PERNAMBUCO | 8
ENTREVISTA | 11 Davi Fantuzzi
Revolução Cubana
Pernambuco
Recife, Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
ano 3
e d iç ã o 81
Daniel Lamir
“A agroecologia já tem uma dimensão enquanto movimento e consciência”
Nosso colunista participou das comemorações do 60º aniversário da Revolução em Havana
distribuição gratuita
“VOCÊ PODE PAGAR MENOS”
OPINIÃO |05 Felipe Sena Bolsonaro tem fome de que?
MUNDO|07 Resistência
Frade franciscano deixa Pernambuco para passar um mês na Vigília Lula
CULTURA|12 O que tu indica? Rincon Sapiência
2 | OPINIÃO
Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
Brasil de Fato PE
EDITORIAL
Demarcação de terras indígenas e quilombolas estão em risco no Brasil de Bolsonaro IMPACTO. Pernambuco tem a segunda maior população indígena do Nordeste Em mais uma decisão desastrosa de transferir a demarcação das terras indígenas e quilombolas para o Ministério da Agricultura, o presidente Jair Bolsonaro fere a Constituição de 1988 que reconhece o direito dos povos às suas terras tradicionais e coloca suas vidas em risco. Essas funções eram até então atribuídas, no caso das Terras indígenas, à Funai (Fundação Nacional do Índio) vinculada ao Ministério da Justiça e as Terras Quilombolas, ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vinculado à Casa Civil. A decisão também ignora a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o instrumento internacional
Nos últimos 15 anos, 206 áreas quilombolas com cerca de 13 mil famílias foram tituladas mais atualizado e abrangente em respeito às condições de vida e trabalho dos indígenas, aprovada no dia 19 de junho de 2002, quando o Brasil aderiu às diretrizes do primeiro documento internacional a tratar de temas fundamentais em relação às populações tradicionais. De acordo com a Convenção, as terras indígenas, quilombolas e povos tradicionais devem ser concebidas como a integralidade do meio ambiente das áreas ocupadas ou usadas pelos povos indígenas e tradicionais abarcando, portanto, aspectos de natureza co-
letiva e de direitos econômicos, sociais e culturais, além dos direitos civis. Quem assume o Ministério da Agricultura é Teresa Cristina da Costa, que antes liderava a bancada do Agronegócio na Câmara Federal. Ou seja, ao delegar as demarcações de terras ao Ministério da Agricultura, sob o comando e a influência dos que desde sempre protagonizaram os grandes conflitos contra a demarcação das terras, o governo, obviamente,
Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco |Correio: pautape@brasildefato.com.br
Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Marcos Barbosa, Rani de Mendonça, Vanessa Gonzaga e Vinícius Sobreira. | Revisão ortográfica: Júlia Garcia Colaboração: André Barreto, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Bianca Almeida. Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruno Ribeiro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Geraldo Soares, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Carlos de Oliveira, José Fernando de Melo, Fernando Lima, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho, Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Margareth Albuquerque (in memorian), Marluce Melo, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rogério Almeida, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis. Tiragem: 20 mil Exemplares
Hoje existem 977 processos de demarcação abertos só no Nordeste toma parte em favor de parte envolvida no conflito e contra o direito dos povos indígenas e quilombolas no Brasil. A população indígena representa hoje, segundo o censo de 2010, um total de 817.963 mil pessoas, de 305 diferentes etnias e 274 idiomas. Presentes nas cinco regiões do Brasil, com maior concentração nos estados do Norte (305.873) e Nordeste (208,691), com cerca de 25% da população. Pernambuco tem a segunda maior população indígena no Nordeste. A população Quilombola só constará nos dados do IBGE em 2020. Desde a Constituinte de 1988 foram 2847 comunidades quilombolas certificadas, a maioria delas depois de
2003, quando foi editado o Decreto 4887, que traz os procedimentos de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes de quilombos. Nos últimos 15 anos, 206 áreas quilombolas, com cerca de 13 mil famílias, foram tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão que executa a titulação das terras já identificadas e reconhecidas, mesmo assim menos de 7% estão regularizadas no Brasil. Hoje existem 977 processos de demarcação abertos só no Nordeste, sendo 57 processos em Pernambuco. Esse é o retrato de um país que tenta se construir como nação, mas que tem no seu encalço uma elite que insiste em condenar parcelas da sociedade à margem, excluídos. Os retrocessos começam por aqueles que parecem invisíveis, mas objetivam a completa destruição das forças que compõe um povo: os que trabalham e lutam.
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GERAL l 3
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mandou
Divulgação
FRASE da semana Era melhor ter armado a população com carteira de trabalho e livros
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em recado publicado no Twitter.
BEM
UFPE/Divulgação
UFPE de Qualidade revista britânica Timer HiA gher Education publicou um ranking com análise de mais
de 450 universidades de 43 países. No Brasil, a Universidade Federal de Pernambuco, ficou no 21º lugar, mantendo-se na posição de 2018. 36 instituições brasileiras aparecem no estudo, como a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Ceará (UFC).
mandou
MAL
Qual livro mais te marcou? Por quê?
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Infância, de Graciliano Ramos. Magistral obra de Graciliano, tocou-me bastante o coração e, em muitas partes do seu relato, me vi. Um misto de nostalgia e tristeza Velozo Ferreira, Professor.
General na Funai scolhido pela ministra DaE mares Alves, o general da reserva Franklimberg Ribeiro de
Caixa Econômica Federal Banco Número: 104 Agência: 0923 Operação: 013 Conta Poupança: 17341-0 CNPJ: 41.228.651/0001-10
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Contribua com a construção de um mundo mais justo e saudável para pessoas do campo e da cidade doando para o Centro Sabiá!
Freitas presidirá a Fundação Nacional do Índio (Funai). Freitas foi consultor da mineradora canadense Belo Sun Mining, que quer explorar o ouro da região da Volta Grande do Xingu, no Pará. Freitas já havia ocupado o cargo em maio de 2017 e abril de 2018, durante o governo Temer.
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4 ||Mundo GERAL
Fórum Brasil José Cruz/Agência Brasil
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ESPAÇO SINDICAL Resistência contra a Reforma da Previdência Roberto Parizotti/CUT
a última terça, as cenN trais sindicais CUT, Força Sindical, CTB, Intersin-
dical, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas e CSB marcaram uma plenária nacional em defesa da aposentadoria e da Previdência para o dia 20 de fevereiro. Até lá, deve ser realizada a mobilização nas bases sindicais, com assembleias nas categorias e plenárias estaduais, para organizar a resistência contra a proposta de reforma da Previdência, que terá o modelo de capitalização o que pode diminuir o valor do benefício.
Menos atendimento Brunno Porto/CUT
Preparação para o 8 de Março Agência Brasil
om a proposta de discutir temas atuais relacionados á política e direitos humanos, o Fórum Brasil é uma iniciativa do Instituto Futuro. No dia 22 de janeiro, o tema em debate será “A questão fundiária e o problema indígena”. Estarão presentes o deputado eleitos Carlos Veras e o líder indígena e advogado Guila Xucuru com a mediação do debate feita pelos professores universitários Marcos Costa Lima e Pedro Lapa. O evento acontece a partir das 14h no Auditório I da Biblioteca Central da UFPE.
a quarta (16), serviN dores da Caixa Econômica Federal protesta-
ram na agência do Shopping Recife. O ato aconteceu como uma forma de manifestação contra a decisão da Superintendência Regional da Caixa de encerrar o serviço de atendimento de caixa ao público na unidade, que agora funcionaria apenas com caixas eletrônicos. A Resolução nº 3.694/2009 do Conselho Monetário Nacional do Banco Central proíbe que as instituições financeiras recusem ou dificultem aos clientes e usuários, fato que os servidores alertaram para a população, que pode perder definitivamente o serviço de atendimento na agência.
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nício de ano significa o início do traI balho do movimento feminista para o 8 de março,o Dia Internacional de Luta
das Mulheres. No Recife, a primeira reunião de preparação das atividades para a data aconteceu na última terça (15). Mais de 150 mulheres de movimentos populares, Organizações Não Governamentais (ONG’s) e outras entidades se reuniram para traçar um breve histórico da luta das mulheres no Recife durante a data nos últimos anos e discutiram os desafios para os próximos períodos. A proposta é ir amadurecendo e afinando o debate, que irá se desdobrar nas pautas do ato. A próxima reunião está prevista para o dia 27 de janeiro, a partir das 10h, no Casarão dos Movimentos, próximo ao Mercado da Boa Vista.
Direitos de Fato Sindicatos e negociação coletiva: na defesa dos direitos sociais dos trabalhadores a primeira coluna deste ano de 2019, começamos discutindo N sobre o papel jurídico dos sindicatos e as negociações coletivas. Os sindicatos profissionais, segundo prevê a Constituição Fede-
ral e a CLT, são as entidades legítimas para representar os interesses trabalhistas e direitos sociais dos trabalhadores que fazem parte da categoria que ele representa. Assim, os sindicatos têm grande importância, não apenas na orientação dos seus direitos ou oferecimento de serviços aos seus associados, mas, sobretudo, na negociação dos acordos e convenções coletivas, bem como na luta e garantia dos direitos sociais para toda a categoria. Desse modo, é tema fundamental sobre a atuação sindical as negociações coletivas e seus limites. Como já discutido nesta coluna, a CLT com a Reforma Trabalhista passa a prever que o negociado deve prevalecer sobre a lei, exceto em relação a alguns temas que ela menciona. Mas como a CLT não pode ser contrária à Constituição Federal, deve-se interpretar que as convenções e acordos coletivos só valem mais do que a lei quando estipulam melhores condições para os trabalhadores. Por isso, os sindicatos devem redobrar a atenção durante as negociações coletivas, ancorados na mobilização dos trabalhadores. Trabalhador, organize-se! Fique alerta! *André Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
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OPINIÃO I 5
Artigo
Bolsonaro tem fome de que? Sidney Mamede*
Felipe Sena*
L
ogo que assumiu a presidência, Bolsonaro, através de uma simples canetada, extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Esperava-se que essa decisão fosse apenas mais uma “trapalhada” dentre as inúmeras protagonizadas por ele, e que ainda no final do dia voltaria atrás, entretanto, já se passarem duas semanas e nada mudou. Eles estão conscientes e querem que a fome, a pobreza e a miséria voltem a assombrar a população brasileira. O debate sobre a fome e suas consequências socioeconômicas não é novo. Ele iniciou há mais
Desde sua criação em 1993, o Consea teve como horizonte a luta pelo direito à alimentação de 50 anos, com o pernambucano Josué de Castro, que, ao longo da sua vida acadêmica, deixou uma vasta produção teórica, dentre elas o livro Geografia da Fome, traduzido em mais de 25
idiomas. Esse olhar crítico e rigor científico nos deixou duas importantes lições: A primeira lição é que a Fome não é fruto de um fenômeno ambiental, demográfico, é um problema político; a segunda lição é que para acabar com a miséria presente no Brasil é preciso combater as desigualdades existentes na sociedade. Desde sua criação em 1993, o Consea teve como horizonte a luta pelo direito à alimentação, bem como a proposição de políticas sociais voltadas para a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), além de políticas e programas destinados à Agricultura Familiar e à Agroecologia. O Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), criados no governo Lula, são dois grandes exemplos de ações implementadas e que contribuíram para o Brasil sair do Mapa da Fome. A extinção do Consea é apenas a ponta da lança. O que está apontado para os trabalhadores e trabalhadoras é um arsenal de medidas devastadoras aos direitos sociais. A “cobiçada” reforma da previdência e o já em vigor congelamento dos gastos por anos arrastarão as condições de vida a situações precárias e desoladoras. Ter comida na mesa três vezes por
dia é imprescindível, mas o povo tem direito a muito mais que isso! Para combater a miséria é preciso ofertar políticas públicas, não retirar direitos conquistados. Em momentos difíceis precisamos alimentar nossa solidariedade. É compromisso de todo cidadão e cidadã brasileira lutar pela garantia dos seus direitos. Essa história de “jair se acostumando” não existe! Precisamos assumir nosso lado na história, pois Bolsonaro já tem o lado dele. *Felipe Sena é biólogo e militante da Consulta Populars
Artigo
Semiárido nos desafios para o Desenvolvimento Agrário em Pernambuco Alexandre Henrique Pireelo Barros*
ma antiga reivinU dicação das organizações e movimentos
sociais de Pernambuco era a criação de uma secretaria estadual de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, instrumento capaz de coordenar e implementar as políticas de estado para os povos do campo. Em Pernambuco são pouco mais de 1,3 milhões de agricultores e agricultoras familiares. No que pese o fato de não haver alterações efetivas na estrutura, do que era a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (SARA), essa denominação abre um importante espaço para discutir o rural numa perspectiva do Desenvolvimento
e Extensão Rural (ATER); e por fim, sem que esgote todas a necessidades, a construção do PlaUma política no e da Política Estadual Agroecologia e Produnão se efetiva de ção Orgânica. Desafios se não houver que requerem do Secretário e de toda sua equirecursos pe mais que compromisso e coragem, mas ousadia, criatividade e a capaAgrário. cidade de diálogo, para Dentre os desafios para construir um processo esse novo ciclo no es- participativo com as ortado, estão: a atualiza- ganizações e movimenção do Plano Estadual de tos sociais do estado. Convivência com o Semiárido; a atualização Essas quatro políticas da Política Estadual de citadas acima, são insCombate à Desertifica- trumentos legais extreção e Mitigação dos Efei- mamente importantes tos da Seca; a regulamen- para assegurar já no ano tação da Política Estadu- e 2019 a previsão de real de Assistência Técnica cursos no processo de
construção do Plano Plurianual (PPA) 2020-2023. Uma política não se efetiva se não houver recursos, e por isso é muito importante que a gestão da política assegure as condições materiais e políticas. Às organizações cabe um papel também importante, e a ASA Pernambuco tem atuado nesse sentido, que é de garantir um permanente processo de mobilização social dos agricultores e agricultoras familiares e suas organizações, para participação nos Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) de modo
a ser um espaço de acolhimento das demandas e reivindicações, no pleno exercício democrático de participação e controle social. Que nos tempos atuais, também deve ser entendido como espaços de resistência e fortalecimento das lutas em defesa de direitos. A ASA Pernambuco, está à disposição para enfrentar com à SDA esses e outros desafios que surgirão no próximo período. Coordenador do Centro Sabiá e integrante da coordenação executiva da ASA
6 | BRASIL
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“Lista suja” tem 204 empregadores com 2.500 pessoas em situação de escravidão Agência Brasil
TRABALHO ESCRAVO. Relação que surgiu no extinto Ministério do Trabalho foi atualizada no início do ano Redação RBA
governo publicou O no início do mês uma versão atualizada da chamada “lista suja” do trabalho escravo, o ca-
No total, 2.463 trabalhadores são atingidos Com fim do Ministério do Trabalho, divulgação da “lista suja” passou a ser de responsabilidade do Ministério da Economia
dastro de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à de escravidão. A nova relação tem 204 nomes em 22 das 27 unidades da federação. Os destaques são Minas Gerais, com 55 casos re-
gistrados, e Pará, com 27. No total, 2.463 trabalhadores são atingidos. A lista inclui ocorrências em áreas rurais e urbanas. São fazendas, carvoarias, áreas de extração, oficinas de costura e obras de constru-
ção. Apenas em um caso, em fazenda que abrange quatro municípios no interior de Minas, foram resgatados 348 trabalhadores. Houve ainda um canteiro de obras em Conceição do Mato Dentro (MG), com 173 operários. Com a extinção do Ministério do Trabalho, a divulgação da “lista suja”
NÁUTICO
Frade franciscano deixa Pernambuco para passar um mês na Vigília Lula RESISTÊNCIA. Aloísio Fragoso, de 77 anos, aproveitou as férias para manifestar solidariedade ao ex-presidente Lula em Curitiba Pedro Carrano, DO Brasil de Fato PR
fé é simples. A luta A também. E os símbolos dessa luta cons-
cientizam a partir de um exemplo vivo, concreto. O ex-presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva (PT) é um desses símbolos, na interpretação do frade franciscano Aloísio Fragoso, 77, de Recife. Ele foi a Curitiba (PR), onde passará um mês na Vigília Lula Livre, ao lado de seis militantes do grupo religioso Tenda da Fé, formado há dois anos e marcado pelo envolvimento com movimentos populares organizados. O objetivo de Fragoso é passar o período de férias em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, como uma manifestação apoio ao ex-presidente. Ânimo e serenidade não faltam ao religioso, a três mil
quilômetros de casa. “Nós viemos motivados por esse cidadão chamado Lula. Mas não é só o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. É uma ideia, uma paixão, uma utopia, uma certeza. E isso a gente sente na alma do povo”, explica o frade sobre a solidariedade ao ex-presidente. Na capital pernambucana, onde vive há 48 anos, o paraibano de origem humilde realiza trabalhos sociais em parceria com movimentos populares, como a Frente Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Integrantes do grupo Tenda da Fé utilizam a
passou a ser de responsabilidade do Ministério da Economia, para onde foi transferida a área de inspeção do trabalho. Durante três anos, o cadastro não foi atualizado, depois de uma cautelar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, atendendo a pedido de uma entidade patronal. Posteriormente, a ministra Cármen Lúcia, então na presidência da Corte, revogou a medida, mas ainda assim a relação não foi publicada. Seguiu-se uma “guerra” jurídica entre o Executivo e o Ministério Público do Trabalho (MPT), até que a divulgação fosse novamente regularizada.
Pedro Carrano Fragoso pretende passar as férias em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba
mística e o teatro de rua justamente para passar suas mensagens a partir de signos e simbologia. “Nossa prioridade é para os símbolos, mais do que para as palavras”, defende. “E Lula se tornou um mito. Não um mito ilusório, mas um mito que procede de sua vida, de suas ações, da realidade concreta e da repercussão que ele tem no coração do povo. Nós alimentamos esse mito para que ele se tor-
ne transformador e libertador. Isso nos trouxe até aqui”, finaliza. Lula está preso em Curitiba desde 7 de abril de 2019, após condenação sem provas no chamado “caso triplex”.
Lula se tornou um mito
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Alvo de secretário ruralista, escolas do MST são referência em educação no campo
Filhos de trabalhadores rurais sem-terra no estado de Alagoas / MST | AL
INTIMIDAÇÃO. Nabhan Garcia chamou as escolas do MST de “fabriquinhas de ditadores” Mauro Ramos, de SP
O secretário especial de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, afirmou que pretende fechar as escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), chamando-as de “fabriqui-
nhas de ditadores”. Em entrevista à revista Veja, Nabhan Garcia disse que o movimento de luta pela reforma agrária é uma “organização criminosa” e defendeu o direito de os fazendeiros utilizarem armas de fogo quando tiverem propriedades improdutivas ocupadas. Segundo a assessoria de imprensa do MST, cerca de 1,5 mil escolas do movimento são responsáveis pela educação de crianças e jovens de 7 a 14 anos. Destas, 1,1 mil são reconhecidas pelos conselhos estaduais de edu-
cação e cultura. Presidente da União Democrática Ruralista (UDR), vinculada ao patronato rural, Nabhan Garcia é conhecido por apoiar o desmatamento da Amazônia. Ele também teve que depôr à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra por porte ilegal de armas, contrabando e organização de milícias privadas na região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo. A UDR, por sua vez, tem sido questionada pelo MST e por intelectuais brasileiros desde a sua formação. No livro A Nova Direita - aparelhos de ação política e ideológica no Brasil contemporâneo, Flávio Henrique Calheiros menciona a UDR como um dos “aparelhos organizativos da burguesia brasileira”. O autor afirma que, durante Assembleia Constituinte, em 1987, a organização “atacou de forma veemente o trecho da proposta da Constituição referente aos direitos sociais”.
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Em 20 anos, Venezuela de Chávez e Maduro dobrou investimentos sociais República Bolivariana da Venezuela
m prestação de contas na Assembleia E Nacional Constituinte (ANC), o presidente Nicolás Maduro apresentou dados de
seu primeiro mandato e também dos 20 de Revolução Bolivariana, processo começado por Hugo Chávez. O evento, realizado no último dia 14, também apresentou o novo plano de governo, que está atrelado à agenda de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e às metas do milênio. Entre as políticas de maior impacto na Venezuela estão a eliminação do analfabetismo e a construção de 2,5 milhões de casas populares – em um país com 34 milhões de habitantes.
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ESPECIAL: REVOLUÇÃO CUBANA
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REVOLUÇÃO CUBANA: OS 60 ANOS DE SEU TRIUNFO
SOCIALISMO. Nosso colunista participou das comemorações do 60º aniversário da Revolução em Havana André Barreto, de Havana (Cuba) m visita recente a E Cuba, pude presenciar o quanto, e como, a
Revolução Cubana segue viva e intensa no dia a dia do cotidiano daquele povo, em pleno marco do aniversário de 60 anos de seu triunfo. Nas ruas, é visível o quanto a “uma só revolução” é prenhe de um caráter socialista e de libertação nacional, desse modo, a concretização de um projeto popular para aquele país, que já se renova, é continuado por quatro gerações, uma construção feita e estruturada desde organizações de base nos locais de trabalho, moradia e estudo e cheia de participação popular na sua vida política. Aliando a participação democrática a uma contínua formação educacional, cultural e política, forjam-se novos homens e mulheres, calcados nos valores da solidariedade e humanismo. O povo cubano, hoje, vive um processo de repactuação política da Revolução, justo a 60 anos de seu triunfo inicial e a 150 anos da primeira constituição nacional: no dia 24 de fevereiro será realizado um referendo popular para a aprovação da nova Constituição Cubana, após quase um ano de proposições, consultas, debates, emendas e votações. Esse exercício democrático e soberano no
O povo cubano hoje vive um processo de repactuação política da Revolução referendo se materializa já com a distribuição ampla e massiva, nos primeiros dias de janeiro deste ano, do texto da nova Constituição em jornais e nos correios por todas as cidades, disponibilização em todos os sites da web de notícia e o seu debate em programas televisivos e nos conselhos populares e organizações de base. É, assim, uma continuidade do processo constitucional que culminou com a aprovação em votação dos deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular composta por 602 deputados, em sessão ordinária de 20 de dezembro de 2018, do texto-base da constituição e que passou por uma anterior e longa consulta popular, a partir do mês de agosto, havendo modificações na redação em grande parte de seus artigos, através de mais de 130 mil reuniões públicas de movimentos e or-
ganizações de base, conselhos de trabalhadores, entidades estudantis, reunindo mais de 700 mil propostas e modificações. Tal processo constitucional é expressão do caráter democrático e participativo do sistema político socialista construído em Cuba, já em sua Constituição de 1974 e que, em grande medida, se preserva no texto da Constituição que vai a referendo – como muitas vezes repetido por Fidel: uma revolução defendida pelo povo cubano e resultado de mais de cem anos de luta deste pela sua pátria, de modo
a desenvolver um movimento político e a consciência revolucionária no seio do povo e, assim, um senso de responsabilidade e compromisso com o aperfeiçoamento do sistema político, social e econômico. Dessa forma é que a organização política cubana segue baseada no princípio da democracia socialista e popular, com a estruturação do Estado desde a participação popular em conselhos populares, tendo o partido comunista cubano como a vanguarda organizada do povo e força dirigente da sociedade e do proces-
so revolucionário e com a atuação dos comitês de defesa da revolução (CDR’s) desempenhando o papel de vigilância coletiva contra à interferência externa e os atos de desestabilização do sistema político cubano, bem como desempenhando mutirões comunitários e tarefas locais nos bairros de saúde, limpeza, apoio à economia popular e participação cidadã. Assim, em seus 60 anos, a Revolução Cubana segue sendo sinônimo de construção de uma pátria livre e autônoma. É sinônimo de renovação e continuidade ao hoje
estar em sua direção pessoas que não fazem parte da chamada “geração histórica”, aqueles que participaram de alguma forma da luta guerrilheira entre 1956-8, mas que nasceram após o seu triunfo, como é o caso do atual presidente do conselho de estado Miguel Díaz-Canel. O processo revolucionário cubano também segue na implementação de políticas sociais, em um país livre do analfabetismo desde 1961 e onde a educação e saúde são públicas e gratuitas aos seus cidadãos, bem como tem desenvolvido um programa de construção, recuperação, reforma e redistribuição de moradias populares, seja desde políticas públicas, seja organizada pelos movimentos de cooperativas e esforços próprios, no seguimento do intenso processo de reforma urbana feita nos seus primeiros anos, mesmo sendo um país constantemente vítima de desastres climáticos. Segue no desafio de um desenvolvimento econômico nacional e autônomo, um país que fez a reforma agrária logo nos anos 60, para todo camponês cubano ter acesso à terra, frente ao seu passado colonial espanhol e neocolonial ianque, baseado na imposição externa de ser uma mera economia agrária latifundiária açucareira e exportadora. O desafio segue também diante das dificuldades econômicas decorrentes
do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, ainda em 1960, uma verdadeira tentativa de genocídio, de modo que ainda é cena comum, nas ruas das grandes cidades, filas para comprar alimentos, quando, vez ou outra, é atingida por momentos de escassez de algum tipo de mantimento básico – mas, também, porque hoje o que é produzido pela indústria nacional agora é para todos, não mais para poucos. Bloqueio, porém, que se rompe também por um comércio exterior baseado na integração latino-americana e caribenha sob os princípios da solidariedade, autonomia, mútua ajuda e respeito entre as nações. Segue no sentido histórico do processo revolucionário enquanto “uma só revolução”, fruto de uma tradição de luta libertária nacional que se inicia com Carlos Manuel Céspedes em 1868, momento também que se decreta o fim do trabalho escravo negro; aprofunda-se com um projeto nacional autônomo e baseado na justiça social com José Martí; e a Libertação nacional, então contra os ianques e a ditadura Batista, que se renova com valores e princípios socialistas desde a luta de Fidel Castro, Camilo Cienfuegos, Che Guevara e tantos outros revolucionários do Movimento 16 de Julho e do Exército Rebelde. Segue o povo cubano valorizando essa sua memória e história de luta
desde o surgimento da república cubana, ainda no início do séc. XX, como fica exposto em pleno centro da cidade de Havana com o Parque de la Fraternidad Americana - monumento em homenagem e referência a Nuestra America, com uma grande árvore e bustos de todos os libertadores nacionais latiReprodução 247 no-americanos em seu centro, em plena avenida Simón Bolívar – e mesmo se mantem e aprofunda após a Revolução, materializando-se na criação da Casa de las Américas. Que também se concretiza nas missões de solidariedade de médicos cubanos e nas brigadas humanitárias por todo o mundo, assim como no papel protagonista na construção atual do processo de integração e cooperação da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), da ALBA-TCP (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América — Tratado de Comércio dos Povos) e do Movimento dos Países Não Alinhados ou mesmo no passado com a OLAS (Ore resistência presente ao tura e liberdade cultural ganização Latino-Amerilongo de todo país em ao contemporâneo e ao cana de Solidariedade) e monumentos e memo- mundo, preservando sua as Conferências Tricontiriais públicos, no que se identidade socialista. nentais destaca o Museo de la RevSegue o povo cubano olución, o Memorial Gr- tendo seus olhos para a anma e o Memorial Martí. integração e solidarieSegue sendo valorizada dade latino-americana e também as suas raízes e caribenha, assim como sua cultura de uma Cuba a unidade dos países negra, não dando as cos- terceiro-mundistas na tas, mas mantendo firmes construção de uma via relações com África. Seg- alternativa e autônoma; ue sendo uma Cuba sem tradição que já se cultiva muros, com plena aber-
Segue o povo cubano valorizando sua memória e história de luta e resistência
10 I CIDADES
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Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
Sociedade civil pede redução da passagem de ônibus para R$ 2,70 Mídia Ninja
TRANSPORTE. Valor sugerido obedece aos critérios oficiais propostos para o aumento da passagem Marcos Barbosa
E
m Ação Popular ajuizada na Justiça, organizações da sociedade civil do Recife, sob assessoria jurídica do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), entraram com um pedido de regularização dos valores pagos atualmente pelas passagens dos ônibus que circulam na Região Metropolitana do Recife (RMR). A ação foi distribuída ao juízo da 4ª Vara da Fazenda Pública, o mesmo que suspendeu os efeitos de um pretenso aumento da tarifa em janeiro de 2018. De acordo com a reivindicação, os valores dos últimos três au-
Você Pode Pagar Menos mentos das tarifas de ônibus (em 2015, 2016 e 2017) foram acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ao contrário do que rege o Manual de Operação do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), que define os reajustes anuais das tarifas. Por essa razão, os últimos aumentos tarifários deveriam ser anulados. As organizações da sociedade civil reunidas na Articulação Recife pelo Transporte lançaram, no último dia 10, a campanha: “Você Pode Pagar Menos”, pedindo a redução da tarifa para R$ 2,70 (Anel A). Segundo Thiago Mendonça, do CPDH, os sucessivos crescimentos irregulares dos preços das pas-
sagens tornaram o atual valor pago pelos usuários das linhas de ônibus mais alto do que ele realmente deveria ser. “A questão da tarifa é muito importante porque é o que realmente influencia no bolso das pessoas. O reajuste da passagem foi muito superior ao reajuste salarial, o que atrapalha a vida da população trabalhadora”, explica. Thiago afirma que o reajuste proporcional foi desrespeitado porque os aumentos superaram o IPCA em aproximadamente 260%. Atualmente, são cobrados R$3,20 para a tarifa do Anel A, mas esse valor deveria ser de R$2,70, o mesmo pago em 2014, o que representa uma redução de 15% do valor total da tarifa atual. No caso de uma pessoa que pega ônibus duas vezes ao dia, todos os dias úteis da semana, essa redução representaria uma economia de 20 reais por mês. Se a ação for julgada procedente, esses aumentos poderão ser anulados e o valor da tarifa ser diminuído. Sobre a campanha Inspirados em movimentos sociais de outras cidades brasileiras, como o “Tarifa Zero” de Belo Horizonte, a campanha “Você pode pagar menos” tem realizado ações que buscam dialogar com a população a respeito da necessida-
de de redução do valor da passagem de ônibus, além de outras questões relacionadas à qualidade do transporte, como a superlotação, a falta de informações de horários e itinerários das linhas nas paradas de ônibus, a segurança dos usuários, os assédios às mulheres no transporte coletivo, o monopólio do transporte público pelas empresas, entre outras. A campanha foi iniciada com uma ação na Praça da Independência e os participantes vão continuar fazendo mobilização comunitária e produzindo conteúdo nas redes sociais. 1 ano de suspensão do último aumento Em janeiro de 2018, a mesma 4ª Vara da Fazenda Pública revogou o aumento das tarifas de ônibus na RMR. De acordo com Thiago Mendonça, essa decisão permitiu a economia de mais de 100 mi-
lhões pela população. O cálculo foi feito considerando a quantidade de viagens anuais no ano de 2017 (número mais recente, apontado na Nota Técnica sobre Recomposição Tarifária, apresentada pelo CTM em janeiro de 2018), multiplicado pela diferença de R$ 0,35, de acordo com o aumento proposto em 2018 pela Urbana-PE para R$ 3,55. Tarifas do Nordeste Quando comparada às outras capitais, a tarifa da cidade do Recife é considerada uma das mais baixas, ainda que a variação entre os números não seja tão alta. A tarifa mais cara do Nordeste é a de Aracaju (SE), que custa R$4,00 e seguida por João Pessoa (PB), que aprovou aumento essa semana de 40 centavos, subindo de R$3,55 para R$3,95. A tarifa do Recife é 10 centavos mais cara que a de São Luís (MA), que custa R$3,10 e é a mais barata da região.
Confira a lista: Aracaju (Sergipe) - R$ 4,00 João Pessoa (Paraíba) - R$ 3,95 Teresina (Piauí) - R$ 3,85 Salvador (Bahia) - R$ 3,70 Maceió (Alagoas) - R$ 3,65 Natal (Rio Grande do Norte) - R$ 3,65 Fortaleza (Ceará) - R$ 3,40 Recife (Pernambuco) - R$ 3,20 São Luís (Maranhão) - R$ 3,10
Brasil de Fato PE
ENTREVISTA l 11
Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
Davi Fantuzzi: “a agroecologia já tem uma dimensão enquanto movimento e consciência” ALIMENTAÇÃO. Grupos de incentivo à produção agroecológica temem ainda mais cortes para a área
Daniel Lamir
Rani de Mendonça
avi Fantuzzi é assesD sor para mercados do Centro Sabiá e coor-
denador da Comissão de Produção Orgânica de Pernambuco. Em entrevista ao Brasil de Fato Pernambuco, Davi explicou a importância da valorização da agricultura familiar da ponta a ponta e como garantir uma alimentação saudável, acessível e livre de veneno.
que são ruins pra saúde, mas a agroecologia já tem uma dimensão enquanto movimento e consciência. Agroecologia envolve as mulheres, envolve a juventude, a luta por direito, a organização em rede e pensa a produção de uma forma sustentável em todos as partes que a envolvem.
BdF: O que diferencia um produto comum de BdF: Quando se fala um que possui o selo em alimentação orgâagroecológico? nica ou agroecológica, um dos principais emDavi: Na verdade, o Es- pecilhos que são ditos tado brasileiro certifica a é o preço elevado e a produção orgânica, por- dificuldade de acesso que o Estado não faz essa aos alimentos. Onde é diferenciação de agroe- possível achar alimencologia e produção orgâ- tos agroecológicos a nica. Produção orgânica preços populares no é produção sem veneno, estado? pode ser feita por um empresário, uma empresa, e Davi: A gente fez uma não necessariamente ela pesquisa em 2015 onde é completamente susten- a gente criou uma cesta tável, pode estar usando com 20 itens, e comparamuito insumos externos mos a cesta em duas feiras agroecológicas com três grandes redes de supermercado e com três feiras livres de mercado popular e o resultado surpreendeu bastante, porque ajuda a acabar com esse mito. Olhando o valor total da cesta, ela ficava em média 56% mais cara nos supermercados do que na feira agroecológica e, nas feiras li-
O brasileiro está bebendo 7,3 litros de veneno por ano
vres de mercados populares, ficaram 19% mais caros do que nas agroecológicas. Se você quer encontrar produtos agroecológicos a preços mais acessíveis os lugares hoje são as feiras e outras iniciativas como grupos de consumo, lojas e armazéns do campo. O Centro Sabiá está lançando um projeto que é a Agroecoloja. Como ela funciona? A Agroecoloja é uma iniciativa das famílias agricultoras que fazem parte da rede espaço agroecológico, das organizações e do Centro Sabiá. A loja funciona na Av. Gonçalves de Medeiros, nº 95, 1 andar e ela traz a produção desses agricultores que estão na labuta das feiras agroecológicas. Ela funciona de quarta à sexta, das 14 às 20h e no sábado de 8h às 12h, com café da manhã. É um espaço de troca, um espaço para propiciar essa relação de campo e cidade mais estreita, assim como as feiras. É mais um espaço para escoar a produção agroecológica e para a população acessar produtos livres de veneno.
Agroecologia envolve as mulheres, envolve a juventude, a luta por direito, a organização
soas que entende o consumo como um ato político e que criou essas estratégias de compra direta dos produtores. Toda semana a gente oferta uma lista com mais de 120 itens agroecológicos, as pessoas dizem o que querem e aí no sábado de manhã, no espaço da Agroecoloja os consumidores passam para poder pegar os seus produtos. Tem uma dimensão de trabalho voluntário, de construir uma relação com os produtores. De vez em quando tem reunião para debater preços, qualidade e outras coisas e a gente também organiza visitas para conhecer essas famílias agricultoras que estão produzindo o nosso alimento. É mais uma estratégia disso que a gente chama de circuito de proximidade. É justamente essa relação entre produtor e consumidor que faz com que o alimento agroecológico seja mais acessível para as pessoas e remunere de forma justa o produtor, diferente das grandes redes de superBdF: O que são esses mercado que tem uma grupos de consumo? cadeia enorme e que remunera muita gente e Davi:É um grupo de pes- que por isso a gente não
sabe de onde veio o produto e nem se o produtor recebe um valor justo. BdF: Quais os riscos que a produção agroecológica vai enfrentar nesse novo governo, com o fortalecimento da bancada ruralista? Davi:Com o Temer a situação já ficou complicada. Muito do apoio dado a agricultura familiar no Brasil foi sendo minado, reduzido, como a assessoria técnica e a extensão rural, porque toda família precisa de acompanhamento. Qual o grande produtor no Brasil que produz sem assessoria técnica? Ninguém produz. E essa assistência precisa ser continuada. O que a gente observa com o golpe é um desmanche das políticas públicas que apoiam a agricultura familiar no Brasil. Como Bolsonaro de novidade até agora não tem muita coisa, é a continuidade pior do governo Temer, a perspectiva é ruim. É pouco apoio para o setor e muita luta por parte dos agricultores e consumidores para que a gente continue sabendo o que tem no alimento da gente pra que consigamos continuar acessando um alimento livre de veneno, porque não dá mais. O brasileiro está bebendo 7,3l de veneno por ano. Quando a gente olha as contas só do veneno legal no brasil, porque entra muito agrotóxico ilegalmente. Não tem sistema de saúde que dê conta, estamos falando da vida das pessoas. mente. Não tem sistema de saúde que dê conta, estamos falando da vida das pessoas.
12 |CULTURA
O que
tu indica
Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
Mete Dança: o som barril dobrado que faz homenagem a música baiana mento muito usado no rap) às gírias usadas por nós, a valorização da cultura periférica, a músicas do pagode e a personalidades baianas. “Mestre Moa, descanse em paz / Eu vim pra te homenagear”, esse trecho é dedicado a Mestre Moa do Katendê, Mestre de Capoeira brutalmente assassinado em outubro de 2018 após o 1º turno da eleição. Ainda em tempo, Rincon avalia que o pagodão baiano é naturalmente um convite para os corpos a se deixarem envolver com o som, e é essa sensação que temos ao ouvir essa maravilha. Ainda não conferiu “Mete Dança”? Corre lá, liga o som, aproveita e mete dança.
Porqueeu Filmes
Jamile Araújo*
O
rapper e produtor musical paulista Rincon Sapiência, lançou no último dia 26 de dezembro, como de costume todos os anos desde 2014, o clipe “Mete Dança”. Os trabalhos do rapper carregam elementos
da música preta das periferias e são inspirados na música africana e eletrônica. Em “Mete Dança” ele inova, após o estudo e investigação sobre o pagode baiano, adiciona percussão e guitarra, e nos presenteia com um som que ao ouvir é impossível ficar parada. Uma le- *Jamile Araújo é comunicadotra que faz referências (ele- ra Popular
Agenda Cultural Exposição
Música
Música
Sismo Rec
Elysangela Freitas
Homem da Meia Noite
O
Quilombo da Xambá é uma das sete comunidades escolhidas pelo Homem da Meia Noite para compor os seus trabalhos carnavalescos do ano de 2019. No sábado (19), os clarins do Homem da Meia Noite se unirão ao dendê da Charanga do Bié sob a regência de Mamão da Xambá. O evento é gratuito e inicia a partir das 19h, no Centro Cultural Grupo Bongar, na Rua Pianeras, bairro do Carmo, Olinda.
Quando a vida é uma euforia
J
oana Lira, responsável pela identidade visual e a cenografia do carnaval pernambucano por mais de dez anos, agora está com a exposição “Quando a vida é uma euforia” no Cais do Sertão. Com entrada gratuita, totens, painéis, projeções, animações e vídeos trazem a animação e cores do carnaval. As visitas são de terça a sexta, das 09h às 17h e no fim de semana de 13h às 17h. O Cais do Sertão fica na Av. Alfredo Lisboa, s/n - Recife Antigo.
Forró
T
odas as quintas de janeiro, o Empório Nova Raiz recebe trios de forró (de Rabeca ou Pé de Serra) no projeto #ForródoPina. A estreia foi com o grupo Forró CasaAmarela e tem mais nos dias 24 e 31 de janeiro, a programação será divulgada nas semanas seguintes. O evento acontece na Avenida Herculano Bandeira, 513, Pina - Recife. A casa abre às 18h, e o forró começa às 21h. a entrada é gratuita
Brasil de Fato PE
Qual é o Bairro?
Omar Junior
Alto do Moura E m Caruaru, o Alto do Moura fica a cerca de 7 km do centro da cidade e é considerado pela Unesco o maior centro de arte figurativa das Américas. Ainda no meio do século XX, a produção do artesanato das famílias do bairro, grande parte descendente da etnia indígena Kariri, foi se transformando em fonte de renda dos moradores, que escoavam a produção na Feira de Caruaru. Já em 1948, a ida de Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, para o bairro traz perspectiva para a comunidade, já que a fama nacional do Mestre contribuiu para facilitar a comercialização das peças. Em 1971, a casa de Vitalino foi transformada num museu onde estão suas principais peças, objetos pessoais e fotografias. Fica também no Alto do Moura a Casa Museu Mestre Galdino, com diversas peças de barro, fotografias e poesias, que mostram a história do artesão, cantador de viola e poeta popular Manuel Galdino de Freitas, natural de São Caetano (PE). Em 1990, a comunidade já contava com mais de 500 artesãos trabalhando diretamente com a cerâmica figurativa. Além do artesanato, que conta a história do bairro, o Alto do Moura possui muitos bares e restaurantes de culinária pernambucana. O bairro também é um dos principais polos do São João de Caruaru, considerado um dos maiores do Brasil.
Brasil de Fato PE
Variedades l 13
Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
CULTURA | 13
Jornalista lança livro sobre produção cultural em Pernambuco PESQUISA. Mariana Reis estudou o grupo Cabras de Lampião, de Serra Talhada.
reprodução
cultura popular e mobilização comunitária” possui também uma versão digital em e-book, com baixo custo. A ideia é alcançar um público além da Academia. A expectativa agora vem com a pesquisa do doutorado, “Arranjos de mídias alternativas”, um estudo das novas formas de organização do trabalho na área da comunicação em Pernambuco e na Bahia.
Vanessa Gonzaga, de Petrolina
ançando em dezembro L de 2018, o livro “Comunicação, cultura popular e
mobilização comunitária” é fruto da pesquisa de mestrado da jornalista Mariana Reis. O livro faz uma análise dos pontos de cultura e como eles se relacionam, formando uma rede a partir de estratégias de comunicação e auto sustentação. A pesquisa aprofunda o estudo do Ponto de Cultura Cabras de Lampião, que fica na cidade de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú. O Cabras de Lampião, grupo que existe desde 1995, atravessou períodos alternados de desmonte e valorização das políticas governamentais de cultura, resistindo até hoje. O grupo trabalha com música e dança, especialmente o xaxado, ritmo criado pelos cangaceiros que viveram no sertão por volta da década de 1920 e 1930. O Cabras de Lampião é uma referência para a cultura do Pajeú, organizando festivais de arte do cangaço e xaxado, fomentando o turismo comunitário na região e preservando a memória com o Museu do Cangaço. Esse não é o primeiro livro de Mariana. Sua primeira produção foi o trabalho de conclusão de curso da graduação em jornalismo. “Dia de Negro” é um livro-reportagem sobre a Terça Negra, uma mani-
A ideia é alcançar um público além da Academia festação cultural afropernambucana que acontece no Recife. Publicado em 2012 com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o livro teve exemplares doados para pontos de cultura e bibliotecas públicas da cidade e pode ser encontrado para venda a preços populares. Para Mariana, o tema tem uma relação grande com sua rotina como frequentadora das Terças Negras “É um livro que me dá muita satisfação, porque foi feito a partir da minha experiência como frequentadora da festividade e até hoje é um livro que abre portas para mim”, relembra. “Dia de Negro” ajuda
a pensar a cena do movimento negro em Pernambuco nos anos 2000 e também no espaço de resistência da comunidade negra no Pátio de São Pedro, no centro do Recife, onde diversos grupos periféricos de afoxé, coco, reggae e maracatu se juntavam para trocar experiências, não apenas do ponto de vista da produção cultural, mas também de forma política, reafirmando suas identidades, o local de onde vieram, suas religiões e vários outros aspectos relacionados a essa população. No novo livro, Mariana reforça a importância das políticas culturais para incentivar e valorizar a produção cultural, mas também enfatiza os processos de auto sustentação criados e utilizados pelos próprios grupos. “Nenhum grupo vai sobreviver se ele depender só de uma política, ele tem que pensar em várias outras formas de se sustentar. É a partir daí que entra por exemplo, a economia criativa, e o grupo é bem exitoso nisso”. É nessa re-
lação que envolve comunicação, cultura e estratégias de resistência que os grupos formas redes de articulação físicas e virtuais, onde um grupo acaba ajudando na sobrevivência do outro. “Dia de negro” e “Comunicação, cultura popular e mobilização comunitária” podem ser encontrados a preços populares nas principais livrarias físicas ou na internet. “Comunicação,
O livro faz uma análise dos pontos de cultura e como eles se relacionam
Daniel Lamir
14 | VARIEDADES
Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
Brasil de Fato PE
Ciência é Coisa boa Como escolher o protetor solar? O sol emite três tipos de radiação. A UVB é responsável pelas queimaduras e pela vermelhidão na pele Renan Santos
h, o verão! Época em que sentimos na pele como o nosso amiA go sol é poderoso. Recebemos de nossa estrela radiações de três tipos principais. A pri-
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meira é a visível aos nossos olhos, que vai da frequência vermelha à violeta. Há ainda aquelas com frequências mais baixas, as infravermelhas, e as mais altas, as ultravioletas (ou UV). A principal responsável pelos problemas de pele é a radiação UV, subdividida em A, B e C. A radiação UVC, mais agressiva, quase não chega à superfície da Terra, pois é absorvida pela camada de ozônio da atmosfera. Já as UVA e UVB chegam, e possuem efeitos diferentes sobre o organismo. A UVA, mais abundante e com frequências próximas da luz visível, penetra profundamente na pele, até a camada da derme. Já a UVB chega apenas na epiderme, a camada mais superficial. A UVA está relacionada aos sintomas de envelhecimento da pele (flacidez e rugas), mas também pode originar manchas e câncer. É ela que estimula a produção da melanina e, assim, o bronzeamento da pele. Já a UVB é a responsável pelas queimaduras e pela vermelhidão geradas pela exposição ao sol. Também pode levar ao câncer. Temos uma proteção natural contra os raios UV, a melanina. Porém, ela não é suficiente para evitar todos os problemas, mesmo em pessoas com a pele escura. Assim, são recomendadas medidas de proteção contra o sol, principalmente no verão. Usar roupas, óculos escuros e chapéu. Evitar os horários com maior intensidade, entre 9h e 16h. E usar protetor solar. O protetor solar possui substâncias capazes de absorver e refletir a radiação UV, o que impede que ela chegue na pele. Essa proteção é categorizada naqueles números que vemos na embalagem, o Fator de Proteção Solar (FPS). O valor no rótulo indica quantas vezes mais aquele produto protege em comparação com o natural de sua pele. Ou seja, um FPS 15 gera 15 vezes mais proteção do que se você não tivesse passado nada. A escolha do FPS deve se dar de acordo com a cor da pele e o quanto de exposição a pessoa terá. A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda FPS mínimo de 30. O protetor deve ser reaplicado de duas em duas horas, após o suor excessivo ou ao molhar a pele. Os protetores mais comuns protegem apenas contra a radiação UVB. Ou seja, não impedem o bronzeamento da pele. Hoje, é mais recomendado o uso de protetores de amplo espectro (ou que possuam no rótulo o item PPD), que também protegem contra a radiação UVA. Proteja-se! E viva o verão! Um abraço e até a próxima!
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Recife, 18 a 24 de janeiro de 2019
VARIEDADES l 15
Amiga da Saúde
Nossa cozinha Quiche rápida de frigideira
Ingredientes
Modo de Preparo
1 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 copo de leite 2 ovos sal a gosto Meia colher de manteiga 1 xícara de bacon picadinho 1 cebola pequena 3 dentes de alho 1 copo de folhas e talos de brócolis folhas de rúcula 100 gramas de queijo (mussarela/ canastra/gorgonzola)
1. Bata os ovos numa vasilha e em seguida misture o leite, o sal, a farinha, a manteira e misture até formar uma massa homogênea, meio líquida. 2.Pique e separe em vasilhas diferentes o brócolis, a cebola, alho e o bacon. 3.Frite o bacon, retire o excesso de gordura e em seguida refoge as folhas e talos. 4.Despeje a massa sobre as folhas e talos refogados, cubra com lascas de queijo e folhas de rúcula e feixe fritar ou assar em fogo baixo 5.Frite/asse na frigideira por 3 minutos de cada lado e sirva.
Obs: As folhas, talhos e carnes podem ser substituídas conforme o que tiver na sua geladeira. Tire a carne e tenha uma opção vegetariana.
Minha filha de 3 anos disse que o avô passou a mão em sua “pepeca”. Ela dá detalhes, mas o avô é pastor e ninguém acredita nela. O que eu faço?
Anônima
C
ara ouvinte, você nunca deve desvalorizar a fala da criança. Elas podem imaginar algumas coisas, mas normalmente não inventam histórias coerentes com riqueza de detalhes. Comece não deixando que ela fique sozinha com o avô. Leve-a num atendimento hospitalar especializado em violência sexual e ouça a opinião de especialistas. Faça denúncia do caso na polícia para investigação. Infelizmente, na grande maioria dos casos de violência sexual sofrida por crianças, os agressores são pessoas da família, fora de qualquer suspeita. Fique atenta! Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
ESPORTES
DERROTA DENTRO E FORA DE CAMPO
BOA ESTREIA
Filipe Spenser
Bruno Pimentel
filipespenser@gmail.com
omeçamos mal. Nas quatro linhas, C perdemos, em casa, para o Fortaleza pelo placar de 3x1. Com menos de um
minuto levamos o primeiro gol – absoluta desatenção – e com menos de 20 minutos já estávamos com um jogador a menos. Complicou. Em termos de volume de jogo, o time até se esforçou, contudo, foram poucas as jogadas bem construídas. Prevaleceram as bolas aéreas como as jogadas mais perigosas. Já fora do campo, a situação foi pior. Horas antes do jogo, a torcida organizada do Fortaleza, junto com a do Santa Cruz, tentou ingressar na sede do clube sem que a Polícia Militar estivesse no local. Tumulto e confusão. Ora, até o mundo mineral sabe da rivalidade existente entre as torcidas. Para os fatos previsíveis, é indispensável um planejamento prévio. Os Aflitos são nossa casa, de lá não sairemos.
TUDO OU NADA Daniel Lamir
pautape@brasildefato.com
E
m seu primeiro jogo na Copa Nordeste, o Santa Cruz se destacou por apresentar um sistema defensivo que garantiu o 0x0 contra o Botafogo-PB no Estádio Almeidão, em João Pessoa. Apesar do empate e do placar morno, o jogo cresceu do primeiro tempo para o segundo e a partida garantiu algumas emoções, principalmente por conta da estreia do goleiro Ricardo Ernesto no clube, que fez boas defesas e assegurou que o tricolor não iniciasse a temporada com uma derrota. O ataque também não estava mal, apesar de não fazer gols, a marcação estava boa e o jogo foi bastante seguro, mas é preciso melhorar com a posse de bola nas partidas seguintes. No geral, podemos dizer que o time comandado pelo técnico Leston Júnior estava coeso e o desempenho foi eficiente.
daniel.lamir@brasildefato.com.br
D
uas questões ampliam o sentido de um “tudo ou nada” para o Sport em 2019. A primeira é de ordem interna e condiz com a devastação administrativa sofrida pelo clube. O primeiro passo ainda não foi dado, que é apresentar os dados detalhados entre “cofres” e “cadernetas” para se aferir com exatidão onde, como e quando se errou nas gestões anteriores. Outra questão do “tudo ou nada” são as mudanças em curso na política do futebol nacional. Estão aumentando ainda mais as desigualdades entre privilégios de poucos clubes mais ricos e reduzindo o apoio ao restante, ou seja, para a maioria dos clubes profissionais do país. Parece uma sintonia perfeita entre CBF e Brasília. O Sport precisa cuidar da ressaca atual, antes que a porta para a Séria A fique ainda mais estreita.
Brasil de Fato PE
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16 | ESPORTES
Tabela Detalhada 1ª FASE PERNAMBUCANO A1 - 2019 TABELA DETALHADA - 1a. FASE
PERNAMBUCANO - 2019 TURNO I ESTÁDIO RODADA | DATA | HORAA1 | JOGO REF ROD DATA HORA JOGO ESTÁDIO TABELA 1DETALHADA - 1a. PEFASE Ilha do Retiro 1ª 19/01 - Sáb 16:00 Sport x Flamengo PE 1ª RODADA 2
19/01 - Sáb 20/01 - Dom
4
ORA
5
20/01 - Dom
JOGO 6 2ª
2ª RODADA 7 1ª
6:00 Sport
6:00 Central
PE
8
x1ª
PE
9
x1ª
11
6:00 Afogados
0:00 Central
Santa Cruz
PE
x
América
PE
Arruda
Recife
Afogados
PE
x
Petrolina
PE
Vianão
PE
x
Vitoria
PE
Cornélio de Barros
PE
x
Sport
16:00 Salgueiro 20:00 Central
PE
16:00 Petrolina
PE
21:30 Náutico
x2ª
30/01 - Qua
PE 17 x4ª 4ª RODADA
Sport 06/02 - Qua
15 16
18
0:00 América
PE
20
PE
19 21
23
PE
Cornélio 20:00PE Salgueiro PE
x
20:00PE Afogados
PE
x
Arena PE PE x
x3ª
06/02 - Qua
10/02 - Dom
Náutico 10/02 - Dom
16:00 Sport
16:00PE Central
PE
x
Náutico Afogados 16:00PE
PE x Arruda
1:30 Náutico
Petrolina 20/02 - Qua 21:30PE Salgueiro
Aflitos PE x
0:00 Vitoria
26
6ª 17/02 - Dom
17:00 Santa Cruz
27
6ª 24/02 - Dom
16:00 Salgueiro
5ª RODADA PE 25 x5ª
x
28 6ª RODADA
PE
6:00 América
PE
29
30 31
PE
0:00 Náutico
PE
6:00 Vitoria
34
35 36 37
PE
39
6:00 Central
PE
41
6:00 Náutico
PE
42
7:00 Santa Cruz
PE
44
1:30 Salgueiro
PE
6:00 Salgueiro
PE
40
x
Sport
3ª 24/02 - Dom
PE
16:00 Central
17:00PE Afogados
PE
21:30 Náutico
27/02 - Qua
20:00 América
Central
27/02 - Qua
PE
20:00 Vitoria
x4ª
28/02 - Qui Cruz 20:00PE Sport Santa
x8ª
Vitoria 13/03 - Qua
8ª 10/03 - Dom
16:00 América
PE 21:30 Sport
Sport
PE
Petrolina
Aflitos
Salgueiro Cornélio de Barros Arena PE Caruaru
Ademir Cunha
Paulista Aflitos
PE Recife
PE
Arena PE Petrolina
Flamengo16:00PESalgueiro
Sport
PE
Aflitos Recife
PE
Recife
PE Caruaru 1 Recife PE
Arruda
Santa Cruz
PE
PE
x
América
PE
Cornélio de Barros
PE
x
Petrolina
PE
Lacerdão
Salgueiro
Recife
PE 1 Salgueiro
Salgueiro
Áureo Bradley Paulista
PE
x
Santa Cruz
PE PE
Arena PE
x
Arena PE PE x
Salgueiro
Lacerdão PE x PE x Aflitos PE
x
Arruda PE x
Ilha do Retiro
PE
Vianãoda FlamengoSão PELourenço
América
PE PE
Sport
PE
Petrolina
PE
Santa Cruz
PE
Cornélio de Barros Aflitos Recife
x
Santa Cruz
PE
PE Afogados Cornélio de xBarros
x
América
PE
Cornélio(QUARTAS de Barros DE FINAL) Salgueiro
PE
Arena PE
Salgueiro
SEGUNDA FASE
PE 1GLOBO PE
PE Recife 1
PE
Recife
Afogados Mata PEda Ingazeira
Lacerdão
12/5 SportSáb
PE 1GLOBO PE
PE
Paulista
Caruaru Áureo Bradley Recife
PE 1GLOBO PE 1GLOBO
Paulista PE
PE
Paulo Coelho EMISSAO DATA Recife 19/11/2018 Arruda
PE
PE
São Lourenço da Mata PE
Ademir Cunha
PE
PE 1GLOBO PE
PE
Arcoverde
Ademir Cunha Arcoverde
PE x Náutico PE Aflitos TABELA / EDIÇÃO Recife 2019
PE 1GLOBO PE
Caruaru
Aflitos
PE
PE
PE
PE
PE 1 Recife Vianão daCoelho Ingazeira PE Paulo Petrolina PE x FlamengoAfogados PE x
PE 1GLOBO PE
Salgueiro
SãoPELourenço PEda Ingazeira Vianãoda Mata Afogados PE
PE 1GLOBO PE
São Lourenço da Mata PE
Recife Cornélio de Barros
x5ª
16:00 Vitoria
Petrolina
Paulo Petrolina Ilha do Retiro PE Coelho x Afogados PE A1 PERNAMBUCANO - 2019
17/03 - Dom 16:00PE Flamengo Afogados
16:00PE Náutico
PE
Ilha do Retiro
PE
PE
PE 1GLOBO Mata PEda 1Ingazeira PE Afogados
PE PE
PE
Paulista
Arcoverde
PE
PE PE 1GLOBO PE
PE
Paulo Coelho
Flamengo
Náutico
PE Salgueiro
PE
São Lourenço da Mata PE
x
Arena PE PE x
Recife
Arcoverde
Recife Lacerdão
PE x Central Áureo Bradley
13/03 - Qua 20:00PE Afogados América
16:00 Central
Petrolina
Recife Ilha do Retiro
PE
8ª 13/03 - Qua 20:00 Petrolina PE x Vitoria do2019 Retiro Petrolina PE A1 /Ilha PERNAMBUCANO EDIÇÃO 14/03 - Qui 20:00 Santa Cruz PE x Central
x
Paulo Coelho
Vianãoda SalgueiroSão PELourenço Áureo Bradley Central PE
x
x9ª
Paulista PE
PE
PE
27/02 - Qua 20:00PE Petrolina Salgueiro
PE PE
PE x Vitoria Ademir Cunha
16:00 Flamengo
PE
Central
Cornélio de Barros
7ª 27/02 - Qua
43 9ª RODADA 45
24/02 - Dom
Central 24/02 - Dom
8ª RODADA PE 38 x4ª
6:00 Sport
Flamengo
x3ª
0:00 Afogados 7ª RODADA PE 32 x 33 0:00 Flamengo PE x
1:30 Petrolina
Petrolina
Ilha PE do Retiro x Afogados
16/02 - Sáb
PE
PE
20:00 Flamengo PE Bradley x Áureo Santa Cruz PE 06/02 - Qua 21:30 Petrolina PE x Santa Cruz x2ª 06/02 Afogados - Qua 20:00PE Náutico Ademir PE Cunha x Vitoria - Dom 16:00 Vitoria PE x América Paulo Coelho x5ª 10/02 América PE
x
0:00 Santa Cruz6ª RODADA PE 24 x
0:00 Salgueiro
América
Ademir Cunha Caruaru
Arena PE
PE PE
Recife Áureo Bradley
Salgueiro TV UF Caruaru 1 2 3 São Lourenço da Mata PE Arcoverde
CIDADE Lacerdão
PE
Afogados
de xBarros Flamengo
PE x Lacerdão
16:00 América
PE
1 2 3
PE 1GLOBO Afogados da Ingazeira PE
PE 1 Recife Náutico PE Arruda Recife PE x AfogadosAfogados PE Vianão da Ingazeira PE PE
Salgueiro 20:00PEVitoria
4ª 03/02 - Dom
5ª RODADA 22 3ª
PE
Vitoria 30/01 - Qua
x
Arruda PE x
30/01 - Qua
Petrolina
Retiro x Santa Cruz
PE x Lacerdão
20:00 América
2ª RODADA 10 2ª PE 14 x3ª 3ª RODADA
x
ESTÁDIO PE x Salgueiro
do Flamengo 23/01 - Qua 20:00PE FlamengoIlha PE
20:00 Santa Cruz
PE
6:00 Sport
PE
29/01 - Ter
13
0:00 Flamengo
6:00 Petrolina
Caruaru
16:00PE Sport
PE
1:30 Vitoria
PE
Lacerdão
América 27/01 - Dom
PE
6:00 Salgueiro
Recife
PE
21:30 Vitoria
3ª 27/01 - Dom
6:00 Santa Cruz 3ª RODADA PE 12 x2ª
UF
Náutico
23/01 - Qua
Náutico
| UF | TV TV
x
23/01 - Qua
23/01 - Qua
CIDADE
PE
16:00 Central
16:00 TURNO 20/01 - Dom 16:00
3
| CIDADE
Petrolina ATUALIZAÇÃO PE 1 21/11/2018 Recife
PE Arcoverde
PE 1GLOBO PE 1GLOBO PE PE PE PE
Caruaru
PE
Salgueiro
PE
PE
Recife PE 1
PÁG 01
PE 1GLOBO São Lourenço da Mata PE
PE 1 PE