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29 de junho a 06 de Julho de 2017
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ii Especial Greve Geral
30 de junho: Greve Geral vai parar o Brasil
Társio Alves
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EDITORIAL
A classe trabalhadora entra em cena
om apenas 7% de C aprovação, investigado por corrupção,
organização criminosa e obstrução da justiça, isolado pelo povo e por grande parte da base aliada, Michel Temer aprofunda a sua imagem de presidente ilegítimo. A unidade dos movimentos populares e sindicais contra o golpe entra agora em nova fase, tendo a frente da luta contra o retrocesso a bandeira política das Diretas Já, única capaz de repactuar o país em torno de um projeto
popular de nação. Este é o cenário mais geral que possibilitou a vitoriosa Greve Geral realizada no último dia 28 de abril. Nela mais de 40 milhões de trabalhadores cruzaram os braços em todas as capitais brasileiras e centenas de cidades, impondo prejuízos incalculáveis aos patrões. Garagens, trens, metrôs, estradas, fábricas, lojas e ruas completamente vazias e silenciosas. Um silêncio cheio de mensagens que furou o bloqueio da grande mí-
dia. Já não foi possível negar a participação dos trabalhadores, nem forjar o caos no trânsito, muito menos basear a cobertura no descontentamento nos pontos de ônibus: não havia passageiros nem motoristas. Os bloqueios de estradas, avenidas e grandes atos, realizados pelos movimentos populares do campo e da cidade fortaleceram o clima de unidade. A greve, somada ao dia 28 de maio em Brasília, bem como aos atos pelas Diretas Já em todo o
país, representa entrada dos trabalhadores na cena política nacional. Uma entrada que já impõe recuo às forças golpistas: a vitória na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que reprovou o relatório do governo para a Reforma Trabalhista e o freio na Reforma da Previdência, são resultado deste processo. Tais vitórias, contudo, dependem da continuidade das manifestações e do crescimento do movimento nas ruas. É nesse intuito que trabalhadores de todo o
país se preparam para mais uma grande mobilização nacional no dia 30 de junho com a mensagem “Parar o país contra as Reformas”. Novamente a paralisação é convocada pela unidade das centrais sindicais contra os retrocessos. Parar o trabalho e a produção é a principal demonstração de força que o povo brasileiro pode dar, é a mensagem de que os trabalhadores existem, têm projeto e estão dispostos a lutar para defender seus direitos.
Nova Greve Geral deve parar o Brasil nesta sexta-feira (30)
Luta. No Recife, mobilizações contarão com ato político e cultural no Derby CUT PE)
O objetivo da Greve Geral desta sexta-feira, é repetir o feito da anterior, causando impacto semelhante. Marcos Barbosa
ontra as reformas da C previdência e trabalhista, pela saída imediata do presidente Michel Temer do poder e pela revogação de todos os atos
do seu governo, o conjunto das centrais sindicais convoca mais uma Greve Geral para esta sexta-feira, 30 de junho. As mobilizações estão sendo organizadas em todo o Brasil e recebem o apoio das fren-
tes Brasil Popular e Povo Sem Medo. No Recife, as paralisações no trabalho serão acompanhadas pelo “Arraiá da Greve Geral”, ato político e cultural com concentração prevista às 15h, na Praça da Democracia (Derby). Essa não é a primeira vez que os trabalhadores e as trabalhadoras se propõem a parar o Brasil contra as medidas do governo ilegítimo de Temer. Além das várias manifestações de rua e atividades culturais, houve também, em 28 de abril deste ano, a maior greve geral da história do país, que mobilizou 40 milhões de pessoas em todo o Brasil. Nesta ocasião, mais de 40 categorias aderiram à paralisação no estado de Pernambuco. Também foram realizados bloqueios de estradas nas cidades do interior do estado, além de trancamentos em avenidas e nas principais garagens de ônibus da Região Metropolitana, garantindo que nenhum ônibus circulasse na capital pernambu-
cana. Ainda neste dia, cerca de 200 mil pessoas ocuparam as ruas do Recife, sendo um dos maiores atos pelo Fora Temer já registrados no Brasil. O objetivo da Greve Geral desta sexta-feira é repetir o feito da anterior, cau-
A Greve Geral é pela condição de vida da maioria da população brasileira, que é trabalhadora sando impacto semelhante. Segundo a coordenadora geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco (Sindsep-PE) Maria das Graças de Oliveira, a greve é um instrumento utilizado historicamente pela classe trabalhadora na sua luta por direitos e, no cenário político atual, é uma for-
ma de enfrentar os retrocessos provocados pelas medidas de Temer. “Nessa greve do dia 30, diante desse absurdo que está acontecendo no Brasil, mais uma vez a gente deve convidar as pessoas a estarem nas ruas. A Greve Geral é pela condição de vida da maioria da população brasileira, que é trabalhadora”, defende. Somando força às mobilizações, os movimentos populares também participam da construção das atividades de sexta-feira. De acordo com Marcel Estevão, militante do Levante Popular da Juventude, apenas o povo brasileiro organizado pode realizar as transformações que o Brasil realmente precisa. “Somente eleições diretas podem fazer o povo escolher democraticamente os rumos do país. É através da Greve Geral que teremos uma grande unidade para engrossar o coro para pedir Fora Temer e Diretas Já!”, conclui.
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Porque a Greve Geral é importante? O Brasil de Fato Pernambuco conversou com trabalhadoras, trabalhadores, sindicalistas e representantes de movimentos populares sobre a importância da greve na luta contra a perda de direitos. Vinícius Sobreira
om a Greve Geral que fizemos no 28 de abril, quando 40 milhões de trabalhadores e trabalhadoras cruzaram C os braços, conseguimos retardar a Reforma da Previdência. A mobilização popular é o termômetro que vai ditar o futuro do nosso país. Precisamos pressionar os deputados e senadores para não aprovarem esse pacote de Te-
mer, que quer colocar a classe trabalhadora para pagar a conta da crise, enquanto deixa numa boa os grandes empresários. Quem deve pagar a conta da crise é quem tem muito dinheiro, não os trabalhadores. Gleisa Campigotto, educadora Coordenadora da Frente Brasil Popular (FBP)
Os trabalhadores brasileiros precisam mostrar sua indignação, precisam dizer não a esse Congresso corrupO to. E a forma que nós temos para mostrar nossa indignação é estarmos nas ruas e paralisando os trabalhos. É necessário que nós lutemos pelos nossos direitos, pela nossa cidadania, pela nossa dignidade e pela democracia no
Brasil. Temos que combater essas reformas e exigir eleições diretas para que possamos escolher quem vai governar o País. A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) está no Congresso dia e noite fazendo lobby. Os maiores lobistas no Congresso Nacional são os dos banqueiros. E os bancários devemos estar nas ruas, porque os nossos patrões, os donos dos bancos estão junto com o governo querendo retirar nossos direitos. Suzineide Rodrigues, bancária Presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco ssa greve é contra as reformas da Previdência, a Trabalhista e em defesa de eleições diretas já. É uma luta de E toda a sociedade em defesa dessa geração e das próximas, para preservarmos os nossos direitos. Este é um momento de unidade da classe trabalhadora. E os trabalhadores da educação da rede pública estadual aprovamos em assembleia a nossa participação na Greve Geral. Os estudantes e os pais precisam ser esclarecidos sobre a importância desse momento. Somos educadores, trabalhamos com a formação e agora é hora de dar uma aula prática de cidadania, de defesa dos direitos. A rede estadual de ensino estará paralisada nessa sexta-feira (30). Todos e todas nós temos a tarefa de participar do ato a partir das 15h, na Praça do Derby. Fernando Melo, educador Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (SINTEPE) ssa será a segunda Greve Geral num intervalo de dois meses. Em abril tivemos um grande êxito, realizamos a E maior greve geral que já se viu no Brasil. Aqui em Pernambuco conseguimos parar toda a Região Metropolitana e ainda tivemos um grande ato com 200 mil pessoas nas ruas. Nesse dia 30 queremos ter ainda mais força con-
tra as reformas de Temer, principalmente a trabalhista. Essa reforma quer acabar com o emprego regulamentado, com a carteira assinada e com o concurso público. Sem isso, não vamos conseguir nos aposentar. Portanto, esperamos fazer uma grande greve, igual ou maior que a anterior. Precisamos enfrentar esse governo cheio de denúncias de corrupção. Queremos barrar as reformas, mas também o fora temer e as eleições diretas já. Valéria Silva, educadora Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
stamos em um processo de luta que vem se dando desde a saída da presidenta Dilma e a consequente perE da de direitos que vem sendo imposta ao povo brasileiro pelo governo de Michel Temer. A greve é importante para reafirmarmos a negação desse governo golpista, repudiar os retrocessos, principalmente aqueles ligados as Reformas Trabalhistas e da Previdência. Também a greve continua com as bandeiras da defesa da aposentadoria, pela manutenção dos direitos, Diretas Já e Fora Temer. Esperamos que amanhã possamos realizar mais uma grande mobilização dos movimentos populares e sindicais. Maria Gomes, Camponesa - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
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“A Greve é a principal ferramenta de luta dos trabalhadores” GREVE GERAL. A expectativa das Centrais Sindicais em Pernambuco é repetir a mobilização realizada no último 28 de abril Tempus
Monyse Ravena
enfrentar todos esses ataques e essa agenda aí de Brasil de Fato Per- retrocesso das reformas nambuco conver- trabalhista e previdenciásou com Carlos Veras, Pre- ria. sidente da Central Única dos Trabalhadores em BdF - Por que fazer Pernambuco, na véspe- Greve é importante? ra da Greve marcada para Carlos: Porque a Greo próximo dia 30/06. Ve- ve é a principal ferramenras abordou temas como ta de luta dos trabalhadoa importância da Gre- res. Primeiro essas reforve como instrumento dos mas não estão vindo só trabalhadores, o Plano Po- pela vontade do goverpular de Emergência da no Temer e seus aliados, Frente Brasil Popular e a mas sobretudo pela presagenda de Reformas anti- são e por ser uma paupopulares do governo de ta dos grandes empresáMichel Temer. rios do setor econômico desse País. A Greve Geral BdF – Qual a expectati- também força esses seva das Centrais Sindicais tores a sentirem no bolso para a paralisação do que os trabalhadores não próximo dia 30, aqui em vão pagar essa conta soziPernambuco? nhos, que os trabalhadoCarlos: As nossas ex- res não vão aceitar que repectativas são as melho- tirem seus direitos já conres possíveis, inclusive re- quistados para aumenpetir aqui em Pernambu- tar e manter o lucro dos co o que fizemos no dia 28 patrões. O setor do capide abril. Os Sindicatos es- tal que financiou o golpe tão todos mobilizando as e que financia o mandato suas bases, fazendo As- de Michel Temer que tem sembleias, há um senti- pressionado para implanmento muito grande entre tação dessa agenda de reos trabalhadores que an- tirada de direitos preciseiam por essa Greve, por sa saber que a classe traluta, para através da greve balhadora vai reagir, da
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mesma forma que reagimos no dia 28 de abril e lá já avisamos que não iríamos parar, agora no dia 30 acontecerá, novamente, uma grande Greve Geral e a Greve Geral é a nossa principal ferramenta
há um sentimento muito grande entre os trabalhadores que anseiam por essa Greve, por luta de luta porque ela mobiliza todos os trabalhadores e dá um recado muito claro ao setor empresarial que os trabalhadores não vão aceitar pagar a conta da retirada de direitos. BdF - São quase 14 milhões de desempregados no Brasil, os movimentos populares e sindicais estão dizendo que o governo Temer não é a solução para a retomada do crescimento e aumento do número de empregos. Qual a solução que esses movimentos apontam? Carlos: Na Frente Brasil Popular nós lançamos o Plano Popular de Emergência que se apresenta como um instrumento de formação política para o conjunto dos trabalhadores. É um plano, como ele próprio já se intitula, emergencial. Traz
propostas de ações concretas para resolver as crises política e econômica, porque não dá pra resolver os problemas econômicos do País, sem resolver a crise política. Então o primeiro ponto abordado pelo Plano Emergencial é a pauta das Diretas Já, é a participação popular com eleições diretas para reestabelecer a confiança do povo brasileiro no Estado e com o compromisso do próximo presidente eleito de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, destinada a refundar o Estado de direito e estabelecer reformas estruturais democráticas. Tratamos também no Plano de propostas concretas para a retomada do emprego, uma das ações é a paralisação imediata da tramitação das reformas trabalhista e previdenciária, porque a reforma trabalhista não resolve o problema do desemprego, ela faz com que você perca o seu emprego. Outra proposta é baixar as taxas de juros, taxar as grandes fortunas, entre outras. BdF – Quais são os principais ataques aos direitos que o povo brasileiro vem sofrendo? Carlos: Desde que Temer assumiu o governo temos tido muitos ataques, começando pela PEC dos gastos públicos. Muitos trabalhadores podem achar que diminuir os gastos públicos é positivo, mas foram congelados os investimentos em saúde, educação, diminuindo
muito os concursos públicos. Outro ataque é a Terceirização sem limites que é um processo de precarização da relação de trabalho. A Reforma do Ensino Médio que vai privilegiar que os filhos da elite brasileira possam ter acesso a cursos superiores e que os filhos da classe traba-
através da greve enfrentar todos esses ataques e essa agenda aí de retrocesso das reformas trabalhista e previdenciária lhadora saiam do Ensino Médio direto para o mercado de trabalho e esse mercado de trabalho precarizado, que é um mercado com salário baixo, com quase nenhuma garantia trabalhista e de uma forma precária onde o trabalhador vai trabalhar a vida toda e não vai conseguir construir nenhum patrimônio na sua vida. A reforma trabalhista é gravíssima e, inclusive, não ajuda nem os empresários e vai privilegiar apenas um setor: os banqueiros. E a reforma previdenciária acaba com a aposentadoria do povo brasileiro. São muitos ataques que estão sendo promovidos.