PERNAMBUCO |8
ENTREVISTA | 11
Saúde
Curso de especialização inicia projetos de intervenção em saúde popular
Pernambuco
Recife, 06 a 12 de julho de 2018
ano 2
edição 65
Paulo Pedro
O especialista afirma que, desde o golpe, a desertificação avança em 11 estados e 75% da caatinga foi desmatada
distribuição gratuita
Cortes na agricultura familiar ameaçam volta da fome Vanessa Gonzaga
OPINIÃO | 05
Tita Carneiro
O povo organizado e a luta por direitos
BRASIL | 07
CULTURA |12
Retrocessos
O que tu indica?
Caravana vai percorrer país para descrever cenário de volta da fome
“Deus é Mulher”, o novo disco da cantora Elza Soares
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Brasil de Fato PE
Recife, 06 a 12 de julho de 2018
EDITORIAL
Eleições: é preciso ir mais fundo LULA. O povo já definiu seu candidato
E
stamos a quase 90 dias das Eleições
que acontecerão no dia 07 de outubro, e nunca foi tão claro e transparente os desejos do povo em uma eleição. A direita, ou seja, os representantes dos detentores do poder econômico não foram capazes até agora de apresentar um candidato, a esquerda apresenta vários candidatos como opção. Mas o povo, como nunca antes, já definiu o seu candidato. Contrariando cinco anos de uma das maiores campanhas de desmoralização e perseguição que a grande mídia, em especial a Rede Globo, buscou construir sobre a imagem da esquerda e de Lula como expressão política, o povo desbancou a rede globo e escolheu Lula como seu candidato. Os setores conservadores se recusam a aceitar a força e a populari-
Os setores conservadores se recusam a aceitar a força e a popularidade de Lula dade de Lula, que se amplia, desafia e desmente todos os dias os jornais, revistas que trabalham diuturnamente por sua condenação máxima. Liderando todas as pesquisa com mais de 30 % dos votos para a presidência da República, a sentença judicial de prisão não corresponde à sentença popular que o declara como candidato do povo.
O povo já compreende o que está em jogo nesses eleições. A possibilidade de impor um limite ao golpe em curso e todas as políticas de desmantelamento do Estado Brasileiro e da vida dos trabalhadores. Mas acima de tudo é preciso que o mesmo povo, que adquiriu a consciência necessária para dizer que quer Lula presidente, possa também compreender que as políticas de retrocesso e os avanços sobre os direitos dos trabalhadores, os ataques a soberania nacional implementados pelo governo golpista, não poderão ser revertidos apenas com a Eleição de Lula ou de qualquer candidato da esquerda. Portanto, é preciso ir mais fundo. Além garantir eleições livres e democráticas e eleger Lula, é necessário também eleger um Congresso com-
Expediente
prometido com os interesses populares, e mais que isso, retomar a cultura de participação política por meio da organização social, popular e sindical. Única forma de o povo construir sua autonomia e tomar o seu destino nas próprias mãos. A vigília Lula Livre completou 90 dias em Curitiba sustentada pela militância e pela solidariedade de centenas de apoiadores, para o mês de agosto o movimento Sindical prepara um dia Nacional de Paralisação dos trabalhadores para o dia 10. Movimentos do campo organizam uma Marcha Nacional que chegará a Brasília onde será lançada a campanha presidencial de Lula, e fazem abaixo-assinado pela liberdade do presidente Lula, dirigidas às presidentes do STF, Carmen Lúcia, e do STJ, Laurita Vazentre. A Frente Brasil Popular multiplica comitês populares pela defesa de Lula e dos
O povo já compreende o que está em jogo nesses eleições seus direitos. Do Nordeste uma grande Caravana contra a fome, organizada pela Articulação do Semiárido segue em direção a Curitiba. No Recife, entre os dias 16 a 20 de julho uma outra Marcha sairá de Bezerros a Recife. Todas iniciativas do povo, conduzidas por organizações que sustentam e dão sentido a defesa de Lula. Todos clamando pela liberdade e por LULA Presidente. Aos milhares de querem Lula livre, Lula presidente. É preciso ir mais fundo, e ir juntos!
Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
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Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Rani de Mendonça, Vanessa Gonzaga e Vinícius Sobreira. | Revisão ortográfica: Júlia Garcia Colaboração: André Barreto, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Bianca Almeida. Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruno Ribeiro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Geraldo Soares, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Carlos de Oliveira, José Fernando de Melo, Fernando Lima, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho, Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Margareth Albuquerque (in memorian), Marluce Melo, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rogério Almeida, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis. Tiragem: 20 mil Exemplares
CHARGE
Brasil de Fato PE
GERAL l 3
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FRASE da semana
mandou
Ricardo Stuckert
BEM
Reprodução do facebook
Vou passar para a história como o que mais fez inclusão social
Inquérito contra assédio O governo Russo abriu forO malmente um inquérito contra os brasileiros, entre eles
Luis Inácio Lula da Silva, em vídeo que fala de seu papel na história
Qual foi o jogo mais marcante que você viu numa Copa do Mundo?
o pernambucano Diego Jatobá, que em um vídeo, compartilhado na internet, constrangeram uma mulher em Moscou, durante os primeiros dias da Copa do Mundo de 2018. O Ministério do Interior aceitou a denúncia apresentada pela advogada e ativista russa Alyona Popova. Em carta enviada ao governo, ela coloca que “cidadãos estrangeiros deveriam pedir desculpas publicamente”.
mandou
MAL
Chico Ludemir
oi em 1990 Camarões e Argentina. F Foi a partir desse jogo que entendi as regras do futebol. E foi muito mar-
cante porque Camarões venceu a Argentina, na abertura da copa de 1990, na Itália, por 1 a 0. Gostei também da festa de Camarões, um país pobre, que fez uma festa por ter vencido a Argentina que era a seleção mais forte que se tinha naquela época, era o esquadrão da época. E eles ganharam de 1 a 0 e o povo ficou muito feliz e foi muito marcante pra mim por isso: por eu ter entendido as regras do futebol e pelo povo de Camarões ter ficado alegre. Eu tinha oito anos Fábio Soares Cardoso, 36 anos, morador do recife.
Intolerância governo do estado retiO rou a peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”
da programação Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) deste ano, a ser realizado neste mês, e que tem o tema “Um Viva à Liberdade”. O monólogo foi selecionado para a Mostra de Teatro Alternativa do FIG e é protagonizado por Renata Carvalho, atriz trans, no papel de Jesus Cristo. Diante da censura, um coletivo foi criado em protesto à decisão e organiza uma campanha de doações na internet para a realização da peça de forma independente.
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4 ||Mundo GERAL
Ato político lança atividades em defesa da democracia
C
omo forma de continuar denunciando o Golpe no Brasil, a Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Frente Brasil Popular convidam a população e os movimentos sindicais e populares a participarem na segunda-feira (09) do ato político de lançamento do Dia Nacional de Paralisação e da Marcha Lula Livre e Lula Inocente. A atividade terá início a partir das 15h, na Praça da Independência (Praça do Diário), no centro do Recife. O Dia Nacional de Paralisação, Dia do Basta!, está previsto para 10 de agosto. E a marcha acontecerá já neste mês de julho, iniciando no dia 16 pela manhã em Caruaru, passando pelos município de Bezerros, Gravatá, Pombos, Vitória de Santo Antão e Moreno, com chegada ao Recife prevista para o dia 20.
ESPAÇO SINDICAL
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Escola Feminista está com inscrições abertas
A
Marcha Mundial das Mulheres - Núcleo Soledad Barrett realiza sua III Escola de Formação Feminista Popular que está com inscrições abertas até o dia 08/07 e é gratuita. O curso é aberto a todas as mulheres que queiram participar, independente da escolaridade. A escola se estrutura em quatro etapas, sendo um sábado por mês, de julho a outubro, das 8h às 17h, na sede do MTC - Movimento dos Trabalhadores Cristãos (Rua Gervásio Pires, n. 404, Boa Vista - Recife/PE). A atividade oferece ainda estrutura de alimentação (café, lanche e almoço) ao longo do dia e também a Ciranda Infantil um espaço para cuidar das crianças enquanto as mães/ responsáveis participam dos debates. As inscrições podem ser feitas no link na página Marcha Mundial das Mulheres - Núcleo Soledad Barret no no facebook.
Direitos de Fato
Trabalhadoras/es da Chesf aprovam Proposta rabalhadores T da Companhia Hidrelétrica do São
Francisco (CHESF) aprovam proposta da Eletrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2019 em Assembleia. Foram seis rodadas de negociação, 72 horas de greve e muita luta pela manutenção dos direitos da categoria. “Infelizmente, neste cenário político, nossa luta é pela manutenção dos direitos, e não pelo avanço na valorização do trabalhador”, lamentou o presidente do Senge-PE Fernando Freitas. Alcançaram reajustes salarial e dos benefícios de 1,69%, retroativo a partir de 01/05/2018 e manutenção das cláusulas e benefícios da categoria.
CUT se solidariza com as crianças imigrantes CUT PE entregou na A manhã do último dia 03, brinquedos para as fa-
mílias de crianças separadas dos pais imigrantes nos EUA. O Consulado americano no Recife, contudo, recusou os presentes, demonstrando má educação e desrespeito, segundo a CUT-PE. Houve uma manifestação em resposta, exigindo a liberdade das crianças e adolescentes presos. Um forte esquema policial foi montado pelo Consulado, numa tentativa declarada de intimidar a manifestação pacífica da Central. Os brinquedos recusados foram doados ao NACC - Núcleo de Apoio à Criança com Câncer.
Trabalhador e trabalhadora tem direito a férias
A
s férias são direito constitucionalmente assegurado a todos os trabalhadores, como período destinado à recuperação das forças, descanso e lazer. De acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), as férias devem ser concedidas pelo empregador no ano seguinte (período concessivo) àquele em que o trabalhador completar um ano de serviço e pagas até dois dias antes do início das férias, caso contrário, isto é, férias gozadas após o período concessivo ou sem o pagamento na época correta, deverão ser pagas em dobro, incluído o terço de férias, por expressa previsão do Tribunal Superior do Trabalho, na Súmula 450. Cumpre ressaltar que caso o contrato de trabalho seja rescindido antes de que seja completo o período aquisitivo (cada 12 meses de trabalho), o trabalhador terá direito às férias proporcionais acrescidas do terço constitucional, mesmo em caso de pedido de demissão, demissão sem justa causa ou acordo com o empregador, modalidade criada pela Reforma Trabalhista. * Bianca Almeida é advogada em Recife (PE) e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
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Artigo Não temos o direito de abdicar do debate sobre Segurança Pública
IPEA e Pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2016, alcançamos a marca recorde de 62.517 homicídios. Corresponde a uma taxa 30 vezes maior que a Europa, por
a sensação de insegurança da população brasileira fala por si
Artigo
O povo organizado e a luta por direitos Sidney Tita Carneiro Mamede* *
Aristóteles Cardona*
o último mês de junho, N saiu o novo Atlas da Violência 2018, produzido pelo
OPINIÃO I 5
um problema que precisa ser encarado de frente. Queria agora fazer dois destaques. O primeiro deles é para a questão da juventude. Pois, se de um lado não é novidade termos na juventude (15 a 29 anos) um maior número de mortes, por outro lado, estes números seguem se agravando sem que haja uma política efetiva de combate. Só em 2016 foram 33.590 mortes de jovens nesta faixa etária. Mais uma vez com forte destaque para o Norte e Nordeste, tendo 10 estados entre os 12 com maior mortalidade do Brasil. Uma outra pontuação é para a questão das armas de fogo. Infelizmente, a nossa atual situação abre brecha para supostas soluções que não encontram respaldo na realidade. Uma destas supostas soluções seria a liberação das armas como algo que resolveria nossos problemas. E isso é uma grande mentira. Já trouxe aqui em uma outra coluna e reforço agora com os dados deste Atlas. Desde 1980, enquanto a violência letal aumentava, também aumentava o número de armas na população. Sobre o tema, vários outros recortes poderiam ser feitos, assim como poderia discorrer mais sobre cada um deles aqui comentado. Infelizmente o espaço é curto. Porém, pretendo retornar ao tema em outras ocasiões. O tema da Segurança Pública é de fundamental interesse à toda a população. Não temos o direito de abdicar deste debate. Se não há saída fácil para este problema em nosso país, a solução também não pode ser jogada para um futuro muito distante.
exemplo. E mesmo no Brasil, encontraremos variações importantes. A evolução de tais homicídios nos últimos anos foi muito maior no Norte e no Nordeste. E dos sete estados com maior incidência de homicídios por 100 mil habitantes, cinco deles estão no Nordeste. Na verdade, a sensação de insegurança da população brasileira fala por si. Mas os números apresentados neste relatório, devem ajudar não somente a nos alertar para o tamanho do problema, mas, principalmente, ajudar a construir ações de verdade. E se interpretações diferentes podem apontar causas diferentes, algo do qual não temos como escapar é que es- * é Médico de Família no Sertão professor da Unitamos entre os países que mais pernambucano, vasf e militante da Frente Brasil Pomatam no mundo. Mas este é pular de Pernambuco.
golpe de Estado no país O tem se aprofundado e pouco a pouco atingido a po-
pulação da forma bastante cruel. Medidas como o aumento do custo de vida desencadeado pelas medidas neoliberais do governo golpista de Temer, recessão das políticas de assistência social, aumento do desemprego e menor reajuste do salário mínimo desde 1994 tem provocado a reorganização do cotidiano das famílias. De acordo com o Dieese (2018), uma família com quatro pessoas precisaria receber 3,86 vezes o valor do salário mínimo para conseguir assegurar condições básicas de sobrevivência. Por outro lado, o que temos acompanhado diariamente são casos de ferimentos pelo uso de carvão ou álcool para cozinhar, devido ao alto preço do gás de cozinha. Assim como as mudanças nos hábitos familiares das camadas populares. Frutas, carnes, legumes tem sido praticamente deixadas de lado. Vivenciamos também o retorno de um maior número de pessoas a se alimentar de restos de comida encontrados nos lixos da cidade, o ressurgimento de doenças provocadas por falta de condições de saneamento básico e higiene assim a vulnerabilidade social da juventude nas periferias. O sentimento de indignação tem despertado movimentos de organização popular. Nos bairros de Ouro Preto, Sítio Histórico, Rio Doce e Peixi-
nhos, situados em Olinda (PE) a construção do Congresso do Povo tem se dado em torno da retomada da democracia e pela liberdade de Lula, a partir das demandas locais de mobilização. As discussões acontecem em torno dos aspectos como alimentação, moradia digna, educação, saneamento básico, transporte, acesso a bens e serviços, políticas para a juventude e construção de alternativas comunitárias para uma melhor qualidade de vida. A prioridade comum indicada pela população destes bairros foi a reivindicação do direito à saúde.
O sentimento de indignação tem despertado movimentos de organização popular No bairro de Peixinhos o comitê da Frente Brasil Popular tem sido construído pelas mulheres do Grupo de Saúde Condor e Cabo Gato, surgido em 1986 e por jovens da Associação Cultural Nação Mulambo, criada em 1997. Mas como diz uma das letras de Marco Axé (Negrito Guapo), “levanta daí, tá pensando que é pano de chão?” A alegria e força diárias como resistência tem semeado pedacinhos de esperança na possibilidade que o nosso povo se levante e que a alegria do carnaval nos permeie o ano inteiro. Tita Carneiro, militante da Marcha Mundial das Mulheres
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Caravana vai percorrer país para descrever cenário de volta da fome RETROCESSOS. Organizações alertam que o número de pessoas em insegurança alimentar grave cresceu nos últimos anos Mídia Ninja
Mapa nutricionista PaA trícia Jaime, professora da Faculdade de
Em 2017, o número de pessoas que estavam em extrema pobreza chegou aos mesmos parâmetros de 2004
Rute Pina, de São Paulo
ovimentos popuM lares, sindicatos e entidades da socieda-
de civil vão fazer uma caravana pelo interior do país para descrever um cenário de alerta: a fome voltou a assombrar a nação. O número de brasileiros que passam fome cresceu. A iniciativa de apurar, com uma caravana, o crescimento do número de pessoas que passam fome no país foi idealizada pela Articulação do Semiárido (ASA) e começa no interior de Pernambuco, em Caetés, no dia 27 de julho. A caravana vai colher relatos para ilustrar este processo, que vai na contramão de compromissos que o país assumiu com a Organização das Nações Unidas
estamos construindo o ato envolvendo diversos atores sociais (ONU) — entre eles, a segurança alimentar, uma das metas da Agenda 2030, e a redução da fome e da pobreza, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que o país atingiu em 2015. Este ano, o governo brasileiro, novamente, não vai apresentar o relatório de acompanhamento das metas de desenvolvimento sustentável para 2030. A publicação dos dados é voluntária. Mas o grupo de trabalho
de organizações sociedade civil que investiga o cumprimento destes objetivos vai divulgar um novo relatório no final de julho. De acordo com o pesquisador Francisco Menezes, integrante da ActionAid e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o relatório deve indicar o agravamento do que as entidades já haviam constatado em 2017: de que haviam indícios que o país pode voltar ao Mapa da Fome da ONU.
Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), analisa que a saída do Brasil do Mapa da Fome também está relacionada processo ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e à redução da mortalidade infantil. Mas, após 13 anos de queda consecutiva, a taxa de mortes de crianças antes de completar um ano de vida cresceu 11% entre 2016 e 2017. Já o percentual de crianças menores de cinco anos desnutridas aumentou de 12,6% para 13,1% no período. Segundo ela, este é um alerta vermelho. “Quando a gente falava da agenda do objetivo do milênio, a gente estava ainda falando em mortalidade, fome e parecia que a gente iria qualificar essa agenda em uma perspectiva mais qualitativa, da qualidade do alimento, do alimento seguro, saudável, sustentável, com fomento à agricultura familiar de base agroecológica. Ou seja, uma agenda mais avançada. E a inflexão dos programas colocam em risco questões estruturais básicas de acesso e disponibilidade de alimentos e renda”, pondera Patrícia. Já o coordenador da ASA na Bahia, Naidison Baptista, destaca o desestímulo à agricultura familiar e circuitos de comercialização e com-
pras públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “De um lado, o governo não paga os serviços prestados pelas organizações sociais, então há um déficit muito grande em relação aos serviços prestados pelas organizações sociais. E, de outro, não abre novas chamadas de assistência técnica. Então, o acompanhamento às famílias no processo de produção de alimentos e de geração de renda fica prejudicado”, diz. Segundo Baptista, a caravana pelo interior do país, organizada pela ASA e outras entidades que compõem a Frente Brasil Popular, é um processo de mobilização social para apontar perspectivas de solução destes problemas. “O interessante neste processo da caravana é que ele está sendo encabeçado pelos próprios agricultores. Em Feira de Santana [Bahia], por exemplo, os agricultores vão tirar alimentos da sua produção para a alimentação da caravana, quando ela passar por aqui; a universidade está disposta a ceder o auditório para receber um ato público. Então, estamos construindo o ato envolvendo diversos atores sociais”, afirma o integrante da ASA. Além de Pernambuco, a previsão é que o grupo passe pelos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
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Movimentos programam greves, paralisações e atos durante o período eleitoral
FBP. Abaixo-assinado a favor da liberdade Lula será entregue no STF no dia 15 de agosto, data do registro de sua candidatura presidencial PH Reinaux
Pedro Rafael Vilela, de Brasília*
Frente Brasil PopuA lar (FBP), articulação que reúne mais de 80
organizações da sociedade civil, incluindo movimentos populares e entidades sindicais, aprovou um calendário de mobilizações que inclui um dia nacional de paralisação em 10 de agosto, já em meio ao calendário das eleições gerais em todo o país. “O objetivo e paralisar neste dia nos locais de trabalho, e organizar atos ao final do dia. A convocatória destas mobilizações terá como centro as pautas econômicas: luta por emprego, contra os aumentos dos combustíveis, entre outras”, diz a circular da FBP. Além disso, nesse período, está prevista a convocação de uma nova greve dos petroleiros por tempo indeterminado. O objetivo da paralisação do segmento é barrar as iniciativas de desmonte da Petrobras e combater a atual política de preços da companhia, que tem causado sucessivos aumentos nos valores
Formação de Formadores para o Congresso do Povo Pernambucano
www.sindsep-pe.com
convocação de uma nova greve dos petroleiros por tempo indeterminado dos combustíveis e do gás de cozinha, penalizando a produção e a população mais pobre, argumenta a frente. A tentativa de privatização da Eletrobras,
*Com informações de Camila Vida, do Brasil de Fato Paraná.
Enquanto o mundo se volta para a Copa, Câmara aprova pacote de horrores
“Futebol e política não tem nada a ver”. Será? Enquanto a seleção canarinha está em campo, o Congresso Nacional não perde tempo e amplia o pacote de horrores que vem aprovando desde o golpe de 2016. Exemplo disso é a aprovação do projeto que anula multa de empresas que não entregaram guia do FGTS, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, no dia 4 de julho. Se não houver recurso, o parecer não precisa nem passar pelo plenário da casa e já segue para análise do Senado. Também no dia 4, a Câmara aprovou o Projeto de Lei 8939/17, que permite à Petrobras transferir a outras petroleiras até 70% de seus direitos de exploração de petróleo do pré-sal na área cedida onerosamente pela União. No mesmo dia, foi aprovado o texto-base que viabiliza a privatização de distribuidoras de
energia controladas pelas Eletrobras. O calor da emoção da Copa também fez grande parte da população não se dá conta dos riscos do projeto que permite a liberação de mais agrotóxicos no país que já é o maior consumidor mundial desses pesticidas. A matéria foi aprovada no final de junho numa comissão especial na Câmara e segue para análise em plenário. O projeto representa mais veneno na mesa dos brasileiros. Com todo esse pacote de horrores acontecendo, será mesmo que futebol e política não têm nenhuma relação? Torcer pelo Brasil extrapola torcer pela seleção canarinha. Torcer pelo Brasil é ocupar as ruas e lutar por direitos. Para além de ganhar em campo, o Brasil precisa avançar na dignidade do seu povo, nas conquistas sociais. É essa taça que o país precisa levantar.
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Recife, julhode 2018
que pode gerar aumentos expressivos no preço da conta de luz, também será pauta das mobilizações do período. Candidatura Lula Além da jornada de lu-
tas programada para agosto, está planejada a entrega de um abaixo-assinado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a liberdade do ex-presidente Lula, preso desde abril. O dia 15 de agosto é justamente a data-limite para o registro de candidaturas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e uma mobilização expressiva está sendo organizada para Brasília neste dia, a partir da articulação das forças que compõem o Comitê Nacional Lula
Livre. “A ideia é que, no mês de julho e agosto, vá ter uma concentração de mobilização popular ao redor de Brasília e do Supremo, culminando no dia 15 [de agosto] no registro da candidatura e no dia 16 [de agosto] com uma grande conferência nacional do Congresso do Povo, no sentido de definir quais seriam as tarefas do próximo período”, explica Roberto Baggio, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra no Paraná e integrante da FBP. Já em novembro, nos dias 25 e 26, está prevista a realização de uma nova conferência nacional do Congresso do Povo. “Esta Conferência terá por objetivo definir uma linha de atuação da FBP após o desenlace da disputa eleitoral, e preparar a etapa nacional do Congresso do Povo, que será realizada em Fevereiro de 2019”, diz a Frente, em comunicado.
CIDADES I 10
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Curso de especialização inicia projetos de intervenção em saúde
Experiência. Ação integra atividade da especialização em promoção e vigilância em saúde e meio ambiente e trabalho realizado em Pernambuco Divulgação
Catarina de Angola
A
contece em Pernambuco, desde o final do ano passado, uma experiência formativa de promoção em saúde e vigilância discutidos de forma transversal ao cotidiano das pessoas. É o Curso de Especialização em Promoção e Vigilância em Saúde Ambiente e Trabalho, que compartilha saberes entre pessoas vinculadas ao debate da saúde e do meio ambiente, e reúne militantes de movimentos e organizações populares, profissionais da área de saúde, estudantes e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O curso é uma realização da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares e da Escola Fiocruz de Governo da Gerência Regional de Brasília (EFG/Gereb/ Fiocruz), em cooperação com o Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco (IAM/Fiocruz) e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz (EPSJV). Os módulos acontecem uma vez por mês na cidade de Caruaru, no Centro de Formação Paulo Freire. Augusto Cezar, médico e integrante da Rede de Médicos e Médicas Populares, explica que o curso segue até dezembro deste ano, com períodos de alternância, ou seja, um tempo educacional teórico e os tempos de imersão prática nos territó-
Curso acontece em Pernambuco, desde o final do ano passado.
Essa especialização tem sido algo bem inovador na minha vida rios, onde os educandos e educandas tem planejado em como intervir e propor caminhos que possam superar as condições de saúde nos seus territórios. Ele reforça que a proposta é fazer leituras da realidade, aliada a uma reflexão também sobre o campo democrático e interiorizar o processo de formação, popularizando os processos formativos, que geralmente estão centrados em capitais e centros urbanos. “Iniciamos o curso com o debate das ferramentas de análises da saúde de maneira mais ampla, discutimos Estado, territórios, a macrovisão no debate da saúde. E como casar os nos-
sos debates setoriais de saúde com a reflexão do adoecimento das populações, como algo socialmente determinado de acordo com o que vivem os povos sem seus territórios”, pontua Augusto. Sobre esse processo de intervenção que está sendo planejado pelos educandos, Jorge Machado, médico sanitarista da Fiocruz e integrante da coordenação do curso, explica que “a proposta é fazer uma discussão dos processos de desterritorialização e dos problemas vivenciados, trazendo algum tipo de solução e das possibilidades de convivência com o território de forma a pro-
duzir soluções de redução de riscos e alternativas que produzam uma melhor qualidade de vida das pessoas daquele lugar”. A educadora popular Maria Claudia Custódio Xenofonte é de Ouricuri, o Sertão do Araripe de Pernambuco, e de início confessa que se perguntava se seria interessante fazer uma especialização na área de saúde, por conta da ideia construída socialmente sobre o papel da medicina na vida das pessoas. Mas logo com o início das aulas percebeu se tratar de uma perspectiva diferente. “Essa especialização tem sido, eu costumo dizer, algo bem inovador na minha vida enquanto feminista militante, enquanto mulher na região do Araripe”, diz. Claudia integra o Fórum de Mulheres do Araripe e em sua vivência, junto com outra educanda do território, percebeu, em seu projeto de intervenção, a necessidade de se fazer um trabalho com mulheres da região. “Percebemos que é alto o número de mulheres que fazem o uso de medicação. Elas vão aos consultórios médicos se queixando da dificuldade em dormir, muito cansadas, e já são receitadas a tomarem remédios. Assim, muitas se tornam dependentes dessa medicação. Algumas por reflexo da violência que sofrem dos parceiros”, explica.
Educandos têm planejado intervenção em saúde nos territórios Ela, que também é educadora do Centro Nordestino de Medicina Popular (CNMP), percebeu que a reflexão e os aprendizados obtidos no curso de especialização, aliados a proposta de intervenção, poderiam ser uma forma de contribuir com seu território. “Diante desse contexto, pensamos em fazer algo para chegar nessas mulheres, conversar, tentar ajudá-las a enfrentar os desafios da vida, mas sem tomarem medicação desnecessária, pois muitas deixam de ter vida social por conta dos efeitos dos remédios, por isso ficam muito sonolentas, ficam sem tempo para sair. A proposta do projeto é ajudá-las a terem um outro olhar para a vida, a seguir pelo lazer, pela atividade física, com conversa com outras mulheres, integrá-las a atividades que contribuam com suas vidas, e animá-las a participarem do fórum”, explica.
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Recife, 29 de junho a 05 de julho de 2018
ENTREVISTA l 11
‘A agroecologia é a solução para a desertificação’, afirma especialista Divulgação
SEMIÁRIDO.
Paulo Pedro de Carvalho afirma que, desde o golpe, a desertificação avança em 11 estados e 75% da caatinga foi desmatada Catarina de Angola e Kátia Rejane*
aulo Pedro de CarP valho, coordenador geral da instituição
CAATINGA, aborda a importância de que tanto as populações tanto do campo como da cidade reflitam sobre os processos de desertificação. Quais são os maiores desafios no combate à desertificação no Brasil? Paulo Pedro – É preciso trabalhar mais a assistência técnica e campanhas para conscientizar os produtores rurais e toda a população e trabalhar a construção de conhecimentos que sejam capazes de barrar o processo de desertificação, mas também recuperar as áreas que estão já bem degradadas. E isso a gente entende que é através da agroecologia, através das práticas e formas de produção que vem sendo divulgadas e trabalhadas pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), por diversas organizações n ão - g over n a men tai s
Já tem várias cidades do Brasil e do mundo produzindo alimentos ças climáticas, de preservar e recuperar a biodiversidade, é tanto que não são só as experiências das famílias agricultoras nos dão essa certeza, mas também em estudos e relatórios feiNo Brasil, a desertificação tos por órgãos, inclusiinternacionais, como acontece aqui no Nordeste e ve a ONU, que tem dito em em alguns estados do Sudeste diversos documentos de que a agroecologia é a (ONGs), como o CAA- tificação está definida única forma de dobrar a TINGA, e movimentos como a degradação das produção de alimentos socais, focadas na agroe- terras das regiões áridas, no mundo em dez anos. cologia e na convivên- semiáridas e subúmiBDF: Como as pescia digna e sustentável das secas. Numa área tosoas que moram nas com o Semiárido. Essa tal que chega a mais de cidades podem coné uma forma de reverter 1.340.000 km², em 11 estribuir com o combao processo aqui no Bra- tados brasileiros. E tem te à desertificação eo sil. O tema da desertifi- uns locais que esse promeio ambiente? cação é pouco contem- cesso está mais avançaplado na agenda políti- do, são núcleos avançaPP: Por vezes, as pesca, tanto nacional como dos de desertificação. soas da cidade podem nos estados, apesar de já Em Pernambuco tem a pensar que elas não têm existirem políticas apro- região de Cabrobó, perelação com o meio amvadas, mas não imple- gando a Ilha de Assunbiente, apenas as famímentadas. ção, devido ao desmalias agricultoras, e isso tamento naquela região, é uma ideia equivocaBrasil de Fato: Quais mas também a irrigação da. No Semiárido braas regiões brasileiras salinizando os solos. sileiro, uma boa parmais susceptíveis a desertificação? BDF: Como as ini- te das populações urbaPaulo Pedro: No Bra- ciativas da agricultu- nas têm relações próxisil, a desertificação acon- ra familiar agroecoló- mas com o meio rural. tece aqui no Nordeste gica contribuem para As pessoas do meio ure em alguns estados do o combate à desertifi- bano precisam ser mais sensibilizadas e ouvidas Sudeste – Minas Gerais cação? e Espírito Santo - porPP: A agroecologia no processo de cuidaque segundo a definição é, sem sombra de dú- do com o meio ambienda ONU, da Convenção vidas, uma das formas te, começando pelas cide Combate à Deserti- mais eficientes de com- dades que precisam ser ficação e Mitigação dos bater a desertificação, mais arborizadas, preEfeitos da Seca, a deser- de enfrentar as mudan- cisam ser menos poluí-
das com tanto lixo. Para isso é preciso cumprir com as políticas públicas de resíduos sólidos, que a maioria dos municípios brasileiros estão atrasados com o processo de planejamento e implementação. E tem outro campo também importante da população urbana, que é trabalhar agricultura urbana. Já tem várias cidades do Brasil e do mundo produzindo alimentos. Claro que o espaço para a agricultura para o meio urbano é bem limitado, mas é possível ter vários sistemas de produzir hortas e pomares em áreas urbanas. BDF: Como em nível de América Latina as organizações têm se articulado para enfrentar essa questão? PP: Está avançando cada vez mais uma articulação das organizações da sociedade civil da América Latina e Caribe, onde tem várias organizações que já estão envolvidas na Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), como o CAATINGA que é creditado na convenção. Aqui no Brasil não tem uma quantidade grande de organizações, me parece que são entre oito e dez organizações creditadas. Isso mostra o quanto a gente está aquém do nosso potencial de contribuir mais com esse debate. Mas nós estamos aqui na região cada vez mais articulados. *Comunicadora da ONG CAATINGA
CULTURA | 12
Recife, 06 a 12 de julho de 2018
O que
tu indica
Por Elisa Maria* o dia 23 de junho, a canN tora Elza Soares completou 88 anos. Comemora-
mos sua vida escutando o álbum-(re)nascimento “Deus é mulher”. Em tempos tão temerosos, em que foi golpeada a primeira presidenta mulher do país e em que temos gritar “Marielle Vive”, Elza Soares, e tudo o que ela significa, amplifica vozes de resistência contra a intolerân-
“Deus é mulher’’. cia religiosa, contra o racismo, o machismo e a LGBTfobia e anuncia possibilidades de beleza, leveza, liberdade, samba, frevo, vida. Em “Deus é Mulher”, Elza Soares segue nos mostrando caminhos para a afirmação de uma identidade brasileira, formada por mil nações, forte e festeira. É o povo brasileiro que fala de dentro da voz da Elza, direto do “país da fome”, que não é só de comida, com certeza, mas de novas relações sociais, sobretudo. Elza faz sua parte. Em meio a um mercado da música marcado pela presença estrutural de homens brancos, ela não só participa mais fortemente da construção desse álbum, a começar pela escolha das músicas, como abre espaço para outras mulheres. Da mesma forma, a banda agora não é só composta por homens e se somam Maria Beraldo no cla-
rinete e no clarone e Mariá Portugal, na bateria e percussão. Há ainda a superespecial e potente participação do grupo percussivo composto apenas por mulheres Ilú Obá de Min. A obra é coletiva, e Elza é a mulher. E a mensagem que capitaneia é não deixar ninguém de fora, é acolher as mulheres, que não precisam mentir dizendo que não dói; é não esperar, ser nós por nós, coragem, voz e grito! E pros mais resistentes, Elza sabe que ninguém vai sair incólume, que sua mensagem vai “pingar até em quem já me cuspiu, viu?!”. Deus é Mulher e Elza é esperança de que tudo pode melhorar a partir do nosso próprio levantar, enquanto mulheres, negras, povo brasileiro! *Elisa Maria é advogada e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Agenda Cultural Música
Maracatu na Várzea
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este sábado (07) acontece a segunda edição do MaracaGitot, realizado pelo Maracatu Real da Várzea,13h, no Casarão da Várzea, no Recife. O evento objetiva fortalecer a expressão cultural e popular no bairro da Várzea e pretende ocupar o casarão e utilizá-lo como uma ferramenta de difusão cultural. Apresentações culturais e oficinas, para que os participantes tenham contato com os instrumentos do maracatu, fazem parte da programação. O evento é gratuito.
Música
Festa
Aniversário MTST PE
N
o dia 14 de julho o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em Pernambuco, realiza festa de aniversário em comemoração aos seus três anos de atuação no estado. Na programação, microfone aberto para intervenções poéticas, intervenção de break dance, Coco Flor de Mulungo, DJs, entre outras atrações. Os ingressos custam R$ 10,00 e valem um número na rifa. A comemoração será no Mourisco, a partir das 13h, na Rua 27 de janeiro, Carmo, Olinda.
Balaiô Equilíbrio
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m Caruaru, nos dias 07 e 08 de julho, acontece o III Balaiô Equilíbrio, na Estação Ferroviária, no centro da cidade. O evento, que é aberto ao público, contará na programação dos dois dias com músicas, poesias, lançamento de livros, feira de artesanato com artistas locais e oficinas, além de outras atrações como a sexta, e última, eliminatória da edição do Slam Caruaru. No dia 07 o evento tem início às 14h e no dia 08 a partir das 9h, seguindo durante todo o dia.
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Qual é o Bairro?
Catarina de Angola
Palha do Arroz alha do Arroz é o nome dado a um P conjunto habitacional, no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife. Tem pouco mais de seis anos, mas carrega a história de muitas famílias que há anos lutam por uma moradia digna e que após anos de luta conquistaram suas casas no conjunto habitacional construído pelo governo municipal, por conta de uma obra de alargamento de uma avenida nas margens do canal do Arruda, local de moradia anterior da maioria das famílias. Chegar em Palha do Arroz é conhecer essa história pela voz das mulheres. São elas que contam que o nome da comunidade é em referência a uma fábrica de arroz, que o descascava e gerava a palha do arroz, e que quando o residencial foi inaugurado algumas delas defenderam o nome ao local. São elas também que gerem uma cooperativa de material reciclável, conquistada depois de muita mobilização de rua e negociação com o poder público, já que muitas delas eram ou ainda trabalham como carroceiras. Chegando em Palha do Arroz também e possível conhecer uma experiência em agricultura urbana, protagonizada mais uma vez pelas mulheres, em que elas organizaram a Horta Urbana Mulheres Guerreiras da Palha do Arroz, nomeada por elas mesmas que são donas de seus destinos e dão vida ao seu lugar.
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Variedades l 13
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CULTURA | 13
Cordelista cearense envia “Antologia do Golpe” a Lula
CORDEL. Coletânea, que reúne 19 livretos, trata do caso do triplex, golpe de 2016 e Operação Lava Jato Arquivo pessoal
“Antologia do golpe”, enviada a Lula (PT), aborda temas políticos dos últimos anos no país
Cristiane Sampaio, de Brasília (DF)
Detido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, há mais de 80 dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem recebido milhares de cartas de brasileiras e brasileiros que o apoiam. De mensagens de cidadãos comuns a documentos assinados por entidades e figuras de renome, passando por intelectuais, artistas e aliados políticos, o petista tem sido o destinatário mais cativo das correspondências que chegam atualmente à Polícia Federal em terras paranaenses. Nos próximos dias, um envelope especial deve se somar às milhares de cartas já enviadas a Lula: ele irá receber uma coletânea de cordéis postada diretamente de Juazeiro do Norte, na região do Cariri, no Ceará. É a “Antologia do Gol-
O cordel é jornalismo popular pe”, de autoria do cordelista Hamurábi Batista, que há 27 anos se dedica à literatura. O material reúne ao todo 19 cordéis, que foram produzidos nos últimos anos, no contexto da crise política que levou ao golpe de 2016 e seus desdobramentos. Segundo o autor, a ideia é que a criatividade típica da narrativa de cordel ajude o petista a dar mais leveza ao tema. “É um tema duro, não tem nada pra ficar alegre, mas a energia com que eu estou mandando é com tanto carinho
que acho que pode chegar até ele. Minha intenção é dar um pouco de alegria pra ele”, afirma. As histórias narradas na coletânea abordam os mais diferentes temas, como os protestos de 2013; a Operação Lava Jato; o golpe que levou à destituição da ex-presidenta Dilma Russeff (PT); a morte do ministro do Supremo Teori Zavaski; a condenação do petista José Dirceu; a reforma da Previdência; o petróleo brasileiro; a dívida pública e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL). Outros livretos trazem Lula como figura central das narrativas, abordando a sentença do caso do triplex e a perseguição política, judicial e midiática ao petista.
Livro
O pesquisador Alberto Perdigão, que acompanha o trabalho de Batista e ajudou no pro-
cesso de envio dos cordéis para Curitiba, destaca que o material tem grande relevância literária especialmente por oferecer um viés que contrasta com o discurso dos jornais tradicionais sobre o golpe. “O cordel é um dispositivo midiático in-
formativo que pode servir como mídia alternativa ao jornalismo hegemônico. Fiquei muito impressionado com a fertilidade dessa produção volumosa e de muita qualidade [da coletânea]. Não tenho a menor dúvida de que ele [Lula] vai gostar muito”. Hamurábi Batista busca atualmente um financiamento para tentar transformar a “Antologia do Golpe” em livro. Segundo ele, a ideia é disseminar ainda mais a narrativa sobre o golpe, para que mais leitores acessem, por meio do cordel, informações não divulgadas pela mídia tradicional. “O cordel é jornalismo popular. Ele tem uma força e um respaldo grandes. A partir disso, as pessoas que têm dúvidas podem esclarecer suas dúvidas através dessa linguagem”, complementa.
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14 | VARIEDADES
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O triste rumo do Roda Viva Entrevistadores cumpriam papel de inquisidores,demonstrando como andam as compreensões da mídia comercial Felipe Marcelino, Belo Horizonte (MG)
uvido muito que quem assistiu ao Roda Viva, da TV CulD tura, no último dia 25 de junho, que entrevistou a pré-candidata à presidência da República, Manuela D’Àvila (PC
do B), não tenha ficado no mínimo incomodado com o desrespeito e o baixo nível do programa. O programa de entrevistas - outrora respeitado - no ar da TV deu mais um passo para a sua irrelevância e decadência, mostrando a sua atual incapacidade de oferecer um debate amplo, diverso e construtivo para a audiência. Quem estava na bancada de entrevistadores - a maioria jornalistas - cumpria mais o papel de inquisidor do que o de alguém realmente interessado em conhecer as ideias e projetos da convidada para o país. Perguntas recheadas de clichês, lugares comuns, preconceitos e equívocos sobre a História, que demonstram muito como andam as compreensões da nossa imprensa comercial, sem falar na incapacidade de ouvir as respostas das próprias perguntas. Vale lembrar que entre os entrevistadores convidados pelo programa, estava um eleitor confesso de Bolsonaro, Frederico D’Ávila, que não fazia perguntas, mas sim provocações, dando opiniões como as de que o fascismo era de esquerda e a castração química como solução para o estupro. Estima-se que, numa entrevista de 70 minutos, Manuela D’Ávila foi interrompida 62 vezes, sendo que outros convidados homens, como Ciro Gomes, foi interrompido 8 vezes e Guilherme Boulos, 12. E isso tem um nome: manterrupting - a interrupção desnecessária enquanto uma mulher está falando. Esse é um tipo de recurso machista que visa frear ou atrapalhar a comunicação, o raciocínio e argumentos de mulheres e desmerecer as suas falas. Traduzindo: é mais um tipo de violência da qual mulheres são vítimas cotidianamente. E o programa foi exemplar nisso. Triste ver um dos poucos programas da TV aberta, com a tradição que tem, tomar esse rumo. Infelizmente, é o caminho trilhado por parte da imprensa e mídia brasileira: o da radicalização no extremo do não-debate, da não-divergência, da mediocridade e da não-democracia. Um abraço!
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ESPORTES | 15
Rei belga matou dez milhões no Congo; hoje, um filho de congoleses é ídolo da seleção COPA. Leopoldo II comandou a região no final do século XIX e escravizou nativos para exploração de recursos naturais
Divulgação/FIFA
Daniel Giovanaz
e Poliana Dallabrida, de Kazan (Rússia) genocídio comanO dado pelo rei belga Leopoldo II, no terri-
tório que hoje pertence à República Democrática do Congo, é uma das maiores barbáries da história contemporânea. Entre 1885 e 1924, estima-se que ao menos dez milhões de congoleses foram mortos em nome da exploração de recursos naturais, como marfim e látex, usado para produção de borracha.
Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta, equivalente a 0,896. O IDH da República Democrática do Congo é estimado em 0,435, o 13º mais baixo do mundo. Na virada do século 20, os africanos eram usados como escravos a serviço dos belgas. Castigos físicos e mutilações de pés e mãos eram usados para punir os trabalhadores que não alcançavam a meta de produção estipulada pelo rei. Legado perverso Um século após o genocídio, um filho de congoleses veste a camisa da
Castigos físicos e mutilações de pés e mãos eram usados para punir os trabalhadores Hoje, a Bélgica é a 15ª no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial e tem o 22º maior Índice de
Bélgica e enfrenta com gols o racismo – que persiste após a morte do rei Leopoldo. Romelu Lukaku, atacan-
Lukaku balançou as redes quatro vezes na Copa, e é a esperança de gols da Bélgica contra o Brasil
te do Manchester United, é filho de Adolphine e Roger Lukaku, que também foi jogador de futebol e brilhou em clubes belgas. No Anderlecht, principal time do país, o garoto alcançou entre 2006 e 2009 a incrível marca de 131 gols em 93 jogos. Nesta Copa do Mundo, com 25 anos, ele já balançou as redes quatro vezes. Em entrevistas concedi-
das pouco antes da competição, Lukaku contou que passou fome durante a infância e foi discriminado pela cor da pele no início da carreira. Com talento, força física e frieza nas finalizações, ele é um dos atletas mais promissores e disputados no mercado europeu. A excelente campanha da Seleção Belga também depende de ou-
tros jogadores com raízes africanas. Os meias Fellaini e Chadli, que marcaram gols na classificação histórica contra o Japão, têm ascendência marroquina. A Bélgica será o próximo adversário do Brasil no Mundial. O confronto entre as duas equipes, válido pelas quartas-de-final, acontece em Kazan, a 800 km da capital Moscou.
Direto da Rússia: Seleção anfitriã está a um jogo de igualar melhor campanha da URSS Fifa
COPA. Desempenho da atual geração surpreende até os torcedores mais otimistas Daniel Giovanaz, de Kazan (Rússia)
A
Seleção Russa está a uma vitória de igualar a melhor campanha da história da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em uma Copa do Mun-
Desde a abertura para o capitalismo, a Rússia nunca tinha disputado a fase de mata-matas de uma Copa do Mundo de Futebol
do. O antigo esquadrão, liderado pelo goleiro Lev Yashin, conquistou um quarto lugar no Mundial de 1966, na Inglaterra. Desde a abertura para
o capitalismo, na década de 1990, a Rússia nunca tinha disputado a fase de mata-matas. O desempenho da atual geração surpreende até os torcedores
mais otimistas. Antes da Copa, a equipe chegou a ficar oito meses sem vencer um jogo sequer. A classificação nos pênaltis sobre a favorita Espanha, nas oitavas-de-final, provocou um delírio coletivo que só o futebol é capaz de proporcionar. Em algumas cidades-sede, foram mais de cinco horas de buzinaço ininterrupto após a defesa do goleiro Akinfeev, que decretou a vitória. Para seguir fazendo his-
Antes da Copa, a equipe chegou a ficar oito meses sem vencer um jogo tória no Mundial, os anfitriões enfrentam a Croácia, neste sábado, pelas quartas-de-final. Quem vencer, está garantido entre os quatro melhores e encara Suécia ou Inglaterra na fase seguinte.
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NA GERAL Reprodução Internet
GettyImages
WilliamsAguiar
GOL DE PLACA Nordestinos têm decisão na Série D Pedro Chaves
Pernambucano luta no UFC
Náutico faz “peneira”
Sport joga em Chã Grande
este domingo (8) o Na noite deste sáN bado (7) o pernam- NNáutico realiza uma O bucano, Raphael Assun- manhã de seletiva para ção, entra no octógono do UFC para enfrentar o norte-americano Rob Font. Aos 35 anos, o recifense, especialista em muaythai, vem em crescente, com três vitórias consecutivas, sendo a última em novembro, quando nocauteou Matthew Lopez e conquistou o prêmio de “performance da noite”. Assunção tem 1 m e 65 cm de altura e luta na categoria peso-galo (até 61kg). A noite tem ainda o brasileiro Paulo “Borrachinha”, com cartel de 11 vitórias e nenhuma derrota, enfrentando o jamaicano Uirah Hall, pelos pesos-médios.
observar atletas para compor o time alvirrubro que vai disputar o campeonato Pernambucano feminino de futebol. A “peneira” tem início às 9h, no Centro de Treinamento do Náutico, que fica às margens da BR101, bairro da Guabiraba, Recife. As selecionadas terão um mês de treinos até o estadual, previsto para agosto. As jogadoras devem levar seu material: chuteiras, meiões, calção e uma camisa de preferência branca. O telefone para contato é do treinador Jeronson França, o “Jera”: (81) 998050952.
A CALMARIA AINDA NÃO CHEGOU Filipe Spenser
filipespenser@gmail.com
time feminino de futebol do Sport tem jogo neste sábado (7), às 15h, no Estádio Barbosão, município de Chã Grande, a 82 km do Recife. Com nove pontos em oito jogos, as rubro-negras fazem uma campanha irregular, mas até então suficiente para estar no G4. As Leoas têm sido “beneficiadas” pelas campanhas também irregulares de Ferroviária-SP e São José-SP, ambas com os mesmos 9 pontos do Sport. Já Corinthians-SP, Iranduba-AM e Kindermann-SC dispararamna frente. O duelo do Sport nesta 9ª rodada é contra o São Francisco-BA, que ocupa a 7ª posição com apenas 5 pontos
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om boas campanhas, quatro clubes nordestinos chegaram entre os oito finalistas da Série D deste ano. Ferroviário-CE, Imperatriz-MA e os paraibanos Campinense e Treze disputam as vagas na Terceira Divisão de 2019. O Treze-PB e o Imperatriz-MA venceram por 1x0 seus duelos em casa contra o Caxias-RS e o Manaus-AM, respectivamente. Agora visitam os adversários precisando empatar para subirem. Os jogos são no domingo às 16h e 18h. Já o Ferrão e o Campinense duelam por outra vaga. No Ceará deu Ferroviário por 3x2. Agora a Raposa busca a virada em Campina Grande, às 20h da segunda-feira.
GOL
CONTRA
Repórter pernambucano agredido na Rússia Reprodução\Internet
A
pós a vitória do Brasil por 2x0 sobre o México, o jornalista André Gallindo, da Globo/SporTV, foi agredido por dois torcedores brasileiros enquanto tentava gravar. Segundo relatos, um dos torcedores jogou cerveja em Gallindo e outro chegou a empurrar o repórter. Um dos dois vestia a camisa do Flamengo, o que gerou um debate sobre o motivo da agressão. André Gallindo co-autor do livro “1987: de fato, de direito e de cabeça”, lançado no ano passado, em que afirma a legitimidade do título do Sport no Brasileiro de 1987, o que é contestado há 30 anos pelo Flamengo.
VAI COM DEUS BACALHAU!
Mexe-mexe
Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com
daniel.lamir@brasildefato.com.br
Daniel Lamir
“Bacalhau”? Se a resposta é “não”, você deve estar torcendo pelo time errado. Bacalhau era torcedor símbolo do Santa Cruz. Sob chuva ou sol, à noite ou à tarde, era fácil encontrá-lo nas arquibancadas de sócios do Arrudão. Que falta vai fazer! E partiu sem ver seu time na melhor das condições. O Tricolor até voltou ao G4, mas que Série C ingrata, não é, Bacalhau?! Você vai torcer ao lado do único que pode ajudar nosso time! Vai pedir diretamente ao Todo Poderoso pra dar uma forcinha ao nosso Mais Querido! Vai com Deus Bacalhau, mas mande sempre energias positivas. Do lado de cá, seguimos na torcida para que esse elenco possa representar bem o clube que tanto amastes por 77 anos
ganhou de quase ninguém. O resultado foi uma verdadeira dança das cadeiras na escalação do time titular para tentar encontrar um ponto ideal no Pernambucano e na Copa do Brasil. A partir da terceira rodada do Brasileirão, o Sport resolveu mudar o lado do disco. A era Claudinei Oliveira começou com a marca registrada de assustar bichos-papões e arrancar pontos pouco acreditados. Contudo, eis que o Sport volta ao mexe-mexe no time titular. A proposta não é mais encontrar o ponto ideal do time, mas, ao contrário, evitar que se desfaça. O mexe-mexe na escalação é uma pedrinha na chuteira do time. Vez por outras, transferências e contusões estão mudando a lista dos onze.
início turbulento do Náutico na Série ocê conhecia o Sr. Jairo Mariano da ditado popular de que “time que ganha O C parece estar ficando para trás, junto VSilva? Se sua resposta é não, eu com- Onão se mexe” ganhou novos ares na com a primeira fase da competição. Na vol- preendo. Mas se trocarmos esse nome por Ilha. Até o início do Brasileirão, o Sport não ta do turno o time iniciou uma sequência de bons jogos que acabou coroada pela merecida vitória diante do Atlético Acreano, líder do campeonato. Reflexo do bom momento é a disputa sadia em escolher os titulares para o próximo jogo, mesmo com os desfalques de Lelê e Rafael Ribeiro, ambos por lesão. Ortigoza e Camacho devem substituir os machucados, mas abre-se espaço para discussão sobre como e se deve ocorrer a entrada de Wallace Pernambucano no time. Entretanto, a boa fase não significa vida fácil, pois dos próximos 6 jogos, 4 serão fora de casa e a garantia matemática da classificação com 27 pontos passa pela obtenção de pontos fora de casa. É manter o foco.