representações e organizações obreiras por local de trabalho.
* André Barreto é advogada em Recife e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
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Artigo
Artigo
Governo Temer e o desmonte do Sistema Único de Saúde
Aristóteles Cardona*
á pouco menos de um H ano, escrevi aqui no Brasil de Fato sobre o processo de fechamento da rede própria do Programa Farmácia Popular. Na ocasião, denunciava o golpe no programa que levaria ao fechamento de mais de 400 farmácias instaladas estrategicamente em locais de maior necessidade no país. Menos de um ano depois, o assunto volta à tona. Não satisfeitos com estes fechamentos, o governo de Temer agora põe em risco o convênio que sustenta o Programa Aqui Tem Farmácia Popular, que beneficia milhões de pessoas, fornecendo medicamentos através de parceria com farmácias da rede privada.
Muito já conquistamos e precisamos lutar por estas conquistas Apesar de apresentar um leque de medicamentos bem inferior ao que estava presente na rede própria, o convênio em questão possui um amplo alcance, estando presente em mais 30 mil farmácias espalhadas em todo o Brasil. Através dele, a população consegue ter acesso a tratamentos importantes,
OPINIÃO I 5
como medicamentos para hipertensão arterial sistêmica, asma e a diabetes. Não é à toa que Temer e seus apoiadores possuem tanta rejeição na população. Ações como estas escancaram, dia-a-dia, a falta de compromisso com a nossa realidade. E enquanto fazem isso, a população brasileira continuará pagando pelo golpe. Para isso, basta saber que a família brasileira já gasta, em média, metade do seu orçamento com saúde na compra de remédios. E, ao que parece agora, é uma situação que deve piorar. Vale ressaltar que o contínuo desmonte do Programa Farmácia Popular está dentro de um grande projeto. Infelizmente, um projeto de enforcamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Acontece hoje uma grande articulação entre empresários da saúde e o governo para que o SUS funcione de acordo com os interesses do setor privado e não de acordo com a necessidade do país e de nosso povo. Por conta do espaço, voltarei a tratar deste tema brevemente em futuras colunas. Sabemos que nosso sistema de saúde tem muito o que melhorar. Mas muito já conquistamos e precisamos lutar por estas conquistas. Como costumo escrever aqui, precisamos cada vez mais de um SUS do tamanho do povo brasileiro. Do tamanho da nossa necessidade. Se de um lado estão governo e empresários querendo enfraquece-lo, sejamos nós a lutar por ele. Resistir no que já conquistamos e seguir brigando por um SUS cada vez maior, do tamanho do povo brasileiro. * é Médico de Família no Sertão pernambucano, professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.
Rede Globo: 53 anos forjando narrativas Sidney Mamede* Rosa Sampaio*
a véspera do julgamento N do habeas corpus do ex-presidente Lula, no Supremo
Tribunal Federal (STF), o editor e apresentador do Jornal Nacional da TV Globo, William Bonner, encerrou a edição lendo dois tuítes do general Villas Bôas, comandante do Exército Brasileiro, em que repudia a “impunidade” e sinaliza uma intervenção militar, como ameaça aos ministros do STF. Destacando estas mensagens no seu principal telejornal, de maior audiência, a Globo, a mesma criada com o apoio da ditadura militar de 1964, agora usa as Forças Armadas para ameaçar novamente a democracia. Na mesma edição do JN, foram dedicados 20 minutos a uma reportagem sobre o julgamento do pedido de habeas corpus de Lula. A reportagem traz apenas a posição dos ministros favoráveis. Os laços entre a Rede Globo – e também do seu fundador, o jornalista Roberto Marinho, e a ditadura civil militar estão diretamente ligados com os benefícios rendidos ao grupo e a família Marinho. O apoio ao regime e a censura aos movimentos pró democracia nos noticiários do grupo eram explícitos. Em 1984, a Globo foi omissa na cobertura das Diretas Já. Nas Eleições de 1989, primeira pós redemocratização, editou o último debate entre os candidatos Lula e Fernando Collor de Melo, favorecendo o último. No dos anos de 1990, as Organizações Globo tiveram pro-
blemas financeiros que foram “aliviados” pelo Estado, mesmo sendo uma empresa privada, com concessões públicas de Rádio e TV. Na época, a Globo utilizou-se de influência no Congresso para mudar um artigo da Constituição Federal, permitindo a participação de 30% de capital estrangeiro nas empresas de mídia brasileiras. Em 2002, o Governo Federal ofereceu ajuda de R$ 280 milhões à Globo, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Desde 2013, a Globo mobilizou o público em torno do discurso único da “crise” no Brasil O impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff resultou de um golpe fomentado pela elite oligárquica e conservadora, onde a mídia corporativa desempenhou papel determinante ao manipular a opinião pública. Seus veículos de comunicação, como O Globo e o Jornal Nacional, demonizaram e deslegitimaram, sistematicamente, a então presidenta Dilma, o ex-presidente Lula e o PT. Ainda que de forma não declarada, a Globo atuou diretamente na construção da narrativa que culminou no golpe de 2016. *Rosa Sampaio é jornalista do Centro de Cultura Luiz Freire e integrante do Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom).
6 | BRASIL
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Assassinatos no campo subiram 105% desde 2003, aponta CPT
LUTO. Mais um ativista foi assassinado enquanto a Comissão Pastoral da Terra se preparava para divulgar o relatório Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Vinícius Mansur
Brasil de Fato Rio de Janeiro (RJ)
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nquanto a ComisE são Pastoral da Terra (CPT) se preparava para
divulgar os números de assassinatos por conflitos no campo no Brasil em 2017, no início desta semana, mais um corpo foi
Há uma combinação de interesses políticos e econômicos, contra o país encontrado. No último domingo (15), o líder quilombola Nazildo dos Santos Brito, 33 anos, foi encontrado morto com tiros na cabeça e na costela, na Comunidade de Remanescentes de Quilombo Turê III, na divisa dos municípios de Tomé-Açu e Acará, no nordeste do Pará. A polícia investiga o caso e suspeita que o crime tenha motivação política. Nazildo era ameaçado de morte por denunciar crimes ambientais.
Aumentam as mortes Os dados da CPT, divulgados na segunda-feira (16), demonstram que essa realidade só se agrava desde 2013, quando foram registrados 34 assassinatos. Em 2017, esses nú-
40% do total daquele ano. Eles aconteceram em Colniza (MT), Vilhena (RO), Pau D`Arco (PA) e Lençóis (BA). Siqueira afirma que a CPT não registrava um número tão grande de assassinatos em escala desde 1987, quando foram registrados seis massacres.
Licença para matar
A impunidade é um dos fatores que fortalece a continuidade de crimes a lideranças rurais.
meros cresceram 105%, chegando a 70 execuções. Em comparação com 2016, houve crescimento de 16%. Os dados ainda podem ser ainda piores, já que as mortes de 10 indígenas isolados do Vale do Javari (AM), em julho e agosto de 2017, ainda não foram confirmadas como assassinatos pelo Ministério Público Federal do Amazonas e Fundação Nacional do Índio (Funai). O coordenador nacional da CPT, Ruben Siqueira, destaca que a violência no campo brasileiro é uma constante, conforme demonstram os levantamentos que a entidade faz desde 1985.
Ofensiva empresarial Siqueira avalia que a curva ascendente de assassinatos a partir de 2013 está relacionada com a ofensiva empresarial por terras no Brasil. “A gente está interpretando como uma nova corrida à terra. A terra como meio de produção, como reserva de va-
lor, como madeira, água, minério, possibilidades de agronegócio, de expansão do negócio em torno da terra. Isso tem a ver com a crise econômica, cuja origem em 2008 foi o estouro da bolha especulativa. De lá pra cá, eles, o setor hegemônico do capitalismo hoje, que é o capital financeiro, procura um lastro, uma base que dê um mínimo de garantia para essa banca do jogo internacional de especulação”, analisa. Entre os mortos compu-
tados pela CPT estão trabalhadores rurais sem-terra, indígenas, quilombolas, posseiros, pescadores e assentados da reforma agrária. O estado do Pará lidera o ranking com 21 pessoas assassinadas em 2017. Em segundo vem Rondônia, com 17, seguido por Bahia, com 10, e Mato Grosso, com 9. O levantamento da CPT também chama atenção para o retorno dos massacres. Em 2017, foram registrados quatro, que resultaram em 28 mortes ou
“A volta e a grande incidência desse número, 28 massacrados em quatro chacinas, têm a ver com esse clima que nós vivemos no país de que tudo é possível. Ou Estado está ausente, ou ele é indutor de uma liberdade, que não é liberdade, na verdade, é uma licença para matar e fazer o que quiser”, opinou Siqueira. Os registros feitos pela CPT desde 1985 apontam a ocorrência de 1.438 casos de conflito no campo que deixaram 1.904 vítimas até 2017. Destes, apenas 113 foram julgados, o que corresponde a 8% dos casos.
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Curitiba: capital da resistência pela liberdade de Lula
RESISTÊNCIA. Acampamento batizado de “Lula Livre” está montado na frente da Superintendência da Polícia Federal Mateus Lobo
Além da presença nas ruas, Lula continua líder nas pesquisasAnúncio
Acampados montaram uma tenda para recebimento de materiais de higiene e alimentos não perecívei
Da Redação Brasil de Fato PR
N
esta sexta-feira (20), Lula completa 13 dias de prisão provisória por determinação do juiz
de primeira instância Sérgio Moro, na Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santo Cândida, na capital paranaense. Há cerca de 100 metros dali, um acampamento bati-
zado de “Lula Livre” está montado desde o primeiro dia da sua prisão. Movimentos sociais do campo e da cidade, partidos e organizações sindicais mantêm uma extensa
programação de atos políticos, apresentações culturais e oficinas. Artistas, intelectuais e políticos e todas as centrais sindicais manifestam apoio ao ex-presidente, dezenas deles vieram até Curitiba para participar do acampamento. Entre as figuras que passaram por lá está a apresentadora Bela Gil, o cantor Careqa e o rapper Renegado. Já virou regra: assim que acordam pela manhã, as pessoas que participam
da vigília no acampamento “Lula Livre” dizem um ressoado “bom dia, presidente Lula”. A mesma ação acontece com o “boa tarde” e o “boa noite”. Além da presença nas ruas, Lula continua líder nas pesquisas sobre quem deve ser o próximo presidente do Brasil, com aproximadamente o dobro de intenções de voto do segundo colocado - conforme pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no dia 16 de abril.
José Marcos foi a Curitiba em apoio a Lula APOIO. Metalúrgico esteve entre as mais de 7 mil pessoas que já passaram pelo acampamento Mateus Lobo
Júlia Rohden
Brasil de Fato | Curitiba (PR) ernambucano, reP tirante, metalúrgico que perdeu um dedo
em um acidente de trabalho. A história de José Marcos Esteves de Sena se confunde com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é uma das mais de sete mil pessoas que estiveram no acampamento Lula Livre, no entorno da Superintendência da Polícia Federal, no Bairro Santa Cândida, em Curitiba (PR). Foi de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo [para onde foi há quase 50 anos em busca de uma vida melhor], para manifestar sua
indignação com a prisão do conterrâneo. “O Lula é nordestino igual eu. Veio [para São Paulo] com marmita azeda e um ovo dentro, a mesma coisa
que eu. O que estão fazendo com ele não é justo”, sintetiza. Nascido na zona rural do município de Catende, a 140 km da capital Recife (PE) e a 130 km da terra de Lula
(Caetés), José Marcos trabalhou desde criança na roça para ajudar os pais. Morador da Vila Nova Cumbica, periferia de Guarulhos, ele conta que se envolveu logo cedo com a associação comunitária para reivindicar moradia digna para a população da periferia e áreas de risco. “A gente briga pela casa para o pessoal ter onde morar”, revela. Aos 62 anos, o homem de poucas palavras chora ao falar da prisão do ex-presidente petista. “Estão fazendo isso com o Lula porque ele foi um bom presidente, e o que estão fazendo com ele é injusto.
Querem o povo na favela e analfabeto, porque quem não tem estudo vota em qualquer pessoa”, considera o pernambucano.
O homem de poucas palavras chora ao falar da prisão do presidente petista
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Campo e cidade se unem no Encontro Estadual de Agroecologia de Pernambuco
MOBILIZAÇÃO. A construção do Congresso do Povo também foi pauta das discussões
Hugo de Lima
Os participantes do encontro apresentaram a agroecologia a partir de uma perspectiva agregadora Monyse Ravenna
uilombolas, indíQ genas, jovens, mulheres, LGBT’s, agricul-
tores e agricultoras do campo e da cidade se reuniram nos dias 16 e 17 de abril, na cidade de Serra Talhada, Sertão do Pajéu do estado de Pernambuco, no Encontro Estadual de Agroecologia, preparatório para o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). Participaram do encontro estadual organizações que compõe a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Movimentos da Via Campesina, Movimentos urbanos, estudantes,
(MG). Geovane Xenofonte, da comissão organizadora do encontro e da ONG Caatinga afirma que entre os objetivos do IV ENA e de seus processos preparatórios estão “refletir como podemos nos organizar, ser mais resistentes e vencer os desafios que a conjuntura nos impõe. Estes eventos são atos políticos que pedem contra o golpe e também por Lula livre”. A construção do Congresso do Povo também foi pauta das professores e pesquisa- discussões, assim como dores. O IV ENA aconte- a construção de unidacerá entre os dias 31 de de através de diversas maio e 03 de junho na bandeiras que unem o cidade Belo Horizonte campo e a cidade. Ain-
Atividade foi preparatória para o IV Encontro Nacional de Agroecologia
Contribua com a construção de um mundo mais justo e saudável para pessoas do campo e da cidade doando para o Centro Sabiá!
da segundo Geovane “agroecologia e democracia são temas que conversam profundamente”. Graciete Santos, da Casa da Mulher do Nordeste, avalia que o Encontro foi bem representativo do campo agroecológico, “esperamos também do ENA articular uma grande participação de mulheres e da juventude”. Ela aponta que o movimento feminista levará para a discussão coletiva a questão da violência contra as mulheres, que infelizmente, ainda une campo e cidade, “o feminismo
também interroga a agroecologia sobre a visibilidade do trabalho e da luta das mulheres”. Os participantes do encontro apresentaram a agroecologia a partir de uma perspectiva agregadora e o movimento agroecológico inserido com os demais movimentos na luta por democracia, mas também chamando atenção para importância das práticas agroecológicas e como elas podem influenciar diretamente na vida das pessoas, como por exemplo, na produção de alimentos saudáveis.
Campo e cidade
ma das questões apontadas pela Articulação U Nacional de Agroecologia (ANA) que podem unir campo e cidade é a comercialização de
Caixa Econômica Federal Banco Número: 104 Agência: 0923 Operação: 013 Conta Poupança: 17341-0 CNPJ: 41.228.651/0001-10
alimentos agroecológicos, sobretudo nas feiras que possibilitam diálogo e troca de conhecimento entre produtores e consumidores. No Encontro Estadual de Agroecologia também havia um espaço de comercialização. Sandreildo Santos é de Afogados da Ingazeira, integra o Movimento Camponês Popular (MCP) e comercializa cuscuz agroecológico, produzido sem milho transgênico e de forma agroecológica. “A aceitação está sendo muito boa, estamos comercializando bem nas feiras e recebendo pedidos de todo o estado”, comenta.
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Estudantes realizam festival cultural na UFPE UNE VOLANTE. Artistas, intelectuais e estudantes debatem a universidade como espaço de produção de cultura UNE/Divulgação
Vinícius Sobreira
a próxima sexta-feiN ra (27) o Campus Recife da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária, recebe a UNE Volante, promovendo atividades de arte e cultura gratuitamente para estudantes tanto da própria instituição como de outras universidades que estejam interessados em participar. A UNE Volante é parte da cam-
O tema escolhido para Pernambuco é a cultura panha “Universidade não se vende, se defende”, encabeçada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade representativa dos estudantes universitários do Brasil. A atividade vai circular por 13 universidades em 11 estados brasileiros. Pernambuco é o terceiro estado do percurso. Em cada estado a UNE Volante traz uma temática, para Pernambuco é a cultura, pensando o papel da universidade como espaço de produção cultural e de elaboração de políticas públicas. A principal atividade do dia 27 ocorre no auditório do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA), a partir das 9h: uma mesa de debate com a presença da presidenta e vice-presiden-
UNE Volante, promovendo atividades de arte e cultura gratuitamente para estudantes.
ta da UNE, além de artistas pernambucanos e pensadores da cultura. À tarde será de oficinas de produção de cultura, teatro, literatura, música, dança e turbante, além de uma homenagem ao Movimento de Cultura Popular (MCP), encabeçado pelo pedagogo pernambucano Paulo Freire entre os anos 1950 e 1964, centrado em alfabetizar as camadas mais pobres através da arte e cultura populares. Ao fim do dia haverá uma noite cultural com shows gratuitos dentro da universidade. A estudante de teatro Rosa Amorim destaca o papel da arte nesse momento histórico do Brasil. “Nesta conjuntura política o diálogo entre os estudantes se faz extremamente necessário, porque precisamos debater o projeto de universidade que queremos para nós e para as próximas gerações. Mas como fazer o debate político chegar ao máximo de estudan-
tes? Através da arte e da cultura. E isso tem tudo a ver com o que é a UNE Volante”, pontua Amorim. À frente da construção dessa passagem da UNE por Pernambuco está a União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). A presidenta da UEP, Manuella Mirella, vê a passagem da UNE Volante no estado como algo histórico. “Em tempos de repressão, retirada de direitos e ataques à democracia, nós trazemos o debate político para dentro da universidade e mostramos que somos filhos deste momento histórico, uma época que pede política. É colocar a política no centro do debate”, diz Manuella. “Precisamos politizar a universidade. Este é o nosso maior desafio e será o nosso maior ganho”, completa a estudante, que fez questão de lembrar da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 395, de 2014, que propõe o pagamento de mensalida-
des nas universidades públicas. Para ambas as entrevistadas, construir na UFPE a passagem da principal entidade de representação estudantil do país é um desafio extra, porque a universidade, apesar de sua importância, não tem um histórico recente positivo em relação à representatividade estudantil. “A UFPE é uma universidade que está há mais de sete anos sem Diretório Central de Estudantes (DCE). E esta universidade receber a UNE Volante neste momento é dizer para os estudantes que este é o momento de nos organizarmos, de escutarmos uns dos outros as principais questões que envolvem a nossa vida na universidade”, diz Rosa. “Precisamos fazer o debate político através da arte e cultura enquanto despertamos o sonho de uma nova sociedade”, avalia Amorim, que também é militante do Levante Popular da Juventude.
Para ela, já passou da hora de os estudantes se organizarem para enfrentar os desafios. “O momento do Brasil é de extremo ataque a esse projeto de educação que busca incluir as camadas mais pobres na universidade. Então precisamos retomar o movimento estudantil, porque precisamos impedir a retirada de direitos na educação”, aponta Amorim. “Marcar esse espaço na UFPE mostra que queremos construir um DCE também aqui. Através de um Diretório Central é muito mais fácil dialogar com os estudantes”, completa Manuella, que milita na União da Juventude Socialista (UJS). Durante a semana haverá atividades de mobilização de estudantes para participarem do evento na sexta-feira (27). E a mobilização não se restringe à UFPE. Na vizinha UFRPE já foi realizado, na última quinta-feira (19), o Festival Inquietações. Segundo a presidenta da UEP, também está confirmada a chegada de um ônibus saindo de Caruaru e trazendo estudantes da região Agreste para participar do evento.
Precisamos retomar o movimento estudantil para impedir a retirada de direitos
CIDADES I 10
Brasil de Fato PE
Recife, 20 a 26 de abril de 2018
Brasil de Fato nas ruas é informação e formação partilhada semanalmente
COMUNICAÇÃO. Distribuído em vários municípios de Pernambuco, o jornal abre um diálogo com a população Rani de Mendonça
Rani de Mendonça
Distribuição na Avenida Conde da Boa Vista, um dos pontos mais movimentados do Recife
Rani de Mendonça
“E
ssa moça entende de política que s ó, né?” “E ela defende quem?” “Lula”. “Ainda bem!”, expressa a moça que chegou logo depois de muita prosa, afirmando também com a cabeça esperança e o alívio daquela informação. Foi esse o diálogo entre duas mulheres que estavam há pouco mais de 20 minutos conversando com Maiara Nogueira, militante da Consulta Popular e uma das pessoas que distribui o jornal Brasil de Fato todas as sextas-feiras, na capital pernambucana. Mayara divide a entrega de 2.800 exemplares do tabloide com Arlon da Silva, do MST. Eles chegam sempre às 10h da sexta-feira, na esquina da rua Sete de Setembro com a Conde da Boa Vista – uma das mais movimentadas do centro da cidade. A conversa é retrato do que o Brasil de Fato representa, não somente informação por informação, mas também formação política e identidade po-
Os pontos de distribuição são definidos através do grande número de pessoas circulando pular. Esta sexta-feira amanheceu com muita chuva. O dia estava cinzento, até às 9h da manhã. Depois disso, abriu um sol bastante conhecido pelos recifenses. O centro da cidade estava em transe, em suas atividades normais. Muita gente trafegando entre as lojas, os pontos de ônibus e ambulantes. Até que chega a equipe do jornal, se organiza e começa a distribuir. Logo se forma uma roda ao redor de Maiara, com todas as dúvidas e angustias sobre o caso Lula. Não é estranho ouvir “meu voto é
dele”, “mesmo ele preso, é nele que eu vou votar” e outros. Tive o prazer de acompanhar a distribuição do especial de Lula. Na capa escancarado a foto do presidente sendo carregado por milhares de pessoas em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC, minutos antes dele se apresentar à Polícia Federal. A manchete do jornal é convidativa e diz “Sejamos a voz e o coração de Lula”. Segundo Maiara, “quando tem Lula na capa é muito mais fácil de distribuir, porque as pessoas querem saber dele”, conta. E dessa vez foi comprovado: o que normalmente leva uma hora ou mais para que sejam distribuídos todos os exemplares, dessa vez em 40 minutos foram suficientes. Todos os exemplares foram entregues às pessoas que passavam por ali. Até os que passavam mais longe também quiseram pegar, como foi o caso de um motorista de ônibus que buzinou, buzinou e pediu um jornal. Seu Orlando Fernandes, aposentado de 70
anos, já sabe a hora certa de ir no ponto de distribuição pegar seus jornais. Ele vai lá todas as sextas-feiras e ainda leva mais de um, que é para entregar aos vizinhos.” Acho muito importante ler o Brasil de Fato, porque é mais informativo. A Globo quer colocar na cabeça de todo mundo que Lula é ladrão. Enquanto isso eu só vejo o povo aqui na rua dizendo que vai votar nele ou em quem ele mandar”, afirma Orlando. Arlon Silva, que distribui o Brasil de Fato desde sua chegada em Pernambuco, conta que é muito prazeroso essa atividade, principalmente pelo contato com tantas pessoas. “Aqui a gente ouve de tudo. Tem gente que insulta a gente, mas tem muito mais que nos procura pra incentivar e pegar o jornal. Somos bastante procurados pelos motoristas, que levam o jornal para ler nas pausas nos terminais, pelos vendedores das lojas e pelos trabalhadores informais”, conta. “Entregar o Brasil de Fato não é só entregar um jornal, porque
as pessoas param para conversar, pedem mais jornais para levar. É muito traficante levar a informação para os trabalhares”, afirma Maiara
Quando tem Lula na capa é muito mais fácil de distribuir, porque as pessoas querem saber dele Nogueira. Os pontos de distribuição são definidos através do grande número de pessoas circulando. No Recife são distribuídos no: Derby, Conde da Boa Vista, Estações de Camaragibe, Central e Joana Bezerra. São 17 pontos físicos, entre eles, a sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Centro Cultural Luiz Freire e o Centro Sabiá.
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ENTREVISTA l 11 ENTREVISTA l 11
Recife, 20 a 26 de abril de 2018
“A solidariedade internacional é um dos pilares de nossa identidade como nação e como povo”. PH_REINAUX_
CUBA. Cônsul cubana concedeu entrevista exclusiva ao Brasil de Fato Pernambuco m passagem ao esE tado de Pernambuco, Laura Pujol, cônsul geral de Cuba para o Nordeste, esteve em visita à nossa redação. Na conversa, ela falou sobre a expectativa do povo cubano com as eleições presidenciais que aconteceram esta semana e elegeram Miguel Díaz-Canel como novo presidente, e refletiu sobre os legados que a Revolução Cubana transmitiu ao seu povo ao longo desses quase 60 anos. Por Redação do Brasil de Fato Pernambuco
Brasil de Fato – Quais são as expectativas com as eleições em Cuba e com a saída de Raúl Castro? Laura Punjol – Existe uma expectativa em relação a mudança de governo em Cuba, o que é natural, é resultado do nosso processo político que leva a eleições presidenciais a cada cinco anos. 52% dos candidatos foram eleitos pela primeira vez, como os deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular. Temos 54% de mulheres no parlamento, mais de 300 deputadas, é realmente uma coisa que nos orgulha muito ter conseguido.Um resultado da inclusão e da representatividade da mulher cubana para a força trabalhadora, a força diretiva do país, e, certamente, isso
Temos 54% de mulheres no parlamento, mais de 300 deputadas se espelha no parlamento. O parlamento cubano é realmente um parlamento jovem, muito diverso, com muitas representações de diversos setores da sociedade e tem uma tarefa histórica. Vai ser o primeiro parlamento que o presidente da casa não vai ser uma pessoa da história da revolução, será uma renovação que é necessária e também inevitável pela própria passagem do tempo. BdF – E agora, em 2019, se completam 60 anos da revolução cubana. Que legados a revolução tem deixado para o povo cubano? Laura Punjol – Mais de 70% da população em Cuba nasceu após a revolução, então, nós temos já uma realidade na qual estamos falando de um legado importante na memória histó-
rica da nação cubana e realmente um momento onde se cristalizou a nacionalidade cubana. Já temos então uma história de estar acostumados e de saber que somos sujeitos de direitos humanos elementares como o fato de ter acesso a uma atenção integrada de saúde de primeiro nível, somente por ter nascido, sem ter que me preocupar em ter ou não dinheiro ou ter depois que dividir em inúmeras parcelas o valor do plano de saúde. O fato de ser o povo cubano o dono dos principais meios de produção, dono das principais instalações, nos dá um poder, nos dá uma consciência da importância de preservar isso que nós temos. Por isso é tão difícil destruir a Revolução, porque qualquer país tem problemas, qualquer país tem coisas que não dão cer-
to, que tem que ser superadas e melhoradas, mas quando você vai fazer qualquer análise, você começa a análise pensando ‘o que eu não quero perder’. BdF Cuba é um exemplo de solidariedade a outros países em situações como catástrofes, e outras situações também, e mais recente com o caso da Síria... Laura Punjol – Estamos submetidos sim a uma situação de confronto e de agressão permanentemente, mas a vocação do povo cubano é a da solidariedade. Isso não é uma coisa nova, nem é uma coisa que tenha sido exclusiva do processo revolucionário. Desde o início das guerras emancipatórias cubanas se evidenciou uma vocação solidária na própria identidade nacional do cubano. São exemplos antigos, mas que dão uma ideia de que essa é uma questão de vital importância dentro da identidade do cubano e, é claro, potencializado pelo fato de ser um país socialista, de ter uma Revolução Socialista, onde a solidariedade internacional é um dos pilares de nossa identidade como nação e como povo. Se tem um terremoto a pessoa doa sangue, se tem uma situação de uma catástrofe natural mandamos uma brigada médica, e agora recentemente, com a agressão criminosa do imperialismo norte-americano contra o povo sírio, não podíamos fazer de forma diferente de como sempre fazemos. BdF – Sobre a im-
portância da comunicação para a população e para os trabalhadores... Laura Punjol – Se sabe o que está acontecendo na Síria, no Vietnã, agora neste minuto nos Estados Unidos, mas provavelmente você não sabe o que está acontecendo no seu bairro. Por isso nós, em Cuba, criamos um sistema de transmissão local, ou seja, de emissoras locais que transmitem todos os dias notícias da
O fato do povo cubano ser dono dos principais meios de produção, nos dá consciência de preservar isso localidade, seja município ou província, seja por televisão ou pela rádio comunitária que é muito importante. O rádio é um veículo muito útil, sobretudo aqui em Pernambuco, imagino, porque tem uns engarrafamentos (risos), tem que escutar muita rádio. Em geral as pessoas escutam ainda muito rádio, é um veículo que não deve ser preterido em relação as novas tecnologias, sites, blogs, redes sociais, a geração de conteúdos curtos. Existe muita superficialidade e, então, vocês devem fugir disso. *Transcrição e tradução: Amanda Sampaio
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Despedidas
LUTADORESs
do Povo
João Roberto Ripper
Mestre Afonso F aleceu, no último domingo (15), Mestre Afonso Gomes de Aguiar Filho, aos 70 anos. Ele era mestre do Maracatu Leão Coroado desde 1997, onde sucedeu o Mestre Luiz de Fran-
ça na Nação de Maracatu mais antiga de Pernambuco. Durante uma celebração no Terreiro São João Batista, em Olinda, Mestre Afonso passou mal, foi hospitalizado, mas não resistiu a uma parada cardíaca. O Maracatu Leão Coroado tem 155 anos de história e não deixou de desfilar por nenhum ano no carnaval. A Nação é considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco e já viajou o Brasil e o mundo com apresentações e oficinas de Maracatu de Baque Solto. Nas redes sociais, a Associação de Maracatus Nação de Pernambuco e as Nações Almirante do Forte e Cambinda Estrela lamentaram o falecimento do mestre.
Ivone Lara N
“
NEGRO É A RAIZ DE LIBERDADE Dona Ivone Lara 13 de abril de 1921 16 de abril de 2018
BRASILDEFATO.COM.BR
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a última segunda, a sambista Ivone Lara faleceu, aos 96 anos, após uma parada cardiorrespiratória. Ivone estava internada desde a última sexta, data em que fez aniversário. A Rainha do Samba, como foi batizada pelos colegas, nasceu numa família que já amava e fazia samba, mas sofreu muito preconceito por ser mulher. Além de compor samba, Ivone Lara também tocava violino de sete cordas e emprestou sua voz a diversos samba enredos. Sua música mais famosa, “Sonho meu”, ficou conhecida nas vozes de Maria Bethânia e Gal Costa. Além de sambista, a carioca foi uma das primeiras assistentes sociais negras do Brasil, trabalhando com Nise da Silveira no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro e contribuindo na luta antimanicomial até 1977, quando se aposentou e passou a se dedicar apenas à música.
Eldorado dos Carajás N
o dia 17 de abril de 1996, dezenove militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) foram mortos por policiais no município de Eldorado do Carajás, no sul do Pará. O massacre aconteceu na Fazenda Macaxeira, ocupada três meses antes em protesto pela reforma agrária. Sem nenhuma resposta do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), as famílias decidiram marchar 600 km até a capital para cobrar a desapropriação da terra. O massacre ocorreu na beira da rodovia PA 150, enquanto os acampados arrecadavam alimentos para iniciar a viagem. O episódio, ordenado pelo então secretário de segurança Paulo Sette Câmara, que autorizou a polícia a atirar nos manifestantes, causou comoção nacional. Entidades internacionais denunciaram o massacre e a urgência da reforma agrária no Brasil e em outros países. Nenhum dos 155 policiais envolvidos no massacre foi punido. Uma semana após o confronto, o governo federal criou o Ministério da Reforma Agrária, depois substituído pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ainda em 1996, o arquiteto Oscar Niemeyer faria no local do massacre o Monumento Eldorado Memória, que foi destruído dias depois a mando de fazendeiros. Já em 2007, o documentário “Nas terras do bem virá”, dirigido por Alexandre Rampazzo, retratando a questão agrária no Brasil e o massacre foi premiado em vários países. Desde 1996, o dia 17 de abril ficou marcado como o Dia Internacional de Luta Camponesa e Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, onde os camponeses rememoram o massacre e a importância da reforma agrária no Brasil.
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Comunicação feita pelo povo e para o povo POPULAR. No Recife, iniciativas têm construído novas narrativas e debates importantes para a sociedade Terral Coletivo de Comunicação Popular
Recife aprovou projeto de lei que institui o Dia da Comunicação Popular
Terral Coletivo de Comunicação Popular em oficina na comunidade de Palha de Arroz/Recife
Rani de Mendonça
s coisas que aconA tecem no seu bairro aparecem nos jornais
e nos programas de TV? Se aparecem, são com exatidão? Consegue se sentir representada ou representado nesses veículos? Caso todas as respostas sejam não, você sabe bem que os meios de comunicação não estão à serviço da sociedade. É deste cenário que nasce uma alternativa para que a população consiga mostrar seus temas e anseios. Denomina-se comunicação popular toda iniciativa de comunicação que é feita pelo povo e para o povo. Ela também é uma ferramenta para o processo de mobilização, de visibilidade e de conscientização política. O jornal Brasil de Fato é um exemplo. Ele nasceu em 2003, no Fórum Mundial Social, onde estavam reunidos centenas de movimentos populares. Completados 15 anos, o sistema de comunicação popular Brasil de Fato tem presença em vários estados do Brasil,
Comunicação popular é ferramenta para mobilização e conscientização política como Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sergipe, Bahia, Paraíba, Paraná e Rio Grande do Norte. Na maioria desses locais, são distribuídos gratuitamente jornais impressos, além de notícias no site e programa de rádio. A editora geral do Brasil de Fato Pernambuco, Monyse Ravenna, ressalta a importância dessa ferramenta para a formação política da população. “O Brasil de Fato cumpre uma função informativa, mas também pedagógica de educação popular, porque é um material manuseado pelas organizações populares com esse intuito. E é também um
instrumento para o trabalho de base, sobretudo nas mobilizações das lutas políticas e sociais”, afirma. No Recife, outras iniciativas têm construído novas narrativas e debates importantes para a sociedade. Como o Terral Coletivo de Comunicação Popular, que trabalha com foco no anúncio das ações dos movimentos sociais, das lutas do campo e da cidade. “Além de atuar diretamente nas mobilizações populares, também acreditamos que todas as pessoas são comunicadoras em potencial, independentemente de ter uma formação na área. Acreditamos na comunicação como ação transformadora e libertária e, por isso, também atuamos na formação de novos comunicadores”, explica Mariana Reis, integrante do Terral. “O Caranguejo Uçá é um núcleo de comunicação comunitária que foi criado pela necessidade de desconstrução de um processo midiático formatador e manipulador”, ressalta Terezinha Filha, integran-
te do coletivo. Ela também conta que é através desse trabalho de comunicação que nasce o debate em torno da conservação ambiental do ecossistema Manguezal, motivo de existência desse movimento, por estar inserido na comunidade Ilha de Deus, no Recife, que é tradicionalmente pesqueira. “Nossa proposta é construir relações e diálogos com coletivos e pessoas para fortale-
rio oficial do município o 03 de novembro como o Dia da Comunicação Popular. Proposta do vereador, jornalista e também militante pelo direito à comunicação, Ivan Moraes (PSOL). Segundo o vereador, o dia municipal da Comunicação Popular é uma demanda do movimento e das pessoas que a fazem, principalmente, os que tocam as rádios comunitárias. “Oficialmente, pelo menos uma vez por ano, Caranguejo Uçá
Caranguejo Uçá tem ações de comunicação e ambientais.
cer e ampliar as perspectivas de ações de transformações, como mecanismo de impulsionar a cadeia de expressão, conhecimento e criatividade”, conta. O coletivo já publicou um livro da Ilha de Deus e tem rádio comunitária, atividades de organização de mulheres e ações ambientais. A Câmara Municipal do Recife acaba de aprovar a redação final do projeto de lei que institui no calendá-
nós teremos o chamado ‘gancho’ para trabalhar, por toda a cidade do Recife, ações que fortaleçam e que tragam a atenção da população para esse segmento”, afirma Ivan. O projeto de lei agora segue para a Prefeitura do Recife sancionar, no prazo de 60 dias. A escolha da data, marca a fundação de uma das rádios comunitárias de maior destaque no Recife, a Alto Falante, do Alto José do Pinho, na Zona Norte da cidade.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Pé de Conjunto animal de bens Andar; da esposa caminhar
Frutos do mar Transferência de data
Relativo ao ensino Também não
(?) Monte, cantora da MPB
O Galo de Minas Gerais (fut.)
Espécie de salame usado em sanduíches Gato, em inglês Material de cercas Inferior a tudo
Para o; em direção a Herói de "O Guarani" (Lit.)
Consoantes de "sótão"
Telefone (abrev.)
Dificuldade para dormir Que têm a natureza do gás Custosa Sufixo de "burrico" Dupla; casal
Analisada
Apanham peixes Fitar a vista em
Máquina para fazer tecidos
Local da aula prática de Química
A camada oposta à elite
(?)vindas: recepção cordial
Hiato de "voo"
Vogal que levava o trema (Gram.)
Espaço de 12 meses Deter; reter Interjeição que indica ação rápida
"(?) é o melhor remédio" (dito) Umedecida
Profissão de Suzana Vieira
Cura; sara
Estilingue (bras.) Carta do baralho
3/cat. 4/peri — tear. 6/jarros. 10/pedagógico.
BANCO
Vasilha para flores (pl.) Semáforo 42
Solução C A M C A I R Ã S O T E L L A G M O S A T A
D I O R T E P I S O A R O B O L L H A N A I R S
P P A M E T A D A R A I G N S O S A G I P ES C A R T O U A D A A T A D E J A R
A N T O E L A M E T EL N I A C R C O A M R I O A N O E R I Z I R A R O S
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23/04 - Segunda Pré-semana da Classe Trabalhadora 7h - Panfletagem Local: Estação do metrô Barro, Joana Bezerra, Cajueiro Seco e Recife. Realização: Sindmetro/PE e Fórum de Articulação de Leigos e Leigas de Olinda e Recife
Local: Sede do Movimento Pró Criança (em frente ao IMIP)
24/04 - Terça
27/04 - Sexta 18h30 - Roda de conversa Saúde do trabalhador em tempos de golpe Local: MTC (R. Gervásio Pires, 404) Realização: CEBES - Centro de Estudos da Saúde
7h - Panfletagem Local: Estação do metrô Barro, Joana Bezerra, Cajueiro Seco e Recife. Realização: Sindmetro/PE e Fórum de Articulação de Leigos e Leigas de Olinda e Recife 18h30 - Abertura da Semana da Classe Trabalhadora Espiritualidade, movimentos e pastorais na luta contra o golpe Roda de conversa com os movimentos, pastorais sociais, igrejas e coletivos. Debatedoras: Malu Alessio (Comissão da Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife), Vera Baroni (Uiala Mukali), Pastora Helivete (Igreja Batista dos Bultrins) Realização: Fórum de Articulação de Leigas e Leigos de Recife e Olinda
25/04 - Quarta 7h - Ato Interreligioso contra a violência nos transportes públicos Local: Estação Central de metrô do Recife Realização: Sindmetro/PE 15h - Ato político cultural trabalhadores e trabalhadoras da CBTU, 30 anos de luta sindical. Coletivo Siembra, Fórum dos leigos e leigas, CUT e Metroviários na luta contra o sucateamento do transporte público Local: Estação Central de Metrô do Recife. Realização: Sindmetro/PE 18h30 - Roda de conversa no Centro de Trabalho e Cultura (CTC) “1 de maio e a classe trabalhadora: resgate de nossas lutas para enfrentar o golpe”
26/04 - Quinta
19h - Comemoração de dois anos do Jornal Brasil de Fato Pernambuco e lançamento do portal regional Local: Sindsep (R. João Fernandes Viêira, 67 - Boa Vista, Recife)
28/04 - Sábado 9h - Panfletagem e animação cultural Local: Em frente à igreja da Penha (Mercado de São José) Realização: Comitê Democrático Lula Livre
29/04 - Domingo 8h - Panfletagem no Morro da Conceição.Ponto de encontro: Praça Realização: Fórum Articulação de Leigas e Leigos de Olinda e Recife 10h - Celebração da classe trabalhadora Local: Casa das CEB’s, Reginaldo Veloso
30/04 - Segunda 11h30 - Ato contra a precarização do trabalho Local: Em frente a antiga Contax Realização: Sintelmarketing 19h - Roda de conversa na comunidade Nossa Senhora da Auxiliadora em Caetés II, Abreu e Lima. Tema: “Classe Trabalhadora contra o golpe nos seus direitos.” Realização: Articulação de Leigos e Fórun Dom Hélder (Grito)
01/05 - Terça 9h - Ato público de luta com saída do Praça da Democracia/Derby
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VARIEDADES l15 15
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Nossa cozinha Pão de abóbora Ingredientes 250g de abóbora (purê de abóbora) 1 ovo inteiro 1 colher de sopa cheia de manteiga ou margarina 1/2 copo de óleo (120ml) 1/2 copo de leite (120ml) 850g de farinha de trigo 4 colheres de sopa de açúcar (Ou mel a gosto) 1 colher de sopa rasa de sal (temperos do seu gosto: orégano, cúrcuma) 1 colher de Alho cortado em lâmina (opcional) 2 colheres de sopa rasas de fermento biológico
Modo de preparo Coloque todos os ingredientes num liquidificador, exceto a farinha e bata por um minuto. Junte o líquido na farinha aos poucos e amasse. Depois vai acrescentando a farinha na massa também aos poucos e sovando por no mínimo 10 minutos até parar de grudar nas mãos. Deixe a massa descansar por uma hora para a massa crescer. Enrole os pães da forma que preferir, cubra com um pano e aguarde mais uma hora até os pães dobrarem de tamanho. Agora podemos levar ao forno pré-aquecido a 180 graus por 20 a 25 minutos. Está pronto!
Todos os dias como laranja após o almoço e o jantar. Um médico me disse que faz muito bem comer a fruta todos os dias, principalmente o bagaço. Mas um profissional de academia falou que não faz bem, que é muito calórico. Qual é a verdade, ela engorda ou faz bem pra digestão? Posso comer sem medo? Maria Cristina Coutinho da Silva, 48, secretária.
ique tranquila cara leitora! A laranja faz muito bem pra F saúde sim. Além de fazer bem para a digestão, ajuda a prevenir a pressão alta, fortalece o sistema de defesa e ainda diminui o risco de câncer. Não é verdade que a laranja faz engordar. Uma laranja média tem cerca de 50 calorias, enquanto uma lata de refrigerante comum, por exemplo, tem 215 calorias. As frutas em geral fazem bem pra saúde e, se ingeridas em quantidade moderada, não aumentam o peso. Pelo contrário, as frutas são ótimas aliadas nas dietas para perda de peso. Pode comer sem medo, mas não exagere, pois todo exagero pode ser ruim. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF
ESPORTES | 15
Notas esportivas Argentina, Paraguai e Uruguai se unem para sediar uma Copa do Mundo
Preço das figurinhas dobrou desde a última edição do mundial
MUNDIAL. Uma mesma edição do torneio nunca foi disputado em três países diferentes
ÁLBUM. Colecionador terá que desembolsar R$ 500,00 para completar o álbum
Da Redação Brasil de Fato PR
Da Redação Brasil de Fato PR
rgentina, ParaA guai e Uruguai oficializaram nes-
ta semana a candidatura para sediar em conjunto a Copa do Mundo de 2030. O ano marca o centenário da primeira edição do torneio, que aconteceu no Uruguai. O anúncio foi realizado em um evento em Buenos Aires, no qual foi confirmado que a Copa terá 12 sedes para a disputa do torneio. O Uruguai e o Paraguai terão duas, enquanto a Argentina ficará com oito sedes. Os jogadores Lionel Messi, da Argentina, e Luis Suárez, do Uruguai, foram escolhidos como garotos-propaganda da candidatura sul-americana. A sede da Copa do Mundo de 2030 será decidida somente em 2020. O principal concorrente da candidatura tripla é a China.
opa do Mundo tem tudo a ver com álbum de figurinhas. Mas, C neste ano, anda difícil para os colecionadores: está tudo muito caro! Ao comprar o pacote com cinco figurinhas por R$ 2,00, o tor-
cedor está pagando 100% a mais que na edição de 2014, quando o envelope custava R$ 1,00. Nos últimos quatro anos, a inflação subiu 28%. Ou seja, o aumento foi quase quatro vezes maior. Estatisticamente, para conseguir preencher todo o álbum, o colecionar precisará desembolsar no mínimo R$ 500,00.
16 | ESPORTES
Brasil de Fato PE
Recife, 20 A 26 de abril de 2018
GOL DE PLACA
NA GERAL Anderson Freire/SportRecife
Museu do Futebol
AscomUFPE
Brasil a um empate do título Seleção Feminina de A Futebol joga neste domingo (22), às 19h, preci-
Começa o Brasi- Piscinas da UFPE Museu do leirão Feminino reabertas Futebol no Recife a quarta-feira (25) parque aquático do a próxima quartaN os times femini- ONúcleo de Educação N-feira (25) será inaunos de Sport e Vitória Física da UFPE foi final- gurada, no Recife, a exde Santo Antão estreiam no Brasileirão 2018. As Leoas recebem o São José-SP, na Ilha do Retiro; e as Tricolores das Tabocas enfrentam a Ponte Preta, em São Paulo, ambas às 15h. Sport está no Grupo 1 e Vitória no Grupo 2, ambos com oito clubes, jogando em turno e returno (14 rodadas). Os quatro melhores de cada grupo passam ao mata-mata. O pior de cada grupo é rebaixado. Em 2017 o Sport foi o 5º colocado, enquanto o Vitória ficou na 14ª posição.
mente reaberto no início deste mês, após mais de seis meses interditado. Composto por duas piscinas – uma olímpica e outra menor, mas aquecida –, o parque atende aos cursos de graduação e também oferece aulas a preços populares para a comunidade de técnicos, estudantes e docentes da UFPE e população bairros vizinhos, com atividades para todas as idades e nos três turnos. Interessados em aulas devem entrar em contato pelo telefone (81) 2126-2462.
Filipe Spenser
E
CONTRA
Para a CBF, mulheres são enfeites a rodada de abertura do Campeonato BrasileiN ro de Futebol, no último domingo (8), a Confederação Brasileira (CBF) preparou uma festa para
o jogo entre Corinthians e Fluminense. Mas algumas opções parecem ultrapassadas. A CBF contratou mulheres para brincarem de “cheerleaders”, algo como líderes de torcida. Mas poderia mostrado de outra forma que arquibancada e o gramado também são lugares de mulheres e divulgar que vai iniciar Brasileirão Feminino. Mas para a CBF, as mulheres continuam sendo só “enfeite” nos estádios.
Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com
filipespenser@gmail.com
N
GOL
TUDO O QUE JÁ ERA ESPERADO
É HORA DE TER FOCO um universo de 20 dias, o Náutico disputou jogos por quatro competições diferentes: Copa do Nordeste, a Copa do Brasil, o Pernambucano e, agora, o Brasileirão. Mesmo eliminado nas duas primeiras, as razoáveis campanhas em ambas as disputas e, principalmente, o inesquecível título estatual credenciam e dão moral ao grupo e à diretoria. Contudo, é chegado o tempo de manter o foco na mais importante disputa do ano: a volta para a Série B. Para um clube com a tradição do Náutico, é inaceitável permanecer na Série C. Aliás, as baixíssimas receitas da terceira divisão impedem qualquer planejamento de reorganização e reestruturação do clube. O recado vale tanto para os jogadores, como para a torcida: o ano não acabou. Quem sabe não seremos campeões de novo e ainda no Aflitos? Seria mágico! Façamos nossa parte.
posição “Museu do Futebol na Área”, trazendo parte do que podemos encontrar no Museu do Futebol. Esta será a primeira mostra do Museu do Futebol fora de São Paulo. A exposição conta com oito módulos: seis deles com o que se encontra no museu em São Paulo, enquanto dois foram montados especialmente para a mostra itinerante. A exposição fica no Cais do Sertão, no bairro do Recife Antigo, até o dia 20 de maio. Visitação gratuita.
sando apenas de um empate diante da Colômbia para se sagrar campeã da Copa América. Na primeira fase o Brasil liderou com folga o Grupo B, com 100% de aproveitamento, 22 gols marcados (média de 5,5 por jogo) e apenas um gol sofrido, no 3x1 sobre a Argentina, segunda colocada. As duas equipes foram à fase final, que é um quadrangular, junto da Colômbia e do Chile, líderes do Grupo A. Nesta fase, de apenas três jogos, o Brasil bateu o Chile e a Argentina. Domingo é a vez da Colômbia.
lá estamos nós no meio de mais uma turbulência no ano Coral. A saída de Júnior Rocha com certeza pegou a todos de surpresa. Mas sem poder de barganha, nada pudemos fazer. Vale salientar que a saída do treinador foi devido uma proposta superior, da Série B, enquanto aqui estávamos com salários atrasados desde fevereiro, quando só a metade do ordenado foi pago ao técnico. Particularmente, nunca fui muito fã do trabalho de Júnior Rocha à frente do Santa Cruz, mas era o possível. Para substituto, o nome de Gilmar Dal Pozzo é praticamente unanimidade. Os reforços só chegam após a confirmação do novo treinador. Mas a diretoria anunciou o retorno de Halef Pitbull, que praticamente implorou para voltar. A expectativa é de ter o novo comandante até o próximo domingo, no Arruda, para acompanhar o jogo.
FAZENDO AS CONTAS
Daniel Lamir
daniel.lamir@brasildefato.com.br
estrago é imenso. São 37 rodadas pela frente, mas é inegável que o alerta de O rebaixamento já é uma realidade. Antes os problemas estivessem restritos a insegurança com goleiro reserva ou uma escalação escolhida. A cada dia descobrimos que o buraco é mais fundo na Ilha do Retiro. A “inhaca” que acompanha o clube desde o ano passado ganhou novos apelidos nesta semana, como, por exemplo, queda de receita, déficit e aumento de passivo. Qual deve ser a expectativa dos atletas que estão negociando para reforçar o time? Faltam jogadores no elenco, mas falta também dinheiro para contratar e para pagar salários. Qual o compromisso do clube? Vale o sonho para que a campanha no Brasileirão surpreenda, mas, acima de tudo, a consciência de que os erros atuais seguirão ecoando nas próximas temporadas.