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EDITORIAL Por que o Fora Bolsonaro?

Com Bolsonaro, caem a renda, o trabalho, a esperança, os direitos sociais e crescem o custo de vida, da gasolina, do gás de cozinha; cresce a violência, estrutural no Brasil, contra mulheres, negros, comunidades LGBTQI+, povos indígenas, trabalhadores e trabalhadoras.

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A atual CPI da Pandemia, no Senado, não traz resultados imediatos, mas escancara a falta de planejamento, os interesses econômicos do governo e o desprezo pela ciência que levou o país a cerca de 500 mil mortes no período de pandemia. A pesquisa da XP Investimentos aponta que hoje são 50% os que consideram a administração federal ruim ou péssima, mostrando aumento na desaprovação do governo.

Porém, Bolsonaro mantém apoio coeso em cerca de 25% da população desde o ano passado e tem uma base social pequena, mas agressiva, convocada por suas aglomerações sem máscara e ‘motociatas’.

A urgência da saída de Bolsonaro neste momento está no fato de que, em 2022, ano eleitoral, diante do embate entre esquerda e direita, setores pontualmente críticos ao governo podem, no fim das contas, compor com ele. Bolsonaro não cairá de graça.

O momento, então, é gravíssimo. Não podemos perder mais parentes, empregos, casas, direitos, por culpa de um presidente corrupto, mentiroso, ignorante e o maior responsável por tantas mortes.

SEMANA

OPINIÃO Entenda por que o gás e a gasolina estão tão caros

Fernandes Neto,

diretor do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí

Aresposta está na política adotada em 2016, no governo Temer, pelo então presidente da Petrobras, Pedro Parente, e continuada com pequenas mudanças pelo governo Bolsonaro. É uma estratégia que vincula o preço interno ao mercado internacional, por meio de um mecanismo chamado Paridade de Preços Internacionais (PPI), que nada mais é do que o valor cobrado lá fora, transformado em real pela taxa de câmbio, mais 5%.

Nosso combustível é negociado de acordo com os preços internacionais e essa política faz com que o brasileiro pague mais caro do que poderia pagar. Afinal, somos quase autossuficientes na produção e refino do petróleo. Importamos muito pouco petróleo bruto e derivados. Temos um parque de refino – composto por 13 refinarias, que se complementam no sentido de garantir o abastecimento de todo Brasil, com capacidade de suprir cerca de 80% das nossas necessidades.

O alinhamento incondicional dos preços do mercado interno aos do mercado externo é ruim para a sociedade.

Características conjunturais e estruturais do nosso país, tais como a extensão territorial, modal de transporte de cargas, volume importado de petróleo e derivados, tipo de derivado e seu impacto econômico no país e na sociedade, são fatores que devem entrar na balança para uma política de preços mais justos.

A atual estratégia foca principalmente os acionistas privados da Petrobras, os importadores de derivados e os compradores das nossas refinarias.

Como o valor do petróleo no exterior está subindo, a tendência é que os preços no mercado interno continuem crescendo nos próximos meses, ultrapassando em muito a inflação. A Petrobras pratica hoje o preço de uma empresa privada, quando poderia (e deveria) praticar um preço mais justo, exercendo sua função de empresa estatal, que atenda aos interesses da população brasileira.

Somos quase autossuficientes na produção e refino do petróleo

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 216 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Fernandes Neto ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com

Brasil sofre com epidemia do desemprego

O Brasil está vivenciando outra pandemia tão grave e permanente: o desemprego. Ele agrava desde 2016 e já está na quarta onda sem enfrentamento adequado do governo federal. Os dados desta pandemia são do IBGE: o Brasil registrou no 1º trimestre de 2021 cerca de 14,8 milhões de desempregados.

Isso representa 14,7% da população economicamente ativa. É um recorde negativo na série histórica. O país ainda tem 6 milhões de desalentados e 29,7% de subutilizados.

A região do país que mais sofre com o desemprego é o Nordeste. São 18,6% de desempregados. No Sul, 8,5% dos trabalhadores estão padecendo com o desemprego. A maioria dos desocupados tem entre 14 a 17 anos. São 46,3% do público. Já 31% das pessoas entre 18 a 24 anos estão desempregadas. As mulheres também são as mais afetadas pelo desemprego: 17,9% delas estão sem trabalho contra 12,2% dos homens.

Outro dado da falta de trabalho são os efeitos colaterais na renda da população em idade ativa. Ela caiu 10,89% entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021. Entre a fatia dos 50% mais pobres, o recuo foi o dobro, de 20,81%. A queda foi de R$ 2677 para R$ 2544. R$ 2544.

FRASE DA SEMANA Um preto numa bike elétrica?! No Leblon???!

Questionou nas redes sociais o professor de surfe Matheus Nunes Ribeiro, de 22 anos, que é negro. Matheus estava esperando a namorada na frente de um shopping no Rio de Janeiro, quando foi acusado, por um casal de jovens brancos, de roubar a bicicleta elétrica que usava e era sua. “São coisas que encabulam o racista. Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado dele, não importa o quanto você prove”, complementou.

Reprodução

Comunidades e novas ocupações necessitam de apoio em Curitiba

Pedro Carrano maio, no bairro Tatuquara, Will Rosier, aponta que

Opaís segue com 14,8 a população local de 328 milhões de desempre- famílias sofre com a falta gados. Com isso, a popula- de material de construção ção de ocupações urbanas para a moradia. “Estamos recentes passa dificuldades, construindo para sobreem meio à redução de doa- viver, pessoas ainda estão ções. Para o padre redento- debaixo de lona, no meio rista Joaquim Parron, é sen- da chuva e do frio”, afirma. sível a queda nas ações de Outra necessidade vem da solidariedade desde o início cozinha diária. A maior parda pandemia. “Aumentou te hoje das doações vem dos a demanda e diminuíram próprios moradores, que as doações que, em junho, oferecem pacotes de feijão caíram 40% em relação a e arroz. abril”, afirma. Também no Tatuquara,

Uma das áreas assisti- as ações de solidariedade das por Parron, em parceria no chamado Jardim Venecom as irmãs Vicentinas e o za, que abriga 341 famílias, Movimento de Trabalhado- diminuíram no decorrer ras e Trabalhadores por Direitos (MTD), é a ocupação AÇÕES SOLIDÁRIAS Nova Guaporé 2, que abri- Cozinha Marmitas da Terra ga 101 famílias, no bairro Banco do Brasil | Ag. 4500-4 Campo Comprido. A comu- Conta corrente 108973-0 nidade apresenta demanda PIX acap.pr@gmail.com de regularização das contas SOS Curitiba de água e luz. Redentoristas e apoiadores

Por sua vez, um dos PIX 999632350 coordenadores da comunidade Vila União, surgida em Cozinha MTST PIX mtstparana@gmail.com do tempo. Agora, a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), atuante no local, iniciará uma cozinha comunitária, “mas ainda tem demanda de doações de alimentos para as marmitas, que serão fornecidas de segunda a sábado para os moradores”, informa Bárbara Esteche, da coordenação do MTST no estado. A cozinha do MST no centro de Curitiba, que formou o coletivo chamado Marmitas da Terra, apoia todas as cozinhas das comunidades citadas nesta matéria, com marmitas às quartas ou alimentos frescos.

MTD e Cozinha comunitária da União de Moradores do Bolsão

Formosa Nubank 260 | Conta 324284-661 | Ag. 0001 | CPF 03655697988 | PIX 41999343280

Vila União – Moradia e cozinha comuniária

Banco do Brasil | Ag. 4638-8 | Conta 20202-9 CPF 54961904287 (Wil)

COLUNA DA JUVENTUDE

As ruas são do povo!

Como resposta à arma apontada para a cabeça dos trabalhadores e trabalhadoras, com a convergência de crises conduzida pelo governo Bolsonaro, as organizações populares se mobilizaram. Não existe outra saída senão ocupar nas ruas para manifestar o descontentamento com a prática genocida da política de austeridade bolsonarista.

Enquanto juventude, trazemos a bandeira da educação para mobilizar estudantes e jovens que sonham com um futuro melhor, de desenvolvimento e soberania. A educação é transformadora, por isso os governos neoliberais a atacam através de cortes que afetam desde a educação básica até o ensino superior. Eles não querem uma nação bem educada, pois isso ameaça o poder das elites. A burguesia brasileira, entreguista, prefere contratar um profissional estrangeiro do que ver o/a filho/a do/a pobre na universidade, com qualificação para ocupar os mesmos postos de trabalho que seus filhos/as. O povo e a juventude brasileira estão sofrendo ataques intermitentes e o objetivo é claro: extermínio.

Por isso, dia 19 voltaremos às ruas com segurança sanitária, mas sem recuar um quarteirão, não sofreremos mais em silêncio, continuaremos em luta por um futuro de bem viver para todos os brasileiros e brasileiras.

Fora, Bolsonaro

Trabalhadores pedem a saída do presidente por perda de direitos, mortes, volta da miséria e da fome, entre outros motivos

Ana Carolina Caldas

As ruas de todo o Brasil foram ocupadas no dia 29 de maio por quem defende o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Uma das maiores manifestações já vistas desde o início de seu governo. Para o próximo sábado, 19 de junho, nova manifestação foi convocada. Para entender os motivos das manifestações e da defesa da saída do presidente, o Brasil de Fato Paraná entrevistou trabalhadores e trabalhadoras:

Diana Abreu

pedagoga da rede municipal de ensino

Estamos diante de um governo mais letal que o vírus. Exigimos vacina para todos e todas e auxílio emergencial, e não aos cortes no orçamento na Educação e Ciência. Além disso, não podemos fi car passivos diante da proposta de reforma administrativa, que irá destruir o estado brasileiro.

Giorgia Prates

Fabiano Stoiev

professor da rede estadual, secretário geral da APP Norte

Nosso sindicato aprovou, desde 2019, o “Fora, Bolsonaro” por causa dos cortes na educação superior e básica, sua política de destruição da educação pública e promoção de terceirizações, do projeto autoritário de militarização das escolas e sua aliança com o movimento ‘escola sem partido’, de controle ideológico e criminalização dos professores.

Alexandro Guilherme Jorge presidente do Sindipetro PR/SC

Fora, Bolsonaro diz respeito, primeiramente, ao genocídio em relação ao não Giorgia Pratestratamento adequado da pandemia pelo governo federal. Em nossa categoria, essencial, tivemos várias mortes de trabalhadores. Para os petroleiros, nosso Fora, Bolsonaro diz respeito ao preço dos combustíveis, que poderia ser muito menor, a Petrobras poderia investir muito mais e gerar empregos.

Arquivo Pessoal

Juliana Mittelbach enfermeira de UTI e tratamento da Covid

Sou Fora, Bolsonaro porque é um governo genocida, que nega a ciência e não defende o SUS. Mas, antes mesmo da pandemia, eu já era contra este governo por ser a favor das opressões: é machista, racista e homofóbico. Fora, Bolsonaro por vacina para todos, auxilio emergencial durante a pandemia e depois por um projeto de renda básica.

Clóvis Casagrande

bancário

Isso é só uma gripezinha... brasileiro pula em esgoto e não acontece nada, eu não sou coveiro... e, daí, quer que eu faço o quê?... Sou Messias, mas não faço milagre... a gente lamenta os mortos, mas é o destino de todo mundo... este é

um país de maricas... Estas são algumas das frases irresponsáveis de Bolsonaro. Você pode ter votado errado uma vez, mas não repita o erro.

Giorgia Prates

Ivan Carlos Pinheiro

trabalhador dos Correios

Os trabalhadores dos Correios, em nível nacional, são Fora, Bolsonaro porque tivemos perda de direitos, benefícios e garantias importantes. A ameaça de vender os Correios é, para nós, a constante ameaça de desemprego. Fomos considerados trabalhadores essenciais na pandemia, mas não somos essenciais para tomar vacina.

Antonio Goulart

eletricitário da Eletrobrás

Agora vivemos a barbárie com Bolsonaro e apoio dos militares e da elite. Fora, Bolsonaro é uma necessidade que exige unidade, inteligência e luta estratégica. Ou tiramos ou será o aniquilamento do povo brasileiro que já estamos assistindo, com perda de direitos, desemprego, mudança de Constituição, volta da miséria e da fome.

Giorgia Prates Giorgia Prates

Inês Camargo

trabalhadora dos Correios

Trabalho nos Correios há mais de 20 anos e digo “Fora, Bolsonaro” porque o atual governo, no ano de 2020, foi responsável pela retirada de 70 cláusulas do nosso acordo coletivo. Essas cláusulas diziam respeito a nossos direitos, conquistados com muita luta. Além disso, ele quer privatizar as empresas públicas como os Correios.

Verônica Rodrigues

atriz

Fora, Bolsonaro não é só uma ‘hashtag’ para tirar um político do poder. Vai além, é um pedido de socorro, é um clamor para que mudanças estruturais aconteçam no Brasil. É uma engrenagem de políticos que deveriam lutar pela população e estão permitindo que um senhor como Bolsonaro permaneça na presidência cometendo genocídio, com mortes da pandemia e a destruição da economia.

Giorgia Prates

Cristine Santos

da direção da Cooperativa de Produção Agropecuária, Paranacity

Meu ‘Fora, Bolsonaro’ é porque somos contra esta política de morte implementada por este governo que mata as pessoas de fome ou de Covid, por essa cultura negacionista que ceifa vidas e destrói possibilidades de desenvolvimento do País.

Arquivo Pessoal

Em todo o país, 19 de junho é Fora, Bolsonaro

Vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600 são algumas reivindicações

Ana Carolina Caldas

No sábado, 19 de junho, manifestações pelo “Fora, Bolsonaro” serão realizadas em todo o país e no exterior. No Paraná, várias cidades realizarão atos que, além de pedir o impeachment do presidente, também reivindicam vacinação em massa, auxilio emergencial de R$ 600 enquanto durar a pandemia, contra os cortes na educação, contra a reforma administrativa e as privatizações. E em defesa das lutas do povo negro contra a violência e o racismo, dos serviços públicos e da soberania.

A organização da campanha Fora, Bolsonaro é composta pela Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, partidos de esquerda, centrais sindicais e outras organizações. Uma das solicitações do comitê organizador é que as pessoas que forem participar sejam rigorosas nos cuidados quanto à pandemia, como distanciamento social, uso obrigatório de máscara e álcool gel.

Em Curitiba, a concentração será a partir das 15h, na Praça Santos Andrade. Em Londrina, em frente ao Teatro Ouro Verde, às 16h. Em Ponta Grossa, na Praça Barão de Guaraúna, às 15h. Outras cidades paranaenses divulgarão seus atos nos próximos dias.

Segundo levantamento da Frente Brasil Popular, já são180 atos confirmados pelo Brasil e no exterior. A primeira, manifestação “Fora Bolsonaro” realizada em 2021 aconteceu no dia 29 de maio e reuniu milhares de pessoas. A expectativa é que dia 19 de junho seja ainda maior.

TRABALHADORES Centrais Sindicais farão mobilizações nos postos de trabalho

A CUT e as centrais Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CSP-Conlutas, Intersindical, CGTB, Pública estão convocando os trabalhadores também para mobilizações nos locais de trabalho no dia 18 de junho.

Em nota conjunta destacam a importância da organização da classe trabalhadora. “Torna-se fundamental mobilizar os trabalhadores e as trabalhadoras, a partir de seus locais de trabalho para a luta em defesa do auxílio emergencial de R$ 600, contra a fome, contra a carestia, por vacina já para todos, pela extensão do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, contra a reforma administrativa (PEC 32/2020), em defesa da Agenda Legislativa das Centrais, que está no Congresso Nacional, e pelo Fora Bolsonaro”.

A nota diz, ainda, que as mobilizações de 18 de junho servirão à orientação sobre a importância de trabalhadores e trabalhadoras cumprirem protocolos sanitários no dia seguinte, 19 de junho, durante protesto nacional contra o presidente Bolsonaro”.

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