TFG - Arquitetura de Uso misto no SCS

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Arquitetura de Uso Misto

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Orientadora: Carolina Borges

PROJETO DE DIPLOMAÇÃO II

Aluna: Brenda Soares

SCS

JULHO.2020


Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e energia para ir até o final dessa caminhada. A minha mãe que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis do curso, me apoiando sempre. Agradecer também ao meu namorado que foi meu grande amigo, que me incentivou em todos os momentos, me ajudando com o possível, principalmente me mostrando a cada dia que eu poderia ser melhor e me ensinando a nunca desistir dos meus sonhos e objetivos. Aos meus familiares que me ajudaram da forma necessária e especial para que isso fosse possível. Devo também agradecer a todos os meus professores, principalmente á minha orientadora por toda a dedicação e humildade de passar seus conhecimentos para a construção desse projeto.

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LAR

sm. 1. Lugar onde o amor está 2. é se sentir bem-vindo 3. lugar onde o Wi-fi conecta 4. onde se está seguro, refúgio 5. é se sentir parte de algo, PERTENCER.

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AGRADECIMENTOS

N D I C E

PROBLEMA FUNDAMENTAL . CONTRIBUIÇÃO JUSTIFICATIVA . OBJETIVO REFERENCIAL TEÓRICO: REQUALIFICAÇÃO DE CENTROS URBANOS

ESTUDO DE CASO

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BRASÍLIA

SETOR COMERCIAL SUL

PARTIDO

ANÁLISE CRÍTICA: CRÍTICA AO MODERNISMO

47

52

53 63

7073

LOCAÇÃO

77 4

DIAGNÓSTICO

O EDIFÍCIO E A PRAÇA

ESTUDO DA FORMA


V 77 80 PLANTAS

ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

APARTAMENTOS - ISOMÉTRICA

84

86 88

CORTES

92

TÉRREO

FACHADAS

98 100 101 102

PRAÇA DO POVO

ATUALMENTE

VISTA SUPERIOR

VISTAS DO PROJETO

CRAS

PAISAGISMO

104

106 108 110 5

ARQUITETURA DA PRAÇA

REFERÊNCIAS


CONTRIBUIÇÃO Foi pensando nisso que decidiu-se trazer a mudança de uso para o Setor Comercial Sul (SCS) através da introdução de moradias, pois o que dá vida para o local são as pessoas, se elas estivessem lá a todo momento uma parte do problema poderia ser solucionado e, quem sabe, as pessoas que moram um pouco mais afastadas e trabalham no centro, onde se encontra o SCS, decidissem migrar para mais perto do seu local de trabalho. Isso reduziria uma parte dos congestionamentos e com o tempo, traria a vida que a região tanto necessita.

PROBLEMA FUNDAMENTAL

O Setor Comercial Sul está sofrendo com problemas de segurança noturna, pois devido a sua concepção funcionalista tem seu uso apenas durante o horário comercial, deixando o local ocioso durante a noite. Segundo Jane Jacobs “[…] a calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para reduzir um número suficiente de pessoas de dentro de edifícios da rua a observar as calçadas.” (JACOBS, 2014, Pag. 34). Dessa maneira, percebe-se que o Setor Comercial Sul fica vazio a partir das 17h30, sendo habitado apenas por moradores de rua e garotas de programa, que são em sua maioria, usuários de drogas, favorecendo assim o tráfico na região uma vez que devido a sua extrema setorização não favorece o fluxo de pessoas na região. Com isso, diversos projetos vêm sendo levantados para solucionar tal problema, com o objetivo de dar vida ao espaço em todas as horas do dia. Então porque não fazer moradias em um local com tanto potencial?

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JUSTIFICATIVA

OBJETIVO

O Setor Comercial Sul têm sido objeto de estudo do Governo do Distrito Federal, com a finalidade de reduzir a violência na região e tornar o espaço mais bem aproveitado pelas pessoas. É uma maneira de suavizar os problemas de habitações mais segregadas e longe dos locais de trabalho. Com isso muitas pessoas teriam oportunidade de morar próximas ao centro da cidade e dar vida a locais ociosos.

Este trabalho tem como objetivo mudar a destinação do Setor Comercial Sul - SCS possibilitando seu uso contínuo. Aproveitando a deixa do governo de readequar o uso da região, tornando-a residencial e comercial, podendo trazer benefícios tanto para os futuros moradores da região, como para o comércio local e os donos de edifícios subutilizados no local. Como dito pelo secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Mateus de Oliveira (2018), “A discussão não é nova. Nossa intenção é retomá-la para ver o que melhor atende o interesse público. Possibilitar a habitação seria uma forma de requalificar o setor e levar mais vida para o local”, fazendo com que hoje, o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) passa por avaliações internas na Secretaria. Essa proposta tem origem em empresários interessados em investir no uso misto da região, e essa ideia vem sendo discutido há muito tempo. A proposta para o projeto é requalificar um edifício do SCS, que esteja subutilizado e transformá-lo em uso misto, com apartamentos de 1 e 2 Quarto e Kitnet’s, e no andar térreo Lojas que funcionem pelos 3 períodos do dia.

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Requalificação de Centros Urbanos Exemplos de Requalificação de Centros Históricos Centro de São Paulo

Ed. Brigadeiro Tobias Projeto Reabilitar Ed. São Bartholomeu

REFERENCIAL TEÓRICO

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Requalificaçãode

REFERENCIAL TEÓRICO

CENTROS URBANOS

Os centros são historicamente eleitos para locar diversas instituições públicas e religiosas e ainda têm sua centralidade fortalecida quando somadas todas essas atividades, dotado, muitas vezes, de um significado tão forte que ultrapassa os limites da cidade. No entanto, com aumento da expansão das áreas urbanas e são formadas redes de subcentros, ocorre o esvaziamento do centro principal, acelerando seu processo de degradação. No Brasil, o processo de discussão se intensificou a partir de 1980. Pelo fato de os centros urbanos serem o ponto para o qual tudo está diretamente ligado, para onde os trajetos são levados, e onde o encontro é facilitado, temos também o conceito de centro de mercado. Agregando-se a outras atividades urbanas. O centro se comunica com a cidade através de sua função e seu significado. No caso do Centro Histórico, essa relação está associada à origem do núcleo urbano e o valor que seu passado tem. A preservação não deve ser apenas dos edifícios monumentais, mas sim de todas as partes que compõem a história, sem distinção de classes sociais, todavia esse fator não pode deixar que haja um congelamento da cidade. As intervenções podem ser associadas a cirurgias, pois as cidades são como organismos vivos que podem ser submetidos a três finalidades: para a recuperação da saúde ou manutenção da vida; para a separação de danos causados por acidentes e, para atender às exigências dos padrões estéticos. Esse processo de degradação de agravou a partir dos anos 50, com a expansão do espaço urbano. Ao mesmo tempo em que os centros

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br

Intervir nos centros urbanos pressupõe não somente avaliar sua herança histórica e patrimonial, seu caráter funcional e sua posição relativa na estrutura urbana, mas principalmente, precisar o porquê de se fazer necessária a intervenção (VARGAS, 2015).

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ficam superlotados pelo fato de todas as atividades se concentrarem lá, a oportunidade de moradia em locais mais tranquilos e afastados cresceu consideravelmente. Vê-se a emigração de atividades consideradas eminentes e outras grandes geradoras de fluxo, a exemplo de algumas implementadas por instituições públicas. Essa substituição é feita por atividades com menor rentabilidade, informais e por vezes ilegais, praticadas por moradores e e usuários com pouquíssimo poder de aquisição. Com isso a arrecadação de impostos diminui e, consequentemente a atuação do poder público em áreas como, limpeza e segurança é reduzida (BALSAS, 2000; CARRION, 1998; FRIENDRICHS et al., 1987; FRIEDEN e SAGALYN, 1991; GARAY, 2003; VARGAS 2000, 2004 apud VARGAS, 2015). Quando os centros são recuperados, atualmente, a cidade torna-se mais bonita e, consequentemente, cria-se um espírito de comunidade e pertencimento. Dessa maneira, a valorização do patrimônio construído se eleva, acontece uma apreciação da estrutura estabelecida e o comércio se torna mais dinâmico pelo fato de ser retomada a relação que já havia anteriormente. Vargas (2015) nos traz algumas motivações para que sejam realizadas intervenções no centro: • Referência e identidade – Os centros têm um papel essencial quanto à identidade e à referência de seus cidadãos e visitantes. • Sociabilidade e diversidade – A variedade de atividades e a tolerância às diversidades reforçam o caráter singular dos centros urbanos em relação aos subcentros mais recentes.

• Deslocamentos pendulares – Estatisticamente, o centro de muitas cidades ainda concentra um maior número de postos de emprego. O retorno do uso residencial diminui sensivelmente a necessidade de movimento pendular diário moradia-trabalho. Durante o século XX e, principalmente, após o fim da Segunda Guerra Mundial (19391945) se iniciaram os questionamento e proposições a respeito da vida urbana e atividades nos centros urbanos. A partir da análise a respeito do tema, os processos de intervenção em centros urbanos foram divididos em três períodos principais: Renovação Urbana, relativo às décadas de 1950 e 1960; Preservação Urbana, desenvolvido nas décadas de 1970 e 1980; e Reinvenção Urbana, nascido por volta da década de 1990 e prolongado até os dias atuais. (VARGAS, 2015). Pensando nisso, foi escolhido o centro de São Paulo como uma referência para a intervenção no Setor Comercial Sul (SCS). Pois se trata de dois centros com bastante influência histórica e que passam, atualmente, por um processo de degradação, mas que, em contrapartida, estão sendo foco de intervenções urbanas, que têm o objetivo de devolver sua vivacidade, dando novas atividades para seus usuários, de uma maneira que atenda às necessidades do público que o utiliza sem que sua história se perca. Foram escolhidos três edifícios do Centro Histórico de São Paulo, localizados nos distritos da Sé e da República, que passaram por intervenções, mudando o tipo de uso e trazendo benefícios para a população e vida urbana.

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Exemplos de Requalificação de Centros Históricos Centro de São Paulo

São Paulo teve início como povoado de São Paulo de Piratininga, onde se encontra hoje o Pátio do Colégio (local antes utilizado pelos jesuítas para catequizar os índios da região). O local de fundação era considerado estratégico, por ser um planalto com campos e várzeas após a íngreme Serra do Mar, pois era possível dali se enxergar toda a cidade e perceber os movimentos do inimigo e ainda estava próximo aos rios Tietê e Tamanduateí que eram fonte de alimento e transporte. Essa posição privilegiada fomentou a visita de estrangeiros ao vilarejo. Mas até que se tornasse uma metrópole ainda durariam três séculos. Seu desenvolvimento se deve ao crescimento econômico, resultado do cultivo da cana-de-açúcar para a produção de açúcar e, principalmente, do café, vindos do interior do estado, também responsáveis pelo intenso comércio estabelecido na região. O núcleo inicial de São Paulo foi originado no Colégio, que ficaria limitados, por quase três séculos ao “Triângulo Histórico”, com padrões definidos pela Igreja de São Bento, Igreja de Dão Francisco de Assis da Venerável Ordem dos Frades Menores e Nossa Senhora do Carmo. Em frente às três igrejas citadas, largos foram desenvolvidos para alocar atividades comerciais, religiosas e educacionais. O Largo de São Bento é um dos lugares mais antigos do centro de São Paulo, tendo sua primeira capela construída em 1598. No início do Século XX as antigas construções foram demolidas e foram erguidos a igreja e o mosteiro que vemos lá hoje.

Fonte: Subprefeitura da Sé Tab. 1

Renda Média IDH Subprefeitura Região Administrativa Área geográfica

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R$978,31(2010) 0,858 Sé Centro Centro Histórico


Fonte: Subprefeitura da Sé Tab. 2

DISTRITO Santa Cecília Bela Vista Liberdade Consolação República

POPULAÇÃO (2010) 83 717 hab. 69 460 hab. 69 092 hab. 57 365 hab. 56 981 hab.

IDH (2000) 0,930 0,940 0,936 0,950 0,901

ED. BRIGADEIRO TOBIAS Critvérios para escolha de repertório O presente edifício foi escolhido porque nos traz a mesma configuração ao projeto pretendido para os edifícios subutilizados do Setor Comercial Sul (SCS). Prédios com uso comercial inicialmente e posteriormente reciclados mudando seu uso para misto, com o objetivo de trazer a vida para o centro ao longo de todo o dia, não somente durante o horário comercial. Além da sua mudança de uso, o programa adotado para a habitação também é o mesmo que pretendo adotar nos prédios de estudo do SCS. O Edifício Brigadeiro Tobias está localizado na Rua Brigadeiro Tobias, no centro histórico de São Paulo, no distrito da República e foi construído na década de quarenta para uso comercial.

Fonte: www.geosampa. prefeitura.sp.gov.br com alterações do autor Fig. 2

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Pertencia à Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (REFESA). Ao redor do edifício existe uma vasta rede de transporte. Está situado em um entroncamento de vias empresas e cruzamento de linhas férreas, de trens e metrô. Fica próximo às estações Luz (linha Norte-Sul), Anhangabaú (linha Leste-Oeste) e São Bento (linha Norte-Sul). O trem parte das estações Luz e Julio Prestes ligando a cidade ao interior do Estado e a outras linhas de trem. Fica próximo também ao terminal de ônibus intermunicipal, o Terminal Bandeira, sendo o mais distante citado até o momento, com 1 KM de distância do Edifício. Apesar de todas essas opções de transporte próximas, as pessoas ainda preferem o transporte ativo (a pé ou bicicleta), pois as ruas do centro ainda se mantém preservadas para tal, como em seu traçado inicial, fruto da intervenção de 1990 que criou o Parque do Anhangabaú, fechou diversas ruas e mudou seu uso exclusivamente para o pedestre. Posteriormente teve seu uso alterado pela empresa que o adquiriu, tornando-se de uso residencial em 2005.


DADOS DO AUTOR Os autores do presente estudo são: Jardiel Sampaio Oliveira, Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - e-mail:jardisampaio@hotmail.com.br. Rosío Fernández Baca Salcedo, Arquiteta, Profª. Drª. do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Av. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Vargem Limpa, CEP. 17-033-360, telefone: (14) 31036059, e-mail: rosiofbs@ faac.unesp.br.

SOCIAL A Prefeitura de São Paulo, na gestão 2001-2004, implementou o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) em convênio com a Caixa Econômica Federal, reciclando e requalificando edificações desocupadas como: Maria Paula, Riskallah Jorge e Brigadeiro Tobias, para moradia da população com renda entre três a seis salários mínimos. O PAR foi criado para famílias que queiram adquirir um imóvel. O imóvel é arrendado por um período de 15 anos, com parcelas mensais correspondentes a 0,7% do seu valor total. Após 15 anos, o morador tem a opção de adquirir o imóvel, descontando-se os valores pagos no período do arrendamento. (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2004). O edifício Brigadeiro Tobias foi construído na década de quarenta para escritórios, posteriormente foi reciclado pelo PAR para abrigar 84 apartamentos e entregue aos usuários em 2005. O presente trabalho tem por objetivo analisar as dimensões urbana, arquitetônica, social e econômica da implementação do PAR no edifício Brigadeiro Tobias. Metodologia: abordaram-se as questões referentes a arquitetura eclética e moderna, reciclagem; o PAR e a legislação urbana de São Paulo; tecnologia e custos da intervenção; as características sócio-econômicas dos usuários e as condições de habitação. (As múltiplas dimensões da Reciclagem e Requalificação do Edifício Brigadeiro Tobias no Centro Histórico de São Paulo, 2007).

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AP2

AP2

AP2

AP2

AP2

AP2 AP2

AP2

PLANTA PAVIMENTO TIPO 0

3

5

AP2

AP2

AP2 AP2

AP2

PLANTA MEZANINO 0

3

5

AP1

AP2

LAZER

AP2

AP1

AP1

ADM. AP2

ZELADORIA

TÉRREO 0

3

5

DEP LAZER

LAZER

LIXO

Plantas Técnicas Ed. brigadeiro Tobias Fonte: Autor Fig. 3

SUB-SOLO 0

3

5

O Ed. dez andares e um subsolo. Sendo: 1. SUBSOLO: 1 depósito; 1 lixo; 1 salão de festas; 1 área de lazer; 1 cozinha; 1 banheiro masculino; 1 banheiro feminino; 1 sala administrativa e acessos pelo elevador e escada. 2. TÉRREO: 3 apartamentos conjugados para deficiente físico; 3 apartamentos conjugados comuns, sendo 2 com varanda conjugada; acesso aos outros andares por uma escada de serviço e outra escada social e pelo elevador; 2 lavanderias coletivas; 1 zeladoria; 1 sala administrativa; 1 hall de entrada. 3. MEZANINO: 6 apartamentos conjugados comuns; 2 lavanderias coletivas; acessos aos outros andares por duas escadas (acessos distintos). 4. PAVIMENTO TIPO: 8 apartamentos conjugados comuns; 2 lavanderias coletivas; acessos aos outros andares por uma escada de serviço e um elevador.

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Fonte: www.geosampa. prefeitura.sp.gov.br com alterações do autor Fig. 4

PONTOS POSITIVOS O edifício foi pensado também para pessoas portadoras de necessidades especiais (PNE), podendo ter acesso aos apartamentos exclusivos através de rampas entre o subsolo e o andar térreo, onde os apartamentos para PNE estão localizados. As áreas de lazer do prédios têm espaços amplos, com acesso fácil às escadas de emergência e elevador. Os apartamentos contam com ótimas localizações no que se refere à incidência solar, preservando os principais ambientes da insolação norte e oeste, ótima ventilação e uma boa entrada de luz natural.

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PONTOS NEGATIVOS O salão de festas não recebe iluminação e ventilação naturais e existem acessos criados por escadas que são desnecessários e ocupando um espaço que acaba sendo perdido, pelo fato de ser mal utilizado. As lavanderias coletivas não dão a privacidade que as pessoas procuram, justo pelo fato de serem coletivas. O acesso para os apartamentos do térreo possui um desnível em relação às outras áreas do pavimento, tornando a compreensão do funcionamento um pouco confuso. Sem contar que o acesso ao elevador não é oferecido aos moradores do pavimento mezanino.

Fachada Principal do Ed. Brigadeiro tobias antes de depois da intervenção. (Fonte: Integra, 2002) Fig. 5 e 6

O projeto de reforma teve o objetivo de melhorar o visual da fachada, mas sem alterar suas características originais. Como o prédio ainda não havia sido terminado antes da intervenção podemos dizer que suas características foram mantidas, apenas houve uma adaptação para o uso atual.

PROJETO REABILITAR REABILITAR - Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado O Edifício está localizado na Rua do Carmo, número 93, no distrito da Sé, São Paulo. O prédio possui 11 andares e não foi terminado, o esqueleto fica próximo ao Palácio Clóvis Ribeiro, sede da Secretaria da Fazenda de São Paulo, ao Poupatempo e à estação da Sé do metrô.

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(Fonte:www.geosampa.prefeitura.sp.gov.br com alterações do autor)

Fig. 7

Trata-se de um prédio abandonado há décadas, entregue à deterioração, mesmo sendo um edifício visível de vários pontos da região central da cidade. O imóvel não possui informações concretas, mas de acordo com alguns relatos ele foi projetado para ser um edifício garagem, mas de acordo com pesquisas realizadas e algumas entrevistas feitas com pessoas que passam diariamente pelo local, sua finalização foi impedida pelas obras da linha azul do metrô de São Paulo, devido ao aparecimento de rachaduras no túnel próximo ao edifício, onde foi criada uma transferência de linhas (azul e vermelha), ocasionando o embargamento da obra do edifício garagem, impossibilitando também a sua demolição. No entanto, moradores da região disseram que na época da construção o esqueleto iniciou suas obras antes mesmo da construção do metrô, começando a ser erguido entre 1966 e 1967, tendo as atividades interrompidas dois anos depois e nunca mais foram retomadas. De acordo com dados obtidos na Pre-

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feitura, o prédio teve dois projetos aprovados, o primeiro data de 1961 e o segundo de 1963, sendo construído o segundo, mantendo o projeto inicial, mudando apenas o uso e acrescendo uma nova torre comercial na frente, esse projeto trata de um edifício garagem com sistema de elevadores hidráulicos, e sua estrutura se mostra idêntica à construída, excluindo apenas a torre que de acordo com o projeto seria para uso comercial. A torre não foi construída, provavelmente pelo fato das obras terem sido interrompidas. Não se sabe ainda o motivo da paralisação da obra há pelo menos 45 anos. Durante alguns anos funcionou um estacionamento em seu pavimento térreo, por volta de 2010, quando o estacionamento foi fechado, algumas família de sem teto o ocuparam e ergueram cortiços em seus primeiros andares, na época o prédio era habitado por aproximadamente sessenta famílias, que o deixaram em 2014, sendo reaberto um estacionamento em seu segundo subsolo (em relação aos fundos do lote, devido à declividade


do terreno). Sua estrutura é de concreto armado, com pilares espessos, com vigas mais mais largas nas extremidades da torre e mais estreitas no interior, possui pé direito de 2,20m, pelo fato de se tratar de um edifício garagem e, lajes entre 12 e 15cm de espessura. Possui um vazio central, destinado à instalação dos elevadores dos veículos. A torre possui formato escalonado, com previsão para suportar de 8 a 16 automóveis por pavimento. Os primeiros

15 andares tem capacidade para 287 veículos em 215 m2, enquanto os oito andares intermediários suportam 12 veículos em 215 m2 e os oito últimos tem capacidade para oito veículos, em 143 m2 de área. O lote tem projeção de 397 m2 e o edifício tem 8.172 m2 de área construída.

DADOS DO AUTOR

Cesar Machado de Matos, Arquiteto e Urbanista, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

SOCIAL Segundo o censo de 2010, a população total da subprefeitura da Sé é de 431 mil habitante, o que caracteriza a região administrativa menos populosa da cidade, mesmo possuindo a maior quantidade de equipamentos públicos e oferta de empregos. A cada ano da década de 1990 a zona central de São Paulo apresentou uma taxa negativa de crescimento demográfico, que chegou a -5 por cento ao ano. (Dados do IBGE e da Fundação SEAD). O que contribui para a “degradação” da re-

gião, o que de acordo com especialista em estudos urbanos dizem, com o distanciamento das elites paulistanas do centro, ocorreram simultaneamente o distanciamento da manutenção pública, ocasionando essa sensação de abandono. No entanto, na década de 2000, houveram controversas a respeito disso, um aumento de 15% do número de habitantes no período.

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Ed. Garagem atualmente Fonte:Cesar Machado de Matos Fig. 8-11

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Pavimento TÉRREO Este pavimento é composto por estacionamentos que devem atender aos usuários de serviços comerciais prestados por lojas do edifício. Apenas com alguns espaços que servem de apoio para manutenção do estacionamento. Público Técnico

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 12-15

Pavimento Comercial O pavimento comercial foi feito para atender aos visitantes e usuários de seus serviços comerciais, oferendo um praça para convívio, quiosques que oferecem comércios básicos para seus clientes, um restaurante e algumas áreas de apoio para que esses serviços sejam oferecidos com excelência.

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Público Técnico

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 16-17

Pavimento Comercial O segundo pavimento comercial conta com um andar repleto de lojas comerciais, com o intuito de fomentar a economia da região, oferecendo conforto aos seus usuários, com um espaço para espera e convivência, com abertura para o pavimento inferior com vista para a praça. Este andar pode ser acessado pela escada e pelos elevadores.

Fonte:Cesar Machado de Matos Fig. 18

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TORRE B Os andares no lado B são exclusivos para apartamentos duplex, que são bem divididos para que haja boa ventilação e não sofram com insolação norte e oeste, os ambiente que são voltados para essas direções mais críticas são ambientes de serviço, que são de curta permanência, como cozinha e área de serviço. Podem ser acessados por uma escada de emergência e elevadores.

Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 19-21

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Plantas do Bloco B – com apartamentos Duplex de 1 e 2 quartos. Todos têm acessos por escadas e dois elevadores.

Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 22-23

Pavimentos de Área de lazer, Andar Técnico e cobertura Os pavimentos B 26 – 28 são pavimentos de Área de lazer, Andar Técnico e cobertura. O andar de lazer possui uma quadra de esportes e uma pequena área de convivência, que pode ser acessada por escada ou elevador. Os outros andares não podem ser acessados por elevador e nem por escada de emergência, apenas por acesso restrito.

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Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 24-25

TORRE A Andar residencial, com apartamentos de 1 e 2 quartos, com acesso pelos elevadores e escadas de emergência. Apartamentos relativamente pequenos, mas com ótima distribuição interna, oferecendo conforto térmico, luminotécnico e ergonômico para seus usuários.

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Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 26-27

Andar residencial, com apartamentos de 1 e 2 quartos, com acesso pelos elevadores e escadas de emergência, com acesso à área externa. Uma boa área reservada para fluxo de pessoas na área comum do andar.

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Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 28-29

Andar residencial, com apartamentos de 1 e 2 quartos, com acesso pelos elevadores e escadas de emergência, com acesso à área externa.

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Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 30-31

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Pavimento com apartamento de 2 quartos, único no andar, com acesso à área externa.

Público Técnico Privado

Fonte:Cesar Machado de Matos com alterações do autor. Fig. 32-33

PONTOS POSITIVOS Os apartamentos possuem um ótimo aproveitamento do espaço, preservando dimensões mínimas para o fluxo da área comum do andar. Ótima localização dos ambientes dentro do apartamento, preservando-os da insolação norte e oeste, consideradas as mais críticas, colocando em tais posições os ambientes de curta permanência, como cozinha e área de serviço. As áreas de lazer são bem distribuídas ao longo de todo o complexo, atendendo às necessidades de todos os moradores, com área de tamanho relativamente bom. Seus meios de acesso (elevadores e escada), estão localizados em áreas estratégicas, que promovem o bom entendimento do andar a seus usuários. PONTOS NEGATIVOS O edifício conta apenas com os elevadores para dar acesso a pessoas PNE, não havendo rampas de acesso no subsolo e nem no térreo, como sendo os pavimentos básicos, pois são de maior rotatividade. Também não foram previstos apartamentos com dimensões mínimas para que pessoas PNE pudessem habitá-los com o conforto necessário.

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Corte Esquemรกtico Fonte:Cesar Machado de Matos Fig. 34

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Imagens do projeto para a fachada do edifício. (Fonte: Igor Wiazowski).

Fig. 38

Corte longitudinal e transversal do Edifício São Bartholomeu. (Fonte: Arquiteto João Nery Vieira).

O projeto de reciclagem foi feito pelo Grupo Vila Velha Seguros, que é uma empresa prestadora de serviços composta por cinco divisões, a Vila Velha Serviços; Instituto Vila velha; Rede Sweet Home; e Vila Velha Agropecuária. O grupo se caracteriza pela sua solidez no mercado e se destaca principalmente como corretora e consultora de riscos.

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Fig. 39

Dados do ator

Fonte:http://www.vieiraezaidan.com.br/ projetos/projetos.php?cat=00011&codigo=00025 com alterações do autor Fig. 37

O prédio estava quase inabitado, salvo por alguns apartamentos ainda locados, antes do Grupo Vila Velha Seguros o comprar. O edifício pertencia a uma única família e, por não se apresentar muito rentável de residencial para comercial. para a empresa na época o valor de venda ficou bem abaixo do praticado no mercado.

Fonte:http://www.vieiraezaidan.com. br/projetos/projetos.php?cat=00011&codigo=00025 Fig. 36

O Edifício São Bartholomeu foi fundado em 1939 e está entre os primeiros prédios residenciais do Centro de São Paulo, mais especificamente da região da Av. Ipiranga, ao lado do Edifício Itália. Conta com 11 andares e aproximadamente 5.000 m² de área construída. Está localizado no bairro da República em São Paulo.

Fig. 35

(Fonte:www.geosampa.prefeitura.sp.gov.br com alterações do autor)

ED. SÃO BARTHOLOMEU


PONTOS POSITIVOS O prédio possui escadas de emergência bem localizadas e amplas, assim como seus espaços públicos. A divisão interna preserva as áreas de convivência de forte incidência solar e favorece a ventilação e iluminação natural do espaço através de grandes janelas localizadas principalmente do lado sul e leste do prédio. O lado norte conta com um jardim que ajuda na entrada de ventilação e iluminação na parte posterior do prédio que não possui vista para a rua.

PONTOS NEGATIVOS Não possui rampas ou elevadores para acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais e há poucos espaços reservados para apoio ao uso privado, a disposição dos ambientes não possui autonomia suficiente para que mude seu uso, o desenho da planta é bem específico para o uso que foi pensado, as áreas destinadas à circulação são estreitas, já que o uso é mais livre, então deveria haver uma área mais larga para a passagem de pessoas entre as áreas de apoio e área das mesas.

ESTUDO DE CASO

Requalificação de Edifícios O Setor Comercial Sul na região central Brasília tem sofrido, um esvaziamento e desvalorização causados pela migração de empresas para outros pontos da cidade. Edifícios de grande valor histórico e arquitetônico, encontram-se subutilizados, ocupados ilegalmente ou vazios. Em pesquisa de campo foram listados 10 edifícios vazios e 76 lojas fechadas, detentores de potencial para intervenções, por suas características de ocupação e construção. Dentre as alternativas para o problema está a reabilitação de edifícios, ação que através de atividades de restauro, manutenção, alteração, retrofit, reparo ou reforma, visa devolver atributos econômicos e funcionais, equivalentes aos de um edifício novo. Embora haja necessidade de haver uma avaliação profunda sobre a viabilidade das reabilitações, já que, em alguns casos, as características dos sistemas construtivos e estruturais do edifício podem inviabilizá-las economicamente, acredito que os impactos ambientais das reabilitações, podem ser menores do que o de demolições e novas construções.

ANÁLISE CRÍTICA

Crítica ao Modernismo

Os blocos de apartamentos de uma superquadra são todos iguais: a mesma fachada, a mesma altura, as mesmas facilidades, todos construídos sobre pilotis, todos dotados de garagem e construídos com o mesmo material, o que evita a odiosa diferenciação de classes sociais, isto é, todas as famílias vivem em comum, o alto funcionário público, o médio e o pequeno. Quanto aos apartamentos há uns maiores e outros menores em número de cômodos, que são distribuídos, respectivamente, para famílias conforme o número de dependentes. E por causa de sua distribuição e inexistência de discriminação

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de classes sociais, os moradores de uma superquadra são forçados a viver como que no âmbito de uma grande família, em perfeita coexistência social, o que redunda em benefício das crianças que vivem, crescem, brincam e estudam num mesmo ambiente de franca camaradagem, amizade e saudável formação. [...] E assim é educada, no Planalto, a infância que construirá o Brasil de amanhã, já que Brasília é o glorioso berço de uma nova civilização. (Brasília 1963 [65-81]: 15)

Essa “perfeita coexistência social” é descrita pela revista da empresa estatal que planejou, construiu e administrou Brasília. Se trata de um pensamento completamente utópico e sem cabimento se tratando da sociedade que temos hoje. Como dito por Houston o que se é mostrado é uma premissa fundamentalmente utópica, em que a concepção e a organização de Brasília deveriam transformar a sociedade brasileira. (1993, p. 28). No discurso apresentado, acredita-se que o fato de todos os blocos serem do mesmo material traria igualdade entre as classes sociais. Brasília é um resultado dos CIAM1, possui o conjunto mais completo construído das doutrinas apresentadas por eles em seus manifestos nas áreas de arquitetura e urbanismo. Facilmente pode-se perceber tal influência. Partindo do manifesto mais significativo dos CIAM, A Carta de Atenas, são definidos os objetivos do planejamento em quatro funções: “As chaves para o planejamento urbano estão nas quatro funções: moradia, trabalho, lazer (nas horas livres), circulação” (Le Corbusier, 1957 [1941], Art. 77). Posteriormente os CIAM incluíram mais uma função, incluindo um “centro público” de atividades administrativas e cívicas. As pessoas que planejaram chamam essa forma de organização de “zoneamento”. É entendido por Houston (1993, p.38) que a diferença entre o zoneamento modernista e os tipos de zoneamento que se estabeleceram antes dele é que a vida urbana se resume, de forma a ser entendida para planejamento, a essas quatro ou cinco funções, e essas deveriam ser locadas acerca de setores mutuamente excludentes dentro da cidade.

1 Fundados em 1928 na Suíça, os CIAM foram responsáveis pela definição daquilo que costuma ser chamado international style: introduziram e ajudaram a difundir uma arquitetura considerada limpa, sintética, funcional e racional. Os CIAM consideravam a arquitetura e urbanismo como um potencial instrumento político e econômico, o qual deveria ser usado pelo poder público como forma de promover o progresso social.

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Pode-se comparar a vista de Brasília (Fig. 38) e as vistas da cidade ideal de Le Corbusier, Uma Cidade Contemporânea para Três Milhões de Habitantes, de 1922 (Fig. 39). Qualquer semelhança não é mera consciência, pois todas foram projetadas com base nos mesmos princípios. Tal comparação não tira o mérito de Lucio Costa e Niemeyer, pois sabemos que cada projeto possui suas próprias características. A verdadeira intenção é apenas mostrar qual foi a inspiração de Lucio Costa ao traçar o plano urbanístico da nova Capital do país. Uma vez que, a ideia do modernismo é transformar a sociedade através da arquitetura e do urbanismo.

Fonte: Lucio Costa, plano piloto de Brasília, 1957. Fig. 40

Fonte: Lucio Costa, croqui em perspectiva de Brasília, 1957. Fig. 41

Fonte: Le Corbusier, Uma Cidade Contemporânea para Três Milhões de Habitantes, croqui em perspectiva, 1922. Fig. 42

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Tendo o objetivo de tratar a sociedade existente, acreditando ser possível alcançar tal objetivo através de uma imposição que se utiliza do desenho urbanístico e arquitetônico. Infelizmente para que haja uma verdadeira mudança na sociedade, é necessário mais do que a arquitetura e o urbanismo. Contudo, ainda assim, foi possível criar uma nova cultura, diferente do que já existia em outras cidades do país. As pessoas acabaram se afastando um pouco umas das outras, sendo um pouco mais difícil acontecer encontros casuais devido à setorização da cidade1 e de sua escala monumental, mas por se tratar de uma cidade relativamente pequena, quem mora em Brasília pode relatar que é possível que sua rede de amigos seja vasta. A relação que era construída entre as pessoas, a vida que existia no dia-a-dia da cidade foram descontruídas, elas ainda existem, mas de uma forma totalmente diferente. As intenções do projeto de Brasília estão por toda parte, em entrevistas e justificativas de projeto e, em uma dessas, podemos ver através de Lucio Costa (1957) no que se trata das origens de Brasília, relatado também na carta de fundação da cidade, o plano piloto. Brasília foi construída visando acolher pessoas de todas as classes sociais, dona de um discurso de unificação e boa vizinhança. Todavia, acredita-se que na época, infelizmente, a ocupação da cidade por parte de pessoas de baixa renda, não foi possível justamente devido ao planejamento urbano que foi feito para o automóvel, que na época só poderia ser adquirido por pessoas com grande poder aquisitivo. O desejo de Lucio Costa fica provado através do uso da superquadra proposto pelo plano, e usa o argumento de que os empregados do escalão mais baixo do governo (como zeladores, porteiros, guardas e motoristas) teriam em Brasília, os mesmos direitos à cidade que os funcionários de cargos mais altos. “Tanto a uns como a outros estão destinados apartamentos e condições de vida (como clubes na vizinhança) de tipo similar. vQualquer fator que separasse as classes baixas, como cidades-satélites ou unidades de moradia diferenciadas, são expressamente proibidas no plano (art. 17). O motivo de tal proibição é a necessidade que os urbanistas tinham de fazer uma cidade totalmente diferente das que já existiam, e se isso acontecesse Brasília se tornaria igual socialmente ás outras cidades do país. No entanto, essas separações são feitas de forma totalmente natural, porque o que define como uma cidade vai ser são as pessoas que nela habitam, não o desenho propriamente dito. Era esse o fator que seus planejadores pretendiam mudar.

1 Carta de Atenas – conjunto de propostas urbanísticas apresentadas no IV CIAM.)

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“[...] o plano não explica por que a nova capital federal deveria ter uma arquitetura radicalmente diferente daquela existente em outras cidades brasileiras. Tampouco esboça as intenções ou antecipa os efeitos contidos no ato de construir tal cidade no Brasil. O plano carece, ademais, de uma descrição explícita da estrutura social que se pretendia instituir em Brasília” (HOUSTON, 1993, p. 69).

No concurso feito para eleger o projeto piloto para a futura capital o plano de M. M. M. Roberto, que foi rejeitado por ser explícito demais em seus pressupostos. Eram tantos detalhes que quase não tiveram dúvidas a respeito de suas implicações.

Só posso dizer que, de minha parte, nunca vi em lugar nenhum do mundo um plano mais abrangente e profundo para uma nova capital em sítio aberto. Todos nós percebemos, ao mesmo tempo, que se a empresa incorporadora adotasse ente plano iria carregar a bordo mais que um piloto [como em plano piloto, piloto de navio]. Teriam comissário de bordo, quarteleiro e contramestre, uma tripulação completa de grumete e capitão, e um diretor da companhia de navegação também. [...] Depois de admirar seu esboço durante vários dias, meu próprio sentimento era de que tudo ali merecia admiração, exceto o seu principal objetivo. Não era a ideia de uma capital. (HOULFORD, 1957, p.397).

Se opondo a isso, estrategicamente, Lucio Costa não revelava nem os pressupostos e nem as implicações da ideologia modernista dentro do seu plano urbanístico. Não menciona sequer seu real objetivo com as superquadras, que enquanto tipo de construção, pretendia transformar a vida social. “[...] Brasília representava a crítica das condições existentes, daquilo que inadequado e irrealizado no Brasil” (HOUSTON, 1993. p.92) Oscar Niemeyer tenta de todas as formas deixar claro que seus ideais políticos nada tiveram haver com seus projetos em Brasília, que apesar de ter sido membro do Partido Comunista Brasileiro durante toda a vida, ou até mesmo pelo fato de ter sido discípulo de Lucio Costa e ainda de Le Corbusier, declara que a solução para os problemas sociais foge às atribuições do arquiteto,

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que sim, fora da profissão ele poderia ter um discurso a favor de movimentos progressistas. Com isso, deve rejeitar o apelo pela arquitetura “social”, pois na época o que se era solicitado era uma arquitetura que conversasse com a atual sociedade capitalista, tendo como foco as inovações formais e técnicas. A arquitetura modernista entende o político como estético, ela já possui uma história política e cultural e não se modifica, independentemente de onde é inserida e daqueles que a praticam, embora seja isto que o discurso do gênio modernista fale. MORTE DA RUA

Em outras cidades brasileiras, o pedestre anda até a esquina de qualquer rua, espera o farol, e com alguma segurança se aventura até o outro lado. Em Brasília, onde o balão ou o trevo substituem a esquina – não havendo, portanto, cruzamentos que distribuem os direitos de passagem entre o pedestre e o carro -, o perigo é nitidamente maior. O balanço de forças que daí resulta tende simplesmente a eliminar o pedestre: quem pode, usa o automóvel.

O que Houston nos diz apenas confirma o que foi dito anteriormente, de fato, Brasília não teve como princípio estabelecer uma mobilidade para o pedestre. E como seu principal objetivo era trazer um projeto que se diferenciasse de tudo já antes visto, “[...] eles se aferram a isso com tal devoção, quando uma realidade contraditória se interpõe, ameaçando destruir o aprendizado adquirido a duras penas, eles colocam a realidade de lado” (JACOBS, 2011, p.6). Mas apesar de o pedestro não ser o foco principal do projeto de Brasília, as quadras residenciais proporcionam locais sombreados para se caminhar e as faixas de pedrestre, que são muito respeitas por seus moradores, asseguram a travessia das pessoas. A rua é ignorada no projeto da nova capital porque é através dela que acontece a relação entre público e privado da vida social, justamente o fator que o modernismo pretende superar. O modelo de cidade condenado pelo modernismo tem como item principal a rua, pois é nela que acontece a vida pública, a rua é tida como um lugar e não apenas como local de passagem. Brasília é vista hoje por seus habitantes e, principalmente, pelos visitantes como uma “cidade fria”, dado pela ausência de pessoas andando na rua. Essa fama é dada por diversos fatores, como as longas distâncias que separam um prédio do outro e a setorização que segrega as atividades, sendo necessário as vezes ir a pontos extremos da cidade para desenvolver apenas duas atividades, pelo fato delas serem diferentes, como comprar uma roupa e uma lâmpada. Em Brasília, quase sempre só é possível encontrar um amigo quando o encontro é marcado por ambos, porque é quase impossível esbarrar com alguém

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de forma casual. Como as pessoas tendem a não gostar de receber os amigos em casa, isso agravou ainda mais os encontros entre os moradores da cidade, favorecendo ainda mais o efeito de interiorização. Como observam Rowe e Koetter (1978 apud HOUSTON, 1993) em seu estudo sobre esses padrões de Gestalt, a cidade pré-industrial é quase totalmente escura no plano; a cidade modernista quase toda branca. A primeira apresenta uma manipulação de vazios definidos (ruas, praças e quintais) em sólidos no mais das vezes não modulados; a segunda apresenta uma manipulação de sólidos (edifícios) em vazios no mais das vezes não modulados. Cada uma apresenta uma categoria inteiramente diferente de figura: em uma, o espaço; na outra, o objeto. Na cidade pré-industrial, as ruas são lidas como vazios figurais e os edifícios como um fundo contínuo (fig. ? - ?). Na cidade modernista, as ruas aparecem como um vazio contínuo e os edifícios são figuras esculturais (figs. ? - ?). Na primeira os edifícios é que formam a rua e a desenham. Na segunda os edifícios se encontram soltos em meio ao espaço vazio. O fato de sabermos se o espaço em que nos encontramos se trata de um local público ou privado se deve ao fato de as atividades privadas serem exercidas dentro dos edifícios e as atividades públicas, em sua grande maioria, acontecerem nas ruas e praças. Essa relação de figura-fundo é importantíssima para fazermos essa distinção de campos. Dessa maneira, o público e o privado podem se diferenciar através de uma linguagem arquitetônica simples e legível:

Sólido = fundo = privado Vazio = figura = público No entanto, em todos os edifícios são privados dentro dessa relação de fundo, entre eles estão edifícios públicos. Mas como então, poderíamos diferenciá-los dos outros? É a partir desse momento que a relação é invertida. Os prédios públicos se colocam como monumentos, se utilizando dos vazios como um tipo de fundo, onde eles se tornam a figura principal. Dessa forma, a relação figura-fundo se torna mais flexível, podendo ser invertida quando necessário:

Sólido = fundo = privado Vazio = figura = público

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Então o modernismo rompe de forma taxativa com esse sistema de significação arquitetônica tradicional, partindo para concepção de uma cidade com relações absolutamente opostas às utilizadas anteriormente, tanto do ponto de vista da representação quanto do ponto de vista político. A cidade que surge, é em sua totalidade, de certa forma, pública. Trazendo preceitos utópicos, elimina totalmente a propriedade privada sendo o pilar de sua concepção, no âmbito da vida privada e no âmbito civil. Porém o público e o privado estão inevitavelmente ligados. Logo, não é possível eliminar o privado deixando ainda, o público intacto. A exemplo disto, Houston (1993) relata que no relatório do Plano piloto, a arquitetura e a organização da cidade surgem como um argumento a favor do igualitarismo:

O agrupamento [das superquadras] de quatro em quatro propicia a coexistência social, evitando-se assim uma indevida e indesejável estratificação. E, seja como for, as diferenças de padrão de uma quadra a outra serão neutralizadas pelo próprio agenciamento pelo próprio agenciamento urbanístico proposto, e não serão de natureza a afetar o conforto social a que todos têm direito. (COSTA, 1957, art. 17)

O discurso igualitário que Lucio Costa faz, nos traz novamente a afirmação de que a organização urbanística impediria qualquer tipo de exclusão social, nos trazendo a alocução onde os ministros de estado e seus motoristas viveriam na mesma superquadra, sem levar em consideração as diferenças socioeconômicas, pois o objetivo era que a cidade, em sua plenitude, pertencesse “ao povo”. Pensando dessa maneira, o controle da cidade estaria nas mãos do poder público e não do privado.

O Setor Comercial se desenvolveu em três fases, que correspondem à divisão básica da cidade em Asa Sul e Asa Norte, a primeira construída bem antes da segunda, que permanece incompleta. Na primeira fase, os setores comerciais da Asa Sul foram construídos conforme o plano (HOUSTON, 1993, p. 143).

Contudo, a exclusão da rua nesses setores foi rejeitada pelos moradores, desafiando o plano piloto. Com o modernismo vem também a nova forma de organização do espaço, sendo feita por zoneamento de funções. Mas é bem colocado por Houstoun (1993), se a intenção ao fazer esse zoneamento é diferenciar a função pela forma, certamente entenderemos que em uma cidade objetos figurais o conceito se frustra. Segue sendo uma ilusão desenhada, em uma planta onde setores

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diferentes são desenhados com cores diferentes e rotulados como “residência”, “trabalho”, “lazer” e assim por diante. Se tratando de relações objeto-espaço mais básicas, não vemos nenhuma diferença, exceto no tratamento desses setores. É aí que esbarramos novamente na terrível sensação de monotonia de que os moradores tanto se queixam. Outro problema que enfrentamos com a setorização é o fato de a cidade se manter em movimento apenas em horário comercial, já que o centro da cidade é responsável pela maioria da oferta de trabalho de toda a região, incluindo regiões administrativas. É o que Houston nos descreve:

A concentração do trabalho no Plano Piloto faz de Brasília uma cidade de trabalho, em dois sentidos. Primeiro, seus satélites são cidades-dormitórios, com a exceção parcial de Taguatinga, que tem 45% da indústria do Distrito Federal, 23% de seu comércio, 25% de seus negócios de transporte e 17% de seus serviços – em comparação com o Plano Piloto está, entretanto, em um distante segundo lugar, a não ser no caso da indústria. Num segundo sentido, os eixos reproduzem esse modelo no próprio Plano Piloto, já que o setor residencial é uma “cidade-dormitório” para os setores de trabalho no Eixo Monumental (Codeplan 1974; 1980: 77). Basta dizer que os custos de transporte que surgem desse tipo de organização urbana são fenomenais, incluindo-se os custos de ônibus, carros, passagens, combustível, estradas e manutenção (HOUSTON, 1993, p. 166).

Fica claro também que os pobres se encontram em nítida desvantagem, pois o zoneamento se comporta da seguinte maneira, quanto menos poder aquisitivo, mais longe se mora do centro, tornando mais difícil a contratação de uma pessoa que mora mais longe, pois automaticamente o valor gasto com o transporte será maior. Sem contar nos problemas de congestionamento, esvaziamento do centro, locais ociosos durante a noite e problemas graves com o transporte público que nunca será suficiente para seus usuários, pois todos vão e voltam de seus trabalhos simultaneamente, não sendo possível atender à demanda. Então nos deparamos com uma contradição a respeito do modelo de cidade modernista. O discurso apresentado por seus idealizadores é o de uma cidade igualitária, independente da classe social. Entretanto nos deparamos com uma cidade que venera o automóvel e a máquina. Um bem que só poderia ser adquirido por aqueles com maior poder aquisitivo, excluindo de cara os pobres. Descartando a ideia de cidade para todos.

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O próprio brasiliense o afirma por meio de um aforismo: “Em Brasília só há casa e trabalho”. Como afirma Houston esse aforismo aponta de forma consciente e sarcástica para aquilo que falta em uma vida social circunscrita entre a casa e o escritório (HOUSTON, 1993, p.169). Relph (1987) nos lembra que a legislação sobre planejamento do pós-guerra deu aos municípios autoridade para determinarem o caráter da mudança na maioria dos aspectos do seu meio ambiente construído por intermédio de três mecanismos gerais. Primeiro, os municípios deveriam elaborar um plano oficial, também chamado de plano de desenvolvimento, que basicamente se tratava de um conjunto de documentos e mapas que definiam linhas de orientação para os empreendimentos futuros e utilizações do solo previstas, permitindo assim um controle do traçado urbano em larga escala. Segundo, foi concedido ao governo o poder de expropriação de propriedades privadas e sua reconstrução, sempre que se tratasse de uma situação causada pela guerra ou pela miséria. Terceiro, os urbanistas deveriam seguir criteriosamente as linhas de orientação definidas no oficial, gerando uma padronização nos projetos urbanísticos da cidade. Essa padronização, se faz presente em todos as características do planejamento urbano. Com isso, os urbanistas tinham pouquíssima ou nenhuma liberdade de criação, restando poucas opções projetuais, sendo muitas delas criadas antes mesmo da guerra, que incluíam a zonificação da utilização do solo, unidades de vizinhança, traçados ao estilo da Bauhaus para habitação social e, na Europa, o recinto de livre trânsito para peões. Para facilitar o processo e ainda suprir as necessidades , a maioria dos processos de planejamento foram reduzidas a linhas de orientação e posteriormente registrados em manuais fornecidos por organizações de profissionais ou comissões. Uma espécie de manual de instruções ou um tipo de guia. Devido ao fato de todos os projetos seguirem uma mesma linha de projeto, as cidades modernas se tornaram muito parecidas entre si, independente da cidade em que você se encontra, não importa qual seja, elas seguem um padrão e possuem uma mesma paisagem, com apenas algumas diferenças, mas no geral são bem parecidas. Todavia, esse discurso carrega um tanto de ironia, já que toda essa mudança da forma de se planejar foi motivada pela crítica do desenho das ruas do final do século XIX. Eram criticadas por serem tão regulares, o que se chamava de regulamento de planeamento, o fato de os urbanistas terem de seguir regras tão limitas na construção dos projetos. Foi exatamente por isso que um novo planejamento urbano no século XX, que não era tão regular assim, e buscava trazer mudanças significativas na paisagem urbana.

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Mas apesar de o objetivo não ter tido tanto êxito, serviu para melhorar a qualidade das edificações, diminuir problemas de tráfego, para acabar ou mesmo diminuir, as urbanizações sem escrúpulos, e muitos outros excessos comuns que eram cometidos na época. Também garantiram a integração de benefícios sociais e serviços em seu modelo de desenvolvimento, como escolas e parques. Em contrapartida, reduziu as hipóteses e limitou as possibilidades e os “bons acidentes” que tornam as partes mais antigas das cidades tão interessantes do ponto de vista visual. Os urbanistas não acreditavam que houvesse algo na arquitetura ou urbanismo anteriores ao modernismo que pudesse ser aproveitado. Criam que o traçado da cidade não deveria trazer qualquer tipo de história do passado e que necessitaria de um desenho totalmente novo, o simbolismo modernista de progresso transcendendo a destruição e o passado através da criação de cidades melhores do que suas antecessoras. A ideia era ter o menor número de obstáculos possível, uma solução totalmente modernista. Quando Relph descreve o modelo de cidade modernista é possível associar alguns elementos à organização do Setor Comercial Sul (SCS):

Em zonas comerciais incluíam-se geralmente recintos para peões e as áreas residenciais consistiam predominantemente em blocos de apartamentos e filas de casas dispostas em linha recta, com heroicos arranjos geométricos. Entre 1945 e 1960 foram construídos nas zonas da classe trabalhadora de Londres, no sul de Amsterdão, em Sarcelles, nos arredores de Paris, grandes complexos de blocos de apartamentos para substituir as velhas casas em fila e os tugúrios que tinham sido destruídos durante a guerra, ou subsequentemente declarados como impróprios para habitar (RELPH, 1987, p. 130).

A arquitetura modernista não trazia grandes atrativos, apesar de ter a ideia de renovar completamente as cidades. Evenson nos retrata que a aparência dos blocos de apartamento tinham praticamente a mesma aparência em qualquer lugar. Se tratava de grupos de edifícios monótonos e cinzentos, feitos de seções de betão pré-fabricadas, que não ofereciam nada de novo, apresentando excessivamente ângulos retos. Os espaços vazios não têm utilidade se tornando ociosos e baldios. De certo, o que vemos é que esses elementos não nos trouxeram as cidades alegres e igualitárias do futuro que haviam sido prometidas, mas toda uma série de problemas sociais e individuais, incluindo depressão, vandalismo, dificuldades de monitorar as crianças brincando, a partir de apartamentos mais altos (EVENSON, 1979, p. 263). Essa renovação urbana tinha como objetivo acabar com as áreas insalubres da cidade, moradias sem segurança, sem higiene e superlotadas. Com isso, o governo tinha plenos poderes para fazer adquirir, eliminar e planejar áreas in-

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teiras, amparados pela Lei da Habitação de 1949, possuía com isso fortes poderes de expropriação, conhecidas como “condenação” nos Estados Unidos. Esses fatores eram causadores de doenças e problemas econômicos, então essa operação radical chegava para acabar com essas questões. Cabia aos urbanistas curar tais doenças e eliminar as áreas infectadas. Dessa maneira, houveram demolições em grandes áreas, acabando com zonas de pardieiros e uma porção de casas do século XIX, muitas ainda ocupadas por pobres ou por comunidades negras, consideradas impróprias para morar. A desculpa dos urbanistas para tal mudança, é que tudo que havia existido antes da guerra não servia mais para a nova sociedade. A Guerra era tida como um recomeço. Esses projetos do princípio dos anos sessenta receberam muitas críticas, principalmente de Jane Jacobs em The death and life of great American cities (Vida e Morte de Grandes Cidades Americanas) (1961), declarando que eles destruíram tudo o que era vital para a vida urbana. Ao invés de resolverem os problemas dos bairros pobres e da decadência urbana, haviam, declara Jacobs, desenraizado comunidades, largando as comunidades em qualquer tipo de habitação, sem qualquer cuidado, o que só fez se alastrar ainda mais as doenças em vez de curá-las, criando dessa forma seus próprios problemas sociais de desafeto, vandalismo e violência. Muitos dos projetos arquitetônicos apresentavam diversos problemas técnicos e com o tempo entraram em franco declínio, devido a suas falhas recorrentes.

Nas duas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o planeamento de novas cidades trazia consigo muitas das esperanças socialistas e das visões utópicas que tinham inspirado o movimento das cidade-jardim. As novas cidades ofereciam uma solução para os problemas das cidades decadentes e um modelo para um novo tipo de sociedade urbana. Contudo, na prática, os urbanistas recorrem sobretudo a um repertório de conceitos e meios convencionais, os mesmos que têm sido nos planeamentos residenciais do pós-guerra – unidades de vizinhança e aglomerados habitacionais, hierarquia de estradas, serviços comerciais e parques, mistura de tipos de casas de habitação com densidades elevadas perto dos centros comunitários e redes de vias para peões. Como resultado, as novas cidades tornaram-se, em grande parte, exemplos particularmente exactos do planeamento por números. De dentro, e do que pode observar-se no solo, é difícil determinar se é uma cidade nova, ou uma cidade que se expandiu, ou um novo subúrbio de uma cidade antiga, a não ser talvez dentro dos limites dos centros comerciais da nova cidade, distintamente isolados (RELPH, 1987, p. 141).

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Desde 1945 o planejamento das vias e a paisagem urbana eram baseados exclusivamente nas máquinas e na velocidade das máquinas. Suas formas e larguras são tão similares e vastas que chega a ser difícil perceber sua novidade. Equipamentos para a máquina, como bombas de gasolina, têm brotado ao longo das vias, qualquer lugar, como passe de mágica. Um dos grandes exemplos dessas mudanças, é o desaparecimento da rua. Podemos perceber nas ruas mistas que ainda se encontram vivas, a resposta de necessidades formais e informais da comunidade e sua variedade. Em desenvolvimentos planificados – incluindo quase tudo que foi construído em 1945 – as ruas realmente foram extintas e redesenhadas como outros tipos de estradas, entre elas coletoras, distribuidoras, principais, secundárias, estradas nacionais, autoestradas, circulares, estradas de derivação, vias rápidas. Essas novas estradas possuem uma característica de acomodar diferentes fluxos e velocidades dos automóveis, sendo função dos requisitos de engenharia. A largura da estrada depende do fluxo e da velocidade do tráfego.

Quanto mais alto e rápido o tráfego, mais larga é a via. Um grande exemplo disso é o Eixo monumental, em Brasília, que possui 250 metros de largura, com seis faixas em cada sentido. Uma cidade planejada exclusivamente para o automóvel, que já previa grande fluxo na região, como um símbolo de progresso e crescimento. Considerado pelo Guinness book como a avenida mais larga do mundo. Relph nos dá exemplos de como são as ruas modernistas:

Exemplos mais concretos do planeamenrto podem encontra-se em qualquer nova paisagem com linhas rectas, plantas geométricas, ruas curvilíneas, tudo disposto em filas, desde os bancos dos passeios aos blocos de apartamentos, e tudo o que tenha arestas simples e linhas paralelas, como as curvas e os passeios (RELPH, 1987, p. 147). (Fig. 39).

SLOIP (Spaces Left Over Planning) (Fonte: RELPH, 1987). Fig. 43

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Por fim, se faz presente a segregação de atividades, sem qualquer tipo de sobreposição ou excessos, mistura ou confusão nas periferias. Com isso se faz prova da obsessão com a ordem que já é presente em todo o planejamento moderno. Em qualquer lugar planejado que seja observado, escreveu Jacobs (1961 apud Relph, 1987) (1961), referindo-se concretamente a um pequeno parque junto ao rio, que sofreu melhoramentos: um tipo de mentalidade demasiado familiar está obviamente envolvido nisto, uma mentalidade que vê apenas desordem onde existe uma ordem intrincada e singular: o mesmo tipo de mentalidade que só vê desordem na vida na vida das ruas da cidade e anseia por eliminá-la uniformizá-la, torná-la suburbana. Todo o processo de planeamento, diz Jacobs, consiste em tentar obter seleções descontaminadas. A cidade então determina lugar para tudo, há lugar para a moradia e os conjuntos habitacionais, para o comércio, para o trabalho, o lazer e industrias e assim por diante. Para isso existem barreiras que separam essas atividades, para que assim, seja mantido fielmente o planejamento como está no papel. Cada atividade possui um território preestabelecido e as linhas de ocupação do solo nos mapas de ocupação do solo. A vida dos pobres e dos que não têm poder é diretamente afectada pelas paisagens, pois pouco podem fazer para alterar o meio que os rodeia e têm de se adaptar a elas. Os ricos e politicamente poderosos, no entanto podem alterar em larga escala as paisagens, conforme as suas necessidades, para exibirem a sus superioridade social e para fazerem mais dinheiro. Na sociedade moderna não há ninguém mais rico e mais poderoso do que as companhias1(RELPH, 1987, p 149)

quanto o Renascimento e o Gótico, agora viveríamos a grande era do dominada pela arquitetura do betão, aço, vidro e plástico, uma arquitetura da idade da máquina. Posteriormente, com acontecimentos como o fechamento da Bauhaus pelos nazistas, o estilo teve algumas alterações, que foram separadas por gerações. E uma delas foi difundida por Walter Gropius e Mies Van Der Rohe, que nos anos 50, com superfícies simples e formas retangulares puras, tornando a arquitetura popular em 1 Companhias são uma sociedade anônima ou uma grande empresa, publicamente possuída por acionistas e dirigida por um conselho de gerência. É irrelevante saber se uma companhia é propriedade pública ou privada, porque todas elas, apesar da familiaridade dos seus produtos de marca, parecem ser guiadas por entidades sem rosto cuja única preocupação é aumentar a produtividade e o lucro.

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grandes arranha-céus de companhias, prédios de apartamentos e edifícios universitários. O propósito da estrutura angular em betão é um bloco de apartamentos projectado por Le Corbusier e construído perto de Marcelha, entre 1947 e 1952: L’Unité d’Habitation (RELPH, 1987, p. 173).(Fig. 41)

escala um pouco maior. Em uma única quadra podemos encontrar tudo o que precisamos, comércio, escola, religião, habitação, lazer para as crianças, e tudo isso em curtas distâncias.

O NOVO BRUTALISMO

Agora o modernismo possui novos conceitos e aparência, devido ao orçamento limitado arquitetos e engenheiros locais fizeram adaptações aos estilos. Podemos descrevê-lo como um “modernismo sem floreados”. É, sobretudo, uma arquitectura vernácula, anónima, do novo Estado industrial (RELPH, 1987, p. 176). Possui formas retangulares e as superfícies são simples, sem muita preocupação com os acabamentos, os materiais são utilizados em sua forma crua, são vulgares e utilizados em combinação. Há pouca elegância, faz uso das superfícies simples de todo o modernismo. Resultando em poucas semelhanças.

L’Unité d’Habitation de Le Corbusier, 1947. (Fonte: polinice.org). Fig. 44

A intenção de Corbusier era reunir apartamentos, serviços comunitários, centros de dia e lojas num único edifício. Considerado um projeto ambicioso para a época e ainda inovador, pois sua fachada era totalmente diferente de tudo já projetado até então. Nada de superfície lisa como de costume, consiste em diferentes retângulos, como que sobrepostos, com algumas aberturas maiores do que outras e recantos coloridos que acentuam o jogo de luz e sombra. O projeto do L’Unité d’Habitation infelizmente não foi bem-sucedido, mas acredito que o projeto das superquadras pode ter sido uma versão melhorada da ideia de Le Corbusier, talvez o prédio tenha servido de inspiração para Lucio Costa, pois o projeto das superquadras parte do mesmo princípio, apenas implantado em uma

Considerados desprovidos de beleza, comparado com a arquitetura que se viu em outros estilos e até mesmo no início do modernismo, agora sem detalhes decorativos, pouco mais do que caixotes, com aberturas quadradas para as janelas e retangulares para as portas – a arquitetura reduzida ao grau zero, como descrita por Relph (1987, p. 177).

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A beleza desse estilo é vista em seus próprios materiais e suas formas, sem necessidade de adereços para decorá-la. A beleza de uma fachada pode estar no tamanho e na disposição das janelas, nos cheios e vazios que as aberturas e fechamentos provocam, na cor pura do material utilizado, nos elementos utilizados de forma funcional na fachada, mas que podem servir como elemento de destaque e beleza. A forma seguindo a função. Acreditavam que conseguiriam humanizar a arquitetura, sendo brutalmente sinceros ao deixarem claro as realidades funcionais de um edifício. O estilo austero que daí resultou acabou por ficar conhecido como <<novo brutalismo>> [...] a intenção era criar uma arquitectura humana para o Estado-providência e porque apresenta uma proximidade etimológica com beton brut – betão em bruto (Relph, 1987, p. 178). [...] <<brutalismo>>: pode referir-se a <<um movimento reformista com um espírito inflexível, formado na linha do pensamento da arquitectura moderna>> (Branham,1963, p. 64 apud Relph, 1987, p. 178).

L’Unité d’Habitation de Le Corbusier, 1947- ilustração. (Fonte: histarq.wordpress.com). Fig. 45

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BRASÍLIA

Histórico O Conceito A Consagração

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Fonte: archdaily.com.br com Ilustração Oscar Niemeyer. alterações do autor. (Fonte: www.plataformaarquitectura.com - com alteraçòes do autor). Fig. Fig.4647

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HISTÓRICO

BRASÍLIA A cidade-sonho, como Brasília era chamada, teve suas primeiras ideias concebidas ainda no Brasil Colônia, e seu local de implantação seria na região central do país, para que ataques pelo mar pudessem ser evitados. Foi José Bonifácio de Andrada e Silva, em 1823, que sugeriu o nome “Brasília” pela primeira vez.

Marco Zero e Esplanada dos Ministérios em 30/09/1958. (Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal). Fig. 48

“Em 1883, o sacerdote católico italiano Dom Bosco sonhou que visitava a América do Sul e, em seu relato, publicado no livro “Memórias Biográficas de São João Bosco”, relatou o que viu: Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse, então, uma voz repetidamente: – Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível. ” (Arquivo Público do Distrito Federal)

A primeira versão do “quadradinho”, como Brasília é chamada hoje por seus habitantes (uma referência a seu desenho no mapa do Brasil), foi concebida em 1892, quando uma equipe foi enviada ao Planalto Central para a delimitação de sua área, chefiada por Louis Ferndinand Cruls.

A pedra fundamental do novo centro do poder brasileiro foi lançada em 1922, no centenário da Independência, lançada nas proximidades de Planaltina(Região Administrativa do DF), onde se encontra até hoje. Em 1956, foi feita uma nova demarcação da futura capital, concretizando finalmente o projeto que já durava séculos, estava à frente o então Presidente da República, Juscelino Kubitschek. E então às margens do Lago Paranoá, Brasília começou a ser erguida, assim dito no Arquivo Público do Distrito Federal.

O CONCEITO Para que a logística da obra da nova Capital pudesse ser organizada, foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Esta lançou no mesmo ano um concurso para selecionar projetos urbanísticos para a construção da cidade, chamado “Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil”. Entre muitas propostas, o projeto vencedor foi o de Lucio Costa, arquiteto e urbanista, escolhida por sua simplicidade e clareza. Sua proposta era basicamente composta por dos eixos que se cruzavam em ângulo reto, assim como o sinal da cruz. Foi entregue em uma folha de papel branco com escrita a lápis. Uma das linhas, Eixo Rodoviário, era levemente inclinado, transformando a antiga visualização de uma cruz na forma de avião. Era também a via que levava à área residencial - hoje, Asa Sul e Asa Norte. O outro eixo, chamado Eixo Monumental, abrigaria os prédios públicos e o palácio do Governo Federal no lado leste; a Rodoviária e a Torre de TV no centro, e os prédios do governo local no lado oeste. (Link: Relatório do Plano Piloto de Brasília) A pedra fundamental do novo centro do poder brasileiro foi lançada em 1922, no centenário da Independência, lançada nas proximidades de Planaltina(Região Administrativa do DF), onde se encontra até hoje. Em 1956, foi feita uma nova demarcação da futura capital, concretizando finalmente o projeto que já durava séculos, estava à frente o então Presidente da República, Juscelino Kubitschek. E então às margens do Lago Paranoá, Brasília começou a ser erguida, assim dito no Arquivo Público do Distrito Federal.

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Fonte: universoarqdecor.blogspot.com

Fig. 49

Com o projeto urbanístico aprovado, Juscelino escolheu Oscar Niemeyer como o arquiteto responsável pela construção dos monumentos. O carioca foi autor das principais estruturas da cidade: o Congresso Nacional, os Palácios da Alvorada e do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília. Além da dupla Oscar e Lúcio, completavam o time que fez desta cidade um museu a céu aberto figuras inspiradas como Burle Marx, com jardins e praças, e Athos Bulcão, com os painéis de azulejos que são marca registrada da capital.

o mundo e para a sua gente. Com os projetos urbanístico de Lúcio Costa e o arquitetônico de Oscar Niemeyer, surgia uma cidade sob formas inovadoras, diferente de tudo já feito até então. A data de seu nascimento, não foi coincidência: marcava o dia da morte de Tiradentes, um dos líderes mineiros que defendeu a independência do Brasil no século XVIII. O simbolismo ajudou a fortalecer em Brasília o ideal de liberdade de um povo e a coragem de uma nação, associando a inauguração à ideia de independência e rendendo homenagem aos inconfidentes que haviam sonhado com um Em 21 de abril de 1960, Brasília nascia para Brasil livre.

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Conforme a construção de Brasília seguia em frente, foram surgindo pequenos acampamentos ao redor do Plano Piloto para abrigar os trabalhadores que vieram para construir a nova capital. O primeiro acampamento foi chamado de Cidade Livre, que hoje é o Núcleo Bandeirante. Os demais agrupamentos mais tarde tornaram-se inicialmente as cidades satélites que agora são as 31 regiões administrativas que compõem o Distrito Federal.

A consagração

Fig. 50

Acampamento de pioneiros no Núcleo Bandeirante. (Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal).

Brasília possui escala predominantemente horizontal, favorecendo a contemplação do céu, considerado um dos mais bonitos do país e,

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por muitos o mar da capital do cerrado. Seus prédios modernistas e os cinturões verdes, juntamente com sua monumentalidade, fizeram com que Brasília fosse reconhecida, em 1987, como Patrimônio Cultural da Humanidade, título esse concedido pela Unesco. Foi o primeiro bem cultural contemporâneo a entrar nessa lista, figurando no mesmo patamar de importância das Pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China, a Acrópole de Atenas, o Centro Histórico de Roma e o Palácio de Versalhes.


DIAGNÓSTICO

Com a divisão urbana feita através de zoneamentos, a cidade sofre diariamente com a superlotação no horário comercial e seu

esvaziamento em horários não comerciais. Com isso, são gerados problemas de segurança, tempo de deslocamento e principalmente no

transporte público, pois no horário de pico a maioria dos habitantes vai e volta ao mesmo tempo, para o mesmo lugar, sendo assim, os ho-

Detem cerca de 47% dos postos de trabalho (Fonte: Codeplan 2015) Fig. 51

Postos de trabalho

A partir de dados obtidos pela Codeplan entende-se que a maior parte dos postos de trabalho estão localizados na região central de Brasília. Entre eles está o Setor Comercial

Sul com maior concentração de pessoas trabalhando. De acordo com dados do Correio Brasiliense, cerca de 1500 pessoas passam diariamente pelo setor.

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rários mais críticos que as pessoas saem do transporte e de para trabalhar e volcongestionamento tam para casa. são nos horários de 7h da manhã e 6h da tarde, que são justamente os horários


SETOR COMERCIAL SUL (SCS)

PROJETO DO SETOR PLANO URBANÍSTICO

8– Fixada assim a rede geral do tráfego automóvel, estabeleceram-se, tanto nos s e t o r e s centrais como nos residenciais, tramas autônomas para o trânsito local dos pedestres a fim de garantir-lhes o uso livre do chão, (Fig. 45) sem contudo levar tal separação a extremos sistemáticos e anti-naturais pois não se deve esquecer que o automóvel, hoje em dia, deixou de ser o inimigo inconciliável do homem, domesticou-se, já faz, por assim dizer, parte da família Ele só se “desumaniza”, readquirindo vis-à-vis do pedestre feição ameaçadora e hostil quando incorporado à massa anônima do tráfego. Há então que separá-los, mas sem perder de vista que em determinadas condições e para comodidade recíproca, a coexistência se impõe. (COSTA, 1956). 11 – (...) Em cada núcleo comercial, propõe-se uma seqüência ordenada de blocos baixos e alongados e um maior, de igual altura dos anteriores, todos interligados por um amplo corpo térreo com lojas, sobrelojas e galerias. (...)(COSTA, 1956).

O lugar ganha sentido. Uma atitude de afirmação, de auto-afirmação, um projeto de nação, como Lúcio Costa asseverou em 1967: “Fruto embora de um ato deliberado de vontade e comando, Brasília não é um gesto gratuito de vaidade pessoal ou política, à moda da Renascença, mas o coroamento de um grande esforço coletivo em vista ao desenvolvimento nacional – siderurgia, petróleo, barragens, auto-estradas, indústria automobilística, construção naval; corresponde assim à chave de uma abóbada e, pela singularidade da sua concepção urbanística e da sua expressão arquitetônica, testemunha a maturidade intelectual do povo que a concebeu, povo então empenhado na construção de um novo Brasil, voltado para o futuro e já senhor do seu destino”(COSTA, 1967a).

Lucio Costa, Croquis plano urbanístico de Brasília. (Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal). Fig. 52

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No entanto, as pessoas que ajudaram a construir a capital vieram com a promessa de uma vida melhor, acreditavam que residiriam na nova capital do país, mas infelizmente quando a cidade estava sendo terminada, essas pessoas foram realocadas para áreas periféricas, como Ceilândia e Planaltina. Dirigindo-se aos críticos de arte reunidos no Brasil em 1959, Lúcio Costa ressaltava as virtudes de sua capital: “Várias coisas me agradam nesta cidade que, em dois anos apenas, se impôs no coração do Brasil: a singeleza da concepção e o seu caráter diferente, a um tempo rodoviário e urbano, a sua escala, digna do país e da nossa ambição, e o modo como essa escala monumental se entrosa na escala humana das quadras residenciais sem quebra da unidade do conjunto, e me comove particularmente o partido adotado de localizar a sede dos três poderes fundamentais não no centro do núcleo urbano mas na sua extremidade, sobre um terrapleno triangular como palma de mão que se abrisse além do braço estendido da esplanada onde se alinham os ministérios, porque assim sobrelevados e tratados com dignidade e apuro arquitetônicos, em contraste com a natureza agreste circunvizinha, eles se oferecem simbolicamente ao povo: votai que o poder é vosso. A dignidade de intenção que lhe presidiu o traçado, e tão fundo tocou a André Malraux, é palpável, está ao alcance de todos. A Praça dos Três Poderes é o Versalhes do povo” (COSTA, 1967b).

Porém, Brasília foi projetada para que indiretamente as pessoa se mantivessem afastadas do centro do poder, a Esplanada dos ministérios, assim como outras regiões de Brasília, possuem escala bucólica, que priorizam a contemplação dos prédios públicos, através do passeio de carro, pois o automóvel estava estava em ascensão na época. Seu trajeto possui baixíssimo índice de caminhabilidade, dificultando assim a aproximação de pessoas de baixa renda, por não possuírem automóvel particular. Não é possível que se tenha qualquer tipo de conforto na Praça dos Três Poderes, pelo fato de não possuir qualquer tipo de vegetação, ou seja, nenhum sombreamento. Considerando que o clima de Brasília é quente e seco, não podemos comparar a Praça dos Três Poderes com o Versalhes que está incluída em um contexto totalmente diferente.

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Trabalhando na RA oriundo de outra

Trabalhando na RA oriundo de outra

Infografos (Fonte: Plataforma RawGraphs com dados do autor). Fig. 53 e 54

O Plano Piloto, conforme mostram os gráficos, aparece como a RA que gera o maior número de postos de trabalho no Distrito Federal, nada menos que 514,5 mil, contingente muito acima da segunda colocada, Taguatinga, com 96,6 mil postos de trabalho. Em seguida aparece Ceilândia, região mais populosa do DF, com 72,5 mil ocupações. Somente o Plano Piloto representa 47,72% das ocupações existentes no Distrito Federal e, somado às outras 9 principais regiões empregadoras, respondem por nada menos que 82,19% dos postos de trabalho existentes no DF.Brasília é quente e seco, não podemos comparar a Praça dos Três Poderes com o Versalhes que está incluída em um contexto totalmente diferente.

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COMO ESTÁ HOJE ?

Localização do SCS em Brasília. (Fonte: wbrasilia.com/Mapas. htm). Fig. 55

A planta acima nos mostra exatamente o endereçamento projetado para o SCS, com indicação das quadras, lotes, praças e vias.

Localização do SCS em Brasília. (Fonte: Google maps, com alterações do autor).

Fig. 56

O SCS está localizado na região central de Brasília, ao lado do Setor Hoteleiro Sul e Setor de Diversões Sul.

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Divisão do SCS entre Parte A e Parte B separados pela via W3 Sul. (Fonte: Google Maps, com alterações do autor). Fig. 57

O SCS é divido em duas partes, A e B, separados pela via W3 Sul. O lado A é composto por prédios comerciais de grande porte e por 2 Shoppings, Venâncio Shopping e Pátio Brasil Shopping. E o lado B é composto pelo que de fato é reconhecido pelo povo como

SCS, com prédios comerciais de maioria até 6 pavimentos alguns prédios públicos e diversas lojas de comercio varejistas, sem contar com os camelôs que ocupam boa parte do pavimento térreos de prédios sobre pilotis e, que já fazem parte do local.

Como dito anteriormente, Brasília é uma cidade projetada para o carro e não para o pedestre, devido a esse fato, para que se chegue a qualquer lugar “próxi-

mo” é necessário percorrer longas distâncias. Na figura 49 podemos ter acesso a distâncias do centro do SCS até alguns pontos localizados ao redor do Setor.

Distâncias percorridas entre o centro da Parte B do SCS e os principais pontos nas imediações. (Fonte: Google maps, com alterações do autor). Fig. 58

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USO DO SOLO

Mapa uso e ocupação do solo do SCS.. (Fonte: Autor). Fig. 59

Na figura acima é possível perceber a predominância de áreas destinadas ao uso comercial em toda a área estudada (Lado B). Podemos entender com essa imagem o quanto o Setor é carente quanto aos espaços destinados ao convívio público. Existem pouquíssimas áreas destinadas à permanência e convivência, geralmente praças, sempre ao longo do eixo central do Setor.

ARBORIZAÇÃO As áreas verdes são boas, no entanto não tão bem distribuídas, ainda devem ser criadas áreas arborizadas no eixo central, mas amenizar o clima seco da região.

Mapa de Arborização e Espaços de convivência do SCS. (Fonte: Autor). Fig. 60

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GABARITO DE ALTURA

A área é predominada por prédios sobre pilotis de até 6 andares, com minoria de de prédios mais altos entre 10 e 20 andares localizados nas extremidades da área. Mapa gabarito de altura do SCS. (Fonte: Autor). Fig. 61

15-20 Pav. 11-14 Pav. 7-10 Pav. 3-6 Pav. 1-2 Pav.

FLUXOS

O fluxo de pessoas está representado pela seta mais larga, pois é o de maior intensidade, sendo sempre no sentido longitudinal e o fluxo contrário no sentido transversal de menor intensidade, feito pelos carros.

Mapa de fluxos de pedestres no SCS. (Fonte: Marcelo Vaz, com alterações do autor). Fig. 62

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PONTOS NODAIS

Mapa de pontos nodais no SCS. (Fonte: Marcelo Vaz, com alterações do autor). Fig. 63

Os pontos nodais são gerados pelo encontro de fluxos entre carros e pedestres e devem ser estudados a fundo, para maior aproveitamento desses pontos, que podem ser bem explorados. Transformando o que hoje é um problema em uma solução social e econômica.

TOPOGRAFIA

Topografia do SCS. (Fonte: Autor). Fig. 64

A topografia no SCS é bem sutil, levando em consideração as distâncias percorridas. Tendo como representação o tom mais escuro o mais alto e o tom mais claro o ponto mais baixo da área. A topografia é muitas vezes aproveitada pelos prédios existentes para colocar as entradas em cada lado do prédios, sendo entradas para pavimentos diferentes.

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CHEIOS E VAZIOS

Mapa de cheios e vazios. (Fonte: Autor). Fig. 65

Através dos cheios e vazios podemos perceber o quanto a distribuição urbanística do modernismo é presente. As áreas vazias sobrepõem as áreas construídas.

VAZIOS CHEIOS

PRÉDIOS VAZIOS

Prédios vazios – 8 Lojas fechadas – 76 Área vazia – 23.950 m2. (Fonte: Marcelo Vaz, com alterações do autor). Fig. 66

O número de prédios e lojas vazias no cetro da cidade é assustador. Um local que já teve forte influência econômica hoje sofre com seu esvaziamento. No entanto já existem projetos para que seu avivamento não se perca. Todos esses prédios e lojas tem grande potencial econômico e suas áreas vazias já vêm sofrendo intervenções para que o turismo e a população local vejam e aproveitem seu grande potencial. Alguns desses movimentos são apresentados a seguir:

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INTERVENÇÕES ATUAIS

As intervenções atuais têm o objetivo de ocupar os espaços ociosos do Setor, com eventos de maioria noturno. Trazendo festas, passeios turísticos durante o dia e interação os moradores atuais (moradores de rua).

Logomarcas (fonte: @sambaurgente @labirinto Fig. 67 e 69

Levantamento fotográfico de intervenções atuais. (fonte: @nosetor Fig. 70-83

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O EDIFÍCIO E A PRAÇA

Análise Urbanístiva Análise Solar Mapa Viário Estudo de Fluxos e Acessos Mapa de Caminhabilidade

63

63


ED. OSCAR ALVARENGA Fachada Ed. Oscar alvarenga Fonte: @nosetor Fig. 84

O edifício escolhido para fazer a intervenção foi o Ed. Oscar Alvarenga, localizado na região central do SCS, possui 3 andares, térreo sobre pilotis e 2 subsolos, sendo um deles a garagem. Uma área construída/útil de 6.300m².

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ANÁLISE URBANÍSTICA ANÁLISE SOLAR O edifício recebe incidência solar direta apenas durante a tarde, cerca de 15h até às 18h. O sol durante o meio dia não afeta diretamente o edifício, pois a fachada que receberia tal insolação está protegida por um prédio contruídoslogo ao lado do edifício analisado. Os raios solares na parte da manhã favorecem a fachada posterior do edifício, de maneira indireta, pois sua entrada se dá através de uma abertura pequena formada pelo conjunto de prédios em forma de “O”.

Fonte: Autor Fig. 85 e 86

MAPA VIÁRIO ED. OSCAR ALVARENGA OUTROS EDIFÍCIOS

O edifício é alimentado diretamente apenas por vias locais e vias de pedestres. As vias locais possuem um fluxo baixo e infelizmente com a presença constante de carros estacionados ao longo das mesmas. Já as vias de pedestres possuem fluxo intenso, sendo inclusive uma delas dento seu fluxo passado no pavimento térreo do edifício, que é feito sobre pilotis.

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ESTUDO DE FLUXOS E ACESSOS

Ed. Oscar Alvarenga

Pedestres

Veículos

Praça do Povo

Mapa de Fluxos e Manchas Fonte: Autor Fig. 87

O fluxo d e pessoas está representado pela seta m ais larga e v ermelha, pois é o de maior intensidade, sendo sempre no sentido longitudinal e o fluxo contrário no sentido transversal d e menor i ntensidade, feito pelos veículos. Atualmente, o fluxo de pessoas no Setor é predominantemente de pedestres,

mas a ideia do projeto em questão é intensificar ainda m ais essa p resença, pois mesmo que o f luxo d o automóvel seja menor, ainda está e m grande número e , devido a esse fato, a quantidade de estacionamentos que é ofertado hoje ainda não é sufuciente, já que o número d e carros aumenta cada dia mais na Capital.

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Isso acaba ocasionando a p arada de veículos em l ocais i napropriados, atrapalhando o fluxo d as p essoas. Exatamente por esse motivo o objetivo e p romover o uso de t ransportes ativos e c oletivo, o que t rará m ais fluidez e benefícios visuais p ara a paisagem urbana.


MAPA DE CAMINHABILIDADE

Caminhando 600 m

7 min.

Pedalando 600 m

2 min.

Mapa de Caminhabilidade Fonte: Autor

Dirigindo

Fig. 88

952m 2 min.

duração. Sendo o trageto de bicicleta o mais rápido.

Trageto para o ponto de ônibus mais próximo do Ed. Oscar Alvarenga. O trageto realizado a pé ou pedalando possuem a mesma distância, com diferença de 5 minutos de

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Fotos do SCS. (Fonte: Metrรณpolis). Fig. 89-99

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Com a quantidade de pessoas que estão presentes no SCS no mesmo horário e com longa permanência, os bolsões de estacionamento se tornam um verdadeiro mar de carros, prejudicando o fluxo dos pedestres. Com a presença da moradia no setor, a demanda do transporte público diminuiria, assim como o tempo de viagem e o congestionamento entre a região central e as áreas periféricas do DF. O comércio predominante na região ainda é o de camelôs, infelizmente ainda uma prática ilegal. A busca pela mudança de uso do local pode trazer benefícios para todos, é possível que o SCS se torne legalmente um espaço para todos, com atividades comerciais, culturais e habitacionais. Essa mudança de uso já foi aprovada pelo Iphan, segundo Carlos Madson Reis em entrevista. A mudança de uso é feita naturalmente e o desenho da cidade deve acompanhar essas mudanças para o bem maior, desde que não fira as diretrizes originais, que é o caso do Setor em questão. No entanto, essa mudança despertou interesses econômicos e, consequentemente, a especulação imobiliária. É necessário que hajam cuidados específicos para que o local não se torne apenas um negócio econômico e perca-se a essência, que é melhorar a qualidade de vida dos atuais usuários. É preciso que se estimule a apropriação social do espaço urbano. É possível aplicar na região em seu uso residencial um programa do governo em que o estado seja dono do imóvel e o alugue para pessoas de baixa renda, onde a cobrança do aluguel seja de mais ou menos 15% da renda do locador e a partir de certo momento haja a possibilidade de aquisição por parte do morador. Essa medida também pode ser tomada a partir da proposição da ZEIS no SCS. Em países como os Estados Unidos existem medidas semelhantes, onde prédios de Habitação de Interesse Social estão isentos do pagamento do IPTU, afim de fomentar e melhor distribuir a ocupação da cidade. Para que não haja uma descaracterização da área tombada pode-se determinar que todos os prédios mantenham sua modernidade, sem alteração das fachadas e que o uso residencial não seja superior ao uso comercial, determinando apenas 24% como previsão para moradias. Os camelôs podem para pagar uma taxa simbólica para que seja possível regular suas atividades sem maiores prejuízos. Por fim, existem diversas medidas que podem ser tomadas para que haja maior harmonia urbanística e social na região. É necessário apenas que uma decisão política seja tomada para mudar a lógica de ocupação e equilibrar o fomento imobiliário, garantindo justiça social a todos.

Fotos do SCS. (Fonte: Marcelo Vaz). Fig. 100-104

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PARTIDO

Histórico O Conceito A Consagração

70 70


A ideia é trazer novos usos para o prédio que se encontra atualmente desocupado, sendo de uso comercial. Com o intuito de que haja vida em todos os períodos do dia, o objetivo mudar o uso para comercial e residencial, ou seja, uso misto, com comércios específicos que atendam aos futuros moradores e que funcionem também durante a noite, como padaria, pequenos mercados e bares. A ideia principal da fachada será preservada para que a memória do setor não seja perdida, até mesmo porque estamos falando de uma área que é tombada. tendo apenas alteração no desenho dos brises, que trarão também referências de artistas brasilienses. O edifício receberá tratamento acústico para que os novos moradores não se sintam incomodados com as atividades que são desenvolvidas atualmente no local. Os pontos de comércio serão locados no andar térreo e no primeiro subsolo serão locadas as áreas de lazer do prédio, sem que atrapalhe o fluxo de pessoas que é intenso, no caso do andar térreo. Serão previstas Kitnet’s e apartamentos de 1 e 2 quartos, distribuídos no edifício através de Pavimento Tipo. A proposta apresentada está de acordo com o COE/DF 2018, que pede no mínimo 1/8 para o vão de ventilação/ iluminação que no caso apresentada seria uma área de 2.91 m2, e pois o menor apartamento possui área total de 23.50 m2 e a janela utilizada possui uma área para ventilação de 3.35 m2 .

AMBIENTE Quarto Sala Cozinha Área de Serviço Banheiro ÁREA TOTAL

ÁREA 8.00 7.00 5.00 1.00 2.50 23.50

AMBIENTE Quarto Sala Cozinha Área de Serviço Banheiro ÁREA TOTAL

ÁREA 13.50 8.00 8.00 1.00 2.50 36.00

AMBIENTE Quarto Casal Suíte casal Quarto Solteiro Sala Cozinha Área de Serviço Banheiro ÁREA TOTAL

ÁREA 15.00 3.50 12.00 10.00 10.00 2.00 3.50 56.00

Programa de Necessidades (Fonte: Autor). Tab. 3-5 Tabela III - COE (Fonte: COE-DF 2018). Fig. 105

71


A proposta inicial era fazer uma ou duas aberturas para a entrada de iluminação e ventilação naturais. A questão era saber o tamanho mais adequado e se ele atenderia às necessidades dos apartamentos. Atraves de um estudo sobre a insidência solar e de ventos, a conclusão é que a primeira proposta, conforme mostra a imagem acima, não seria suficiente, pois os apartamentos laterais não receberiam ventilação e iluminação.

A segunda proposta seria fazer então duas aberturas, mas ainda assim não atenderiam à demanda. Na proposta 3 com uma única abertura, mas agora maior, o espaço central não seria aproveitado, como podemos observar na proposta 4, com a opção de 3 aberturas, sendo a abertura central de maior tamanho. Assim foi possível aproveitar os espaços centrais e proporcionar a iluminação e ventilação adequadas aos apartamentos.

PROPOSTA (Fonte: Autor).

Os apartamentos receberão iluminação e ventilação diretas apenas na fachada principal a Noroeste, os outros apartamentos receberão iluminação e ventilação de forma indireta através das três aberturas feitas no edifício e através da abertura já existente na fachada posterior do prédio. Os apartamentos de 2 quartos estão localizados nas quatro extremidas do prédio, os apartamentos de 1 quarto

estão logo ao lado dos apartamentos de 2 quartos e as Kitnet’s estão distribuidas na parte interna, próximas ás abertudas internas e entre os apartamentos de 1 e 2 quartos. O acesso aos pavimentos é feito por duas escadas e dois elevadores localizados em postos separados, sendo o acesso A e o acesso B. O fluxo do pavimento conta com uma ponte de acesso sobre a abetura central.

PROPOSTA (Fonte: Autor).

72

Fig. 106

Fig. 107


ESTUDO DA FORMA

ÁREA DE LAZER RECUADA

PILOTIS FLUXO

POÇO DE VENTILAÇÃO

SETORIZAÇÃO ESTUDO DA FORMA (Fonte: Autor). Fig. 108 A 113

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TRAGETร RIA SOLAR 14h00 06h00

08h00 16h00

10h00

18h00

12h00

18h30

Tragetรณria Solar (Fonte: Autor). Fig. 114 A 121

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ESTUDO DE MANCHASS SERVIÇO

SOCIAL

EMERGÊNCIA

ÍNTIMO

Entrada de iluminação e ventilação natural

ELEV.

ELEV. BANHEIRO

BANHEIRO

BANHEIRO

BANHEIRO

HALL

COPA

COPA

BANHEIRO

BANHEIRO

ELEV.

BANHEIROB

ELEV.

HALL

ANHEIRO

HALL

Pilotis para passagem de pedestres

Lojas

Estudo de Manchas (Fonte: Autor). Fig. 122 e 123

75


ESTUDO DE MANCHAS

ELEV. BANHEIRO

ELEV.

BANHEIRO

BANHEIRO

HALL

BANHEIRO

HALL

COPA

ELEV. BANHEIRO

ELEV.

BANHEIRO

BANHEIRO

BANHEIRO

COPA

HALL

COPA

HALL

TERRAÇO

Estudo de Manchas (Fonte: Autor). Fig. 124 e 125

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LOCAÇÃO

ED. OSCAR ALVARENGA

Praça do Povo

0

10

30

Planta de Locação (Fonte: Autor).

80m

Fig. 126

PLANTA BAIXA ED. OSCAR ALVARENGA 5 2

4

4

2 5

2 SUBSOLO

3

3

1 2 3 4 5

Garagem Elevador Hall Depósito Lixeira

1

Planta da Garagem (Fonte: Autor). Fig. 127

77


5 2

4

2 5

3

4

3

4

1 SUBSOLO 1 2 3 4 5

1

2

2 7

1

4 3

3 4

5

5

6

2

2

8

2 3 4 5 6 7 8

8

1

8

8

TÉRREO 1

7

6

8

8

Lavanderia Elevador Hall Banheiro Lixeira

Pilotis - Fluxo Banheiro Elevador Lixeira Hall Portaria Estar Funcionários Loja

8

Planta Baixa (Fonte: Autor). Fig. 128-130

2

2

4 3

3 4

5

5

1

2

2

7

6

8

8

9

78

TERRAÇO 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Área de Convivência Banheiro Elevador Lixeira Hall Academia Brinquedoteca Salão de Festas Lazer Aberto


1 PAVIMENTO 7

4

6 5

5 1

2

1

1

1

1

8

9 1

7

9

9

1

1

8 2

2

8

9

2

4

6

1

8 3

3

3

3

3

2

2

9 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Apartamento 1 Quarto Apartamento 2 Quartos Kitnet Lixeira Hall Elevador Passarela Circulação Área de Convivência

Apenas no 1 pavimento a área destinada para o poço de ventilação será utilizada como uma área de convivência. Uma área contendo luz do sol, vegetação, mobiliário e muito ar fresco, promovendo uma boa relação entre os moradores.

Planta Baixa 1 Pavimento e Imagem da Area de convivência (Fonte: Autor). Fig. 131 e 132

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PAVIMENTO TIPO 7

4

6 5

5 1

2

4

6

1

1

1

1

8

2

8

7 1

1

1

8 2

2

1

8 3

3

3

3

3

2

2

Planta Baixa Pavimento Tipo e Imagem da Kitnet com Detalhe (Fonte: Autor). Fig. 133 e 134

1 2 3 4 5 6 7 8

Apartamento 1 Quarto Apartamento 2 Quartos Kitnet Lixeira Hall Elevador Passarela Circulação KITNET

APARTAMENTOS

Área: 23 M Medidas:3.35X5.91 80


Os apartamentos foram todos projetados seguindo o conceito aberto, para que parecessem maiores e também proporcionassem integracão entre os ambientes. No caso da Kitnet, para que houvesse maior aproveitamento da luz natural, o banheiro foi colocado na área central do espaço, como divisor de ambien-

tes. Para que mesmo assim houvesse iluminação e ventilacão naturais no banheiro, uma janela de vidro basculante foi colocada na parte superior da parede do banheiro, podendo ficar aberta ou fechada, de acordo com a nessecidade do morador.

APARTAMENTOS 1 QUARTO

Imagem Apartamento 1 Quarto (Fonte: Autor). Fig. 135

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Área:28 M Medidas: 3.95X5.91


APARTAMENTOS 2 QUARTOS

Ă rea: 56M Medidas: 6.28X5.91

Imagem Apartamento 2 Quartos (Fonte: Autor). Fig. 136

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APARTAMENTOS 2 QUARTOS

Ă rea: 36M Medidas: 5.32X5.91

Imagem Apartamento 2 Quartos (Fonte: Autor). Fig. 137

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COBERTURA

Brinquedoteca

Imagem Apartamento 2 Quartos (Fonte: Autor). Fig. 138

COBERTURA

SALÃO DE FESTAS A cobertura possui dois salões de festas, brinquedoteca,academia, área de convivência com jogos e uma área aberta com quatro churrasqueiras. Imagem Apartamento 2 Quartos (Fonte: Autor). Fig. 139

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Área de convivência e jogos

Área de Lazer aberta

Área de Lazer aberta

Área de Lazer ab

Imagem Apartamento 2 Quartos (Fonte: Autor). Fig. 140-144

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TÉRREO WC

WC

Perspectiva Isométrica Térreo (Fonte: Autor). Fig. 145

O Térreo é o pavimento em que possui pilotis, sendo assim o pavimento de maior fluxo de pessoas, onde está localizado a parte comercialdo Edifício. As lojas comerciais são destinadas a atender os moradores locais. Logo, a oferta será de produtos necessários para o dia-a-dia, pois atualmente não há esse tipo de comércio no SCS. São eles, mercadinho, Açougue, Panificadora, Café/ Bar, Farmácia, Papelaria e Restaurante. Para que os funcionários tenham conforto também, foram destinados ambientes de estar para descanso e vestiários separados por sexo. As portarias que dão acesso aos apartamento encontram-se nas extremidades, sendo elas, Entrada A e Entrada B.

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WC WC

Vistas Térreo (Fonte: Autor). Fig. 146

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Imagem Ponte cobertura (Fonte: Autor). Fig. 147

CORTE AA

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CORTE BB

A

CORTES (Fonte: Autor). Fig. 148

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CORTE (Fonte: Autor). Fig. 149

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CORTE CC

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FACHADA FRONTAL

FACHADA (Fonte: Autor). Fig. 150

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Brise de concreto original do prédio, mantido apenas com restauração e na cor crua Laje aparente na cor preto. possuindo função de moldura para as aberturas da fachada Vidro duplo para proteção acústica

Porta de correr sequencial (alumínio preto e vidro) Guarda corpo de alumínio na cor preto

Gobogó de ACM na cor amarelo 94


DETA

LH

E

FA

CH

AD

A DETALHE FACHADA (Fonte: Autor). Fig. 151

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FACHADA POSTERIOR

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FACHADA (Fonte: Autor). Fig. 152

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PRAÇA (Fonte: Autor). Fig. 153 e 154

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PRACA DO POVO

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VISTA SUPERIOR PRAÇA (Fonte: Autor). Fig. 155 -161

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PRACA DO POVO ATUALMENTE

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PRAÇA (Fonte: Autor). Fig. 162-165

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PRAÇA (Fonte: Autor). Fig. 166

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CRAS Visando a melhor convivÊncia entre os moradores locais, que são os moradores de rua, e os futuros moradores do Setor, foi projetado um Cras, para que seja possível acolher e dar assistência aos moradores de rua, também com o objetivo de maior preservacão da Praça do Povo. O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é a porta de entrada da Assistência Social. É um local público, localizado prioritariamente em áreas de maior vulnerabilidade social, onde são oferecidos os serviços de Assistência Social, com o objetivo de fortalecer a convivência com a família e com a comunidade. A partir do adequado conhecimento do território, o Cras promove a organização e articulação das unidades da rede socioassistencial e de outras políticas. Assim, possibilita o acesso da população aos serviços, benefícios e projetos de assistência social, se tornando uma referência para a população local e para os serviços setoriais. Conhecendo o território, a equipe do Cras pode apoiar ações comunitárias, por meio de palestras, campanhas e eventos, atuando junto à comunidade na construção de soluções para o enfrentamento de problemas comuns, como falta de acessibilidade, violência no bairro, trabalho infantil, falta de transporte, baixa qualidade na oferta de serviços, ausência de espaços de lazer, cultural, entre outros. Serviços ofertados O Cras oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). No Cras, os cidadãos também são orientados sobre os benefícios assistenciais e podem ser inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Público Atendido Famílias e indivíduos em situação grave desproteção, pessoas com deficiência, idosos, crianças retiradas do trabalho infantil, pessoas inseridas no Cadastro Único, beneficiários do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros.

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Ilustrações container (Fonte: Pinterest).

Vantagens da Construção em Contêiner:

Fig. 167-168

– Obra mais limpa com redução de entulho e de outros materiais; – Rapidez na execução, leva geralmente entre 60 a 90 dias para ficar pronta. – Economia de recursos naturais, menor uso de areia, tijolo, cimento, água, ferro etc – Reutilização do material. – Flexibilidade: Além da construção poder ser desmontada e montada em outro terreno, suas características modular e geométrica permite diversas configurações e facilita a construção e/ ou montagem. – Baixo custo – Bem administrada a construção pode ser 30% mais barato do que a tradicional.

ARQUITETURA DA PRAÇA

– Durabilidade; o contêiner tem vida útil longa; pois é projetado para resistir às diversas intempéries e suportar grandes cargas.

A arquittura dos quiosques, CRAS e Casa Lotérica da praça foi feita com containers, para que se comporte como uma arquitetura efêmera, cajo hajam mudanças futuramente. O contêiner (também container ou contentor) é uma caixa, feita em aço, alumínio ou fibra, muito bem estruturada para resistir ao uso constante de transporte de mercadorias de diversos tipos. É resistente a chuva, incêndio e outras intempéries.

– Na maioria das vezes, não requer serviços de fundação e terraplenagem. – Mantém boa permeabilidade do terreno.

A vida útil do contêiner para o mercado náutico é de aproximadamente 8 anos tendo uma vida real de 100 anos, o que geraria uma média de 92 anos de “inutilidade forçada”. Dois tipos de contêineres podem ser usados para construção: O contêiner marítimo comum, feito de aço corten, muito resiste à corrosão mas com deficiente isolamento térmico e acústico. O outro tipo é o container reefer, usado para transportar carga congelada, mais caro mas com melhor isolamento. (Fonte: sustentarqui.com.br)

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(Fonte: sustentarqui.com.br)


Vistas Praรงa (Fonte: Autor). Fig. 169-171

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Foto Burle Marx (Fonte: Autor). Fig. 172

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PAISAGISMO

O paisagismo da praça foi inspirado no estilo de projeto de Burle Marx, utilizando tons terrosos, geometria e também formas curvas. A estrutura original da praça foi mantida, sendo mudado apenas o piso, para um piso intertravado e drenante de concreto. A arquibancada antiga foi retirada, pois não era utilizada, dando lugar à uma arquitetura efêmera, feita com containers, e programa voltado para projetos sociais. Também foram colocados banheiros com duchas, bebedouros e áreas de vegetação que tambémfuncionam como bancos. A iluminação da praça foi completamente trocada, agora na altura do pedestre, proporcionando mais segurança ao usuário. Alguns pergolados foram colocados na área de convívio próximo ao CRAS, com vegetação, promovendo sombra ao local de permanência.’ É importante lembrar que todas a vegetação nativa foi mantida e novas foram inseridas, com a ideia de agragar ainda mais beleza e conforto à praça. Roberto Burle Marx, renomado paisagista brasileiro, nasceu em São Paulo, em 1909 e se formou em Artes Plásticas na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Ele introduz o uso de plantas nativas para composição dos jardins pois queria quebrar a hegemonia dos jardins de caráter europeu e realizar um paisagismo mais voltado à rica biodiversidade do Brasil, utilizando plantas da caatinga e das florestas tropicais. Para ele o jardim não devia se assemelhar à natureza, pois era algo estritamente humano, e por isso invariavelmente manifestava uma intenção, uma interpretação. Burle Marx morreu em 1994 após projetar mais de dois mil jardins. (Fonte: https://arquiteturaurbanismotodos.org.br)

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REFERÊNCIAS ArPDF, CODEPLAN, DePHA (orgs.). Relatório do Plano Piloto de Brasília. Brasília: GDF, 1991. AYOUB, Helena Aparecida. REABILITAR Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado. 2015. Disponível em: https://issuu.com/cesarmatos3/docs/reabi_li_tar_tfg. Acesso em: 01 out. 2019. BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA, José. Memória à Assembléia Constituinte. Disponível em: http://doc.brazilia.jor.br/Historia-Projetos/Bonifacio-1823-capital-interior.shtml. Acesso em: 25 out. 2019. COSTA, Lucio. O urbanista defende a sua cidade. (1967). In: COSTA, Lucio. Registro de uma vivência (op. cit.), p. 301. COSTA, Lucio. Saudação aos críticos de arte. 1967. (op. cit.), p. 298-299. DREXLER, A. (1979) Transformations in modern architecture, Museun of Modern Art, Nova Iorque. EVENSON, N. (1979) Paris: century of change, Yale University Press, New Haven. HOUSTON, James. A cidade modernista: Uma crítica de Brasília e sua utopia. São Paulo: Editora Schwarcz Ltda, 1993. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 3ª edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes Ltda, 2013. Jardiel Sampaio Oliveira, Rosío Fernández Baca Salcedo. Discente Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual Paulista (UNESP). AS MÚLTIPLAS DIMENSÕES DA RECICLAGEM E REQUALIFICAÇÃO DO EDIFÍCIO BRIGADEIRO TOBIAS NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO PAULO. Disponível em: http://docomomo.org.br/wp-content/uploads/2016/01/065.pdf. Acesso em: 29 out. 2019. LEI Nº 6.138, DE ABRIL DE 2018 - Decreto nº 39.272, de 2 de agosto de 2018. Código de Obras e Edificações do Distrito Federal - COE. Poder Executivo. . RELPH, Edward. A Paisagem Urbana Moderna. Lisboa: Edições 70 Ltda, 1987. WIAZOWSKI, Igor. Renovação E Requalificação De Edifícios De Escritórios Na Região Central Da Cidade De São Paulo: O Caso Do Edifício São Bartholomeu. Disponível em: http://poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/460a2446ff48a5d8a5edecb3ea606c08.pdf. Acesso em: 29 out. 2019.

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