PH Reinaux
CULTURA | 13
ESPECIAL | 5
Evellyn Silva: mulher trans, trabalhadora e independente
A água no centro da disputa nacional
PE, Recife, 9 a 15 de março de 2018
ano 2
Brasil é alvo das corporações que querem privatizar recursos hídricos. e d i ç ã o 5 2 distribuição gratuita
uco
Vangli Figueiredo
As lutas e as histórias do 8 de março GERAL | 04
Direitos de Fato
Constribuição Sindical: Efeitos da Reforma Trabalhista
VARIEDADES | 14
Ciência é coisa boa Por que só 3% dos Prêmios Nobel foram para mulheres?
ESPORTES | 16
Futebol Rubro-negros pedem um Sport do povo de novo
Brasil de Fato PE
Recife, 9 a 15 de março de 2018
2 | OPINIÃO
EDITORIAL
As lutas e a história do 8 de março, o dia internacional de luta das mulheres trabalhadoras
Brasil de Fato PE
GERAL l 3
Recife, 9 a 15 de março de 2018
mandou
Frase da Semana
BEM
uma celebração a dezenas de mulheres mortas num incêndio criminoso num fábrica em 1908. A história que nos é contada na escola e na mídia, ao contrário do que se pensa, é um mito. Estudos com-
A Revolução Pernambucana atingiu proporções territoriais enormes
sufrágio universal, que era também uma pauta das mulheres burguesas e que já detinham poder. Além disso, as mulheres socialistas pautaram a jornada de trabalho de oito horas, licença-maternidade e a proibição de trabalho feminino em áreas insalubres. Foi a partir do exemplo de resistência das mulheres socialistas na Europa que surge o Dia Internacional da Mulher. Há mais de 100 anos atrás, as mulheres russas experimentaram durante anos pautas que ainda não foram conquistadas em diversos países do mundo, como o direito ao divórcio, a implantação de creches e lavanderias públicas para diminuir a carga de trabalho doméstico e a dupla jornada de trabalho, a legalização do aborto, a participação política com o direito ao voto e também a candidaturas e outras medidas que, um século depois, continuam sendo vistas
Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br
Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Marcos Barbosa e Vinícius Sobreira Colaboração: André Barreto, Daniel Lamir, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho Revisão: Mariana Reis|Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruna Leite, Bruno Ribeiro, Camila Castro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Elisa Maria Lucena, Geraldo Soares, Glaucus José Bastos Lima, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Fernando de Melo, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho,Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Marcos Aurélio Monteiro, Margareth Albuquerque, Maria das Graças de Oliveira, Marluce Melo, Moisés Borges, Patrícia Horta Alves, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis| Tiragem: 20 mil Exemplares
como avançadas. No Brasil, mulheres como Dandara, Margarida Alves, Helenira Resende e várias outras mulheres deram seu exemplo de luta contra o racismo e a escravidão, o latifúndio, a violência e a ditadura militar e até hoje estão no imaginário das mulheres como exemplos de luta e coragem. Nos últimos anos, o 8 de março tem sido a abertura do calendário de lutas do ano. Em 2018, as pautas centrais são a luta pela democracia e contra as medidas do governo golpista de Michel Temer. Atos em todo o país levaram milhares de mulheres as ruas em mais um exemplo de resistência contra os retrocessos trazidos pelo golpe e a ofensiva neoliberal. É nesses momentos de acirramen-
to que vemos a importância e a necessidade da organização e da luta
A bandeira do estado que até hoje é utilizada oficialmente, foi criada neste momento das mulheres não apenas como forma de enfrentamento a este projeto de sociedade que mostra seus sinais de esgotamento e fracasso, mas na construção de uma nova sociedade, mais justa e igualitária para as mulheres.
“É um desafio lutar por mais mulheres nos espaços de poder”
Professores do MA tem maior salário do país
Bia Cerqueira, Presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais.
rofessores da rede estadual P de ensino do Maranhão terão, a partir de março, o maior
O Brasil de Fato PE, realizou uma enquete através de nossa página no Facebook, para que nossos leitores respondessem a pergunta:
“ O que você sugere para a melhoria do trânsito no Recife?”. Confira algumas das respostas:
Vai parecer clichê mas pra mim é inevitavel: ciclofaixa
Mais transporte público Francêsca Calado
Integrar as bicicletas para melhor locomoção tanto nas vias como em transporte público e um mapeamento de onde está o maior fluxo de trabalhadores Raphael de Judá
Maria Paula Gusmão
salário-base da categoria em todo o país. Depois de dois meses de negociação com o governo do estado, os educadores obtiveram reajuste de 6,81%, o que faz com que o piso passe a ser de R$ 5.750. A medida atinge diretamente 31.500 professores ativos e outros 15 mil já aposentados.
mandou
MAL
Mais faixas exclusivas de ônibus, avenidas como Rosa e Silva e Rui Barbosa deveriam ter, não têm por falta de vontade política, bicicleta no metrô e ciclofaixas no lugar de estacionamento. Pedro Caldas Ramos
Rosinei Coutinho
provam que esse incêndio que resultaria na celebração do Dia Internacional de Luta das Mulheres jamais aconteceu. O resgate histórico feito a partir de pesquisas relaciona a origem da data a manifestações organizadas pelas mulheres
do Partido Social Democrata Alemão e o Partido Operário Social-Democrata Russo ainda no início do século XX. Essa parte da história, que parece ter sido esquecida, remonta a uma época em que as mulheres tinham jornadas de 12 a 14 horas diárias, trabalhavam até o fim da gravidez e por vezes pariam seus filhos dentro das fábricas e pouco dias depois estavam novamente inseridas nas extensas jornadas de trabalho, algumas até mesmo em serviços insalubres, não tinham direito a nenhum tipo de participação na política e por vezes o casamento era a única saída para saírem da miséria, ou então seriam jogadas para o serviço doméstico ou a prostituição. As manifestações foram organizadas em 8 de Março de 1914 na Alemanha, Suécia e Rússia. A reivindicação das mulheres trabalhadoras não objetivava apenas o
CUT MG.
origem do 8 de A Março remonta a nossa memória como
Cristiane Sampaio
DIREITOS. O resgate da história da data é inspiração para os movimentos feministas atuais
Protesto pelos privilégios polêmica do cancelamento A do gastos públicos com Auxílio-Moradia para juízes segue
para votação no Supremo Tribunal Federal no fim do mês. A verba de R$ 4.377,73 é paga mensalmente sem qualquer desconto de Imposto de Renda ou Previdência Social e independentemente de o beneficiário ter casa própria. Não satisfeitos, juízes decidiram realizar uma greve nacional no próximo dia 15, para pressionar os ministros do STF a manterem o benefício.
4 ||Mundo GERAL
Brasil de Fato PE
Recife, 9 a 15 de março de 2018
EDIÇÃO ESPECIAL - Nº3/2018 - CIRCULAÇÃO NACIONAL
Luta das Mulheres dia 8 de março foi marcado por lutas no estado. Em Ouricuri, no Sertão do O Araripe, o Fórum de Mulheres do Araripe, realizou um ato público com o mote defesa da democracia, contra a reforma da previdência e contra o fecha-
Marcelo Camargo/Agência Brasil
mento das escolas do campo. Devido ao aumento nos índices de violência contra a mulher na região, as mulheres também estão nas ruas pela cobrança da implantação de uma delegacia especializada. O ato encerrou em frente a Promotoria Pública do município. No Recife, o ato público iniciou com concentração ás 13h no Parque Treze de Maio. O ato seguiu em direção à Praça do Derby, passando pela Av. Conde da Boa Vista. O tema deste ano, escolhido pelo conjunto de movimentos e organizações feministas da Região Metropolitana foi “Pela vida das mulheres! Nenhum direito a menos!”. A pauta, construída pelas organizações aborda cerca de 21 temas. Estão entre eles temas como violência contra as mulheres, racismo, legalização do aborto, direito à água, terra e moradia, além da oposição à Reforma da Previdência. Além de intervenções de várias organizações e movimentos sociais, o ato contou também com rodas de diálogos e apresentações artísticas.
ESPAÇO SINDICAL Primeiro Cine Senge de 2018
Direitos de Fato
Sindicado dos EngeO nheiros no Estado de Pernambuco (SENGE PE)
realizou no dia 08 (quinta-feira) o primeiro Cine Senge de 2018. O Cine, que já se consolidou como atividade sindical, busca através de filmes de caráter político discutir com a categoria as realidades vividas pela classe trabalhadora. Nesta seção foi exibido o filme ‘Eu, Daniel Blake’ ganhador do Palme d’Or em 2016, com a temática sobre o moderno mundo do trabalho e questões sobre os direitos trabalhistas, o filme garantiu boas discussões sobre o atual cenário político brasileiro.
Bancários e Saúde do Trabalhador
O
Sindicato dos Bancários de Pernambuco realizou na última quarta-feira (07) um encontro com a categoria para debater sobre a incidência de LER/DORT sobre os bancários. As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são doenças que atingem mais comumente trabalhadores que passam muito tempo na mesma posição e utilizando computadores, sobre forte pressão, como é o caso dos bancários. O evento alertou para os perigos do adoecimento no trabalho.
Contribuição Sindical: efeitos da Reforma Trabalhista omo sabido, um dos principais objetivos da Reforma Trabalhista C foi o de acabar com a contribuição sindical obrigatória – aquele recurso que é repassado aos sindicatos a partir do desconto em
folha do valor correspondente 1 dia de trabalho, no mês de março, de todos os trabalhadores que sejam de sua base, independente de serem filiados ou não à entidade sindical. Assim, com as mudanças na CLT feitas pela Reforma, essa contribuição para seguir sendo recolhida e repassada ao sindicato, será necessário agora a sua aprovação em assembleia geral da categoria e autorização prévia e individual de cada trabalhador (art. 579 da CLT). Entretanto, já há várias decisões judiciais da Justiça do Trabalho por todo o país declarando que tal mudança é inconstitucional, ou seja, que ela seja descontada e paga independente de autorização prévia e individual. O fundamento dessa inconstitucionalidade estaria na natureza tributária desta contribuição, de modo que, segundo consta na Constituição de 1988, qualquer alteração sobre ela deveria ter sido feita por lei complementar, em vez de lei ordinária. Uma coisa é certa: essa alteração impacta o financiamento das lutas, com clara intenção de enfraquecer o movimento sindical e o processo de negociação *André Barreto é Advogado em Recife
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
A ÁGUA NO CENTRO DA
DISPUTA MUNDIAL Brasil é alvo das corporações que querem privatizar recursos hídricos; movimentos defendem recurso natural como direito PÁG. 3
CRISE
Racionamentos e uso indevido da água impactam a população PÁG. 6
RESISTÊNCIA
Entidades organizam Fórum Alternativo Mundial da Água em Brasília PÁG. 4
02 EDITORIAL
Defender a água e combater a privatização
A água está no centro de uma grande disputa mundial. Grandes grupos empresariais orquestram um plano de privatização completa deste recurso. O Brasil possui em seu território uma das maiores reservas do planeta, com cerca de 12% de toda água doce disponível. E as empresas internacionais querem se tornar donas deste bem natural. Com a crise do capitalismo e o golpe, que colocou o ilegítimo Michel Temer no comando do país, a agenda da privatização da água vem se acelerando dia após dia. O governo está abrindo as portas para entregar esse recurso natural ao capital. No mês de março, Brasília será palco de dois grandes eventos para tratar do tema, porém, com objetivos totalmente contrários. De um
lado, as empresas transnacionais, fundos de investimentos, paraísos fiscais e bancos que veem na água um grande negócio, promovem o Fórum Mundial da Água, também conhecido como Fórum das Transnacionais. Entre os patrocinadores do evento estão a Nestlé, Ambev, o governo do estado de São Paulo (PSDB), além do governo de Temer.
A privatização só prejudica a população Do outro lado, estão os povos de várias partes do mundo, do campo e cidade, que lutam contra qualquer
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EDIÇÃO ESPECIAL N.º 3/2018 - CIRCULAÇÃO NACIONAL
EDIÇÃO ESPECIAL N.º 3/2018 - CIRCULAÇÃO NACIONAL
forma de privatização da água. Os trabalhadores e trabalhadoras promoverão o FAMA – Fórum Alternativo Mundial da Água, que possui como mensagem principal “água é um direito, não mercadoria”. A luta é em defesa da água e contra o estabelecimento da propriedade privada sobre este bem natural. A privatização só prejudica a população. Centenas de cidades estão se vendo obrigadas a reestatizar seus serviços de saneamento, em função do caos deixado pelas empresas privadas. No entanto, o plano não se restringe ao saneamento. A ideia é estabelecer um grande mercado mundial de água. Ou seja, as transnacionais pretendem se apropriar dos rios, nascentes, barragens, aquíferos e serviços públicos para gerar lucro e acumulação de riqueza ao capital.
O objetivo das empresas transnacionais é tornar a água uma mercadoria, impondo preços altíssimos ao povo para gerar muito lucro. Paralelamente a esse movimento, a população se verá sem esse direito fundamental à sobrevivência.
A água não pode ter dono A água não pode ter dono. A água deve ser controlada pelo povo e estar à serviço do povo. Não devemos admitir nenhuma forma de privatização. E é por este objetivo que devemos lutar juntos. Missão que só os lutadores e lutadoras do povo podem realizar.
Na mira das grandes corporações
Nestlé protagoniza articulações internacionais em prol da privatização da água RAFEL TATEMOTO DE BRASÍLIA (DF)
A privatização da água em escala mundial é um dos principais pontos da agenda de grandes corporações. Dono das maiores reservas de água do planeta, o Brasil é um dos alvos prioritários da proposta. Desde 2016, circulam propostas de privatização do aquífero Guarani, segunda maior reserva de água subterrânea no mundo. A primeira
também fica no Brasil, o de Alter do Chão. A entrega dos recursos hídricos à gestão privada é historicamente defendida pelo Water Resources Group, articulação fundada pela Nestlé, Coca-Cola e Pepsi. A posição também foi a tônica de diversas falas durante o Fórum Econômico Mundial 2018, realizado em janeiro, em Davos, na Suíça. Durante o evento, Michel Temer se encontrou com executivos da
10 motivos para
lutar contra a
privatização
1
Destruição da soberania do país, com entrega de bens do povo brasileiro a empresas transnacionais
2 Aumentos abusivos nas tarifas para o consumidor, em busca de lucro
3
Queda na qualidade do serviço oferecido. Trabalhadores são demitidos e outras partes terceirizadas. Os bairros e comunidades mais pobres são os primeiros a sofrerem as consequências
4 Racionamento do fornecimento e sucateamento
Ambev e da Coca-Cola, e participou de um debate com o presidente do Conselho da Nestlé, Paul Bulcke, que ficou conhecido por ter dito que “se algo não tem preço, as pessoas desperdiçam”. A ideia dos executivos é criar um mercado internacional de compra e venda de água, com produção em larga escala por entes privados e negociações em bolsas de valores. Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB), diz que a ofensiva sobre a água é fruto de um momento de crise do capitalismo na qual se busca a apropriação dos recursos naturais e do patrimônio público. “A pauta principal das corporações é a privatização da água. O objetivo é estabelecer a propriedade privada sobre a água para que os diferentes ramos de negócios relacionados ao recurso sejam dominados pelo capital para gerar lucro e acumulação”, diz.
6
Restrições ao acesso, pois, na lógica corporativa, a água só será fornecida a quem puder pagar por ela
7 Ausência de investimentos de longo prazo em
infraestrutura, por não serem lucrativos para a iniciativa privada
8 Envenenamento dos rios pelas empresas
transnacionais do agronegócio. Grandes volumes de agrotóxicos são usados em seus projetos de irrigação
9 Transnacionais se apropriam das barragens, destroem a natureza e superexploram a população através dos altos preços da energia elétrica
dos equipamentos aconteceram na maioria das cidades onde o sistema foi privatizado
5 Destruição de nascentes e de rios inteiros por conta da
extração desenfreada. O exemplo mais recente é Correntina (BA) e o Rio Doce (MG) Esta é uma edição especial, produzida em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com circulação nacional gratuita, em março de 2018. Jornalismo: Nina Fideles, Rafael Tatemoto, Cristiane Sampaio, Bruno Ferrari, Guilherme Weimann, Rafaela Dotta, Júlia Garcia, Marcelo Aguilar | Jornalista responsável: Nina Fideles (MTB: 6990 DF) | Diagramação: José Bruno Lima Artes: José Bruno Lima, Wilcker Morais e Gabriela Lucena
10
Aumento dos desmatamentos pelo agronegócio que busca aumentar de 6 milhões para 30 milhões os hectares irrigados no país. Tem sido frequente também a solicitação de liberação para desmatamentos de grandes áreas em costas de rios
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Movimentos organizam fórum sobre a água em Brasília FAMA se contrapõe ao Fórum das corporações pela defesa da água como um bem público GUILHERME WEIMANN DE SÃO PAULO (SP)
Desde o início do ano, uma complexa estrutura está sendo montada em Brasília para abrigar, entre os dias 17 e 22 de março, o Fórum Mundial da Água. Com o apoio do Governo do Distrito Federal, serão utilizados 38 mil metros quadrados do Estádio Mané Garrincha, além do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. De acordo com o Assessor de Saneamento da Federação Nacional dos Urbanitários, Edson Aparecido da Silva, o Fórum é organizado pelo Conselho Mundial da Água, criado em 1996, na França, com interesses de mercantilizar a água. “Sua estratégia é criar mecanismos que coloquem a água como mercadoria geradora de lucro, na medida em que se trata de um insumo estratégico da produção e reprodução do capital”, aponta. Silva também questiona o slogan propagandeado pela atividade: “Compartilhando Água”. “Nos perguntamos: compartilhando água de
quem, pra quem, e pra quê?”. Na plateia do evento, estarão representantes de governos, empresas de saneamento e, principalmente, grandes corporações como Coca-Cola e Nestlé. Paralelamente ao fórum, ocorrerá, no Parque da Cidade, também no Distrito Federal, o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), construído por movimentos populares, sindicatos e ONGs. Com o lema “Água é um direito, não mercadoria”, o principal objetivo é fazer um contraponto ao fórum “oficial”. Segundo a integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Cássia Bechara, o principal objetivo é combater a privatização e todo tipo de mercantilização da água". “Nós somos contra o estabelecimento de propriedade privada sobre a água. Nós não aceitamos a privatização dos rios, dos serviços de abastecimento, das nascentes, ou das águas subterrâneas. A água é um bem comum, deve a servir ao povo, e não ao mercado ou ao capital”, defende.
Bruno Ferrari
Com o lema "Água é um direito, não mercadoria", movimentos discutem privatização
Saneamento público Nos últimos anos, o mundo tem visto um processo de reversão das privatizações que ocorreram no saneamento, que inclui abastecimento de água e tratamento do esgoto. De acordo com reportagem do jornal espanhol El País, entre 2000 e 2015 foram registrados 235 casos de remunicipalização, grande parte concentrados na
Europa. Paris foi um exemplo e, apenas em 2010, primeiro ano da remunicipalização, economizou 35 milhões de euros e reduziu as tarifas em 8%. No Brasil, apesar da tendência à privatização, a prefeitura de Itu (SP) retomou os serviços de saneamento em 2016, após oito anos (2007-2015), de gestão privada, que causou o maior racionamento da história cidade.
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Crise hídrica no DF afeta Correntina: um pavio principalmente a periferia aceso na Bahia CRISTIANE SAMPAIO DE BRASÍLIA (DF)
Enfrentando atualmente a maior crise hídrica da história, o Distrito Federal (DF) vive há mais de um ano sob um racionamento de água que penaliza especialmente a população das periferias. O agricultor Flávio do Carmo, morador do assentamento Canaã, em Brazlândia, a 45 quilômetros de Brasília, sente na pele e no bolso o peso do problema. Depois de passar por racionamentos que chegavam a seis dias seguidos, ele construiu uma cisterna em casa, que já lhe custou mais de R$ 10 mil. Ele aponta que o Governo do Distrito Federal (GDF) trata com desigualdade os bairros nobres e as comunidades periféricas. "Tem condomínios de classe média alta com piscina, churrasqueira e três ou quatro poços artesianos. Nós aqui não temos nem outorga pra cons-
truir um poço. Eu me sinto marginalizado", desabafa. O ambientalista Thiago Ávila, da Frente Povo Sem Medo, assinala que o DF carece, entre outras coisas, de maior preservação dos recursos hídricos, investimento em educação ambiental e gestão popular do processo de captação e distribuição da água. Além disso, a população sofre com a ameaça de privatização do serviço público de saneamento, administrado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). "Água não pode ser tratada como bem privado, como objeto de especulação pra gerar lucro. A gente precisa socializar o bem viver", defende Ávila. A reportagem procurou a Caesb, que, em nota, argumentou que "a maioria das residências, mesmo nas cidades consideradas periféricas, tem caixa d'água" e que faz campanhas educativas sobre o uso racional da água.
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EDIÇÃO ESPECIAL N.º 3/2018 - CIRCULAÇÃO NACIONAL
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BRUNO FERRARI DE SÃO PAULO (SP)
No dia 2 de novembro de 2017, milhares de trabalhadores ocuparam duas fazendas de propriedade do grupo empresarial do agronegócio Igarashi (de origem japonesa), no município de Correntina, na região Oeste da Bahia, em defesa das águas do rio Arrojado, afluente do Rio Corrente. Os camponeses denunciaram a destruição do cerrado para o plantio de monoculturas e a utilização desproporcional de água das duas fazendas - aproximadamente cem vezes maior que a quantidade consumida pela população do município –, causando o desaparecimento de nascentes e diminuição da vazão dos rios. Após o ato, os manifestantes vêm sofrendo com ameaças e intimações da polícia e do Judiciário.
Na semana seguinte à ocupação, mais de 12 mil pessoas (mais de um terço da população local), saíram às ruas contra a criminalização da luta e em defesa das águas. A empresa Igarashi, por meio de nota, disse estar em dia com a documentação de exploração dos rios. Segundo Temóteo Gomes, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a pauta está focada justamente na revisão ou suspensão dessas autorizações de exploração para o agronegócio. “Muitas das outorgas, que foram dadas a grandes grupos multinacionais, estão em situação irregular, outras tantas foram adquiridas por processos fraudulentos. Se não revisarmos e suspendermos esses processos imediatamente, não só os rios do oeste baiano estão em risco, mas os rios de todo o Brasil”, aponta Temóteo.
Governo mantém agenda de privatizações
Após recuo na Reforma Previdência, Temer apresentou pacote de medidas prioritárias Roberto Parizotti/CUT
RAFAEL TATEMOTO DE BRASÍLIA (DF)
No mesmo dia em que recuou na votação da chamada reforma da Previdência, pelo menos até as eleições de outubro, o governo de Michel Temer apresentou um conjunto de medidas prioritárias do governo. A lista é composta por antigas reivindicações do mercado e foi apresentada como plano alternativo à reforma. Um dos exemplos é o projeto que confere autonomia ao Banco Central, retirando do Planalto instrumentos de gestão econômica, como a política monetária e a taxa de juros. Outro ponto é a extinção do Fundo Soberano Brasileiro (FSB), mecanismo financeiro criado em 2010 com o objetivo de ajudar projetos estratégicos do país. Na Noruega, por exemplo, uma ferramenta similar será utilizada para custear as futuras aposentadorias.
Mapeamento do site G1 aponta que há 75 projetos de entrega de estatais à iniciativa privada em âmbito federal. Um destes, questão central do pacote governamental, é a venda do sistema Eletrobrás. Constam também aeroportos, portos e ferrovias. O Planalto justifica a medida como forma de recompor o caixa. Cloviomar Caranine, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), rebate a tese governista. Segundo ele, historicamente, privatizações não resolveram o problema fiscal e, após as vendas da década de 1990, a dívida pública aumentou. Caranine ressalta que o exemplo internacional deve ser estudado: “Como os outros países, até mesmo os de orientação neoliberal, tratam suas empresas estatais e qual o papel delas lá? Elas são importantes e esses países as entendem como estratégicas”, questiona.
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CULTURA |l 13 13 Variedades
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Evellyn Silva: mulher trans, PERFIL trabalhadora e independente PH Reinaux
loja perto de casa e conseguiu caminhar para ser quem
Rani de Mendonça
“Quando eu era criança sonhava muito em ser modelo, depois fui trabalhar no comércio e agora estou em uma empresa de telemarketing. Nessa última empresa eu tive uma experiência como treinadora e gostei muito da área de recrutamento de pessoas”. O tema trabalho permeia toda a narrativa da vida de Evellyn Silva, 29 anos, moradora da cidade de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife. Trabalhadora e mulher transsexual, Evellyn confirma um dos maiores entraves na vida de uma mulher: a busca pela independência financeira. No caso de Evellyn, esse embate aconteceu muito cedo, quando seu irmão – único que tinha renda em sua casa- percebendo os trejeitos femininos, apelou para a dominação financeira para que Evellyn ‘virasse homem’. “Ele vivia dizendo para minha mãe: “se ele não mudar, a senhora vai passar por necessidade”, fazendo pressão para que minha mãe viesse conversar comigo e me pedir mudança. E eu tinha que aceitar, porque eu não trabalhava”, conta. E foi assim por muito tempo, até que chegou o momento em que Evellyn cedeu às pressões e aceitou cortar os cabelos. “Ele me levou para um salão de beleza do bairro. Parecia que era algo muito planejado, porque tinha muitos amigos deles para assistir tudo aquilo. Era como se ele quisesse provar pra todo
me identifico com trans.”, defende. Nos documentos, Evellyn ainda carrega o nome Wagner da Silva e conta que já pensou muito sobre a troca, inclusive pra diminuir as possíveis exposições em lugares públicos, mas que a pedido da sua mãe ainda não encaminhou com esse processo. Ela leva a vida em alerta para explicar a todas as pessoas que tem um nome social. “Na minha rotina eu consigo conviver bem até com os olhares de reprovação. Acho que sou assim porque tenho meu trabalho e sou independente”, afirma. Com um relacionamento de mais de 10 anos, nas horas vagas, Evellyn gosta de sair com o namorado, frequentar restaurantes, ir à praia e dançar. “Diferente de muitas trans, eu tenho um relacionamento muito tranquilo. Ele me respeita e me assume de tudo”, constata. Sobre seu futuro, a mulher de cabelos longos e fortes enfatiza: “Meu maior medo agora é não ter minha independência. Me vejo daqui uns anos formada em Recursos Humanos, no trabalho que eu quiser. E para todas as trans, gostaria que o mercado de trabalho fosse mais aberto, sem discriminação e preconceito”, conclui.
Eu me identifico com trans Ela leva a vida em alerta para explicar a todas as pessoas que tem um nome social
Me vejo daqui uns anos formada em Recursos Humanos, no trabalho que eu quiser mundo que conseguia, porque era o homem da casa”, lembra triste daquela cena. Esse dia foi marcante. A bermuda que ela usava, as frases ditas pelo cabelereiro e o boné usado depois não serão esquecidos. Até o cabelereiro tentou amenizar e cortar somente a parte excessiva e que estava preso, mas o irmão de Evellyn, como tinha o propósito de cortar nos padrões masculinos, não deixou e mandou passar a máquina zero. Com os ca-
belos raspados, ela passou por um processo de muita tristeza, sem vontade de comer, de sair e quase entrou em depressão. Com os olhos marejados, lembra que quem a ajudou nessa fase foi sua tia, hoje falecida. “Ela chegou pra mim e disse: você vai levantar a cabeça e vai atrás de trabalho. Você vai mostrar a ele que você não depende dele para nada. Você vai viver do jeito que você quer”, diz. Depois desse momento, ela arrumou um emprego como vendedora de uma
sempre foi. A relação com o irmão depois disso nunca mais foi afetiva, mas conseguem se aturar nas reuniões familiares, já que ele não mora mais com ela. “Hoje em dia ele me respeita, porque eu trabalho, sou uma mulher independente e sustento minha casa e minha mãe”, ressalta. Ser mulher para Evellyn vai muito além da relação com os órgãos genitais. Por isso, ela não pensa em fazer a redesignação sexual, que é o procedimento cirúrgico pelo qual as características sexuais de nascença de um indivíduo são mudadas para aquelas socialmente associadas ao gênero que ele se reconhece. “A única que cirurgia que eu penso em fazer é colocar silicone, porque é ruim ficar tomando tanto remédio. Mas, pensar em tirar o órgão eu não quero, porque mexe muito na saúde e muitas vezes o corpo não aceita. Eu gosto de ser uma trans, eu
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CIÊNCIA COISA BOA Por que só 3% dos Prêmios Nobel foram para mulheres?
Divulgação
Renan Santos* predominante em nossa machista sociedade a ideia de que mulheres e homens deÉ vem desempenhar papéis diferentes. Assim, aqueles de maior prestígio, que teoricamente necessitam de grandes habilidades físicas e intelectuais, costumam ser destina-
dos aos homens. E com a ciência não é diferente. Desde sua origem ela é uma atividade bastante masculina. Pense em cinco grandes cientistas. Provavelmente você se lembrou só de homens. Mas, ao contrário do que o senso comum afirma, isso não se deve à menor inteligência das mulheres, e sim ao machismo. Por sinal, a ciência já cansou de provar que mulheres e homens possuem igual capacidade intelectual. As mulheres foram historicamente excluídas do meio científico. No início, eram proibidas até de acessar as universidades. Após conquistar esse espaço, foram postas em funções de apoio, como auxiliares de homens. São inúmeros os casos de descobertas feitas por mulheres em que homens levaram os créditos. Nas últimas décadas esse cenário tem se alterado. Elas têm conquistado cada vez mais espaço e relevância na ciência. Porém, ainda estamos longe da ideal igualdade. Segundo a UNESCO, em 2017, 28% dos pesquisadores no mundo eram mulheres. E, até hoje, somente 3% dos Prêmios Nobel em ciência foram destinados a elas. No Brasil, esse cenário é um pouco melhor. Somos um dos países com melhor proporção de mulheres cientistas. Desde 2010, elas são maioria por aqui. Porém, ainda precisamos superar outros limites. Por exemplo, elas ainda são minoria entre as agraciadas com bolsas, nos cargos de chefia e coordenação científica e acadêmica. É inquietante saber que apenas em dezembro de 2017 foi assegurado por lei o direito à licença maternidade para bolsistas de pesquisa no Brasil. Como queremos que nossas jovens se dediquem à extensa carreira acadêmica se nem direitos básicos lhes são assegurados? A cada ano as mulheres usam o dia 8 de março para afirmar que lugar de mulher é onde ela quiser. Inclusive na ciência.
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Nossa cozinha
PÃO DE CASCA DE BANANA Ingredientes:
Minha filha tem muita cólica. Sente tonteiras e já chegou a desmaiar. Já fui com ela ao ginecologista, que deu um anticoncepcional prometendo que ia melhorar. Já faz 6 meses e ainda não vemos resultado. O que faço? É normal?
6 bananas com casca; 1 xícara de água; 1 xícara de leite; 30g de fermento fresco; 1/2 xícara de óleo; 1 ovo; 1/2 pitada de sal; 1/2 kg de farinha de trigo.
Ana Carolina de Souza, 26, recepcionista.
A
Modo de Preparo: Bater as cascas de bananas e a água no liquidificador; Juntar o óleo, os ovos e o fermento e bater mais um pouco; Acrescentar a farinha, o sal e o açúcar e misture; Por último, colocar na massa as bananas em rodelas; Colocar a massa em uma forma untada com margarina e farinha de trigo; Deixar crescer até dobrar de volume e levar para assar em forno pré-aquecido.
ntes se acreditava que as cólicas eram necessárias e que fazia parte da vida das mulheres suportá-las, quase como um castigo, um horror!Hoje já sabemos que as coisas não são bem assim. A primeira coisa é investigar se as cólicas estão relacionadas a algum problema como miomas ou ovários policistiscos. Outra coisa que ajuda opção é praticar uma atividade física regular. Algumas práticas integrativas também ajudam, como apuncultura, homeopatia. A última opção seria o uso dos contraceptivos orais, desde que prescrito e acompanhado por médico(a). Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF
Esta e outras receitas você encontra no Mapa de Feiras Orgânicas do IDEC: http://feirasorganicas.org.br/receitas ESPORTES | 15
Artigo
Rubro-negros pedem um Sport do povo de novo MOVIMENTO. Torcedores do Leão lançam manifesto para resgatar um Sport “das massas”
Renan Santos é professor de biologia. *Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Divulgação
Vinícius Sobreira
No último dia 15 de fevereiro a torcida do Sport viu seu time ser eliminado da Copa do Brasil de forma vexatória em plena Ilha do Retiro, diante do modesto Ferroviário do Ceará, equipe da Série D do Campeonato Brasileiro. Semanas antes o Leão levara 3x0 de um Náutico fragilizado e em crise. A paciência do
torcedor chegara ao limite. E um grupo de rubro-negros que há meses debatiam assuntos relacionados ao clube decidiram ampliar o debate com o conjunto da torcida: lançaram um manifesto e iniciaram o Movimento Democracia Rubro-negra. Um dos integrantes do Democracia Rubro-negra é João Victor Rocha, de 34 anos. Ele afirma que o movimento é composto por sócios e não-sócios do Sport. “Somos contra excluir os torcedores que não são associados. Somos um movimento de
torcedores apaixonados pelo Sport”, afirma João Victor. Ele destaca que a crise no Leão e o progressivo afastamento do perfil de um clube de massas levou os integrantes a iniciarem o movimento, com objetivo não de atacar a atual gestão, mas pensar que Sport o torcedor quer. Entre as pautas do movimento está a redução do preço dos ingressos para que mais torcedores possam ir aos jogos. A avaliação é de que o aumento dos ingressos da Ilha, nos últimos anos, foi uma tentativa da diretoria de afastar as torcidas organizadas. “Não compactuamos com torcidas que
Somos um movimento de torcedores praticam a violência. Mas o aumento do preço do ingresso acabou afastando todos os torcedores de menor poder aquisitivo, que são a maioria dos torcedores do Sport” reclama Rocha. “Se mantivermos isso, vamos afastar uma geração inteira. Vamos perder torcedores. Por isso não concordamos”, pontua. Entre as pautas do Movimento Democracia Rubro-negra estão o retor-
no à Copa do Nordeste, o fortalecimento das relações com os clubes da região, a aproximação com os torcedores do interior através de Consulados do Leão, mudanças no formato de eleições do Sport a criação de um “Portal da Transparência” do clube e a contratação de mais profissionais remunerados para se dedicarem 100% à gestão do futebol. O manifesto do Democracia Rubro-negra está no site Petição Pública e, para participar ou se informar sobre as próximas ações do movimento, o e-mail para contato é democracianosport@gmail. com.
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Brasil de Fato PE
Recife, 9 a 15 de março de 2018
GOL DE PLACA
NA GERAL Divulgação
FSMAnatorg.jpg
Estatueta e recado
Patrícia Lima
divulgação
Esquiva de olho no cinturão
N
a noite deste sábado (10) tem Brasil no ringue. O capixaba Esquiva Falcão, prata nas Olimpíadas de Londres 2012, enfrenta o francês Salim Larbi. No boxe profissional Esquiva tem 19 lutas e venceu todas, sendo 13 delas por nocaute e, destas, 11 foram antes do 5º round. O duelo deste sábado tem 10 rounds e será transmitido pelo Sportv. O brasileiro é atualmente o 13º no ranking mundial dos pesos-médios e, se vencer, pretende desafiar japonês Ryota Murata, nº 1 do mundo na categoria, repetindo a final de Londres 2012, quando Murata levou o ouro.
Torcidas no Fórum Social Mundial
Peneira de futsal no Náutico
O
osta de jogar bola? G O Náutico realiza na tarde deste sábado (10)
Fórum Social Mundial (FSM), evento em que se debate problemas e busca-se soluções para um mundo mais justo, acontece entre essa terça-feira (13) e o sábado (17), em Salvador. Realizado por movimentos e organizações da sociedade civil de todo o mundo, o FSM deste ano tem, no dia 15, uma mesa sobre “A Luta pelo Futebol Popular nos clubes e arquibancadas”, em que serão debatidas a criminalização da cultura de torcer, a elitização dos estádios, o racismo no futebol, a resistência feminina e a democratização dos clubes, federações e das cotas de televisão.
Filipe Spenser
GOL
I
CONTRA
Tênis brasileiro precisa se recuperar
O
s brasileiros Rogerinho Dutra (nº1 do ranking brasileiro e 104º no mundial) e Thomaz Bellucci (nº3 e 133º) venceram suas disputas no torneio Challenger de Santiago e se classificaram às quartas de final. Mas na mesma semana foram divulgadas as chaves do primeiro Master 1000 de 2018, que não contará com nenhum brasileiro. Os tenistas do Brasil não tiveram bom desempenho em nenhuma competição da ATP nos últimos anos e acabaram caindo no ranking. O Masters 1000 é uma série de 9 torneios anuais do circuito mundial de tênis estão entre as principais competições do mundo.
CONFUSÕES
César Henrique ssnascimento_24@hotmail.com
filipespenser@gmail.com
força máxima que o Náutico colocou diante do Belo Jardim apenas confirmou a importância do jogo. Apesar do empate – suado, diga-se de passagem –, fizemos o suficiente para conquistar a ponta da tabela. Conquistamos a vantagem de jogar na Arena de Pernambuco tanto a quarta de final como a semifinal, que serão em jogo único. E ainda teremos o último jogo das finais também “em casa”. A humildade não pode servir de justificativa para a hipocrisia, de modo que é preciso ser sincero e reconhecer: somos favoritos para chegar à final, pois os adversários (Afogados, Salgueiro e Vitória) não mostraram um futebol superior ao nosso no campeonato. Até a final o Náutico será seu maior adversário, tendo o desafio de manter a concentração, o foco e a transpiração – suas principais características no ano.
norte-americano Kobe Bryant mostrou que não veio à Terra para passar despercebido. Após 5 títulos da NBA pelos Lakers e 2 ouros olímpicos, Bryant conquistou no último domingo um Oscar. A animação “Querido basquete”, produzida e narrada pelo ex-atleta, levou a estatueta de melhor curta de animação de 2017. O filme é inspirado na carta que Kobe publicou anunciando sua aposentadoria das quadras, em 2016. Para completar, ao receber a estatueta, o Bryant defendeu os atletas que têm coragem de expressar suas opiniões políticas.
O ESPETÁCULO PERDE MAIS UMA VEZ
RUMO À FINAL
A
uma peneira para selecionar atletas para as categorias sub-12, sub-13 e sub-14 para o futsal masculino alvirrubro. Então os garotos nascidos em 2004, 2005 e 2006 devem se apresentar à sede do clube um pouco antes das 14h, levando documento oficial que informe data de nascimento e, claro, prontos para jogar. O Timbu pretende realizar em breve novas peneiras para categorias mais avançadas. A sede fica na Av. Conselheiro Rosa e Silva, bairro dos Aflitos, sem número.
O
lha do Retiro, dia 7 de março de 2018, será mais um marco negativo. Novamente o futebol perdeu para a violência. Como torcedora do Santa Cruz, poderia estar falando do empate suado, mas bem conquistado pelo nosso Mais Querido. Também poderia estar falando de mais um Clássico das Multidões pela frente, dessa vez em caráter eliminatório. Mas o futebol ficou de lado depois das cenas de desespero e despreparo da Polícia Militar de Pernambuco. Alguns milhares de torcedores corais se aventuraram a ir ao clássico da última rodada. Pessoas de bem, pais, filhos, esposas, seus maridos e também crianças. Mas vândalos também. Nenhuma novidade. E por um indivíduo, que portava um sinalizador, vários pagaram o pato. Cenas sobre as quais só nos resta lamentar. E a pergunta que fica é: até quando?
Daniel Lamir
daniel.lamir@brasildefato.com.br
A
Ilha virou um labirinto com vários sentidos de confusão. O time ainda oscila, mas aos poucos está ganhando confiança como conjunto. Por outro lado, como não se sentir confuso com as novelas de negociações? Por exemplo, Rithely bateu o pé e não quer vestir a camisa do Galo Mineiro. Já André desapareceu da lista de presença do clube. Boa parte dos embaraços cabe à falta de transparência entre diretores, jogadores e empresários. São muitos bastidores para pouca voz pública, no chamado “esporte do povo”. E o que falar sobre as condições para frequentar um estádio? A presença de um sinalizador na Ilha é evidência da necessária melhoria na fiscalização. Além de quem portava o sinalizador, resta saber quem mais tem culpa. Vale ressaltar que fiscalização não é o mesmo que truculência.