BdF PE - Ed. 109

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ENTREVISTA| 11

Petrolina

José Jonas Duarte

Município recebe o primeiro Mercado Público de Alimentos Orgânicos do Nordeste

Professor e pesquisador fala sobre o desenvolvimento do Nordeste e a importância da convivência e transformação do Semiárido

Divulgação

Alxandre Justino/PMP

CIDADES | 10

PE UMA VISÂO POPULAR DO BRASIL E DO MUNDO Pernambuco

Recife, 18 a 24 de outubro de 2019

ano 3

e d i ç ã o 10 9

distribuição gratuita

CHESF

Com a privatização da Chesf, preço da luz e dos alimentos podem subir

GERAL | 03 IFPE

Inscrições para o vestibular estão abertas

BRASIL | 06 Desigualdade

Pesquisa mostra aumento da distância entre mais ricos e mais pobres

VARIEDADES | 14 Amiga da Saúde

A camisinha masculina é de tamanho único?


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2 | OPINIÃO

EDITORIAL

O frevo, a agricultura familiar e as manifestações populares são mostradas de maneira honesta? PH Reinaux

DIREITO.

18 de outubro é celebrado o dia internacional pela democratização da mídia

A desinformação por vezes é utilizada para confundir e manipular a população

o dia 18 de outubro N é celebrado o dia internacional pela demo-

cratização da mídia. A data que surgiu no ano 2000 em Toronto, Canadá, tem o intuito de provocar a sociedade a debater as questões sobre o direito humano à comunicação. Atualmente poucas famílias hegemonizam a mídia brasileira e estão diretamente ligadas a parlamentares ou seus familiares. No entanto, a rádio e TV são concessões públicas e não poderiam, segundo a Constituição, estar nas mãos de indivíduos ou grupos familiares. Diante disso, é importante se questionar como o povo e sua diversidade étnico-cultural e regional tem sido retratado na mídia comercial. O frevo, a agricultura familiar e as manifestações

Essas vozes são realmente ouvidas? populares são mostradas de maneira honesta? Essas vozes são realmente ouvidas? Desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff em 2016, o Brasil vem num crescente processo de ataque à liberdade de expressão. A partir da eleição de Jair Bolsonaro em 2018, esses ata-

ques se acentuaram e se institucionalizaram promovendo ações de censura e perseguição a artistas, jornalistas e educadores, por exemplo. E tudo isso diz respeito ao direito à comunicação. E junto a isso, há uma campanha de desinformação que tem ganho grandes proporções nesse último período com a ampliação do acesso a internet e a redes sociais de mensagens instantâneas, como é o caso do WhatsApp, pela maioria da população. O que não significa que notícias falsas utilizadas para manipular a opinião pública seja uma novidade das últimas eleições. Muito pelo contrário, para quem não se lembra, o debate das eleições pre-

sidenciais de 1989, entre Lula e Fernando Collor, foi manipulado para favorecer o segundo candidato, o que foi admitido anos mais tarde pelo próprio diretor da Rede Globo. Há grupos ligados à mídia comercial que quando questionados sobre a democratização e regulação da comunicação, afirmam se tratar de censura e controle dos meios. Por outro lado, quem constrói a luta pelo direito à comunicação a compreende como um direito humano básico que precisa ser construído a partir dos interesses da população e não de um grupo. A desinformação por vezes é utilizada para confundir e manipular a população e acabam por cercear o direito das pessoas à informação e ao conhecimento e isso também é uma forma de violação do direito à comunicação. Portanto, lutar contra a censura e a de-

sinformação significa lutar para que as tantas vozes que compõem o nosso povo sejam ouvidas, respeitadas e ecoadas pelos morros, becos, avenidas e feiras. Para que a arte e a educação não permaneçam sendo encaradas como inimigas da população como quer o atual governo federal e, sobretudo, para construirmos uma comunicação democrática. E essa forma de fazer comunicação precisa ser debatida e refletida não somente no dia 18 de outubro, mas de forma permanente por toda a sociedade e o Brasil de Fato Pernambuco se coloca enquanto um instrumento de comunicação comprometido com a realidade e a luta do povo. Por isso nos contrapomos à desinformação e nos propomos a construir uma visão popular de Pernambuco, do Brasil e do mundo.

Expediente Brasil de Fato PE O Brasil de Fato circula nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Paraíba e Bahia com edições regulares. Em Pernambuco está nas ruas todas às sextas-feiras com uma visão popular de Pernambuco, do Brasil e do Mundo. Página: brasildefatope.com.br | Email: pautape@brasildefato.com.br | Para anunciar: brasildefatopernambuco@brasildefato.com.br | Telefone: 81. 96060173

Edição: Monyse Ravena | Redação: Vinícius Sobreira, Marcos Barbosa, Vanessa Gonzaga, Rani de Mendonça e Fátima Pereira. Articulista: Aristóteles Cardona | Colaboração: André Barreto, Bianca Almeida, PH Reinaux, Catarina de Angola | Administração: Iyalê Tahyrine Diagramação: Diva Braga | Revisão: Júlia Garcia | Tiragem: 20 mil exemplares Conselho Editorial: Alexandre Henrique Pires, Bruno Ribeiro, Carlos Veras, Doriel Barros, Eduardo Mara, Geraldo Soares, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Carlos de Oliveira, Fernando Melo, Fernando Lima, Laila Costa, Luiz Filho, Luiz Lourenzon, Marcelo Barros, Margareth Albuquerque (in memorian), Marluce Melo, Paulette Cavalcanti, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Lapa, Roberto Efrem Filho, Rogério Almeida, Rosa Sampaio, Sérgio Goaiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis.


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GERAL l 3

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FRASE da semana Humor é uma coisa que se faz com o cérebro, e se ele vier acompanhado de mudanças no pensamento, fico feliz

Nota

SERVIÇ0S Análise de solo gratuita

Wikimedia Commons

Divulgação

Gregório Duvivier, ator e escritor, em entrevista ao Brasil de Fato MG.

Algum professor ou professora marcou sua trajetória escolar?

m Petrolina, um projeto do IF E Sertão-PE oferece análise de solo gratuita para pequenos pro-

dutores. A iniciativa pretende garantir maior efetividade da produção agrícola e reduzir problemas ambientais. Os interessados podem solicitar a análise no Laboratório de Solos do campus Petrolina Zona Rural, localizado no KM 22 da PE 647, informando a cultura produzida, a profundidade em que foi retirada a amostra de solo e o tamanho da propriedade.

Vestibular IFPE Marina Meireles

N

o ensino médio, a professora de literatura, Délbia, ensinou que nossa turma não deveria se calar diante das opressões e nos incentivou a estudar. Foi uma das primeiras que via a turma como mais do que vestibulandos.

Marcela Eloi, estudante de Letras.

O ive uma professora, Sheila, que até hoje soT mos amigas. Para além da escola, criamos um vínculo de amizade e ela me incentivou a entrar na universidade.

Gabrielly Gregório, estudante de Geografia.

Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) lançou o edital do vestibular 2020.1, com 4.715 vagas em 61 cursos e em diferentes modalidades. As inscrições vão até 13 de novembro e custam R$ 30 para cursos técnicos e R$ 55 para cursos superiores. Também é possível solicitar isenção da taxa e concorrer às vagas como cotista. A prova acontece no dia 15 de dezembro e o edital de inscrição está disponível no www.cvest.ifpe.edu.br. Em caso de dúvidas, o telefone para contato é (81) 2125-1724 e o e-mail vestibular@ifpe.edu.br.


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4 ||Mundo GERAL

NA

Brasil de Fato PE

Direitos de Fato

LUTA

Luta pelo Território Reforma sindical: o que pode vir por aí?

D

esde junho de 2012 a campanha pelo Território Pesqueiro do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) em parceria com várias entidades, universidades e movimentos está na luta para propor uma lei de iniciativa popular para a regularização do território das comunidades tradicionais pesqueiras. Para isso, o movimento busca a assinatura de 1% do eleitorado brasileiro, equivalentes a 1.406.466 assinaturas até o mês de novembro, quando o MPP vai entregar o projeto de Lei no Congresso Nacional após sete anos de coleta de assinaturas. Ainda assim, pela necessidade de demonstração de apoio da sociedade, o movimento vem colhendo também assinatura online. Para quem deseja assinar e contribuir com a causa, basta acessar o www.bit.ly/2MeN3R1.

Despejo suspenso PH Reinaux

ameaça de despejo contra o CenA tro Paulo Freire, espaço de formação do Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem Terra (MST) na cidade de Caruaru (PE) foi suspensa. A decisão da ordem de reintegração de posse favorável ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) foi emitida no último mês de setembro e na última terça-feira (15) o cumprimento da decisão foi suspenso pelo desembargador Manoel Erhardt, do TRF5, cancelando a decisão do juiz da 24ª Vara Federal de Pernambuco, de Caruaru, que determinava a desocupação do Centro. A suspensão dos efeitos da antiga decisão vai até a decisão final do agravo, que será feita pela 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5, ainda sem data.

próxima grande reforma na legislação trabalhista é a Reforma A Sindical, a qual levará a uma mudança profunda no que conhecemos hoje por sindicatos e as negociações coletivas entre essas en-

tidades e empresas. O Governo Bolsonaro iniciou a discussão interna sobre o tema ao publicar no início de setembro a Portaria 1.001, da Secretaria da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, criando o Grupo de Altos Estudos do Trabalho, com a missão de formular uma proposta legislativa de “modernização das relações trabalhistas e sindicais”. Porém, como já antecipado, focará na liberação de sindicatos por empresa, semelhante ao modelo americano, o que tende a aumentar a pulverização hoje já existente. Antecipando-se ao Governo, foi apresentada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 171/2019) na Câmara de Deputados, em acordo entre o seu presidente, Rodrigo Maia, e algumas centrais sindicais. Alterando o art. 8º da Constituição Federal, destaca-se nela: o fim da unicidade sindical, ampliando a liberdade de organização dos sindicatos, passando a poder haver mais de um na mesma base de representação; limitação da representação sindical aos associados; regulação das regras mínimas de criação e funcionamento dos sindicatos pelo Conselho Nacional das Organizações Sindicais, de caráter bipartite e paritária, com membros do setor patronal e dos trabalhadores e regras de transição entre um sistema e outro. *André Barreto é advogado trabalhista e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.

Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173

ESPAÇo SINDICAL

Mais direitos e empregos Roberto Parizotti/CUT

Central Única dos TraA balhadores (CUT) está convocando um ato nacio-

nal para o próximo dia 30, em frente à sede do Ministério da Economia, em Brasília. Esse será o primeiro ato depois da eleição da nova direção nacional da entidade. A mobilização do dia 30 foi aprovada no 13° Congresso Nacional da CUT e a proposta é aglutinar outras centrais e movimentos populares contra as políticas de Paulo Guedes e Bolsonaro e em defesa da Petrobras e da Amazônia, além de intensificar o debate com a sociedade sobre a importância da defesa das empresas públicas, das estatais e dos serviços públicos.

Luta contra privatização SINDPD

Sindicato de TecO nologia da Informação do Estado de Per-

nambuco (SINDPD) realizou uma audiência pública no Recife na última segunda-feira (14), com o objetivo de mobilizar a categoria e sensibilizar parlamentares em torno da defesa do SERPRO, que através da criação de softwares livres permite que 30 milhões de brasileiros tenham acesso a sistemas como o do imposto de renda, que facilita a vida dos cidadãos e a DataPrev, que cuida dos serviços de previdência e assistência social e roda a maior folha de pagamento da América Latina.


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Artigo

OPINIÃO I 5

A criminalização do aborto mata mulheres negras todos os dias Talita Rodrigues e Juliana Keila Jeremias*

Q

ue corpos o Estado deixa morrer? Que vidas interessam para a sociedade? Marcadas pelo racismo, machismo e desigualdade de classe as mulheres negras brasileiras enfrentam perversas manifestações de violência. Essas violências atingem todas as dimensões da vida: na casa, na rua, na escola, no lazer, no trabalho, no sistema de saúde, na educação e diversas instituições do Estado. É diante desse cenário que a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional-Pernam-

Artigo

Que vidas interessam para a sociedade? buco (Fase) lançaram a Campanha “Mulheres Negras Pela Vida!” Um dos temas abordados se relaciona às violências sofridas por mulheres negras em suas trajetórias reprodutivas. A questão do aborto reflete desigualdades que produzem mais vio-

lências e morte para essas mulheres. Assim, falar sobre aborto é muito mais do que se posicionar como contra ou a favor, é reconhecer que trata-se de um fenômeno complexo de saúde e justiça e que sua criminalização mata cotidianamente muitas mulheres negras. De acordo com dados do Instituto Anis,15% das mulheres negras e 24% das mulheres indígenas já fizeram um aborto na vida, comparadas a 9% de mulheres brancas. O aborto é uma experiência comum na vida reprodutiva das mulheres brasileiras,

porém, são as mulheres negras e pobres que estão mais vulneráveis a procedimentos clandestinos e inseguros que colocam em risco suas vidas. O Nordeste é a região com a maior taxa de abortos, denunciando o acesso mais frágil a políticas de prevenção à gravidez não pretendida, a contraceptivos e educação sexual integral. Mesmo nos casos em que o aborto não é criminalizado no Brasil, em casos de gravidez decorrente de estupros ou risco de vida para a gestante ou fetos anencéfalos, há dificuldades para que as mulheres realmente

acessem esse direito e realizem o procedimento de maneira segura e gratuita pelo SUS. Nesse sentido, a campanha Mulheres Negras Pela Vida percorrerá todas as regiões do estado denunciando o racismo e outras violências. Além de ressaltar a força e a resistência das mulheres negras que enfrentam o sistema racista lutando pela vida, por saúde, dignidade, respeito e pelo bem viver. *Integrantes da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco

O SUS caminha para seu fim Aristóteles Cardona Júnior*

D

e forma bem rápida, todos os nossos apontamentos sobre o buraco no qual o Brasil está sendo enfiado estão se confirmando. É triste constatar que desde a derrubada da presidenta Dilma, o país caminha de forma acelerada para uma crise sem fim, acabando com avanços de décadas da população brasileira. Creio que nem precisaríamos dos números para constatar esta realidade. Mas, eles são importantes para tornar mais evidente o que estamos falando. Um exemplo bem concreto é o que está para acontecer com o orçamento do Governo Federal para a Saúde em 2020. Na proposta en-

o país caminha de forma acelerada para uma crise sem fim caminhada pelo Governo para o Congresso, já há uma perda de R$ 9,46 bilhões, comparando com o valor previsto se não tivéssemos a Emenda Constitucional que congelou o orçamento por 20 anos. Para 2020 estão previstos R$ 122,9 bilhões. Se vigente a regra anterior, o valor previsto seria de R$ 132,4

bilhões. Posso explicar melhor. Antes de aprovada a emenda do congelamento, havia uma regra que estabelecia que para 2020 o governo federal seria obrigado a gastar 15% da receita corrente líquida do ano anterior na saúde. Em outras palavras, dá para dizer que o governo teria que colocar 15% de tudo que foi arrecadado no ano anterior para a saúde. Mas, a emenda que congelou o orçamento estabeleceu uma nova regra afirmando que o orçamento federal só pode ser ajustado de acordo com a inflação do ano anterior. Como inflação representa a perda do valor do dinheiro, na prá-

tica estamos falando em congelamento mesmo. O fato é que teremos um SUS com bilhões de reais a menos. E isso é de uma crueldade que não tem tamanho. Se cortar investimentos públicos é algo muito grave em qualquer situação, em um país como o Brasil, cortar da saúde é ultrapassar o limite de qualquer dignidade. Basta para isso afirmar que a população brasileira segue crescendo até 2050, segundo estimativas, e segue envelhecendo. Logo, como será a manutenção de um sistema para um número maior de pessoas, mais envelhecida, porém com menos dinheiro? Antes que algum de-

fensor do governo se apresse para afirmar que esta emenda vem de 2017, ainda no governo de Temer, vale sempre relembrar que Bolsonaro e seus filhos votaram todos favoráveis a este congelamento. E seguem implementando uma política de forte arrocho financeiro. Precisamos defender o SUS. Senão corremos o risco de não ter mais o que defender nos próximos anos. *Aristóteles Cardona Júnior é Médico de Família no Sertão pernambucano, Professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.


6 | BRASIL

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Desigualdade: 1% dos brasileiros ganham 34 vezes mais do que 50% da população Fernando Frazão/Agência Brasil

PNAD. Pesquisa divulgada pelo IBGE mostra aumento da distância entre mais ricos e mais pobres

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A movimentos, Maia se compromete a não pautar PLs que criminalizam luta popular ARTICULAÇÃO. Presidente da Câmara recebeu carta de repúdio a 22 projetos: “Não pautei no ano passado e não vou pautar agora” Crsitiane Sampaio, de Brasília (DF) Batista/Câmara dos Deputados

Da Redação

A

remuneração do 1% da população que ganha em média R$ 27.744 por mês - normalmente executivos de grandes empresas - é 34 vezes maior do que o rendimento da metade da população brasileira, os trabalhadores que vivem com a média de R$ 820 mensais. Os números constam na Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc) 2018 divulgada nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença entre o topo e a base, segundo o IBGE, é a mais alta da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. A distância salarial vinha caindo até 2013, ficando estável em 2016. Essa tendência foi revertida a partir de 2017, se alargando em 2018.

Brasil, país que já figura na lista das 15 nações mais desiguais do mundo, alargou ainda mais o fosso entre a elite e as camadas pobres

A desigualdade aumenta quando o rendimento real do trabalho dos mais pobres cai ou sobe menos do que o dos maiswww.sindsep-pe.com ricos, o que tem acontecido nos últimos anos. “O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias. O mercado de trabalho em crise, onde as pessoas estão deixando seus empregos e indo trabalhar em outras ocupações, com salários mais baixos, provoca um impacto no rendimento total”, explicou a gerente da PNAD Contínua, Maria Lucia Vieira. A pesquisa também mostra que os 10% mais pobres ficam com apenas 0,8% de toda a massa de salários do país, enquanto os 10% mais ricos concentram 43,1%.

.

ntidades da sociedade civil organizada entregaram ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na tarde da quarta-feira (16), uma carta de repúdio a diferentes meArticulação para frear PLs de criminalização da didas legislativas luta popular reúne sociedade civil e deputados das siglas PT, Psol, PDT, PSB, PCdoB e Rede que abrem espaço para a criminalização da luta popular e da liberdade de expressão. Assinado por 27 organizações – entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) –, o documento contabiliza 22 projetos de lei (PLs) que tramitam atualmente no Congresso Nacional, sendo 16 deles na Câmara dos Deputados. Os PLs propõem, entre outras coisas, mudanças em legislações como a lei Antiterrorismo, a lei de Organizações Criminosas e o Marco Civil da Internet. As organizações apontam que as alterações ferem a Constituição Federal e tratados internacionais assinados pelo Brasil que garantem o direito de participação política e de manifestação. Também conflitam com outras garantias legais, como a liberdade de expressão.

A omissão do governo Bolsonaro e o crime ambiental nas praias do Nordeste

O descaso do governo Bolsonaro com o meio ambiente está matando a fauna e a flora terrestre e marinha no Brasil. Primeiro foram as liberações de 392 pesticidas em 2019 - alimentos com veneno presentes na mesa dos brasileiros. Depois as queimadas na Amazônia - que provocaram a morte de centenas de árvores e de animais -, estimuladas pelos pronunciamentos do presidente e pelos cortes nos investimento s nos órgãos de fiscalização: Ibama e ICMBio. Em setembro, uma grande quantidade de óleo foi despejada na costa brasileira, atingindo principalmente o litoral nordestino. Vários animais já foram retirados do mar, agonizando, com seus corpos cobertos pelo produto. Muitos deles morreram. Além do litoral, o óleo atingiu o rio São Francisco. O prejuízo ambiental ainda

não foi calculado. Mas o que o governo f ez para remediar o problema? Tentou culpar a Venezuela, sem nenhuma prova, pelo crime ambiental, o que foi descartado por especialistas. Depois, foram encontrados barris da Shell no litoral de Sergipe, com o mesmo óleo que está se espalhando pelo litoral. A empresa negou, alegando que os tambores são de óleo lubrificante para embarcações. Ou seja, os barris podem ter sido reaproveitados por algum navio que transporta óleo cru. Quase dois meses de crime ambiental e nenhum culpado. A omissão do governo é mais uma mostra que o Brasil está à deriva e que não há compromisso com o meio ambiente. A sociedade exige explicação e punição para os responsáveis por mais esse crime contra o país.

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Recife, outubro de 2019

Com isso, o Índice de Gini, que mede a concentração de renda, subiu de 0,537 para 0,545, levando em consideração todas as rendas das famílias (trabalho, aposentadoria, pensões, aluguéis, Bolsa Família e outros benefícios sociais). Esse é o maior Gini desde 2012, ano em que foi publicada a primeira pesquisa. Nessa base de dados, quanto mais próximo de 1, pior. Já a massa do rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 264 bilhões em 2017, cresceu para R$ 277,7 bilhões em 2018. Os dados do IBGE mostraram ainda que mais da metade dos brasileiros têm renda inferior a um salário-mínimo.

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MUNDO | 7

Evo Morales reúne multidão no encerramento da campanha Reprodução/Twitter

BOLÍVIA. Atual presidente valorizou os avanços econômicos dos últimos 14 anos Daniel Giovanaz, de La Paz (Bolívia)

O

presidente Evo Morales reuniu uma multidão de apoiadores na noite desta quarta-feira (16) em El Alto, na região metropolitana da capital La Paz, no ato de encerramento de sua campanha para reeleição. Diante da multidão vestida de azul, branco e preto – cores do partido Movimento ao Socialismo (MAS) –, o candidato fez um discurso pautado nos avanços econômicos de seu governo. A expectativa do MAS era reunir um milhão de pessoas, mas não houve uma contagem oficial

Antes importávamos fertilizantes, cimento, agora estamos exportando Apoiadores vestiram azul, a cor do Movimento ao Socialismo (MAS)

dos número de presentes. “Antes importávamos fertilizantes, cimento, agora estamos exportando. Isso é industrialização. Estamos só começando. Imaginem o que pode ser a nossa indústria petroquímica, o lítio… estamos aqui por um projeto político de libertação, por um programa de desenvolvimento para o povo”, declarou. “Quando chegamos ao governo, La Paz não tinha um parque industrial: nós o instalamos”. Morales também fez comparações com os governos anteriores, sem citar nomi-

nalmente o ex-presidente Carlos Mesa, seu adversário nestas eleições. “Quanto era o PIB [Produto Interno Bruto] per capita de La Paz em tempos neoliberais? Cerca de 880 dólares. Hoje são 2,5 mil dólares. Olhem como mudou a situação econômica do país, porque nós nacionalizamos os recursos, aumentamos a renda petroleira e investimentos no crescimento do nosso país. Tudo isso, graças à luta e ao voto do povo boliviano”, finalizou. Cinco horas antes do pronunciamento do presidente, os apoiadores começaram a

se concentrar em um conjunto de viadutos em construção no centro da cidade. Em um deles, foi montado o palco onde falaram, primeiro, candidatos a deputado e senador. Enquanto eles explicavam suas propostas, caixas de som no meio da multidão tocavam canções folclóricas da Bolívia e músicas da campanha de Morales. Era como se não importasse o que os outros dissessem: o presidente do Estado Plurinacional era a grande estrela do dia. Orlando Canceno, secretário-executivo do Conselho de Federações Camponesas da Região de Los Yungas (Cofecay), afirma que o entusiasmo da população é

o mesmo de 14 anos atrás, quando o então candidato do MAS foi eleito pela primeira vez. Segundo ele, a admiração que Morales inspira não é fruto apenas do seu carisma, mas de suas políticas. “Apoiamos Evo porque ele trabalhou pela Bolívia. Em 13 anos, deu aula aos outros presidentes. Estamos bem economicamente, bem na saúde, bem na educação. Nenhum presidente fez nada parecido”, disse. Antonia Coque Mendoza, eleitora do MAS desde 2005, resume em duas palavras a razão de seu apoio: “Crescimento econômico”. Desde que Morales assumiu, o Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia quadriplicou, e ela garante que a população vê esses números traduzidos na realidade. As eleições gerais na Bolívia ocorrem no próximo domingo (20). Evo Morales lidera a disputa com 40% das intenções de voto. Carlos Mesa (Comunidade Cidadã) e Óscar Ortiz (Bolívia Diz Não) aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente, com 22% e 10% da preferência do eleitorado.

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Desigualdade cresce e bancos batem recorde de lucro no Brasil

Defendemos um Brasil igualitário!


8 | PERNAMBUCO

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PERNAMBUCO l 9

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Sindurb: “Argumentar que a Chesf está quebrada é uma falácia. A empresa está muito bem”

AMEAÇA. Privatização da Chesf pode acarretar aumento no preço da luz e dos alimentos

Divulgação/Chesf

Vinícius Sobreira

esde agosto o minisD tro de Minas e Energia, Bento Albuquerque,

tem afirmado o interesse de iniciar ainda este ano o processo de privatização da gigante estatal de energia Eletrobras. Ameaça similar já havia sido feita no governo de Michel Temer (MDB), quando o pernambucano Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM), então ministro e hoje deputado federal, tentou sem sucesso levar o projeto adiante. A venda da estatal tende a ter impactos diretos na vida da população brasileira. Proposta por Getúlio Vargas ainda nos anos 1950, a Eletrobras teve sua criação aprovada anos depois no Congresso Nacional e foi fundada em 1962. É uma empresa que, apesar de ter capital aberto, ações na bolsa, tem 51% de suas ações pertencentes ao Estado brasileiro, que tem poder de definir os seus rumos. Ela também é um guarda-chuva de outras 30 empresas públicas do mesmo ramo, as chamadas subsidiárias de energia, como a nordestina

Com a privatização, energia elétrica pode subir quatro vezes o valor atual Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). A Eletrobras responde atualmente por 37% geração de energia no Brasil e 50% da transmissão de energia, segundo o ministério das Minas e Energia. Detentora de 168 usinas de energia, sendo 128 termoelétricas e 36 hidroelétricas, a estatal também possui 52% da capacidade de armazenamento de água em reservatórios hídricos do país, garantindo a geração de energia limpa (sem gerar gases do efei-

to estufa), a baixo custo e de fonte renovável. Os números fazem desta a maior empresa do setor elétrico na América Latina. No início dos anos 2000 foi colocada na fila de privatizações, mas o ex-presidente Lula (PT) freou o processo em 2004. Após tentativa de Temer, agora o governo Jair Bolsonaro (PSL) também ameaça se desfazer da empresa, esperando arrecadar em torno de R$16 bilhões com a venda. O valor, no entanto, é considerado muito baixo, visto

que o comprador recuperaria o valor em apenas um ano. O lucro da Eletrobras em 2018 foi de R$13,3 bilhões. A empresa também prevê investir R$19,75 bilhões entre 2018 e 2022.

bém fundada por Vargas em 1945. A empresa atua na geração, transmissão e comercialização de energia. A Chesf possui 12 hidrelétricas, sendo oito no rio São Francisco e outras quatro em rios da Bahia, Paraíba e Piauí. A única que fica em terras pernambucanas é a hidrelétrica de Itaparica - rebatizada de Luiz Gonzaga -, e outras, como as de Paulo Afonso, ficam na Bahia, mas bem próximas à fronteira com Pernambuco, empregando centenas de pernambucanos. A empresa regional produz, por ano 15.132 gigawatt-hora, o equivalente a 10% do total produzido no Brasil. O patrimônio líquido da empresa gira em torno de R$15 bilhões 394 milhões e tem, anualmente, receita bruta de R$5 bilhões 789 milhões. Em 2017 a Chesf lucrou R$1,04 bilhão. Em 2018 o lucro caiu para 268 milhões, mas foi algo pontual, por conta do investimento de R$1,3 bilhão feito pela empresa

nas mãos de sua empresa-mãe, a Eletrobras. Tanto a Chesf como a Eletrobras têm suas tarifas reguladas por um contrato firmado pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2013, para manter o valor baixo. A lógica é que como as usinas hidrelétricas foram construídas há muitas décadas, o investimento feito nelas já foi recuperado pelo Estado, então não há mais necessidade de se cobrar lucros elevados aos custos da população. Apesar de ainda não haver apresentado um Projeto de Lei (PL) ao Congresso Nacional para permitir a venda, o que os porta-vozes do governo Bolsonaro têm dito é que a ideia é que o Estado brasileiro se manem obras de ampliação do ter com 30% ou 40% das Na região Nordeste do sistema elétrico e de trans- ações ordinárias, que não país a Eletrobras é conhe- missão. A subsidiária tem dão direito a voto; mas imcida através da Chesf, tam- mais de 99% de suas ações pedir que qualquer acio-

A Chesf

Maria Hsu / CHESF

A Chesf pública está dando lucro financeiro, mas também garante a tarifa baixa e o desenvolvimento econômico na região Nordeste nista, inclusive o Estado, tenham mais de 10% das ações ordinárias, que dão direito a voto e definem os rumos da empresa. Além disso, a proposta é que se encerre o regime vigente desde 2013 e as tarifas passem a ter preço livre, definido pelas empresas que comprarem.

Alta de preços Um estudo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2018, aponta que a tarifa atual, que chega ao consumidor ao custo de R$60 a R$70 o megawatt-hora, pode subir para até quatro vezes o preço atual, chegando a R$250 o MWh. Muitos trabalhado-

res da Chesf estão se mobilizando para impedir a privatização. “Argumentar que a Chesf está quebrada é uma falácia. A empresa está muito bem. Se avaliam que a lucratividade precisa aumentar, então eleva-se um pouco a tarifa”, diz Fernando Neves, trabalhador da Chesf e membro da direção do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco (SindUrb-PE), organização que representa os trabalhadores do setor de água e energia no estado. Na opinião dele, a forma que uma empresa pública olha para o lucro deve ser diferente das empresas privadas. “O lucro social é muito mais importante que o financeiro. A Chesf pública está dando lucro financeiro, mas também garante a tarifa baixa e o desenvolvimento econômico na região Nordeste”, avalia. Os trabalhadores abriram diálogo com políticos sobre o tema e conseguiram apoios. Fernando afirma que o governador pernambucano Paulo Camara (PSB) ajudou a articular a carta, divulgada em agosto, em que os nove governadores do Nordeste criticam a possibilidade de privatização da Eletrobras, da Chesf e outras empresas estratégicas. No Congresso, deputados e senadores criaram uma Frente Parlamentar em Defesa da Chesf. O presidente do grupo é o deputado federal pernambucano Danilo Cabral (PSB). Em conversa com o Brasil de Fato, ele alerta que a privatização tem preocupado também a classe empresarial. “A privatização signi-

para a produção industrial e agrícola. Até a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) no ano passado questionava a privatização”, afirmou. Cabral, portanto, vê um duplo prejuízo à população. “Aumenta a conta de luz da população e aumenta também o preço de todos os produtos”, resume. O sindicalista Fernando Neves lembra o caso da Celpe, privatizada em 2000. “Aqui em Pernambuco temos esse exemplo. Até hoje a conta de energia sobe, mas o serviço não melhora, porque eles querem investir o mínimo para lucrar mais”, diz Fernando Neves. O parlamentar avalia que o Nordeste tende a sentir um impacto maior em caso de venda da Eletrobras. “Do ponto de vista nacional, o Brasil abre mão de sua soberania, já que a energia é um setor estratégico do país. Do ponto de vista regional, estão querendo tirar o único instrumento de desenvolvimento social que o Estado brasileiro tem no Nordeste, já que a Sudene e o Dnocs praticamente já se foram”, diz Cabral. Fernando Neves, do SindUrb, critica o que classifica como “hipocrisia” do governo. “Não podem nem argumentar que a iniciativa privada vai dar mais eficiência, porque as empresas que estão entrando no mercado de energia no Brasil são estatais, só que estrangeiras. É uma transferência de patrimônio nacional do Brasil para outro país, abrindo mão da nossa soberania”, critica o sindicalista.


10 I CIDADES

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Polo do agronegócio, Petrolina recebe o primeiro Mercado Público de Alimentos Orgânicos do Nordeste ALIMENTAÇÃO. Produtos in natura e beneficiados são certificados e agora tem um local fixo para venda Alxandre Justino/PMP

Vanessa Gonzaga, de Petrolina

m Petrolina, as proE dutoras e produtores orgânicos agora têm

um local com infraestrutura adequada para comercializar alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. Desde julho, funciona na cidade o primeiro Mercado Público de Alimentos Orgânicos do Nordeste. Com um investimento de aproximadamente R$ 314 mil reais, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, a área tem capacidade abrigar até 28 bancas, é totalmente coberta e adaptada para pessoas com deficiência. Localizado no bairro Areia Branca, ao lado da feira de produtos convencionais, o mercado funciona nas sextas-feiras, das 16h às 20h e nos domingos, de 6:30h às 12:30h. Para os produtores e vendedores, a principal vantagem do local é a autonomia, já que o mercado não tinha local fixo, o que dificultava o acesso aos produtos. “Na realidade era um dia em lugar, outro dia em outro canto. Nós começamos na feira da Areia Branca em 2011, já passamos pelo Parque Josepha Coelho, Centro de Convenções, no centro da cidade, no estacionamento do Shopping e hoje estamos no nosso espaço, agora a meta é crescer aqui”, relembra Jorge Mariano, que trabalha com a produção de orgânicos desde

para fazer a transição para a produção orgânica. Para ele, a principal vantagem é o cuidado com o meio ambiente “É uma beleza para o planeta. A gente cuida da terra e do que

tem lá dentro. A gente não queima nada, e a vida da terra é outra. Não só se produz algo se for com veneno não, porque trabalhar com orgânicos é trabalhar com prevenção”.

Mais saúde Vanessa Gonzaga

Nós começamos na feira da Areia Branca em 2011 2007 na cidade. Jordana Reinaldo é uma das comerciantes que vende produtos beneficiados, como doces, cocadas e bolos com matérias primas orgânicas. A escolha de trabalhar com os orgânicos veio com a experiência da família “Meus pais já trabalhavam na área e eu consegui ver que nesses lanches orgânicos tinha um diferencial tanto para o meu consumo quanto nas vendas, porque não se encontra com facilidade esse tipo de produto na cidade”, explica. Todos os produtos vendidos no mercado têm a Certificação Orgânica credenciada pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), segundo Jordana. “A alimentação saudável e orgânica andam juntas porque o alimento orgânico, tanto in natura quanto processado você tem a certeza de que é um produto natural”. Grande parte das matérias primas da comerciante é obtida na própria feira, o que diminui o custo dos produtos e fortalece o vínculo entre os próprios produtores. Um deles é Jorge, que em quatro hectares produz acerola, laranja, limão, maçã, abóbora, coco e outras variedades de frutas e legumes. Após trabalhar por 15 anos com o uso de agrotóxicos, ele se inspirou em experiências de êxito em outras regiões

Petrolina, além de um dos polos do agronegócio e da fruticultura irrigada no país, é uma das cidades que vem notando o aumento dos casos de câncer na região. Apenas entre 2012 e 2013, a quantidade de casos confirmados aumentou 37%, chegando a mais de 13 mil atendimentos, segundo a Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e a Infância (APAMI), que atende casos da doença na região. Além disso, estudos nacionais e internacionais, como os da International AgenVanessa Gonzaga

cy for Research on Cancer, que classificaram Glifosato como potencial cancerígeno para seres humanos, apontam a relação entre agrotóxicos e a incidência de câncer, especialmente de mama, ovários e a leucemia. Por isso, os consumidores vêm procurando mais os orgânicos não apenas pela qualidade dos alimentos, mas também pela segurança de consumir produtos com menos riscos à saúde. Cliente do mercado desde o período nômade pela cidade, Josafá Barbosa vem da cidade vizinha, Juazeiro (BA) para comprar alguns alimentos que não encontra perto de casa “Eu li sobre essa questão dos agrotóxicos, ficamos [na família] com medo e partimos para os orgânicos. O sabor dos alimentos é diferente”. Para ele, o mercado precisa crescer “deveria ter mais incentivo, porque quanto maior ficam mais baratos os produtos, mais clientes aparecem”. “Precisamos transformar a realidade do Semiárido convivendo com suas condições climáticas”


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ENTREVISTA l 11

Professor fala sobre a importância da reforma agrária e da agroecologia para o desenvolvimento do Nordeste DESENVOLVIMENTO. Em visita a Pernambuco, o professor José Jonas Duarte, do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), esteve no assentamento Normandia, em Caruaru (PE), participando do Seminário de Desenvolvimento Regional do Projeto Brasil Popular. Monyse Ravena, Caruaru (PE)

Divulgação

de

osé Jonas atua, tamJ bém, como Pesquisador Visitante no Insti-

tuto Nacional do Semiárido (INSA). Graduado em História, é mestre em Economia (UFPB) e doutor em História Econômica, pela Universidade de São Paulo (USP). Em entrevista ao Brasil de Fato Pernambuco, o professor falou sobre a necessidade de um projeto de desenvolvimento que pense a convivência e a transformação do Semiárido brasileiro. Brasil de Fato (BdF): Ainda existem muitos latifúndios no Nordeste. Onde eles se localizam? José Jonas Duarte (JJD): O Nordeste, mais especificamente o Semiárido, é, por excelên-

Essa convivência pressupõe uso de tecnologias sociais e da agroecologia como princípio fundamental

cia, a área da agricultura familiar. De todos os estabelecimentos rurais do Semiárido, 89% são de agricultores familiares. No entanto, eles ocupam apenas 43% das terras. 57% das terras do Semiárido, segundo dados do Censo da Agropecuária de 2016, estão nas mãos desses 11%, que não são agricultores familiares. Então, ainda há um processo de concentração fundiária no Semiárido brasileiro e terras para serem feitas reforma agrária.

cessária uma convivência com o Semiárido, é uma convivência transformadora. Na perspectiva de transformar essa realidade de desenvolvimento, de bem-viver, com boa saúde, educação, condições de habitação, acesso à água, emprego e renda. Tudo isso são políticas estruturantes pelas quais precisamos lutar. Por isso, precisamos transformar essa realidade do Semiárido, convivendo com suas condições climáticas, condições naturais, aspectos culturais e conBdF: O que seria uma dições edafoclimáticas. convivência transformadora com o Semiá- BdF: Que reflexões o rido? Grupo de Trabalho do JJD: A gente saiu do pa- Semiárido, do Projeradigma de combate à to Brasil Popular, tem seca para o da convi- realizado atualmenvência com o Semiárido. te? Mas, a gente não quer JJD: Nós fizemos nosconviver com um Semi- so seminário sobre o Seárido com baixo Índi- miárido no final de abril. ce de Desenvolvimen- As reflexões são de que to Humano (IDH), com saímos do paradigma falta de escolas, de água, de combate à seca para com concentração fun- o de convivência com o diária, latifúndio. Quan- Semiárido, que foi um do a gente diz que é ne- avanço. Essa convivên-

Consórcio [Nordeste] deve criar um polo de contraponto à lógica do governo federal cia pressupõe uso de tecnologias sociais e da agroecologia como princípio fundamental, ou como o Papa Francisco chamou, “ecologia integral”, porque tem muita necessidade de ecologia no Semiárido sem ser agrícola. A recuperação da caatinga e de áreas degradadas não está dentro do modelo agrícola, mas é um sistema ecológico fundamental. Recuperação da fauna do Semiárido, também é tarefa nossa. Além disso, tem também a luta por reforma agrária, em uma perspectiva popular e de recomposição do nosso principal bioma, que é a caatinga. BdF: Qual sua opinião sobre essa articulação dos governadores do Nordeste, chamada Consórcio Nordeste? JJD: Acho que é um importante avanço. A região Nordeste foi histo-

ricamente, no processo de modernização do Brasil, criada pela lógica do capital. Tem toda uma questão cultural que isso representou. Foi discriminada do ponto de vista econômico. Celso Furtado mostra que, assim como houve um fluxo migratório, houve um fluxo de capital. Emigraram, do Nordeste, pessoas e riquezas, relações de produção modernas. Esse Consórcio deve criar um polo de contraponto à lógica do atual governo federal de destruição do Estado como agente de desenvolvimento social e entrega à iniciativa privada. Então, qualquer estudioso percebe que é fundamental para o Nordeste a participação do Estado como indutor de uma lógica, chamada aí de neodesenvolvimentista. Esse termo desenvolvimento está muito desgastado, mas trata-se de “outra lógica para o Nordeste”. Tem duas coisas: é importante a articulação dos governadores, mas também é fundamental a participação dos movimentos populares, pressionando os governadores estaduais em uma lógica diferente do federal. O atual governo federal tem uma lógica de desmonte do Estado brasileiro. A tarefa dos movimentos é pressionar numa lógica contrária a essa, de desenvolvimento econômico e social não destruidor, por um desenvolvimento sustentável. Acho positiva essa articulação.


12 |CULTURA

O que

A Memória Biocultural: a importância ecológica das sabedorias tradicionais

tu indica

livro A memória bioculO tural sintetiza pesquisas e experiências de diferentes re-

giões do mundo, mostrando, com base em evidências que o reconhecimento, a ‘revalorização’ dos saberes tradicionais e uma política eficiente de acesso à terra, que são possíveis com a reforma agrária, são caminhos essenciais para a construção de um modelo de agri-

cultura que integra aspectos políticos, sociais, ambientais, epistemológicos e que garantam uma alimentação saudável com um modelo produtivo menos agressivo à natureza e que há centenas de anos milhares de populações tradicionais já vivenciam: a agroecologia. Em tempos de ataques aos diretos do povo e destruição dos recursos naturais, especialmente em países tão biodiversos como o nosso, a exemplo das recentes queimadas no Amazonas e Cerrado, o vazamento de manchas de óleo no litoral nordestino, o aumento da violência no meio rural, a liberação absurda de agrotóxicos, o livro nos mostra uma outra face: a importância das populações do campo que resistem nesses territórios há centenas de anos convivendo com a natureza de forma harmônica. A leitura dos livros nos orien-

ta à compreensão de como é possível construir esses modelos produtivos através das memórias compartilhadas no processo coevolutivo da espécie humana com a natureza. Os autores embarcam em estudos que apontam a conservação da diversidade cultural como um fator extremamente importante para a diversidade biológica de ecossistemas localizados em diferentes partes do mundo. Dessa forma, conservar e valorizar os conhecimentos tradicionais e a luta pela terra precisam estar atrelados à defesa do ambiente natural e através da integração desses saberes e exemplos de resistência popular o livro resgata a memória que a natureza é um bem coletivo. Carla Freitas, estudante de Ciências Biológicas e militante do Levante Popular da Juventude

Agenda Cultural

Lucas Pacheco

5° edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz acontece no sábado (19) no Parque Santana, Zona Norte do Recife. A partir das 14:30h, além dos shows com Bia Villa-Chan, Jimmy Burns, Sérgio Dias, Luiz Carlinio e outros artistas, o festival ainda promove atividades para o público infantil, com oficina de desenho e colagem; oficina de malabares; pintura artística facial e escultura de balão. O evento é gratuito.

Wesley D’almeida

Reprodução

Festival de Blues Surgiu na Ribeira

A

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N

esse sábado (19), o Mercado da Ribeira tem programação cultural gratuita. A quinta edição do Surgiu na Ribeira inicia a partir das 16h com Caboclo Mestiço, Afoxé Alafin Oyó, A Cocada, Coco Chinelo de Pau e Afoxé Omolu Pa Kero Awo. Mais informações sobre a programação estão disponíveis no Facebook, na página Orgulho de Ser Alafin. O mercado fica na Rua Bernardo Vieira de Melo, s/n, no sítio histórico de Olinda. O evento é gratuito.

Turismo Criativo

N

esse domingo (20), acontece no Pátio de São Pedro, das 9h às 21h, a Mostra de Turismo Criativo. A proposta é realizar atividades turísticas e culturais no pátio por meio de ações integradas, criativas e inovadoras como as oficinas, socialização de experiências de turismo pela cidade, exposições, feira e apresentações como o Som na Rural, a Cubana de Rua e show da cantora Elis Almeida. A programação é gratuita.

Qual é o Bairro?

Osvaldo Morais

Jardim São Paulo

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ocalizado na Zona Oeste do Recife, o Jardim São Paulo faz divisa com Areias, Curado, BR 232, Santa Luzia, San Martim, Cidade Universitária e a BR 101. Os 259 hectares do bairro um dia já foram parte de um engenho de açúcar de nome Engenho São Paulo, assim como os demais bairros da região, que têm seus nomes vindos dos antigos engenhos ali construídos. O crescimento do bairro iniciou de forma mais ativa a partir da década 1930, com a venda de lotes e casas com a propaganda de um lugar tranquilo e bem preservado, já que os rios Tejipió e Jiquiá ainda não eram afetados pela poluição doméstica. Com isso, o bairro foi se dividindo entre famílias que compravam casas e as que já viviam ali ou foram aos poucos ocupando terrenos, e por isso algumas áreas de Jardim São Paulo recebem outros nomes, como Planeta dos Macacos, a Vila La Roque, A Vila Saramandaia, Vila dos Bancários, Cais Ligeiro, Vila Real, a Piracicaba, que aos poucos vêm sendo incorporados oficialmente. Hoje, o bairro contrasta o constante crescimento com a carência social, com altos arranha-céus sendo construídos e formando uma paisagem diferente da que sempre foi associada ao bairro, que hoje abriga 31.648 habitantes, sendo cerca de 56% autodeclarada negra e com renda familiar mensal média de R$ 1.973,10.


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Variedades l 13

CULTURA | 13

Thriller pernambucano, filme Recife Assombrado tem cidade como personagem Reprodução

CINEMA. Colocando na tela as histórias das assombrações recifenses, filme tem estréia prevista para novembro Vanessa Gonzaga

anos depois de 20 sair do Recife, Hermano (Daniel Ro-

cha) precisa encarar os seus traumas do passado e retornar à cidade após o desaparecimento do seu irmão. Neste processo, ele enfrenta problemas vinculados ao passado da família e descobre uma cidade que, ao anoitecer, fica assustadora. Esse é o enredo do filme Recife Assombrado, com direção de Adriano Portela e produção da Viu Cine, que leva para as

telas de cinema uma trama que envolve as lendas da capital pernambucana, como perna cabeluda, papa-figo e galega de Santo Amaro. Além delas, lugares assombrados também ganham espaço no filme. A Praça Chora Menino, na Boa Vista, e a Cruz do Patrão, no Bairro do Recife, são dois espaços importantes no enredo. A ideia de produzir um filme que juntasse elementos históricos da cidade com personagens do universo fantástico surgiu ainda em 2015, como explica o diretor Adriano Portela “Eu assisti uma oficina sobre monstros na literatura lá em Garanhuns e tive a idéia de catalogar essas assombrações num longa-metragem, porque já tem livro, tem muitos curtas, mas não tem nenhum longa”. O projeto começou a ganhar vida com apoio financeiro da Agência Nacional do Cinema (Ancine) em 2017. Com roteiro de Ulisses Brandão e Bruno Antônio, a história foi desenvolvida em parceria com André Balaio e Roberto Beltrão, do site O Recife Assombrado. Classificado pelo diretor como um thriller, o filme carrega elementos de suspense, tensão e clímax com elementos sobrenaturais “A gente trabalha muito com essa tensão psicológica, com esses suspense dos personagens estarem ou não

na nossa imaginação”, explica Portela. O elenco é formado pelo protagonista Daniel Rocha, com passagem em novelas como Avenida Brasil; Pedro Malta; Marcio Fecher, pernambucano que atuou no filme Bacurau; Rayza Alcântara, pernambucana que atuou novela Velho Chico, da Rede Globo; e Germano Haiut, que tem atuação nos filmes O ano em que meus pais saíram de férias, Baile Perfumado e Quincas Berro d’água. O diretor avalia que tem sido uma boa safra do cinema pernambucano, mesmo com os problemas no financiamento “Tem sido uma bola leva. Eu costumo dizer que pe-

A gente trabalha muito com essa tensão psicológica guei um dos últimos editais na Ancine, porque agora a gente está num momento delicado do cinema nacional por questões políticas e governamentais, mas vínhamos numa safra boa, não sei como será daqui pra frente, mesmo com esse pro-

blema político o cinema pernambucano está em ascensão”. Com lançamento no dia 21 de novembro, o filme vai rodar as principais salas de cinema do Recife, como o Cine São Luiz, o Cinema da Fundação e também salas em shoppings espalhados pela cidade. Segundo Adriano, uma estratégia para fazer as exibições nos cinemas de todo o estado vem sendo pensada. Além disso, a proposta é garantir também a estreia em cidades no interior, a exemplo de Caruaru e Bezerros, cidades que também receberam as gravações do longa. Anúncio


14 | VARIEDADES

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Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Amiga da Saúde A camisinha masculina é de tamanho único? Rosemeire Batista, 16 anos, estudante.

camisinha masculina tem tamanhos variados. Quanto ao A diâmetro, os modelos tradicionais medem 52 mm; o tamanho extra tem 55 mm (recomendado para quem sente os de

52 mm muito apertados ou têm dor ao usá-los) e os teen, medem 49 mm (recomendado para quem sente os de 52 mm frouxos, podendo soltar durante o ato sexual). Em relação ao comprimento, os preservativos variam, sendo os mais comuns de 16 a 19 centímetros. Usar camisinhas de tamanho inadequado compromete a sua eficácia. O uso de preservativos nas relações sexuais é um hábito importante para a saúde e previne as infecções sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Nossa cozinha

Batata Doce Recheada INGREDIENTES:

1 batata-doce média com casca 2 colheres (sopa) de manteiga 1/2 cebola pequena picada 3 colheres (chá) de requeijão cremoso 5 fatias de muçarela 2 colheres de salame ou linguiça picada 2 colheres de coentro e cebolinha Diva Baga

MODO DE PREPARO 1.Embrulhe cada batata-doce com um pedaço de papel-alumínio, fechando-as completamente e leve ao forno médio (180º), pre-aquecido, por 1 hora. Retire do forno e espere amornar. Abra o papel e deixe metade da batata coberta, e faça um pequeno corte na parte de cima e retire parte da polpa e amasse num prato. 2.Em uma panela refogue a manteiga e a cebola até dourar. Acrescente a polpa da batata, o requeijão, o salame e a muçarela e refogue até formar um creme. Retire do fogo, coloque o creme dentro da batata, e cubra a superfície com o restante da muçarela picada. Leve a batata de volta ao forno médio (180º), por 15 minutos, ou até a superfície dourar. Retire do forno e sirva quentinha


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ESPORTES |15

Ela mudou as regras da Nike DISCRIMINAÇÃO. As regras da empresa mudaram, mas isso aconteceu depois da denúncia feita pela atleta na mídia americana

Reprodução

Lorena Lemos, de Belo Horizonte (MG)

a primeira semaN na deste mês, várias manchetes de jor-

nais no Brasil e no mundo traziam a notícia da conquista de 12 medalhas de ouro pela americana Allyson Felix no Campeonato Mundial de Atletismo. Porém, este não é o único feito inédito e de repercussão internacional da atleta, já que ela expôs a empresa que a patrocinava e o machismo sofrido durante o processo de negociação de sua renovação de contrato quando estava grávida. As regras da empresa mudaram, mas isso aconteceu depois da denúncia feita pela atleta na mídia americana sobre a oferta da Nike de redução de 70% do valor de seu contrato, em decorrência da gravidez. Allysson perdeu o patrocínio, mas após 10 meses da gestação de sua primeira filha, Cammy, a norte-

TIRINHA

O desempenho da recordista internacional, superou o consagrado ex-velocista jamaicano Usain Bolt

-americana de 33 anos derrubou a marca de 11 medalhas de ouro em mundiais, registrada em 2013. O desempenho da recordista internacional, que superou o consagrado ex-velocista jamaicano Usain Bolt, demonstrou não apenas o árduo trabalho da atle-

ta, mas também a importância da luta das mulheres no esporte de alto rendimento por melhores salários, por visibilidade e reconhecimento na mídia e pelo enfrentamento do preconceito em relação à maternidade no mundo esportivo. Sigamos juntas!


16 | ESPECIAL

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GOL DE PLACA

NA GERAL TiagoGiordani_Mariners

Mariners faz semifinal na Arena

N

este domingo (20) o Recife Mariners joga a semifinal da Conferência Nordeste do Brasileirão de Futebol Americano (BFA). O adversário é o Bulls Potiguares (RN), time com a quarta melhor campanha do Nordeste, enquanto os pernambucanos ficaram em primeiro. O duelo, que tem início às 14h, é o 100º jogo na história do Mariners. Os ingressos custam R$20,00 e estão à venda no site da equipe, com os atletas e nos estabelecimentos da Forneria 1121 (Aflitos e Pina) e do Kennedy’s Sports Bar (Candeias). Quem vencer faz a final do Nordeste contra o João Pessoa Espectros.

CaruaruWolves.

Caruaru e Recife jogam pela vaga nos playoffs

N

o sábado (19), pela segunda divisão da BFA, duas equipes de Pernambuco decidem vagas no mata-mata da competição. Com 100% de aproveitamento, o Caruaru Wolves enfrenta o Maceió Marechais, em Alagoas. Os alagoanos ainda não garantiram vaga na fase seguinte. Também 100%, o Recife Apaches vai a Fortaleza (CE) enfrentar os já eliminados Roma Gladiadores. No domingo (27) é a vez do Carrancas, de Petrolina, tentar garantir a liderança diante do Tropa Campina (PB). São 10 equipes nordestinas brigando por 4 vagas no mata-mata e apenas 1 sobe.

P

Rodada decisiva no sub-20 este sábado (19) a 9ª N rodada do Pernambucano sub-20 tem qua-

tro jogos. No Grupo C, para tomar a liderança do Barreiros, o Santa Cruz (2º) precisa vencer o lanterna Ipojuca, em Nossa Senhora do Ó; enquanto Ferroviário e Cabense, já eliminados, fazem o clássico municipal. No Grupo D o Sport (2º) visita o lanterna Atlético, em Carpina, e pode ultrapassar o líder Retrô, que joga em casa contra o América (4º). Os esmeraldinos ainda sonham com a classificação. Passam ao mata-mata os dois melhores de cada grupo. Todos os jogos estão marcados para as 15h.

CBSB

Filipe Spenser ilipespenser@gmail.com

GOL

CONTRA

Longe de casa, como sempre CBF agendou dois amistosos para a seleção masA culina em novembro. Os duelos são contra Argentina (dia 15) e Coreia do Sul (19). Sem surpresa, o

Brasil jogará na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes. Quem paga, leva. Aos brasileiros, resta a TV. Desde o fim da Copa do Mundo 2018, a Seleção fez 14 amistosos. Destes, apenas dois no Brasil (contra Catar e Honduras). O outros 12 foram no exterior, sendo Estados Unidos e Arábia Saudita os países que mais recebem jogos. A CBF vende um “produto de grife” e a seleção ´´e cada vez menos do torcedor.

Julia Rodrigues juliarodriguesbep@gmail.com

D

a quarta-feira (16) a N Seleção feminina de Futebol de Areia conquis-

tou o 3º lugar nos Jogos Mundiais de Praia, no Catar. Foi a primeira competição da equipe, já que a confederação brasileira (CBSB) nunca havia promovido uma seleção feminina, apesar de as mulheres praticarem o esporte há décadas. Comandadas pelo técnico Fabrício Santos, as 10 mulheres superaram Cabo Verde e México, perderam de Espanha (campeã) e Inglaterra (vice). Na disputa pelo bronze, 4x3 sobre a Rússia. A seleção masculina, sempre favorita, trouxe o ouro, com o pernambucano Filipe marcando cinco gols na competição.

O QUE ESPERAR DE 2020?

2020 COMEÇOU assadas as justas e merecidas comemorações pelo título brasileiro da Série C, é chegado o tempo de começar o planejamento para 2020. De partida, o Náutico começou bem, pois já fechou a renovação com o técnico Gilmar Dal Pozzo e com alguns jogadores que foram destaques principalmente na reta final do campeonato: Matheus Carvalho, William Simões e Jean Carlos, esse último por 2 anos. Há a expectativa de que as renovações de Camutanga, Álvaro, Jhonnatan sejam concretizadas nos próximos dias, pois a diretoria já sinalizou que as prioridades eram esses atletas. Além deles, Fernando Lombardi e Josa tiveram renovações pedidas pelo treinador. É um bom esqueleto inicial, mas precisa ser reforçado com titulares, principalmente para que o time tenha um nível técnico mais elevado.

Um bronze maior que o ouro

SportRecife

epois da grande debandada da comissão técnica, jogadores e executivo, o Santa tenta reestruturar a casa, ainda com velhos fantasmas que insistem em assombrar as colunas do Arruda. Na última quarta-feira (16), Augusto entrou para a lista dos atletas que colocaram o Tricolor na Justiça, em decorrência de dívidas trabalhistas. O ex-atacante do Santa tinha contrato com o clube até a metade do próximo ano, mas teve o término do contrato antecipado. O jogador cobra débitos de meses referentes aos anos de 2017, 2018 e 2019. Ao que parece, o ano que está por vir está recheado de surpresas desagradáveis. Enquanto o novo técnico não chega e o elenco faz participação na Copa PE, esperemos por novidade. Palavrinha que não fica sem aparecer nas bandas do Arruda.

OSCILAÇÃO REGULAR Daniel Lamir daniel.lamir@brasildefato.com.br

tabela aponta uma considerável asA censão nas últimas rodadas. Ao mesmo tempo, as críticas sobre um futebol ain-

da oscilante são fundamentadas. Existiria, então, um descompasso entre o futebol jogado e o futebol narrado? Acredito que não. Entretanto, a crítica precisa ser ponderada. Qual nível de oscilação sobre um bom ou mau futebol estamos falando quando mais de 70% da competição foi jogada? Considerando o total de 38 rodadas, estamos no momento de desgaste para a maioria dos times. Na média, as condições físicas, ou mesmo emocionais, começam a pesar mais que nas rodadas iniciais. É justamente neste ponto que o Sport se apresenta como um ponto fora da curva. A “irregularidade” do Sport em campo é tão regular, que está segurando a barra nestas rodadas finais.


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