ENTREVISTA | Pág.11
CULTURA | pag.13
Paulo Carvalho
Pernambuco
O povo forjado nos versos: poesia é tradição em São José do Egito
“ Existe uma tolerância gigante da sociedade em relação à violência contra a mulher” Leia entrevista com Jackeline Florêncio
Recife, 23 de setembro a 06 de Outubro de 2016 a n o 1
edição 12
distribuição gratuita
r e m e t a r fo Trabalhadores organizam o esquenta para greve geral CIDADES | pag.04 Direito de Fato Greve: direito fundamental dos trabalhadores
OPINIÃO | pag.10 Velho Chico e o Agro que se Finge de Verde
MUNDO | Pág.09 Cúpula dos Países não Alinhados define como prioridade a defesa dos povos
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Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
2 | OPINIÃO
Brasil de Fato PE
EDITORIAL
NENHUM DIREITO A MENOS! RUMO A GREVE GERAL!
BEM divulgação
capital especulativo e dos banqueiros”. ADEUS AOS NOSSOS DIREITOS! Eis o programa Neoliberal, do governo ilegítimo, sendo implantado. O golpe avança sobre a soberania
O Governo golpista assume diante de nossos direitos uma postura cínica.
nacional e os direitos sociais e trabalhistas do povo brasileiro. Mas não avança sem resistências e povo organizado. Não tem sido poucas nem pequenas nossas mobilizações contra o retrocesso: em Pernambuco, cerca de 50 mil pessoas foram às ruas no dia 7 de Setembro! Na mobilização do dia 22, os servidores públicos federais, estaduais e municipais; professores
estaduais e das universidades; bancários; correios; pararam suas atividades para garantir seus direitos e um futuro para o país. Os movimentos populares pararam estradas e a circulação das mercadorias. Se não respeitarem nossos direitos, estancaremos o lucro dos patrões. Caminharemos para a Greve Geral... Não aceitamos a retirada de direitos; venda das riquezas, petróleo, água, minérios, biodiversidade; a privatização e o fim da soberania nacional; não aceitamos o domínio da nossa economia pelo capital estrangeiro, nem a venda de nossas terras para estrangeiros; não permitiremos a retirada de nenhum direito; lutamos contra a criminalização das lutas sociais através do poder judiciário. Não aceitaremos que joguem nas costas do povo trabalhador a conta da crise dos poderosos. A tarefa agora é organizar a defensiva estratégica capaz de defender os direitos históricos da classe tra-
Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
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Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) I Redação: Elen Carvalho e Vinícius Sobreira IDistribuição: Iyalê Tahyrine I Colaboradores: Daniel Lamir, André Barreto, Halina Cavalcanti, Catarina de Angola, Débora Britto, Filipe Spenser, Malu Xavier, Vanessa GonzagaI I Charge: Marcelo Francisco| Diagramação: Diva Braga
balhadora, mas também de construir uma correlação de forças favorável à ofensiva das forças democráticas e populares. Por isso precisamos: 1) Ter paciência para construir a unidade das forças da classe trabalhadora; 2 ) Fortalecer a unidade na Frente Brasil Popular, e enraíza-la no seio do povo; 3) Forjar um Projeto de Nação construído com o povo, que apresente soluções para seus problemas estruturais e resolva os problemas da classe trabalhadora. Nossa tarefa central é construir um processo de resistência que consiga colocar a classe trabalhadora, quem produz a riqueza, no centro da luta política. Gritamos Fora Temer! Nenhum direito a menos! Diretas Já! Avançaremos para superar as causas que permitiram
O golpe avança sobre a soberania nacional e os direitos sociais e trabalhistas do povo brasileiro. a ruptura dos poderosos com a democracia, nosso levante há de se converter na mudança do Estado, através Assembleia Constituinte, popular e soberana pra mudar o sistema de poder em nosso país!
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É chegado o momento de organizar a classe trabalhadora, de acumular forças nas fábricas, no campo, nos bairros e assim convergirmos para as ruas! Esse foi o chamado que se expressou na ampla mobilização convocada pelas centrais sindicais e pela Frente Brasil Popular no último dia 22 de Setembro. O chamado é uma preparação para uma greve geral. O Governo golpista assume diante de nossos direitos uma postura cínica. Previdência? Férias? 13º? Demissões? 8 horas de trabalho diário? Direitos trabalhistas? Para cada uma dessas conquistas há um retrocesso programado: reforma trabalhista para acabar com as conquistas da CLT, terceirização das atividades fim, desmonte da previdência, aumento da jornada de trabalho. O discurso do golpismo é: “enxugar gastos, dinamizar a economia para torna -la competitiva, tirarmos o Brasil do buraco e assim manter a taxa de lucros do
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campanha de Geraldo Julio foi punida por “desvirtuar afirmação do candidato” João Paulo. As inserções de Geraldo diziam que João Paulo chamou o Hospital da Mulher de “gaiola sem comida”. Mas na verdade João Paulo disse que “gaiola bonita não dá de comer a passarinho”, em referência ao abandono que a atual gestão deu às unidades de saúde.
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pós onda de estupros no Recife, o Governo sugeriu “Dicas de Segurança e Comportamento” que supostamente evitariam novos casos. O texto, apoiado por Paulo Camara, dizia para mulheres controlarem o consumo de álcool, estarem atentas às companhias e exposição nas redes sociais. Mas os estupros não são culpa das mulheres, mas sim dos estupradores.
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FRASE DA EDIÇÃO
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GREVE GERAL. Temos que acumular forças da classe trabalhadora, nas fábricas, no campo, nos bairros e assim convergirmos para as ruas!
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Devido ao momento político que estamos vivendo, Marighella está se tornando um filme sobre a infâmia, sobre a forma como a história é contada.É também sobre como se conta a história que se vive hoje Wagner Moura, ator brasileiro, sobre o filme Marighella”, que marca sua estreia como diretor de cinema. Segundo Wagner, o filme está sendo boicotado por empresas por se tratar da história de um militante de esquerda.
O que influencia você na escolha do voto? Não sei. Estou frustrado. Hoje em dia são poucos os políticos honestos. Muitos estão envolvidos em corrupção. Alguns não estão envolvidos, mas já tiveram seus mandatos e nada fizeram pelo povo. Isso faz com que cada dia mais eleitores fiquem sem vontade de votar. Para que eu dê meu voto a algum candidato, só se ele apresentasse uma boa proposta para a minha comunidade, que se mostrasse sincero e tivesse ficha limpa, sem histórico de corrupção. Vanderson Andrade, 26 anos, supervisor de produção - Recife.
Se for um candidato que já tinha mandato e está tentando a reeleição, algum cujo histórico eu já conheça e se eu tiver gostado do que ele fez durante seu mandato, eu voto nele. Mas se for algum candidato novo, que eu não conheço, procuro saber melhor das propostas dele, as pautas que ele defende. Estou um pouco desiludida com a política, ainda mais com esse golpe. Certamente não votarei em candidatos que apoiaram o golpe que derrubou Dilma. Brenda Vonderlage, 21 anos - Recife.
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No período eleitoral, Casarão da Várzea tem projeto que não contempla a comunidade OPORTUNISMO. A proposta da prefeitura para o espaço exclui o debate já feito pelo Movimento Caruaru debate combate à violência contra a mulher
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iante do contexto de aumento da violência contra as mulheres em Pernambuco, na noite da última terça-feira (20.09), aconteceu a Formação sobre Enfrentamento da Violência Contra a Mulher. A atividade foi promovida pela Marcha Mundial de Mulheres, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, Coletivo Entrelaçadas, União Brasileira de Mulheres e Coletivo Afro Ile Dandara.
Mulheres fazem ato contra os retrocessos
“Democracia fora do armário”
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Fórum de Mulheres de Pernambuco e a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) realizaram um Ato Político Feminista na noite do sábado (17.09), no Pátio de Santa Cruz, bairro da Boa Vista, centro do Recife. Foram feitas denúncias frente ao contexto de regressão de direitos e frente ao crescente cenário de violência sexista. Mais de 120 mulheres de 17 estados participaram do ato, que teve atrações artísticas como o grupo cultural Escarcéu.
ESPAÇO SINDICAL Bancários decidem seguir com a greve
o Recife, a 15° Parada da Diversidade aconteceu neste domingo (18.09) e teve como tema “Democracia fora do armário”. Armário como metáfora da invisibilidade associada ao preconceito, à censura, à discriminação, à intolerância religiosa e ao conservadorismo. A concentração começou às 9h no Parque Dona Lindu, bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Doze trios elétricos acompanharam as cerca de 600 mil pessoas presentes no evento.
Educadoras e Educadores Populares debatem sistema político brasileiro
Elen Carvalho e Monyse Ravena
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m nota pública divulgada no último dia 19, o Movimento Salve o Casarão da Várzea denuncia a conduta que classifica como “oportunista” do candidato a vereador Davi Muniz (PEN) e do candidato a prefeito Geraldo Julio (PSB) em se aproveitar do Casarão da Várzea no período eleitoral. Há 13 dias do primeiro turno das eleições municipais, funcionários da Prefeitura foram ao local do Casarão com um projeto de um mercado, que exclui o debate já feito pela comunidade sobre o uso e a ocupação do imóvel, já há até placa sinalizando a futura obra. Segundo moradores, semanas atrás, Davi Muniz, já havia divulgado a construção de um Mercado no bairro. Na proposta da prefeitura o local seria batizado com o nome do pai do candidato, Rinalldo Bernardo Muniz. A nota classifica como prática coronelista essa atitude. Juridicamente, já foram fei-
Curso de Formação de Educadoras e Educadores da Educação Popular em Economia Solidária aconteceu durante esta semana no município de Glória do Goitá. Promovido pela Rede de Educadoras e Educadores Populares em Economia Solidária, o momento teve o objetivo de fortalecer a rede e disseminar a educação popular para todo o estado. Na manhã da quinta (22.09), os participantes estiveram num debate sobre o sistema político brasileiro.
Direitos de Fato
Metalúrgicos conquistam reajuste
Greve: direito fundamental dos trabalhadores
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m assembleia geral da categoria realizada nesta ultima quarta-feira (21), os Bancários de Pernambuco decidem seguir com a greve em curso. Decidiram também se somar também nas paralisações gerais nacionais que aconteceram na quinta, 22, que fizeram parte do ato nacional de preparação para a greve geral, em defesa dos direitos dos trabalhadores – houve concentração da categoria às 14h na agência da Caixa Econômica Federal da 13 de maio e seguiram para o ato organizado pelas centrais sindicais, Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, em frente ao prédio da FIEPE – Federação da Industrias de Pernambuco.
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campanha salarial dos trabalhadores da indústria metalúrgica foi concluída na ultima sexta-feira, (16) com a aprovação, em assembleia geral da categoria, de acordo coletivo de trabalho (ACT) prevendo o reajuste salarial de 9,62%. A conquista foi fruto da luta da categoria, desde o sindicato, ao longo da campanha salarial que envolveu mobilizações e paralisações de advertências nas empresas setor, além de oito rodadas de negociações no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
o mundo do trabalho, a resistência popular contra o governo golpista de Michel Temer e sua agenda neoliberal de reforma trabalhista – aprovação da terceirização ampla e irrestrita, aumento da jornada máxima e constitucional de trabalho, a prevalência do negociado sobre o legislado, etc – vem se dando (e tenderá a se aprofundar) por paralisações de trabalhadores de ramos estratégicos da produção, acumulando para um horizonte de greve geral no País. O primeiro ensaio ocorreu neste dia 22.09. Várias categorias também estão com seus sindicatos profissionais em processo de campanha salarial, adotando a via da greve como instrumento de pressão nessas negociações. É preciso ficar atento, entretanto, de que a decretação da greve, enquanto um direito fundamental e coletivo de qualquer trabalhador (previsto na Constituição Federal, no art. 9º), exercido coletivamente por suas organizações nos locais de trabalho e pelos sindicatos, deve atender alguns requisitos previstos na Lei de Greve (Lei 7.783/89): comunicação prévia à população e à entidade patronal; aprovação de pauta de reivindicação e da paralisação em assembleia da categoria; frustração de negociação coletiva; e, para as atividades consideradas essenciais e de interesse público, a manutenção de parcela da prestação de serviços e funcionamento. *André Barreto é advogado trabalhista em Recife Mande suas dúvidas para: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br
Rosa Amorim
o Gabinete Especial nunca respondeu aos pedidos de informação
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tos 3 pedidos de informação pelo movimento para a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, no Departamento e Preservação do Patrimônio Cultural e no Gabinete Especial. Segundo Clarissa Nunes, do setor jurídico do movimento, “o Gabinete Especial nunca respondeu aos pedidos de informação. Uma funcionária informou que o projeto de licitação já tinha sido encaminhado para a Secretaria de Mobilidade. Fizemos o pedido
de informação na Secretaria de Mobilidade e eles informaram que visitaram o bairro e que projeto realocação dos moradores foi elaborado, mas não foi implementado por falta de recursos. Por isso, os comerciantes continuam no mesmo local.”. A partir de agora o setor jurídico vai analisar o processo de licitação, porque já há denúncia de irregularidades na ausência de pareceres que seriam obrigatórios. “ A dificuldade é termos acesso ao processo completo já que a prefeitura não facilita esse acesso”, conclui Clarissa. Formado desde janeiro deste ano, o movimento “Salve o Casarão da Várzea” promove reuniões e atividades periódicas como o obje-
tivo de ocupar culturalmente o espaço do Casarão, que estava abandonado desde 2013. O movimento chama atenção para necessidade de revitalização do prédio com um espaço que abrigue comercialização e atividades culturais. Até o momento já foram feitos diversos mutirões de limpeza do Casarão Magitot e atividades políticas e culturais aos sábados, reunindo toda a população do bairro. Tank da Várzea, integrante do movimento, conta que mais de 20 pessoas participam das reuniões periódicas que acontecem nas segundas. Sobre a placa colocada no Casarão na terça (19.09), Tank afirma: “a gente fez reunião na quarta (20.09) para discutir o que faríamos diante dessa atitude do prefeito e do vereador. Já escrevemos uma nota denunciando esse projeto e queremos prestar queixa no TRE e no Ministério Público. A placa que botaram aqui é para construir uma feira livre e não o mercado público prometido a tanto tempo. Além disso, não tem espaço para a cultura”. O movimento “Salve o Ca-
sarão da Várzea” tem pautas de reivindicações bem definidas. “O primeiro projeto era o denunciar o descaso. Queremos um mercado público com autogestão popular, das pessoas do bairro, para que nosso patrimônio não se torne mais um bolo de concreto da Moura Dubeux. Pensamos em boxes nos arredores para os vendedores e um espaço de convivência cultural dentro do prédio, com um ou dois boxes com banheiro dando apoio. Outra coisa muito importante para nós é ampliar a consciência política, denunciando o descaso dos governantes com a nossa história”, conclui Tank da Várzea. Segundo George de Souza, músico e morador da Várzea “o fundamental juntarmos forças, moradores, comerciantes, grupos culturais, artistas, estudantes e defendermos que esse mercado seja construído com a participação efetiva da população, pois é ela quem vai se beneficiar cotidianamente desse equipamento público.”
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Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
Trabalhadores realizam paralisação contra redução de direitos GREVE GERAL. Diante das ameaças aos diretos trabalhistas impostas pelo governo não eleito de Michel Temer, Centrais realizam dia de luta. PH Reinaux
Vinícius Sobreira
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a quinta-feira (22) trabalhadoras e trabalhadores de todo o País cruzaram os braços. Foi um dia nacional de paralisação da classe trabalhadora em protesto contra a ameaça do governo Temer de reduzir os direitos trabalhistas. Durante as últimas semanas diversos sindicatos vinculados às centrais sindicais do País - Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Força Sindical, União Geral de Trabalhadores (UGT), Intersindical, NCST e CSP-Conlutas estiveram mobilizando suas bases para a paralisação da quinta-feira. Movimentos populares, partidos e organizações não-governamentais organizados na Frente Brasil Popular e na Frente Povo Sem Medo se somaram às mobilizações. Em Pernambuco, o dia de luta começou com trancamentos de vias e piquetes em frente às fábricas. Algumas categorias também cruzaram os braços nos postos de trabalho e realizaram assembleias como os servidores públicos federais, professores e bancários de todo o estado. Durante a tarde, as centrais realizaram ato em frente a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). Segundo o presidente estadual da Central Única de Trabalhadores (CUT-PE), Carlos Veras, a paralisação do dia 22 é uma forma de responder às seguidas ameaças que o governo de
Michel Temer tem feito aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. “Desde que chegou ao poder, ainda interinamente, Michel Temer colocou em pauta retrocessos para nós trabalhadores, como a proposta de reforma da Previdência, querendo aumentar para 65 anos a idade de aposentadoria. Está em tramitação também o Projeto de Lei 241, que
do trabalhador. Se essa lei for aprovada, possibilitará o aumento da jornada de trabalho e acabaria com os planos de cargos e carreira, por exemplo. Não aceitamos esse retrocesso. Direito não se reduz, se amplia”, afirma Veras. A primeira categoria a entrar em greve nacionalmente na gestão de Michel Temer foi a dos bancários. Os trabalha-
Está em tramitação também o Projeto de Lei 241, que congela os salários de servidores por 20 anos congela os salários de servidores por 20 anos!”, queixase o líder sindical. Outra proposta em trâmite que visa flexibilizar as leis trabalhistas é a de “Negociar o Legislado”, que permitiria que os direitos já garantidos por Lei possam ser objeto de negociação entre patrões e trabalhadores. “Isso só favorece o patrão. Esse tipo de negociação só vai atingir o elo mais fraco, que é o lado
dores e trabalhadoras cruzaram os braços no dia 6 de setembro e permanecem parados em todo o Brasil, no que já é a maior greve da história da categoia. Entre as reivindicações dos bancários estão a reposição da inflação (9,62%) acrescido de aumento real de 5%, fim das demissões injustificadas e condições de trabalho que previnam doenças. Mas os banqueiros, que só nos 6 primeiros meses de 2016 lu-
craram R$ 26 bilhões e 630 milhões, não aceitaram a proposta dos trabalhadores e só oferecem 7% de reajuste salarial. “A greve permanece forte. Queremos mais concursos, mais emprego nos bancos públicos. E queremos mais contratações e mais estabilidade nos bancos privados, onde os trabalhadores sofrem muitas demissões sem justificativa. A Federação Nacional dos Bancos (FENABAN) precisa assumir o compromisso de acabar com essas demissões”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Medeiros. Ela denuncia também que boa parte da categoria sofre com doenças físicas e psicológicas que são fruto das más condições de trabalho nos bancos. “É muito comum nossos colegas sofrerem com síndrome do pânico e outros problemas de saúde mental relacionados ao stress”, afirma. Segundo Medeiros, os bancos com maiores índices de funcionários nessas condições são, na ordem: Santander, Bradesco e Itaú. Em todo o Brasil 56% das agências bancárias estão com as portas fechadas. Em Pernambuco o índice de adesão é bem superior: 90%. No interior a adesão é absoluta.
GREVE GERAL Este é o terceiro dia de paralisação nacional da classe trabalhadora em 2016. Segundo as lideranças sindicais, estes momentos são importantes etapas da construção da Greve Geral. “As paralisações e a greve são as ferramentas mais fortes para enfrentar es-
ses ataques aos nossos direitos. E não são mobilizações por pautas de uma categoria específica, mas em defesa de todos os trabalhadores. É luta em defesa da educação, contra a privatização das universidades públicas, contra a redução nas cotas, contra o corte das bolsas, contra os cortes no PROUNI, contra o fim do Ciência Sem Fronteiras. É contra o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) “, pontua Carlos Veras. A bancária Suzineide endossa. “Precisamos nos reconhecer enquanto classe trabalhadora, como conjunto de categorias. Não podemos lutar só pelas nossas próprias pautas”. Segundo ela, tanto as categorias pre-
Queremos mais concursos mais empregos nos bancos cisam ser solidárias às lutas umas das ouras quanto precisam mostrar a importância coletiva das pautas de cada categoria. “Por isso”, diz o presidente da CUT Pernambuco, “seguiremos mobilizados. Historicamente sempre foi assim: só com luta e com paralisação conseguimos avançar nas nossas conquistas. Se não lutarmos teremos retrocessos dos direitos conquistados nas últimas décadas. Precisamos ir para as ruas. Essa quinta-feira foi mais um dia de ‘esquenta’, de preparação rumo à Greve Geral”.
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FATOS em FOCO
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
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Em Recife, dia de lutas começa com fábrica fechada GREVE GERAL. Metalúrgicos e MST fecham fábrica da Gerdau contra exploração da empresa e pelo Fora Temer
Grupos conhecidos disputam Prefeitura de Caruaru
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a Capital do Agreste a eleição coloca frente a frente o vice -prefeito Jorge Gomes (PSB), apoiado pela atual gestão; a deputada estadual Raquel Lyra (PSDB), herdeira dos votos da família Lyra; o deputado estadual e ex-prefeito Tony Gel (PMDB); além das candidaturas do Delegado Lessa (PR), Rivaldo Soares (PHS) e as candidaturas de esquerda Eduardo Guerra (PSOL) e Professor Jefferson Abraão (PCB).
PSB e PTB disputam Prefeitura de Arcoverde
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Prefeitura do Portal do Sertão é disputada por dois grupos fortes do interior pernambucano. Partido com maior número de prefeituras no estado, o PSB tenta reeleger a prefeita Madalena Britto (PSB) com uma coligação que conta com 16 partidos. A principal opositora é Nerianny (PTB), esposa do deputado federal Zeca Cavalcanti. Ela conta com o apoio de 8 partidos. A disputa tem ainda Marlos Porto (PPS).
Alan Tygel
por Alan Tygel
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fábrica da Gerdau/ Açonorte, em Recife (PE), amanheceu fechada nesta quinta-feira (22). Cerca de 200 metalúrgicos e Sem Terras bloquearam a entrada da fábrica de 5:30h às 8:00h. A ação deu início ao Dia Nacional de Paralisações, e foi coordenada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, com o apoio do MST. De acordo com o vice -presidente do Sindmetal, Enoque Amâncio Neto, “a Gerdau foi a única empresa em Pernambuco que não aderiu ao acordo coletivo para aumento dos salários, e fica oferecendo só os abonos. Se aceitarmos abono, isso vira moda e daqui a pouco estamos recebendo o mínimo!”, protestou. Ele e outros sindicalistas denunciaram ainda diversos tipos de assédio dentro da empresa, incluindo a redução no horário de almoço para 40 minutos. Alguns médicos da empresa foram denunciados ao Conselho Regional de Medicina (CRM) por negar CATs e dar laudos falsos. Na avaliação do dirigente, o momento de luta é muito importante, pois após o golpe, as perdas trabalhistas tendem a piorar.
FATOS em FOCO
Esquerda tenta reeleição em Tupanatinga
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O governo Temer já propôs aumento da jornada para 80 horas, e aposentadoria somente aos 70 anos. O Movimento dos Traba-
Estamos aqui pois este governo não nos representa lhadores Rurais Sem Terra também esteve presente na porta da fábrica desde cedo, dialogando com os trabalhadores que entravam para o turno da manhã. O coordenador da regional metropolitana, Axé, ressaltou a importância da união campo e cidade: “Estamos aqui pois este governo não nos representa. A
burguesia nunca quis que o filho do trabalhador virasse médico, advogado, e Lula deu esse direito a nossos filhos.”, disse Axé, que ressaltou ainda que o MST segue na luta pela Reforma Agrária e contra o uso de agrotóxicos. O Sem Terra avaliou ainda que o congresso e o senado são dominados pelos interesses do latifúndio e dos empresários, por isso nunca admitiram o PT no governo. E alerta: “Nessas eleições, temos que eleger não só prefeitos, mas vereadores que deem condições de termos avanços sociais.”, afirmou. Em Recife, as ações do Dia Nacional de Paralisações seguem com um ato à tarde em frente à Federação das Indústrias de PE (FIEPE).
uatro chapas disputam a Prefeitura de Tupanatinga, município de 30 mil habitantes no sertão do estado. A coligação “Tupanatinga: resistência, força e trabalho” conta com 8 siglas e é encabeçada por Damacele Tomé (PDT), sobrinha do atual prefeito Manoel Tomé (PT). Na oposição de direita estão as chapas de Eliano Martins (PSB) e Sílvio Roque (PP). À esquerda está a candidatura de Davi Araújo (PCdoB).
PSB mantém domínio na Mata Sul
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prefeito candidato à reeleição em Palmares, João Bezerra (PSB), conseguiu formar uma coligação que envolve 21 partidos, deixando sua reeleição bem encaminhada. Também disputam Altair Júnior (PMDB) e Marluce (REDE). Em Rio Formoso, município gerido pelo PTB, a candidatura de Izabel Hacker (PSB) reúne 13 legendas. Ela enfrenta as chapas de Dr. Edivaldo (PROS) e do Professor Cesar Dzita (PPS).
8 | BRASIL
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Fusão entre Bayer e Monsanto deve agravar insegurança alimentar, diz professor MAIS VENENO. Para Victor Pelaez união de gigantes dos agrotóxicos vai ampliar lucros em países sem restrições a essas tecnologias Arquivo/ABr
Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual
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aso as mais de 30 agências regulatórias de todo o mundo aprovem a operação de fusão entre as gigantes da indústria química Bayer e Monsanto, anunciada nesta semana, a nova companhia será a maior do ramo de insumos agrícolas do mundo. Para o Brasil, que se consolidou como maior consumidor de agrotóxicos do mundo e tem um frágil marco regulatório, a transação bilionária representa aumento do risco de insegurança alimentar principalmente quando avançam no Congresso projetos que afrouxam a legislação em vigor. O alerta é do professor Victor Pelaez, do programa de Mestrado e Doutorado em Políticas Públicas da Universidade Federal do Pa-
Manifestantes diante de uma das fábricas da Monsanto, em Petrolina (PE), contra os transgênicos
O portfólio de produtos da Bayer para a agricultura inclui 26 inseticidas, dois herbicidas e um fungicida raná (UFPR). “No país, a produção e o consumo de agrotóxicos seguem ditames capitalistas
da chamada Revolução Verde, dos anos 1960, segundo os quais somente com a utilização intensiva desses in-
sumos é possível alimentar a população mundial, quando sabemos que é por meio da distribuição de renda. Além disso, o país prioriza o incremento da produção por meio do agronegócio, que utiliza largamente agroquímicos e sementes transgênicas, relegando a preservação da saúde humana e do meio ambiente como entraves para o desenvolvimento”, disse. “Nos países desenvolvidos, saúde e meio ambiente estão integrados no padrão de consumo.” O portfólio de produtos da Bayer para a agricultura inclui 26 inseticidas, dois herbicidas e um fungicida. A norte-americana Monsanto produz sementes convencionais – sendo dois cultivares de soja, três de milho e um de algodão – e as transgênicas. Nessa categoria estão um cultivar de soja, seis de milho e quatro de algodão. A empresa ainda fabrica o herbi-
cida Roundup, à base de glifosato, o mais vendido em todo o mundo. Para a Bayer, a fusão significa mais acesso a sementes, inclusive transgênicas, de soja e trigo. Para a Monsanto, é completar sua linha de produtos com mais de 80 agroquímicos hoje produzidos pela alemã. Não é a toa que esses conglomerados, além da Basf, Dow e Du Pont, maiores fabricantes de agroquímicos do mundo, vêm adquirindo empresas de sementes nos últimos anos. Além de reduzir o custo de produção de itens diferentes quando se trata de uma mesma companhia – a chamada economia de escopo –, a empresa ganha também ao vendê-los para o mesmo cliente por meio de supostas facilidades.
Governo Temer anuncia primeira etapa de leilões para 2017
PRIVATIZAÇÃO. “Projeto Crescer” prevê concessão ou venda à iniciativa privada nos setores de transportes, energia e saneamento Da Agência Brasil Até o primeiro semestre de 2018, o governo prevê a realização de diversos leilões para a concessão ou venda à iniciativa privada de projetos nos setores de transportes, energia e saneamento. Entre as propostas, estão a concessão de quatro aeroportos, além de rodovias, ferrovias, terminais portuários e a licitação de áreas para exploração de petróleo e gás. A maioria dos leilões está programada para ocorrer em 2017. Também estão na lista do
Antonio Cruz/ Agência Brasil
Desde que o Brasil reconquistou sua democracia, em 1985, apenas dois presidentes eleitos pelo voto direto conseguiram terminar seus mandatos: Lula e Fernando Henrique Projeto Crescer a venda de seis distribuidoras de energia elétrica que estavam sob a administração da Eletrobras, mas que não tiveram as concessões renovadas. As empresas, que ficam nas
regiões Norte e Nordeste deverão ser privatizadas no segundo semestre do ano que vem. Cinco usinas hidrelétricas também integram o plano de concessões anun-
ciado hoje (13) pelo governo no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI): São Simão (1.710 MW), Miranda (408 MW) e Volta Grande (380 MW) são os projetos com maior capacidade instalada. Também es-
tão previstas as concessões das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) de Pery (30 MW) e de Agro Trafo (14 MW). As usinas estão localizadas em Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina. Na área de mineração, serão concedidos quatro projetos por meio do PPI: uma mina de fosfato de Miriri, localizada na fronteira entre Paraíba e Pernambuco; uma de cobre, chumbo e zinco localizada em Palmeirópolis (TO); uma de carvão em Candiota (RS); e uma de cobre localizada em Bom Jardim de Goiás (GO).
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Cúpula dos Países não Alinhados define como prioridade a defesa dos povos MNOAL. Venezuela assume a presidência do organismo até 2019 e Maduro se compromete com a causa palestina Telesur
María Julia Giménez, de São Paulo
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ntre os dias 13 e 18 de setembro, a Venezuela sediou a 17 ª Cúpula dos Movimentos de Países não Alinhados (MNOAL). O Movimento se estabeleceu oficialmente na Conferência de Belgrado, em 1961, e desde então é o segundo organismo mundial em número de países participes, depois da ONU. Criado em contextos de Guerra Fria, atualmente o organismo é formado por 120 nações da África, América Latina, Ásia e Europa Oriental, alem de movimentos de libertação nacional. O objetivo é a preservação da paz e o fortalecimento de políticas de segurança internacional fundamentadas na solidariedade e integração dos povos. Nesta edição, o evento levou o lema “Unidos pelo caminho da paz”. O lugar escolhido foi a Ilha Margarita, um das regiões mais anti-chavista da Venezuela. Com um alto operativo de segurança, a ilha recebeu mandatários e representes de todo o mundo, entre eles o presidente da Bolívia, Evo Morales; do
Alem de representantes dos estados membros e observadores, a Ilha recebeu mais de 10 mil jovens de todo o mundo
Equador, Rafael Correa; de Cuba, Raúl Castro; da Palestina, Mahmud Abás; de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén; o vice-primeiro ministro do Qatar, Ahmad bin Abdala Al Mahmud, e do Vietnam, Vu Van Ninh. Durante o encontro, o Irã deixou a presidência e a Venezuela foi a indicada para assumir a condução do organismo até 2019, convertendo-se no terceiro país latino-americano a liderar o MNOAL, após Cuba e Colômbia. Maduro prometeu “que o mandato será usado com firmeza e lealdade para defender os povos”. Além de felicitar a gestão de Irã, o manda-
tário venezuelano falou que terá prioridade a causa do povo palestino. “Não podemos nos acostumar ao que acontece na Palestina, como se fosse algo normal”, advertiu. E insistiu na necessidade de assumir novas medidas para resguardar aos “nossos irmãos refugiados”, vitimas do terrorismo e do “bombardeio imperialista”. Assim como outros representantes, ele tornou público o seu apoio a luta contra o bloqueio norte-americano da Cuba e denunciou o dano ocasionado por mais de cinco décadas de embargo. Também mencionou a contraofensiva global da direita, sinalizando preocupação re-
cente com os ataques na Venezuela e no Brasil, e afirmou que será feito todo o possível para que seja respeitada a democracia brasileira.
Nesta edição, o evento levou o lema “Unidos pelo caminho da paz A juventude também fez parte da Cúpula Alem de representantes dos estados membros e observadores, a Ilha recebeu mais de 10 mil jovens de todo o mundo. Jeandro Alves da Silva, militante do MST de Santa Maria da Boa Vista (PB) e estudante de medicina na escola ELA na Venezuela, foi convidado a representar a comunidade estudantil no MNOAL. Em entrevista ao Brasil de Fato, Jeandro contou que junto a companheiros e companheiras do Chile, Palestina e Colômbia, pode
participar de mesas de trabalho, debatendo ideais, socializando as experiências e realizando comparações entre as realidades dos diferentes países. “Apesar de a Venezuela estar atravessando uma crise muito brutal, é um país que continua garantindo direitos como a educação, que muitas vezes nos nossos países nos são negados. Então estamos aqui, adquirindo experiências e convivendo a Revolução [Bolivariana], que é de grande importância para nossa formação não só como médicos, mas também como médicos politizados”, disse o militante. Segundo Jeandro, a participação desta 17ª Cúpula dos Movimentos de Países não Alinhados, permite dar uma visão mais ampla dos processos local, regional e mundial, fortalecendo as lutas e resistências. “Nós queremos que os filhos de agricultores, que a classe trabalhadora e que os movimentos sociais tenham a capacidade de luta para barrar esses golpistas, que destrói nosso país, a nossa America Latina, e o mundo”, encerrou Jeandro.
Bancário sofrE CLiente sofre
banqueiro lucra
A greve continua firme e forte. #SóaLutaTeGarante
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10 | OPINIÃO
Artigo
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
Brasil de Fato PE
Brasil de Fato PE
MULHERES. Violência e descriminalização do aborto são os principais temas da conversa com Jackeline Florêncio com o BdF PE.
Alan Tygel*, Catarina de Angola e *Méle Dornelas
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ão é de hoje que a imagem do agronegócio brasileiro vai mal. Nos últimos anos, cada vez mais notícias denunciando o trabalho escravo, a intoxicação por agrotóxicos, o desmatamento, a falta de água e os transgênicos têm chegado à população. Ao mesmo tempo, o IBGE mostrou que é a agricultura familiar quem bota mais comida na mesa da população. Neste contexto, surgiu entre os ruralistas uma ideia para promover o “agro”:
Artigo
durante a novela, imagens lindas, um galã que traz da Europa a solução para produzir sem venenos e os agricultores se organizando para lutar contra o velho coronel. No intervalo, plim plim: Agro é pop, agro é tudo. Entendeu? Ou confundiu?
Parece até que a Globo mudou de lado. Será? O agronegócio é um modelo que não se sustenta. Gera pouquíssimos empregos, não produz tanto
alimento quanto afirma, não é rentável sem generosos aportes públicos e gera inchaço nas cidades. Algo assim só pode continuar existindo com muita propaganda. E quem tem se dedicado a isso é justamente a Rede Globo de Televisão, que não à toa figura entre os membros de Associação Brasileira do Agronegócio. A estratégia é muito clara: durante a novela, imagens lindas, um galã que traz da Europa a solução para produzir sem venenos e os agricultores se organizando para lutar contra o velho coronel. No intervalo, plim plim: Agro é pop, agro é tudo. Entendeu? Ou confundiu? Nós, que construímos os
movimentos de luta pela terra e pela agroecologia, não temos em nossas mãos os meios de comunicação de massa, apesar de serem concessões públicas. Gostaríamos de poder mostrar, com a mesma força, que a agroecologia é um caminho de transformação social, e que precisa ser para todos e todas. A comunicação é um direito humano e, sem ele, construir a nossa agroecologia será muito mais difícil. *Alan Tygel, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida *Catarina de Angola e * Méle Dornelas, do Terral Coletivo de Comunicação Popular
Aquarius ou um filme capitaneado por mulheres Felipe André Silva*
C
lara, como seu próprio nome já tenta deixar claro, é um ser de resistência luminosa. Sua força e intensa presença estão traduzidas na luz que emana, e não por acaso os momentos de Aquarius em que ela estará mais exposta à iminência do perigo são aqueles nos quais não é possível iluminar-se. Clara, mulher, jornalista cultural, escritora, viúva e mãe de três filhos, é a última moradora do edifício Aquarius, última construção de estilo antigo a sobreviver à vio-
Aquarius parece ser um ponto de mudança na obra de Kleber Mendonça Filho, por ser o que se perceberia como seu primeiro trabalho realmente popular. lenta especulação imobiliária na Avenida Boa Viagem. Todas as unidades do imóvel foram sistematicamen-
ENTREVISTA l 11
“ Existe uma tolerância gigante da sociedade em relação à violência contra a mulher”
Velho Chico e o Agro que se Finge de Verde produzir uma novela em rede nacional, no horário nobre da emissora de maior audiência do País. Velho Chico, exibida pela Globo, tem agradado àqueles que defendem uma agricultura saudável. A novela é um produto de alta qualidade técnica, com paisagem banhada pelo Rio S. Francisco e pela beleza do Semiárido. Em seu enredo, exalta as vantagens de uma “nova” agricultura trazida da França, ecologicamente correta e “limpa” de venenos.
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
te adquiridas pela construtora Bonfim, que agora usa táticas tão sórdidas quanto possíveis para forçarem a saída da última moradora. Clara, ainda que menos potente frente aos perigos que se apresentam, resiste à opressão que teima em transformar Recife num espaço sem memória, ou de memórias fabricadas e formatadas.
perceberia como seu primeiro trabalho realmente popular. Os curtas eram divertidos, mas não chegavam a muitas telas, e O Som ao Redor, seu longa de estreia, era um filme bastante hermético para o grande público. Aquarius difere desses outros projetos por ser um filme sobre uma pessoa, o que torna a identificação com ele muito mais simples.
Para alguém cujo cinema sempre foi muito interessante, tanto do ponto de vista puramente cinematográfico quanto através da crítica social muito relevante que fazia, Aquarius parece ser um ponto de mudança na obra de Kleber Mendonça Filho, por ser o que se
Para além dessa dicotomia entre o resistente e o opressor, Aquarius ainda encontra espaço para falar sobre uma miríade de assuntos que vão desde a exploração do trabalhador negro e periférico, através da curiosa subtrama de uma empregada que rende a curiosa provoca-
ção “a gente explora eles, e eles roubam da gente”, até a crescente potência da mulher na sociedade. Aquarius é um filme capitaneado por mulheres, seus desejos, seus medos e seus sonhos. Em dado momento a namorada do sobrinho de Clara põe uma música para tocar e os olhares delas se encontram, compreendendo como ninguém mais poderia o que significa ouvir aquela canção, naquele apartamento e naquele momento. É um projeto de coisas que o Recife, e o mundo, poderiam ser, e quem sabe com muita luta efetivamente se tornem. * Felipe André crítico e cineasta.
Silva,
Arquivo pessoal
Monyse Ravena
o enfrentamento à cultura da violência contra as mulheres tem um aspecto de mudança das instituições
Jackeline Florêncio é advogada, feminista, mestra em políticas públicas e discute nessa entrevista a cultura do estupro, a naturalização da violência contra as mulheres e a importância do dia latino-americano e caribenho pela discriminalização do aborto que está se aproximando. o Brasil, 72% dos casos de violência contra as mulheres denunciados pelo disque-denúncia 180 foram cometidos por homens com quem as vítimas mantém ou mantiveram relações afetivas. Quais são os caminhos para o enfrentamento a essa violência? Esses dados correspondem à violência doméstica e familiar contra a mulher. É uma das expressões de uma discriminação estrutural contra as mulheres e tem como subjacente o fato de que o agressor age como se a mulher fosse sua propriedade, tenta exercer controle sobre seu corpo e comportamento, e pune o que seria um “desvio” por meio da violência. Essa discriminação é uma construção social muito complexa e que precisa, portanto, de ações também complexas para ser desconstruída, em várias frentes. No caso da violência doméstica tem o fato de que, no meio de toda a violência, muitas vezes existe a dependência financeira da mulher, que dificulta a separação, a dependência psicológica e mesmo o amor por aquele homem que está agredindo. De outro lado, muitas instituições, como a família, o Estado e as igrejas tam-
bém fortaleceram o exercício de controle e poder sobre as mulheres. Por isso, o enfrentamento à cultura da violência contra as mulheres tem um aspecto de mudança das instituições, que precisam se responsabilizar para combater a desigualdade de gênero na sociedade. Então, o Estado, por exemplo, que deveria ser norteado por princípios republicanos de diminuir as desigualdades sociais, precisa implantar políticas públicas que forneçam às mulheres as ferramentas para romper com a violência, como políticas de trabalho e renda, assim como políticas de proteção, como as Medidas Protetivas de Urgência da Lei Maria da Penha. Agora, se eu puder destacar um fator de enfrentamento primordial eu diria: o fortalecimento da própria mulher, da sua autoestima, do seu senso interno do quanto é preciosa e única e não merece e nem pode se permitir permanecer em um relacionamento abusivo. Só no mês de agosto de 2016, 965 mulheres denunciaram que foram estupradas em Pernambuco. Podemos dizer que há uma certa naturalização e um silenciamento da sociedade diante desses cri-
mes? Qual sua opinião? Essa cifra lamentavelmente é maior, pois muitas mulheres que sofreram estupro não denunciam, por medo de estigma, vergonha, etc. Existe uma tolerância gigante da sociedade em relação à violência contra a mulher, e nisso está a violência sexual. É expressão da cultura do estupro, que desumaniza a mulher, viola sua liberdade. No caso da violência sexu-
Fazer com que o aborto deixe de ser crime é garantir às mulheres o direito de escolha al, é como dizer à mulher que ela sequer é dona do ente material mais próximo dela mesma, que é seu corpo, seu primeiro e principal território. Pernambuco é um estado extremamente machista e racista, quem mora aqui sente. A omissão das pessoas quanto à cultura do estupro está relacionada à crença de sujeição, submissão das mulheres, coisificação de seus corpos. É quase como se, pelo simples fato de nos identificarmos e sermos reconhecidas como mulheres, merecês-
semos a violência. Por isso também há tanta culpabilização das vítimas. Mas também está relacionada ao controle: mulheres com medo de estupro podem evitar sair de casa, podem evitar se vestir de determinada maneira, podem evitar viver em plenitude, têm, portanto, sua liberdade e vida como um todo violadas. O medo é uma ferramenta poderosa de dominação. O Brasil está entre os países com a legislação mais restritiva do mundo em relação ao aborto. Por que se criminalizam as mulheres que abortam? Essa questão do aborto é muito interessante. Porque, apesar de haver uma tolerância grande socialmente falando quanto à violência contra as mulheres, o Estado já se posicionou sobre o tema, a exemplo da Lei Maria da Penha, que é fruto das reivindicações do movimento feminista, mas não deixa de ser uma resposta do Estado. Agora, quando se fala de aborto, tudo muda. Essa pauta não foi absorvida realmente pelas políticas públicas, e é de fato crime no Brasil, menos nos casos de risco de morte da gestante ou de gravidez resultante de estupro. Tem também o caso dos fetos anencéfalos. Acredito que isso tem a ver com a frágil laicidade do Estado Brasileiro. Temos uma influência muito grande prin-
cipalmente da Igreja Católica e de várias igrejas evangélicas na legislação e nas políticas públicas. A religião perdeu para a ciência a batalha sobre as explicações da origem do mundo e também perdeu para o Estado quanto ao governo geral. As instituições religiosas não querem perder a última batalha: a explicação sobre a origem da vida. De toda forma, falando ainda sobre o Estado Laico, o problema é que em meio a esse jogo de poder e domínio está a morte cotidiana de milhares de mulheres que se veem obrigadas a ir a clínicas clandestinas para fazerem o aborto. Ou seja, do ponto de vista prático, antes mesmo de ser uma disputa de poder e controle sobre os corpos das mulheres, é uma questão de saúde pública, pois há mulheres morrendo e essas mulheres são em sua maioria negras e pobres. E o Estado precisa se ocupar disso. Estamos nos aproximando do dia latino-americano e caribenho pela descriminalização do aborto. Qual a importância desse dia? É uma data simbólica, importante para colocar em discussão o tema do aborto, dos direitos sexuais e reprodutivos, e pautar na sociedade e no Estado a necessidade de superar seus tabus e suas crenças ultrapassadas. Criminalizar uma conduta é um dos graus máximos de reprovação social. Fazer com que o aborto deixe de ser crime é garantir às mulheres o direito de escolha e o acesso à saúde para fazer valer a sua escolha, sem colocar em risco sua própria vida..
CULTURA | 12
Dona EmíliaPankará
nasceu e se criou na Serra do Arapuá, T.I. Pankará, Sertão de Pernambuco. Tem 83 anos e, hoje, contribui para as pesquisas sobre a resistência Pankará através de sua memória, pois enquanto personagem que viveu e sofreu todo processo de luta, guarda toda sabedoria e a transmite para os mais jovens, sendo fonte viva da história do seu povo.
Foto: Elizabeth Leal
Crônica: Os ói de meu minino
Por Roberto Efrem Filho
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e ninguém vê, se a gente fica queta nesse silenço, a tristeza parece miudinha, do tamanho do imbigo dele no dia que eu deixei a maternidade. Pensei que não vingava. Também, minha fia, o pirraia era só cabeção e catarro, dava pena. Eu já tinha perdido duas, tu sabe. Marineide foi dirnutrição mermo. A médica dizia que o leite salva os bebê tudo, que era só peito e priu, mas que priu, que priu, se o leite secô? Ô, ô, ô! Mãezinha, dê o peito, mãezinha, tenha cuidado, a puta que o pariu, se eu num
comia, fazê o quê? Hein? A segunda? Marleide foi falta de cumê não. Foi o fogo. Quano os puliça incendiaro a invasão da gente na Rua Velha, a vizinha correu com os minino dela, esqueceu Marleide no colchão. Na hora que ela voltô, a minina já não respirava mais. Arfixiada. Eu? Eu tava na casa da minha patroa em Boa Viage, cuidano do caçula dela, Gustavo, os ói azuzinho, azuzinho, visse?, vi crescê, bonito. Eu só soube de Marleide no ôto dia. Ouvi no rádio. Apois, eu cheguei em casa, minha fia, não era mais casa, nem fia, nem nada. Enterrei debaixo da Ponte de Ferro. Eu e os gabiru. Aí, pedi à patroa e fui morá no quartinho. Muito boa ela, a minha patroa. Dexô. Nunca se quexô. Falava às amiga que eu era limpinha, clarinha. Bom esse tempo. Depois da novela, eu podia até descê e namorá. Foi quano eu en-
gravidei do meu minino. A patroa gostô não. Ela explicô que não dava certo, me deu as féria e pronto. Eu só voltei lá quano meu minino nasceu. Fui mostrá a ela os ói dele, azuzinho, azuzinho. Ela me mandô embora. Depois, mandô me buscá. Deu o trabalho de volta e comprô um barraco pra mim. Era boa ela, tô dizeno. Me ajudava. As roupinha usada de Gustavo ficava tudo pro minino. Assim fomo viveno, né? O minino era danado, visse?, ficô grandão, rapagão, todo dia era eu-te-amo-mainha, mainha-minha-princesa, dava opinião nas minha roupa, se combinava, se não, diziam que era viado, que se pegava com o padeiro e os pedreiro e os dotô, eu não ligava, se eu tivesse uns ói daquele, minha fia, quem mais dava era eu! Ô, ô, ô! Arrumô de vendê pedra, é, pedra de fumo, como é?, crack. Fazia as embalage, botava fita colorida, jeitoso demais. Começô a fazê dinhero, me enchia de presente. Me levô, meu bem,
Brasil de Fato PE
Brasil de Fato PE
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
pro show de Roberto Carlo. Juro! Foi lá e tomô uma rosa pra mim. Não aguentei. Chorei. Coisa de televisão. Mas aí mataro. Foi. Eu tava com o feijão no fogo, separano o coentro, quano batero na porta. Balearo teu minino, Neide. Oxe! Do jeito que eu tava, de camisola, voei pra escola. Cheguei lá, era gente, visse?, uma multidão. Ele atirô, num atirô, tava armado, num tava armado. Eu sei é que um revolve apareceu, um tiroteio apareceu, as pedra apareceu, só não apareceu no jornal as fita colorida e o rombo da bala na nuca do meu minino, sim, na nuca, como quem fode alguém por trás, de costa. Agora eu fico aqui. De noite, no escuro, os ói do minino acende na ponta do cigarro. Oa, assim, dá até pra disfarçá a vida. Roberto Efrem Filho - ou Beto, como gosta - é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.
VISITE MUSEU
AGENDA CULTURAL
divulgação
MUSEU DO HOMEM DO NORDESTE
Fundado em 1979 com fusão do Museu da Antropologia, da Arte Popular e do Açúcar, o Museu do Homem do Nordeste é vinculado à Fundação Joaquim Nabuco e reúne acervos que mostram a pluralidade de diversas culturas. As coleções expostas vão desde objetos das casas das famílias dos senhores de engenho até os objetos simples, de uso cotidiano dos mais pobres. Coleções de arte e brinquedos populares, vestuários e instrumentos musicais também estão no museu. Exposições etnográficas e de arte, ações educativas e uma vasta programação cultural compõem a agenda do Museu. Outros equipamentos culturais estão associados ao local. São eles: as galerias Galeria Waldemar Valente e Sala Mauro Mota, dedicadas à memória, representação social e patrimonialização, e as galerias Massangana e Baobá, espaços dedicados à difusão, pesquisa e fomento à produção contemporânea em artes visuais. O Engenho Massangana, lugar que o Museu escolheu para elaboração de atividades e ações relacionadas aos temas das reformas agrária e urbana, meio-ambiente, desenvolvimento e sustentabilidade. Este espaço fica localizado no Cabo de Santo Agostinho. A sede do Museu do Homem do Nordeste fica localizada na Avenida Dezessete de Agosto, bairro de Casa Forte e funciona das 8h às 17h.
Teatro
Teatro de Bonecos nos palcos recifenses espetáculo “Cantigas e estórias na terra do Sabiá ou O que é meu é meu e Boi não lambe”, da atriz e bonequeira Maria Oliveira, será apresentado em cinco teatros do Recife. O texto é baseado na tradição dos Bonecos Populares do Nordeste Brasileiro, que tem o nome de mamulengos na tradição pernambucana. A próxima apresentação será no dia 24.09 no Sesc Casa Amarela, às 16. Os ingressos custam R$20,00 e R$10,00.
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Artes Plásticas
Exposição de artes plásticas em Olinda artista plástico Carlos Augusto Guerra realiza a exposição “O meu berimbau de outro tem cabeça de prata - Mote do Mestre Zé Negão” do dia 16 de setembro até o dia 9 de outubro. A exposição está no Ximxim das Artes- Espaço Cultural, localizado na rua Prudente de Morais, no Carmo, Olinda. Essa exposição objetiva mostrar o homem na sua natureza, no passado, presente e futuro.
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Variedades CULTURA l| 13 13
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
O povo forjado nos versos: poesia é tradição em São José do Egito
AGENDA CULTURAL
SERTÃO. A cidade tem pouco mais de 30 mil habitantes, que carregam a poesia no sobrenome Paulo Carvalho Ser poeta é saber não ser escravo Da mesmice e do conservadorismo Impedir de morrer na guilhotina O boêmio cantor do iluminismo E lutar até ver cair vencida A esquadra do vil capitalismo” Em Canto e Poesia Elen Carvalho Capital nordestina da poesia popular. Não demora para logo pensarmos em São José do Egito, no Sertão do Pajeú. É assim que a cidade é conhecida desde muito tempo. Localizada a 402 km do Recife e com pouco mais de 30 mil habitantes, São José do Egito respira e exala os versos populares. Seus habitantes carregam a poesia como sobrenome e alguns dos seus expoentes são reconhecidos no Brasil todo. Antônio Marinho, Dimas, Otacílio, Lourival Batista, Mário Gomes, Cancão e tantos outros. A lenda é que há muito tempo uma viola foi enterrada no leito do Rio Pajeú e quem bebe dessa água vira poeta. A história diz que a sonoridade do baião de viola chegou no período da colonização portuguesa e tem influência dos mouros e muçulmanos. A tradição é passada de geração para geração por dentro das famílias, no cotidiano da cidade. Bia Marinho, poetisa e cantadora, neta de Antônio Marinho e filha de Lourival Batista, segue fazendo as rimas. Hoje morando no Recife, faz da sua arte o seu ofício e diz que não tinha como não ser assim. “Nasci na poesia. Para mim, ela existiu sempre. Minha família toda é de poeta. En-
Dança divulgação
Dança Popular nas quartas do Barreto Júnior
O O poeta cearense Zé Vicente acompanhado do lendário Louro do Pajeú tão a poesia sempre esteve presente. Desde as cantigas de ninar que eu ouvia eram particulares”, conta. Com os três filhos de Bia Marinho não foi diferente. Greg, Antônio e Miguel Marinho formam o grupo Em Canto e Poesia e mantêm pulsante a poesia popular. Antônio Marinho, assim como a mãe, lembra do seu começo nesse caminho. “Isso é minha vida. Eu já nasci inserido num meio da poesia tanto pela cidade quanto pela minha família. A poesia é meu meio de vida. Tudo que andei foi a poesia me levando, no lastro de resistência construído pelos que me antecederam. Nessa perseguição do belo. O sotaque, o cheiro, a cor do Sertão do Pajeú é que faz dessa poesia particular”, explica Antônio. Bia explica que a cidade toda cultiva essa tradição. “Todas as famílias têm um poeta. E mesmo que não tenha alguém que escreva, tem alguém que declama ou está envolvido de alguma forma. Em algumas escolas particulares e da rede municipal, a poesia está inserida no contexto escolar. As crianças aprendem o que é a sextilha e a quadra. É um linguajar fácil e atrativo para elas. E essa tradição não vai morrer. A gente cuida de preservar”, explica a cantadora. O poder público municipal, no entanto, não tem
projetos estruturados de fomento e manutenção dessa arte, como explica Antônio: “Nunca tivemos uma política pública voltada para criar uma cadeia e fomentar a tradição. E, mesmo assim, a tradição continua forte. Toda força disso é mérito do povo. Não houve nenhuma gestão municipal que fomentasse uma cadeia produtora e criativa, na qual os protagonistas
projeto “Quartas da Dança” leva ao Teatro Barreto Júnior, bairro do Pina, Zona Sul do Recife, a dança popular. Na programação de cada quarta, grupos de dança popular do Recife e Região Metropolitana fazem apresentações de cinco a oito minutos. O ingressos começam a ser distribuídos uma hora antes do início das apresentações, que começa às 20h.
O sotaque, o cheiro, a cor do Sertão do Pajeú é que faz dessa poesia particular fossem os artistas. O poder público municipal sempre negligenciou a poesia”. Apesar desse contexto, festas populares são realizadas para reverenciar a poesia nordestina. A festa mais tradicional é que acontece nos dias 4, 5 e 6 de janeiro. “A Festa de Louro, como é conhecida, é para comemorar o aniversário de Lourival Batista. Sempre comemorávamos na frente de casa e a festa foi crescendo. Como cai em outra data importante, o Dia de Reis, aproveitamos e fazemos uma grande festa com cantoria e muita história. Vem poeta e cantador do Brasil inteiro para recitar e comer o Baião de Dois, que é o prato servido na festa”, afirma Bia.
Encontro Nacional de Juremeiros em Abreu e Lima XI Kipupa Malunguinho - Coco na Mata do Catucá , acontece no dia 25 de setembro das 9h às 18h, na Matas de Pitanga II, em Abreu e Lima (Sítio de Juarez). O momento é para celebrar o Rei Malunguinho, único líder quilombola a virar divindade na história do nosso país. Para quem quiser ir e não sabe chegar, um ônibus sairá da Igreja do Carmo do Recife às 17h e custará 30,00 ida e volta. Informações: 81. 99901-3736 / 98887-1496 / 99525-7119
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Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
14 | VARIEDADES
Horóscopo
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br O outro lado dos antigos LPs Condição do governo com baixos índices de aprovação Descuidado
Parâmetros que permitem descobrir uma doença no estágio inicial
© Revistas COQUETEL
Áries :
Rio que cruza a Alemanha Enjoo
Gás essencial à vida (símbolo)
Touro: (?) déco: teve seu auge nos anos 30 Tubo Arma usada na Marinha brasileira até a década de 1870
Coeso
Amarrar
A Cidade Eterna
Nêutron (símbolo)
Insuficiência Renal Aguda (sigla)
Ultimate Fighting Championship (sigla)
Gêmeos:
Montaria Ausentado Cavase leiro da Triste Figura (Lit.) Vitor e (?), dupla sertaneja
O Diabo Louro do bando de Lampião
"Abaixo o (?)!", brado de revolucionários
Santa Catarina (sigla)
Câncer:
Leão:
Mais do que nunca você quer ser você, se mostrar para o mundo, mostrar seu trabalho, e isso pode lhe deixar mais competitivo e até mais autoritário. Lembre-se que as diferenças trazem aprendizados em todo tipo de relação.
Todo, em inglês
Gigante enganado por Ulisses (Mit.) "(?) à Alegria", trecho da Nona de Beethoven
Sim, em espanhol "(?) do Rio", canção de Caetano Defeito que contribui para a aura de poder dos monarcas
Virgem:
"Abelha", em "apicultura"
Poesia informal japonesa de uma estrofe
Libra:
Por mais que você esteja se esforçando para colocar as coisas em seu lugar, tanto em casa como no trabalho, as coisas parecem estar tensas. Aproveite para voltar para si e dar novos valores, inclusive às pessoas ao redor. Muita coisa que passou está mexendo dentro de você, e você deve tentar evitar decisões sem planejar. Ainda assim, muitas coisas devem surgir como oportunidades de viagem ou trabalho. Respeite seu tempo!
Alcançar a segurança tão desejada não tem sido fácil, mas insista. Deve sentir necessidade de expressar seus sentimentos, e mesmo que ache que não está sendo Escorpião: compreendido, fale.
Pablo Casals, violoncelista
2/sí. 3/all — ant — lac. 6/bureta. 7/ciclope.
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Solução B I M O I M P A R R C A B A C D C O R R E M E G S I M P R E
P O P O N E R U D T R I R A N O A MA R R O I S C C I A N H A E NI N P O TE
OB B U L A R R N A E N T E N AT A U F C S A I C T E A L L O E O C L O PE A D I C A I O P C N C I A
BANCO
Um dos diálogos de Platão
Não esperem que seja fácil, mas é um ótimo período para resolver problemas que estavam se arrastando. Junto a isso, deve se manifestar uma questão: ou viver um amor intenso ou descobrir uma grande ilusão. Que a rotina de trabalho deve estar lhe custando mais do que o costume, você já deve ter percebido, não é? Atividades físicas podem lhe ajudar a cuidar de sua saúde física e mental. Surpresas no lar podem vir.
Lago, em francês Prefixo que indica "um milhão"
divulgação
Deve se sentir meio bagunçado, querendo demais sem saber muito o quê. Revise seus desejos e projetos e evite começar coisas novas. No geral, tente se preservar de desgastes. No amor é tempo de boas novas! É hora de parar de guardar isso tudo que está aí dentro. Poder falar sobre seus sentimentos pode lhe ajudar não a resolver o agora como coisas que aparentemente ficaram no passado. Tempo de perdoar.
Sagitário:
Capricórnio:
Parece que vai ser aquele engraçadinho de sempre, sentindo-se mais a vontade com o grupo de amigos mais próximo que por um tempo lhe deixou desconfiado. Alguma coisa na sua casa: mudança?casamento? Você precisa de cuidar do que está no seu coração porque parece que há algo que você jaó não consegue controlar nas relações. Boas oportunidades de trabalho em grupo, mas atenção com seu grau de exigência!
Aquário:
Aparecem muitos limites em relação à execução de projetos grandes que você acredita, mas cuidado para sua impaciência não interferir nas relações com as pessoas que desejam o mesmo que você!
Peixes:
Para ter seu espaço, lembre-se que é importante apenas se superar e não alimentar uma simples competitividade e exercitar autoridade. Tantas emoções estão difíceis de conter então se permita.
VARIEDADES l15 15
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
“Justiça” faz pensar além dos estereótipos
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Diz-se do livro que exigiu do autor uma pesquisa profunda Formiga, em inglês
Tubo Autor da tela "O graduado Lavrador (Quím.) de Café" Rocha
Brasil de Fato PE
Brasil de Fato PE
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stá no ar há três semanas a série “Justiça”, que poderia se chamar Injustiça, ou Vingança. Poucas vezes uma produção da TV aberta me chamou tanta atenção. “Justiça” se passa no Recife, em dois momentos: 2009 e 2016. Em 2009, a vida dos personagens se vê transformada drasticamente, quando quatro deles são condenados à prisão, no mesmo dia, por razões diversas. São quatro histórias que se cruzam em um Recife real, urbano e cruel. A empregada da madame de segunda-feira tem seu próprio episódio na terçafeira. A filha preta da empregada preta da madame
de quinta-feira é a melhor amiga de sua filha branca. Isso difere muito dos folhetins nos quais os trabalhadores domésticos são meros coadjuvantes. O pai do playboy, retratado em detalhe na segunda, perde
Na série, o Nordeste do Brasil não é caricatural tudo porque foi traído por seu sócio golpista. O sócio golpista atropela a bailarina, esposa de Mauricio (Cauã Reymond), protagonista dos episódios das sextas-feiras, e foge. Sete anos depois, o criminoso é candidato a prefeito de Recife. E Mauricio quer justiça, ou melhor, quer vingança. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Justiça trata de racismo, de corrupção, de linchamento, de miso-
ginia, de desigualdade social, de reconciliação, de perdão, de reconstrução, de tristeza e de alegria. De uma alegria que não tem nada a ver com poder ou dinheiro. Na série, o Nordeste do Brasil não é aquele caricatural de que a telinha gosta. Recife poderia ser o Rio, poderia ser São Paulo, ou qualquer outra metrópole da América Latina. O elenco é competentíssimo, alguns atores se destacaram mais no cinema no que na TV e o trabalho com o sotaque dos personagens não é nada forçado. Nessa série, não há advogados, não há tribunais. A justiça ou a vingança partem do julgamento de cada um. E você, o que acha? Conta pra nós! Um abraço, Luciana
Amiga da saúde, ao usar banheiro público a mulher corre o risco de pegar doenças? O que temos que fazer para prevenir? Queila Mara, 37 anos, auxiliar de cozinha. Os banheiros públicos geralmente provocam muito medo de contrair doenças, porém, os riscos são baixos. Os infectologistas afirmam que não há evidências científicas de transmissão de DST’s pelo uso do vaso sanitário. O maior risco seriam as micoses, que podem ser passadas de um objeto contaminado para a pessoa. Mesmo assim, o risco é baixo. Até porque ninguém costuma ficar se esfregando num lugar desses, geralmente o contato é mínimo. O principal cuidado a ser tomado é avaliar as condições do banheiro; se o vaso estiver sujo, dar descarga antes de usar; cobrir o vaso com papel se for sentar para evitar contato direto com a pele; usar um papel também para evitar tocar a descarga. Ao final, lavar as mãos com água e sabão é muito importante. Nunca se deve subir no vaso sanitário, pois isso traz um risco enorme de acidentes, além de expor mais a mucosa vaginal e anal, aumentando também o risco de contaminação.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF
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Brasil fez sua melhor participação em paralimpíadas MEDALHAS. Com 72 pódios, sendo 14 ouros, País ficou na 8ª colocação Vinícius Sobreira
E
ntre os dias 7 e 18.09, centenas de atletas disputaram as Paralimpíadas Rio 2016. Para o Brasil, o saldo de medalhas foi o mais positivo na história da competição. Foram 72 pódios, sendo 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes, nos colocando na 8º posição no ranking de medalhas. Nas últimas três Paralimpíadas, o Brasil conquistou 43 (Londres 2012), 47 (Pequim 2008) e 10 (Atenas 2004) medalhas. O principal medalhista brasileiro foi Daniel Dias. O nadador de 28 anos conquistou nove medalhas (quatro ouros, três pratas
Daniel Dias foi o principal destaque brasileiro na competição
e dois bronzes), que se somam às 15 já conquistadas em Londres 2012 e Pequim 2008. O total de 24 medalhas faz de Daniel o maior medalhista da natação paralímpica brasileira. Daniel virou nadador inspirado por outra estrela das pisci-
nas: Clodoaldo Silva. Dono de 14 medalhas paralímpicas (sendo seis de ouro), Silva decidiu se aposentar das grandes competições. Sua única medalha no Rio 2016 foi a prata no revezamento 4x100 livre, quando ele e Daniel nadaram juntos. Outro destaque do Brasil foi a seleção masculina de Futebol de 5, que conquistou o quarto ouro paralímpico consecutivo. Desde sua estreia, em Atenas 2004, a seleção sempre acaba no topo do pódio. Destaque também para Verônica Hipólito, de 20 anos, que em sua primeira paralimpíada já conquistou a prata nos 100 metros rasos T38 (categoria das atletas com para-
O total de 24 medalhas faz de Daniel o maior medalhista da natação paralímpica brasileira. lisia cerebral). Também no atletismo, o brasileiro Daniel Martins conquistou ouro e quebrou o recorde mundial dos 400 metros rasos T20 (para deficientes intelectuais), com o tempo de 47,22 segundos. Pouco conhecida pelo público nacional, a bocha proporcionou algumas das cenas mais bonitas das paralimpíadas, além de dar um ouro inédito para o País, na
categoria BC3, conquistado pelas atletas Evelyn de Oliveira e Evani Soares, além de Antônio Leme. Na categoria BC4, os irmãos Marcelo e Eliseu Santos levaram a prata. Os dias de competição foram cheios de emoção e superação. Na abertura, a pira paralímpica foi acesa por Márcia Malsar, primeira atleta brasileira a conquistar ouro numa Paralimpíada, na prova de 200 metros rasos (Nova York/ Mandeville 1984). Uma novidade desta paralimpíada foram as medalhas com guizos, que oferecem uma experiência sensorial para as e os atletas deficientes visuais.
GOL NA GERAL Conceição migra para o boxe profissional Primeiro brasileiro a conquistar o ouro olímpico no boxe, Robson Conceição assinou contrato com a Top Rank, empresa que gere carreira de pugilistas profissionais, que são pagos para lutar. A Top Rank também gere as carreiras do brasileiro Esquiva Falcão e do filipino Manny Pacquiao. Conceição vai lutar na categoria super pena até 59kg. O baiano seguirá treinando na mesma academia, em Salvador, e com o mesmo treinador que o levou ao topo do pódio no Rio 2016. O contrato vai até 2021. Pernambucanas na Copa do Brasil de Futebol Feminino. O Vitória de Santo Antão estreou no fim de agosto contra a União Desportiva Alagoana. O Tricolor das Tabocas passou à fase seguinte com dois trunfos: 4x2 em Alagoas e 3x2 no Carneirão. Na fase seguinte atropelou o Comercial do Mato Grosso do Sul por 6x1 em Campo Grande, eliminando o jogo de volta. Nos dias 21 e 28 o Vitória joga, respectivamente no Carneirão e em Brasília as quartas de final contra o Cresspom.
DE PLACA
NA GERAL
futebol feminino via internet
Salgueiro encerra outro ano mediano na Série C
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ganhou um lugar na seção Gol de Placa. Que surpresa! Mas o fato é que a CBF acertou. No último dia 16 a seleção feminina enfrentou a França em amistoso no país europeu. O empate em 1x1 (com direito à golaço de Marta por cobertura) foi ignorado pelos canais de televisão brasileiros, mas a partida foi toda transmitida ao vivo via Facebook na página da CBF. E mais de 500 mil pessoas assistiram.
GOL
CONTRA
Durante partida válida pela 3ª rodada do Campeonato Pernambucano A2 o clássico do Cabo de Santo Agostinho foi interrompido por uma confusão generalizada. As torcidas da Cabense e do Ferroviário do Cabo invadiram o gramado do Gileno de Carli, trocaram socos e pontapés, lançaram objetos e bombas uns contra os outros. Os atletas correram para os vestiários e o jogo ficou suspenso por uma hora. O Ferroviário venceu a partida por 2x1.
Filipe Spenser acesso em que até mesmo com 58, ou 57 pontos sejam suficientes. No ano passado, com 64 pontos não haveria acesso. Nesse cenário é que ressurgem as esperanças para o Náutico, atual 11º colocado no campeonato. Após tantas oscilações, não há mais espaço para contar com a sorte, de modo que o próximo jogo contra o Paraná é verdadeira decisão, para não se afastar do grupo de acesso. É vencer ou vencer.
SANTA EM CASA FAZ MILAGRE? Malu Xavier A situação do San- de imensa para o jogo ta Cruz está testando da volta no Arruda. Se nossa fé. Na Série A, a decisão de poupar 3 amargamos a vice-lan- jogadores fundamenterna e só não afun- tais foi reprovada pela damos de vez ainda maioria dos torcedoporque o z-10 parece res, também temos de nos ajudar como pode. pensar na nossa parte, Precisaremos fazer o pois a torcida já vem improvável: vencer o se poupando de ir aos Figueirense e Flamen- jogos há muito mais go ou Palmeiras para tempo. As contas atracontinuar com alguma sadas estão refletindo chance de permanên- no desempenho e elas cia. não irão se pagar sem Na Copa Sul-Ameri- a nossa ajuda. Então, cana, tampouco po- enquanto houver 1% demos sonhar alto. A de chance, temos de derrota por 2 a 0 na fortalecer nossa casa casa do Independiente como for possível. Medellín implicou em 8 minutos atrás - Resuma responsabilida- ponder
Irregular desde o início da competição, o Salgueiro ficou em 8º na Série C, longe de passar à segunda fase. Por um ponto os sertanejos não foram rebaixados à Série D. O Carcará teve dificuldades para pontuar fora de casa e, no Cornélio de Barros, não conseguiu superar equipes como Fortaleza e ASA. Para completar tropeçou em Pernambuco contra equipes como Cuiabá e Confiança. Clubes tradicionais como América de Natal e Portuguesa acabaram rebaixados. Estadual Sub-20 chega às semifinais
Torcidas invadem gramado no Cabo
VENCER OU VENCER
Os Deuses do Futebol parecem ter o desejo que a Série B do ano de 2016 alimente ao máximo a expectativa do maior número possível de torcedores. No final da última rodada, do 11º colocado para o 4º colocado a diferença era de apenas três ponto, isto é, uma simples vitória poderia proporcionar o ingresso no grupo de acesso. Segundo com os dados estatísticos, é provável que esse seja o ano em que seja necessário o menor número de pontos para
Brasil de Fato PE
Recife, 23 de Setembro a 06 de Outubro
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Nos próximos dias 24 e 1º acontecem as semifinais do Campeonato Pernambucano Sub-20. O Santa Cruz e o Sport enfrentam, respectivamente, o Porto e o Central, ambos de Caruaru. A Patativa conquistou a vaga no último ao bater o Náutico nos Aflitos. O torneio envolveu as bases dos 12 clubes que disputaram o Pernambucano 2016. Eles foram divididos em 4 grupos de 3 times, com 8 equipes passando à 2ª fase, também de grupos, dos quais saíram os 4 semifinalistas.
SPORT TIPO EXPORTAÇÂO Daniel Lamir Mesmo que pouco as- tações erradas e uma sumido nos discursos, coletânea de lances bio rebaixamento é uma zarros em campo incopreocupação. Os nú- moda qualquer um que meros não mentem. tenha amor ao clube. As reações incômo- Para completar a ironia, das também não. Os tem gente na Ilha falantermômetros de “trei- do em casamento com nador prestigiado” a torcida. Pode? Podee “Bombonilha fria” ria... desde que os dois atestam que muita coi- lados estivessem em sa precisa mudar - que pleno acordo, sintonia não seja de divisão no e pé de igualdade. Mas Campeonato Brasilei- o que existe é um lado ro. Os erros do Sport que não consegue ouvir vão dos escritórios às e outro que não consequatro linhas. O ban- gue calar. Oswaldo, isso co de reservas também não é casamento. Flernão se salvou. A tem- tar o Z-4 só atrapalha. porada com contra-