BdF PE - Edição 69

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Vinícius Sobreira

Jaime Amorim

Grito dos Excluídos

Depois de 26 dias em greve de fome por justiça, militante do MST comenta eleições e defende candidatura de Lula

Movimentos religiosos e populares vão às ruas contra desigualdade e violência

Pernambuco

ENTREVISTA | 11 PH Reinaux

CIDADES | 10

Recife, 31 de agosto a 06 de setembro

ano 2

edição 69

distribuição gratuita

Por que todos querem Lula? Leonardo Milano Mídia NINJA

OPINIÃO | 05 Visibilidade Lésbica Dia 29 foi dia de combate ao preconceito, à discriminação e à violência

CULTURA |13

VARIEDADES |15

Festa Literária Alto do Moura acontece pelo segundo ano em Caruaru

Aprenda a fazer o delicioso bolo que ajuda o seu intestino a funcionar bem

Literatura

Receita da Alegria


2 | OPINIÃO

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Brasil de Fato PE

EDITORIAL

Desigualdade gera violência: basta de privilégios! MOBILIZAÇÃO. A 24ª edição do “Grito dos Excluídos” sai às ruas no próximo dia 7 de setembro

A

o longo dos seus 24 anos de existência, o Grito dos Excluídos vem se consolidando como um reconhecido processo de resistência, tanto pelas lideranças religiosas e políticas, movimentos sociais, sindicais, estudantis e populares que participam desde o início do seu processo de organização e realização, como também é referenciado pelo conjunto da sociedade que vai às ruas no 7 de setembro para denunciar a exclusão social e as desigualdades sofridas pelo povo brasileiro cotidianamente. Este ano o Grito tem como tema: “Desigualdade gera violência: basta de privilégios”, em sintonia com as pesquisas que revelam ser a desigualdade e a violência progressivos problemas sociais, com profundas implicações para o pleno desen-

Este ano o Grito tem como tema: “Desigualdade gera violência: basta de privilégios” volvimento da vida. Dados divulgados pela ONG britânica OXFAM, em janeiro de 2018, indicam que, no mundo, 61 pessoas bilionárias detêm uma riqueza igual a 50% da população. No Brasil, cinco bilionários concentra a riqueza equivalente ao que tem metade da população brasileira. Importa destacar também que a taxa média anual de desemprego subiu de 11,5% em 2016, para 12,7% em 2017, contabilizando no Brasil 13,2 milhões de

desempregados (IBGE 31/01/2018). Já o Mapa da Violência de 2016 mostra que, no Brasil, cinco pessoas são mortas por hora, com arma de fogo, ou seja, 120 por dia. Além disso, com 726 mil pessoas presas, o Brasil é o terceiro país no mundo com mais encarcerados, depois dos EUA e China. Destes, 64% têm entre 18 e 29 anos de idade e 40% são presos provisórios, sem condenação judicial. Os dados são do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias divulgado em dezembro de 2017, pelo Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça. Além das questões de ordem econômica e social, o Grito dos Excluídos vem exercendo um forte papel de crítica à condução política do país. Em 2017, por exemplo, o evento teve como síntese política a defesa da de-

Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: pautape@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Marcos Barbosa, Rani de Mendonça, Vanessa Gonzaga e Vinícius Sobreira. | Revisão ortográfica: Júlia Garcia Colaboração: André Barreto, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Bianca Almeida. Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruno Ribeiro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Geraldo Soares, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Carlos de Oliveira, José Fernando de Melo, Fernando Lima, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho, Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Margareth Albuquerque (in memorian), Marluce Melo, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rogério Almeida, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis. Tiragem: 20 mil Exemplares

mocracia e a luta contra os retrocessos dos direitos sociais, situando o debate no contexto do golpe de Estado que tem se consolidado no Brasil desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Assim, o 7 de setembro, para além de um dia de festa e celebração, foi se tornando também em um dia de consciência política de luta por transformações sociais, ao mesmo tempo em que cumpre o papel de denunciar o modelo de sociedade capitalista que concentra as rendas e riquezas e condena milhões de trabalhadores e trabalhadoras à exclusão social. Entre as expectativas para o Grito que se avizinha estão a possibilidade de proporcionar um dia de reflexões sobre a conjuntura brasileira atual e as suas implicações para a vida do povo brasileiro. Entretanto, coloca-se como primordial o diá-

O Mapa da Violência de 2016 mostra que, no Brasil, cinco pessoas são mortas por hora logo com os trabalhadores e trabalhadoras sobre a necessidade de tomar o destino do país nas próprias mãos. Em Recife, o grito sempre foi esse momento para reagir e não será diferente neste ano, com os movimentos sociais, populares, estudantis, sindicais e partidos nas ruas. A concentração do ato será às 9h, na Praça do Derby e percorrerá as Avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes. CHARGE


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FRASE da semana

GERAL l 3

mandou

BEM reprodução

A única batalha perdida é a que não se faz Adi Spezia

Jaime Amorim, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no ato de encerramento da Greve de Fome por Justiça no STF, que durou 26 dias.

O que você leva em conta na hora de escolher um candidato?

Tele Sur na África partir dessa sexta (31), 25 A países do continente africano poderão assistir a programa-

ção da TeleSur. Criada em 2005, a rede de TV multiestatal funciona num acordo entre os governos a Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia e Uruguai. A transmissão acontece em parceria com a Moja Group, uma empresa de mídia que pretende resgatar a a história do continente africano de forma descolonizada.

mandou

MAL

Agência Brasil

A

trajetória política do candidato, que passa pelo seu comprometimento enquanto cidadão e agente político com um projeto democrático e popular de sociedade. E que, por sua vez, está vinculado a um partido político. Deve existir coerência entre o candidato, o partido, e o projeto de sociedade que ele defende, que seja inclusivo e de qualidade social.” Neuma Guedes, professora.

Show de horrores m entrevista ao Jornal NaE cional na última terça (29), o presidenciável Jair Bolsona-

ro (PSL) veiculou notícias falsas, como o “9º Seminário LGBT Infantil” na Câmara de Deputados, que nunca aconteceu, e a compra do livro “Aparelho Sexual e Cia” pelo Ministério da Educação, o que não é verdade e foi desmentido pelo próprio MEC em 2016. Bolsonaro também afirmou que policiais que matarem com “dez ou trinta tiros cada (suspeito)”, devem ser condecorados e não processados.


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4 ||Mundo GERAL

Por mais mulheres na política om a chegada do mês de setembro, se iniciam os C preparativos para as atividades e paradas da diversidade em Pernambuco. No dia 09 de setembro (domin-

go), será realizada a 2ª Parada da Diversidade de Olinda. A concentração começa ao meio dia, na Praça 12 de Março, com saída às 14 h. A parada contará com três trios elétricos com apresentações de Andrezinho Balada, Lilith Mixx, Eliza Mell e Dj Braw. No domingo seguinte (16) acontece a 17ª Parada da Diversidade de Pernambuco, que este ano vem com o título “#QualASuaPlataforma? – Defenda a Democracia e os direitos LGBT!”. A parada será na Av. Boa Viagem, zona Sul do Recife, a partir das 9h e é uma realização do Fórum LGBT de Pernambuco.

ESPAÇO SINDICAL Sindmetal-PE conquista vitória em negociação

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Setembro da Diversidade Vinicius Sobreira

O

rganizações feministas realizam neste sábado (01) o Encontro Mulheres na Vida, com uma discussão com o tema “Eu luto, eu resisto – Mulher na Política”. A atividade acontece na sede do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), na rua Gervársio Pires, bairro da Boa Vista, em Recife, com início às 14h30. A ação é organizada pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Vozes Marias e Marcha Mundial de Mulheres (MMM) – Núcleo Soledad Barrett. Durante os meses de setembro (15) e outubro (20), o Núcleo Soledad Barrett também realiza etapas da sua III Escola de Formação Feminista Popular, com debates aliando o feminismo popular em diálogo com as necessidades da atualidade e massificação do Congresso do Povo.

Direitos de Fato

Divulgação

O

Sindmetal-PE conseguiu mais vitórias nas mesas de negociação. Na quarta rodada de negociações entre os trabalhadores/as metalúrgicos/as e os empresários do setor, realizada dia 29, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco conseguiu barrar o banco de horas e o sistema de produção 12x36. Na semana anterior, já haviam sido alcançadas três vitórias que barraram a redução de salário e carga horária, a redução da hora de almoço em 30 minutos e gestante e lactante trabalharem em locais insalubre e perigosos.

Sintepe realiza conferência sobre educação erminou nesta sexta-feira T (31), a 14ª Conferência de Educação do Sindicato dos/

as Trabalhadores /as em Educação de Pernambuco (Sintepe), em Gravatá. O Sintepe se prepara para o enfrentamento aos reflexos negativos da reforma trabalhista, bem como os impactos tecnológicos, que estão cada vez mais presentes no dia a dia dos profissionais da educação. Participam da conferência representantes de todo o estado de Pernambuco. Na conferência, o Dieese promoveu palestra que debateu educação, tecnologia e a reforma trabalhista.

Dimensões da presunção de inocência: Lula tem direito de ser candidato? omo discutido na coluna passada, no julgamento do Habeas C Corpus do ex-presidente Lula, o STF relativizou o princípio da presunção de inocência, cuja previsão constitucional é a de que “nin-

guém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Para enfrentar tal decisão jurídica arbitrária e de exceção, visto que impacta também mais de 300 mil pessoas hoje presas antes do trânsito em julgado, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) lançou no mês de julho a Campanha em Defesa da Presunção de Inocência, tendo como uma de suas ações a coleta de assinaturas de cidadãos em abaixo-assinados, os quais serão levadas e entregues ao STF em setembro, na ocasião da posse do novo presidente, Min. Dias Toffoli. Como amplamente debatido, essa relativização feita pelo STF teve por objetivo retirar o ex-presidente Lula das eleições deste ano, violando assim também o seu direito político de ser candidato. Com a campanha eleitoral já em curso, é notório como a manutenção de seu encarceramento ilegal o tem impedido de participar de entrevistas, debates e rodar o país fazendo campanha, apesar do apoio popular ao seu nome só crescer nas pesquisas de opinião. O impedimento de Lula participar das eleições deste ano, portanto, também é uma forma de afronta à presunção de inocência e de rompimento de nossa ordem democrática, pois esse impedimento está baseado na sua condenação ainda não transitada em julgado. Todos são inocentes até que se prove o contrário, de forma que Lula também tem direito de ser candidato. *André Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).

Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173


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Artigo

Artigo

Alckmin: o candidato fantasma Aristóteles Cardona*

M

ichel Temer, apesar de seus 3% por cento de aprovação, está presente em várias candidaturas a presidente. Na de Henrique Meirelles, seu candidato oficial que não disputa pra valer; na de Bolsonaro e seu economista ultraliberal Paulo Guedes, que quer privatizar tudo; na de Alckmin,

É constrangedora a situação do candidato do PSDB que conta com a maior parte da base do governo de Temer, entre outros. Poderíamos escrever horas sobre isto, mas volto a falar da candidatura de Geraldo Alckmin. É constrangedora a situação do candidato do PSDB. Não tem o menor carisma e não conhece nada da realidade do país. Não cresce nas pesquisas e seus aliados regionais fazem de tudo para escondê-lo. É praticamente uma candidatura fantasma. Nos últimos dias, o Alckmin esteve aqui em Petrolina para o lançamento das candidaturas a deputado dos filhos de Fernando Bezerra Coelho, seu atual líder no senado. Veio, foi embora e pouco apareceu. Seus aliados

OPINIÃO I 5

Mulheres lésbicas: visibilizar é preciso! Sidney Mamede* Deyse Araújo*

mal o mencionaram. Todos fingindo que ele não estava aqui. Não fosse um vídeo que vazou na internet no qual ele aparece de chapéu de vaqueiro, tentando se mostrar familiarizado com as coisas do sertão, e a Dona Marluce ao fundo explicitando que “o candidato dela é o Lula”, poucos saberíamos de sua presença no sertão. Outro exemplo está na eleição para o governo do estado. O candidato de Lula é o Paulo Câmara, do PSB. Mas o candidato da oposição, Armando Monteiro, que tem na sua chapa o PSDB, o partido de Alckmin, tenta confundir o povo pernambucano. Coloca imagens de Lula em sua propaganda e até tem como marca de campanha, vejam vocês, uma estrela laranja. Tudo com vistas a confundir. Estratégia de sua equipe de marketing. Mas, voltando ao Alckmin, o candidato fantasma, segue sua sina de tentar crescer. Enquanto isso, a candidatura do PT, de Lula e Haddad, segue subindo nas pesquisas. Hoje, podemos dizer que o principal cenário aponta para um segundo turno entre a candidatura do PT e alguma outra que represente as forças do atraso. Seja Alckmin ou seja Bolsonaro. Independente do adversário, chamo a atenção de que estamos diante da concreta polarização de classes na sociedade brasileira. Nossa candidatura contra a deles. Sem guardar ilusões, afinal a justiça e a mídia seguem diariamente jogando contra a candidatura de Lula e Haddad, precisamos nos preparar para esta batalha. Sigamos atentos, pois a luta segue árdua. Mas, temos a razão ao nosso lado. * é Médico de Família no Sertão pernambucano, professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.

Dia Nacional da VisibiliO dade Lésbica foi instituído em 29 de agosto de 1996,

quando mulheres lésbicas se reuniram no I Seminário Nacional de Lésbicas para debater suas pautas, tornando-se uma data de resistência à lesbofobia, isto é, ao preconceito, à discriminação e à violência contra lésbicas. Vinte e dois anos depois, pouco se avançou. Nós, lésbicas, seguimos sub-representadas,

cas impossibilita uma análise mais qualitativa e consequentes ações de combate à discriminação. O dossiê inédito publicado este ano, Lesbocídio - a história que ninguém conta, da UFRJ, trouxe dados alarmantes sobre casos de assassinatos e suicídios de lésbicas no Brasil, reforçando a necessidade de políticas públicas que protejam nossas vidas. A negação da nossa sexualidade nos coloca em constante situação de risco. O ato de sair às ruas de mãos dadas com outra mulher pode ser ao mesmo tempo libertador e assustador; frases como “não gosta porque nenhum homem te pegou direito” e “quem é o homem da relação?” mostram como estamos longe de nos sentirmos seguras.

A invisibilidade segue inclusive em espaços LGBTs seja nos espaços de poder ou na mídia. Temos nossas relações afetivas negadas, ao passo que somos hipersexualizadas e colocadas como objeto de fetiche dos homens. Nosso prazer sexual é um mito, ainda relegado ao imaginário masculino. Como uma das consequências desse tabu, não se tem acesso à saúde pública especializada, a exemplo da prevenção de DST’s entre mulheres do mesmo sexo. A invisibilidade segue inclusive em espaços LGBT’s, onde o desafio é enfrentar, além da lesbofobia, o machismo e toda sua estrutura patriarcal. A carência de dados relacionados à violência contra lésbi-

Falar de visibilidade é um grande desafio, sobretudo com o avanço do conservadorismo. Mas, é necessário que o direito à fala e à expressão se faça valer, que sejamos protagonistas da nossa história, que estejamos nos espaços de poder, e que todo e qualquer espaço seja ferramenta para visibilizar nossas demandas. Queremos romper o silenciamento, viver o amor sem medo e resistir, para que nossa existência tenha corpo e voz, sendo eco para todos os outros dias de resistência e luta contra a lesbofobia. *Contabilista, militante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e da Consulta Popular.


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Existe solução para a segurança pública no Brasil?

ELEIÇÔES. Organizações da sociedade civil apresentam propostas para enfrentar os desafios do setor G. Dettmar

sentantes dos candidatos.

Política de drogas e armas

“Uma mentira não é capaz de destruir com uma relação de 40, 50 anos com o povo”, disse Fernando Haddad, candidato a vice de Lula.

O Brasil fechou o ano de 2016 com a marca de 61 mil homicídios Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF) ão há dúvida de N que a segurança pública é um dos prin-

cipais desafios do país e está em praticamente todas as listas de prioridades da população nessas eleições. Não seria para menos. O Brasil fechou o ano de 2016 com a marca de 61 mil homicídios, 70% deles cometidos com arma de fogo. Some-se a isso o registro de 49 mil casos de estupro e uma mulher morta a cada duas horas. São índices que superam até mesmo o de países em guerra, como a Síria. Ao mesmo tempo, a população carcerária só cresce e já está entre as três maiores do mundo, sem que isso signifique o fim da violência. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apesar da “imensa quantidade

Nos últimos 11 anos, a população carcerária do país cresceu mais de 180% de mortes violentas registradas anualmente”, do total de detentos no país, apenas 11% estão na prisão por causa de homicídio. Além disso, a grande maioria dos estados nem sequer possuem dados estatísticos sobre investigação e julgamento de quem comete esse tipo de crime, o que poderia ajudar na construção de indicadores para esclarecer melhor as motivações e ajudar a reduzir o número de mortes violentas. O Fórum, em parceria com o Instituto Igarapé e o Instituto Sou

da Paz lançaram o documento “Segurança pública é solução” com diversas propostas agrupadas em sete grandes eixos. O texto também foi revistado por oito dos principais especialistas do país no tema. A ideia central é prevenir e reduzir os chamados crimes violentos e enfraquecer as estruturas do crime organizado. A plataforma tem sido entregue diretamente aos candidatos à Presidência da República. Além disso, um evento realizado em Brasília essa semana debateu medidas para o setor com repre-

Entre os temas elencados pelas entidades, está a necessidade atualizar a política de drogas no país, baseada em forte criminalização do usuário e dos pequenos traficantes. A proposta é retirar o consumo de drogas das esfera criminal, criando critérios claros para distinguir uso do tráfico e investir em programas de prevenção e tratamento do abuso de substâncias. “Deixar de considerar o uso de drogas um crime tem impacto positivo tanto para a saúde quanto para a reorientação da ação policial, que pode focar sua atenção em crimes violentos”.

Sistema carcerário e penas alternativas Nos últimos 11 anos, a população carcerária do país cresceu mais de 180%, sem que os crimes fossem reduzidos na mesma proporção. Além disso, com a falta de estrutura nas prisões e o controle de boa parte delas por facções criminosas, o processo de recuperação de pessoas que cometem crimes ficou comprometido, avaliam as organizações que atuam no tema da segurança pública. No documento apre-

sentado aos candidatos, eles sugerem a adoção de uma política de alternativa à pena de prisão. “Possibilitar outras formas de punição para quem não comete crimes violentos é o principal caminho para efetivamente responsabilizar todos que cometem crimes, sem superlotar os presídios”, diz um trecho da plataforma.

Mais inteligência, menos truculência Uma combinação entre valorização policial com foco na investigação e no combate aos crimes violentos é o que deve mudar na atuação das polícias brasileiras, segundo o documento do Instituto Sou da Paz, Instituto Igarapé e Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Para melhorarmos as ações de investigação são necessárias ações como o estabelecimento de metas estaduais de redução de mortes violentas, alocação de efetivo onde mais ocorrem crimes e investimentos na modernização de equipamento e atualização das técnicas de perícias criminais. É importante também priorizar a formação policial orientada à proteção da vida e ao esclarecimento de homicídios”, sugere a plataforma, que propõe ainda a criação de uma Escola Nacional de Segurança Pública, para a formação de policiais e gestores.


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Presidenciáveis esquecem de reforma agrária no plano de governo ELEIÇÕES. Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin não tratam do assunto, segundo pesquisador Marcelo Camargo/Agencia Brasil

Ciro Gomes escolheu a ruralista Kátia Abreu como vice de chapa.

Por Porém.net Reforma AgráA ria não tem sido alvo de debates entre

os presidenciáveis. Apenas quatro deles colocam o tema em seus planos de governo: Guilherme Boulos (PSOL), João Goulart Filho (PPL), Lula (PT) e Vera (PSTU). As outras nove candidaturas não abordam o tema em suas plataformas. A reforma, inclusive, tem sido abandonada desde que o presidente Michel Temer (MDB) assumiu o

Os números de Temer equivalem apenas 2,4% da média anual dos governos Lula e Dilma

poder em 2016. Apenas 2.800 famílias assentadas nos últimos dois anos. Um número muito tímido diante da demanda 1,15 milhão de famílias que precisam de terra. Os números de Temer equivalem apenas 2,4% da média anual dos governos Lula e Dilma, de 57,5 mil assentamentos por ano. Os dados são do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e foram consultados pelo Instituto Lula por meio da Lei de Acesso à Informação. Além da falta de novos assentamentos o país tem sofrido com a evasão nas áreas rurais. De acordo com dados do Censo, a população ocupada no campo caiu de 23.394.919 em 1985 para 15.036.978 em 2017. O agronegócio modernizou o rural, o número de tratores saltou de 665.280 para 1.228.634 no mesmo período, mas isso

As outras nove candidaturas não abordam o tema em suas plataformas não eliminou a necessidade de uma radical democratização do acesso à terra. Para o economista do Incra e colunista do Brasil Debate, Gustavo Noronha, essa situação não tende a mudar caso Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) ou Henrique Meirelles (MDB) assumam o poder. “Os contrários a esta pauta alegam que seria uma agenda superada, que não haveria demanda para tal política pública. É preciso lembrar que o Estatuto da Terra (lei 4.504 de 30 de novembro de 1964) estabelece como objeti-

vo da reforma agrária eliminar o latifúndio e o minifúndio”, pontua Noronha. Já das quatro propostas de reforma agrária, o PT fala em revisão dos índices de produtividade, ITR progressivo no tempo, regularização fundiária de comunidades tradicionais e demarcação de terras indígenas. Já o PSTU apresenta uma proposta proclamatória sem qualquer indicativo de qual caminho seria adotado, compreensível para quem advoga a revolução não detalhar seus planos junto à institucionalidade.

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Campanha Nacional 2018


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Todos querem LULA

8 | PERNAMBUCO

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PERNAMBUCO l 9

ELEIÇÕES. Em debate entre os candidatados ao governo de Pernambuco, o ex-presidente foi citado por todos, mas nenhum o criticou Ricardo Stuckert

Assessoria Dani Portela

Ricardo Stuckert

Debate realizado entre os candidatos ao governo

Vinícius Sobreira

a terça-feira (28) N houve o primeiro debate entre os candi-

datos ao Governo de Pernambuco. Dos sete postulantes ao Palácio do Campo das Princesas, participaram os quatro primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Paulo Câmara (PSB, candidato da Frente Popular de Pernambuco); Armando Monteiro (PTB, da chapa Pernambuco Quer Mudar), Maurício Rands (PROS, da chapa O Pernambuco que você quer) e Dani Portela (PSOL, da chapa A Esperança não tem medo). A Rádio Jornal realizou o debate. Com o governo mal avaliado, Paulo Câmara (PSB) foi o principal alvo dos adversários. Os temas de saúde, segurança e obras estruturais foram as pautas mais frequentes dos opositores, enquanto a educação - área priorizada na propaganda do PSB - foi mencionada apenas uma vez, trazida justamente pelo governador. Sobre o tema, Câmara reafirmou que a edu-

cação pública de Pernambuco é referência nacional e tem a menor diferença do país em relação ao desempenho das escolas privadas. Armando Monteiro (PTB) retrucou que 13,4% da população do estado é analfabeta e que o governo poderia estimular os municípios a investirem no Ensino Fundamental.

Lula ovamente candidato e N com uma intenção de votos que beira os 70% em Per-

nambuco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve seu nome mencionado por todos os candidatos - mas nenhum o criticou. Armando Monteiro (PTB), que dá palanque a Alckmin (PSDB) no estado, se disse “leal” ao petista. Dani Portela (PSOL), por sua vez, disse que seu partido “é de esquerda e esteve ao lado de Lula e Dilma”. Maurício Rands (PROS) foi um pouco crítico, ao dizer que “Lula não é candidato”, mas noutro momento lembrou que já foi líder do Governo Lula na Câmara Federal. Paulo Câmara, por sua vez, falou várias vezes que é aliado de Lula “para Pernambuco voltar a ter investimentos”.

Dilma, o impeachment e Temer á o rótulo de aliado J de Temer foi jogado de um lado para o outro, entre Armando Monteiro e Paulo Câmara. O senador do PTB lembrou ter votado contra o impeachment, disse que Paulo Câmara “tem responsabilidade na origem do Governo Temer” e questionou se o governador se arrepende de ter apoiado a retirada de Dilma Rousseff (PT) em 2016. Paulo Câmara tentou se defender. “Sabemos que o impeachment não foi bom para o Brasil. Mas naquele momento o meu partido avaliava que o ideal seria a saída dos dois, Dilma e Temer, para termos eleições diretas”, disse. O governador também retrucou que hoje já fez as pazes com o PT, enquanto Monteiro seria aliado de Temer. “Seu pa-

lanque apoia tudo o que o presidente Temer implantou no Brasil. Inclusive os ministros de Temer são candidatos a senador na sua chapa”, disse Paulo Câmara. O governador continuou, mencionando inclusive um “traidor” de seu partido, o deputado Fernando Filho (ex-PSB, hoje no DEM). “Ele assumiu um ministério [o das Minas e Energia] contra a vontade do meu partido. Inclusive ele hoje é seu aliado [de Armando Monteiro]. Fernando Filho fez um desserviço para o Brasil. Ele aumentou o preço da gasolina, do gás de cozinha e tentou privatizar a Eletrobras/Chesf. A turma do Temer está no seu palanque”, disse Paulo Câmara. Maurício Rands (PROS) também apontou a re-

lação de Armando Monteiro (PTB) com Temer. Rands perguntou ao senador como ele avaliava as atuações de Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) como ministros de Temer. A dupla hoje é candidata ao Senado na chapa de Armando. Na encruzilhada, o petebista preferiu elogiá-los. “Avalio muito bem. Não podemos ter preconceito. Me sinto honrado de caminhar ao lado deles”, disse, opinando ainda que Mendonça teria sido um grande ministro da Educação - apesar deste ter cortado verbas para a educação pública e algumas universidades terem passado meses fechadas por falta de recursos. O advogado taxou ainda a chapa de Armando Monteiro, da coligação “Pernambuco Quer Mu-

dar”, como “um palanque predominantemente conservador”, lembrando que ao lado de Monteiro estão o PSDB, o DEM e até o PSL de Jair Bolsonaro. “E você ainda se apresenta dizendo que vota em Lula”, reclamou Rands. O advogado, por sua vez, foi cobrado por Dani Portela (PSOL), que apontou a contradição de Rands se colocar como oposição a Paulo Camara, mas seu partido [o PROS] continuar com cargos no governo. O debate teve pouco mais de uma hora, dividido em quatro blocos: dois em que os candidatos faziam perguntas entre si e dois blocos em que os candidatos respondiam a perguntas de jornalistas. Ficaram de fora do debate os candidatos Julio Lossio (Rede), Ana Patrícia Alves (PCO) e Simone Fontana (PSTU).

Saúde obre a saúde, Paulo Câmara foi coS brado pela promessa feita em 2014 de que construiria quatro novos hospitais

no estado. “Promessas não cumpridas diminuem a credibilidade da política. A saúde está um caos”, criticou Maurício Rands (PROS), que se apresentou como “candidato de esquerda” e que lutaria para Pernambuco “se emancipar da Casa Grande”. Paulo Câmara (PSB) culpou a redução de repasses do Governo Federal para a saúde pública. “Há quatro anos os custos da saúde eram divididos meio a meio [entre governos estadual e federal]. Mas hoje Brasília só repassa o suficiente para 25% dos gastos e nós temos que colocar os 75%”, reclamou o governador.

Segurança Pública obre segurança pública e violência faS laram Armando Monteiro (PTB) e Dani Portela (PSOL), concordando que o estado

precisa atuar em dois âmbitos: o da prevenção e o da repressão. A socialista falou da necessidade de investimento em inteligência policial, “já que temos um número altíssimo de crimes não solucionados” e criticou o Pacto Pela Vida. “Não foi pelas nossas vidas. A juventude pobre, negra, das periferias, continua sendo assassinada e encarcerada por esse estado violento”. Ela também pontuou a necessidade de gerar emprego como forma de reduzir a violência. Sobre feminicídio ela propôs mais delegacias da mulher e a inserção ao mercado de trabalho como forma de reduzir a violência contra a mulher.


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10 I CIDADES

Brasil de Fato PE

24ª Grito dos Excluídos levanta temas como desigualdade e violência

LUTA. Organizado por movimentos religiosos e populares, o ato leva milhares de pessoas às ruas Vinícius Sobreira

Vanessa Gonzaga, de Petrolina

esde 1995, o dia 7 D de setembro é uma marca da luta social no país. É no dia da comemoração da independência do Brasil que pastorais sociais e movimentos populares vão às ruas para debater com a sociedade e se manifestar sobre temas que afetam a população marginalizada. Há 23 anos, o Grito dos Excluídos surgiu a partir da iniciativa das Pastorais Sociais em torno da Campanha da Fraternidade, tendo como lema “A Vida em primeiro lugar”. Essa primeira edição da manifestação aconteceu em 170 cidades e o símbolo do ato eram panelas vazias, numa alusão a alto índice de pessoas que passavam fome ou viviam em situação de vulnerabilidade econômica e social. A cada ano, o ato levanta lemas diferentes, mas que estão sempre relacionados ao momento político atual e

Em 2017, o Grito dos Excluídos reuniu cerca de cinco mil pessoas no Recife.

Na capital, o Grito dos Excluídos é organizado pelo Fórum Dom Hélder Câmara a luta dos movimentos populares que constroem a manifestação. Temas como reforma agrária, educação, o não pagamento dívida externa, soberania nacional, privatizações, democracia, o genocídio da juventude e diversos outros temas já foram pauta de mobilização do Grito. Em

abril de 2018, o lema foi lançado: “Desigualdade gera Violência: Basta de Privilégio”. O tema pretende levantar questões como o aumento notável da violência e da desigualdade social, que tem alguns reflexos práticos, como a volta do Brasil ao Mapa da Fome e o índice de desemprego, que já che-

ga a 14% da população brasileira. “O golpe [de 2016] foi uma violência, pra nós esse foi o primeiro sinal de violência, e daí vem as outras formas, como o desemprego. Nesse momento eleitoral ficou mais claro que os grupos que incitam a violência estão ganhando voz, com o aumento de declarações machistas, com racismo, LGBTfobia. Junto a isso, tem a criminalização dos movimentos sociais e da esquerda, então, pra nós, o golpe foi a culminância disso e dele vem outras violências’ explica Valmir Assis, militante do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), uma das organizações que constrói o ato no Recife. Na capital, o Grito dos Excluídos é organizado pelo Fórum Dom Hélder Câmara, que aglutina sindicatos, partidos, movimentos religiosos, ONG’s e movimentos populares. A proposta é que o ato do dia 7 seja a culminância de um ci-

clo de palestras, debates, rodas de conversa e outras ações em bairros periféricos e nas cidades da região metropolitana. Esses processos de preparação e mobilização para a manifestação são chamados de “pré-gritos”. Durante o mês de agosto, aconteceram momentos de preparação em igrejas, feiras, centros espíritas, sede de sindicatos e vários outros. Ainda estão previstos mais quatro pré-gritos, como o debate nesse sábado (01) na Praça da Várzea sobre as consequências do golpe de 2016, um ato público na feira da cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife e panfletagem nas estações de metrô. Já no dia 7 de setembro, a concentração do Grito dos Excluídos inicia a partir das 9h, na Praça do Derby. A manifestação se encerrará na Praça do Diário, onde fica a ocupação urbana “Marielle Franco”. Anúncio


Brasil de Fato PE

Recife, 31 de agosto a 06 de setembro

ENTREVISTA l 11

“Precisamos de unidade na campanha de Lula”, diz Jaime Amorim Marcos Barbosa

MOBILIZAÇÃO. Jaime passou 26 dias em Greve de Fome por Justiça no STF, em Brasília

Nós queremos que Lula governe com o povo

Monyse Ravena

e Paulo Mansan om 58 anos, Jaime C Amorim é integrante da Direção Nacional do MST e representante da América do Sul na Coordenação Internacional da Via Campesina. Jaime é catarinense e está há 26 anos morando em Pernambuco.

Brasil de Fato: Qual a sua avaliação sobre os resultados e os impactos dos 26 dias de greve de fome? Jaime Amorim: Todo o nosso trabalho durante esses 26 dias estava nessa ideia de alterar o processo dentro do poder judiciário, tanto é que já nos primeiros dias nós definimos como bandeira fundamental a votação das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC’s). Esse processo, ele vai conduzindo todo o período da greve de fome, essa bandeira principal das ADC’s. Ocorre que nos últimos dias teve uma alteração, que foi a decisão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) de exigir que o Brasil cumpra a liminar que permite que Lula seja candidato e possa disputar as eleições mesmo preso. Isso fez com que nós também buscássemos em todas as audiências que tivemos. Então nós entendemos que a greve conseguiu criar esse de-

Temos que jogar a luta política por outro patamar bate no Brasil, conseguimos reverter muitas coisas no Poder Judiciário, nós fomos recebidos por sete ministros, por cinco diretamente e dois por gabinetes, o que nunca na história foi feito. BdF: Como está o seu processo de recuperação após a greve? Jaime: Nós durante a greve de fome fomos criando um estado emocional pra um longo período de greve de fome. Quando se faz uma greve com tempo determinado, de que amanhã se resolve o problema, então o desgaste é muito maior. Quando nós chegamos no 26º dia, se alimentando basicamente de água e soro, nosso corpo estava ainda

em condições de prosseguir mais alguns dias, mas debilitado. No meu caso, a média de perda foi de meio quilo por dia, então nos primeiros momentos a gente perde mais a gordura do corpo e já no segundo momento perde massa muscular. Por isso estávamos bem debilitados. Ao decidir o encerramento da greve nós tivemos orientação de profissionais nessa ideia de como nós deveríamos readaptar o corpo agora ao voltar a se alimentar. Estou cuidando para fazer poucas atividades, não fazer atividades públicas, seguir as normas orientadas da alimentação, tentando não ingerir muitos alimentos sólidos, consumir bastante líquido e frutas, enfim, para poder recuperar a massa, mas estou bem, pronto para novas batalhas. BdF: Quais os próximos passos pata os movimentos populares? Jaime: A nossa carta de encerramento aponta pra isso, a chamada dos

militantes, agora nós temos que jogar a luta política por outro patamar, aproveitando todos esses movimentos até agora. Temos trabalhado agora a luta tática, que é ir para as ruas disputar as eleições e ganhar. Fazer com que Lula seja candidato e ganhe as eleições no primeiro turno. Essa é a primeira parte. Mas não derrotamos o golpe só com as eleições. Nós queremos que Lula governe com o povo. E como estratégica fundamental a construção do Congresso do Povo Brasileiro. Fazer bons congressos no municípios, fazer congressos estaduais e especificamente aqui em Pernambuco que marque como uma construção de novas forças políticas no estado e fazer o congresso nacional que é mais que um encontro, é um congresso que vai fazer o projeto do povo brasileiro, o projeto popular para o Brasil. BdF: Depois desse período de mobilização nacional, qual a sua opinião sobre o processo eleitoral pernambucano? Jaime: Apesar de estar na greve de fome eu acompanhei quase que diretamente o desenrolar do processo em Pernambuco. Creio que to-

dos nós ficamos muito tristes porque foi construído o nome de Marília Arraes e não tenho dúvida nenhuma de que nesse momento nós teríamos quase garantido a eleição dela ainda no primeiro turno. Mas, a decisão do PT nacional foi de construir o processo de aliança. Em um primeiro momento é claro que a gente fica um pouco indignado e quer abrir mão, mas isso requer agora de nós, especificamente da gente, o reagrupamento, agora temos que reconstruir. Acho que o Partido dos Trabalhadores na medida em que faz uma chapa específica para disputar as vagas para deputados federais e estaduais, acertou, e faz parte do processo, agora tem que dar um alinhamento, na unidade da campanha de Lula. É determinante, priorizar a militância que tem que ir pra rua e acho que cada grupo, cada organização vai ter que ir construindo a melhor forma de se posicionar com candidatos e senadores e governadores. Não nos cabem muitas opções. O PT nacional fez aliança com o governador Paulo Câmara, o que certamente deve levar grande parte do PT a esse alinhamento e também certamente uma grande parte das organizações. O mais importante é que nesse processo seja construída uma militância nova, sem vício de tendência, de partido, e que pode fazer uma política muito bonita, muito forte em Pernambuco, nomes novos. Marília representa isso, assim como Carlos Veras, Doriel Barros, Teresa Leitão.


12 |CULTURA

O que tu indica

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977, 1978, 1979, 1980...Timidamente, Henfil ia escrevendo o nome de Geisel, “pra ele acostumar e não achar que era desrespeito”. Assim, a censura não viria para o cartunista, que foi tomando liberdade nas entrelinhas das cartas envidas à Dona Maria, sua mãe, usando a linguagem dela, o jeitinho dela de dizer as coisas e o respeito que Dona Maria provocava. As cartas publicadas na “Isto É” retratam os apertos, os medos, a campanha pela anistia, os depoimentos no

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Qual é o Bairro?

Cartas da mãe Laila Costa*

exílio de Betinho, seu irmão, exilado no Canadá, as greves do ABC, a volta dos exilados. Compiladas no livro Cartas da Mãe - Henfil, de narrativa clara, as cartas também levam o leitor a possíveis debates de profunda relevância na atual conjuntura, como as lutas pela democracia. Na carta escrita em 25 de maio de 1977, Henfil conversa com Dona Maria: “Soube lá ainda que a próxima campanha do Fantástico será para conseguir doações de votos para transplantar em senadores, portadores de eleição indireta. E vem aí uma campanha cheia de rejeições e difícil de conseguir doadores: é a do transplante de democracia (p.20).” Portanto, retomar o olhar para as Cartas de Mãe do Henfil, lendo a primeira carta, depois a segunda... despertará no leitor a curiosidade de, voltando lá trás, explicar o tempo presente que em muitos aspectos se parecem, reaparecem:

Mãe, Não há uma só pessoa hoje no Brasil que não vá dormir se sentindo culpada. Mesmo não tendo fogão a gás nem isqueiro. Faz tempo que eles vêm insinuando que a gente desperdiça (...). Não foram poucas as vezes que nos deram carão e ameaçaram que, se não aprendêssemos a economizar, eles iam ter que tomar medidas enérgicas. Quarta-feira o primo, em pessoa, ocupou a televisão para anunciar medidas mais severas, comunicar que vamos passar a viver sob uma economia de guerra! (São Paulo, 11 de julho de 1979). Assim a valiosa produção artística e literária de Henfil, que conta com uma variação de personagens, humores e acidez em sua prosa, vai expressando estratégias de resistência em tempos de golpe, repressão e violência e inspirando até os dias atuais a (re) visitação da sua obra. Laila Costa, militante do Levante Popular da Juventude

Agenda Cultural

S

Poesia

Música

Feira FEIRA QUILOMBAR DE ARTE NEGRA ábado (01), acontece a 2ª edição da Feira Quilombar de Arte Negra - Aproximar, Significar, Empoderar, às 16h, no Centro Cultural Grupo Bongar, em Olinda. O evento contará com roda de diálogo com representantes da cena negra em Pernambuco, além de intervenções artísticas e produtos afrodescendentes. A entrada é gratuita, mas a organização pede contribuição de produtos de limpeza para manutenção do espaço.

Brasil de Fato PE

SAMBADA DA DIVERSIDADE este sábado, 01 de setembro, acontecerá a Sambada nas Estrelas da Diversidade, a partir das 19:00, no Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife. Entre as atrações estão o Coco do Mestre Biu, o Coco de Cangaruçu, Aurinha do Coco, Ciranda Santana e Menestréis Cantador. A classificação da sambada é livre e o evento é gratuito e aberto a todas as pessoas.

N

SLAM PE - Edição 6 o sábado, dia 08 de setembro, será realizada a 6ª edição do Campeonato de Poesia falada, SLAM PE, com o tema “64 Nunca Mais”. As inscrições para participar da competição custam R$3,00 e poderão ser feitas a partir das 17:00 no local. Aqueles que quiserem apresentar seus poemas sem competir não precisam pagar. O início das performances será às 18:30. O evento acontecerá na Praça do Carmo, em Olinda.

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Vinícius Sobreira

BRASÍLIA TEIMOSA rasília Teimosa é um bairro da B Zona Sul do Recife, com uma história de 70 anos, marcada pela or-

ganização popular. Surgiu a partir da ocupação da área anteriormente conhecida como Areal Novo, no fim dos anos 1940, por pescadores, estudantes, donas de casa e comerciantes, que viveram um longo período de resistência sofrendo ameaças de expulsão porque a área havia sido destinada ao Governo do Estado para construção de depósitos inflamáveis. Recebe esse nome porque o período de ocupação aconteceu simultaneamente à projeção da cidade de Brasília. Em 1956 houve um momento histórico, quando cinco pescadores, a bordo de uma jangada, foram ao Rio de Janeiro com o objetivo de chamar atenção para a situação da comunidade, durante a posse de Juscelino Kubitschek na presidência. A teimosia faz alusão à resistência daqueles que ocuparam e viveram em condições insalubres, resistindo dia após dia em conflito com poder público que queria desmobilizar e desocupar a região. Os moradores tinham suas casas demolidas pela manhã e passavam a noite reconstruindo. Por ter sido a primeira grande ocupação urbana do Recife, a luta de Brasília Teimosa acabou se tornando referência para os movimentos de luta por moradia nas décadas seguintes.


Variedades l 13

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Brasil de Fato PE

CULTURA | 13

II Festa Literária do Alto do Moura acontece em Caruaru

DIVERSIDADE. Programação conta com apresentações artísticas, mesas de diálogo, exposições de obras de arte e literatura FUNDARPE

O evento teve sua primeira edição em 2017

Segunda edição da Festa Literária está sendo organizada por moradores do Alto do Moura e organizações parceiras.

Marcos Barbosa

A

Capital do Agreste recebe neste fim de semana (1 e 2) a II Festa Literária do Alto do Moura (FLAL) – Do barro à lama: Existência e Resistência. O evento é organizado pela Biblioteca Comunitária do Alto do Moura e pelo Espaço Cultural Terraço das Meninas. As ações acontecerão simultaneamente em diferentes polos do Alto do Moura, tendo o palco principal localizado na Praça do Artesão. De acordo com Emília Lins, integrante da or-

ganização do evento, a artísticas de teatro e múfesta literária deste ano sica, trocas e comerciabusca estabelecer um lização de livros de auintercâmbio entre ex- tores e produtores indewww.sindsep-pe.com pressões culturais de pendentes, exposições Caruaru e do Recife. O de imagens e obras artísAlto do Moura é um im- ticas, mostras cinematoportante polo de produ- gráficas, palestras, rodas ção de artesanato per- de diálogo, atividades nambucano, conheci- de leitura e contação de do principalmente por história e oficinas para trabalhos sobre as tra- crianças, jovens e aduldições do povo nordes- tos. tino a partir do uso barA abertura do evento ro, sendo considerado o está prevista para aconMaior Centro de Arte Fi- tecer às 10:00 do sábagurativa das Américas. do (1) na praça do ArteEstá prevista uma pro- são, com programação gramação com exibi- diversa para todo o dia. ções culturais, sarau No domingo (2), as úlpoético, apresentações timas atividades estaRecife, agosto de 2018

rão se iniciando por volta das 16:00. Os interessados em participar das oficinas de fotografia, fanzine, pintura, gravuras, entre outras, não precisarão fazer inscrição prévia, haverá um grupo de apoio formado por monitores que estarão orientando e encaminhando os visitantes nas atividades. A programação contará com a participação dos artesãos e artistas plásticos do Alto do Moura, estudantes das escolas públicas e privadas de Caruaru, professores, moradores e convidados ligados aos temas da literatura e cultura. O evento contará, ainda, com homenagens à artesã Terezinha Gonzaga e aos artesãos Severino Vitalino e João Ezequiel da Silva, mais conhecido como Dão. Também a artesã

Nicinha Otília da Silva e o artista plástico Antonio Lucio da Silva Leite, o Buca, estarão recebendo menção honrosa pelo reconhecimento e valorização de seus trabalhos artísticos. Na sexta-feira (31), como espécie de prévia das atividades do fim de semana, será realizado um show beneficente para a construção da Biblioteca Comunitária, que atualmente ocupa localização provisória. O show tem início às 19:00, no Clube da Associação do Alto do Moura e custa R$10. O palco receberá apresentações de Daniel Finizola, Drico Correia, Pablo Patriota e Riá Oliveira, que poderão ser conferidas pelo público. O evento teve sua primeira edição em 2017, como uma ação organizada pelos próprios moradores do Alto do Moura em torno da Biblioteca Comunitária. A festa recebe, ainda, o apoio da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru e da Secretaria Municipal de Educação de Caruaru.

A mudança começa pelo voto

que acentuam o empobrecimento da população, como a Emenda Constitucional 95, que congela as políticas públicas por 20 anos. Para mudar, o eleitor precisa derrotar nas urnas os candidatos que representam a continuidade ao projeto em curso e eleger um presidente que realmente vá inverter a ordem de prioridades do país e devolver à população a cidadania que lhe foi roubada. A lógica é a mesma para os demais candidatos (governador, senador, deputados). O eleitor precisa ficar atento às propostas e ao currículo de cada candidato. Não dá mais para eleger políticos que são contra os trabalhadores. Precisamos de uma bancada nos legislativos que defendam os interesses da classe trabalhadora e não dos empresários e do mercado financeiro. Vamos fazer diferente nesta eleição e ocupar os espaços de poder, tirando quem não tem compromisso com a sociedade.

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Desemprego recorde, privatizações em grande escala, país novamente no mapa da fome, doenças erradicadas voltam a fazer parte da vida dos brasileiros, serviço público sucateado e sem investimentos, poder de compra lá embaixo, corrupção, impunidade e tantas outras mazelas que levaram o Brasil a uma crise política, econômica e social jamais vista. É isso que você quer para o seu país? Para mudar esse quadro, só existe uma alternativa: tirar do poder as forças que tomaram o governo e implantaram um projeto derrotado que está levando o Brasil para o fundo do poço. E a hora de mudar é agora, com as eleições de outubro. Treze candidaturas a presidente da República estão postas, a maioria de partidos e bancadas que não só dão sustentação ao governo ilegítimo como votaram a favor das reformas que retiram direitos dos trabalhadores e de projetos


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14 | VARIEDADES

Bafáfá

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Solução química para alvejar Conterroupas râneo do ator encardidas Malvino Salvador

© Revistas COQUETEL

Alimento não con- Ilha de (?), Nova nomenclatura para "chefe de sumido pelo vegano local do família", segundo o IBGE (Econ.) Atração da Quinta da exílio de Nem, em Deserto atravessado Napoleão inglês pelo rio Nilo Boa Vista (Rio)

A parte mais macia do pão francês

Conta-(?): mostra a velocidade de rotação do motor (Mec.)

Brasil de Fato PE

Elogios (fig.) Árvore de paisagismo "Em (?)": placa de construções

Bom, em italiano

(?)-da-índia, fibra de móveis rústicos

Sábado de (?), dia de malhação de judas

Fora, em inglês Conquista de Senna

Apenas Foco da rinoplastia (Med.)

Erva, em tupiguarani Fúria Barulho feito por mosquitos

Torben Grael, iatista Carinho

(?) financeira: um dos motivos da inadimplência

Código para ligações internacionais

Movimento como a ola E, em francês

(?) Hari, dançarina considerada espiã

Viva a diva contra o machismo, repressão e caretismo Felipe Marcelino*

A feição da máscara da tragédia (Teat.) Letra da placa de "Proibido estacionar"

O natural da Inglaterra (p. ext.)

Mapa (?): traça o perfil do signo (Astrol.)

Dispositivo usado no Cindacta Gracejar

A cor da bochecha da criança saudável "Tensão", em TPM

Medo excessivo

Junta; liga

Conectado à web Saudação latina O natural é extraído da camada pré-sal

Escola (?): forma oficiais da Marinha em postos iniciais da carreira Tapa desferido nas orelhas de alguém (gíria)

Anita Malfatti, pintora paulista (?) chi chuan, arte marcial

2/et. 3/caá — nor — out. 5/buono. 6/on-line. 18/pessoa de referência.

37

Solução O N S O U I U T I Z U L N D I D A O N G A L F O

E N L O B R A C R A A N D A A R T R L I A S T N E

A I M A NC

P S E A S A S R O A A D D RE D E I F E I R N E

facebook.com/ brasildefatopernambuco

C M A Z I R O O N O L E L O O T G A R I F I C E O T A O S A T U R A N A V T E L E

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A G B U A S A N D I T M A R I P A

BANCO

A sessentona...

(?) Agassi, tenista dos EUA

Grande rainha do pop, Madonna completou, no último dia 18 de agosto, seis décadas de vida com uma carreira artística fenomenal - que lucrou bilhões - e uma vitalidade impressionante. Desde 1983, quando começou sua carreira, Madonna nunca deixou de gravar álbuns de sucesso, cada um com um renovado conceito. Não é por menos que todas as outras cantoras do mundo pop, de alguma forma, trazem uma referência à Madonna. Sem dúvida, Madonna tornou-se o grande ícone que é porque, além de sua música, com canções imortais e performances incríveis, seu estilo sempre inovador e personalidade marcante, ameaçou os padrões e normalidades desde que despontou para o sucesso na década de 80. Com muita sensualidade e erotismo, antes uma garota e agora uma mulher – e contra muito machismo, repressão e caretismo – Madonna quebrou muitos tabus, invertendo muitos papéis tradicionalmente masculinos, afirmando que o lugar da mulher é onde ela quiser. A girl power dos anos 80 é um marco para a emancipação das mulheres. E também não é à toa que Madonna é exaltada pelo público LGBT. Ela foi a primeira grande popstar a defender abertamente a causa e encabeçar campanhas de doações na chamada época da epidemia da Aids. E quem não se lembra das suas polêmicas com a Igreja Católica? A cantora sempre abusava de símbolos religiosos, denunciando, muitas vezes, a hipocrisia e atraso em muitas instituições e doutrinas. Sessentona, Madonna se mantém firme no alto do seu pedestal, mesmo que alguns, aqui e acolá, tentem derrubá-la, considerando-a velha e ultrapassada. Ultrapassada? Jamais: até o fim do ano teremos um novo álbum seu. E nessa homenagem aos 60 de Madonna, lembramos ainda outra rainha que nos deixou essa semana e que também influenciou a nossa diva do pop: Aretha Franklin. Poderosa voz da música soul, nos deixou no último dia 16. Para quem não a conhece, fica a sugestão de ler as biografias dessa mulher, negra, sofrida; mas, lutadora que encantou o mundo! Viva nossas rainhas! Um abraço. *Felipe Marcelino é professor de filosofia.


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VARIEDADES l 15

Nossa cozinha Bolo da alegria

Tenho 22 anos e acho que já fui vacinado contra sarampo. Devo tomar outra dose?

Ingredientes: 2 ovos 3 colheres de manteiga ou óleo (o que preferir) 3 bananas nanica 300 gramas de farelo de aveia 1 colher de fermento em pó 1 colher de sobremesa de corante ou páprica picante 1 xícara de leite Açúcar a gosto, uma pitada de sal Gergelim a gosto

Bruno Felipe, operador de caixa.

O

PREPARO Bata os ovos, açúcar, banana, leite e manteiga no liquidificador até virar um creme. Depois junte aveia, gergelim e sal ao creme. Acrescente o fermento mexa devagar até misturar. Unte a forma e coloque para assar em forno médio pré-aquecido. Pronto! Um delicioso bolo que ajuda o seu intestino a funcionar bem!

lá, Bruno! Estamos vivendo um surto de sarampo no norte do Brasil. Essa doença é altamente contagiosa, sendo transmitida de forma parecida com a gripe. Diante disso, é ainda mais importante que todos estejam com as vacinas em dia para se proteger. As crianças com idade entre 1 e 5 anos devem tomar uma dose adicional da vacina contra o sarampo, independente da situação vacinal. O esquema básico é de duas doses para pessoas entre 1 e 29 anos. Para quem tem entre 29 e 49 anos, a dose é única. Para as pessoas acima de 49 anos não há vacina disponível no SUS. Se você acha que tomou, mas não tem nenhum comprovante, é melhor se vacinar novamente e solicitar o registro. É mais seguro.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF

ESPORTES

Mundial de Surf volta a acontecer em Fernando de Noronha TURISMO.A administração da ilha garantiu o retorno do campeonato no começo de 2019 Antonio Melcop

Vai ser importante para a comunidade noronhense O campeonato deve acontecer na Cacimba do Padre, em Noronha

Redação

epois de seis anos, o D Campeonato Mundial de Surf estará de

volta ao arquipélago de Fernando de Noronha (PE), conforme anúncio oficial no Palácio de São Miguel, sede da Administração Distrital. O lançamento contou com a presença de representantes do Governo Estadual, direção da Hang Loose, que é res-

ponsável pela competição, Associação de Surfistas de Noronha e empresários locais. A administração garantiu o retorno do campeonato no começo do próximo ano, possivelmente na Cacimba do Padre, onde sempre foi realizado. “É um dia feliz para Fernando de Noronha. Um campeonato que tanta gente pedia para voltar e que movimenta

o turismo e a receita local. Vai ser importante para a comunidade noronhense ter um evento desse, como já foi há muito tempo”, disse o administrador da ilha, Guilherme Rocha. De acordo com a direção da Hang Loose, a data já foi fechada com a Liga Mundial de Surf (World Surf League) e foi confirmado um campeonato com etapa de três

mil pontos. Mas existe a possibilidade de subir para seis mil ou até dez mil pontos. Para Eron Pereira, diretor da Associação de Surf de Fernando de Noronha, “as expectativas nossas são as melhores. Um novo ciclo que vai começar. A associação de surf local e a ilha só tem a ganhar com o evento. A gente quer que a ilha receba esse evento de braços abertos como sempre sonhou”. O secretário Executivo de Planejamento Turístico, da Secretaria de Turismo de Pernambuco, João Vinícius, disse que o campeonato pode ser inscrito na Lei de Incentivo ao Esporte Estadual, o que facili-

ta a busca por recursos. “É o Governo fazendo o papel dele. Fomentando o surf, o esporte, o lazer, trazendo de volta para esta ilha espetacular um evento que nunca deveria ter saído. Vamos trabalhar nos próximos cinco meses para concretizar tudo o que foi apalavrado”. O evento era realizado na ilha desde o ano 2000 e a última competição aconteceu em fevereiro de 2012. Na ocasião, o paulista Miguel Pupo venceu o título da Divisão de Acesso (WQS Prime) realizado na ilha. Naquele ano, Miguel se classificou em primeiro lugar para a disputa do Circuito Mundial em 2013.


NA GERAL Kiko Ross/CBB

Washington Alves/AGIF/COB

Basquete nas eliminatórias da Copa

Sul-Americano de Basquete Feminino

bem da importância dos jogos iniciais da segunda fase das eliminatórias para a Copa do Mundo na China. Na abertura da nova etapa, o Brasil encara o Canadá e depois as Ilhas Virgens. O jogo contra o Canadá será no dia 13 de setembro, às 20:30, no Place Bell, em Laval, no Canadá. Já o segundo confronto está agendado para 16 de setembro, às 19:00, no ginásio Valério Luiz de Oliveira (Arena Goiânia), em Goiânia (GO).

bia para disputar o Sul-Americano. De acordo com o regulamento, o campeonato é composto por dois grupos: A - Brasil, Venezuela, Paraguai e Chile; e B - Colômbia, Equador, Argentina e Peru. Na primeira fase as equipes jogam entre si, em turno único, dentro de suas respectivas chaves. Depois, os dois melhores de cada grupo se classificam às semifinais. Por fim, os dois vencedores decidem o título no dia 4 de setembro

ACABOU O ANO

Reprodução

10 anos do ouro em Pequim

la que sempre batia na rede e nada ganhava. Eram dois bronzes conquistados em 1996 e 2000 e um amargo quarto lugar em 2004, após derrota contra a Rússia na semifinal. Mas, em 2008 a seleção conseguiu espantar os fantasmas e conseguiu conquistar o tão sonhado ouro olímpico, em Pequim. Foi uma campanha para ninguém botar defeito: apenas um set perdido na final, todos os outros jogos terminaram em 3 a 0.

Filipe Spenser

GOL

CONTRA

Preconceito no tênis

CBF Getty Images

erena Williams, uma S das maiores jogadoras de tênis do mundo,

foi proibida de usar um macacão como uniforme nos jogos que disputar em Roland Garros. Ela usou o macacão para ajudar na circulação sanguínea, pois teve dificuldades pós-parto. A proibição foi duramente criticada pela imposição que representa às mulheres e por desconsiderar a opinião dela na escolha do traje mais confortável. Serena disse que estava se sentido como um super-herói de Wakanda, em referência ao filme Pantera Negra.

Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com

E

skatista jovem Lizzie ArA manto, 25 anos, é a primeira mulher a completar

uma famosa manobra também conhecida como “loop da morte”, em uma pista de cinco metros. A conquista aconteceu no último dia 26, quando ela deu um giro completo na pista Tony Hawk, que fica na região da Califórnia, nos Estados Unidos. É possível assistir a manobra, que ficou para a história do mundo do skateboard, em vídeo que circula na internet e mostra a skatista girar 360 graus.

O QUE ACONTECEU?

filipespenser@gmail.com

, amigos alvirrubros, não deu. Sejamos justos: o time lutou, se esforçou, foi valente, mas, ao fim, não conseguiu. Aliás, o empate de 1x1 com o Bragantino diz pouco sobre a partida, pois o futebol apresentado pelo Náutico foi bastante superior ao do time paulista. Apenas no primeiro tempo, tivemos duas chances dentro da pequena área em que os jogadores não conseguiram concluir em gol, além de uma defesa espetacular do goleiro. De tudo, fica a lição de que pouco adianta ter uma boa campanha na fase de grupos ou uma sequência de jogos invictos. É importante manter um elevado nível de concentração nos dois jogos. Lamentavelmente, o placar sofrido no primeiro jogo fez com que o Bragantino jogasse com tranquilidade e o Náutico com nervosismo. Paciência e bola pra frente, pois o ano acabou.

GOL DE PLACA Mulher faz manobra recorde

Agência EFE

s jogadores da seleseleção Feminité 2008, a seleção feO ção brasileira mas- Ana de basquete em- Aminina de vôlei era culina de basquete sa- barcou para a Colôm- conhecida como aque-

É

Brasil de Fato PE

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16 | ESPORTES

stá sendo difícil digerir a eliminação precoce na Série C. Claro que, se pararmos para avaliar friamente o curto ano de 2018 do Santa Cruz, veremos que o time não buscou se superar ao longo de cada competição disputada. Chegou no seu melhor justamente nesta reta final da Terceirona, mas isso não foi suficiente para passar de fase. Uma competição perigosa e um resultado ilusório dentro de casa foi a combinação perfeita. O Operário se mostrou perigoso no Arruda e não seria diferente em seus domínios. Mas doeu. E a dor vai continuar ao longo desses quatro meses intermináveis sem nenhum tipo de agenda ou competição. A Série C precisa ser revista, mas só o presidente da Federação Pernambucana não vê isso. O que não pode é times da grandiosidade do Santa Cruz ficarem sem receita por quatro meses.

SEM ENCAIXE Daniel Lamir

daniel.lamir@brasildefato.com.br

té tu, Íbis? Nem mesmo o Pássaro PreA to “respeitou” o Sport pós-Copa do Mundo. Mas deixemos o empate do sub-

23 na segunda divisão do estadual de lado. Pensamos na luta do Sport no Brasileirão. O martírio continua. Enfrentar o lanterna Paraná será mais pesado que jogar contra o líder São Paulo. Isso porque o Sport não pode mais perder pontos contra adversários diretos na luta contra o rebaixamento. Os seis pontos perdidos para o América-MG dizem muito sobre o nosso sufoco na 18ª colocação. Eduardo Baptista teve pouco tempo para tentar arrumar o time. Não é culpado pelas três últimas derrotas. Mas o tempo está ficando curto e daqui a pouco será a vez daquela sequência indigesta contra os líderes. No primeiro turno o Sport foi surpreendente na sequência. Mas agora é melhor colocar os pés no chão.


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