OPINIÃO | Pág 5
Celebrar os 50 anos de “Cem anos de Solidão”
ENTREVISTA | Pág.11
“ As prisões continuam sendo esses ‘quartos de despejo’ da sociedade” Leia entrevista Gabriela Barreto de Sá
Pernambuco
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
ano 2
edição 25
distribuição gratuita
“Estou vivo e pronto pra ser candidato”
Ricardo Stuckert/Fotos Públicas
PERNAMBUCO | pág.08 Especial Lava Jato
CIDADES| 06 Projeto de Lei Ordinária ameaça feiras agroecológicas em Pernambuco
ESPORTES| Pág.16 Piratas e Marinheiros fazem final de Futebol Americano na Arena
2 | OPINIÃO
Brasil de Fato PE
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
EDITORIAL
Nas ruas, nas casas, na política e na ciência mulheres organizadas contra a Reforma da Previdência! TRABALHADORAS. No campo e na cidade as mulheres vão trabalhar mais e correm o risco de não se aposentar
A
vida das mulheres é atacada permanentemente pelo machismo, racismo, pelos patrões e pelo capital. Essa violência piora as condições de vida das mulheres que são as que mais estão em situações de precarização do trabalho já que a maioria dos empregos ofertados são informais, com extensas jornadas e sem direitos trabalhistas. Embora não leve em consideração a jornada de trabalho doméstico, em que as mulheres são responsáveis pelo cuidado com a casa, com os filhos e com os idosos, a previdência social foi uma conquista da luta do povo, garantida na Constituição de 1988. Sua existência visa amenizar as profundas desigualdades que marcam a nossa sociedade nas questões de gênero, raça e região, fazendo com que tais diferenças sejam enfrentadas por meio de um tratamento baseado na solidariedade, diferenciando as formas de
contribuição a partir da realidade de cada contribuinte. O projeto de desmonte da Previdência Social foi aprovado na Comissão Especial da
Com o projeto aprovado a idade mínima sobe para 57 anos e a contribuição passa a ser individual e no tempo mínimo de 15 anos Reforma da Previdência, nesta terça-feira, dia 9 de maio, e a previsão é que seja encaminhado para a votação no plenário rapidamente. Essa “reforma” faz parte de um ata-
que ainda maior sobre os diretos das trabalhadoras e dos trabalhadores do nosso País, com a aprovação de outros projetos de lei como a reforma trabalhista e a terceirização. Os movimentos sociais organizados estão chamando de pacote de maldades do governo golpista de Michel Temer. Uma das justificativas destacadas no texto da Reforma é que homens e mulheres já têm as mesmas condições de trabalho, salários iguais, e a mesma jornada de trabalho. Isso é mentira! Segundo os dados (IBGE 2015), as mulheres trabalham 55,1 horas por semana, enquanto homens trabalham 50,5 horas. Esse projeto é ainda mais devastador quando trata das mulheres trabalhadoras rurais, urbanas, negras e idosas, pois despreza qualquer diferença de gênero, raça e região. As mulheres professoras, por exemplo, que hoje se aposentam com 50 anos de idade, com o novo projeto só vão
Expediente
Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Elen Carvalho e Vinícius Sobreira Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Alan Tygel Revisão: Mariana Reis|Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine|Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 40 mil Exemplares
se aposentar com 60 anos e o tempo de contribuição de 25 anos. Aumenta também a idade mínima das trabalhadoras rurais, que, geralmente, iniciam o trabalho na roça com 14 anos de idade, e antes se aposentavam aos (já) absurdos 55 anos, mas ao menos com uma contribuição familiar deduzida da venda dos produtos mensais. Com o projeto aprovado, a idade mínima sobe para 57 anos e a contribuição passa a ser individual e no tempo mínimo de 15 anos. É claro que o ilegítimo governo não tem interesse nenhum de melhorar a vida da classe trabalhadora. Mas nós, trabalhadoras e trabalhadores do Brasil, precisa-
mos nos unir e mostrar que sem nossa força de trabalho o País para. É tempo de
Ou param essa Reforma ou paramos o Brasil! se cultivar unidade, pois temos todas e todos um inimigo em comum e convivemos no mesmo lugar de batalha: as ruas. Ou param essa Reforma ou paramos o Brasil!
Charge
Brasil de Fato PE
mandou
BEM
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
GERAL l 3
Frase da Seman a
Reprodução/ Instagram
O
mandou
Mal
Divulgação
Dilma Rousseff, Ex presidenta do Brasil
Você acha que a sua jornada de trabalho é adequada, por quê? “E
u sinto que a carga horária de trabalho que exerço, por enquanto, está no padrão. Pego das 7 às 17h e tenho 1h de almoço. Se existe possibilidade de diminuir para melhorar, tudo bem, mas não aceito pioras. Já começaram a terceirizar nosso trabalho e nossas férias serão divididas em três vezes. Não aceito terceirização, nem que o atual presidente mexa com nossa carga horária, férias, ou décimo terceiro. Aubênio Amâncio, assistente de pedreiro
Facebook vendendo emoções? nvasão de privacidade, mais uma vez. Um documento interno do Facebook veio a público através da reportagem do jornal australiano The Australian, mostrando um relatório de 23 páginas sobre as emoções de jovens e adolescentes que usam a rede. O estudo, que contém um mapeamento de medos, anseios e o curioso sentimento classificado de se sentir imprestável, seria entregue a um banco, para prováveis objetivos de publicidade.
I
Divulgação
#Resista: Sociedade civil se une em movimento contra Temer e ruralistas rganizações e entidades ambientalistas, indígenas, de direitos humanos e do campo decidiram se unir em um movimento de resistência contra as medidas do governo Temer e da bancada ruralista que violam direitos humanos e colocam em risco a proteção do meio ambiente. O grupo lançou uma carta pública convocando outras entidades e a sociedade a aderirem ao movimento. Até o momento, cerca de 60 organizações já assinaram o documento, entre elas a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
Nem na ditadura militar ousaram retirar tantos direitos dos trabalhadores. Estão produzindo um retrocesso que vai nos condenar
Envie sugestões de pauta para nossa equipe
watzap: 81.996060173 contato.pe@brasildefato.com.br
“S
e o professor ganhasse o suficiente para ficar em apenas uma sala de aula, eu acharia minha carga horária adequada. No entanto, nosso salário não é condizente com o trabalho que temos, porque nossa jornada não é só pedagógica, é em sala de aula, mas também fora dela, com planejamento, caderneta, realização de provas. Nos cobram uma forma de trabalho que não é condizente com a nossa realidade. Luciene de Sousa, pedagoga
4 | GERAL Mundo
Encontro Estadual da MMM
N
a sexta-feira (05.05), a Marcha Mundial das Mulheres realizou o lançamento político e cultural do III Encontro Estadual do movimento. A atividade aconteceu no Sindicato dos Bancários e contou com apresentação da cantora e integrante da MMM, Gabi da Pele Preta. O encontro estadual está programado para acontecer nos dias 8, 9 e 10 de setembro.
Brasil de Fato PE
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Direito à Comunicação em debate
Combate à LGBTfobia em Caruaru
ecife sediou, nos dias 05 e 06 de maio, o Encontro Pernambucano pelo Direito à Comunicação. As atividades aconteceram na Universidade Católica de Pernambuco. Na mesa de abertura estavam Aline Lucena, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Iara Moura, do coletivo Intervozes, Luciana Santos, deputada federal pelo PCdoB e Renata Mieli, coordenadora do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC).
m Caruaru, dos dias 14 ao 20 de maio, acontece a I Semana Municipal de Combate à LGBTfobia organizada pelo Coletivo Lutas e Cores. Voltado ao público LGBT e toda a sociedade, a semana tem como tema “Construindo a Cidadania LGBT em Caruaru” . Diversas atividades compõem a programação. Entre elas, panfletagens, palestras, mesas redondas e intervenções culturais.
R
E
#PEcomLula
N
a quarta-feira (10.05), dia em que o ex-presidente Lula prestou depoimento em Curitiba, aconteceram atos de solidariedade em todo o Brasil. No Recife, a “Jornada em Defesa da Democracia: por todos e por Lula!” começou às 13h, no Monumento Tortura Nunca Mais, Rua da Aurora. As pessoas presentes fizeram uma vigília em solidariedade a Lula e pela democracia.
Direitos de Fato Pensão por morte: Mais mudanças para retirar direitos
N
esta semana, vamos ver o que pode mudar na pensão por morte. As mudanças presentes na PEC 287, proposta pelo governo Temer, assim como é em relação à aposentadoria, vem com o objetivo de limitar o acesso à pensão por morte e reduzir o valor pago pelo INSS com esse benefício. A pensão por morte é um benefício pago aos dependentes (cônjuge, companheiro/a e/ou filhos) do/a trabalhador/a segurado do INSS que vier a falecer, visando a manutenção da renda da família. Como é hoje? O valor pago corresponde a 100% do valor da aposentadoria que o segurado falecido recebia ou que teria direito; é possível a acumulação por parte do dependente de receber aposentadoria e pensão; duração de quatro meses da pensão, caso o casamento ou união estável tiver sido iniciado em dois anos antes do óbito; duração variável de recebimento do benefício segundo a idade do dependente (de três anos até vitalício). O que muda? A Reforma estabelece uma nova forma de calcular o valor do benefício, o qual corresponderá a 50% da aposentadoria + 10% por filho dependente, sendo o reajuste anual deste desvinculado do salário-mínimo e não sendo mais permitida a acumulação dela com outros benefícios. Nada muda em relação à duração variável de recebimento da pensão. Como já várias vezes dito aqui, a Reforma da Previdência atinge toda a classe trabalhadora, fazendo o povo trabalhar mais e ganhar menos. Só nas ruas que conseguiremos barrar essa retirada de direitos! *André Barreto é advogado trabalhista em Recife Mande suas dúvidas para: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br
Brasil de Fato PE
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Artigo
Artigo
Celebrar os 50 anos de “Cem anos de Solidão” Juany Nunes*
“E
ra uma tarde de “estudo dirigido” e, como quem não quer nada, entrei na biblioteca da escola para pegar algum livro aleatório. Lembro como se fosse hoje: capa azul, letras garrafais e um desenho de Caribé. Não conhecia o autor, decidi ler porque queria terminar um livro grosso, de muitas páginas. Já se passaram dez anos desde que li pela primeira vez Cem Anos de Solidão. Depois disso, quatro leituras foram feitas, na penúltima, inclusive, estava terminando de ler o livro quando o autor morreu. Se me perguntam o porquê de ser tão apegada ao livro, tentarei responder dizendo que se tem uma coisa que une os latino-americanos, isso, sem dúvida é a solidão. Macondo tem algumas características e histórias que lembro-me ter ouvido quando criança durante as férias no Sertão de Pernambuco. A descrição de Macondo pode ser transpassada para qualquer região, cidade pequena desse “continente-mundo” que é a América Latina e, mesmo dez anos depois desse meu primeiro contato com o livro, mesmo depois dos 50 anos de sua primeira versão, olhando para a América e todas as atrocidades que nos acontecem cotidianamente, os abusos de poder, nós, latinos, continuamos solitários no pior sentido do termo. A narrativa de Cem Anos denuncia as várias violências do mundo, mas acredito que, antes de mais nada, ela pode ser caracterizada – e o autor confirma isso, no discurso do Prêmio Nobel na década de 1980 –,como uma homenagem à poesia, “a essa energia secreta da vida cotidiana, que cozinha seus grãos e contagia o amor e repete
OPINIÃO I 5
E se o Brasil voltasse a crescer? Marcones Oliveira*
as imagens nos espelhos”. Gabo remete à poesia do cotidiano, a que está na terra molhada, no cheiro do vento, no pôr-do-sol, no beijo apaixonado, no sorriso espontâneo. A essas pequenas “felicidades certas que estão em cada janela”. Talvez eu quisesse ao reler o livro me encontrar no enredo, nos amores e tentar entender o porquê de me sentir tão só mesmo rodeada de pessoas, talvez eu quisesse dizer pra mim mesma que, apesar de tudo, estamos sós e isso basta. Precisamos estar sós pra acolher verdadeiramente o outro, na sua diferença, com o seu repertório de vida. Es-
Gabo remete a poesia do cotidiano, a que está na terra molhada, no cheiro do vento, no pôr-do-sol, no beijo apaixonado, no sorriso espontâneo tamos sós, mas a poesia nos une. O amor em toda a sua potência, com seus medos e anseios. O amor à poesia fez com que Gabo escrevesse o livro que marcou a vida de uma geração. Gabo vive. ____________________________ * é mestranda em História e nos tempos vagos declama poesia nos bares, nas casas e no YouTube, no canal Juanyando.
É
comum ler nos discursos de defesa das reformas do governo ilegítimo de Temer, a justificativa da importância de aprová-las para que o Brasil volte a crescer. Criar as bases para que o país cresça de maneira sólida, é o que dizem os defensores dessas reformas. A discussão atual gira em torno das reformas trabalhista e da previdência. Vamos direto ao ponto. Quando falam em “modernizar” e “flexibilizar” as relações trabalhistas, traduziremos com uma só e dolorosa palavra: precarização. Na reforma da previdência eles mentem quanto ao “rombo” e propõem que a gente trabalhe até morrer. São medidas que fazem parte de uma agenda neoliberal e, segundo eles, necessárias para o Brasil voltar a crescer. Voltar a crescer? Vocês lembram da tal da PEC 241? É aquela que congela os investimentos públicos em áreas importantes como saúde e educação durante 20 anos. Quer dizer que o país pode bater recordes de crescimento econômico, mas que isso não significa aumentar investimentos para a melhoria e criação de escolas ou hospitais. Então quem ganha com isso? Se o Brasil voltar a crescer, os grandes empresários e banqueiros vão ganhar e muito! Esse cenário foi montado com panelas, camisas do Brasil, pato gigante, cobertura midiática e apoio jurídico, sustentou o golpe contra a presidenta Dilma e hoje cobra uma con-
ta bastante alta cortando os nossos direitos para que eles lucrem ainda mais. Com isso aumenta a pobreza, a desigualdade e, como consequência, a violência. Ainda que eles tentem provar o contrário, a gente sabe que está tudo errado, que nada disso será bom para os trabalhadores. Mas não podemos perder a esperança. A Greve Geral do dia 28 de abril deixou um recado bem claro: sem nós, esse país não anda. E será para nós que
Na reforma da previdência eles mentem quanto ao “rombo” e propõem que a gente trabalhe até morrer esse país deve voltar a crescer! Para isso é necessário ampliar a unidade em todos os setores da classe trabalhadora. Nos sindicatos, nos movimentos, nos bairros, nas comunidades, nos campos de futebol, nos bares (por que não?), nas praças, em todos os lugares! Somente assim, construindo a força do Projeto Popular, reverteremos esse cenário e construiremos uma sociedade, de fato, mais justa. Já dizia Belchior: “o que transforma o velho no novo, bendito fruto do povo será” * é Geógrafo e militante da Consulta Popular
ANUNCIE AQUI publicidadepe@brasildefato.com.br
6 | CIDADES
Brasil de Fato PE
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Projeto de Lei Ordinária ameaça feiras agroecológicas em Pernambuco AGROECOLOGIA. Proposto por Miguel Coelho, atual prefeito de Petrolina e ex-deputado estadual, o PLO objetiva regulamentar as feiras e não dialoga com produtores e organizações interessadas Centro Sabiá
Elen Carvalho
P
ernambuco é um estado onde as feiras agroecológicas acontecem regularmente em várias cidades. De iniciativa das próprias famílias produtoras, associações de produtores e Organizações Não Governamentais (Ongs) voltadas para agroecologia, tais feiras oferecem para a população grandes diferenciais em relação as feiras tradicionais e mercados. No entanto, seu funcionamento corre risco com o Projeto de Lei Ordinária 769/2016, proposta pelo ex deputado estadual e atual prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. O PLO objetiva regulamentar o comércio de produtos orgânicos, mas não oferece nenhum tipo de apoio para a manutenção da atividade. Vários pontos deste PLO estão sendo confrontados pela sociedade civil organizada, por meio da Comissão de Produção Orgânica de Pernambuco (CPOrg PE). Davi Fantuzzi, coordenador da CPOrg e coordenador de comercialização do Centro Sabiá, explica qual a posição
da comissão quanto ao PLO: “o fato é que não houve participação da população e principais interessados. Na épo-
o fato é que não houve participação da população e principais interessados ca, o então deputado Miguel Coelho era presidente da Comissão de Agricultura e concebeu esse projeto no gabinete. Fomos buscar ouras infor-
mações sobre sua atuação e vimos que ele criou o Dia do Produtor Orgânico. Me parece que é um parlamentar mais preocupado em aprovar leis, sem calcular o que isso traz para a população”. Davi pontua que o projeto propõe que cada feira possua o mínimo de oito barracas. Além disso, ele não traz escrito o termo “agroecologia” e não reconhece os agricultores como eles próprios se reconhecem. “Existem feiras há cerca de 20 anos. Algumas acontecem com duas e até uma barraca, com as famílias resistindo. Então, estamos propondo a alteração que esse número caia para duas barracas. Também reforçamos que as feiras sejam cativas, ou seja, que quem venda
seja o produtor diretamente para o consumidor. Sem abrir brechas para que esse comércio seja feito por atravessadores”, explica o coordenador. A falta de diálogo com as pessoas que sustentam as feiras é algo que pode ser percebido facilmente. Em conversa com Eliene Ermínio da Silva, agricultora de Bom Jardim e associada à Agroflor, ela conta que não estava sabendo desse projeto. Ela representa grande parte dos produtores que também não foram consultados sobre essa proposta. Eliene comercializa na feira agroecológica de Boa Viagem junto com o marido há cerca de sete anos. Começou a fazer isso junto com o pai há 13. “Nas feiras a relação é de produtor a consumidor direta-
mente. Não tem atravessador. Criamos uma relação de amizade com as pessoas e o ambiente se torna muito familiar. Nossos produtos também são saudáveis, pois a gente não usa nenhum tipo de agrotóxico e isso pode ser comprovado. Atualmente, essa é a renda principal da minha família”, conta a produtora. Sobre a falta de apoio para manutenção e expansão das feiras agroecológicas em Pernambuco, Davi observa: “elas são equipamentos públicos de abastecimento alimentar e é preciso que chegue para bairros populares. A gente quer alimento sem veneno para toda a classe trabalhadora. Para isso, além de levar as feiras para esses lugares, é preciso haver um trabalho de educação alimentar”. Não só a saúde se beneficia, o orçamento doméstico também. O Centro Sabiá realizou uma pesquisa durante junho e julho de 2015 e comprovou que uma cesta de produtos nas feiras livres é em média 19% mais cara que nas agroecológicas. A diferença sobe para 56% quando se trata de supermercados.
Anúncio
O Governo Temer quer fazer você trabalhar até morrer
DIGA NÃO
a Reforma da Previdência! /bancariospe
www.bancariospe.org.br
CIDADES l 7
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Brasil de Fato PE
Frente Brasil Popular organiza ato de solidariedade a Lula e em defesa da Democracia, no Recife LAVA JATO. Mobilização na capital pernambucana aconteceu simultaneamente ao depoimento do ex-presidente ao juiz Sergio Moro
Marcos Barbosa
Marcos Barbosa
N
a tarde da última quarta-feira, 10 de maio, movimentos populares e sindicais, reunidos na Frente Brasil Popular Pernambuco, organizaram um ato político-cultural de solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no centro do Recife. A mobilização fez parte da Jornada de Lutas em Defesa da Democracia, que aconteceu em diversas cidades do País enquanto o ex-presidente Lula prestava depoimento ao juiz Sergio Moro no prédio da Justiça Federal, em Curitiba (PR). Apoiadores do petista ocuparam a capital paranaense desde o dia anterior ao depoimento, com caravanas de diferentes partes do País. A concentração do ato no
Quem votou na Dilma não votou no Temer Recife teve início às 13 horas, na Rua da Aurora, em frente ao Monumento Tortura Nunca Mais. Foi realizada uma programação com apresentações culturais de artistas locais, falas públicas dos setores organizados que contribuíram com a construção do ato, apresentação de vídeos do ex-presidente e microfone aberto ao público. Dentre as pessoas que participavam da manifestação,
Manifestantes se concentram ao redor do Monumento Tortura Nunca Mais em ato de defesa da democracia.
estavam aposentados, trabalhadores na ativa, estudantes e militantes sociais insatisfeitos com o governo ilegítimo de Michel Temer e com o viés imparcial que a Operação Lava Jato vem assumindo. A professora de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Liana Cirne Lins, integrante da Frente de Juristas pela Democracia, ministrou no local uma aula pública onde apontou os abusos do juiz Sérgio Moro em perseguição ao ex-presidente Lula e o papel elitista e conservador que o Poder Judiciário tem desempenhado desde o golpe do ano passado. Para Liana, a atuação de Moro desrespeita o ideal de imparcialidade requerido pela Justiça, de maneira que o juiz não estaria separando suas opiniões pessoais do seu exercício profissional. “Como juiz, como agente do Estado, ele [Moro] tem que prezar pelo respeito à legalidade”, declarou a professora universitária. Muitos dos depoimentos dos presentes na manifestação denunciavam que o grupo político responsável por impulsionar o impedimento
da ex-presidenta Dilma Rousseff é o mesmo que agora quer prender o ex-presidente Lula, sendo esse um fechamento desejado pela direita para o golpe sofrido pela democracia. Na opinião de José de Oliveira, administrador e militante do Movimento Negro Unificado (MNU), o que está acontecendo há um tempo no País é uma perseguição à esquerda brasileira: “Essa obsessão pelo ex-presidente não se encerra em si mesma, não é só o Lula que os golpistas querem, eles desejam o retrocesso social no Brasil, para acabar com os ganhos sociais dos últimos anos”. O consultor de TI João Martins se diz nada surpreendido com os desdobramentos antidemocráticos que têm caracterizado o golpe. Na opinião de João, é esperado que um governo que não foi eleito democraticamente, como o de Michel Temer, não faça nenhum tipo de consulta ao povo para suas medidas. “Quem votou na Dilma, não votou no Temer. É extremamente natu-
ral a postura que o presidente ilegítimo vem tomando, porque ele não teve voto, ele não teve apoio popular, por isso ele não chama o povo para o debate”, afirmou. O consultor de TI defende, ainda, que tudo o que tem acontecido na política brasileira é pensando no benefício da classe mais rica. “O meu posicio-
namento em relação a Temer e aos seus aliados políticos é que eles estão fazendo o papel deles de golpistas, não me admira essa postura antidemocrática deles”, concluiu. Para a aposentada Cinezia Norat, a permanência de Michel Temer no poder representa a quebra total da democracia brasileira e a perda dos direitos dos trabalhadores, tanto dos que estão na ativa, quanto dos aposentados. Cinezia criticou as medidas do presidente ilegítimo e seus aliados, como as reformas da previdência e a trabalhista. “Esse desmonte dos direitos trabalhistas representa a volta da escravidão, tanto é que o deputado Nilson Leitão do PSDB está propondo que os trabalhador rural seja pago por seu trabalho com casa e alimentação. É praticamente a volta da escravidão, é isso que representa hoje o governo Temer”, afirmou a aposentada.
Anúncio
10 | BRASIL
Recife, 12 a 18 de Maio de 2017
Sem provas na Justiça, mas condenado pela mídia
DEPOIMENTO. Após cinco horas de interrogatório, juiz Sergio Moro não conseguiu demonstrar crime de Lula no caso do triplex em Guarujá (SP) Daniel Giovanaz, de Curitiba (PR) e Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou depoimento ao juiz federal de primeira instância Sérgio Moro nesta quarta-feira, 10 de maio, em Curitiba (PR), na condição de réu da operação Lava Jato. O interrogatório, que começou às 14h20, terminou pouco depois das 19h10. Durante quase cinco horas, Lula respondeu a uma série de perguntas do juiz Sérgio Moro sobre a suposta propriedade oculta de um apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista, que é o objeto do processo judicial. O Ministério Público acusa o petista de ter recebido o imóvel em uma negociação de troca de favores com a empreiteira OAS, que tinha contratos com a Petrobras. “Eu não solicitei, não recebi, não paguei nenhum triplex. Não tenho”, rebateu Lula. O ex-presidente, no entanto, admitiu que visitou o imóvel, porque a empreiteira pretendia vendê-lo para a sua família, já que Dona Marisa Letícia, falecida esposa de Lula, detinha uma cota habitacional no mesmo condomínio e poderia usar o crédito para comprar o apartamento ou vender a cota para a empreiteira, o que acabou ocorrendo. O juiz Sergio Moro tentou apontar documentos que poderiam ter ligação entre o triplex e a família de Lula. Em um determinado momento do interrogatório, Moro questionou: “esse documento em que a perícia da PF constatou ter sido feita uma rasura, o senhor sabe quem o rasurou?”. E Lula respondeu: “A Polícia Federal não descobriu quem foi?”. Ao
cometi um crime, prove que eu cometi um crime, apresente à sociedade e eu serei, como qualquer cidadão, punido. (...) Pelo amor de Deus, apresentem uma prova”, insistiu o ex-presidente. Lula chegou a dar Organizadores calculam que 50 mil pessoas participaram do ato político na praça Santos Andrade / Joka Madruga números ao que chamou de “massacre” e ouvir a negativa de Moro, Lula rebateu: “mas eu não tenho condenação prévia da mídia. acrescentou: “Então, quando nada com isso”. E Lula retru- Foram pelo menos 55 capas descobrir, o senhor me fala, cou: “Foi o senhor que man- de revistas, 1.146 mancheeu também quero saber”. Em dou soltar o Youssef e depois tes de jornal e o equivalente a outro ponto do depoimen- mandou grampeá-lo. O se- 12 partidas de futebol contra to, Moro disse: “Tem um do- nhor deveria saber mais do ele no Jornal Nacional, da TV cumento aqui que fala do tri- que eu”. Globo, ao longo dos últimos plex...”, sendo interrompido Ao falar que Moro liberpor Lula que voltou a pergun- tou o doleiro Alberto Youstar: “Tá assinado por quem?”. sef, Lula se referia ao caso do “Tá em branco”, respondeu escândalo do Banestado, duMoro. “Então o senhor pode rante o governo de Fernando guardar”, rebateu Lula. Henrique Cardoso (PSDB). O esquema resultou em remesPonto alto sas ilegais de mais de 19 bilhões de dólares do BanestaSem conseguir apresentar do para contas nos Estados uma prova cabal que envol- Unidos. Alberto Youssef foi o vesse Lula na posse do apar- principal operador do esquetamento no Guarujá, o juiz ma e, após preso, foi logo solSergio Moro insistiu em per- to por Sergio Moro. Os envolguntas sobre a corrupção na vidos no escândalo jamais foPetrobras. Ao questionar se ram punidos. o petista sabia dos atos ilícitos cometidos por Paulo RoCondenação berto Costa, Renato Duque midiática anos. “A imprensa é o princie Jorge Luiz Zelada, ex-direpal julgador disso”, afirmou. tores da Petrobras condenaLula fez duras críticas aos dos no âmbito da Lava Jato, vazamentos seletivos da Lava Próximos passos Lula respondeu: “Nem eu, Jato, como as conversas ennem o senhor, nem o Minis- tre sua falecida esposa MariO depoimento encerra a tério Público, nem a Petro- sa Letícia e seus filhos, além fase instrutória do procesbras, nem a imprensa, nem da relação promíscua entre so, quando são produzidas a Polícia Federal [sabíamos]”. investigadores e a impren- as provas. Nos próximos meE emendou: “Nós só soube- sa. “Não basta alguém levan- ses, as partes devem apremos quando houve o grampo tar uma tese e essa pessoa ser sentar as alegações finais e, da conversa do Youssef com processada e massacrada nos em seguida, os autos do proo Paulo Roberto”. Moro então meios de comunicação. Se eu cesso voltam às mãos de Sér-
Eu não solicitei, não recebi, não paguei nenhum triplex. Não tenho
gio Moro, que é o responsável pela sentença. Não há prazo para a decisão do juiz federal, que pode absolver ou condenar os réus em primeira instância. Ou seja, mesmo após a sentença de Moro, cabe recurso.
Solidariedade Enquanto os advogados concediam entrevista coletiva a veículos de todo o mundo, o ex-presidente Lula preferiu sentir de perto o calor dos trabalhadores de todo o País que foram a Curitiba para apoiá-lo. No ato político de encerramento da Jornada pela Democracia, o petista falou para cerca de 50 mil pessoas – segundo os organizadores do evento – e reafirmou sua condição de pré-candidato à presidência da República em 2018. “Nunca tive tanta vontade de mudar as coisas. Se a elite não consegue consertar o Brasil, o metalúrgico vai provar que pode”, declarou Lula. Dos 20 minutos de pronunciamento, quase a metade foi dedicada aos agradecimentos: “Nada é tão gratificante quanto saber que vocês confiam em alguém que está sendo massacrado. Sem vocês, eu não suportaria o que estão fazendo comigo”, concluiu sob aplausos. Deputados, senadores e representantes de movimentos sociais participaram do ato político e reforçaram a solidariedade ao petista. A ex-presidenta Dilma Rousseff também participou do evento, e aproveitou para criticar as reformas do governo Temer: “Nem na ditadura militar ousaram retirar tantos direitos dos trabalhadores. Estão produzindo um retrocesso que vai nos condenar”, lamentou.
Brasil de Fato PE
ENTREVISTA l 11
Recife, 12 a 18 de Maio de 2017
“ As prisões continuam sendo ‘quartos de despejo’ da sociedade”
MULHERES ENCARCERADAS. O caráter de que a dimensão racial é indissociável da constituição da ideia de privação da liberdade, desde a escravidão, é um dos temas da entrevista Arquivo pessoal
Vanessa Gonzaga, especial de Petrolina
zir a participação, a relação criminalidade, mulheres e tráfico de drogas a essa simples relação de causalidade, de que sempre vai ter um homem que vai ser o responsável pela trajetória dessas mulheres. Existem casos que são marcados por essa realidade? Existem, mas a realidade é muitíssimo mais complexa.
G
abriela Barreto de Sá é doutoranda em Direito pela Universidade de Brasília e professora da Universidade do Estado da Bahia e conversou com o Brasil de Fato sobre o encarceramento de mulheres.
Brasil de Fato: Qual a relação histórica do encarceramento no Brasil, considerando nossa origem escravocrata, com a atual superlotação de presídios femininos e masculinos com pessoas negras? Gabriela: Primeiro é importante resgatarmos um pouco uma concepção de que falar em encarceramento é falar em prisão, em presídio. Na história do Brasil, considerando o nosso passado colonial, é preciso considerar que as primeiras prisões que a gente experimentou foram os navios negreiros. Então, se a gente parte dessa premissa, fica muito explícito o caráter racializado dessa instituição. Não dá pra perder de vista essa dimensão de quais corpos vão ser os corpos disciplinados, vão ser os corpos separados desse convívio social. Então a dimensão racial é indissociável da constituição, da ideia de privação de liberdade que tem na escravidão uma ampla possibilidade de desenvolver métodos de tortura, de controle e de coerção. A partir daí, se a gente pensa na representação da mulher também, foram os primeiros corpos femininos a sofrerem dessa mesma prática do que seria o direito criminal, o direito penal. E a realidade hoje das prisões,
ainda que tenha nuances que precisam ser avaliadas a partir de pesquisas empíricas da realidade de cada lugar,de cada estado, de cada cidade. Mas as mulheres negras são tanto as que são mais vítimas de violência, como são as que mais são encarceradas. São os corpos que continuam abastecendo as prisões, que continuam sendo vítimas desse
Mas as mulheres negras são tanto as que são mais vítima de violência, como são as que mais são encarceradas sistema de direito penal seletivo. BdF: Pernambuco é um dos três estados que mais têm mulheres encarceradas. De acordo com o Infopen [Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias], 70% dessas mulheres são negras e mais da metade foi presa por
tráfico de drogas. Como se dá o envolvimento dessas mulheres, especialmente nas periferias com o tráfico? Gabriela: Existem muitos estudos hoje que dão conta disso. Na Universidade de Brasília (UnB) tem a professora Débora Diniz, que durante alguns anos realizou uma pesquisa no presídio feminino de Brasília, a Colmeia. Ela tem um livro publicado sobre isso, “Cadeia”, e nesse trabalho, junto com outras pesquisadoras, elas vêm destacando que existe um senso comum que precisa ser melhor debatido sobe essa relação de encarceramento de mulheres e tráfico de drogas. Porque durante muito tempo prevaleceu um discurso de que elas eram presas por tráfico de drogas por estarem sempre numa posição de auxiliar ou de cumplicidade com um homem, seja esse homem seu filho, seu marido, alguém da sua família... E por uma necessidade que se atribui talvez como natural das mulheres de querer fazer tudo pra salvar e cuidar dos seus homens, elas se colocariam em risco para colaborar com esse homens. E as pesquisas dessas professoras que eu mencionei antes vão demonstrar que a gente não pode redu-
BdF: Existe uma secretaria executiva de ressocialização aqui em Pernambuco, e existem alguns outros trabalhos que diminuem a pena. Dentro da perspectiva da ressocialização, você percebe alguma dificuldade de acesso a esses projetos? Gabriela: Essa lógica de associar a ressocialização a atividades economicamente produtivas desenvolvidas dentro do presídio é o modelo mais questionável talvez porque se a gente for analisar desde o histórico das prisões existe uma relação entre cárcere e fábrica. Vários estudos de criminologia crítica vão dar conta de como cercear a liberdade do indivíduo e usar uma mão-de-obra daqueles indivíduos é um trabalho extremamente lucrativo. Então, ao produzir dentro de um presídio, você não paga luz, não pagar nada porque o poder público vai suprir, você não precisa pagar um salário. Então pensar que a única forma de ressocialização de pessoas encarceradas se dá através do trabalho, do uso da força produtiva daquela pessoa está ancorado num matriz extremamente de controle social. BdF: Como as mulheres, especialmente as negras, sofrem com o encarceramento? Gabriela: Quando a gen-
te fala de presídio no Brasil a gente está falando de uma realidade que a Corte Interamericana de Direitos Humanos e vários outros organismos internacionais reconhecem como algo que está para
Vários estudos de criminologia crítica vão dar conta de como cercear a liberdade do indivíduo e usar uma mão de obra daqueles indivíduos é um trabalho extremamente lucrativo além de violação de direitos. Uma das últimas discussões que a gente teve sobre a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 347 vai no sentido de dizer que o que acontece nos presídios no Brasil é completamente inconstitucional porque é ancorado na violação de direitos. Então se a gente for analisar a série de direitos fundamentais previstos na Constituição, a gente não vai encontrar nenhum dos direitos sendo cumprido nesses espaços. E mais uma vez a gente volta para esse espaço de distanciamento. As prisões continuam sendo esses “quartos de despejo” da sociedade, onde ninguém sabe o que acontece lá dentro, é um lugar indesejável.
CULTURA | 12
Por Roberto Efrem Filho*
A
os trinta e três anos e dezessete crônicas de jornal contadas, Ele percorre a Boa Vista. Está molhado, metido numa camisa de botões, mangas curtas e viscose estampada. Ao vesti-la, chegou a pensar se não seriam cores demais contra o nublado dos últimos dias, uma assimetria. São 16h de um domingo de maio. Desde a noite da sexta, há mais chuva que cidade no Recife. Agora, neste ensaio de estio, as ruas descansam aguacentas e mudas. Ocas, talvez. Porque a cada respiro ou tropeço de calçada, um eco ou uma fragilidade se escuta dos prédios da Aurora. Numa esquina da Rua
três suores das Ninfas, Ele cumprimenta Thiago, o boy do fiteiro azul. Thiago, a Ele parece, olha-o sem compreender a existência encharcada daquele homem à sua frente numa tarde em que todos se cobrem em suas camas, em suas dúvidas e em seus aparelhos de televisão. Todos, claro, à exceção do próprio Thiago, abrigado sob as telhas brasilit do fiteiro azul, e de Jomard Muniz de Britto, meio encurvado, descendendo poemas – Jomard prefere “atentados poéticos” – a despeito do dilúvio ou, nunca se saberá, provocando-o. Ele não vê Jomard, pressente. Mas vê os olhos interrogadores de Thiago e se pergunta se não deveria comentar, sei lá, sobre a imprudência do tempo, a derrota do Santinha, a premência de cigarros. Procura arranjar em poucas frases uma razão suficiente para restar ali, pingando ao relento nesta tarde de domingo em que se desistiu de levar as crianças ao Parque 13 de Maio e de tomar uma cerveja no Mercado de Santa Cruz.
Lutador do Povo Ele, no entanto, não encontra palavra. Aponta um isqueiro vermelho exposto na prateleira mais alta, entrega a Thiago uns trocados e acende uma ponta pela tarde, confrontando a água que ainda escorre da castanhola acima do telhado de brasilit. Não há palavra. Ele conclui sem dizer. Nenhuma que o ajude a explicar a Thiago – Jomard não careceria de explicações, estariam à pele – que Ele desceu do apartamento e adentrou a chuva porque as portas não o continham, sequer o branco da tela do computador o concentrava porque mesmo os seus sentidos não conseguiam manter coesos os seus poros, a boca seca, os pelos do pescoço eriçados, o calor, porra, o calor. Palavra alguma, Ele sorri discretamente enquanto traga, levaria ao gosto de sal e vontade daqueles três corpos se confundindo nos suores e nos lençóis de uma noite de inverno. *Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.
AGENDA CULTURAL Cinema
Exposições Museu da parteira
Q
uem ainda não viu o Museu da Parteira tem a possibilidade de prestigiar a exposição no Museu da Abolição, localizado na Rua Benfica, bairro da Madalena, Recife. Neste museu, a abertura aconteceu no dia 04 de abril como forma de comemorar o Dia Internacional da Parteira. A visitação é gratuita e pode ser feita de segunda a sexta, das 9h às 17h e nos sábados das 13h às 17h.
Mostra El Deseo
A
Mostra El Deseo – O Apaixonante Cinema de Pedro Almodóvar fica na Caixa Cultural Recife até o dia 20 de maio. A exposição contempla a cinematografia do cineasta espanhol e tem curadoria de Silvia Oroz. Serão exibidos 22 filmes, o que inclui todos os longas do diretor e dois documentários sobre sua vida e obra. Ainda haverá debates e masterclasses.
Cinema Festival de Cinema de Triunfo
E
stá aberto, a partir do dia 10 de maio, o edital do 10° Festival de Cinema de Triunfo para realizadores (as) de cinema d e todo Brasil. O evento é promovido pela Secult-PE/Fundarpe e acontece de 7 a 12 de agosto, no Cineteatro Guarany, no Sertão do Pajeú. As inscrições podem ser feitas exclusivamente pela internet. Os interessados em participar do evento podem enviar seus trabalhos para o e-mail: festivaldetriunfope@gmail.com.
i
Crônica:
Brasil de Fato PE
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Almi r Custodi o de li ma
A
lmir Custódio de Lima nasceu no dia 2 de maio de 1950, no Recife. O filho de João Custódio de Lima e Maria de Lourdes Custódio de Lima foi militante do Partido Comunista Revolucionário (PCBR). Estudou na Escola Técnica Federal de Pernambuco e trabalhou como operário metalúrgico na ALUFERCO no Rio de Janeiro. Almir foi morto no dia 27 de outubro de 1973 junto com outros três companheiros. Os quatro militantes foram presos em circustâncias desconhecidas e levados para a Praça Sentinella, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde foram carbonizados dentro de um carro. No documento n° 575 de informação do Ministério da Aeronáutica do dia 22 de novembro de 1973 consta que houve um tiroteio entre os militantes e integrantes dos órgãos de segurança da Guanabara, quando morreram os quatros integrantes do PCBR. Almir foi enterrado como indigente no Cemitério Ricardo de Albuquerque no dia 31 de dezembro de 1973, na sepultura n° 29.230, quadra 23. No dia 2 de abril de 1979, os seus restos mortais foram para um ossário geral e em 1980 colocados em uma vala clandestina no mesmo cemitério.
Brasil de Fato PE
Variedades CULTURA l| 13 13
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Luta dos trabalhadores é símbolo do 1° de maio
HISTÓRIA. Em dezenas de países do mundo a data é comemorada com festas e protestos Elen Carvalho
O
último 1° de maio foi marcado por protestos, em todo o Brasil, contra as reformas propostas pelo presidente ilegítimo Michel Temer. Militantes de movimentos populares, sindicalistas e população se unem nas ruas para tentar barrar uma avalanche de retrocessos que estão sendo impostos pelo governo citado. Um desses grandes retrocessos é quanto às leis trabalhistas. Uma série de direitos conquistados pelos trabalhadores, após centenas de anos de luta, está ameaçada no Brasil. Nesse contexto, é importante trazer à memória o significado do 1° de maio. Uma série de manifestações pela jornada
1º de Maio no Pacaembu
Os trabalhadores percebendo que o capitalismo não seria humanizado, começam a se revoltar de 8h de trabalho, no Estados Unidos, marca o surgimento deste feriado. Essa era a reivindicação das greves que aconteceram em 1832 nesse país. Em 1869, os operários criaram a Liga pelas Oito Horas. Nessa época, as condições de vida dos trabalhadores pioravam com a depressão econômica que atingiu tal país. Diante deste cenário crítico, foi convocada uma greve geral para o 1° de maio de 1886. Milhares de funcionários permaneceram em greve até o dia 03 daquele mesmo mês, quando a polícia interveio com violência. Este dia teve saldo de mor-
tos, feridos e perseguição de líderes do movimento operário. Cinco desses líderes foram executados e se tornaram símbolo mundial das injustiças do capitalismo contra a classe trabalhadora. Em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, organização fundada em Paris, decidiu em congresso que o 1° de maio seria o Dia Internacional dos Trabalhadores. A partir de então, muitas atividades políticas e culturais são realizadas pelos trabalhadores em diversos países para celebrar essa data.
Ivan Lima, historiador, explica o contexto da data mundialmente: “o contexto é muito mais europeu nessa época, dos países que começavam a se industrializar, ao mesmo tempo em que começava a existir a mais ampla circulação de informações. Então você tem as fábricas e os ope-
rários ingleses e norte-americanos que trabalham muito e aos poucos começam a ter acesso a algumas ideias. Os trabalhadores, percebendo que o capitalismo não seria humanizado, começam a se revoltar”. No Brasil a data chega pouco depois e ganha significa-
dos diversos ao longo do tempo. “O 1° de maio começa a ter um significado próximo do significado contemporâneo a partir do governo Vargas. Ele usa o dia do trabalhador como forma de desmobilizar a classe trabalhista. Apesar de ter feito coisas boas para o trabalhador, ele usava o dia do trabalho como dia de premiação, gerando um pensamento nos trabalhadores de que as conquistas trabalhistas só eram possíveis por causa do governo”, explica Ivan. O historiador observa que o 1° de maio chegou com um significado de luta maior, a partir dos sindicatos, que traziam as pautas da discussão salarial e outras. “E o governo tenta desmobilizar. Até hoje você vê, o governo tenta fazer uma festa e o trabalhador vai para a rua”, completa. para a rua”, completa.
Anúncio
SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA DE ARTEFATOS DE BORRACHA NO ESTADO DE PERNAMBUCO EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA O Sindborracha/PE convoca os Trabalhadores da categoria, para Assembleia a ser realizada no dia 19 de maio de 2017, tendo como local Auditório da AMBEP, localizada na Rua Mathias de Albuquerque, 223 – Sala 401 – Santo Antônio – Recife/PE, horários: às 07h, às 10h, às 16h e às 18h, para deliberar sobre a seguinte ordem do dia: 1) Eleição de Delegado ao 8º Congresso da Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT – CNRQ/CUT. Recife, 03 de maio de 2017. A DIREÇÃO SINDBORRACHA/PE
14 | VARIEDADES www.coquetel.com.br
Brasil de Fato PE
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
PICOLÉ
Horóscopo
© Revistas COQUETEL
12 a 18 de maio Há muita coisa pendurada na sua vida e agora parece ser o momento ideal de você fazer alguns projetos virarem realidade! Sinta-se à vontade para liberar sua energia criativa, mas considere seus limites financeiros, tá bem?
Escreva o nome de cada definição nos quadrinhos.
Áries :
Esse é um período onde tudo pode acontecer! Além de uma intuição corajosa que surge, devem surgir boas oportunidades de coisas interessantes acontecerem! Aproveite novos encontros que a lua cheia pode trazer!
Touro:
Gêmeos:
Câncer:
Essa é a hora de concluir alguns processos e iniciar um novo ciclo, e daí pode ser que algumas mudanças não sejam fáceis! É necessário se organizar e ter o esforço de focar no que você realmente deseja. Essa é a hora de colocar seu bloco na rua, de promover e curtir encontros com seus grupos! Além do prazer de estar nesses coletivos, surgem boas oportunidades de fazer coisas acontecerem!
Leão:
Virgem:
Libra:
Ainda que muitos projetos de trabalho estejam dando bons resultados, você pode desejar mais. É a hora de fazer investimento num novo processo formativo. Cuidado com conflitos que surgem de novos encontros. Depois de tantos questionamentos sobre si mesmo, é o momento ideal para tomar decisões importantes e dedicar-se a vivê-las! Conquiste seus projetos, mas tenha cuidado com a competitividade. Algo está incomodando e um aprofundamento nas suas motivações e afetos será necessário. Vontades e medos devem ser identificados para que você consiga dar os próximos passos. Um novo amor chegou?
Destrave algumas coisas no seu ambiente doméstico que estavam impedindo de ficar bem com aquelas pessoas de que você gosta. O que você quer da vida deve estar claro Escorpião: para avançar com seus projetos e desejos. 7
Solução
É hora de fazer um balanço da vida e investir mais na qualidade dela! Repense seus hábitos , privilegie a saúde e cuide de sua alimentação; no trabalho, organize seu Sagitário: tempo e invista em trabalhos coletivos.
Capricórnio:
VISITE NOSSA PÁGINA facebook.com/brasildefatopernambuco
Essa é a hora de resolver conflitos e aproveitar o aconchego do lar. Apesar da animação com seus projetos pessoais, o ritmo de responsabilidades deve aumentar e você precisa cuidar de seus limites e sua saúde.
Aquário:
Sua vida está se transformando, exigindo mudanças em vários aspectos. É importante que consiga dialogar e compartilhar o que você realmente quer. Não ignore sua curiosidade para os novos passos.
Peixes:
Seu pensamento e sua comunicação devem dar uma acelerada nesse momento, pois muita coisa está surgindo ao mesmo tempo. A arte e novos estudos podem lhe inspirar. É preciso focar.
Brasil de Fato PE
VARIEDADES l15 15
Recife, 12 a 18 de maio de 2017
Dicas mastigadas Sorvete Caseiro 6 bananas bem maduras 1 limão Geleia de frutas 1 colher de gengibre (opcional)
Temos visto muitas mulheres sendo punidas por fazerem aborto. O que você pensa sobre isso? Betânia Ferreira, 34 anos, advogada.
Pique as bananas em rodelas, e o limão em cubos, e leve ao congelador. Na hora em que for comer, bata todos os ingredientes em um processador até virar um creme. Sirva na hora! Usando bananas bem maduras, não é necessário colocar açúcar nesta receita.
C
ara Betânia, a questão do aborto é bem polêmica. Acredito que nenhuma mulher deve ser obrigada a ser mãe se isso não for sua vontade. Mas independentemente da opinião de cada um, vejo que a sociedade brasileira precisa enfrentar essa questão. Um grande número de mulheres, pobres e na maioria negras, morre todos os dias na tentativa de abortar sozinhas e sem assistência médica. Além disso, o acesso das mulheres aos métodos contraceptivos ainda é precário. Muitos países já avançaram em suas leis e reconheceram o direito das mulheres sobre seu corpo e sua vida, legalizando o aborto. O que está em jogo não é o direito dos indivíduos, mas a dominação do sistema patriarcal sobre a vida das mulheres. Por isso é tão importante que as mulheres continuem se organizando e lutando pelos seus direitos.
Sem gordura vegetal hidrogenada Sorvetes industrializados, assim como vários outros alimentos processados, são feitos com gordura vegetal hidrogenada. Esta gordura é o resultado de um processo físico e químico realizado em óleos naturais ricos em ácidos graxos poli-insaturados, que são transformados em materiais pastosos ou sólidos. O procedimento é a solução encontrada pela indústria de alimentos para substituir a gordura animal e manter seus produtos com aparência mais fresca ou crocante como, por exemplo, as batatas fritas dos fast foods. Seu consumo resulta no aumento dos níveis do mau colesterol (LDL) e na redução do bom colesterol (HDL). Essa é uma combinação que aumenta bastante os riscos de doenças cardiovasculares.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF
ESPORTES
P
ela 10ª rodada do Brasileirão Feminino o Sport segurou o vice-líder Corinthians: 0x0 na Ilha do Retiro. As leoas estão na 5ª posição do Grupo 1, brigando pelo 4º lugar que leva às quartas-de-final. Já o Vitória de Sto Antão (8º) perdeu em casa por 3x2 diante do líder Iranduba -AM. Com apenas 2 pontos o time das Tabocas corre risco de rebaixamento. Divididas em dois grupos, as 16 equipes jogam as 14 rodadas e as quatro melhores de cada grupo avançam ao mata-mata. São rebaixadas as duas piores da competição.
Cigano e Bate-Estaca tentam cinturão
A
noite desse sábado (13.05) é de Ultimate Fighter Championship. As duas principais lutas da noite têm brasileiros lutando pelo cinturão. No peso-palha (52kg) Jéssica “Bate-Estaca” (nº 3 no ranking) tenta tomar o cinturão da polonesa Joanna Jedrzejczyk, ainda invicta no UFC. Logo depois Júnior “Cigano” (nº4) disputa o cinturão dos pesos-pesados (120kg) contra o norte-americano Stipe Miocic. O card do UFC 211 tem ainda o brasileiro Demian Maia, nº 3 dos pesos meio-médio (77kg).
Divulgação
Divulgação
Ana Neri
Mulheres do Sport na briga por vaga
Divulgação
NA GERAL
Mundial de Surf no Rio
D
esde terça-feira o Rio sedia a 4ª etapa da Liga Mundial de Surf (WSL). Nove brasileiros e duas brasileiras até o dia 20. A cearense Silvana Lima está em 14º lugar na competição, liderada pela australiana Stephanie Gilmore. Entre os homens, o havaiano e atual campeão John John Florence lidera. Os brasileiros melhores classificados são Adriano de Souza (4º), Filipe Toledo (6º), Caio Ibelli (7º) e Gabriel Medina (11º). O recifense Ian Gouveia é o 24º. A WSL é transmitida ao vivo pelo site da competição.
Náutico estreia na Série B feminina
N
esta quinta (11) começou a Série B feminina para o Timbu, diante do Tuna Luso, no Pará. Até o fechamento do jornal a partida estava em andamento. Na quartafeira (17) as alvirrubras jogam em casa contra o Mixto-MT, às 16h, no Grito da República, em Rio Doce. O torneio tem 16 times divididos em dois grupos. Os times jogam em turno único (7 rodadas) e as duas melhores de cada grupo passam às semifinais. O Náutico está no Grupo 1 com Viana-MA, JV LiberalMA, Tiradentes-PI, Pinheirense-PA e Duque de Caxias-RJ.
16 | ESPORTES
FUTEBOL AMERICANO. Com boa expectativa de público, equipes decidem primeiro título do esporte em Pernambuco Doulos Mídia
Vinícius Sobreira
D
as jardas para a história. Neste sábado, 13 de maio, quando Recife Mariners e Recife Pirates saírem das 100 jardas pintadas na Arena de Pernambuco, uma das equipes terá entrado para a história como campeã da 1ª edição de um Campeonato Pernambucano de Futebol Americano. Torneio também eleva expectativa das equipes para a disputa do torneio nacional, com início em julho. O Mariners chega como favorito à final. Venceu com facilidade os três jogos da primeira fase: 65x0 sobre o Recife Horses, 42x0 sobre o Arcoverde Templários e, na estreia, um 17x0 sobre o próprio Pirates, adversário da final. E o presidente da equipe, Julio Adeodato, está confiante para a final. “A vitória é o resultado dos esforços que temos feito desde janeiro. Vamos executar o que sabemos fazer”, diz Adeodato, que também veste a camisa e joga como retornador. O histórico também está a favor dos Marinheiros, que venceram to-
dos os 13 confrontos do chamado “Clássico dos Mares”. Apesar da derrota na estreia, o Pirates se recuperou e venceu o Horses (54x0) e o Templários (41x6), garantindo a vaga na final. E agora tenta esquecer o histórico diante dos rivais. “Não estamos pensando no retrospecto contra os Mariners”, diz o treinador dos Piratas, Leonardo Breckenfeld. “Eles nunca nos enfrentaram numa final e estamos confiantes em fazer do Pirates o 1º campeão pernambucano”, afirma. Idealizado em 2016, o Campeonato Pernambucano só foi possível com a colaboração de todas as equipes. O torneio foi viabilizado economicamente com a taxa dos 519 atletas inscritos pelos oito times. A liga contou ainda com a parceria da Prefeitu-
ATÉ QUANDO, AMADORES?
ês de maio. Mas, para o Náutico, parece que o ano já acabou. Caos financeiro. Um enredo conhecido e recorrente: a falta de planejamento de uma diretoria de futebol amadora esgota as receitas do clube. A irresponsabilidade é inadmissível. Torcedor, imagine se você, no ano de 2016, antecipasse os seus salários de 2017, com a expectativa de que poderia ser promovido em 2017. Surreal, né? Pois bem, a diretoria repetiu esse erro
mais uma vez. Não se trata de assumir riscos ou de ser corajoso. Pelo contrário, isso é o reflexo de uma gestão amadora, alimentada por vaidades e sonhos pessoais – sintomas que contribuem para a desunião no clube. A chegada de Waldemar Lemos pela terceira vez, embora possa ser positiva, mostra, também, como o clube carece de novas lideranças e novas soluções. Alvirrubro, o Náutico, mais do que nunca, precisa de você.
ra de Olinda, que cedeu o Estádio Grito da República, no bairro de Rio Doce, para as equipes de Olinda e Recife mandarem suas partidas. Os times foram divididos em duas divisões. Além de Mariners e Pirates, o Arcoverde Templários e o Recife Horses jogaram a divisão principal, enquanto a segunda divisão teve Olinda Sharks, Recife Apaches, Caruaru Wolves e o Mariners Development, a equipe sub23 do Mariners. Campeão da segunda, os Apaches jogam a divisão principal em 2018 no lugar do Horses, rebaixado. A final da estadual acontece às 15h deste sábado, na Arena de Pernambuco. Os ingressos custam R$ 20 antecipados, com venda pela internet e com as equipes. No dia, os ingressos custam R$ 40 no local da partida. Em julho tem início a Brasil Futebol Americano (BFA), divisão principal do campeonato nacional, onde jogam Mariners e Pirates; e a Liga Nacional, que é a segunda divisão, que conta com Apaches, Sharks e Wolves.
GOL
A
Confederação Brasileira de Vela (CBVela) é a primeira federação de esportes brasileira dá poder de voto aos atletas. Antes, só 13 votos definiam o presidente da instituição: 12 votos de federações estaduais e um atleta escolhido. Agora mudou tudo: só votam velejadores, técnicos, medalhistas olímpicos e oficiais da vela – uma soma de 2 mil votos. A mudança vale para a próxima eleição da entidade, em 2020. A vela é o esporte que mais trouxe medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos: 7 no total.
GOL
epois de um início de temporada cheio de incertezas, com um time bem mais ou menos e de desclassificações traumatizantes, um novo campeonato vai começar. Aquele pelo qual esperamos o ano todo para sofrermos com diferenças de um ou dois pontos. A Série B do Campeonato Brasileiro começa com um jogo fora de casa para o Santa Cruz, que enfrentará o Criciúma. A batalha por uma vaga para a primeira divisão vai co-
contra
Bagunça no Pernambucano feminino
F
inalmente teve início o Campeonato Pernambucano Feminino de Futebol. Pela Chave A o Sport e o Vitória empataram em 1x1 em Chã Grande, onde o Vitória tem mandado seus jogos. A chave tem ainda o Flamengo de Arcoverde e Sete de Setembro. Na Chave B o Náutico venceu fora de casa por 3x1 o Ferroviário do Cabo, mas Porto e Ipojuca não jogaram. O torneio começaria no início de abril, mas foi adiado. O Central desistiu e deu lugar ao Sete de Setembro, mas falta de registro de atletas tem cancelado jogos.
BATENDO O MARTELO
Daniel Lamir
Stella Nascimento
D
DE PLACA
Federação de Vela dá poder a atletas
VAI COMEÇAR A BRINCADEIRA
Filipe Spenser
M
Brasil de Fato PE
Recife, 07 a 20 de abril de 2017
meçar, mas até agora o que temos de mudança? Nenhuma! Zero contratação. Zero dispensas. E um treinador que não mostrou a que veio. Na minha opinião, se continuar do jeito que está, o Santa Cruz briga pra ficar ali, no mesmo cantinho, sem incomodar nem quem desce ou, muito menos, quem sobe. O time precisa voltar a mostrar uma coisa que este elenco ainda não mostrou: raça e vontade de querer algo.
J
ulgamento menos jurídico e mais midiático... para o Sport também teve! Recentemente, o Flamengo tentou mais uma vez voltar no tempo. Sem sucesso. O campeão de fato foi, mais uma vez, decretado único campeão de direito de 1987. No clube, a sensação é de um aparente desdém com o papelão flamenguista. Quem sabe a economia nas provocações entre a Gávea e a Ilha tenha a ver com a penca de competições na agen-
da leonina. Ou seja, com tantos jogos remanejados não sobra nem tempo para “brincar” sobre a Taça de Bolinhas. Por outro lado, o mesmo não se pode falar sobre alguns atletas. Vão a julgamento e temem um processo verdadeiramente jurídico. Tudo começou com uma cachorrada na Ilha. No Arruda, o Pitbull silenciou, mas as câmeras pegaram pisão, provocações, invasão, etc. Se há provas, há perigo. Tudo agora vai depender das interpretações.