BdF PE - Ed. 50

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ENTREVISTA | 11

CULTURA | 13

Eduardo Mara

CARNAVAL

Sociólogo conversou com o BdF PE sobre os principais temas da conjuntura nacional

Casamento na Folia e a rua sem frevo em Olinda, confira a nossa cobertura do Carnaval do estado Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

ano 2

e d i ç ã o 5 0 distribuição gratuita

Arquivo pessoal

Pernambuco

Após derrota, Temer prepara novo pacote de maldades PH Reinaux

OPINIÃO | 05

08 de Março Mulheres já se organizam para lutas de março

BRASIL | 06

Intervenção no RJ Veja como votaram os deputados e senadores de Pernambuco

CIDADES| 15

Futebol

Conheça o goleiro símbolo da Copa da Rússia Brasil


Brasil de Fato PE

Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

2 | OPINIÃO

EDITORIAL

O povo nas ruas freou a Reforma da Previdência

MOBILIZAÇÃO. Governo retira a Reforma da pauta em dia de luta nacional em defesa da Aposentadoria Fórum das Centrais O Sindicais, a Frente Brasil Popular e a Fren-

te Povo Sem Medo, convocaram mobilizações para o dia 19 de fevereiro, o “Dia Nacional de Luta em Defesa da Aposentadoria”. Em diversas capitais e cidades do País aconteceram atos,

Em diversas capitais e cidades do País aconteceram atos no último dia 19 com diversas categorias de trabalhadoras e trabalha-

dores aderindo à paralisação. O governo tentava aprovar a Reforma da Previdência antes do final de fevereiro, inclusive para que ela não fosse tema no processo da disputa eleitoral deste ano. Já são mais de 15 meses de debates no Congresso Nacional. No entanto, o governo não havia conseguido os 308 votos necessários para aprovação do projeto, tudo em razão da resistência popular nas ruas. Mesmo com as investidas midiáticas sobre os supostos benefícios da Reforma, o governo golpista continua sem convencer o povo das mentiras que não sabe contar. Em um site oficial exclusivo para falar sobre a Reforma da Previdência, falsas informações são passadas, como a de que a reforma seria “Contra privilégios e a favor da igualdade”. Contudo, tudo isso não passa de uma jogada para ganhar apoio popular. Sem

sucesso, já que o povo continua firme contra a proposta. Segundo a pesquisa feita pela CUT – Vox Populi, 85% dos brasileiros discordam da reforma da Previdência e 71% acham que não conseguirão se aposentar se a mudança das regras for aprovada. Está nítido que a população já entendeu que se aprovada, a aposentadoria será apenas um sonho distante na vida das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros. O projeto da reforma da Previdência, tal qual apresentado, define o mínimo de 25 anos de contribuição para o direito ao acesso da aposentadoria por idade em relação aos servidores públicos. Já em relação à aposentadoria por tempo de contribuição, a reforma fixa absurdos 40 anos de pagamento do subsídio, além da idade mínima de 65 anos, para que o trabalhador possa receber o va-

Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Marcos Barbosa e Vinícius Sobreira Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho Revisão: Mariana Reis|Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 20 mil Exemplares

lor integral da aposentadoria. Na prática, muitos trabalhadores efetivamente contribuirão por um longo período sem qualquer retorno quando tiverem a sua capacidade de trabalho reduzida por conta da idade e por conta insalubridade do ambiente de trabalho. esde que a reforma entrou na pauta do governo, de norte a sul do país ocorreram reações, milhares de pessoas foram as ruas e foi a resistência popular e o povo nas ruas que derrotou, ainda que momentaneamente, a proposta criminosa de Refor-

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O governo tentava aprovar a Reforma da Previdência antes do final de fevereiro ma da Previdência do governo ilegítimo de Temer.

Charge


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GERAL l 3

Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

mandou

Frase da Seman a

BEM Divulgação

A intervenção não tem a ver com segurança pública, mas uma tentativa de manter seguro, politicamente, o governo moribundo de Temer Maria do Rosário (PT-RJ), sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro

O que você achou do carnaval do Recife?

Juventude conquista poço

J

ovens da Pastoral da Juventude Rural (PJR), Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Estado de Pernambuco (Fetape) e CPT (Comissão Pastoral da Terra) da cidade de Palmares conquistaram através da luta e mobilizações desde 2017 no município a perfuração de um poço, que vai contribuir na atividade agrícola e na criação de animais na comunidade engenho Humaitá que tem cerca de 150 famílias. Além disso, os jovens conseguiram um transporte escolar para comunidade.

mandou

A

MAL

no passado eu vim no pré carnaval e gostei mais. Eu acho que a cidade de Olinda não comporta esse número de gente. A cidade é massacrada pelo número de turistas. Eu gosto muito do frevo, acho interessante a iniciativa de preservar a manifestação cultural daqui, mas alguma coisa não está batendo. A cidade não comporta, é difícil até de se locomover

Divulgação

Léo Tribst, brasiliense e servidor público.

Pacote de maldades

C

om a impossibilidade da votação da reforma da Previdência após a Intervenção Militar no Rio de Janeiro, o governo Temer anunciou pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e do Planejamento, Dyogo Oliveira, um pacote de 15 medidas alternativas á reforma. O pacote inclui a reforma do PIS/CONFINS, a extinção do Fundo Soberano, a privatização da Eletrobrás, a criação de depósitos voluntários no Banco Central, o marco legal de licitações e contratos, a nova lei de finanças públicas, são algumas das propostas.


4 | GERAL Mundo

Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

Preparação do 8 de Março A

s mulheres das diversas organizações que compõem a Frente Brasil Popular na Região Metropolitana do Recife estão se preparando para a construção do ato do Dia Internacional de Luta das Mulheres, o 8 de Março. Uma das atividades preparatórias aconteceu na última quinta (22), com a Análise de Conjuntura “A reforma da previdência e a vida das mulheres”. Tita Carneiro, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) explica a importância da mobilização “Por mais que reforma tenha sido estancada, existe um pacote com 15 medidas que são alternativas a reforma, que impacta a vida das mulheres e que querem passar sem nenhum diálogo”. A centralidade da mobilização também passa pela defesa da democracia e contra a prisão do ex presidente Lula. No dia 8, o ato está previsto para as 14h, com concentração no Parque 13 de Maio. ERÊ Nordes- te

ESPAÇO SINDICAL Assembleia Dieese A

conteceu na última terça-feira (20) uma assembleia extraordinária para discutir sobre a situação atual do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que corre o risco de fechar suas portas causando assim a demissão de boa parte do quadro técnico. O Departamento vem sofrendo com grandes cortes e com dificuldade em renovar e captar novos contratos, além de desfiliações, redução de mensalidade e fechamento de subseções, todas consequências das medidas golpistas do atual governo. O Dieese completa em 2018, 63 anos de existência.

Conferência Nacional Popular de Educação Sindicato dos O Trabalhadores em Educação do

Estado de Pernambuco (Sintepe) divulgou essa semana em sua página oficial uma nota pública com alterações e informações importantes sobre a etapa nacional da Conferencia Nacional Popular de Educação (Conape) que será realizada em Belo Horizonte – MG nos dias 24 a 26 de maio de 2018 com a presença de delegados de todos os estados brasileiros. O CONAPE é a realização de um processo histórico e vitorioso, de resistência, plural, amplo e de massas em defesa da educação pública, gratuita, laica e de qualidade social.

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ERÊ Nordeste D

elegações de todos os estados do Nordeste se reunirão no Recife/PE, nos dias 27 e 28 de fevereiro, para participar do Encontro Regional de Agroecologia (ERÊ/NE). As atividades acontecerão no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (ADUFERPE). O evento é uma das formas de ampliar o diálogo da Agroecologia com outras áreas, como saúde, comunicação, cultura e estabelecer relações com as comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas.O ERÊ Nordeste é um dos cinco eventos regionais preparatórios para a realização do IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA), que acontecerá em Belo Horizonte/MG, de 31 de maio a 03 de junho deste ano, reunindo mais de duas mil pessoas.

Direitos de Fato Intervenção militar no Brasil: Constituição rasgada? a coluna desta semana, abordaremos a nova medida do Governo N Temer no sentido de aprofundamento do estado de exceção inaugurado com o Golpe de Estado de 2016: a intervenção militar no esta-

do do Rio de Janeiro. Tal medida está presente no Decreto nº 9.288/2018, publicado na ultima sexta-feira, por meio do qual um general do Exército brasileiro passará a comandar “paralelamente” o Governo do Rio de Janeiro na área da “segurança pública”. Porém, o texto do Decreto não faz qualquer menção a que dispositivo constitucional fundamentaria tal medida, apenas faz breve referência ao “grave comprometimento da ordem pública” daquele estado, o que mostra, na verdade, uma tentativa de burlar a Constituição ao se empregar o termo “segurança pública” no sentido do termo constitucional “ordem pública”. As situações constitucionais de “intervenção federal” estão previstas no art. 34 da Constituição Federal, entretanto, não há neste artigo a hipótese autorizativa de intervenção federal relacionada à “segurança pública”, o que deixa evidente a inspiração autoritária da medida e o rompimento com a ordem democrática em nosso país. Assim, a natureza militar da intervenção, mal disfarçada no decreto, é nitidamente inconstitucional.

*

André Barreto é advogado trabalhista em Recife

Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173


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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

Artigo

Artigo A complexa questão da segurança do Brasil

O 8 de março e a janela aberta da história

Aristóteles Cardona Júnior*

Sidney Tita Carneiro* Mamede*

Brasil vive hoje uma granO de crise de segurança pública. Isso não é segredo para nin-

guém. Na realidade, a sensação

a sensação de medo é algo que parece presente em vários setores da sociedade de medo é algo que parece presente em vários setores da sociedade em nosso país. Só em Pernambuco, foram mais de cinco mil assassinatos em 2017. São número de guerra. E os relatos de situações de violências vividas estão presentes em todos os espaços. Muitas vezes são o tema principal de programas de televisão, porém muito pouco é tratado sobre como resolver. E está é a grande questão sobre a qual precisamos nos debruçar. Uma coisa é certa: a violência é um problema complexo. E problemas complexos possuem soluções complexas. Qualquer que seja o discurso que tente apresentar uma solução simples para estes problemas é incabível. Um exemplo é o discurso que a solução para a violência passa pela liberação de armas para os “cidadãos de bem” poderem se defender. O que a ciência comprova é que

liberar armas não resolve absolutamente nada quanto ao problema da segurança pública. Um estudo recente liberado pela Escola de Saúde Pública de Harvard fez uma síntese de vários destes pontos e comprova a tese. Entre algumas das conclusões, uma delas é que armas de fogo são usadas mais frequentemente para assustar e intimidar do que para defesa própria. Outra conclusão alarmante é que armas de fogo em casa são usadas normalmente mais para intimidar pessoas íntimas e familiares que para evitar crimes. Por fim, ainda entre outras conclusões, um dos estudos aponta que o uso de arma de fogo não se comprovou eficaz na autodefesa e comparação a outros mecanismos. E olhe que estamos falando de um país, os Estados Unidos, com reconhecida permissividade ao porte e uso de armas de fogo. De toda forma, este é um assunto que está novamente na ordem do dia e não pode deixar de ser tratado. Porém, estes discursos fáceis de que a solução para a violência está em liberar armas ou colocar o exército nas ruas não resolvem. Nunca resolveu. Por que resolveria agora? Estão aí os números que falam por si. Mas, de um jeito ou de outro, o debate precisa ser travado. Que não esperemos os debates eleitorais para ver este assunto em discussão. Nem podemos depender apenas da versão da grande imprensa, que muitas vezes quer aumentar audiência e vender mais jornal. E que não caia no fácil discurso de que armas e exército resolverão por si próprios o problema da segurança pública em nosso país. * é Médico de Família no Sertão pernambucano, professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.

stá se aproximando o períoE do da luta que nos aquece durante o ano inteiro, nos pro-

porcionando o momento mais intenso de unidade no que se refere às lutas das mulheres nesta data histórica tão importante que é o 08 de março! A memória desta data é disputada entre a falaciosa narrativa de um dia pacífico em que as mulheres recebem flores e a sua real origem carregada do caráter revolucionário e insurrecional. A tarefa dos movimentos de mulheres e feministas ao longo do tempo têm sido de reacender a chama de histórias que tanto nos inspiraram, como o movimento internacional de mulheres socialistas do final do século XIX e início do século XX, a internacionalização deste dia de luta e solidariedade entre as trabalhadoras a partir da marcha que reuniu 190 mil mulheres na Rússia, sendo estopim do processo da Revolução Russa e tantos outros exemplos de lutadoras do nosso leito histórico latino-americano. Feministas socialistas de vários países inauguraram esta data como sendo um dia de fervorosas manifestações em que largas parcelas das trabalhadoras organizadas saíam às ruas com o objetivo de reivindicações políticas, tais como o direito ao voto e melhores condições de salários, de moradia. É muito intrigante que mais de 100 anos após as primeiras comemorações do 08 de março como sendo um dia inter-

nacional de solidariedade entre as trabalhadoras, os movimentos de mulheres e feministas no Brasil ainda estejam lutando em torno de reivindicações políticas e econômicas tão semelhantes. Há alguns anos, diversos movimentos populares têm realizado ações de enfrentamento ao grande capital, agronegócio, grandes empresas, denunciado a violência contra às

movimentos populares têm realizado ações de enfrentamento ao grande capital mulheres e reafirmado o feminismo popular como força organizada das mulheres trabalhadoras que têm como horizonte principal uma inevitável e verdadeira revolução social em que não existam desigualdades. A conjuntura brasileira de retirada dos direitos trabalhistas e a incerteza em sonhar futuros melhores deve nos impulsionar a construir grandes atos em todos o país, seguirmos defendendo a democracia e os direitos da classe trabalhadora. A janela da história está aberta e, seguimos confiantes de que a ousadia dos ares de março despertarão a urgência da organização popular. Convidamos todas e todos a seguir nesta marcha em defesa da democracia, dos direitos do povo brasileiro e pela candidatura do presidente Lula! *É militante da Marcha Mundial das Mulheres


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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

Senado e Câmara aprovam intervenção militar no RJ VOTAÇÃO. Aprovado com folga pelos deputados e senadores, intervenção entra em vigor e só encerra no último DIA DE 2018

Veja como votaram os parlamentares pernambucanos

Na Câmara Federal A FAVOR 17

Vanessa Gonzaga

oi aprovado no últiF mo dia 20, por 55 votos a 13 (1 abstenção) o de-

creto do presidente Michel Temer que autoriza a intervenção militar no Rio de Janeiro. Na madrugada do dia anterior a Câmara Federal aprovou a intervenção por 340 votos a 42 (1 absten-

ro combaterá incessantemente a criminalidade com recursos financeiros disponíveis e humanos necessários, com atividades de inteligência e cooperação entre os entes federativos”. O também senador Humberto Costa (PT-PE), líder do PT no Senado, discursou contra a intervenção, classificando a medida como “te-

Não houve qualquer justificativa legal que a embasasse ção). Mesmo sem a aprovação do legislativo, a intervenção vigora desde o último dia 16 e pode continuar em vigor até o dia 31 de dezembro de 2018. Favorável a intervenção, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), justificou seu voto afirmando que “O que está em jogo não se resume a um mero apoio do Governo Federal a um determinado estado da Federação, mas sim uma sinalização firme e inequívoca de que o Estado brasilei-

merária, amadora, não planejada e extremamente perigosa. Não houve qualquer justificativa legal que a embasasse”. O petista afirmou também que “não houve qualquer avaliação dos resultados de intervenções anteriores realizadas pelas Forças Armadas, especialmente nos Complexos da Maré e do Alemão; não se sabe quantos homens estarão envolvidos ou quanto isso vai custar aos cofres públicos”.

André de Paula (PSD) Augusto Coutinho (SD) Betinho Gomes (PSDB) Bruno Araújo (PSDB) Carlos Eduardo Cadoca (sem partido) Creuza Pereira (PSB) Daniel Coelho (PSDB) Danilo Cabral (PSB) Fernando Monteiro (PP) Gonzaga Patriota (PSB) Jarbas Vasconcelos (PMDB) João Fernando Coutinho (PSB) Jorge Côrte Real (PTB) Luciano Bivar (PSL) Pastor Eurico (PHS) Severino Ninho (PSB) Tadeu Alencar (PSB)

CONTRA 0 AUSENTES 8

Eduardo da Fonte (PP) Silvio Costa (Avante) Adalberto Cavalcanti (PTB) Marinaldo Rosendo (PSB) Zeca Cavalcanti (PTB) Ricardo Teobaldo (Podemos) Wolney Queiroz (PDT) Luciana Santos (PCdoB)

No Senado A FAVOR 2 Armando Monteiro (PTB-PE) Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE)

CONTRA 1

Humberto Costa (PT-PE)

AUSENTES 0


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MUNDO l 7

Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

Venezuela lança moeda virtual com tecnologia russa

SOBERANIA. Petro, como é chamado o novo sistema monetário, tem como garantia as reservas de petróleo da Venezuela Imprensa Presidencial Venezuela

Segundo o presidente Nicolás Maduro já foram comercializados cerca de US$ 735 milhões em moeda virtual Fania Rodrigues, de Caracas (Venezuela)

presidente Nicolás O Maduro, em coletiva na noite desta terça-feira

(20), anunciou o lançamento da Petro, a criptomoeda ou moeda virtual, que faz com que a Venezuela entre neste mercado. No evento estavam presentes políticos e investidores estrangeiros. Cada Petro custará cerca de US$ 60, tendo como referência o valor do barril de petróleo. Isso porque terá como garantia as reservas de petróleo venezuelanas, que está entre as maiores do mundo. Além disso, o governo venezuelano registrou cerca de 5 bilhões de barris de petróleo - do bloco Yacucho, localizado na Faixa Petrolífera do Orinoco, na

região norte da Venezuela junto a certificadoras internacionais de moeda estrangeira. Um primeiro lote da moeda, 38,4 milhões de petros, já está disponível para pré-venda site oficial do Petro. Segundo o presidente Maduro, já foram comercializados cerca de US$ 735 milhões em apenas 24 horas. Entre os principais compradores estão investidores internacionais. Uma das empresas que já tem licença para comercializar a nova moeda é a Euro Exchange. Maduro também autorizou a venda da nova moeda para “milhares de casas de câmbio ao redor do mundo”. Essa comercialização será realizada por uma empresa nacional, a IUS Social, dirigida por jovens talentos

uma moeda que tem como missão reforçar nossas políticas sociais

venezuelanos, criada especificamente para isso. A moeda também já passou a ser utilizada na Venezuela a partir dessa quarta-feira (21). Maduro determinou que todos os postos de combustíveis próximos à fronteira com a Colômbia operem com o Petro, bem como os pagamentos do Estado venezuelano para embaixadas e consulados ao redor do mundo. Os serviços turísticos na Venezuela poderão ser pagos com qualquer moeda virtual. Os cidadãos venezuelanos poderão comprar o Petro a uma taxa fixa em casas de câmbio de livre acesso. A criação dessa moeda

virtual tem como principal objetivo furar o cerco internacional financeiro imposto pelos Estados Unidos desde agosto de 2017. Segundo o presidente venezuelano, “uma moeda que tem como missão reforçar nossas políticas sociais e representa nossa independência”. O lançamento do Petro provocou reações nos Estados Unidos. Os senadores Marco Rubio, do Partido Republicano, e Robert Menendez, do Democratas, pediram ao departamento do Tesouro estadunidense para monitorar e restringir a comercialização da moeda virtual venezuelana. Na Venezuela, o dólar paralelo controlado pelo site Dólar Today, administrada desde os EUA, teve um queda de 5% nessa quarta-feira (21).

Tecnologia A tecnologia utilizada no sistema monetário digital foi desenvolvida pela empresa russa Zeus. “Estamos utilizando a plataforma mais avançada do mundo”, afirmou o presidente Nicolás Maduro, durante o lançamento. Nos sites especializados

em criptomoeda, os russos são conhecidos por oferecer uma “tecnologia revolucionária, que melhorou a eficiência energética” no processo de desenvolvimento e administração das moedas virtuais, garante a página Guia Bitcoin. “Escolhemos essa plataforma tecnológica porque é mais segura do mundo, que vai nos oferecer maior segurança e nos proteger contra hackers. Estamos blindados”, disse Maduro. As transações do Petro vão utilizar um sistema conhecido mundialmente como plataforma NEM (Movimento da Nova Economia, sigla em inglês), que permite fazer transações de dinheiro (envio, recepção e depósito), assim como diferentes possibilidades por meio de seus ativos inteligentes (smart assets). Esse sistema de troca de moedas virtuais é administrada pela Foundation NEM, com sede em Singapura. Trata-se uma empresa de tecnologia que trabalha com sistemas de segurança na rede para plataformas de troca de moeda. Para saber como funciona a compra e venda do Petro, o governo venezuelano publicou um Manual do Comprador.


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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

A rua sem frevo no carnaval de Olinda

PE.Tendo como ritmo hegemônico o funk carioca, a rua do Bonfim é tomada por uma maioria de foliões brancos + Divulgação

“A Rua do Bonfim também é conhecida pela pouca paquera LGBT”

Vinicius Sobreira

Praça João AlfreA do é um dos focos do Carnaval de Olinda.

Diante da Igreja de São Pedro circulam dezenas de blocos, troças e milhares de foliões a cada dia de carnaval. Mas a poucos metros de lá o cenário é um tanto diferente. Não pela quantidade de pessoas, que na rua do Bonfim também tem muitas, mas pelo ritmo: quem dita as regras no Bonfim é o funk. Saindo da Praça João Alfredo e pegando a Ladeira da Sé, o segundo cruzamento é um tanto complicado. É a rua do Bonfim. Muita gente circulando e mais gente ainda parada. Ao entrar na rua os foliões, e principalmente a foliãs, podem se deparar com verdadeiros “corredores poloneses” de homens sem camisa, exibindo o resultado de muito treino na academia e tentando ar-

No Bonfim não se escuta os metais que fazem o frevo ou as alfaias do maracatu rancar beijos de suas escolhidas. Mais adiante, onde a rua fica mais larga, as rampas estão tomadas de gente. A grande maioria conversando, paquerando. Quase ninguém está dançando e, em comparação com as demais ruas da cidade histórica, no Bonfim pouca gente está circulando. Bom para o comerciante Romário Pereira, que desde 2017 vende suas cervejas no Bonfim. “O pessoal ficar parado é melhor para a gente, porque vendemos mais”, in-

forma. Ele, que entre 2014 e 2016 trabalhou vendendo no Recife Antigo, considera que no Carnaval de Olinda o comércio é mais organizado – apesar de reconhecer que quase metade dos vendedores não driblaram o cadastramento da Prefeitura. O folião Gustavo, de 18 anos, conheceu a rua do Bonfim em 2017 e quis repetir a dose este ano. “Ano passado tinha muita música aqui e uma galera legal, mais parecida comigo, mais da área onde moro”, diz o jovem mora-

dor do Espinheiro, bairro nobre da zona norte do Recife. “Mas este ano estou achando um pouco pior, porque não tem mais música, não tem nada que faça a gente dançar, socializar. Mas continuo aqui porque tem a galera do Espinheiro, Graças, Rosarinho”, reitera, citando três dos bairros com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da capital pernambucana. No ano passado, recorda Gustavo, “o pessoal colocava som paredão e todo mundo ficava dançando. E acho que este ano o pessoal veio com isso na cabeça, mas acabou se decepcionando, mas continua aqui”, avalia. “O diferencial daqui era a música, que era constante, enquanto noutras ruas o pessoal ficava parado esperando os blocos passarem. Mas este ano não tem mais música e ficamos esperando os blocos passarem. Acabou se tornando a mesma coisa das outras ruas”, lamenta. No Bonfim não se escuta os metais que fazem o frevo ou as alfaias do maracatu. No máximo, em algumas áreas da rua, escuta-se o som eletrônico do funk, saindo de casas alugadas por turistas na rua. O jovem de 18 anos considera normal que por ali se escute mais funk que frevo. “Todo mundo está gostando disso e coloca para tocar. Eu particularmente prefiro as músicas de carnaval, porque os funks já escuto todo dia. Mas não me incomodo, por-

que sei que todo mundo prefere o funk”, diz o entrevistado. A turista Camila Cristina, de 32 anos, também destaca a predominância do funk como uma das características daquela rua. “Aqui não toca marchinha, é muito raro. E poucos blocos passam aqui. O que toca mais é funk e outras músicas que estão ‘topadas’, fazendo sucesso”, informa.

Rua branca Camila está em Olinda pelo terceiro Carnaval consecutivo e elegeu a rua do Bonfim como sua favorita. “Aqui tem muita gente diferente e tem muita gente, muitas opções para paquerar”, diz, entre risos. “Certas ruas são limitadas a certo tipo de gente, mas aqui é bem misturado, bem democrático”, considera ela. Mas quando perguntada sobre os tons de pele das pessoas na rua do Bonfim, Camila, que é negra, admite: “aqui tem menos negros que noutras ruas de Olinda, realmente. Mas não sei o motivo”. Já Gustavo discorda. “Acho que aqui tem a mesma quantidade de negros e pardos que vejo noutros lugares”, diz o morador do Espinheiro. Adepto do cabelo no estilo black power, ele se considera pardo e admite que nunca parou para reparar na disparidade entre quantidade de negros naquela rua em comparação às demais, mas a princípio discorda da afirmação de Camila. O vendedor de cerve-


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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

Thiago Bunzen / PMO

jas Romário, que é negro, considera que a rua do Bonfim tem um perfil diferente dentro da folia em Olinda. “Aqui tem muito branquinho. Dá para ver que é diferente das outras ruas. Não tenho problemas com ‘playboy’ não, mas aqui tem muita gente com jeito de ‘metido’, muito universitário da católica”, tentou resumir o comerciante. Ele disse ainda que as meninas “se vestem no mesmo estilo” e que os homens são “musculosos”.

Pouca diversidade Romário também destacou o fato de só ter visto um único beijo LGBT em dois dias de Carnaval. “Vi duas meninas se beijando, mas foi a única vez. É muito diferente de outros lugares”, considera. Camila discorda. Ela diz que anda com amigos gays e consequentemente viu muitos beijos LGBT naquela rua. Mas Gustavo também considera isso um evento pouco comum. “Aqui é mais difícil. Eu só vi 1 ou 2 beijos LGBTs, enquanto noutros lugares vejo muito mais gente curtindo

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sem preconceitos. Aqui não vejo preconceito, mas também não vejo as pessoas tão à vontade. Por mim poderia rolar sem problemas, mas aqui tem muito mais heterossexuais e as pessoas são mais contidas em relação a isso”.

Assédio Durante as horas que a

Recife, feveriro de 2018

reportagem esteve no local, foram frequentes as investidas masculinas contra mulheres. Puxões pelo braço, pelo cabelo e até pelo pescoço incomodaram muitas foliãs, que algumas vezes foram pressionadas com um coro (majoritariamente masculino) gritando para ela beijar aquele que a perturbava. A turista Camila Cristina considera que aque-

la atitude é muito comum ali, mas preferiu não usar adjetivos para avaliar. Já Gustavo avalia que pode haver mais assédio, mas diz não ter visto. “Aqui os homens chegam mais, falam mais, então consequentemente vai ter mais assédio. Mas eu não vi. Acho que no Carnaval inteiro não vi nenhum tipo de assédio. Acho que as meninas estão dizendo

‘não’ e os homens estão entendendo mais. Todo mundo está dizendo que ‘não é não’”, pontua Gustavo, um tanto otimista. Mas pondera. “Mas ainda existem esses grupos que ficam gritando ‘beija, beija’ e muitas vezes as garotas nem querem, mas acabam beijando por pressão, já que se elas não beijarem todo mundo vai vaiá-las”.

A luta contra a reforma da Previdência deve continuar O governo ilegítimo não conseguiu os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, prevista para entrar em pauta na Câmara dos Deputados no dia 19 de fevereiro. Mas o presidente Temer precisava dar resposta ao mercado financeiro. A solução foi uma intervenção militar no Rio de Janeiro, aprovada pela Câmara no mesmo dia 19. A não aprovação da reforma significa uma vitória para os trabalhadores, que deram o recado: quem votar pela reforma da Previdência, não volta! Em ano eleitoral, os parlamentares têm medo do revés das urnas. O presidente do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira, garantiu que nenhuma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) será votada enquanto a intervenção militar estiver em curso, conforme reza a própria Constituição

Federal. E garantiu que a reforma da Previdência não entrará em pauta em 2018. Mas, como confiar num Congresso que deu sustentação ao golpe e que já aprovou outros projetos que retiraram direitos dos trabalhadores? O próprio Temer avisou que quando tiver os 308 votos na Câmara, ele suspende o decreto da intervenção militar e aprova a PEC. Então, não dar para confiar, a mobilização tem que ser no dia a dia, nos locais de trabalho e nas ruas. E tem mais: o ano está só no começo. O que está por trás da intervenção militar? O que pode acontecer daqui para frente? Esse governo golpista não está aí para brincadeira, tem uma pauta a ser cumprida para atender os interesses de uma elite tacanha subserviente ao capital internacional. É preciso ficar de olhos abertos.


CIDADES I 10

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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

Paralisações e atos marcam dia de luta contra reforma da Previdência em Pernambuco MOBILIZAÇÕES. Trabalhadores da Educação estão entre as categorias mais mobilizadas no estado contra a Reforma da Previdência PH Reinaux

Trabalhadoras da Educação Valéria Silva que também é professora completa, “no caso da educação a exigência de se trabalhar cerca de 40 anos para uma aposentadoria integral é inaceitável”. Outra professora que estava no ato era Marta Santos, ela dá aulas em Itamaracá, na região metropolitana do Recife e veio para o ato lutar pela sua aposentadoria e de seus colegas professores, “nós trabalhamos todos os dias na formação de crianças e adolescentes, mas chega uma épo-

ca da vida em que precisamos descansar e nos dedicar a outras coisas, se essa Reforma passar, isso não será possível”. Marta é professora à nove anos, entre outras questões pelo baixo investimento na educação e aponta a necessidade de reformas sociais para melhorar inclusive a educação, “ é preciso que os estudantes tenham casa para morar, que seus pais tenham emprego, que eles tenham perspectivas de entrar na universidade, isso tudo influencia muito”, conclui.

A mobilização seguiu pela Conde da Boa Vista, principal avenida da cidade.

Pacote de Maldades

Monyse Ravena

C

erca de cinco mil pessoas saíram as ruas do Recife (PE), na segunda-feira (19), no Dia Nacional de Lutas contra a Reforma da Previdência. Durante o dia diversas categorias paralisaram suas atividades, entre eles, bancários, professores, metalúrgicos e petroleiros. Além do Recife, cidades como Caruaru, Belo Jardim, São Bento do Uma, Recife e Petrolina tiveram paralisações. Na capital, o ato se concentrou no Parque 13 de Maio e seguiu até a Agência Central da Previdência Social, na região central da cidade. A mobilização foi organizada pelo Fórum das Centrais Sindicais, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

a reforma da previdência é uma invenção do mercado para vender planos privados Valéria Silva, da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) afirmou que as mobilizações deste dia 19 são uma grande resposta do povo brasileiro a retirada de direitos, “a reforma da previdência é uma invenção do mercado para vender planos privados”. Carlos Veras, presidente da CUT PE, desta-

cou as mobilizações populares contra a reforma da previdência como as principais responsáveis pela sua paralisação no Congresso e apontou a continuidade das lutas, “com intervenção ou sem intervenção, com decreto ou sem decreto nós continuaremos nas ruas contra essa reforma criminosa”.

om a aprovação da intervenção miC litar no Rio de Janeiro, que impede a alteração e emendas na Constituição, a

exemplo da Reforma da Previdência que deixou de ser votada no último dia 19, o governo Temer tem buscado alternativas as medidas que não conseguiu aprovar no legislativo. Uma delas é um pacote com 15 medidas, anunciada pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e do Planejamento, Dyogo Oliveira. A principal delas é a privatização da Eletrobrás, que tem chamado a atenção desde dezembro do ano passado. Além disso, estão no pacote a reforma do PIS/COFINS, autonomia do Banco Central, marco legal de licitação e contratos, extinção do Fundo Soberano, a atualização da Lei Geral de Telecomunicações, depósitos voluntários no Banco Central e outros. A previsão é que as medidas sejam aprovadas de maneira emergencial a partir do mês de março.


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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

ENTREVISTA l 11 ENTREVISTA l 11

“Retomar a organização popular em torno de um projeto nacional é passo fundamental”

SOBERANIA. Eduardo Mara destacou a tentativa de privatização da Eletrobrás \ Chesf como o maior crime do novo pacote de maldades de Temer. Arquivo pessoal

Monyse Ravenaa duardo Mara é cienE tista social, doutor em serviço social pela Univer-

sidade Federal de Pernambuco (UFPE) e integrante da Direção Nacional da Consulta Popular. Na entrevista concedida ao Brasil de Fato Pernambuco ele aborda temas importantes da conjuntura nacional recente como a saída da pauta da Reforma da Previdência, o novo pacote de maldades de Temer e a intervenção militar no RJ. Confira. Brasil de Fato: Na sua opinião o que significa a retirada da Reforma da Previdência da pauta do Congresso? Eduardo Mara: Significa, mais do que qualquer outra coisa, uma vitória das forças democráticas e populares em nosso país. Considere que o governo golpista tenta votar o tema desde março do ano passado. A retirada da pauta do congresso deve-se à persistência dos movimentos populares e sindicais, com destaque para a unidade das centrais sindicais e à Frente Brasil Popular, em não recuar um milímetro na luta contra a reforma. Desde a greve geral realizada em abril de 2017, uma das maiores de nossa história, passando pelas diversas mobilizações unitárias, chegando até os dias atuais. O carnaval deste ano comprovou que a luta contra a retirada de direitos e contra o governo Temer conquistou a hegemonia nos setores populares. Soma-se a isso a expressiva aprovação da candidatura Lula, mesmo com toda a perseguição que este vem sofrendo. Acredito que esse é o conjunto de elementos que melhor explica

o resultado imediato da medida será um enorme encarecimento da tarifa de energia o recuo do governo. Brasil de Fato: O governo anunciou uma “pauta prioritária” que inclui algumas propostas de privatizações. Qual deve ser o centro da crítica dos movimentos e organizações populares para o próximo período? Eduardo Mara: As propostas elencadas não são novas. As que merecem maior destaque são a retomada da autonomia do Banco Central, a extinção do fundo soberano e a entrega da Eletrobrás ao capital estrangeiro. A primeira medida já existe na prá-

tica mas não na lei. Trata-se de desvincular a gerência do Banco Central de qualquer controle soberano por parte do povo brasileiro. A segunda proposta é um saque de 24,6 bilhões dos recursos oriundos da exploração do pré-sal e que se destinariam a projetos de crescimento da economia nacional. Em outras palavras, o governo planeja sacar toda a reserva de recursos que visava a recuperação econômica do país para pagamento de dívidas com banqueiros. Por último, destaco o maior crime de todos: a entrega da Eletrobrás. A empresa é responsável por um terço da geração de energia no Brasil. Todos os especialistas no ramo atestam que

o resultado imediato da medida será um enorme encarecimento da tarifa de energia para o conjunto do povo brasileiro. Dessa forma, a luta contra a privatização do sistema Eletrobrás-Chesf ocupa o principal desafio no plano imediato da luta. Para além disso, o que devemos fazer desde já é colocar a soberania nacional e um novo projeto de desenvolvimento para o país no centro do debate com o conjunto do povo brasileiro. Retomar a organização popular em torno de um projeto nacional é passo fundamental para derrotar a barbárie que está sendo implementada pelo atual governo. Brasil de Fato: Qual sua análise sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro? Eduardo Mara: Acredito que, para entendermos o significado da medida, há três fatores interdependentes que devem ser considerados. O primeiro deles é uma mudança na tática da classe dominante brasileira e de seu governo. A intervenção no Rio foi preparada não apenas por Temer e seu ministério, mas principalmente pela grande mídia com o claro intuito de, percebendo a derrota no tema da previdência, deslocar o debate para o tema da segurança pública. Tal tema vêm sendo explorado há décadas pelos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade brasileira e é, de fato, um tema sensível ao conjunto da população que vive diariamente o impacto da violência e do crime organizado nos grandes centros urbanos. Nesse sentido, a medida visa abrir um flanco de legitimidade ao governo golpista, menos pelo

seu impacto real no combate à criminalidade do que pela espetacularização da intervenção potencializada pela grande mídia. O segundo aspecto importante dessa medida é o evidente aprofundamento do estado de exceção que vivemos no país. Trata-se da definitiva ruptura do pacto da nova República. Por último, é importante perceber o problema real que assola a população e que está sendo manipulado para legitimar a medida. O caos na segurança pública é uma realidade na maioria das grandes cidades e os setores progressistas têm tido pouca formulação para o problema. A política de segurança que temos hoje é uma importação da famosa “política de tolerância zero” implementada nos Estados Unidos no início do século e que já comprovou ser desastrosa em próprio solo norte-americano. E isso porque é uma política de criminalização da população preta e pobre, baseada em falaciosos argumentos de identificação de “perfis criminosos” a partir de pequenos delitos. Essa é a política que pautou a maior parte dos programas de segurança no Brasil nos últimos anos. Essa política errônea, conservadora e racista é responsável pela enorme superlotação dos presídios e por poupar o próprio crime organizado que, como sabemos, não é comandado pela população pobre. Tampouco o emprego de militares é novidade para se lidar com o problema. As sucessivas ações da força nacional no Rio de Janeiro não diferem dessa política de criminalização da pobreza. Não se trata de uma ação combinada entre inteligência de Estado, ação policial e políti


CULTURA | 12

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LutadorA do Povo

FOTOLEGENDA

Pôr do sol no Parque das Esculturas Francisco Brennand. O parque foi conta com 90 obras do artista plástico pernambucano Francisco Brennand Foto: PH Reinaux AGENDA CULTURAL

Música

Cine

Dança Cia. de Dança do SESC

Pantera Negra

Indicados ao Oscar

E

O

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m Petrolina, a Cia. de Dança do SESC inicia nesse fim de semana três espetáculos. Na sexta-feira (23), o público poderá assitir o “Rio de Contas”. No sábado (24) e domingo (25) é a vez do espetáculo “Raízes para o Alto”. Ambos tem inícios ás 19h no Teatro Dona Amélia e os preços variam de 5,00 R$ A 10,00 R$.

longa conta a história de T’Challa (Chadwick Boseman), príncipe do reino de Wakanda, que perde o seu pai, o rei T’Chaka (John Kani), o príncipe retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação e encontra dificuldades. Um dos motivos para a aclamação da crítica é o elenco completamente negro, fugindo do padrão dos filmes Hollywwodanos.

Brasil de Fato PE

cinema da Fundação Joaquim Nabuco está exibindo os indicados ao Oscar. O primeiro longa metragem a ser exibido é “Corra!”, de Jordan Peele, que tem 4 indicações ao Oscar. Além dele, serão exibidos “O insulto”, “Uma mulher fantástica”, “The Square” e “Asas”. Os horários de exibição estão disponíveis na internet. O cinema fica na Av. Dezessete de Agosto, 2187 - Casa Forte, Recife.

OLGA BENÁRIO O

lga Gutmann Benário Prestes nasceu em Munique, em 12 de fevereiro de 1908. Judia, aos 15 anos já fazia parte da organização juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD). Aos 18, fugiu para a União Soviética, onde recebeu treinamento político-militar. Em 1934 Olga foi enviada ao Brasil com a tarefa de apoiar o Partido Comunista Brasileiro junto com Carlos Prestes, com quem se casaria. Em 1935 tentaram liderar um levante armado em todo Brasil, mas apenas Natal, Recife e Rio de Janeiro atenderam o comando do episódio que ficou conhecido como Intentona Comunista. Por causa disso, Olga e Prestes viveram alguns meses se escondendo da prisão, mas no ano seguinte foram presos. Na prisão, Olga descobriu sua gravidez. Foi transferida para a prisão nazista de Barnimstrasse, na Alemanha. Ficou com sua filha na prisão por 14 meses, quando foi obrigada a entregá-la para os avós. Após isso, passou mais sete anos presa, onde foi torturada. Olga foi executada numa câmara de gás junto com 199 mulheres em 23 de Abril de 1942 no campo de extermínio de Bernburg.


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Variedades CULTURA l| 13 13

Em Pernambuco, até casamento vira folia

FOLIA.Pernambucana casa com brasiliense em pleno carnaval Rani de Mendonça

Em PE até casamento chega em folia Rani de Mendonça

A

o invés de igreja ou casa de recepções, uma sementeira em Candeias, na Região Metropolitana do Recife. No lugar de roupas de gala, saltos e penteados, fantasias. Ao invés de um prato para o jantar, arrumadinho de charque no almoço. A mesa dos doces estava repleta de doces de compotas nos sabores jaca, banana, goiaba e caju. No lugar dos refrigerantes, muita água de coco. E pra terminar de refrescar, intermináveis sabores de raspa-raspa. Foi assim a festa de casamento da pernambucana e advogada, Meg Mendonça, com o servidor público e brasiliense Léo Tribst. Os dois moram em Brasília (DF) e resolveram comemorar o matrimônio em Pernambuco, em uma terça-feira de carnaval. A ideia inicialmente, na verdade, era ter tido toda a cerimônia do casamento e as assinaturas dos papéis, mas essa parte teve que acontecer em Brasília por falta de um juiz ou juíza que topasse esse feito

em pleno carnaval. Então, virou só festa. Eles trouxeram na mala muitos motivos para comemorar. O dia começou chuvoso, mas os foliões e familiares dos noivos consegui-

mação. Entre os convidados, as duas famílias se misturaram em fantasias irreverentes como Jack Sparrow, egípcias, palhaços, gatinhas e… Um jogo de do-

saudade de coisas que viveram juntos. A história do casal tem muito a ver com a festa de momo. Tudo começou na prévia de carnaval Suvaco da Asa, em Brasília. “Já tínhamos amigos em comum e frequentávamos alguns lugares em comum, mas nunca teve nada. Nessa prévia que tem todo o espírito pernambucano, nos reencontramos e à noite fomos ao show da Banda Eddie. Ele conheceu o som deles,e achou massa. Então a gente ficou e nunca mais se desgrudou”, conta a noiva. Pernambucana e amante de tudo que é de Pernambuco, a escolha pelo dia e pelo lugar veio de Meg. Segundo ela, não teria sentido se não fosse assim. “É um momento muito feliz na minha vida e eu

pré carnavalesco. “Eu gosto muito do frevo e acho maravilhoso, adoro o maracatu também. Como a maioria da família da Meg mora aqui, escolhemos aqui e estamos muito felizes”, ressalta Léo. De Brasília, vieram os pais do noivo e um casal de amigos que são também os padrinhos de casamento. Para Tiago Lara, que foi testemunha do casório lá em Brasília, estar em Recife é uma experiência maravilhosa. “Eu gosto de ir para os lugares que a gente não sabe bem o que vai acontecer e que a gente é sempre surpreendido, porque criou pouca expectativa. Me diverti muito, está tudo a cara de Meg. E eu estou muito alegre de estar aqui.”, conta o arquiteto brasiliense. Durante toda a festa esteve estampad o

queria fazer essa comemoração dentro com tudo que me representa. Ou seja, tinha que ter minha cultura e minha família. Meu marido topou, a família dele topou… só faz sentido pra mim se tiver todas essas coisas quem me representam.”, diz. Para o noivo, a escolha daqui também foi maravilhosa, mesmo gostando mais do período

nos r o s tos os desejos de felicidade em ritmo de frevo aos noivos. Além do clima amoroso e de muita prosperidade e vida, todos que participaram desta tarde constataram logo na placa de entrada o que aquele dia representava: “o pra sempre começa hoje”. E o pra sempre de Meg e Léo começou em uma terça-feira de carnaval.

Eu gosto muito do frevo e acho maravilhoso, adoro o maracatu também ram aproveitar exatamente como os pernambucanos aproveitam os blocos e as agremiações: debaixo de sol e de chuva, com muita alegria e frevo no pé. A hora mais esperada do casamento é sempre a entrada da noiva, muito pelo suspense do vestido. Ontem, o véu e grinalda deram lugar a um vestido com muita transparência e flor, combinando com o espaço. A noiva veio acompanhada de um maracatu pra animar ainda mais o que já estava cheio de ani-

minó. Uma parte da família da noiva, todos e todas foliões natos, que têm um bloco que comemora o aniversário de um deles, chamado “Caio na folia”, fizeram uma homenagem a avó de Meg, conhecida como “Liu”, que em vida adorava passar as tardes jogando dominó com todos os familiares. Entraram na festa com estandartes e faixas que saudavam os noivos e a memória de “Liu”. Foi um momento de muita emoção e amor, onde muitos choravam e lembram com muita


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Apresentacao

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Horóscopo

De 2015 a 2017, um grupo de mulheres agricultoras do Polo da Borborema participou do Projeto de Melhoramento das Cozinhas para o beneficiamento de produtos da Agricultura Familiar.

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Recife, 23 de fevereiro a 1 de março

Durante esses anos, foram realizados diagnósticos, encontros municipais e territoriais, onde as mulheres puderam resgatar receitas que foramÁries : aprendidas com suas mães ou avós. As mulheres tiveram a oportunidade de lembrar o sabor da infância, resgatando com ele os momentos em que saboreavam as histórias de família e como aprenderam aquela receita.

Touro:

V

ocê deve se aproveitar esse período para deixar sua criatividade solta e se preparar para a construção de algo novo. Repense suas relações mais próximas e invista nas causas em que acredita.

P

ersista no seu processo de planejamento e/ou formação, pois em breve algo deve surgir e você estará mais seguro para buscar novos caminhos. Já em casa, não há mais o que esperar: tempos de mudanças.

Bolo de macaxeira, pé-de-moleque assado na palha de bananeira, ritmo de sua rotina deve estar lhe desafiando pela velocidade colorau, beiju assado debaixo da farinha, farofa d’água e bolo de de compromissos em que você está sendo cobrado. Não exagejerimum são só algumas das muitas receitas apresentadas, que carregam re. É tempo de cuidar da saúde e abandonar velhas práticas. lembranças e um grande conhecimento associado aos seus processos de Gêmeos: produção.

O B

oa hora para dar andamento a novos projetos de vida e se neles existem casamentos ou filhos, parece um ótimo momento! Cuidado com as cobranças e com expectativas que se criam no outro.

Esta cartilha pretende socializar os momentos de troca e de aprendizagem entre as mulheres. Câncer:

S Leão:

eus relacionamentos precisam um pouco mais de sua atenção nesse próximo período. Tudo deve vir com mais intensidade, os amores e as dores, por isso prepare-se para encarar tudo como transformação.

N Virgem:

ovas decisões recentes devem ser aprofundadas com segurança. Deve estar cansado de amores passageiros, então não deixe passar uma oportunidade que está surgindo de um bom romance.

T Libra:

empos de amadurecimentos estão surgindo. É importante fortalecer suas bases afetivas, em casa, nos seus relacionamentos e até no trabalho, além de se desprender definitivamente do que já é passado.

S

ua vida profissional deve ganhar novas possibilidades, mas organização vai ser importante para não escapar. Sua história ainda lhe deixa com desconforto para seguir adiante, é hora de seguir. Escorpião:

A

quilo que está no campo do seu inconsciente precisa ser considerado mais que nunca. Seguir o caminho neste momento vai demandar bastante conexão consigo mesmo e com seu lado espiritual.

Sagitário:

Ó

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timo momento de sua vida social, com bastante reconhecimento e admiração por parte de pessoas próximas! Pode ser uma oportunidade de seguir adiante com uma nova história de Capricórnio: amor.

A

Aquário:

quário: Apesar da movimentação na sua vida com os novos projetos em andamento, você deve dedicar atenção importante às mudanças que deve passar na sua alma. Você não tem controle sobre tudo, exercite a paciência.

P Peixes:

eixes: Sair do que é habitual e experimentar o desconhecido vai ser necessário para uma melhor percepção de si e dos projetos a que se dedica. Viagens e novos estudos podem surgir como boas surpresas.


Brasil de Fato PE

VARIEDADES l15 15

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RECEITA

Abobrinha Recheada

A

miga da saúde, tenho uma prima que pesa 50 kg e tem 1,60 de altura. Ela é bem magra, mas toda vez que a vejo está preocupada com o peso. Como saber se ela não está com anorexia?

INGREDIENTES

4 abobrinhas médias 1 cebola picada 2 dentes de alho amassados 100 g de bacon picado 2 tomates picados 10 g de queijo (parmesão ou mussarela ralado) Cheiro verde Sal Pimenta-do-reino

Virgínia Silveira, 27 anos, vendedora

ara Virgínia, fique bem atenta pois a anorexia é uma doença graC ve, com índice de mortalidade de cerca de 20%. Entre as causas estão a predisposição genética, a pressão social e familiar por perda de

MODO DE PREPARO Corte as abobrinhas ao meio, no sentido do comprimento. Tire Tire cuidadosamente a polpa, pique e reserve Cozinhe as abobrinhas cortada por 5 min em água fervente com sal Prepare o recheio, refogue bem a cebola e o alho com um pouco de óleo Acrescente o bacon e deixe fritar bem a pimenta-do-reino e o sal. Acrescente o tomate e a polpa picada da abobrinha Deixe apurar Por último, salpique um pouco de cheiro verde Recheie as abobrinhas com a carne moída, liguiça ou queijo Salpique o queijo ralado sobre as abobrinhas e leve ao forno para gratinar

peso, os padrões machistas estabelecidos que cultivam a magreza como forma de beleza e elegância. É comum que a pessoa que está anoréxica evite comer com a família e sempre invente uma desculpa. Também é possível notar se há emagrecimento muito rápido. Além disso, essas pessoas costumam fazer muita atividade física e mesmo magras se enxergam como gordas. É comum também terem depressão, pânico ou sintomas obsessivos. O resultado disso é a desnutrição extrema. Algumas pessoas precisam ser internadas para um tratamento mais eficaz. Caso seja esse o problema da sua prima, procure ajuda o quanto antes. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF

ESPORTES | 15

“A Era das Arenas” analisa a exclusão do torcedor no futebol ACESSO. As novas arenas, com elevados preços dos ingressos, contrapõe a realidade da maioria dos brasileiros PORTAL VERMELHO

O documentário está disponível no youtube Ricardo Flaitt, do Blog Crônicas do Morumbi

inda que esporA te oriundo das elites, foi a massa operária que transformou o futebol em uma paixão mundial e, consequentemente, gerando um grande negócio. Essa mesma massa social, à margem de um país em que cidadania plena é um craque ainda está por nascer, nestes tempos em que

se retomar uma modernidade civilizatória em meio ao caos social, com a formação das arenas, está sendo empurrada de volta à periferia. As novas arenas, com a prática de elevados preços dos ingressos, contrapondo a realidade de sobrevivência da maioria dos brasileiros, fazem com que o futebol retorne como diversão e entretenimentos das elites. Esse é ponto de cisão em que reafirma o documentário “A Era das Arenas”, dirigi-

do pelo jornalista Rogério Dias, que traçou uma linha de condução sobre o tema com depoimentos de torcedores, jornalistas, antropólogos, historiadores, economistas e ex-jogadores. Se antes era entretenimento da massa operária, agora o futebol é artigo de luxo. O distanciamento, a incompatibilidade entre renda e a possibilidade de ver o seu time de coração, fica ainda mais claro no artigo de Luiz Ruffato, “A pobreza como forma de dominação”, publicado no site El País, “segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca da metade dos trabalhadores brasileiros sequer recebe um salário-mínimo por mês”. O apartheid da bola não

se revela pela cor da pele, mas na desigualdade de renda. O formatado produto futebol moderno exclui a massa operária que tinha

metade dos trabalhadores brasileiros sequer recebe um salário-mínimo o futebol como único elemento de alegria no imenso triturador de carne que é o sistema. Nos projetos das novas arenas não inserem mais o torcedor comum, o brasileiro de verdade, para privilegiar os cidadãos com maior poder aquisitivo, não

somente porque possuem potencial para consumir os produtos ligados ao clube, mas também, consequentemente, formatar uma paisagem com predominância de gente com menos rugas e mais dentes, dando acabamento racial no produto futebol. O documentário não se resume a um registro sentimental contra o avanço da modernidade no mundo da bola com as novas arenas e seus espaços com belos assentos, banheiros perfumados e decentes, como assim merece toda população, mas, sobretudo, coloca a bola no centro do campo social para que se debata o equilíbrio da participação da massa e aqueles que podem pagar mais por uma partida de futebol.


16 | ESPORTES

NA GERAL Basquete_FIBA

Divulgação

Divulgação

GOL

Jogos Escolares inscrevem times rofessores e instituições de ensino interessadas em inscrever equipes para a disputa dos Jogos Escolares de Pernambuco (JEPs) devem registrar equipes até o próximo dia 5 de março. Neste momento as inscrições são apenas para esportes coletivos: futsal, basquete, vôlei e handebol, tanto masculinos como femininos. As inscrições são para a etapa Regional Metropolitana. Escolas do interior devem se inscrever pelas Gerências Regionais de Ensino (GREs) da Secretaria de Educação. Mais informações através dos telefones (81) 3184-2674 ou (81) 3184-2675.

Basquete em busca da Copa

A História do futebol soviético

para a Copa do Mundo 2019. Após iniciarem bem em novembro, com vitórias sobre Chile e Venezuela, o time comandado por Aleksandar Petrovic enfrenta novamente o Chile neste domingo (25). Após campanhas pífias nas Olimpíadas Rio-2016 e na Copa América 2017, as seleções masculina e feminina buscam se reerguer com a nova gestão da Confederação (CBB). O jogo de domingo tem início às 20h e será transmitido pelo canal de tv a cabo Esporte Interativo. O Brasil enfrentou a Colômbia nesta quinta,

dial, campeã da Eurocopa e 5x medalhista olímpica. Os detalhes sobre craques e clubes soviéticos estão no livro “A História do Futebol na União Soviética”, do autor pernambucano Emanuel Leite Jr. A obra será lançada no Recife na próxima segunda-feira (26). O evento tem início às 19h30, com palestra sobre Copa do Mundo e soft power, no Auditório Roque de Brito, Bloco B da Uninassau, no bairro das Graças. O livro é publicado pela Editora Multifoco, leva o selo Drible de Letra

Seleção masculina de Rússia não, mas a A basquete tem novo de- AUnião Soviética já foi safio pelas Eliminatórias potência futebolística mun-

BEM VINDO, ORTIGOZA

O

último jogo do Náutico no Campeonato Pernambuco contra os Afogados tinha tudo para ser um jogo sem grandes emoções. Afinal, o técnico Roberto Fernandes tinha escalado o time reserva, uma vez que a prioridade do clube é o jogo contra o Bahia pela Copa do Nordeste. No entanto, mesmo com o futebol de baixa qualidade, a torcida teve uma feliz surpresa: a estreia, com estrela, do atacante Ortigoza. Contratado a peso de ouro como referência técnica do elenco, o paraguaio não decepcionou tendo marcado um gol e participado, de forma decisiva, do segundo. Embora seja precipitado cravar, logo agora, o acerto da contratação, é certo que o atacante, na primeira aparição, correspondeu às expectativas criadas pela torcida, principalmente pela carência que existe por um ídolo no setor desde a saída de Kieza.

GOL

D

contra

Rio Open novamente sem mulheres

O

s organizadores do Rio Open, maior torneio de tênis da América do Sul, repetem 2017 e realizam a competição sem atletas mulheres. O argumento é de que o evento “concorre” com outros torneios de tênis feminino mais importantes que acontecem datas próximas, noutros países, de modo que o Rio Open não consegue atrair as tenistas mulheres do Top10 mundial. Com a decisão, as principais tenistas brasileiras, como a pernambucana Teliana Pereira, acabaram “esquecidas” dos grandes torneios internacionais, já que elas ainda não integram a elite do tênis mundialmente.

Democracia no Sport

César Henrique ssnascimento_24@hotmail.com

Filipe Spenser

A

Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) vai organizar o Brasileirão Feminino pela 1ª vez. Desde 2014 as mulheres realizam o torneio tendo que se virar sem apoio. Ano passado participaram seis equipes: nenhuma do Norte ou Nordeste. Mas em 2014 e 2015 o bronze ficou com as sergipanas do Aracaju Alfa. O torneio terá início em agosto. Dá tempo para organizar o time. As inscrições online seguem até a próxima quarta-feira (28) no site cbfabrasil.com.br. O valor é de R$ 650 por equipe. Segundo a CBFA, objetivo é também estruturar a Seleção Feminina da modalidade.

VENCER É MELHOR

filipespenser@gmail.com

DE PLACA

Inscrições para o Feminino de Futebol Americano divulgação

P

Brasil de Fato PE

Recife, 23 de fevereiro a 1 de março de 2018

esde a chegada do técnico Junior Rocha falamos que seu histórico é de times que trabalham bem a bola. E vimos isso desde janeiro. Houve torcedor dizendo que o técnico estava “tirando leite de pedra”, que o time estava jogando um futebol acima do esperado para as peças que temos. Mas o fato é que a vitória não chegava. É que não dá para querer que um elenco como o nosso consiga jogar como o Barcelona. Chega uma hora que o nosso jogador erra o passe. A filosofia de jogo é boa, mas Sobralense não é Iniesta. A eliminação precoce na Copa do Brasil pelo menos serviu para dar uma “sacolejada” no grupo e parece caiu a ficha do treinador: vencer é melhor que jogar bonito. Desde que Junior Rocha simplificou, estamos invictos: boas vitórias e alguns empates. Pegamos o embalo na hora certa.

Daniel Lamir

daniel.lamir@brasildefato.com.br

A

rquibancadas vazias e jogadores querendo sair. Na versão 2018, a inhaca começou cedo. O que estava aguado, azedou após o carnaval. O futebol fraco e os resultados pífios, somam-se agora a desclassificação vexatória e mais acusações de irregularidades da gestão. Não apenas pela ressaca momesca, mas pelos vários meses de pisadas na bola, é inevitável deixar de apontar propostas. Inevitável também é debater um dilema das velhas práticas eleitoreiras. Criticar em ano eleitoral não pode significar o sentido reducionista de fortalecimento ou enfraquecimento de chapas. O prumo do Sport precisa mudar, com ideias e práticas novas, mais transparentes e populares. As velhas brigas entre chapas A ou B, a curto prazo, podem resultar uma letra nova, conhecida atualmente pelos coirmãos recifenses.


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