BdF - Edição 33

Page 1

ENTREVISTA | 11 Renata Mendonça

ESPECIAL LAVA JAT0 | 08 e 09 Quem vai julgar Lula em segunda instância? Um perfil da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4)

Pernambuco

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

ano 2

“É imprescindível termos a imprensa cobrindo o esporte feminino como ele merece”

edição 33

distribuição gratuita

Um ano sem Mário Há um ano o adolescente Mario Andrade foi assassinado por um sargento reformado. Na noite da última terça-feira (25) cerca de 100 pessoas saíram de luto em caminhada pelas ruas do Ibura.


2 | OPINIÃO

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

Brasil de Fato PE

EDITORIAL

Mudar a vida das mulheres negras para mudar o Brasil

NEGRA SOY. No Brasil, Dilma Roussef transformou o dia 25 de julho no Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra

o dia 25 de julho é N celebrado o Dia da Mulher negra Afrolatina e Caribenha. A data fundada em 1992 após o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana, ficou reconhecida nacionalmente

tória da “Rainha Tereza”, como ficou conhecida no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê, local que abrigava cerca de 100 pessoas. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Sob sua liderança foi criada uma espécie de

As estatísticas seguem apontando a violência e a negação de direitos como problemas centrais na vida das mulheres negras brasileiras quando, em 2014, a presidenta Dilma Rousseff transformou o dia 25 no Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em homenagem à líder quilombola que viveu no século 18. Em meio a tantos silêncios que permeiam as histórias das mulheres negras, é importante trazer à superfície a his-

Parlamento e um sistema de defesa. Ali era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros. Contar um pouco dessa história é resgatar uma memória importante de luta e resistência do povo brasileiro e, principal-

mente, das mulheres negras que carregaram e seguem carregando em seus corpos as marcas da exploração e da opressão desse sistema capitalista-racista-patriarcal. A escravidão nos deixou um vergonhoso legado que ainda se expressa nas relações sociais, na educação, no trabalho e na saúde. Para manutenção desse sistema, a violência se apresenta como base material dessas relações. As estatísticas seguem apontando a violência e a negação de direitos como problemas centrais na vida das mulheres negras brasileiras. Tivemos, por exemplo, de 2005 a 2015 um aumento de 54% no número de assassinatos de mulheres negras, enquanto que o de mulheres brancas reduziu-se em 10%. Assim como mulheres brancas recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do IPEA, publicada em 2016. Os dados

Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Elen Carvalho e Vinícius Sobreira Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Alan Tygel Revisão: Mariana Reis|Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine|Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 20 mil Exemplares

cretaria de Política para as Mulheres. Estamos vivenciando o desmantelamento dos direitos socais conquistados historicamente pelos (as) trabalhadores(as). É por isso que partindo da memória resgatada no dia 25 de julho, precisamos relembrar o histórico de lutas e resistência das mulheres Estamos vivenciando negras, assim como apono desmantelamento tar os camidos direitos socais nhos coleticonquistados vos de acúmulo de forhistoricamente pela ça popular classe trabalhadora para a transformação da ros os retrocessos e ex- realidade imposta pela tremamente perceptível investida neoliberal em o crescimento do conser- toda América Latina e vadorismo. Em um ano o Caribe. É preciso cologoverno golpista de Mi- car um projeto alternatichel Temer cortou 61% vo de poder para o povo das verbas destinadas que consiga dar resposao atendimento de mu- ta às questões objetivas lheres vítimas de violên- da vida das mulheres necia. Além de dar fim à Se- gras e da classe trabalhacretaria da Promoção da dora, um Projeto Popular Igualdade Racial e da Se- de nação. são alarmantes e nos evidenciam o racismo, a exploração e a opressão vividas pelas mulheres negras diariamente no Brasil. Em tempos de golpe no Brasil e pela América Latina crise econômica, política e social, são inúme-


Brasil de Fato PE

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

GERAL l 3

Paulo Mansam

Frase da Seman a

mandou

BEM

Estamos na luta constante, diária, contra a privatização da Copergás, que está sendo posta aqui pelo governo do Estado dePernambuco. A gente não entende e não aceita a venda dessa empresa que dá tanto lucro para o nosso estado Rogério Almeida, coordenador do Sindipetro PE/PB, em ato do Sindipetro e da FUP em defesa da Copergás e Petrobrás

Divulgação

Escracho aos inimigos do povo esta quinta-feira 27.07, joN vens do Levante Popular da Juventude, MST e MAB realiza-

Nessa época do ano, o que mais se colhe na produção da agricultura familiar?

stamos passando por um momento de estiagem aqui no Semiárido, e também a proE dução depende de vários fatores, mas nos quintais produtivos, por exemplo, nessa época se encontra encontram frutas como condessa (fruta do conde), banana, urucum, acero-

ram escracho em frente à mansão do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), em bairro nobre de Fortaleza. O político cearense foi citado na Lava Jato, pertence à bancada ruralista e tem patrimônio avaliado em R$99 milhões. A ação denunciou que o senador foi um dos articuladores do golpe de 2016 e é apoiador das reformas de Michel Temer.

mandou

MAL

la, limão, laranja. Nas hortaliças, quem tem cisterna consegue ter água, e a gente encontra cebola, abóbora, coentro, alface pimenta e pimentão e verduras como couve

Adão de Jesus Oliveira, agricultor da Agrovila Nova Esperança, Ouricuri.

Divulgação

Contra a liberdade de expressão

N

Anúncio

a última segunda-feira (23), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC) apresentou, no Plenário da Câmara dos Deputados, um Projeto de Lei que criminaliza o comunismo. No texto, o deputado classifica de “canalhas” os comunistas que lutaram contra o regime autoritário e defende o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.


4 | GERAL Mundo

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

MST ocupa sede do Incra no Recife

D

urante essa semana o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou diversas ocupações de terras pertencentes às famílias de políticos envolvidos em casos de corrupção, além de ocuparem órgãos públicos para pressionar o Governo Federal pelo avanço da reforma agrária. No Recife, o MST ocupou a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Cerca de 100 agricultores permanecem acampados e precisam de solidariedade. As principais necessidades são de alimentação: frango, carnes e ovos, além de carnes processadas. O pontos de doação é a sede da Central Única dos Trabalhadores (rua Dom Manuel Pereira, 183, Santo Amaro).

ESPAÇO SINDICAL SIMPERE em ato contra os desmandos de Geraldo Júlio

a última segundaN feira (24) o Sindicato Municipal dos

Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife, o SIMPERE, ocupou o 9º andar do prédio da prefeitura em protesto contra os desmandos da gestão do atual prefeito que descumpriu a lei do piso e não repassou a categoria o reajuste anual estabelecido por lei. O SIMPERE também reivindica a melhoria dos planos de cargos e carreiras que está sendo desmontado pela prefeitura através da contratação de pacotes pedagógicos junto a empresas privadas.

23º Congresso dos Operários da Construção Civil de PE o dia 19 de julho foi N realizado o 23º congresso dos Operários da

Construção Civil do Estado de Pernambuco promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Pernambuco/Marreta Pernambuco. Na ocasião foram lançadas as campanhas pela Reativação do Setor de Construção Civil, com o objetivo de reativar as obras públicas paradas, e pelas Diretas Já, entendendo que a atual situação de crise política em que o país está se deve ao golpe dado na democracia brasileiro que tem como objetivo fundamental a precarização dos direitos trabalhistas.

Brasil de Fato PE

Festa celebra Revolução Cubana a noite da última quarta-feira (26) o Centro CultuN ral Manoel Lisboa, no Recife, recebeu atividade comemorativa aos 64 anos do Assalto ao Quartel Moncada,

importante marco no processo revolucionário cubano, apesar da derrota na operação. O episódio determinou a prisão de Fidel Castro, que fez sua própria defesa no tribunal, num discurso histórico conhecido como “A história me absolverá”. Três anos depois, após prisão e exílio, Fidel retorna a Cuba com um exército revolucionário que se sagra vitorioso. Para rememora a luta do povo cubano, a noite no Manoel Lisboa foi de música, poesia e depoimentos, sem abrir mão de protestar contra o bloqueio econômico até hoje imposto pelos EUA a Cuba.

Direitos de Fato PL Antiterrorismo avança na Câmara vança na Câmara o PL 5.065/2016, que altera a lei antiterrorisA mo já em vigor e inclui como prática terrorista aquela motivada por convicções políticas e/ou ideológicas. Caso o PL seja aprovado, as

manifestações contra as reformas e a retirada de direitos poderão ser criminalizadas. No Brasil, o elevado índice de custodiados nas penitenciárias e suas características de classe e de raça não deixa dúvidas que a criminalização nada mais é do que o controle social exercido para manter as desigualdades, sem enfrentá-las e superá-las. Tal premissa é corroborada pela condenação do ex-Presidente Lula. O caráter político da sentença condenatória - sem demonstração alguma de prova da posse ou da propriedade do dito “tríplex”- fica ainda mais evidente ao notar-se que a condenação adveio um dia após a aprovação da Reforma Trabalhista. Aprofunda-se a desigualdade e criminaliza o trabalhador, criminalizando, inclusive, a sua luta por uma sociedade mais justa e solidária. O golpe imposto contra a Democracia em 2016 segue o seu curso e as únicas mãos capazes de freia-lo são as das (os) trabalhadoras e trabalhadores, por isso a tentativa de atá-las. Conseguirão? *Clarissa Nunes é advogada em Recife Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173


Brasil de Fato PE

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

OPINIÃO I 5

Artigo

Artigo

Precisamos falar sobre Henrique Meirelles

Empresas Químicas aproveitam crise para atacar direitos

Aristóteles Cardona Júnior*

Sidney Paulo de Mamede* Souza Bezerra*

assado este período de pouP co mais de 1 ano de consolidação do golpe que derrubou a presidenta Dilma Roussef, a ficha, como se diz popularmente, parece seguir caindo para grande parte da população. Hoje é muito difícil encontrar pessoas que defendam o governo de Te-

Enquanto isso, a economia segue afundando mer ou até mesmo que achem que as coisas melhoraram desde a queda da Presidenta Dilma. É o que atestam todas as últimas pesquisas. Uma das mais recentes deixa claro que um governo nunca foi tão mal avaliado desde Sarney. No meio deste rolo todo, alguns nomes já estão bastante rejeitados. É o exemplo do próprio Michel Temer. Outro grande exemplo é o de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, que segue preso. Mas há outros tantos nomes que precisam vir à tona. Um deles certamente é o de Henrique Meirelles, Ministro da Fazenda do governo golpista. Meirelles é um dos principais responsáveis por vender “um produto” que não conseguiu entregar. Qual produto? O Produto da recuperação econômica. A tese deste pessoal é de que num cenário de dificulda-

de financeira, a solução passa por aumentar o arrocho, diminuir empregos, retirar direitos e por aí vai. Mas a verdade é que este tipo de pacote não resolve problemas. A história do Brasil mostra isso. Não precisa nem ser economista para saber. Mais do que isso, o Governo Temer não apenas afunda ainda mais a economia do país, como mente descaradamente para a população. É possível verificar isso com a mudança do discurso do Ministro com relação ao aumento de impostos. Há declarações suas no final de 2016 garantindo que não haveria aumento de impostos. Poucos meses depois, por volta de março de 2017, o ministro fala que se houver aumento de impostos, deverá ser temporário. Até que nas últimas semanas o discurso muda novamente e eles não escondem mais o aumento dos impostos. O mais recente foi o aumento que incide na gasolina. Tal aumento já representa o maior no preço do combustível dos últimos 13 anos. E certamente isso se refletirá em breve nos transportes públicos, na alimentação, etc. Não bastaram poucos meses e o discurso se inverteu completamente. Enquanto isso, a economia segue afundando. Quais serão os próximos ataques à classe trabalhadora? Em que o momento o peso deixará de estar apenas em cima da população mais pobre? Não precisamos de Michel Temer ou de Henrique Meirelles. O povo não pode seguir pagando a conta. *Aristóteles Cardona Júnior é

Médico de Família no Sertão pernambucano, professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.

CA-PE, vem enfrentando essas questões com muita luta e resistência, não vamos negociar nenhuma retirada de direito dos trabalhadores, nem permitir que os empresários queiram que nós trabalhadores, paguemos a conta dessa situação gerada pela corrupção do capital. Acreditamos que a classe trabalhadora pode tirar o pais de crise agora que vamos precisar de segundo semestres para muita unidade nesse momennos trabalhadores do ramo químico de Pernambuco está sendo muito difícil, além dos ataques externos, que nós trabalhadores estamos sofrendo Viva a Classe com as reformas do desgoverno Trabalhadora Golpista de Temer, tendo todo apoio do Parlamento mais cor- to e entendemos que a luta ela é rupto e conservador que o Bra- coletiva por isso apoiamos a essil já teve, as empresas do ramo tratégia da Frente Brasil Popuquímico começaram a usar de lar que somada ao Frente Povo práticas fascistas alegando que Sem Medo, com a CUT e as dea crise está levando elas a co- mais Centrais Sindicais, os molocarem em pratica um plano vimentos sociais e populares de austeridade contra os traba- como MST e Levante Popular lhadores. Percebemos que isso da Juventude, precisamos mosaconteceu depois da grande trar ao capitalismo e aos govergreve do dia 28 de abril, a maior nantes a capacidade de luta da greve que o País já presenciou. classe trabalhadora brasileira. São muitos ataques como: de- Iremos Iniciar uma grande bamissões, não pagamento da talha nesse segundo semesprimeira parcela dos Acordos tre onde iremos começar nosde Participação nos Lucros e sa campanha salarial que tem Resultados, pedidos de imple- como o slogan “Nenhum direimentação de Bancos de Ho- to a menos”. Será, mais um moras, Férias Coletivas, Pedidos mento de dialogar com os trade Redução de Jornada de Tra- balhadores, convocar para mobalho com redução nos salários bilizações e reafirmar que sode até 20%, atraso de pagamen- mos contra as reformas do gotos de salários, fechamento de verno golpista e que está mais Industrias, corte de benéficos que na hora de uma nova greve como café da manhã, mudan- geral para mostrar a nossa força nos planos de saúde, encer- ça enquanto classe organizada! ramentos de turnos. Essa situa- Viva a Classe trabalhadora! ção vem se agravando cada vez Diretor do SINDIQUIMICA-PE e mais em nossa categoria. da CNQ-CUT A direção do SINDIQUIMI-

O

VISITE NOSSA PÁGINA facebook.com/brasildefatopernambuco


6 | BRASIL

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

Brasil de Fato PE

Com lema “Corruptos, devolvam nossas Terras”, MST realiza Jornada com ocupações

JORNADA DE LUTAS. Uma das ações mais simbólicas foi a ocupação de uma fazenda que pertence ao Ministro Blairo Maggi MST

Corruptos, devolvam nossas terras!

Fazenda do ministro Blairo Maggi, ocupada na manhã desta terça-feira

Camila Salmazio, de São Paulo

terça-feira (25), o Na Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra (MST) deu início a diversas ocupações de terras por todo o Brasil, em mais uma Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

A ação tem como lema “Corruptos, devolvam nossas terras!” denuncia a relação do agronegócio com o golpe parlamentar que retirou Dilma Rousseff (PT) da presidência da República, em 2016, e colocou Michel Temer (PMDB) no poder. Ainda de madrugada do dia 25, mais de 800 traba-

processos de desmatamento, favorece a venda de terras para estrangeiros e abre caminhos para a grilagem que tem como consequência o aumento da violência no campo. “E nós vamos continuar

lhadores sem terra ocuparam a Fazenda Esmeralda, no interior de São Paulo que pertence a João Batista Lima Filho, assessor e amigo pessoal de Michel Temer, considerado um “testa de ferro” do presidente golpista. Para Mercedes Zuliane, dirigente nacional do MST, o governo atual acelera os

lutando também contra a MP 759 que esta ‘estrangeirizando’ as nossas terras públicas, que esta acabando com os processos de reforma agrária e que também esta retirando uma possibilidade única da história do Brasil de redemocratizar o direito ao acesso à terra, tudo isso com esse golpe”

O MST também ocupou a fazenda de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, a Confederação Brasileira de Futebol. Segundo Joaquim Piñero, da direção nacional do MST do Rio de Janeiro, a ação serviu para dar visibilidade as denúncias contra Teixeira, que já tem ordem de prisão decretada na Espanha. “Esta fazenda tem fortes denúncias de que foi comprada a partir do processo de lavagem de dinheiro desses escândalos de corrupção envolvendo a Fifa e a CBF. E nós estamos aqui exigindo que as autoridades brasileiras emitam a ordem de prisão [para Ricardo Teixeira] e que punam esse conhecido corrupto. Nós queremos que essas terras sejam utilizadas para a reforma agrária”

Por que é importante a sociedade discutir e conhecer a agroecologia? ANA.Em 2018, acontecerá o IV Encontro Nacional de Agroecologia, em Minas Gerais Adriano Lima/Divulgação

Catarina de Angola

gente vive em “A um mundo em que a produção e o con-

sumo são colocados em primeiro lugar desde a necessidade mais básica até a mais supérflua. Então a agroecologia vem mostrar que a gente pode viver bem saudável, a gente pode viver feliz, ter qualidade de vida, mas sem necessariamente está sempre acumulando”, explica Carlos Eduardo de Souza Leite, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Esses e outros debates

Caravanas Agroecológicas fazem parte da metodologia do ENA

sobre como a agroecologia é importante como modo de produção de alimentos e de vida, mas sem esquecer o debate sobre o contexto político e a necessidade de refor-

çar demandas importantes da sociedade, como a garantia aos direitos das mulheres ou o protagonismo da juventude, fazem parte da agroecologia.

No ano de 2018 a com um foco importante Articulação Nacional de na relação da cidade com o campo. “Nós queremos ir à cidade, há uma grande cidade do Brasil que já foi escolhida e será Belo HoNós queremos ir rizonte (MG). Nós vaà cidade, há uma mos discutir com movigrande cidade do mentos urbanos de resistência da privatizaBrasil que já foi ção dos espaços públiescolhida e será cos nas cidades e vamos Belo Horizonte (MG) nos aliar, os movimentos do campo se alianAgroecologia vai reali- do aos movimentos da cizar durante o mês de ju- dade para fazer um granlho, o IV ENA. A propos- de debate sobre o signifita é reunir pessoas de cado da agroecologia nas todo o país para discutir cidades”, explica Carlos a agroecologia no Brasil, Eduardo.


Brasil de Fato PE

MUNDO l 7

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

“Vou continuar lutando pela Venezuela”, diz aposentada sobre assembleia constituinte

AMÉRICA LATINA. Votação, que ocorrerá no domingo (30), elegerá 545 representantes da Assembleia Nacional Constituinte Leonardo Fernandes

Pessoas da terceira idade foram beneficiadas com políticas de seguridade social dos governos Chávez e Maduro Leonardo Fernandes, de Caracas

“E

u vou continuar lu-

tando por este país. Se tenho que entregar o pouco de vida que ainda me resta, entregarei por este país, para deixar algo aos que virão depois de mim”, diz a colombo-venezuelana Maria Piñeda, de 70 anos, ao falar sobre o processo constituinte do país. O processo irá redigir uma nova Constituição que aprofunde a participação popular nas decisões políticas. No processo, serão eleitos 545 representantes da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela. Como se sabe, os setores de oposição, agrupados na chamada Mesa da Unidade Democrática (MUD), se negaram a participar do processo, alegando que o governo de Nicolás Maduro busca consolidar uma ditadura, inovando na forma com a qual serão eleitos os tais representantes. Em clara contradição, dirigentes da

MUD acusam o governo de querer acabar com a institucionalidade democrática do país que, segundo eles, não é democrático. A inovação da qual se referem diz respeito ao mecanismo de escolha dos deputados e deputadas constituintes, que se dará por

munais, pensionados, empresários, estudantes, pessoas com deficiência, camponeses e pescadores, e trabalhadores — no caso desse último setor, está dividido entre outros nove subsetores, a saber: petróleo e mineração, construção, social, comércio e bancos, economia popular — independentes, administração pública, transporte, serviços e indústria). Hoje há uma Na semana da votação, o Conselho realidade diferente, Nacional Eleitoral em que o povo (CNE), poder consestá organizado, e titucional autônoresponsável essa organização mo, pela realização dos é reconhecida pelo processos eleitorais no país, distribui Estado um material gráfico explicativo, no qual duas vias: territorial, na qual afirma que não se tratam de cada um dos municípios ve- setores abstratos, escolhinezuelanos elegerão um re- dos aleatoriamente, senão presentante, totalizando de grupos sociais organiza364; e setorial, na qual serão dos, mensuráveis e verificáeleitos outros 181 deputa- veis sob o ponto de vista fordos constituintes entre oito mal. Cada venezuelano posetores sociais (indígenas, derá votar em um candidacomunas e conselhos co- to ou candidata, de acordo a

sua localização territorial, e outro candidato ou candidata de acordo com seu respectivo setor. O senhor David Paravisini, candidato à Assembleia Nacional Constituinte pelo setor dos pensionados, explica que já na constituinte de 1999 os indígenas foram reconhecidos como um setor consolidado, tendo eleito naquele momento três representantes para a Assembleia Constituinte que redigiu a Carta Magna vigente atualmente no país. Segundo ele, naquele momento, os pensionados não estiveram representados precisamente porque se tratava de um grupo pequeno de pessoas que tinham direito ao beneficio da Seguridade Social. De lá pra cá, através da política de inclusão e promoção da equidade social pelo governo do ex-presidente Hugo Chávez, esse setor foi se consolidando, o que justifica a inclusão dessa categoria no conjunto de setores que redigirão a nova Constituição.

“Quando o presidente Chávez chegou ao governo, em 1999, havia 320 mil pensionados, que recebiam uma miséria do Estado, já que as pensões não eram sequer reajustadas de acordo ao salário mínimo. Após um forte trabalho de ampliação do Sistema de Seguridade Social e de redistribuição da renda petroleira, esse número saltou para 3 milhões e 200 mil pensionados em 2017, o que para a população da Venezuela é um número muito significativo”, explica. Paravisini lembra que nos anos anteriores à chegada de Hugo Chávez ao poder, os pensionados do país eram um grupo marginalizado no contexto das políticas de Estado, assim como outros setores que permaneciam desarticulados e à mercê das decisões de uma elite política que governava o país. Antes da constituição de 1999, os benefícios da seguridade social estavam restritos somente aos contribuintes do sistema, e sem qualquer vinculação com o salário mínimo. Nos últimos 17 anos, o sistema foi ampliado a todos os cidadãos, independente da contribuição formal, garantindo o direito aos homens com mais de 60 anos e mulheres com mais de 55 anos, e vinculando os benefícios ao valor do salário mínimo vigente. “Porque se decide fazer essa constituinte levando em conta esses setores? Porque a Venezuela de hoje não é a mesma Venezuela de duas décadas atrás. Hoje há uma realidade diferente, em que o povo está organizado, e essa organização é reconhecida pelo Estado. Agora há comunas, o que antes não havia.”, destaca.


ESPECIAL LAVA JATO | 08

Recife, 28 de Julho a 03 de agosto de 2017

Brasil de F


Fato PE

Recife, 28 de Julho a 03 de agosto de 2017

ESPECIAL LAVA JATO | 09


CIDADES I 10

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

Brasil de Fato PE

“Luto para que não haja outras mães e outros Mários”, afirma Joelma Andrade, mãe do adolescente assassinado JUSTIÇA. Há um ano o adolescente Mario Andrade foi assassinado por um sargento reformado Vinícius Sobreira

Rede de Mulheres Negras de Pernambuco

Vinícius Sobreira

a noite da última terN ça-feira (25) cerca de 100 pessoas saíram em ca-

minhada pelas ruas do Ibura, subúrbio na zona sul do Recife. Em sua maioria jovens moradores do bairro, carregaram cartazes, velas e entoaram palavras de ordem. O ato foi uma vigília por justiça e memória do adolescente Mário Andrade, assassinado exatamente um ano antes, nas proximidades daquele local, a poucos metros de sua casa. Mário saiu para jogar futebol e, na volta, com um amigo, sua bicicleta ba-

teu numa motocicleta. De acordo com as testemunhas, o dono da moto, o sargento reformado da Polícia Militar Luiz Fernando Borges, teria reagido apontando sua arma de fogo para os dois adolescentes. O amigo de Mário correu, foi atingido pelas balas, mas escapou com vida. Mário foi assassinado com três tiros. O acusado só se entregou uma semana depois, afirmando que atirara nos adolescentes para se defender de uma tentativa de assalto. “Estamos fazendo essa vigília para que a situação seja resolvida, para que o

criminoso pague pelo que fez com Mário, um menino que não fazia mal a ninguém”, diz Wallace Medeiros, 17 anos, colega de escola da vítima. A mãe de Mário, Joelma Andrade, reafirma sua luta pela condenação do acusado. “Eu não vou deixar isso impune. Eu não paro enquanto não conseguir justiça”, avisa. “Muitos me perguntam por que continuo nessa luta se não terei meu filho de volta. Mas luto para que não haja outras mães e outros Mários, pelo menos não pelas mãos desse sargento reformado”, completa.

Luiz Fernando Borges permanece em prisão preventiva, mas ainda não foi julgado. Os advogados do sargento reformado abandonaram o caso, deixando a defesa sem alegações finais – o que retardou a conclusão do processo. Mas Defensoria Pública do Estado já apresentou as alegações finais da defesa. A expectativa da família de Mário é de que o juiz faça o pronunciamento do caso ainda em agosto para que o júri popular seja agendado. Vizinha de Mário e mi-

Além do sentimento de perda, há a indignação, pois sabemos que esse não é um caso isolado litante do Levante Popular da Juventude, Myllena Santos, 23, avalia que a vigília é um momento de so-

lidariedade, revolta e organização popular. “Além do sentimento de perda, há a indignação, pois sabemos que esse não é um caso isolado. É uma situação recorrente nas nossas vidas e não podemos nos calar diante dela”, afirma Santos. Ela destaca a necessidade de organização popular para combater o extermínio da juventude negra nas periferias. “É importante esse momento de vigília para fortalecermos os nossos laços, amarrarmos as trincheiras da luta e seguirmos em frente”, diz. Adolescente negro, Mário foi mais uma vítima. Entre as recordações das brincadeiras, dos passeios e do sonho de Mário abrir uma indústria de feijão, o amigo Bruno Silva, 18, mal consegue expressar os sentimentos com a perda do amigo. “O que fica é um sentimento... a gente não entende o que foi isso. Não tem explicação para terem feito isso com ele. Fica a tristeza de saber que não poderei mais vê-lo”, lamenta. “Esse ato foi para lembrar dele para sempre. Ele faleceu, mas continua vivo em nossos corações”, completou Wallace.

Entidades organizam Conferência Nacional Popular da Educação No próximo dia 8 de agosto, a coordenação executiva da Conferência Nacional Popular da Educação (CONAPE) irá se reunir em Brasília para tratar dos encaminhamentos da edição deste ano da conferência. Na mesma semana, em 10 de agosto, a coordenação executiva da CONAPE participará da audiência, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, vai debater a Lei de Responsabilidade Educacional. Em junho de 2017, diversas entidades integrantes do Comitê Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública decidiram romper com o Fórum Nacional de Educação (FNE) e organizar um Fórum Nacional Popular de Educação. A decisão foi tomada pelas entidades após o FNE ser dissolvido com a exclusão de entidades da área pelo governo de Michel Temer. Os movimentos ligados à educação divulgaram um manifesto afirmando que não

aceitariam um Fórum Nacional controlado pelo Ministério da Educação (MEC). Uma portaria do MEC alterou a composição do Fórum Nacional de Educação (FNE), em uma decisão considerada “unilateral e antidemocrática”. “Esse governo golpista, ilegítimo e corrupto quer evitar a participação social. Eles estão desmontando toda a estrutura de conferências, não só da educação, para evitar que as pessoas tenham a oportunidade de participar e apontar os caminhos necessários para as políticas públicas. E nós da educação nunca nos entregamos a isso, nem na ditadura militar, nem no processo da Constituinte, e não vamos nos entregar agora”, declarou Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), e também coordenador do Fórum. (editado do Jornal GGN, 25/07/2017)


Brasil de Fato PE

ENTREVISTA l 11 ENTREVISTA l 11

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

“É imprescindível termos a imprensa cobrindo o esporte feminino como ele merece” MULHERES NO ESPORTE. A parceria desastrosa do Santa Cruz para viabilizar o time feminino do clube também foi tema da entrevista dibradoras Vinícius Sobreira

enata Mendonça é R jornalista e colabora no site Dibradoras, em

entrevista com o Brasil de Fato Pernambuco comenta a obrigatoriedade do Rankink RLC, agora adotado no Brasil, chamando de “ciclo vicioso” do futebol feminino e o papel da mídia para visibilização dos esportes disputados por mulheres. O Dibradoras é um site com conteúdo esportivo produzido por mulheres e com conteúdo exclusivamente sobre futebol feminino. Além do site, estão no Facebook, YouTube, Twitter e Instagram.

Ranking RLC Sobre o ranking RLC da Confederação Brasileira de Futebol (CBF): é uma polêmica, porque tudo que é obrigatório se torna polêmica. Eu acho que é uma ideia interessan-

Renata Mendonça é jornalista do site Dibradoras

acertar com equipes tradicionais do futebol feminino, como já tem acontecido. Mas é importante que os clubes acordem para essa possibilidade. Enquanto não investirem no futebol feminino, a gente não sai do lugar. Os clubes precisam abrir as portas para as mulheres, é o primeiro passo. A gente já experimentou diversas situações no futebol feminino e ele simplesmente não vai

Os clubes precisam abrir as portas para as mulheres te, mas também cabe algumas críticas. Essa exigência da CBF na verdade é uma exigência da FIFA, que demandou das confederações a ela ligadas o investimento no futebol feminino. A CBF deu um prazo para os times se acertarem, inclusive os clubes grandes podem se

para frente por falta de vontade de muitas partes. Infelizmente em alguns casos precisa-se colocar a obrigação, porque por boa vontade ninguém vai fazer ou não fará direito. Então acho importante essa resolução da CBF, porque a gente precisa ter futebol feminino e não te-

mos por causa de preconceito que existe em cada um de nós. É isso o que freia o futebol feminino.

PARCERIAS Mesmo que os times façam parceria com times de futebol feminino que já existem, não deixa de ser uma multiplicação de times de futebol feminino. E o ponto que acho que tem que ser tocado, tanto das regras da CBF como as da Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol), é que não vai deixar os clubes jogarem a Libertadores sem terem times de futebol feminino, é que exigem coisas importantes, como estar disputando campeonato, ter pagamento em dia, que não é pra fazer de conta que está fazendo futebol feminino - como o Santa Cruz fez erradamente no início do ano e como acontece muito no futebol feminino. É pra fazer direito. Eu não veria problema se o Santa Cruz tivesse feito uma parceria legal com um time que já

existe e investisse nisso, como fez o Corinthians ao se juntar ao Audax, em 2016, por exemplo. Uma parte era investimento do Corinthians e outra parte foi o Audax. Uma parceria bem sucedida e o time foi campeão da Copa do Brasil. E por essa parceria o Corinthians viu que dava para andar com as próprias pernas e o Audax também. No Brasileiro deste ano os dois times atuaram.

CICLO VICIOSO Temos um ciclo vicioso no futebol feminino. Os clubes não investem porque não têm retorno financeiro em patrocínio, o campeonato fica sem qualidade, a mídia não transmite porque diz que não tem qualidade, que o público não se interessa. Aí os patrocinadores não investem porque não tem exposição de mídia, o público não fica sabendo porque a mídia não transmite, o que acarreta público baixo - até porque os jogos são colocados em horários bizarros, com jogos no meio de semana às 3h da tarde. Quem pode ir ao estádio numa segunda-feira à tarde ver o time feminino jogar? Será que se fosse o time masculino, numa segunda-feira às 3h teria público? Acho difícil. É horário de trabalho. O futebol feminino padece de todos esses problemas e

a chave para resolvermos isso é quebrar em algum dos lados esse ciclo vicioso, para transformá-lo em um ciclo virtuoso.

MÍDIA Acho que a mídia também precisa acordar. Temos uma pesquisa que mostra que 97% da cobertura da mídia esportiva é de esportes masculinos e só 3% é dedicado ao esporte feminino. Isso mostra que o esporte feminino está sempre relegado ao lugar secundário, um lugar do qual

Temos um ciclo vicioso no futebol feminino elas nunca vão conseguir evoluir enquanto a mídia não mostrar. A mídia atrai patrocínio, investimento. Sem a mídia não tem dinheiro. É imprescindível a gente ter a imprensa cobrindo o esporte feminino como ele merece, não fazendo matéria de “musa” da ginástica ou foto sensual de alguém. Não! Cubram o esporte! Essas atletas merecem atenção tanto quanto os esportistas homens. Porque aí vem uma desculpa de que não tem interesse. Mas como as pessoas podem se interessar por algo que elas nem sabem que existe?


Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

CULTURA | 12

O que tu indica?

Brasil de Fato PE

Lutador do Povo

Afroflix, uma plataforma de vídeos onde a gente negra se vê Mariana Reis*

Q

uantos filmes, séries, programas de televisão ou novelas você conhece com participação de negras e negros, seja como atrizes, atores... diretores, então, nem se fala! Por isso, se você, além de ver TV, costuma assistir vídeos também pela Internet – como, por exemplo, via Youtube, ou serviços pagos como o Netflix –, uma dica interessante é conhecer o Afroflix, uma plataforma digital, colaborativa e gratuita criada pela cineasta baiana Yasmin Thayná, diretora de KBELA, O Filme (2015). No Afroflix, pode-se encontrar conteúdos audiovisuais com participação de gente negra, seja no trabalho técnico ou artístico. Isso quer dizer que, para a indicação de materiais, basta que a produção tenha a participação de, pelo

menos, uma pessoa negra escrevendo o roteiro, protagonizando as histórias ou assinando a direção. Além disso, qualquer pessoa pode se inscrever para participar ou indicar conteúdos para circulação online na plataforma, exclusiva para produções nacionais. Hoje, estão disponíveis para assistir cerca de 100 materiais, entre documentários, ficções, webséries, vlogs, vídeoclipes, vídeos experimentais, entre outros produtos. O objetivo do Afroflix é contribuir para que esses trabalhos circulem mais, sejam mais conhecidos, e também para que o povo afrobrasileiro – cerca de 53% da população, segundo dados do IBGE de 2016 – se sinta um bocadinho mais representado. A ideia é fugir do óbvio, dando vez e voz pra quem faz cine-

ma de uma forma diferente. Assim, certamente você não vai encontrar lá os mesmos filmes que encontraria, por exemplo, numa sala de cinema de shopping ou numa TV comercial. A perspectiva é justamente visibilizar o que a gente tem pouco acesso, rompendo com o lugar comum, que é o de perpetuar o imaginário sobre o povo negro sempre em segundo plano (quando aparecem, muitas vezes são representados como escravos, criminosos, etc). E você, já conhecia o Afroflix? Tem algum filme da/do vizinha/o, amiga/o, namorada/o, pra indicar? E que tal fazer seu próprio filme? Acessa aí: http:// www.afroflix.com.br e prepara a pipoca! Mariana Reis é jornalista e doutoranda na UFPE

AGENDA CULTURAL Festa FESTA DA COLHEITA

música SAMBA AUTORAL

Fotografia CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

este sábado (29) o Centro o próximo domingo, aconcoletivo Mesa de Samba N Sabiá comemora 24 anos, OAutoral se apresenta nes- Ntece a terceira edição do a celebração se dará com a fes- te sábado (29), no quintal do projeto Coisas que se contam ta da colheita. A festa acontecerá no Quintal da Boa Vista, a partir das 16h, com a banda Afrosambaião como atração principal, que terá varios convidados locais como Isaar, Casas Populares da Br 232 e outros. Os ingressos custam R$25

Centro de Cultura Luiz Freire. O grupo é formado por quatro compositores intérpretes: Paulo Perdigão, Manuelzinho da Gigante, Neguinho da Samarina e Dona Selma do Samba. O evento tem início a às 16h e a entrada custa R$7.

nas Olindas: Histórias e Músicas, com o tema “De boa na lagoa... e a bicharada reunida”, com histórias direcionadas ao público infantil. O evento, que acontece no Centro de Cultura Luís Freire, tem início às 15h30 e a entrada é gratuita.

“Contrados a intolerância ricos a intransigência dos pobres.

” Florestan Fernandes 1920- 1995

Nascido em 22 de julho de 1920 na cidade de São Paulo, Florestan Fernandes foi um dos sociólogos brasileiros mais importantes da história. Criado só pela mãe, trabalhou desde criança como auxiliar em uma barbearia e depois engraxate. Apesar das dificuldades, teve bastante disciplina com os estudos, ingressando na Universidade de São Palo (USP) no início da década de 1940. Anos mais tarde, atuou como professor da USP, sendo afastado pelo regime militar em 1969, passando a lecionar em Universidades do exterior. A obra deixada por Florestan é ampla e variada, com foco nos estudos dos grupos marginalizados na sociedade de classes, na educação, na formação da sociedade brasileira e na modernização, além da análise crítica da sociologia. Em 1975, escreveu “A Revolução Burguesa no Brasil”, estudo sobre as classes dominantes do Brasil e sua resistência às mudanças históricas. Além da atividade acadêmica, destacou-se pela militância política de esquerda. Após a abertura democrática, foi eleito Deputado Federal Constituinte, atuando até seu falecimento, em 1995, em defesa da democratização da educação pública.


Brasil de Fato PE

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

Variedades CULTURA l| 13 13

“Nós mulheres rurais somos a sustentação política e econômica deste país”

NEGRA SOY. Militante do MNTR, Elizete Maria da Silva é mulher de muita luta acervo pessoal

A atuação política sempre deu o tom aos rumos que sua vida levou e é por aí que ela começa a partilhar sua trajetória Catarina de Angola

omecei minha “C trajetória política em um grupo de igre-

ja [católica] na década de 70, em Pombos, e depois em um grupo da Comissão de Justiça e Paz, no Recife”. É assim que Elizete Maria da Silva, 63 anos, natural de Pombos, Zona da Mata Norte de Pernambuco, começa a contar sua história. A atuação política sempre deu o tom aos rumos que sua vida levou e é por aí que ela começa a partilhar sua trajetória. Militou próxima da Igreja Católica na época da repressão do Regime Militar e fugiu para não ser presa. Anos mais tarde foi dirigente sindical, do sindicato que liderou a criação; se aproximou da luta feminista no Fórum de Mulheres de Pernambuco; criou uma organização de mulheres em seu município, o Centro das Mulheres de Pombos; participou de lutas urbanas através do Fórum de Reforma Urbana, apesar de ser trabalha-

dora rural. Elizete nasceu em 1953, filha de trabalhadores rurais. São Paulo foi a cidade que acolheu Elize-

Naquela época eu não tinha noção das questões de gênero, de raça, mas eu lutava contra as demais injustiças te por alguns anos quando fugiu de Pernambuco para não ser presa pelo regime repressor da Ditadura Militar. “Tinha um companheiro que tinha sido preso, sa-

bíamos que eles andavam atrás de nós. Na época estava lendo um livro de Jorge Amado, enterrei o livro e disse a mãe que ia me esconder, que a polícia estava atrás de mim. Aí fui pra Recife, fiquei numa Igreja, em um internato de freiras. Passei uns três meses lá até a poeira baixar. Depois viajei para São Paulo. Saí num ônibus às duas horas da madrugada”, lembra. Foram cerca de dois anos e meio em São Paulo. No ano de 1980 voltou para casa dos pais, em Pombos. Pouco tempo depois casou, obrigada pela mãe. “Ela queria que um homem me colocasse cabresto e eu não queria casar, porque sempre me senti livre, porque lutava contra o sistema. Naquela época eu não tinha noção das questões de gênero, de raça, mas eu lutava contra as demais injustiças”. Ela casou mas sempre quis a separação, que veio apenas nove anos depois de “muito sofrimento e violência”. Na volta

para Pombos, se envolveu na luta sindical. Passou a trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vitória de Santo Antão, cidade vizinha a sua. Pombos ainda não tinha Sindicato e Elizete foi uma das pessoas que articulou sua fundação, se tornando dirigente sindical. Concomitante a atuação sindical, começou a participar de atividades do Fórum de Mulheres de Pernambuco e a partir daí também fundou o Centro das Mulheres de Pombos. Elizete sentia o peso do machismo em sua vida todos os dias, mas no movimento sindical isso tinha muita força. “Para ser respeitada, incorporei uma personagem que não era eu. Andava armada, fazia treino pra capacitar minha pontaria, eu era um sujeito que a sociedade tinha criado, e criei pra me livrar da violência que era o mundo sindical com as mulheres”. Em 2000, foi expulsa do Sindicato que ajudou a fundar por causa de uma denúncia feita por ela que envolvia outro dirigente e o irmão dele que trabalhava no INSS no município. Mais uma vez sentiu o peso do machismo. A expulsão do Sindicato a desestabilizou emocionalmente e a fez entrar em uma crise, porque passou a refletir sobre si mesma. “Quando fui expulsa do Sindicato, vim perceber no que eu tinha me transformado e isso foi uma confusão, um conflito dentro de mim, de personalidade”. Foi nesse momento que encontro o MMTR-NE, que passou a des-

construir a Elizete que havia criado para impor respeito. Mas o caminho não foi fácil, nesse tempo se separou do segundo casamento e pensou, inclusive, em tirar a própria vida várias vezes. “Sou uma pessoa hoje sei o que quero pra mim e para os diversos sujeitos que compõem essa sociedade e não tenho medo de me assumir, mulher, de me assumir ne-

A atuação política sempre deu o tom aos rumos que sua vida levou e é por aí que ela começa a partilhar sua trajetória gra, chefe de família, liderança que defende o direito de viver, de dizer que essa sociedade é machista, violenta que nos ataca todos os dias”. Hoje, como militante MMTR-NE, integra a coordenação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) pelo estado de Pernambuco; integra o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), representando as trabalhadoras da agricultura familiar; integra também o Conselho de Patrimônio Genético, do Ministério do Meio Ambiente.


14 | VARIEDADES

Apresentacao

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

De 2015 a 2017, um grupo de mulheres agricultoras do Polo da Borborema participou do Projeto de Melhoramento das Cozinhas para o Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. beneficiamento de produtos da Agricultura Familiar. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem foram nos quadrados menores (3x3). Durante esses anos, realizados diagnósticos, encontros municipais

e territoriais, onde as mulheres puderam resgatar receitas que foram www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL aprendidas com suas mães ou avós. As mulheres tiveram a oportunidade de lembrar o sabor da infância, resgatando com ele os momentos em que saboreavam as histórias de família e como aprenderam aquela receita.

3 4 5

7 9 1 6 Bolo de macaxeira, pé-de-moleque 8 assado na3palha de bananeira, colorau, beiju assado debaixo da farinha, farofa d’água e bolo de jerimum são 5só 6algumas 7 das muitas receitas apresentadas, que carregam

lembranças e um grande conhecimento associado aos seus processos de produção.

2 4 1

Esta cartilha pretende socializar os momentos de troca e de aprendizagem entre as mulheres.

4 9 1

3 1 5

6 8 7 4 8 2 6 1 9 5 7 3

5 9 1 7 4 3 8 6 2

6 4 9 2 8 7 3 1 5

2 3 5 1 9 6 7 8 4

7 1 8 4 3 5 6 2 9

8 5 4 9 7 2 1 3 6

1 2 7 3 6 4 9 5 8

9 6 3 8 5 1 2 4 7

Solução

6001216

3 7 6 5 2 8 4 9 1

VISITE NOSSA PÁGINA facebook.com/brasildefatopernambuco

Brasil de Fato PE


Brasil de Fato PE

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

VARIEDADES l15 15

Bolo de Banana nanica

Ingredientes 1/2 Quilo de farinha de trigo com fermento 3 Ovos de capoeira 1 Copo (200ml) de açúcar 3 Colheres de sopa de manteiga 300 gramas bananas nanicas

Amiga da saúde, fui diagnosticada com condiloma e o médico disse que peguei HPV numa relação sexual. Tem como eu saber se peguei do meu parceiro atual, que está comigo há dois anos? Anônima. ara leitora, o HPV (Papiloma vírus humano) é um vírus que causa verrugas. Existem mais de 120 tipos de HPV, alguns deles gostam da região genital e provocam essa doença conhecida como condiloma (verrugas genitais). Grande parte da população possui o HPV e não sabe. Uma vez infectada, a pessoa que contraiu o vírus pode manifestar rapidamente sintomas da doença ou o vírus ficar no corpo sem provocar nenhum sintoma por até 20 anos. Quando o sistema de defesa da pessoa se enfraquece podem aparecer as lesões. Além da transmissão pelo contato sexual também é possível contrair o vírus por meio do uso compartilhado de toalhas ou objetos íntimos, além de vasos sanitários. Assim, é muito difícil determinar como você contraiu o HPV. Pode ser uma infecção recente ou de muitos anos atrás. A prevenção com uso de camisinha em todas as relações sexuais, além do não compartilhamento de roupas e objetos íntimos, é a orientação que vale para todas. As meninas a partir de 9 anos devem também receber a vacina, fornecida em todas as unidades básicas de saúde do SUS.

C MODO DE PREPARO: Misture tudo e amasse com as mãos até a massa ficar uniforme. Se precisar, use só um pouco de leite. Observação: a massa não deve ficar mole. Coloque no tabuleiro. Coloque bananas nanicas cortadas em rodelas cobrindo toda a massa. Polvilhe com um pouco de açúcar com canela em pó. Levar ao forno médio. Cartilha cartilha editada pela AS-PTA - Receitas da Vovó, do grupo de mulheres agricultoras do Polo da Borborema

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF

ESPORTES | 15 8

Menos de 3% dos jogadores de futebol recebem acima de três salários mínimos PRECARIZAÇÃO. No Dia Nacional do Futebol, sindicato chama a atenção para ameaças aos direitos previstos na CLT Liga de Futebol do Guarujá

por mês. O Brasil tem 28 mil atletas profissionais, que disputam vaga em 680 clubes. Como cada time tem em média 30 jogadores no elenco, não há luMilhões de jovens apostam na carreira almejando glamour e sucesso, gar para todos, um mas enfrentam um mercado de trabalho saturado e precarizado cálculo simples deDaniel Giovanaz, monstra que a cada quatro do Brasil de Fato PR atletas um está sem clube. A situação se agrava nas o dia 19 de julho se co- equipes menores, que não memorou o Dia Na- têm torneios para disputar cional do Futebol. No sen- no segundo semestre. “Além so comum, a profissão é si- dos baixos salários, a gente nônimo de fama, suces- precisa considerar que uma so e dinheiro fácil. Porém, parcela significativa dos josegundo dados divulgados gadores trabalha só quatro pela Confederação Brasi- meses por ano”, acrescenleira de Futebol (CBF) em ta o vice-presidente do Sin2016, 82% dos jogadores dicato dos Atletas Profissioganham menos de R$ 1 mil nais do Paraná, Marcos Au-

N

lário vem parcelado”, acrescenta. Quanto menor o time, há menos garantias. “Nos clubes do interior o maior problema são os contratos informais, sem carteira de trabaEstamos preocupados, lho. Como principalmente com o campeorelação ao risco de perder é muios direitos previstos na CLT nato to curto, os lacionadas ao não cumpri- clubes acabam pegando mento dos contratos. “Os o documento dos atletas, clubes se precipitam em fa- mas nem chegam a assinar zer contratos longos, sem carteira. E o jogador só vai saber se o jogador vai dar saber disso quando o concerto ou não, e dispensam trato termina”, conta o sinsem pagar os salários”, afir- dicalista. ma Dida. “Quase 90% dos Em um contexto de cortes atletas acaba ganhando a de direitos, Dida chama a ação na Justiça, mas é uma atenção para as ameaças negociação um pouco de- da reforma trabalhista: “esmorada e geralmente o sa- tamos preocupados prinrélio dos Santos, conhecido como Dida. Além da falta de um calendário de jogos para o ano todo, as principais reclamações dos atletas estão re-

cipalmente com relação ao risco de perder os direitos previstos na CLT. Os jogadores não podem perder aquilo que foi conquistado com tanto esforço”, comenta. “Em relação ao fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, não fará muita diferença, porque os clubes já não mantinham essa contribuição em dia antes”, completa. A remuneração mensal de Neymar, atacante do Barcelona e da Seleção Brasileira, é equivalente a 300 mil euros por semana, ou R$ 5,2 milhões por mês. De acordo com os dados disponibilizados pela CBF, o salário dele é cinco mil vezes maior que o da maioria dos jogadores em atividade no Brasil.


16 | ESPORTES

Brasil de Fato PE

Recife, 28 julho a 03 de agosto de 2017

NA GERAL Sátiro Sodré

A

Reprodução

Cris Cyborg e Ex-Náutico pede Demian Maia lutam ajuda para neste sábado enfrentar leucemia

nadadora pernambuA cana Etiene Medeieste sábado (28) o braatacante Silas, ex-Náuros se tornou, nessa quin- Nsileiro Demian Maia, Otico (2011), está fazenta-feira (27), a primeira 1º lugar no ranking de de- do campanha se tratar da mulher brasileira campeã mundial nas piscinas. Com 27 segundos e 15 milésimos na prova dos 50 metros costas, sua especialidade, Etiene levou o ouro por 1 milésimo de segundo. Medeiros ainda nada no sábado (29), nas eliminatórias dos 50m livre. A outra pernambucana, Joanna Maranhão ficou em 10ª nos 200m medley, sua melhor marca em mundiais. Ela completou a prova em 2m11s24. Maranhão ainda nada os 400 medley no domingo (30).

DE PLACA

Terras de Ricardo Teixeira ocupadas Brasil de Fato RJ

GettyImages

Etiene campeã mundial

GOL

safiantes dos pesos meiomédio (até 77kg), disputa o cinturão contra o norte-americano Tyron Woodley, atual campeão da categoria. O brasileiro tem 25 vitórias e 6 derrotas, enquanto Woodley tem 16v e 3d. Já a brasileira Cris Cyborg (16v1d) enfrenta Tonya Evinger (19v5d). Cyborg lutaria pelo cinturão dos pesos pena (até 65kg), mas a australiana Megan Anderson teve problemas na emissão do visto. Lutam ainda os brasileiros Renan Barão e Renato Moicano.

A VOLTA DE QUEM NUNCA SAIU Filipe Spenser

filipespenser@gmail.com

leucemia. Em 2015 parou a carreira para se tratar. Após quimioterapia, chegou a voltar aos gramados, mas este ano a doença retornou mais forte. O tratamento custa R$ 300 mil. Através de vídeo no Facebook o jogador pede doações na sua poupança do Banco do Brasil (Ag. 1227-0; Cc 58395-2, em nome de Silas dos Santos Brindeiro). O atleta de 30 anos também passou por Vera Cruz, Petrolina e Afogadense. Se destacou no Capivariano-SP, com 30 gols em 60 jogos.

ntigo dirigente da CBF, Ricardo Teixeira é agora o novo integrante da lista de procurados da Interpol. Impedido de pisar em 190 países, Teixeira também não deve visitar sua Fazenda Santa Rosa, no Rio de Janeiro. A propriedade foi ocupada na última terça-feira (25) pelo MST. A fazenda está ligada a uma denúncia de corrupção: o governo do Distrito Federal teria pago a CBF para realizar um amistoso, em 2008, entre Brasil e Portugal. Os recursos foram superfaturados e R$ 9 milhões foram destinados a uma empresa sediada na Fazenda Santa Rosa.

GOL

contra

Assalto no CT do Náutico a noite da última quarta-feira (26) a equipe de reporN tagem do canal Esporte Interativo sofreu tentativa de assalto dentro do Centro de Treinamento do Náutico. O

carro da reportagem foi abordado por dois encapuzados numa moto e portando arma de fogo. O motorista acelerou o carro e ninguém se feriu. Um roupeiro do clube teve o celular levado pelos assaltantes. O clube disse dar suporte para apurar o ocorrido, mas apontou que o caso é parte do contexto de violência em Pernambuco. O hotel onde os atletas ficam concentrados é a 300 metros do local do assalto.

A VELHA HISTÓRIA DO ARRUDA Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com

JUÍZO ATÉ O FINAL Daniel Lamir

daniel.lamir@brasildefato.com.br

e forma incomum, as diretorias do Náutico arece que a situação nunca muda para a Perder é normal. Anormal é quando um D e do Sport decidiram fazer um comunica- Pnossa equipe. Salários atrasados é uma Orevés abala o elenco além da conta. No do conjunto. Na oportunidade, informaram que pauta sempre presente. Entra diretoria, sai jogo contra o Palmeiras, por exemplo, os âniiriam se desligar da Liga do Nordeste, em razão dos baixos valores das cotas televisivas. Com o tempo, a decisão não se revelou acertada. A saída não pegou. Os outros clubes tradicionais decidiram permanecer na Liga. Desde o princípio, tive a impressão que decisão foi açodada e a reboque do irmão local. Além de sequer estar classificado para a próxima edição, o clube fez um gesto incompatível com um parceiro – o Esporte Interativo, que adiantou uma quantia considerável, sem juros. Felizmente, a palavra final cabe ao Conselho do clube que deve negar a saída, de modo que, com a desistência do Sport, há possibilidade de participar da Copa do Nordeste no próximo ano.

diretoria, mas nada se ajeita. A gente fica até cansado de repetir a mesma coisa. Quem pensa que jogador de futebol joga bola por amor ao escudo, está enganado. Como todo trabalhador, o que eles precisam é do pagamento todo mês. Um recado foi passado no jogo contra o Boa Esporte e o próprio Givanildo já deixou avisado a direção: não fica no Santa Cruz se essa situação não for resolvida logo. Ou seja, está na hora de a diretoria coral dar um jeito de resolver essa questão. Após pedido do treinador, o lateral-esquerdo Yuri, de 21 anos, cria do Botafogo-RJ, chega para reforçar a equipe. Contra o Paraná, quem pode fazer estreia é o volante João Ananias. Vamos aguardar!

mos leoninos estiveram sempre fora do equilíbrio adequado. O time entrou em campo com um jogo chato e apático. Como se estivesse de “bucho cheio” pelos pontos conquistados nos jogos recentes. O problema é que, após os gols, a situação piorou. A afobação e falta de concentração deu ao Verdão o conforto que precisava para administrar a vitória. Não há motivos para esse comportamento por parte do elenco rubro-negro. Hoje, diferente do que acontecia meses atrás, o time não precisa mais fazer as contas em tantas competições disputadas simultaneamente. Luxemburgo já identificou o que falta ao Sport na “missão G6”: usar o juízo. O desafio agora é manter o juízo até o final.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.