Brasil Observer #10 - Portuguese Version

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ISSN 2055-4826

UKstudyBrazil

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EM FOCO Notícias que foram destaques na quinzena

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BRASILIANCE Agricultura familiar X Agronegócio

LONDON EDITION 06

BRASIL NO UK Festival de Capoeira invade Birmingham

EDITORA - CHEFE

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PERFIL Jorge Samek: 11 anos no comando de Itaipu

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REPORTAGEM DE CAPA Brasileiros trazem inovação

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COPA 2014 Especial cidades-sede: Curitiba e Porto Alegre

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CONECTANDO O desafio de criar um game

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BRASIL OBSERVER GUIDE Poesia brasileira e muito mais...

Ana Toledo ana@brasilobserver.co.uk

EDITORES Guilherme Reis guilherme@brasilobserver.co.uk kate Rintoul kate@brasilobserver.co.uk

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach roberta@brasilobserver.co.uk

COLABORADORES Bianca Brunow Dalla, Bruja Leal, Clarice Valente, Deise Fields, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO 16|17 CAPA DO GUIA 18 NINETEEN EIGHT-FOUR

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E D I T O R I A L

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19|22 TRAVEL SPECIAL

23 GOING OUT

24 NEW CANVAS OVER OLD

25 FOOD

wake up colab digala@wakeupcolab.com.br

DIAGRAMAÇÃO Jean Peixe ultrapeixe@gmail.com

DISTRIBUIÇÃO BR Jet brjetlondon@yahoo.com Emblem Group LTD mpbb@btinternet.com

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

PARA QUEM PENSA GLOBALMENTE Por Ana Toledo – ana@brasilobserver.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Brasil Observer: como o nome já diz, estamos observando. É nossa intenção mostrar, através de diferentes óticas, de que maneira o Brasil se posiciona dentro de uma perspectiva global – e analisar os passos que o país dá na direção de se tornar um player internacional cada vez mais relevante. Com muita satisfação e empenho, chegamos à décima edição reafirmando nosso objetivo e linha editorial com os conteúdos preparados para você, nosso leitor. Nossa matéria de capa destaca a iniciativa do consulado Britânico de São Paulo de trazer para a Inglaterra as dez empresas do Brasil que venceram a segunda edição da competição de tecnologia e inovação promovida pelo UK Trade & Investiment (UKTI). Você também vai encontrar, na página 8, uma entrevista com Jorge Samek, diretor geral da Itaipu Binacional – empresa de importante valor estratégico para o Brasil, tanto pelo setor em que atua quanto pelo papel que exerce na integração com países latino-americanos. Além disso, pautamos para a página Brasiliance o debate em torno da agricultura familiar no Brasil – tema, aliás, eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ser destaque em 2014, Ano

Internacional da Agricultura Familiar. O Brasil é um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, mas são as pequenas fazendas que geram o maior número de empregos no setor: 77%. Sem nunca esquecer, dentro dessa conjuntura, a importância da cena cultural, o Brasil Observer Guide está repleto de atrações brasileiras na terra da rainha, como a celebração da poesia tupiniquim que acontecerá no 48º Festival de Brighton e o show de Caetano Veloso, que volta à cidade onde ficou exilado durante o regime militar. Destacamos, ainda, a segunda edição do festival Home Theatre no Rio de Janeiro – evento que aconteceu em Londres no ano passado. Dessa forma, com um pé no Brasil e outro no Reino Unido, a equipe do Brasil Observer segue sua caminhada para estabelecer uma via de mão dupla, lançando fora os estereótipos, divulgando o Brasil em solo britânico e as ações desenvolvidas em diversas áreas através do intercâmbio de ideias e conhecimento entre os dois países. Divirta-se com a edição e até a próxima!

Atex Business Solutions info@atexbusiness.com BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reproduzidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

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EM FOCO FOTO: PAULO PINTO/FOTOS PÚBLICAS

18ª Parada do Orgulho LGBT

PARADA GAY PROTESTA CONTRA HOMOFOBIA Na tarde de domingo do dia 4 de maio, trios elétricos animaram o público na Avenida Paulista, região central de São Paulo, para a 18ª Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Um dos maiores eventos em prol da diversidade sexual do mundo, neste no a parada saiu às ruas com o lema: “País vencedor é país sem homolesbotransfobia. Chega de mortes!”. “O que querem os gays na avenida que é o maior símbolo do capital? Nós queremos respeito. Queremos dignidade”, sintetizou o sócio-fundador da associação da parada, Nelson Matias, sobre o espírito do evento. “Amar quem eu quero é um direito de foro íntimo. A sociedade tem que respeitar e o governo, garantir”, acrescentou ao participar da entrevista coletiva de abertura do evento.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvati, disse que a comunidade LGBT deve aproveitar a mobilização conseguida com a parada para pressionar o Parlamento pela aprovação de projetos contra o preconceito. “Vocês colocam 2 ou 3 milhões de pessoas na rua. Vocês precisam transformar isso em votos no Congresso. Porque essa imagem de poder do homem branco, rico e hétero está instalada lá”, ressaltou. Ideli manifestou apoio ao Projeto de Lei 122 de 2006, que tipifica a homofobia como crime, uma das principais bandeiras da parada. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, destacou que, apesar do clima festivo, a parada ainda remete a temas de grande seriedade. “Nós entendemos que isso aqui é uma parada cívica. Para nós, infelizmente, ainda não é

uma festa”, disse o prefeito, que lembrou as “atrocidades” cometidas por pessoas que têm preconceito. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aproveitou o momento para anunciar a instalação da sede do Museu da Diversidade Sexual na Avenida Paulista. A instituição funciona atualmente na Estação República do metrô, onde recebeu 35 mil visitas ano passado. Uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo mostrou que 72% dos homens que se assumem publicamente como gays já sofreram agressões verbais no trabalho, na faculdade e em ambientes familiares, enquanto 16% dos não assumidos passaram por algo semelhante. Entre os assumidos, 21% já foram agredidos, contra 4% dos que preferem não se revelar.

VIOLÊNCIA PREOCUPA OS INGLESES NA COPA

URUGUAI: 1º MERCADO LEGAL DE MACONHA

PARTIDO XENÓFOBO LIDERA PESQUISA NO UK

Em reportagem publicada no jornal inglês “Daily Mail”, o chefe de segurança da Federação Inglesa de Futebol, Tony Conniford, se mostrou preocupado com as notícias de manifestações, crimes, violência e favelas tomadas por facções no Rio de Janeiro. O que preocupa ainda mais os ingleses é que a seleção ficará hospedada em um hotel em São Conrado, próximo à favela da Rocinha, uma das maiores da cidade. Conniford é um veterano da polícia inglesa, onde trabalhou por 30 anos. Ele reconhece que o problema tem preocupado a equipe dos astros Steven Gerrard e Wayne Rooney. “Os problemas estão em todos os jornais. É ruim. Recebo ligações dos meus chefes na Federação perguntando: ‘Tony, você tem certeza que é seguro?’ Eles me perguntam: ‘Será realmente seguro para o time?’ Eles estão preocupados. Estas são preocupações reais”, disse. O trânsito ruim do Rio de Janeiro também causa preocupação entre os ingleses, que vão treinar numa base militar na Urca. “O trânsito é terrível. Mesmo com escolta policial, será um pesadelo. As ruas são terríveis. O trânsito é a minha maior preocupação. É um pesadelo logístico. Temos que trabalhar em como vamos levar o time de um ponto para o outro sem ficarmos retidos”, afirmou. A Inglaterra jogará na primeira fase em Manaus, São Paulo e Belo Horizonte. Os ingleses já haviam se envolvido em problema diplomático com os amazonenses quando o técnico Roy Hodgson declarou, antes do sorteio das chaves, que não gostaria de jogar em Manaus por causa do clima do local.

O presidente uruguaio, José Mujica, assinou a regulamentação que cria o primeiro mercado de maconha legal do mundo. Após 60 reuniões entre sete ministérios e quase cinco meses após ser aprovada pelo Parlamento, a lei que permite aos uruguaios o consumo de 40 gramas de maconha por mês já entrou em vigor. Além de regulamentar o consumo, a lei cria clubes canábicos e permite o cultivo de até seis plantas em casa. O governo Mujica abrirá concurso público para a concessão de duas a seis licenças para a produção de maconha para a venda em farmácias. Segundo anúncio oficial, bastarão 10 hectares para a produção de 18 a 22 toneladas de maconha, quantidade suficiente para o mercado local. Um grama da droga custará entre 20 e 22 pesos uruguaios (em torno de R$ 2). “Queremos dar um golpe no narcotráfico, tirando dele parte do mercado. Nenhum vício é bom, o único que sugiro aos jovens é o amor”, disse Mujica ao apresentar detalhes da lei. A regulamentação proíbe fumar maconha em espaços fechados, lugares de trabalho ou educativos, em áreas de saúde, no transporte público, ambulâncias ou transporte escolar. Não é permitido dirigir sob efeito da droga - em caso de suspeita, será feito teste de saliva. Eventos que estimulem o consumo estão proibidos. “São as mesmas condições que temos para o consumo de tabaco e é o mesmo procedimento que enviamos ao Parlamento para restringir o mercado de álcool”, explicou o secretário da presidência, Diego Cánepa.

Pesquisa divulgada no domingo dia 4 de maio pelo Sunday Times indica que o UKIP (UK Independence Party, em inglês) deve ganhar a maioria dos votos britânicos na eleição para o Parlamento Europeu no final do mês de maio, apesar de uma pesquisa anterior mostrar que o partido é visto como racista por 27% dos eleitores. Os resultados desse levantamento não são os primeiros a mostrar o UKIP à frente do Partido Trabalhista (Labour Party) para a batalha eleitoral do dia em 22. O primeiro tem 29% das intenções de voto, um ponto percentual a mais que o segundo – outra pesquisa publicada pelo The Sun aponta três pontos de vantagem. Ambas as pesquisas mostraram que os conservadores do primeiro-ministro David Cameron estão em terceiro lugar, com 22% e 23% das intenções de voto, respectivamente. A campanha do UKIP pela saída imediata da União Europeia e regras mais duras para a imigração tem atraído apoio principalmente dos conservadores descontentes com David Cameron no sudeste da Inglaterra, mas também tem como alvo os eleitores de áreas ao norte de Londres, que são tradicionalmente trabalhistas. O líder do UKIP, Nigel Farage, espera que o sucesso nas eleições europeias ajude o partido a ganhar assentos na eleição nacional em 2015. Farage disse que o partido não é racista nem xenófobo, mas admitiu que foram cometidos erros ao aceitar novos membros.


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BRASILIANCE

DESIGUALDADE NO CAMPO Cinquenta anos depois da mais efetiva tentativa de se fazer a reforma agrária no Brasil, o tema ainda é tabu no país; a agricultura camponesa segue respondendo pela maior parte da produção dos alimentos, mas o financiamento público privilegia a produção de commodities Por Wagner de Alcântara Aragão Dois mil e quatorze foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação (conhecida como FAO, na sigla em inglês) como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. No Brasil, apesar de evidentes avanços na área nos últimos dez anos, a atividade segue perdendo espaço e sendo sufocada pelo seu principal oposto: o agronegócio. O privilégio de um lado em detrimento do outro não passa em branco. Eventos recentes colocam o tema em pauta e, aos poucos, dão visibilidade à contradição. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), também vinculada à ONU, a agricultura camponesa responde por mais de três quartos dos empregos no campo no Brasil. É responsável ainda por produzir a maior parte dos alimentos que chegam à mesa das famílias em todo o território nacional: 70% do feijão, 86% da mandioca, 58% do leite, 59% dos suínos, 50% das aves. Mais de 80% dos estabelecimentos rurais são familiares. Entretanto, o agronegócio é que ocupa a maior parte das áreas agrícolas no país: 75% do território brasileiro destinado à agropecuária estão nas mãos dos grandes latifundiários. O agronegócio também abocanha a maior parte dos recursos destinados ao financiamento das safras. Só no ciclo atual (2013/2014), o Plano Safra do governo federal reserva R$ 39 bilhões ao agronegócio, ao passo que o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), igualmente do governo federal, contou com R$ 18,6 bilhões em 2013; para este ano, o Ministério do Desenvolvimento Agrário calcula que vá chegar a R$ 21 bilhões. Embora o montante consolidado do Pronaf em 2013 tenha sido, segundo o Ministério, 717% superior ao de dez anos atrás, ainda é quatro vezes inferior aos recursos oferecidos ao crédito do agronegócio. O Ministério do Desenvolvimento Agrário ressalva, porém, que o crescimento dos recursos ao agronegócio foi bem menor que o do Pronaf: de 342%, em dez anos. Assim, de uma década para cá, a diferença entre o que é oferecido aos grandes latifúndios e a agricultura camponesa vem sendo reduzida.

No Brasil, agricultura familiar representa 77% dos empregos no setor agrícola, mas 75% do território brasileiro destinado à agropecuária estão nas mãos dos grandes latifundiários

FOTOS: REPRODUÇÃO

ALIANÇA COM O AGRONEGÓCIO Nos últimos dois anos, porém, a atenção dada pelo governo federal à agricultura familiar arrefeceu em comparação aos privilégios dados ao agronegócio. Para garantir maioria política na Câmara dos Deputados e no Senado, o governo da presidenta Dilma Rousseff precisou estreitar relações com os partidos mais conservadores e, sobretudo, com a chamada “bancada ruralista” (deputados e senadores oriundos do agronegócio ou eleitos com campanhas financiadas por grandes empresas – inclusive transnacionais – do setor). A maior evidência dessa aproximação está na mudança de posição da senadora Kátia Abreu, que é presidente da

Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entidade que representa o agronegócio brasileiro. Kátia Abreu se elegeu em 2006 pelo Democratas (DEM), partido de direita aliado do PSDB, principal partido de oposição aos governos do PT de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (desde 2011). Nos seus primeiros quatros como senadora, foi uma das mais críticas do presidente Lula e de sua política na área agrícola que, mesmo sem deixar de atender às demandas do agronegócio, passou a dar mais atenção às necessidades da agricultura camponesa. Em 2011, Kátia Abreu, assim como vários outros colegas de partido, migrou para o recém-fundado PSD, liderado pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e constituído com respaldo – ainda que nos bastidores – do governo, que queria trazer o partido para a base aliada e reforçar o número de cadeiras a favor no Congresso.

Já pelo PSD, Kátia Abreu foi, por exemplo, uma das principais entusiastas do projeto de lei enviado pelo governo Dilma e que estabeleceu novo marco regulatório para os portos brasileiros. Em 2013, Kátia Abreu trocou o PSD pelo PMDB, partido do vice-presidente de Dilma, Michel Temer. A ruralista chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Agricultura e da Pecuária. Na medida em que o governo de Dilma, mais por conveniência política do que por origem ideológica, se aproximava dos ruralistas, distanciava-se dos movimentos que representam a agricultura familiar, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e da Via Campesina. Por incontáveis vezes a presidenta Dilma participou pessoalmente de eventos ligados ao agronegócio nos três primeiros anos de mandato. Por outro lado, só neste ano se sentou à mesa com o MST para discutir reivindicações do movimento – o encontro ocorreu em fevereiro, no VI Congresso Nacional do MST.


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CRESCIMENTO DO PIB Além da constante “demonização” do MST e outros movimentos ligados à agricultura familiar promovida pelos veículos de comunicação de massa – o que desgasta a imagem desses movimentos perante a opinião pública e, por tabela, daqueles que se aproximam deles –, o peso do agronegócio na economia brasileira mune de argumentos os defensores desse modelo comercial de agricultura. Praticamente, nas duas últimas décadas, o agronegócio tem sido responsável ora por garantir superávit da balança comercial e ora por minimizar os déficits. Também tem, em regra, sustentado o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

No ano passado, enquanto o PIB cresceu 2,3%, a agropecuária se expandiu 7%. O setor de serviços, por sua vez, subiu 2% e a indústria, 1,3%. Resultado, para o doutor em Economia Nildo Ouriques, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela), de um modelo de política econômica equivocado, adotado nos últimos 20 anos, que torna o Brasil um mero exportador de produtos primários e importador de produtos de maior valor agregado. A raiz da “primarização” da economia está na chamada “Lei Kandir”, de 1996, de autoria do então deputado federal Antônio Kandir (PSDB) e sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A lei alterou o regime de tributação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de modo a desonerar a exportação de commodities agrícolas (soja, milho, algodão, minérios).

A legislação estimulou a expansão desse modelo agrícola baseado em grandes propriedades destinadas à monocultura. Na prática, uma exata contraposição à agricultura camponesa, fundamentada em pequenas propriedades familiares, voltadas essencialmente à produção de hortifrutigranjeiros e de alimentos para a população. Fora o efeito colateral da “primarização” da economia propriamente dita, o professor da UFSC cita outro, sem meias palavras: o envenenamento da comida consumida pelos brasileiros. Isso porque o modelo de produção do agronegócio exige o uso intenso dos agrotóxicos – batizados eufemisticamente de “defensivos agrícolas”. O Brasil lidera, há pelo menos cinco anos, o consumo mundial de agrotóxicos: em torno de 800 milhões de litros/ano, de acordo com a Campanha Permanente contra o Agrotóxico e pela Vida, a qual reúne diversos movimentos da sociedade civil organizada.

ATIVIDADES Um dos eventos recentes a que este texto se referiu no início está justamente o resultado de um dos trabalhos da campanha. Em abril, foi lançado “O veneno está na mesa – 2”, segunda edição do documentário do diretor Sílvio Tendler que denuncia o uso descontrolado de agrotóxicos pela agricultura brasileira e como isso está colocando em risco o meio ambiente e a saúde da população. Outro evento com o intuito de ressaltar a importância da agricultura camponesa é o Green Rio, programado para os dias 7 e 8 de maio no Rio de Janeiro. A programação inclui debates sobre a geração de renda, a produção de orgânicos, mudanças climáticas e sustentabilidade. Uma exposição apresenta produtos e exemplos exitosos de práticas da agricultura familiar.

Evolução da produção agrícola na América Latina e Caribe, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO)

Agricultura familiar é chave para segurança alimentar e trabalho na América Latina Diante das limitações em incluir novas terras para a agricultura, a produção adicional de alimentos na América Latina e Caribe pode ser alcançada com o aumento da produtividade do setor, um objetivo no qual a agricultura familiar exerce um papel fundamental, segundo relatório “Perspectivas da Agricultura e do Desenvolvimento Rural nas Américas 2014: um olhar para a América Latina e o Caribe”.

O documento foi elaborado em conjunto pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), pelo Escritório Regional para a América Latina e o Caribe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). De acordo com o Diretor Geral do IICA, Victor M. Villalobos, “a agricul-

tura familiar é a atividade econômica com o maior potencial para aumentar a oferta de alimentos da região, reduzir o desemprego e retirar da situação de pobreza e de desnutrição a população mais vulnerável das zonas rurais”. Na América do Sul, a participação da atividade nos empregos agrícolas é significativa, oscilando nos países analisados entre 53% (Argentina) e 77% (Brasil).

A partir de 2014, a produção e as exportações agrícolas na região receberão o impulso da recuperação da demanda global, que por sua vez será incentivada pelo crescimento dos países em desenvolvimento e expansão de sua classe média, sempre e quando não existam os efeitos adversos de condições meteorológicas extremas ou por um dólar mais fraco.


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BRASIL NO UK

Berimbau marca o ritmo em Birmingham FOTO: MELISSA BECKER

Capoeira leva a cultura brasileira para um dos principais festivais europeus de dança Por Melissa Becker de Birmingham, Inglaterra Um dos maiores eventos de dança da Europa terá um final de semana bem brasileiro em sua programação paralela no final de maio. Rodas de capoeira e carnaval de rua levarão a cultura do Brasil para o Festival Internacional de Dança de Birmingham 2014 (International Dance Festival Birmingham – IDFB em inglês). Organizado pelo grupo Cordão de Ouro Birmingham (CDOB), a quarta edição do Festival Internacional de Capoeira será realizada de 23 a 25 de maio, no mac birmingham (Cannon Hill Park). Serão três dias de workshops, demonstrações e aulas para pessoas de todas as idades. Não será o único, nem o primeiro toque brasileiro ao IDFB. A programação principal, que começou em abril, já teve a apresentação de “Sideways Rain”, do coreógrafo e diretor Guilherme Botelho, de São Paulo, e de sua companhia de dança contemporânea Alias, de Genebra. O show foi um dos destaques da primeira semana no Birmingham Hippodrome, um dos principais palcos da cidade. O festival de capoeira faz parte, pela primeira vez, da programação paralela que ocorre ao longo das quatro semanas de IDFB. Com curadoria e organização do capoeirista Samuel Mascote, do CDOB, contará com a presença do Mestre Suassuna, fundador do Cordão de Ouro no Brasil que volta ao Reino Unido após quase uma década. Apesar de reunir integrantes que estão no Brasil, na Europa e em Israel para encontrar o mestre e conhecer o trabalho desenvolvido na segunda maior cidade

No dia 29 de março, apresentação do grupo Someone at The Door Samba Band divulgou o festival em frente ao Rotunda, um dos prédios mais icônicos da cidade de Birmingham

inglesa, Mascote ressalta que o evento não é apenas do grupo. “Vejo que não existe uma instituição que apoie muito a capoeira na Inglaterra. Minha ideia, neste festival, é ter uma plataforma para fazer com que as pessoas conheçam essas conexões, para quem não é da capoeira e para quem não conhece

a cultura do Brasil. É uma forma de chamar a atenção”, observa. Mascote começou a praticar capoeira há 15 anos em sua cidade-natal, Nottingham, no centro da Inglaterra. Morou no Brasil por um ano, onde aprimorou seus conhecimentos com Mestre Suassuna. Para ele, a capoeira preenche uma lacuna para

os ingleses, já que a dança não é uma característica forte da cultura do país. “A capoeira é um dos maiores veículos da língua portuguesa no mundo. É uma grande parte da prática. Você tem que aprender a língua por causa dos movimentos, das músicas, da tradição e por todos os rituais serem em português. Para poder entender melhor a arte, quem pratica precisa entender a língua”, opina. O professor mudou-se para Birmingham há cinco anos justamente por não haver um trabalho significativo com o movimento no local. Em 29 de março, apresentação no centro da cidade do Someone at The Door Samba Band, de Bromsgrove, divulgou o evento em frente à Rotunda – um dos prédios mais icônicos de Birmingham. Além do festival, o CDOB se junta a artistas brasileiros como Jota III, o grupo Forró in Brum e a Nottingham Samba Band, entre outros, na festa Rebel Spirit. Em parceria com Espírito Brum (o braço inglês do projeto cultural Espírito Mundo), o evento que celebra a cena musical underground de Birmingham também faz parte da programação paralela do IDFB e promete uma noite à brasileira a partir das 20h, no PST Nightclub, em Digbeth (ingressos na hora por £5). O encerramento do final de semana verde e amarelo será na tarde de domingo, 25 de maio, com performances gratuitas a partir do meio-dia e carnaval ao redor do lago do Cannon Hill Park, às 16h. Ingressos para um dia do Festival Internacional de Capoeira poderão ser comprados na hora por £45. Tickets para o final de semana custam entre £60 e £90 e podem ser adquiridos pelo link http://goo.gl/yjTwxv. O IDBF é produzido pela casa de dança DanceXchange e pelo Birmingham Hippodrome, com shows pela região de West Midlands. Mais informações: http://www.idfb.co.uk.


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Brasil

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PERFIL

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Jorge Samek: Itaipu como vetor do desenvolvimento local


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Em entrevista exclusiva ao Brasil Observer, diretor geral da usina hidrelétrica de Itaipu destaca a atuação da empresa no fomento ao desenvolvimento regional por meio da sustentabilidade Por Ana Toledo

Aceitar um desafio gigante, equivalente a 14 mil megawatts. Foi o que fez Jorge Samek há 11 anos, quando, a convite do ex-presidente Lula, assumiu o cargo de diretor geral da maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia, a Itaipu Binacional, localizada no município de Foz do Iguaçu (Paraná), sua cidade natal. O percurso até o aeroporto internacional Afonso Pena, região metropolitana de Curitiba, num intervalo da agenda, foi o cenário desta entrevista. Dias antes Samek estava em Brasília, capital do país, o que explica em partes a chamada que recebeu no meio da conversa – era o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão. Afinal, além da agenda cheia das responsabilidades inerentes ao cargo que ocupa, o Brasil passa por um momento delicado na geração de energia por conta do baixo nível dos reservatórios de água. Tal fato, aliás, foi ponto de partida de nossa conversa. “Falavam a mesma coisa em novembro e dezembro de 2012: falta de energia e racionamento. Falavam que a energia que estávamos produzindo no Brasil não era suficiente para atender a demanda. Enfim, uma série de análises catastróficas que depois não se confirmaram”, avaliou Samek, destacando ações práticas que o país tomou no intuito de se preparar para poder passar por este momento: “fizemos uma série de instalações de usinas termoelétricas que funcionam como steps, para atender em momentos de estresse hídrico. E outra foi o investimento maciço nos últimos dez anos em linhas de transmissão, que estamos chegando a 140 mil quilômetros de linhas de transmissão acima de 220kv. Boa parte delas de 500kv, 750kv”, explicou. Dentre outros investimentos que o Brasil tem feito no setor energético, questiono a construção da usina de Belo Monte no maior município do Brasil em extensão, Altamira, no Pará. “Não aproveitar esse potencial hidráulico a disposição é um desserviço ao nosso país, além de manter um processo de ‘apartaid social’. Ou seja, aqueles que têm uma boa qualidade de vida, já têm energia, ok; e os milhões e milhões de brasileiros à margem dessa possibilidade?”. Esta afirmação é dada com base na matriz energética brasileira, a hidráulica, considerada uma das mais limpas do mundo. “Obviamente nós consideramos a energia hidráulica

energia limpa e renovável. Você usa a água, usa a queda. E a água tem efeito de usos múltiplos, serve para dessedentação, para poder abastecer as cidades, fazer irrigação, transportes. E, além disso, produzir energia. No caso de Itaipu, tem águas que quando passam já é pela décima vez. Há épocas que 96% da produção energética brasileira são só hidráulicas. Quando tem água abundante, não tem nenhum estresse hídrico em nenhuma região, todas as térmicas ficam desligadas, elas só fazem manutenção. Então nós não emitimos nada de CO2, não contaminamos o meio ambiente”, argumentou. Ambientalistas e alguns especialistas, porém, divergem desta opinião. Quando indagado sobre esses diferentes pontos de vista, especificamente sobre um artigo publicado recentemente no Guardian que dizia que as hidrelétricas de países emergentes estão fazendo mais mal do que bem para as economias, Samek desafiou: “Pegue todas as cidades que tem no Brasil que receberam uma hidrelétrica, faça uma pesquisa e pergunte para o conjunto da população em torno dessas hidrelétricas se melhorou ou piorou a vida dessa região. Verifique o que ocorreu, por exemplo, na região de abrangência de Itaipu: é onde estão os melhores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano), as melhores escolas, o melhor atendimento médico”. Dentro dessa perspectiva, de vetor de desenvolvimento em torno de um investimento com tamanha magnitude, Itaipu traz alguns exemplos de como isso acontece na prática. Um deles é a Universidade de Integração Latino Americana (Unila), instituição que recebe apoio e suporte da Itaipu desde o processo de formação. “Na minha concepção, a melhor integração, aquela que é mais duradoura, é a feita pela área cultural e pela área educacional. Ter universidades com esse escopo que tem a Unila, de trazer metade de todos os seus alunos de todos os países da América Latina e da América Central, com metade dos professores também sendo oriundos desses países, sendo uma universidade federal brasileira, mantida pelo governo brasileiro, acho que estamos dando caminhadas a passos largos no sentido de construir um mundo melhor, mais justo, menos violento, com mais paz”.

“Temos certeza que ainda vai dar muitos e muitos frutos e dentro de poucas décadas vai ser talvez o ícone junto com as Cataratas do Iguaçu, junto com a Itaipu, a Unila e mais o marco das três fronteiras e com uma demonstração inequívoca tanto da preservação do meio ambiente, da questão de poder ter integração de povos distintos fazendo coisas em conjunto e aí como a cereja do bolo ainda fazendo através da educação e através da cultura”, acrescentou. Outra iniciativa ressaltada foi o Cultivando Água Boa, que funciona através de um amplo processo de sensibilização, informação e capacitação com objetivo de viabilizar um futuro sustentável para as comunidades do entorno. Hoje, os produtores locais já produzem energia com o dejeto dos animais, ação considerada por Samek “o casamento da maior usina hidrelétrica em produção de energia do planeta com a menor forma de produção de energia”. “O próprio produtor produzindo a sua energia, utilizando para a sua necessidade e vendendo o seu excedente para a rede. São arranjos produtivos extraordinários que nós fazemos e que coloca de novo e cada dia me dá mais certeza que é possível sim compatibilizar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente”, disse. O entusiasmo de Samek com a Itaipu e as possibilidades que a empresa traz para a região não é por acaso. Samek nasceu em Foz, acompanhou desde o inicio da construção de Itaipu. Mas precisou sair da cidade para estudar, então foi para Curitiba cursar Engenharia Agronômica. Período que coincidiu com a implementação da usina. “Sou testemunha ocular desse processo”, contou. “Uma empresa da magnitude da Itaipu não deve ser restrita apenas à produção de energia, deve funcionar como um vetor do desenvolvimento local”, ele ressaltou diversas vezes. “Foz vive do turismo, foi o melhor ano do turismo para a cidade, o resto da região vive da agricultura e foi o melhor momento da agricultura, também o melhor IDH do Estado. Nós produzimos energia, foi o melhor momento de produção de energia da nossa história. Também o Parque Tecnológico que acaba de completar apenas 10 anos e já é uma referência nacional em desenvolvimento. Enfim, acho que estamos no caminho certo de criar esse desenvolvimento com sustentabilidade”.

Aqueles que têm uma boa qualidade de vida, já têm energia; e os milhões e milhões de brasileiros à margem dessa possibilidade?


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CAPA

FOTO: DIVULGAÇÃO/UK IN BRAZIL

Elyr Teixeira, CEO da Senfio, é um dos empreendedores brasileiros vencedores da competição do UKTI

EMPREENDENDO NO

REINO UNIDO


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Consulado Britânico de São Paulo traz para a Inglaterra dez empresas brasileiras selecionadas através da Competição de Tecnologia e Inovação do UK Trade & Investiment; objetivo é oferecer suporte àqueles que querem globalizar seus negócios Por Guilherme Reis

Durante os meses de janeiro, fevereiro e março, o Consulado Britânico de São Paulo realizou a segunda edição da Competição de Tecnologia da Informação e Inovação do UK Trade & Investment, órgão governamental que ajuda empresas sediadas no Reino Unido a ter êxito em uma economia cada vez mais globalizada. Das dez empresas que virão para o Reino Unido neste mês de maio, três foram selecionadas no Salão de Inovação que ocorreu no Rio de Janeiro no ano passado: Meu Peludo, Crowdmobi e System Haus. As outras sete empresas foram selecionadas em competições regionais (veja no quadro a relação dessas dez empresas brasileiras). Entre os dias 12 e 16 de maio, as empresas vencedoras terão a oportunidade de conhecer os principais centros tecnológicos do Reino Unido, entre os quais o Tech City, o polo tecnológico de Londres que atualmente hospeda 1400 empresas, desde startups até gigantes do setor, como Google, Facebook, Intel e Twitter. Além da capital, passarão ainda por Manchester e Liverpool.

Um dos compromissos mais importantes da agenda será em Londres, dia 15 de maio, na Embaixada do Brasil, onde o UKTI fará o lançamento do relatório “Brazilian Corporate Landscape in the UK”, que destaca a presença dos negócios brasileiros no Reino Unido. Um representante de cada empresa selecionada recebeu passagens aéreas e hospedagem patrocinadas pela Campanha GREAT Britain, a mais ambiciosa iniciativa mundial de marketing do governo britânico. A competição foi aberta para empresas de TI de qualquer tamanho, desde startups a grandes empresas. “O objetivo desta competição foi selecionar empreendedores brasileiros interessados em globalizar seus negócios”, explicou Raquel Kibrit, gerente de investimentos do UK Trade & Investment de São Paulo, que liderou a competição. Com auxílio da equipe do UKTI, os participantes terão a oportunidade de conhecer como funciona o sistema tributário e as leis trabalhistas do Reino Unido, assim como descobrir as facilidades e oportunidades para empresas do setor de

tecnologia. “O Reino Unido é o Vale do Silício da Europa. As empresas brasileiras podem crescer rapidamente com a abertura de novas operações no país”, disse a gerente. Raquel, aliás, conversou com a equipe do Brasil Observer no final do ano passado, em São Paulo, quando o UKTI fez o lançamento do programa Sirius no Brasil. Na ocasião, ela citou algumas vantagens de montar um negócio no Reino Unido, como a rapidez para a abertura de uma empresa (cerca de duas horas), leis trabalhistas mais flexíveis (com a possibilidade de contratação de empregados em regime de horas), taxas de imposto menores do que no Brasil, posição central do país e o fato de Londres receber 70% das sedes de empresas europeias, o que amplia as oportunidades de negócios. A gerente de investimento aproveitou ainda para dar alguns exemplos de jovens empresários brasileiros que vieram ao Reino Unido com financiamento do UKTI, entre eles Flávia Portella, do Rio, CEO do Bossa Lab, e Yuri Zaidan, de Recife, CEO do Fisiohub.

PLANO PROMISSOR A empresa Senfio, sediada no Rio de Janeiro, foi uma das vencedoras da competição promovida pelo Consulado Britânico de São Paulo. Entre as nove finalistas, o projeto apresentado pela companhia foi considerado pela banca julgadora o mais inovador e o que mais tem chance de sucesso no Reino Unido. A solução inovadora consiste em um sistema voltado para ambiente hospitalar que monitora a higienização das mãos de visitantes e profissionais que lidam diretamente com pacientes vulneráveis a infecções. “Nosso melhor projeto até agora é um sistema automático para higienização das mãos em hospitais. Milhões de pessoas morrem no mundo por causa de infecções hospitalares e nosso produto busca reduzir este índice. A Inglaterra seria um excelente lugar para começar porque é cultura do país o alinhamento das ciências da saúde com a matemática. No campo da pesquisa aplicada, eu diria medicina e engenharia. E essa mistura é o nicho da Senfio”, explicou o CEO da empresa, Elyr Teixeira, ao Brasil Observer. Durante a entrevista, Elyr contou que a Senfio, como o nome sugere, nasceu

para desenvolver tecnologia wireless. A empresa começou em 2011 ganhando dois editais de inovação, um do CNPq e outro, da FAPERJ. De lá até hoje, continuou o CEO, “ganhamos cinco editais de inovação que representam mais de um milhão de reais”. E o que ele espera para dessa vinda ao Reino Unido? “A expectativa é grande. Não tínhamos planos de iniciar nossa internacionalização este ano. Mas, com as vantagens informadas pelo UKTI sobre o Reino Unido, diria que esse plano é bem promissor. Estamos interessados em estabelecer uma base da Senfio em local com excelente infraestrutura e competitivo internacionalmente”, afirmou Elyr. “A viagem será uma ótima oportunidade para descobrir como outras empresas como a nossa se desenvolvem. Temos ciência de como isso ocorre no Brasil. Mas, fora daqui, não. Por isso, a viagem ao Reino Unido é muito oportuna”, completou. Questionado sobre o que leva uma start-up a obter sucesso, Elyr não se ilude: “Existem vários caminhos, depende do negócio. No nosso, eu diria conhecimento e persistência. A empresa conta

com mestres e doutores e isso faz diferença no desenvolvimento de tecnologias de ponta. E ser persistente te leva a não ser esquecido. Existe um ditado que diz: quem não é visto, não é lembrado. Cada um de nós precisa ser lembrado em mundo de extrema concorrência”. O exemplo de Elyr mostra que há no Brasil boas soluções tecnológicas para vários dos problemas cotidianos da atualidade. E reflete também o aquecimento do mercado de Tecnologia da Informação no país. O mercado brasileiro de TI deve abrir 78 mil vagas em 2014, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). A geração de empregos, aliás, está entre os principais interesses do governo do Reino Unido na condução de ações como a competição realizada pelo Consulado Britânico de São Paulo em parceria com o UKTI. Em tempos de lenta recuperação financeira na Europa e altas taxas de desemprego, principalmente entre os mais jovens, apostar em projetos inovadores surge como uma aposta promissora, em um ambiente de crescente globalização e avanço tecnológico.

EMPRESAS SELECIONADAS PARA A VIAGEM Meu Peludo Start-up que criou um sistema de tag com geolocalização para acoplar à coleira de animais de estimação, possibilitando o rastreamento de animais perdidos. CrowdMobi Comunidade que fiscaliza os serviços prestados pelas operadoras de telefonia móvel. Com o CrowdMobi você fica sabendo se a sua operadora está cumprindo o que foi prometido. System Haus Criada em 1988, a SystemHaus oferece soluções para a indústria do couro. Com este objetivo construiu o Antara, um produto de alta tecnologia feito exclusivamente para atender as necessidades deste segmento. ANTARA é um software de gestão ERP (Enterprise Resource Planning) desenvolvido especificamente para a indústria do couro, atendendo curtumes pequenos, médios e grandes ao redor do mundo, com ferramentas apropriadas para o negócio. I.Systems Criou um software (Leaf) que otimiza processos industriais atuando de maneira contínua. Por utilizar lógica Fuzzy e ser capaz de gerar automaticamente as regras de controle, o Leaf aumenta a estabilidade de processos automatizados, diminuindo custos e melhorando a produtividade. Cliever Tecnologia Fundada em abril de 2012, a Cliever Tecnologia entrou no mercado para revolucionar o setor de impressões tridimensionais do Brasil, oferecendo soluções inovadoras relacionadas à impressão de objetos. 4 Security Tecnologia da Informação: Oferece conhecimento de TI aplicada à área de segurança da informação, inteligência e ensino. Exclaim Tecnologia Empresa atuante no mercado de TI, produtora de softwares comerciais para desktops e online. LivoBooks Empresa que produz aplicativos digitais interativos com tecnologias inovadoras para contar uma história. Joy Street Empresa especializada na concepção, desenvolvimento e operação de ambientes digitais de aprendizagem baseados na interação social e em jogos digitais colaborativos. Senfio Empresa criada para suprir uma necessidade brasileira: a falta de soluções tecnológicas nacionais em RFID (identificação por radiofrequência) ativo.


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COPA 2014 Porto Alegre e Curitiba vão representar a região sul do Brasil durante a Copa do Mundo que começa a pouco mais de um mês. Juntas, as duas cidades, capitais dos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná, respectivamente, receberão nove partidas do Mundial. Por lá, os turistas estrangeiros poderão se surpreender: no Brasil também faz frio! Quem se deslocar do norte ou nordeste do país em direção ao sul certamente sentirá a diferença, ainda mais no inverno. E não é apenas o clima. A região sul tem certas particularidades em relação a outras regiões do Brasil. A mais marcante, talvez, seja o forte traço da colonização alemã e polonesa, que se manifesta tanto na culinária quanto nas festas tradicionais. A influência argentina também é forte, devido à proximidade do país sul-americano – a carne gaúcha e o chimarrão são apenas alguns exemplos. Tudo isso, sem dúvida, será um prato cheio para o turista que, durante a Copa no Brasil, poderá ver de perto nossa diversidade.

DUPLA DO SUL Por Nathália Braga

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Com arquitetura e costumes diferentes das outras capitais do Brasil, Porto Alegre chega a ser conhecida como a Europa brasileira. Sua história se diversifica das outras cidades já que, além de receber muitos imigrantes portugueses, também teve forte influência de imigrantes vindos da Polônia e Alemanha. Pela proximidade com os países da América do Sul, como a Argentina, os gaúchos aderem ao hábito de beber chimarrão, uma bebida de mate e rica em cafeína. Porto Alegre é a cidade da diversidade, em que é possível se maravilhar com os contrastes da cultura brasileira. Sem falar que o clima de Porto Alegre é mais ameno, com média anual que não passa dos 20ºC, e chega até a nevar durante os meses do inverno. Visitar uma cidade do norte e outra do sul do Brasil reflete a imensidão do país e suas tradições que vão muito além de Carnaval ou futebol. Futebol, aliás, que é o centro das atenções neste ano no Brasil, mais do que em todos os anos anteriores. E Porto Alegre e seus 1,4 milhões de habitantes não poderiam ficar de fora. Fanáticos pelo esporte, os torcedores se dividem entre os clubes Grêmio e Internacional. AmDF

GO

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RJ

bas as equipes foram responsáveis por trazerem ao cenário futebolístico brasileiro grande nomes como Ronaldinho Gaúcho, Falcão e Taffarel. Além disso, o técnico da seleção brasileira, Luis Felipe Scolari, conhecido pela torcida como Felipão, é gaúcho. O estádio do Internacional, o Beira Rio, foi o escolhido para sediar os jogos da Copa. Serão cinco partidas, sendo um das oitavas de final. Na primeira fase, os confrontos são: França x Honduras (15 de junho); Holanda x Austrália (18 de junho); Argélia x Coreia do Sul (22 de junho); e Argentina x Nigéria (25 de junho). Inaugurado em 1969, o estádio foi totalmente reformado para o evento. Uma cobertura metálica em formato de folhas foi instalada para reduzir as ilhas de calor e a capacidade atual do estádio é de pouco mais de 50 mil torcedores. Uma espécie de evento de reinauguração, após o processo de modernização, que durou dois anos, aconteceu dia 5 de abril e contou com a presença do DJ inglês Fatboy Slim. O estádio, porém, ainda não foi totalmente finalizado e corre contra o tempo para ter tudo pronto antes de junho.

Uma das cidades com os melhores índices de qualidade de vida no Brasil, Curitiba receberá quatros jogos da Copa. Lá vivem 1,8 milhões de habitantes que formam a metrópole mais populosa do sul e a sétima maior do país. No centro histórico, encontram-se lugares que narram a trajetória de crescimento de Curitiba, que era uma cidade pequena de interior e que, ao longo dos anos, se transformou em uma metrópole. Entre seus pontos históricos estão a Igreja da Ordem, o Museu Paranaense, a Igreja do Rosário, a Catedral Metropolitana e a Casa Romário Martins. Mas é a Arena da Baixada que deve ganhar toda atenção dos turistas. Tradicional estádio do clube Atlético Paranaense, foi construído em 1914, reinaugurado em 1999 e agora está sendo reformado para receber a Copa do Mundo de 2014. A fase de obras estava prevista para terminar em dezembro de

2012, inicialmente. Porém, o estádio de Curitiba é um dos mais atrasados de acordo com o prazo da Fifa. Em visita à Arena no início deste ano, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, chegou a afirmar que a situação das obras era crítica. A cidade temeu ficar fora do Mundial. Na época, cerca de 90% da obra estava concluída. Valcke visitou o estádio novamente em abril e com o avanço das obras o estádio deve receber, sim, a Copa. O estádio deve receber um evento teste até o fim de maio, segundo Valcke afirmou à imprensa. A Arena já recebeu mais de R$ 260 milhões em financiamentos para a conclusão das obras. A capacidade da Arena deve ser aumentada para 40 mil pessoas, que irão acompanhar os quatro jogos da primeira fase do Mundial. No dia 16 de junho, Irã e Nigéria estreiam os gramados da Arena da Baixada. No mesmo mês, é a vez de Honduras e Equador, que jogam dia 20 - seguidos de Austrália e Espanha, que jogam dia 23 e Argélia e Rússia que se enfrentam no dia 26. MINAS GERAIS

MATO GROSSO DO SUL

ESPÍRITO SANTO

SÃO PAULO

RIO DE JANEIRO

PARANÁ

SANTA CATARINA

RIO GRANDE DO SUL


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Estádio Beira Rio (1), Casa de Cultura Mario Quintana (2) e Brique da Redenção (3)

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PONTOS TURÍSTICOS DE PORTO ALEGRE Orla do Guaíba e praia de Ipanema A orla do Rio Guaíba é a paisagem principal da cidade. Com 72 km de extensão, atrai visitantes em sua área de lazer ou no calçadão da praia de Ipanema, em passeios ao ar livre. Usina do Gasômetro Com sua marcante chaminé, a construção de 117 metros de altura tem um centro cultural de eventos que serve de espaço também para uma biblioteca. Parque da Redenção Popular parque frequentado pelos moradores locais, local abriga uma feira cultural e gastronômica que é tradição desde 1978, o Brique da Redenção, aos domingos. Museu de Arte do Rio Grande do Sul Localizado na Praça da Alfândega, o prédio foi construído em 1913 para ser uma delegacia fiscal. Em 1978, foi transformado em museu e hoje tem em seu acervo obras de renomados artistas brasileiros, como Portinari e Di Cavalcanti, e é considerado um dos mais expressivos do país. Casa de Cultura Mário Quintana Homenagem ao reconhecido poeta Mario Quintana, que morou no antigo Hotel Majestic, prédio que foi restaurando para servir como casa de cultura.

PONTOS TURÍSTICOS DE CURITIBA Rua das Flores Foi o primeiro calçadão para pedestres do país, inaugurado em 1972, no centro de Curitiba. Por lá há lojas, cafés e restaurantes, além de prédios centenários e, como o nome diz, canteiros de flores por toda sua extensão. Jardim Botânico Um dos mais conhecidos do país, o Jardim Botânico é referência em pesquisa nacional e internacional. Também é um dos cartões postais de Curitiba. Bosque do Alemão Como o nome sugere, o bosque tem elementos da cultura alemã, como o oratório de Bach, músico alemão. Tem ainda um mirante em que é possível avistar a Serra do Mar.

Curitiba: Arena da Baixada (1), Jardim Botânico (2) e Museu do Olho (3)

Museu Oscar Niemeyer Com mais de três mil peças de famosos artistas brasileiros como Cândido Portinari e Tarsila do Amaral, é um dos pontos de grande visitação da capital paranaense. Memorial da Imigração Polonesa Outro país que influenciou a região Sul, o memorial tem projeto paisagístico idealizado por Burle Marx. É o centro de comemorações polonesas na cidade. Foz do Iguaçu Um dos lugares mais famosos do Brasil, com uma vista inesquecível que atrai mais de um milhão de turistas por ano, fica a algumas horas de Curitiba. Saiba mais sobre esse paraíso natural a partir da página 19, dentro do Brasil Observer Guide.


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CONECTANDO

O DESAFIO DE CRIAR UM GAME A ideia de fazer um game rondava a minha cabeça desde o final de 2012, depois que assisti ao filme “Indie Game: The Movie”. Foi ali que comecei a perceber que fazer games poderia ser uma experiência de expressão autêntica, algo que sempre busquei desde os tempos da faculdade, quando fazia quadrinhos, desenhos, ilustrações. O filme conta a história dos desenvolvedores independentes por trás dos jogos Fez, Braid e Super Meat Boy. São jogos feitos por uma ou duas pessoas, trabalhados ao longo de alguns anos e com um toque muito pessoal, diferente dos produtos que dominam a indústria. Eu estava um pouco afastado do universo dos games por justamente não me agradar o rumo que essa indústria tomou, muito focada em superproduções, com grandes orçamentos, mas que repetem muito as mesmas fórmulas, com jogos complexos e que exigem muitas horas de dedicação. Então, aos poucos, acompanhando algumas experiências mais autorais, fui me interessando pelos games independentes como forma autêntica de expressão. Sempre trabalhei com a união do jornalismo com o design – nos últimos cinco anos eu estava fazendo infográficos para a Folha de S.Paulo. Embora seja uma área bem diferente, muitas das ferramentas e conceitos se repetem. De uma forma ou de outra, eu sempre estive contando histórias através de imagens. No caso do game, tem um elemento

novo que é a interação, ou seja, pensar na reação para cada ação do jogador, e como mantê-lo entretido. E esse foi o grande desafio que ainda estou tentando entender como funciona. Também não tinha experiência nem competência para fazer a trilha sonora do jogo. Para isso contei com a parceria do produtor musical Isaac Varzim, que fez um belíssimo trabalho. Como também não sabia programar, optei por fazer de Bamba um jogo com uma programação menos complexa por trás. Foi uma escolha que fiz, porque sabia das minhas limitações. Então pensei num formato de jogo com uma jogabilidade simples, mas com grande impacto visual. Ao longo de 2013 fui estudando uma plataforma para fazer jogos que se chama Unity – e percebi que aprender a programar não era assim um desafio intransponível. Antes do Bamba, fiz alguns testes com outras ideias de jogos e fui adquirindo alguma experiência. Quando percebi que estava pronto para fazer um jogo completo, formatei o projeto e comecei a executá-lo nas horas vagas. Ao longo do processo percebi que, embora fosse um projeto simples, eu precisaria de muito tempo para terminá-lo usando só as horas vagas. E, caso o projeto se arrastasse demais, as chances de eu desanimar e nunca finalizá-lo seriam grandes. Então decidi conversar com meus editores na Folha e dizer que eu precisava de mais tempo para realizar esse projeto pessoal. Eles foram com-

preensivos e conseguimos chegar num acordo no qual eu usaria todo o meu banco de horas, férias acumuladas e uma licença remunerada para fazer o game. Esse foi um grande apoio e serei sempre muito agradecido. Tive então três meses para tocar esse projeto. Ótimos meses. A experiência com Bamba está sendo incrível. A principal diferença com relação aos anos em que estive fazendo infográficos é que eu me sinto muito mais exposto. No tempo em que estive no jornal, meu trabalho sempre estava diluído dentro de uma reportagem, ou no meio de muitas outras matérias. Além disso, a minha função como designer de infográficos é levar uma história ao leitor, mas aquela não é a minha história. Com o Bamba é diferente, é a minha história e eu respondo sozinho por ela. E o público de games é muito intenso em suas reações, para o bem ou para o mal. Ver pessoas do mundo inteiro falando sobre o que você fez é muito gratificante, mas tem de estar preparado para receber todo tipo de reação. O mercado de games para celulares e tablets é muito competitivo, tem muita opção. É difícil se destacar no meio de tudo isso como um desenvolvedor independente. Dependendo do retorno financeiro do Bamba, penso em criar outros jogos. Se o Bamba faturar o suficiente para eu poder ficar outros três meses fazendo um novo jogo, provavelmente vou me lançar em um novo projeto.

COMO PARTICIPAR? Conectando é um projeto desenvolvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo conectando@brasilobserver.co.uk

Bamba é o resultado de meu interesse pela criação de jogos independentes como forma autêntica de expressão Por Simon Ducroquet, de São Paulo

FOTO: REPRODUÇÃO

Bamba: um jogo minimalista

Mais informações: www.bambathegame.com g


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Brasil Observer

GUIDE

PHOTO: DIVULGATION

In a celebration of Brazilian literature, at the Brighton Festival, a leading poet and two translators will lead a lively discussion to promote the country’s writing talents. >> Read on pages 16 and 17

Em celebração à literatura brasileira, uma poetisa e dois tradutores fazem um vívido debate sobre linguagem no Festival de Brigthon. >> Leia nas páginas 16 e 17


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BRAZILIAN POETRY By Gabriela Lobianco

The spring edition of Modern Poetry in Translation (MPT) magazine – a quarterly publication on poetry and translations of poems from various languages into English idiom - focuses on bold and experimental poetry in Brazil and will be one of the highlights of the 48th Festival of Brighton this year. The event is an annual celebration that takes place over three weeks in May in Brighton and Hove, with space for music, theatre, dance, circus, cinema, literature, debates and outdoor events. In this concentration of the arts scene the launch of the magazine that contains a vast work of Brazilian contemporary poets and poetry selections by Adriana Lisboa, Ana Martins Marques, Nicolas Behr and the great Carlos Drummond de Andrade will be held. At the festival, the poet Angélica Freitas, Daniel Hahn (National Director of the British Centre for Literary Translation program) and translator Hilary Kaplan will participate in a discussion about publishing and Brazilian literature. “I’ve translated some books, like the novels ‘How I became a nun’ and ‘The Seamstress and the Wind’, by César Aira [assembled in one vol-

Modern Poetry in Translation magazine (1); Angélica Freitas (2); and Nowhere People (3)

POESIA BRASILEIRA Por Gabriela Lobianco

PHOTOS: DIVULGATION

O exemplar de primavera da revista Modern Poetry in Translation (MPT) – publicação trimestral sobre poesias e traduções de poemas de vários idiomas para a língua inglesa – concentra-se na poesia ousada e experimental do Brasil. E a publicação será um dos destaques do 48º Festival de Brighton (Brighton Festival, em inglês). O evento é uma celebração anual que ocorre durante três semanas no mês de maio em Brighton e Hove, com espaço para música, teatro, dança, circo, cinema, literatura, debates e eventos ao ar livre. Nesse cenário de contemplação das artes ocorrerá o lançamento da revista que contém uma vasta obra de poetas contemporâneos brasileiros e seleções de poesias por Adriana Lisboa, Ana Martins Marques, Nicolas Behr e do grande Carlos Drummond de Andrade. No festival, a poeta Angélica Freitas, Daniel Hahn - Diretor Nacional do programa British Centre for Literary Translation – e a tradutora Hilary Kaplan participam de um debate sobre a publicação e sobre a literatura brasileira. “Já traduzi alguns livros, como as novelas ‘Como me tornei freira’ e ‘A costureira e o vento’, do César Aira [foram reunidas num volume que saiu pela editora Rocco no ano passado], e a ‘Autobiografia de Johnny Cash’”, disse Angélica Freitas, que também trabalha com traduções, ao Brasil Observer.


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IN THE SPOTLIGHT ume left by the publisher Rocco last year], and ‘Autobiography of Johnny Cash’”, said Freitas, who also works with translations, to Brasil Observer. Angelica has works published in the spring edition of MPT and will do a reading at the soiree. For her, this kind of experience is critical as it becomes a writing exercise. Freitas also believes that, despite being a dif-

When I was born, one of those twisted angels who live in the shadows said: ‘Carlos, get ready to be a misfit in life!’

ficult job, it is uplifting: “I tend to accept the proposals that seem most interesting to me for my own work; it is with poetry, with the language,” she added. The title of this new edition of MPT with emphasis on Brazil is Twisted Angels – which is a passage in the Seven-sided poem by Carlos Drummond de Andrade. Perhaps the most influential poet of the 20th century, Drummond’s work has been translated into over 20 languages. This particular poem of the poet has been an inspiration for other artists, including Brazilian musician Chico Buarque. Elizabeth Bishop was one of the first translators of Drummond’s work for the English language. And this is not an easy task, since the English language is much more restrained than the Portuguese. “The first thing that catches my attention in a translation from English to Portuguese is that the English is a much more economical language. Words are shorter, the sentences are simpler,” said Freitas. At the event, Daniel Hahn will give a reading of a part of his next translation to be released, Nowhere People, by the writer Paulo Scott, published by MPT and Other Stories.

WORKSHOPS The translator Kaplan has worked on numerous translations and this know-how will be the basis of a master class which is also part of the festival. Exploring the different possibilities of writing in English and Portuguese, Kaplan discusses the different types of interpretations of poems and poetry. Freitas said that the work of her colleague is excellent. “Hilary Kaplan is ace, she has found perfect solutions to the poems, even the most difficult to translate into American English. We need to remember that some things only work in the country or the language in which they were written. You need to find equivalents, and this is perhaps the most interesting part but also makes the work harder,” she said. When asked if the year of the World Cup is the reason for so much attention to Brazil from the UK, Freitas was categorical: “In the case of MPT and the Brighton Festival, I think it has nothing to do with the World Cup, but with a movement that began a few years ago by offering translation grants from Brazil’s National Library. There are a lot of people translating Brazilian literature.”

TWISTED ANGELS Presented by Modern Poetry in Translation & And Other Stories When: Thu 22 May, 8pm Where: Brighton Dome Studio Theatre Tickets: £10 Info: http://brightonfestival.org

EM FOCO Angélica tem trabalhos publicados na edição de primavera da MPT e fará uma leitura no sarau. Para ela, esse tipo de experiência é fundamental, pois acaba por ser um exercício de escrita. Freitas também acredita que, apesar de ser um trabalho difícil, acaba por ser edificante: “minha tendência é aceitar as propostas que me pareçam mais interessantes para o meu próprio trabalho, que é com a poesia, com a linguagem”, completou.

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai Carlos! ser gauche na vida.

O título do caderno dessa nova edição da MPT com destaque para o Brasil é ‘Twisted Angels’ – que é a tradução do trecho ‘um anjo torto’ do ‘Poema de sete faces’, de Carlos Drummond de Andrade. Drummond, se estivesse vivo, completaria 112 anos em 2014. O poeta já foi traduzido para mais de 20 línguas. O surgimento do poeta gauche, ‘torto’ ou ‘twisted’, deu-se no livro ‘Alguma Poesia’ - um poeta inadaptado ao mundo em que vive. Esse poema particular de Drummond já foi inspiração para outros artistas, inclusive, Chico Buarque, que outrora cantou “quando nasci veio um anjo safado, um chato de um querubim”. Elizabeth Bishop foi uma das primeiras tradutoras de Drummond para o idioma inglês. Não se trata de uma tarefa fácil, já que a língua inglesa é muito mais contida que a portuguesa. “A primeira coisa que me chama a atenção numa tradução de inglês pra português é que o inglês é uma língua muito mais econômica. As palavras são mais curtas, as frases são mais simples”, explicou Freitas. No evento, Daniel Hahn fará uma leitura de parte da sua próxima tradução a ser lançada, ‘Nowhere People’, do escritor Paulo Scott, publicado pelos apresentadores da MPT e editora Other Stories.

WORSHOP A tradutora Hilary Kaplan já trabalhou em inúmeras traduções e esse know-how será base de uma “masterclass” que também acontece durante o festival de Brighton. Explorando as diversas possibilidades da escrita em inglês e português, num jogo de palavras Kaplan discute os diferentes tipos de interpretações de poemas e poesias. Ideal para pessoas que têm um nível avançado da língua inglesa. Freitas comentou que o trabalho da colega é excelente. “A Hilary Kaplan é craque, achou soluções perfeitas para os poemas, mesmo os mais difíceis de traduzir para o inglês americano. A gente precisa lembrar que algumas coisas só funcionam no país ou na língua em que foram escritas. É preciso encontrar equivalentes, e essa talvez seja a parte mais interessante e mais difícil do trabalho”, afirmou. Quando perguntada se o ano da Copa do Mundo é o motivo de tanta atenção ao país tupiniquim no Reino Unido, Freitas é categórica: “No caso da MPT e do Festival de Brighton, acho que não tem a ver com a Copa, mas com um movimento que começou há alguns anos, com o oferecimento de bolsas de tradução por parte da Biblioteca Nacional. Há bastante gente traduzindo literatura brasileira”.


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NINETEEN EIGHT-FOUR

THE MANY FACES OF CAETANO VELOSO PHOTO: DIVULGATION

Abraçaço: Caetano’s new album

By Ricardo Somera

During his lifetime, 72-year old, Caetano Veloso has been many things. His musical presence channels a bit of David Bowie with Carlos Gardel. He could also be described as being half like Jorge Drexler, half Morrissey. He represents Carnival as well as Bossa Nova while also rejecting the two. Amid this confusion of great references, and with give me the pleasure of trying to introduce some faces of Caetano as he released a new album in March and is heading to London’s Barbican this month. Caetano was one of the founders of “Tropicália”, a musical, social and artistic movement born of two main sources: “Brazilianness” and rock’n roll. The movement went far beyond the music of Os Mutantes, Tom Zé and Caetano, influencing the movies of Glauber Rocha and Helio Oiticica’s art. Caetano was part of one of the greatest quartets of world music: Doces Bárbaros (Sweet Barbarians). Together with Gilberto Gil, Gal Costa and his sister Maria Bethania, the group left Bahia and started touring, their hippy sound in the mid ‘70s and shocking Brazilian society during the dictatorship. The group made a double album featuring classics like Fé Cega, Faca Amolada (their version of the Milton Nascimento track), and were the subjects of two incredible documentaries. Their actions and views did not go unnoticed. Caetano was hated by the military dictatorship who labelled him a “communist” and a “revolutionary” two things that were banned under the regime. In 1969 he was exiled to London. Thousands of miles from home, in his loneliness in English territory, Caetano started recording songs almost entirely in English in 1971 inclu-

Por Ricardo Somera

AN EVENING WITH CAETANO VELOSO Pushing Brazilian traditions into exciting new realms with his new album, Abraçaço When: 27 May 2014 Where: Barbican Info: www.barbican.org.uk

NUNCA É TARDE PARA CONHECER ‘CAETANOS’

Caetano Veloso é mistura. É um pouco de David Bowie com Carlos Gardel. Meio Jorge Drexler, meio Morrissey. É Carnaval e ao mesmo tempo Bossa Nova. Em meio a essa confusão de ótimas referências, me dou ao prazer de tentar mostrar algumas caras de Caetano, já que ele se apresenta aqui por Londres no final de maio. Caetano foi um dos criadores da Tropicália. O Tropicalismo foi um movimento artístico que bebeu de duas principais fontes: a brasilidade e o rock’n roll. O movimento foi além das músicas de Mutantes, Tom Zé e Caetano, passando pelo cinema novo de Glauber Rocha e os parangolés do artista plástico Hélio Oiticica. Caetano fez parte de um dos quartetos mais fantásticos da música mundial: Os Doces Bárbaros. Caetano, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia – sua irmã – saíram em turnê no meio da década de 70, numa fase bem hiponga, chocando a sociedade brasileira em plena ditadura. Desse grupo, além de um álbum duplo que têm clássicos como “Os Mais Doces Bárbaros” e “Fé Cega, Faca Amolada” (de Milton Nascimento), nasceram dois incríveis documentários. Caetano não é unanimidade. Os militares o odiavam com aquele discurso “comunista” e “revolucionário” de que era proibido proibir.

ding the famous song London, London. Shortly after he released his most important ‘gringo album’ Transa in 1972. Theres much more to Caetano than his influential music though. It’s fair to say that Caetano likes to argue. He has an opinion about everything and everyone and will change it just frequently. He loved and fought with all the MPB (Brazilian Popular Music) members. He agreed with Lobao but then retracted this. Once said that his song Um Sonho was inspired by Luana Piovani but later rejected this claim. Following the back and forth of his opinions creates a rich biography of Caetano, but perhaps not an authorised one. Just as we become used to his new sound and style he, he decides to change. Throughout personal difficulties like divorce he has continued to move forward as an artist, dressed in denim and with his guitar in hand. He recorded the album Cê in 2006 and instantly returned as an interesting name, appearing at indie festivals around the world. Only unlike other musicians of his age and credence, the audiences at his shows are not ageing hippies and those over 50 but university students and people in their 20s and 30s. Today Caetano continues creating new classics like Tarado Ni Você, and his new album Abraçaço, (which means “big hug”) has gone down well with fans and hipsters everywhere. This septuagenarian still invites more than his fair share of controversy, his latest news: this June, as Brazil hosts the world for the Copa do Mundo, he will be leaving the country to travel in Europe, including his appearance at the Barbican. Tickets are selling out fast, but even if you don’t score one, make sure you start getting to know Caetano Veloso for yourself.

Em 1969 foi exilado em Londres pelo regime ditatorial e, na sua solidão em território inglês, gravou um álbum quase todo em inglês em 1971, com a famosa canção “London, London”. Logo em seguida lançou seu mais importante “álbum gringo”, que foi “Transa” (1972). Caetano tem razão. Nem todas as vezes. Mas o que ele gosta é de polemizar. Tem opinião sobre tudo e todos e sempre está disposto a mudá-las. Brigou e amou com toda a MPB. Disse que Lobão tinha razão. E voltou atrás. Luana Piovani disse que ele tinha feito uma música (“Um Sonho”) inspirada nela. Ele negou. Depois voltou atrás. Deve ter se esquecido entre um ~cigarro~ e outro. As idas e voltas das opiniões de Caetano dá uma biografia, não autorizada. Após décadas acostumado ao som e ao estilo de Caetano, eis que ele resolve mudar. Divorciou-se, botou um jeans, pegou sua guitarra e foi atrás do hype. Gravou “Cê” (2006) e voltou a ser um nome interessante nas rodas indies dos festivais do mundo. O público dos shows não era mais de cinquentões, mas da galera da faculdade. Hoje Caetano continua fazendo novos clássicos como “Tarado Ni Você”, sendo ovacionado pelo mundo indie-hype-fashionista dos festivais do mundo e lançando polêmica: Vai trocar o Brasil pela Europa em plena Copa do Mundo. Ou não.


Foz do Iguaçu Special Spanning the border between Brazil and Argentina, the Iguaçu Falls are one of the most visually and acoustically stunning natural wonders of the world. Taller and twice as wide as Niagara Falls, the waterfalls are created as the almost three kilometre wide Iguaçu (Spanish: Iguazú) River drops vertically some 80 meters in a series of spectacular cataracts, producing vast sprays of water. The river, aptly named after the indigenous term for “great water”, forms a large bend in the shape of a horseshoe that is shared between the Brazilian Iguaçu National Park and its Argentinean sister, the Iguazú National Park, before flowing into the mighty Parana River less than 25 kilometres downriver. For an unforgettable experience, visitors can either witness the awesome power of the falls up close at the Devil’s Throat (Garganta do Diabo), or enjoy a more panoramic view of a series of cataracts and the surrounding subtropical rainforest on a hike across the breadth of the natural wonder.

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Memories to last for a lifetime

By Kate Rintoul and Michael Landon*

Abrangendo a fronteira entre Brasil e Argentina, as Cataratas do Iguaçu são uma das maravilhas naturais mais deslumbrantes do mundo, tanto visual quanto acusticamente. Mais altas e duas vezes maiores do que as Cataratas do Niágara, as cachoeiras surgem quando as águas do Rio Iguaçu, com quase três quilômetros de largura, caem verticalmente cerca de 80 metros em uma série de cataratas, produzindo uma vasta fumaça aquática. O curso do rio, cujo nome na língua indígena tupi-guarani significa “água grande”, forma uma grande curva no formato de ferradura – compartilhada entre o Parque Nacional do Iguaçu e seu irmão argentino, o Parque Nacional Iguazú – e depois de 25 quilômetros deságua no poderoso Rio Paraná. Para ter essa experiência inesquecível, os visitantes podem testemunhar o incrível poder das cataratas perto da Garganta do Diabo, ou aproveitar uma visão mais panorâmica das cachoeiras e da floresta subtropical que rodeia toda a região em caminhadas pelas plataformas posicionadas estrategicamente no parque. PHOTO: DIVULGATION

*The journalists travelled as guests of Itaipu.


20 brasilobserver.co.uk Design Concept Hostel

Where to stay

Things to do

Even though the Design Concept Hostel has only been open for six months, this exceptionally designed residence is already gaining fans from all corners of the world. The considered interior design, variety of room configurations and slick furnishings make this no ordinary hostel. Add to that a high spec modern kitchen, plunge swimming pool and well stocked bar (with some fantastic world and Argentine beers and wines) this really is a wonderful place to stay that will keep your spirits high after you return from the waterfalls.

The incredible Iguaçu National Park offers many ways of seeing and experiencing the falls, here’s our top choices.

Onde ficar

Buffalo Branco, the best in town

Bike Ride With limited car access to the park, the only means of entry are by one of the lovely custom-designed electric buses or bicycles with the Iguassu by Bike company. The latter gives a great first impression to the expansive park undulating hills and quiet paths mean you can really connect with the joy of riding and arrive at the falls full of energy.

Ainda que o Design Concept Hostel tenha aberto suas portas há apenas seis meses, já está ganhando fãs de vários cantos do mundo. O design interior, com quartos variados quanto à configuração e móveis lisos, dá ao local uma originalidade ímpar. Acrescente ainda uma cozinha altamente moderna, uma atraente piscina e um bem equipado bar (com excelentes cervejas e vinhos argentinos). É, sem dúvida, um ótimo lugar para se hospedar e descansar depois de passar o dia ao redor das cataratas.

Trails

Where to eat

Macuco Safari

There are several trails throughout the park, all with different lengths, intensities and vantage points. The trail beginning at Cataratas Hotel is the most popular as it isn’t too taxing and has the most impressive views. With paths that take you right into the falls, the platforms are perfect for capturing selfies against the stunning backdrop of the falling water.

The border city of Foz do Iguaçu is a melting pot of different cultures and influences and there are some great ways to experience this through food. With a Lebanese population of over 20,000, Foz has some lovely Middle Eastern restaurants, with Castelo Libanês one of the best. Highlights include the flatbreads, kibes and mini lamb esfihas. Truly authentic in its style and menu, the restaurant abides by Fiqh (Islamic jurisprudence) and does not serve alcohol. In its place are delicious fresh juices, with Turkish coffee and tea. If you are a traveller that abides by the ‘When in Rome philosophy’ then you need to head to the best Brazilian churrascaria in town - Buffalo Branco. With a steady supply of different meats and cuts (with some creative cooking techniques on display), this is a great place to enjoy what Brazil is known for. Far from being a sideshow, the extensive salad bar is a cabinet of beauty, with amazing locally inspired dishes including tabbouleh, sushi and regional vegetables.

This is the most high-octane way to experience the spectacle of the falls at close range. The three-part trip starts off with a woodland safari via jeep, followed by a short trail down to the waterside, and then climaxes with a bumpy journey upstream and directly into one of the cataracts - incredible fun but not one for the faint hearted!

Onde comer

Helicopter Ride

A cidade fronteiriça de Foz do Iguaçu é um caldeirão de diferentes culturas e influências. Uma das melhores formas de experimentar essa diversidade é pelas comidas. Com uma população de mais de 20.000 libaneses, Foz tem alguns encantadores restaurantes que servem comida árabe, sendo o Castelo Libanês um dos melhores. Entre os destaques estão os pães árabes, kibes e mini esfihas de cordeiro. Verdadeiramente autêntico em seu cardápio, o restaurante cumpre a jurisprudência islâmica e não serve bebidas alcoólicas. Em vez disso, servem deliciosos sucos frescos, café turco e chá. Mas, se você é daqueles que preferem a tradição local, então precisa ir para a melhor churrascaria brasileira da cidade: Buffalo Branco. Com um rodízio de diferentes carnes e cortes, é um ótimo lugar para desfrutar aquilo pelo o qual o Brasil é mundialmente conhecido. Longe de ser um espetáculo à parte, o extenso buffet de saladas é um gabinete de beleza única, com incríveis pratos de inspiração local, incluindo tabule, sushi e legumes regionais.

This is the best means of fully appreciating the great expanse of forest in the national park and seeing the full expanse of the waterfalls in all their glory. Delivered by Hellisul - (the same company that provides great tours of Rio de Janeiro) the excellent pilots make the 20 minute flight an exhilarating experience as they angle the chopper specially so you can get some jaw-dropping birds-eye views from above.

Have a meal to remember With more of us cooking at home, we demand more drama and theatre from dining out and Porto do Canoas certainly delivers on this. The panoramic balcony and dining room overlooking the falls without doubt offer one of the best dining views in the world. The plentiful buffet means that everyone can eat what they love - great if you are travelling with family and the service is warm, fast and unobtrusive, allowing you to pay full attention to enjoying the experience.

Bird Park The forests of the national park are so dense that they are pretty impenetrable, so you can only imagine the variety of bird species that live there. Luckily, just across the road, Parque das Aves gives you the chance to get up close and personal with an amazing variety of tropical birds including flamingos, parrots and three species of very confident Toucan.


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Trail to the waterfalls

Coisas para fazer

Other attractions

O incrível Parque Nacional do Iguaçu oferece muitas maneiras de ver e experimentar as cataratas; aqui estão nossas melhores escolhas

As it is home to so many cultures, Foz do Iguaçu has an impressive Mosque for the Islamic population and also a Buddhist Temple with an astonishing collection of gigantic religious statues in its impressive manicured garden overlooking Ciudad del Este in Paraguay. In addition to seeing one of the greatest natural wonders in the world, a visit to Foz also means you can experience one of the seven modern man made wonders - the Itaipu Dam. The mind-boggling construction harnesses the power of the Parana River that divides Brazil and Paraguay. Taking over 30 years to complete, this is one of the largest man-made structures on earth and produces enough energy to meet 17% of Brazil’s needs and 90% of Paraguay’s. Even if you haven’t previously given much thought to hydroelectricity, the sheer scale and ambition of this human project is very interesting to learn about on a tour of the dam. While the dam has drawn some controversy, chiefly because of the destruction of the Guaíra Falls, Itaipu actively seeks to make social improvements to the region and holds itself as now being focused on social responsibility for the surrounding area. The technology centre created in the old worker’s barracks gives free space to student start-ups and the Oscar Niemeyer designed Federal University of Latin American Integration (or UNILA) is being built on the site, making Itaipu a beacon of the soft power Brazil is so renowned for.

Passeio de bicicleta Com acesso limitado de carro, o único meio de entrada ao parque é um dos encantadores ônibus elétricos de design personalizado ou bicicletas que podem ser alugadas no local. Ao entrar pedalando, se tem uma ótima primeira impressão – as ondulantes colinas e os caminhos tranquilos fazem você realmente se conectar com o local e chegar às cataratas com muita energia.

Trilhas Existem várias trilhas ao longo do parque, todas com distâncias, intensidades e vistas diferentes. A trilha com início no Cataratas Hotel é a mais popular, pois não é muito desgastante e tem uma das vistas mais impressionantes. Com caminhos que levam você direto para as quedas, as plataformas são perfeitas para tirar fotos estilo “selfie” com o cenário deslumbrante da água caindo ao fundo.

Macuco Safari

Parque das Aves

Esta é a forma mais extraordinária de experimentar o espetáculo das quedas de perto. A viagem de três partes começa com um safari pela floresta via jipe, seguido por uma trilha curta até a beira da água e termina com uma viagem diretamente para uma das cataratas - incrível diversão, mas não um para os tímidos!

Ter uma refeição para relembrar

Outras atrações

Com a maioria de nós acostumados a cozinhar em casa, às vezes exigimos mais de um jantar fora. O restaurante Porto do Canoas certamente proporciona uma atmosfera cinematográfica. A varanda e a sala de jantar com vista panorâmica das cataratas, sem dúvida, oferecem uma das melhores vistas de restaurantes do mundo. O buffet abundante significa que todos podem comer o que gostam – ótimo se você estiver viajando com a família e o serviço é rápido e discreto.

Como é lar de tantas culturas, Foz do Iguaçu tem uma impressionante mesquita para a população islâmica e também um templo budista com uma coleção de estátuas gigantescas em seu jardim - bem cuidado e com vista para Ciudad del Este, no Paraguai. Além de ver uma das maiores maravilhas naturais do mundo, uma visita a Foz também significa que você pode experimentar uma das sete maravilhas modernas feitas pelo homem: a Usina de Itaipu. A construção aproveita o poder do Rio Paraná, que divide o Brasil e o Paraguai. Levando mais de 30 anos para ser concluída, é uma das maiores estruturas feitas pelo homem na terra e produz energia suficiente para atender 17% das necessidades do Brasil e 90% do Paraguai. Mesmo que você não dê muita atenção à hidroeletricidade, a escala e a ambição deste projeto humano são tão impressionantes que vale a pena aprender sobre em um passeio pelo local. Enquanto a barragem tem gerado algumas controvérsias, principalmente por causa da destruição das quedas do Guaíra, a Usina de Itaipu busca ativamente fazer melhorias sociais para a região e mantém-se focada na responsabilidade social para com a área circundante. O centro de tecnologia criado no espaço da usina dá acesso livre aos estudantes e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (ou UNILA), projetada por Oscar Niemayer, faz da Itaipu um farol do “softpower” brasileiro.

Passeio de helicóptero Esta é a melhor forma de apreciar plenamente a dimensão da floresta do parque nacional e ver a extensão completa das cachoeiras. Oferecido pela Hellisul (a mesma empresa que oferece passeios de helicóptero no Rio de Janeiro), os voos de 20 minutos são uma experiência emocionante, pois os pilotos muito bem treinados posicionam o helicóptero de modo que você possa obter alguns pontos de vista de cair o queixo.

Parque das Aves As florestas do parque nacional são tão densas que são impenetrável, então você pode imaginar a variedade de espécies de aves que vivem por lá. Felizmente, o Parque das Aves lhe dá a chance de ver de perto uma incrível variedade de pássaros tropicais, incluindo flamingos, papagaios e três espécies de tucanos.


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Around Foz The city is bordered by two South American countries so you can take three holidays in one with day trips to the adjoining Argentinean and Paraguayan cities.

Argentina To see the waterfalls from another perspective make sure you visit the Argentinean Iguazú National Park, in addition to a boat ride and trails there is also a delightful train and series of bridges that take you to the centerpiece Devils Throat trail. Crossing the border is easy (there are several local tour operators who will take care of the paper-work and even public buses take the journey), so make the most of being in Argentina by taking in the local atmosphere. Even though it is not a wealthy town, Puerto Iguazu is welcoming, with a wonderful market. A foodie delight, the stalls sell local produce such as succulent olives, sharp cheeses, cured meats and wonderful wines. Some of the delicatessens double up as bars where you can sample the fare and drinks like the excellent Patagonia wheat beer. Of course no visit to Argentina would be complete without eating one of the nations world renowned steaks, so make sure you visit the local favourite El Quincho Del Tio Querido restaurant. This family-run institution manages to be both intimate and impressive at the same time. The steaks are to die for and the wine list is extensive. Truly authentic and friendly, the service is great and for added flavour there is a stage with musicians and tango dancers wooing the audience every night, with an authentic, irrepressible charm.

Paraguay Unlike other South American states, Paraguay’s government does not impose as high taxes on electrical and luxury goods so this city (Ciudad del Este) attracts shoppers from Argentina and Brazil looking for duty free deals. There are literally thousands of small shops which will delight shopaholics but may daunt others, and once again it is recommended to make this trip with an experienced travel guide who can help you find what you are looking for and to negotiate a good price. Some of the smaller shops do not sell genuine products so ask guides for advice and try the bigger stores selling a huge variety of quality imported goods with well-known luxury labels. S.A.X. is the gigantic new kid on the block and one of the biggest department stores in South America. Created by the industrious Armando Nasser, himself the son of Lebanese immigrants to Paraguay, who was inspired by the likes of Harvey Nichols and Harrods, the store has attracted the crème of the crop of big name brands such as Hermes, Chanel, Stella McCartney and Roberto Cavalli. If you are a label addict or simply love to window shop the stunning design of this luxury department store and the great brands stocked are impressive. Nasser has also lavished the department store with a magnificent restaurant, wine bar and smoking room which has a great view of the Parana river and the atmosphere of an old gentlemen’s club.

PHOTOS: DIVULGATION

Friendship Bridge between Brazil and Paraguay (1); Puerto Iguazu market (2); S.A.X. store in Ciudad Del Este (3)

Nas redondezas de Foz Foz do Iguaçu faz fronteira com dois países sul-americanos, então você pode fazer três viagens em uma com passeios de um dia para cidades argentinas e paraguaias.

Argentina Para ver as cachoeiras de outra perspectiva, não deixe de visitar o Parque Nacional Iguazú, na Argentina. Além de passeios de barco e trilhas, há também um passeio trem delicioso e uma série de pontes que levam o visitante até o centro da Garganta do Diabo. Atravessar a fronteira é fácil: existem vários operadores turísticos locais que cuidam da papelada e até mesmo ônibus públicos fazem a viagem. Mesmo que não seja uma cidade rica, Puerto Iguazu é acolhedora, com um mercado maravilhoso: as barracas vendem produtos locais, tais como azeitonas suculentas, queijos afiados, carnes curadas e vinhos excelentes, além de cerveja de trigo. Claro que nenhuma visita à Argentina estaria completa sem provar de sua deliciosa carne, por isso não deixe de visitar o restaurante El Quincho del Tio Querido. Os bifes são deliciosos e a carta de vinhos é extensa. Verdadeiramente autêntico e amigável, o serviço é excelente e há um palco com músicos e dançarinos de tango.

Paraguai Diferentemente de outros estados da América do Sul, o governo do Paraguai não impõe altos impostos sobre bens elétricos e de luxo, por isso a Ciudad Del Este atrai compradores da Argentina e do Brasil à procura de bons negócios. Há, literalmente, milhares de pequenas lojas que irão encantar os compradores mais animados, mas pode assustar os outros, então se recomenda fazer esta viagem com um guia experiente que pode ajudá-lo a encontrar o que você está procurando e negociar um bom preço. S.A.X. é uma das maiores lojas de departamento da América do Sul. Criada por Armando Nasser, filho de imigrantes libaneses, foi inspirada por nomes como Harvey Nichols e Harrods. A loja tem atraído grandes marcas como Hermes, Chanel, Stella McCartney e Roberto Cavalli. Se você é um viciado em etiquetas ou simplesmente gosta de vitrines, esta loja de departamentos tem design luxuoso e grandes marcas estocadas. A loja tem ainda uma magnífica sala de restaurante com uma excelente vista sobre o rio Paraná.

USEFUL LINKS www.itaipu.gov.br/en www.fozdoiguacudestinodomundo.com.br/en www.conceptdesignhostel.com www.sax.com.py


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GOING OUT PHOTOS: DIVULGATION

VALESKA SOARES: DOUBLE MARGIN Until May 24 Where Max Wigram Gallery – 106 New Bond Street (W1S 1DN) Tickets Free >> www.maxwigram.com

For her first solo show at Max Wigram Gallery, Valeska Soares presents a series of works that revolve around the dual condition of time, considering its nature and the shapes it can assume. Valeska Soares (born Belo Horizonte, Brazil) lives and works in New York. Striking in the exhibition is the way in which the artist transforms the past history and use of objects, doting them with a whole new life. Soares’ work is traversed by the presence of old materials: books and other printed matter; pieces of furniture or of home decor, and diverse utilitarian items (such as glasses and watches in this specific

show) which she manipulates, transforms and adapts, extending their use possibilities and embedding them with new symbolic values. The two-part installation Not All Who Wander Are Aimless (photo) further explores the concepts of motion and going adrift. The work is constituted through the dialogue between the materials hanged on the wall – a series of vernacular marine vistas of caravels, rhythmically alternated with old book pages whose texts evoke poetic sites – and a very long and narrow display structure – halfway between a cabinet, a table and a plinth – that holds an exhaustive series of glasses with boat drawings.

Where Rich Mix – 35-47 Bethanl Green Road (E1 6LA)

Where The Pheasantry – 152 Kings Road (SW3 4UT)

Where Queen Elizabeth Hall – Belvedere Road (SE1 8XX)

Tickets From £7 >> www.movimientos.org.uk

Tickets £20 >> www.pizzaexpresslive.com

Tickets From £10 >> www.southbankcentre.co.uk

S E LV A P R E S E N T S F E S T A N O R D E S T I N A L U I Z S I M A S

NELSON FREIRE

May 9

May 17

May 19

An evening celebrating the music, dance and culture of the North East of Brazil. Performance with Boi BumbaMeu-Boi is a folk theatrical tradition where the tale is told through costume, drumming and performance involving a bull which dies and is brought back to life. With live music from FORRO SINCOPADO, LET DRUM BEAT, with LAB and Movimientos DJs, interactive performance, visuals, costumes and much more.

Rio-born Brazilian jazz composer/singer/pianist Luiz Simas has led original groups in jazz festivals and clubs in the US, Europe and Brazil. His voice and music have warmed major venues including New York’s famous Birdland Jazz Club and the Weill Recital Hall at Carnegie Hall. Luiz’s repertoire includes his own infectious original tunes as well as beloved Brazilian jazz standards by Jobim and other great Brazilian composers.

Brazilian pianist Nelson Freire presents works by three musical giants. The first half consists entirely of Beethoven. In the second half, Freire turns his attention to the Romantic repertoire. Two of Debussy’s Preludes are matched with two of Rachmaninov’s best-loved Preludes, short, atmospheric pieces rich in melody and expressiveness. The programme closes with a selection of Chopin classics.

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NEW CANVAS OVER OLD

THEATRE HAS A NEW HOME: YOURS By Kate Rintoul

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Keen readers might recall Brasil Observer’s coverage of the Home Theatre Festival in London last year - a unique event in which actors and directors bring the magic of the stage into people’s homes. The festival was the second of its kind, the first taking place in Rio in early 2013 and both were curated by Marcus Faustini. Hosts selected by the festival are given the freedom to invite whoever they want to see the performance. This makes it quite hard for journalists to get an invite to the festival, so I jumped at the chance to meet one of the companies involved in the second Rio edition which takes place this month. I wasn’t sure what to expect of my first encounter with Brazilian thespians. It turns out they are a lot like their English counterparts: pretty serious but down to earth, who say a lot of interesting things about the darker side of human experience and the difficulty in securing state funding as they work their way through a fair number of cigarettes. Cia Terceiro Mundo (Third World) are a company of six women who all grew up in Rio, have known each other since they were

children and have all spent time honing their art at Rio’s eponymous Teatro O Tablado school which specialises in improvisation. Having had various breaks to work and study, they came together last year to form a research group and their performance, Parei de ser Fôlego at the festival will be the first they ‘take to the world’. Parei de ser Fôlego (roughly translated as ‘Breath be Stopped’) is not a play but a sensory Sci-Fi experience that takes place in 2052 and sees the well to do Leblon residence re-imagined as a museum. As you journey through the rooms, the actresses present the story of Ana, a woman who lived in the house until, on a day like any other, she decided to stop breathing. Ana’s ‘decision to stop’ took place in 2015 and sparked a global wave of copy-cat acts that in 2052 kill more people than any other cause of human death. In each room you will see different scenes of Ana’s life and at the same time you can choose to listen to the audio commentary of psychoanalysts, biologists and the thoughts of those in other fields altogether as the performance g

Cia Terceiro Mundo presents ‘Parei de ser Fôlego’

O TEATRO TEM UMA NOVA CASA: A SUA By Kate Rintoul

Os leitores mais atentos devem lembrar a cobertura que o Brasil Observer fez ano passado da edição de Londres do festival Home Theatre – um evento único no qual atores e diretores levam toda a mágica do palco para dentro da casa das pessoas. O festival foi o segundo desse tipo, sendo que o primeiro havia sido realizado no Rio no começo de 2013. Ambos tiveram curadoria de Marcus Faustini. Os anfitriões têm a liberdade de escolher quem será convidado para assistir às apresentações. Isso faz com que seja um pouco difícil para jornalistas conseguir um convite, então agilizei meus contatos para conhecer uma das companhias envolvidas na segunda edição do festival no Rio, que acontece neste mês de maio. Não sabia o que esperar do meu primeiro encontro com atores brasileiros. Mas ocorre que eles são bem parecidos com seus correspondentes ingleses: pessoas bastante sérias que dizem diversas coisas interessantes sobre o lado sombrio da experiência humana, assim como a dificuldade de conseguir fundos estatais, enquanto fumam uma justa quantia

de cigarros. Cia. Terceiro Mundo é uma companhia de seis mulheres que cresceram no Rio e que se conhecem desde a infância, tendo aprendido as técnicas teatrais, principalmente de improviso, na escola de teatro O Tablado. Elas se juntaram no ano passado para formar um grupo de pesquisa que agora apresenta no festival a primeira peça: Parei de ser Fôlego. A peça é na verdade uma experiência sensorial que se passa em 2052, na qual uma residência do Leblon é imaginada como um museu. Ao passo que você entra pelos quartos, as atrizes apresentam a história de Ana, uma mulher que viveu na casa até que, num dia como outro qualquer, decidiu parar de respirar. A decisão de Ana aconteceu em 2015 e levou a uma série de atitudes semelhantes que em 2052 mata mais pessoas do que qualquer outra causa de morte. Em cada quarto é apresentada uma cena diferente da vida de Ana e, ao mesmo tempo, você pode escolher ouvir comentários de psicoanalistas, biologistas e os pensamentos daqueles de outras áreas, assim g

seeks to offer viewers different conclusions, feelings and themes based on what audio is chosen. “The performance is like a game of layers, sensory layers but also layers of meaning. The inclusion of banal tasks like watching TV and going to sleep is to highlight that even though Ana changed the fate of human history, she was actually not special, she is just like us,” Terceiro Mundo member Laura Araujo explained. The performance does not have a linear sequence. “Everyone will experience this differently, you can come and do the tour in half an hour and leave or spend two hours going over the theories and scenes”, said Emanuel Aragão, the director who was invited by the company to lead the production. Intriguing, challenging and untested, this is experimental independent theatre at its best and it is fantastic that the Home Theatre Festival is providing a platform for refreshing ideas. Londoners can look out for the second edition of the festival taking place later this year and why not apply to be a host so you can transform your modest one bed into a theatre of possibilities for one night only?

More at www.festivalhometheatre.com.br cada espectador tem uma conclusão diferente. “A performance é como um jogo de camadas, camadas sensoriais e também camadas de significado. A inclusão de tarefas banais, como ver TV e ir dormir, é para mostrar que, mesmo tendo mudado o mundo, Ana na verdade não é especial, ela é como nós”, explicou Laura Araujo, uma das seis atrizes da Cia. Terceiro Mundo. A apresentação não tem uma sequencia linear. “Cada pessoa vai experimentar a peça de maneira diferente. Você pode vir e fazer o tour em meia hora ou passar duas horas passando pelas cenas e teorias”, disse Emanuel Aragão, diretor que foi convidado pela companhia para liderar a peça. Intrigante, desafiadora e ‘não testada’, trata-se de uma peça de teatro independente e experimental. E é fantástico que o Festival Home Theatre esteja abrindo espaço para essas novas ideias. Quem estiver em Londres pode ficar esperto para a segunda edição do festival que vai acontecer no final do ano; e que tal aplicar para transformar sua casa num palco de possibilidades?

Mais informações em www.festivalhometheatre.com.br


brasilobserver.co.uk 25

FOOD

PHOTO: REPRODUCTION

TASTE OF SUMMER ORANGE CAKE By Luciane Sorrino

Instead of icing a cake, Brazilian cooks often make fruit-based syrup which infuses the cake with an amazing aroma. This is a lovely cake to eat in the sunshine and a delicious alternative to lemon drizzle.

I N G R E D I E N T S

P R E P A R A T I O N

For the Cake 3 eggs Juice of 2 oranges 1 cup sunflower or peanut oil 2 cups caster sugar 3 cups plain flour

Preheat the oven to 180c. Prepare a cake tin by greasing the sides with butter and lining the bottom with parchment paper. Blend together the eggs, juice of two oranges, oil and sugar until light and fluffy then pour into a bowl. Sift the flour and baking powder then gradually add to the egg mixture, stirring constantly until completely combined. Pour the mixture into the cake tin and bake for 35 minutes, or until cake has risen and springs back lightly to the touch. While the cake is baking, prepare the glaze: Place the orange juice, sugar and butter in a small saucepan and bring to a boil. Simmer for several minutes, until the sugar is well dissolved. Use a skewer to poke small holes in the cake while it is still in the pan, and pour half of the glaze over the cake. Let the cake cool before removing from the in. Once the cake is removed from the reheat the remaining glaze briefly and drizzle it over the top of the cake.

1 tbsp baking powder Syrup Juice of 1 orange 3 tbsp caster sugar 1 tbsp butter

I N G R E D I E N T E S Massa 3 ovos Suco de 2 laranjas 1 xícara (chá) de óleo 2 xícaras (chá) de açúcar 3 xícaras (chá) de farinha

de trigo 1 colher (sp) de fermento em pó Calda Suco de 1 laranja 3 colheres (sopa) de açúcar

P R E P A R A Ç Ã O Bata no liquidificador os 4 primeiros ingredientes, despeje em uma tigela, acrescente a farinha de trigo aos poucos e, por último, o fermento. Coloque em uma assadeira redonda de buraco no cen-

tro untada e enfarinhada. Leve ao forno médio pré-aquecido por 35 minutos, ou até que esteja assado. Calda: Leve o suco de laranja e o açúcar ao fogo, dando uma aquecida e despeje no bolo ainda quente.


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