BdF PE edição 11

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ENTREVISTA | Pág.11

BRASIL| Pág.9

Divulgação

Trabalhadores fazem paralisação nacional em preparação para a greve geral no BrasiL

Pernambuco

“ A criminalização aos movimentos

populares é o principal tema da entrevista com o advogado Aton Fon Filho.”

Leia entrevista com Aton Fon

Recife, 08 a 22 de setembro de 2016 a n o 1

e d iç ão 11

distribuição gratuita

RECIFE GRITA FORA TEMER PH Reinaux

CIDADES Trabalhadores rurais ocupam orgãos públicos em dia nacional de luta Pag.05

DEMOCRACIA POR UM FIO

Projeto de lei ameaça recursos para educação pública Pag.07

CULTURA

Parteiras tradicionais buscam reconhecimento e preservação dos seus saberes Pag.13


2 | OPINIÃO

Brasil de Fato PE

Recife, 09 a 22 de Setembro

Brasil de Fato PE

EDITORIAL

Dilma e a história

BEM

dia 29 de agosto de 2016 certamente figurará na história de nosso país como o dia em que uma mulher, a presidente da República, Dilma Rousseff, enfrentou bravamente seus juízes no processo de impeachment, formado por uma imensa maioria de senadores homens. Em um belíssimo e consistente discurso de 46 minutos, ela bradou que é inocente e finalizou dizendo que é GOLPE!

É GOLPE porque não houve a prática de nenhum crime de responsabilidade É GOLPE porque esse impeachment se trata de um processo marcado por ilegalidades, fruto de uma

charge

farsa jurídica e que atenta frontalmente contra a nossa carta magna, a Constituição Federal do Brasil. É GOLPE porque não houve a prática de nenhum crime de responsabilidade. O que se viu durante todo o processo foi uma trama arquitetada desde o início pelos partidos que perderam as eleições, liderados por Aécio Neves; depois por Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados com inúmeras acusações de corrupção e

afastado do cargo pelo STF; e, por fim, orquestrada pelo golpista mor, Michel Temer. É GOLPE porque é a única forma de frear os processos de investigação de corrupção que estavam sendo feitos no país e que contava com o apoio de Dilma. Pela primeira vez na história do Brasil se viu grandes magnatas presos e isso é inadmissível para a elite burguesa. É GOLPE porque é a única forma de frear a implementação das políticas so-

ciais que visam incluir os mais pobres e miseráveis do nosso país. É GOLPE porque só assim é possível a volta do neoliberalismo, tantas vezes derrotado nas urnas, e que já sabemos que é sinônimo de desemprego, repressão aos movimentos populares, eliminação dos direitos da classe trabalhadora e entrega de nossas riquezas a empresas e países estrangeiros. É GOLPE porque, com o

afastamento definitivo da presidente Dilma, serão jogados na lata de lixo mais de 54 milhões de votos exercidos de forma legítima pelos brasileiros e brasileiras que elegeram um programa de governo. Esse programa está sendo e continuará sendo descumprido pelo governo golpista do Temer. Dilma honrou os votos que recebeu e certamente entrará para a história de cabeça erguida e coração valente! É GOLPE, mas há resistência e luta. O desfecho desse processo abre o caminho para que o povo brasileiro tome as rédeas do processo político nas ruas. Na mesma noite em que os usurpadores davam as costas ao povo brasileiro, este saia às ruas. A resposta do governo ilegítimo é a repressão e a truculência que o caracteriza. Mas a coragem demonstrada pela presidenta há de transformar-se na defesa de um Projeto Popular que já sabe que têm de tomar nas suas mãos o destino do país.

divulgação

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco correio:. redacaobfpe@brasildefato.com.br para anunciar: publicidadepe@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) I Redação: Elen Carvalho e Vinícius Sobreira IDistribuição: Iyalê Tahyrine I Colaboradores: Daniel Lamir, André Barreto, Halina Cavalcanti, Catarina de Angola, Débora Britto, Filipe Spenser, Malu Xavier, Vanessa GonzagaI I Diagramação: Diva Braga

Aos quase 70 anos de idade, não seria agora que abdicaria dos princípios que sempre me guiaram Dilma Vana Rousseff, apresentando sua defesa no Senado, na sessão que culminaria com a cassação do seu mandato.

O

STF decidiu que partidos pequenos podem participar dos debates na TV. Nas regras aprovadas em 2015, na Câmara, só participariam dos debates os partidos com pelo menos 10 deputados federais. A decisão do STF agora permite que esses partidos participem, desde que convidados pelas emissoras de TV.

mandou

MAL

Qual a sua expectativa para as eleições municipais deste ano? té agora nenhuma proposta satisfaz minhas expecA tativas. Em épocas de chuva

oda eleição traz uma expectativa de mudança, de T renovação. Temos o poder de

temos muitos problemas, mas eles só tentam sanar em época de eleição. A atual gestão prometeu solucionar 32 pontos de alagamento, mas vemos o aumento dos alagamentos. Tem que melhorar o saneamento. E fazer muros de arrimo. Este ano houve muitos deslizamentos de barreiras, inclusive tirando vidas. Quem assumir precisa se voltar para as pessoas mais pobres e não olhar só para a elite.

retirar alguém que não está dando certo e tentar com outras pessoas. A crise política que o País está vivendo serve para que possamos observar melhor a quem estamos dando nosso voto. Lembrar das propostas que essas pessoas fizeram e ver que isso não foi cumprido na prática. Espero que mude alguma coisa, que seja dada uma resposta nas urnas. Quem tem o poder de colocar alguém lá dentro somos nós..

Lays Cristina Sobral, 25 anos, estudante – Recife

Cleidja Machado, 35 anos, agente comunitária de saúde – Recife.

divulgação

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Expediente Brasil de Fato PE

Dediquei toda a minha vida à luta por uma sociedade livre de preconceitos e discriminações, por uma sociedade onde não houvesse miséria ou excluídos. Lutei por um Brasil soberano. Disso tenho orgulho. divulgação

O

N

o primeiro dia de guia eleitoral de TV (28/08) a campanha de Geraldo Julio exibiu um diploma falso. Enquanto o guia diz que Geraldo se formou em Administração na Universidade de Pernambuco (UPE), o diploma exibido é da Universidade de Londrina, no Paraná. E, vide a assinatura, o documento pertence a Edelgir Junior.

GERAL l 3

FRASE DA EDIÇÃO

mandou

Dilma honrou os votos que recebeu e certamente entrará para a história de cabeça erguida e coração valente!

Recife, 09 a 22 de Setembroro

publicidadepe@brasildefato.com.br


4 | CIDADES Mundo

Brasil de Fato PE

Recife, 09 a 22 de Setembro

Brasil de Fato PE

Recife, 26 de agosto a 08 de setembro

ESPAÇO SINDICAL Frente Brasil Popular organiza Assembleia de luta contra o golpe

C

om o intuito de planejar os próximos passos da luta pela democracia e contra o governo golpista de Michel Temer, a Frente Brasil Popular realizará uma Assembleia com os diversos movimentos populares e sindicais de Pernambuco, na próxima terça (13), no auditório do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, na Avenida Manoel Borba, 564, no bairro Boa Vista. A assembleia está prevista para 16h.

Parada da Diversidade toma as ruas na RMR

N

o dia 4 de setembro a região metropolitana do Recife foi tomada pelos movimentos pela diversidade e contra o preconceito. A parada da diversidade em Olinda reuniu manifestantes na Avenida Beira Mar para reivindicar políticas voltadas ao público LGBT com o lema “LGBTfobia: mata e machuca”. No Cabo de Santo Agostinho ocorreu a 14ª edição da Parada da Diversidade com a temática “Abrace a igualdade e ame a diversidade”, a concentração ocorreu na avenida Costa Dourada, em Gaibu.

Petrolina grita Fora Temer!

MST ocupa INCRA contra a retirada de direitos

A

O MST, ocupou na última segunda-feira (05), o prédio da Superintendência do Incra em Recife. A mobilização é parte da agenda de lutas dos movimentos do campo que realizam uma jornada de lutas contra a retirada de direitos colocada em pauta pelo governo não-eleito de Temer: entre elas, o cancelamento de contratos para assistência técnica rural nos assentamentos, a recusa em vistoriar as áreas ocupadas, aluta para a emissão de posse às famílias assentadas e a Reforma da Previdência.

juventude de diversas organizações de esquerda, dos sindicatos, movimentos populares de Petrolina e Juazeiro se reuniram contra o golpe, contra o arrocho econômico e a retirada de direitos na última quarta (05). Cerca de 1000 manifestantes concentraram-se a desde às 15h na Praça do Bambuzinho e saíram em caminhada pelas ruas de Petrolina, manifestando-se contra o governo de Michel Temer e contra o apoio ao golpe dado por políticos pernambucanos, como Fernando Bezerra Coelho.

NENHUM DIREITO A MENOS! FORA Temer! SINDBORRACHA/PE FILIADO À

Bancários em Greve!

CIDADES I 5

Direitos de Fato

30 anos da Comissão de Mulheres da CUT

Acordo Coletivo por comissão de Trabalhadores: Valorização da organização por local de trabalho.

E N

o dia 6 de setembro iniciou a greve nacional dos bancários, por tempo indeterminado. A paralisação foi deflagrada em assembleia geral após se rejeitar a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de apenas 6,5%, abaixo da inflação. A campanha nacional salarial de 2016 tem como pauta um reajuste de 14,78%, além de outras medidas de melhoria das condições de trabalho da categoria. É de se destacar que, mesmo durante uma crise econômica, os cinco maiores bancos que atuam no país lucraram juntos quase R$ 30 bilhões no primeiro semestre de 2016.

F

oi celebrado os 33 anos de existência da CUT e os 30 anos da criação da comissão de mulheres, em seminário das mulheres sindicalistas da CUT-PE no dia 25 de agosto. Hoje tal comissão nacional tem status de secretaria nacional, o que se reproduz também nas CUTs estaduais. Nesses anos, a participação das mulheres sindicalistas passou a ser uma quota de 30% nas diretorias nacional e estaduais. No 12º Congresso Nacional da CUT, em 2015, foi aprovada a paridade da participação de mulheres nas diretorias.

m tempos de crise econômica, é importante saber que é possível a realização de acordos coletivos de trabalho celebrados diretamente entre a empresa empregadora e comissão de trabalhadores, em caso de recusa de participação do sindicato. É o que decidiu recentemente o Tribunal Superior do Trabalho (TST), reconhecendo a aplicação do artigo 617 da CLT. Tais acordos coletivos servem para um ajuste das condições de trabalho mais próximas possíveis à realidade concreta de cada local de trabalho, tratando sobre jornada, intervalos, férias, reajustes salariais, benefícios, parcelas remuneratórias, etc. Em muitos casos, o sindicato profissional não tem qualquer legitimidade ou representação real junto às bases e à categoria. É o que se chama por aí de “sindicato de gaveta”, com níveis de sindicalização e filiação baixos. O reconhecimento pelo TST dessa possibilidade de negociação coletiva direta valoriza a organização dos/as trabalhadores/as em seus locais de trabalho, bem como a sua mobilização real em torno de suas demandas coletivas. Destaque-se que, para tal negociação ser considerada válida, é preciso uma prova da recusa expressa do sindicato em participar das negociações. *André Barreto é advogado trabalhista em Recife Mande suas dúvidas para: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br

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6 | PERNAMBUCO

Brasil de Fato PE

Recife, 09 a 22 de Setembro

Renato Feitosa 33 anos, cientista social e integrante do Centro de Cultura Luiz Freire, OlindaPE.

Jéssica Roberta de Souza Santos 20 anos, estudante e militante feminista, Caruaru - PE.

Resistir ao golpe é um compromisso histórico, com as lutas das gerações que nos antecederam – e entregaram suas vidas para conquistar direitos dos quais usufruímos hoje – e com o futuro das novas. Ficou demonstrado que vivemos em um regime regulado não pela suposta objetividade e impessoalidade das leis, mas pela soberania dos interesses de uma elite caquética e corrupta – que, desde sempre, controla e se apropria de todos os níveis do Estado. Foi golpe não só pela deposição ilegítima da presidenta eleita como também pela usurpação do poder popular pelo julgamento político de quem governa. A base disso foram pretextos construídos ao longo dos últimos anos pela manipulação das informações cotidianamente difundidas pelo oligopólio da grande mídia privada. Enquanto meia dúzia de famílias tiverem o controle dos canais de rádio e TV – que são bens públicos! – e, assim, da informação que mais de 90% da população consome, a democracia estará sob risco. Reforma política e democratização da mídia caminham juntas.

Camila Pereira Abagaro 37 anos, professora, advogada e Doutora em Ciências em Saúde Coletiva, Recife - PE Crédito da foto: Arquivo pessoal

Roselle Siqueira 62 anos, Grupo de Idosos Alegria de Viver Sancho - Totó, Recife-PE.

N

a eleição pela prefeitura da Marim dos Caetés a ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB) volta ao pleito, defendendo os 16 anos do seu partido no comando da cidade. A deputada e educadora Teresa Leitão (PT), com história na política pernambucana, se candidata ao cargo pela primeira vez. Também disputam Antônio Campos (PSB), Izabel Urquiza (PSDB), Ricardo Costa (PMDB), Lupércio (SD) e as chapas do PSOL, PCO, PV e PPS.

Jaboatão pode ter 2º turno

O arquivo pessoal

foto: Amanda Amorim

Numa análise ligeira penso que, quando o PT assumiu o governo os movimentos sociais foram impedidos de se mobilizarem em nome de uma governabilidade, e suas lideranças foram levadas a participar do governo em todos os escalões. Mas a elite, que de fato governa, percebe a fragilidade da presidenta, e fica temerosa de perder as rédeas da governabilidade. E resolve tirá-la. Não com outro golpe cívico-militar, mas com um golpe constitucional parlamentar. Agora, com o golpe, o que vinha ruim, está ficando pior e em ritmo acelerado. Os movimentos sociais não tem mais a desculpa da governabilidade, e vamos nos unir novamente nas mobilizações em defesa das conquistas ameaçadas e na tentativa de avançarmos com novas conquistas. Eis o motivo, urgente, de termos que resistir. Não perder mais do que já nos tiraram.

FATOS em FOCO

Dez chapas disputam Olinda arquivo pessoal

foto:Joana Figueirêdo

Eu, como mulher, negra, militante, estudante da classe trabalhadora resisto ao golpe, porque acredito que esse atual cenário político em que se deu a partir desse golpe, começamos a viver muitos retrocessos. Nossa resistência não implica apenas pela insatisfação com saída da presidenta Dilma, mas em um retrocesso na democracia e o risco que corre os nossos direitos conquistados com muita luta. Não podemos aceitar retrocessos na educação correndo o risco de privatização das universidades públicas, e fim dos programas sociais voltados ao ensino superior, dificultando o acesso da minoria a universidade afetando a vidas da classe que mais precisa ser favorecida, que é a classe trabalhadora. Não aceitando assim retrocesso na CLT e nos programas sociais. Esse golpe não é nada mais nada menos que, racista, fascista, machista, homofóbico e misógino. E a bancada conservadora do novo governo Temer não nos representa. Resistir ao golpe, é resistir a nossos direitos e se assegurar do que já conquistamos e o que queremos conquistar. É respeitar os 54 milhões de votos recebido democraticamente, representando a diversidade popular. Não reconhecemos um governo golpista!

Brasil de Fato PE

Resistir ao golpe é fundamental posto que está em jogo a luta histórica pela democracia travada desde a nossa colonização, cujos resquícios de uma cultura escravagista permanecem ainda hoje, representados pelos interesses de classe de maneira geral. Nesse sentido, o golpe é patrocinado pela elite financeira e política do nosso país, que não aceita avanços socioeconômicos da classe trabalhadora. Além disso, o cenário brasileiro atual demanda peremptoriamente a defesa da Constituição de 1988 e o arcabouço de conquistas sociais que dela emanam, além da inegociabilidade da legislação trabalhista e

VISITE NOSSA PÁGINA facebook.com/brasildefatopernambuco

ito candidaturas disputam a prefeitura do Jaboatão dos Guararapes. No pleito, parlamentares ligados a pautas conservadoras, como os deputados Anderson Ferreira (PR) e Cleiton Collins (PP); veteranos como os vereadores Neco (PDT), Edmar de Oliveira (SD) e o vice-prefeito Heraldo Selva (PSB); e o sindicalista Inaldo Metalúrgico (PT), candidato estreante. A disputa tem ainda chapas do PCB e do PCO.

Recife, 26 de agosto a 08 de setembro

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Grito dos Excluídos reúne 60 mil pessoas em Recife FORA TEMER. A manifestação aconteceu em 26 estados e no Distrito Federal

PH Reinaux

Monyse Ravenna Como tradicionalmente acontece no dia 7 de setembro, pastorais sociais, movimentos populares e centrais sindicais organizaram o Grito dos Excluídos em cidades de 26 estados e mais o Distrito Federal. Os organizadores estimam que cerca de 230 mil pessoas participaram das manifestações que denunciavam as ameaças às conquistas sociais anunciadas pelo governo do presidente não eleito Michel Temer. Em Recife, o ato que se concentrou na Praça da Democracia, no Derby e se dirigiu à Praça do Diário, no centro da cidade, reuniu cerca de 60 mil pessoas. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo também mobilizaram para o ato e denunciaram o golpe efetivado pelas forças políticas que apoiam Temer. Ao longo de toda a Marcha a palavra de ordem “Fora Temer” foi unânime e ressoou nas ruas da capital. Vários cartazes pediam eleições diretas para a presidência da República. Temas como reforma da previdência e as propostas de flexibilização das leis trabalhistas também estão na pauta dos movimentos populares que participam do ato. As mudanças são vistas como perdas nos direitos dos trabalhadores. Milhares de pessoas participaram para questionar que tipo de independência o povo brasileiro vive, especialmente em tempo de golpe institucional. Esta edição do Grito trouxe como lema “Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata”. Segundo Valmir Assis, do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC) e da organização do Grito dos Excluídos em Recife, foram cerca de 60 mil pessoas nas

FATOS em FOCO

Deputados querem Prefeitura de Petrolina

A

vários movimentos populares e pastorais que estavam distantes da luta tem se reaproximado com o golpe”, ruas, “vários movimentos populares e pastorais que estavam distantes da luta tem se reaproximado com o golpe”, afirma. Valmir também frisou o caráter de denúncia do golpe que o Grito assumiu esse ano. “No contexto local também foi importante estarmos nas ruas para fortalecer as candidaturas de esquerda e denunciar os golpistas, em especial o PSB de Geraldo Júlio”, conclui. Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra que estavam ocupando a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Recife, também participaram da manifestação. Para Gilberta Araújo, militante do MST que sempre participa do Grito, “é muito importante e gratificante participar desse ato, principalmente porque estamos nesse período de golpe. O 7 de setembro é uma data histórica para lutar pelos direitos do povo e mostrar

para a sociedade que nós, trabalhadores, temos um projeto”, afirma. Ao contrário de Gilberta, Ricardo Maciel, fotógrafo não participa comumente de manifestações mas sentiu a necessidade de se manifestar contra o golpe em curso no país, “Todas as ações que visam combater esse golpe à democracia são importantes e é preciso somar. Estar nas ruas é o que representa melhor a resistência nesse momento. É preciso defender os interesses populares e não aceitar que a burguesia, a direita, continue no comando. ”, conclui. A assistente social baiana Heide de jesus estava em Recife participando do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais. O grito compôs a programação do evento. “Eu participei das outras edições do Grito dos Excluídos na Bahia. Foi muito bom poder participar aqui em Recife e também importante que o Congresso tenha pautado e indicado a participação dos congressistas no ato de hoje. Esse é um momento para tomar fôlego para resistir nessa conjuntura acirrada de perca de direitos. Bom para nos vermos e termos a dimensão de que somos muitos e resistentes. É um momento para tomar fôlego para continuarmos dizendo não ao governo golpista.”.

cidade de Petrolina é disputada por cinco candidaturas. Protagonizam a eleição três chapas de deputados estaduais: Odacy Amorim (PT), Adalberto Cavalcanti (PTB) e Miguel Coelho (PSB). O eleitorado tem ainda como opções Edinaldo Lima (PMDB) e a candidata Perpétua Rodrigues (PSOL). Cidades com mais de 200 mil habitantes, como Petrolina (330 mil), podem ter 2º turno caso ninguém tenha mais de 50% dos votos.

Missão difícil em Afogados da Ingazeira

N

o Sertão do Pajeú, a Prefeitura de Afogados da Ingazeira é disputada por três candidaturas. O atual prefeito José Patriota (PSB) tenta a reeleição apoiado por uma coligação que vai do PCdoB ao PSDB, englobando 17 partidos. Na oposição, estão as candidaturas do administrador Emídio (PT), apoiado por PTB e PTN; e do policial militar Itamar França (PRP), apoiado pelo PSOL. Não há possibilidade de 2º turno.


8 | BRASIL

Recife, 09 a 22 de Setembro

Brasil de Fato PE

Sem aval das urnas, Temer assume a presidência e deve promover cortes e privatizações

IMPEACHMENT. Por 61 votos a 20, Senado aprova afastamento definitivo de Dilma. Crise política se agravará com medidas do novo governo Pedro Rafael Vilela, de Brasília

Geraldo Magela / Agência Senado

N

uma votação que ficará marcada na história por ter colocado em xeque a democracia do país, o Senado Federal afastou de forma definitiva a presidenta Dilma Rousseff (PT) na quarta-feira (31). Por 61 votos a 20, num resultado já esperado, Dilma perde o mandato presidencial por acusações, no mínimo, duvidosas. Responsabilizada pela edição de três decretos de suplementação orçamentária e atrasos nos repasses a bancos públicos, a petista apenas repetiu medidas tomadas por praticamente todos os seus antecessores, como Lula e Fernando Henrique, além de dezenas de governadores e milhares de prefeitos. Apesar de ter perdido o cargo, Dilma manteve os seus direitos políticos. Apenas 42 senadores votaram para que Dilma perdesse os direitos políticos durante oito anos e ainda ficasse proibida de exercer qualquer função pública no período. Com isso, ela sai do cargo de presidente, mas poderá ter outras ocupações profissionais, como dar aulas e consultorias, o que já disse que preten-

O golpe se consumou no último dia de agosto

Desde que o Brasil reconquistou sua democracia, em 1985, apenas dois presidentes eleitos pelo voto direto conseguiram terminar seus mandatos: Lula e Fernando Henrique

de fazer a partir de agora. O vice-presidente Michel Temer, convertido em titular, abandonou a base de governo de Dilma há nove meses, e tem agora como principal aliado o PSDB, partido derrotado nas eleições de 2014. Em debate promovido pelo Brasil

de Fato na segunda-feira (29), a historiadora Joana Montaleone, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra que parte da elite brasileira e os partidos de oposição nunca aceitaram a quarta vitória eleitoral do PT para a Presidência da República.

“Eles não esperavam perder. Quando viram o que ocorreu, rapidamente foi articulado um plano B. Após um mês do resultado eleitoral, já havia pessoas pedindo impeachment. Aquilo foi fomentado pela mídia. Foi inaceitável para eles, que também perceberam que poderiam perder a próxima. A opção foi partir para um golpe parlamentar”, afirmou Joana. Desde que o Brasil reconquistou sua democracia, em 1985, apenas dois presidentes eleitos pelo voto direto conseguiram terminar seus mandatos: Lula e Fernando Henrique. A força do poder econômico e da mídia para a deposição de Dilma remete ao golpe de 1964, acrescenta Joana. “A atuação dos empresários em 64 foi muito evidente. [Hoje], a força do empresariado em cima do Congresso se dá através do dinheiro para as campanhas”, declarou. O programa do golpe O governo prepara para as próximas semanas o anúncio de um plano de privatizações que vai incluir, segundo disse o próprio Temer, “tudo o que for possível vender”, especialmente empresas do setor elétrico e de infraestrutura. Além disso, já tramita no Congresso uma proposta

de emenda constitucional que congela por 20 anos o crescimento dos gastos públicos. Na prática, a medida vai reduzir, ao longo dos anos, recursos públicos para áreas como saúde, educação, meio ambiente, saneamento básico, ciência e tecnologia, entre outros. A proposta, por outro lado, não mexe no pagamento de juros da dívida pública para banqueiros e rentistas. Outros dois projetos que devem ser apresentados ainda este ano é a reforma na previdência, que poderá aumentar a idade mínima e tirar o salário mínimo como piso do INSS. A mudança na legislação trabalhista também está prevista, e pode flexibilizar direitos da CLT, como férias, 13º salário e aumento de jornada. Para a socióloga Eliana Graça, o impeachment vai agravar a crise política no país, justamente porque virá acompanhado de uma agenda de governo que não foi eleita nas urnas. “Trata-se de aprofundar a crise e não solucioná-la. As propostas do Temer são tão regressivas e neoliberais que já não são mais recomendadas nem pelo próprio FMI [Fundo Monetário Internacional]”, opina.

Brasil de Fato PE

Recife, 09 a 22 de Setembro

MUNDO | 9

Trabalhadores fazem paralisação nacional em preparação para a greve geral no Brasil RESISTÊNCIA. Centrais Sindicais estão mobilizadas para denunciar o governo não eleito de Michel Temer FUP

Elen Carvalho

O

próximo dia 22 de setembro está marcado na agenda dos trabalhadores como o Dia Nacional de Paralisação em preparação para a greve geral. Em todo Brasil, diversas categorias ligadas as centrais sindicais vão parar suas atividades nos postos de trabalho como forma de dizer que não aceitarão o governo não eleito de Michel Temer (PMDB) e nem a retirada dos direitos da classe trabalhadora. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) vem mobilizando suas categorias para essa paralisação. O presidente da CUT Pernambuco, Carlos Veras, afirma que uma série de assembleias e reuniões estão sendo feitas por cada sindicato para preparar a greve geral. “A greve está sendo construída a partir do processo de mobilização dos trabalhadores. Temos um grande enfrentamento para fazer em relação ao que a mídia vem colocando sobre os ataques aos nossos direitos. Nas TVs e rádios, as medidas adotadas por esse governo são mostradas como se fossem boas para os trabalhadores, quando é o contrário”, reflete Veras. Reforma de previdência, aumento da jornada de trabalho para 80h semanais, a terceirização, privatização dos bancos públicos e ameaça à Petrobrás são fatores que mostram a urgência da mobilização dos trabalhadores, de acordo com Carlos Veras. “Esse governo está ousando mexer na previdência com a justificativa de diminuir gastos públicos. Além de fazer reformas em diversas outras políticas públicas e acabar com uma

Greve dos Petroleiros de 1995

A greve está sendo construída a partir do processo de mobilização dos trabalhadores série de programas sociais”, comenta o sindicalista. A cada paralisação - já foram feitas três, desde o começo do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff- os trabalhadores se fortalecem e mostram mais disposição para continuar lutando. “Com isso vamos nos preparando para a greve geral, arma de enfrentamento importante e necessária contra os ataques do governo golpista de Michel Temer”, conclui Veras. Para Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT-MG, “A greve é um instrumento importante e, nesse momento, é a melhor resposta que podemos dar. É uma forma de pressionar o Congresso Nacional para que sejam criadas condições para combater a crise econômica”,

afirma.

Greve é arma histórica da classe trabalhadora

A greve é uma ferramenta de luta usada pelos trabalhadores há muitas décadas no mundo todo. Durante a Revolução industrial as greves se consolidaram como forma de luta dos operários. No Brasil, em 1907, a cidade de São Paulo foi paralisada por uma greve. A reivindicação era a jornada de oito horas diárias de trabalho. Em 1917, outra grande greve teve início em São Paulo, na maior tecelagem do país, o Cotonifício Crespi. Entre 1964 e 1985, durante a Ditadura Militar, as greves foram proibidas no Brasil. Quem participas-

se estaria sujeito a Lei de Segurança Nacional. Com o processo de redemocratização os movimentos grevistas tornaram a acontecer. Nesse contexto, em 1980, acontece a greve dos metalúrgicos do ABC paulista, que durou 41 dias e marcou o início das manifestações de massa contra o regime militar. Uma das grandes greves que aconteceu no Brasil e que podemos trazer à memória é a dos petroleiros de 1995. No dia 3 de maio, a categoria iniciou o que seria a sua mais longa greve, que durou 32 dias, e é símbolo da resistência da classe trabalhadora à política neoliberal do PSDB. “O então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava com o programa de privatização. Uma série de bancos federais e estaduais foram privatizados. A Petrobrás já era alvo. A situação exigia ação dos trabalhadores. Nossos empregos e os interesses do país estavam em jogo. Os primeiros dias de greve não foram fáceis,

pois a sociedade e muitos de nossos familiares faziam pressão para que encerrássemos”, lembra Marco Aurélio, petroleiro e coordenador do Sindipetro PE\PB Os trabalhadores resistiram as manipulações midiáticas para deslegitimar a luta da categoria perante a população e a forte repressão do governo. Demissões, punições e tanques do Exército nas refinarias da Petrobrás foram as armas usadas pelo governo de Fernando Henrique. Mais de 90% da categoria cruzou os braços nas refinarias, nas plataformas, nos terminais de distribuição e nas unidades administrativas da Petrobrás. O abastecimento básico da população, no entanto, foi mantido. Marco Aurélio lembra que a greve de maio de 1995 foi o que garantiu que a Petrobrás não fosse vendida e que o cenário atua remonta ao que ocorreu naquela época. “1995 está se repetindo. As táticas são as mesmas de agora. Linhas de crédito do BNDES estão sendo criadas para as grandes empresas e isso é para começar as privatizações. É preciso pontuar também que hoje nós temos o Pré-sal, uma riqueza imensa que corre risco. A soberania nacional está ameaçada”, observa. “Posso destacar duas greves que aconteceram recentemente no Brasil. A dos professores no Paraná, em 2015, e a da educação em 2011 em Minas Gerais. Ambas as greves politizaram a luta dessas categorias e representaram um acúmulo de forças. Pelo momento conjuntural, elas representaram o enfrentamento à política neoliberal e demarcaram o futuro da luta”, finaliza Cerqueira.


10 | OPINIÃO

Artigo

Brasil de Fato PE

Recife, 09 a 22 de Setembro

Nossa rebeldia é o povo no poder!

N

as últimas semanas, acompanhamos o desfecho do golpe parlamentar que se instaurou no Brasil. O Senado federal deixou evidente, com seus 61 votos a favor do golpe, para quem eles governam. As 54 milhões de pessoas que elegeram legitimamente uma chefe de Estado foram sumariamente ignoradas e a nossa jovem democracia foi brutalmente enterrada. Em meio à perda de direitos que já vinham se anunciando nos últimos 200 dias

Artigo

e outras perdas que estão em vias de se concretizar devido à consolidação do golpe, o governo já nos feriu com o estabelecimento do teto para gastos públi-

cos para os próximos 20 anos. Isso afetará principalmente as áreas da saúde e da educação juntamente ao fechamento de vagas para o Pronatec, o FIES e o Prouni, afora a possível aprovação do Projeto de Lei do senador José Serra (PSDB) que pretende retirar da Petrobras o controle sobre o Pré-sal e ameaça diretamente os recursos para a educação pública. Esses são alguns dos problemas que a população, em especial a juventude, irá enfrentar nos próximos anos. Compreendendo que os desafios da juventude são grandes e que a luta exi-

girá de nós cada vez mais ousadia e rebeldia, é que o Levante Popular da Juventude ousou, de 05 a 09/09, lotar o estádio do Mineirinho em Belo Horizonte com 7 mil jovens em seu terceiro Acampamento Nacional para debater política e os rumos que queremos para o nosso País. Com o lema “Nossa rebeldia é o povo no poder” foi que esses milhares de jovens de todo o Brasil se desafiaram, em meio à crise mundial e a um golpe de estado, construir um encontro de tamanha grandeza que apontou a construção de um Programa Popular para a Juventude como extremamente

necessário para intensificar e qualificar o diálogo com outros jovens e pautar as lutas por direitos de maneira organizada, assim como, retomar a bandeira da Constituinte para recompor as conquistas democráticas, fruto da histórica luta dos trabalhadores e trabalhadoras e que neste momento estão eminentemente ameaçadas. Temos consciência de que os obstáculos colocados para nós nesse momento são ainda maiores, mas a ousadia e a rebeldia da juventude trabalhadora organizada têm capacidade para impulsionar o salto de superação que daremos contra o retrocesso e contra o golpe, o que colocará enfim,

“Há sempre um lado que pese e outro lado que flutua a tua pele é crua.” Vinicius Carvalho*

O tempo passou na janela e Geraldo não viu. Avaliar a gestão da cultura no Recife é meio óbvio: sofrível. Políticas extintas, o orçamento murchou. Do privilégio de ser prefeito, Geraldo se fez passivo. Geraldo não precisava se colocar à frente do seu tempo, bastava desfrutá-lo. No seu mandato, um movimento de impacto global tratou de paisagem, mobilidade, memória - questio-

Do privilégio de ser prefeito, Geraldo se fez passivo nou o modelo de desenvolvimento urbano: Ocupe Estelita. Encolhido na retórica da “legalidade”, tese que veio por terra, perdeu o bonde da história. Você pode até achar que estou tergiversando, mas

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ENTREVISTA l 11

“ A repressão nós vamos enfrentar com energia, com as nossas forças, mas vamos enfrentar também com toda a doçura que nós formos capazes de produzir” LUTA SOCIAL. A criminalização aos movimentos populares é o principal tema da entrevista com o advogado Aton Fon Filho.

Iyalê Tahyrine*

Compreendendo que os desafios da juventude são grandes e que a luta exigirá de nós cada vez mais ousadia e rebeldia

Brasil de Fato PE

cultura abrange o conjunto das expressões da sociedade. Gestão pública no Brasil privilegia o poder econômico, que por sua vez é conservador e não compreende a cultura como estratégica para a economia. Objetivamente, o Plano Municipal de Cultura foi deixado de lado. A maioria das deliberações da sociedade pactuadas com o governo não se materializou. Se Derlon amplificou a xilogravura em paredões pelo mundo, o SPA das artes, laboratório e difusor das artes visuais paralisou no último ano da gestão de João da Costa. Geraldo teve chance de se diferen-

ciar, só que não, o projeto nunca mais voltou. Pontuemos que o cinema pernambucano ganhou o mundo, contando com incentivo público estadual - FUNCULTURA. , Geraldo acabou com o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC). O Teatro do Parque está fechado há seis anos! O Teatro Barreto Júnior, idem. Se o Frevo é patrimônio imaterial da humanidade, o gênero carece de reinvenção e incentivo. O prefeito encerrou o concurso de música carnavalesca. Por outro lado, finalizou no início do seu governo a obra do Paço do Frevo.

A Rádio Frei Caneca entrou no ar a pouco. Ufa! É de se comemorar. Só que sem equipe e orçamento. O conteúdo é reprodução mecânica de músicas, de muito bom gosto por sinal. O argumento da crise tanto é contradito pelos números. Recife merece mais... e não é chavão de marqueteiro.

*Vinicius Carvalho é produtor cultural

Aton Fon Filho, formouse em Direito e atua junto aos movimentos populares, tais como o MST, é especialista em conflitos agrários e direitos de populações tradicionais. Mesmo libertado ainda durante o período militar, Aton Fon Filho só foi legalmente anistiado em outubro de 2013, pela Caravana da Anistia. Ele conversou com a reportagem do BdF PE em passagem por Pernambuco. Confira! O MST tem sido o principal alvo da criminalização no Brasil porque isso acontece? Nos últimos 30 anos ele de fato tem sido. Acho que isso acontece porque no período de domínio neoliberal o MST foi o movimento social que se manteve organizado, se manteve na ofensiva e que, de certa forma, manteve hasteada a bandeira da rebeldia do povo. Então era um esforço necessário esse de fazer baixar essa bandeira, esse de fazer cessar essa rebeldia. O Movimento dos Sem Terra ele é alvo da repressão por ser também alvo do carinho do povo. Os inimigos do povo ao atacarem o MST querem atacar os símbolos maiores que a gente tem na luta popular. O encarceramento de militantes no último período é também um indicador do aumento da criminalização. A partir disso você poderia comentar o caso dos militantes do MST de Pernambuco que estão encarcerados. Nos preocupa muito porque inauguram-se outras formas de pressão e de criminalização dos movimentos sociais. Várias das formas mais brutais, ilegais que foram instituídas pa-

Ddiculgação

O Movimento dos Sem Terra ele é alvo da repressão por ser também alvo do carinho do povo

ra quem vai lutar contra as manifestações do povo elas foram inauguradas sempre contra o MST. Aqui, em São Joaquim do Monte, também aconteceu uma situação de uma brutalidade absoluta em que vários companheiros estão presos desde fevereiro de 2009 quando pistoleiros a serviço do

eu sempre prefiro fazer a defesa de companheiros que conseguem exercer a legítima defesa, preservando suas vidas latifúndio foram e realizaram atentados contra os trabalhadores Sem Terra e os trabalhadores Sem Terra que reagiram aquele atentado que estava sendo praticado contra eles e que foram felizes. Eu quero deixar bem claro que eles foram felizes no exercício da legítima defesa. Eu também quero deixar bem claro que eu sempre prefiro fazer a defesa de companheiros que conseguem exercer a legítima defesa, preservando suas vidas, mesmo quando essa legítima defesa acaba levando ao ferimento ou mesmo a morte dos pistoleiros assalariados

pelo latifúndio, do que perante o mesmo tribunal do júri fazer a assistência da acusação contra os pistoleiros assalariados pelo latifúndio quando eles conseguem matar pessoas importantes para a luta operária, para a luta camponesa, para a luta do povo. É preferível que nós choremos a injustiça que está sendo praticada contra companheiros como Aluciano, como Antônio Honorato, aqui em São Joaquim do Monte, que souberam preservar vidas do que chorar a ausência deles. O que nós podemos falar do papel do judiciário nesse processo de criminalização dos movimentos populares? O judiciário existe para exercer a repressão na sociedade, é o último degrau do exercício da repressão na sociedade. A repressão contra movimentos na sociedade começa pelos criminosos assalariados pelo latifúndio, passa pelos criminosos que são fardados e que são amparados pelo estado, passa pelo ministério público que é o órgão voltado para pedir ao poder judiciário que criminalize os combatentes sociais e alcança por fim esse degrau. Nós podemos sim ver concretamente que o mesmo poder judiciário que

absolve os pistoleiros e os contratantes de pistoleiros na Paraíba e em Pernambuco, são os mesmos que vem com a maior sede, com a maior fome, para castigar os trabalhadores que reagem as agressões feitas por esse mesmo latifúndio. Como se dá o processo de criminalização e perseguição dos defensores de direitos humanos? É preciso primeiro ter uma noção mais clara do que são os direitos humanos. Há um pacto internacional de defesa dos direitos econômicos, sociais e culturais. Então lutar pela terra, por exemplo, é lutar pelo atendimento a um dos direitos humanos. Lutar pelo direito ao trabalho é lutar por um direito humano. Lutar pelo direito à alimentação é lutar por um direito humano. Então na verdade todos esses militantes sociais, todos esses trabalhadores que lutam por melhores salários, que lutam por melhor transporte, que lutam por moradia, que lutam pelo acesso à saúde, pelo acesso à educação, todos esses militantes sociais têm que ser vistos também como defensores dos direitos humanos. Eles estão lutando não apenas para eles próprios terem acesso a esses direitos mas para que toda a coletividade possa ter acesso a esses direitos. Numa conjuntura de golpe e com avanço da organização popular e mais

enfrentamentos, deve ter como resposta à criminalização? Eu acredito que sim. Na verdade, abre-se uma nova jornada na vida brasileira. Uma jornada em que novamente as correntes neoliberais vão se lançar ensandecidas contra os direitos dos trabalhadores, contra o patrimônio público brasileiro, contra a própria ideia de nacionalidade. Contra isso eu sei que vão se levantar também as forças do povo. Por isso mesmo, é de se prever que os criminosos que rasgaram a Constituição com o golpe vão desencadear a mais desavergonhada repressão, como também demonstraram isso já nos últimos dias. Do plano político nós vamos ter que encarar a necessidade de cerrar fileiras em torno da luta por uma Assembleia Nacional Constituinte que refaça tudo isso que está sendo destruído agora. Mas vamos ter que ser capazes também de juntar forças, juntar coragem, juntas inteligência,

O judiciário existe para exercer a repressão na sociedade” juntar disposição, juntar cultura, juntar beleza, juntar tudo isso para enfrentar essa repressão. A repressão nós vamos enfrentar com energia, com as nossas forças, mas vamos enfrentar também com toda a doçura que nós formos capazes de produzir para mostrar que nós não nos confundimos com esses canalhas.


CULTURA | 12

E por isso, como no passado, resisto. Resistir para acordar as consciências ainda adormecidas para que, juntos, finquemos o pé no terreno que está do lado certo da história, mesmo que o chão trema e ameace de novo nos engolir Dilma Rousseff, durante discurso no momento da sua defesa no Senado Federal (29.08.2016)

Crônica: Tardes azulejadas

Por Roberto Efrem Filho Com vovó, aprendi dor. Aprendi doce japonês. Aprendi jardim e quintal. Banana machucada pela manhã, pão torrado à noitinha, o jabuti paquiderme devorador de flores murchas de papoulas vermelhas. Vovó dizia “cágado”, mas era jabuti. Aprendi mangas-rosa, traques de massa, o cachorro Congue, mangas-espada, bandeirinhas e fogueiras de São João, o cachorro Sultão. Aprendi os três reis magos do presépio na estante da sala e o coração sagrado de Jesus e as imagens do santuário de paredes de vidro sobre a cômoda com tampo de mármore branco. Aprendi deus. Se um dia acreditei nalgum, foi no deus-através-de-minha-avó. Era

quem guardava meu sono na cama de campanha. Aprendi carnaval. E que Mainha nasceu em 1º de março de 1954, um sábado de Zé Pereira, veja só, enquanto minha avó, insuspeita, espreitava as janelas da maternidade a procura dos clarins no Bairro de São José. Com vovó, aprendi dor. Às tardes do terraço de azulejos amarelos, ela se alojava ao lado do menino, cadeira a cadeira, e desatava sua história. Luiza, a mãe morta de tuberculose após o seu nascimento. O segundo casamento de Oscar, seu pai. Os maustratos da madrasta Cláidy. Os castigos. O afastamento de meu bisavô. A mudança para a casa de Tia Macrina – chamavam-na “Quininha” e eu, que não a conheci, desde sempre sinto sua falta. A Escola Normal. Ali, no prédio em que hoje funciona a Câmara de Vereadores, defronte à Faculdade de Direito. Vovó sentava a um banco no Parque 13 de Maio e se sonhava estudando na Faculdade. Eu estudei. O seu concurso para o

Banco Ultramarino Brasileiro, ao fim Banco do Estado do Rio de Janeiro, “onde sua mãe também trabalha, meu filho”. Eu me lembro das marcas roxas de carimbo nas mãos de Mainha e daquela luz de fim de dia na Rua do Imperador, no centro do Recife. O casamento com meu avô. As duas filhas mortas ainda durante a gestação. Os vícios de meu avô. A Casa Grande quase perdida no jogo de cartas. “Eu não assinei, Beto”. As enchentes do Rio Capibaribe. A cheia de 1966. A cheia de 1975. “Aquela lama, tudo perdido, sua mãe pequena, Ricardo pequeno, aquela lama, por pouco não me afogo na Caxangá”. Águas preenchiam a tarde azulejada. Aqui e acolá, vovó chorava. Tantas vezes contasse, tantas vezes chorava. Vovó doía. Sim, em mim. Devotamente, eu a assistia e, com a experiência, tornei-me capaz de adivinhar cada lágrima. Seus prenúncios. Vovó punha as mãozinhas aos olhos. Eu, em meu canto, esquadrinhava a envergadura dos seus gestos.

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Com vovó, aprendi dor. Há vezes de solidão em que choro e, se posso, sigo ao espelho para encontrá-la. Vovó nunca se despediu de mim. Nem quando cantamos “Carinhoso”, na noite de seu falecimento. Os vincos de meu rosto de homem de trinta e dois anos vivem a mulher que ela foi. Em Ana Lia, está vovó. Elas se conheceram na noite em que levei vovó para entrar na Faculdade. Vovó chorou aos pés da escadaria. Em Mariana, está vovó. Mariana sequer desconfia, mas assim que me mostrou o ramo de jasmim na tatuagem de seu braço esquerdo, vovó disse baixinho às minhas saudades: “olha, Beto, o jasmim está cheirando no sereno”. Com vovó, aprendi dor. Com vovó, aprendi toda palavra. Para Fátima, minha mãe. Roberto Efrem Filho - ou Beto, como gosta - é do Recife e, vez ou outra, atrapalha-se com as palavras. Arte como resistência aos tempos de golpe

VISITE MUSEU

AGENDA CULTURAL Cinema

divulgação

MUSEU DA ABOLIÇÃO Situado na Rua Benfica, 1150, bairro da Madalena, região central do Recife, o Museu da Abolição foi oficialmente inaugurado no dia 13 de maio de 1983 com a exposição “O Processo Abolicionista Através dos Textos Oficiais”. O prédio que abriga o museu é o conhecido Sobrado Grande da Madalena, que em 1966 foi oficialmente reconhecido e o prédio foi tombado pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) como Patrimônio Nacional. O edifício de estilo neoclássico, com revestimento de azulejos e sacadas de forro de ferro, já foi Casa Grande de Engenho, unidade do Exército e cooperativa de transportes. O museu passou por restaurações e a última reabertura foi em 2008, quando foi realizada a Exposição “Campanha: o que a Abolição não Aboliu”, trazendo uma nova perspectiva do negro e da abolição. São nove salas, das quais três são para exposições e mostras temporárias promovidas pelo museu ou por artistas e instituições parceiras. O espaço é destinado para preservar, pesquisar, divulgar, valorizar e difundir a memória, os valores históricos, artísticos e culturais, o patrimônio material e imaterial dos afrodescendentes. Os horários de visitação são de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 13h às 17h. A entrada é gratuita.

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Arte como resistência aos tempos de golpe

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(Golpe Não – Chico César) Lais Sampaio

Espetáculo "O ano em que sonhamos perigosamente" do grupo Magiluth.

Dança

Elen Carvalho

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divulgação

Ancestralidade pelo movimento em dança artilhar a memória, a oralidade e o movimento em dança é o objetivo da oficina que será realizada no sábado, 10 de setembro, das 10h às 12h, no Canto das Memórias Mestre Zé Negão, em Camaragibe. Quem facilita a oficina é Livia TiNanã, Filha da Orixá mais Velha. Não há pré-requisitos para participar e a inscrição será feita na hora. Uma taxa de R$15,00 será cobrada para cada participante.

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AGENDA CULTURAL Teatro

“O sistema é bruto, o processo é lento nosso sentimento, não vai recuar amor, liberdade, verdade, alimento não tinha e agora querem golpear”

divulgação

Cinema em comunidades tradicionais projeto “Cinema na Estrada” leva filmes p ernambucanos a 25 municípios de Pernambuco até o dia 19 de novembro. O caminhão adaptado com sistemas de som e projeção digitais vai estacionar em praças, ruas ou terreiros de comunidades tradicionais para exibir recentes curtas-metragens de cineastas pernambucanos. As próximas cidades serão: Itambé (13/09),Condado (14/09) e Nazaré da Mata (15/09).

Variedades CULTURA l| 13 13

ifícil encontrar alguém que depois de um ato não tenha ficado com aquela música na cabeça. Tem as que nos acompanham por longos tempos, as que aprendemos ali, na hora, na voz da juventude, das mulheres, dos camponeses. Elas falam da nossa resistência, da história dos nossos lutadores, das nossas utopias. “Quero ser amizade, quero amor, prazer/ Quero nossa cidade sempre ensolarada/ Os meninos e o povo no poder, eu quero ver”, da canção de Milton Nascimento, ecoa dos trios e das vozes do povo na concentração. Faz parte do ritual. Não apenas música, mas teatro, dança, cinema, artes plásticas são ferramentas de resistência dos artistas e do povo em tempos

sombrios. A produção artística da época da Ditadura no Brasil reverbera e é referenciada até hoje. Caetano, Gil, Geraldo, Bethânia, Gal. Teatro de Arena, Teatro do Oprimido. São grandes exemplos. O historiador e pesquisador musical Ivan Lima pontua que a produção musical da Ditadura que mais acessamos hoje foram feitas por uma elite cultural. “No entanto, a periferia também produziu e produz muita música de resistência. Naquela época tinha Odair José, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo. Hoje temos a MC Carol, Criolo, Emicida, Racionais, Chico César, Beth Carvalho”, comenta Ivan. O pesquisador observa que a arte, a música, cria processos de microrresistências e entra na vida das pessoas. “Gosto de citar Maiakóvski, quando ele

fala que a arte é um grande instrumento para a revolução. Fazer arte é reflexão, é um caminho para discutir. A arte dimensiona diversos sentidos. As músicas feitas por artistas da periferia é o que posso dizer de entretenimento com argumento. Circula com facilidade, passa uma mensagem objetiva e ajuda na composição de atos”, conclui Ivan. No teatro, a resistência é inerente ao processo artístico, como observa Pedro Wagner, ator, produtor e diretor e integrante do Magiluth. “A arte sempre resistiu. Por si só ela é algo que resiste e ultrapassa as questões de um governo ou outro. Nós, que fazemos teatro, discutimos o mundo no qual vivemos. Todas as questões sociais desembocam no meu fazer teatral”, afirma Pedro. Sobre o cenário atual de golpe no Brasil, Pedro observa que são tempos sombrios. “Quando o governo oprime, a arte grita. Por isso em governos repressivos a censura chega logo”, reflete. Pedro destaca, no cenário teatral recifense, os trabalhos da artista Flávia Pinheiro, do Coletivo Angu de Teatro e da atriz Hilda Torres, como trabalhos engajados politicamente. “Hilda, com o monólogo sobre Soledad, olha para o passado para mostrar os riscos que corremos no presente”, afirma e conclui: “a resistência é força motriz do teatro. É por isso que acordamos todos os dias”.

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Teatro de Afeto aporta em Recife grupo carioca trabalha com a encenação ritualística e traz para o Recife dois espetáculos: “Pineal-Ritual Cênico” e “Incapazes-Notícias Cênicas. As questões de afetividade nas relação humanas são trazidas nesses trabalhos. As apresentações acontecem de 9 a 11 de setembro no Teatro Hermilo Borba Filho. Nas sextas e sábados, às 20h, e nos domingos, às 18h. A contribuição é oluntária.

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divulgação

“OSSOS” em nova temporada Coletivo Angu de Teatro apresenta nova temporada do espetáculo OSSOS”. O espetáculo explora a viagem de Heleno as suas lembranças e origens, a pretexto de entregar os restos mortais do seu amante aos familiares. O texto é de Marcelino Freire e a direção de Marcondes Lima. As apresentações acontecem na sextas e sábados, às 20h, até o dia 25 de setembro e custam R$30,00 e R$15,00.

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14 | VARIEDADES

Horóscopo 09 A 22 DE SETEMBRO

RECEITAS INGREDIENTES

Em uma tigela grande, coloque o ossobuco, o tempero e o sal, e deixe tomar gosto por 15 minutos. Em uma panela de pressão, coloque o óleo e leve ao fogo alto para aquecer. Junte a cebola, o pimentão e o tomate, e refogue por 2 minutos, ou até que a cebola fique transparente. Adicione o ossobuco e a água, e deixe cozinhar por 30 minutos após o início da fervura. Retire do fogo e reserve a carne. Ao molho formado na panela, acrescente a farinha de mandioca e cozinhe em fogo alto, mexendo sempre, até encorpar.

Áries :

Touro:

Gêmeos:

Câncer:

Leão:

Sirva imediatamente, acompanhando o ossobuco. Virgem:

Libra:

Trata-se de entender para onde seu coração quer ir! Reveja projetos, formas de trabalhar pra poder começar de novo e seguir. Cuidado com os gastos pois não é o melhor momento para grandes investimentos! Gêmeos: Vários processos podem estar surgindo ao mesmo tempo: mudança? filhos? amores? Apesar do momento fértil, cuidado com o que surge de repente e com desentendimentos. Não comece nada novo sem resolver o passado. Não importa tudo o que já pode ter feito na vida, porque agora algo novo deve ser aprendido! Tudo que você está fazendo pode melhorar e aproveite para experimentar e se ver em novas situações. Novas oportunidades devem surgir, principalmente no trabalho, mas não conte com a sorte pois nada acontecerá sem seu esforço! Ao mesmo tempo, cuidado com dinheiro e não gaste mais do que tem neste momento. Se é que pode ser possível, você deve ficar mais perfeccionista e desconfiado então cuidado com sua forma habitual de funcionar e aproveite que também tem tudo para ser um período de grandes transformações. Ainda que você se esforce para continuar com todas as suas atividades e relações normalmente, deve estar se sentindo bastante reflexivo. Aproveite que isso pode trazer novas inspirações num período tão movimentado!

Algumas questões que há tempos tem mexido com você vão aparecer com mais força principalmente nas suas relações. Deve assumir novas posições e não manter Escorpião: posicionamentos tão rígidos vai lhe ajudar.

Sagitário:

A tranquilidade dos últimos meses vai acabar! Mas não se aperreie porque tem tudo pra ser muito bom. Seu trabalho vai crescer e pode até ter grandes mudanças pois você vai ser reconhecido pelo que tem feito.

Capricórnio:

Uma novidade nos estudos ou uma viagem podem aparecer. Todas as suas escolhas estão sendo questionadas e você tem pensando muito nisso. Aprenda com a experiência e tenha cuidado com os mal entendidos.

Aquário:

Deve estar um pouco frustrado com o rumo de seus projetos maiores, daqueles que tratam de mudar a ordem das coisas. Procure mais que nunca estar perto de quem acredita no mesmo que você!

Peixes:

Bom período para encontros e relacionamentos, com tendência a querer e estar disposto a se aprofundar neles. No trabalho, você conquistou novos espaços porém ainda está se adaptando e pode ser estressante.

ESPORTES l15 15

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Seleção do Uruguai contra o monopólio sobre o futebol do país MONOPÓLIO. Empresa que negocia material esportivo e transmissão dos jogos é alvo de protestos Vinícius Sobreira O mês de agosto foi de tempestade no Rio da Prata. As principais estrelas da seleção uruguaia de futebol ameaçaram não vestir a camisa da Celeste, num protesto em defesa do futebol do país e contra o monopólio da Tenfield sobre os direitos da seleção. Há 18 anos a empresa negocia tudo: desde o material esportivo, passando por patrocínios, direitos de imagem dos atletas e a transmissão de jogos na televisão. Uma nota pública divulgada pelos jogadores diz ser urgente democratizar as estruturas da Associação Uruguaia de Futebol (AUF) para que a instituição sirva melhor ao futebol do país. O embate veio à tona em agosto, quando o zagueiro e capitão Diego Godín publicou nas redes sociais a nota afirmando que os atletas da seleção estão lutando para reestruturar, profissionali-

divulgação

1 kg de ossobuco 2 colheres (chá) de sal 4 colheres (sopa) de óleo 2 cebolas pequenas picadas 1 pimentão verde, sem sementes, picado 3 tomates médios cortados em rodelas finas 2 e meia xícaras (chá) de água (500 ml) 1 xícara (chá) de farinha de mandioca crua MODO DE PREPARO

Tá muita correria? É uma boa hora para rever seu dia-adia! Seria a hora de começar aquela atividade física ou um novo tratamento? Essa nova rotina não será fácil com tanta coisa a ser feita, mas é tempo de se cuidar!

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zar e democratizar o futebol uruguaio. “Só assim [a AUF] se libertará da submissão a interesses alheios e não seguirá vendendo seu rico patrimônio a baixo preço”, diz o manifesto, compartilhado e apoiado por Diego Lugano, Diego Forlán, “Loco” Abreu, Cavani e Luis Suárez e outros, que receberam apoio da torcida. O protesto ocorre neste momento porque o contrato da Tenfield com a AUF se encerra em 31 de dezembro

MUDANÇAS NECESSÁRIAS. Filipe Spenser A passagem de Alexandre Galo pode ser marcada por um sentimento de frustração. Um elenco formado por bons atletas, salários em dia e o ambiente político interno mais tranquilo eram alguns dos fatores que contribuíam para que torcida esperasse um bom desempenho. Contudo, o técnico, além de não de conseguir imprimir um padrão tático, acabou por perder todo o comando do grupo ao barrar do time titular três líderes do elenco

respeitados pela torcida: Rafael Pereira, João Ananias e Júlio Cesar. Por outro lado, Givanildo Oliveira, novo técnico, tem um currículo que dispensa maiores comentários. É o treinador com maior número de acessos para Série A. O desafio, todavia, é gigante. De acordo com as estatísticas dos anos anteriores, o time precisa ter um rendimento de 71% - o que nem o líder do campeonato tem. Só nos resta torcer.

deste ano, assim como os contratos firmados pela intermediária com outras empresas (Coca Cola, Puma e a TV a cabo Equital - única transmissora dos jogos da seleção). De olho no fim do contrato, a Nike fez uma oferta de US$ 3,5 milhões por ano para fornecer material e ter sua marca estampada na Celeste. A proposta é bem maior do que a da concorrente Puma, fornecedora há 10 anos e que

busca a renovação do contrato. Hoje a empresa paga US$ 750 mil anuais. A oferta foi feita diretamente a AUF, não envolvendo a Tenfield. Apesar da diferença de valores os cartolas uruguaios “não conseguiram” decidir por que marca optar. Atletas denunciam pressão da Tenfield sobre os cartolas. A intermediadora quer renovar o contrato com a AUF para

Há clubes do país que devem seis meses de salário aos atletas continuar explorando os direitos de imagem da Celeste. Mas os jogadores são contra. Reclamam que a empresa não repassa recursos para a AUF e repassam pouquíssimo para os clubes e jogadores do país. A consequência é o endividamento dos clubes, que acabam pedindo

SANTA SULA DOS CONSOLOS Malu Xavier A longa temporada no Z4 da Série A já é a identidade oficial do Santa Cruz em 2016: a sucessão de baldes de água fria, rodada após rodada, comprova que não há estrutura física (nem financeira, nem organizacional) para manterse entre os melhores times do Brasil. Somos vice-lanternas e, após o Clássico das Multidões, haverão mais nove pontos em disputa até o final de setembro; no total, seis pontos já seria um feito milagroso do time coral. Mas, se o

Brasileiro aborrece, a Copa Sul-Americana consola. Avançamos às oitavas de final, onde provavelmente enfrentaremos o Independiente de Medellín, atual vice-líder do Campeonato Colombiano. Vai ser difícil, como sempre é para o Santa Cruz. Enquanto a estrutura do time não amadurece, parece que nosso destino nesse ano se limita a ganhar de Campinenses a Sports da vida. E nada além.

ajuda à própria Tenfield, tornando-se devedores da empresa. E por isso a AUF e os clubes têm dificuldade de confrontar os interesses da Tenfield. Segundo a Mutual Uruguaya de Futbolistas Profesionales (MUFP, o sindicato de jogadores do Uruguai) há clubes do país que devem seis meses de salário aos atletas. Diante do quadro, as principais estrelas da seleção disseram que, caso a AUF não aceite a melhor oferta, eles não permitirão que a Tenfield explore seus direitos de imagem. Na prática isso impossibilita que eles atuem pela Celeste ou que tenham suas imagens exibidas nas transmissões de televisão. Nenhum desses atletas é patrocinado pela Nike. Suárez e Forlán são patrocinados pela Adidas, principal concorrente da Nike. Godín é patrocinado pela própria Puma. E Lugano pinta suas chuteiras de preto.

SEM MULTIDÕES Daniel Lamir A temporada 2017 faltou mesmo futebol apresentou duas do- diante do rival. Avanses corais para Leão. çando, o Leão não teUma no Pernambu- ria tantos jogos pela cano, contando com frente. Na melhor e a polêmica atuação mais otimista das hidas arbitragens locais. póteses, seriam mais Outra na Sul-ameri- oito jogos. Ou seja, cana, sem reclamação valeria arriscar. Outra e cheia de apatia. Há é a resposta negativa quem diga em plano em campo e nas arde “entregar o jogo”. quibancadas. Entrar Ou seja, guardar fôle- “para perder” desfoca go para o Brasileirão. É a química de qualmelhor acreditar que quer equipe por um não. Apesar da limi- bom tempo. As bilhetação de elenco para terias seguem a mesduas competições si- ma lógica. E tudo isso multâneas e “Sula” vale também para o não ser uma Liberta- restante do Brasileidores, há mais moti- rão. vos para pensar que


Recife, 09 a 22 de Setembro

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