Edição 43

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ENTREVISTA | 11

CULTURA | 12

Pernambuco

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

ano 2

edição 43

Arquivo pessoal

Myllena Santos Moradora do Ibura e militante do Levante Popular da Juventude fala sobre os desafios da juventude periférica no acesso a Universidade

PH Reinaux

Especial Confira o ensaio fotográfico “O trabalho dos trilhos” de PH Reinaux

distribuição gratuita

Trabalhadores cobram posição de Paulo Câmara sobre Copergás Sindipetro PE/PB

OPINIÃO | 02 Editorial

No Brasil, a classe trabalhadora também é mulher e negra e sofrem com a opressão e exploração cotidianas

MUNDO | 07 Venezuela

País reivindica certificação da segunda maior reserva de ouro do mundo

ESPORTES | 15 Luta Há 49 anos, o pódio mais emblemático das Olimpíadas marcou o esporte mundial


2 | OPINIÃO

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

Brasil de Fato PE

EDITORIAL

No Brasil, a classe trabalhadora também é mulher e negra VIOLÊNCIA. 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil em 2017, até o momento, eram negras.

esse momento em N que um golpe se realiza no Brasil, é possível

cer que pelo simples fato de ser mulher e negra, estas estão sujeitas a violências como assédio sexual e moral, estupro, tráfico, exploração. Muitas chegam a compor as terríveis estatísticas de morte, hoje caracterizado como feminicídio.

perceber com mais clareza a estrutura do sistema de desigualdades que marcam a sociedade brasileira. Porém, não é mais possível fechar os olhos para o fato de que o sistema de desigualdades combina as múltiplas Segundo a Organização

É preciso falar sobre a vida das mulheres em especial as mulheres negras formas de discriminação, em especial a discriminação de raça, gênero e classe, retroalimentando os preconceitos e os crimes que afetam de maneira mais profunda alguns sujeitos que compõem este povo. É preciso falar sobre a vida das mulheres, em especial as mulheres negras. Reconhe-

Mundial da Saúde (OMS), a taxa de feminicídios no Brasil é de 4,8 para 100 mil mulheres, ocupando o lugar de quinta maior no mundo. Além disso cresceu também a proporção de mulheres negras entre o total de mulheres vítimas de mortes por agressão, passando de 54,8% em 2005 para

65,3% em 2015. Isso significa que 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil neste ano eram negras. Enquanto a mortalidade de mulheres não negras teve uma redução de 7,4% entre 2005 e 2015, atingindo 3,1 mortes para cada 100 mil mulheres não negras, abaixo da média nacional -, entre as mulheres negras houve um aumento de 22%, chegando à taxa de 5,2 mortes para cada 100 mil mulheres negras, acima da média nacional. A participação feminina no mercado de trabalho é estanque, oscilou em torno dos 54-55%, o que significa que quase metade das brasileiras em idade ativa está fora do mercado de trabalho. Ou seja, o aumento da ocupação das mulheres em relação aos homens no campo educacional não reflete no mercado de trabalho, mantendo os homens brancos no topo da pirâmide e a base pelas mulheres negras. Mais de 90% das mulheres realizam atividades

Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Elen Carvalho e Vinícius Sobreira Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Alan Tygel Revisão: Mariana Reis|Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine|Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 20 mil Exemplares

domésticas, ou seja, as mulheres ocupadas continuam se responsabilizando pelo trabalho do-

anos passou de 23% para 40% e, em sua maioria, essa chefe de família é a mesma mulher negra tra-

Não há luta emancipatória sem o enfrentamento das lutas estruturais méstico não-remunerado, a chamada “dupla jornada”. Pode se afirmar que embora homens e mulheres produzam bens e/ou serviços necessários para toda a sociedade, a jornada total média semanal das mulheres superava em 7,5 horas a dos homens (53,6 horas semanais a jornada média total das mulheres e 46,1 a dos homens). Na contramão desses dados estarrecedores, observamos que o crescimento da proporção de domicílios “chefiados” por mulheres nestes 20

balhadora. Datas como o 08 de março (Dia Internacional da Mulher) e o 25 de novembro (Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher) são calendários de luta e de organização das mulheres que, além das lutas cotidianas, dão uma grande contribuição ao pensamento social e político da atualidade, ao afirmar não há luta emancipatória sem o enfrentamento das lutas estruturais contra o machismo e o racismo, bases da opressão e exploração das elites.


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GERAL l 3

Frase da Seman a

mandou

BEM

A vida humana não pode se resumir a trabalhar, pagar contas e fazer dívidas, como propõe o capitalismo

José Eduardo Bernardes/BdF

Mídia Ninja

Pepe Mujica durante a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, em Montevidéu.

MTST ocupa Leblon o último dia 19 de novembro, N o Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupou a

Porque o povo negro continua em marcha?

praia do Leblon, no Rio de Janeiro. A praia é a região com metro quadrado mais caro da cidade. A ocupação é uma das atividades de celebração do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro.

mandou

MAL

negro é hoje maioria da população e está em grande parte na zona rural e na periferia. Essa Opovo população resolve sair em marcha no dia 20 de novembro pra garantir seus direitos, se fortalecer e se afirmar casa vez mais como merecedores desses direitos.

Reproduçã

Josinaldo Cícero da Silva, produtor cultural.

Contribua com a construção de um mundo mais justo e saudável para pessoas do campo e da cidade doando para o Centro Sabiá!

Sem 13º

M Caixa Econômica Federal Banco Número: 104 Agência: 0923 Operação: 013 Conta Poupança: 17341-0 CNPJ: 41.228.651/0001-10

ais de 1,5 milhões de servidores estaduais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Norte podem ficar sem o pagamento. A crise orçamentária nos estados é reflexo da crise econômica. Até agora, o Ministério da Fazenda não se posicionou sobre a possibilidade de ajuda aos cofres estaduais.


4 | GERAL Mundo

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Sustentabilidade no Campo

O

Reprodução/Centro Sabiá

Assentamento Normandia, em Caruaru, sediou do dia 20 a 23 de novembro o Seminário Caminhos para a Sustentabilidade no Campo, organizado pelo Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá. Fruto de três anos de Assistência Técnica em Extensão Rural (ATER) e vivência agroecológica no Sertão, Agreste e Zona da Mata para 300 agricultores e agricultoras, o seminário também debateu temas como a presença da mulher, juventude, práticas agroecológicas e segurança alimentar. A programação contou com o lançamento da Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico, da Rede Feminismo e Agroecologia do Nordeste; exposição dos produtos das feiras agroecológicas no Marco Zero de Caruaru e mesas de debate.

ESPAÇO SINDICAL Eleições para a nova diretoria do SINTEPE Sintepe

Sindicato dos TrabaO lhadores em Educação de Pernambuco realiza

eleições para nova diretoria nos dias 23 e 24 de novembro. Foram instaladas 109 urnas, entre fixas e volantes. Os trabalhadores em educação sócios do SINTEPE desde agosto de 2017 podem votar apresentando um documento com foto e assinando seu nome na lista de votação. Caso seu nome não conste na lista de votação, o sócio deverá apresentar o contracheque que comprove sua filiação. Você, trabalhador em educação do estado de Pernambuco, não deixe de votar, seu sindicato fica mais forte com a sua participação.

Assembleia do SINDIPETRO na Refinaria Abreu e Lima sindipetro PE/PB

correu nesta quinO ta-feira (23.11) pela manhã a Assembleia na

Refinaria Abreu e Lima com os trabalhadores administrativos da Engenharia e do turno grupo 1, onde foi aprovado, por ampla maioria, o indicativo de greve por tempo indeterminado em caso de qualquer redução de direitos dos trabalhadores da refinaria. A conclusão do acordo coletivo de trabalho (ACT) deverá contemplar os trabalhadores da Petrobras e de todas as subsidiárias com renovação e validade por dois anos, contemplando também o termo aditivo, com as salvaguardas contra a reforma trabalhista.

Brasil de Fato PE

Festival celebra Dia da Consciência Negra a última segunda (20.11), o Dia da Consciência N Negra foi marcado em Petrolina com a segunda edição do Festival Afrocoletividades. Organizado

pela Rede de Mulheres Negras de Petrolina, o festival traz uma agenda de programação diversificada, com a participação de coletivos, produtores e artistas voltados à discussão sobre a questão negra na sociedade. O evento, além da programação cultural, tem uma agenda política de enfrentamento ao racismo. Realizado na concha acústica da cidade de Petrolina, o evento teve uma programação diversificada, com oficinas, apresentações culturais, feirinha afro e rodas de conversa. O evento segue durante todo o mês de novembro com outras programações.

Direitos de Fato O silêncio dos inocentes art. 5º, LXIII da Constituição Federal assegura aos acusados ou O indiciados, em todas as fases procedimentais (extrajudicial ou judicial), o direito ao silêncio. Isso quer dizer que, caso o agente

seja suspeito de algum ato ilícito e seja intimado para depor na delegacia ou na justiça, a autoridade deve advertir que o acusado possuí o direito de nada dizer. Caso não haja tal advertência, a prova poderá ser posteriormente anulada. É importante pontuar que, diferentemente do que as autoridades – principalmente as policiais – tentam fazer parecer, caso o agente suspeito do crime nada fale, seu silêncio não poderá ser confundido com confissão e nem mesmo será utilizado em seu desfavor no momento de análise das provas produzidas. É a aplicação prática do direito da não autoincriminação, da defesa ampla e da presunção de inocência do acusado, princípios fundamentais para o Estado Democrático de Direito e o afastamento de práticas absolutistas e arbitrárias.

Clarissa Nunes é advogada em Recife

Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173


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OPINIÃO I 5

Artigo

Artigo

Segue o desmonte do Programa Farmácia Popular

Gritaram-me negra, respondicom um sorriso

Aristóteles Cardona Júnior*

Sidney Débora Mamede* Britto*

á alguns meses, escrevi H uma série de três colunas aqui no Brasil de Fato sobre o desmonte em curso do Programa Farmácia Popular. Não foi à toa. Tal programa foi um dos

busquemos um SUS cada vez maior e do tamanho do povo brasileiro mais bem avaliados dos últimos anos, tendo sido lançado ainda em 2004, no início do Governo de Lula. De lá para cá, foram dezenas de milhões de pessoas atendidas e que puderam dar seguimento ao tratamento para doenças frequentes, como a Hipertensão Arterial e a Diabetes. Na ocasião, aproveitei o mote do fechamento das mais de 400 unidades próprias do Programa, espalhadas por todo o Brasil, e busquei contextualizar o tamanho do golpe que sofria naquele momento a população mais pobre de nosso país. Mas eis que poucos meses depois, infelizmente tenho que retornar ao tema. Se o governo Temer já acabou com a rede própria do Farmácia Popular, a finalidade agora é atingir aos cerca de 30

mil pontos do Aqui Tem Farmácia Popular, que ocorre em parceria com estabelecimentos privados e busca garantir medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto. Muito embora, vale ressaltar, estejamos nos referindo a um leque de opções já reduzido, ao compararmos com os medicamentos que eram oferecidos na Rede Própria. A intenção do Ministro da Saúde, o engenheiro e empresário Ricardo Barros, é reduzir custos. Na proposta, o governo quer recalcular o valor repassado à rede privada pela execução do serviço. Mas, ao que parece, esta dita redução de custos pode, na realidade, inviabilizar completamente o modelo, fazendo com que o Programa tenha o seu fim. Nestes episódios que se preenchem e completam o quebra-cabeça do desmonte do Farmácia Popular, me chama a atenção a completa falta de sensibilidade do Ministro da Saúde e do governo Temer para com as necessidades do povo brasileiro. Algo que, pensando bem, parece mesmo muito natural vindo de alguém que afirmou que o brasileiro tem muitos direitos e que o tamanho do SUS precisa ser revisto. Felizmente o clima de rejeição a este governo só aumenta e o ano de 2018 parece trazer consigo esperanças renovadas da reconstrução de um Brasil que tem jeito, mas que foi descarrilhado, como um grande trem desgovernado, com o golpe de estado pelo qual passamos. Que nos preparemos para um ano de muitas lutas e conquistas. Nenhum direito a menos e que busquemos um SUS cada vez maior e do tamanho do povo brasileiro. *Aristóteles Cardona Júnior é Médico de Família no Sertão pernambucano, professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.

uem pode fazer filmes e criar Q imagens sobre as mulheres negras? Essa é uma pergunta que

vez ou outra ouço e que poderia responder que todas as pessoas podem. No entanto, como mulher negra, prefiro perguntar de volta: quem precisa fazer filmes sobre mulheres negras? Uma pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, apontou que apesar de as mulheres negras serem cerca de 30% da população brasileira (segundo a Pesquisa Nacional de Domicílio, PNAD, de 2015), elas representam apenas 4% do elenco dos filmes analisados entre 1995 e 2016. No período de 21 anos, em mais de 200 filmes nacionais de grande bilheteria, nenhum teve uma mulher negra como diretora ou como roteirista. Afinal, quem pôde até hoje criar imagens e realizar filmes sobre as mulheres negras na sociedade brasileira? Quem são as mulheres negras nas telas de cinema, nos filmes da sessão da tarde e nas produções brasileiras chamadas “comerciais”, por exemplo, da Globo Filmes? Façam um exercício de olhar quem dirige a produção e que papéis são destinados às mulheres negras. Historicamente fomos as empregadas domésticas, escravizadas, corpos objetificados e hiperssexualizados. O espaço da criação, da arte sempre foi negado ao povo negro, em especial às mulheres negras. É essa balança que precisamos equilibrar. É com mais mulheres negras cineastas, produto-

ras, atrizes, diretoras de fotografia que acontecem mudanças nas telas e de como nossas histórias e vidas são retratadas. Quando uma de nós sobe, puxamos outras, e assim seguimos juntas. A história e a vida das mulheres negras é rica de força, de superação, de fé e de coletividade. Filmes como Travessia (BA), de Safira Moreira, que recebeu o prêmio de “melhor imagem” no X Janela

Afinal, quem pôde até hoje criar imagens e realizar filmes sobre as mulheres negras na sociedade brasileira? Internacional de Cinema, no Recife, é exemplo dessa mudança – e talvez por isso seja tão importante discutir o poder da representação, da lembrança e memória registrada em fotografias. Estamos no cinema para criar outras imagens e narrativas disponíveis sobre mulheres negras, construir referências positivas para meninas e meninos negros que vêm. Quando gritarem-nos negra, que possamos responder com um sorriso no rosto, orgulho e reconhecimento do nosso poder. Nosso lugar é no cinema, atrás e na frente das câmeras, onde quisermos. *Débora Britto é Feminista negra, jornalista e realizadora audiovisual.


6 | BRASIL

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“Nem toda classe está idiotizada”, diz procurador que protestou em palestra de Moro

LAVA JATO. Juiz paranaense subiu ao palco na abertura do Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais, em Curitiba

Daniel Giovanaz

Crédito e legenda: Manifestantes afirmam que “Moro é visto como um julgador que fragiliza o modelo acusatório desenhado na Constituição de 1988”

Daniel Giovanaz do BdF Paraná

juiz Sérgio Moro fez O uma das palestras de abertura do Congresso

Brasileiro de Procuradores Municipais na noite da terça-feira (21.11), no Teatro da Ópera de Arame, em Curitiba (PR). Um grupo de procuradores havia planejado abrir oito faixas com as letras da palavra “vergonha”, assim que o magistrado começasse a falar ao microfone. Porém, a equipe de segurança do evento decidiu apreender os objetos antes da palestra.

Afronta

Procuradora em Fortaleza, Rosaura Brito Bastos explica o motivo dos protestos. “A gente considera o convite ao Sérgio Moro uma afronta para a advocacia. O evento é de advogados, e ele é um juiz que reconhecidamente não respeita as prerrogativas dos advogados. Inclusive, ele já mandou um advogado

fazer concurso para juiz, o que é um absurdo, um des-

so. “Nem toda a classe está idiotizada. Nem todo mun-

A gente considera o convite ao Sérgio Moro uma afronta para a advocacia respeito”, analisa. Com as faixas apreendidas, os procuradores mudaram de estratégia: começaram a vaiar e gritar a palavra “vergonha” sempre que o nome de Sérgio Moro era citado no palco. Como o grupo era minoritário, os gritos de protesto eram abafados por aplausos, na maioria das vezes. “Eu vi que ele levou até um susto quando a gente começou a dizer que [a presença dele] era uma vergonha. Ele não esperava isso”, disse Guilherme Rodrigues, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM), que organiza o Congres-

do entrou nessa barca furada, nesse jogo midiático. É bom que isso fique registrado. Lá na frente, os colegas que estão nos recriminando, nos condenando, vão nos agradecer”, completou.

Desde maio

A polêmica começou há seis meses, quando os procuradores receberam a notícia de que Sérgio Moro seria um dos palestrantes do evento. Setenta e dois membros da ANPM enviaram uma carta à organização “visando preservar nossa entidade de qualquer acusação de partidarização política”. O texto, enviado no dia 25 de maio, também

ressalta que “o juiz Sérgio Moro é visto como um julgador que fragiliza o modelo acusatório desenhado na Constituição de 1988, revelando pouco apreço ao processo justo”. Como alternativa, os procuradores indicavam que a palestra de Moro fosse seguida de um “contraponto”, do ponto de vista jurídico. Um dos juristas sugeridos para cumprir esse papel no evento foi Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça. Carlos Figueiredo Mourão, presidente da ANPM, respondeu a carta com um ofício, em nome da Associação, no dia 31 de maio. O argumento dele é que a palestra do magistrado seria relevante do ponto-de-vista do combate à corrupção no Brasil: “Em momento algum, cogitou-se fala do palestrante sobre atuação judicial, persecução criminal, operação Lava Jato ou qualquer outro tema. Destaca-se, também, que (…) a posição defendida pelos palestrantes não espelha a posição da organização do evento, mas servem para fomentar o debate”.

Controvérsia

Segundo a assessoria de imprensa do evento, os cartazes que formavam a palavra “vergonha” não foram tomados à força, mas sim, entregues à organização após um acordo com os manifestantes, “para evitar bagunça”. Guilherme Rodrigues relata o incidente de outra forma. “Enfrentei os seguranças e entrei [com as faixas] na marra. Eles ameaçaram chamar o comando da polícia, e nós falamos que podiam chamar, que eu não entregaria [as faixas]. Depois, eles aproveitaram um descuido nosso e puxaram a faixa. Ainda reagi e tentei tomar de volta. Foi aí que os colegas pediram para deixar para lá”, disse. A palestra durou cerca de uma hora, mas os procuradores insatisfeitos deixaram o teatro logo ao início da fala do juiz. Sérgio Moro falou sobre o avanço da Operação Lava Jato, pediu rigor no combate à corrupção sistêmica e não comentou as reações negativas de parte da plateia.


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MUNDO l 7

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Venezuela reivindica certificação da segunda maior reserva de ouro do mundo

PROJETO. Descobertas de novas jazidas nos últimos anos despertou interesse de empresas internacionais TeleSur

O fundo de investimento social terá controle da população

Fania Rodrigues,

de Caracas (Venezuela) lém de ter a maior reA serva de petróleo do mundo, a Venezuela pode

chegar a ser o segundo país com a maior jazida de ouro. O governo venezuelano solicitou, recentemente, a certificação de suas reservas provadas de ouro junto a agências internacionais do Canadá, África do Sul, Chile e Angola. A atividade mineira, apesar de suas controvérsias, pode significar uma nova chance para os venezuelanos de recuperar sua economia, estabelecer novos modelos de produção mineira e aprofundar o controle popular sobre as riquezas minerais do país. Atualmente, segundo informações divulgadas pelo presidente Nicolás Maduro, o país tem uma reserva provada de 4,3 mil toneladas e um potencial que pode chegar a sete mil toneladas de ouro, além de uma grande quantidade de diamantes e nióbio, conhecido popularmente como “ouro azul”. As reservas estão localizadas em uma área de 180 quilômetros quadrados, denominada de Arco Mineiro, ao sul do estado Bolívar, na região central do país. Por ser um recurso econômico de grande impac-

to ambiental e social, o Estado venezuelano havia abdicado de fazer sua exploração em grande escala. Até 2016, a exploração do ouro no país era feita de forma artesanal e informal. A estimativa é que o país produza atualmente cerca de 26 toneladas de ouro por ano, de acordo com dados do Ministério do Poder Popular para o Desenvolvimento Mineiro Ecológico, criado em junho de 2016. “Essa é a primeira vez que a Venezuela tem um ministério dedicado unicamente à mineração e foi criado para atender o setor de forma prioritária. “Neste ano captamos mais de cinco toneladas de ouro, comprados de pequenos mineiros. Antes disso, toda a produção de ouro era vendida por meio de contrabando e saía do país”, afirma o presidente da Missão Piar, José Ortiz. Missão Piar é o órgão dedicado à promoção do desenvolvimento social e ecológico da região explorada e está ligado ao Ministério Mineiro. Projeto Atualmente, 99% das 26 toneladas produzidas são feitas por mineiros informais e pelo menos 21 toneladas são retiradas do país de forma ilegal, por meio das fronteiras com o Brasil e a Colômbia.

Para acabar com essas ilegalidades e transformar a atividade mineira em uma economia rentável, o governo do presidente Nicolás Maduro lançou o plano de desenvolvimento do Arco Mineiro. Além de criar uma legislação tributária específica para o setor, o governo pretende implementar uma série de iniciativas que diminuam os impactos sociais e ambientais da ati-

le sobre as reservas”, esclarece. Estabelecidas essas condições, as empresas continuarão interessadas, pois segundo Ortiz, a margem de lucro que permite uma recuperação do investimento é aceitável. Ele afirma ainda que a rentabilidade da atividade mineira possibilita uma exploração com impacto ambiental controlado. Sobre-

A participação do Estado será de pelo menos 55%, o que nos garante o controle sobre as reservas vidade. Com recursos limitados devido à crise econômica e o baixo preço do petróleo, o governo venezuelano foi buscar investimentos fora do país. “Alguns países já estão fechando acordos para investir no setor, entre eles estão Rússia, China, Canadá e Angola. Já estamos na fase final das negociações para grandes projetos de exploração da atividade mineira”, afirma o presidente da Missão Piar. No entanto, Ortiz garante que os recursos naturais continuarão no controle do Estado. “A Venezuela fixou uma posição bem clara, de que não vai entregar suas riquezas minerais para o controle de empresas estrangeiras. Os investidores que estão interessados vão fazer a exploração juntamente com o Estado venezuelano, através dos mecanismos de empresas mistas. A participação do Estado será de pelo menos 55%, o que nos garante o contro-

tudo, porque trata-se de uma das atividades econômicas com um dos maiores níveis de degradação do meio ambiente. Outra preocupação é que, no mundo inteiro, a principal característica

ao redor do setor mineiro é a pobreza, apesar de ser uma atividade que gera riquezas. Cerca de 85% do ouro produzido no mundo é destinado à fabricação de joias e às reservas mundiais de riqueza de países e de famílias. Cerca de 8% é destinado à indústria de fabricação de equipamentos e aparelhos tecnológicos. O restante é dividido entre várias atividades. A justificativa dos níveis de pobreza ao redor da produção de ouro são explicadas por Ortiz. “Acreditamos que essa questão está ligada ao nível de responsabilidade do Estado com a atividade mineira. Por isso o governo venezuelano definiu um conjunto de planos. Em primeiro lugar, 60% dos benefícios que a atividade mineira gerar serão destinados ao desenvolvimento social, quando os grandes projetos começarem a ser implementados”, garante. Anúncio

NENHUM DIREITO A MENOS! FORA Temer! SINDBORRACHA/PE FILIADO À


8 | PERNAMBUCO

Brasil de Fato PE

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Trabalhadores da Coopergás cobram posicião de Paulo Câmara sobre privatização DEPUTADOS. Até base do governo de Paulo Câmara se diz contra privatização da estatal Sindipetro PE/PB

“Nossa esperança é Dilma e Lula, se eles voltarem, nossa vida melhora”

Vinícius Sobreira esde o mês de maio D os trabalhadores da Companhia Pernambuca-

na de Gás (Copergás) observam com mais atenção os movimentos do governador Paulo Câmara (PSB) e do vice-governador e Secretário de Desenvolvimento Econômico, Raul Henry (PMDB). Isso porque, num momento em que o Governo Federal estimula a privatização de estatais, Câmara e Henry firmaram acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para “planejar e estruturar ações futuras” da empresa, como adiantado pelo Brasil de Fato Pernambu-

co em nossa edição nº 30, no último mês de julho. Além de atuar com um recurso fundamental para o desenvolvimento econômico do estado, que é o gás natural, a Copergás também tem apresentado lucros crescentes: R$ 30,6 milhões em 2014; R$ 50,7 milhões em 2015; e R$ 70,9 milhões em 2016. As perspectivas são só de avanços pelos próximos 10 anos. Entre os combustíveis fósseis, o gás é o menos poluente. Então seu uso é estratégico na busca por uma matriz energética limpa. Hoje, a empresa produz um volume médio superior a 4,8 milhões de metros cúbicos de gás por dia, sendo a 4ª maior empresa do mercado brasi-

Na Bahia o governador já disse publicamente que não vai privatizar a Bahiagás. Mas o governador de Pernambuco não se posiciona leiro de movimentação de gás natural. Em defesa da empresa estatal, seus trabalhadores têm se manifestado sempre que possível contra a possível privatização e cobrado do governador

uma posição definida em relação à Companhia. “Na Bahia, o governador já disse publicamente que não vai privatizar a Bahiagás. Mas o governador de Pernambuco não se posiciona”, reclama Rogério Al-

meida, da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Ele e outros sindicalistas estiveram presentes na audiência pública realizada no último dia 6 de novembro, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), quando deputados estaduais e população puderam debater a situação da Copergás. Além de parlamentares, estiveram presentes membros da direção da empresa, trabalhadores e representações sindicais. Na ocasião, surpreendeu a posição dos aliados de Paulo Câmara, todos se posicionando contra a privatização da Copergás. O vice-líder do governo na Alepe, deputado Rodrigo Novaes (PSD), pontuou que “não está clara a intenção por parte do governo”, mas que o deputado é “contrário à privatização da Copergás em qualquer circunstância”. “E tenho a mesma posição em relação à Chesf. Mesmo países como Estados Unidos e Canadá, que são liberais, não abrem mão de suas fontes de energia”, afirmou. A posição foi reforçada por Aloísio Lessa (PSB). “Sou economista de formação e integro a comissão de Desenvolvimento Econômico. Se vier uma proposta dessas serei contra. E tenho certeza que a Copergás não está no radar de privatização do governo”. O líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento (PSB), disse que “não tem ambiente de privatização”. “Não será o destino da Copergás”, afirmou. Ele usou os bons resultados da empresa


PERNAMBUCO l 9

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

para afirmar o “compromisso do governo de que não tem nenhum tipo de ação no sentido de entregar ou de vender a empresa”. Mas, questionado se a privatização está mesmo descartada, Isaltino se esquiva afirmando que “é uma discussão que não está posta, está fora da pauta”. No entanto, no fim de setembro, tanto o governador Paulo Câmara como o vice Raul Henry deram declarações em que admitem a possibilidade de privatização. “Temos que ter a consciência de que

cujos sócios são o Governo do Estado de Pernambuco (detentor de 51%), a Petrobras Gás S.A. - Gaspetro (24,5%) e a multinacional japonesa Mitsui Gás e Energia (24,5%). Por ser majoritário, o governo tem maior controle sobre a companhia, que é vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Representando a direção da Copergás na audiência, o assessor institucional Marcelo Barradas e a gerente financeira provocou o trabalhador. Isabela Santana reafirma- Gomes destacou ainda ram os bons números da que a Copergás nas mãos do governo foi fundamental para o último ciclo de desenvolvimento do estado. “Tem muita empresa que nunca teria vindo para Pernambuco se não fosse a Copergás. Foi a Copergás que trouxe empregos para fazer Pernambuco mais forte”, afirmou Gomes. Entre as 96 empresas que compram gás da Copergás estão a Petroquímica Suape, Gerdau, Alcoa, Jeep, entre outras. A deputada Teresa Leiempresa, que espera altão (PT) gostou de ouvir cançar os 31 mil clientes – entre empresas e residen- os posicionamentos dos ciais – até o fim de 2017. “A aliados de Paulo Câmara, privatização não é um as- mas avisou que ainda tem sunto que estamos discu- muitos motivos para ficatindo dentro da Copergás. rem atentos às movimenNão faz parte do nosso dia tações em torno da Copera dia. A nossa agenda é gás. “Os movimentos feitécnica, pensando na ges- tos pelo governo do Estatão da empresa e expan- do em relação à máquina são da rede de gás para pública não são de presertodo o estado”, disse Bar- vação. A nossa vigilância tem que continuar”. Duradas. Escolhido pelos traba- rante a audiência ficaram lhadores da Copergás encaminhados dois novos para representá-los no momentos para discutir o Sindicato dos Petroleiros, tema: uma audiência enThiago Gomes também tre deputados e o goverse pronunciou durante a nador e a convocação do audiência pública. “A fi- vice e secretário Raul Hennalidade da Copergás é o ry para uma reunião da desenvolvimento econô- Comissão de Desenvolvimico e social de Pernam- mento Econômico da Asbuco. Mas o ente privado sembleia Legislativa. Criada por lei em 1992, a quer lucro. Que empresa privada faria um ramal Copergás entrou em opeque só vai começar a dar ração dois anos depois, lucro após 10 ou 15 anos?”,

A finalidade da Copergás é o desenvolvimento econômico e social de Pernambuco a privatização pode ocorrer”, admitiu o governador ao Jornal do Commercio. “Mas não podemos vender o patrimônio público só para tapar o rombo”, ponderou, se referindo à situação econômica do estado. Antes de ser eleito, Camara geriu, de 2011 a 2014, a Secretaria da Fazenda, responsável pelas finanças do Governo de Pernambuco. À frente da pasta de Desenvolvimento Econômico, o vice-governador Raul Henry (PMDB) afirmou ao JC que o BNDES “está avaliando as vantagens e desvantagens de privatizar”. “Ou vender as ações pertencentes ao estado, ou vender parte, ou não vender”, pontuou. Nenhum dos dois esteve presente na audiência pública. A Copergás é uma empresa de economia mista,

Sindipetro PE/PB

funcionando através da rede de gasodutos herdada da Petrobras - e posteriormente ampliada a partir de 1998, com a missão de distribuir gás natural com sustentabilidade em todo o estado de Pernambuco. Hoje a empresa odoriza, canaliza e distribui o gás natural no estado de Pernambuco, atendendo os mercados industrial, residencial, comercial, termoelétrico, de

cogeração de energia e à Refinaria Abreu e Lima. A população consome esse gás nos automóveis (o GNV) e alguns bairros da Zona Sul do Recife já podem receber o gás de cozinha através de canos - a empresa tem planos para, ainda no início de 2018, levar o gás até a Zona Norte. Já as indústrias utilizam o gás natural como fonte de energia para as máquinas. Anúncio

FECHAMENTO CAMPANHA SALARIAL POLO AUTOMOTIVO 1- Empresas sistemistas - Inação de 1,84% + 10,76%. Ganho Real = 12,6%, contempla 7.400 mil trabalhadores. 2 - Reajuste piso de ajudante Jeep/Fiat: Inação de 1,84% + 3.5%. Ganho real = 5,34%, contemplando 3.700 trabalhadores. Reajuste Geral de 3% pra todo o polo Automotivo de Goiana. 3 - PLR - R$ 2,854,50 - 1º de R$ 1.400,00 em 02/01/2018 para quem estiver com contrato ativo nesta data e 2º parcela será paga de acordo com a meta atingível em 31/10/2018. *Taxa negocial de R$ 100 (não altera o valor de R$ 1.400). Outros - Cronograma de implantação das áreas de descanso durante o ano de 2018, entrega da cesta "nossa feira" na residência do trabalhador até o nal de abril de 2018 e piso do Soldador sai de R$ 1,270,00 para o piso prossional de R$ 1.677,34.


CIDADES I 10

Brasil de Fato PE

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

DIGA NÃO! PLANO DOS RURALISTAS E DO GOVERNO GOLPISTA AS 12 MEDIDAS DO GOVERNO TEMER CONTRA A AGRICULTURA E O POVO BRASILEIRO

1 Entregar as terras brasileiras para o capital estrangeiro;

2 Acabar com a Previdência e

aposentadoria dos trabalhadores/as rurais. Afetando em especial as mulheres;

3 Liberar a exploração do traba-

lho escravo e impedir qualquer punição aos criminosos;

4 Legalizar o pagamento do sa-

lário dos assalariados rurais com comida e aluguel.

5 Acabar com a reforma agrária, e destruir o Incra;

6 Acabar com as políticas públi-

cas voltadas para a agricultura familiar, camponesa e assentamentos, como os programas de Habitação rural, a educação no campo (Pronera), aquisição de alimentos (PAA) , apoio sementes e assistência técnica;

7 Estimular a venda dos lotes dos

assentados através da titulação privada e individual;

8 Acabar com a demarcação de

terra dos povos Indígenas, Quilombolas e reservas ambientais,bem como retirar direitos dos pescadores, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais;

9 Liberar o uso dos agrotóxicos

e produtos transgênicos,. Retirar sua identificação nos rótulos;

10 Perdoar as multas, dívidas e

impostos bilionários do latifúndio e agronegócio com Estado;

11 Entregar as riquezas para as

empresas estrangeiras: o petróleo do pré-sal, os minérios, a energia elétrica, a biodiversidade e a água;

12 Privatizar as empresas públicas rentáveis , como a Petrobras, Caixa, Correios, Banco do Brasil, Eletrobras e entrega da Base de Alcântara. Priorizar o capital estrangeiro e submetendo a política externa aos interesses dos Estados Unidos.

MOBILIZE-SE PARA IMPEDIR ESSE PLANO! ADERE - MG


Brasil de Fato PE

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

ENTREVISTA l 11 ENTREVISTA l 11

“Aqui na comunidade incentivamos a juventude preta da periferia a estar na Universidade” EDUCAÇÃO. Moradora do Ibura e militante do Levante Popular da Juventude fala sobre os desafios da juventude periférica no acesso à Universidade. Arquivo pessoal

Vinícius Sobreira

ma das iniciativas que U têm possibilitado a juventude das periferias de

todo o Brasil a ingressar na Universidade são os cursinhos populares. Uma das iniciativas na Região Metropolitana do Recife foi o aulão pré-Enem do Cursinho Popular Mário Andrade, que aconteceu no Ibura durante o mês de Outubro. Myllena Santos, uma das organizadoras do curso, conversou com o Brasil

O nome Mário Andrade é uma inspiração como também um símbolo de resistência

como Assistência Estudantil na Universidade, a gente está aqui na comunidade fazendo o esforço de coletivamente incentivar a juventude preta da periferia a estar no espaço da Universidade. Tivemos um dia muito intenso com professores de cursinhos que dede Fato sobre os desafios da ram dicas muito importantes. Também houve moeducação brasileira. mentos de dinâmica, foi BdF: Como foi o Au- muito renovador tanto para lão pré-Enem Mário a comunidade quanto para nós do Levante. Andrade, no Ibura? Myllena: O aulão pré-EBdF: Em 2018 haverá nem que foi realizado no Ibura foi fruto do esforço outros aulões? O que realizado pelo Levante Po- o movimento planeja pular da Juventude. Conse- para o ano que vem? Myllena: Em 2018 a guimos envolver toda a militância e sem patrocínio, gente pretende continuar. apenas com a ajuda de par- O aulão foi um esquenceiros, professores volun- ta, um preparatório para o tários e da própria comu- que está por vir que é o curnidade que cedeu a sede sinho popular. O cursinho da Associação de Morado- se propõe a ter aulas o ano res. Foi um conjunto de es- todo praticamente todos os forços que possibilitaram dias para os jovens da peesse aulão e foi muito bo- riferia. Estamos escrevennito e renovador, especial- do os projetos e editais das mente em tempos de golpe instituições para tocar esse e retrocessos na educação. cursinho no ano que vem, Enquanto retiram direitos tanto os cursinhos quan-

to os aulões, a gente espera além do cursinho fazer aulões em outros lugares da cidade. BdF: Por que o nome Mário Andrade? Myllena: O nome Mário Andrade é uma inspiração como também um símbolo de resistência, um símbolo de que a juventude da periferia negra e pobre está morrendo, porque o que vivemos é um extermínio da juventude. Mário era um menino que morava no Ibura e foi assassinando por um PM reformado com três tiros. Ele não era um marginal, como diziam, mas tinha um estigma, era mais um dos matáveis dessa sociedade e o policial matou esse menino sem pestanejar. Mário era um menino muito querido, amado, prestativo, que tinha sonhos, queria estudar e dar um futuro melhor para sua mãe. E o nome é fruto desse símbolo de resistência, é símbolo dos sonhos, de querer conquistar os nossos objetivos.

BdF: Como o Levante avalia o atual formato de ingresso à Universidade? O Enem é justo? Myllena: O Levante avalia que o formato da educação brasileira avançou

tante relembrar quem foi mais afetado. Foi a população negra que foi historicamente, secularmente injustiçada e oprimida e temos uma dívida histórica com essa população e ela ainda não está sendo paga como deveria. Nós, os jovens pretos da periferia somos pessoas consideradas matáveis, que não faz diferença estarem no mundo. É importante lembrar da nossa história que é tão forte no Brasil, a questão da escravidão e do racismo que é algo tão forte e tão arraigado nas nossas vidas. Então é importante lembrar, fincar nossa bandeira e dizer que não vamos abaixar a cabeça, nós não nos contentamos com esse processo seletivo e queremos a Universidade gratuita e de qualidade pra todo mundo, para que todos os jovens que queiram estar na universidade tenham esse direi-

O aulão pré Enem que foi realizado no Ibura foi fruto do esforço realizado pelo Levante Popular da Juventude em muitas coisas, mas que não é suficiente. A educação ainda é muito bancária, tem muitas coisas engessadas. No ensino superior existe um funil, que é um sistema injusto que privilegia quem tem boas condições de estudo no ensino básico, como os cursinhos pré vestibulares. Isso virou um mercado onde pessoas lucram muito para que um direito seja assegurado. Estamos nos mês da Consciência Negra e é impor-

to, principalmente nós que temos essa desvantagem diante da classe burguesa e média, o que não é justo. Precisamos de uma educação tanto na base quanto na universidade que seja libertadora, que seja para todos e construída coletivamente. Como dizia o saudoso Paulo Freire, “quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é se tornar opressor” então é disso que precisamos, de libertação dessas amarras.


CULTURA | 12

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

Brasil de Fato PE

O Trabalho dos Trilhos

Boa Tarde Pessoal!!!!! Boa Tarde Pessoal!!! Eu sou Yalle e esse é meu amigo Batatinha,nós somos o Sapukai. Artistas de rua e gostaríamos de trazer um pouco de música para vocês. Podemos cantar??? Podemos? Podemos? Mas mesmo assim se alguém se incomodar basta falar conosco que nós paramos imediatamente e saímos do vagão. Certo? Meu amigo Batatinha, vamos de quê?


Brasil de Fato PE assim começa o dia de trabalho dos E artistas de rua Yalle e Batatinha. Yalle, 27 anos, casado, tem quatro filhos. “Três

são filhos de sangue e um de criação”. Batatinha há quatro anos trabalha nas ruas, “Eu tocava com uma parceira, Luiza, depois iniciamos esse projeto com Yalle”. Está no terceiro casamento, tem uma filha de 10 anos. Trabalham oito horas por dia, seis dias da semana! Durante as viagens acontecem alguns blocos de música. No repertório entram clássicos da música popular, gospel, brega e aquela música que faz lembrar do amor. “Já fizemos vários passageiros chorar, levamos músicas e muita positividade”. Durante as apresentações sempre soltam: “Rádio MetroRec trilhando os caminhos do seu coração”. Trata-se de uma rotina de trabalho bem difícil. Por diversas vezes não é possível suportar essa jornada semanal de trabalho. É preciso se alimentar bem, tomam muito chá de gengibre, maçã. Os músicos contam que já chegaram a fazer mais de 16 viagens em um dia. Tudo depende do fluxo de passageiros do metrô, o vagão não pode estar muito cheio, nem muito vazio. É preciso tomar cuidado para não incomodar crianças dormindo, pessoas atendendo o celular. Dividem o local de trabalho com os ambulantes e é bem tranquilo. Através de olhar, gestos, gentilezas, os espaços seguem sendo respeitados. A condição de trabalhador, as obrigações e aquela nossa capacidade criativa de se virar com o que têm demarcam as regras de convivência. Durante minha passagem pelas linhas férreas da Região Metropolitana do Recife conversei com vários trabalhadores, ouvi diversos relatos de conflitos entre ambulantes e os trabalhadores da segurança do metrô. Hoje já existem alguns relatos de violência contra os músicos que deixam todos apreensivos. Complicado você sair de casa para trabalhar e voltar apanhado, desmaiado de choque. Com as mercadorias apreendidas. Ao final do dia de trabalho, chega a hora de contar o apurado! Tudo é repartido igualmente entre Yalle e Batatinha. Muitas moedas que imediatamente já vão facilitar a rotina de trabalho dos cobradores de ônibus no Terminal Integrado. A unidade entre os trabalhadores da arte no metrô do Recife é algo marcante. Trata-se de uma proposta de trabalho justa, honesta e, apesar das incertezas, é a fonte de renda de diversas famílias recifenses. Texto e fotos: PH Reinaux

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

Variedades CULTURA l| 13 13


14 | VARIEDADES

Apresentacao

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

Horóscopo

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

De 2015 a 2017, um grupo de mulheres© agricultoras do Polo da www.coquetel.com.br Revistas COQUETEL Folguedo do Validade Ativista Borborema participou do de Melhoramento das Cozinhas para o OurosProjeto e Bomba inSábado de Aleluia de uma lei polonesa copas cendiária Partidário Tochas; de produtos Elemento e uma das beneficiamento da Agricultura Familiar. (baralho) gelatinosa exaltado archotes da Pintura Durante esses anos, foram realizados diagnósticos, encontros municipais C e territoriais, onde as mulheres puderam resgatar receitas que foram Áries : Abalo (?): aprendidas com suas mães ou avós. As mulheresO tiveram a terremoto oportunidade (Geofís.) de lembrar o sabor da infância, resgatando com ele os momentos em Semente Em prisandina (?): que rica saboreavam as histórias de nocas família e como aprenderam aquela em passaR ômega-3 do (poét.) receita. Rudolf

Touro:

Nureyev, bailarino russo

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Recife, 24 a 30 de novembro

fundadoras do Partido Comunista Alemão

Ilhas chilenas ameaçadas pelo turismo

Brasil de Fato PE

A

o que tudo indica, tem tudo pra vir mais dinheiro nesse próximo período mas se você não se cuidar, tudo pode rapidamente se transformar em mais dívidas! Organize-se e tempere um pouco seus instintos.

T

enha um pouco mais de cuidado com suas relações porque coisas que parecem pequenas podem tomar grandes proporções, como ciúmes ou problema de comunicação. Mas não deixe nada mal resolvido, tá bem?

Bolo de macaxeira, pé-de-moleque assado na palha de bananeira, Mensuro O criador sensação é de que você está sendo testado o tempo todo para colorau, farinha, farofa d’água e bolo de de beiju assado debaixo da Os peixes ver se dá conta de tudo. Cuide da sua alma, organize sua rotina Carlitos (Cinema) jerimum são só algumas das muitasservidos apresentadas, que carregam noreceitas sushi que as coisas estão se arrumando. Isso serve para seu trabalho, mas Guisado (?) e lembranças e um grande conhecimento associado aos seus processos de Gêmeos: também para suas relações. de galinha salvas: (bras.) ilesas produção. Tola (fig.) Animal da primeira O senhor clonagem do inferno Que tem (Mit.) asas (fem.)

A

Esta cartilha pretende socializar os momentos de troca e de Glândula responaprendizagem entre as mulheres. sável pela maturação dos linfócitos-T Hidrogênio (símbolo)

Jovem a serviço do cavaleiro medieval

Designado para executar uma tarefa específica (latim)

Câncer:

Triture Embarcação como a piroga

T Leão:

udo que estiver mais pra dentro merecerá considerável importância nesses dias. Arrume seu quarto, sua casa. Invista, surpreenda e seja criativo se estiver num relacionamento ou quiser um.

E

sses próximos dias lhe ajudarão a organizar as emoções que estavam tirando seu sono. Mas, para isso, você não poderá fugir de falar sobre isso, e se comprometer com mudanças reais.

Rocha, em francês Indicador econômico

Virgem:

V

ocê está bem perto de saber seu rumo, e seus desejos estão no comando. Mas para seguir em frente, será necessária muita coragem para enfrentar aquele frio na barriga de sempre.

“(?) e Beijos”, seriado da Globo

Seguidor; acólito

Libra:

3/roc. 5/ad hoc. 6/xinxim. 7/assecla. 9/itabaiana.

17

B

ote seu bloco na rua, mude seu cabelo, se reinvente e deixe fluir esse seu lado conquistador. Reconfigure suas metas e recomeEscorpião: ce seu ano. Trabalho não irá faltar, mas é preciso saber o que quer.

Solução

H C G

L H O S

N V N A T I C A P A G O I A E R P L I N E M C R S X I N V EL H A E S TI R A H C A O B EM T E R A O C I M C AN E C L A

R O S A L U X E M B U R G O

S A P A T C O IM

S I S

VISITE NOSSA PÁGINA

N

P A

M F A A L C H H A O Ç S Ã O A D L E A J D U A D A A S

BANCO

lgumas coisas parecem estar evoluindo bem, mas você deve se sentir mais sensível com as cobranças e responsabilidades, então é importante focar na disciplina e no autocuidado para tudo fluir.

Graduado em curso universitário Peça de artilharia que atira granadas (?) de Souza, governador-geral do Brasil

Imitara com intenção dolosa

A

Centro comercial do Agreste sergipano

Sagitário:

o amor, aproveite uma fase de muita intimidade e companheirismo. Depois de um tempo um pouco recluso, está na hora de falar sobre e agir, não acha? Utilize-se de sua intuição e novas inspirações.

A

s ruas de sua cidade ganharão considerável espaço na sua agenda nesses dias. Você está precisando de dança, de festa, de novos encontros e lá você terá. Com aquele pé no chão de semCapricórnio: pre, se jogue!

A

Aquário:

lgo está mudando na sua vida profissional e embora você esteja consciente de tudo, não será tão fácil e pode haver resistência. Já na sua vida social e de militância, tudo deverá estar mais harmonioso.

M

facebook.com/brasildefatopernambuco Peixes:

uitas dúvidas sobre que caminho seguir podem ser esclarecidas, mas é preciso estar atento para investir em resultados de seu próprio esforço. No amor, tempos de rimar intensidade com independência.


Brasil de Fato PE

VARIEDADES l15 15

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

Dicas mastigadas Alan Tygel*

Caldo Verde Fico me perguntando... Por que nós mulheres temos que cuidar de todos os detalhes relacionados com a casa e os filhos?

Ingredientes: 5 unidades pequenas de cebola 3 dentes de alho 6 unidades de batata-inglesa 1 colher de sopa de azeite 1 unidade de linguiça calabresa 6 xícaras de chá de água 2 colheres de chá de sal 1 maço de couve-manteiga.

Rosa Ferreira, 37 anos, contadora

uerida Rosa, vivemos numa sociedade machista na qual o trabaQ lho doméstico (cuidar da casa, dos filhos, dos doentes, da comida, etc) não é considerado trabalho. Por isso escutamos tanto que mulhe-

Modo de Preparo: 1. Picar a cebola e o alho Em uma panela de pressão, cozinhar as batatas por 20 minutos em água 2.Descascar as batatas e amassar como purê 3.Em outra panela, aquecer o azeite e dourar a cebola, o alho e a linguiça cortada em rodelas finas 4.Acrescentar a batata amassada com a água e o sal e cozinhar por 15 minutos 5.Adicionar a couve e deixar ferver por mais 3 minutos. Esta receita foi retirada do livro Alimentos Regionais Brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível para download em http://e.eita.org.br/alimentosregionais. Reprodução

res não trabalham quando na verdade cuidam de todos os serviços domésticos. O trabalho doméstico é considerado uma obrigação das mulheres e, para ficar mais leve, relacionam isso com o “amor” pela família. Entretanto, isso se mantém devido ao privilégio e à opressão que os homens exercem sobre as mulheres. Muitas mulheres lutaram e lutam para que essa situação seja mudada, para que esse trabalho seja socializado com os homens e com o Estado. Dizer “não” e responsabilizar marido e filhos pelas tarefas de casa é uma forma de começar. A luta por creches, por restaurantes comunitários também são importantes. Faça parte dessa luta você também! Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF

ESPORTES | 15

Há 49 anos, o pódio mais emblemático das Olimpíadas

LUTA. Tommie Smith e John Carlos protagonizaram protesto pela vida do povo negro norte-americano

Vinícius Sobreira

dia é 16 de outubro O de 1968. O segundo dia das provas de 200 metros rasos nas Olimpíadas da Cidade do México. O norte-americano Tommie Smith, “O Jato”, justificou seu favoritismo e levou o ouro com o tempo de 19,83 segundos. O compatriota John Carlos levou o bronze. Ao cruzarem a linha de chegada, se abraçaram e combinaram os últimos ajustes para o protes-

to que entraria para a história do esporte. Retiraram os sapatos e trajavam meias pretas. Subiram no pódio, receberam as medalhas e, ao tocar o hino dos Estados Unidos, não olharam a bandeira em respeito à nação, mas baixaram a cabeça e ergueram o punho, usando luvas pretas: era a saudação dos Panteras Negras, organização política socialista e revolucionária norte-americana, fundada dois anos antes com o objetivo de organizar a po-

pulação negra para enfrentar a violência policial nas periferias. O maior atacante da história de Portugal, Eusébio, além dos brasileiros Sócrates e Reinaldo, celebravam seus gols repetindo o gesto. Os anos 1960 foram duros para a população negra norte-americana, com os assassinatos de Malcolm X (1965) e Martin Luther King Jr (1968). Além disso, os EUA estavam no meio da Guerra do Vietnã (1955-1975), de onde sairia derrotado e com aproximadamente 60 mil soldados mortos – em sua maioria negros. No esporte, o pugilista negro Muhammad Ali, campeão olímpico e mun-

dial de boxe, perdeu seu cinturão em 1967 por se negar a ir lutar na guerra. Atletas negros de várias modalidades fundaram a associação Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos (OPHR). Alguns membros, como a estrela do basquete Kareem Abdul-Jabbar, boicotaram os jogos olímpicos. Mas Tommie Smith e John Carlos foram, ganharam as medalhas e protestaram no pódio. O ato em defesa das vidas negras não foi bem recebido pelas autoridades e imprensa. Os atletas foram duramente criticados até pelo Comitê Olímpico Internacional, que disse que não se pode misturar política e esporte.

A dupla de corredores teve vistos de permanência no México imediatamente cancelados e, no dia seguinte, foram expulsos da Vila Olímpica. Seus companheiros corredores do revezamento 4x400 quiseram abandonar os jogos, mas os medalhistas os convenceram a competir. Lee Evans, Larry James, Ron Freeman correram e levaram o ouro. No pódio, usaram boinas, outro símbolo dos Panteras Negras. Tommie Smith e John Carlos foram condenados ao esquecimento durante muitos anos, até serem reconhecidos como símbolos da luta do povo negro norte -americano.


16 | ESPORTES

Brasil de Fato PE

Recife, 24 a 30 de novembro de 2017

NA GERAL Reprodução

Lucas Figueiredo

Damien Poullenot

GOL

DE PLACA

Base do Sport é tricampeã WilliamsAguiar.

Seleção de Basquete inicia novo ciclo

Seleção Feminina tenta se reencontrar

Nordestina pode definir final da WSL

A

N

T

pós fiascos nas Olimpíadas Rio-2016 e na Copa América 2017, a Seleção masculina volta às quadras em busca de dias melhores. Agora comandados pelo croata Aleksandar Petrovic, o Brasil enfrenta o Chile, às 18h30 desta sexta-feira (24.11), e a Venezuela, às 19h30 da segunda (27.11), em jogos válidos pelas Eliminatórias para o Mundial 2019. Anderson Varejão (sem clube) está de volta, mas Nenê, Georginho, Caboclo, Raul Neto, Felício e Lucas Bebê não foram liberados pela NBA. Leandrinho (agora no Sesi-SP) deve estar nas próximas convocações. Os jogos serão transmitidos pelo canal de TV a cabo Esporte Interativo.

esse sábado (25.11) e terça (28.11) a Seleção Feminina realiza amistosos contra o Chile (40ª no ranking FIFA) às 20h (do Recife). Das convocadas, 13 jogam no exterior e 9 no Brasil. A única pernambucana é a goleira Bárbara (Kindermnn-SC). O Brasil (9º no ranking) perdeu atletas importantes desde a demissão de Emily Lima, com apenas 10 meses de trabalho. Em protesto, um grupo de jogadoras anunciou aposentadoria da Seleção, entre elas a centroavante Cristiane. Em outubro, já comandadas por Vadão, o Brasil fez três amistosos: empates em 2x2 contra China (13ª) e Coreia do Norte (10ª) e venceu o México (26ª) por 3x0.

SÉRIE C Filipe Spenser

C

terceiro ano consecutivo, o Campeonato Pernambucano Sub-20. O título veio com uma goleada, na Ilha do Retiro, por 4x0 sobre o América do Recife. Soberano em todo o torneio, o Sport conquistou o estadual de forma invicta, com 12 vitórias e 6 empates, liderando seu grupo tanto na 1ª como na 2ª fase e eliminando o Náutico na semifinal. Os atacantes Wallace e Mikael, ambos do Sport, empataram na artilharia, com sete gols cada.

GOL

ressionado desde a prisão do presidente Carlos NuzP man, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) realizou processo estatuinte para refazer as regras do COB. A pro-

posta de novo estatuto foi apresentada na quarta-feira (22.11) com muitos avanços, mas precisava ser aprovada pelos presidentes das confederações dos esportes olímpicos. O ponto mais polêmico foi o da participação dos atletas. Eles queriam ampliar a participação de 1 voto (atual) para 12 votos (um terço do total). A votação nesse quesito ficou empatada, mas um voto favorável aos atletas acabou anulado porque o votante precisou sair antes do fim da sessão. Os atletas agora terão direito a 5 votos no COB.

LIMITES

Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com

M

contra

Golpe no Comitê Olímpico

2018 SÓ COMEÇA NO DIA 5

filipespenser@gmail.com

omo esperado, o Náutico disputará a Série C do brasileiro em 2018. Após 20 anos, o clube volta a viver a sua pior fase no cenário nacional. A queda é grande. A Série C não é um campeonato longo, tal qual a Série B. Aliás, é marcada por conflitos diretos e decisões, de modo que, muitas vezes, detalhes impedem o acesso. Em outras palavras, a distância da B para a A é menor do que a distância da C para a B. Basta olhar para o drama vivido pelo Fortaleza que demorou oito anos para voltar à Série B. Diante das dificuldades financeiras, não há solução mágica. No entanto, a obrigação básica permanece: ou a torcida, mais uma vez, mostra o amor ao seu clube, superando a divisão política, ou a tendência é que o noticiário do Náutico seja marcado por informações negativas. O clube é seu, ocupe-o.

em início neste sábado (25.11) a 10ª e última etapa da Liga Mundial de Surfe feminino. Desta vez o duelo é no Havaí. A competição ainda está totalmente aberta, com cinco mulheres podendo sair da água com o troféu: a havaiana Carissa Moore (4ª), a norte-americana Courtney Conlogue (3ª) e as australianas Stephanie Gilmore (5ª), Tyler Wright (2ª) e Sally Fitzgibbons (1ª). A cearense Silvana Lima (12ª), campeã de uma das etapas, não disputa o título, mas enfrenta justamente a líder Fitzgibbons já na primeira fase e promete colocar água no chopp da favorita. Tudo é transmitido ao vivo no site da World Surf League.

a última quarta-feira N (22.11) os garotos do Sport conquistaram, pelo

uitos de nós – eu também! – gostariam de saber sobre o futuro do Santa Cruz. Muitos jogadores não sabem sobre sua permanência no clube. Tudo está em aberto devido às eleições para o próximo triênio Coral. Fábio Melo e Albertino dos Anjos fazem oposição à chapa de Antônio Luiz Neto, candidato da atual gestão. Já houve muito rebuliço, após descobrirem, na lista de sócios aptos a votar, um suposto sócio chamado “Fulano de Tal” e outros com CPFs iguais. A situação é estranha e lamentável, no mínimo. Pena isso ainda acontecer no futebol e no nosso Santa Cruz. Na minha opinião o Tricolor merece respirar novos ares. Este ano não foi fácil e o próximo presidente terá em mãos uma bomba. Mas só após o dia 5 de dezembro poderemos confabular melhor sobre os próximos anos do Mais Querido.

Daniel Lamir

daniel.lamir@brasildefato.com.br

C

ai ou fica? A vitória sobre o Bahia manteve vivo o nosso último sonho deste ano. Apesar do resultado positivo, o futebol foi basicamente o mesmo. Aparentemente o Leão já está “no limite” do que pode fazer nos jogos restantes. O alento e o fio da esperança se amarram “nos limites” dos próximos adversários. O Flu não teme o Z4 e o Timão não teme o vice-líder. Teoricamente, cariocas e paulistas devem jogar abaixo dos seus limites possíveis. Os dados foram lançados e outros dois pesos pesados preocupam. Um é a matemática do “simples” vencer tudo e secar o grupão entre 16º e 19º. O outro é a temida “inhaca” que já ultrapassou todos os limites possíveis e imagináveis no ano. Não vale mais aceitar falta de futebol, desconcentração, sonolência, afobação ou até mesmo falta de sorte


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