Brasil Observer #08 - Portuguese Version

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Foto: Agência Brasil

OCUPAÇÃO Forças Armadas tomam controle do Complexo da Maré a dois meses do início da Copa do Mundo >> Páginas 4 e 5

Foto: Rômulo Seitenfus

KAROL CONKA Em Londres para apresentação no La Linea, cantora dá entrevista ao Brasil Observer >> Páginas 8 e 9

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LONDON EDITION APRIL 10 – 23

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Capa: Leandro de Brito

BRASIL EXERCE PAPEL DE LIDERANÇA E RECEBE EVENTO PARA DEBATER GOVERNANÇA DA WEB >> Páginas 10 e 11

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UKstudyBrazil


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EM FOCO Notícias que foram destaques na quinzena

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BRASILIANCE Complexo da Maré em busca da paz

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BRASIL NO UK Futebol brasileiro segundo um argentino

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UK NO BRASIL Prática de rugby está crescendo no Brasil

EDITORA - CHEFE

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PERFIL Karol Conka fala com exclusividade

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REPORTAGEM DE CAPA Para onde vai a Internet?

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COPA 2014 Especial cidades-sede: Trinca do Nordeste

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CONECTANDO Música brasileira rompendo fronteiras

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BRASIL OBSERVER GUIDE Festival circense e muito mais...

Ana Toledo ana@brasilobserver.co.uk

EDITORES Guilherme Reis guilherme@brasilobserver.co.uk kate Rintoul kate@brasilobserver.co.uk

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach roberta@brasilobserver.co.uk

COLABORADORES Antonio Veiga, Bruja Leal, Clarice Valente, Deise Fields, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Michael Landon, Nathália Braga, Renato Brandão, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Zazá Oliva

PROJETO GRÁFICO

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16|17 CAPA DO GUIA 18 NINETEEN EIGHT-FOUR 19 GOING OUT 20|21 N EW CANVAS OVER OLD 22|23 T RAVEL 24 MIND & SOUL 25 FOOD

E D I T O R I A L

wake up colab digala@wakeupcolab.com.br

DIAGRAMAÇÃO Jean Peixe ultrapeixe@gmail.com

DISTRIBUIÇÃO BR Jet brjetlondon@yahoo.com Emblem Group LTD mpbb@btinternet.com

IMPRESSÃO

PASSADO, PRESENTE E FUTURO DA INTERNET By Ana Toledo – ana@brasilobserver.co.uk

Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Há 25 anos o mundo estabeleceu uma conexão que, aos poucos, alteraria o cotidiano da sociedade e dos poderes que regem os países. Foi com a entrada da Internet que o mundo virou digital. Desde então, muita coisa mudou. Aos poucos, profissionais de diversas áreas de atuação tiveram que se reinventar para acompanhar as transformações que chegavam ao mundo real. Com as novidades da rede, a questão da privacidade tomou outra dimensão. Facebook, Twitter, Instagram, What’s App... Ferramentas que em pouco tempo se tornaram indispensáveis para boa parte dos quase três bilhões de usuários da rede em todo o mundo. Para além da vida do simples usuário, porém, a questão da privacidade atingiu níveis de segurança nacional, com revelações de espionagem de dados estratégicos de diversos países, revelando a rede como um ponto crucial na economia e governança das nações. Todos os acontecimentos do mundo virtual movimentam o mundo o real. Muitos debates sobre o tema foram pautados. No Brasil, o tema se popularizou a partir da tramitação do

projeto do Marco Civil da Internet no Congresso Nacional, já aprovado pela Câmara dos Deputados e agora à espera de votação no Senado. Além da popularização no país, com diversas discussões entre a sociedade civil, a “Carta da Internet” se tornou referência para outros países que consideram o projeto o mais avançado sobre o tema. Para ampliar o debate e organizar propostas, representantes do governo e da sociedade civil de mais de 80 países participam da conferência NETmundial no final de abril, em São Paulo. Mesmo com uma evolução já consolidada, é necessário estabelecer regras para um contexto que ultrapassa fronteiras, no qual a Internet nos conecta com diferentes realidades. Além de ser uma ferramenta de uso público, é gerida por diversos interesses privados. A questão agora é garantir o acesso democrático com a neutralidade da rede, assegurar a privacidade e a responsabilidade no uso da internet. É com isso em mente que apresentamos esta edição.

Atex Business Solutions info@atexbusiness.com BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reproduzidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

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EM FOCO Foto: Divulgação/UK in Brazil

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PRÍNCIPE HARRY ESTÁ VOLTANDO AO PAÍS TROPICAL O príncipe Harry visitará o Brasil em junho, anunciou no início do mês sua assessoria de comunicação. A visita será promovida pelo governo do Reino Unido e tem o objetivo de reforçar a parceria entre a região e o Brasil. Depois, ele partirá para o Chile, com o mesmo objetivo. A assessoria de comunicação não informou a data exata da visita nem a cidade que receberá o príncipe. Alguns veículos da imprensa inglesa especulam que o príncipe Harry possa assistir a uma partida da Inglaterra durante a Copa do Mundo, no Brasil. A seleção inglesa jogará em Manaus, São Paulo e Belo Horizonte na primeira fase. Em março de 2012, o Príncipe Harry fez sua primeira visita ao Brasil. Na ocasião, lançou no país a campanha GREAT Britain. A iniciativa, presente em mais de 60 países, tem como objetivo divulgar o que o Reino Unido tem de melhor, atraindo oportunidades nas áreas de negócios, educação e turismo. A GREAT está apoiada em diferentes pilares que destacam as áreas de expertise britânica como: tecnologia, inovação, cultura, legado esportivo, música, sustentabilidade, criatividade e empreendedorismo.

Em sua primeira visita ao Brasil, o príncipe Harry chegou a jogar uma partida de vôlei na praia do Flamengo, no Rio

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ERRO GERA REVOLTA

CONFERÊNCIA DE MIGRAÇÃO TEM ETAPA EM LONDRES

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comunicou no início de abril que houve erros na divulgação de resultados da pesquisa Tolerância Social à Violência contra as Mulheres – que havia sido divulgada no final de março gerando grande repercussão. A pesquisa tinha revelado anteriormente que 65,1% dos entrevistados concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas. O dado correto, divulgado depois, é 26%. O dado anterior gerou protestos em rede sociais e reverberou na imprensa. Homens e mulheres se posicionaram contra o suposto machismo revelado nas respostas. A frase “Eu não mereço ser estuprada” foi amplamente reproduzida nas últimas semanas. De acordo com o levantamento correto, 70% discordam da afirmação de que a roupa justifica a violência. Após a detecção do erro, o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, pediu exoneração. Com a

A fase preparatória para a 1ª Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio (Comigrar) registrou mais de 200 etapas, realizadas nas cinco regiões brasileiras e no exterior. O objetivo foi levantar sugestões para serem apresentadas durante a etapa nacional dias 30, 31 de maio e 1º de junho -, quando serão aprofundadas as propostas que subsidiarão políticas públicas para a área. “Agradecemos, profundamente, a todos os atores que contribuíram para o processo da Comigrar nesta fase preparatória. Isto nos permitiu algo inédito: ouvir as vozes, até então caladas, de migrantes e refugiados no país. O momento agora será de sistematizar as propostas levantadas para apresentá-las na etapa nacional”, destacou o secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão. Os encontros ocorreram por meio de conferências livres – organizadas por entidades da sociedade civil e universidades – e de conferências municipais e estaduais - convocadas pelos governos locais. O processo também registrou uma conferência livre organizada por brasileiros no exterior, ocorrida em Londres, intitulada “Do Reino Unido de volta ao Brasil: mesmos direitos?”. Os debates abordaram temáticas variadas e desnudaram realidades bem específicas, como as questões enfrentadas pela população carcerária estrangeira, por mulheres migrantes, refugiadas e egressas do sistema prisional, estudantes estrangeiros e comunidades já fixadas no país, além de crianças e adolescentes que chegam desacompanhados ao Brasil e da migração LGBT. Os novos fluxos migratórios também foram amplamente debatidos. Acre, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo são exemplos de estados onde ocorreram conferências específicas sobre a migração haitiana. Na etapa preparatória, participaram das discussões ainda órgãos como a Defensoria Pública da União (DPU) e a Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro (OAB-RJ), além de instituições religiosas, étnico-culturais e abrigos. Mais informações: www.facebook.com/comigrar.

correção, constatou-se ainda que 65,1% concordam total ou parcialmente que mulheres que são agredidas pelos parceiros, mas continuam com eles, “gostam de apanhar”. O dado anteriormente divulgado era de 26%. Segundo Luana Pinheiro, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, o erro assumido não exclui o fato de que a sociedade brasileira precisa debater os vários resultados obtidos. “A gente pode notar que as conclusões do relatório não são alteradas com essa correção. A gente continua tendo uma concordância alta na questão da responsabilização feminina pela violência sexual sofrida”, diz Luana. A técnica do Ipea explicou que, na avaliação da base de dados da pesquisa para produzir novas reflexões sobre os resultados, a equipe do órgão percebeu uma informação diferente da que constava no relatório. Luana explicou que se tratou de “uma troca de tabelas associadas às frases” durante a montagem do documento.

OSBORNE REVELA PLANO DE NEGÓCIOS NO BRASIL O Ministro da Fazenda do Reino Unido, George Osborne, anunciou no Brasil um pacote de apoio financeiro para exportadores britânicos em mais uma tentativa de impulsionar o comércio. Osborne já havia dobrado o valor de um esquema de empréstimos do Tesouro a três bilhões de libras para ajudar exportadores a financiarem suas negociações no exterior. Agora, porém, os bancos podem usar facilidades do Banco da Inglaterra para exportações menos arriscadas, na esperança de que o crédito mais barato para as empresas levante o comércio. Ele apresentou a novidade em um discurso no Rio de Janeiro, já que pretende aumentar a relação comercial com o país. Apenas 1% das exportações do Reino Unido, em 2013, foi para o Brasil, embora o comércio entre os dois tenha crescido 50% em quatro anos. O Brasil tem sido um foco de investimento das empresas

do Reino Unido recentemente, já que o país vai sediar a Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. No ano passado, as empresas britânicas ganharam um bilhão de libras em contratos no Brasil. O chanceler tem como meta um valor total de exportações britânicas de um trilhão de libras até o final da década. Suas esperanças, porém, foram frustradas pela fraca demanda global por produtos do Reino Unido em meio a crises financeiras e econômicas em curso. Ainda no Brasil, Osborne anunciou que grupo britânico Rolls Royce vai instalar uma fábrica de propulsores marítimos no Rio. Com investimento de R$ 80 milhões, a nova fábrica será implantada em maio e fará as primeiras entregas em janeiro de 2015. O foco da unidade será atender aos requisitos de conteúdo local para os contratos de construções navais voltados para o Pré-sal.


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BRASILIANCE

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

COMPLEXO DA MARÉ OCUPADO Tropas federais ocuparam o complexo de favelas no sábado dia 5 de abril sem encontrar resistência

Com ação das Forças Armadas, processo de pacificação de favelas no Rio avança, mas preocupações permanecem Por Wagner de Alcântara Aragão

A dois meses de receber milhares de profissionais e visitantes para a Copa do Mundo, o Brasil assiste a uma mega operação das forças de segurança na ocupação daquele que é considerado o conjunto de favelas mais populoso do país: o Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. De acordo com números oficiais, lá estão 16 comunidades, que somam quase 40 mil domicílios e onde moram em torno de 130 mil pessoas. A ocupação faz parte do chamado “programa de pacificação” das favelas do Rio de Janeiro dominadas pelo tráfico de drogas, facções criminosas e milícias. O Complexo da Maré é a 38ª comunidade a ser incluída no programa. Um detalhe importante: esse conjunto de favelas está situado próximo do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). Às margens do Complexo da Maré estão as vias de acesso que ligam o Galeão ao Centro da cidade, à Zona Sul e à Zona Oeste. Ou seja, qualquer pessoa que chegue ao Rio pelo aeroporto internacional cruza, obrigatoriamente, o conglomerado de comunidades. A ocupação começou em 30 de março, um domingo, com a entrada das forças de segurança estadual – 1.180 policiais militares e 130 policiais civis – reforçadas por policiais federais, policiais rodoviários e fuzileiros navais. No sábado dia 5 de abril, a operação

se intensificou, com a integração das Forças Armadas ao processo de ocupação. Segundo a Agência Brasil, essa nova operação envolveu efetivo total de 2.700 homens, sendo 2.050 militares do Exército, 450 fuzileiros navais e 200 policiais militares. Esse contingente ficará na região até 31 de julho, pouco depois do final da Copa, dia 13 de julho. A atuação conjunta, de acordo com as autoridades estaduais e federais, é imprescindível para que, após a ocupação inicial, dê-se a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo da Maré. A partir da instalação da UPP tem-se, definitivamente, a retomada do território pelo Estado e a efetiva implementação do chamado “programa de pacificação”. A partir da instalação da UPP, conforme prevê o programa, serviços e obras públicas são levados à comunidade, promete o Governo do Estado do Rio de Janeiro.

DESCONFIANÇA A chegada da UPP ao Complexo da Maré ocorre num momento em que a credibilidade do programa está em xeque.

Programa que, por sinal, é a “menina dos olhos” da gestão do governador Sérgio Cabral (PMDB), que, depois de dois mandatos consecutivos, tentará eleger seu vice, Luiz Fernando Pezão, nas eleições de outubro próximo. As críticas ao programa das UPPs, antes pontuais, têm aumentado. Não raro há queixas da população, justificadas por fatos que têm vindo à tona, de truculência por parte dos policiais dos batalhões das unidades instaladas (leia mais na matéria ao lado). Se antes os moradores dessas favelas eram reféns das ordens das facções criminosas que dominavam o território, tampouco hoje têm a liberdade e seus direitos plenamente assegurados. Ultimamente, ataques das facções às unidades de polícia instaladas nas favelas contempladas pelo programa mostram que, na realidade, a pacificação propalada não é absoluta. Só entre fevereiro e março deste ano, foram registrados ataques a UPPs em nove comunidades. Em 2013, duas já tinham sido alvo de grupos criminosos. Entre as UPPs atacadas está a do Complexo do Alemão. A ocupação daquela região foi um marco na história recente da segurança pública do Rio de Janeiro. A retomada do controle do território pelo Estado se deu no final de novembro de 2010, quando o programa de pacificação completava dois anos (a primeira UPP foi instalada pelo Governo do Rio de Janeiro em dezembro de 2008, no Morro Santa Marta, em Botafogo, Zona Sul). A operação contou com uma tropa de 2.700 homens, com apoio de blindados do Corpo de Fuzileiros Na-

vais, e chegou a ser transmitida ao vivo por emissoras de televisão. Uma das críticas feitas ao programa de pacificação em curso está na definição das comunidades a serem contempladas prioritariamente. O critério essencial não teria sido os índices de criminalidade e violência, mas sim a localização da favela. Foram priorizadas as comunidades das zonas Sul, Norte e Oeste, situadas em regiões onde houve, há e haverá fluxo de profissionais e visitantes, inclusive estrangeiros, atraídos pelos grandes eventos que o Rio de Janeiro recebeu (Jornada Mundial da Juventude) e vai receber (Copa do Mundo e Olimpíadas 2016). São locais de iminente potencial turístico e econômico – prejudicados pela sensação de insegurança. Zonas afastadas da cidade, assim como a região metropolitana do Rio, permanecem sem perspectivas de serem contempladas com o programa de pacificação do governo estadual. Pior: a insegurança nessas outras plagas tem aumentado. Uma reportagem da edição de fevereiro da revista Caros Amigos revela que, em 2013, o índice de homicídios na Baixada Fluminense cresceu 28%; os roubos de carros subiram 36%; de pedestres, 35%; e a estabelecimentos comerciais, 34%. O poder das facções criminosas nos municípios vizinhos ao Rio de Janeiro e mesmo dos bairros da cidade limítrofes a esses municípios ampliou-se, coincidentemente ou não, depois da implantação das UPPs nas comunidades mais centrais da capital.


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MORADORES TEMEM ‘TERRITÓRIO DE EXCEÇÃO’

Fotos: Tânia Rego/Agência Brasil e Elisângela Leite

Por Rosa Bittencourt*

Desconfiança dos moradores foi debatida durante audiência pública realizada pelos líderes das comunidades da Maré

O QUE SÃO AS UNIDADES DE POLÍCIA PACIFICADORA

Sede da UPP da Favela da Rocinha

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

De acordo com o Governo do Estado do Rio de Janeiro: “A Unidade de Polícia Pacificadora é uma pequena força da Polícia Militar com atuação exclusiva em uma ou mais comunidades, numa região urbana que tem sua área definida por lei. Cada UPP tem sua própria sede, que pode contar com uma ou mais bases. Tem também um oficial comandante e um corpo de oficiais, sargentos, cabos e soldados, além de equipamentos próprios, como carros e motos”. Ainda segundo o governo estadual, “o programa das UPPs engloba parcerias entre os governos – municipal, estadual e federal – e diferentes atores da sociedade civil. Projetos educacionais, culturais, esportivos, de inserção social e profissional, além de outros voltados à melhoria da infraestrutura, estão sendo realizados nas comunidades por meio de convênios e parcerias firmados entre segmentos do poder público, da iniciativa privada e do terceiro setor”.

37 UPPs instaladas 257 territórios retomados pelo Estado 9,5 milhões de metros quadrados é área total abrangida 1,5 milhão de habitantes beneficiados 9,3 mil policiais nas UPPs 40 UPPs devem ser instaladas até o final de 2014

Fonte: www.upprj.com

Moradores do Complexo da Maré acompanharam com olhares desconfiados a chegada de quase três mil homens das Forças Armadas no dia 5 de abril. Céticos, acreditam que o aparato foi montado para garantir a segurança dos milhares de turistas que chegarão ao Rio no início de junho para a Copa do Mundo. Coincidentemente, as forças devem permanecer na região até duas semanas após o fim do campeonato, abrindo caminho para a instalação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A reportagem do Brasil Observer fez inúmeras tentativas para entrevistar moradores de Nova Holanda, onde fica o Centro de Artes da Maré (CAM), mas recebeu respostas evasivas: “Não”; “Não posso falar”; “Não quero falar”; “Não sei”. Mesmo arredios e depois de muita insistência, alguns opinaram, desde que não fossem feitas fotos e nem seus nomes fossem publicados. Na ponta da língua, a esperança de que os moradores não sofram com a violência policial. Dois nomes eram lembrados repetidas vezes: o pedreiro Amarildo Dias de Souza, morto por policiais da UPP da Rocinha, no ano passado, e a auxiliar de serviços gerais Cláudia Silva Ferreira, morta durante operação policial de combate ao tráfico de drogas na favela no Morro da Congonha, em Madureira, em março deste ano. Também temem que, com a presença das Forças Armadas, passem a viver num território de exceção, onde as leis não são respeitadas e os direitos dos moradores são suspensos em nome da pacificação. Mas e os traficantes? Esse é outro assunto quase tabu no Complexo da Maré. “Muito antes das Forças Armadas chegarem, os principais chefões abandonaram parcialmente seus pontos. Não se vê mais o vai e vem das motos ou os traficantes vendendo drogas nas ruas. Grande parte deles fugiu, mas muitos estão escondidos no miolo das favelas. Dizem que só vão esperar a Copa passar e os militares saírem para voltar”, afirmou um morador, que não quis se identificar. Ele também confirmou que, em algumas favelas do Complexo da Maré, facções rivais teriam tentado entrar no território que é dominado pelo Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro, Amigos dos Amigos e milicianos. A Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro afirmou que o serviço de inteligência não detectou o movimento de entrada de novos traficantes na região. Para o comerciante Eli Ferreira da Silva, de 39 anos, que mora e trabalha na região desde 2003, ainda falta muito policiamento. “Ainda temos muito medo. Tem lugar que

não se pode sair à noite. Os tiroteios pararam, mas não dá para arriscar”. Para ele, após a Copa, a região corre o risco de ser abandonada. “Muitas pessoas vão passar por aqui, se morre um gringo acabou o Rio de Janeiro e a Copa”. Casado e pai de três filhos, Silva tem rendimento de R$ 4 mil por mês (dele e da esposa). Segundo ele, dá para viver, pois a moradia é própria. O ganho de Silva é uma exceção, pois a maioria das pessoas de lá ganha muito pouco e a taxa de desemprego é alta. Uma cabeleireira de 27 anos, nascida na região e que pediu anonimato, disse que “está uma maravilha isso aqui agora, com polícia para tudo que é canto. Antes, à noite, era uma visão do inferno com tiros e muito medo”. Segundo ela, é uma porta que se abre para os moradores. “Tem muita ONG que poderia ajudar as pessoas mais carentes daqui, mas que não conseguiam entrar por causa dos traficantes. Agora, poderão vir com segurança”. Ela elogiou o fato que os policiais agora terão óculos especiais para filmar as ações. “Assim não vamos correr o risco de abuso contra inocentes”.

INFRAESTRUTURA BÁSICA Durante a audiência pública realizada na primeira semana de abril, com a presença do secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e dos presidentes das 15 associações de moradores do Complexo da Maré, foi cobrado a presença de outras secretarias, como Saúde, Educação, Habitação, Esporte, Cultura e Saneamento. “Sabemos que a região precisa de muito mais”, disse Beltrame. Para ele, “não se faz cidadania somente com a polícia”. A presidente do Conselho de Moradores da Vila do Pinheiro, Janaína Monteiro, ressaltou que existem sim regiões completamente abandonadas pelo serviço público, mas que a maioria já dispõe de escolas, postos de saúde e redes de esgoto. “Não queremos uma UPP maquiada, como já aconteceu em outras regiões, e muito menos violência, achando que todo morador é bandido ou traficante”. Beltrame disse que a abordagem agressiva pode acontecer, mas que não é “regra” e prometeu instalar ouvidorias, onde os morados poderão fazer queixas formais, para avaliar a conduta de policiais. *Rosa Bittencourt é correspondente do Brasil Observer no Rio


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BRASIL NO UK

Foto: Divulgação Mostra de Christopher Pillitz é uma celebração da cultura do futebol no Brasil

A paixão pelo futebol no Brasil pelas lentes de um argentino Faltando apenas dois meses para a Copa do Mundo no Brasil, a febre do futebol começa a se espalhar por todas as partes e a embaixada brasileira em Londres não poderia ficar de fora. Lá está em exibição uma mostra do aclamado fotógrafo Christopher Pillitz, que acaba de lançar seu novo livro, “Brazil: The Beautiful Game”. O futebol é um símbolo tão marcante do Brasil no exterior quanto a bossa nova – e, apesar das notícias pessimistas quanto aos atrasos nas obras dos estádios do Mundial, a devoção do brasileiro ao esporte bretão é inigualável. Não importa a ocasião – um bando de crianças correndo atrás da bola na praia ou marmanjos em volta de um telão no

boteco -, futebol é uma paixão nacional, captada com maestria pelas lentes de Christopher Pillitz. Nascido e criado na Argentina, Pillitz trabalhou em alguns hotéis de Londres antes de ir contra os desejos de seu pai e sair em busca de uma “existência menos previsível e mais desafiadora” através do fotojornalismo. Tal decisão certamente valeu a pena, já que o fotógrafo trabalhou em prestigiados veículos de comunicação, entre eles Observer, Sunday Times e New York Times, explorando o mundo através das lentes de sua câmera e ganhando inspiração pelos países que visitou nos últimos 30 anos. Pillitz cobriu pautas diversas e valorizou cada experiência, “vendo o melhor

e o pior da humanidade... em jornadas de intenso aprendizado e descobrimento, repletas de surpresas”. Durante a década de 1990, o fotógrafo passou cinco anos documentando as praias brasileiras e o culto ao corpo, explorando a cultura hedonista do país. O resultado final foi sucesso de crítica, um trabalho publicado pelas maiores revistas do mundo e que, posteriormente, se tornou um livro e uma mostra, “Brazil Incarnate”, exibida em Londres, Manchester e Milão, entre outras cidades. Agora Pillitz volta novamente suas atenções ao Brasil, desta vez focando na cultura futebolística do país. A série em exibição mostra desde impressionan-

tes estádios lotados a pátios de cadeias e peladas no meio da rua, o que evidencia o caráter plural do esporte. Às vezes o recurso da fotografia não faz justiça à intensidade e à vivacidade dos esportes, mas o trabalho de Pillitz expressa e captura muito bem a energia cinética de futebol, assim como a emoção de assistir ao desenrolar de um jogo. Lançada meses antes de uma das mais esperadas Copas do Mundo de todos os tempos, a coleção celebra a cultura do futebol no Brasil. Publicado pela Prestel, o livro de Christopher Pillitz está à venda desde abril, acompanhado pela exibição que acontece na Gallery 32 da Embaixada do Brasil em Londres, de 9 de abril a 2 de maio.


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UK NO BRASIL

Mais brasileiros dão chance ao rugby Fotos: Divulgação

Programa Try Rugby já chegou em 20 cidades brasileiras, alcançando mais de 54 mil crianças, jovens e adultos

Em evento especial no Parlamento Britânico, foi anunciado que o programa esportivo pioneiro Try Rugby está sendo ampliado para 24 cidades e dois novos Estados no Brasil. Try Rugby, que é resultado de uma parceria de financiamento e execução entre Premiership Rugby, British Council e SESI, começou em São Paulo, em 2012, com cidades participantes. De lá para cá o programa ampliou o número de cidades para 20, alcançando um número de 54 mil crianças, jovens e adultos. O objetivo do programa é aumentar a prática do esporte até os Jogos Olímpicos do Rio 2016, levando crianças e adolescentes carentes à inclusão social através do rugby e conectando os 12 times da liga britânica com os centros do SESI no Brasil, além de fomentar o compartilhamento de conhecimento entre professores, técnicos e jovens voluntários, criando

uma força de trabalho sustentável. No dia 27 de março, cem pessoas dos setores de esporte, comércio e governo, incluindo Hugo Swire, responsável pela área de América Latina no Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido, se encontraram em um evento para discutir o futuro do programa. No encontro, as três partes assinaram um contrato confirmando a expansão do Try Rugby. O acordo prevê a continuação do programa depois da Olimpíada para deixar um forte legado cultural e esportivo. O Brasil Observer conversou com James Thellusson, assessor de imprensa do Try Rugby, que falou sobre como o país que todos associam ao futebol tem abraçado o novo esporte. “Rugby é um esporte novo e isso intriga os brasileiros. É diferente e isso empolga as pessoas. São movimentos e habilidades

diferentes do futebol e tem uma ética de grupo muito forte. O rugby requer talento individual, mas você só obtem sucesso como um time”, disse. “Consideramos que o Brasil tem grande potencial para o rugby. Por isso estamos levando o programa para novos lugares nos próximos anos com nossos parceiros. O objetivo é aumentar o interesse das pessoas, o que vai acontecer com a Olimpíada”, completou. Perguntado se o esporte tem enfrentado barreiras no Brasil, Thellusson foi otimista. “O fato de ser novo traz alguns desafios. Temos que dedicar tempo para explicar as regras e treinar os movimentos básicos do esporte”, afirmou. Sobre as similaridades e diferenças entre o rugby britânico e sua versão brasileira, Thellusson disse que “os brasileiros parecem ter faro e carisma naturais, não apenas como pessoas, mas também como jogadores”.

“Os brasileiros jogam de maneira mais aventureira. No Reino Unido, os jogadores são menos brincalhões. Mas acredito que há mais semelhanças. Os jogadores de rugby britânicos e brasileiros gostam das mesmas coisas do jogo: velocidade, habilidade e tática. E compartilham a mesma cultura da diversão em grupo”. A paixão pelo esporte é grande no Brasil e os objetivos sociais desse programa certamente podem deixar algo positivo no país. O Try Rugby quer atrair mais parcerias com empresas brasileiras e britânicas, organizações sem fins lucrativos e governos. Quem quiser saber mais pode acessar http://bit.ly/1h14Wyk. g

Se você está no Reino Unido e quer mais detalhes do programa, entre em contato com wmorris@premiershiprugby.com ou siga pelo Twitter @tryrugbybrazil.


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PERFIL

Karol Conka é o que ela quer ser

Em Londres para apresentação em festival de música latino-americana, cantora brasileira fala ao Brasil Observer sobre suas influências africanas, revela empurrão de Emicida na carreira e conta casos de racismo na infância Texto e foto: Rômulo Seitenfus


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“Negro, branco, rico, pobre / O sangue é da mesma cor / Somos todos iguais / Sentimos calor, alegria e dor” é o que diz uma das letras mais significativas cantadas por Karol Conka, que mais adiante na mesma música diz “seja o que tiver que ser, seja o que quiser ser”. Em sua primeira turnê europeia na carreira, horas antes de subir ao palco em Londres, não dá para negar que Conka está sendo exatamente o que ela quer: “Adoro divar”, diz ela enquanto procuro o melhor ângulo para capturar com perfeição sua autenticidade. Quatro anos atrás, Karol cantava sem muita pretensão. Mas eis que, em 2013, ela rouba a cena: concorrendo com Anitta, Clarice Falcão e Strobo, conquista o Prêmio Multishow de Música Brasileira, na categoria Revelação. Tal ascensão, como ela revela nesta entrevista, se deu em partes depois de um puxão de orelhas do rapper Emicida. “Ele me disse para levar o rap a sério e que parasse de brincar. Falou que eu era ótima cantora e que precisava cobrar por isso, respeitando o rap. Então prometi a ele que iria me profissionalizar”. Karol diz não entender tão bem de espiritualidade como gostaria, mas acredita que ser neta de babalorixá e ter nascido em um 1º de Janeiro também favoreceu sua relação com o palco. “Depois que lancei o disco, pessoas do candomblé vieram me perguntar qual era o meu orixá. Respondi que não sabia, não entendia do assunto. Minha avó era do candomblé, mas infelizmente não segui seu caminho. Essas pessoas que me procuraram disseram que tenho um orixá que me acompanha, por isso tenho uma presença forte no palco”. O álbum Batuk Freak chegou há um ano (leia mais na página 18). Cheio de ritmo e cores, o disco representa o passado de sua ascendência – Karol se inspirou na avó para reproduzir as batidas da religião africana – e o futuro que já havia chegado como nova fase profissional. “Minha avó era macumbeira. Apesar de eu não entender muito sobre a espiritualidade dela, sempre me encantei pela cultura dos orixás. Ela me dizia que eu faria sucesso. Quando estava produzindo meu disco com o Nave, produtor do álbum, ele me fez lembrar muito da minha avó. As batidas dos batuques nos arranjos foram inspiradas nela, que infelizmente hoje está debilitada”. Depois de dividir palcos com grandes nomes como Emicida, Marcelo D2 e Criolo, Conka chegou à Europa. Em Londres, participou do Festival La Linea, cantando sucessos de seu disco. O nome Karol Conka, como é possível imaginar, vem da explicação de ser escrito com a letra K. “Meu pai achava Carol com C cafona. Ele disse à minha mãe que teria de ser com K”, diverte-se. Na infância, prendia todas as atenções da família e sonhava ser artista. Estudou ballet contemporâneo, o que foi decisivo em relação à segurança de palco. Filha de pai alcoólatra, Conka perdeu o genitor na adolescência. “Meu pai foi uma pessoa muito querida. Sempre me dizia que eu era linda. Minha mãe é perfeita, me ensinou a sorrir apesar de tudo. Um dia descobri que ela chora no chuveiro, uma pessoa

Minha ideologia é incentivar as pessoas a sorrir

muito forte”, relembra a cantora, seguindo pelas lembranças mais distantes do tempo de escola, nem sempre felizes. “Colegas me chamavam de nomes racistas. Uma professora me chamou de galinha de Angola. Como não tinha o apoio dela, tive de entrar na brincadeira. Ajudei os colegas a me darem nomes. Um dia um garoto me chamou de ‘chipa’, de chipanzé. Tive outro colega que me apelidou de ‘nega do cabelo duro’. Passaram-se uns anos, fiquei linda e ele quis me pegar. Ele disse ‘E aí Karol, vamos fazer alguma coisa?’, e eu respondi ‘Não, vou pentear meus cabelos’”, conta. “Nesta época, alisava meus cabelos para ser aceita, para que me emprestassem a borracha na sala de aula. Todo o dia pensava de qual nome iria ser chamada. Nas brincadeiras de roda, não pegavam na minha mão. Passei alisando os cabelos dos oito aos 17 anos. Depois passei a assistir e ouvir Lauryn Hill. Além de assumir os cabelos afros, cantava músicas que falavam de amor próprio e sobre sermos nós mesmas antes de amar um homem. Sua figura forte me encorajou a assumir minha força. Raspei os cabelos, deixei crescer um penteado black power e passei vestir camisetas com escritas ‘Negro é lindo’. A Lauryn Hill foi minha grande inspiração”, revela. Questiono, então, se as ideias apresentadas nas letras de suas músicas são resultado do que passou na infância. “A minha ideologia é incentivar as pessoas a sorrir. Meu lema é ‘viva sorrindo’. Passei por muitas coisas na vida, sim: o vício do meu pai com o álcool, o bulling na infância. Minha mãe sempre me ensinou a sorrir apesar de tudo, e é isso que tento passar às pessoas”. Sobre machismo, quero saber se Karol enfrenta preconceito em um meio musical predominantemente masculino. “Como sofri bulling na infância, cresci calejada e nada mais me abate. Quando comecei, as meninas do rap se masculinizavam para subir no palco. Então fazia o contrário, me maquiava e me vestia como a mulher que sou”, diz. “O machismo no rap nacional hoje é não aceitar uma mulher no topo. A minha amiga Negra Li me conta que no começo da carreira se masculinizava para ser aceita. Hoje sou o maior nome do rap feminino no Brasil, como a única mulher que sobrevive de rap. Meus ídolos são Emicida e Criolo, que me tratam como uma princesa e me respeitam; tive o prazer de dividir palco com eles. Preconceito é falta de educação. O preconceito do machismo é alimentado também pelas mulheres. No Brasil, não está clara esta ideia, elas confundem até o conceito de feminismo”, completa a cantora. Sobre os planos para os próximos meses, Karol já prepara o segundo álbum. “Pretendo lançá-lo em 2015. Como gosto de inovar, prometo que não será igual ao Batuk Freak, mas também será como eu: alegre, colorido, macumbeiro, com participações especiais de artistas internacionais, e misturando um pouco do eletrônico”. Para finalizar, Karol Conka deixa um recado aos fãs espalhados pelos vários países por onde passou: “Seja o que você quiser ser; eu sou quem eu sou e você tem de me aceitar assim”.


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CAPA

Brasil recebe mais de 80 países para debater futuro da Internet Para Virgilio Almeida, que coordena o encontro, conjuntura nacional e internacional é favorável a mudanças na política de governança mundial da rede No mesmo ano em que a World Wide Web completa 25 anos, o Brasil sedia o NETmundial – Encontro Multissetorial Global Sobre o Futuro da Governança da Internet. Organizado em uma parceria entre o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI. br) e a /1Net (fórum que reúne entidades internacionais dos vários setores envolvidos com a governança da Internet), o NETmundial acontece nos dias 23 e 24 de abril, em São Paulo, e será transmitido ao vivo, além de permitir formas de participação remota, que irão permitir interação, em tempo real, com 31 cidades de 22 países diferentes, inclusive o Reino Unido. Ao todo, a conferência recebeu 188 propostas de conteúdo de 46 países. As sugestões irão orientar o debate dos temas que norteiam a conferência: “Princípios de governança da internet” e “Roteiro para a evolução futura da governança do ecossistema da internet”. O evento vai reunir representantes da sociedade civil, do setor privado, da academia, da comunidade técnica e de governos de mais de 80 países, de acordo com os organizadores. Para o secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Virgilio Almeida, que coordena o encontro, o evento já parte de um contexto favorável a mudanças na política de governança mundial da rede. Ele destacou dois fatos recentes: o anúncio do governo dos Estados Unidos de que pretende abrir mão da governança da rede em favor da comunidade global e a aprovação do Marco Civil da Internet pela Câmara dos Deputados brasileira (leia mais na página ao lado). No mês passado, o Departamento de Comércio dos EUA comunicou oficialmente seu novo entendimento sobre o assunto e pediu à Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann – Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet) que construa um processo de transição nesse sentido. “Já é uma consequência positiva da organização da conferência e de toda a movimentação mundial em que ela se insere”, observou Virgilio. “O Brasil tem sido uma das nações que lideram esse movimento por mais transparência e multissetorialidade,

Expressão de interesse por setor

Expressão de interesse por região geográfica

mas é uma reivindicação da comunidade internacional praticamente inteira”. O secretário lembrou que as revelações recentes de espionagem reduziram a confiança no atual modelo e argumentou que, devido à sua natureza descentralizada, a internet não pode ser regulada em nível nacional. “A internet tem mais de 3 bilhões de usuários. É considerada hoje uma tecnologia de uso geral, um elemento básico e essencial na vida de quase todos os cidadãos e um componente chave na economia e nos governos dos países”, afirmou. “Mas seu outro lado inclui ameaças de crimes cibernéticos, ataques à liberdade de expressão e aos direitos humanos, disputas

jurídicas transnacionais e concentração de mercado e riquezas”, completou. Para Virgilio Almeida, a revisão dos arranjos que organizam as funções e recursos da rede mundial é vital para o fortalecimento do ciberespaço e de seu uso para o desenvolvimento social e econômico. TEMÁTICAS ABORDADAS As contribuições de conteúdo recebidas pelo NETmundial abordam temáticas diversas relacionadas à governança da Internet. A partir delas podemos observar as principais preocupações dos setores participantes quanto ao futuro desse ecossistema.

Entre os assuntos mais abordados nos textos enviados estão: Participação multissetorial (101 contribuições), Direitos Humanos (83), o papel e as responsabilidades do Estado (62) e inclusão de usuários (62). Todas as 188 contribuições de conteúdo enviadas para o NETmundial estão disponíveis para leitura no endereço: http://content. netmundial.br/docs/contribs. Os países com maior número de contribuições de conteúdo são: Estados Unidos (31 contribuições), Brasil (16), Reino Unido e Índia (ambos com sete), seguidos de Suíça, França e Argentina (ambas com seis) e Japão e Sudão (ambos com quatro) – veja nos gráficos abaixo as estatísticas de expressão de interesse divididas por setores e regiões geográficas. O NETmundial foi dividido em comitês, cada um com representantes dos setores envolvidos, especialistas distintos, tendo como meta dar as diretrizes e assegurar o caráter multissetorial do encontro. O Comitê Multissetorial de Alto Nível é composto por representantes de nível ministerial de 12 países mais 12 membros da comunidade multissetorial internacional. Este comitê conta ainda com representantes da União Internacional de Telecomunicações e do Departamento para Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, e representação da Comissão Europeia. Sua responsabilidade é supervisionar a estratégia global do evento e de promover o envolvimento da comunidade internacional em torno dos temas que serão discutidos na reunião. O Comitê Multissetorial Executivo é responsável pela agenda da reunião, seu formato, convite a participantes e por gerenciar as Contribuições de Conteúdo recebidas, assegurando a participação equilibrada da comunidade global. Esse comitê conta com nove membros internacionais, incluindo representantes das comunidades técnica, civil e acadêmica, setor privado e do departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. O Comitê de Logística e Organização e o Conselho de Assessores Governamentais completam a organização do evento.

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Para mais informações, acesse www.netmundial.br


brasilobserver.co.uk 11 Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Ativistas acompanham a votação do Marco Civil da Internet na Câmara dos Deputados em Brasília, no final de março

Marco Civil é a lei mais avançada na defesa da Internet livre, diz especialista Depois de cinco meses de polêmica e intensos debates no Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou no final de março o projeto do Marco Civil da Internet, que define os direitos e deveres de usuários e provedores de serviços de conexão e aplicativos na rede. A aprovação abre caminho para que os internautas brasileiros possam ter garantido o direito à privacidade e a não discriminação do tráfego de conteúdos (leia no Box). O texto segue para o Senado e, caso seja aprovado lá também, irá para sanção presidencial. Em entrevista concedida por e-mail ao Brasil Observer, o doutor em ciência política, professor da Universidade Federal do ABC e representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Internet no Brasil, Sergio Amadeu, afirmou que “o Marco Civil é a lei mais avançada na defesa da Internet livre em todo mundo”. A matéria já havia sido elogiada pelo criador da web, o físico britânico Tim Berners-Lee, para quem a aprovação das regras de internet livre nos moldes discutidos seria “o melhor presente de aniversário possível para os usuários da web no Brasil e no mundo”. Questionado sobre a expectativa da tramitação do projeto no Senado, Sergio Amadeu se mostrou otimista, mas

ressaltou que a pressão das grandes corporações contra o texto original, principalmente no que diz respeito à neutralidade da rede, deve continuar forte. “A tendência é o Marco Civil passar mais facilmente pelo Senado. O principal lobista das operadoras de telecomunicações está na Câmara. Sem dúvida, a guerra não acabou, mas acredito que o lobby das corporações de telecom irá se concentrar em convencer o Poder Judiciário de que a lei não impede determinados modelos de negócios que atacam o princípio de neutralidade da rede”, argumentou. Sobre a posição do Brasil em relação a outros países, Sergio foi enfático ao dizer que “o Marco Civil é uma lei que quer manter a Internet livre, aberta e diversificada. Enquanto no mundo todo a Internet tem sido alvo de leis que visam criminalizá-la, controlá-la e restringir o seu uso, o Marco Civil quer assegurar que ela continue funcionando como ela funciona hoje, com neutralidade e liberdade de criação de conteúdos, protocolos e tecnologias”. Sergio Amadeu terminou dizendo que “o Marco Civil é uma lei de princípios que poderá servir de modelo para todos os países que queiram garantir a lógica da liberdade como princípio básico da rede”.

PRINCIPAIS PONTOS DO MARCO CIVIL DA INTERNET

NEUTRALIDADE DA REDE Operadoras podem apenas vender pacotes que limitem quantidade de dados acessados e velocidade da conexão. Não podem discriminar conteúdo por tipo (vídeo, imagem, texto) nem por origens (site de notícias, redes sociais, blogs). PRIVACIDADE Os registros de serviços prestados devem ser armazenados tanto por operadoras (durante um ano) quanto por sites (seis meses). As informações devem ser sigilosas e só podem ser disponibilizadas via pedido da Justiça. Sites, redes sociais ou similares não poderão mais manter informações pessoais de um usuário depois que ele excluir seu perfil. OFENSAS NA REDE Um site não tem responsabilidade sobre o que é publicado por usuários, mas é obrigado a retirar conteúdo quando a Justiça determinar. O site só pode ser punido se não cumprir a determinação.


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COPA 2014

TRIO DO NORDESTE Na Copa do Mundo, a região Nordeste do Brasil será representada por quatro cidades. Mas, como falamos separadamente de Salvador na edição de número 6 (veja em issuu.com/brasilobserver), aproveitamos esta para destacar as outras três cidades que formam um deslumbrante trio: Recife, Fortaleza e Natal. Quem for para alguma dessas cidades durante o Mundial certamente não vai se arrepender. Seja pelas paisagens deslumbrantes (leia mais nas páginas 22 e 23) ou pela tradição nordestina, cujo sotaque de sua gente hospitaleira é como música aos ouvidos.

RECIFE O Recife é a maior aglomeração urbana do Nordeste e a capital mais antiga do Brasil, fundada em 1561. O Recife atual mantém-se na posição de vanguarda, com projetos como o Porto Digital, com cerca de cem empresas que fazem da cidade um dos principais polos de tecnologia da informação do país, e com sua produção cultural intensa e original, em que convivem o moderno e o tradicional. Com quase 1,5 milhão de habitantes, à beira-mar e fluvial, a capital pernambucana se caracteriza por uma feliz combinação de praias, história e cultura que atraem milhões de turistas. A Arena Pernambuco, construída na região metropolitana de Recife, foi entregue em abril de 2013 e recebeu três partidas da Copa das Confederações. A arena tem capacidade para 46 mil pessoas, com 4.700 vagas de estacionamento. O espaço adota o conceito multiuso para que, depois da Copa, receba shows, convenções e outros eventos. No Mundial de 2014, serão cinco partidas. Quatro válidas pela primeira fase e uma das oitavas de final.

FORTALEZA O estado do Ceará, cuja capital é Fortaleza, tem o privilégio de apresentar um clima agradável, que no litoral atinge a temperatura média de 27° C, enquanto nas serras e sertão faz mais frio, podendo chegar a 20°C. Estado de grande riqueza cultural, deu ao Brasil escritores como José de Alencar e Rachel de Queiroz. É também berço de grandes humoristas brasileiros, como Renato Aragão, Chico Anísio e Tom Cavalcante, além de poetas como Patativa do Assaré. A música é outro aspecto cultural cearense dos mais interessantes, com ritmos que vão do forró a MPB e nomes famosos como Fagner, Belchior, Amelinha e Ednardo. Eliazar de Carvalho, por sua vez, é um dos mais reconhecidos maestros brasileiros. A Arena Castelão, estádio de Fortaleza para a Copa do Mundo, foi o primeiro das 12 arenas do Mundial no Brasil a ser entregue. O Castelão tem 63.903 assentos e recebeu investimento de R$ 518,6 milhões. O estádio será sede de seis partidas da Copa do Mundo de 2014: quatro jogos na primeira fase, sendo um da Seleção Brasileira, além de uma partida das oitavas de final e outra das quartas de final.

NATAL Um dos litorais mais famosos e mais procurados por brasileiros, e por um número cada vez maior de estrangeiros, a costa do Rio Grande do Norte faz uma esquina no Atlântico, no alto do Brasil, e oferece a seus visitantes paisagens deslumbrantes, banhadas por águas claras e mornas, onde é comum, durante os períodos de maré baixa, relaxar em uma piscina natural. Seu litoral se estende por mais de 400 km. A capital do estado, Natal, é conhecida por suas belezas naturais, com lindas praias, dunas e rica cultura. A cidade tem esse nome porque, no dia 25 de dezembro de 1597, o Almirante Antônio da Costa Valente e seus homens adentraram a barra do Rio Potengi, depois de várias tentativas de colonização frustradas. Palco de quatro partidas da primeira fase da Copa do Mundo, a Arena das Dunas, em Natal, terá capacidade para 42 mil pessoas durante a Copa e 32 mil após o torneio. A arena multiuso foi projetada para receber convenções, exposições e espetáculos nacionais e internacionais. O estádio contará com dois telões, sistema de sonorização, espaço VIP com lounges, 40 camarotes com banheiros exclusivos, áreas para restaurante, academia e espaços comerciais.


C O PA 2 0 1 4 Fotos: Divulgação

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RECIFE: PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS Complexo Cultural do Pátio de São Pedro O espaço, tombado como patrimônio histórico cultural, atrai por sua beleza arquitetônica, do século XVIII, pois possui casario preservado com suas características originais.

Orla de Boa Viagem

A praia é o principal cartão-postal da cidade, com aproximadamente 8 km distribuídos por uma praia de águas mornas e claras com extensa faixa de arrecifes, que, na maré baixa, formam piscinas naturais.

Recife Antigo

Centro histórico, onde estão algumas das relíquias da cidade, com destaque para a Igreja do Pilar, Igreja e Convento da Madre de Deus, Teatro Rua do Apolo, Estação do Brum e Forte do Brum. O bairro abriga ainda bares, restaurantes, boates, feirinha de artesanato, além do marco zero da cidade e da primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, construída em 1637 por judeus que vieram de Amsterdã para viver no Recife.

Basílica e Mosteiro de São Bento

A Igreja tem a sacristia mais rica de Olinda, folheada a ouro. O conjunto remonta ao século XVI em estilo barroco.

Paço do Frevo

O visitante pode obter informações para conhecer melhor essa manifestação da cultura brasileira. Além do frevo, a capoeira também é outro destaque da cidade.

FORTALEZA: PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS Cercada por dunas brancas de areia fina, a capital cearense captura os visitantes em uma mistura de luminosidade e praias. Sua região metropolitana oferece praias repletas de restaurantes e bares, que transformam o dia em uma experiência sensorial.

Centro Cultural Dragão do Mar

Símbolo da rica cultura cearense, reunindo o Museu de Arte Contemporânea, o Planetário Rubens de Azevedo e o Memorial da Cultura Cearense, além de praças de artesanato, área para realização de shows, biblioteca, planetário, teatro e cinemas. Sem esquecer os bares e restaurantes instalados em prédios históricos.

Avenida Beira-Mar

Passear pela Avenida Beira-Mar, na altura das praias de Iracema, Meireles e Mucuripe. O ponto da ferveção na orla de Fortaleza, de dia ou de noite.

Mercado Central de Fortaleza

Um banho na cultura e na vida do cearense. Muitos quitutes e um excelente lugar para conhecer o trabalho das rendeiras.

Costa do Sol Nascente ou Poente

Passeio de bugue pela Costa do Sol Nascente ou Poente. São roteiros que reúnem praias como Aquiraz, Caponga, Beberibe de um lado e Cumbuco, Treiri, Lagoinha de outro.

NATAL: PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS Forte dos Reis Magos É, indiscutivelmente, um dos símbolos mais fortes da cidade. Foi a primeira construção de Natal, iniciada em 1598. Sua localização estratégica tinha como fundamento proteger o território de invasões estrangeiras.

Artesanato

Quem gosta de comprar lembranças vai adorar os mercados de artesanato de Natal. Na Ponta Negra há vários deles que vendem bebidas, alimentos ressecados e outros artigos que você dificilmente encontrará em outras cidades.

Lagoa de Pitangui

A cerca de 35km de Natal fica a Lagoa de Pitangui, que conta também com o Bar da Lagoa. É um lugar agradável e perfeito para descansar. Se estiver de carro, passar algumas horas na lagoa é um jeito interessante de se divertir.

Morro do Careca

Principal cartão-postal de Natal, o Morro do Careca é uma duna no extremo da praia de Ponta Negra onde antigamente as pessoas praticavam, entre outras coisas, “esquibunda”. Atualmente está proibido subir na duna, mas é interessante observá-la de longe, tanto de dia quanto à noite – quando recebe iluminação.


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CONECTANDO

VIBRAÇÕES BRASILEIRAS NA PÁTRIA MÃE Mais definitivamente um projeto de amor e algo que gostaria de fazer até perder meus sentidos sonoros. Um pouco dramático, mas desculpável. Afinal, moro há três anos na terra do carma, a Índia. Desde que cheguei promovo sons subterrâneos globais, ou global underground sounds, inspirada por experiências passadas e pelo crescente mercado indiano, embora não fosse a intenção inicial. Eu me mudei para a Índia, a terra da minha mãe, para ter uma noção da cena criativa daqui. Algo muito geral, confesso, mas estava em um momento da vida em que tive a liberdade e a confiança necessárias para querer vir e ver o que poderia acontecer. A mudança inicial foi muito positiva, pois eu estava curtindo a sobrecarga sensorial de talentos variados e com vasto potencial. Mas, como o passar do tempo, fui descobrindo as coisas mais a fundo. Comecei a tomar nota das pessoas que criavam seus próprios sons e passei a captar inspirações diversas. Havia, porém, uma grande lacuna de música global nas rádios e em casas de show locais. Isso foi me frustrando. Imaginava que as raízes locais recebiam muito bem as influências globais por aqui. A verdade é que a mistura acontece em menor grau, predominantemente no espaço do “folk-roots”, área em que a World Music é mais cita-

da, em comparação com os sons mais atuais que incluem o Afro House e o Sambass. No entanto, quando soube que o grupo angolano de Kuduro Buraka Som Sistema e o cantor Seun Kuti – filho do lendário Fela Kuti - estavam vindo para Delhi, fiquei extremamente animada, como se nunca tivesse ouvido essas batidas Afro-brasileiras antes. Fiquei feliz ao saber que poderia realmente haver um mercado para esses sons. Ambos os shows ocorreram no Blue Frog, casa mais conhecida da Índia, com alta dose de energia, como não poderia deixar de ser! Mas a melhor parte foi a maneira como a multidão vibrou. Não fazia diferença que as pessoas não entendiam as letras, pois elas estavam simplesmente perdidas (no bom sentido) dentro do ritmo contagiante. Foi esta a inspiração que me fez perceber que eu tinha que fazer o que havia feito em Nottingham sete anos antes. Eu tinha muita diversão naquele tempo, talvez até demais. Cheguei a morar no Brasil, onde aprendi português e espanhol, me tornando praticamente uma local em Floripa e no Rio. Boa parte do meu tempo foi gasta promovendo a cultura indiana na ONG Cinema Nosso, de Fernando Meirelles – uma grande inspiração. Além disso, imergi na cultura musical e me conectei com um monte de talentos e sons.

Ao voltar para Nottingham, senti a necessidade de fazer alguma coisa com esses sons. As comunidades locais de rádio estavam tocando músicas ecléticas, mas não muito em termos de “glocal”. Então vi minha chance de compartilhar meus amores com o objetivo de inspirar os outros musicalmente. Gravei minha demo (repetidas vezes) na esperança de conseguir um show e boom! Funcionou. Todo domingo, durante um ano, compartilhei boas vibrações do mundo para o bem da comunidade de Nottingham. Anos se passaram até eu chegar à Índia, onde sinto certo deja-vu. Através de um programa de rádio semanal, promovo a música subterrânea do mundo. E a estação é uma dádiva de Deus – uma das únicas que não são dominadas por Bollywood e sua música comercial. Nada contra, mas a porta da música precisa se abrir um pouco mais. Uma das minhas colaborações favoritas foi um recente especial com a embaixada brasileira e duas gravadoras das quais tenho grande estima, Mr. Bongo e Far Out. O especial focou nas décadas de 60 e 70, com raros e clássicos sons brasileiros. O objetivo era ir além da superfície da música brasileira. Grande parte do feedback foi “interessante”, o que pode ser interpretado de várias maneiras. Mas, se fez as pessoas se abrirem musicalmente, foi um importante passo.

COMO PARTICIPAR? Conectando é um projeto desenvolvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo conectando@brasilobserver.co.uk

De Londres a Delhi, passando por alguns momentos no Brasil, objetivo é promover os sons do subterrâneo do mundo Por Amrisha Prashar – de Deli, Índia

Foto: Arquivo pessoal

Amrisha fazendo o que mais gosta: tocando música

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Mantenha contato: www.iamrisha.com www.soundcloud.com/iamrisha www.facebook.com/iamrisha


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Brasil Observer

GUIDE

In a very inspiring partnership between British and Brazilian artists Graeae and Circo Crescer e Viver present Belonging, a pioneering collaborative performance as part of CircusFest 2014. >> Read our exclusive interview with co-director Vinicius Daumas on pages 16&17 Graeae e Circo Crescer e Viver apresentam o espetáculo Belonging na edição 2014 do CircusFest, em Londres, em uma parceria entusiasmante entre artistas brasileiros e britânicos. >> Leia nas páginas 16 e 17 Photo: Divulgation


16 brasilobserver.co.uk By Gabriela Lobianco

CIRCUS FESTIVAL ROUNDS UP BRAZIL AND THE UK

“It will be a spectacle of great technical, aesthetic and artistic quality. What differentiates us from other circuses is that our cast is made up of people with physical disabilities. Regardless of this, we always want the audience to be touched by the performances and watch because it’s very good”. It was with this passionate declaration that Vinicius Daumas, artistic director of Circo Crescer e Viver, spoke exclusively to Brasil Observer ahead of the troupe’s show Belonging, which takes place from 15 to 19 April at the Roundhouse, Camden, as part of the international celebration of contemporary circus, Circusfest. Belonging is the result of a collaboration between the Brazilians from the Circo Crescer e Viver and the English from the Graeae Theatre Company, with the co-direction of Vinicius Daumas and Jenny Sealey from each company. The title of the show was chosen to represent how the two groups “belong to each other”, a theme which is developed throughout the performances. Tina Carter

Photo: Juliana Chalita

A shot from the ‘work in progress’ presentation in November 2013

Por Gabriela Lobianco

FESTIVAL CIRCENSE TRAZ PARCERIA ENTRE BRASIL E REINO UNIDO

“Será um espetáculo de ótima qualidade técnica, estética e artística. O contraste é que escolhemos um elenco diferenciado, pessoas com deficiências físicas. Independentemente disso, queremos que o público seja tocado pelos números apresentados; e que assistam porque é muito bom”. Foi com essa declaração apaixonada que o diretor artístico do Circo Crescer e Viver, Vinicius Daumas, explicou com exclusividade ao Brasil Observer a escolha da trupe que compõe a atração “Belonging”, que será apresentada de 15 a 19 de abril na Roundhouse, em Londres, como parte integrante do festival internacional de circo contemporâneo, o Circusfest. “Belonging” é fruto de uma colaboração entre brasileiros do Circo Crescer e Viver e ingleses da Graeae Theatre Company – com direções de Daumas e da inglesa Jenny Sealey, diretora artística do Graeae. Embora não haja tradução literal para o título da peça, fica subentendido que os dois grupos “pertencem uns aos outros”.


brasilobserver.co.uk 17 The artists from different cultures (six British and ten Brazilians) and with different impairments, explore their individuality and connection to each other, using the theatrical backdrop of the magical circus ring to represent wholeness. With plenty of circus acts like juggling, tricks with hoops and trapeze arts, communication between the cast is in four languages: Portuguese, English and Brazilian and British sign languages. After the London premiere, the show will be presented to the Brazilian public in May, with a performance in Rio de Janeiro as part of an initiative between the Circo Crescer e Viver and the M’Baraká studio. COMMON IDEAS The partnership between Daumas and Sealey only began in November 2013 when Sealey visited Brazil. Together, they developed a qualification in circus skills for people with disabilities. After an initial 10 day workshop, their first show, A Festa (which means The Party) was presented on 4 December 2013, in Rio.

After this promising start, and with the support of an extensive network of partners, such as the People’s Palace Projects, the Dance Company of Viviane Macedo and the British Council, the pair focussed on creating a more ambitious presentation and Belonging started to take shape. As Sealey explained, both her and Daumas’ circus companies have a similar social mission to improve access to culture and social rights. “It was a profound encounter that inspired this integration project and I think this comes at a time of dramatic shift in public attitudes towards disability.” As a director with an international reputation for her pioneering work in widening participation in theatre, Sealey was involved in the planning and presentation of the opening ceremony of the Paralympics Games in London 2012. ACCESSIBILITY AND DIVERSITY According to the decree of Brazilian Law Number 5,296, accessibility in relation to disability means “the conditions and possibilities to reach and use public

and private buildings, their spaces, furniture and urban equipment, with security and autonomy, and as independently as possible.” Daumas points to the importance of understanding that accessibility is not restricted to people who have long-standing physical disabilities. “A woman in late pregnancy or a senior person with mobility difficulties are examples of people who need to have better accessibility to spaces”. For him, it is extremely important to understand that “people are people” and that in order to represent diversity, adaptations are necessary because no two human beings are the same. Unlike other circus events that are aimed at children, Belonging has been created for audiences of any age, background and ability. In this genuinely original production, sign language, audio descriptions, the original soundtrack and set design unite brilliantly to engage the audience. If you want to see something different and truly inspiring, you should make yourself part of the Belonging experience.

Photo: Juliana Chalita

GRAEAE AND CIRCO CRESCER E VIVER PRESENT ‘BELONGING’ Dates: Tuesday 15 – Saturday 19 April 2014 Times: 7.45pm Price: £15 Tickets: 0844 482 8008 Venue: Roundhouse, London Info: www.roundhouse.org.uk

Jenny Sealey Vinicius Daumas

Assim, os artistas (seis britânicos e dez brasileiros) de diferentes culturas – formados por surdos, cegos e cadeirantes – exploram a individualidade e a conexão entre si, pela magia do picadeiro. Os números circenses envolvem truques com aros, trapézios e sedas. Além disso, a comunicação do elenco ocorre em quatro línguas: português, inglês e linguagem de sinais brasileira e britânica. Depois da estreia em Londres, o espetáculo será apresentado ao público brasileiro em maio, no Rio de Janeiro, como parte de uma iniciativa entre o Circo Crescer e Viver e o estúdio M’Baraká. IDEIAS COMUNS A parceria de Daumas e Sealey começou em novembro de 2013, com a visita de Jenny ao Brasil. Em conjunto, o Circo Crescer e Viver e o Graeae Theatre Company desenvolveram um projeto de qualificação e habilidades circenses para pessoas com deficiências físicas. A partir de um workshop de 10 dias o espetáculo “A Festa” foi apresentado no dia 4 de dezembro de 2013, no Rio de Janeiro.

Depois desse pontapé inicial – e com o suporte de uma ampla rede de parceiros, como o People’s Palace Projects, a Cia. de Dança Viviane Macedo e o British Council – “Belonging” foi se moldando. Como explicou Daumas, as duas instituições têm como propósito uma missão social semelhante, de acesso à cultura e direitos sociais: “Foi um encontro profundo que inspirou esse projeto de integração entre nós e estimula uma mudança de paradigmas na sociedade”. Diretora de reputação internacional pelo trabalho pioneiro de acessibilidade no teatro, Sealey foi responsável, com Bradley Hemmings, pela cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Londres 2012. ACESSIBILIDADE E DIVERSIDADE Segundo o decreto da Lei Brasileira nº 5.296 do dia 2 de dezembro de 2004, acessibilidade são “as condições e possibilidades de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações públicas, privadas e particulares, seus espaços, mobiliários e

equipamentos urbanos, proporcionando a maior independência possível e dando ao cidadão deficiente ou àqueles com dificuldade de locomoção, o direito de ir e vir a todos os lugares que necessitar, seja no trabalho, estudo ou lazer, o que ajudará e levará à reinserção na sociedade”. Daumas aponta a importância de entender que a acessibilidade não está restrita às pessoas que tenham deficiências físicas. “Uma grávida no final da gestação ou um idoso com dificuldades de locomoção são exemplos de pessoas que precisam de acessibilidade.” Para ele, é extremamente importante entender que “pessoas são pessoas”. Por mais diversidade que exista, é normal ter que se adaptar, porque nenhum ser humano é igual, apesar das semelhanças. Nessa produção, a linguagem de sinais e a descrição de áudio, a trilha sonora original e o trabalho cenográfico primoroso unem-se de forma brilhante com o público. Vinicius Daumas acredita que o circo é para audiências de todas as idades: “não é voltado para o publico infantil, mas também não é restrito”.


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NINETEEN EIGHT-FOUR

UK SINGS TO THE TUNES OF OLD AND NEW BRAZIL

REINO UNIDO CANTA OS SONS DO ANTIGO E DO NOVO BRASIL

By Ricardo Somera

Por Ricardo Somera

We Brazilians have always loved the UK and its culture especially the music, but in recent years, we have been privileged to see this reciprocated with many new Brazilian artists coming to the UK and helping the British understand the true “Brazilian Soul”. The growing number of UK performances by our artists seems to show that the “gringos” are loving it. Gaby Amarantos, Criolo, Gilberto Gil and Lucas Santanna are just some acts who have played sell out gigs recently. And now a new batch of artists, as it should be, are on their way so here I give you two stand out acts that reflect our African roots, the essential characteristic of all that is truly Brazilian. By the time you read this column, the rapper from Curitiba, Karol Conka will have already had the hipsters of Shoreditch jumping and singing at her first show in London, showcasing her album Batuk Freak (read our profile of this exciting new singer on pages 8 and 9). The album, which featured among the best of the year according to top blogs and Brazilian magazines, gained an underground following after Conka released the single Boa Noite, a unique mixture of hip-hop and Candomblé, an Afro-Brazilian religion. Some months later, in partnership with producer Boss in Drama, Conka reached the mainstream with the hit Toda Doida (which means something like All Crazy), which was an instant online hit on streaming sites like iTunes, Deezer and Rdio (note: we do not have Spotify in Brazil!) Batuk Freak is one of those albums that has Brazilian authenticity and creativity in a mixture of sacred and profane, luxury and ghetto, and the connection of the new Brazil with African tradition. After London, Conka was heading for shows in other European capitals. The album was released by Mr. Bongo Records, which does an excellent job of spreading new Brazilian music (www.mrbongo.com).

Os brasileiros sempre amaram o Reino Unido e sua cultura – principalmente a musical. Mas, nos últimos anos, temos tido o privilégio de acompanhar a consolidação do caminho inverso: muitos novos artistas brasileiros têm pisado na terra da Rainha para fazer os britânicos entenderem o que realmente significa “Brazilian soul”. Pelo número crescente de shows que nossos artistas têm feito por aqui, dá para deduzir que os gringos estão amando. Gaby Amarantos, Criolo, Gilberto Gil e Lucas Santanna são apenas alguns exemplos de cantores que tiveram ingressos esgotados. Uma nova leva, como não poderia deixar de ser, está a caminho – e aqui darei dois destaques que se assemelham pelas raízes africanas, característica essencial de tudo que é verdadeiramente brasileiro, ou seja, miscigenado. Quando você estiver lendo esta coluna, a raper curitibana Karol Conka já terá feito os hipsters de Shoreditch pularem e cantarem no seu primeiro show em Londres, apresentando o álbum “Batuk Freak” (leia o perfil da cantora brasileira nas páginas 8 e 9 desta edição). O álbum, que entrou na lista dos principais blogs e revistas brasileiras entre os melhores do ano, começou a mostrar sua cara após o lançamento do single “Boa Noite”, numa mistura de hip-hop e candomblé. Alguns meses depois, em parceria com o produtor Boss in Drama, alcançou o mainstream com o hit “Toda Doida”, que colocou a guria nas principais paradas de streaming como iTunes, Deezer e Rdio – ainda não temos Spotify no Brasil... “Batuk Freak” é daqueles álbuns que tem a autenticidade e criatividade brasileira numa mistura de sagrado e profano, luxo e gueto, além da conexão do novo Brasil com a tradição africana. Depois de Londres, Conka partiu para shows em outras capitais europeias. Seu álbum foi lançado pela Mr. Bongo Records, que tem feito um excelente trabalho da divulgação da nova música brasileira (para mais informações acesse o site www.mrbongo.com).

Photo: Divulgation

SOUND OF THE SLAVES

SOM DO QUILOMBO

My second highlight is an album called Siriá – Mestre Cupijó e seu ritmo, recently released by German label Analog Africa, and distributed in the UK by Proper Distribution. Siriá, from which the album takes its name, is a Brazilian dance originating from the municipality of Cametá, in the Northern State of Pará. The dance is created an expression of love, seduction and gratitude for Indians and African slaves before an event. For them it is something supernatural and miraculous. The elements are the same used in the traditional dance called “carimbó”, but with larger and more varied developments. Joaquim Maria Dias de Castro, who became known as the Master Cupijó, was born in Cametá in 1936 (he died in 2012) and began studying music at age 12. His greatest cultural contribution was reinventing the “siriá”, ensuring that the sound did not disappear by speeding up the beat and developing the arrangements to include more instruments. His kind of “siriá” was a huge success in Brazil during the 1970s and songs in this style were recorded by Fafa de Belem and Roberto Leal, two great singers. The new album, Siriá – Mestre Cupijó e seu ritmo features 14 songs recorded between 1975 and 1982 (you can find more at www.facebook.com/AnalogAfrica).

O meu segundo destaque vai para um álbum recém-lançado pelo selo alemão Analog Africa, e distribuído no Reino Unido pela Proper Distribution: “Siriá – Mestre Cupijó e seu ritmo”. O siriá é uma dança brasileira originária do município de Cametá, no Estado do Pará. É considerada uma expressão de amor, de sedução e de gratidão para os índios e para os escravos africanos ante um acontecimento. Para eles é algo sobrenatural e milagroso. O seu nome derivou-se de siri, influenciado pelo sotaque dos caboclos e escravos da região. Os elementos são os mesmos utilizados na dança do carimbó, porém com maiores e mais variadas evoluções. Mestre Cupijó, como ficou conhecido Joaquim Maria Dias de Castro, nasceu em Cametá no ano de 1936 (morreu em 2012) e começou a estudar música aos 12 anos. Sua maior contribuição cultural foi ter reinventado o síria para que o ritmo não desaparecesse, acelerando a batida e incluindo arranjos de sopro. Seu siriá faria sucesso nos anos 1970 e seria gravado por Fafá de Belém e até por Roberto Leal. O álbum em questão traz 14 músicas gravadas entre 1975 e 1982 – um lançamento e tanto para o verão britânico (mais informações sobre o disco você encontra em www.facebook. com/AnalogAfrica).

Karol Conka and Master Cupijó: two artists that represent the roots of the Brazilian music of yesterday and today


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GOING OUT Photos: Divulgation

BRAZILIAN FILM FESTIVAL 8-13 May Where Odeon Covent Garden Tickets To be confirmed >> www.brazilianfilmfestival.com

The London edition of the Brazilian Film Festival is back again for its sixth installment, celebrating the best and most recent productions in Brazilian cinema. This year’s event will take at the Odeon in Covent Garden, from 8-13 May. Once again, the film festival has a packed schedule, expressing a riveting collection of Brazilian culture on and off screen, including the feature film, Serra Pelada (dir. Hector Dahlia), a story about the large gold mine located in the south of the Amazon river. Other highlights include the award winning titles Tatuagem (dir. Hilton Lacerda), a feature about the leader of a theatrical troupe. Many British cinema fans will be interested to City of God: 10 Years Later (dir. Cavi Borges & Luciano Vidigal), a documentary showing what has changed in the lives of the actors from the 2002 feature film, and also Revelando Sebastiao Salgado (dir. Betse de Paula), the first Brazilian documentary about one of the world´s most admired photographers.

Where Ronnie Scott’s | Tickets £30-£45

Where Rich Mix | Tickets Free

Where Barbican | Tickets £10-£45

>> www.ronniescotts.co.uk

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EUMIR DEODATO @ RONNIE SCOTTS

DRAMA IN THE MIX 2014

CAETANO VELOSO @ BARBICAN

16-18 April

30 April

27 May

Following last year’s sell out shows, Brazilian-born keyboardist, arranger and producer Eumir Deodato makes a welcome return to Ronnie Scott’s. His successful career has seen him rack up 16 platinum records, while his discography, and all his work as arranger, producer and keyboardist, surpasses over 450 albums. Despite having had such a successful career, the man known as simply ‘Deodato’ will always be best known for his jazz-influenced adaptation of the Richard Strauss’ classical opus, “Also Sprach Zarathustra (the Theme From 2001: A Space Odyssey)”.

Drama in the Mix celebrates the creative talents of young people in East London by providing a high-profile writing and acting showcase that gives them to chance to broadcast they work. With guidance from teachers, students in Years 7 to 9 have created their own short radio plays exploring the theme Brazil 2014. The selected entrants have received writing and acting coaching from industry professionals. The students will showcase their work in front of a live audience and a panel of experts, head down to possibly see the next bright young writers.

As one of the world’s great songwriters and a thrilling live performer, Brazilian superstar Caetano Veloso’s music radiates incredible warmth. His seductive, melodic voice and bossa-nova guitar push Brazilian traditions into exciting realms, and his new album Abraçaço (loosely translates to ‘A Big Warm Hug’), forms the core of this world tour with his band. Caetano is one of Brazil’s cultural heroes, since his experiments with integrating rock and bossa nova in the late sixties made him a key part of the Tropicália movement alongside, Gilberto Gil.

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NEW CANVAS OVER OLD

ART FOR THE PUBLIC Photos: Reproduction By Kate Rintoul

Over the years, the term “public art” has become a loaded term that has negative connotations. For many people this phrase conjures up the image of large-scale and controversial works that have been paid for by a local council which people are never entirely happy with. Recently I saw this while in Curitiba. The city is a marvel of successful town planning, the best known part of the Curitiba Master Plan is the pioneering Rapid Bus System, but the city is also famous for its numerous public squares and parks. One of these is the 19 de Dezembro, which contains not one but three pieces of Public Art, all of which are subject to the same controversy, scrutiny and ridicule like the ones mentioned above. The most prominent of these is the Naked Man created in 1953 by Erbo Stenzel – intended to symbolise Curitiba taking its first step as the new, free, independent city, ready to face the future. Behind this there is a granite relief also by Stenzel depicting the history of the city in a fairly brutal social-realist style that is reminiscent of Soviet public art. It is accompanied by a relief also by Stenzel, a painting by Poty Lazzarotto and also a naked woman by Humberto Cozzo. Because of its position at a busy road intersection, the rise in travel by car and Brazil’s ongoing need to eradicate poverty, the square has a bit of a gloomy atmosphere and is mostly frequented by the homeless rather than a focal point of public life. I have noticed this throughout Brazil - with interesting public art sculptures placed on traffic islands, most commonly seen at speed. I want to know more about the story of these strange icons - who created them and why. It’s interesting to compare the fate of Stenzel’s Naked Man to that of another two men, located just across the road - a self portrait of Os Gemeos, the world famous graffiti double act. This made me think about the comparisons between Public Art in Brazil and graffiti - which could perhaps be termed as a form of Art for the People. Graffiti is one of the biggest international artistic movements in Brazil. Rather than being seen as a nuisance, in Brazil people invite street artists to paint on their walls. In Curitiba, vendors in Rua Riachuelo commissioned different artists to express a story about the city on their shutters and if you go early in the morning the street is like an urban art gallery that paints a picture you would never see in a museum. Such is the success of graffiti in Brazil that we are now seeing a phenomena in which art created for and by the public is extracted from walls and sold for record-breaking prices to private collectors. This kind of proprietorship seems to completely miss the beauty and meaning of graffiti. I have a tip for anyone in Brazil bemoaning the fact they can’t have their own piece of Os Gemeos - leave the confines of your car and condo and get back onto the street to enjoy all the free art exactly how the artist intended. As for me, I am going to focus my attentions towards the quieter pieces of Public Art. I will have to look out for high speed vehicles (and maybe the odd crazy person), but I want to discover the forgotten stories and people that fill Brazil’s streets.


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ARTE PARA O PÚBLICO Kate Rintoul: “Curitiba made me think about the comparisons between Public Art in Brazil and graffiti”

Por Kate Rintoul

Durante os últimos anos, o termo “arte pública” tornou-se uma definição carregada de conotação negativa. Para muitos tal designação se traduz na imagem de trabalhos controversos e de larga escala que foram pagos com dinheiro do contribuinte sem que as pessoas tenham se manifestado totalmente a favor dos mesmos. Pude ver isso recentemente em Curitiba. A cidade é exemplo de bom planejamento urbano, sendo o famoso corredor de ônibus que corta o município um dos ícones mais evidentes. Mas os curitibanos podem também tirar proveito dos inúmeros parques e praças públicas. Um desses lugares é a Praça 19 de Dezembro, que conta com não apenas uma, mas três artes públicas – todas elas vítimas da mesma controvérsia, escrutínio e ridículo como os citados acima. A mais proeminente peça é o Homem Nu, criado em 1953 por Erbo Stenzel com a intenção de simbolizar os primeiros passos de Curitiba como uma nova cidade livre e independente, pronta para o futuro. Atrás dele há um relevo de granito também de Stenzel retratando a história da cidade, em um estilo social-realista bastante brutal que é uma reminiscência de arte pública Soviética. É acompanhado por um relevo também de Stenzel, um quadro de Poty Lazzarotto e uma mulher nua por Humberto Cozzo. Por causa de sua posição – ao lado de um cruzamento movimentado – e da necessidade permanente do Brasil de erradicar a pobreza, a praça tem uma atmosfera meio sombria e é frequentada por moradores de rua, em vez de ser um ponto de vida pública. Tenho notado bastante isso no Brasil: interessantes esculturas de arte pública colocadas em ilhas de tráfego, mais comumente vistas em velocidade. Eu gostaria de saber mais sobre a história desses ícones estranhos – quem os criou e por quais motivos. É interessante comparar o caso do Homem Nu de Stenzel com o de outros dois homens, localizados do outro lado da rua – um autorretrato de Os Gêmeos, os famosos grafiteiros internacionalmente conhecidos. Fiquei a pensar sobre essa comparação entre arte pública e grafite, ou “graffiti” – que pode na verdade ser classificado como uma forma de arte para o público. Graffiti é um dos maiores movimentos de arte internacional no Brasil. Mais do que vistos como um desrespeito, aqui as pessoas convidam artistas de rua para pitarem suas paredes. Em Curitiba, os vendedores da Rua Riachuelo patrocinaram diferentes artistas para expressarem uma história sobre a cidade em suas fachadas e, se você for lá ao início da manhã, a rua é como uma galeria de arte urbana com quadros que você nunca veria em um museu. Tal é o sucesso do graffiti no Brasil que agora estamos vendo um fenômeno em que a arte criada para e pelo público é extraída de paredes e vendida por preços recordes para colecionadores particulares. Este tipo de propriedade parece perder completamente a beleza e o significado do graffiti. Eu tenho uma dica para quem no Brasil está lamentando o fato de não poder ter o seu próprio pedaço de Os Germeos: sair dos limites de seu carro e apartamento e voltar para a rua para desfrutar de toda a arte livre exatamente como o artista pretendia. Quanto a mim, vou concentrar minhas atenções nas peças menos chamativas de arte pública. Quero descobrir as histórias esquecidas das pessoas que enchem as ruas do Brasil.


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TRAVEL

THREE BEAUTIES IN THE NORTHEAST Photos: Divulgation

Without a doubt, the Northeast of Brazil is home the most beautiful beaches in the country. In fact, there is such an abundance of stunning stretches of sand that it is hard to pick which one is the best. So since we are focusing on Recife, Fortaleza and Natal as part of our Road to the World Cup coverage on pages 12 and 13, we thought we’d focus on the paradisiacal beaches that are close to these North-eastern capital cities. PORTO DE GALINHAS The allure of the village of Porto de Galinhas, which is just over 80 km from Recife, continues to grow for both Brazilians and foreigners. Every year, 800 thousand tourists arrive there to relax at good hotels (which include comfortable resorts and charming “pousadas”), and enjoy the traditional cuisine and boat rides. To the delight of those who love shopping, the village alleys are lined with funky stores and modern labels. All with more attractive prices than other places in the Northeast of Brazil. A weekend trip will give you enough time to make the so-called “jangada” (a particular kind of boat) ride to the natural pools, have dinner at Beijupirá and get to know the main beaches during a drive on the path known as “end to end”, which goes from Muro Alto to Ponta Maracaípe. For those who have time and are looking for a more relaxing experience, spending a week here is a very good idea. JERICOACOARA Jericoacoara National Park is located 300 km west of Fortaleza and is home to a wide selection of natural beauty spots and biodiversity. To preserve the illumination from the moon and stars, the town’s sandy streets do not have any streetlights. There is also no access road for the last 15 km, so a 4x4

vehicle is needed. Jeri, as it is known, is a place out of the ordinary compared to the modern world’s great cities. The streets are covered in sand and the beaches stretch for miles without visual interference. Everything has a slower and more relaxed feel. Until about 20 years ago, Jeri was just a simple fishing village, isolated to the world, visited only by adventurous travellers and while it has opened up in recent years it still retains its charm. All this does not mean that you will have to deprive yourself of comfort and luxury - you can have almost anything you want in Jeri: from massages to delicious dinners, quiet houses to live music bars and several excellent hotels.

TRAVEL TO THE NORTHEAST

PIPA

Porto de Galinhas: http://goo.gl/S47B9f

Homed to many dolphins and sea turtles, Pipa Beach belongs to the municipality of Tibau do Sul, 80 km from Natal. The village became known as Pipa because of the Pedra do Moleque (a big rock located at the furthermost point of the Afogados beach) looks like a barrel of wine or rum from a distance. Along the road, prepare to be stunned by pristine beaches with clear and warm waters, white sand dunes, fragrant coconut groves, natural pools, beautiful views, intimate coves and impressive cliffs, some still covered by Atlantic Forest. There are many activities to give you a different experience of Pipa including: boat rides, buggy, kayaking, horseback riding, and hiking the trails of the Atlantic Forest. Save some energy for after dark as the nightlife is an attraction in itself. Cosmopolitan and a lively Pipa folk party until the sun rises. Pipa really has it all - age old charm combined with efficient infrastructure full of charm and comfort, with hotels, bars, shops and restaurants with international cuisine.

Jericoacoara: www.portaljericoacoara.com.br Pipa: www.pipa.com.br


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TRÊS BELEZAS DO NORDESTE O Nordeste do Brasil abriga certamente as praias mais bonitas do país. Difícil dizer, portanto, quais são as melhores. Mas, já que estamos falando nesta edição de Recife, Fortaleza e Natal (leia nas páginas 12 e 13), nada mais justo do que selecionar praias paradisíacas que estejam próximas a essas capitais nordestinas. PORTO DE GALINHAS O fascínio dos turistas brasileiros e estrangeiros pela vila de Porto de Galinhas, que fica a pouco mais de 80 km de Recife, não para de crescer. Todos os anos, pelo menos 800 mil turistas desembarcam por lá em busca da boa rede hoteleira (com confortáveis resorts e também charmosas pousadinhas), da gastronomia nordestina e dos passeios de bugue e jangada. Para alegria de quem curte ir às compras, as ruazinhas de terra do vilarejo escondem lojas descoladas, ateliês e grifes modernas. Tudo a preços mais convidativos que em outras concorrentes do Nordeste. Dois dias são suficientes para fazer o tão falado passeio de jangada às piscinas naturais, assim como jantar no estrelado Beijupirá e ainda conhecer as principais praias durante um passeio de bugue, no trajeto conhecido como “ponta a ponta”, que vai de Muro Alto até a Ponta de Maracaípe. Mas, para quem tempo e quer uma experiência mais relaxante, passar uma semana no local é revigorante. JERICOACOARA

Porto de Galinhas (1), Jericoacoara (2) and Pipa (3): three of the most beautiful beaches of Brazil

Jericoacoara é um Parque Nacional localizado a 300 km a oeste de Fortaleza. Reúne um conjunto de belezas naturais de diferentes biomas criando um lugar único. A vila não possui postes de iluminação para preservar a iluminação proveniente da lua e das estrelas, as ruas são de areia e não existe estrada de acesso nos últimos 15 km, portanto é necessário veiculo 4x4 para chegar.

Jeri, como é conhecido, é um lugar fora do comum comparado com o mundo moderno das grandes cidades. As ruas são cobertas de areia e as praias se estendem por quilômetros sem interferências visuais. Tudo tem um toque mais lento e mais descontraído. Até cerca de 20 anos atrás, Jeri era apenas uma simples vila de pescadores isolada do mundo, visitada somente por viajantes aventureiros. Mas todo isso não quer dizer que você vai ter que se privar do conforto e luxo. Quase tudo que desejar, você pode ter em Jeri: desde massagens a jantares deliciosos, de bares tranquilos a casas com música ao vivo, além de excelentes hotéis. PIPA Moradia de golfinhos e tartarugas marinhas, a Praia da Pipa pertence ao município de Tibau do Sul, a 80 km de Natal. A vila acabou sendo conhecida por Pipa porque a Pedra do Moleque (situada no ponto mais extremo da praia dos Afogados) parece ao longe como um barril de vinho ou cachaça. Talvez venha daí sua propriedade em “entontecer” os aventureiros e turistas do mundo todo. E é de entontecer mesmo! Ao longo da estrada você se depara com praias de águas claras e mornas, imensos coqueirais, piscinas e mirantes naturais, imponentes falésias ainda cobertas pela Mata Atlântica, dunas branquíssimas, enseadas, despenhadeiros. Lá se pode fazer de tudo: passeios de barcos, de bugue, caiaque ou a cavalo, além de caminhadas pelas trilhas da Mata Atlântica. Inclusive este é um de seus encantos: consegue conciliar um cenário deslumbrante e um roteiro de tirar o fôlego a uma infra-estrutura cheia de charme e conforto, com pousadas, bares, lojinhas e restaurantes de gastronomia com nível internacional. A noite é uma atração à parte. Cosmopolita e agitada a balada pipense requer energia, pois dura pelo menos até o sol nascer.


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HAPPY ASTROLOGIC NEW YEAR

MIND & SOUL FELIZ ANO NOVO ASTROLÓGICO

By Clarice Friedmann

Por Clarice Friedmann

The Zodiac has closed its cycle in Pisces and begins its tour in Aries. Aries is the first sign of the Astrological New year, the beginner. This gives Aries the same energy as a child who has just discovered their ability to run. The Aryans have a warm heart and restless hands. For all star signs, this period brings a contagious desire to start new ideas. Dazzled by the joy of life and governed by the Fire element, Arians are adventurous. They are the sowers of new ideas. planting seed after seed, sometimes it has to be said, without taking the duty to care for their growth. As the Bull, Aries aries is powerful and initiate action and can also possess the patience and strength to provide resources for its development. Aries is ruled by the red planet: Mars. Mythologically known as the planet of war, this can have the astrological characteristics of being impulsive. Mars represents some of our strongest emotional experiences - the feeling of blood rushing to your head, the giddy feeling of love, primary conflict and the fight for ideals. Mars is also the lover of Venus and father of cupid - he knows his wars can lie in the bed of desire and love, momentarily forgetting his battles. Currently Mars is in Libra, one of the houses of his lover Venus, the planet that rules the sign of balance. As an air sign and sitting on the other side of the astrological cycle of fiery of Aries the signs are complementary opposites that attract. Mars in Libra stirs the desire, the courage and the fire of renewal. Currently this position opposes Uranus in Aries. Astrological aspect brings energetic explosions and can cause people to use more than his physical strength. Mars is iron and fire, electric Uranus is a planet combination that feeds back thought. Mars represents Individuality and Uranus Freedom. This set of astrological aspects favours transformations, increasing the need to change. People should take this moment of Uranus’ influence to use their creativity, which is one of the most natural and visceral qualities of native April. To live is to expend energy so seize the energies of the ram.

O zodíaco fechou seu ciclo em Peixes e reinicia seu giro em Áries. Áries é o primeiro signo, a primeira casa, o iniciante. Tem a energia de uma criança que acaba de descobrir sua capacidade de correr. Os arianos têm o coração quente e as mãos inquietas. Seu período traz um contagiante desejo de dar começo a novas ideias. Deslumbrados com o viver e pelo que há após a colina, arianos são aventureiros e regidos pelo elemento Fogo. Semeadores de novas ideias plantam semente após semente sem portar em si o dever de cuidar do seu crescimento. Áries tem a característica de iniciar ações, Touro, signo seguinte, possui paciência e a força de prover recursos para seu desenvolvimento. Signo regido pelo planeta vermelho: Marte. Mitologicamente conhecido como o planeta da guerra, conferindo características astrológicas impulsivas ao mês de Abril. A guerra de Marte é o sangue subindo à cabeça, o movimento do amor, os conflitos primários e a luta por ideais. Marte é amante de Venus, pai de cupido. Ele sabe deitar sua guerra no leito do desejo e do amor, esquecendo-se momentaneamente de suas batalhas. Atualmente Marte está em Libra, uma das casas de sua amante Venus, planeta que rege o signo da balança e o signo de Touro. Libra venta o fogo de Áries, são signos opostos complementares que se ajudam ou aprontam juntos. Marte em Libra nos atiça o desejo, a coragem e o fogo da renovação. Atualmente esta posição se opõe a Urano em Áries. Aspecto astrológico que traz explosões energéticas e pode fazer com que as pessoas utilizem mais de sua força física. Marte é de ferro e fogo, Urano é um planeta elétrico, combinação que retroalimenta o pensamento. Individualidade (Marte) e Liberdade (Urano). Este conjunto de aspectos astrológicos favorece transformações, aumentando o fôlego para mudanças. Áries é arquetipicamente representado por um Carneiro, animal de muita fome. As pessoas devem aproveitar esse momento de influência ventiladora de Urano para usar de sua criatividade que é uma das mais naturais e viscerais qualidades dos nativos de Abril. Viver é expender energia, aproveitemos as energias do carneiro.


FOOD

CREAMY HOT CHOCOLATE By Luciane Sorrino

We’ve all been enjoying the sunny weather recently but the evenings are still a little cold. Make the most of the chill and make the last of this season’s hot chocolates one to remember with this luxurious recipe.

I N G R E D I E N T S

I N G R E D I E N T E S

2 cups milk 2 tbsp corn flour 4 tablespoons good quality cocoa powder 4 tablespoons sugar 1 cinnamon stick 200ml double cream

2 xícaras (chá) de leite 2 colheres (sopa) de amido de milho 4 colheres (sopa) de cacau em pó 4 colheres (sopa) de açúcar 1 canela em pau 200g creme de leite

P R E P A R A T I O N

P R E P A R A Ç Ã O

In a blender, whisk the milk, corn flour with cocoa powder and sugar. Pour into a saucepan with the cinnamon and cook over low heat, stirring constantly until it just comes to a boil - be careful not to scold the milk. Turn off the heat, add the cream and stir well until smooth. Remove the cinnamon and serve hot.

Em um liquidificador, bata o leite, amido com o cacau em pó e o açúcar. Despeje em uma panela com a canela e leve ao fogo baixo, mexendo sempre até ferver. Desligue, adicione o creme de leite e mexa bem até ficar homogêneo. Retire a canela e sirva quente.

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