BdF - Edição 34

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PERNAMBUCO | 08 e 09 Semiárido

Programa Cisternas do governo Dilma é selecionado em prêmio internacional para o futuro

Pernambuco

Recife, 04 a 10 de de agosto de 2017

ano 2

ENTREVISTA | 11 João Paulo Rodrigues

O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), conversou com o Brasil de Fato Pernambuco sobre a conjuntura política edição 34

distribuição gratuita

Deputados rejeitam denúncia contra Temer

O governo liberou R$ 4 bi em emendas na semana da votação e deputados ignoraram as provas da denúncia e a baixa popularidade do presidente não-eleito.

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

OPINIÃO | pág.05 O lucro contra sua saúde Mais da metade da população brasileira adulta está acima do peso

MUNDO I 07 Maior votação de todos os tempo

Processo constituinte teve 41,53% de comparecimento

CIDADES | Pág.10 Sorveteria de sabores e memórias

Sorvetes Artesanais de Casa Amarela são tradição familiar


2 | OPINIÃO

Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

Brasil de Fato PE

EDITORIAL

O Congresso Nacional não representa o povo brasileiro

GOLPE. A incoerência dos deputados favoráveis a Temer é tão grande que ignoram que 95% da população rejeita o governo ilegítimo.

em que manter “T isso, viu?” A fala de Michel Temer, referindo-se à continuidade do pagamento de propina a Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, foi o início de mais um capítulo na história da crise política. Foi

sário Joesley Batista, dono da J&F Empreendimentos. Desde que a denúncia foi homologada pelo Superior Tribunal Federal (STF), o golpista vinha arquitetando o arquivamento da denúncia com promessas que iam desde emendas parlamentares aos depu-

Foi a primeira vez na história do país que um presidente é acusado por um crime comum a primeira vez na história do país que um presidente é acusado por um crime comum. A denúncia, vinda do Supremo Tribunal Federal, acusa o golpista de utilizar o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para negociar vantagens para terceiros em troca de propina. Michel Temer recebeu R$ 500 mil do empre-

tados que votassem a favor do presidente a intermináveis jantares dentro do Congresso para atender seus interesses pessoais. A denúncia seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça, onde o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) emitiu um relatório favorável ao presidente ilegítimo. A partir daí, o relatório partiu para

a votação na Câmara dos Deputados. Para que a denúncia fosse aceita e a investigação seguisse, eram necessários 243 votos dos 513 deputados. A maioria dos deputados que em 2016 votaram em nome das suas famílias votaram hoje pelo arquivamento da denúncia contra Temer em nome do que chamaram de estabilidade econômica e política, em nome da reputação de Temer e pelas Reformas. A incoerência dos deputados favoráveis a Temer é tão grande que ignoram que 95% da população rejeita o governo ilegítimo e 88% querem eleições diretas; que o desemprego hoje em 13,7% é o maior nível registrado na história do IBGE, e que o golpe de Estado ocasionado por eles mesmos tem empurrado o país para um caminho de contrarreformas e cortes sociais aparentemente sem volta. Ainda houve quem alegasse que era preferível que Temer fosse investiga-

Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Elen Carvalho e Vinícius Sobreira Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Alan Tygel Revisão: Mariana Reis|Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine|Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 20 mil Exemplares

do após terminar o mandato que usurpou. Cabe nos questionar por que as mesmas pessoas que interromperam o mandato da presidenta Dilma Rousseff hoje querem que Temer encerre seu mandato

bido no momento decisivo e milhões de brasileiros perderam a oportunidade de ver a podridão do atual sistema político. Entre agressões verbais, pixulecos e gritos de “Diretas Já”, o parlamento se

Outra particularidade do show de horrores protagonizado pela Câmara foi a cobertura da grande mídia mesmo com provas do crime de corrupção. Outra particularidade do show de horrores protagonizado pela Câmara foi a cobertura da grande mídia. Se a cobertura do impeachment exigia transmissão total e irrestrita em pleno domingo, com placar e comentarista ao estilo da cobertura futebolística da Rede Globo, o processo de votação só foi exi-

manifestava (quase sempre) favorável ou contra o arquivamento e a impunidade. A vitória folgada na Câmara mostra que agora as reformas devem ser aprovadas a toque de caixa e direitos conquistados com a luta de quem trabalha são dizimados por um Congresso que nem de longe representa o povo brasileiro.


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mandou

Frase da Seman a “Um dos motivos do golpe é alinhar o Brasil à política do império norte-americano para acabar com a linha de soberania e autonomia realizada por Lula e Dilma. Por isso houve presença norte-americana no golpe parlamentar” Paulo Mansam

GERAL l 3

Leonardo Boff, em entrevista exclusiva a “Homem de vícios antigos”

BEM MMM

Feminismo Popular

o último sábado (29.07) a N Marcha Mundial das Mulheres de Pernambuco – Núcleo So-

ledad Barrett realizou a segunda etapa da II Escola de Formação Feminista Popular Soledad Barrett. Na ocasião, foram estudadas as bandeiras do feminismo popular, os contextos históricos da luta das mulheres pelo poder, valorização, entre outros conteúdos. A terceira e última etapa, sobre o Projeto Popular para o Brasil, acontece em 26 de agosto, na sede da CUT-PE, na R. Dom Manoel Pereira, 183.

Você se sente seguro em Pernambuco?

enho certeza de que não precisa ir muito longe para encontrar um reT cifense que diga que não. São várias as justificativas. Podemos começar pelo transporte público: porque aguardo o ônibus por horas em paradas em que os postes não funcionam, por-

que não posso me perder e tentar confirmar no meu celular se o caminho que estou está correto sem entrar em um comércio. E eu só me referi a situações de transporte público. Tenho horário para andar de bicicleta, tenho horário para usar roupas acima do joelho, tenho horário para passear com meu cachorro. Acredito que realmente isso não é ter segurança.

mandou

MAL

Divulgação

Luiza Lins, Estudante de enfermagem UPE

Charge

O preço da Tatuagem

esta semana, o deputado WlaN dimir Costa (SD-PA) apareceu com tatuagem do nome de Michel

Temer em seu ombro, como forma de apoiá-lo. Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, só em junho, o Costa recebeu R$ 4,79 milhões em emendas parlamentares, logo após a denúncia contra o presidente Temer chegar à Câmara. Comparada aos meses anteriores, a cota destinada cresceu consideravelmente: o deputado não costumava angariar nem R$ 300 mil para as suas causas.


4 | GERAL Mundo

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CRB com inscrições abertas na RMR

D

epois do lançamento público do Curso Realidade Brasileira - que envolverá a Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Litoral - em Vitória de Santo Antão, Zona da Mata Norte (onde ocorrerão as etapas), é a vez do lançamento no Recife. Será no próximo dia 09 de agosto às 18h30 no Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Pernambuco (SINTTEL), na R. Afonso Pena, 333 - Boa Vista. Já foram realizadas oito turmas no estado. As inscrições do CRB GranMetro estão abertas até o dia 12 de agosto. A previsão de início do curso é no primeiro final de semana de setembro (dias 02 e 03.09). Os interessados devem preencher o formulário de inscrição disponível em http://crbpernambuco.blogspot.com.br/ e enviar para: crbgranderecife@gmail.com.

ESPAÇO SINDICAL

Formação de dirigentes do Sinttel diretoria do SinA dicato dos Trabalhadores em Teleco-

municações de Pernambuco (Sinttel) se reuniu em mais um encontro de formação nos últimos dias 28 e 29 de julho. A reforma trabalhista terá um impacto enorme nas relações de trabalho e, por isso, ela foi um dos temas a ser discutido e esse debate foi coordenado pelo juiz do trabalho Hugo Cavalcanti Melo Filho. O encontro teve ainda o presidente da CUT, Carlos Veras, que apresentou um apanhado histórico da relação da CUT e Sinttel.

SINDSEPRE realiza assembleia Sindicato dos SerO vidores Municipais do Recife, que está em

greve desde o dia 27 de julho, realizou na última quarta-feira assembleia geral com a categoria para debater questões sobre a adesão da greve e o abono de faltas nesse período. A categoria luta contra os desmandos da prefeitura que não tem dado abertura para conversa com os Sindicatos sobre as questões de ajuste salarial, não oferecendo qualquer tipo de reajuste. A assembleia deliberou data para nova reunião, agora ampliada com as demais categorias, para a próxima terça-feira (08.08).

Brasil de Fato PE

Juventudes fazem ato no Recife Fórum das Juventudes de Pernambuco (Fojupe) O uniu movimentos e coletivos de juventude das cidades e do campo, do litoral ao sertão do estado, para rea-

lizar o Agosto das Juventudes. A proposta é que durante a próxima semana haja uma série de ações em todo o estado para mobilizar os jovens para lutarem pela efetivação de seus direitos, que já são garantidos no Estatuto da Juventude, construído pelas organizações da sociedade civil e movimentos de juventude. Além de atividades no interior e na Região Metropolitana, uma grande manifestação está agendada para a próxima sexta-feira (11.08), no Recife. Está prevista a saída de ônibus de municípios do Agreste e do Sertão para o ato na capital.

Direitos de Fato Terceirização: “Máquina de moer trabalhadores” esta terceira coluna da série sobre a Reforma Trabalhista, discutireN mos a terceirização, que teve seu formato final conferido pela Lei n. 13.467/2017, sancionada pelo Governo Temer em 13 de julho, que refor-

mou o texto da CLT de modo a alterá-la para flexibilizar os direitos trabalhistas. A regulamentação da terceirização na Reforma Trabalhista se deu pela inclusão de artigos específicos sobre esse tema na Lei 6.019/74, que até então apenas tratava do trabalho temporário. Nesta, passa a ser permitida a terceirização ampla, geral e irrestrita, já que pessoas físicas e empresas passam a poder contratar, por meio de empresas prestadoras de serviços, trabalhadores terceirizados para trabalharem tanto em suas atividades periféricas como na atividade principal desta. A isonomia salarial e de outros direitos trabalhistas básicos entre os trabalhadores terceirizados e os empregados da contratante não é garantida, dependendo de estar expressamente escrito no contrato entre esta e a empresa que fornece a mão-de-obra terceirizada. Ou seja, será comum empresas sem empregados, pois todos que nela trabalham poderão ser terceirizados. Além disso, este trabalhador terceirizado trabalhará em condições muito mais precárias e inferiores, bem como sendo-lhe conferido baixos salários e um patamar muito mais reduzido de direitos, em relação aos empregados daquela empresa. *André Barreto é advogado trabalhista em Recife Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173


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OPINIÃO I 5

Artigo

Artigo

O lucro contra sua saúde

Cuidado militante, princípio organizativo

Aristóteles Cardona Júnior*

Sidney Frederico Mamede* Santana Rick

obesidade é um dos princiA pais problemas de saúde no século XXI. Estatísticas mostram que mais de metade da população brasileira adulta está acima do peso recomendado. Desta, quase 50% são considerados

Na América Latina são mais de 140 milhões de obesos obesos. Na América Latina e Caribe são mais de 140 milhões de obesos. O alerta não se dá por questões estéticas, mas por saúde e qualidade de vida. O problema precisa da atenção e cuidados dos governos e das famílias. Se há algumas décadas a fome e a desnutrição estavam entre os principais problemas do nosso país, hoje precisamos enfrentar o excesso do peso, um mal que tem forte raiz na alimentação pouco balanceada, em geral rica em carboidratos como pão, massas e alimentos que em geral contêm açúcar. Fiz esta introdução para ressaltar mais uma irresponsabilidade do Congresso Nacional e do Governo Temer. Sem nenhum pudor, ambos aprovaram a liberação de medicamentos emagrecedores vetados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa – e proibidos em vários

países. Isso mesmo. O Congresso que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff sem que ela tenha cometido crime, e que tem aprovado ataques aos direitos dos trabalhadores como a Reforma Trabalhista, mais uma vez atua contra a saúde da população. Tais medicamentos, feitos à base de anfetaminas, estão proibidos no Brasil desde 2011, por conta dos riscos envolvidos no seu uso. Em junho passado o Congresso, ignorando o perigo, aprovou a Lei e Temer a sancionou, liberando o que há poucos meses era proibido pela Anvisa. A agência, contudo, mantém a orientação pela proibição. Qual o interesse do Congresso e do Governo Temer na aprovação de tais medicamentos? Atender a indústria farmacêutica? Se os possíveis riscos para as pessoas são reconhecidos por todos, por que liberar tais substâncias? O fato é que a indústria farmacêutica ganha muito dinheiro com isso, apostando em medidas supostamente fáceis, mas de eficácia duvidosa. Ela, a indústria, lucra muito e segue financiando campanhas de deputados que aprovam tais liberações, por isso têm preocupação zero com a saúde do povo. O que vale para eles são, unicamente, os interesses comerciais. Como sabemos, perder peso não é fácil e exige esforço. Cuidados alimentares e bons hábitos físicos são o melhor caminho para vencer a obesidade. Pode ser mais lento do que desejamos, mas certamente não nos traz riscos à saúde e nos põem verdadeiramente no caminho de um bem-estar. *Aristóteles Cardona Júnior é Médico de Família no Sertão pernambucano, professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.

m tempos de golpe e ódio E na sociedade, é importante lembrar que a militância

é uma atitude de amor. Uma preocupação com a coletividade e com cada um. Com a vida. Amor ao povo, amor à luta por justiça, amor ao desejo de mudança. Não temos alternativa. Lutamos com a humanidade que temos, com os companheiros que temos, no contexto em que vivemos, ou não lutamos. A outra alternativa é cuidar da vida, fingir que a política não é importante, e que basta fazermos nossa parte, individualmente. É fundamental no processo de construção lidar com os desvios militantes. Aliás, é o próprio processo de construção de mundo novo, lidar com as nossas deficiências e as dos outros. O desafio é justamente esse, não é outro. O desafio é a construção de novas relações interpessoais. Os defeitos que vemos, sentimos, com os quais nos incomodamos, não são genéticos, naturais, e muito menos pessoais. São produtos. São sociais. Fazem parte da deformação da maneira como a sociedade está organizada. Em nossas críticas, costumamos não errar no diagnóstico dos desvios alheios. Mas costumamos errar em não ver os problemas dessa natureza em movimento, em contexto histórico, em mudança. E também em não nos colocarmos dentro dele. Não é fácil. Não é simples. Entre outros motivos, porque também essa busca por novas práticas e valores nadam con-

tra a corrente. E por mais que a construamos cotidianamente, ela também é desconstruída cotidianamente. Tem avanços, mas tem retrocessos. E aí, é preciso recomeçar. Não é problema desanimar, cansar. O que não podemos é desistir. Porque não tem saída nesse sistema e o que ele quer é que desistamos mesmo. Não faltam exemplos de quem de-

A solução é mais firmeza ideológica, mais diálogo, mais crítica e autocrítica sanima e fica pelo caminho. Seria fácil construir o novo, se o velho não penetrasse em nós e em nossas organizações. Mas penetra. A solução é mais organização, mais firmeza ideológica, mais diálogo, mais crítica e autocrítica. Podemos nos surpreender ao fazer isso e acabar por descobrir que nós temos nos desviado também, até por omissão. É preciso desejar, de todo coração, que cada um de nós construa a coletividade necessária para seu engajamento na construção desse outro mundo que queremos, de igualdade e liberdade. E que não desistamos; nem da luta, nem da humanidade. Que renovemos nosso compromisso com a militância a cada abraço companheiro. Frederico Santana Rick é militante da Consulta Popular e da Frente Brasil Popular em MG. Frederico Santana Rick é militante da Consulta Popular e da Frente Brasil Popular em MG.


6 | BRASIL

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É uma vitória enganosa, diz oposição sobre votação da denúncia contra Temer INVESTIGAÇÃO. Apesar das emendas, que somaram mais de R$ 4bi, placar foi acirrado: 263 pediram arquivamento e 227, investigação Mídia Ninja na Santos (PCdoB), Wolney Queiroz (PDT), Sílvio Costa (PTdoB), Tadeu Alencar (PSB), Danilo Cabral (PSB), Gonzaga Patriota (PSB), Pastor Eurico (PHS), Betinho Gomes (PSDB), Daniel Coelho

Fazenda do ministro Blairo Maggi, ocupada na manhã desta terça-feira

Redação

O

s deputados da oposição na Câmara Federal classificaram a vitória do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), no plenário, como “fictícia”. Em entrevista concedida logo após a confirmação da hegemonia governista na votação, eles destacaram que, apesar do placar de 263 votos contra 227, o peemedebista tende

a governar a partir de agora num cenário mais desfavorável. Além dos votos contrários e a favor, o placar final registrou duas abstenções e 18 ausências. Bancada pernambucana dividida Apesar das pesquisas apontando grande rejeição do eleitorado em relação a Michel Temer, os deputados federais de Pernambuco parecem não ter muitos problemas com

o presidente golpista. A maioria dos 25 pernambucanos na Câmara Federal votou “sim” para arquivar a denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer, impedindo assim que ele seja investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Foram 13 votos a favor de Temer, 11 contra e uma ausência. Os onze que votaram contra Temer e pela investigação foram Lucia-

to Cavalcanti (PTB), Zeca Cavalcanti (PTB), Eduardo da Fonte (PP), Fernando Monteiro (PP), Augusto Coutinho (SD), Luciano Bivar (PSL), Ricardo Teobaldo (PTN) e Sebastião Oliveira (PR). O deputado João Fernando Coutinho (PSB) se ausentou da sessão, favoreAlém dos votos cendo Temer. contrários e a favor, Dos nomes acio placar final registrou ma, vale destacar duas abstenções e que três são tam18 ausências bém ministros de Temer: Men(PSDB), Jarbas Vascon- donça Filho (DEM), Bruno celos (PMDB) e André de Araújo (PSDB) e Fernando Paula (PSD). Bezerra Filho (PSB). Por outro lado, votaA maioria desses que voram em defesa de Temer e taram para proteger Temer pelo arquivamento da de- da investigação há pouco núncia: Mendonça Filho mais de um ano votaram (DEM), Fernando Coe- pelo impeachment da prelho Filho (PSB), Marinal- sidenta eleita Dilma Rousdo Rosendo (PSB), Bruno seff (PT) sem que ela tivesAraújo (PSDB), Jorge Cor- se contra si qualquer pedite Real (PTB), Adalber- do de investigação.

Caso Rafael Braga escancara seletividade e racismo do Judiciário no Brasil INJUSTIÇA. Rapaz negro e pobre é mantido preso mesmo com suspeita de flagrante forjado pela PM. Políticos e jovens de classe média envolvidos em corrupção e tráfico respondem em liberdade Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)

Reprodução/Libertem Rafael Braga

N

o mesmo dia em que deputados, muitos deles processados na Justiça, negociavam abertamente bilhões de reais em emendas parlamentares em troca de votos para barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer – acusado de corrupção passiva pela Procuradoria Geral da República (PGR) –, desembargadores do Rio de Janeiro decidiam manter preso o jovem Rafael Braga. O julgamento de seu habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro foi adiada depois do pe-

dido de vista (mais tempo para analisar) de um dos desembargadores, mas dois magistrados já haviam votado pela continuidade da prisão. Aos 28 anos, o catador de material reciclável foi condenado em primeira instância a 11 anos e três meses de reclusão por supos-

tamente ter sido encontrado com 0,65 gramas de maconha, 9,3 gramas de cocaína, além de um rojão, no complexo de favelas da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, no dia 16 de janeiro de 2016. Para esta condenação, bastou a palavra dos policiais militares que efetuaram a prisão de Rafael. O depoimento de uma testemunha ocular, que afirmou que Rafael não portava nada e teria sido agredido e ameaçado pelos policiais, foi comple-

tamente desconsiderado pela Justiça, além da alegação do próprio jovem, que confirmou o flagrante forjado, após ter sido intimidado.

Preso político da democracia No dia em que foi preso, Rafael Braga usava tornozeleira eletrônica porque respondia em liberdade a uma das acusações mais esdrúxulas da história recente do Judiciário brasileiro. O caso ocorreu em 2013, mais precisamente no dia 20 de junho, quando o Brasil estava em chamas por conta dos pro-

testos de junho que sacudiam as principais capitais do país. Após uma manifestação que reuniu centenas de milhares de pessoas no centro do Rio, Rafael foi abordado por dois policiais civis enquanto saía do local onde guardava latas e garrafas que ele coletava pela cidade. Ele não havia participado da manifestação nem pertencia a qualquer grupo político, mas prevaleceu uma única acusação: portar uma garrafa de desinfetante Pinho Sol e outra de água sanitária que, na palavra dos policiais, seriam usados para confecção de um coquete molotov.


MUNDO l 7

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Chavismo recebe a maior votação de todos os tempos

VENEZUELA. Processo constituinte teve 41,53% de comparecimento, totalizando mais de 8 milhões de votantes Leonardo Fernandes

de chavismo. “Ganhou a O presidente venezuelademocracia na Venezuela. no destacou que, embora Um país onde as pessoas o número de eleitores tevotam, segundo os câno- nha representado pouco nes liberais, assim se vive mais de 41% do eleitoraem uma democracia”, dis- do do país, ele represense ao Brasil de Fato o eco- ta a maior votação da hisnomista espanhol Alfredo tória do chavismo, já que Serrano Mancilla, coorde- a oposição decidiu não nador do Centro Estraté- participar do pleito, congico Latinoamericano de vocando seus apoiadoGeopolítica (Celag). “A de- res à abstenção. “Essa é a mocracia representativa se maior votação que já teve Com as eleições de ontem, a Venezuela já realizou 21 pleitos em 18 anos de chavismo aplica ao pé da letra na Ve- a Revolução Bolivariana também se negaram à vio- nezuela. As eleições cons- em toda a história desses Leonardo Fernandes, lência”, afirmou Lucena. e Jônatas Campos, de Caracas tituintes são uma mos- 18 anos”, comemorou. Lucena disse que, embo- tra disso, [ela] terá que dar de Caracas O voto na Venezuela é ra tenham sido registrados novas respostas para no- facultativo. Nas eleições á passava das 23h alguns focos de violência, vas demandas do povo ve- legislativas de 2015, quanwww.sindsep-pe.com representaram nezuelano”, concluiu. (00h, no horário de eles não do a oposição ganhou Brasília), quando o Con- qualquer risco à integriMaduro: “Maior vitória quase dois terços das vaselho Nacional Eleitoral dade do processo eleito- em 18 anos” gas na Assembleia Nacio(CNE) da Venezuela di- ral. “Estivemos resolvendo Logo depois do anún- nal, a Mesa da Unidade vulgou o primeiro bole- esses problemas apresen- cio oficial realizado, o pre- Democrática (MUD), que tim com os resultados so- tados e isso não impediu sidente Nicolás Maduro reúne todos os partidos de bre o comparecimento da que as pessoas exercesoposição ao goverpopulação e os eleitos e sem seu direito ao voto”, no Maduro, recebeu eleitas pelo voto territorial, destacou. 7,7 milhões de voA presidenta do CNE neste domingo. tos. Essa foi a maior A presidenta do CNE, Ti- lembrou que foram elei- Temos uma nova votação da oposição bisay Lucena, afirmou que tos 537 dos 545 deputados em toda sua história. o processo constituinte e deputadas constituin- Assembleia Do lado chavista, a teve 41,53% de compare- tes. Os outros oito repre- Constituinte! maior votação ocorcimento do eleitoral às ur- sentantes indígenas serão reu em 2012, quannas, totalizando 8.089.320 eleitos na próxima terça- compareceu à Praça Bo- do o ex-presidente Hugo votantes. “Nosso agradeci- feira, 1 de agosto, de acor- lívar, no centro da capital Chávez recebeu 7,8 mimento e reconhecimento do com seus costumes e Caracas, onde uma multi- lhões de votos, contra 6,3 a todos os venezuelanos, tradições. dão de apoiadores o espe- milhões de Henrique CaCom as eleições de on- ravam. “Temos uma nova priles. Naquele pleito, o não só àqueles que foram votar, mas inclusive àque- tem, a Venezuela já reali- Assembleia Constituinte!”, nível de abstenção cheles que não foram, mas zou 21 pleitos em 18 anos disse o mandatário. gou a 19,15%.

J

INDS EP PE

Filiado à CUT e à CONDSEF

Diálogo Durante sua intervenção na Praça Bolívar, Maduro revelou que uma delegação do governo esteve reunida por várias semanas com representantes da oposição, entre eles, o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges. “Propus a ele há duas semanas: ‘Por que não se inscrevem na Constituinte? Eu estou disposto a adiar por 15 dias [a votação] para que se inscrevam. Façam a campanha e que sejam feitas eleições livres.’ Então eles me pediram uma hora, e quando voltaram disseram ‘não aceitamos’”, relatou o presidente.

Violência localizada A oposição relaciona 16 mortes com o pleito eleitoral de ontem. Já o Ministério Público reconhece dez mortes relacionadas aos conflitos. Dentre os muitos feridos, estão oito policiais da Guarda Nacional Bolivariana que foram atingidos por uma bomba detonada em uma das barricadas da oposição da Avenida Francisco de Miranda.

Temer quer demi r servidor e acabar com serviço público

O GOVERNO ILEGÍTIMO de Michel Temer deu mais um golpe na população brasileira. No final de julho, enviou ao Congresso Nacional a Medida Provisória (MP) 792, ins tuindo o RECIFE, 4 DE AGOSTO DE 2017 Programa de Demissão Voluntária (PDV), o qual prevê demissão de servidor, redução de jornada de trabalho com redução de salário e licença sem vencimento por até seis anos. Traduzindo, a MP vai reduzir dras camente o número de servidor, comprometendo o atendimento à população, sobretudo a mais carente, que necessita do serviço público para ter acesso à educação, saúde, moradia, entre outros. O governo es ma demi r mais de cinco mil serviRua João Fernandes Vieira, 67 - Boa Vista - Recife-PE dores. Inicialmente, o PDV parece vantajoso, já que oferece um bônus de um salário mensal mais 25% do valor por ano Fone: 3131.6350 | Fax: 3423.7839 trabalhado ao servidor que aderir ao plano. No entanto, com a crise econômica e o baixo crescimento do país, o ser-

vidor que aderir vai se juntar aos mais de 13 milhões de desempregados no país, sem nenhuma perspec va de retornar ao mercado de trabalho. Têm preferência aqueles que verem menos tempo de serviço público. O servidor que ver condições de aposentadoria não tem direito ao plano. A licença sem vencimento é outra armadilha. Pode ser de três anos, renovada por mais três. Acontece que se for do interesse do órgão federal, ela será renovada mesmo contra a vontade do servidor. A avaliação jurídica é que a medida é incons tucional, mas o governo insiste. Quanto à redução de carga horária, o servidor pode trocar as 8 horas diárias por 6 horas ou até 4h. Mas essa redução traz consigo a redução de salário. Como se vê, o obje vo do governo é reduzir a quan dade de servidores e comprometer ainda mais o serviço público. É a máxima do neoliberalismo.


8 | PERNAMBUCO

Brasil de

Recife, 04 a 10 de agosto de de 2017

Água de qualidade para beb

SEMIÁRIDO. Programa Cisternas do governo Dilma é selecion referência para o futuro Fred Jodão / Arquivo ASA

Catarina de Angola

“P

ara beber naquela época a gente carregava água do barreiro, que era mais perto. Mas às vezes tínhamos que ir na barragem do Algodão, que é mais longe. Então a gente ia de carro de boi e com os dois meninos em cima. Eu conto para as minhas filhas mais novas como era com os dois mais velhos, como tinha sido difícil, e às vezes elas nem acreditam que tínhamos esse trabalho todinho”, conta a agricultora Delvânia da Silva, do Sítio Lagoa Comprida, em Ouricuri, no Sertão do Araripe de Pernambuco. Ela lembra como era sacrificante ter que buscar água todos os dias para poder beber, cozinhar e fazer o trabalho em casa. Essa era uma dinâmica comum há 20 anos, época em que a região passava por um período longo de poucas chuvas, e que a produção da família de agricultores era tão pouca sem água que o esposo de Delvânia viajou em busca de trabalho na cidade de São Paulo, no Sudeste do Brasil. A busca pela água é uma tarefa que muitas vezes quem mora em grandes cidades, abastecidas com água encanada regularmente, não consegue imaginar. Ou não imaginava, já que os racionamentos de água têm sido constantes em diversas regiões do país. Mas caminhar alguns quilômetros para ter um mínimo de água possível foi e ain-

“Essa experiência do Programa Cisternas foi uma iniciativa da sociedade civil de provocar o governo a repensar as políticas para o Semiárido”

da é, para alguns, uma realidade nas áreas de clima Semiárido no Brasil. A causa do grande esforço não é apenas o clima, pois se esse fosse o único problema, uma cidade como Recife não teria racionamentos de água, já que é uma cidade de chuvas regulares, cortada por rios, mas que o abastecimento não chega a todas as pessoas de forma regular, principalmente em áreas de periferia. O abastecimento de água e saneamento no Brasil não é uma política pública universalizada. O país, apesar de ter grande volume de água acumula-

do em rios, bacias hidrográficas e florestas, precisa ainda efetivar políticas mais efetivas e contextualizadas aos diversos espaços que o formam. No entanto, já existem propostas que têm tido êxito em sua implementação. Um delas é o Programa Cisternas, potencializado nos últimos 13 anos, a partir da proposição e ação de organizações da sociedade civil no Brasil, em especial reunidas na Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A ASA trouxe uma proposta simples para emergencialmente dar conta da falta de água de qua-

Em vez de diminuir as verbas para cisternas, é necessário aumentá-las lidade para beber no Semiárido em épocas de estiagem: construir um milhão de cisternas para acumular a água que cai do céu durante o período de chuvas. A proposta se concretizou através das cisternas de placas, inovação já realizada por outras organizações e mo-

vimentos populares há anos na região. E foi sendo aprimorada também na realização de cisternas e outras tecnologias sociais de acúmulo de água das chuvas para também cultivar alimentos em épocas de estiagem e para a criação de animais. Essa proposta da ASA,


e Fato PE

Recife, 04 a 10 de agosto de de 2017

PERNAMBUCO l 9

ber e para alimentar o Brasil

nado em prêmio internacional como política pública de rede formada por mais de três mil organizações no Brasil e fortalecida no Programa Cisternas, em especial nos governos dos presidentes Lula e Dilma, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), foi uma das seis políticas públicas selecionadas em todo o mundo para receber o Prêmio Internacional de Política para o Futuro de 2017 (Future Policy Award), anunciada em Berlim, na Alemanha, no mês passado. “Essa experiência do Programa Cisternas foi uma iniciativa da sociedade civil de provocar o governo a repensar as políticas para o Semiárido, e que teve um ganho na relação Estado e sociedade em sua formulação”, afirma Alexandre Henrique Pires, coordenador da ASA em Pernambuco. Produção de alimentos As cisternas de placas e outras tecnologias sociais de captação de água de chuva implementadas pela sociedade civil atende a zona rural de municípios do Semiárido, o que significa que incrementa a produção da agricultura familiar. No Brasil, a agricultura familiar é responsável por cerca de 70% da alimentação que chega nas mesas de toda a população do país. No entanto, o que o governo não-eleito de Michel Temer tem implementado são cortes de recursos em ações de incentivo à agricultura familiar e reformas na legislação, o que tem refletido diretamente na perda de direitos duramente conquistados através

de luta pelo povo brasileiro. Com as ações de convivência com o Semiárido não têm sido diferente, cortes de recursos têm sido realizados em ações estruturantes de convi-

O agricultor Iranildo José Cavalcante, do Sítio Cal, também em Ouricuri, tem cisternas que acumulam água para o consumo humano, mas também para garantir Fred Jordão / Arquivo ASA

mesas da população e que garante também uma alimentação mais saudável, já que não utiliza venenos na plantação. Sobre a diminuição de recursos para ações de convivência com o Semiárido, como a implementação de cisternas, Iranildo avalia como muito ruim para quem vive no Semiárido brasileiro e ainda faz um alerta: “Em vez de diminuir as verbas para

grama Cisternas significa a ampliação das possibilidades de retorno do Brasil ao Mapa da Fome. Podemos voltar a uma situação de extrema pobreza e uma situação de fome da população que vive nesse território [Semiárido]. É importante ressaltar que de 2016 para 2017 a gente acentua essa redução dos recursos para o programa de cisternas”, diz. A redução de re-

A redução do recursos do Programa Cisternas significa a ampliação das possibilidades de retorno do Brasil ao Mapa da Fome

Luiz Gonzaga Silva é agricultor de Arcoverde (PE) vência com a região semiárida, ou seja, políticas que permitem que a população tenha condições de produzir e viver no clima Semiárido, com ações específicas e adaptadas ao clima, já que não se combate a seca e, sim, se aprende a conviver com o clima.

sua produção de alimentos. Ele produz ervas medicinais, coentro, tomate e outras hortaliças. Todas utilizando a água da cisterna em épocas que não chove. E também cria animais: caprinos, ovinos e galinhas. É a produção de agricultores como Iranildo que chega nas

cisternas, é necessário aumentá-las. E em vez de colocar água para ser distribuída em carros-pipa, porque essa é uma forma de comprar votos muito utilizada por políticos que se aproveitam para que a pessoa troque o voto em água, que se investisse os recursos em outras cisternas que melhorava muito a vida dos agricultores”. Alexandre Pires explica que o montante de recursos para o Programa Cisternas teve uma diminuição já entre os anos de 2015 e 2016. No entanto, essa redução tem se acentuado no último ano e isso pode refletir no aumento dos índices de pobreza no país. “A redução de recursos do Pro-

cursos tem impactado várias áreas essenciais para a população do Brasil. Além das reformas que têm atingido diretamente as conquistas da classe trabalhadora. “Nós da ASA vemos com bastante preocupação esses retrocessos que a gente encontra no Brasil, seja pela diminuição dos recursos do Programa Cisternas, pela diminuição de programas estratégicos como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que ajudou significativamente para a redução da fome no Brasil, seja a redução de recursos de programas de educação, pela reforma trabalhista e a reforma da previdência, que está aí para ser aprovada”, afirma Pires.


CIDADES I 10

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Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

Na zona norte do Recife, uma sorveteria de sabores e memórias

SORVETE. Técnica de sorvetes artesanais de Casa Amarela é tradição familiar há 80 anos Marcos Barbosa

Sorvetes. Para Max Pina, é uma forma de homenagear a história do pai: “O processo do sorvete no Brasil passa por Pernambuco, passa por Humberto Pina”, declara.

Sobremesa artesanal

Os preços da sorveteria estão dentro da média comercial. Por exemplo, o milkshake de chocolate, na taça de 500ml, custa R$10.

Marcos Barbosa

o popular bairro de N Casa Amarela, um dos maiores comércios da cidade do Recife, se encontram os mais saboro-

rioca que lhe ensinou a técnica de refrigeração e de fabricação de sorvete. No ano de 1945, Humberto fundou a Sorveteria Bacana. Nesse período, desafiou-se a inventar

O processo do sorvete no Brasil passa por Pernambuco, passa por Humberto Pina sos sorvetes da cidade. Escondidos numa garagem do condomínio residencial Parque Dom Luiz, os famosos Sorvetes Artesanais são tradição familiar, desenvolvida pelo sorveteiro Humberto Pina, que atravessa gerações. Tudo começou ainda em 1940, quando Humberto Pina, nascido em Aracaju, mudou-se para o Recife com sua família. Homem curioso e apaixonado pela cidade, costumava ir ao porto do Recife para trocar experiências com os viajantes. Nessas visitas, conheceu um ca-

novas receitas. Muitas delas se tornaram populares e vendem até hoje, como os sabores nata goiaba, delícia de abacaxi, banana caramelada e napolitano. Em 1975, fundou, em Casa Amarela, a Tio Beto Sorvetes, no Edifício Horasalda da rua Dona Ana Xavier. Humberto trabalhou até o ano 2000, quando veio a falecer, o que levou sua viúva, dona Aurora, e os filhos Max e Isaac a mudarem a sorveteria para a garagem de casa. No entanto, a família irá voltar, ainda este ano, para o antigo local da Tio Beto

Na sorveteria da família Pina, o sorvete é feito em casa a partir da técnica artesanal. “Humberto, ainda em 1940, já tinha a preocupação de fazer um sorvete 100% natural e priorizando a qualidade do produto”, conta Max, afirmando que é preciso manter o sabor fiel dos ingredientes. Preocupado em passar o segredo da família para as gerações futuras, Humberto foi ensinando aos filhos todas as etapas que envolviam o processo de confecção dos sorvetes. Acompanhado da família, ia às feiras populares e mostrava como escolher frutas frescas. Em casa, fazia o descarte e limpeza dos frutos, a maturação do leite, conservação e pasteurização. “A gente veio acompanhando desde criança”, lembra Max. Hoje em dia, os ensinamentos do sorveteiro são mantidos à risca pelo filho e por dona Aurora. A fabricação é feita a partir das frutas ainda frescas. Para isso, a família organizou uma tabela, com a época da colheita de cada fruta. A casquinha comestível também é feita artesanalmente. Os mais de 40 sabores, entre eles: açaí, atemoia, sapoti, pistache, creme russo, cappuccino, coco queimado, mesclado, entre tantos outros, atraem todos os gostos.

Histórias freguesia

de

Com tantos anos de tradição, os sorvetes atraem clientes não só pelo sabor, mas também por conta da história. As delícias da família Pina marcaram gerações e são parte da memória afetiva de muitos recifenses. É o caso do representante de vendas Wellington Alves, que, há mais de 10 anos, conhe-

so, cliente desde quando era Tio Beto Sorvete. Pollyana conta que o sorvete artesanal, muito conhecido no bairro, atrai também muita gente de fora. “É um sorvete maravilhoso, todo mundo gosta. O que eu mais tomo é o sabor toffee, que é doce de leite, com pedaços de chocolate. Eu acredito que não tem nenhum sabor de sorvete que eu não goste”, afirma. A filha de Pollyana, TaMarcos Barbosa

Max Pina é um dos filhos de Humberto e mantém a tradição familiar de sorvetes artesanais

ceu a sorveteria e ficou encantado com o sabor.

tiana, também cresceu rodeada pelos sabores da

As delícias marcaram gerações e são parte da memória afetiva de muitos recifenses “O sorvete que eu mais tomo é goiaba e leite condensado. Sempre repito. Ou, então, beijinho de coco”, conta, enquanto se delicia com um sundae. Quem também é freguesa fixa da família Pina é a esteticista Pollyana Velo-

sorveteria, mas o neto Luca ainda não provou nenhum sabor, porque ainda é bebê. Entretanto, a mãe já sabe qual vai ser o primeiro a oferecer: “O de serenata de amor, que é o que mais gosto, com pedaços do chocolate”, conta.


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ENTREVISTA l 11 ENTREVISTA l 11

Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

“Há muitas lutas e resistências. Os trabalhadores estão indo para cima”

CONJUNTURA. João Paulo Rodrigues fala sobre a influência internacional no golpe no Brasil Catarina de Angola

Catarina de Angola,

de Caruaru

oão Paulo RodriJ gues, da direção nacional do Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), conversou com o Brasil de Fato Pernambuco sobre a conjuntura e os componentes da política e economia internacional que influenciaram os rumos na política brasileira que resultaram no golpe. Ele ainda apresenta três elementos essenciais para que trabalhadores e trabalhadoras vençam a luta na busca pela democracia e retomada dos direitos. A entrevista foi concedida no mês de julho, durante o Congresso Estadual da Central Única dos Traba-

a entrevista foi concedida durante o Congresso da CUT-PE, em Caruaru

tuação internacional também adversa para a classe trabalhadora de retirada de direitos. Com a crise de 2008, os grandes capitalistas reorganizaram a sua forma de exploração no mundo. Então, precisou ex-

Com a crise de 2008, os grandes capitalistas reorganizaram a sua forma de exploração no mundo lhadores em Pernambu- plorar países emergenco (CUT-PE), em Carua- tes, em especial os paíru (PE). ses do Brics [Brasil, Rússia, índia e China], em Brasil de Fato - Que especial o Brasil. Houve componentes da crise uma agenda de retirada internacional influencia- de direitos, por isso uma ram o golpe no Brasil? agenda da reforma trabalhista e previdenciária João Paulo – Uma si- e a necessidade de pri-

vatização, tanto do ponto de vista dos recursos naturais, como petróleo, energia, florestas. E, no caso brasileiro, uma situação mais grave ainda é a privatização das terras para passar para o capital internacional. E por fim, uma agenda conservadora do ponto de vista da política. Todos esses componentes têm influenciado na luta política no Brasil. A parte boa e contraditória é que também há muitas lutas e resistências na América Latina, na Ásia, na própria Europa, os trabalhadores estão indo para cima. O capitalismo não tem dado alternativas para suas crises, ou seja, tem se afundado em vários lugares do mundo. Evidentemente que num caso ou outro eles têm sucesso mas, na sua grande maioria, têm problemas. E do nosso campo há uma disponibilidade de luta, de fazer enfrentamento. Construir alternativa de governo popular, como é o caso da Bolívia, do Equador, como

foi o caso aqui no Brasil, e ao mesmo tempo construir uma agenda que possa não só resolver os problemas da economia, mas também da políti-

mas da política, em especial nos Estados Unidos e na Europa. E no caso do Brasil é uma tragédia, retrocesso. Essas três bancadas juntas têm 350 deputados. São eles que fazem a reforma e eles que fizeram o golpe. Eles são os sujeitos do golpe no Brasil.

Só a luta nos salva. BdF - E para Nós temos enfrentar isso, caminhos que enfrentar, que seguir? e a luta está João Paulo três grandes num patamar Há caminhos. Primeiro, organide conflito zação dos trabaca, enfrentar o racismo e enfrentar a homofobia. Então são temas internacionais que influenciam o Brasil e acho que também vão nos servir para fazer uma luta a nível internacional. BdF - Quem são esses sujeitos que compõem a bancada golpista? João Paulo – De modo geral, a classe média foi quem formou uma geração de golpistas, em especial a que está no serviço público, no judiciário, que tem tido uma ofensiva grande; os meios de comunicação capitaneados pela Rede Globo e, claro, os grandes deputados da bancada ruralista, da bancada da bala e, pasmem, da bancada evangélica. Historicamente, os evangélicos foram progressistas, por vários te-

lhadores: nós temos que chegar aos camponeses, aos operários, ao povo pobre do Brasil. Eles têm que ouvir a nossa fala e não a fala da Rede Globo. Então isso tem que ter um processo organizativo mínimo. Segundo, ter um projeto que nos dê unidade. Eu preciso defender a mesma coisa que a CUT [Central Única dos Trabalhadores], que a Marcha Mundial das Mulheres, que os estudantes, que os Sem Terra. E isso tem que se consolidar, tem que ser elaborado coletivamente. Por fim, luta. Só a luta nos salva. Nós temos que enfrentar, e a luta está num patamar de conflito. Mas nós temos que organizar o conflito, se não nós podemos perder companheiros presos, porque eles [golpistas] são raivosos e vão tentar nos criminalizar.


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CULTURA | 12

O que tu indica?

Brasil de Fato PE

Lutadora do Povo

A Rosa do Povo de Carlos Drummond de Andrade

A

os amantes de poesia e política, indico “A Rosa do Povo”, de Carlos Drummond de Andrade: uma coletânea de 55 poemas que retratam a personalidade do poeta, o erotismo, o cotidiano e a História, com alta carga política. Com poemas escritos em meio à Segunda Guerra Mundial e à Era Vargas, publicada em 1945, a obra registra o momento histórico, mas transcende a época retratada e mostra-se atual. Exemplo irônico de um poema que representa outrora, sem deixar de refletir a atualidade é “Nos-

so Tempo”, que é dividido em oito partes e começa falando da cisão ideológica daquela época – ou desta, como queiram: “Este é tempo de partido/ Tempo de homens partidos”. E finaliza: “O poeta/ declina de toda responsabilidade/ na marcha do mundo capitalista/ e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas/ promete ajudar/ a destruí-lo/ como uma pedreira, uma floresta,/ um verme.” O poema “A Flor e a Náusea” é outro que merece atenção. “Preso à minha classe e a algumas roupas,/ vou de branco pela rua cinzenta./ Melancolias, mercadorias espreitam-me./ Devo seguir até o enjoo?/ Posso, sem armas, revoltar-me?”/ (...) “Sentome no chão da capital do país às cinco horas da tarde/ e lentamente passo a mão nessa forma insegura./ Do lado das montanhas, nuvens maciças avo-

lumam-se./ Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico./ É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.” O autor narra um mundo em que tudo é igualado a mercadoria e provoca-o angústia ou náusea. E, apesar de tanto desencanto, o nascer de uma rosa reflete o desabrochar de um mundo novo. A época de produção da obra também foi um período em que Drummond se aproximava de Luís Carlos Prestes e flertava com os ideais comunistas. O lirismo da guerra se faz presente, assim como os ideais de justiça e solidariedade, sem deixar de falar dos afetos e do passado familiar. Não raro ouço ou leio que esta é a melhor obra de Drummond, não discordo. A Rosa do Povo é uma obra sensacional e merece ser lida. Marcelo Montanini é jornalista e mestrando em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa.

AGENDA CULTURAL música

Bazar

música

Coco em Xambá

Ritmo pernambucano

Bazar Feminista

N

N

A

este domingo (06.08), a partir do meio-dia, acontece o Coco do Mamão da Xambá – ano III, com homenagem aos 70 anos de coco da Mestra Ana Lúcia. O evento será no antigo Espetinho dos Playboys Lisos (Por trás do TI Xambá) e contará com várias atrações e mestres do coco. A entrada é de 1 kg de alimento ou R$ 5.

este sábado (05.08), Isaar se apresenta no Espaço Cobogó (Espinheiro), acompanhada por Rama Om , Deco do Trombone e Júnior Dojarro. O repertório mescla canções dos seus três álbuns, releituras e traz novidades. A abertura ficará por conta de Marília Parente. O evento começa às 16h e a contribuição é de R$ 15.

Marcha Mundial das Mulheres realiza, neste sábado (05.08), seu II Bazar Feminista, na Rua Capitão Aurélio de Araújo, 191, Iputinga (próximo ao Extra). A atividade terá feijoada, cervejinha e muita música. O evento começa às 10h, com feijoada a R$ 5 e, às 14h, será realizada roda de conversa.

Margarida Alves paraibana Margarida Maria Alves foi A uma sindicalista e defensora dos direitos humanos brasileira. Nascida em

Alagoa Grande, no dia 5 de agosto de 1933, era a filha mais nova de uma família de nove irmãos. Foi a primeira mulher eleita para a presidência do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, no ano de 1973. Em sua militância, foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho regional, batendo de frente com os interesses dos donos da Usina Tanques, a maior usina de açúcar do Estado, e de alguns “senhores de engenho”, remanescentes do período em que os engenhos dominavam a economia açucareira. Logo após completar 50 anos de idade, 10 deles de luta incansável pelos direitos básicos dos trabalhadores rurais do Brasil, foi brutalmente assassinada, no dia 12 de agosto de 1983. O assassinato de Margarida continua impune. Após sua morte, Margarida tornou-se um símbolo político e representativo das mulheres trabalhadoras rurais. Em 2000, deu seu nome à “Marcha das Margaridas”, mobilização que já teve cinco edições e reúne milhares de mulheres trabalhadoras rurais em Brasília.


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Variedades CULTURA l| 13 13

Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

Vilma Reis: “Nós, mulheres e homens negros, estamos na linha de tiro” NEGRA SOY. Vilma Reis é socióloga e baiana de Nazaré das Farinhas Jamile Araújo

Elen Carvalho e Jamile Araújo,

de Salvador (BA)

Vilma Reis, socióloga e ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia, recebeu a reportagem na sede da Defensoria. A agenda intensa de trabalho e atividades com outras mulheres negras não foi impeditivo para que ela conversasse conosco sobre a sua trajetória. A entrevista não começou, no entanto, sem que ela quisesse saber das duas jovens comunicadoras negras que estavam diante dela. E lembrou das mulheres que estão produzindo no ramo da comunicação, mas que ainda não são reconhecidas.

Vilma, que está há 30 anos na luta em defesa das mulheres negras, dos direitos LGBTs, da juventude negra e da população quilombola, trouxe uma análise de conjuntura detalhada e precisa das condições de vida da maioria da população desse país e apontou desafios. A precisão das suas reflexões demonstra a lida antiga com os problemas do povo.

MILITÂNCIA Comecei no Movimento Estudantil com 15 anos de idade. Estávamos saindo da ditadura militar, um momento extremamente difícil no Brasil. E foi por meio do movimento em defesa da esco-

Deputados pernambucanos que VOTARAM CONTRA A INVESTIGAÇÃO SOBRE O CORRUPTO MICHEL TEMER

ADALBERTO CAVALCANTI (PTB)

la pública, algo tão libertador para mim, que cresci no interior da Bahia, em Nazaré das Farinhas. Lá era onde ouvia da luta dos meus tios e do meu pai, que eram todos sindicalistas da rede ferroviária. E cresci com uma avó muito forte, uma mulher que nasceu no dia 6 de janeiro de 1911, por isso que eu sou “Reis”. É dali que minha avó dá sobrenome a toda família. E cresci com essa avó que me dizia: “Eu estou limpando a casa dos brancos, eu estou catando pimenta de ganho, mas você tem obrigação de ser doutora”.

VIDA ACADÊMICA Digo sempre que a nossa presença no ambiente acadêmico deve ser de enfrentamento à injustiça cognitiva, ao epistemicídio e a este bloqueio cognitivo que a narrativa da “casa grande” historicamente tem sobre nós. Então a nossa posição desde sempre precisa ser de descolonização. A universidade que a gente propõe é um projeto acadêmico de ruptura. E essa ruptura passa por aquilo que a gente chama de enfrentamento à “Biblioteca Colonial”. Não é possível constituir uma universidade libertadora, no con-

AUGUSTO COUTINHO (SD)

BRUNO ARAÚJO (PSDB)

texto das Américas, sem levar em conta quem somos nós, o que nós pensamos. Trago a referência de Lélia Gonzalez que, ao fazer seu

vozes desses sujeitos, batalhamos para que essas pessoas se fortaleçam, se levantem e se coloquem. Lembrar e levar em conta, quando formos fazer nossos materiais, que muita gente foi expulsa da escola por conta da transfobia, da misoginia e do racismo. O Eu estou segue com essa ferilimpando a casa Brasil da em carne viva que é o rados brancos, eu cismo, a misoginia e a lgbestou catando tfobia. O desprezo às pessoas que usam fio de conpimenta de de orixá, o desprezo com ganho, mas você ta a nossa forma de falar aqui tem obrigação de no Nordeste, sem levar em conta nossa diversidade. A ser doutora gente precisa apostar no tratexto clássico “Racismo e balho de base, entender que, sexismo na cultura brasilei- às vezes, tem um beco em que ra”, nos lembra que nossa ta- não passa uma geladeira, mas refa, em muitos momentos, passa nossa esperança todo é subverter a ordem, partir dia de vencer. Investir no trapara a desobediência a uma balho de base, investir na liacademia que tenta enqua- bertação do pensamento, fadrar todo mundo. zer com que cada vez mais o nosso povo tenha acesso a outros conteúdos e desligue essa RESISTÊNCIA televisão que é “daltônica” A primeira coisa é não de- num país com diversidade rasistir das lutas. A outra coisa cial, multicor. Ou a gente peié pensarmos muito em com ta esse projeto genocida que quem, onde e quando faze- está na comunicação, que está mos alianças. Porque o pro- no mercado de trabalho, que jeto que defendemos tem está na ação covarde das polípoucos aliados. Não quere- cias, ou a gente não tem como mos pessoas substituindo as seguir.

EDUARDO DA FONTE (PP)

FERNANDO FILHO (PSB)

SEBASTIÃO OLIVEIRA (PR)

ZECA CAVALCANTI (PTB)

FERNANDO MONTEIRO (PP)

JORGE CÔRTE REAL (PTB)

LUCIANO BIVAR (PSL)

/bancariospe MARINALDO ROSENDO (PSB)

MENDONÇA FILHO (DEM)

RICARDO TEOBALDO (PODEMOS)

www.bancariospe.org.br


14 | VARIEDADES

Apresentacao

Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

De Folguedo 2015do a 2017, um grupo de mulheres agricultoras do Polo da Validade Ativista Ouros e Bomba inSábado de Aleluiaparticipou de uma lei Borborema do Projeto de Melhoramento daspolonesa Cozinhas para o copas cendiária Partidário Tochas; Elemento e uma das (baralho) exaltado archotes Pintura fundadobeneficiamento de produtos dagelatinosa AgriculturadaFamiliar. ras do Partido Comunista Alemão

Ilhas chilenas ameaçadas pelo turismo

C encontros municipais Durante esses anos, foram realizados diagnósticos, Abalo (?): que foram e territoriais, onde as mulheres puderam resgatar receitas O tiveramterremoto (Geofís.) aprendidas com suas mães ou avós. As mulheres a oportunidade Semente Em prisdeandina lembrar o sabor da infância,casresgatando com ele os momentos em (?): rica em no passaR que saboreavam as histórias de família e como aprenderam aquela ômega-3 do (poét.) Rudolf receita. Nureyev, bailarino russo

Bolo de macaxeira, pé-de-moleque assado na palha de bananeira, colorau, beiju assado debaixo da farinha, farofa d’água e bolo de jerimum são só algumas das muitas receitas apresentadas, que carregam Guisado (?) e de galinha salvas: lembranças e um grande conhecimento associado aos seus processos de (bras.) ilesas Tola (fig.) produção. Animal da primeira Centro Mensuro Os peixes servidos no sushi

O criador de Carlitos (Cinema)

O senhor clonagem do inferno Que tem (Mit.) asas (fem.)

comercial do Agreste sergipano

Esta cartilha pretende socializar os momentos de troca e de Glândula responsável pela maturação aprendizagem entre as mulheres.dos linfócitos-T Hidrogênio (símbolo) Jovem a serviço do cavaleiro medieval

Graduado em curso universitário Peça de artilharia que atira granadas (?) de Souza, governador-geral do Brasil

Imitara com intenção dolosa Designado para executar uma tarefa específica (latim)

Triture Embarcação como a piroga

Rocha, em francês Indicador econômico

“(?) e Beijos”, seriado da Globo

Seguidor; acólito

3/roc. 5/ad hoc. 6/xinxim. 7/assecla. 9/itabaiana.

17

Solução

P A H C G

M F A A L C H H A O Ç S Ã O A D L E A J D U A D A A S

L H O S

N V R N A T I C O A P A G O S I A E R A P L I N L E M C R U S X I N X V EL H A E E S TI M R A H C A B O B U EM T E R A R O C I G M C AN O E C L A

S A P A T C O IM

S I S

BANCO

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VARIEDADES l15 15

Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

Doce de Mamao

Ingredientes 5 Mamões verdes 1 Coco 5 Rapaduras médias pretas Cravo, canela e erva doce a gosto

Orgasmos múltiplos existem mesmo ou isso é lenda? Fátima Teodoro, 29 anos, estagiária.

MODO DE PREPARO: Primeiro pegue um mamão limpo, descasque, lave para tirar o leite e rale. Cozinhe. Quando estiver cozinhando, escorra e acrescente a rapadura, o coco, o cravo, a canela e a erva doce.

Receita de:� Edna Pereira da Costa Casserengue

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Cartilha cartilha editada pela AS-PTA - Receitas da Vovó, do grupo de mulheres agricultoras do Polo da Borborema

uerida Fátima, orgasmos múltiplos existem sim, porém, são pouco viQ venciados pelas mulheres. Há muita diversidade de pensamento entre os profissionais que lidam com a sexualidade. Alguns acreditam que to-

das as mulheres podem ter orgasmos múltiplos (orgasmos em sequência, com intervalos de segundos ou minutos). Outros já dizem que somente algumas mulheres chegam a esse ponto. Acredito que as mulheres são capazes, porém isso exige um autoconhecimento e entrega difíceis de serem atingidos nos atuais relacionamentos, ainda muito permeados pelo machismo e preconceitos. Para atingir um orgasmo múltiplo é necessário que haja estimulação continuada após o primeiro gozo, mas não há uma receita para isso. Cada pessoa tem suas preferências sexuais e isso conta muito. Acho que o mais importante é buscar atos sexuais com cumplicidade entre os parceiros, respeito, entrega, o que facilitará o prazer, independente se com um ou mais orgasmos. Além do mais, para grande parte das mulheres, o maior desafio ainda está em conseguir uma vida sexual plena e conhecer o orgasmo. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF

ESPORTES | 15

Artigo: Libertadores League

OPINIÃO. A Conmebol ignora completamente as limitações econômicas e logísticas que o torcedor sul-americano enfrenta rente da Europa. O povo europeu não tem mais a mesma qualidade de vida da época

Diego Silveira, do Brasil de Fato MG

A

o propor a final da Libertadores em partida única e campo neutro já para 2018, a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) demonstra ignorar completamente as li-

mitações econômicas e logísticas que o torcedor sul-americano enfrenta, bem como a cultura das arquibancadas locais. A proposta, que emula o padrão europeu, não passa de um projeto que apreende o futebol do ponto de vista do dinheiro. A América do Sul é muito dife-

ambiente cultural, vale mais a organização do espetáculo que a festa da arquibancada. Já por aqui, todas as finais de Libertadores, nas últimas décadas, A medida da Conmebol tiveram jogos em cada um dos estádios dos afastará ainda mais os times adversários e a emoção da torcida nas torcedores pobres tribunas importa tando Estado de Bem-Estar So- to ou mais do que o jogo em cial, mas desfruta de uma in- si. Já pensou não poder ver o fraestrutura de transportes e seu time jogando a final da Lium nível médio de renda me- bertas no seu estádio? Já penlhores que os nossos – o que sou ter que viajar quilômetros naturalmente facilita o deslo- e pagar caro para ver seu time camento entre cidades. Além na única final? Já pensou dar disso, as distâncias europeias adeus às finais épicas de ida e são inferiores às nossas. Ain- volta, nas quais ou o time da da mais importante, porém, é casa faz uma festa sem fim ou a relação torcida-estádio. Na os poucos torcedores visitanEuropa, a final única aconte- tes calam uma multidão? ce desde a primeira edição do A Conmebol conhece a situatorneio continental. Naquele ção, mas faz pouco caso. Para

ela, interessa arrecadar mais dinheiro, seja lá como for. Por isso querem fazer da final um espetáculo caro, de preferência numa cidade turística, como admitem sem pudor os dirigentes. Envergonha tanto ou mais do que a postura dos cartolas da Confederação aquelas dos cartolas dos clubes. Praticamente nenhum presidente dos times do continente se colocou contra o projeto. A medida da Conmebol, se acatada, afastará ainda mais o torcedor pobre dos estádios. No Brasil, o público nas arenas não é o mesmo daquele das velhas arquibancadas de concreto, mas o resto do continente ainda resiste à elitização. A Conmebol pode começar a colonização europeia do futebol sul-americano.


16 | ESPORTES

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Recife, 04 a 10 de agosto de 2017

GOL

NA GERAL

Solidariedade a Abel Reprodução Internet

WilliamsAguiar

Gi Ferreira

á poucos dias o treiH nador do Fluminense, Abel Braga, perdeu seu

Divulgação

Luxa vai defender Lula

Brasil busca ouro no basquete

Torneio de jiu-jitsu em Caruaru

domingo (06.08) até técnico do Sport, Vaneste domingo (06.08), D o dia 13 a Seleção fe- Oderlei Luxemburgo, No Sesc Caruaru receminina de basquete joga está entre as 81 testemu- be a 1ª etapa do Circuito o

a America Cup, na Argentina. São 10 equipes divididas em dois grupos. No Grupo A, o Brasil enfrenta Venezuela (06.08), Colômbia (07.08), Ilhas Virgens (08.08) e Argentina (10.08). A Seleção feminina é a 8ª no ranking mundial e uma das favoritas ao título, junto a Canadá (6ª) e Cuba (14ª). As três medalhistas na competição ganham vaga no Mundial 2018. O Brasil tem quatro atletas do time pernambucano Uninassau: a armadora Tássia Carcavalli, a ala Tatiane Pacheco e as pivôs

nhas solicitadas pela defesa do ex-presidente Lula e de seu filho Luiz Cláudio em processo da Operação Zelotes, sobre um suposto esquema de tráfico de influência na compra de 36 aviões caças suecos por parte do Governo Federal. Luxa é filiado ao Partido dos Trabalhadores, amigo pessoal de Lula e filho de uma família de comunistas que precisou se exilar durante a ditadura. Por mais de uma vez o treinador teve o nome especulado para candidaturas ao Congresso.

PERSISTÊNCIAS Filipe Spenser

filipespenser@gmail.com

DE PLACA

Pernambucano de Jiu-Jitsu. As disputas têm início às 11h da manhã em sete categorias, desde o infantojuvenil até absoluto e sênior, tanto masculinas como femininas. As inscrições se encerram nesta sexta-feira (04.08), com taxas de R$ 40 a R$ 80, a depender da categoria. O evento é organizado pela DC Pro Sports, empresa nova no ramo, se propondo a disseminar o jiu-jitsu no estado através de outras etapas do circuito. Mais informações pelo telefone: (81) 9914.90281.

filho caçula, de 18 anos. Apesar da dor, o técnico decidiu voltar aos trabalhos, treinou o elenco do Flu e nesta quarta (02.08) veio ao Recife comandar a equipe diante do Sport. Ao entrar no gramado da Ilha, Abel foi aplaudido de pé pela torcida rubro-negra, em demonstração de solidariedade pela perda de Abel, que agradeceu e se emocionou com o gesto. No início da carreira como treinador, Abel Braga treinou o Santa Cruz e levou a equipe ao título Pernambucano de 1987.

GOL

contra

CBF passa a perna em árbitros Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está senA do processada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por não pagar direitos de imagem referentes aos

árbitros. Os patrocínios que vemos nos uniformes dos árbitros são negociados pela CBF com empresas como Sky e Semp Toshiba, mas sem participação da entidade que representa os árbitros, a ANAF, e sem que a CBF faça qualquer repasse de verba para os árbitros. O MPT diz que os profissionais têm direito a 80% da verba. Quem vai decidir é a Justiça do Trabalho. Estudo do MPT mostra que árbitros costumam ter mais aparições na TV do que qualquer atleta em campo durante a transmissão do jogo.

ESTÁ TUDO ERRADO Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com

CONSEQUÊNCIA Daniel Lamir

daniel.lamir@brasildefato.com.br

Náutico tem sido um clube persistente em stive tentando digerir a situação do Santa ontra o Fluminense, pelo menos o relógio esO vários aspectos. De um lado, persiste em ECruz nas últimas semanas, especialmente Ctava errado. O time só percebeu que estava gestões desastrosas, sem responsabilidade fi- após a derrota para o Paraná, da forma que foi, e em campo 15 minutos após o apito inicial. O que nanceira, incompetentes no futebol e mantendo, injustificadamente, os jogos na Arena dos Problemas. Por outro lado, no último jogo, o time persistiu e não tirou a esperança da torcida alvirrubra. Após a frustrante derrota em casa frente ao Criciúma, que rendeu a saída do treinador, o Timbu conseguiu um resultado inesperado e necessário – uma proeza: ganhou, fora de casa, do então vice-líder da competição, o Vila Nova-GO. O novo treinador, Roberto Fernandes, notório alvirrubro, tem no currículo três passagens em que livrou o Náutico de rebaixamentos: em 2007 e 2008, na Série A, e em 2010, na Série B. Que ele persista assim e consiga mais esse feito. A torcida agradece.

para o Paysandu. Não consegui. Como pode um clube de futebol profissional tropeçar nos próprios pés e descer ladeira abaixo desse jeito? As séries “C” e “D” não nos ensinaram nada? Tantos anos em situações lamentáveis, com campeonato suspenso, campos de jogo terríveis Brasil afora... e o Santa Cruz nada aprendeu? Cadê o time de guerreiros? Cadê a diretoria que havia aprendido lições? E cadê a torcida que se diz a mais apaixonada do Brasil? Ela, que sempre carregou o Santa Cruz nas costas, precisa reagir e voltar a cobrar, reaparecer nas arquibancadas. A promessa é que um mês de salários atrasados seja pago até esta sexta-feira (04.08). Na próxima semana o outro mês.

houve no apagão? Uma coisa é certa: concentração faltou e muito. Pareceu um deja-vú do início do jogo contra o Vitória, na Ilha, neste mesmo Brasileirão. Erros em passes de dois metros, jogadores de defesa batendo cabeça em lances bobos. Enfim, muita correria, pouco juízo. Menos mal porque o time se acertou depois. O empate foi consequência. Mas a virada esteve bem perto. Menos mal ainda é que, tirando a sonolência do início, o padrão Luxa foi mantido no restante do jogo. Time ofensivo e organizado. Além do jogo, o importante é que esse tal padrão permaneça constante. Assim, Libertadores vira consequência. O desafio são as quase vinte rodadas restantes.


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