CADERNO ESPECIAL | 7
ENTREVISTA |11
MOBILIZAÇAO
Divulgação
Fred Zero Quatro Compositor e vocalista da banda Mundo Livre S/A conversou sobre arte e política
Reprodução
Entenda porque a principal bandeira da Greve Geral é derrubar a reforma da Previdência
PE Pernambuco
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
ano 3
edição 95
distribuição gratuita
GREVE GERAL PROMETE PARAR O BRASIL
MUNDO | 7
Educação
Vouchers para famílias pobres pagarem ensino privado. Funciona?
CULTURA | 13 Bolos
Vindos da agricultura familiar, alimentos fazem sucesso no Armazém do Campo
VARIEDADES | 14 Receita
Curau de milho verde, o prato que é cara das festas juninas
2 | OPINIÃO
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
Brasil de Fato PE
EDITORIAL
A Greve e o amanhã
14J. A reforma da previdência encontra-se no centro dos interesses
O
mês de junho desponta como um possível divisor de águas na luta por direitos e democracia. De um lado, as forças mais retrógradas da sociedade brasileira, orientadas pelos ditames do capital financeiro internacional, colocaram em movimento uma ampla campanha midiática em defesa do indefensável. A reforma da previdência encontra-se no centro dos interesses que promoveram o golpe de Estado de 2016 e que unificaram o bloco de forças sociais que levaram Bolsonaro à presidência. De outro lado, as forças democráticas e progressistas de nossa sociedade conseguiram canalizar o descontentamento com o desmonte da educação pública em agitação massiva nas ruas e impondo um recuo nos cortes de verbas, retornando um bilhão de reais de volta ao
A greve geral dessa semana tem a estratégia, bem sucedida em 2017 Ministério da educação e 330 milhões para as bolsas de estudo do CNPQ. Uma vitória parcial, mas decisiva por derrotar a estratégia de chantagem adotada pelo governo que relacionava os cortes à suposta necessidade de reforma da previdência. O exemplo de estu-
dantes e professores nas ruas têm, nesse dia 14, o enorme desafio de conquistar a parcela decisiva do povo brasileiro na luta contra o retrocesso. A greve geral dessa semana tem a estratégia, bem sucedida em 2017 contra a reforma proposta por Temer, de parar a produção da riqueza em todo o país colocando a classe trabalhadora em movimento. A tarefa é acirrar as contradições no interior do bloco neofascista representado por Jair Bolsonaro na principal demanda colocada pela grande burguesia internacional ao seu governo. Tal tarefa, contudo, depende de um movimento contínuo para além da greve. O acúmulo desse dia 14 não pode ser medido
apenas pela demonstração das forças que temos. Aprendemos com a história que a greve, como forma de luta, têm antes de tudo a tarefa de elevar o nível de consciência e organização da classe trabalhadora. Seu principal resultado, para além das conquistas econômicas, é o potencial organizativo que é despertado pelo envolvimento das pessoas no processo da paralisação, a identidade coletiva de luta criada pela solidariedade na greve. Esse potencial, para ser convertido em força social necessita de iniciativas de formação e organização que devem ser o centro das preocupações dos movimentos populares e do sindicalismo. A unidade conquistada na luta das ruas deve indicar o caminho de um trabalho paciente e perene de fortalecimento das organizações da classe trabalhadora. O acirramento das contradições no interior do bloco conservador abre portas para uma ampla campanha de educação popular em torno dos di-
O acúmulo desse dia 14 não pode ser medido apenas pela demonstração das forças que temos reitos e da democracia. A divulgação das provas da instrumentalização política da Lava-Jato por Sérgio Moro expõe aos olhos de todos os reais interesses que impulsionaram o golpe, tiraram Lula da disputa presidencial e abriram campo para o desmonte promovido pelo atual governo. O maior desafio encontra-se na habilidade de converter a forte paralisação de sexta em organização no chão das fábricas, escolas, universidades e favelas, em um movimento de acúmulo de forças e disputa de projetos na sociedade.
Expediente Brasil de Fato PE O Brasil de Fato circula nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Paraíba e Bahia com edições regulares. Em Pernambuco está nas ruas todas às sextas-feiras com uma visão popular de Pernambuco, do Brasil e do Mundo. Página: brasildefatope.com.br | Email: pautape@brasildefato.com.br | Para anunciar: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br | Telefone: 81. 96060173
Edição: Monyse Ravena | Redação: Vinícius Sobreira, Marcos Barbosa, Vanessa Gonzaga, Rani de Mendonça e Fátima Pereira. Articulista: Aristóteles Cardona | Colaboração: André Barreto, Bianca Almeida, PH Reinaux, Catarina de Angola | Administração: Iyalê Tahyrine Diagramação: Diva Braga | Revisão: Júlia Garcia | Tiragem: 20 mil exemplares Conselho Editorial: Alexandre Henrique Pires, Bruno Ribeiro, Carlos Veras, Doriel Barros, Eduardo Mara, Geraldo Soares, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Carlos de Oliveira, Fernando Melo, Fernando Lima, Laila Costa, Luiz Filho, Luiz Lourenzon, Marcelo Barros, Margareth Albuquerque (in memorian), Marluce Melo, Paulette Cavalcanti, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Lapa, Roberto Efrem Filho, Rogério Almeida, Rosa Sampaio, Sérgio Goaiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis.
Brasil de Fato PE
GERAL l 3
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
FRASE da semana
Glenn Greenwald, jornalista que publicou os vazamentos de mensagens entre Moro e Dallagnol que provam caráter político da prisão de Lula.
Você acha que é importante fazer greve? Porque?
SERVIÇ0S Vagas para cursos técnicos glenn
A Globo é sócia, agente e aliada de Moro e Lava Jato - seus porta-vozes - e não jornalistas que reportem sobre eles com alguma independência. É exatamente assim que Deltan, Moro e a força-tarefa veem a Globo. Então não esperem nada além de propaganda.
Nota
Secretaria de Educação
stão abertas, desde seE gunda-feira (10), as inscrições para 4.530 vagas em cursos
técnicos na forma subsequente das Escolas Técnicas Estaduais (ETEs). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 20 de junho. São oferecidas oportunidades em 26 cursos técnicos, distribuídos em 43 unidades em todo o estado. A distribuição de vagas e cursos estão disponíveis no site: www.sisacad.educacao. pe.gov.br/sissel/
Vestibular Seriado Divulgaão
Brasil na verdade tem uma considerável tradição de greO ves, quando adotamos um olhar a partir da história social do trabalho. E a greve sem dúvida é um momento válido dentro do processo social para desenvolvimento destas várias resistências populares, levando em consideração as questões de raça e etnia. Nilton de Almeida Araújo, Professor de História do Brasil e militante dos Movimentos Antirracistas do Vale
muito importante fazer greve É em função de ser um instrumento de pressão do trabalhador e da trabalhadora. A greve é um direito constitucionalmente garantido. Quando ocorre ausência de diálogo, a greve é capaz de forçar o empregador para mesa de negociação. Claudio Carvalho, professor universitário.
briram nessa segunda-feiA ra(10), as inscrições para candidatos do Sistema Seriado
de Avaliação (SSA), da Universidade de Pernambuco (UPE) para os alunos dos três últimos anos do ensino médio. Nesse formato, os estudantes são avaliados ao fim de cada ano. Do total de vagas do vestibular, são 1.740 do SSA. As inscrições custam R$ 100. Os inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais podem solicitar isenção. Os estudantes podem se cadastrar até o dia 7 de agosto no site: www.processodeingresso. upe.pe.gov.br/
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
4 ||Mundo GERAL
Brasil de Fato PE
Direitos de Fato Protesto em Barreiros Reprodução
Na segunda-feira (10), trabalhaN dores rurais bloquearam a rodovia PE-60, na altura de Barreiros, na Zona
da Mata de Pernambuco, o protesto, que durou parte da manhã, foi realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Barreiros. As famílias têm diversas dificuldades, como a falta de escolas nas comunidades, o serviço de saúde inoperante e a dificuldade de transportar pessoas e a produção, já que as pontes que ligam a comunidade rural à cidade estão em risco. Mesmo com o envio de tratores para nivelar as estradas de terra, ainda não houve nenhuma iniciativa de diálogo com governo estadual ou municipal sobre as outras pautas.
Aula Pública sobre Reforma da Previdência IFPE
O
SINDISIFPE (Sindicato dos Servidores dos Institutos Federais do Estado de Pernambuco) e o Grêmio Rosto Democrático Estudantil realizaram nessa semana em vários campi do Instituto Federal a Aula Pública “As verdades por trás da Reforma da Previdência”. Nos campi, o debate contou com Juliane Furno, doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp, formadora da CUT e militante do Levante Popular da Juventude e Daniel Neri, doutorando em ciência política e tecnológica na UNICAMP, sindicalista e professor do IFMG. Na segunda-feira (10), o debate aconteceu em Vitória de Santo Antão, Abreu e Lima e Recife. Já na terça-feira (11), a aula foi em Caruaru e Garanhuns.
Decisões de Moro na Lava Jato podem ser anuladas m um Estado Democrático uma das medidas mais importantes E é a garantia de que o processo penal irá ser aplicado conforme as regras estabelecidas em lei. Agir legalmente é, portanto, garantir
que o Estado não pode – inclusive por não ter meios – exceder em suas acusações e passar por cima de direitos individuais, sendo o indivíduo culpado ou não. Exceções, no caso do processo penal, são na realidade uma forma de estender e ampliar o poder estatal e reduzir garantias processuais. São medidas antidemocráticas e que revestem a justiça com vestes de vingança e interesses pessoais. Foi o caso, por exemplo, de quando o Supremo Tribunal Federal definiu o fim do princípio da presunção de inocência e determinou a possibilidade da execução provisória da pena, mesmo sem existir condenação definitiva contra o réu. É, agora, a promíscua permissão de que as sentenças condenatórias e decisões tomadas por Sérgio Moro no âmbito da Lava Jato ainda tenham alguma validade jurídica. Provas de existência de conluio entre juiz e acusador é algo tão sério que, mesmo tendo sido obtidas ilicitamente, são suficientes para anular um processo e permitir que o indivíduo tenha um novo julgamento. Moro não está acima da lei.
* Clarissa Nunes é advogada criminalista e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
ESPAÇo SINDICAL
Urbanitários contra a MP 868 Sindsep PE
Medida Provisória (MP) nº 868/18, A que altera o marco legal do saneamento básico no país, vem sendo alvo
de críticas dos trabalhadores do saneamento. A Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) enviou no início dessa semana um ofício ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DM-RJ), manifestando posição contrária à Medida. A MP afeta a titularidade dos municípios e o subsídio cruzado, um dispositivo que possibilita que cidades com menos recursos tenham acesso aos serviços essenciais de saneamento. O que os urbanitários defendem é a universalização do acesso à água e saneamento, além de um menor manejo das águas, o que traz benefícios para a saúde, meio ambiente e para as habitações. A MP já havia passado por avaliação da Comissão Mista do Congresso e na última quarta-feira foi arquivada, após a pressão do movimento sindical.
Reforma da Previdência e Mulheres
N
a última segunda (27), a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sediou mais uma audiência pública para discutir a Reforma da Previdência. A audiência, organizada pelo mandato da deputada Federal, Marília Arraes (PT), e da deputada Estadual, Teresa Leitão (PT), em conjunto com outras comissões da Alepe, explicou pontos relevantes da reforma da Previdência, constatando que a proposta é prejudicial principalmente para as mulheres, especificamente para as domésticas, professoras e trabalhadoras rurais. A proposta do governo é que a aposentadoria seja concedida às mulheres que atingirem idade mínima de 62 anos e tempo mínimo de contribuição de 20 anos, sendo necessário 40 anos de contribuição para garantia da aposentadoria integral.
João Câmara
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OPINIÃO I 5
Artigo
Feminismo, território e resistência no Coque *Shirley e Sheila Samico,
Sidney Ma-
A
Marcha Mundial das Mulheres tem ponto de encontro obrigatório na roda de diálogo com as mulheres da Associação de Mães, Pais e Adolescentes do Coque (AMPAC). A cada 15 dias construímos essa iniciativa que surgiu a partir da provocação de uma das fundadoras da associação, Eurídice Andrade, que trouxe a necessidade de elencar uma agenda de discussões para fortalecer a convivência, autonomia e empoderamento das mulheres. A agenda foi construída em conjunto e, desde fevereiro, os encontros são sempre muito fortalecedores. Já foram realizadas rodas sobre os temas
Outra iniciativa interessante e já desenvolvida pelas mulheres da AMPAC é o artesanato da reforma da previdência, direitos sociais e impactos da conjuntura atual na vida das mulheres, abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, saúde natural,
dentre outros. Outra iniciativa interessante e já desenvolvida pelas mulheres da AMPAC é o artesanato. Este sobrevive com o esforço das mulheres, que pensam juntas, na perspectiva da autonomia econômica. Estas práticas fortalecem a luta das mulheres, reconhecendo a importância do feminismo para a autonomia econômica. A realidade das mulheres locais é a sobrecarga do trabalho doméstico e de cuidados não remunerado, portanto, a iniciativa da discussão da economia solidária pode mudar a realidade vivida pela auto-organização. Uma experiência recente foi a participação das
mulheres no Colóquio Internacional de Feminismo e Agroecologia, que além do espaço da feira, elas produziram as bolsas para os congressistas do evento, permitindo gerar renda para a associação. Essa relação de convivência também se faz presente em lutas coletivas como o 8 de março, atos de rua e em defesa da bandeira do Lula Livre e contra os desmontes da seguridade social brasileira, bem como, Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres e momentos preparatórios para a Marcha das Margaridas. O território é o espaço que se expressa a vida
cotidiana e se constrói identidades, esses espaços são momentos de reflexão, resistências e processos de formação. Em tempos de desmontes e ajuste fiscal que afeta toda a população, sobretudo nós mulheres, o objetivo da Marcha Mundial das Mulheres é incorporar temáticas de fortalecimento da cidadania para que possamos fortalecer a narrativa de que vivemos momentos de ataques aos direitos sociais. *São militantes da Marcha Mundial das Mulheres
Artigo
Cortes enterram a pós-graduação no Brasil *Aristóteles Cardona
A
atual estrutura das instituições não conseguirá se manter sem condições adequadas Depois de alguns meses afastado, volto a escrever para o Brasil de Fato. O que começou como um desafio, passou a ser também um exercício cotidiano de tentar condensar, em alguns parágrafos, muito do nosso dia-a-dia. O que talvez eu não imaginasse é que aconteceria tanta coisa durante estes poucos meses sem escrever. O Brasil entrou numa bagunça tão gigante que parece que não escrevo há mais de 1 ano, tantos são os assuntos que merecem ser ressaltados e discutidos. Meu breve afastamento se deu por questões aca-
A atual estrutura das instituições não conseguirá se manter sem condições dêmicas. Além de minhas funções como médico da família e como professor universitário, acumulei a execução do meu mestrado. Então, imaginem como ficou minha cabeça neste período, especialmente nos últimos meses. E isso me vem à tona
agora porque tem muito a ver com um dos vários ataques do governo Bolsonaro ao povo brasileiro. Um deles são os cortes na educação em todos os níveis. E, no meio destes, está a de milhares de bolsas de mestrado e doutorado em instituições de todo o Brasil. Olhando de fora, falar em cortes de bolsas na pós-graduação pode até parecer algo distante do dia-a-dia do povo brasileiro. Mas, na realidade, não é. E é neste ponto que retomo minha vivência dos últimos 2 anos. O mestrado que acabei de finalizar foi na área de Saúde da Família e o foco foi no estudo do aumento dos casos de Sífilis em gestantes no mu-
nicípio em que resido e trabalho. Posso adiantar para vocês que chegamos a resultados bem interessantes que me ajudaram a entender onde acontecem falhas no cuidado do pré-natal e como podemos atuar para melhorar esses índices. Mais do que isso, aproveitaremos os dados para gerar oficinas que levem mais informação para profissionais e para a população. Porém, tive a oportunidade de participar de um mestrado que já não previa bolsas de estudo. Mas, quantas centenas e milhares de outros profissionais deixarão de estudar a nossa realidade por falta destas bolsas? Tantos são os problemas que não poderão ser estuda-
dos, como a sífilis no meu caso, porque não haverá como manter os estudos? Além dos pós-graduandos que deixam de receber bolsa, há toda uma estrutura da instituição que não conseguirá se manter sem condições adequadas. Este governo deixa claro que educação deve ser apenas para quem pode pagar. Mas não há desenvolvimento de um povo sem educação acessível para todas e todos. Disto, não abriremos mão. * É Médico, professor e membro da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares
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6 | BRASIL
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Vouchers para famílias pobres pagarem ensino privado. Funciona? Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Agência Brasil
EDUCAÇÃO. Ideia de Paulo Guedes para privatização do ensino é contestada por especialistas
Sem proposta
Pedro Rafael Vilela
| Brasília
o começo do ano, N junto com o novo governo, retomou-se a ideia
de se introduzir o sistema de vouchers na educação brasileira. A medida foi sugerida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e propõe que estados e municípios repassem um voucher diretamente às famílias para que elas matriculem seus filhos em idade escolar em instituições privadas de ensino. Esse modelo vem sendo defendido desde a década de 1960, tendo sido proposto, inicialmente, pelo economista liberal norte-americano Milton Friedman. De lá para cá, no entanto, poucos países no mundo adotaram esse modelo em larga escala. Os dois principais exemplos são os
privada. O custo das escolas privadas é uma barbaridade em relação ao que o estado gasta por aluno em sua rede”, afirma Romualdo Pereira, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Os vouchers já eram uma proposta do governo Bolsonaro desde as eleições.
Estados Unidos e Chile. Os resultados em ambos os países não indicaram que esse modelo seja melhor do que a oferta direta do ensino pelo Estado, através das escolas públicas. Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato contestam essa proposta como um modelo viável para a educação. “Não é qualquer pessoa que consegue montar uma escola. Há regulamentações mínimas. Do lado do consumidor, que seriam os estudantes e suas famílias, há proble-
mas de informação mesmo, o que é uma educação de qualidade, essa percepção varia bastante entre as famílias e está muito associado ao próprio capital cultural e econômico das famílias”, avalia Paulo Meyer, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Custos
Segundo estimativas dos Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fun-
deb), nas séries finais do ensino fundamental, por exemplo, a média de gasto anual por aluno é de R$ 3.725,44 em áreas urbanas e R$ 4.064,11. Em uma conta simples, isso daria uma média de pouco mais de R$ 310 de mensalidade em uma escola privada, valor muito distante da média cobrada pelas escolas particulares. “Se você pegar o valor do custo/aluno praticado hoje nas escolas públicas regulares, você só vai matricular seu filho numa escola de quinta categoria
Em meio a uma enorme turbulência que o governo federal enfrenta na área de educação, o professor Romualdo Portela não poupa críticas à falta de projeto do governo para o setor, que teve dois ministros em menos de seis meses. “Em seis meses, eles não disseram uma palavra sobre como melhorar a qualidade da educação brasileira. Eles não disseram uma palavra sobre como vão resolver esse problema de financiamento que existe por conta da desigualdade de tributação Brasil afora. Não apresentaram propostas para resolver nenhum dos problemas estruturais da educação brasileira”, disse.
CONCENTRAÇÃO ÀS 14H CRUZAMENTO DA RUA DO SOL COM A GUARARAPES - RECIFE
@sintepedigital www.sintepe.org.br
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CADERNO GREVE GERAL
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
A mais de um século a greve é instrumento de luta no Brasil No próximo dia 14, a classe trabalhadora de todo país vai sair às ruas novamente
HISTÓRIA. O direito à greve é constitucional e histórico: em 1917, acontecia a primeira; em 14 de junho, o Brasil para novamente Fabiana Reinholz, Porto Alegre (RS)
ssegurada pela A Constituição Federal de 1988, a greve é um di-
reito de todo trabalhador, competindo-lhe a oportunidade de exercê-lo sobre os interesses que devam por meio dele defender. No próximo dia 14, a classe trabalhadora de todo país vai sair às ruas nova-
mente contra a reforma da Previdência e, acima de tudo, pela garantia e a manutenção de direitos conquistados através das mobilizações do passado. O surgimento das greves no país A greve, enquanto instrumento de luta da classe trabalhadora brasileira, é documentada já no século XIX, por ações de homens e mulheres escravizados que paralisaram suas atividades, tanto em fazendas como nas primeiras fábricas, tais como no arsenal do Rio de Janeiro. Contudo, isso pouco aparece quando se fala das paralisações de trabalhadores e tra-
balhadoras. Para o doutor e professor de história da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fernando Cauduro Pureza, essa parte da história foi deixada de lado por um bom tempo, porque o foco dos historiadores foi para as instituições da classe trabalhadora. O conceito de grande greve geral vai se dar em 1917, quando a insatisfação acumulada dos operários deflagrou a primeira e maior paralisação de trabalhadores do país. Denominada como Greve Geral, teve origem em São Paulo e propagou-se por diversas capitais como Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro. A greve, que durou 30 dias e reuniu cerca de 70 mil traba-
lhadores e trabalhadoras, foi marcada pela forte presença das mulheres operárias, como analisou a historiadora Gláucia Fraccaro, autora do livro Os direitos das mulheres: feminismo e trabalho no Brasil (1917-1937). Entre 1917 e 1922, observam-se diversas greves eclodindo nas grandes cidades. As dificuldades de organização e comunicação faziam com que fosse difícil vê-las como esforço combinado, como acontece atualmente. “Por mais heterogênea que fosse a classe trabalhadora brasileira, você já vê esforços organizados e institucionais, nos quais a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) assumiu
um protagonismo na liderança e na organização da classe, conseguindo resultados bastante promissores”, observa Fernando. Entre os resultados dessa união no início dos anos 60, está a obtenção do 13º salário. Verifica-se também uma crescente e acelerada sindicalização no campo. Novos ciclos de unidade Assim como aconteceu com outros movimentos e organizações sociais, a ditadura que iniciou em 1964 trouxe um período brutal para a organização dos trabalhadores no Brasil. Somente em 1978 começou um novo ciclo de greves, bem como a retomada de lutas no campo. Com o golpe de 2016 e os ataques aos direitos trabalhistas promovidos pelo governo Temer (MDB), uma nova Greve Geral foi articulada. Greve essa que demonstrou a nova rearticulação dos trabalhadores, do campo e da cidade, junto com estudantes e outros segmentos sociais, e que se projeta como ensaio para novas greves no governo de Bolsonaro (PSL).
AUDIÊNCIA PÚBLICA
A IMPORTÂNCIA DO BANCO DO NORDESTE PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
25/06 Foto: EBC
9h
ALEPE Auditório Ênio Guerra, 4° andar - Anexo 1 R. da União, 439 - Boa Vista, Recife
CADERNO GREVE GERAL
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
Pesquisa aponta que 70% dos caminhoneiros podem parar no dia 14 de junho Foto: Site TV Cultura
GERAL. A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 18 de maio, com 648 motoristas Igor Carvalho, Paulo (SP)
Rede Nacional de Pesquisadores Associados (RNPA), uma pesquisa de opinião com caminhoneiros para aferir a possibilidade de uma nova greve no setor, a exemplo da que ocorreu no ano passado. O levantamento mostra que 70% são favoráveis a outra paralisação, coincidindo com a posição de parte das lideranças do setor em relação à Greve Geral convocada para 14 de junho. A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 18 de maio, com 648 motoristas, sendo apenas seis mulheres. Do total de entrevistas, 49,7% foram com condutores de empresas, 42,6% autônomos, 4,7% cooperativados e 3% empregadores.
Adesões
Na terça-feira (4), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), que representa 700 mil caminhoneiros associados aos sindicatos filiados à entidade, aprovou a adesão à Greve Geral. A As-
Quatro pontos da reforma da Previdência que vão prejudicar o trabalhador rural APOSENTADORIA. Em entrevista, o deputado federal Paulo Teixeira (PT) mostra de que forma essa PEC pode prejudicar a aposentadoria rural
São
Fundação PerA seu Abramo (FPA) produziu, por meio da
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A pesquisa foi feita entre os dias 2 e 18 de maio, com 648 motoristas
A pesquisa
33,9% consideram [o governo Bolsonaro] ruim ou péssimo sociação Brasileira dos Caminhoneiros divulgou, em seu site, uma campanha de consulta à categoria para decidir sobre a adesão, ou não, ao movimento que pretende paralisar o país no dia 14 de junho. Wanderley Dedeco, uma das lideranças forjadas nos grupos de Whatsapp, aplicativo de conversa online onde se orquestrou a paralisação da categoria, em maio de 2018, criticou a CNTTL e disse que é contrário ao movimento de greve.
A FPA também perguntou aos caminhoneiros se eles são a favor de uma nova paralisação da categoria, como aconteceu em maio de 2018. Se declararam contrários 20%. Outros 71% são a favor e 9% não souberam opinar. Para 34,6% dos caminhoneiros, o governo de Jair Bolsonaro é ótimo ou bom. Outros 33,9% consideram ruim ou péssimo. Os condutores também responderam sobre os meios que utilizam para se informar a respeito de assuntos do interesse da categoria. O Whatsapp é a plataforma eleita por 35,8% dos motoristas e, para 17,2%, é a TV.
A CNTTL aprovou a adesão à Greve Geral
1
. Aumenta o tempo de contribuição das mulheres “Hoje, o trabalhador rural se aposenta com 60 anos o homem e 55 a mulher. A reforma quer igualar homens e mulheres em 60 anos. Isso vai prejudicar a aposentadoria das mulheres”, explica. A proposta desconsidera o tempo de trabalho não remunerado realizado pelas mulheres.
2
. Aumento do tempo de contribuição Um segundo ponto destacado pelo parlamentar é o aumento do tempo de contribuição do trabalhador rural de 15 para 20 anos. “Esta medida vai impedir a aposentadoria de homens e mulheres, porque 20 anos de contribuição é um tempo muito grande para o trabalhador rural. Porque nem sempre ele está no momento da safra. O trabalhador rural pobre, muitas vezes, começa em serviços informais”.
3
. Mudança no cálculo de contribuição “A contribuição hoje se dá quando tem safra. O ano que não tem safra ou que não consegue comercializar os produtos não contribui ou contribui de acordo com a safra. Eles querem mudar agora e querem que o trabalhador rural contribua por cabeça com R$ 600 por ano. Portanto, você vai exigir do trabalhador que ele contribua quando ele não ganha nada”.
4
. Mudanças no BPC “Eles também puseram o benefício dentro da reforma, aumentando a idade para obtenção do benefício de 65 para 70 anos. Ora, a gente sabe que muita gente no campo brasileiro não vive até os 70 anos”. O parlamentar avalia que esta seria uma forma de acabar com o benefício.
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Recife, 13 a 20 de junho de 2019
CADERNO GREVE GERAL
Sete em cada dez mulheres do campo começam a trabalhar antes dos 14 anos
TERRA E TERRITÓRIO. Regra proposta da reforma da Previdência não considera as desigualdades entre campo e cidade
J
uca Guimarães, São Paulo (SP) A proposta de reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes também foi tema nos grupos de debate do Seminário Terra e Território: Desigualdade e Lutas, que acontece na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP), no último fi-
Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e coordenadora da Marcha das Margaridas. Outro ponto da reforma que vai impactar na vida das trabalhadoras rurais é a mudança na regra de contribuiMazé Morais é agricultora e coordenadora da Marcha das Margaridas, que acontece em agosto
nal de semana. Preocupação constante dos trabalhadores rurais, a PEC 06/19, caso aprovada, estabelecerá uma idade mínima para a aposentadoria e afetará especialmente as mulheres do campo, pois 70% iniciam as atividades de trabalho antes dos 14 anos de idade. Ao estabelecer uma idade mínima de 42
anos, as agricultoras teriam que trabalhar por quase 50 anos seguidos. Além disso, o tempo de contribuição comprovada sobe de 15 anos para 20 anos. “ As trabalhadoras rurais acordam mais cedo, começam a trabalhar antes e têm a tripla jornada”, disse Mazé Morais, secretária da Mulher da Confederação
ção das agricultoras. No campo, o recolhimento previdenciário é indireto, com o desconto na hora em que a produção é vendida. Pela proposta do governo, quem trabalha no campo terá que pagar cerca de R$ 600 por ano em contribuições.
Marcha das Margaridas a sexta-feira (7), N a Contag lançou oficialmente a Marcha
das Margaridas, que vai acontecer nos dias 13 e 14 de agosto, em Brasília. Um dos eixos principais é a luta contra a reforma da Previdência. O lema deste ano é “Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com De-
mocracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”. Surgida em 2000 e realizada a cada quatro anos, a Marcha das Margaridas é inspirada na história de Margarida Maria Alves, liderança assassinada por defender os direitos de trabalhadoras e trabalhadores rurais.
Trabalhadores do transporte aderem à Greve Geral A Crítica
O BRASIL VAI PARAR. Movimento é contra a reforma da Previdência, pela retomada dos empregos e em defesa da Educação Redação, Rede Brasil Atual
E
ntidades que representam trabalhadores e trabalhadoras dos transportes – aeroviários, aeroportuários, portuários, motoristas e cobradores rodoviários, além de metroviários e ferroviários – decidiram aderir à gre-
ve geral do dia 14 de junho, contra a reforma da Previdência, pela retomada do crescimento econômico brasileiro com geração de empregos e renda e contra os cortes na educação. O presidente da CUT, Vagner Freitas, reafirmou o papel que a greve
tem no atual momento social e econômico do Brasil, com recessão econômica, recordes de desempregados e as políticas de retirada de diretos pelo governo de Jair Bolsonaro. O dirigente ressaltou o papel dos trabalhadores em transportes para
A greve está sendo debatida em escolas, igrejas, bares e as pessoas falam da greve o êxito da mobilização de 14 de junho. “Em todas as greves gerais que construímos com grande êxito, a participação dos trabalhadores e trabalhadoras dos transportes foi fundamen-
tal”, disse o dirigente. Freitas avalia que essa greve difere das anteriores, já que cresce a cada dia a politização da sociedade, que “acordou para o fato de que esse governo está destruindo o Brasil”. “A greve está sendo debatida em escolas, igrejas, bares e as pessoas falam da greve por conta do rumo que o país tomou com Bolsonaro. Há um absoluto desalento com o governo. Bolsonaro se apresentou como solução e não resolveu nada. As pessoas estão vivenciando uma enorme crise e questionando o governo, que não tem proposta de política econômica”, afirmou Vagner.
CADERNO GREVE GERAL
Recife, 13 a 20 de junhoho de 2019
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10 Greves que sacudiram o país
á registros de greves desde o século 19. Foram ações de homens e mulheres escravizados que paralisaram suas atividades, tanto em fazendas como H nas primeiras fábricas, tais como no arsenal do Rio de Janeiro. No entando, pouco se sabe delas que o olhar dos historiadores se concentrou nas instituições da classe trabalhadora do século 20, a era das grandes greves. Conheça um pouco dessa História.
2017
Mais de 35 milhões de trabalhadores (as) paralisam suas atividades em 28 de Abril de 2017. São os números da organização. A greve foi convocada pelo Fórum das Centrais Sindicais , Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo contra o assalto aos direitos trabalhistas a reforma da previdência do governo Micherl Temar.
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ENTREVISTA l 11
Recife, 13 a 20 de junho de 2019
Fred Zero Quatro conta sobre o diálogo entre arte e política Divulgaão
ENTREVISTA. Compositor e vocalista da banda Mundo Livre S/A foi entrevistado pelo Revista Brasil de Fato
Democracias sólidas têm sido hackeadas Democratização da Mídia
Marcos Barbosa
E
m entrevista ao programa Revista Brasil de Fato, que foi ao ar na Rádio Frei Caneca, o vocalista e principal compositor da banda Mundo Livre S/A, Fred Zero Quatro, falou sobre o cenário musical brasileiro desde a Ditadura Militar, movimento Manguebeat e analisou a política brasileira e o papel exercido pelos veículos de mídia comercial no país. Fred é um crítico ao sistema neoliberal e iniciou sua atuação política ainda durante a graduação no curso de jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Anos mais tarde, largou o jornalismo para assumir uma postura mais profissional na música. Para ele, que foi jovem durante a ditadura e tinha fortes lembranças de um período onde grandes compositores ocupavam as paradas musicais, aquele cenário cultural teve grande referência na sua formação. “Você pega Caros Amigos, um disco emblemático de Chico Buarque, discos de Caetano, Gilberto Gil. Uma música que fez minha cabeça, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, foi Ouro de Tolo, de Raul Seixas, com ironias em torno do consumismo, da alienação da classe média e, mesmo enfrentando todo um ambiente de censura, foi uma das músicas mais
É esse o momento da Dança dos Não Famosos na televisão tocadas naquele ano” relembra.
Dança dos Não Famosos Em 2017, a Mundo Livre S/A resolveu dar início ao projeto de um novo disco, posteriormente intitulado “Dança dos Não Famosos”. Mantendo as raízes, mas apresentando novidades, o músico conta que experimentou substituir seu famoso cavaquinho pelo piano. Antenado na conjuntura política conturbada do país, Fred conta que não conseguia se enxergar trabalhando em cima de temas que não dialogassem com a realidade nacional. De acordo com o cantor, o processo de pré-produção foi muito intuitivo e o conceito do
novo projeto foi surgindo espontaneamente. Durante os ensaios, as batidas envolventes e os grooves contagiantes das novas composições, ideais para a pista de dança, remeteram ao quadro “Dança dos Famosos” do programa global Domingão do Faustão. Fred explica que, a partir dessa associação, o conceito crítico do álbum foi sendo definido: “esse programa é um dos maiores emblemas da alienação da classe média, da emissora estandarte de todo esse processo de construção de ódio e intolerância na sociedade”. Ao mesmo tempo, os músicos resolveram fazer um paralelo com a repressão policial sofrida por manifestantes no Brasil em 2017, com destaque ao estudante Mateus Ferreira da Silva, que sofreu um traumatismo cranioencefálico (TCE) quando um cacetete rompeu sua cabeça após golpe desferido por um policial, em Goiânia. “Essa imagem, quando retomei a ela, vi que no flash que ficou mais celebrizado na imprensa ele [Mateus] parece estar dançando. A imagem desse epi-
sódio parece realmente uma grande coreografia dramática. É esse o momento da Dança dos Não Famosos na televisão”, esclarece Zero Quatro.
Manguebeat Na década de 1990, Fred Zero Quatro foi um dos artistas que assinou o Manifesto dos Caranguejos com Cérebro, marco do movimento Manguebeat para Pernambuco. Após 10 anos em carreira amadora como banda de garagem, a Mundo Livre S/A gravou seu primeiro álbum de estúdio, em 1994, logo depois da estreia do movimento no Abril pro Rock. A aproximação com outros expoentes do movimento, como Chico Science, Lúcio e Jorge do Peixe veio ainda antes da formação da Nação Zumbi. “Não existia empresário, gravadoras, festivais, palcos... inventamos um evento chamado viagem ao centro do mangue e foi tudo feito na base de cooperação e parceiras, porque não existia produtora profissional alternativa” relembra Fred.
Durante a entrevista, Zero Quatro também se declarou favorável a uma Lei de Meios para a regulamentação da mídia. “Sempre usam de uma narrativa completamente manipuladora de tentar associar esse tipo de postura com censura, com uma coisa autoritária, de querer tolher a liberdade, de querer controlar a informação”, afirma. Para o artista, também as redes sociais possuem um papel importante no momento atual, contudo também é preciso ter cuidado com o poder da inteligência artificial. “Se, por um lado, a gente festeja o fato da narrativa da mídia oligopólica não ser mais tão hegemônica, por outro, a internet é um terreno muito fértil para todo tipo de linchamento e Fake News. Democracias sólidas têm sido hackeadas por empresas especializadas em manipular algoritmos”, analisa. Fred defende que se use todo o potencial atual para a criação de redes globais de reação. “A gente está nesse processo, agora emblemático, onde finalmente, depois de um período de apatia, parece que pelo menos uma categoria importante e expressiva da população começa a ver necessidade urgente de afirmação. Para o mundo, está muito claro o que está acontecendo hoje no Brasil”, conclui.
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Qual é o Bairro?
Foto legenda
Antônio Tenório
Dois Unidos
ocalizado na zona norte, o bairro L de Dois Unidos faz limites com os bairros Beberibe, Linha do Tiro, Nova
Em 2017, organizações populares tomaram as ruas na Greve Geral contra o projeto de Reforma da Previdência de Michel Temer. Foto: Tarsio Alves
Agenda Cultural
Divulgação
Divulgação
Brincadeira do Boi da Mata
S
ábado (15), será realizada a brincadeira do Boi da Mata, com trilha ecopedagógica, na Mata de São João da Várzea e almoço colaborativo. A concentração será às 9h, no Bosque do Bacurau, com a roda de acolhimento e alongamento. A contribuição mínima sugerida para a trilha é de R$ 5 e para o almoço, a contribuição é de R$ 15. A organização sugere levar água, usar de roupas leves e tênis.
Divulgação
Arraial das Capivaras
Festival Pajeú Várzea
çam as 21h, com discotecagem, às 22h terá início a apresentação do tradicional grupo Varzianus, com seu repertório autoral regional. Às 00h chega o ‘Forró de Cabeça’ trazendo muito forró rabecado, com show até as 2h. O espaço Casa Noble fica localizado na Rua Mendes Martins, 159, Várzea e a entrada custa 10 reais.
ção entre o Sertão do Pajeú e a Várzea do Capibaribe. O evento acontece no dia 15 de junho, na Praça da Várzea, a partir das 13:30h, seguindo até a madrugada do domingo com performances, sarau, mesa de glosas, batucada feminista, intervenção contra a Reforma da Previdência, oficinas, música e muito mais. O evento é gratuito.
a sexta (14), acontece o Festival Pajeú-Várzea N O Arraial das Capivaras, na de Arte, Cultura e EduCasa Noble. Os festejos come- cação Popular visa integra-
Descoberta, Passarinho e também com a cidade de Olinda. No bairro estava localizado o Centro de Treinamento de Dois Unidos, que pertencia ao Santa Cruz Futebol Clube. Antes de se tornar bairro, a localidade de Dois Unidos era um sítio que servia de abrigo no inverno para os cavalos da Brigada Militar de Pernambuco. Em 1940 foi edificado o stand de tiros da Brigada. Logo em seguida, outras edificações foram sendo realizadas, tais como a Companhia de Cães da Polícia Militar e um presídio. Depois, foram aparecendo edificações residenciais, construídas por antigos moradores de mocambos extintos pela prefeitura no período em que estes foram destruídos e os moradores realocados para outras áreas, com o discurso de promover o progresso e um maior ordenamento urbano. A história do nome do bairro conta que um dos primeiros habitantes costumava abrigar os seus parentes em sua residência, que passou a ser conhecida como a Casa dos Unidos. Com o tempo o nome foi abrangendo toda a localidade, reconhecida como Local dos Unidos, para depois ser denominado Dois Unidos. Hoje, o bairro é conhecido principalmente por causa do futebol, especialmente com a Copa Dois unidos, campeonato amador do Recife, que atrai atenção de muitos espectadores e olheiros de clubes. Hoje o bairro tem cerca de 32 mil habitantes e tem renda mensal por domicílio de R$ 937,92.
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Variedades l 13
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CULTURA | 13
Vindos da agricultura familiar, bolos artesanais fazem sucesso no Armazém do Campo no Recife Divulgação
AGROECOLOGIA. Produtos também são vendidos em diversos pontos das cidades de Caruaru e Recife Vanessa Gonzaga
m festas, casamenE tos, lanches e no café da manhã o bolo é, sem
dúvidas, um dos alimentos mais comuns. Com diversidade de sabores, recheios e texturas, o alimento pode ser produzido de diversas formas para várias ocasiões. Com o objetivo de aliar sabor, qualidade, durabilidade e valorizar a produção da agricultura familiar, o grupo de boleiras do Assentamento Normandia, em Caruaru, no Agreste pernambucano, surgiu em 2014. O Assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um dos grandes beneficiadores da produção de alimentos dos assentamentos e acampamentos em todo o estado. Para as seis mulheres que compõem o grupo de boleiras, a oportunidade de escoar a produção e garantir renda para as famílias veio inicialmente através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. Foi a partir desse programa que os bolos foram incluídos na merenda escolar de mais de 40 mil estudantes. Para garantir que os alimentos tenham um bom valor nutricional, o grupo é orientado pelo Setor de
As seis boleiras participam da produção e da venda dos produtos nas feiras de Caruaru e Recife
Chegamos a uma receita que atendesse aos prérequisitos de qualidade Saúde do MST e também pela equipe de profissionais de nutrição da Prefeitura de Caruaru. Além disso, os insumos para a produção vêm de assentamentos, acampamentos e outras áreas de produção familiar e agroecológica, o que contribui para fomentar em vários níveis a agricultura familiar. Para Mauriceia Matias, integrante do grupo de boleiras, a questão
nutricional é um dos diferenciais “Chegamos a uma receita que atendesse aos pré-requisitos de qualidade. A equipe de nutrição sempre veio nos acompanhando para garantir
pães integrais, de jerimum, beterraba, leite, milho, biscoitos, patês, pudim, empadas e um mix de ervas e temperos com baixo teor de sódio. A produtividade do grupo oscila de acordo
A produção vem se diversificando sem perder o vínculo com a agricultura familiar e mantendo a qualidade nutricional
o paladar, a aparência e, principalmente, a durabilidade, porque o bolo não tem conservantes”, ressalta. Com o crescimento da demanda, veio também a diversificação dos produtos. Os bolos de macaxeira e laranja agora dividem espaço com a produção de bolos de banana, cenoura,
com a necessidade da prefeitura da cidade e a disponibilidade das matérias primas. Só de bolos, a produção semanal varia de sete a 10.500 kg por semana. Além das escolas beneficiadas com o PNAE, a produção do grupo é destinada para a merenda escolar do IF Caruaru e escoada
para a cidade através da Feira da Agricultura Familiar e da Feira do Shopping Caruaru. Os produtos também podem ser encontrados na capital, com a Feira da Reforma Agrária da Unicap e o Armazém do Campo, um espaço de comercialização de produtos vindos da agricultura familiar de todo o país, aberto recentemente no Recife e coordenado pelo MST. Os preços variam de acordo com o sabor de cada produto, mas os pães e bolos têm valores que variam de R$ 7,50 a R$ 25,00, calculado a partir do preço das matérias primas, o transporte dos produtos e principalmente a valorização do trabalho das famílias envolvidas desde a produção até a comercialização. O que diferencia o produto das boleiras em relação aos produzidos industrialmente não é apenas o valor nutricional, mas toda a cadeia de produção desses alimentos, o que possibilita que o consumidor saiba exatamente o que está consumindo e quem o produz, como Mauriceia ressalta “O grande diferencial dos produtos do Grupo de Boleiras do Assentamento Normandia e de vários outros grupos e companheiros e companheiras é o valor atribuído ao produto. Nas feiras as pessoas perguntam a receita, e a relação é direta entre quem produz e quem consome, acho que o bacana é isso. Pode até ser que alguém nesse mundo afora produza coisas melhores e diferentes, mas a relação entre as pessoas é o que tem de mais fantástico”, conclui.
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Coluna de Ciências |
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Amiga da Saúde Autismo tem cura? as últimas semanas, diversos veículos de comunicação abordaN ram o uso do MMS (termo em inglês para Solução Mineral Milagrosa) para uma suposta cura do Transtorno de Espectro Autista em
COMO O SEU CELULAR AFETA SUA SAÚDE MENTAL? TECNOLOGIA. A última década enfiou um computador no bolso de cada um de nós Por Renan Santos lançamento do iPhone, em 2007, é considerado o marco O inicial da era dos smartphones. Antes disso, já existiam celulares dotados de recursos computacionais. Mas, sem dúvida,
foi a última década que proporcionou uma verdadeira revolução tecnológica, ao enfiar um computador no bolso de cada um de nós. Em muito pouco tempo o smartphone se popularizou e possibilitou grandes mudanças de hábitos. Junto dele, se proliferaram também as redes sociais e demais aplicativos que oferecem um sem fim de praticidades para o nosso dia. Algo que exigirá bem mais tempo será compreender os efeitos dessa combinação sobre nossas vidas e corpos. A ciência apenas começou a entender como o uso contínuo dessa tecnologia afeta a nossa saúde. Os primeiros estudos já apontam perspectivas preocupantes. Há indícios de que o uso contínuo das redes ao longo do dia traz efeitos prejudiciais aos nossos cérebros. Algumas pesquisas demonstraram a associação entre depressão, ansiedade e distúrbios do sono com o uso prolongado das redes. Ferramentas como o Instagram possibilitam uma interação social exageradamente mediada. Diferentemente da vida real, nela eu mostro aqueles aspectos que quero evidenciar. Pra quem recebe essa informação, parece que minha vida é ótima e que possuo muitas qualidades. O peso da contínua comparação dessas vidas artificiais com a nossa dura vida real parece estar por trás desses processos de adoecimento mental. Além disso, muitos aplicativos se baseiam em mecanismos que tentam garantir que o usuário se mantenha conectado por longos períodos. A chamada “rolagem infinita”, que oferece conteúdos novos indefinidamente, e o uso de notificações que chamam a atenção do usuário a todo momento são exemplos. Há inclusive quem já compare o uso das redes ao vício em drogas. De modo geral, uma pessoa viciada é aquela que se acostuma a determinado estímulo, seja ele criado por uma substância ou por alguma prática (como sexo ou jogo). Tais estímulos criam no cérebro uma resposta de recompensa disparada por neurotransmissores. É nosso organismo e milhões de anos de evolução dizendo “Ei, isso que você fez foi legal! Tome aqui um prêmio!” E logo buscamos repetir o estímulo para ganhar a recompensa de novo. As curtidas, comentários e matchs que conquistamos nas redes parecem funcionar como gatilhos para esses prêmios neuroquímicos viciantes.
crianças. Segundo os vendedores, a substância, diluída em água e tomada diariamente eliminaria os “vermes” que, segundo eles, causariam o autismo e até diversos tipos de câncer. O MMS é composto de dióxido de cloro, utilizado principalmente como um alvejante em produtos de limpeza. Ao invés de cura, o MMS vem causando outra doenças em adultos e crianças, como enjoo, vômito, diarreia, desidratação, insuficiência renal, anemia, entre outros problemas de saúde graves. O produto, que vem sendo vendido até em farmácias de manipulação é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), já que não há comprovação científica da cura. O autismo, ao contrário do que se pensa, não é doença, mas um conjunto de características no comportamento, basicamente dificuldade de comunicação, dificuldade em entender o outro como pessoa e comportamentos repetitivos. O autismo não tem cura, mas, com o acompanhamento de profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos e neuropediatras as pessoas podem levar uma vida próxima do normal.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde
Nossa cozinha
CURAU DE MILHO VERDE INGREDIENTES:
4 espigas de milho 2 xícaras (chá) de leite Meia caixa de leite condensado ¾ de xícara (chá) de açúcar canela em pó a gosto para polvilhar
Modo de Preparo
escarte a palha e o cabeD lo e lave bem as espigas de milho sob água corrente. Reti-
Diva Braga
re os grãos do milho com um faca e bata no liquidificador com o leite até triturar bem. Sobre uma panela, passe o leite batido por uma peneira, extraindo todo o líquido – O bagaço pode ser usado depois na receita de um bolo. Misture o açúcar, leve ao fogo médio e mexa com um batedor de arame até começar a ferver. Abaixe o fogo e continue mexendo por mais 5 minutos, até formar um creme grosso – o curau engrossa de repente, se começar a empelotar ou grudar no fundo da panela, retire do fogo e mexa vigorosamente com o batedor. Com uma concha, distribua o creme em seis tigelas individuais e leve para a geladeira. Deixe esfriar por pelo menos 1 hora. Sirva polvilhado com canela em pó. Aproveite o mês pra fazer muitas comidinhas de São João!
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NA GERAL FPFS
Divulg~ção
ESPORTES |15
GOL DE PLACA Vitória na Estreia
Governo do Brasil
CBF
Jogos Escolares Eletrônicos gora, estudantes de A todo o país ganham mais duas modalidades de competição escolar. Os Jogos Escolares Eletrônicos (JEE) vão trazer a temática da competição de jogos eletrônicos para o ambiente escolar, com a proposta de celebrar a cena dos videogames, descobrir novos talentos, e prestigiar os jogadores e jogadoras que vão representar suas escolas em finais estaduais e nacionais. As disputas têm duas modalidades: Pro Evolution Soccer (PES) e Just Dance. O calendário vai de julho até novembro e receberá jogadores de 15 a 17 anos, destinado a escolas de todo o país.
Copa Pernambuco de Futsal esse sábado (15) a fiN nal da categoria adulto da Copa Pernambu-
co de Futsal movimenta a cidade de Caruaru, no Agreste Pernambucano. A decisão fica entre o Tamandaré, que empatou com o Sport por 2x2 mas, já tinha vantagem, e a Associação Esportiva Caruaru (ASEC), que derrotou na semifinal o Farmácia João Alfredo por 12x3. A partida acontece às 20:30 no SESC Caruaru. Os ingressos custam R$ 10,00, preço único. Na categoria sub-9 o vencedor foi o Náutico, que venceu o Sport por 4x2 no SESC Santo Amaro.
MEDO DO FANTASMA
Filipe Spenser filipespenser@gmail.com
Recorde na Marcha Atlética atleta Caio BonO fim bateu o recorde brasileiro dos 20km da
Copa do Mundo de Marcha Atlética da IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) na etapa de La Coruña, Espanha. Caio completou a prova em 1h18min45, superando a própria marca que era 1h19min04, conquistada no Mundial de Atletismo em Londres em 2017, quando ficou com o bronze. O recordista brasileiro já possui o índice para o Mundial de Doha e Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020. A próxima competição será em Lima, nos Jogos Pan-Americanos.
Seleção Brasileira de FuA tebol Feminino brilhou na estreia da Copa do Mun-
do contra a Jamaica no último domingo. As mulheres venceram a partida com três gols de Cristiane. Com isso, Cristiane avançou em um marco histórico e chegou aos 10 gols em Copas do Mundo pela Seleção, ficando atrás apenas de Marta, que tem 15 gols. Na quinta-feira, a Seleção Brasileira enfrenta a Austrália a partir das 13h em Montpellier. Os jogos estão sendo transmitidos por canais na TV aberta e também na internet.
GOL
CONTRA
Boicote
Evelyn Rodrigues
oto: O presidente do F UFC, Dana White, afirmou em entrevista coleti-
va que Cris Cyborg estaria com medo da revanche com Amanda Nunes. A primeira luta aconteceu em dezembro de 2018 e concedeu a Amanda o título inédito de única lutadora com dois cinturões do UFC. Cris desmentiu Dana White, relembrou casos em que o presidente fez declarações machistas e afirmou que o UFC vem boicotando o financiamento da atleta, já que o presidente negou a compra de passagens dela e da equipe técnica para lutas promovidas pela organização.
DIRETORIA DEIXA A DESEJAR
G-4, VOLTEI.
Julia Rodrigues juliarodriguesbep@gmail.com
Daniel Lamir daniel.lamir@brasildefato.com.br
estar retomando a boa relação com a torcida coral. Mas, parece que a diretoria do clube está na contramão nesse processo de reconciliação. No sábado,ao invés do local tradicional de vendas, os bilhetes foram vendidos na bilheteria da rua das Moças. Minutos antes do jogo, os torcedores ainda se concentravam em filas quilométricas e a ausência de fiscais não passou despercebida. Num jogo que teria tudo para ser tranquilo e alegre para os espectadores, a torcida se deparou com preços exorbitantes. Muitos deixaram a fila revoltados com a falta de respeito da diretoria. Outros permaneceram e escutaram no rádio o primeiro gol do tricolor. De todas as formas, assistir o Santa Cruz foi um prazer que custou caro.
por 2x0 diante do Sampaio Correa foi fundamental, principalmente, depois do empate – com verdadeiro gosto de derrota diante do Globo, dentro de casa. Embora neste último jogo, o time não tinha apresentado um futebol de encher os olhos, apresentou, por sua vez, um jogo muito seguro. Após ter feito o primeiro gol de pênalti logo no começo do jogo, o Náutico se fechou e não deu espaços para o Sampaio. De forma muito eficiente, no terceiro chute ao gol, marcou o segundo gol – após um excelente lançamento do novo zagueiro Fernando Lombardi - e, a partir de então, só administrou o placar. Por ora, o importante é que o time tem se mostrado aguerrido, mas, para o acesso, é preciso algo mais.
paralisação chegou. A 5ª colocação é m uma partida atípica, no último sábaesmo com um desempenho oscilanA regular, quando se lembra que apeE do, o Santa Cruz bateu o Confiança-SE Mte, o Náutico conseguiu voltar ao G-4 nas um gol separa o Sport do G4. Mas há por 3x1, no Arruda. O time do povo parece do grupo A. Para tanto, a vitória fora de casa um fantasma das últimas intertemporadas. Não é fácil esquecer os “dois times” do Sport no período da paralisação para a Copa na Rússia. O “primeiro time” jogou antes da Copa e dava esperanças; “o segundo time” em 2014, também parando para um Copa, a situação foi menos drástica, mas também incômoda. Parece que o histórico 7 a 1 pesou mais para o Sport que para a Canarinha. Em 2014, o time demorou bastante a reagir após a Copa. Os cenários de 2014, 2018 e 2019 são diferentes. Irônico, ou não, lembramos que 2019 é pior por dois fatores. O primeiro é a herança de dívidas das gestões anteriores, o segundo é jogar a Segundona. Ou seja, se o fantasma voltar, o assombro vai ser pior.
16 | POLĂ?TICA
Recife, 31 de maio a 6 de junho de 2019
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