Frepop
PERNAMBUCO| Pág. 7 Democracia e os desafios das lutas sociais é tema do Fórum de Educação Popular
ENTREVISTA | Pág.11 “Este é um tempo necessário para construirmos com a classe trabalhadora um outro projeto para o país” Leia entrevista com João Pedro Stédile
Pernambuco
Recife, 29 de julho a 11 de agosto de 2016 e d i ç ã o 8
distribuição gratuita
Ano 1| edição 3
“O 25 de julho e a resistência das mulheres negras”
MUNDO
Turquia: por que os militares tentaram tomar o poder? Pag.09
CULTURA
Festival Nacional de Arte e Cultura na Reforma Agrária Pag.13
ESPORTES Salgueiro e América são esperança nas Séries C e D Pag.15
Brasil de Fato PE
Recife, 29 de julho a 11 de agosto
2 | OPINIÃO
EDITORIAL
Nossa força está nas ruas, nas lutas e na unidade! A MOBILIZAÇÃO tem que ser permanente P
ouco mais de dois meses de um governo ilegítimo, o vice usurpador acelera uma agenda profundamente conservadora. Desde que assumiu, vem consolidando uma pauta que aniquila direitos historicamente conquistados pela classe trabalhadora, avança rapidamente no processo de privatização em todas as áreas, com foco central nas empresas de energia e em nossos bens naturais; quer jogar a CLT no lixo, com os acordos coletivos e a terceirização da atividade-fim; quer entregar o Brasil para os “gringos” através da legalização da venda de terras para empresas multinacionais estrangeiras; limita gastos para saúde e educação; corta de programas sociais; porém, mantém o pagamento dos juros da dívida e dá aumento exorbi-
tante para o Judiciário, de 42%, que causará rombo de dezenas de bilhões de reais nos próximos anos. Enfim, é um governo antipopular, antidemocrático e antinacional, em que 89% dos brasileiros acreditam que está no caminho errado.A
“ é um governo antipopular, antidemocrático e antinacional” Frente Brasil Popular tem papel central nesse momento conturbado em que vivemos, primeiro por ser a porta-voz da resistência ao golpe; segundo por manter a unidade das forças populares nesse momento de fragmentação e terceiro por fortalecer e construir um projeto de nação forjado no seio dos movimentos populares, da classe t raba l hadora.Vig i lâ ncia
e mobilização constante são centrais para reverter a correlação de forças desfavoráveis. Existem alguns dias para convencer os senadores que faltam, e temos claro que não existe diálogo, se não estiver condicionado pela volta da Presidenta Dilma. Uma volta de Dilma com uma carta de compromissos para o povo brasileiro.A Frente Brasil Popular tem a tarefa de manter a unidade construída até esse momento, materializada no “Não ao Golpe, Fora Temer” e “Nenhum Direito a Menos”. Esse é o mote central para afinarmos o diálogo, nos comunicarmos e convidarmos para a luta a grande maioria da classe trabalhadora que está apática com essa conjuntura, e que nesse momento começa a sentir a materialização da perda de direitos. Temos duas agendas centrais para o próximo período. Dia 05 de agosto, teremos uma grande mobilização na abertu-
Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco correio:. redacaobfpe@brasildefato.com.br para anunciar: publicidadepe@brasildefato.com.br Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) I Redação: Elen Carvalho e Vinícius Sobreira IDistribuição: Iyalê Tahyrine I Colaboradores: Daniel Lamir, André Barreto, Halina Cavalcanti, Catarina de Angola, Débora Britto, Filipe Spenser, Malu Xavier, Vanessa GonzagaI I Diagramação: Diva Braga Tiragem: 40.000 exemplares.
ra do das Olimpíadas no Rio de Janeiro, para denunciarmos para o mundo que o Brasil vive um golpe. E dia 09 de agosto haverá
Para construir um projeto da classe, temos que refundar o sistema política brasileiro, que foi apropriado pela burguesia e pelo sistema empresarial de financiamento privado. Não existe a possibilidade de const r uir um projeto popular de naçãoda classe trabalhadora que não passe por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político brasileiro.
“Vigilância e mobilização constante são centrais para reverter a correlação de forças desfavoráve” grandes mobilizações nas capitais. Em Pernambuco, a concentração iniciará às 15h horas na Praça da Democracia (Derby) – Recife.A força popular gerada nas lutas do último período faz-nos crer que é momento de começarmos a construir um projeto popular de nação, no qual a classe trabalhadora seja a protagonista, com um programa do e para o povo brasileiro, sem alianças construídas em cúpulas de gabinetes.
dia 09 de agosto haverá grandes mobilizações nas capitais
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FRASE DA EDIÇÃO
mandou
BEM
MC Soffia,12 anos, cantora de hip hop
mandou
MAL
A
cidade do Recife não é pensada para os ciclistas. Além de não disporem de ciclovias e ciclofaixas suficientes para uma boa locomoção na cidade, eles tem tido suas bicicletas apreendidas por fiscais da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano em regiões centrais. Os ciclistas acusam a gestão municipal de não oferecer estrutura para acomodar as bicicletas, como está previsto do Plano Diretor Cicloviário (PDC). Em nota, a prefeitura afirma não existir uma operação voltada para a apreensão de bicicletas.
O que você achou da medida implantada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte, de ônibus sem cobradores, onde é obrigatório o uso do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) e os estudantes perdem o direito a meia passagem?
A
s empresas de ônibus sempre querem nos obrigar a algo e nunca nos dão o que realmente a população merece por pagar uma passagem tão cara. Eu não concordo com essa medida, pois, além de iludir a população com ônibus climatizado, tira empregos de várias pessoas. Sobre perder o direito da meia passagem para os estudantes, acho um absurdo. Eu como uma estudante, digo o quanto sai caro pegar ônibus lotado todos os dias, ficar horas no trânsito e ainda pagar caro. O nosso direito a meia passagem foi conquistado, não deve ser retirado.
Angélica Veloso, 26 anos, estudante de Educação Física
Divulgação
Faço música de força e resistência. Quero ajudar as meninas negras para que elas se amem e se aceitem como são
J
oyce Fernandes, de 31 anos, hoje professora de História e cantora de rap, é também conhecida como Preta Rara. Ela criou a hashtag #EuEmpregadaDoméstica e uma página homônima no Facebook para denunciar o que chamou de “abusos dos patrões”. “Meu objetivo é provocar e dar voz a quem não tem voz. Esse tipo de tratamento desumano acontece entre quatro paredes e essas mulheres, a maioria negras, não têm com quem desabafar”. A página criada no último dia 20 de julho e conta com mais de 100 mil curtidas.
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4 | CIDADES Mundo
Plataforma Operária e Camponesa para a Energia
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os dias 21 e 22 deste mês, aconteceu o II Seminário Nacional da Energia, Educação e Indústria no Brasil, em Santa Terez ,no Rio de Janeiro. Cerca de trinta sindicatos, federações, confederações e movimentos sociais de diversos estados se reuniram para discutir os rumos do petróleo brasileiro e sua importância para o futuro da educação e da indústria.O evento é organizado pela Plataforma Operária e Camponesa para a Energia.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra realiza jornada de ocupações
A
jornada de lutas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) começou no dia 25 de julho e vai até o dia 05 de agosto com ocupações em todo o estado. O objetivo do MST é reivindicar a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o avanço da Reforma Agrária com assistência aos assentamentos e exigir a saída do presidente interino Fora Temer
Frente Brasil Popular de Pernambuco organiza ato
Documentário sobre impactos negativos das hidrelétricas é exibido
o dia 9 de agosto, às 15h, a Frente Brasil Popular de Pernambuco realiza um Ato Fora Temer e em defesa da democracia. A manifestação terá concentração na Praça do Derby, centro do Recife. Em todo país, diversas cidades realizam atos do mesmo caráter neste dia. Para construir a mobilização, será realizada uma plenária na terça-feira (02), às 16h, no auditório do Sindicato dos Bancários, localizado na Avenida Manoel Borba, na Boa Vista.
N
a quarta etapa do Curso N de Realidade Brasileira de Pernambuco, realizada
Trabalhadores da COMPESA conquistam ajuste
Demissões em massa na RMR
nos dias 23 e 24 deste mês, no centro de Formação Paulo Freire, em Caruaru, foi exibido o documentário “Jirau e Santo Antônio: relatos de uma guerra amazônica”, que aborda os impactos da construção das Usinas Hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia. Tata Nilce, filha de Nicinha,militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de Porto Velho que foi assassinada em janeiro deste ano, também estava presente nesta etapa do curso
ESPAÇO SINDICAL Reforma trabalhista para reduzir direitos REFORMA TRABALHISTA
=
REDUÇÃO DE DIREITOS
O
Governo ilegítimo de Temer tem na sua mira de reformas para reduzir direitos, a flexibilização da legislação trabalhista. Em pronunciamento recente do ministro do trabalho, Ronaldo Nogueira, o governo deve enviar no segundo semestre um pacote de mudanças na CLT para dar centralidade à negociação coletiva na regulação das relações de trabalho, que permitirá livre estabelecimento entre empregados e patrões sobre questões relacionadas a salário e jornada de trabalho. Na prática isso implicará na redução da proteção social sobre o trabalho.
Folga semanal: um direito do trabalhador
Descumprimento de promessa de contratação
FOLGA SEMANAL é um DIREITO
V
ocê sabia que todo trabalhador tem direito a um dia de folga por semana? Consta na constituição federal que é direito de todo trabalhador o repouso semanal remunerado, sendo de preferência gozado nos domingos. Assim, qualquer acordo coletivo que permitir jornada de trabalho superior a sete dias consecutivos é nulo, devendo o trabalhador ser indenizado como horas extras. Caso o obreiro trabalhar no domingo, por uma situação extraordinária no trabalho, esse dia laborado deverá ser compensado com um dia de folga na semana seguinte.
A
E
m tempos de crise no mercado de trabalho, importante saber que o descumprimento por parte da empresa de promessa de contratação de um candidato à vaga de emprego gera danos morais. Quando as negociações preliminares entre empresa e candidato ao emprego ultrapassam a fase de seleção gerando obrigações recíprocas, forma-se um précontrato de trabalho e dever de indenizar da empresa caso a relação não se concretize. Este é o entendimento jurídico que foi pacificado na ultima semana no Tribunal Superior do Trabalho. Fique atento!
pós greve deflagrada no mês de julho, os trabalhadores urbanitários da Compesa conquistaram o reajuste salarial de 9,83%, com INPC pleno, retroativo ao mês de maio, bem como a outros benefícios salariais, como o reajuste da gratificação de férias, auxilio-educação e aumento do percentual do adicional de penosidade. As conquistas foram decorrentes de acordo celebrado entre o Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários do estado de Pernambuco e a referida empresa perante o Tribunal Regional do Trabalho.
O
mês de julho na região metropolitana recifense foi marcado por dois episódios de demissão em massa. A empresa TIM demitiu cerca de 1.200 empregados do serviço de call center, em Jaboatão dos Guararapes, o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicação de Pernambuco já solicitou esclarecimentos da empresa. Houve também um episódio de demissão coletiva em Paulista na fábrica de tecidos da Santista, que foi fechada, demitindo 430 trabalhadores, o Sindicato dos Tecelões de Paulista afirma que não houve anterior negociação ou diálogo com a empresa.
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CIDADES I 5
Rebelião no Presidio Juíz Plácido de Souza MORTES e destruição marcam rebelião em presídio superlotado de Caruaru Divulgação
Phillyp Mikaell
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o fim da tarde do último sábado (23.07) um tumulto entre internos do presídio Juiz Plácido de Souza deu origem a uma rebelião. Internos queimaram colchões e outros objetos e era possível observar o fogo à distância. Todo o efetivo de Caruaru e de cidades vizinhas foi chamado para tentar conter a revolta. Seis mortes e mais de 20 feridos foram oficialmente divulgados. Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, Pedro Eurico, a rebelião teria começado por
divergências internas dos presos. A falta de agentes penitenciários fez com que alguns presos que tinham bom comportamento ficassem responsáveis por chaves de alguns
pavilhões e celas, os chamados “chaveiros”. Com o passar do tempo estes presos passaram a dominar os demais e isso teria sido a principal causa dos desentendimentos que ge-
raram a rebelião. Não foi registrada nenhuma fuga dos internos. Na manhã da segundafeira (25.07) mais tumulto foi registrado dentro da penitenciária, forçando a entrada do batalhão de choque com cães policiais, os chamados k9. Familiares se aglomeraram em frente ao presídio desde sábado, sem nenhuma notícia dos internos. O ex-diretor da unidade, Sérgio Siqueira, também compareceu ao local e esteve em frente ao presídio respondendo perguntas dos parentes dos presos. Segundo ele, alguns presos estariam na quadra e um
batalhão da polícia militar fez uma revista para recolher armas brancas. Presos suspeitos de começarem a rebelião foram transferidos para outras unidades. A grande preocupação das autoridades agora é com a destruição de dois pavilhões pelo incêndio, o que danificou enormemente a estrutura do local impossibilitando a permanência dos presos na unidade. O presídio já havia sido denunciado por superlotação, pois pode comportar 380 internos, mas conta hoje com mais de dois mil.
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Democracia e os desafios das lutas sociais é tema do Fórum de Educação Popular
A DÉCIMA edição internacional do evento aconteceu na Universidade Federal de Pernambuco do dia 19 ao dia 23 de julho Divulgação
Elen Carvalho Centenas de educadoras e educadores populares, integrantes de movimentos populares e estudantes participaram, do dia 19 ao dia 23 de julho, da décima edição internacional do Recife, com o tema “EduFórum de Educação Po- cação Popular: democrapular (FREPOP). Tendo o cia e os desafios das lutas processo de organização sociais na construção da autogestionado, o FRE- sociedade que queremos”. POP deste ano começou a Na oficina que aconteceu ser preparado desde feve- na tarde da quinta-feira, reiro. Na programação, o intitulada “A conjuntura público participante pode atual e o papel do jornal conferir diversas rodas de Brasil de Fato na unidade diálogo, oficinas, apresen- da classe trabalhadora”, tações culturais e debates, Jaime Amorim, da direção que aconnacional do teceram no “A hora é de refletir Movimento campus Redos Trabacife da Unilhadores sobre qual Brasil a versidade Sem Terra Federal de (MST), fez gente quer” Pernambuuma análico. se de conO evento, juntura, na inspirado no Fórum Social qual abordou os principais Mundial, é organizado por aspectos do golpe contra educadoras e educadores a democracia brasileira populares em torno da atual. Ele afirma que este ONG FREPOP e aconteceu é um momento difícil, de durante os anos de 2002 e retrocessos das conquis2013 anualmente em São tas da classe trabalhadoPaulo. A partir de 2014 o ra, mas de fortalecimento Fórum tornou-se itineran- da unidade da esquerda. te e esse ano chegou ao “A hora é de refletir sobre
qual Brasil a gente quer. A classe trabalhadora tem um projeto de país e precisamos construir orga n ica mente essa alternativa”, pontuou. Na mesma atividade, a secretária nacional de juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Edjane Rodrigues, afirma que a Central é referência no campo da resistência contra o golpe e que a juventude tem assumido o protagonismo nesse processo. “Esse golpe é contra o direito da classe trabalhadora. E precisamos ter o compromisso de continuar nas ruas”, ressalta. A sindicalista também pontuou que no cenário em que estamos a democratização da mídia é algo fundamental e urgente. Duas tendas temáticas foram montadas. A Tenda Paulo Freire homenageou Dacilene Simões e que teve a educação como eixo principal das discussões e atividades. A Tenda da Memória homenageou o professor João Francisco e teve diversas rodas de diálogo sobre a memória de povos tradicionais. As crianças
Democracia, organizado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O ex-deputado Renato Simões, integrante da Comissão de Direitos Humanos, afirma que o objetivo do Fórum é denunciar o golpe e o risco da sua consolidação para os Direitos Humanos. “Visa articular a resistência democrát ica junto aos mo“As pautas das mulheres vimentos de Direito Humatambém precisam se abor- nos e sociais”, observa. final do endadas, bem como a ques- Ao contro, o Padre João, deputatão do racismo e do exter- do federal pelo PT\MG um mínio da juventude negra” dos integrantes da mesa, fez um balanço da discussão, (PJR), esteve no Acampapontuando que é preciso mento e afirma que este foi um espaço não só para alo- intensificar a luta contra o jamentos dos jovens, mas golpe nas ruas e quais os também para a formação próximos passos das pespolítica e para o empode- soas ligadas aos Direitos ramento da juventude. “Foi Humanos em cada região. um espaço muito interes- “É preciso levar a questão sante, porque eu consegui da homofobia e da transter propriedade de vários fobia, por exemplo, para assuntos que ainda não ti- os candidatos a vereados nha tido acesso e entender e prefeitos. As pautas das como funciona esse proces- mulheres também preciso augestionário”, comenta. sam se abordadas, bem Na tarde da sexta-feira, como a questão do racismo aconteceu o Fórum dos e do extermínio da juventuDireitos Humanos pela de negra. Nenhum direito a menos”, conclui. também participaram ativamente, através das atividades do FREPOPINHO. Elas puderam fazer oficinas de yoga, percussão, dança e cordel. No Acampamento da Juventude, mais de 200 jovens passaram pelo espaço . Rodrigo Silva, integrante da Pastoral da Juventude Rural
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FATOS em FOCO Casa do Estudante reocupada
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Casa do Estudante de Garanhuns está ocupada. No mês de maio a União dos Estudantes de Garanhuns (UESG) ocupou o edifício, fechado desde a década de 1980. No Festival de Inverno a Casa foi como sede política e cultural das e dos estudantes da cidade e da região. Fundada na década de 1950, a Casa do Estudante funcionou como ponto de apoio para universitários oriundos de municípios vizinhos. Sem uso, o prédio passou por reforma em 2012, mas ainda carece de muitos reparos.
Reforço nas bases na Mata Sul
A
Frente Brasil Popular de Rio Formoso realizou a Caravana das Comunidades. Entre os dias 18 e 25 de julho a Frente passou nos cinco assentamentos do município realizando análises de conjuntura e mostrando às famílias agricultoras os direitos que estão em risco para a população rural desde o dia em que o vice-presidente Michel Temer assumiu interinamente o Palácio do Planalto. A mobilização também serviu para preparar a comemoração do Dia
do Agricultor.
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Movimentos denunciam desmatamento da caatinga e descaso do Governo do Estado NO SERTÃO do Pajeú, trafegam semanalmente 150 caminhões de lenha nativa da caatinga nistério do Meio Ambiente
Vinícius Sobreira
A
noite era de festa em Afogados da Ingazeira. O governador Paulo Camara visitava a cidade, cortejado por lideranças locais. Mas boa parte da população não estava ali para aplaudir o governador – e com razão. Elas e eles foram fazer uma denúncia: semanalmente trafegam pelas vias do Sertão do Pajeú 150 caminhões de lenha nativa da caatinga, frutos do desmatamento ilegal, e o Governo de Pernambuco está ciente do fato e nada faz para contê-lo. A luta dos movimentos populares em defesa da caatinga é de anos. Afonso Cavalcanti, morador de Afogados da Ingazeira e membro do Grupo Fé e Política, afirma que os trabalhadores rurais mapearam as rotas de circulação dos desmatadores na região do Pajeú. “O levantamento constata que semanalmente trafegam 150 caminhões carregados de lenha da caatinga por essas estradas”. O grupo entregou uma carta-denúncia ao governador Paulo Camara em março de 2015. “Também alertamos que o desmatamento ilegal alimenta as fábricas de celulose e cerâmica daqui e da Zona da Mata”, conta, informando que o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier, estava presente e, junto com o governador, se comprometeu publicamente em acabar com o problema. Nos meses posteriores o Grupo Fé e Política recebeu denúncias de que pessoas que possuem o Plano de Manejo estavam vendendo ilegalmente o Documento de Origem Florestal (DOF), permitindo o desmatamento por pessoas não-autorizadas. Mas nenhuma medida efetiva foi tomada desde então. “O Governo reali-
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FATOS em FOCO
Plenária e Oficinas no Sertão do Pajeú
A
“Não se faz nada. Há uma conivência, uma ausência do Estado. Não existe fiscalização” zou apenas algumas operações. Barraram alguns caminhões, apreenderam animais silvestres, mas não conseguiram superar a situação. O desmatamento continua”, reclama. Um novo documento foi entregue em setembro de 2015. Integrante do Conselho de Desenvolvimento Rural e Urbano de Afogados, Dora Santos diz que há trechos onde já não se encontra madeira. “Tem município de onde saem mais de 25 caminhões, como na região de São José do Egito, Tuparetama, Ingazeira”, alerta. A situação também preocupa o Padre Luizinho, de Ingazeira. “O fluxo de caminhões tem diminuído porque não tem mais lenha. Onde moro todos os dias passam caminhões de madeira originária da caatinga”, lamenta. Às reclamações dos movimentos populares se soma a falta de vontade política
em coibir o desmatamento ilegal. “Não se faz nada. Há uma conivência, uma ausência do Estado. Não existe fiscalização”, pontua o padre, que tem suas críticas engrossadas por Afonso Cavalcanti. “Só há dois analistas ambientais para cobrir todo o estado”, denuncia. “E um dos desmatadores na região de Flores e Carnaíba é um deputado estadual da base do governo”, completa, preferindo omitir o nome do parlamentar para não sofrer retaliações. O bioma da caatinga ocupa 11% do território brasileiro, se estendendo pelos 9 estados da região Nordeste e alcançando o norte de Minas Gerais. Vivem na caatinga 27 milhões de pessoas que dependem dos recursos naturais para sobreviverem. São essas as principais vítimas da destruição ilegal da caatinga. “Quanto mais desmatamento, mais difícil para chover depois. O estrago é grande. A terra fica fraca e aumenta a dificuldade para o homem e a mulher do campo”, diz Dora Santos. O Grupo Fé e Política realizou denúncia no Ministério Público de Pernambuco, que ainda não se pronunciou sobre o caso. O IBAMA e o Governo do Estado de Pernambuco foram procurados pela reportagem, mas não responderam.
Frente Brasil Popular do Pajeú realiza atividades de formação nos próximos dias 12 e 13 de agosto, em Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú. Os trabalhos serão abertos com uma grande plenária na manhã do dia 12. À tarde a militância terá uma série atividades de agitação e propaganda, com oficinas de batucada e confecção de cartazes e faixas, para dar ainda mais qualidade às ações de rua. No dia 13 haverá um ato público que tomará as ruas de Afogados.
Indígenas debatem preservação da memória e história
U
m ano após inaugurarem seu museu, o povo Kapinawá sedia dois eventos sobre a importância dos museus indígenas. De 15 a 17 de agosto o 3º Encontro de Museus Indígenas de Pernambuco apresenta a experiência das nações do estado. De 17 a 20 o 2º Fórum Nacional de Museus Indígenas possibilita a troca de experiências entre nações do Brasil que possuem museus. Os eventos acontecem na aldeia Mina Grande, território Kapinawá, cidade de Buíque, região Agreste.
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Cabelo como descoberta e reafirmação da identidade negra
NA SEMANA em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, mulheres afirmam sua negritude a partir da valorização do cabelo natural Lívio Fabrício
Catarina de Angola
E
m 2009, o Brasil contava com quase 50 milhões de mulheres negras, dados do Dossiê Mulheres Negras, do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). O mesmo dossiê traz dados de que naquele ano o número de mulheres negras era maior do que o de mulheres brancas no Brasil. No entanto, o referencial de beleza, de uma forma mais generalizada no país, é de um cabelo liso. E isso faz com que muitas mulheres negras que no geral tem cabelos cacheados ou crespos a buscar um cabelo que não é o seu. “Nem sempre me reafirmei como mulher negra, pois não havia nenhuma representantividade nos veículos de mídia, nos brinquedos. Com isso, alisei o cabelo aos nove anos porque eu deixei minha mãe dormir enquanto ela não o fez”, conta a atriz e cantora Gabriella Freitas, de Ca-
lo de teatro profissional e ele tinha uma abordagem negra, aí tive que deixar o cabelo crescer sem química e foi libertador. Ser mulher negra é carregar uma herança ancestral muito cruel de colonização que persiste na forma do racismo, do machismo, da sexualização e da marginalização. É ter que resistir o tempo todo e das mais diversas maneiras. No cabelo, nas roupas, no discurso, no trabalho”, afirma. O Brasil vive o mito da democracia racial e o racismo ainda é muito forte e se
“Nem sempre me reafirmei como mulher negra, pois não havia nenhuma representantividade nos veículos de mídia, nos brinquedos”
Saullo Dannylck
ruaru, agreste de Pernambuco. Gabi da Pele Preta, como a artista se apresenta, passou a se autoafirmar como mulher negra também a partir da sua relação com o cabelo. “Aos 21 anos fiz meu primeiro espetácu-
revela diariamente nas referências criadas e padrões ditados. Mas também se revela na análise de dados sociais. O número de feminicídio de mulheres negras no Brasil cresceu 54% nos últimos dez anos, segundo
o Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Nesse mesmo período, os assassinatos de mulheres brancas caíram 9,8%, também segundo o Mapa. No último dia 25 de julho foi comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data instituída desde 1992. “Essa é uma data de extrema importância que celebramos na sociedade politicamente que formam parte da construção do território brasileiro e latino-americano, que tem origem em África. Tem importância de remontar esse calendário como uma forma de recontar a história”, afirma socióloga e pesquisadora Cecilia Godoi. “Cresci sendo a morena da escola, a morena da faculdade, a morena da família. E quando decidi passar pela transição capilar foi que realmente caiu a ficha de que sou negra. Não é porque eu tenho a pele mais clara que não sou negra. Essa questão de morena não existe, isso foi uma forma de tentar embranquecer a sociedade. O meu processo de transição capilar foi essencial para minha aceitação enquanto mulher negra, foi a partir do meu cabelo que eu realmente vi que era negra. Foi o cabelo que mostrou quem eu realmente sou”, afirma a estudante de jornalismo, Renata Araujo. Renata faz parte do grupo Meu Cabelo, Minha Raiz, em Caruaru, um grupo nas redes sociais onde discutem sobre estética negra, racismo e sobre a aceitação do cabelo natural. Atualmente muitos grupos de discussão sobre estética
negra, a partir da aceitação do cabelo natural, estão surgindo. Muitos capitaneados por adolescentes e jovens e que passam a se autoafirmar enquanto mulheres negras a partir do cabelo. “Quando assumi meus cachos vi o quanto um cabelo incomoda. Escuto todos os dias comentários pejorativos e olhares tortos. Mas a situação de racismo que mais mexeu comigo foi quando uma foto minha viralizou na internet numa comparação do meu antes e depois”, conta a estudante. No começo deste ano, Renata sofreu ataques racistas na internet, em uma foto dela em uma rede social. Dois meses depois, entrou com uma ação judicial contra a pessoa que fez os comentários racistas e vai levar adiante a ação. Para Cecilia Godoi a representação é um fenômeno importante e gera a ressignificação do corpo negro. “É de suma importância a representatividade para que possamos criar outros referenciais e pra que a gente possa tanto desenvolver o olhar crítico frente a realidade, quanto que a gente possa ter a possibilidade de escolha. Inclusive entre as mulheres negras, porque a ideia não é dizer como o cabelo deve
“E quando decidi passar pela transição capilar foi que realmente caiu a ficha de que sou negra”
ser usado, mas que possamos escolher, que não sejamos discriminadas pela escolha que a gente tiver feito do uso do nosso cabelo, seja ao sair na rua, seja ao buscar ocupar um posto no mercado de trabalho”, afirma. Cecilia também integra o Cabelaço Pernambuco, coletivo auto organizado de mulheres negras que existem há quatro anos, fundado na cidade de Olinda. Mulheres negras tem reescrito suas histórias ao longo dos tempos, a luta delas contribui para que hoje outras mulheres negras tenham cada vez mais força para a busca de seus direitos. “A mulher negra tem direito de escrever a sua própria história sem intervenções, conhecer suas heroínas e romper o silêncio a que foram condicionadas”, afirma Gabriella Freitas
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Turquia: por que os militares tentaram tomar o poder?
GOLPE. Após uma série golpes militares reais no passado, o povo turco agora reage a qualquer sinal de intervenção militar
Kerim Balci, do Turkish Review/Via OperaMundi
O que aconteceu? O que precisamos saber?
Na noite de 15 de julho, um grupo de soldados turcos assumiu o controle de várias instituições em Istambul e Ancara, no que parece ter sido uma tentativa de golpe mal planejada. As forças policiais – auxiliadas por um grande número de cidadãos turcos– conseguiram frustrar o golpe. Chamados às ruas pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, enormes grupos tomaram as ruas para impedir as unidades do exército de entrarem em prédios governamentais. O golpe foi declarado encerrado na manhã do dia 16 de julho.
Então, o povo turco apoia o presidente Erdogan?
Graças a uma longa história de golpes militares, o ódio do povo turco a intervenções militares é muito maior do que sua aversão ao seu líder autocrático. Turcos de todos os espectros políticos compartilham o mesmo sentimento de que até uma péssima democracia é melhor do que um governo militar.
Por que os militares tentaram tomar o poder?
A explicação muda de acordo com em quem você escolhe acreditar. Uma declaração supostamente feita pelos militares alega que seu propósito era “reinstituir a ordem constitucional, a democra-
cia, os direitos humanos e as liberdades”. Porém, o presidente Erdogan e sua rede midiática pró-governo bombardearam o povo turco com alegações de que o golpe foi obra de um grupo clandestino, que teria infiltrado todos os órgãos estatais, organizado por um clérigo muçulmano chamado Fethullah Gülen, que é aposentado e vive na Pensilvânia. Pouca evidência sólida dessa conspiração foi apresentada até o momento. Gülen negou qualquer envolvimento. De fato, ele e outros grupos oposicionistas alegam que o golpe foi, na verdade, orquestrado por Erdogan como desculpa para subjugar a oposição política e definitivamente mudar o sistema governamental da Turquia para uma presidência executiva. Essa explicação também não é inteiramente convincente – a alegação de que Erdogan planejou um falso golpe contra seu próprio governo para extirpar a oposição de dentro do exército e do Supremo Tribunal é muito grande para se levar em conta.
O que o povo turco acha?
Até a Primavera Árabe, Erdogan era um líder democrático. Porém, após o início da Primavera Árabe em 2011, ele começou a acusar a Europa, a América e Israel por seu envolvimento no mundo muçulmano. Ele agradou às multidões descontentes nas ruas árabes e começou a se comportar como um líder não eleito do mundo muçulmano. O eixo da Turquia começou a se mover para longe do Ocidente em direção às ditaduras do Oriente Médio. Em dezembro de 2013, um grupo de procuradores públicos e policiais começou uma grande investigação de corrupção relacionada à lavagem de dinheiro iraniano e Erdogan afirmou que essa investigação foi uma conspiração contra ele orquestrada por “poderes estrangeiros” e pelo movimento religioso liderado pelo clérigo muçulmano Fethullah Gülen, e lançou uma caça às bruxas contra traidores dentro da polícia e do Judiciário. Nos três anos seguintes, novos tri-
bunais, com apenas um juiz, foram criados para simplificar os processos contra figuras críticas e dissidentes, jornais e canais de televisão foram tomados, e cerca de 3.000 jornalistas perderam seus empregos.
te ano, quando aldeões de uma remota cidade de Artvin protestaram contra a abertura de minas de ouro em seu vilarejo. Dessa vez, Erdogan está manipulando os mesmos sentimentos para demonizar seu arqui -inimigo, Fethullah Gülen.
De onde vêm todos esses golpes e teorias da conspiração?
Com o governo aparentemente de volta ao controle, Erdogan já ganhou. Sem dúvida, há esforços sendo realizados para silenciar todos os grupos de oposição em nome da segurança nacional, incluindo qualquer mídia local ou nacional que não é abertamente pró-governo. A partir de agora, não haverá qualquer oposição significativa a essa caçada a grupos oposicionistas. Em 16 de julho, o Ministro do Interior declarou que 2.839 oficiais militares que supostamente eram membros do Movimento Gülen, incluindo dezenas de generais, foram presos. O Supremo Conselho de Juízes e Procuradores demitiu 2.745 juízes e procuradores, incluindo dez de seus próprios membros. O Chefe do Estado-Maior, que havia resistido a pedidos anteriores de Erdogan para limpar o exército, agora cedeu. Abundam rumores de outras detenções.
Após uma série golpes militares reais no passado, o povo turco agora reage a qualquer sinal de intervenção militar com a mesma preocupação imediata de um paciente pós-câncer que descobre um pequeno nódulo. A alergia deles as ações militares no governo tem sido explorada por Erdogan – ele tende a enquadrar qualquer agitação pública como tentativa de golpe. Em 2001, Erdogan foi preso pelo regime laico por causa de um poema recitado por ele, isso fez dele um herói nas ruas. Porém, muitos afirmam que essa prisão foi um show desenhado para torná-lo popular aos olhos do público. Em 2013, ele acusou a Revolta do Parque Gezi de ser uma tentativa de golpe. Ele disse o mesmo sobre a investigação de corrupção daquele ano. E até afirmou o mesmo, em fevereiro des-
O que vai acontecer agora?
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10 | OPINIÃO
Artigo
Artigo Na luta contra o desmonte da Previdência Social
Aumento da jornada de trabalho entra na pauta golpista
José Bonifácio do Monte *
A
extinção do Ministério da Previdência Social é mais um golpe do governo interino de Temer, que visa desmantelar o atual sistema de benefícios sociais, prejudicando trabalhadores e usuários. A real intenção é beneficiar os especuladores financeiros da previdência privada.
para 65 anos, com validade igual para homens e mulheres, penalizando estas últimas que já têm a sobrecarga da dupla jornada. Todos terão que trabalhar mais para alcançar o teto máximo de contribuição e tempo de serviço. E as mazelas não param por aí. O governo golpista pretende ainda reduzir o salário mínimo e cons equentemente, o teto e o piso da Previdência Social regidos pelo Regime Geral (RGPS). Ou sejam, aposentadorias e pensões serão bem inferiores e as menores abaixo do mínimo. Enfim, tudo planejado para aumentar os lucros das empresas privadas e da especulação financeira.
“ Os benefícios previdenciários vão ser limitados,reduzidos Através da Medida Provisória nº e alguns até podem 726/2016, editada no dia 12 de maio, ser eliminados” o governo transferiu a concessão e o pagamento de benefícios realizados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. E a área de arrecadação previdenciária foi para o Ministério da Fazenda.
Com esse grande e grave retrocesso, os benefícios previdenciários vão ser limitados, reduzidos e alguns podem até ser eliminados. É o que prevê outra Medida Provisória baixada em 7 de julho, a MP nº 739/2016 que limita e dificulta as regras para a concessão do auxíliodoença e da aposentadoria por invalidez. Com a nova gestão nomeada pelos golpistas, o INSS também deverá fazer perícias para revisão desses dois benefícios com mais de dois anos no prazo máximo até 31/08/2018. Entre as medidas estão o aumento da idade mínima da aposentadoria
O Sindsprev-PE está realizando campanha contra os desmontes da Previdência, dos serviços públicos e do Estado. Juntamente, com os sindicatos, movimentos sociais, culturais e populares, estamos engajados nas lutas mais amplas contra a retirada dos direitos sociais, previdenciários, trabalhistas e de todos os cidadãos contra o golpe e em defesa da legalidade e da democracia. *Coordenador do Sindsprev-PE
Pedro Carrano*
E
m muitos locais de trabalho, a jornada está bem acima das 44 horas expressas na Constituição. Adicionar o debate do aumento da jornada de trabalho era o tempero que faltava na salada golpista. Essa demanda foi ensaiada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), de forma atrapalhada, e também sinalizada pelo governo Temer (PMDB).
de acidentes. Ainda sobre a intensidade: o banco de horas, introduzido no país em 1998, no governo neoliberal de FHC, gera uma alta concentração de trabalho em determinado período, para flexibilizar no período seguinte, de acordo com a demanda. Limite já ultrapassado
“Cálculo do Dieese aponta que reduzir a jornada de trabalho é gerar mais empregos”
Depois de preparar um prato que inclui cortes na Previdência Social, na Assistência Social, no Sistema Único de Saúde e nos direitos trabalhistas, a defesa de mudança na jornada de trabalho busca aumentar a margem de lucros das grandes empresas e promover o corte de despesas às custas do trabalhador. Cada vez mais fica nítido que esse é o papel do presidente interino. A questão é que a jornada de trabalho no Brasil já é intensa e extensa. É, em termos absolutos, maior do que em países como Chile e Espanha. No que se refere à produtividade, a jornada também não dá descanso para o trabalhador brasileiro. Tanto é que o país enfrenta o aumento exponencial de doenças do trabalho como Ler/Dort e também
A jornada de trabalho, em muitos locais, já é levada para um limite bem acima das 44 horas expressas na Constituição. É um círculo vicioso, porque os t raba l hadores buscam as horas extras como forma de compensar os baixos salários. A Organização Internacional do Trabalho classifica como insalubre as jornadas que excedam as 48 horas semanais. As redes sociais não perdoaram a sinalização da CNI. As centrais sindicais, por sua vez, reafirmaram o projeto congelado no Congresso, desde 1995, que estipula a jornada de 40 horas semanais. Cálculo do Dieese aponta que reduzir a jornada de trabalho é gerar mais empregos. Mas o governo Temer, com suas medidas contrárias aos trabalhadores, quer levar o país para um outro rumo.
* É jornalista e integrante da Frente Brasil Popular.
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ENTREVISTA l 11
“Este é um tempo necessário para construirmos com a classe trabalhadora um outro projeto para o país” EM PASSAGEM por Pernambuco para participar do Fórum de Educação Popular, Stédile conversou com o BdF PE João Pedro Stédile é membro da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), ele compõe o Movimento há mais de 30 anos. Na entrevista ele fala sobre os desafios dos movimentos populares no Brasil e na América Latina, do papel da Frente Brasil Popular e da importância de uma Constituinte para a reforma política no Brasil. Monyse Ravena Quais os principais desafios dos movimentos populares pata a construção da sociedade que queremos? Nós vivemos uma conjuntura muito difícil porque a sociedade brasileira vive uma crise profunda de caráter econômico, político, social e ambiental. Nessa crise, as duas grandes classes sociais precisam encontrar um novo projeto para sair da crise. De um lado a burguesia que já mostrou a cara com o golpe com o seu projeto neoliberal e do outro lado a classe trabalhadora. E a classe trabalhadora então enfrenta muitos desafios para poder se posicionar melhor frente à crise. Primeiro ela precisa se mobilizar porque o teatro da política para classe trabalhadora é a rua, é a luta e infelizmente a maioria da classe trabalhadora ainda não se manifestou. Cabe aos Sindicatos, aos Movimentos, aos militantes instigar a mobilização de massas para que a classe vá para rua. Segundo desafio, nós temos que descobrir novas formas de comunicação de massa. O jor-
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ções que a classe tem. Durante todo o século XX nós fomos resultado histórico da forma clássica da sociedade industrial se realizar. Agora “todo mundo cabe na Frente, com a crise o desafio agora é como nós do capitalismo, a derromantemos essa unidade” ta do capitalismo industrial e a henal Brasil de Fato é uma de- gemonia do capital finanlas, há também pichação, ceiro, das transnacionais, a música, a panfletagem, a isso embaralhou as forrádio comunitária, a tv co- mas de vida da classe tramunitária. Eu sinto que fal- balhadora e isso exige da ta mais vontade política de esquerda mais criatividade nós potencializarmos todos nas novas formas da classe esses meios de comunica- se organizar. A Frente Bração alternativos que dialo- sil Popular tem tido a sabeguem com o povo. Tercei- doria de juntar todas essas ro, nós temos que aprovei- formas de sindicatos, movitar esses tempos de crise mentos, partidos, de juvenpara retomar os processos tude, igreja, pastorais, nude formação política, para ma Frente Popular. Então que a militância tenha cla- todo mundo cabe na Frenreza do momento que nós te, o desafio agora é como vivemos e do que nós te- nós mantermos essa unidamos que fazer. Quarto, nós de. Somos mais de 60 motemos que discutir, sobre- vimentos e correntes partudo com os setores organi- tidárias. Nós precisamos zados da classe, que projeto que a Frente Popular se ennós queremos propor pa- raíze no meio do povo na ra o País, frente a essa cri- proposta que nós temos de se que se aprofunda. Este construir comitês populaé um tempo necessário pa- res da Frente. Em qualquer ra nós construirmos com a lugar que tenha trabalhaclasse trabalhadora, o outro dor, não importa se ele é fiprojeto para o País. liado ao sindicato, se está em algum partido ou não, Qual a grande tarefa qual é a religião dele... o da Frente Brasil Popu- importante é que nós orgalar nos próximos perío- nizássemos o povo.
dos?
A Frente Brasil Popular pode ser essa nova articulação, das várias media-
Qual o lugar da Reforma Política no cenário atual? Esse é um dos debates in-
clusive que ainda não têm unidade dentro dos Movimentos Populares, porque tem alguns setores da esquerda que acham que a solução é apenas convocar novas eleições presidenciais ou novas eleições gerais. Como palavra de ordem, pode ser interessante, pode ser motivador, da turma ir para a rua e debater. A maioria dos movimentos populares que estamos na Frente achamos que a única maneira de realizar uma reforma política verdadeira é uma Constituinte. Porque aí você elege novos deputados, com novas regras, sem influência do poder econômico e com mandato apenas para mudar o sistema eleitoral e que funcionaria paralelo a esse Congresso.
Qual a sua avaliação da ofensiva aos governos populares na América Latina? Eu não gosto de usar a palavra “ofensiva”. O que nós estamos assistindo é que há uma crise internacional do capitalismo. E como o capitalismo, desde a década de 1990 para cá com o neoliberalismo se transformou no modo de produção hegemônico no planeta, a crise dele envolve todo mundo. As economias que estão na periferia do capitalismo, com é o caso da América Latina, do sul da Ásia e da África, são as que mais sofrem, porque então os capitalistas correm pra elas. O que a América Latina está sofrendo é uma ofensiva, não só governamental, é uma ofensiva do capital para se apropriar dessas riquezas e, evidentemente, quando encontra resistên-
cia dos governos eles procuram então incentivar as forças conservadoras locais para trocar os governos ou simplesmente força-se uma crise, assim como eles forçaram uma baixa do petróleo. O neoliberalismo, que é a proposta da burguesia, está em crise... olha o que está acontecendo no México, na Colômbia. O neodesenvolvimentismo que era, digamos, a proposta da esquerda brasileira dos governos Lula e Dilma, entrou em crise, na Argentina, no Uruguai, aqui. O próprio projeto da Alba que era aquela vocação de integração latino-americana que o Chavez representava – não só nós perdemos com a morte dele que era um líder de massas – mas a dependência da Venezuela do
“do ponto de vista prático e da luta de classes de nada adiantaria nós termos eleições gerias ou presidenciais” petróleo levou a que o projeto da Alba entrasse em crise também. Por último, o quarto projeto que é o socialismo que vem heroicamente sendo construído em Cuba, aqui na América Latina, também está passando por enormes dificuldades, sobretudo pelo caráter insular da economia cubana, que tem pouca capacidade de funcionar com recursos próprios. Cuba depende sempre de uma integração com outros países, como os outros países estão em crise, ela entra em crise também.
12 | CULTURA
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VISITE MERCADOS
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Mercado da Água Fria
As meninas e o povo no poder, eu quero ver. Serra Talhada-PE/ Vanessa Gonzaga
Crônica: Trabalhador
Vai atirar? Ajoelhou-se, abriu os braços às laterais do corpo e, homem-cruz no asfalto de quase meiodia, gritou para os cinco homens fardados a sua frente: - vai atirar? Uma, duas, três, ancestrais vezes: - vai atirar num trabalhador? Camisa aberta, a mão esquerda batia contra o peito exposto à mira. - Atira! - Vai, atira num trabalhador! A cada batida,
um exército de tambores silenciosos. A cada batida, - atira!, - atira!, um vulto de Carajás. Os policiais recuaram as armas. Por trás do Sem Terra ajoelhado, outros se enfileiravam. Braços dados constrangem metralhadoras. Eu vi. Àquela hora, bombas de gás lacrimogêneo já haviam desafiado as nuvens. Policiais militares as lançaram ao céu - mas era como se disparassem à história - e elas aterrissaram lágrimas nos olhos das duas centenas de militantes que, naquela manhã, trancaram a rodovia em protesto contra o
golpe atravessado pelo país. Faltou ar. Faltou ar. Fogo no ar. - Não consigo andar. Não consigo enxergar. - Não consigo respirar. Eu ouvi. No nó do desespero, rente à fumaça dos pneus queimados, uma senhora, 60, 65 anos, trabalhadora rural, cambaleou. Pendeu. Suportamo-nos. Ela se apoiou em meu braço esquerdo, eu em sua dor. - No calor da guerra, não se chora no olhar, menino. Antes se chora no suor. Evapora mais tarde ela não disse, mas disse, eu senti. - Atira! - Atira! Os policiais se afastaram, voltaram às suas viaturas. - Atira, porra! - Vai ter coragem de atirar num trabalhador? Não demorou. Trá. Lágrimas encapsuladas revoam como urubus, mas se chocam ao
rés como um açoite. Trá. O Sem Terra ajoelhado se ergueu, ainda confrontava o peito nu à mão esquerda. Um cortejo de alfaias nervosas. Trá. Corremos. De lá saímos e lá ficamos. Trá. Enquanto eu corria, juro, avistei uma bandeira vermelha. Ela tremia. E fez da estrada a tarde que, então, também se levantava. Para Jaime Amorim, militante do MST
Roberto Efrem Filho - ou Beto, como gosta - é do Recife e, vez ou outra, atrapalha-se com as palavras, nas redes sociais ou, agora, nestas páginas.
Em janeiro de 1954 foi inaugurado o Mercado de Água Fria, localizado na Estrada Velha de Água Fria. O início da construção do mercado data de julho de 1952, no local onde havia uma pequena feira de frutas e verduras. Ao redor dessa antiga feira, havia um conjunto de casas que pertencia ao senhor Antônio, de acordo com pesquisas da antiga Secretaria de Abastecimento do Recife. No entanto, o terreno onde foi erguido o mercado não se sabe se era do mesmo proprietário. Quarenta anos depois da construção do mercado, em outubro de 1993, foi inaugurado o Pátio da Feira, com uma área de 3.087.22 metros quadrados e 162 boxes e que possui infraestrutura de calçamento, banheiro, iluminação e lavatórios. Atualmente, o forte do mercado são os artigos de umbanda e camdomblé, miudezas em geral e cerâmica. O café da manhã típico também é garantido, com cuscuz, macaxeira, inhame, com charque ou carne guizada. De segunda à sábado o mercado funciona das 6h às 18h e nos domingos das 6h às 12h.
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AGENDA CULTURAL
Festival Movimenta Vale Do São Francisco
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e 31 de julho a 20 de agosto, as cidades de Petrolina e Lagoa Grande sediarão a 12ª edição do Aldeia do Velho Chico. Esse ano o Aldeia homenageia Águida Borges, mestre do Reisado em Lagoa Grande, que faleceu em 2015. Com atividades gratuitas e a preços populares, o festival contará com espetáculos, apresentações culturais, exposições, mostras, palestras, exibições de filmes e shows de Leo Fressato e Rita Beneditto.
Triunfo Cinema
Festival de Cinema de Triunfo
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e 8 a 13 de agosto, acontece o nono Festival de Cinema de Triunfo. Serão 33 curtas e longas-metragens em competição no Cine Theatro Guarany. Serra Talhada e Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, também ganhará atividades. O festival vai oferecer ainda uma série de atividades formativas e ações especiais. Entre elas, o Seminário Inclusão no Audiovisual, para discutir temas como cotas, descentralização e representação de gênero na cadeia produtiva.
Variedades CULTURA |l 13 13
Festival Nacional de Arte e Cultura na Reforma Agrária também lutamos pela distribuição do conhecimento, da arte, da cultura”, afirma o músico Marcos Pertaqui. A Mostra de Artes Plásticas, por meio de fotos e pinturas, expôs fatos sobre os 32 anos de história do MST. O festival de música “Da Luta Brotam Vozes de Liberdade” teve apresentação de sessenta canções. As 20 selecionadas pelo juri farão parte de um CD. “A arte, a cultura e a política não são coisas separadas, elas estão sempre juntas”, ressalta Bruna Gavino, do Levante O FESTIVAL Nacional de Popular da Juventude de Minas GeArte e Cultura da Reforma rais, uma das mais aclamadas peAgrária aconteceu de 20 a lo público. Ela lembra, porém, que 24 deste mês em Minas Ge- mais importante que ter sua música reconhecida é “ver a galera da culrais. tura pautando a política”. No espaço dedicado a poesia, foElen Carvalho ram mais de 120 inscrições de poetas da base acampada e assentada Além de ocupar latifúndios, do MST e de amigos do Movimento. prédioAlém de ocupar latifúndios, Destas, 60 poesias se classificaram e prédios públicos e rodovias como foram apresentadas ao público duforma de pressionar para a con- rante os quatro dias. quista de direitos, como a Refor“É importante a gente romper ma Agrária e políticas públicas pa- com as cercas que o capital cria. Enra o campo, o Movimento dos Tra- tão o processo de construir contrabalhadores Sem Terra (MST) tam- cultura é importante para romper bém busca ocupar outros espaços, essa barreira que separa quem penpara reconstruir a cultura popular sa de quem faz, quem trabalha de e camponesa atraquem é artista, pa“Nós também vés da luta e da resisra nós está tudo muilutamos pela tência. “O Festival de to junto e a nossa arArte e Cultura é uma distribuição do te brota da nossa viprova disso. O Movi- conhecimento, da da”, afirma Dandara mento mostra o que arte, da cultura ” de Araújo, do coletiproduz não só na tervo nacional de cultura, mas no campo do ra do MST, que orgapensamento. E também fortalece niza a mostra de poesia. os laços de integração com os traPara o músico Pereira da Viola, balhadores da cidade”, afirma Es- o festival representa um novo moter Hoffmann, da Direção Nacio- delo de organização cultural. “A arnal do MST. te se soma a todo esse processo de O Festival Nacional de Arte e luta permanente que nós brasileiCultura da Reforma Agrária acon- ros vivenciamos cotidianamenteceu dos dias 20 a 24 deste mês te. Segundo o músico, “o Festival é em Belo Horizonte, Minas Gerais, uma nova forma de pensar a sociee contou com uma vasta progra- dade e o amor pela arte. “É um nomação. Foram realizados deba- vo compartilhamento de sentimentes sobre temas importantes nes- tos que não passa pela busca finante momento histórico do país, co- ceira. Agradeço ao MST por todo o mo educação, saúde, gênero e co- conhecimento que adquiri na vida, municação. “O Festival demons- que só se alimentou com essa partra que a Reforma Agrária vai para ceria estabelecida com o Movimenalém da distribuição de terra. Nós to”, conclui.
AGENDA CULTURAL
Programação dos domingos para crianças e adolescentes s crianças e adolescentes do Recife podem aproveitar os domingos pela manhã para fazer uma série de atividades no Museu do Homem do Nordeste, localizado na Avenida Dezessete de Agosto, bairro de Casa Forte. É o projeto Domingo dos Pequenos, que estreou no dia 24 de julho, com filme, contação de histórias e lanche nos jardins do museu. A entrada é gratuita e as atividades começam às 10h30.
A
Festival Cultural Quilombo do Catucá é realizado em Carmaragibe
N
os dias 29 e 30 de julho, acontece o Festival Cultural Quilombo do Catucá no Centro Cultural Quilombo de Catucá, na Rua Ana Alves, bairro Viana, em Camaragibe. A programação conta com diversas oficinas durante o dia, como as oficinas de elaboração de instrumentos e danças africanas. Os shows musicais acontecerão à noite e diversos Afoxés e grupos de coco estão confirmados para se apresentar.
14 | VARIEDADES
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Horóscopo 15 a 28 de julho de 2016
Áries :
Touro:
Gêmeos:
Câncer:
Muita atenção com suas emoções, pois nem todas as escolhas podem estar claras e é preciso evitar reações imediatas e ser mais cuidadoso. Num momento de sensibilidade e paixão como o que se apresenta aceite tanto suas fragilidades como a do outro. O que você pensa vai ter especial destaque, então aproveite para manifestar suas ideias, porém cuidado com a teimosia! É tempo de ter algumas respostas para dúvidas que você andava carregando, mas esteja pronto para não gostar de todas elas. Para tantas mudanças e novas responsabilidades é preciso muita maturidade. Apesar da intensidade emocional, confie em resultados positivos. Seus sentimentos devem estar profundos ao mesmo tempo em que tenta lidar com a insegurança. Seja amor da cabeça aos pés, como você é! Momento propício para se organizar seja no trabalho, seja nos relacionamentos: está bom ou não? Saiba pedir ajuda e tenha especial atenção com as pessoas que devem precisar de você.
Leão:
Você se perceberá com maior entusiasmo com suas ideias, com suas relações, com sua beleza. Já pensou em mudar de visual? Terá algum trabalho para repensar sua rotina, para definir novos projetos, sabendo que pra tudo isso não pode abrir mão de cuidar de sua saúde.
Virgem:
Algo deve está sendo elaborado dentro de você já algum tempo, não é? Seja a compreensão de algo que você vive e sente, seja um projeto! Desenvolva a confiança e a autoestima em você e cuidado para não endurecer ao se defender.
Libra:
Não alimente suas dúvidas e não dependa tanto das opiniões dos outros, confie em você e se faça presentes com aquele jeito tão atraente e querido. Siga seus desejos durante esse período de reestruturação emocional que já vem sendo trabalhado.
Uma decisão está sendo amadurecida e está prestes a ser colocada em prática. Para o desenvolvimento de novos projetos profissionais ou afetivos você precisa estar bem emocionalmente, porém deve ficar mais sensível e com Escorpião: certos receios. Tempos de novos estudos e quem sabe novas viagens também comecem a ser planejadas. Permita-se se entusiasmar com tanto desejo novo e cheio de força de ganhar vida! Apesar da ansiedade por novas aventuras, é Sagitário: tempo de semear segurança.
Capricórnio:
Aquário:
Tempo bom de se harmonizar com pessoas, com seus relacionamentos, de avançar em questões inclusive de sua vida profissional. Boas conversas podem rapidamente se transformar em conflitos. Atenção a seus limites e cuidado com os excessos.
Peixes:
Seu cotidiano deve parecer mais agradável, mas isso deve lhe exigir certa reorganização de suas atividades e uma atenção com sua saúde que está precisando cuidado. Suas relações amorosas parecem lhe desafiar, seja generoso.dificuldades.
Comida saudável do campo para as cidades Consuma alimentos Agroecológicos e Orgânicos. Garanta saúde para você e sua família, e apoie a Agricultura Familiar e Camponesa que produz protegendo florestas, animais, solos e as fontes de água. Acesse
www.centrosabia.org.br e saiba onde estão as feiras em sua cidade.
O mundo não está lhe parecendo o lugar mais agradável neste momento, mas cuidado para não apontar culpados e ser muito frio, ainda que por proteção pela fragilidade que sente. Todo o cuidado com as pessoas com quem se relaciona, escute, dê atenção.
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Curso de Português O
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Prof . Neuma Costa 35 horas
Local - No Sindsep-PE Início do curso 16 de agosto
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Um registro de amor entre dois homens
Terças e quintas - das 17h às 20h
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SEMPRE VI NOVELA | Joaquim Vela
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Público alvo servidores federais filiados e dependentes
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Inscrições Fone (81) 3131.6350 ou no Sindsep
Vagas limitadas
VARIEDADES l15 15
INDS EP PE
Filiado à CUT e à CONDSEF
Sindsep_PE
@Sindsep_PE
rior, André estava ao seu lado para confortá -lo. Diante da certeza do amor entre os dois, Bem mais ousado, igualmente profun- diante das “voltas que o mundo dá, diante as do e menos comum do que os anteriores. surpresas que a vida nos reserva, de uma seRefiro-me a mais um registro das questões gunda natureza muitas vezes oculta”, usando as palavras do português, “Muita gente não sabe que da vida de homossexuais nas telenovelas. homossexuais podem amar, casar, os dois se permitem viver o que sentem e deseserem felizes como Questões não menos jam. E fazem amor, um qualquer pessoa” importantes do que lindo amor, que se descoas da vida de qualbre mais forte a cada parquer pessoa, mas certamente mais difíceis. Refiro-me à be- te do corpo e a cada toque. O novo registro é mais ousado por duas ralíssima, amorosa e “inesperada” cena de amor e sexo entre André (Caio Blat) e To- zões: primeiro por retratar um tempo histólentino (Ricardo Pereira) em “Liberda-de, rico em que a homossexualidade sequer era considerada como possível na convivência Liberdade”, de Mario Teixeira. Já havíamos contado aqui sobre a ami- social; segundo porque trata do amor de um zade afetuosa dos dois, quando Tolenti- militar e de um fidalgo. É igualmente profunRolo Divulgação no, militar da Coroa por-tuguesa, dorme do porque mostra o quão difícil e demora-do ao lado de seu amigo, de origem nobre, e pode ser aceitar e se permitir amar alguém não resiste em dar uma espiada no corpo do mesmo sexo. É menos comum porque foi dele. Naquela ocasião, torcemos para que além do beijo, evidenciando o encontro dos os dois se entregassem ao desejo que pa- corpos de homens nus, desde o despir-se até reciam sentir um pelo outro. a intimidade na ca-ma. A amizade entre eles se torna mais forte Estarei de férias nas próximas semanas. Até e próxima. Quando Tolentino se percebe a volta! desvalorizado e humilhado por seu supeUm abraço!
| ESPORTES
Salgueiro e América são esperança nas Séries C e D
CARCARÁ alimenta sonho de voltar à Segundona, enquanto Periquito tem missão complicada Divulgação
Vinícius Sobreira
O
ano era 1986. A Série B do Campeonato Brasileiro era disputada em grupos. O Central de Caruaru vence o Grupo F, consagrase campeão da Segundona e tem acesso imediato – no mesmo ano – ao torneio principal, a Série A. No Grupo I a Patativa venceu Vitória e Flamengo, empatou com Grêmio, Goiás e Santa Cruz. Não passou ao mata-mata, mas 1986 ficou marcado na memória dos alvinegros caruaruenses. O feito de chegar à divisão principal do Campeonato Brasileiro nunca foi repetido pelas equipes do interior pernambucano, mas anualmente os clubes locais buscam retornar à vitrine das principais divisões do futebol nacional.
A equipe do interior que melhor figura no Brasileirão é o Salgueiro. O clube sertanejo disputa pela 8ª vez a Série C do futebol nacional. Com o pior ataque do campeonato (6 gols), o Carcará faz campanha mediana e está na 6ª colocação. Para passar à segunda fase o clube precisa encer-
rar a 18ª rodada entre os quatro primeiros. Profissionalizado em 2005, o Salgueiro jogou a Série C de 2008 a 2010, ano em que subiu à Série B. Em 2011 o clube não obteve autorização da CBF para atuar no seu estádio, sendo obrigado a sair do Sertão para jogar na cidade do Paulista,
litoral do estado. O resultado foi o rebaixamento à Série C, divisão na qual atua desde então. Na Série D 2016 três pernambucanos lutaram pelo acesso à Série C: Serra Talhada, Central e América. As equipes conquistaram a vaga através do Campeonato Pernambucano deste ano. Com 97 anos de estrada, o Central chegou perto de passar ao mata-mata, caiu. A Patativa esteve classificada até a última rodada, quando perdeu a vaga para o Parnahyba. O Serra Talhada teve pior sorte: perdeu as seis partidas e saiu do torneio com apenas um gol marcado. Quem continua vivo é o tradicional América. Seis vezes campeão pernambucano entre 1918 e 1944, o Periquito de Casa Amarela tem mandado seus jogos no estádio
Ademir Cunha, no Paulista. Os alviverdes voltaram a disputar um torneio nacional após mais de duas décadas no ostracismo. Na primeira fase o alviverde conseguiu a segunda colocação e enfrenta o Altos, do Piauí, no mata-mata. O time piauiense é a “sensação” da primeira fase da Série D. No ataque do Altos, um velho conhecido da torcida pernambucana: Carlinhos Bala. Na primeira partida, no Paulista, o Mequinha foi batido por 2x1. Para continuar sonhando com a volta à Série C, divisão que não disputa desde 1990, o América precisa vencer por dois gols ou mais de diferença. O jogo decisivo acontece no domingo (31), no Piauí.
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GOL NA GERAL Futebol feminino confiante para as Olimpíadas A Seleção Feminina se saiu bem no sem último teste para as Olimpíadas Rio 2016. No dia 23 de julho, em Fortaleza, Marta e companhia venceram por 3x1 a Austrália, 5ª no ranking FIFA. No início do jogo a goleira brasileira Bárbara tomou um frangaço, mas o Brasil se recuperou e virou a partida com gols da meia Debinha e golaços das atacantes Darlene e Raquel, que entraram na segunda etapa. A Seleção Brasileira 8ª no ranking FIFA.
No basquete, Brasil pode enfrentar EUA no mata-mata A Seleção Masculina não terá vida fácil nas Olimpíadas. No Grupo B, o Brasil (9º no ranking mundial) enfrenta a Lituânia (3º), Espanha (2º), Croácia (12º), Argentina (4º) e Nigéria (25º). Quatro equipes do grupo passam ao mata-mata. A 4ª colocada do Grupo B enfrenta a líder do Grupo A, que tende a ser os EUA (1º no ranking). O Brasil é conta com 5 atletas que atuam na liga americana, a NBA; 3 atletas da liga espanhola; e 4 da liga brasileira, a NBB.
DE PLACA
NA GERAL
Magrão aos 39: humildade e trabalho duro As mãos de Magrão garantiram a vitória do Sport sobre o Cruzeiro no dia 24 de julho. Além de preciosos 3 pontos, os milagres reafirmaram o status de ídolo do veterano. Aos 39 anos e com muitos títulos na bagagem, Magrão é um atleta-exemplo, desses que marcam a história do clube e conquistam até as torcidas rivais. Entre 2015 e 2016 Magrão ficou um ano na reserva. Recalque? Nenhum. Humildade e trabalho duro.
GOL CONTRA Em 19 de julho o programa Extraordinários, do canal de TV a cabo SporTV/Globo, mandou muito mal. O comentarista Peninha assistia aos gols de Sport 4x2 Grêmio quando disparou: “esse time do Sport é patético”. Em seguida, contra o futebol nordestino. “Eu nem sabia que tinha futebol acima da Bahia”. Nenhum comentarista do programa respondeu às colocações de Peninha. A resposta veio dos clubes e torcedores nordestinos, através das redes sociais.
Filipe Spenser do antigo sistema de Embora o Campeo- jogo baseado, quase nato Brasileiro ainda que exclusivamente, esteja na sua metade, na força e na velocias duas últimas roda- dade, Gallo montou meio-campo das que concluem o um primeiro turno são ab- mais equilibrado. A solutamente decisivas formação, que deve para o Náutico. Com ser repetida, permite um histórico de grande que a equipe tenha oscilação na competi- velocidade, mas não ção, o time apresentou abdique de um meio um futebol convincen- de campo cerebral te na última rodada, o que consiga impor o que permitiu à torcida controle de jogo. Ora, alvirrubra voltar a ter com o melhor ataque esperança no acesso. da competição não Aliás, essa esperan- é difícil enxergar que ça deve-se bastante a solução passa pelo ao novo meio-campo equilíbrio da equipe. montado. Abdicando
SANTA, À BASE DO OTIMISMO Malu Xavier Falemos de Série A: tendo perdido 9 pontos imperdoáveis jogando em casa contra concorrentes diretos, o último braço do primeiro turno se apresenta com Atlético-MG, Grêmio e São Paulo em uma sequência dificílima no caminho do Santa rumo à permanência. É um espelho do medo: assusta enxergar a realidade do contraste entre os esquadrões montados para o G4 e o modesto time coral, que já oscila na fron-
teira do Z4. Não bastando as complicações já esperadas, o tricolor começa tal desafio com o desfalque de João Paulo, o que suscita a delicada questão: será que Jadson substituiria à altura? Ainda não temos opções de meias “titulares”? Em paralelo, o futebol tratou de providenciar a estreia Coral na Copa Sul-Americana contra o rival Sport, com direito a mais uma decisão na Ilha do Retiro. E disso sim: GOSTAMOS.
O tenista nº3 do mundo, Roger Federer, não participa dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O tenista suíço fez o anúncio pelas redes sociais no último dia 26, informando que ainda não está recuperado da cirurgia no joelho realizada em fevereiro. Federer defenderia a Suíça em três competições no Rio: nas duplas masculinas (com Wawrinka), nas duplas mistas (com Martina Hingis) e na competição individual. O tenista disse que não atuará mais em 2016. Murilo e Camila Brait se aposentam da Seleção
Não existe futebol acima da Bahia?
BUSCA PELO EQUILÍBRIO
Federer fora das Olimpíadas
Os atletas de vôlei Murilo e Camila Brait não atuam mais pela Seleção Brasileira. Ambos anunciaram suas aposentadorias após serem cortados das Olimpíadas Rio 2016. Aos 35 anos e dono de duas medalhas olímpicas, Murilo não se recuperou de lesão e foi cortado da equipe que vai atuar nos Jogos. Já a líbero Camila Brait, de 27 anos, estava com a Seleção e foi cortada por opção técnica às vésperas dos Jogos. Isso ocorreu também em 2012. AOS TRANCOS E GOL PRÓ E CONTRA
BARRANCOS,
Daniel Lamir O Leão segue a sina de tentar arrancar os tentáculos do Z-4. Na montanha russa do fraco rendimento, o momento é de subida com duas vitórias consecutivas. Os seis pontos geraram saída da zona de queda, mas falta gordura para esquecer a Série B 2017. Os números mostram um ataque (25 gols) que está dando conta do recado. O problema está na defesa (27). Concordo que todos em campo são respon-
sáveis pelas duas barras. Mas a defesa está atrapalhada e insegura. As fragilidades são táticas e técnicas. Da dupla de volantes Rithely e Serginho, o primeiro é ídolo e tem pecado na preciosidade, o segundo é vaiado e tem salvado pela funcionalidade. Magrão é um caso à parte. Do jogo contra o Cruzeiro, teve até defesa reconhecida na Juventus da Itália. Aos 39 anos, só nunca foi reconhecido pela Canarinha.