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VESTIBULAR+ENEM 2018
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W W W . G U I A D O E S T U D A N T E . C O M . B R
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histรณria
Fundada em 1950
VICTOR CIVITA (1907-1990)
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto CorrĂŞa (Vice-Presidente), Alecsandra Zapparoli, Giancarlo Civita e JosĂŠ Roberto Guzzo Presidente do Grupo Abril: Walter Longo Diretora Editorial e Publisher da Abril: Alecsandra Zapparoli Diretor de Operaçþes: FĂĄbio Petrossi Gallo Diretor de Assinaturas: Ricardo Perez Diretora da Casa Cor: LĂvia Pedreira Diretor da GoBox: Dimas Mietto Diretora de Mercado: Izabel Amorim Diretor de Planejamento, Controle e Operaçþes: Edilson Soares Diretora de Serviços de Marketing: Andrea Abelleira Diretor de Tecnologia: Carlos Sangiorgio
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Diretor Editorial – Estilo de Vida: SÊrgio Gwercman
Diretor de Redação: Fabio Volpe Diretor de Arte: Fåbio Bosquê Editores: Ana Prado, Fåbio Akio Sasaki, Lisandra Matias, Paulo Montoia Repórter: Ana Lourenço Analista de Informaçþes Gerenciais: Simone Chaves de Toledo Analista de Informaçþes Gerenciais Jr.: Maria Fernanda Teperdgian Designers: Dânue Falcão, Vitor Inoue Estagiårios: Guilherme Eler, Paula Lepinski, Sophia Kraenkel Atendimento ao Leitor: Sandra Hadich, Walkiria Giorgino CTI Andre Luiz Torres, Marcelo Augusto Tavares, Marisa Tomas PRODUTO DIGITAL Gerentes de Produto: Pedro Moreno e Renata Aguiar
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COLABORARAM NESTA EDIĂ‡ĂƒO Consultoria e texto: Julio Cesar de Souza Ilustração: Alex Argozino, 45 Jujubas (capa) RevisĂŁo: Bia Mendes e texxto comunicação www.guiadoestudante.com.br GE HISTĂ“RIA 2018 ed.11 (ISBN 978-85-6952-230-0) ĂŠ uma publicação da Editora Abril. DistribuĂda em todo o paĂs pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicaçþes, SĂŁo Paulo.
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IMPRESSA NA GRà FICA ABRIL Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, CEP 02909-900 – Freguesia do Ó – São Paulo – SP
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APRESENTAÇÃO
Um plano para os seus estudos Este GUIA DO ESTUDANTE HISTÓRIA oferece uma ajuda e tanto para as provas, mas é claro que um único guia não abrange toda a preparação necessária para o Enem e os demais vestibulares. É por isso que o GUIA DO ESTUDANTE tem uma série de publicações que, juntas, fornecem um material completo para um ótimo plano de estudos. O roteiro a seguir é uma sugestão de como você pode tirar melhor proveito de nossos guias, seguindo uma trilha segura para o sucesso nas provas.
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1 Decida o que vai prestar
O primeiro passo para todo vestibulando é escolher com clareza a carreira e a universidade onde pretende estudar. Conhecendo o grau de dificuldade do processo seletivo e as matérias que têm peso maior na hora da prova, fica bem mais fácil planejar os seus estudos para obter bons resultados.
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COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE PROFISSÕES traz todos os cursos superiores existentes no Brasil, explica em detalhes as características de mais de 270 carreiras e ainda indica as instituições que oferecem os cursos de melhor qualidade, de acordo com o ranking de estrelas do GUIA DO ESTUDANTE e com a avaliação oficial do MEC.
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2 Revise as matérias-chave
Para começar os estudos, nada melhor do que revisar os pontos mais importantes das principais matérias do Ensino Médio. Você pode repassar todas as matérias ou focar apenas em algumas delas. Além de rever os conteúdos, é fundamental fazer muito exercício para praticar. COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ Além do GE HISTÓRIA, que você já tem em mãos, produzimos um guia para cada matéria do Ensino Médio: GE BIOLOGIA, Geografia, Português, Redação, Matemática, Química e Física. Todos reúnem os temas que mais caem nas provas, trazem muitas questões de vestibulares para fazer e têm uma linguagem fácil de entender, permitindo que você estude sozinho.
3 Mantenha-se atualizado
O passo final é reforçar os estudos sobre atualidades, pois as provas exigem alunos cada vez mais antenados com os principais fatos que ocorrem no Brasil e no mundo. Além disso, é preciso conhecer em detalhes o seu processo seletivo – o Enem, por exemplo, é bem diferente dos demais vestibulares. COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE Enem e o GE Fuvest são verdadeiros “manuais de instrução”, que mantêm você atualizado sobre todos os segredos dos dois maiores vestibulares do país. Com duas edições no ano, o GE ATUALIDADES traz fatos do noticiário que podem cair nas próximas provas – e com explicações claras, para quem não tem o costume de ler jornais nem revistas.
CAPA: 45 JUJUBAS
CALENDÁRIO GE 2017 Veja quando são lançadas as nossas publicações MÊS
PUBLICAÇÃO
Janeiro
Fevereiro
GE HISTÓRIA
Março
GE ATUALIDADES 1
Abril
GE GEOGRAFIA
Maio
GE QUÍMICA GE PORTUGUÊS
Junho
GE BIOLOGIA GE ENEM GE REDAÇÃO
Julho
GE FUVEST
Agosto
GE ATUALIDADES 2 GE MATEMÁTICA
Setembro
GE FÍSICA
Outubro
GE PROFISSÕES
Novembro Dezembro Os guias ficam um ano nas bancas – com exceção do ATUALIDADES, que é semestral. Você pode comprá-los também nas lojas on-line das livrarias Saraiva e Cultura. FALE COM A GENTE: Av. das Nações Unidas, 7221, 18º andar, CEP 05425-902, São Paulo/SP, ou email para: guiadoestudante.abril@atleitor.com.br
GE HISTÓRIA 2018
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CARTA AO LEITOR
8 EM CADA 10 APROVADOS NA USP USARAM
O selo de qualidade acima é resultado de uma pesquisa realizada com 351 estudantes aprovados em três dos principais cursos da Universidade de São Paulo: Direito, Engenharia e Medicina.
ALEXANDER KOERNER/GETTY IMAGES
A D I B I O 8 em cada 10 entrevistados na pesquisa usaram algum conteúdo do GUIA DO ESTUDANTE durante sua preparação para o vestibular.
TERRA À VISTA Bote com refugiados sírios chega à Ilha de Lesbos, na Turquia, em março de 2016
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Uma história de imigrações
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lgumas dezenas de refugiados sírios se espremem no pequeno bote inflável lançado ao Mar Mediterrâneo. O destino final é a Europa, mas eles não sabem se chegarão vivos – apenas em 2016, mais de 5 mil pessoas perderam a vida em situação semelhante. As turbulentas águas ameaçam virar o bote, mas o risco é calculado. Afinal, se a alternativa é permanecer em uma terra arrasada, em meio ao fogo cruzado da guerra que devasta a Síria, por que não tentar? Navegar nunca foi tão preciso. Felizmente, a história terminou bem, pelo menos em sua primeira e crucial etapa. A imagem acima testemunha os personagens dessa saga desembarcando sãos e salvos na costa da Turquia, na Ilha de Lesbos. De lá, ainda terão uma longa jornada por terra, rumo a algumas das principais cidades europeias, onde esperam uma oportunidade para recomeçar a vida. Este episódio é apenas um breve capítulo de um longo drama histórico conhecido como imigração, que aborda um fenômeno característico do comportamento humano. Desde que o Homo erectus deixou a África rumo à Europa e à Ásia, há 1,8 milhão de anos, os indivíduos se deslocam por diferentes espaços geográficos em busca de melhores condições de vida. Foi assim na era das Grandes Navegações, nos séculos XV e XVI. Foi assim durante a primeira metade do século XX, quando ocorreu a maior migração em massa da história. E está sendo assim na crise migratória atual, que já provocou o deslocamento de mais de 65 milhões de pessoas. Quando estudamos História, é fundamental ter essa perspectiva acerca do comportamento humano e de fenômenos que se manifestam em diferentes períodos da nossa existência. Compreender tais fatos históricos é uma poderosa ferramenta para aguçar a nossa percepção sobre o que se passa nos dias de hoje. Foi a partir dessa concepção que nós desenvolvemos a publicação que você tem em mãos. A ideia é unir a abordagem jornalística presente no noticiário atual ao didatismo necessário na preparação para os exames. O resultado é um guia de História que não perde a perspectiva dos principais acontecimentos contemporâneos, justamente em consonância com o que o Enem e os principais vestibulares exigem. Boa leitura e sucesso nos exames!
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Fábio Akio Sasaki, editor – fabio.sasaki@abril.com.br
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TESTADO E APROVADO!
� Pesquisa quantitativa feita nos dias 11 e 12/2/2015. � Total de estudantes aprovados nesses cursos: 1.725. � Margem de erro amostral: 4,7 pontos percentuais.
MAIS CONTEÚDO PARA VOCÊ
As publicações do GE contam agora com o recurso mobile view. Essa tecnologia permite que você acesse, com seu smartphone, conteúdos extras em algumas aulas e reportagens dos nossos guias. A presença desses conteúdos, principalmente em forma de vídeos, será sempre identificada com o ícone abaixo:
Usar o recurso mobile view é simples:
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Sumário História VESTIBULAR + ENEM 2018
EFEMÉRIDES
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Os principais eventos históricos que completam aniversário em 2017
10 12 14 15 18 20 22
Trump e a Pax Americana O novo papel dos Estados Unidos no mundo Primeiras civilizações Pré-História, Mesopotâmia e Egito Civilizações pré-colombianas A América antes dos europeus Grécia O berço da civilização ocidental, da democracia e da filosofia Roma A civilização mais poderosa da história Linha do tempo A cronologia dos principais fatos da Antiguidade Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
24 26 28 30 31 34 36
Uma Europa cada vez mais fechada A crise migratória no continente O poder da Igreja A força da principal instituição da Europa medieval Império Árabe A origem do islamismo e a unificação política Reino Franco O Império Carolíngio sob o comando de Carlos Magno Feudalismo O sistema político e econômico que predominou na Europa Linha do tempo A cronologia dos principais fatos da Idade Média Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
38 40 42 44 46 48 49 51 52
Do cisma à comunhão Os 500 anos da Reforma Protestante Renascimento O movimento intelectual e artístico que marcou a era Reforma religiosa A contestação dos dogmas da Igreja Católica Absolutismo e mercantilismo O poder nas mãos dos reis Expansão marítima e colonização da América As grandes navegações e as mudanças decorrentes da chegada de Colombo ao Novo Continente Revoluções inglesas do séc. XVII A burguesia contra o absolutismo Liberalismo e Iluminismo Uma nova forma de pensar no Ocidente Linha do tempo A cronologia dos principais fatos da Idade Moderna Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
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A globalização acusa o golpe O Brexit surpreende a União Europeia Revolução Francesa A revolta burguesa que transformou o mundo Revolução Industrial O capitalismo e as mudanças no trabalho Independência da América espanhola Liberdade sem rompimento
61 62 63 64 66 68 70 71 72 74 76 77 78 79 80 82 84
Doutrinas sociais e políticas do séc. XIX As teorias do período Primavera dos Povos e Comuna de Paris Insurgências socialistas Unificação da Alemanha e da Itália O surgimento de novas forças Imperialismo As potências europeias partilham o globo entre si I Guerra Mundial O choque de imperialismos e o brutal confronto Revolução Russa Surge a primeira nação socialista do planeta Grande Depressão A quebra da bolsa e a pior crise econômica do século Nazifascismo O avanço do totalitarismo na Alemanha e na Itália II Guerra Mundial O maior conflito da história redefine as forças Guerra Fria A ameaça mútua entre duas superpotências Revolução Chinesa Mao Tsé-tung e o nascimento do gigante comunista Revolução Cubana O comunismo desembarca nas Américas Descolonização afro-asiática As colônias obtêm a independência Guerra do Vietnã A derrota dos Estados Unidos nas selvas asiáticas Fim da Guerra Fria O efeito dominó provocado pela derrocada soviética Linha do tempo A cronologia dos marcos da Idade Contemporânea Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
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ANTIGUIDADE
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BRASIL COLÔNIA
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A escalada da exploração A persistência do trabalho escravo Política, economia e sociedade As relações entre Portugal e a colônia Interiorização Bandeirantes e jesuítas desbravam o interior Escravidão A cruel exploração de índios e negros africanos Independência O Brasil ganha soberania sem alterar a estrutura social Linha do tempo A cronologia dos principais fatos do Brasil Colônia Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
100 102 103 105 108 110
Harmonia comprometida Brasil e Venezuela divergem no Mercosul Primeiro Reinado O breve e conturbado governo de dom Pedro I Regências Governos provisórios e agitação política Segundo Reinado Dom Pedro II e o último capítulo da monarquia Linha do tempo A cronologia dos principais fatos do Brasil Império Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
112 114 115 118 120 123 126 128 130
Uma nova ruptura institucional O impeachment de Dilma República da Espada Os militares comandam um regime centralizador República Oligárquica Minas Gerais e São Paulo dão as cartas Primeiro governo Vargas Desenvolvimento e autoritarismo República Democrática Um período de ameaças institucionais Ditadura militar O golpe de Estado e a violação dos direitos Nova República A volta da democracia e a busca por estabilidade Linha do tempo A cronologia dos principais fatos do Brasil República Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção
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BRASIL IMPÉRIO
IDADE MODERNA
IDADE CONTEMPORÂNEA
BRASIL REPÚBLICA
RAIO X
132 As preciosas informações contidas nos enunciados das questões SIMULADO
134 31 questões e resoluções passo a passo GE HISTÓRIA 2018
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EFEMÉRIDES LIBERTAD Em 1817 começa a guerra que culminou com a independência das colônias espanholas na América, como a Argentina, retratada na pintura ao lado
80 ANOS – 1937
Getúlio Vargas implanta a ditadura do Estado Novo Pablo Picasso expõe pela primeira vez a pintura Guernica, em Paris Início da Segunda Guerra SinoJaponesa
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[1]
70 ANOS – 1947
Fique de olho nas efemérides em 2017
500 ANOS – 1517
O monge alemão Martinho Lutero dá início à Reforma Protestante
Início da guerra pela independência das colônias espanholas na América Estoura a Revolução Pernambucana
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Efeméride é o nome que damos para aquelas datas redondas, em que lembramos fatos relevantes ocorridos 10, 50 ou 100 anos atrás. Veja quais acontecimentos históricos estão celebrando aniversário e podem ser explorados nos principais vestibulares.
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200 ANOS – 1817
150 ANOS – 1867
Publicação de O Capital, de Karl Marx
100 ANOS – 1917
Os Estados Unidos declaram guerra à Alemanha e entram na I Guerra Mundial O Brasil também volta-se contra a Alemanha e entra na I Guerra Mundial Tem início a Revolução Russa
Índia e Paquistão conquistam a independência e entram em confronto na Guerra da Caxemira Os Estados Unidos estabelecem a Doutrina Truman, um conjunto de medidas em política externa para conter o avanço do socialismo A Assembleia Geral da ONU aprova a divisão da Palestina em dois Estados – um judeu e um árabe
60 ANOS – 1957
Gana se torna a primeira colônia da África Ocidental a conquistar a independência O Tratado de Roma estabelece a criação da Comunidade Econômica Europeia, embrião da União Europeia A União Soviética lança o Sputnik I, o
GETULISMO A ditadura do Estado Novo, implementada por Getúlio Vargas, faz 80 anos em 2017 – na foto, comemoração do Dia do Trabalho, em 1942, no Rio de Janeiro
8 GE HISTÓRIA 2018
[2]
[1] REPRODUÇÃO [2] ARQUIVO NACIONAL [3] MARC HUTTEN / AFP [4] ITAMAR MIRANDA/ESTADÃO CONTEÚDO
SEM TERNURA Capturado nas florestas bolivianas pelas forças locais e agentes da CIA, o líder revolucionário Ernesto Che Guevara é morto em 1967
primeiro satélite artificial a orbitar a Terra, inaugurando a era espacial Início da construção de Brasília
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50 ANOS – 1967
Israel vence a Guerra dos Seis Dias contra Egito, Síria e Jordânia Morre Ernesto Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana Morre o escritor Guimarães Rosa O primeiro transplante de coração é realizado na África do Sul
[3]
40 ANOS – 1977
O presidente brasileiro Ernesto Geisel baixa o Pacote de Abril, conjunto de medidas que altera as regras eleitorais O estado de Mato Grosso é dividido, dando origem ao Mato Grosso do Sul O presidente do Egito Anwar Sadat é o primeiro líder árabe a visitar Israel Morre a escritora Clarice Lispector
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N E V 30 ANOS – 1987
Jovens palestinos apedrejam forças de segurança israelense e dão início à revolta conhecida como Intifada (levante) Início da Assembleia Constituinte Brasileira Morre o poeta Carlos Drummond de Andrade Morre o antropólogo Gilberto Freyre
25 ANOS – 1992
Tem início a Guerra da Bósnia, o mais sangrento confronto em solo europeu desde a II Guerra Mundial Eleitores na África do Sul aprovam o fim do apartheid em plebiscito O Tratado de Maastricht é assinado na Holanda, criando a União Europeia Líderes mundiais reúnem-se no Rio de Janeiro para a Eco-92, a maior conferência sobre meio ambiente já realizada A Câmara dos Deputados abre processo de impeachment contra o presidente Fernando Collor, que renuncia
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[4]
Após uma rebelião no pavilhão 9 do presídio do Carandiru, em São Paulo, a Polícia Militar invade o local e mata 111 detentos, no Massacre do Carandiru
MASSACRE Acionada para conter uma rebelião no presídio do Carandiru, em São Paulo, a Polícia Militar mata 111 detentos em 3 de outubro de 1997
20 ANOS – 1997
O Reino Unido devolve Hong Kong à China O presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona lei que permite a reeleição de presidente, governadores e prefeitos Morre Deng Xiaoping, líder do Partido Comunista Chinês Morre o pedagogo Paulo Freire Assinatura do Protocolo de Kyoto, o primeiro acordo global para redução de emissões de gases do efeito estufa
Cientistas britânicos apresentam a ovelha Dolly, o primeiro mamífero a ser clonado a partir de uma célula adulta
10 ANOS – 2007
O Brasil anuncia a exploração de petróleo na camada do pré-sal, no campo de Tupi, na Bacia de Santos GE HISTÓRIA 2018
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AN T IG U ID AD E CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
Primeiras civilizações ....................................................................................12 Civilizações pré-colombianas ......................................................................14 Grécia ...................................................................................................................15 Roma ....................................................................................................................18 Linha do tempo ................................................................................................20 Como cai na prova + Resumo .......................................................................22
Donald Trump e a Pax Americana
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Promessas de campanha do presidente dos EUA colocam em dúvida a disposição do país em defender aliados e exercer sua liderança global
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m 20 de janeiro, Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos (EUA) cercado de expectativas. Será que o republicano irá cumprir todas as polêmicas promessas que fez durante a campanha que o levou ao poder? Entre elas, chama a atenção o conjunto de propostas para a política externa norte-americana. Sob o lema “America First” (algo como “América em primeiro lugar”), o novo presidente sinaliza que os EUA devem voltar-se para a solução dos assuntos domésticos, abrindo mão de exercer seu poder para sustentar a hegemonia global. Ao final da II Guerra Mundial, em 1945, quando os EUA emergiram como a grande potência no mundo capitalista, teve início o período que muitos especialistas chamam de Pax Americana – ou Paz Americana, em latim. Devido à imensa supremacia econômica e militar, os EUA conseguiram influenciar o mundo de acordo com seus interesses. Mesmo diante do antagonismo exercido pela comunista União Soviética (URSS), os norte-americanos construíram diversas parcerias, atraindo nações dispostas a seguirem a sua liderança em troca de segurança. Se não garantiu a paz absoluta, foi capaz de evitar conflitos de proporções globais. Esse processo acentuou-se com a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS (1991), que consolidaram a hegemonia dos EUA.
N E V 10 GE HISTÓRIA 2018
O que Trump promete agora é rever alguns pilares que sustentam a Pax Americana. O novo presidente quer que os EUA evitem intervenções que não dizem respeito aos interesses norte-americanos mais imediatos. Também não se mostra disposto a manter alianças históricas com Japão, Coreia do Sul e Arábia Saudita – que, na sua visão, oneram demasiadamente os cofres norte-americanos para garantir a segurança dos parceiros. E a aliança com a Europa pode ficar comprometida caso Trump não honre seus compromissos de defender os membros da Otan (a aliança militar ocidental) no caso de algum deles sofrer um ataque. Enfim, Trump quer que os EUA abdiquem de seu papel de xerife do mundo e responsável pelo equilíbrio militar entre as potências mundiais. O termo Pax Americana é uma referência direta ao Império Romano, quando Augusto impôs a paz a partir da supremacia de Roma sobre os seus inimigos – a Pax Ro- AMERICA FIRST mana. Neste capítulo, Com o lema “América você irá conhecer mais em primeiro lugar”, o detalhes sobre a ascen- presidente dos EUA, Donald são e queda do Impé- Trump, prometeu uma rio Romano e de outras política externa menos importantes civiliza- comprometida com a ções da Antiguidade. defesa de aliados históricos
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N E V GREGG NEWTON/AFP
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GE HISTÓRIA 2018
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ANTIGUIDADE PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES
Surge a vida em comunidade
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Em cerca de 5 milhões de anos, o homem moderno dominou a natureza e inventou a civilização
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período conhecido como PréHistória teve início cerca de 5,5 milhões de anos atrás, com o surgimento dos primeiros hominídeos (família de primatas ancestrais do homem) e se estendeu até aproximadamente o ano de 4000 a.C., quando a escrita foi inventada e começaram a aparecer as primeiras civilizações. Esses milhões de anos foram marcados pela evolução das espécies humanas, que culminou com o surgimento do homem moderno, chamado de Homo sapiens, entre 200 mil e 100 mil anos atrás. Nesse início da Pré-História, que compreende o chamado Período Paleolítico (também conhecido como Idade da Pedra Lascada), os humanos viviam em grupos nômades, isto é, não estavam fixos à terra. Eram essencialmente caçadores e coletores. Entre suas características culturais, podemos destacar a fabricação de objetos de pedra, a utilização do fogo e o desenvolvimento da linguagem oral, além de datarem dessa época as primeiras pinturas rupestres.
[1]
Essas mudanças, conhecidas como Revolução Agrícola ou Neolítica, marcam o início do Período Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida. Essa época é caracterizada pela transformação dos grupos humanos de coletores em produtores e pela sedentarização desses grupos, o que permitiu a ocorrência da Revolução Urbana. A sedentarização, o crescimento do número de integrantes das famílias e a progressiva aproximação entre elas conduziram essas comunidades à criação de um espaço de vida comum, composto de construções que abrigavam e protegiam seus membros. Foram criadas, ainda, regras para regular o convívio. Construiu-se uma sociedade com base no conceito de cooperação – a terra, os rebanhos e os instrumentos eram de todos, e o indivíduo só poderia se considerar dono deles se pertencesse à comunidade. A economia também evoluiu: as tribos passaram a produzir mais do que precisavam para consumo próprio e a trocar esses excedentes com outras comunidades. Entre 5000 a.C. e 4000 a.C., alguns grupos começaram a utilizar o cobre na fabricação de utensílios e armas, no período que ficou conhecido como Idade dos Metais. Posteriormente também foram descobertos o bronze (2500 a.C.) e o ferro (1.200 a.C.). A superioridade militar desses grupos de metalúrgicos obrigou outras comunidades a tornarem suas sociedades mais complexas, sendo atribuída aos governos uma nova função: a de proteção de seus membros.
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Revolução Agrícola e Urbana
A situação dos grupos humanos foi radicalmente alterada por volta do ano de 10000 a.C., com o fim da última glaciação. As mudanças climáticas e físicas do planeta proporcionaram o surgimento de vales férteis e de imensos rios em regiões anteriormente áridas. Com isso, os homens se fixaram à terra, iniciando as primeiras práticas agrícolas e a domesticação de animais por volta de 8000 a.C.
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Mesopotâmia e Egito
O surgimento desses núcleos urbanos deu origem às primeiras cidades-Estado, que serviram de base para as primeiras civilizações do Oriente Médio: a Mesopotâmia e o Egito. Politicamente, tanto Egito como Mesopotâmia eram organizadas na forma de teocracias, na qual o soberano detinha os poderes político e religioso e a classe dos sacerdotes possuía privilégios especiais. De uma forma geral, podemos situar as atividades econômicas de Egito e Mesopotâmia no chamado Modo de Produção Asiático. Por essa definição, todas as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela comunidade, que consumia sua própria produção e estava obrigada a entregar o excedente para os governantes. A obrigação de todos os homens livres de prestarem serviços ao Estado é conhecida, nessa forma de organização, como servidão coletiva. Além disso, por estarem situadas ao longo de grandes rios – o Egito banhado pelo Rio Nilo e a Mesopotâmia desenvolvida entre os rios Tigre e Eufrates –, as comunidades dependiam do controle sobre os seus ciclos de cheias e vazões. Desenvolveram, assim, as civilizações de regadio, com o domínio de técnicas de irrigação que envolviam a construção de diques e canais. Ao contrário do Egito, que, desde aproximadamente 3200 a.C., se constituiu como um Estado centralizado, a Mesopotâmia foi dominada por sucessivos povos que impunham suas determi-
O ORIENTE MÉDIO NA ANTIGUIDADE
VIDA APÓS A MORTE Ilustração de 1300 a.C. mostra ritual funerário no Egito antigo: processo de mumificação permitiu avanços na área da medicina
Algumas das pprincip principais cipais civilizaç civilizações dda Antiguidade iguida se es est estabeleceram tabb entre o Egito e o atu atual ua Irãã
Mar de Aral ral al
Mar Negro
MESOPOTÂMIA MESO ÂMIA
Mar Mediterrâneo
BAIXO EGITO
Limite sul do Antigo Império (3200 a.C.-2000 a.C.)
Teba baas bas
ALTO EGITO
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elho
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[1] REPRODUÇÃO/MUSEU BRITÂNICO
Susa
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MESOPOTÂMIA Os sumérios inventaram a escrita cuneiforme, feita com talhes em placas de argila. Entre as principais contribuições dos babilônios está o Código de Hamurabi, um dos mais antigos códigos jurídicos escritos, que contém a famosa Lei de Talião (“olho por olho, dente por dente”). Os assírios destacaram-se pela criação da Biblioteca de Nínive, com registros preciosos sobre o seu modo de vida e dos povos que dominaram.
IMPÉRIO O PERSA
Ecbatana
Persépolis
Go
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EGITO Elementos da religião do Egito antigo podem ser encontrados nas mais diversas religiões do mundo atual, como a ideia da vida após a morte, a reencarnação e o julgamento final. Suas pesquisas voltadas para a mumificação dos corpos permitiram o desenvolvimento de conhecimentos na medicina. Também desenvolveram estudos em astronomia e matemática, além de sofisticadas técnicas agrícolas e de construção de templos e pirâmides.
D Damasco
PALESTINA
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As duas civilizações deixaram um expressivo legado cultural:
Tiroo
Jerusalém Je ém m
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Contribuições
fr Eu
FENÍC FFENÍ FE FEN EN NÍC NÍCIA NÍ N Í
Mar Cáspio
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Rio Tig Rio re a tes
Rio
nações aos dominados, mas sem perder as características gerais da organização da região. Os principais povos a deixarem suas marcas na Mesopotâmia foram os sumérios, os amoritas (I Império Babilônico), os assírios e os caldeus (II Império Babilônico). A sociedade das duas civilizações era rigidamente estratificada, dividida entre dominantes (governantes, sacerdotes, militares e comerciantes) e dominados (camponeses, pequenos artesãos e escravos). As semelhanças culturais são, fundamentalmente, no campo religioso, uma vez que ambas as civilizações praticavam o politeísmo – crença religiosa em mais de um deus.
Limite te su sul s do Médio dioo Império (2000 a.C.-15558880 a.C.))
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Mar Arábico
Egito Palestina Fenícia
Mesopotâmia Império Persa
HEBREUS,, FENÍCIOS E PERSAS FORMARAM OUTRAS IMPORTANTES CIVILIZAÇÕES NA ANTIGUIDADE
Além dos egípcios e mesopotâmicos, três outros povos tiveram destaque na Antiguidade Oriental: os hebreus, os fenícios e o persas.
Os hebreus fixaram-se na região da Palestina por volta de 2000 a.C., mas, devido a uma seca prolongada, migraram para o Egito, por volta do século XVII a.C., onde foram escravizados. A fuga do Egito de volta à Palestina (Êxodo) foi comandada por Moisés, que, durante o retorno, segundo a tradição religiosa, teria recebido de Deus os Dez Mandamentos. De volta à Palestina, foram constantemente invadidos, tendo sido escravizados na Mesopotâmia (Cativeiro da Babilônia). Após retornarem, libertados pelos persas, foram dominados pelos macedônicos e pelos romanos, que os expulsaram da região por volta de 70 d.C., dando início à dispersão hebraica (Diáspora). Os hebreus criaram a primeira religião monoteísta da história ((judaísmo), base de duas religiões posteriores, o cristianismo e o islamismo. A Fenícia (atual Líbano) constitui uma civilização diferenciada na Antiguidade Oriental, já que tinha o comércio e as trocas como bases de sua economia e se organizava politicamente em cidades-Estados, enquanto os outros povos, em geral, dedicavam-se à agricultura e possuíam governos centralizados. Entre as principais contribuições dos fenícios está o desenvolvimento de uma escrita alfabética, base para grande parte dos alfabetos modernos. Na Pérsia (atual Irã) surgiu um dos maiores impérios da Antiguidade. Ciro I foi responsável pelo início da expansão no século VI a.C. Cambises conquistou o Egito, e Dario I levou o império à sua extensão máxima. Os persas conquistaram, além do Egito, a Mesopotâmia, a Palestina, a Fenícia, a Ásia Menor (Turquia) e a Índia. Sob o comando de Xerxes, Dario II e Dario III, o império declinou, até ser conquistado por Alexandre, o Grande, no século IV a.C. A religião persa, o zoroastrismo, defendia que os homens que praticassem boas ações deveriam ser recompensados futuramente. Acreditavam no dualismo, a eterna disputa entre o bem e o mal, e no livre arbítrio, pelo qual o homem escolhe o caminho a seguir, tendo consciência das consequências de seus atos. GE HISTÓRIA 2018
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ANTIGUIDADE CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS
Impérios do Novo Mundo
A D I B I O
Na América, os incas, os maias e os astecas organizaram Estados teocráticos semelhantes aos das primeiras civilizações do Oriente
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inda não sabemos exatamente quando e como os primeiros humanos chegaram ao continente americano. Entre as hipóteses mais aceitas para a chegada do homem à América, a mais tradicional defende que há 12 mil anos um grupo vindo da Ásia teria atravessado a região congelada do Estreito de Bering até a América do Norte e de lá se deslocado em direção à América Central e à América do Sul. Essa tese é embasada em descobertas arqueológicas, como a de Luzia, na região de Lagoa Santa (MG), o mais antigo esqueleto humano brasileiro conhecido, que teria vivido entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás. Uma outra tese sugere que os primeiros americanos usaram barcos para passar da Ásia para a América do Norte cerca de 15 mil anos atrás. Uma terceira teoria propõe que teriam chegado ao continente há mais de 60 mil anos, vindos da Oceania, após cruzar o Oceano Pacífico. A evidência para a data são ferramentas de pedra e restos de fogueira de 58 mil anos achados no sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato (PI). Milhares de anos após o homem chegar à América surgiram civilizações que dominaram boa parte do continente antes da chegada dos europeus. Os incas, os maias e os astecas possuíam uma organização política, econômica e social muito semelhante à das primeiras civilizações do Oriente, apesar da grande distância entre elas no tempo e no espaço.
Astecas
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PLANO DIRETOR Mural feito pelo artista Diego Rivera no Palácio Nacional da Cidade do México mostra o avançado planejamento urbano dos astecas
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No auge da expansão Incas (XVI) Maias (IX) Astecas (XVI)
Maias
A civilização maia foi a primeira a se consolidar como império, atingindo o auge no fim do século IX, período em que dominava do sul do México à Guatemala. Eles já entendiam o conceito do número zero, que só posteriormente seria bem compreendido pelos europeus, e sua arquitetura era tão grandiosa quanto a egípcia e a romana. Na cidade de Tikal, havia um templo com 70 metros de altura, o maior edifício erguido na América antiga. Acredita-se que guerras ou o esgotamento das terras cultiváveis levaram a civilização a um rápido declínio a partir do ano 900. No início do século XVI, os maias encontrados pelos espanhóis eram simples agricultores.
Enquanto os maias entravam em decadência, os astecas começaram a crescer, por volta do século XII, na região central do México. Seu planejamento urbano era impecável. As obras públicas incluíam quilômetros de estradas e aquedutos. A capital Tenochtitlán foi erguida em área pantanosa, cuidadosamente drenada e aterrada para comportar cerca de 100 pirâmides e torres. O império ainda estava se expandindo quando ocorreu o contato com os espanhóis, em 1519. Em apenas dois anos, os europeus dominaram o mais importante centro asteca: Tenochtitlán, a atual Cidade do México, que tinha mais de 140 mil habitantes e foi a maior cidade das antigas civilizações da América.
Incas
A partir do século XV, os incas construíram um império com 12 milhões de pessoas. Quando os espanhóis chegaram, dominavam áreas do norte do Equador à região central do Chile. Cuzco, a capital, e Machu Picchu eram as principais cidades. Possuíam conhecimentos astronômicos avançados e eram capazes de aplicar conceitos de matemática e geometria em suas edificações. Além disso, construíram um complexo sistema de estradas que ligava todo o império, com cerca de 7 mil km de extensão. Epidemias e lutas pela sucessão imperial deixaram a civilização enfraquecida para enfrentar os europeus. Os espanhóis os derrotaram rapidamente, entre 1532 e 1535.
ANTIGUIDADE GRÉCIA
Os pais do Ocidente
A D I B I O
A civilização da Grécia antiga deu origem à cultura ocidental ao inventar a cidadania, a democracia, a filosofia, a geometria e o teatro
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civilização grega, na qual foram estabelecidas as bases da política e da cultura ocidentais, começou a se formar em torno de 2000 a.C., na Península Balcânica, e entrou em declínio no século II a.C., quando o território foi ocupado pelos romanos. A história da Grécia antiga é dividida em cinco períodos: Pré-Homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico.
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Período Arcaico (séc. VIII a.C. – séc. VI a.C.)
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Período Pré-Homérico (séc. XX a.C. – séc. XII a.C.)
Os mais antigos resquícios da ocupação humana ao sul dos Bálcãs datam de 2000 a.C. A região foi ocupada, sucessivamente, pelos aqueus, jônios e eólios. Até o século XII a.C., floresceu na região uma civilização semelhante às do Oriente, cujo centro era Micenas, situada no norte do Peloponeso. A chegada dos dórios, povo guerreiro vindo do norte, destruiu a civilização micênica e deu início à primeira diáspora grega.
Período Homérico (séc. XII a.C. – séc. VIII a.C.)
Recebe esta denominação porque as principais fontes que temos desse período são os poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero. Nessa época, a sociedade se organizava em comunidades familiares (genos) lideradas por um “pater”, que reinava sobre a família, dependentes, escravos e bens. No início do séc. VIII a.C., essas comunidades familiares passaram por processo de fusão (cinesismo), originando a pólis (cidade).
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O que demarca o começo do Período Arcaico é o surgimento da pólis. Do ponto de vista político, o regime era aristocrático, governado pelas famílias mais tradicionais, que se apossaram das melhores terras. O descompasso entre o crescimento da população e a disponibilidade de áreas férteis deu origem a uma série de conflitos sociais. Como resultado dessas tensões, houve um processo de colonização, que consistiu num movimento migratório que visava à construção de cidades gregas na Ásia Menor, norte da África e sul da Itália (Magna Grécia), também conhecido como segunda diáspora grega. Entre as principais cidades que surgiram na Grécia no início do Período Arcaico, destacam-se Atenas e Esparta. � ATENAS Do ponto de vista econômico,
a principal atividade era a agricultura. Devido à escassez de terras férteis na região, a população logo passou a se dedicar também ao comércio marítimo e à pesca. A sociedade era composta basicamente das seguintes classes: eupátridas (famílias mais tradicionais e proprietários das terras mais férteis); georgóis (pequenos proprietários); thetas (homens livres pobres); demiurgos (comerciantes); metecos (estrangeiros residentes na cidade que exerciam várias atividades, como artesãos, professores, artistas e comerciantes); e escravos (que predominaram apenas no Período Clássico).
[1] REPRODUÇÃO/DIEGO RIVERA/PALÁCIO NACIONAL–MÉXICO [2] MUSEU DO VATICANO
GRUPO DE LAOCOONTE Uma das esculturas mais expressivas do Período Helenístico, a obra de Agesandro, Atenodoro e Polidoro representa cena da Guerra de Troia
Em relação à política, a principal característica da cidade-Estado grega é que ela se autogovernava. Em Atenas, a monarquia foi extinta logo no início do Período Arcaico, e o governo passou a ser exercido pela aristocracia, por meio do Areópago, um tipo de conselho que reunia os representantes da aristocracia. A desigualdade social marcou a história de Atenas, com constantes revoltas e instabilidade política. Para tentar resolver as sucessivas crises, alguns legisladores impuseram reformas. O primeiro foi Drácon, que, em 621 a.C., redigiu as leis – até então orais –, dificultando sua manipulação pelos eupátridas. A rigidez do código inspirou o adjetivo draconiano. As reivindicações populares não cessaram, e, em 594 a.C., outro legislador entrou em ação: Sólon. Ele aboliu a escravidão por dívidas, libertou os devedores e determinou a devolução de terras confiscadas pelos credores eupátridas. Apesar das reformas, os conflitos sociais se mantiveram, dando origem a uma guerra civil. Aproveitando-se da situação de crise, em 560 a.C. o eupátrida Psístrato tomou o poder, instaurando um novo tipo de governo, a tirania (diferentemente de hoje, o termo não indicava um governo opressor, mas, sim tomado ilegalmente). Em 507 a.C., Atenas foi varrida por uma revolta popular liderada pelo aristocrata Clístenes. Ele dividiu a cidade em dez tribos e fortaleceu as assembleias populares. Com essas mudanças, todos os cidadãos de Atenas podiam participar diretamente do governo. Esse sistema ficou conhecido GE HISTÓRIA 2018
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ANTIGUIDADE GRÉCIA MUNDO GREGO Veja como era o território da Grécia e por onde se estendiam suas colônias no século VI a.C. Heracleia
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CRETA ÁFRICA
Cirene
Colonização grega
A D I B I O FENÍCIA
Apolônia
Fonte: Alfredo Boulos Júnior, História: Sociedade & Cidadania – 5ª série, 1 ed., FTD, págs. 214, 220
como democracia (governo do povo). Para manter a ordem, Clístenes criou o ostracismo, que era a suspensão dos direitos políticos e o exílio de cidadãos que ameaçassem o novo sistema. Existia em quase todas as pólis um espaço público chamado Ágora, no qual os cidadãos se reuniam para discutir temas ligados a justiça, leis, cultura, obras públicas etc. Apesar de a maioria das cidades possuírem esse espaço, foi em Atenas que a Ágora se destacou.
Período Clássico (séc. VI a.C. – séc. IV a.C.)
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fundada pelos dórios no século IX a.C., chamava atenção pelo caráter militar de sua sociedade. Até seu desaparecimento, no século IV a.C., a cidade manteve a estrutura social estratificada (sem mobilidade) e o regime oligárquico. Os espartanos, descendentes dos dórios, eram os únicos a possuir direitos políticos e monopolizavam o poder; os periecos habitavam a periferia e dedicavam-se ao comércio e ao artesanato; os hilotas, servos de propriedade do Estado, cultivavam as terras dos espartanos. Quem detinha o poder político de fato na cidade era o eforato, formado por cinco magistrados eleitos anualmente. Os demais órgãos administrativos eram a diarquia, composta de dois reis hereditários que exerciam funções executivas e militares; a gerúsia, constituída de 28 membros vitalícios que apresentavam projetos de leis; e a ápela, ou assembleia popular, formada pelos espartanos com mais de 30 anos, com funções consultivas.
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Nesta fase, a Grécia antiga atingiu o apogeu e, por fim, acabou destruída por guerras. Atenas, com seu novo sistema democrático, desenvolveu-se e expandiu-se pelo Mar Egeu. Sua política hegemônica, no entanto, esbarrou em outra potência: a Pérsia. A luta pela supremacia marítima e comercial entre gregos e persas (ou medos), conhecida como Guerras Médicas, teve como estopim o levante das cidades gregas da Ásia Menor, em 499 a.C., contra a política expansionista do imperador Dario, da Pérsia. Nesse confronto, os gregos conseguiram vencer a expedição de 50 mil persas enviada à planície de Maratona. Mas os
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ESPARTA Localizada no Peloponeso e
PERSAS
RODES
Mar Mediterrâneo
Grécia antiga
Trebizonda
inimigos não desistiram e, em 486 a.C., voltaram a atacar as pólis, que se uniram para vencê-los novamente nas batalhas de Salamina e Plateia. Sabendo que os persas poderiam voltar a atacar, várias cidades se reuniram e, lideradas por Atenas, formaram a Confederação de Delos. Responsável pela administração financeira da confederação, Atenas usou os recursos em benefício próprio, impulsionando sua indústria e seu comércio. Logo se tornou a cidade mais poderosa da Grécia. O apogeu dessa fase ocorreu entre 461 a.C. e 431 a.C., quando a pólis foi governada por Péricles. Durante o século V a.C. (chamado de século de Péricles), ele fez reformas para diminuir o desemprego e realizou obras públicas.
SAIU NA IMPRENSA CARMEN LÚCIA: PRAÇA VIRTUAL PODE SER NOVA ÁGORA E AJUDAR NA DEMOCRACIA DIRETA
Do Estadão Conteúdo
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, afirmou nesta quintafeira, 20, que o advento de novas tecnologias pode ajudar na democracia direta, diferente da democracia representativa, que atualmente tem maior destaque. (...). “Às vezes eu me pergunto se não estamos tendo uma grande oportunidade de passar da democracia representativa para formas de
democracia direta. Quando eu dava aula, só passava para os meus alunos esse tema como um dado histórico, vindo da Grécia, onde os assuntos eram colocados em praça pública para todos poderem opinar e decidir. Agora temos uma praça virtual, podemos ter de novo uma ágora para todos se manifestarem”, comentou. Ela disse acreditar que, dentro de muito pouco tempo, existirão mecanismos de manifestação que permitirão que parte das atividades do Estado sejam exercidas de maneira direta pela população, com um novo modelo de democracia. (...) IstoÉ, 20/10/2016
SAIBA MAIS FILOSOFIA GREGA
O estudo da filosofia grega antiga, tradicionalmente, divide-se em três períodos: PréSocrático, Clássico e Helenístico. Conheça algumas das principais características e autores de cada um deles.
Nessa época também surgiram grandes artistas, filósofos e dramaturgos. Eram os “anos de ouro” de Atenas. Esse sucesso acirrou a rivalidade entre as cidades e fez com que Esparta liderasse a Liga do Peloponeso, que empreendeu, em 431 a.C., uma guerra contra a Confederação de Delos, a Guerra do Peloponeso. Com a vitória espartana e a devastação de muitas cidades, começou o último período da história da Grécia antiga.
Período Helenístico (séc. IV a.C.– séc. II a.C.)
Após anos de guerras, acabou a hegemonia ateniense e teve início a de Esparta, que impôs governos oligárquicos em todas as pólis da Confederação de Delos. Mas o auge espartano foi breve. Em 371 a.C., a cidade foi derrotada por Tebas, na Batalha de Leutras. As constantes lutas arrasaram as cidades e desorganizaram o mundo grego. Empobrecidas e fracas, as pólis foram presas fáceis para o grandioso Exército de Felipe II, rei da Macedônia (região norte da Grécia Continental). Em 338 a.C., teve fim a autonomia das pólis gregas. O filho e sucessor de Felipe, Alexandre, o Grande, foi ainda mais longe: conquistou o Império Persa e dominou vastos territórios, do Egito até a Índia. Com ele, houve grande aceleração do comércio, da urbanização e da mesclagem de valores gregos com os dos povos conquistados. Essa mistura deu origem à cultura helenística. Em 323 a.C., com a morte de Alexandre, seus generais dividiram o império. No século II a.C., a Grécia e a Macedônia foram convertidas em províncias da nova potência mundial: a civilização romana.
PRÉ-SOCRÁTICO ao contrário do que o nome sugere, os filósofos deste período não antecederam a Sócrates necessariamente. Eles são classificados mais pelo objeto de sua filosofia do que por sua cronologia, já que alguns nomes são contemporâneos ou posteriores a Sócrates. Esses filósofos tinham como objeto a cosmologia – o estudo da origem e da evolução do Universo. Eles inauguram uma mentalidade baseada na razão para entender os fenômenos da natureza, na qual se norteavam por princípios naturais, rompendo com o sobrenatural e a tradição mítica. Com a evolução dos estudos filosóficos surgem os sofistas, que mudaram o foco do cosmo para o homem e os problemas morais a ele pertinentes. Nesta linha destacam-se Tales de Mileto, O QUE ISSO TEM A VER COM Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto, Heráclito, Pitágoras, MATEMÁTICA Xenófanes, Anaxágoras, Demócrito e Diógenes.
CLÁSSICO Sócrates surge como divisor do pensamento filosófico grego. A partir de seus estudos, as questões da natureza e do princípio das coisas mudam para o indivíduo, o homem da pólis – para ele, mais importantes eram as questões referentes à ética e à existência humana. Sócrates desenvolveu a maiêutica, método de perguntas e respostas para a busca da verdade. Usa o diálogo como método para levar as pessoas a reconhecer a própria ignorância – “só sei que nada sei”. Mas é com Platão e Aristóteles que a filosofia clássica atinge seu auge. Para Platão, discípulo de Sócrates, as ideias são o próprio objeto do conhecimento intelectual. Ao desenvolver sua Teoria das Ideias ou das Formas, afirma que as ideias (formas) não materiais (abstratas) possuem o mais alto e fundamental tipo de realidade, e não o mundo material, mutável, conhecido pelos homens por meio das sensações. O que não se vê é mais real do que o visível, já que é captado pelos “olhos da alma” e não pelos “olhos do corpo”. Dessa forma criou o conceito da filosofia metafísica. Já Aristóteles, criador da lógica e da ética filosófica, defendeu a supremacia do real sobre as ideias, contrariando seu mestre, Platão. Seus estudos tinham por princípio a experimentação, única forma eficiente de comprovar fenômenos da natureza. Defendeu que a inteligência humana é a única forma de alcançar a verdade. Escreveu sobre vários assuntos: política, lógica, moral, ética, escravidão, teologia, metafísica, química, biologia, antropologia, poética, retórica, física, didática... Apesar de suas afirmações científicas terem sido desmentidas ao longo dos séculos, seus estudos filosóficos influenciaram todo o pensamento ocidental posterior.
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PARA IR ALÉM Os 300 de Esparta (1998) é uma graphic novel escrita por Frank Miller que descreve a Batalha das Termópilas, ocorrida em 480 a.C., na qual o rei Leônidas comanda 300 soldados espartanos em uma luta contra as forças do imperador persa Xerxes.
A D I B I O Pitágoras foi um filósofo e matemático grego que viveu no século VI a.C. e criou o teorema que leva o seu nome. Foi ele quem primeiro observou a relação entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo: a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Para saber mais, veja o GUIA DO ESTUDANTE MATEMÁTICA.
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HELENÍSTICO As principais escolas filosóficas do Período Helenístico são o cinismo, o ceticismo, o epicurismo e o estoicismo. Todas procuravam, fundamentalmente, estabelecer uma série de preceitos racionais para dirigir a vida de cada ser humano e, dessa forma, por meio da ausência do sofrimento, atingir a felicidade e o bem-estar. Nesta fase o público foi substituído pelo privado como espaço para as reflexões filosóficas. A reflexão política foi abandonada pelos filósofos deste período, já que se preocupavam com as questões da felicidade individual. Podemos destacar Plotino, Cícero, Zenão e Epicuro entre seus principais representantes. Além dos filósofos, outros importantes nomes devem ser lembrados como representantes da cultura da Grécia antiga: Hipócrates (considerado o pai da medicina), Euclides (matemático, fundador da geometria), Homero (poeta, a quem são atribuídas a Ilíada e a Odisseia) e Sófocles (dramaturgo, autor de Édipo Rei e Antígona) são os principais destaques. GE HISTÓRIA 2018
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ANTIGUIDADE ROMA
Donos do mundo Nenhuma civilização foi tão poderosa, por tanto tempo, quanto a romana. Confira a ascensão e a queda do último império da Antiguidade
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undada no século VIII a.C., Roma desenvolveu um vasto império, cujas leis, monumentos, táticas militares e instituições influenciaram todo o mundo ocidental. Sua queda, em 476, marcou o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. A mítica versão para o surgimento de Roma conta que a cidade foi fundada em 753 a.C. pelos gêmeos Rômulo e Remo. De acordo com a lenda, os dois irmãos foram abandonados ainda bebês no Rio Tibre e só conseguiram sobreviver graças a uma loba que os amamentou. A história romana é dividida pelos estudiosos em três grandes períodos: o monárquico, o republicano e o imperial. (753 a.C. – 509 a.C.)
Nessa época, a sociedade romana estava dividida, basicamente, em três camadas: os patrícios, ricos proprietários de terra; os clientes, parentes pobres ou serviçais desses proprietários; os plebeus, homens livres sem direitos políticos. A economia era baseada em atividades agropastoris. O rei, eleito por uma assembleia, tinha seu poder controlado pelo Senado (ou Conselho dos Anciãos). Durante esse período, Roma foi conquistada pelos etruscos. O último rei etrusco, Tarquínio, o Soberbo, tentou
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se aproximar da plebe. Sentindo-se ameaçados, os patrícios o derrubaram, assumiram o poder e implantaram a república em 509 a.C.
República
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(509 a.C. – 27 a.C.)
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N E V Monarquia
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POLITEÍSMO Relevo mostra alguns dos deuses da Roma antiga, como Júpiter, Plutão e Netuno
Entre as principais instituições da República destacam-se:
a Assembleia Centuriata, que decidia sobre declarações de guerra e votava as leis; as Magistraturas (espécie de Ministério), sendo as principais o Consulado, composto de dois cônsules, responsáveis pela política externa e interna; os edis, responsáveis pela organização da cidade; os pretores, pela justiça; e os questores, pelas finanças; o Senado, que elaborava os projetos de lei e escolhia os magistrados.
Como apenas os patrícios podiam ser senadores ou magistrados, eles controlavam a política durante a República. Isso acabou levando a uma série de revoltas da plebe, que resultaram em várias conquistas sociais e políticas. Entre as principais estão: a criação do cargo de tribuno da plebe, que tinha poder de veto no Senado; a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), que compilou o primeiro código de leis escritas de Roma;
a Lei Canuleia, que autorizou o casamento com patrícios; a Lei Poetélia Papíria, proibindo a escravidão por dívidas.
Com a intensificação das lutas entre os plebeus e os patrícios, o Senado patrocinou inúmeras guerras de expansão. A disputa pelo controle da região mediterrânea deu origem às guerras contra Cartago (cidade fundada pelos fenícios no norte da África), as Guerras Púnicas. Elas resultaram na derrota de Cartago e na transformação do Mediterrâneo no Mare Nostrum (Nosso Mar ou Mar Romano). Com as conquistas do período republicano, os patrícios compraram as terras dos plebeus, que se tornavam soldados, e formaram grandes propriedades nas quais trabalhavam os escravos capturados nas guerras. Os mercadores prosperaram, e os plebeus, em tempos de paz, não tinham como ganhar a vida, tornando-se uma massa de desempregados perigosa e instável. Para evitar revoltas da plebe, entre 133 a.C. e 27 a.C., foram adotadas medidas como a política do pão e circo (distribuição de trigo aos famintos e promoção de espetáculos esportivos gratuitos). Ao denunciar que essas medidas eram paliativas, dois irmãos eleitos tribunos da plebe, Tibério e Caio Graco, propuseram uma reforma agrária, para garantir meios de vida a quem não tinha trabalho. A medida, é claro, não agradou aos patrícios. Tibério e Caio foram mortos, e a tentativa de reforma fracassou.
DOMÍNIOS ROMANOS Confira como evoluiu o território do mais importante império da Antiguidade
Conquistas 1ª metade do século IV a.C. 2ª metade do século IV a.C. Século III a.C. Até 44 a.C. (morte de César) Até o fim do século II (máxima expansão) Invasões bárbaras
Oceano Atlântico
Jutos
HIBÉRNIA BRITÂNIA
GÁLIA
DIVISÃO DE TEODÓSIO Anglos (395 d.C.) Saxões Suevos Godos Burgúndios Lombardos GERMÂNIA Vândalos Visigodos Ostrogodos Alamanos
Hunos
RÉCIA REINO DO BÓSFORO HELVÉCIA PANÔNIA DÁCIA GÁLIA AQUITÂNIA LUSITÂNIA MÉSIA CISALPINA ILÍRIA ARMÊNIA HISPÂNIA DALMÁCIA TRÁCIA CÓRSEGA Constantinopla MÉDIA Roma ITÁLIA MACEDÔNIA GALÁCIA SARDENHA CAPADÓCIA ACAIA LÍCIA CILÍCIA Cartago SICÍLIA MAURITÂNIA MESOPOTÂMIA SÍRIA NUMÍDIA BABILÔNIA Mar Mediterrâneo JUDEIA
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Alexandria
TRIPOLITÂNIA
CIRENAICA
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Império Romano do Ocidente Império Romano do Oriente Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, págs. 8, 9, 10
A crescente importância do Exército romano levou os generais a ambicionar o exercício direto do poder. Isso originou uma série de guerras civis entre os chefes militares e disputas de poder entre eles e o Senado. Para tentar amenizar os conflitos, foram organizados os triunviratos, que dividiam o poder entre os chefes militares mais importantes. O Primeiro Triunvirato foi formado pelos generais Pompeu e Júlio César e pelo banqueiro Crasso. Ao tentar concentrar os poderes, Júlio César foi assassinado pelos senadores. O Segundo Triunvirato, constituído por Otávio, Marco Antônio e Lépido, também fracassou e culminou com a ascensão de Otávio ao comando de todas as legiões romanas. Otávio aproximouse do Senado, que, convencido de que ele não representava uma ameaça aos seus interesses, concedeu-lhe poderes que havia negado a Júlio Cesar, tais como os títulos de Príncipe do Senado e de “Augusto” (líder supremo da religião com ascendência divina). A concentração desses poderes inaugurou uma nova etapa da evolução política de Roma, conhecida como Império Romano.
tivessem acesso ao Senado. Depois de conter a expansão territorial, iniciouse um período de paz, conhecido como Pax Romana. Os sucessores de Otávio retomaram as guerras de conquista, e Roma se transformou num centro de comércio intenso. No início do séc. II, as fron-
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N E V Império (27 a.C. – 476 d.C.)
Esta fase divide-se em duas partes: o Alto Império – época de prosperidade – e o Baixo Império – tempo de crise. ALTO IMPÉRIO Otávio Augusto governou por 41 anos. No início, ampliou os territórios e permitiu que mercadores ricos [1] DIVULGAÇAO/MUSEU NACIONAL ROMANO
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SAIBA MAIS
CULTURA E LEGADO
Os romanos nos deixaram uma rica herança em diversas áreas. A arquitetura, empregada para exaltar as glórias da nação, era a mais desenvolvida das artes, com destaque para a construção de aquedutos, estradas e pontes e edifícios de grande valor artístico, como o Coliseu e o Panteão de Roma. Ao lado do idioma – o latim, que é a base de diversas línguas, como o português –, o direito é o maior legado romano, base do atual sistema jurídico ocidental. Na literatura, merece menção o poeta Virgílio, autor de Eneida. Por fim, em relação à religião, a pregação de Jesus Cristo, nascido no Império Romano, deu origem ao cristianismo, cujos fiéis eram inicialmente perseguidos. Com a conversão de Constantino, em 313, a religião cristã ganhou força e, com Teodósio, foi oficializada como religião do Império, o que permitiu o surgimento da poderosa Igreja Católica.
teiras do Império atingiram sua maior extensão. Essa época ficou conhecida como Idade de Ouro e teve como principais governantes Trajano, Adriano, Antônio Pio e Marco Aurélio. Entretanto, com o fim das guerras, Roma começou a mostrar sinais de crise. BAIXO IMPÉRIO A principal causa da decadência do Império Romano foi a crise do sistema escravista. O fim das guerras diminuiu a oferta de escravos, elevando o seu valor. Como eram a base da economia romana, todos os preços começaram a subir. Algumas reformas foram tentadas. Diocleciano, em 284, implantou o colonato (arrendamento de terra por colonos), visando a substituir os escravos. Constantino, em 313, buscou o apoio dos cristãos – até então perseguidos –, legalizando o cristianismo e convertendo-se a ele. Em 330, mudou a capital para Constantinopla – atual Istambul. Teodósio, em 395, dividiu o império em duas partes: Império do Ocidente, com a capital em Roma, e Império do Oriente, com centro em Constantinopla. Porém, com a intensificação das invasões dos “bárbaros”, que atacavam as fronteiras romanas desde o século III, o Império do Ocidente não resistiu e caiu em 476. O Império do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, duraria até 1453, quando foi dominado pelos turco-otomanos. Com a queda de Roma, ninguém se sentia seguro nas cidades. Começou um processo de desurbanização e regressão do comércio. Do ponto de vista político, a grande transformação é que o poder político centralizado, que vigorava no período do Império, deu lugar a uma multiplicidade de reinos bárbaros, fragmentando a autoridade no Ocidente. A única esfera de poder centralizado que sobreviveu foi a Igreja (veja mais no capítulo Idade Média, a partir da pág. 26). GE HISTÓRIA 2018
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ANTIGUIDADE LINHA DO TEMPO 3200 a.C.
Pré-História e Antiguidade
Os sumérios formam a primeira civilização da Mesopotâmia. Pág. 12
Confira os principais eventos da Pré-História e da Antiguidade. Os fatos que têm indicação de páginas (remissões) correspondem aos assuntos que mais caem no vestibular
Simultaneamente, tem início a civilização egípcia. Pág. 12
8000 a.C.
[5]
Começa o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida. Tem início a revolução agrícola. Pág. 12
A D I B I O
11.500 ANOS ATRÁS
13,7 BILHÕES DE ANOS ATRÁS Segundo a teoria do Big Bang, o Universo surge a partir de uma explosão primordial. É o início de toda a matéria, energia, espaço e da contagem do tempo.
Nessa época vive Luzia, nome dado ao mais antigo fóssil humano brasileiro, encontrado na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais.
RIA STÓ I H ÉPR
A D
N E V 5,5 MILHÕES DE ANOS ATRÁS
Surgimento dos primeiros hominídeos, ancestrais do homem. É o início da Pré-História e do Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada. Pág. 12
[4]
150.000 ANOS ATRÁS Nascem os primeiros Homo sapiens, a espécie a que pertencemos. Pág. 12
20 GE HISTÓRIA 2018
[1]
R P ANTIGUIDADE
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4000 a.C. Revolução urbana com o surgimento das primeiras civilizações e da escrita, o que marca o começo da Antiguidade. A partir da pág. 12
58.000 ANOS ATRÁS Nessa época, o nordeste brasileiro já seria ocupado por grupos humanos, conforme indicam os mais antigos vestígios arqueológicos do país, encontrados em São Raimundo Nonato, no Piauí. Mas ainda há grande polêmica sobre o assunto: muitos pesquisadores afirmam que a povoação da América e do Brasil só começou milhares de anos depois.
3000 a.C.
3000 a.C.
O atual Líbano começa a ser povoado por tribos semitas, que dão origem à civilização fenícia. Fundam cidades como Sidon, Biblos e Tiro e, a partir do século X a.C., colonizam vastas áreas nas margens do Mediterrâneo. Cartago, instalada no norte da África em 814 a.C., torna-se a mais importante cidade fenícia após a conquista de Tiro pelos macedônios, em 332 a.C. Em 146 a.C., Cartago é destruída pelos romanos nas Guerras Púnicas. Págs. 13 e 18
[7]
1600 a.C.
1200 a.C.
753 a.C.
395
Surgimento da mais antiga linha dinástica chinesa a deixar registros históricos: a dinastia Shang.
Ascensão no Golfo do México da civilização olmeca, que expande seus domínios até o litoral do Pacífico. Os olmecas fornecem a base cultural aos povos que habitariam a região nos séculos seguintes, como maias e astecas. Pág. 14
Fundação lendária de Roma, marco da civilização romana. Pág. 18
O Império Romano divide-se em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente. Pág. 19
476 [2]
1792 a.C.
1250 a.C.
Hamurabi dá início à unificação da Mesopotâmia, que origina o I Império Babilônico. Pág. 12
Os hebreus deixam o Egito – onde foram escravizados – e migram para a Palestina, guiados pelo patriarca Moisés, no episódio conhecido como Êxodo. Durante dois séculos, lutam contra povos da região pela posse da terra. Em 1010 a.C., Saul torna-se o primeiro rei hebreu. Seus sucessores, Davi e Salomão, impõem um período de expansão e prosperidade. Pág. 13
70
2000 a.C.
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2000 a.C. Tem início a civilização grega. Pág. 15
N E V [9]
1750 a.C.
A D I B I O Os romanos destroem o Templo de Jerusalém e expulsam os judeus da Palestina, dando início à segunda diáspora judaica. Eles migram para a Ásia Menor e a Europa. Pág. 13
[3]
Início da Era Cristã, segundo o calendário gregoriano.
ANO 1
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Entre 1750 e 1400 a.C., os arianos invadem o norte da atual Índia, dando origem à civilização hindu. Os hindus praticam a agricult agricultura, a metalurgia e o comércio. A sociedade divide-se em castas: sacerdotes socieda (brâma (brâmanes), guerreiros (chátrias), camponeses (vaisia) (vaisi e servos (sudras). Os párias não t têm casta e podem ser escravizados. Politeístas, os hindus seguem os Vedas, os mais antigos textos sacros conhecidos.
Fim do Império Romano do Ocidente, fato que marca o início da Idade Média. Pág. 19
1000 a.C.
612 a.C.
359 a.C.
Surge o Império Macedônico, com Alexandre, o Grande. Pág. 16
Uma aliança entre medos e caldeus derrota o Império Assírio, abrindo caminho para o surgimento do II Império Babilônico. Pág. 13
[11]
[12]
539 a.C. Comandados por Ciro II, os persas derrotam os medos, que habitavam o planalto do Irã, e fundam o Império Persa. Sob Dario I, que assume em 521 a.C., o império atinge a extensão máxima, indo do Egito à Índia. Os persas constroem estradas e canais para facilitar o comércio e o transporte. Seguem os ensinamentos do profeta Zaratustra, ou Zoroastro, fundador da religião dualista denominada zoroastrismo. Pág. 13 Mar de Aral
CRETA Mar Mediterrâneo
ASSÍRIA MESOPOTÂMIA PALESTINA
EGITO
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[1] [4] [8] [9] DIVULGAÇÃO [2] [6] [11] MUSEU DO LOUVRE/FRANÇA [3] MUSEU NACIONAL DE ANTROPOLOGIA/ MÉXICO [5] MARCOS HERMES [7] [12] METROPOLITAN MUSEUM/EUA [10] RUBIN MUSEUM OF ART/EUA
Extensão máxima, no século V a.C.
ARACÓSIA
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[10]
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ARMÊNIA
GRÉCIA
2000 a.C. A chegada dos hebreus à Palestina, sob a liderança do patriarca Abraão, segundo a narrativa bíblica, é o marco da civilização hebraica. Pág. 13
r Cá
[8]
Ma
MACEDÔNIA Mar Negro TRÁCIA
Fontes: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 7 GE HISTÓRIA 2018
21
COMO CAI NA PROVA
1.
(UNESP 2016) A maior parte das regiões vizinhas [da antiga Mesopotâmia] caracteriza-se pela aridez e pela falta de água, o que desestimulou o povoamento e fez com que fosse ocupada por populações organizadas em pequenos grupos que circulavam pelo deserto. Já a Mesopotâmia apresenta uma grande diferença: embora marcada pela paisagem desértica, possui uma planície cortada por dois grandes rios e diversos afluentes e córregos. Marcelo Rede. A Mesopotâmia, 2002.
A partir do texto, é correto afirmar que a) os povos mesopotâmicos dependiam apenas da caça e do extrativismo vegetal para a obtenção de alimentos. b) a ocupação da planície mesopotâmica e das áreas vizinhas a ela, durante a Antiguidade, teve caráter sedentário e ininterrupto. c) a ocupação das áreas vizinhas da Mesopotâmia tinha características nômades e os povos mesopotâmicos praticavam a agricultura irrigada. d) a ocupação sedentária das regiões desérticas representava uma ameaça militar aos habitantes da Mesopotâmia. e) os povos mesopotâmicos jamais puderam se sedentarizar, devido às dificuldades de obtenção de alimentos na região. RESOLUÇÃO
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2. (ENEM 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os
seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. RACHELS. J. Problemas da Filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana. b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. RESOLUÇÃO
O sofista Trasímaco negava a existência da justiça como algo importante. Para ele, a justiça não passava de um artifício do
22 GE HISTÓRIA 2018
3.
A D I B I O
(FUVEST 2016) O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcançará todas as suas consequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e forma variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode situar entre os séculos VIII e VII a.C., marca um começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos. Jean Pierre Vernant. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 1981. Adaptado.
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Questão fundamentalmente interpretativa, cujo texto deixa claro que a única alternativa possível é a C. O trecho apresentado demonstra que os povos vizinhos da Mesopotâmia eram nômades devido à aridez da região, que impedia a fixação da população para a prática da agricultura. Já os mesopotâmicos praticavam a agricultura, aproveitando as planícies férteis no vale formado pelos rios Tigre e Eufrates. Os povos da Mesopotâmia desenvolveram sofisticadas técnicas de irrigação para a produção agrícola, conseguindo, assim, fixar-se na região. Dessa forma, a geografia privilegiada dessa região ajudou no surgimento das primeiras cidades-Estado do mundo. Resposta: C
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mais forte para impor suas determinações e vontades sobre a coletividade, não tendo, portanto, papel significativo na vida das pessoas por não ser real de fato. Dessa forma, a argumentação de Trasímaco reflete a defesa que o próprio Platão fazia da justiça, de que ela deveria ser utilizada como um bem coletivo e não individual. Por ser utilizada para benefício próprio do mais forte sobre os mais fracos, teria perdido seu sentido original e fundamental, que seria o de beneficiar a todos, sem distinção. Resposta: D
De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das transformações provocadas pelo surgimento da pólis foi a) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens. b) o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos. c) a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca. d) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais. e) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros. RESOLUÇÃO
O desenvolvimento das pólis na Grécia antiga foi responsável por uma série de transformações, seja do ponto de vista da organização política, seja nas mudanças do espaço urbano. Do ponto de vista da política, podemos identificar o aumento da participação dos cidadãos nas questões referentes à organização da cidade, princípio que, com o passar do tempo, levou ao surgimento do regime democrático. Do ponto de vista urbanístico, a criação de espaços para a participação dos cidadãos em discussões e deliberações, principalmente a ágora (espaço central no qual se reuniam as assembleias), é a grande característica das pólis. Destaca-se, ainda, a construção de anfiteatros para a representação de espetáculos que procuravam estimular o civismo e o patriotismo da população. Resposta: E
4.
(ESAMC 2016) O que muitos cristãos parecem procurar é o martírio. Muitos governadores de províncias, quando recebem cristãos, fornecem a eles todas as oportunidades para se conformarem com os mais básicos requisitos do Estado – uma oferenda de incenso para o gênio do imperador, por exemplo – mas muitas vezes têm sido repelidos com repetidas manifestações de fé. Os governadores relutam, mas no final são obrigados a expor esses fanáticos às feras e ao martírio.
RESUMO
Talvez seja isso o que torna a religião cristã tão atraente para alguns. Acima de tudo, eles seguem os preceitos de um fazedor de milagres que foi, ele próprio, crucificado como um criminoso. Fonte: LAURENCE, Ray. Guia do Viajante Pelo Mundo Antigo – Roma no Ano 300 d.C. SP: Ciranda Cultural, 2008, p. 31.
Os cristãos mataram muçulmanos nas Cruzadas. Os cristãos mataram judeus em muitos massacres. Enquanto isso, outra dimensão foi adicionada: os cristãos começaram a matar companheiros cristãos acusados de “hereges”. [...] Em Alexandria, em 415, a grande cientista Hypatia, chefe da Biblioteca de Alexandria, foi espancada até a morte pelos monges e outros seguidores de São Cirilo, que viam a ciência dela muito como a Igreja, mais tarde, veria a de Galileu. Fonte: HAUGHT, James A. Perseguições Religiosas – Uma História do Fanatismo e dos Crimes Religiosos. RJ: Ediouro, 2003, p. 53.
A relação entre os excertos pode ser encontrada em: a) Desde os tempos do Império Romano, os cientistas eram alvo de perseguições, porém, com o fortalecimento do catolicismo, os cientistas cristãos de perseguidos tornaram-se perseguidores. b) As perseguições aos cristãos no Império Romano apresentavam um caráter religioso, enquanto as praticadas pelo catolicismo medieval procuravam eliminar cientistas que contestavam seu poder, independentemente de sua religião. c) Os cristãos do Império Romano foram perseguidos por não aceitarem a divindade dos imperadores, enquanto os professantes de religiões não católicas por defenderem a racionalização do pensamento a partir da Idade Média. d) As perseguições a religiões diferentes da do Estado ocorrem desde os tempos do Império Romano, chegando ao seu auge a partir da ascensão de católicos aos mais altos cargos políticos na Europa Medieval. e) De perseguidos pelo Império Romano, por suas concepções religiosas, os cristãos passaram a perseguidores e, com o fortalecimento do catolicismo, cristãos não católicos também foram por eles perseguidos.
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RESOLUÇÃO
Antiguidade MESOPOTÂMIA Estado teocrático, cujo poder se ligava à religião, a Mesopotâmia foi berço das primeiras civilizações na Antiguidade. Sua civilização destacou-se pela organização econômica que, ao lado do Egito, desenvolveu o modo de produção asiático – as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela comunidade, que consumia sua própria produção e entregava o excedente para os governantes. Culturalmente, contribuíram com a primeira forma de escrita, a cuneiforme, e com o primeiro código de leis escritas que se conhece, o Código de Hamurabi.
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EGITO O Egito também era um Estado teocrático e tinha sua economia baseada na agricultura de regadio, isto é, controlava os ciclos de cheias e vazões do Rio Nilo. Os faraós eram venerados como o próprio deus vivo. O poder estava concentrado nesses representantes, que eram donos das terras, tinham a função de proteger seus habitantes e conduziam as atividades produtivas. CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS São assim denominados os povos maias, astecas e incas, que precederam a colonização europeia na América do Sul. Eram organizados de forma semelhante à das primeiras civilizações do Oriente (estado centralizado teocrático, hierarquia rígida, propriedade estatal da terra e exploração dos camponeses), apesar das épocas diferentes. Esses povos dominavam a astronomia e aplicavam conceitos geométricos e matemáticos nas edificações.
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Em seus primórdios, o cristianismo era visto pelos romanos como uma seita a ser combatida. Contrários às guerras, à escravidão e se recusando a prestar cultos ao imperador, considerado divino pelos romanos, os cristãos foram violentamente perseguidos. Entre os séculos II e IV, no entanto, a situação começou a mudar: a expansão da religião tornou-se um dos maiores problemas para a manutenção do império, uma vez que a plebe oprimida associava seu sofrimento ao sofrimento do próprio Cristo. Com a liberdade de culto e a proibição das perseguições, determinadas pelo imperador Constantino, por meio do Édito de Milão, em 313, o número de cristãos aumentou de forma substancial. Entre 380 e 381, o imperador Teodósio oficializou o cristianismo como religião do império ao publicar o Édito de Tessalônica. A partir daí, de perseguidos, os cristãos se transformaram em perseguidores de outras religiões, atingindo seu auge na Idade Média, quando o poder do catolicismo era praticamente incontestável. Incialmente sua fúria se concentrou em religiões não cristãs, as chamadas heresias, mas, a partir da Reforma Protestante, cristãos não católicos também passaram a ser alvo das perseguições do catolicismo. Resposta: E
GRÉCIA A civilização grega estabeleceu as bases da cultura e da política ocidentais. Surgiu por volta de 2000 a.C. e perdurou até o século II a.C. A população vivia em cidades-Estados, das quais Atenas e Esparta eram as mais importantes. Atenas sobressaía pelo desenvolvimento cultural e econômico, enquanto Esparta era uma potência militar. Os gregos criaram a democracia e acabaram dominados pelos romanos.
FILOSOFIA GREGA Tradicionalmente, os estudos sobre a filosofia da Grécia antiga se dividem em três grupos. Para os pré-socráticos, o objeto de estudo era o cosmo, não o indivíduo, e buscavam conhecer o princípio das coisas. A partir dos filósofos clássicos, o objeto de estudo da filosofia deixa de ser o cosmo e passa a ser o indivíduo e suas questões existenciais. Neste período destacam-se Platão e Aristóteles. Os helenísticos abandonaram as questões políticas e morais, direcionando seus estudos para questões que levariam à felicidade dos indivíduos. ROMA Um dos mais importantes impérios da história, dominou quase toda a região do Mar Mediterrâneo. Costuma ser dividido em três grandes períodos: o monárquico, o republicano e o imperial. O Senado, instituição fundamental da política, originou os atuais Parlamentos. Com o fim das guerras de conquista, o número de escravos caiu, prejudicando a economia e a supremacia romanas. Em 476, foi tomada pelos bárbaros germânicos. A queda de Roma marcou o fim da Antiguidade e o início da Idade Média.
GE HISTÓRIA 2018
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I DAD E M ÉD IA CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
O poder da Igreja ..............................................................................................26 Império Árabe ...................................................................................................28 Reino Franco .....................................................................................................30 Feudalismo.........................................................................................................31 Linha do tempo ................................................................................................34 Como cai na prova + Resumo .......................................................................36
Uma Europa cada vez mais fechada
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A crise dos refugiados provoca reação de governos xenófobos na União Europeia, que erguem barreiras para evitar a entrada de migrantes
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s seis anos de guerra civil na Síria provocaram a maior crise humanitária deste século. Um dos aspectos mais visíveis do sofrimento que o povo sírio enfrenta é o deslocamento de milhares de quilômetros que muitos fazem em direção à Europa para fugir do sangrento conflito que já vitimou mais de 300 mil pessoas desde 2011. A travessia intercontinental é cheia de riscos. Muitos daqueles que desafiam as turbulentas águas do Mar Mediterrâneo acabam ficando pelo caminho, em um drama que já deixou um rastro de mais de 5 mil mortes por afogamento só em 2016. E quando os sírios conseguem chegar aos principais destinos do continente europeu não costumam ser recebidos de braços abertos. Muito pelo contrário. Apesar das iniciativas dos governos alemão e sueco, que estabeleceram políticas de acolhimento e integração desses migrantes, parte significativa das nações da União Europeia tem se posicionado abertamente contra a chegada dos sírios e outros grupos de refugiados que vêm da África e do Oriente Médio. O governo da Hungria, por exemplo, decidiu construir uma cerca de 175 quilômetros em sua fronteira com a Sérvia e aprovou um conjunto de leis que facilitam a detenção e a deportação de imigrantes ilegais.
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O erguimento de cercas também foi seguido por outros países, como Áustria e Eslovênia. Essas medidas encontram eco principalmente entre os grupos mais nacionalistas. Eles alegam que os estrangeiros que chegam à Europa sobrecarregam os serviços públicos e acirram a competição por vagas no mercado de trabalho. Outros fatores não econômicos também se somam ao sentimento xenófobo. O primeiro-ministro da Hungria, o conservador Viktor Orbán, disse que suas ações visam a “defender a cultura da Hungria e da Europa”, em referência à chegada dos refugiados, em sua maioria islâmicos, a países cristãos. Não são poucos os que relacionam o ingresso de muçulmanos ao risco de atentados terroristas. Historicamente, o erguimento de barreiras não é estranho à paisagem europeia. Durante o feudalismo, por exemplo, a onda de invasões bárbaras levou os nobres a erguer muros, em torno dos quais a ACESSO PROIBIDO população pobre se Refugiados em frente a uma instalou, buscando cerca de arame farpado, proteção. A seguir, erguida na fronteira entre você fica por dentro a Hungria e a Sérvia, em deste e de outros epi- setembro de 2015: crescem sódios que caracteri- as restrições à entrada de zaram a Idade Média. imigrantes na Europa
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N E V ARMEND NIMANI/AFP
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IDADE MÉDIA O PODER DA IGREJA
FÉ INTOLERANTE Ilustração mostra a execução em massa de hereges: alegando agir em nome de Deus, a Igreja massacrou aqueles que considerava infiéis
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Força ilimitada Dona de grande poder político e econômico, a Igreja foi a principal instituição da Europa medieval
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enhuma instituição foi tão rica, bem organizada e poderosa durante a Idade Média na Europa quanto a Igreja Católica. Com a transformação do cristianismo em religião oficial do Império Romano, em 391, durante o reinado de Teodósio, a Igreja passou a acumular fortunas e vastos territórios, tornando-se altamente influente também no âmbito político. No século V, já durante a Idade Média, a instituição tinha uma organização hierárquica definida – com padres e sacerdotes na base da pirâmide, bispos logo acima e o papa no topo – e estava bem instalada no continente. Os religiosos dedicaram-se a converter os bárbaros e a promover sua integração com os romanos, ganhando prestígio e passando a assumir funções administrativas nos novos reinos. Dessa forma, a Igreja garantiu uma unidade religiosa, política e cultural em uma sociedade altamente desagregada. O poder do catolicismo esteve intrinsecamente ligado às estruturas do feudalismo, o sistema social predominante na Europa durante a Idade Média. Ao afirmar que tudo o que acontece na Ter-
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ra é a representação da vontade divina, a própria divisão social do sistema era justificada como desejo de Deus. Segundo o conceito defendido pela Igreja, Deus determinou que existissem os que rezam, os que lutam e os que trabalham. Por isso, as contestações ao sistema e ao poder católico não eram comuns no auge do feudalismo (veja mais na pág. 31).
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Pecados e dogmas
Uma das provas do poder da Igreja Católica durante a Idade Média foi a utilização do conceito dos Sete Pecados Capitais, surgido antes mesmo do cristianismo, mas brilhantemente apropriado pelo catolicismo. Pecado Capital, segundo a definição da própria Igreja, é aquele que, uma vez cometido, não é passível de perdão. São eles: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e soberba. A ameaça de punição eterna para quem cometesse um dos pecados garantia o controle sobre a população e ajudava a Igreja a preservar seu poder. Ao longo dos séculos, a Igreja também estabeleceu uma série de dogmas – doutrinas aceitas como verdades que não admitem contestação. Segundo a pregação católica, ao seguir essas regras, os fiéis garantiriam um lugar no paraíso. Além de manter a população sob controle ao regular todos os aspectos da vida da população medieval, a Igreja também pedia doações de bens aos fiéis com a justificativa de ajudar a propagar sua missão.
Inquisição
Com tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram de tudo para aumentá-lo ainda mais. Para isso, muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja). O símbolo máximo dessa repressão foi a instauração, em 1231, dos tribunais do Santo Ofício, ou Inquisição, que tinham poderes para julgar e condenar à morte os réus considerados infiéis. Na verdade, quase todos os condenados eram simplesmente pessoas que discordavam dos desmandos católicos ou opositores dos aliados da Igreja. Uma das vítimas famosas da Inquisição foi a camponesa Joana d’Arc, queimada viva em 1431, sob a acusação de bruxaria (veja mais na pág. 33). A intensa participação dos clérigos nas questões terrenas provocou reações de alguns cristãos, que se isolaram para viver de forma simples, sob votos de castidade e pobreza. Desse setor nasceram as ordens monásticas, cujos membros habitavam mosteiros e se dedicavam ao trabalho intelectual e à oração. A Ordem dos Beneditinos, fundada por São Bento, em 525, consolidou a estrutura dessas organizações. Além da versão medieval, aplicada entre os séculos XIII e XV, a Inquisição também foi retomada entre os séculos XV e XIX. Concentrada em Portugal e na Espanha, a Inquisição moderna foi uma resposta à expansão das doutrinas protestantes (veja mais na pág. 42).
SAIBA MAIS ARQUITETURA MEDIEVAL
Durante o auge do feudalismo, o estilo românico predominou e, no período de crise, foi a vez do gótico se destacar. Conheça mais sobre os dois principais estilos arquitetônicos que caracterizaram as construções da Idade Média.
Filosofia medieval
Além de deterem poder político e econômico, os sacerdotes formavam a elite que sabia ler e escrever e passaram a encerrar em si o monopólio do conhecimento. O pensamento filosófico da época foi intensamente influenciado pelo cristianismo, confundindo-se com a teologia. Em termos ideológicos e filosóficos, podemos dividir o pensamento católico na Idade Média em duas partes: durante a Alta Idade Média (sécs. V a X), fase na qual o poder da Igreja era incontestável, e durante a Baixa Idade Média (sécs. X a XV), fase de declínio das estruturas feudais e, consequentemente, do poder católico. As diferentes filosofias no período podem ser entendidas como uma mudança de mentalidade, decorrente das transformações econômicas e sociais da Baixa Idade Média. Refletindo a influência da Igreja na sociedade, os maiores expoentes da filosofia medieval eram religiosos:
ROMÂNICO (séculos XI a XIII)
Suas características marcantes são a monumentalidade da construção e a horizontalidade, com grossas paredes de pedra, maciços pilares e abóbadas circulares (herança da arte romana, de onde deriva seu nome). As igrejas românicas representavam “fortalezas de pedra”, locais em que os homens experimentavam a proteção de Deus e a sua autoridade, assumindo uma atitude introspectiva (provocada pela pouca luz e pelo predomínio da horizontalidade). O estilo também foi amplamente utilizado na construção de castelos.
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SANTO AGOSTINHO Pode ser considerado o primeiro grande teórico católico. Viveu entre os séculos IV e V, época do declínio do Império Romano e do fortalecimento da Igreja Católica. Para ele, o único motivo para o homem filosofar é buscar a felicidade, por meio da aproximação com o divino. A fé seria, portanto, a única forma de se alcançar a felicidade eterna, ou seja, a beatitude. Assim, a felicidade estaria nas coisas de Deus e não no mundo terreno, aproximando-o do pensamento de Platão. A alma, por isso, é hierarquicamente superior ao corpo. Apesar da defesa da supremacia da fé, Agostinho valorizava a razão humana, uma vez que crer é um exercício humano, logo, racional. Segundo ele é necessário “intellige ut credas, crede ut intelligas” (compreender para crer e crer para compreender). [1] REPRODUÇÃO [2] JI-ELLE/WIKIMEDIA [3] MATHKNIGHT/WIKIMEDIA
GÓTICO (séculos XIII a XV)
Ao contrário do românico, o estilo gótico apresenta paredes finas, sustentadas por arcobotantes (suportes externos ao edifício), janelas enormes e vitrais luminosos, arcos em forma de ogiva, torres esguias e pontiagudas. A construção gótica expressava uma concepção teológica, a da escolástica nascente: é uma arquitetura de luz, lucidez e lógica. Na igreja gótica, o homem sente-se participante da criação divina e assume uma atitude de busca de Deus através da transcendência, caracterizada pela verticalidade das construções.
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[2]
Basílica Lessay (séc. XI), Normandia, França
SÃO TOMÁS DE AQUINO Viveu durante o século XIII, em uma fase na qual se iniciava a contestação do poder absoluto da Igreja Católica. Seu grande desafio foi o de conciliar a filosofia aristotélica aos dogmas do catolicismo. Bastante popular, Aristóteles chegou a ser proibido pelo papa Gregório IX, no início do século XIII, por ignorar a concepção de um Deus criador e da alma imortal, afirmando que ela nasce e morre com o homem. O processo de cristianização de Aristóteles, efetuado por Tomás de Aquino, partiu do conceito clássico da distinção entre essência e existência. Para Aristóteles, a essência do ser humano é ser um animal racional,
[3]
Catedral de Reims (século XIV), Reims, França
podendo ou não ter uma existência individual, já que as qualidades acidentais (cor, sexo, idade) não constituem essa essência. Já para Aquino, a essência dos seres humanos está ligada a suas características individuais, fruto da vontade do Criador. Por isso, as criaturas não existem por si mesmas, mas graças a uma realidade estranha ao mundo concreto. Desta forma os conceitos de criação e de criador são resgatados em sua obra. Aquino foi um dos maiores representantes da escolástica, método de pensamento crítico responsável pela tentativa de conciliação entre a fé cristã e o racionalismo, particularmente o defendido pela filosofia grega. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MÉDIA IMPÉRIO ÁRABE
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Unidos em nome de Alá
Em apenas 100 anos, o Islã surgiu e deu origem a um império que se expandiu por três continentes
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civilização árabe surgiu no século VII, na Península Arábica, com tribos de origem semita. Anteriormente, elas já compartilhavam algumas características, como a língua, mas foi somente nessa época que obtiveram união política, conquistada na esteira da pregação do Islã, religião então recém-nascida. Logo, os árabes fundaram um extenso império, que só se desintegraria no fim da Idade Média e deixaria forte influência cultural por onde se estendeu.
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Antes de Maomé
Inicialmente, o povo árabe (também conhecido como sarraceno) estava dividido em cerca de 300 tribos rurais e urbanas, chefiadas pelos xeques. As que habitavam o deserto – denominadas beduínas – eram nômades e se dedicavam sobretudo à criação de camelos e ao cultivo de produtos como tâmara e de trigo. Faziam constantes peregrinações em busca de lugares férteis para sobreviver, os oásis, e guerreavam entre si. Já aquelas que moravam nos centros urbanos da faixa costeira do Mar Ver-
28 GE HISTÓRIA 2018
melho se ocupavam principalmente do comércio, com a organização de caravanas de camelos para o transporte de produtos. Ao encontrarem melhores condições climáticas e solo mais favorável à produção agrícola, esses grupos se fixaram e formaram cidades, como Meca e Iatreb – atual Medina. A religião pré-islâmica era politeísta. Os árabes cultuavam cerca de 300 astros, representados por ídolos. O maior centro religioso da península era Meca, que abrigava o templo da Caaba, com todos os ídolos tribais e a pedra negra – provavelmente um pedaço de meteorito, considerado sagrado. Todos os anos, milhares de beduínos e comerciantes se dirigiam à cidade para visitar o santuário, que era administrado pelos coraixitas, tribo de aristocratas que lucravam com as peregrinações e o comércio realizado na região. Apesar de compartilharem algumas tradições, as tribos se envolviam frequentemente em conflitos e guerras, prejudicando o comércio. A unificação viria com o surgimento e a disseminação de uma nova religião: o Islã.
Nasce o profeta
Em 570, nasce Maomé (Muhammad). Criado em um ramo pobre da tribo coraixita, tornou-se mercador. Aos 25 anos, ele se casou com uma viúva rica e conseguiu estabilidade financeira, o que lhe permitiu viajar muito. Nesses deslocamentos, entrou em contato com cristãos e judeus. Aos 40 anos, começou a ter visões e a ouvir vozes, que acreditava ser do anjo Gabriel. Os chamados que Maomé recebia o apontavam como profeta de um deus único e onipotente, Alá. Dois anos depois, quando já era aceito pela família como profeta, ele começou a pregar o monoteísmo e a abominação dos ídolos a todas as tribos de Meca, revelando-lhes a religião islâmica. Seus ensinamentos foram compilados no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, usado por muitos países como código de moral e justiça. Ao condenar a tradição politeísta, Maomé ganhou muitos inimigos em Meca e passou a sofrer perseguições. Em 622, ele fugiu para Iatreb – atual Medina (“cidade do profeta”). O episódio, conhecido como hégira, marca o início do calendário ára-
EXPANSÃO ISLÂMICA Veja até onde se estendeu o Império Árabe e em que época cada região foi conquistada
REINO DOS FRANCOS Poitiers
MAGREB
Mar Negro
Constantinopla
ARMÊNIA
IMPÉRIO BIZANTINO Mar Mediterrâneo CHIPRE
TRIPOLITÂNIA
SÍRIA
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PALESTINA
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ÍNDIA
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Roma
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ITÁLIA
ESPANHA
Mar do Aral
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Oceano Atlântico
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ARTE ISLÂMICA Devido à proibição de se reproduzir a imagem de Maomé, muitos artistas utilizaram a caligrafia para retratar o profeta visualmente
Arábia na época de Maomé (622-632)
PÉRSIA
Primeiras conquistas (até 661)
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EGITO
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A D I B I O ico Medina Meca ARÁBIA
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Conquistas dos omíadas (até 750)
Oceano Índico
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XII
be. Em Medina, Maomé tornou-se líder político, religioso e militar. Organizou um Exército e deu início a uma guerra – dita santa, a jihad – para tomar Meca e propagar a nova religião. Em 630, a cidade sagrada foi tomada; os ídolos da Caaba, destruídos; e os opositores, aniquilados. Ao morrer, dois anos depois, Maomé havia deixado as tribos árabes politicamente unificadas sob uma mesma religião.
A D
N E V O Império
detida em 732, na Batalha de Poitiers, pelo franco Carlos Martel, prefeito do palácio dos Merovíngios, que impôs uma barreira cristã ao avanço islâmico na Europa. A leste, as conquistas incorporaram a região da Mesopotâmia, Pérsia e parte da Índia. Com os califas da dinastia Abássida (750-1258), o império alcançou sua máxima extensão. A dinastia foi deposta em 1258, em Bagdá, pelos mongóis, guerreiros nômades vindos da Ásia. No século XV, os árabes perderam o controle da parte asiática do império para outra linhagem islâmica, os turcos-otomanos, e também a Península Ibérica para os cristãos espanhóis (1492), com a queda de Granada. Vale ressaltar, no entanto, que a decadência das dinastias árabes não coincidiu com a decadência do islamismo, que compensou as perdas no Ocidente com vitórias no Oriente. A tomada de Constantinopla dos cristãos em 1453, por exemplo, permitiu à religião manter uma importante área de influência. Apesar da desagregação do império, a tradição islâmica desempenhou papel fundamental. Encravada entre três continentes, essa tradição foi importante mediadora cultural entre Ásia, África e Europa. Esse fato explica a imensa riqueza e diversidade da cultura islâmica e a forma pela qual muitas conquistas tecnológicas e conhecimentos do Oriente – como os algarismos arábicos, o papel, a bússola, a pólvora, a luneta, a álgebra etc. – chegaram até a Europa no início da Era Moderna.
Após a morte de Maomé, surgiram disputas sucessórias. Ali, primo do profeta e casado com uma de suas filhas, considerava que a sucessão deveria ser hereditária, enquanto os demais líderes defendiam a escolha entre os pares. Os partidários de Ali ficaram conhecidos como xiitas, e os demais, sunitas. De forma geral, os xiitas defendem uma interpretação mais ortodoxa do Alcorão. Já os sunitas, além do Alcorão, valorizam também a Suna, livro com os ditos e exemplos do profeta, que pode ser considerado a base moral do islamismo. Os sunitas acabaram prevalecendo nessa disputa, consolidando o seu poder no mundo muçulmano. Ainda assim, as rivalidades entre os sucessores colocavam em risco a unidade política construída por Maomé. A ideia da expansão surgiu então como uma forma de manter a unidade política em torno de um projeto de conquistas territoriais, saques e propagação do islamismo. A expansão na direção do Ocidente resultou na conquista de todo o norte da África e da Península Ibérica. Ela só foi [1] REPRODUÇÃO/LOSTISLAMICHISTORY.COM
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Limite máximo de penetração árabe na França (732)
SAIU NA IMPRENSA
NÃO É JUSTO ASSOCIAR O ISLÃ AO TERRORISMO, DIZ PAPA
O papa Francisco disse que não é “verdadeiro e nem justo” associar o Islã à violência ou ao terrorismo. “Uma coisa é certa, em quase todas as religiões sempre existe um pequeno grupo fundamentalista. Nós também temos”, afirmou. Em declaração a jornalistas a bordo do avião papal, quando voltava da Polônia, onde participou nos últimos dias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o argentino acrescentou que “o Estado que se define islâmico apresenta uma identidade de violência”, que não pode ser ligada ao Islã, referindo-se ao grupo Estado Islâmico. “Todos os dias, quando abro os jornais, vejo violência na Itália, alguém que mata a namorada, outro que mata a sogra. E são católicos batizados. Se falo de violência islâmica, também tenho de falar da violência cristã”, disse. “Nem todos os islâmicos são violentos e nem todos os católicos são violentos. É como uma salada de frutas: tem de tudo dentro.” Na última semana, dois homens que diziam agir em nome do Estado Islâmico invadiram uma igreja na França e degolaram o padre Jacques Hamel, de 84 anos. O Vaticano tem tomado cuidado para afastar a ideia de uma guerra religiosa e evitar novos ataques. (...) Agência Brasil , 1/8/2016
GE HISTÓRIA 2018
29
IDADE MÉDIA REINO FRANCO CARLOS MAGNO Sob a sua liderança, o Reino Franco expandiu territórios, promoveu a cultura e a educação e resgatou a tradição do Império Romano
Magnos bárbaros
Império Carolíngio
Entre a derrocada de Roma e a instalação definitiva do feudalismo, os francos ergueram um sólido império
C
om o fim do Império Romano, surgiram inúmeros reinos bárbaros em sua antiga parte europeia. Um dos mais importantes foi o Reino Franco, que se formou no século V, ocupando a antiga província romana da Gália, atual França.
O IMPÉRIO CAROLÍNGIO
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Dinastia Merovíngia
Em 482, Clóvis, líder de uma das várias tribos francas, unificou os grupos e se tornou o primeiro rei, fundando a dinastia Merovíngia (cujo nome deriva de seu avô, Meroveu). Clóvis empenhou-se em conquistar territórios e converteuse ao cristianismo, formalizando uma aliança com a Igreja Católica. Depois de sua morte, seus quatro filhos dividiram o reino entre si, enfraquecendo-o. Na época, a Europa vivia um processo de ruralização e descentralização do poder, com a formação do feudalismo (veja na pág. 31). Os monarcas que sucederam a dinastia Merovíngia ficaram conhecidos como reis indolentes, por demonstrar pouca habilidade política. O poder de fato passou a ser exercido por altos funcionários da corte, os prefeitos do palácio, denominados majordomus. O majordomus Carlos Martel ganhou prestígio com a vitória contra os muçulmanos na Batalha de Poitiers, em 732, que impediu o avanço islâmico sobre a Europa Ocidental. Depois de sua morte, seu filho, Pepino, o Breve, depôs o último monarca merovíngio, Childerico III, e, com o apoio da nobreza e do papa, tornou-se rei, iniciando a dinastia Carolíngia.
N E V 30 GE HISTÓRIA 2018
A D I B I O
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Confira os domínios de Carlos Magno Império Carolíngio em 768 Conquistas de Carlos Magno (768-814) Territórios vassalos Império Bizantino Império Islâmico Estados da Igreja
R P Mar Báltico
Mar do Norte
SAXÕES
BRITÂNIA
BOÊMIOS
BRETANHA
Oceano Atlântico
Paris
REINO DOS FRANCOS
MORÁVIOS
REINO DA ITÁLIA
CROATAS
Poitiers
REINO DAS ASTÚRIAS IMPÉRIO ISLÂMICO
MARCA DE ESPANHA
DUCADO DE BENEVENTO
Mar Mediterrâneo
O REPARTE DAS TERRAS
A porção que coube a cada filho de Luís, o Piedoso, em 843
BRITÂNIA
Paris REINO DE CARLOS, O CALVO
REINO DE LUÍS, O GERMÂNICO REINO DE LOTÁRIO ESTADOS DA IGREJA
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XIII
O auge da dinastia ocorreu com o filho de Pepino, Carlos Magno. Ele adotou uma série de medidas visando a resgatar a tradição do Império Romano. Carlos Magno expandiu os territórios do reino e buscou reforçar a autoridade do poder central. Dividiu o império em unidades administrativas (condados e ducados), que delegava a vassalos, numa cerimônia de juramento de fidelidade. Adotou a prática de enviar emissários para fiscalizar seus domínios, criou leis escritas (capitulares) e buscou o reconhecimento da Igreja – em 800, ele foi coroado, pelo papa, imperador do Sacro Império Romano. Além de patrocinar o cristianismo e expandir o reino, Magno promoveu a cultura e a educação, impulsionando o Renascimento Carolíngio. Após sua morte, seus descendentes não conseguiram manter a unidade do império. As disputas entre eles acabaram resultando num acordo, o Tratado de Verdun, de 843, no qual o império fora dividido. No decorrer do século X, os últimos reis carolíngios foram depostos, e a dinastia, extinta. Entre todas as realizações de Carlos Magno, a que se revelou mais perene foi a relação de vassalagem. Com o fim da suserania do imperador, inúmeros senhores de terras passaram a replicar a relação suserano-vassalo, originando vários centros de autoridade e fragmentando o poder político na Europa. Essa foi uma das bases sobre a qual o feudalismo se constituiu. PARA IR ALÉM Rolando (2005) é uma versão em quadrinhos do mais famoso poema épico francês, A Canção de Rolando, escrito por Shane Amaya e ilustrado pelos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá. A história narra o fim trágico e heroico de Rolando, sobrinho de Carlos Magno e comandante do Exército. A obra está fora de catálogo, mas é possível encontrá-la em sebos e sites especializados.
IDADE MÉDIA FEUDALISMO
A Europa de padres, senhores e servos Após a ruína dos impérios Romano e Carolíngio, o sistema feudal reinou no Velho Mundo. Veja como foi esse processo e como era a vida nessa época
O
feudalismo foi o sistema político, social e econômico que predominou na Europa durante a Idade Média. Era marcado pela descentralização política, pela imobilidade social e pela autossuficiência econômica dos feudos – as unidades de produção da época. Começou a se desenvolver após a queda do Império Romano do Ocidente, no século V, consolidou-se no século X, atingiu o auge no século XII e a partir do século XIII entrou em colapso.
PACTO FEUDAL Na sociedade medieval, servos e camponeses usavam as terras dos senhores feudais em troca da prestação de serviços e do pagamento de tributos
isoladas umas das outras, o que criou a necessidade de produzir ali mesmo o que era preciso para sobreviver. A agricultura se tornou a atividade econômica mais importante. A produção era voltada para o consumo interno, e o comércio era quase nulo. Os donos das terras tornaram-se os grandes chefes políticos e militares. Era o início do feudalismo.
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Formação e economia
A partir do século V, com o enfraquecimento do Império Romano, a Europa passou a sofrer diversas invasões dos povos bárbaros, como os vândalos; os anglo-saxões, que desembarcaram na Inglaterra; e os lombardos, que se instalaram na Itália. Eles destruíram as instituições romanas, mas, com exceção dos francos (veja matéria na pág. 30), não conseguiram substituí-las por outro Estado forte. A tomada do controle do comércio no Mar Mediterrâneo pelos árabes, nos séculos VII e VIII, deixou os europeus ainda mais enfraquecidos. O clima de insegurança e instabilidade prosseguiu até o século IX, quando ocorreu uma nova onda de invasões, realizadas pelos húngaros magiares e pelos normandos (conhecidos como vikings). Como forma de defesa, os nobres construíram castelos que funcionavam como fortalezas, em torno dos quais a população pobre se instalou, buscando proteção. Essas propriedades ficaram cada vez mais
A D I B I O
[2]
Política
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A principal característica política do feudalismo era a descentralização do poder. O rei tinha pouca ou nenhuma autoridade e, em troca de ajuda militar, era comum que cedesse grandes porções de terra (os feudos) a membros da nobreza. Esse costume, o beneficium, se tornou hábito entre os nobres, e eles passaram a doar terras entre si. Numa cerimônia denominada homenagem, o proprietário que recebia o domínio – vassalo – prometia fidelidade e apoio militar ao doador – suserano. Este, por sua vez, jurava proteção ao vassalo. Essa obrigação recíproca, uma das características mais marcantes do feudalismo, teve origem nas tradições dos invasores germânicos, que praticavam o comitatus – fidelidade mútua entre chefes tribais e guerreiros. Outros costumes que influenciaram a ordem feudal vieram de Roma, como o colonato, que impunha a fixação do homem à terra e virou prática fundamental no regime da Europa medieval. Por essa dupla herança, pode-se dizer que o feudalismo é resultado dos mundos romano e germânico.
[1] GERMANISCHES NATIONALMUSEUM, NUREMBERG, GERMANY [2] MUSEU CONDÉ /FRANÇA
Sociedade
A sociedade feudal estava dividida basicamente em dois estamentos e três estados (também chamado ordens):
o primeiro estamento era o dos proprietários, dividido em primeiro estado, formado pelo clero, e segundo estado, constituído pelos nobres. o segundo estamento era o dos trabalhadores, formado pelo terceiro estado, onde se encontravam os servos e outros camponeses. Os senhores feudais podiam pertencer tanto à nobreza quanto à Igreja. A posição que as pessoas ocupavam na sociedade (hierarquia) era determinada pelo nascimento, o que significa que a mobilidade entre os estamentos era impossível. Os servos não eram escravos, porque não pertenciam ao senhor – não podiam ser vendidos, por exemplo –, mas dependiam totalmente da estrutura que ele possuía. Em troca do direito de usar a terra, eles tinham de prestar serviços e pagar uma série de tributos. Entre as principais obrigações servis estavam a corveia, trabalho gratuito; a talha, porcentagem da produção dada ao senhor; e a banalidade, pagamento pela utilização de instrumentos ou benfeitorias do feudo. Além dos servos, havia, em menor número, outros tipos de trabalhador: os vilões, habitantes das vilas, trabalhadores livres ligados a um senhor; e os pequenos proprietários, que usavam mão de obra familiar. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MÉDIA FEUDALISMO AS PRINCIPAIS CRUZADAS Veja o trajeto das expedições mais importantes, quem as organizou e que resultados tiveram IRLANDA
SUÉCIA DINAMARCA
ESCÓCIA
LITUÂNIA
INGLATERRA RUS DE KIEV SACRO IMPÉRIO Boulogne POLÔNIA ROMANO Colônia Bayeux Rouen Verdun Ratisbona Oceano NORMANDIA Paris Metz Atlântico FRANÇA Vézeley Buda/Peste Dartmouth
Lyon
As Cruzadas
A partir do século XI, o sistema feudal começou a passar por intensas transformações. Se por um lado o fim das invasões bárbaras proporcionou uma maior estabilidade na Europa, por outro gerou um aumento populacional que comprometeu a autossuficiência dos feudos. Como havia mais homens para pouca terra, a população excedente foi expulsa em direção às cidades, que estavam praticamente abandonadas durante o auge do feudalismo. Esse era o cenário no início da Baixa Idade Média, quando a Igreja e os nobres europeus empreenderam uma série de expedições militares, entre os séculos XI e XIII, que ficaram conhecidas como Cruzadas. Formalmente, tinham um objetivo religioso: retomar a cidade de Jerusalém, considerada sagrada pelos cristãos, que fora dominada pelos turcos muçulmanos em 1071. A expansão da fé católica também era fundamental para a Igreja manter seu poder, que começava a ser contestado na Europa. Sem condições de sobreviver em um espaço onde não existia uma atividade econômica que a absorvesse, a população passou a questionar os conceitos pregados pela Igreja de que tudo na Terra era representação da vontade de Deus. Porém, várias outras motivações podem ser apontadas para a organização das expedições. A necessidade de escoar a população excedente e encontrar uma atividade que absorvesse esse excedente pode ser entendida como motivação social para o movimento cruzadista. Economicamente, as expedições abriam a possibilidade de expansão dos negócios a partir do restabelecimento de uma rota comercial com o Oriente a partir do Mar Mediterrâneo. Já do ponto de vista político, a conquista de novos territórios garantiria aos reis a possibilidade de aumentar seu poder em um período que as estruturas descentralizadas do feudalismo começavam a ruir.
LEÃO E CASTELA
32 GE HISTÓRIA 2018
Veneza Zara
DOMÍNIO DOS ALMORÁVIDAS
DOMÍNIO DOS ALMORÁVIDAS
PRINCIPADOS NORMANDOS DOMÍNIO DOS HAMADITAS
HUNGRIA Mar Negro Sofia
Roma
Bari
Messina
Dyrrhachium
1ª CRUZADA (1096-1099) Convocada pelo papa Urbano II e organizada por nobres cavaleiros, resultou na conquista da Terra Santa. Foram fundados quatro Estados cristãos no Oriente Médio: o Reino de Jerusalém, o Principado de Antioquia e os condados de Edessa e Trípoli.
Constantinopla Nicéia
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IMPÉRIO BIZANTINO
Mar Mediterrâneo
Antioquia
Urfa CONDADO DE EDESSA
PRINCIPADO DE ANTIOQUIA Nicósia Trípoli CONDADO DE TRÍPOLI Limassol Beirute Acre REINO DE JERUSALÉM Jerusalém
Fronteiras políticas em 1097
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Toulose
Turim Gênova Pisa Marselha
2ª CRUZADA (1147-1149) Como os turcos já se reorganizavam para reconquistar Jerusalém, o rei da França, Luís VII, e o do Sacro Império, Conrado III, lideraram uma nova expedição. Essa, porém, fracassou. A cidade acabou voltando para o domínio muçulmano.
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3ª CRUZADA (1189-1192) A Cruzada dos Reis contou com os três principais soberanos da época: Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra; Felipe Augusto, da França; e Frederico I, o Barba Ruiva, do Sacro Império. Um acordo com o sultão Saladino liberou a peregrinação a Jerusalém.
4ª CRUZADA (1202-1204) Também é chamada de Cruzada Comercial, o que define bem seus objetivos. Financiada por Veneza, resultou num violento saque a Constantinopla, na tomada do controle do Mediterrâneo pela cidade italiana e no restabelecimento do comércio na região.
Fontes: Patricia Daniels e Stephen Hyslop, Atlas da História do Mundo, Abril, pág. 152; Antonio Pedro, História Antiga e Medieval, 1 ed., Moderna, pág. 329
Dessa forma, em 1095, o papa Urbano II, no Concílio de Clermont, convocou as Cruzadas, prometendo a salvação para todos aqueles que lutassem e/ou morressem na “guerra santa” contra os pagãos – neste caso, os muçulmanos. Para a população, a oportunidade representava uma dupla vantagem: além de ter seus pecados perdoados, havia a possibilidade de, por meio de saques às cidades orientais, reduzir seus problemas econômicos. Entre 1096 e 1280 foram organizadas, oficialmente, nove Cruzadas (veja as principais no mapa acima). Entre as expedições, destaca-se a Quarta Cruzada, também chamada de Cruzada Comercial. Realizada entre 1202 e 1204, ela foi financiada por comerciantes de Veneza e tinha princípios diferentes dos das missões anteriores. O objetivo era a tomada de Constantinopla, que abrigava o principal porto comercial do Mar Mediterrâneo. A empreitada foi bem-sucedida com a conquista de Constantinopla e a reabertura da rota comercial entre o Oriente e o Ocidente. Anteriormente dominada pelos muçulmanos, ela passou ao controle dos comerciantes de Veneza.
Renascimento comercial e urbano
Com a reabertura do Mediterrâneo ao comércio, estabeleceram-se rotas ligando regiões produtoras – como Flandres (atualmente Bélgica e Holanda), famosa por sua lã – e as cidades portuárias italianas que controlavam o contato com o Oriente – Veneza e Gênova. Nos cruzamentos dessas novas rotas foram organizados centros de comércio temporários. Eram as feiras, que reuniam mercadores de diversas partes da Europa. Para se protegerem de assaltos, os mercadores passaram a se estabelecer ao redor de palácios e mosteiros, formando os burgos (de onde vem o termo burguês). Com o tempo, esses núcleos cresceram, e foram erguidas novas muralhas a seu redor. Constituíam-se, assim, as cidades. No entanto, por viverem em áreas ainda pertencentes aos feudos, os burgueses eram obrigados a pagar impostos aos senhores. A luta pela independência urbana ficou conhecida como movimento comunal, e a emancipação era garantida pelas cartas de franquia, documento que assegurava às cidades direitos como cobrar impostos e mon-
A EVOLUÇÃO DO IMPÉRIO OTOMANO Veja eja ja até até at té onde oond on ndee ssee estendeu deuu o Im Impérioo O Otomano, que ue exist existiu do século culo XIII ao XX Oceanoo Atlânticoo
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SÍRIA CHIPRE REE PALLLESTI LEESTI EESTIN NAA
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SAIBA MAIS
EXPANSÃO DO IMPÉRIO OTOMANO Território Otomano original Aquisições, 1300-1359 Aquisições, 1359-1451 Aquisições, 1451-1481 Aquisições, 1512-1520 Aquisições, 1520-1566 Aquisições, 1566-1683
A D I B I O M Meca
Oceano Índ Índico
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O IMPÉRIO TURCO-OTOMANO
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ARM ARM AR MÊÊNIA N NIAA
EGITO O
Crise do feudalismo
Um dos primeiros sintomas da crise do sistema feudal foram as revoltas camponesas. A partir de 1358, começando pela região de Flandres, espalharam-se pela Europa. A causa principal foi a queda da produtividade da agricultura entre os séculos XI e XIV, que, junto com o crescimento da população e a resistência da nobreza em reduzir a parte do excedente que lhe cabia, provocou a fome entre os camponeses. Na França, receberam o nome dee jacquerie. Castelos foram queimados, e nobres, assassinados. A nobreza contra-atacou, executando mais de 20 mil pessoas. Sublevações também ocorreram na Inglaterra e no norte da Itália. Além das revoltas, a peste negra chegou à Europa em 1347 pelo porto de Gênova. A epidemia, transmitida ao homem pela pulga do rato (o que não se sabia na época), espalhou-se com grande velocidade e provocou a morte de quase metade da população europeia. A guerra também atingiu a Europa nesse período. A pretensão do rei inglês Eduardo III de disputar a sucessão do trono francês provocou a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra. No decorrer do conflito, destaca-se a camponesa mística Joana d’Arc (1412-1431), que alegava receber mensagens divinas desde criança. Sob sua inspiração, as tropas francesas conquistaram importantes vitórias, e ela
TRIPOLIT OLITTÂNIA OLITÂN OL OLIT ÂÂNIIA LÍB Í IAA ÍBIA
Mar de Ma Arall
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Mar Mediterrâneo M
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Mar Negro N
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Constantinopla Constantinopl Consta CCo onst on oonsta nnsta stantinopl antinop ntinooopl pla ppl la
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tar milícia. Livres da tutela feudal, as novas cidades se organizaram em ligas (ou hansas), para agilizar o comércio e congregar interesses. A mais importante foi a Liga Teutônica a (ou Hanseática). Dentro das cidades, os burgueses também se organizaram em corporações. As mais conhecidas foram as corporações de mercadores, ou guildas, que limitavam o comércio estrangeiro e controlavam os preços, e as corporações de ofício, que agrupavam artesãos – com o objetivo de impedir a concorrência de quem produzisse o mesmo artigo. Na hierarquia das corporações de ofício, os mestres eram os proprietários das oficinas e donos das ferramentas. Cabia-lhes estipular salários e normas de trabalho. Abaixo deles estavam os oficiais, trabalhadores especialistas remunerados, e, por último, os aprendizes, jovens que recebiam roupas, alimento e moradia em troca de trabalho.
A região que faz a ligação entre a Ásia e a Europa, conhecida como Ásia Menor ou Anatólia, vivia um período caótico no século XIII. Enquanto as Cruzadas atravessavam a região em direção de Jerusalém, o Império Bizantino, que ocupava boa parte da região, estava em franco declínio. Vindo do atual Cazaquistão, um grupo de turcos nômades aproveitou a situação para assumir o controle da região. Sob a liderança de Ertogrul foi criada uma dinastia na qual o sultão é o chefe civil, militar e religioso. Em 1281, Otman I deu início à expansão turca e emprestou seu nome ao império. Ele e os sucessores uniram os turcos da Anatólia num Estado militarista, que travou uma guerra santa contra o Império Bizantino e os cristãos dos Bálcãs. Por volta de 1400, os domínios do Império Otomano já se estendiam do Rio Danúbio ao Eufrates. Em 1453, coube a Maomé II, o Conquistador, liderar os otomanos em seu maior feito: colocar um fim aos 1.100 anos do Império Bizantino com a tomada de Constantinopla. A conquista de Constantinopla é tão simbólica que os historiadores a consideram o marco final da Idade Média e o início da Idade Moderna. O feito do Império Turco-Otomano mudou as relações de poder no Mediterrâneo. Os turcos bloquearam as rotas entre a Europa e a Ásia, que passavam pelo Egito e Mar Vermelho ou pelo Oriente Médio. Com isso, provocaram grandes prejuízos ao comércio na Europa, levando os europeus a procurar novos caminhos para a Ásia pelo Oceano Atlântico, o que impulsionou fortemente as grandes navegações. No século XVI, sob a liderança de Solimão I, o Magnífico, o Império conquistou as áreas entre o Mar Vermelho e a Bósnia, alcançando sua maior extensão. Mas no século XVII veio a crise. O Império começou a se fragmentar em 1800 até ser abolido em 1922, como consequência dos conflitos da I Guerra Mundial (veja mais na pág. 66).
se tornou heroína nacional. Capturada pelos ingleses, Joana d’Arc foi acusada de bruxaria e condenada a morrer na fogueira, vítima da Inquisição. A guerra terminou em 1453, quando a França recuperou todas as possessões sob o domínio inglês, venceu a guerra e, assim, preservou sua soberania nacional.
As principais consequências da crise feudal foram o enfraquecimento da nobreza e a flexibilização das relações de servidão. Depois do conflito, muito do poder associado à nobreza foi transferido aos reis, fragilizando as relações feudo-vassálicas e praticamente pondo fim ao sistema feudal. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MÉDIA LINHA DO TEMPO
Idade Média Veja os acontecimentos mais importantes da Idade Média, que vai de 476 a 1453. Os fatos que têm indicação de páginas (remissões) correspondem aos assuntos que mais caem no vestibular [2]
A D I B I O
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Clóvis I unifica as tribos francas e conquista Gália, o que dá origem ao Reino Franco, o mais poderoso da Europa Ocidental no período. Pág. 30 500
As tropas do majordomus Carlos Martel, do Reino Franco, derrota os muçulmanos na Batalha de Poitiers, que impõe uma barreira cristã ao avanço islâmico na Europa. Pág. 30
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A D 570
O IMPÉRIO BIZANTINO REINO DOS OSTROGODOS
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Mar Negro
Constantinopla
REINO DOS VÂNDALOS Mar Mediterrâneo
Início do reinado de Justiniano (527-565) Conquistas de Justiniano Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XII
34 GE HISTÓRIA 2018
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Disputas e guerras sucessórias entre os netos de Carlos Magno resultam no Tratado de Verdum, que divide o Império Carolíngio em três reinos. Pág. 30
Colapso da civilização maia Com os frequentes conflitos, as mudanças climáticas e o esgotamento das terras cultiváveis, a civilização maia começa a entrar em colapso. Pág. 14
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920
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Matemáticos árabes inventam o conceito do número zero, que representa papel fundamental no sistema de numeração
[3]
Com a coroação de Justiniano, o Império Bizantino começa a viver seu auge. O imperador reconquista territórios bárbaros no Ocidente (veja o mapa abaixo), estimula as artes e elabora o Código de Justiniano, que revisa e atualiza o direito romano. Ao fim de seu governo, em 565, o império começa a decair. Em 1204, a capital, Constantinopla, é conquistada pelos cruzados, e o restante do império é repartido entre príncipes feudais. Em 1453, a cidade é subjugada pelos turcos.
Oceano Atlântico
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Nasce Maomé, na cidade de Meca, que se tornaria o profeta da religião islâmica e unificaria as tribos árabes sob um poderoso império. Pág. 28
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Mar Vermelho
[4]
630 Um exército de 10 mil homens liderados por Maomé conquista a cidade sagrada de Meca para propagar o islamismo. Surge o Império Árabe, que se expandiu por três continentes em apenas 100 anos. Pág. 28
[5]
962 O papa João XII nomeia Otto I imperador do Sacro Império Romano-Germânico, numa tentativa de conter os ataques húngaros à Europa cristã. Seus domínios abrangem porções das atuais França, Holanda, Suíça, Alemanha, Áustria e Polônia. Acentua-se a corrupção, e a Igreja Católica torna-se mais suscetível ao poder político, promovendo a venda de cargos eclesiásticos (simonia).
987 Após a morte de Luís V, último rei da dinastia Carolíngia, nobres franceses elegem Hugo Capeto, conde de Paris, soberano da França. Inicia-se o processo de formação da monarquia francesa.
[6]
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Gêngis Khan unifica tribos da Ásia Central (atual Mongólia) e inicia o Império Mongol, que se estende da China até as cercanias da Hungria. Suas conquistas são consolidadas pelo neto Kublai Khan, que funda na China a dinastia Yuan. Ele impulsiona o comércio com a Europa. Em 1368, os mongóis são expulsos da China pela dinastia Ming. O Império Mongol se desagrega no século XIV.
O papa Gregório IX aumenta a repressão ao fundar a Inquisição, tribunal da Igreja instituído para capturar, julgar e punir os acusados de heresia. Pág. 26
O sultão Otman I funda o Império TurcoOtomano. No século XVI, o império vive seu auge, ocupando o norte da África, a região do Mar Vermelho e a faixa do Golfo Pérsico até a Hungria. A partir do século XVII, a retração econômica dá início à decadência, mas o sultanato só é abolido após a derrota na I Guerra Mundial (1914-1918). Pág. 33
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1054 A Igreja Oriental (Igreja Cristã Ortodoxa Grega) e a Igreja Ocidental (Igreja Católica Apostólica Romana) rompem entre si, no Cisma do Oriente.
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Sob a imposição dos senhores feudais saxões e de bispos ingleses, o rei inglês João I assina a Magna Carta, que limita os poderes da monarquia. Pág. 44
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Para refazer a unidade cristã, abalada pelo Cisma do Oriente, o papa Urbano II convoca as Cruzadas, expedições militares contra o mundo árabe. Pág. 32
A pretensão do rei inglês Eduardo III de disputar a sucessão do trono francês é o estopim da Guerra dos Cem Anos, que opõe França e Inglaterra. Pág. 33
[8]
O feudalismo chega ao auge na Europa. Pág. 31
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SÉCULO XII
A D I B I O Levada por um navio proveniente do Mar Negro, a peste negra chega à Europa pelo porto de Gênova. A epidemia, altamente infecciosa, é transmitida ao homem pela pulga do rato (o que não se sabia na época). Espalha-se com grande velocidade e provoca a morte de cerca de um terço da população europeia. Pág. 33
1453
[10] [1] PALÁCIO DE VERSALHES/FRANÇA [2] MUSEU NACIONAL DE ANTROPOLOGIA DA CIDADE DO MÉXICO [3] [5] [6] [10] REPRODUÇÃO [4] MUSEU DO LOUVRE/FRANÇA [7] DIVULGAÇÃO [8] BNF/FRANÇA [9] BIBLIOTECA REAL DA BÉLGICA
A tomada de Constantinopla – então sede do Império Bizantino – pelo Império TurcoOtomano marca o fim da Idade Média e início da Idade Moderna. GE HISTÓRIA 2018
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COMO CAI NA PROVA
1.
(UNICAMP 2016) Reproduz-se, abaixo, trecho de um sermão do bispo Cesário de Arles (470-542), dirigido a uma paróquia rural.
“Vede, irmãos, como quem recorre à Igreja em sua doença obtém a saúde do corpo e a remissão dos pecados. Se é possível, pois, encontrar este duplo benefício na Igreja, por que há infelizes que se empenham em causar mal a si mesmos, procurando os mais variados sortilégios: recorrendo a encantadores, a feitiçarias em fontes e árvores, amuletos, charlatães, videntes e adivinhos?” Fonte: http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=co_content&view=article&id=1397:sao-cesariode-arles-sermao-13-parauma-paroquia-rural&catid=28: outros-artigos&Itemid=285
A partir desse sermão, escrito no sul da atual França, é correto afirmar que: a) A Igreja Católica assumia funções espirituais e deixava à nobreza o cuidado da saúde dos camponeses, através de ordens religiosas e militares. b) O cristianismo tinha penetrado em todas as categorias sociais e era interpretado da mesma forma através da autoridade dos bispos. c) Práticas consideradas menos ortodoxas por Cesário de Arles ainda encontravam espaço em setores da sociedade e a elite da Igreja tentava se afirmar como o único acesso ao sagrado. d) O avanço do materialismo estava afastando da Igreja os camponeses, que, com isto, deixavam de pagar os dízimos eclesiásticos.
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RESOLUÇÃO
2. (MACKENZIE 2015) As Cruzadas, durante a Idade Média, repre-
sentaram uma forma de solução para os problemas decorrentes do início da desestruturação do regime feudal. A expressão “Cruzada” “derivou-se do fato de seus integrantes considerarem-se soldados de Cristo”. Tais expedições constituíram-se em a) empreendimentos de caráter militar, voltadas contra os inimigos da Cristandade, sem o apoio formal da Igreja Católica, mas patrocinadas por nobres feudais, que garantiam privilégios materiais aos participantes. b) oportunidades oferecidas em uma sociedade fortemente religiosa, mais clerical do que civil, em que o pecado e o crime equivaliam à mesma coisa, ou seja, de o cruzado obter a indulgência, ou perdão aos seus pecados. c) movimentos nos quais tanto a iniciativa de lutar contra os infiéis quanto a de reconquistar a Terra Santa partia de muitos
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RESOLUÇÃO
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A questão aponta para o fato de o aspecto religioso, a reconquista da Terra Santa, em mãos dos muçulmanos, ter sido o principal fator para as Cruzadas e para o fato de que os participantes dos movimentos, pecadores ou criminosos, poderiam obter o perdão de seus erros caso participassem da guerra santa cristã. De forma geral, as Cruzadas podem ser definidas como expedições militares, lideradas pela nobreza e apoiadas pela Igreja Católica. Para a nobreza e para alguns reis, a conquista de territórios no Oriente significaria a possibilidade de aumento de seu poder político. Já para a Igreja, o sucesso do empreendimento garantiria a manutenção de seu poder na região, ameaçado pela expansão muçulmana, e a garantia de seu prestígio na Europa, onde se iniciava a crise do feudalismo, levando seu domínio a ser contestado. Resposta: B
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A cidade de Arles, atualmente uma comuna francesa, situava-se na chamada Gália Meridional do Império Romano, que havia sido recém-conquistada pelos “bárbaros” germânicos no contexto expresso no texto (final do século V, início do século VI). Por ter sido a única instituição a ter sobrevivido à crise do Império Romano, havia um desejo da Igreja Católica de evitar que padrões religiosos não católicos (pagãos) fossem difundidos junto à população por ela dominada. Essas práticas, normalmente resquícios de cultos locais ou trazidas pelos invasores germânicos, ameaçavam a supremacia católica no continente. Por isso a necessidade do catolicismo de homogeneizar as práticas religiosas e se mostrar como única alternativa para o “acesso ao sagrado”. Resposta: C
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indivíduos não combatentes, como mercadores, artesãos, mulheres e crianças, motivados pela fé. d) iniciativas militares, cujos recursos materiais para sustentar os cruzados provinham da Igreja Católica, única interessada na reconquista da região. e) possibilidades para escapar das dívidas e dos pagamentos dos tributos à Igreja e aos senhores feudais, já que o cruzado, ao participar dessas expedições, conseguia uma moratória estendida para toda sua vida.
3. (FUVEST 2016) Assim como o camponês, o mercador está a princípio submetido, na sua atividade profissional, ao tempo meteorológico, ao ciclo das estações, à imprevisibilidade das intempéries e dos cataclismos naturais. Como, durante muito tempo, não houve nesse domínio senão necessidade de submissão à ordem da natureza e de Deus, o mercador só teve como meio de ação as preces e as práticas supersticiosas. Mas, quando se organiza uma rede comercial, o tempo se torna objeto de medida. A duração de uma viagem por mar ou por terra, ou de um lugar para outro, o problema dos preços que, no curso de uma mesma operação comercial, mais ainda quando o circuito se complica, sobem ou descem – tudo isso se impõe cada vez mais à sua atenção. Mudança também importante: o mercador descobre o preço do tempo no mesmo momento em que ele explora o espaço, pois para ele a duração essencial é aquela de um trajeto. Fonte: Jacques Le Goff. Para uma Outra Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013. Adaptado.
O texto associa a mudança da percepção do tempo pelos mercadores medievais ao a) respeito estrito aos princípios do livre-comércio, que determinavam a obediência às regras internacionais de circulação de mercadorias. b) crescimento das relações mercantis, que passaram a envolver territórios mais amplos e distâncias mais longas. c) aumento da navegação oceânica, que permitiu o estabelecimento de relações comerciais regulares com a América. d) avanço das superstições na Europa ocidental, que se difundiram a partir de contatos com povos do leste desse continente e da Ásia. e) aparecimento dos relógios, que foram inventados para calcular a duração das viagens ultramarinas.
RESUMO
RESOLUÇÃO
A interpretação do texto aponta para o Renascimento Comercial e Urbano, durante a Baixa Idade Média, quando ocorre um aumento das atividades mercantis graças aos efeitos do movimento cruzadístico. De acordo com o excerto, o cálculo do tempo para percorrer determinadas distâncias, ampliadas pela atividade comercial, garantia aos mercadores um controle e um planejamento mais eficientes de sua atividade. Pode-se concluir que, para esses mercadores, tempo era, também, dinheiro. Resposta: B
Idade Média
4. (ENEM 2015) CALENDÁRIO MEDIEVAL, SÉCULO XV.
FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA A Os principais filósofos do período foram ideólogos católicos: Santo Agostinho, durante a Alta Idade Média, afirmava que a fé superava a razão, retomando Platão; São Tomás de Aquino buscou conciliar a fé cristã com o racionalismo da filosofia grega, no período de crise do feudalismo (Baixa Idade Média) e promoveu a cristianização do pensamento de Aristóteles.
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O PODER DA IGREJA A Quando o cristianismo foi transformado em religião oficial do Império Romano, em 391, a Igreja passou a acumular fortunas e vastos territórios, além de monopolizar o conhecimento. Para aumentar seu poder, a Igreja usou o pretexto do combate às heresias (práticas contrárias à sua doutrina). O maior símbolo da repressão foi a Inquisição, que julgava e condenava os hereges.
A D I B I O
IMPÉRIO ÁRABE A construção desse império só foi possível depois que o islamismo uniu politicamente as várias tribos da Península Arábica. Com a morte do líder religioso Maomé, no século VII, o poder passou para a mão dos califas. Os árabes conquistaram vastos territórios, onde permaneceram por séculos. No século XIII, conflitos políticos e religiosos enfraqueceram o império. A partir daí, os mongóis ocuparam Bagdá (1258), e os espanhóis reconquistaram a Península Ibérica (1492).
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Fonte: http://www.ac-grenoble.fr
Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno. b) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador. c) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho. d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano. e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade. RESOLUÇÃO
Durante a Idade Média as atividades produtivas e sociais, de uma forma geral, estavam diretamente ligadas às condições climáticas, já que a Europa apresentava estações bem definidas. Em uma questão com as características do Enem, que por vezes exigem apenas uma atenta observação do enunciado e/ou das imagens, o candidato poderia notar como cada mês do calendário está relacionado à execução de algum tipo de trabalho – neste caso, a única que menciona alguma atividade produtiva é a alternativa D. Resposta: D
REINO FRANCO O Reino Franco foi o mais estável e duradouro entre os reinos bárbaros. Formou-se no século V, quando os francos conquistaram a Gália, atual França. Na dinastia Merovíngia, o rei Clóvis uniu os francos, antes divididos em tribos. O apogeu veio durante o Império Carolíngio, no reinado de Carlos Magno, coroado imperador pelo papa. Mais tarde, guerras sucessórias fragilizaram o império e fortaleceram a nobreza local, resultando na consolidação do feudalismo na Europa.
FEUDALISMO Esse foi o principal sistema político, econômico e social na Europa medieval. A sociedade tinha pouca mobilidade e estava dividida em dois estamentos (proprietários e trabalhadores) e três estados ou ordens (clero, nobreza e campesinato). O poder era descentralizado, e as relações sociais eram norteadas pelas relações de vassalagem e suserania, nas quais o suserano doava terras ao vassalo em troca de fidelidade e apoio militar. O feudalismo entrou em colapso no século XIII, dando lugar ao capitalismo. CRUZADAS Foram expedições organizadas pela Igreja para reconquistar a Terra Santa (Jerusalém). Suas principais motivações foram a necessidade de restabelecer o comércio com o Oriente e de obter novas terras para elevar a produção agrícola e dar conta do aumento populacional. As nove Cruzadas oficiais se estenderam até o século XIII. A reabertura do Mediterrâneo ao comércio contribuiu para a formação das cidades e foi decisiva para que o feudalismo fosse substituído pelo capitalismo.
GE HISTÓRIA 2018
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I DAD E M OD ER NA CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
Renascimento ...................................................................................................40 Reforma religiosa ............................................................................................42 Absolutismo e mercantilismo ......................................................................44 Expansão marítima e colonização da América .....................................46 Revoluções inglesas do século XVII ...........................................................48 Liberalismo e Iluminismo .............................................................................49 Linha do tempo ................................................................................................51 Como cai na prova + Resumo .......................................................................52
A Do cisma à comunhão D I B I O R P N A D N E V O papa Francisco foi recebido na Suécia para o início das celebrações dos 500 anos da Reforma Protestante, o evento que rachou a Igreja Católica no século XVI o dia 31 de outubro de 2016, o papa Francisco desembarcou na Suécia para o que seria mais uma de suas visitas oficiais, a 17ª desde que assumiu o posto, em 2013. Mas aquela viagem tinha um componente histórico que a diferenciava das demais: Francisco foi recebido na cidade de Lund para o início da celebração dos 500 anos da Reforma Protestante, o evento que rachou a Igreja Católica no século XVI e a transformaria para sempre. Em 31 de outubro de 1517, o monge alemão Martinho Lutero afixou na porta de sua igreja as famosas 95 teses em que condenava diversas práticas do catolicismo, em especial a venda de indulgências (o perdão aos pecados). Por recusar-se a fazer uma retratação, Lutero acabou sendo excomungado pelo papa Leão X. Mas suas ideias disseminaram-se rapidamente, e o luteranismo deflagrou o movimento da Reforma Protestante. A Igreja Católica, por sua vez, reagiu com a Contrarreforma, desencadeando guerras religiosas que devastaram a Europa. A reconciliação entre o luteranismo e o catolicismo só deu os primeiros passos em 1967, quando a Igreja Católica realizou o II Concílio Vaticano, numa tentativa de promover a unidade cristã. A visita do papa é mais um passo nesse sentido e é respaldada pela posição reformista
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que Francisco vem adotando deste que tornou-se o sumo pontífice. Meses antes da viagem à Suécia, ele fizera uma desconcertante crítica ao catolicismo, tecendo elogios a Martinho Lutero: “A Igreja não era um modelo, havia corrupção, ganância e luxúria. Ele protestou contra isso. E ele era um homem inteligente”. Sobre o encontro histórico na Suécia, um país secular de maioria luterana, Francisco reconhece que há importantes diferenças dogmáticas entre as duas religiões, tanto é que setores mais conservadores de ambos os lados veem com reservas essa aproximação. Mas o papa ressaltou que católicos e luteranos devem trabalhar juntos, especialmente em tempos de perseguição e intolerância religiosa, para ajudar os pobres, os migrantes e os refugiados. Por todas as transformações que promoveu há cinco séculos, a Reforma Protestante repercute ainda hoje RECONCILIAÇÃO e é um dos eventos O papa Francisco participa que definiram a Ida- de missa ecumênica na de Moderna. Neste catedral de Lund, na capítulo, você saberá Suécia, em 31 de outubro mais sobre esse e ou- de 2016: o evento iniciou a tros importantes fatos celebração dos 500 anos da marcantes do período. Reforma Protestante
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N E V VINCENZO PINTO/AFP
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IDADE MODERNA RENASCIMENTO
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Explosão cultural
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Muitas das mais famosas obras de arte da história foram produzidas na Itália, entre 1300 e 1600. Saiba por que e confira como essas criações nos ajudam a entender o espírito da época Renascimento foi o movimento intelectual e artístico que ocorreu entre o século XIV e o XVI na Europa. Representou a nova visão de mundo da sociedade que se formava após o desenvolvimento comercial e urbano iniciado no fim da Idade Média. Se na estática estrutura social dos feudos valia a força da coletividade e a submissão aos desígnios de Deus, no ambiente dinâmico das cidades modernas valorizavam-se o indivíduo e seu imenso potencial de autoaperfeiçoamento e criação.
Características
O elemento central do Renascimento foi o humanismo, corrente filosófica que se baseava no antropocentrismo, ou
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seja, considerava o ser humano o centro das questões. Para os humanistas, o homem é dotado de uma capacidade quase divina de criar, e, ao exercê-la, aproxima-se de Deus. Ao proporem a superação dos ideais medievais – segundo os quais Deus era o centro de tudo e a fé se sobrepunha à razão – e se inspirarem em pensadores da Antiguidade Clássica, os humanistas julgavam estar promovendo um renascimento daquela cultura – daí o nome pelo qual batizaram o período em que viveram. Outras características fundamentais do Renascimento foram o naturalismo, a busca por uma representação da natureza fiel à realidade; o racionalismo, valorização da razão; e o hedonismo,
[1]
que defende o prazer individual como único bem possível. Com base nesses elementos, os renascentistas passaram a utilizar com mais frequência os estudos científicos em suas produções artísticas e culturais. Muitos pintores e escultores incorporaram estudos de matemática (perspectiva, ponto de fuga) e de anatomia em suas criações.
Na Itália
Intrinsecamente ligado ao desenvolvimento comercial e urbano, o Renascimento surgiu e atingiu o ápice na região da Europa onde essas transformações ocorreram antes e de maneira mais intensa: as cidades italianas. Foi lá que apareceram os primeiros burgueses endinheirados dispostos a patrocinar artistas e cientistas: os mecenas – como os Médici, de Florença. De fato, o Renascimento foi um movimento essencialmente elitista, pois só existia para a alta burguesia e para a nobreza. A Renascença italiana costuma ser dividida em três fases: o Trecento (século XIV), o Quattrocento (século XV) e o Cinquecento (século XVI):
O FLORESCER DA ARTE A tela O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, é um dos marcos do Renascimento, que transformou a criação artística ocidental
SAIBA MAIS CRIADORES E CRIATURAS
Saiba mais sobre alguns dos maiores artistas italianos do Renascimento e entenda como suas obras expressam os valores do movimento
MICHELANGELO BUONARROTI (1475-1564)
Trecento Foi o período em que se começou a romper com os modelos artísticos da Idade Média. Na pintura, destacou-se Giotto di Bondoni, que representava imagens sacras já com forte traço naturalista. Na literatura, os maiores nomes foram Dante Alighieri (A Divina Comédia), Francesco Petrarca (Africa) e Giovani Boccaccio (Decameron). Os três usavam, em vez do latim, identificado com a cultura eclesiástica medieval, o toscano, dialeto que originou o atual italiano. Quattrocento Caracterizou-se por intensa produção artística e extrema evolução intelectual. Foi quando, graças ao financiamento dos mecenas, os artistas começaram a deixar de ser encarados como simples artesãos para se tornarem profissionais independentes. Entre os artistas que mais se destacaram no período estão Leonardo da Vinci e Sandro Botticelli (veja o boxe ao lado). Cinquecento No século XVI, Roma substituiu Florença como principal centro de arte na Itália, e a Igreja Católica tornou-se o grande mecenas do período. Michelangelo e Rafael Sanzio, dois dos maiores artistas plásticos do Cinquecento, produziram importantes obras para a Sé. Na literatura, destacam-se autores como Ariosto, Torquato Tasso e Maquiavel. Este último, o mais importante pensador político do período, é o autor de O Príncipe, ensaio sobre a arte de bem governar, que defende a falta de escrúpulos, o uso da força e a diminuição da atuação política da Igreja.
Projetou a cúpula da Basílica de São Pedro e decorou a Capela Sistina (ambas no Vaticano) com algumas das mais conhecidas pinturas renascentistas, como A Criação de Adão. Mas foi na escultura que Michelangelo atingiu o auge. Davi, uma de suas principais criações, diz muito sobre o que foi o Renascimento: além de exibir contornos precisos, a imponente escultura de 5 metros exprime a força e a confiança do ser humano.
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Foi também no século XVI que viveram os grandes cientistas do Renascimento: o polonês Nicolau Copérnico, o alemão Johannes Kepler e os italianos Giordano
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SANDRO BOTTICELLI (1445-1510)
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Assim como Michelangelo, Botticelli foi um dos artistas financiados pelos Médici e também participou da decoração da Capela Sistina. Parte de uma série de criações que representavam mitos greco-romanos, O Nascimento de Vênus é uma de suas telas mais famosas (veja na pág. ao lado). Representa um rompimento com a tradição medieval, pois, em vez de retratar personagens estáticos, enfatiza a liberdade de movimentos do corpo, em perfeita sintonia com o dinamismo renascentista.
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LEONARDO DA VINCI (1452-1519)
Pintor, arquiteto, botânico, cartógrafo, engenheiro, escultor, físico, geólogo, químico e inventor, entre outras ocupações, Da Vinci era o típico humanista, adquirindo e produzindo conhecimento em diversas áreas. Como a famosa Mona Lisa, o Homem Vitruviano, uma de suas mais conhecidas obras, é um belo exemplar do espírito do Renascimento: trata-se de um estudo anatômico que busca representar com perfeição matemática a beleza e a simetria do corpo humano.
Bruno e Galileu Galilei, todos astrônomos defensores da teoria heliocêntrica, que rompeu com a Igreja ao afirmar que o Sol, e não a Terra, seria o centro do Universo. Esses pensadores foram os primeiros a utilizar o método científico – série rigorosa de testes que pretende garantir a veracidade das teorias.
Difusão
Seguindo pelas rotas comerciais, o Renascimento chegou a outras partes da Europa. Os Países Baixos destacaram-se na pintura, com Brueghel e os irmãos Hubert e Jan van Eyck. Na Inglaterra surgiu outro expoente do humanismo, Thomas Morus (Utopia), e um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, William Shakespe-
[1] [3] DIVULGAÇÃO/GALERIA DOS OFÍCIOS/FLORENÇA [2] DIVULGAÇÃO/CASA BUONARROTI [4] DIVULGAÇÃO
are (Hamlet, Macbeth, Romeu e Julieta). Entre os franceses, os mais notáveis foram os escritores Rabelais (Gargantua e Pantagruel) e Montaigne (Ensaios). A Península Ibérica não incorporou O QUE ISSO completamente TEM A VER COM os valores renas- PORTUGUÊS centistas, mas Luís Vaz de Camões também produziu é o maior nome célebres escritores português do Classicismo, a no período, como estética literária o português Luís do Renascimento de Camões (Os que resgata a Lusíadas) e o es- Antiguidade. Para panhol Miguel de saber mais veja o GUIA DO ESTUDANTE Cervantes (Dom PORTUGUÊS. Quixote). GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MODERNA REFORMA RELIGIOSA
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Novos tempos, novas crenças
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Com as mudanças políticas e econômicas na Europa, alguns religiosos também resolveram revolucionar a fé
m meados do século XVI, desencadeou-se na Europa um movimento de caráter religioso, político e econômico que contestava a estrutura e os dogmas da Igreja Católica: a Reforma Protestante. Ocorrida paralelamente ao Renascimento e à formação das monarquias nacionais europeias, ela expressou a necessidade de adequação da religião às transformações decorrentes do desenvolvimento do capitalismo.
Antecedentes
No fim da Idade Média, a Europa convivia com um constante medo dos castigos reservados aos pecadores no inferno. Quem estimulava essa tensão era a própria Igreja, que enriquecia com
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a venda de indulgências (perdão dos pecados). A prática financiava o luxo do alto clero, mas provocava descontentamento dentro da instituição. A incipiente burguesia também estava insatisfeita. Ao proibir a usura – empréstimo de dinheiro a juros – e o lucro excessivo (decorrente da venda por um preço superior ao “preço justo”), a doutrina católica freava o desenvolvimento das atividades bancárias e comerciais, prejudicando a alma do negócio burguês. Paralelamente, com a formação das monarquias nacionais e o estabelecimento de fronteiras, a Igreja, grande proprietária de terras, passou a ser considerada potência estrangeira, o que estimulou conflitos entre reis e o papa. Nesse contexto, começaram a surgir importantes críticos da Igreja Católica: John Wycliffe, no século XIV, na Inglaterra, e Jan Huss, no século XV, na Boêmia (região do Sacro Império Romano-Germânico), são considerados precursores da Reforma, já que condenavam a venda de indulgências, a opulência do clero e defendiam o confisco dos bens da Igreja.
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A reforma de Lutero
Em 1517, indignado com a venda de indulgências, o monge alemão Martinho Lutero afixou na porta da igreja em que pregava 95 teses, nas quais condenava várias práticas da Igreja. Após negar as exigências de retratação do papa, Lutero foi excomungado, tendo queimado publicamente a bula – documento papal que o condenou. Sua doutrina, elaborada no exílio na Saxônia, tinha como base os princípios de predestinação, de Santo Agostinho. Segundo Lutero, a única saída para a salvação é a fé, não havendo necessidade de intermediários entre o homem e Deus – papel dos sacerdotes no catolicismo. Além da extinção do clero regular, ele defendia a livre leitura e interpretação da Bíblia pelos fiéis e a submissão da Igreja ao Estado. Suas ideias ofereciam uma justificativa para a nobreza germânica, que desejava se ver livre da interferência política da Igreja nos principados do Sacro Império. Com a pressão do Vaticano, em 1521, o imperador Carlos V convocou uma assembleia, a Dieta
ROMPIMENTO Ilustração mostra Martinho Lutero divulgando suas 95 teses que condenam as práticas da Igreja, em atitude que provocou a ira do papa
REBELDES DA FÉ Veja onde agiram os principais personagens da Reforma Mar do HENRIQUE VIII Norte INGLATERRA
A reforma de Calvino
A primeira tentativa de reforma na Suíça se deu com Ulrich Zwinglio, luterano que propôs uma doutrina mais radical. A briga entre protestantes e católicos desencadeou uma guerra civil entre 1529 e 1531. A Paz de Kappel determinou a autonomia religiosa para cada região do país. Alguns anos depois, chegou a Genebra o religioso francês João Calvino, que reconhecia os princípios da predestinação – segundo a qual apenas alguns homens estão destinados à salvação – e da justificação pela fé. No entanto, pregava que as atividades comerciais e financeiras eram vistas com bons olhos por Deus e, portanto, em vez de condená-las, as [1] BIBLIOTECA DO CONGRESSO [2] SCHLOSSMUSEUM [3] [4] DIVULGAÇÃO
POLÔNIA
SAXÔNIA
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BOÊMIA
Paris
BAVIERA SUÍÇA
ÁUSTRIA
HUNGRIA
CALVINO
Veneza Genova ESPANHA
Mar Mediterrâneo
Fronteira do Sacro Império Domínios eclesiásticos Domínios dos Habsburgo Ordem Teutônica
IMPÉRIO OTOMANO
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LUTERO
CALVINO
HENRIQUE VIII
Em 1517, o monge alemão passou a pregar que os fiéis não precisavam dos padres para interpretar a Bíblia e que a fé bastava para se salvar. Fundou o luteranismo, dando início à Reforma.
A partir de 1532, o religioso francês propôs a doutrina perfeita para a burguesia: o homem provava sua fé por meio do sucesso material. Originou os movimentos presbiteriano, puritano e huguenote.
Em 1534, o rei da Inglaterra usou seu divórcio com Catarina de Aragão como pretexto para romper com o papa, criar a Igreja Anglicana e tomar para si o poder político e econômico que a Igreja Católica tinha em seu país.
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ITÁLIA
Roma
República de Gênova República de Veneza Hungria austríaca Império Otomano
Fonte: Antonio Pedro, História Moderna e Contemporânea, 1 ed., Moderna, pág. 50
A HISTÓRIA HOJE
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O BRASIL É O MAIOR PAÍS CATÓLICO DO MUNDO
O Brasil é a nação que reúne o maior número absoluto de católicos no mundo, com 123,9 milhões de fiéis. Segundo dados do último Censo brasileiro, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 64,6% da população se declara católica. No entanto, os evangélicos – que possuem vínculo histórico com o movimento protestante – representam o grupo religioso que mais cresce em percentual de adeptos. Em 1970, apenas 5,2% dos brasileiros se declaravam evangélicos. Já no último Censo, os evangélicos totalizavam 22,2%.
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PRÚSSIA
BRANDEBURGO LUTERO
FRANÇA
de Worms, que condenou Lutero por heresia. Porém, o monge continuou atraindo a simpatia dos nobres. Oito anos mais tarde, na Dieta de Spira, propôs-se tolerar o luteranismo onde já tivesse sido instalado, mas impedir sua propagação. Alguns principados protestaram, o que deu origem ao nome protestantismo. Em 1555 foi firmada a Paz de Augsburgo, que estabelecia a liberdade religiosa para os príncipes, cuja fé deveria ser adotada pelos súditos, consolidando a vitória do luteranismo. Além da Alemanha, o luteranismo se difundiu pela Suécia, Noruega e Dinamarca. As pregações de Lutero estimularam movimentos que difundiam transformações mais radicais na sociedade. Em 1524 ocorreu a revolta camponesa dos anabatistas – nome pelo qual eram conhecidos os membros do grupo liderado pelo luterano Thomas Münzer, que defendia de forma violenta o fim da propriedade privada e a distribuição igualitária das riquezas. Lutero ficou do lado dos nobres, incitando a repressão, que acabou com a execução de Münzer no ano seguinte.
DINAMARCA
encorajava. Ao justificar a moral da ascendente burguesia, o calvinismo difundiu-se mais que o luteranismo. Na Escócia, seus seguidores foram chamados de presbiterianos; na França, de huguenotes; e na Inglaterra, de puritanos.
A reforma inglesa
Na Inglaterra, a reforma foi desencadeada pelo rei Henrique VIII. Querendo tomar para si o poder que a Igreja Católica tinha em seu país, solicitou ao papa a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, argumentando que, após 18 anos de casamento, ainda não possuía um herdeiro homem ao trono. A requisição foi negada, e Henrique VIII rompeu com o papa.
Em 1533, o Parlamento britânico aprovou o divórcio, e o rei se casou com Ana Bolena. No ano seguinte, Henrique VIII fundou a Igreja Anglicana, da qual era líder supremo. Após ser excomungado pelo papa, confiscou as terras católicas e extinguiu mosteiros. As propostas da nova religião em muito se assemelhavam às do catolicismo, o que resultou em sérios conflitos com os puritanos no século XVII.
Contrarreforma
A reação católica à expansão das doutrinas protestantes ficou conhecida como Contrarreforma. O papa Paulo III convocou, em 1545, o Concílio de Trento, que condenou o protestantismo e reafirmou os princípios católicos. A Inquisição foi reativada – o astrônomo italiano Galileu Galilei foi uma de suas vítimas, sendo condenado a prisão domiciliar em 1633 (veja mais na pág. 41). A Igreja também instituiu o Index Librorum Prohibitorum – uma lista de livros proibidos aos católicos. Mas algumas reformas internas foram empreendidas: decidiu-se regular as obrigações do clero e o excesso de luxo na vida dos religiosos. A Contrarreforma não conseguiu acabar com o protestantismo, apenas freou sua expansão. Um de seus êxitos foi a disseminação da fé católica pelas colônias europeias – inclusive o Brasil –, trabalho realizado pela Companhia de Jesus, a ordem dos jesuítas, criada em 1534. É graças a ela que a América Latina tem o maior número de católicos no mundo. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MODERNA ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO
“O Estado sou eu”
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A frase, atribuída ao francês Luís XIV, mostra bem quem mandava na política da Idade Moderna: os reis absolutistas
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Antigo Regime foi o estilo de governo que marcou a Europa na Idade Moderna. Na esfera política, era caracterizado pelo absolutismo, ou seja, o poder ficava todo concentrado nas mãos do rei. No campo econômico, vigorava o mercantilismo, marcado pelo intervencionismo estatal, com vistas ao acúmulo de metais preciosos.
Formação
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Desde o fim da Idade Média, existia na Europa uma tendência de enfraquecimento do poder dos nobres, por causa da crise do feudalismo (especialmente das guerras prolongadas e das revoltas camponesas). Para os reis, que durante o período medieval tinham autoridade quase nula, esse era o momento ideal de reafirmar seu poder. Em alguns países, os soberanos contaram com o apoio da burguesia, que tinha interesse na centralização política, pois a padronização de pesos, medidas e moedas e a unificação da justiça e da tributação favoreciam o desenvolvimento do comércio. A nobreza, sem forças para se impor, acabou por aceitar a dominação real – em alguns casos, após sangrentos conflitos. Parte dela foi cooptada por meio da formação das cortes, constituídas por nobres luxuosamente sustentados pelo Estado. Os reis puderam, assim, tomar para si todo o controle político, econômico e militar dos países. No auge desse processo de centralização, estabeleceu-se o absolutismo.
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Teorias
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O fortalecimento do poder real era defendido por vários pensadores da época. Um dos mais importantes teóricos do absolutismo foi o italiano Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe. A obra, que analisa os meios mais adequados de conquistar e se manter no poder, consiste em um tratado político que tem importância fundamental na construção do conceito de Estado como atualmente o conhecemos. Na Inglaterra, o grande nome foi Thomas Hobbes, autor de O Leviatã. Ele dizia que os homens tendem a viver em guerra constante entre si. Para evitar esse caos, seria necessário firmar um contrato social entre os indivíduos, e o cumprimento desse acordo só poderia ser garantido com o estabelecimento de um Estado forte. Na França, destacou-se o cardeal Jacques Bossuet, segundo o qual o rei era o representante de Deus na Terra e, por direito divino, não devia satisfação de seus atos. Foi na França que o absolutismo se estabeleceu de forma mais exemplar.
[1]
Inglaterra
A monarquia inglesa teve início em 1066, quando o duque da Normandia, William I (Guilherme, o Conquistador), invadiu o país e impôs um governo centralizado. Mas o poder real na Inglaterra era limitado. A Magna Carta, de 1215, e o Parlamento, criado em 1264, submetiam as decisões do soberano à aprovação dos nobres. O absolutismo inglês começou após a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), quando duas importantes famílias da nobreza do país, Lancaster e York, se enfrentaram pela sucessão do trono. Elas praticamente se exterminaram mutuamente, abrindo caminho para que um herdeiro indireto de ambas assumisse o poder: Henrique VII, que fundou a dinastia Tudor. Com a nobreza enfraquecida e o apoio popular, Henrique VII fortaleceu sua autoridade. Seu filho e sucessor, Henrique VIII, foi além, ao promover a Reforma Religiosa no país (veja na pág. 43). Mas o auge seria atingido entre 1558 e 1603, no governo de Elizabeth I. Hábil administradora, ela conseguiu manter o
MAJESTOSO A pintura mostra o rei Luis XIV no Palácio de Versalhes: o monarca levou o absolutismo ao extremo, abusando de seu poder e ignorando a miséria do povo
Parlamento sob relativo controle e promoveu grande expansão da economia. Foi em seu reinado que a Inglaterra derrotou a Invencível Armada da rival Espanha e fundou a primeira colônia inglesa na América. Após sua morte, o país viveria um período de conflitos entre o rei e setores ligados à burguesia que resultaria no fim do absolutismo (veja na pág. 48).
França
A autoridade real e o sentimento de nacionalidade começaram a se fortalecer na França após a vitória na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) (veja na pág. 33). Nas décadas seguintes, os monarcas ampliaram os territórios sob seu domínio e, aliados à burguesia, estenderam o controle real sobre a economia. A nobreza passou a integrar uma numerosa corte. Formou-se, assim, uma grande aliança entre o monarca, os burgueses e os nobres, que duraria até a Revolução Francesa (veja na pág. 56). Na segunda metade do século XVI, a França viveu intensos embates entre católicos e protestantes. Destacou-se o episódio da Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, quando milhares de protestantes foram mortos por ordem da Coroa. Os conflitos terminaram com a tomada do poder por Henrique IV, que reconheceu os direitos dos protestantes pelo Edito de Nantes, de 1598. Fortalecido após a pacificação do país, ele deu início à dinastia dos Bourbon. Seu sucessor, Luís XIII, nomeou primeiro-ministro o cardeal Richelieu. Ele intensificou a centralização do poder e a política mercantilista. No campo externo, interveio na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), ao lado dos protestantes, derrotando os Habsburgos e os reinos católicos do Sacro Império. Os tratados firmados no fim da guerra, principalmente a Paz
de Vestfália, selaram a decadência da Espanha e a ascensão da França à condição de potência continental e fundaram o conceito da soberania dos Estados nacionais, considerados a partir de então os únicos sujeitos legítimos de acordos internacionais – os acordos deixam de depender da mediação e do reconhecimento do Império e da Igreja. No governo seguinte, de Luís XIV (1643-1715), o absolutismo chegou ao auge. Conhecido como o Rei Sol, ele passou a viver em clima de luxo exacerbado no Palácio de Versalhes, fora de Paris. A economia ficou a cargo do ministro Colbert, um burguês que levou ao extremo a política mercantilista.
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CARGA PESADA Movimentação comercial em porto na região da atual Itália no século XVII
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Mercantilismo
O mercantilismo garantiu a manutenção do Estado absolutista e de seus suntuosos gastos com o aparelho administrativo, o Exército e, principalmente, com a corte. A base inicial dessa política era o metalismo, a ideia de que a riqueza de um país dependia de sua capacidade de acumular metais preciosos. Mais tarde, percebeu-se que era necessário desenvolver a produção interna. Aí se destacaram outros princípios, como o da balança comercial favorável, no qual o valor das exportações deve superar o das importações. Para isso, muitos Estados implantaram medidas protecionistas, como barreiras alfandegárias para produtos estrangeiros, o que favorecia a manufatura e o artesanato nacionais.
[1] HALLÉ CLAUDE GUY/RMN/PALÁCIO DE VERSALHES [2] GALERIA DOS OFÍCIOS/FLORENÇA
A conquista e a exploração de colônias também eram fundamentais. Pelo pacto colonial, os Estados absolutistas europeus retiravam os recursos que bem desejavam de seus domínios em outros continentes e forçavam os povos colonizados a comprar os produtos fabricados na metrópole.
A HISTÓRIA HOJE PAZ DE VESTFÁLIA CRIOU A ATUAL ORDEM MUNDIAL
Após a Guerra dos Trinta Anos, foi realizada uma conferência de paz em Vestfália para tentar acomodar as divergências políticas e religiosas que faziam da Europa do século XVII um palco de sangrentos conflitos. Desse encontro, surgiram os princípios da não ingerência: a estrutura política e a orientação religiosa de cada unidade não seriam mais desafiadas. Criou-se, assim, o conceito de igualdade entre os Estados soberanos e os fundamentos de um sistema de relações internacionais. Ainda que não fosse capaz de evitar as guerras, a Paz de Vestfália inaugurou uma ordem mundial que norteou as relações entre os Estados dali para a frente e se espalhou pelo mundo, abrangendo as mais diferentes civilizações. O sistema vestfaliano predomina até hoje, prevalecendo o conceito de Estado-nação e tendo como alicerce a ONU e uma ampla rede de estruturas legais que dão sentido a uma comunidade internacional. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MODERNA EXPANSÃO MARÍTIMA E COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
Navegar é preciso Impulsionadas pelo mercantilismo, as grandes navegações resultaram numa importante revolução comercial e na formação de vastos impérios coloniais.
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expansão marítimo-comercial compreende o período das grandes viagens empreendidas pelos países europeus nos séculos XV e XVI. A principal motivação das grandes navegações foi a busca por uma rota que evitasse o Mediterrâneo, com o objetivo de quebrar o monopólio do comércio de especiarias exercido por Gênova e Veneza, que controlavam a entrada dos produtos vindos do Oriente. Além disso, a Europa vivia um momento de esgotamento das minas de metais preciosos, o que provocava uma verdadeira sede de ouro. Portugal e Espanha foram os primeiros países que reuniram as características para lançar-se ao mar: um Estado centralizado, geografia favorável e tecnologias apropriadas como navios, mapas e instrumentos de navegação.
AO INFINITO E ALÉM
Conheça os comandantes e as rotas das grandes navegações europeias
Expansão portuguesa
Em 1385, João I venceu a disputa com o reino de Castela e assumiu o trono de Portugal na Revolução de Avis, concretizando a centralização monárquica. A conquista de Ceuta (Marrocos) marcou o início da expansão portuguesa, em 1415. Em 1488, Bartolomeu Dias contornou o cabo da Boa Esperança. Dez anos depois, Vasco da Gama chegou à Índia. Em 1500, a expedição de Pedro Álvares Cabral aportou no Brasil. Os portugueses estabeleceram diversos pontos de comércio nos locais em que paravam, criando, assim, seu império marítimo-comercial, que, a princípio, só tinha objetivos de exploração, não de povoamento.
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ALÉM-MAR Vasco da Gama parte para a viagem que descobriria uma nova rota para as Índias, em 1498
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Ceuta (1415)
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AMÉRICA DO SUL Porto 5
Tratado de Tordesilhas – 1494
Guiné (1434-1462) Congo (1482-1485)
Seguro (1500) 4
ÁSIA
Calicute (1498)
ÁFRICA
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Oceano Pacífico
EUROPA
Macau (1516)
Filipinas (1521)
Oceano Índico
OCEANIA Cabo da Boa Esperança (1488)
Oceano Atlântico
Portugal e seu império colonial até 1580 Espanha e seu império colonial até 1580
1 Cristóvão Colombo 2 Fernão de Magalhães 3 Bartolomeu Dias
4 Vasco da Gama 5 Pedro A. Cabral
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, págs. 17, 18
Expansão espanhola
Ocupados com a unificação dos reinos locais de Aragão e Castela, que ocorreu em 1469, e com a expulsão dos árabes, na Guerra da Reconquista, que só se concluiria em 1492, os espanhóis começaram sua expansão marítima mais tarde. Em 1492, a Espanha aprovou o plano de Cristóvão Colombo de chegar ao Oriente indo rumo ao Ocidente. No meio do caminho, no entanto, o navegador deparou com a ilha de Guanaani, atualmente parte das Bahamas. Mais tarde, o episódio ficaria conhecido como o descobrimento da América. Porém, até então, pensava-se que as terras faziam parte da Ásia. Sendo assim, Portugal reivindicou direitos sobre as áreas descobertas, e, em 1494, as duas
potências assinaram o Tratado de Tordesilhas, dividindo entre si as terras já conhecidas e as que ainda seriam descobertas por meio de uma linha imaginária (veja no mapa acima). Apenas nos primeiros anos do século XVI a existência do novo continente seria confirmada pelo navegador florentino, a serviço da Espanha, Américo Vespúcio.
Formas de colonização
Após a chegada de Colombo, as potências ultramarinas começaram a se instalar na América e exploraram intensamente os nativos e quase a totalidade das terras durante cerca de três séculos, o que resultou em um vigoroso fluxo de riquezas para a Europa.
As colônias europeias dividiam-se, de maneira geral, em dois tipos: Exploração: voltadas para o abastecimento do mercado europeu, caracterizavam-se pela grande propriedade, pela monocultura e pelo trabalho escravo. Além de agricultura, praticavase intensa extração de metais. Nessas regiões, valia o pacto colonial, segundo o qual a colônia só podia vender sua produção à metrópole – a preços reduzidos – e dela importar aquilo de que precisasse – com altos valores. Esse era o tipo de colonização empregado pela Inglaterra (na porção sul de sua colônia) e por Espanha e Portugal (veja colonização portuguesa na pág. 88); Povoamento: foi implementado na parte norte da colônia inglesa, onde o clima não permitia o cultivo de itens diferentes dos plantados na Europa. A produção era voltada para o consumo interno, com o predomínio de pequenas propriedades, policultura e mão de obra familiar.
AMÉRICA COLONIAL (espanhóis que cuidavam da Confira os antigos domínios espanhóis, administração; portugueses, franceses, ingleses e holandeses no Novo Mundo criollos (descendentes de europeus que formavam a arisTerra de Rupert tocracia local e exerciam o conNova Treze Colônias trole das câmaras França municipais – tamCapitania da Flórida Vice-Reinado bém conhecidas da Nova Capitania de Cuba Espanha por cabildos ou ayuntamientos); Capitania da Venezuela Capitania mestiços (arteda Guatemala sãos ou capatazes, Vice-Reinado sempre com carda Nova Granada gos intermediários na escala proVice-Reinado do Peru Brasil dutiva); negros escravos (trabaCapitania Geral do Chile lhavam geralmente nas lavouras); e Colonização espanhola Vice-Reinado índios (em maior do Rio da Prata Colonização portuguesa número e mais Colonização inglesa explorados, os naColonização francesa tivos estavam na Colonização holandesa base da pirâmide Fontes: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág.20/ Patrícia Daniels e Stephen Hyslop, social, junto com Atlas da História do Mundo, Abril, pág. 199 os negros). O clero católico que foi para a Améri- colônia fabricavam rum, que era trocado ca condenava a exploração dos índios. por escravos na África; estes, por sua vez, Para amenizar o sofrimento indígena, eram vendidos no Caribe e nas colônias os eclesiásticos criaram as reduções do sul. Nestas últimas, foi implantado – espaços nos quais os nativos eram um esquema de monocultura algodoeira, catequizados, alfabetizados e se dedi- destinada à exportação, com uso de mão cavam à agricultura. Quanto ao escravo de obra escrava trazida da África. negro, a Igreja pouco se manifestou. França e Holanda também marcaram presença na América, colonizando parte Ingleses, franceses e holandeses das Guianas e das ilhas do Caribe. Ambas No século XVII, os ingleses decidiram também ocuparam durante determinado ocupar o vazio deixado na América tempo terras brasileiras. A França ainda do Norte pelos espanhóis – a quem a fundou, na América do Norte, Québec e terra pertencia, segundo o Tratado de Montreal – atualmente no Canadá. Tordesilhas. Para iniciar sua colonização na América, a Inglaterra criou a Consequências Companhia de Plymouth, para cuidar Além de resultar na descoberta de do norte, e a Companhia de Londres, novas terras e rotas comerciais e na forresponsável pelo sul. Ao todo, foram mação de enormes impérios coloniais, as fundadas 13 colônias ao longo da costa. grandes navegações alteraram profunO norte foi habitado por refugiados damente a sociedade europeia. O Velho políticos e religiosos – protestantes Mundo se tornou o centro de um comércalvinistas. Alguma atividade manufa- cio que interligava quatro continentes. A tureira era tolerada pela metrópole na diversificação dos produtos e o aumento região, que cresceu economicamente dos valores negociados proporcionaram e passou a escoar o excedente para os um enriquecimento maciço das burguemercados do sul. Mais tarde, criou-se o sias – essas mudanças ficaram conhecidas comércio triangular: mercadores da como Revolução Comercial.
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Espanhóis
A colonização espanhola teve início com a ocupação das ilhas do Caribe. Em 1531, o México foi dominado, e a população asteca, devastada. No Peru, a conquista do Império Inca começou em 1532 (veja mais na pág. 14). No fim do século XVI, a Espanha já havia tomado posse da maior parte de sua colônia americana. Os nativos foram exterminados por doenças e guerras ou obrigados a servir como mão de obra. Para organizar a exploração, a Espanha criou a Casa de Contratação, que controlava o comércio entre Espanha e América e punia quem tentasse burlar o monopólio. A terra foi dividida em quatro vice-reinos – Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata – e em capitanias – as principais eram as de Cuba, Flórida, Guatemala, Venezuela e Chile. A principal atividade econômica era a extração de metais preciosos, principalmente no Peru e no México. A mão de obra indígena era explorada por meio da mita – regime de trabalho forçado que durava quatro meses ao ano. A prática também era aplicada à agricultura, que recebia o nome de encomienda. A estrutura social da América espanhola era dividida em chapetones
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[1] BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL
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IDADE MODERNA REVOLUÇÕES INGLESAS DO SÉCULO XVII
Xeque-mate no absolutismo Em duas jogadas, a burguesia inglesa deu o golpe final no poder absoluto do rei, deixando a política nas mãos do Parlamento e a economia preparada para seguir rumo à Revolução Industrial
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s revoluções inglesas do século XVII foram duas: a Revolução Puritana, que estourou em 1642 e resultou na substituição da monarquia por uma república temporária; e a Revolução Gloriosa, de 1688, que pôs fim ao absolutismo, consolidando a supremacia do Parlamento sobre a autoridade real. Ambas foram, na essência, revoluções burguesas, que abriram alas para a instalação do capitalismo no século seguinte.
O Parlamento organizou um Exército popular liderado por Oliver Cromwell, um puritano oriundo da pequena burguesia. Os combates estenderam-se até 1649. Carlos I foi executado, e a monarquia, abolida, e instalou-se a República Puritana, liderada por Cromwell. Nacionalista, uma de suas principais medidas foi a promulgação dos Atos de Navegação, em 1651, segundo os quais somente embarcações inglesas poderiam transportar mercadorias procedentes ou destinadas à Inglaterra, o que alavancou a economia do país. Fortalecido, Cromwell dominou o Parlamento, dissolvendo-o mais de uma vez, e governou como um ditador até a morte, em 1658.
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Revolução Puritana
Na Inglaterra, os calvinistas eram chamados de puritanos. A religião era popular sobretudo entre os ex-camponeses e os pequenos burgueses, que andavam descontentes. Os primeiros haviam sido expulsos das lavouras durante os cercamentos, ocorridos ainda no fim da Idade Média, quando os nobres substituíram a agricultura autossuficiente pela lucrativa criação de ovelhas, que alimentava as manufaturas de lã. E os pequenos burgueses reclamavam por não ter acesso à exportação, cujo monopólio era concedido pelo rei a poucos comerciantes. Mas o puritanismo – que conflitava com a doutrina oficial do reino, o anglicanismo – também crescia no Parlamento, tornando cada vez mais uma ameaça às pretensões absolutistas da dinastia Stuart, que substituíra os Tudor após a morte de Elizabeth I, em 1603. As tentativas do rei Carlos I de criar impostos sem a aprovação do Parlamento desencadearam uma guerra civil em 1642.
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EXECUÇÃO REAL O rei inglês Carlos I é morto em 1649, após vitória do levante liderado por Oliver Cromwell
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Revolução Gloriosa
Com a morte de Cromwell, seu filho, Ricardo, assumiu o poder, mas não foi capaz de assegurar a estabilidade do governo. Temendo que lideranças populares do Exército assumissem o controle da república, o Parlamento decidiu restaurar a monarquia, regime no qual o chefe de Estado descende de uma linhagem aristocrática. Os Stuart voltaram ao poder, com Carlos II, coroado em 1660. Contemporâneo do francês Luís XIV, soberano que levou o absolutismo ao seu máximo, Carlos II quis impor um regime semelhante na Inglaterra. Seu sucessor, Jaime II, que assumiu o trono em 1685, tinha as mesmas pretensões. Além disso, havia se convertido ao catolicismo, o que o tornava ainda mais impopular. Burgueses e parlamentares reagiram:
ofereceram a Coroa inglesa ao holandês Guilherme de Orange, genro de Jaime II. Em troca, pediram a manutenção do anglicanismo e a liberdade do Parlamento. Em novembro de 1688, Guilherme desembarcou na Inglaterra e foi coroado Guilherme III. Para consolidar a supremacia legislativa, o Parlamento promulgou a Declaração de Direitos (em inglês, Bill of Rights), que limitou fortemente a atuação do rei. O absolutismo foi abolido na Inglaterra e substituído por uma monarquia constitucional. A grande beneficiada pelas revoluções inglesas do século XVII foi a burguesia, especialmente a parcela dedicada às atividades manufatureiras. Ela pôde ver, a partir de então, ruir as restrições mercantilistas, típicas do período absolutista, e abrir-se o caminho para o desenvolvimento do capitalismo industrial, no século XVIII. PARA IR ALÉM Na HQ V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd, a ação acontece num “passado futurista”, com a ascensão de um partido totalitário após uma guerra nuclear. O anarquista “V” inicia uma campanha para derrubar o Estado, utilizando uma máscara estilizada de Guy Fawkes. A referência a Fawkes remonta a um dos líderes da chamada Conspiração da Pólvora, que, em novembro de 1605, pretendia explodir o Parlamento inglês e matar seus membros junto com o rei Jaime I. Recentemente, movimentos populares em várias partes do mundo, associados aos chamados Anonymous, têm adotado em seus protestos a mesma máscara utilizada por V nos quadrinhos.
IDADE MODERNA LIBERALISMO E ILUMINISMO
Razão, liberalismo e progresso Para obter mais poder econômico e político, a burguesia europeia do século XVIII apresentou ao Ocidente uma nova maneira de pensar
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Iluminismo foi a corrente de pensamento dominante na Europa do século XVIII e defendeu o predomínio da razão sobre a fé, representando a visão de mundo da burguesia. Seus pensadores negavam as doutrinas absolutistas e mercantilistas e apoiavam valores liberais, tanto na política quanto na economia.
Os princípios da política iluminista – liberalismo – foram formulados pelo filósofo inglês John Locke, que defendia uma relação contratual entre o monarca e seus súditos. Para Locke, o homem possuía direitos como liberdade e propriedade privada, e cabia ao Estado proteger esses direitos, o que limitava seu poder.
Origens
Século das luzes
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Os primeiros teóricos do Iluminismo introduziram as bases do movimento ainda no século XVII, influenciados pelas transformações sociais que vinham ocorrendo na Europa, como o Renascimento, a Reforma Religiosa, a expansão marítimo-comercial e a ascensão da burguesia. O racionalismo foi fundamentado como método científico pelo francês René Descartes, que, em 1637, estabeleceu a razão como único caminho para o conhecimento. Descartes partia de verdades básicas – axiomas – para atingir conhecimentos mais amplos. Seu primeiro axioma ficou famoso: “Penso, logo existo”. Segundo o pensamento iluminista, o avanço do conhecimento poderia se dar tanto pela via do racionalismo abstrato de Descartes como pela via do empirismo inglês. Nas ciências exatas, o físico inglês Isaac Newton também revolucionou o pensamento da época, ao afirmar que o Universo seria regido por leis próprias, que podem ser conhecidas pelo homem por meio da ciência.
[1] REPRODUÇÃO/UNIVERSIDADE DA VIRGÍNIA [2] MUSEU CARNAVALET/PARIS
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RAZÃO A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi produzida sob inspiração iluminista
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Os importantes avanços econômicos, culturais e científicos levaram à crença de que o destino da humanidade era o progresso. O auge dessa efervescência se deu no século XVIII – o “século das luzes”. Além do racionalismo e do liberalismo, outro princípio iluminista é o anticlericalismo – posição política contrária ao poder da Igreja. Tendo como exemplo o resultado da Revolução Gloriosa inglesa (veja mais na pág. ao lado), na qual é possível identificar elementos do liberalismo de John Locke, pensadores franceses passaram a defender o fim do absolutismo em seu país. Os três nomes mais significativos do Iluminismo francês foram os filósofos Montesquieu, Voltaire e Jean-Jacques Rousseau: Montesquieu foi um dos grandes divulgadores da necessidade de se desconcentrar a autoridade das mãos dos reis por meio da tripartição de poderes – em sua obra Do Espírito das Leis, ele sistematiza essa teoria que prevê a separação e o equilíbrio
entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ela foi a base teórica fundamental para a declaração de independência dos Estados Unidos e para a sua primeira Constituição (veja o box abaixo), além de servir de base para os atuais Estados de Direito Democráticos, como o Brasil.
SAIBA MAIS ILUMINISTAS INFLUENCIARAM CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS
Apesar de derrotar a França na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Inglaterra teve grandes prejuízos com o conflito. Para tentar recuperar sua economia abalada pela guerra, os ingleses criaram uma série de impostos para as Treze Colônias na América. Em resposta, os colonos declararam-se independentes da metrópole europeia em 4 de julho de 1776. A tensão evoluiu para uma guerra na qual as Treze Colônias derrotaram o Exército inglês na Batalha de Yorktown, em 1781, que contou com o apoio de França e Espanha. Dois anos depois, os ingleses reconheceram a nova nação. Em 1787 foi elaborada a primeira Constituição do país e, em 1789, o comandante militar nas guerras de independência, George Washington, foi eleito seu primeiro presidente. Tanto a declaração de independência como a Constituição sofreram forte influência dos ideais iluministas. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE MODERNA LIBERALISMO E ILUMINISMO VOLTAIRE O filósofo iluminista francês foi um duro crítico do absolutismo, mas queria a monarquia preservada sob a liderança do Parlamento
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SAIU NA IMPRENSA A CONSTITUIÇÃO E A REFORMA DO ENSINO MÉDIO
por Pedro Estevam Serrano
Voltaire, ligado à alta burguesia, era um crítico fervoroso do absolutismo, da nobreza e, principalmente, da Igreja. Na política, ele foi um dos inspiradores do despotismo esclarecido (veja mais a seguir). Para Voltaire e Montesquieu, contudo, a monarquia deveria ser preservada, tendo seu poder limitado pela existência de um Parlamento, seguindo o exemplo inglês. Rousseau era identificado com a baixa burguesia e com os trabalhadores miseráveis, posicionando-se a favor do Estado democrático e republicano. Segundo sua teoria, o governo deve ser feito “pelo povo e para o povo”, daí sua defesa da república democrática. Para Rousseau, o chamado Contrato Social não deve ser um pacto de submissão a um poder soberano, mas sim um pacto de associação entre os indivíduos, que levaria, primeiro, à formação de uma sociedade para, depois, ser criado o Estado, que deveria representar a vontade da maioria. O Contrato Social seria um acordo pelo qual os homens abdicam de todos os seus direitos naturais em favor da comunidade, recebendo em troca a garantia de suas liberdades no limite estabelecido pela lei. Foi um dos maiores ideólogos da Revolução Francesa.
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A Medida Provisória 746, que prevê a reforma do Ensino Médio, vem gerando críticas e protestos, sobretudo, no meio estudantil. Sem entrar no mérito daquilo que propõe a medida, me detenho a observar que, no ordenamento jurídico brasileiro, as medidas provisórias funcionam como dispositivos de calibragem entre os poderes Executivo e Legislativo. (...) Vale apontar que o Brasil é um dos países que aplica com maior vigor o conceito de independência entre os poderes concebido por Montesquieu. Aqui, conforme estabelecido na nossa Constituição, há uma divisão clássica de poder, que os americanos chamam de checks and balances – freios e contrapesos –, para que um poder não exerça a função do outro e não haja concentração de poderes na pessoa de um soberano, evitando, portanto, o abuso. (...) É verdade que a dinâmica da vida social, ocasionalmente, exige que o Executivo atenda de forma emergencial a um determinado interesse público, sem a possibilidade de aguardar a deliberação do Legislativo. É o que ocorre em casos de catástrofes naturais e climáticas (...). E é exatamente para estas situações urgentes e relevantes que foi criado o instituto da Medida Provisória. (...) A reforma do Ensino Médio, definitivamente, não possui tais características. (...)
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Carta Capital, 17/10/2016
50 GE HISTÓRIA 2018
Liberalismo econômico
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A fim de divulgar o conhecimento, os iluministas conceberam a Enciclopédia, obra com 35 volumes contemplando todo o conhecimento existente até então. A Enciclopédia foi editada por Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert e contou com a contribuição fundamental de Voltaire, Montesquieu e Rousseau, além de muitos outros filósofos e cientistas. Com muita ironia, os artigos criticavam a Igreja e o Estado, tendo sida a obra toda incluída no Index Librorum Prohibitorum do catolicismo em 1759. Ainda assim, continuou a circular e ser distribuída graças aos esforços de seus organizadores.
Os iluministas também condenavam o sistema econômico do Antigo Regime, o mercantilismo. Os primeiros contestadores foram os fisiocratas, como os franceses Jacques Turgot e François Quesnay. Eles consideravam a terra a única fonte de riqueza de uma nação, em oposição ao comércio, em que não há produção, apenas troca. O também francês Vincent de Gournay, discípulo de Quesnay, cunhou a expressão que depois se tornaria símbolo do liberalismo econômico: “Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même” (“Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo”). Em sua obra A Riqueza das Nações (1776), o pensador escocês Adam Smith aprofundou esses ideais, ao afirmar que a economia funcionava por si mesma, como se uma “mão invisível” a dirigisse. Ele condenava o mercantilismo, via o trabalho como única fonte de riqueza e pregava a livre concorrência e a não intervenção do Estado na economia, fundamentando, assim, o liberalismo econômico.
Despotismo esclarecido
Alguns soberanos viram que, para se manter no poder, era preciso adotar reformas de cunho iluminista. Essa tentativa de modernização ficou conhecida como despotismo esclarecido. Seu objetivo era preservar as monarquias absolutistas europeias por meio de reformas que beneficiassem os burgueses. Algumas das medidas adotadas por esses governantes foram a limitação do poder da Igreja Católica e a redução dos privilégios da aristocracia e do clero. Os principais déspotas esclarecidos foram Frederico II, da Prússia; o marquês de Pombal, de Portugal; Catarina II, da Rússia; e José II, da Áustria. Apesar das mudanças, a participação política da burguesia e do povo continuava limitada, o que levaria a revoltas, entre elas a Revolução Francesa, em 1789.
IDADE MODERNA LINHA DO TEMPO
Idade Moderna Confira os fatos mais importantes da Idade Moderna, que começa com a tomada de Constantinopla pelos turco-otomanos
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1687 1618 [2]
1492 Em 12 de outubro, Cristóvão Colombo aporta nas atuais Bahamas. O descobrimento da América é um dos maiores feitos da expansão marítima e comercial europeia. Pág. 46
1460
1520
Tem início o primeiro conflito europeu a adquirir proporções continentais, a Guerra dos Trinta Anos. Pág. 45
1580
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N E V 1500
Pedro Álvares Cabral e sua esquadra atingem o litoral da Bahia em 22 de abril. É o descobrimento do Brasil. Pág. 46
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A D I B I O
Isaac Newton publica Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Ele é um dos principais impulsionadores do Iluminismo, no século seguinte. Pág. 49
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Os conquistadores espanhóis Francisco Pizarro e Diego de Almagro dão início à destruição do Império Inca, no Peru, um dos marcos da colonização da América. Pág. 47
1640 1520
1642
Estoura a Revolução Puritana, que, com a Revolução Gloriosa, de 1688, constitui as Revoluções Inglesas do século XVII. Pág. 48
1517
1534
Indignado com a venda de indulgências, o monge alemão Martinho Lutero inicia a Reforma Religiosa. Pág. 42
Como parte da reação católica à Reforma, o religioso espanhol Ignácio de Loyola funda a Companhia de Jesus (ordem dos jesuítas) com a missão de ser uma instituição de ação política e ideológica da Igreja Católica. Pág. 43
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1756
Inglaterra e França enfrentam-se na Guerra dos Sete Anos, que vai até 1763. A origem do conflito está na rivalidade econômica e colonial entre as potências.
1580
1700 1640
1700
1760
1760
1776
É declarada a Independência dos Estados Unidos. Pág. 49
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1508 Michelangelo começa a pintar o teto da Capela Sistina, no Vaticano. O conjunto de afrescos do gênio italiano é uma das obras mais famosas do Renascimento Cultural. Pág. 40 [1] MUSEU CARNAVALET/PARIS [2] [4] BIBLIOTECA DO CONGRESSO/EUA [3] [5] REPRODUÇÃO [6] DIVULGAÇÃO [7] ARQUIVO NACIONAL/EUA
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COMO CAI NA PROVA
1. (UERJ 2015)
2.(UNICAMP 2015) A primeira lei de Kepler demonstrou que os planetas se movem em órbitas elípticas e não circulares. A segunda lei mostrou que os planetas não se movem a uma velocidade constante. PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: uma História Concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 289. (Adaptado)
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A Reforma Protestante é um movimento de caráter religioso, político e econômico que surge na Europa no século XVI. Contesta a estrutura e os dogmas da Igreja Católica e rompe a unidade do cristianismo, dando origem às religiões ditas protestantes. As mais importantes são o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo. As reformas protestantes provocaram diversos efeitos políticos. O primeiro reformista, o alemão Martinho Lutero (1483-1546), pregou a substituição do poder eclesiástico pelo do Estado, a simplificação da liturgia e o fim do celibato clerical e do culto às imagens. Foi excomungado, mas suas ideias se difundiram rapidamente, provocando guerras de religião no Sacro Império Romano-Germânico e terminando com a aceitação do luteranismo pelo imperador. Já na França, o religioso João Calvino (1509-1564) pregou que o homem deve buscar o lucro por meio do trabalho, conquistando o apoio da burguesia. Na Inglaterra, após ter um pedido de divórcio negado pelo papa e interessado em se sobrepor à autoridade católica em seu país, o rei Henrique VIII (1491-1547) fundou a Igreja Anglicana. Mas a Igreja Católica reagiu à Reforma Protestante em um movimento conhecido como Contrarreforma. Em 1545, o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento para defender a disciplina eclesiástica e a unidade da Igreja. Ele regulou as obrigações do clero e limitou o excesso de luxo na vida dos religiosos. Também instituiu o índice de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum), que relacionou as obras que os católicos não poderiam ler, sob pena de excomunhão. O órgão encarregado da repressão às heresias e da aplicação das medidas da Contrarreforma foi a Inquisição.
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Nos séculos XVI e XVII, o surgimento e a expansão de diversas religiões cristãs, genericamente chamadas de protestantes, alteraram as condições políticas e sociais do Ocidente europeu. Identifique dois efeitos políticos da expansão das Igrejas protestantes para as sociedades europeias. Apresente, ainda, uma das reações da Igreja Católica a essa expansão. RESOLUÇÃO
É correto afirmar que as leis de Kepler a) confirmaram as teorias definidas por Copérnico e são exemplos do modelo científico que passou a vigorar a partir da Alta Idade Média. b) confirmaram as teorias defendidas por Ptolomeu e permitiram a produção das cartas náuticas usadas no período do descobrimento da América. c) são a base do modelo planetário geocêntrico e se tornaram as premissas científicas que vigoram até hoje. d) forneceram subsídios para demonstrar o modelo planetário heliocêntrico e criticar as posições defendidas pela Igreja naquela época.
RESOLUÇÃO
O contexto em questão é o do Renascimento Científico, ocorrido durante o Renascimento Cultural dos séculos XIV, XV e XVI. O pensamento defendido até então e propagado pela Igreja Católica era o geocêntrico, pelo qual a Terra se encontrava no centro do Universo, com o Sol girando ao seu redor. O alemão Johannes Kepler, tomando por base as críticas de Copérnico ao geocentrismo, defendia o heliocentrismo, pensamento pelo qual o Sol seria o centro do sistema. Resposta: D
3.
(FATEC 2016) Sobre as Grandes Navegações Portuguesas e seus desdobramentos históricos, é correto afirmar que
a) esse contexto é fruto do processo revolucionário comandado pelo presidente Antônio Salazar, que, posteriormente, utilizou as terras descobertas no além-mar para exilar seus opositores políticos. b) Portugal, interessado nas especiarias orientais, cujo comércio era controlado pelos mercadores italianos e árabes, procurou novas rotas para atingir as Índias e eliminar esses intermediários. c) a fragmentação política do reino, consequência da Revolução de Avis, ocorrida em 1385, atrasou em pelo menos dois séculos o desenvolvimento das condições necessárias para a realização das primeiras viagens. d) Portugal foi o último reino europeu a se lançar na aventura das viagens marítimas, devido, principalmente, a uma grande crise econômica, o que impediu o desenvolvimento da tecnologia necessária para as travessias oceânicas. e) os portugueses, impulsionados pela concorrência da economia da Inglaterra, optaram por tomar posse da sua colônia americana, o Brasil, e iniciar a produção do algodão que iria abastecer os mercados internacionais no século XVI.
RESUMO
RESOLUÇÃO
O interesse pelo lucrativo comércio das especiarias do Oriente levou Portugal a procurar uma rota alternativa, que não exigisse o intermédio de comerciantes árabes no Índico e nem de italianos no Mediterrâneo. Para tanto, os portugueses iniciaram a conquista do litoral africano, a partir da ocupação de Ceuta, em 1415. A realização do Périplo Africano permitiu aos portugueses alcançarem a Índia por uma rota mais eficaz do que as dominadas por árabes e italianos. Resposta: B
4. (PUC-RS 2015) Considere o texto abaixo, de G. F. de Oviedo,
que relata o estabelecimento do império espanhol na América, no livro L’ Histoire des Indies, publicado no ano de 1555. “O almirante Colombo encontrou, quando descobriu esta ilha Hispaniola, um milhão de índios e índias (...) dos quais, e dos que nasceram desde então, não creio que estejam vivos, no presente ano de 1535, quinhentos, incluindo tanto crianças como adultos (...). Alguns fizeram esses índios trabalhar excessivamente. Outros não lhes deram nada para comer como bem lhes convinha. Além disso, as pessoas dessa região são naturalmente tão inúteis, corruptas, de pouco trabalho, melancólicas, covardes, sujas, de má condição, mentirosas, sem constância e firmeza (...). Vários índios, por prazer e passatempo, deixaram-se morrer com veneno para não trabalhar. Outros se enforcaram pelas próprias mãos. E quanto aos outros, tais doenças os atingiram que em pouco tempo morreram (...). Quanto a mim, eu acreditaria antes que Nosso Senhor permitiu, devido aos grandes, enormes e abomináveis pecados dessas pessoas selvagens, rústicas e animalescas, que fossem eliminadas e banidas da superfície terrestre.
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RENASCIMENTO O Renascimento, movimento intelectual, artístico e científico ocorrido na Europa entre os séculos XIV e XVI, representou importantes rupturas com o pensamento da Idade Média. O humanismo, elemento primordial do movimento, considerava o ser humano o centro das questões. Outras características importantes do movimento foram o naturalismo (representação fiel da realidade) e o racionalismo (valorização da razão).
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REFORMA PROTESTANTE Paralelamente ao Renascimento, a Europa foi tomada pela Reforma Protestante, movimento de caráter político, religioso e econômico. O poder da Igreja era desafiado pela burguesia, para quem o catolicismo freava as atividades bancárias e comerciais, e pelas monarquias nacionais, cada vez mais fortalecidas. Iniciada pelo alemão Martinho Lutero, os reformistas contestavam os dogmas da Igreja Católica. João Calvino, na Suíça, e Henrique VIII, na Inglaterra, são os outros grandes nomes da Reforma.
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Apud ROMANO, Ruggiero. Mecanismos da Conquista Colonial. São Paulo: Perspectiva, 1973, p. 76
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Idade Moderna
Considerando o contexto histórico, pode-se afirmar que o texto de Oviedo representa a) o pensamento singular de um ideólogo extremista do absolutismo espanhol, em oposição ao sistema do Real Padroado e suas repercussões na América colonial. b) a posição de um intelectual cristão renascentista que busca denunciar o caráter semifeudal da expansão ultramarina ibérica, sintetizado na figura de Colombo. c) uma justificativa, de fundo religioso-moral, para o genocídio decorrente da exploração colonial, cujos pressupostos são correntes no universo cultural europeu da época. d) uma defesa, em termos racistas e preconceituosos, dos massacres promovidos pelos primeiros colonos espanhóis, que agiam contra os interesses econômicos do Estado Absolutista. e) uma visão irônica, de caráter naturalista e raciológico, a respeito da inutilidade da violência praticada pelos colonizadores civis espanhóis no chamado período da Conquista. RESOLUÇÃO
De acordo com o autor, o extermínio dos nativos da América espanhola poderia ser justificado por uma questão religiosa e moral: ao serem considerados preguiçosos, pecadores e desprovidos de vontade de trabalho, a grande quantidade de mortos teria sido um castigo divino. No contexto da colonização na América, o argumento de que os nativos eram preguiçosos e distantes do verdadeiro Deus foi utilizado para justificar sua escravização e extermínio. Resposta: C
ANTIGO REGIME O Antigo Regime foi um estilo de governo predominante na Europa durante a Idade Moderna. Na esfera política, foi marcado pelo absolutismo – o poder estava nas mãos do rei. No plano econômico, vigorava o mercantilismo – intervencionista e protecionista, o acúmulo de capital era o seu principal objetivo. O fortalecimento do poder real era defendido por vários pensadores da época, como o italiano Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe, e Thomas Hobbes, que escreveu Leviatã. EXPANSÃO MARÍTIMA E COLONIZAÇÃO A expansão marítima teve início com as grandes viagens exploratórias dos europeus entre os séculos XV e XVI, que tinham como principal objetivo romper com o monopólio no comércio de especiarias, controlado por Gênova e Veneza. A descoberta de novas terras e rotas comerciais resultou na formação de grandes impérios coloniais e fez do Velho Mundo o centro do comércio mundial. REVOLUÇÕES INGLESAS DO SÉCULO XVII Duas revoluções aconteceram na Inglaterra no século XVII: a Revolução Puritana (1642), que derrubou a monarquia e alçou, temporariamente, ao poder um regime republicano, e a Revolução Gloriosa (1688), que pôs fim ao absolutismo e consolidou a supremacia do Parlamento sobre a autoridade real. A burguesia foi o setor da sociedade mais beneficiado pelas revoluções inglesas. ILUMINISMO No século XVIII, fortaleceu-se no continente europeu o Iluminismo, corrente de pensamento que defendia o predomínio da razão sobre a fé. As críticas dos iluministas eram, fundamentalmente, contra o Antigo Regime, pregando o liberalismo político e econômico. Os três nomes mais significativos do Iluminismo francês foram os filosofos Voltaire, Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau. Na economia, o escocês Adam Smith fundou as bases do liberalismo econômico, pregando a livre concorrência e a não intervenção do Estado.
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I DAD E C ONT EMP OR ÂNEA CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
Revolução Francesa ...................... 56 Revolução Industrial .................... 58 Independência da América espanhola........................ 60 Doutrinas sociais e políticas do século XIX ................................... 61 Primavera dos Povos e Comuna de Paris ............................ 62 Unificação da Alemanha e da Itália............................................. 63 Imperialismo ................................... 64 I Guerra Mundial ........................... 66
A globalização acusa o golpe
Revolução Russa ............................ 68 Grande Depressão ......................... 70 Nazifascismo ................................... 71 II Guerra Mundial .......................... 72 Guerra Fria ....................................... 74 Revolução Chinesa ........................ 76 Revolução Cubana ......................... 77 Descolonização afro-asiática .... 78 Guerra do Vietnã ............................ 79 Fim da Guerra Fria ........................ 80 Linha do tempo .............................. 82 Como cai na prova + resumo ...... 84
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Eleitores britânicos votam pela saída do Reino Unido da União Europeia, em sinal de descontentamento com as políticas de integração propostas pelo bloco econômico
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pergunta na cédula eleitoral era simples e direta: “Deve o Reino Unido permanecer como membro da União Europeia ou sair da União Europeia?”. Para 17,4 milhões de britânicos que foram às urnas no plebiscito realizado em 23 de junho de 2016, não cabia outra resposta a essa questão: o país deveria mesmo romper com o maior bloco econômico do mundo. E assim, com uma vantagem de menos de 4% na votação, o Reino Unido aprovou o chamado Brexit – uma contração das palavras “Britain” e “exit”, algo como “saída britânica”, em inglês. A decisão de deixar a União Europeia foi entendida como uma manifestação clara do descontentamento de grande parte dos britânicos em relação à situação econômica atual, que gerou desemprego, desigualdade e queda na renda. Em grande medida, a votação refletiu o ressentimento em relação ao projeto de livre circulação de pessoas entre os países-membros do bloco econômico. Para os partidários do Brexit, os estrangeiros que chegam ao Reino Unido são vistos como concorrentes em um mercado de trabalho já saturado. A saída da União Europeia é uma forma de erguer uma barreira ao ingresso de imigrantes. Além da xenofobia, o Brexit também expressou o sentimento nacionalista dos britânicos,
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para quem os supostos benefícios provenientes do projeto de integração europeu permaneceram como promessas não cumpridas. A abertura do mercado europeu pode ter ampliado as trocas comerciais e a circulação de capitais, maximizando os lucros de empresas multinacionais e instituições financeiras. No entanto, essa dinamização da economia não se traduziu em bem-estar para a classe trabalhadora, que deixou seu recado nas urnas, renegando a internacionalização proposta pela União Europeia. Desde 1951, com a criação da Comunidade Econômica Europeia (o embrião da União Europeia), vem prevalecendo a ideia de que uma Europa integrada e interdependente é a melhor forma de evitar conflitos e promover o desenvolvimento econômico. O Brexit é o primeiro retrocesso nesse sentido e o mais duro golpe contra um projeto de unificação europeia. A seguir, você pode conferir como a dinâmica SAÍDA À BRITÂNICA das relações entre as Partidários da retirada potências europeias do Reino Unido da União vem sendo determi- Europeia em frente à nante para moldar residência oficial do premiê muitos dos principais britânico, em Londres, após eventos da Idade Con- a divulgação do resultado do temporânea. referendo, em junho de 2016
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N E V NEIL HALL/REUTERS
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IDADE CONTEMPORÂNEA REVOLUÇÃO FRANCESA APONTE O CELULAR PARA A IMAGEM E VEJA UMA VIDEOAULA SOBRE REVOLUÇÃO FRANCESA (MAIS INFORMAÇÕES NA PÁG. 6)
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N E V A
O levante burguês
Em um processo cheio de reviravoltas, a burguesia francesa guilhotinou o absolutismo na França, tomou o poder e soprou ventos liberais por todo o planeta Revolução Francesa, modelo clássico de revolução burguesa, foi um movimento social e político que transformou profundamente a França de 1789 a 1799. Sob o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, a burguesia revoltou-se contra a monarquia e, com o apoio popular, tomou o poder, pondo fim aos privilégios da nobreza e do clero e livrando-se das instituições feudais do Antigo Regime. A revolução também criou as condições para que a França caminhasse rumo ao capitalismo industrial. A Revolução Francesa é o auge de um movimento revolucionário que consolida uma sociedade capitalista, liberal e burguesa. Atinge inicialmente outros países, como a Inglaterra e os Estados Unidos,
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A LIBERDADE GUIANDO O POVO Tela do pintor Eugène Delacroix faz alusão à Revolução Liberal de 1830, que prolonga o movimento da Revolução Francesa
e chega à França com ideais mais bem delineados. Os movimentos pela independência da América Espanhola também são reflexos dessas transformações.
Antecedentes
No fim do século XVIII, a população francesa formava uma sociedade de estamentos, resquício da Idade Média, mas já se percebia uma divisão de classes. O clero compunha o Primeiro Estado; a nobreza, o Segundo Estado. Eles eram os mais privilegiados, sustentados pelos impostos pagos pelo Terceiro Estado, que correspondia a cerca de 98% dos habitantes e era composto de burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses.
À época, o país enfrentava sérias dificuldades econômicas. Além de endividada externamente, a França via sua agricultura sofrer com secas e sua indústria minguar por causa da concorrência inglesa. Como solução, os ministros do rei Luís XVI, influenciados pelo liberalismo, propuseram cobrar impostos da nobreza e do clero, até então isentos de tributos. As classes dominantes pressionaram contra o projeto, e a situação política ficou tensa.
Assembleia Nacional Constituinte
Em 1789, o rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais. Nesse órgão, cada Estado tinha direito a um voto, o que garantia o domínio da nobreza e do clero, seus tradicionais aliados. Cansado de não ter voz ativa, e ao ver a aristocracia abalada pela crise econômica, o Terceiro Estado se rebelou: proclamou-se a Assembleia Nacional Constituinte, dedicando-se à elaboração de uma nova Constituição para a França. A população envolveu-se. Em 14 de julho, os parisienses tomaram a Bastilha – prisão que simbolizava o poder monárquico –, no episódio que marcou o início da revolução. Grande parte da nobreza fugiu do país, e os revolucionários avançaram para o interior, atacando seus castelos. Em agosto, a Assembleia Constituinte aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que estipulava liberdades individuais e estabelecia a igualdade de todos perante a lei.
Assembleia Nacional Legislativa
Em 1791 foi finalizada a Constituição. O texto conservava a monarquia, mas instituía a divisão do Estado nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, proclamava a igualdade civil e confiscava os bens da Igreja. Foi eleita a Assembleia Nacional Legislativa, com voto censitário (condicionado à renda), de modo que a maioria
dos membros pertencia à elite burguesa. Os deputados dividiam-se em três grupos. Os girondinos, representantes da alta burguesia, sentados à direita do plenário, eram mais conservadores e combatiam a ascensão dos sansculottes (os que não usavam culotes, traje da nobreza, ou seja, o povo). Os jacobinos, à esquerda, representavam a média e pequena burguesia, eram apoiados pelas camadas populares e buscavam ampliar a participação do povo no governo. Os deputados do centro, a maioria, eram apelidados de grupo do pântano e oscilavam entre jacobinos e girondinos. Preocupadas com os eventos ocorridos no país vizinho, Áustria e Prússia invadiram a França, em 1792. Os dois países foram apoiados pela nobreza francesa refugiada e pelo próprio Luís XVI, que sonhava em voltar ao poder. Diante da tentativa de fuga de Luís XVI para se juntar aos nobres emigrados e do agravamento das ameaças contrarrevolucionárias, os jacobinos, liderados por Robespierre, Jean Paul Marat e Danton, conseguiram aprovar as propostas de extinção da monarquia, a prisão do rei e a implantação da República. Com o apoio dos sansculottes, derrotaram os exércitos leais às monarquias absolutistas europeias e radicalizaram a oposição aos nobres.
e da Rússia, os territórios do Império Começava o Período do Terror, que durou de 1793 a 1794. Sob o comando Napoleônico foram redistribuídos entre de Robespierre, foi criado o Tribunal os países vencedores, restaurando dinasRevolucionário, encarregado de prender tias e fronteiras alteradas pelas guerras e julgar traidores. Milhares de pessoas napoleônicas. A Santa Aliança, organiforam guilhotinadas, incluindo jacobinos zação política internacional, é fundaacusados de conspiração, como da com o objetivo de manter a Danton e o jornalista DesFrança sob vigilância, deter moulins. O governo jaconovos movimentos revobino foi popular, mas as lucionários e garantir o perseguições levaram equilíbrio de poder à perda do apoio do estabelecido entre povo. Os membros as grandes potênda Convenção acacias europeias. baram se voltando contra RobespierRevoluções Liberais re, que foi preso e executado. Assim, Após a derrota chegava ao fim a sude Napoleão, premacia jacobina. Os a dinastia dos girondinos, em aliança Bourbon foi com o grupo do pântano, restaurada sob o instalaram novamente no comando de Luís XVIII. poder a alta burguesia. NAPOLEÃO A França estabeleceu-se BONAPARTE como uma monarquia Diretório Imperador consolida o constitucional, combinando Os novos líderes decidiram jovem Estado burguês elementos do Antigo Regime redigir outra Constituição, na França com algumas conquistas instituindo o governo do Diliberais da Revolução. Após a retório (1795-1799), que consolidou as morte de Luís XVIII, em 1824, Carlos aspirações burguesas. Nesse período, X assumiu o poder. Nessa época, a o país sofreu ameaças externas, e, para França estava dividida politicamente manter seus privilégios, a burguesia entre os defensores do absolutismo, os entregou o poder ao general Napoleão apoiadores dos princípios da revolução Bonaparte. Popular por suas conquistas e aqueles que queriam a volta de militares, ele deu um golpe de Estado Napoleão Bonaporte. em 1799 – o 18 Brumário –, instalando Com o apoio dos absolutistas, Carlos um novo governo, o Consulado. Nesse X adotou uma série de medidas com o sistema, a nação era administrada por três intuito de restaurar o regime autocrático. cônsules, dos quais Napoleão era o mais Em 1830, contrariado com a vitória dos deputados liberais, Carlos X fechou o influente. Em 1804, o general coroou-se imperador. Prosseguiu a expansão terriParlamento, o que foi o estopim para torial, formando um grandioso império as Revoluções Liberais. Liderados pela que incluía a Áustria, a Holanda, a Suíça, burguesia, o povo parisiense insurgiu-se a Itália, a Bélgica e a Península Ibérica. contra o rei no levante conhecido como Também implantou o Código Civil, que os Três Dias Gloriosos. As revoltas derconfirmou a vitória da revolução e inrubaram o último Bourbon e levaram ao fluenciou a legislação de quase todos os trono um Orleans. Luís Felipe I assumiu o poder com o apoio da burguesia e propaíses europeus no século XIX. meteu respeitar a ordem constitucional. Derrota de Napoleão A Revolução Liberal estimulou ouNapoleão foi derrotado por uma cotras insurreições na Europa. A Bélgica libertou-se dos Países Baixos e a Grécia alizão de potências europeias em 1815. tornou-se um Estado independente. AgiNo mesmo ano, representantes dessas potências reuniram-se no Congresso tações nacionalistas também ocorreram de Viena para redefinir o mapa político na Polônia, na Alemanha e na Itália. As da Europa e do mundo. Sob a liderança mudanças trazidas pela Revolução Francesa tinham vindo para ficar. do Reino Unido, da Áustria, da Prússia
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N E V Convenção
A pressão popular fez com que se formasse uma nova Assembleia para preparar outra Constituição. A Convenção, como ficou conhecida, funcionou entre 1792 e 1795, passou a controlar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e era dirigida pelo Comitê de Salvação Pública. Fortalecidos, os jacobinos proclamaram a República em 20 de setembro de 1792. No ano seguinte, guilhotinaram Luís XVI, capturado durante a guerra. [1] MUSEU DO LOUVRE/PARIS [2] BIBLIOTECA DO CONGRESSO
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IDADE CONTEMPORÂNEA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Produção a todo vapor Com as fábricas, a burguesia tomou de vez para si o poder econômico e mudou o modo como o mundo trabalha e se organiza socialmente
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Revolução Industrial foi o conjunto de transformações socioeconômicas vivido a partir do século XVIII que alterou a antiga economia agrária e consolidou o capitalismo – sistema econômico e social caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, pelo trabalho assalariado, pela acumulação de capital e pelo foco primordial no lucro. Iniciada na Inglaterra, a Revolução Industrial alastrou-se para o resto do mundo nos séculos seguintes, provocando profundas transformações sociais. Desenvolveu-se em três etapas: a I, a II e a III Revolução Industrial.
processo, conhecido como cercamento dos campos, criou uma das principais pré-condições do capitalismo, a separação entre o trabalhador e os meios de produção (a terra, no caso). Dessa forma, o trabalhador, para sobreviver, deveria vender a única mercadoria que detinha, isto é, sua força de trabalho, surgindo, assim, a relação assalariada de produção. Esse processo foi denominado por Marx de acumulação primitiva (originária) do capital.
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N E V
Causas e antecedentes
Entre os fatores que levaram à Revolução Industrial destacam-se as transformações ocorridas na agricultura inglesa do século XVI ao XVIII, as revoluções inglesas do século XVII, o desenvolvimento do setor manufatureiro e o controle que a Inglaterra exercia sobre o mercado mundial especialmente a partir do século XVII. TRANSFORMAÇÕES NA AGRICULTURA A partir do século XVI, a estrutura agrária inglesa passou por uma série de mudanças. O desenvolvimento da manufatura têxtil de lã no norte da Europa induziu muitos membros da baixa nobreza inglesa e pequenos proprietários livres a expulsar os servos e trabalhadores dedicados à prática agrícola e a transformar essas terras em pastagens de ovelhas. Esse
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PRODUÇÃO EM SÉRIE As máquinas de tecer automáticas transformaram as relações de trabalho
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REVOLUÇÕES INGLESAS As revoluções foram fundamentais, pois conduziram ao poder uma nobreza aburguesada interessada na expansão do comércio, das finanças e das manufaturas. Desde então, foi possível observar na Inglaterra uma série de medidas intervencionistas de caráter um pouco diferente do das adotadas pelas monarquias do continente. Enquanto estas estavam focadas num intervencionismo voltado para a promoção do poder do Estado, o intervencionismo inglês, depois da revolução, estava mais voltado para a promoção da acumulação privada do capital. Enquanto no continente o Estado era o fim da política mercantilista, na Inglaterra o Estado era um meio. DESENVOLVIMENTO DA MANUFATURA Como a Inglaterra não tinha colônias tão lucrativas quanto Portugal e Espanha, muito cedo se firmou a convicção de que o apoio ao setor manufatureiro era fundamental para a economia.
CONTROLE DO MERCADO MUNDIAL O acesso
e o controle que a Inglaterra exercia sobre o mercado internacional fizeram com que as demandas desse mercado fossem sentidas com mais intensidade na sua economia, instigando, como em nenhuma outra nação, seu setor manufatureiro.
I Revolução
Esse primeiro conjunto de transformações ocorreu entre 1760 e 1860, na Inglaterra, e teve início com o surgimento das primeiras indústrias – a princípio, têxteis. Até então, o mais eficiente método de produção era a manufatura doméstica: burgueses, donos da matéria-prima – no caso, algodão –, contratavam o serviço de tecelões independentes para produzir os tecidos a serem comercializados. A partir de meados do século XVIII, porém, a invenção das máquinas de tecer automáticas permitiria uma mudança radical nesse processo. A máquina tornou-se mais importante que a mão de obra. Os burgueses passaram a adquirir esses equipamentos, mais eficientes, criando o sistema fabril, e arrasando, por meio da concorrência, a produção doméstica. Nas fábricas, a produção era dividida em etapas. Cada trabalhador executava uma única tarefa, sempre do mesmo modo – a especialização ou divisão do trabalho. O sistema industrial instituiu duas novas classes opostas: os empresários, donos do capital e dos meios de
produção (equipamentos, fábricas, matérias-primas etc.), e os operários, que vendiam sua força de trabalho em troca de salário. No início, os empresários impuseram duras condições aos operários, como baixíssimos salários e desumanas jornadas de trabalho (que chegavam a 17 horas diárias), para ampliar a produção e garantir uma margem de lucro crescente. A fim de reivindicar melhores condições, os trabalhadores passaram a se organizar em associações, que dariam origem aos sindicatos.
II Revolução
A partir de 1870, teve início a II Revolução Industrial, marcada pelo uso de novas fontes de energia – eletricidade e petróleo –, pela substituição do ferro por aço e pela criação da linha de montagem, idealizada pelo empresário norte-americano Henry Ford, já no século XX. O método da produção em série ficou conhecido como fordismo. Outra característica desse segundo período foi a internacionalização das indústrias, antes restritas basicamente à Inglaterra. Foi nessa época também que a divisão do trabalho se generalizou como forma de aumentar o lucro. Surgiram os trustes (fusão de empresas do mesmo ramo para monopolizar a produção, o preço e o mercado), as holdings (grandes conglomerados de empresas) e os cartéis (acordos para eliminar a concorrência). A disseminação da prática do financiamento para viabilizar o surgimento de novas fábricas fez com que o capitalismo industrial começasse a ser substituído pelo capitalismo financeiro, ou seja, os bancos passaram a se tornar mais poderosos que as indústrias. A II Revolução Industrial proporcionou ainda o desenvolvimento da política imperialista pelos países europeus (veja a matéria na pág. 64). A industrialização criou uma crescente
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[1] REPRODUÇÃO [2] LEWIS HINE/BIBLIOTECA DO CONGRESSO
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demanda por consumidores, e, com o esgotamento dos mercados internos, a solução foi buscar compradores em outros países. Também havia a necessidade de mão de obra, matéria-prima e locais de investimento de capital. Essa procura levou os países capitalistas a colonizar outros territórios e a brigar por eles, o que culminou, em 1914, na eclosão da I Guerra Mundial (veja a matéria na pág. 66).
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III Revolução
A III Revolução Industrial, a partir da década de 1950, foi marcada pelo aparecimento de gigantescos complexos multinacionais e pela informatização, que, ao substituir a mão de obra humana,
SEM LIMITE DE IDADE Garota trabalha em confecção nos Estados Unidos: primeira fase da Revolução Industrial foi marcada pela exploração do trabalho infantil
contribuiu para a eliminação de postos de trabalho. Nessa etapa da Revolução Industrial, a indústria se aproxima dos centros de pesquisa, criando áreas como microeletrônica, telecomunicações e química fina. Uma das características mais marcantes do período foi o surgimento dos polos tecnológicos, como o do Vale do Silício, na Califórnia, nos Estados Unidos, onde apareceram empresas como a Apple e a Microsoft. No Japão, surgiu o toyotismo, em oposição ao fordismo, um método de produção mais flexível e diversificado: em vez de produzir grandes séries de um mesmo modelo, ele visa à fabricação de séries menores de uma variedade maior de modelos de veículos.
SAIU NA IMPRENSA VAMOS PARA UMA NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: ASSIM SERÁ Assistimos a uma nova revolução industrial. Os avanços tecnológicos e científicos se sucedem a uma velocidade vertiginosa. Seu impacto não se limita a melhorar os produtos e serviços existentes; o processo inovador atual tem um caráter disruptivo, ou seja, está alterando as regras de jogo em múltiplos âmbitos. A robotização em grande escala, o big data, os smartphones, as finanças cibernéticas, a Internet das coisas,
o sequenciamento do genoma humano, o bitcoin, as energias limpas, as plataformas digitais de trocas entre particulares... (...) “Agora estamos às portas da quarta Revolução Industrial, que seria caracterizada pela conectividade dos aparelhos, as comunicações móveis, as redes sociais e a inteligência artificial. Trata-se de uma época em que as barreiras entre o mundo físico e o digital são mais confusas, e o consumidor está sempre conectado”, descreve Guillermo Padilla, sócio-diretor de Consultoria de Gestão da KPMG Espanha. (...) El País, 13/8/2016
GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA ROTAS DA LIBERDADE Veja os caminhos seguidos por Bolívar e San Martín, os novos países que surgiram e as datas de independência HAITI CUBA (1804) REPÚBLICA (1898) DOMINICANA (1865)**
Livres, pero no mucho A elite hispano-americana livrou-se do domínio espanhol, mas não rompeu a relação de dependência da Europa
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invasão da Península Ibérica por Napoleão Bonaparte, em 1807, causou o desaparecimento temporário da presença da metrópole nas colônias espanholas. Inspirados no Iluminismo, na independência dos Estados Unidos (EUA) e na Revolução Francesa, e querendo se ver livres do pacto colonial, que limitava seus negócios, os criollos (descendentes dos espanhóis nascidos na colônia, que compunham uma aristocracia local) perceberam que era um bom momento para ampliar a autonomia das colônias e brigar pela independência. Para isso, eles contavam com um importante aliado: a Inglaterra. A maior potência industrial da época tinha grande interesse na liberação dos mercados latino-americanos – até então subordinados ao monopólio espanhol –, o que lhe permitiria inundá-los com seus produtos.
MÉXICO (1821) PANAMÁ* (1903) COLÔMBIA* (1830)
Guerras
Os primeiros movimentos pela independência ocorreram ainda no século XVIII e foram severamente reprimidos pela metrópole. O mais célebre foi comandado pelo líder indígena Tupac Amaru, no Peru, em 1780. A reação espanhola foi intensa e deixou 80 mil mortos. Quando Napoleão Bonaparte foi derrotado na Batalha de Waterloo, em 1815, a Espanha tentou se impor novamente nas colônias, mas as forças emancipacionistas já estavam bem articuladas e, com o apoio inglês, intensificaram o embate. Entre os principais líderes que lutavam pela independência das colônias espa-
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PERU (1824)
EQUADOR* (1830) PERU* (1824) CHILE (1818)
Rota de Bolívar Rota de San Martín
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BRASIL (1822) BOLÍVIA (1825) PARAGUAI (1813) URUGUAI (1828) ARGENTINA (1816)
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*As datas referem-se à separação dos atuais países da antiga Grã-Colômbia, nação independente fundada por Simón Bolívar em 1821 **Refere-se à segunda proclamação da independência em relação aos espanhóis. A primeira foi em 1821
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PORTO RICO (1898) VENEZUELA* (1830)
Fonte: Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, História para o Ensino Médio, 1 ed., Scipione, págs. 326, 327
nholas, destacavam-se o venezuelano Simón Bolívar e o argentino José de San Martín, que percorreram o continente enfrentando os espanhóis (veja o mapa acima). O primeiro partiu do norte, libertando a Venezuela (1819), a Colômbia (1819), o Equador (1822) e a Bolívia (1825). San Martín, após conseguir a libertação de seu país, em 1816, rumou em direção aos Andes, proclamando a independência do Chile (1818) – com a colaboração do líder local Bernardo O’Higgins – e do Peru (1821). O movimento emancipacionista se estendeu à América Central e ao México. Em 1825, as únicas possessões espanholas no continente eram Cuba e Porto Rico, que passariam ao controle dos EUA em 1898, na Guerra Hispano-Americana.
Fragmentação
Em 1826, Bolívar apresentou na Conferência do Panamá seu projeto de uma grande federação de repúblicas, unindo as antigas colônias espanholas em um só país. Para Bolívar, a unidade da América espanhola era fundamental para mantê-la forte diante de duas ameaças que paira-
vam sobre os territórios independentes. A primeira vinha do Congresso de Viena e seu braço armado, a Santa Aliança. O projeto restaurador do Congresso deixava implícito que a Espanha poderia se aventurar a reconquistar as colônias na América, com o apoio da Aliança. Além disso, em 1824, os EUA aprovaram a Doutrina Monroe, que propunha “a América para os americanos” e explicitava que os norte-americanos não aceitariam intervenções europeias de caráter restaurador na América. Implícita à doutrina estava a intenção dos EUA de substituir a hegemonia europeia sobre a América do Sul pela sua hegemonia. A união proposta por Bolívar pretendia criar um obstáculo às pretensões dos EUA. Mas a ideia da federação fracassou, pois batia de frente com as ambições das oligarquias locais, sedentas por poder. Formaram-se, assim, quase duas dezenas de Estados.
México
Um dos casos mais particulares das independências das colônias espanholas na América foi o mexicano. A partir da independência, proclamada em 1821 e após uma série de conflitos populares, o país passou por várias intervenções estrangeiras, tendo, inclusive, perdido cerca de metade de seu território para os EUA na década de 1840. Entre 1876 e 1910, Porfírio Diaz implantou uma sangrenta ditadura e abriu o mercado do México ao capital estrangeiro. Entre 1910 e 1917, Emiliano Zapata e Francisco “Pancho” Villa promoveram uma das maiores revoluções populares da América, ocupando e distribuindo terras para os camponeses, na chamada Reforma Agrária Revolucionária, que terminou com o assassinato dos dois líderes populares.
Nova dependência
De modo geral, a independência da América Espanhola representou a separação política em relação à metrópole, mas a estrutura social se manteve, com o domínio dos criollos. As novas nações também continuaram subordinadas economicamente, mas operou-se uma mudança significativa: agora, a subordinação não era mais em relação à Espanha, mas sim ao capitalismo industrial britânico.
IDADE CONTEMPORÂNEA DOUTRINAS SOCIAIS E POLÍTICAS DO SÉCULO XIX
Ideias bombásticas No século XIX surgiram teorias que marcariam a Idade Contemporânea, estimulando guerras e revoluções
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industrialização e a urbanização da Europa vieram acompanhadas do surgimento de novas doutrinas sociais e políticas. Para justificar o sistema econômico vigente – o capitalismo –, foi elaborado o liberalismo. Para combatê-lo, criou-se o socialismo. O avanço dessas ideias provocou conflitos durante os quais se desenvolveu outra inflamada novidade da época: o nacionalismo. Nascido durante o Iluminismo, o liberalismo teve como principais teóricos, na política, o inglês John Locke e, na economia, o escocês Adam Smith (veja na pág. 49). Outros nomes de peso foram os ingleses David Ricardo (1772-1823) e Thomas Malthus (1766-1834). Uma das principais características do liberalismo é a propriedade privada, que seria um direito natural do ser humano. Com ela, o indivíduo teria liberdade de produzir e comercializar, sem interferência do governo, que deve apenas garantir a ordem e a justiça. Para os liberais, a economia tem leis próprias que não devem ser violadas. Os preços variam de acordo com a oferta e a procura de cada produto, e a livre concorrência entre as empresas elimina as menos eficientes. Os liberais procuravam justificar as desigualdades, afirmando que elas eram naturais e, com o progresso, diminuiriam. A doutrina influenciou as revoluções liberais de 1830 na Europa, que consolidaram o poder político da burguesia. [1] REPRODUÇÃO
Socialismo
O socialismo propõe a supressão da propriedade privada dos meios de produção e das classes sociais. Os primeiros teóricos buscaram solucionar os problemas da classe operária por meio de projetos idealistas, em geral voltados para grupos restritos. Esses estudos ficariam conhecidos como socialismo utópico. Em 1848, com a publicação do Manifesto Comunista, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels inauguraram o socialismo científico. Eles defendiam a tese de que a história é uma sucessão de lutas de classes e, durante o capitalismo, o conflito se dá entre burgueses e proletários (trabalhadores que vendem sua força de O QUE ISSO trabalho). TEM A VER COM Para explicar MATEMÁTICA como estes últiNa obra Ensaio mos são explorasobre o Princípio da dos pelas classes População, Thomas proprietárias, Malthus afirma que a população crescia Marx e Engels em progressão criaram o conceigeométrica, to da mais-valia. enquanto a Ela corresponde capacidade de o ao trabalho exceplaneta de prover sustento para dente realizado essa população pelo trabalhador, aumentava isto é, a diferença em progressão entre o valor do aritmética. Para trabalho que o saber mais sobre PA e PG, veja o GUIA proletário realiza DO ESTUDANTE e o valor que ele MATEMÁTICA recebe na forma
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PARCERIA DE CLASSE Com o Manifesto Comunista, Marx e Engels inauguraram o socialismo científico
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de salário. É desse excedente que as classes proprietárias retiram o lucro, o juro e a renda da terra. Os teóricos estimulavam os proletários a se unir e lutar contra os burgueses. A vitória resultaria na ditadura do proletariado. O socialismo seria uma etapa de transição para o comunismo, em que o Estado gradualmente desapareceria. Tais ideias influenciariam a Revolução Russa, de 1917 (veja na pág. 68).
Nacionalismo
O nacionalismo determina a devoção do indivíduo ao Estado nacional. Influenciou as unificações da Itália e da Alemanha e as lutas de independência das colônias. No século XX, inspirou os regimes nazifascistas (veja na pág. 71).
Anarquismo
Os anarquistas acreditavam ser possível existir governo (no sentido de autogoverno, como na democracia direta) sem Estado. No século XIX, o movimento se divide em duas correntes principais. A primeira, encabeçada pelo francês Pierre-Joseph Proudhon, afirma que a sociedade deve ser estruturada em pequenas propriedades baseadas no auxílio mútuo, sendo contra a transformação da sociedade pela violência. A segunda, liderada pelo russo Mikhail Bakunin, propõe uma revolução sustentada pelo campesinato. Operários espanhóis e italianos sofrem influência do anarquismo, mas o movimento é esmagado pelo fascismo. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA PRIMAVERA DOS POVOS E COMUNA DE PARIS
BARRICADA Durante a Comuna de Paris, os operários criaram um governo revolucionário que assumiu o controle da capital francesa e adotou reformas
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Paris em chamas
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No século XIX, a capital francesa foi palco de movimentos revolucionários de inspiração socialista que tinham como objetivo levar a classe trabalhadora ao poder
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influência do ideário socialista se manifestou em dois movimentos revolucionários importantes que eclodiram na França no século XIX: as Revoluções de 1848 e a Comuna de Paris.
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As revoluções de 1848
Paris foi o polo irradiador da onda revolucionária que atingiu a Europa em 1848, que ficou conhecida como Primavera dos Povos. Desde meados dos anos 1840, grupos de oposição na França reivindicavam leis que garantissem as liberdades públicas de organização e manifestação, o fim do regime censitário e o combate à corrupção. Em fevereiro de 1848, num ambiente de grave crise econômica, a oposição convocou uma grande manifestação em Paris, que foi proibida pelo governo de Luis Felipe, conhecido como o “rei dos banqueiros”. Apoiados pelos socialistas, os operários ergueram barricadas por toda Paris e enfrentaram a Guarda Nacional. Após dois dias de combates, os revolucionários saíram vitoriosos. O “rei dos banqueiros” foi deposto, e os revoltosos implantaram a Segunda República na França.
62 GE HISTÓRIA 2018
O governo provisório francês, pela primeira vez na história integrado por representantes socialistas, aprovou várias medidas de caráter social, como o direito ao trabalho e a redução da jornada trabalhista. Entretanto, nas eleições da nova Assembleia Nacional, a maioria dos deputados eleitos alinhou-se à conservadora burguesia francesa. Com isso, as medidas aprovadas pelo governo provisório a favor da classe trabalhadora acabaram sendo revogadas. Os trabalhadores reagiram com uma nova jornada de revoltas e protestos, violentamente reprimida pela Guarda Nacional. Cerca de 3 mil trabalhadores foram mortos e 15 mil, presos e deportados para as colônias. Na França e em outros países europeus, o movimento dos trabalhadores despertou enormes esperanças, mas as tentativas de instauração de regimes democráticos foram sufocadas pelas forças da ordem, que reassumiram o controle da situação. As revoluções de 1848 são consideradas um marco importante, pois, a partir delas, a burguesia abriu mão de seu
projeto revolucionário e se converteu no agente de defesa da ordem. Agora, caberia aos trabalhadores a tarefa de dar continuidade às transformações da ordem social burguesa, com um projeto político próprio e revolucionário.
A Comuna de Paris
Com a derrota da França para a Prússia, na guerra de 1871, os republicanos e os socialistas que controlavam Paris não aceitaram os termos do acordo de paz e desafiaram os prussianos a invadir e conquistar a cidade. Receosos, os conservadores e a burguesia abandonaram Paris. Os socialistas e os comunistas, com o apoio dos trabalhadores, proclamaram, então, um governo revolucionário, conhecido como Comuna de Paris. Foi a primeira vez na história que um governo assumiu e implementou um programa de reformas inspirado no ideário comunista: a propriedade privada foi abolida, criou-se um sistema de democracia direta, foi instituído o ensino gratuito e obrigatório, a população foi armada e os operários assumiram o controle da economia e do destino da cidade. Contrária a essas medidas, a burguesia francesa, reunida em Versalhes, aliou-se aos prussianos. Juntas, tropas francesas e da Prússia invadiram Paris e promoveram o maior banho de sangue ocorrido na história da cidade até então, em que 20 mil pessoas foram fuziladas e mais de 50 mil, presas ou exiladas. Após 72 dias, chegava ao fim a Comuna de Paris.
IDADE CONTEMPORÂNEA UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA E DA ITÁLIA ALEMANHA UNIFICADA
A UNIFICAÇÃO ITALIANA
O novo pa p ís surgiu g a ppartir da união de dezenas de estados
A campanha foi iniciada por Piemonte-Sardenha
DINAMA D DIN INAM NAMAAR ARCA MAR DO NORTE
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TRENTINO TRENTINO O PIEMONTE PIE LOMBARDIA LO LOMBARDIA RRDIA IAA VENÉCIA Turim ÍS IA ÍSTRIA Gênova PAARMA ARMAA ROM OMA OMAGNA OM MA MÓ M MÓDEN Ó NA N LUCCCA CCA
MAR BÁLTICO
HOLSTE TEIN TE EIN N OLDEMBU O OLDEMBURGO L EMBU EMB O MECKLEMBUR BURGO BUR O PAÍS PA ÍS ÍSES BAIX BA AIXOS
BÉLGICA LUXEMB MBURGO MB O
HANOVER
PRÚSSIA RÚSSIA
PRÚSSIA HESSE-KAS HES KASS ASSEL S T ÍÍNGIA N SAXÔNIA SA NIA NI IA IA HESSE SE TUR NAS ASSAU AS U
PALATINADO ADO DO BAVIERA LOR ORENA OR WÜRTEMB MBERG MB ALSÁC ÁCIAA BADEN FRANÇA SUÍÇAA
Império alemão – 1871-1918 (II Reich) Prússia em 1815 Anexação da guerra contra a Dinamarca (1864-1866) Anexação da guerra contra o império austro-húngaro (1866) Anexação da guerra franco-prussiana (1871) Confederação Germânica do Norte (1867-1871)
TOSCANA CÓRSEGA RSEGA
A criação ç da Alemanha e da Itália no século XIX alterou o equilíbrio de forças da Europa
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Unificação da Alemanha
Pelo Congresso de Viena, a Alemanha foi dividida em 38 estados autônomos. Em 1818, a Prússia patrocinou a criação do Zollverein, uma união aduaneira [1] BHVP/ROGER-VIOLLET/WIKIMEDIA
SARDENHA RDENHA
Nápoles p
MAR TIRRENO
REINO DAS DUAS SICÍLIAS
Palerm Pa alerm aalermo
MAR JÔNIO
SICÍLIA
que integrou progressivamente todos os estados da confederação e acelerou o desenvolvimento industrial. O processo de unificação política fortaleceu-se com a ascensão de Otto Von Bismarck ao cargo de chanceler da Prússia em 1862. Ele incorporou territórios de tradição germânica e regiões importantes para a industrialização alemã. Assim, em guerras contra Dinamarca (1864), Áustria-Hungria (1866) e França (1871), Bismarck consolidou a unificação alemã, criando o II Reich (II Império).
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o decorrer do século XIX, a ascensão de uma burguesia industrial em alguns estados germânicos e no norte da Península Itálica deu início ao processo de unificação de Alemanha e Itália. Para essa burguesia, a formação de um Estado que delimitasse um mercado interno e protegesse a indústria nascente da concorrência inglesa e francesa era essencial para os negócios. Por outro lado, a aristocracia que exercia o poder nesses Estados sabia que sua capacidade de se impor militarmente diante dos vizinhos dependia da força do setor industrial. A convergência de interesses entre a aristocracia e a burguesia foi fundamental para os processos de unificação em ambos os países. O problema é que a unificação desses Estados sofria forte oposição da França, pois ameaçava sua hegemonia e o equilíbrio europeu, definido pelo Congresso de Viena.
MAR ADRIÁTICO
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ÁUSTRIA-HUNGRIA
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti Piletti, Toda a História História, a 3 ed ed., Ática, Ática pág. pág 24
Surgem novos países
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ESTADOS ES DAA IIGRREJA R Rom om ma ma
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Unificação da Itália
A unificação italiana começou efetivamente com a ascensão do Conde de Cavour, em 1852, ao posto de primeiroministro do Reino Piemonte-Sardenha. Com apoio da França, em 1859, do líder socialista Garibaldi, entre 1860 e 1861, e da Alemanha, em 1870, Cavour incorporou territórios de cultura italiana em uma série de guerras contra a Áustria-Hungria e a Igreja Católica. Veneza foi anexada em 1866, e Roma, cinco anos depois. A Igreja reagiu, rompendo com o Estado italiano recém-criado. As relações só foram normalizadas em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão, que estabelecia a criação do Estado do Vaticano e o pagamento à Igreja de uma indenização pelos territórios perdidos. A unificação da Alemanha e da Itália fragilizou o equilíbrio da Europa e inaugurou uma nova fase de concorrência econômica e interestatal que conduziria o continente à I Guerra Mundial.
Reino Piemonte-Sardenha (1859) Anexações de 1859-1861 Anexação em 1866 Anexação em 1871 Anexações em 1919 Campanha de Garibaldi Campanha de tropas de Piemonte
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, a 3 ed., Ática, pág. 24 (adaptado)
A HISTÓRIA HOJE RECONHECIMENTO DA ONU AMPLIA LEGITIMIDADE INTERNACIONAL
Com a maior parte de seu território ocupada por Israel, a Palestina tenta estabelecer um Estado soberano. Para isso, busca o reconhecimento como membro pleno da ONU, o que ampliaria sua legitimidade internacional. No entanto, a pretensão dos palestinos esbarra na objeção dos Estados Unidos, principais parceiros dos israelenses. Atualmente, a Palestina é considerada um Estado observador pela ONU. A luta dos palestinos baseia-se num conceito segundo o qual a cada povo (entendido como uma comunidade étnica com história, língua, tradição e costumes mais ou menos comuns) deveria corresponder um Estado. Foi com base nessa concepção que os movimentos nacionalistas na Itália e na Alemanha foram praticamente concluídos em 1871. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA IMPERIALISMO
APONTE O CELULAR PARA A IMAGEM E VEJA UMA VIDEOAULA SOBRE IMPERIALISMO (MAIS INFORMAÇÕES NA PÁG. 6)
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O mundo é deles
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Na nova onda de colonização no século XIX, as potências partilharam entre si as regiões menos desenvolvidas do globo
política de expansão de poder e dominação de um Estado ou sistema político sobre outros ocorreu muitas vezes na história. No entanto, o termo imperialismo surgiu para designar especificamente a expansão das potências industriais europeias a partir do século XIX.
Causas e características
A Revolução Industrial criou alguns desafios para as nações europeias. Com uma indústria apta a produzir mais, as potências europeias necessitavam ampliar seu mercado consumidor. Além disso, os grandes burgueses buscavam outras regiões onde pudessem investir mais para obter lucros ainda maiores.
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Havia, ainda, a necessidade de achar novas fontes de matérias-primas, como ferro e petróleo. Tudo isso levou os europeus a uma nova expansão colonial. Mas ela teve algumas diferenças importantes em relação à ocorrida no início da Idade Moderna, a começar pelos objetivos, que, nos séculos XV e XVI, eram primordialmente a exploração de metais preciosos e de produtos tropicais. Além disso, agora o sistema econômico vigente não era mais o capitalismo comercial, e sim o industrial; por fim, em vez da América, foram exploradas a África e a Ásia. Três modalidades de relações neocoloniais foram estabelecidas pelas potências europeias nesse período: Colônias: territórios dominados por meio da presença militar; Protetorados: países governados por elite local tutelada por uma potência industrial; Áreas de influência: países com governos formalmente autônomos, mas submetidos a acordos econômicos desiguais.
DOUTRINAÇÃO Crianças aprendem a “lição” do colonizador em Kwango, no Congo, um dos vários países africanos dominados pelo imperialismo das nações europeias
Partilha da África
A descoberta de jazidas de diamante e outras riquezas, como marfim, no território africano, precipitou a imediata colonização da região. Os primeiros a conquistar terreno foram os belgas, detentores do monopólio sobre o Congo (atual República Democrática do Congo), desde 1876, e os franceses, que avançaram sobre a Argélia, a Tunísia e o Marrocos. Logo depois vieram os ingleses, que se apoderaram do Egito, do Sudão e do sul do continente. Os conflitos entre britânicos e a população bôer – descendente de holandeses, instalada na África do Sul – deram origem à Guerra dos Bôeres (1899-1902), que acabou com vitória inglesa. A desavença entre as potências imperialistas crescia, e, para resolver o impasse de quem seria o grande ganhador do centro da África, os países europeus realizaram, em 1884 e 1885, a Conferência de Berlim. No congresso ficou estabelecida uma partilha do território africano. O resultado foi devastador para o continente, que teve suas fronteiras redivididas de acordo com os interesses
europeus – o que provocou várias guerras sangrentas entre tribos rivais no decorrer do século XX – e viu sua economia tornar-se completamente dependente da Europa (veja o boxe abaixo).
Conquista da Ásia
As regiões asiáticas mais almejadas pelas potências imperialistas foram a Índia e a China. Na Índia, os britânicos já possuíam as bases da colonização estabelecidas desde a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), quando a vitória sobre a arquirrival França lhes garantiu hegemonia na região. Em 1857, os nativos se rebelaram na Guerra dos Sipaios, vencida pelos ingleses. Em 1876, a rainha Vitória foi coroada imperatriz da Índia. A exploração comercial era feita por meio da poderosa Companhia das Índias Orientais, detentora do monopólio da atividade. Na China, a entrada europeia foi dificultada pelo governo forte e centralizado. O caminho usado pelos ingleses para penetrar no país foi a exportação ilegal de ópio – poderoso narcótico extraído da papoula – para solo chinês, onde seu consumo era proibido. As autoridades chinesas reagiram queimando 20 mil caixas do produto em 1839. A tensão levou às Guerras do Ópio. Após três anos de batalhas, os ingleses saíram vitoriosos e estabeleceram o Tratado de Nanquim, no qual o governo chinês se comprometia a entregar Hong Kong à Inglaterra e a abrir cinco portos ao comércio internacional. No fim do século XIX, o enorme território chinês estava dividido em esferas de influência de Inglaterra, Alemanha, Rússia, França, Estados Unidos (EUA) e Japão. Em 1900, os boxers, um grupo nacionalista com apoio popular, sitiou o bairro ocupado pelas delegações estrangeiras em Pequim, dando início à Guerra dos Boxers. O confronto findou com a derrota chinesa e com a imposição, pelas potências imperialistas, da política da “porta aberta”, na qual a China tinha de fazer amplas concessões comerciais.
PLANETA PARTILHADO Confira os domínios das potências imperialistas na África, no Sudeste Asiático e na Oceania TUNÍSIA PÉRSIA SÍRIA ARGÉLIA LÍBIA RIO DE OURO ÁFRICA EGITO ÍNDIA ARÁBIA OCIDENTAL FRANCESA SUDÃO ERITREIA GÂMBIA ÁFRICA GOA EQUATORIAL GUINÉ FRANCESA ABISSÍNIA SERRA LEOA CAMARÕES LIBÉRIA QUÊNIA SOMÁLIA CONGO C. DO OURO NIGÉRIA ÁFRICA BELGA TOGO ORIENTAL Oceano Índico GUINÉ ALEMÃ ANGOLA EQUATORIAL MOÇAMBIQUE Oceano Atlântico SUDOESTE AFRICANO MADAGASCAR UNIÃO SUL-AFRICANA MARROCOS
Grã-Bretanha Itália Espanha Estados Unidos
A HISTÓRIA HOJE
Imperialismo russo
Por ter a economia basicamente agrária até o século XIX, somente após 1870 a Rússia sentiu necessidade de mercados consumidores e de matéria-prima, dedicando-se às conquistas imperialistas. [1] COLEÇÃO ROGER-VIOLLET/AFP
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FRONTEIRAS ARBITRÁRIAS INFLUENCIAM CONFLITOS NA ÁFRICA
A atual divisão política dos Estados africanos é resultado da colonização europeia entre os séculos XVI e XX e foi definida com a Conferência de Berlim (1884-1885). A partilha do continente não respeitou os territórios originais dos diversos povos, agrupando-os ou separando-os de forma arbitrária. Desse modo, com a independência, as hostilidades étnicas e culturais foram acentuadas e desencadearam duradouros e violentos conflitos. Nações como a Costa do Marfim e a Nigéria, por exemplo, enfrentam profundas divisões entre o norte islâmico e o sul cristão.
Lançou-se em direção à Crimeia (região próxima ao Mar Negro) e à Índia, mas foi barrada pelas potências europeias, principalmente a Inglaterra. A opção foi voltar-se para a região chinesa da Manchúria, rica em minerais. Porém, aí também os russos depararam com um forte concorrente: o Japão.
COREIA
JAPÃO Oceano Pacífico
Hong KongFORMOSA INDOCHINA
FILIPINAS
NOVA GUINÉ
BORNÉU ÍNDIAS NEERLANDESAS JAVA
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Alemanha Portugal Bélgica
Fonte: Atlas Histórico Escolar, 8 ed., Fename/MEC, págs. 138, 139
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França Holanda Japão
CHINA
AUSTRÁLIA
TASMÂNIA
NOVA ZELÂNDIA
Imperialismo japonês
Assim como a Rússia, o Japão foi, até o século XIX, fechado política e economicamente. As mudanças só começaram durante a Era Meiji, no fim do século, quando houve investimentos em indústrias, acabando com a antiga estrutura agrária de produção. Em guerras contra a China, o Japão conquistou a Ilha de Formosa (Taiwan) e a Coreia. Mais tarde, o país entrou em choque com a Rússia pela Manchúria, na Guerra Russo-Japonesa. Apoiados por ingleses e norte-americanos, os japoneses saíram vencedores do conflito em 1905 e tornaram-se a maior potência imperialista do Oriente.
Imperialismo norte-americano
A história de intervenções norteamericanas na América Latina começou em 1846, com a guerra contra o México, em que os EUA anexaram quase metade do território vizinho. Em 1898, na Guerra Hispano-Americana, o país conquistou Porto Rico e, três anos depois, garantiu poder de intervenção sobre a recém-independente Cuba. No Panamá, os EUA apoiaram a independência do país e garantiram para si o direito de construir e controlar o estratégico Canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico. Já no século XX, por meio de uma política conhecida como “big stick” (grande porrete), o país consolidou seu poder sobre o Caribe, impondo forte presença militar e domínio econômico na região. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA I GUERRA MUNDIAL EUROPA EM 1914 Veja as fronteiras do continente às vésperas do conflito e as forças que se enfrentaram
ISLÂNDIA (DINAMARCA)
Tríplice Aliança e aliados Tríplice Entente e aliados Itália (em maio de 1915, passa a compor a Tríplice Entente) Países neutros Países invadidos pela Tríplice Aliança
SUÉCIA NORUEGA
Confronto de titãs
DINAMARCA REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA
O mais violento combate entre as potências até então redefiniu a distribuição de poder no planeta
A D I B I O
PAÍSES BAIXOS
ALEMANHA BÉLGICA LUXEMBURGO
FRANÇA
IMPÉRIO RUSSO
ÁUSTRIA-HUNGRIA
SUÍÇA
ROMÊNIA SÉRVIA ITÁLIA MONTENEGRO BULGÁRIA ALBÂNIA
PORTUGAL
E
m 1914, um conflito armado entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia estendeu-se às demais potências imperialistas europeias e envolveu dezenas de países. A guerra durou quatro anos, deixou cerca de 14 milhões de mortos e sacudiu a geopolítica mundial.
O principal fator que desencadeou a I Guerra Mundial foi o choque de imperialismos: todas as potências europeias estavam empenhadas em expandir suas economias e seus domínios, o que provocava disputas. A situação ficou especialmente complicada no início do século XX, quando a Alemanha despontou como uma das economias mais pujantes do continente, após unificar-se e industrializar-se de forma acelerada. A ascensão preocupava britânicos e, sobretudo, franceses, que alimentavam revanchismo contra os alemães desde a derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870). A Rússia também tinha atritos com vizinhos. Sob o pretexto do paneslavismo (união de todos os povos eslavos), ela queria anexar áreas dos impérios Austro-Húngaro e TurcoOtomano. Os territórios otomanos eram desejados pela Sérvia, que sonhava, a exemplo da Rússia, em agregar os eslavos da região na Grande Sérvia. Os choques de interesses levaram à criação de dois sistemas rivais de alianças. Em 1879, a Alemanha firmou com
N E V 66 GE HISTÓRIA 2018
IMPÉRIO OTOMANO (TURQUIA – 1918)
GRÉCIA
A D
Motivos e alianças
ESPANHA
R P
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XXV
o Império Austro-Húngaro um acordo contra a Rússia. Três anos depois, a Itália, rival da França no Mediterrâneo, aliou-se aos dois países, constituindo a Tríplice Aliança. Do lado oposto, surgiu a Tríplice Entente, que teve origem na Entente Cordiale, formada em 1904 por Reino Unido e França, para se opor ao expansionismo germânico. Em 1907 conquistou a adesão da Rússia. Uma vez montados os dois blocos, as potências iniciaram uma política de militarização e surgiram pequenos conflitos. As atenções se voltavam agora para a região dos Bálcãs, disputada por ambas as alianças e agitada por levantes nacionalistas.
Guerra
Em junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, sucessor do Império Austro-Húngaro, e sua mulher foram assassinados em visita a Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina – a região havia sido anexada pelos austríacos anos antes. O crime foi cometido por um estudante membro de uma organização separatista. Após confirmada a cumplicidade
de políticos da Sérvia no atentado, o governo austríaco enviou um ultimato aos sérvios. Exigia, entre outras medidas, a demissão de ministros suspeitos de participação no crime. A Sérvia relutou em atender às exigências, e o país foi invadido pelos austríacos em 1º de agosto, dando início aos combates. Logo, as demais nações que compunham as alianças entraram no conflito. A Rússia declarou guerra à Áustria; a Alemanha, à Rússia. A França mobilizou tropas contra os alemães. Em 3 de agosto de 1914, o continente estava em guerra. Em seguida, outros países tomaram partido: o Reino Unido aliouse à França; a Turquia, do lado dos alemães, atacou os portos russos no Mar Negro; e o Japão, interessado nos domínios germânicos no Extremo Oriente, engrossou o bloco contra a Alemanha. Ao lado da Entente, entraram outras 24 nações, estabelecendo uma ampla coalizão, conhecida como Aliados. Já a Alemanha recebeu a adesão do Império Turco-Otomano, movido pelos interesses nos Bálcãs. Esse primeiro estágio da guerra, que durou até a Batalha do
EUROPA EM 1922 Confira como ficou a divisão política após o confronto Novos países
ISLÂNDIA (DINAMARCA)
SUÉCIA
FINLÂNDIA
NORUEGA Mar Báltico
IRLANDA
PAÍSES GRÃ-BRETANHA BAIXOS BÉLGICA
ALEMANHA
LUXEMBURGO
Oceano Atlântico
FRANÇA
SUÍÇA
ESTÔNIA LETÔNIA LITUÂNIA
Mar do Norte DINAMARCA
POLÔNIA
UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS (URSS)
A D I B I O
PRÚSSIA ORIENTAL (Alemanha)
TCHECOSLOVÁQUIA ÁUSTRIA HUNGRIA
ROMÊNIA IUGOSLÁVIA BULGÁRIA
ITÁLIA PORTUGAL
ESPANHA
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Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XXV
Marne, vencida pelos franceses, em setembro de 1914, ficou conhecido como guerra de movimento. Era quando as potências ainda acreditavam numa decisão rápida para o conflito. Já o momento seguinte, a guerra de trincheiras (ou de posições), foi marcado pelo uso de metralhadoras e tanques. Na frente ocidental, a guerra entre França e Alemanha continuou sem vencedores até 1918. Na frente oriental, os alemães abateram a Rússia. A Itália, embora pertencente à Tríplice Aliança, ficou neutra no início, mas trocou de lado em 1915, sob a promessa de receber parte dos territórios turco e austríaco. Em 1917, os únicos países da Entente que resistiam eram a Inglaterra e a França. Na Rússia, quase derrotada, a insatisfação popular levou à revolução socialista (veja mais na pág. 68). Com a derrota russa e o risco de a Alemanha avançar pela frente ocidental e conquistar a França, os Estados Unidos entraram na guerra com os Aliados e decidiram o confronto. O país queria preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma possível hegemonia alemã. [1] BIBLIOTECA DO CONGRESSO
TURQUIA
GRÉCIA
Mar Mediterrâneo
N E V
Mar Negro
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Tratados de paz
Em julho de 1918, forças inglesas, francesas e norte-americanas lançaram o ataque definitivo. As potências centrais recuaram e começaram a solicitar armistícios. Aos poucos, Bulgária, Turquia e Áustria se renderam. A guerra estava praticamente vencida.
Pelo Tratado de Brest-Litovsk, os bolcheviques, que assumiram o poder na Rússia, já haviam assinado a paz em separado com a Alemanha, em março de 1918. A fome e a saúde precária da população alemã levaram o país à beira de uma revolução. Com a renúncia do kaiser (imperador alemão), exigida pelos EUA, um conselho provisório negociou a rendição. Em janeiro de 1919, no Palácio de Versalhes, iniciou-se a Conferência de Paris, em que o Conselho dos Quatro, formado por EUA, França, Inglaterra e Itália, tomou as decisões do pós-guerra. O Tratado de Versalhes determinou que a Alemanha cedesse um sétimo de seu território, perdesse suas colônias, tivesse seu Exército reduzido e pagasse uma indenização. Ficou estabelecida a criação da Liga das Nações, encarregada de manter a paz mundial. Pelos tratados de Saint-Germain e Trianon, o Império Austro-Húngaro foi desmembrado, e surgiram a Hungria, a Tchecoslováquia, a Polônia e a Iugoslávia. A Áustria virou um pequeno Estado, sem poder relevante. A paz com o Império Turco-Otomano, também desmembrado, foi selada no ano seguinte. PARA IR ALÉM Em Era a Guerra de Trincheiras, o quadrinhista francês Jacques Tardi reúne diversas situações brutais e desumanas vividas pelos soldados nas trincheiras, mostrando o desespero e o despreparo dos combatentes, que só queriam que a guerra acabasse logo para poderem voltar para suas casas.
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ENTRINCHEIRADOS Soldados alemães na I Guerra Mundial: o conflito deixou 14 milhões de mortos GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA REVOLUÇÃO RUSSA
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A D I B I O [1]
VERVE VERMELHA Vladimir Lênin discursa em reunião dos conselhos populares, em Moscou, após a vitória da revolução bolchevique de 1917
Surge a potência rubra
N E V A
Durante a I Guerra Mundial, socialistas russos criaram o primeiro país a pôr em prática as ideias de Karl Marx
Revolução Russa foi um movimento ocorrido entre 1917 e 1928 que derrubou a monarquia no país e culminou na criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) – ou apenas União Soviética –, o primeiro país socialista do mundo. O processo foi de intensa agitação política e militar e influenciou de maneira decisiva a história do século XX, ao dar origem a uma das potências que dominariam por décadas a geopolítica global.
Antecedentes
No fim do século XIX, a Rússia não havia passado pelas reformas ocorridas na Europa Ocidental a partir do fim da Idade Moderna. Na política, vigorava
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ainda o absolutismo, personificado na figura do czar, o imperador russo. E, na economia, a servidão feudal fora abolida em 1861, mas a agricultura continuava predominantemente baseada no trabalho dos camponeses. A maioria das terras pertencia à nobreza – os boiardos – e ao clero da Igreja Ortodoxa. A industrialização, tardia, era um fenômeno recente, restrito a algumas cidades. Por depender do capital de outros países, a Rússia não foi capaz de produzir uma burguesia local forte. O proletariado, ao contrário, embora também fosse pequeno, organizou-se de forma sólida e combativa, mantendo vínculos estreitos com as massas camponesas. Entre esses operários, germinaram as ideias revolucionárias vindas da Europa Ocidental, o que permitiu o aparecimento de grupos políticos de oposição ao regime czarista. O mais influente era o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), inspirado no ideário marxista. Em 1903, a agremiação se dividiu em duas facções: os bolcheviques, liderados por Vladimir Lênin, defensores da tomada do poder pelos operários e
camponeses; e os mencheviques, encabeçados por Julius Martov – adeptos da revolução gradual, por meio de reformas. Após a derrota na Guerra Russo-Japonesa, os ânimos populares se inflamaram e estourou a Revolução de 1905. No episódio mais marcante, o Domingo Sangrento, uma manifestação pacífica em São Petersburgo foi massacrada pelo Exército. O clima ficou tenso, seguindose greves e protestos. Operários, camponeses e soldados organizaram-se em conselhos denominados sovietes – mais tarde controlados pelos bolcheviques. A burguesia forçou a instalação de um Parlamento – a Duma –, em 1906.
Revolução menchevique
Os altos gastos militares com a I Guerra Mundial intensificaram o descontentamento com o governo. A insatisfação alcançou o auge em 1917, na Revolução de Fevereiro, quando o Exército se negou a marchar contra uma manifestação popular em Petrogrado (como era conhecida São Petersburgo). Enfraquecido, o czar Nicolau II foi obrigado a abdicar.
Os mencheviques, apoiados pela burguesia, instalaram a República da Duma, de caráter liberal, liderada por um nobre, o príncipe Lvov. O fracasso na I Guerra levou à sua substituição por um socialista moderado, Alexander Kerensky. Apesar da concessão, a oposição bolchevique se fortaleceu. Leon Trótski, presidente do soviete de Petrogrado, criou a Guarda Vermelha, formada por milicianos operários. Lênin, que estava exilado na Finlândia, voltou clandestinamente ao país e incitou os sovietes a tomar o poder por meio de uma revolução. Sob os lemas “Pão, paz e terra” e “Todo o poder aos sovietes”, os bolcheviques defendiam a retirada do país da guerra, a tomada do poder pelos conselhos populares e uma ampla reforma agrária.
Revolução bolchevique
Em 25 de outubro (segundo o calendário juliano, que vigorava na Rússia), eclodiu a revolução popular. Apoiados pelas massas, os bolcheviques derrubaram a República da Duma e instituíram o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. Ele então deu início à mudança do sistema econômico do país, concedendo aos camponeses o direito exclusivo de exploração das terras, transferindo o controle das fábricas aos operários, expropriando as indústrias e nacionalizando os bancos. No ano seguinte, a Rússia saiu da I Guerra Mundial ao assinar a paz em separado com a Alemanha, aceitando entregar a Polônia, a Ucrânia e a Finlândia. O POSDR passou a se chamar Partido Comunista Russo – o único permitido no país. Aristocratas e mencheviques reagiram. Chamados de Brancos, eles receberam ajuda de Reino Unido, França, Japão e Estados Unidos, e a nação mergulhou numa guerra civil. Para combater os contrarrevolucionários, Trótski organizou o Exército Vermelho. O conflito acabou em 1921, com a vitória bolchevique. Milhares de adversários do governo foram fuzilados, incluindo o czar e sua família. Para recuperar a economia, abalada pelo confronto, Lênin estabeleceu a Nova Política Econômica (NEP): uma série de medidas capitalistas temporárias que deveriam preparar terreno para a instalação do socialismo. Ele permitiu a criação de empresas privadas e o comércio em pequena escala e autorizou
ATUALMENTE HÁ APENAS CINCO PAÍSES COMUNISTAS A criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi a primeira experiência prática na direção do comunismo. Mas, em vez de uma sociedade mais democrática e igualitária, ergueu-se um regime dirigido com mão de ferro por um partido único, sem liberdade de expressão. Esse modelo foi transplantado para os países que depois se tornaram comunistas. A maioria desses regimes caiu após a derrubada do Muro de Berlim (1989) e a extinção da URSS (1991). Atualmente, há cinco países cujos regimes são chamados de comunistas: China, Coreia do Norte, Vietnã, Laos e Cuba. Apesar da enorme diferença entre essas nações, as cinco mantêm características comuns, como a economia baseada na estatização das empresas e da propriedade da terra e governos controlados por ditaduras de partido único.
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N E V [1] TASS/AFP [2] REPRODUÇÃO
ção permanente. Já o segundo pretendia implantar o socialismo apenas na URSS. Stálin venceu, expulsou o adversário do país e implantou, a partir de 1928, o regime mais tarde batizado de stalinismo.
A HISTÓRIA HOJE
Stalinismo
A D I B I O
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empréstimos externos. Em 1922 foi instituída a URSS, reunindo as diversas regiões do antigo Império Russo. A morte de Lênin, em 1924, provocou uma luta pelo poder entre Trótski e Josef Stálin, secretário-geral do Partido Comunista. O primeiro defendia a ampliação da revolução para outros países – a revolu-
Stálin substituiu a NEP por uma nova política econômica baseada em planos quinquenais. Priorizou a indústria pesada e coletivizou as terras à força – processo durante o qual foram mortos milhões de camponeses. Politicamente, o stalinismo foi caracterizado pelo totalitarismo e pelo culto à personalidade de Stálin. Ele expulsou do partido e do Exército os inimigos declarados, potenciais ou meros suspeitos, chegando até a fazer adulterações de fotos para “apagar” seus desafetos da história. Milhões de pessoas foram presas, executadas ou enviadas a campos de trabalho forçado. Trótski foi assassinado no México, em 1940. Com governo forte e economia pujante, a URSS começou a se transformar na potência que teria papel decisivo na II Guerra Mundial e dividiria o poder global com os Estados Unidos durante a Guerra Fria (veja na pág. 74). PARA IR ALÉM Baseado na obra de George Orwell, o filme A Revolução dos Bichos, de John Stepenson, retrata a revolta dos animais de uma fazenda contra o seu dono. Após tomarem o poder, os porcos passam a impor suas vontades aos outros animais, deturpando o sentido original da revolta, em referência aos caminhos adotados pela Revolução Russa após a ascensão de Stálin.
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NOVO TIMONEIRO Com a morte de Lênin, Josef Stálin assumiu o poder e comandou o país com mão de ferro GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA CRISE DE 1929 E GRANDE DEPRESSÃO
Falência múltipla
A D I B I O
A prosperidade nos EUA despedaçou-se a partir de 1929, dando lugar à maior crise econômica do século
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pós a I Guerra Mundial, os EUA assumiram a hegemonia econômica global. O aumento da produção industrial e a melhora do poder aquisitivo da população fizeram o consumo explodir. Os investidores, atraídos pela expansão das empresas, tomavam empréstimos bancários para comprar ações e revendê-las com lucro. Esse processo especulativo fez com que, de 1925 a 1929, o valor total das ações negociadas subisse de 27 bilhões para 87 bilhões de dólares. Porém, o consumo não acompanhou o crescimento da produtividade. Além disso, as nações europeias já estavam se recuperando da guerra, e suas exportações competiam com as norte-americanas. O resultado foi a formação de enormes excedentes. O preço dos produtos caiu, cresceu o desemprego e empresas faliram. Aí ficou evidente que as ações estavam sendo negociadas a valores bem acima dos reais. Os acionistas, alarmados com a situação das empresas, tentaram vender todos os títulos na bolsa.
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N E V Crash
Com muita gente querendo vender ações e poucas pessoas dispostas a comprá-las, elas se desvalorizaram. A situação chegou ao extremo em 24 de outubro de 1929, a “quinta-feira negra”, quando os preços dos títulos despencaram na Bolsa de Nova York. O episódio ficou conhecido como crash, crack ou quebra da Bolsa de Nova York. Muitos investidores ficaram pobres da noite para o dia. Nos anos se-
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guintes, milhares de bancos e empresas faliram. A redução dos salários chegou a 60% em 1932. A baixa do preço de matérias-primas e a redução dos créditos norte-americanos a outros países espalharam a crise pelo mundo. No Reino Unido e na Alemanha, por exemplo, o desemprego chegou a 25% em 1932.
A HISTÓRIA HOJE ESTADO INTERVÉM PARA SALVAR ECONOMIA
A quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, em 2008, foi o estopim da maior crise econômica desde a Grande Depressão de 1929. Nesses dois acontecimentos, o crédito fácil concedido pelo sistema financeiro estimulou o endividamento de pessoas físicas e de empresas, até se tornarem inadimplentes. Com isso, os valores das ações das instituições credoras caíram e muitas quebraram, provocando desemprego e recessão. Outro ponto em comum foi a intervenção do poder público para salvar a economia.
SEM TRABALHO A Grande Depressão provocou migração em massa de camponeses nos Estados Unidos, que cruzavam o país em busca de emprego
New Deal
Foi diagnosticado que a causa da crise era o liberalismo econômico. Influenciado pelas ideias do economista inglês John Keynes, segundo as quais o Estado deve intervir pontualmente na economia, o presidente Franklin Roosevelt deu início, em 1933, a um programa de reformas: o New Deal (Novo Acordo). Roosevelt criou mecanismos de controle de crédito e um banco para financiar as exportações. Fixou salários mínimos, limitou a jornada de trabalho, ampliou a previdência social e investiu em obras públicas. Em 1937, o desemprego havia sido reduzido quase à metade, a renda nacional crescera 70%, e a produção industrial, 64%. Porém, a crise só seria totalmente sanada na II Guerra Mundial, com a intensificação da intervenção estatal e o aumento das exportações. Na Europa, surgiram as políticas de bem-estar social, nas quais o Estado oferece garantias trabalhistas e serviços como educação e saúde à população. Mas a crise também estimularia o surgimento de regimes extremistas, como o nazismo e o fascismo.
IDADE CONTEMPORÂNEA NAZIFASCISMO
Ordem e terror Arrasados economicamente, países europeus como Alemanha e Itália adotaram regimes autoritários para tentar se reerguer
O
período entre as duas guerras mundiais foi marcado na Europa pela ascensão do fascismo, regime autoritário baseado na centralização do poder, no nacionalismo, no militarismo, no expansionismo e no cerceamento das liberdades individuais. Esse tipo de governo totalitário, no qual o Estado domina todos os aspectos da vida social, ganhou força ao propor a recuperação da economia, abalada pela I Guerra, e impedir o avanço das ideias socialistas. Nos países que saíram derrotados na I Guerra, como a Alemanha, os fascistas ainda tinham outra arma a seu favor: o sentimento de revanchismo criado entre a população contra os vencedores. Apesar de ter sido implantado em outros países, como Portugal (salazarismo) e Espanha (franquismo), o fascismo atingiu sua expressão máxima na Itália – onde surgiu – e, principalmente, na Alemanha, onde foi chamado de nazismo.
ram pela capital na chamada Marcha sobre Roma. Mussolini foi nomeado primeiro-ministro e assumiu o cargo com plenos poderes, passando a ser chamado de Duce (guia). No decorrer da década, o Partido Fascista passou a ser o único permitido e adversários políticos foram perseguidos e mortos. Mussolini implantou o corporativismo, modelo pelo qual tanto os sindicatos dos patrões quanto os dos empregados eram controlados pelo governo. As medidas surtiram efeitos na esfera econômica até 1929, quando a nação foi abalada pela Grande Depressão. A partir daí o Duce apostou na expansão territorial para resolver os problemas internos.
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N E V
O fascismo na Itália
Após a I Guerra, a Itália vivia uma grave crise econômica, com inflação galopante, desemprego e queda da produção industrial. Nesse contexto, em 1919, o ex-militante socialista Benito Mussolini fundou o Partido Fascista, ultranacionalista, opondo-se ao socialismo e à democracia liberal. Temendo o avanço socialista, a burguesia apoiou Mussolini. Em 1922, os “camisas negras”, como eram chamados os militantes fascistas, desfila[1] DOROTHEA LANGE/LIBRARY OF CONGRESS [2] AP
A D I B I O [2]
DUPLA TIRÂNICA O italiano Benito Mussolini (à esq.) e o alemão Adolf Hitler: aliança em nome do terror
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SAIBA MAIS ESPANHA ANTECIPA HORRORES DA II GUERRA
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) antecipou o combate entre socialistas e nazifascistas que caracterizaria a II Guerra Mundial. Enquanto as tropas nacionalistas do general espanhol Francisco Franco tiveram a ajuda dos governos nazista da Alemanha e fascista da Itália, os republicanos espanhóis contaram com o apoio da União Soviética. O confronto terminou com a vitória dos nacionalistas em 1939, que impuseram um regime totalitário na Espanha sob a liderança de Franco, que duraria até 1975.
O nazismo na Alemanha
As imposições do Tratado de Versalhes à Alemanha provocaram inflação e desemprego em massa. Instalado no fim da guerra, o governo republicano não conseguia debelar a crise. Como alternativa, surgiu, em 1919, o Partido NacionalSocialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista, liderado pelo ex-cabo do Exército Adolf Hitler. As propostas nazistas foram sistematizadas no livro Minha Luta, escrito por Hitler em 1923, quando estava na prisão, após uma tentativa frustrada de golpe de Estado – o Putsch de Munique. Além dos aspectos comuns ao fascismo italiano, ele pregava o racismo. Para Hitler, os alemães pertenciam a uma raça pura e superior: a ariana; as demais deveriam ser subjugadas ou exterminadas. Em 1932, apoiados por burgueses e setores conservadores, os nazistas venceram as eleições. Um ano depois, Hitler foi nomeado primeiro-ministro e, em 1934, tornou-se chefe de governo e de Estado. Passou a ser chamado de Führer (líder) e inaugurou o III Reich. O intervencionismo e a planificação econômica fortaleceram a indústria e reduziram o desemprego. Hitler proibiu os partidos políticos (exceto o nazista), fechou jornais de oposição e perseguiu minorias, como os judeus. Os principais instrumentos de terror eram a SS (guarda especial) e a Gestapo (polícia política). Em desrespeito ao Tratado de Versalhes, Hitler remilitarizou o país, acendendo o estopim para a II Guerra Mundial. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA II GUERRA MUNDIAL
O mundo em convulsão
A D I B I O
No maior conflito da história, os combates entre nações dos cinco continentes deixaram 50 milhões de mortos
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rimeiro conflito militar de escala global, a II Guerra Mundial envolveu nações de todos os continentes, estendeu-se de 1939 a 1945 e deixou cerca de 50 milhões de mortos. Foi uma nova tentativa de equacionar os conflitos deixados pela I Guerra – a Itália e a Alemanha não aceitavam a derrota e, juntamente com o Japão, exigiam uma redivisão dos mercados mundiais para a expansão de seus parques industriais.
Como o nazismo bloqueava o avanço do socialismo, as potências europeias não se opuseram ao crescimento do regime na Alemanha. Nem mesmo quando Hitler remilitarizou o país e anexou territórios. Em 1936, ele reocupou a Renânia, região na fronteira entre a França e a Bélgica. Em ofensiva diplomática, ofereceu ajuda econômica à Itália fascista e apoiou o general Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola. Com o Japão, assinou o Pacto Anti-Komintern, para frear a expansão da União Soviética (URSS) na Ásia. Em 1938, Hitler anexou a Áustria, no episódio conhecido como Anschluss. No mesmo ano, anexou uma região da Tchecoslováquia habitada por alemães (Sudetos). Em seguida, dominou o país inteiro. Em 1939, assinou com a rival URSS o Pacto Germânico-Soviético, um acordo de não agressão. Abriu-se, assim, o caminho a leste para ocupar uma área que permitia acesso ao mar pela Polônia e mantinha a província alemã da Prússia Oriental isolada do resto do território.
72 GE HISTÓRIA 2018
Avanço nazista
As tropas nazistas invadiram a Polônia em 1º de setembro de 1939, inaugurando a blitzkrieg (guerra-relâmpago), um fulminante ataque por terra e ar. Logo depois, Reino Unido e França declararam guerra aos alemães. Hitler ocupou a Dinamarca, a Noruega, a Holanda e a Bélgica. Em junho de 1940, dominou a metade norte do território da França – no sul foi instalado um governo colaboracionista. Em setembro de 1940 foi formalizado o Eixo – pacto entre Alemanha, Itália e Japão que estabelecia o apoio mútuo em caso de ataque por potência ainda não envolvida na guerra – por exemplo, os Estados Unidos (EUA). No mesmo mês, Hitler bombardeou Londres, mas foi repelido pela Real Força Aérea (RAF). Em junho de 1941, a Alemanha invadiu a URSS. As tropas nazistas foram barradas pelo rigoroso inverno e pelo contra-ataque soviético. Agora, os alemães precisavam lutar em duas frentes: contra os ingleses a oeste e contra os russos a leste. Paralelamente aos combates, Hitler perseguia os judeus. Inicialmente, foram confinados em guetos. A partir de 1942, foi implantada a “solução final”, que previa a deportação e a execução em massa em campos de trabalho, concentração e extermínio na Alemanha e na Polônia. No fim do conflito, cerca de 6 milhões de judeus haviam sido mortos, num dos maiores crimes da história, o holocausto.
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N E V Antecedentes
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Reação aliada
Os EUA só entraram na guerra em dezembro de 1941, quando os japoneses bombardearam a base naval de Pearl Harbor, no Havaí. Em seguida, a Alemanha e a Itália declararam guerra aos EUA. Definiram-se, assim, duas facções em combate: de um lado, os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão); de outro, os Aliados (França, Reino Unido, EUA, URSS e China). A partir de 1942, os Aliados começaram a ganhar terreno. Foi nesse ano que o Brasil entrou na Guerra (veja a matéria na pág. 119). No Atlântico, a Marinha anglo-americana eliminava submarinos alemães; na Alemanha, a aviação aliada intensificava o bombardeio. No norte da África, o Exército alemão rendeu-se em maio de 1943. Os Aliados desembarcaram na Sicília e invadiram a Itália, que passou a integrar as forças antinazistas. No front leste, os alemães sofreram uma derrota decisiva na Batalha de Stalingrado (atual Volgogrado), na Rússia, em janeiro de 1943. Em 6 de junho de 1944, o Dia D, foi desferido o golpe mortal às forças nazistas, com o desembarque de mais de 150 mil soldados aliados na Normandia francesa, em uma operação que envolveu mais de 1,2 mil navios de guerra e mil aviões. Paris foi libertada em 25 de agosto. Os soviéticos libertaram a Polônia e, em 2 de maio de 1945, ocuparam Berlim. Cinco dias depois, a Alemanha se rendeu. Hitler suicida-se em 30 de abril. A guerra na Europa estava encerrada.
DIA D Em uma megaoperação aeronaval, os Aliados desembarcam na Normandia francesa em 6 de junho de 1944: golpe fatal contra os nazistas
Bomba atômica
Os japoneses haviam ocupado uma vasta área marítima no Pacífico. A situação só começou a se inverter em 1942, após algumas vitórias dos EUA. Em fevereiro de 1945, ocorreu o desembarque norte-americano em território japonês, na ilha de Iwo Jima. Com o inimigo ainda resistindo, os EUA promoveram uma terrível demonstração de força ao lançar a primeira bomba atômica da história em combate, em 6 de agosto. O ataque matou 100 mil pessoas na cidade de Hiroshima. Dias depois, foi a vez de Nagasaki, onde mais 70 mil habitantes foram mortos. Em seguida, os soviéticos expulsaram os japoneses da Manchúria (China) e da Coreia. Enfim, em 2 de setembro de 1945, o Japão se rendeu. Era o fim da II Guerra Mundial.
A GUERRA NA EUROPA Confira a dinâmica das fronteiras e das tropas durante o confronto no Velho Mundo Territórios ocupados pela Alemanha em 1939 em 1940 em 1941 em 1942 Avanço das tropas aliadas em 1943 em 1944 em 1945 desembarque aliado vitorioso
N E V
Em fevereiro de 1945, na Conferência de Yalta, na Crimeia, o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, o primeiroministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o líder da URSS, Josef Stálin, reuniram-se para redividir o mundo. Os soviéticos anexaram a Letônia, a Lituânia, a Estônia e o leste da Polônia. Em julho, na Conferência de Potsdam, na Alemanha, foram determinados o pagamento de uma alta indenização pelos alemães e a divisão do país em quatro zonas de ocupação militar: soviética, norte-americana, francesa e britânica. Decidiu-se ainda pelo desarmamento alemão e pelo julgamento dos líderes nazistas pelo Tribunal de Nuremberg. A Alemanha foi separada da Áustria, obrigada a devolver os territórios da Tchecoslováquia, a entregar Dantzig à Polônia e a reconhecer a divisão da Prússia Oriental entre soviéticos e poloneses. Em abril de 1945, durante a Conferência de San Francisco, nos EUA, 50 países assinaram a carta de criação da Organização das Nações Unidas (ONU). [1] ARQUIVO NACIONAL/EUA
SUÉCIA NORUEGA
FINLÂNDIA
Mar do Norte
Oceano Atlântico
Território alemão em 1/9/1939 Estados aliados do eixo Roma-Berlim Territórios italianos em 1/9/1939 Grã-Bretanha e territórios sob seu controle Estados neutros
ESTÔNIA DINAMARCA LETÔNIA GRÃ-BRETANHA PAÍSES PRÚSSIA LITUÂNIA BAIXOS IRLANDA UNIÃO SOVIÉTICA BÉLGICA ALEMANHA POLÔNIA TCHECOSLOVÁQUIA 1944 ÁUSTRIA FRANÇA HUNGRIA SUÍÇA ROMÊNIA IUGOSLÁVIA ITÁLIA BULGÁRIA 1944 ESPANHA ALBÂNIA 1943 PORTUGAL TURQUIA 1942 1942 1943 GRÉCIA Mar SÍRIA TUNÍSIA Mediterrâneo LÍBANO IRAQUE 1944 PALESTINA ARGÉLIA TRANSJORDÂNIA
A D I B I O EGITO
LÍBIA
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XXVIII
A EUROPA APÓS A GUERRA
ARÁBIA
Veja como ficaram as fronteiras e as alianças no continente depois do conflito
R P ISLÂNDIA
Países capitalistas Países socialistas Áreas anexadas pela URSS (1940-1945)
Membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) Membros do Pacto de Varsóvia
A D
Tratados dos vencedores
ISLÂNDIA
BERLIM
BERLIM OCIDENTAL (RFA) BERLIM ORIENTAL (RDA) MURO DE BERLIM
Mar do Norte
NORUEGA
SUÉCIA
FINLÂNDIA IRLANDA REINO DINAMARCA UNIDO ESTÔNIA REP. PAÍSES BAIXOS LETÔNIA DEMOCRÁTICA Oceano BÉLGICA UNIÃO LITUÂNIA REP. ALEMÃ Atlântico SOVIÉTICA FEDERAL POLÔNIA LUXEMBURGO DA ALEMANHA TCHECOSLOVÁQUIA SUÍÇA FRANÇA ÁUSTRIA PORTUGAL HUNGRIA ESPANHA ITÁLIA IUGOSLÁVIA ROMÊNIA Mar Mediterrâneo
ALBÂNIA BULGÁRIA TURQUIA GRÉCIA
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. XXVI
Medidas econômicas de peso também foram criadas. Em 1944 foi realizada a Conferência de Bretton Woods, nos EUA, que estabeleceu o dólar como base do sistema monetário mundial. Em 1948, Washington aprovou o Plano Marshall. Bilhões de dólares foram investidos na reconstrução de Inglaterra, França, Itália e Alemanha. Os EUA tornaram-se o centro capitalista do planeta, tendo apenas a URSS como rival. PARA IR ALÉM Gen – Pés Descalços é um relato quase autobiográfico em quadrinhos de Keiji Nakazawa, que presenciou a explosão da bomba em Hiroshima. Já a HQ Maus, de Art Spiegelman, trata a II Guerra de forma alegórica, representando ratos como judeus e gatos como alemães
SAIBA MAIS A CRIAÇÃO DE ISRAEL
Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Palestina em um Estado judeu e outro árabe. O Estado de Israel foi proclamado em 1948. Jordânia, Egito, Líbano, Síria e Iraque – todas nações árabes – se opuseram à decisão e atacaram Israel, mas foram derrotados. O território de Israel cresceu 75%, e os palestinos ficaram sem país. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel voltou a vencer os árabes e anexou novos territórios. Em 1993, palestinos e israelenses assinaram o Acordo de Oslo, iniciando as negociações para a criação de um futuro Estado Palestino. No entanto, o processo de paz encontra-se em um impasse. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA GUERRA FRIA MURO DA DISCÓRDIA Militares da Alemanha Oriental erguem, junto ao Portão de Brandemburgo, parte da barreira que dividiu Berlim ao meio por 27 anos
A D
[1]
Divisão política e ameaça nuclear
N E V A
Guerra Fria foi o confronto ideológico, político, econômico e militar entre os dois blocos internacionais formados no fim da II Guerra Mundial: o capitalista – liderado pelos Estados Unidos (EUA) – e o socialista – encabeçado pela União Soviética (URSS). O enfrentamento durou até a queda do Muro de Berlim, em 1989, que simbolizou o fim do bloco socialista.
Divisão
A polarização do mundo entre os dois maiores vencedores da II Guerra Mundial começou logo após o fim do conflito. Os EUA garantiram sua hegemonia sobre o oeste da Europa por meio do Plano Marshall, de 1948. A URSS
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A Guerra Fria marca um dos períodos mais tensos da história: por décadas, o mundo viveu sob a tutela de duas superpotências rivais e o temor de um apocalíptico conflito atômico
projetou-se sobre o Leste Europeu, estimulando a instalação do socialismo nos países que havia libertado do jugo nazista. Na visão ocidental, ao estabelecerem tais regimes autoritários e isolados, os soviéticos penduraram no meio do continente uma cortina de ferro – expressão utilizada desde o século XIX e resgatada pelo ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, em 1946. Em nenhum lugar da Europa a divisão foi tão visível quanto na Alemanha. Em 1949, o país foi dividido em dois: as zonas de ocupação francesa, britânica e norte-americana integraram a República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental), capitalista; já a zona soviética originou a República De-
mocrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental), socialista. A capital, Berlim, que ficava na RDA, seguiu dividida nas quatro áreas de ocupação. Em 1961, para tentar impedir o fluxo de refugiados para a parte capitalista da cidade, o governo socialista ergueu o Muro de Berlim, isolando o lado oeste da capital. O alinhamento internacional ficou evidente pela formação de duas alianças militares. EUA e Europa Ocidental uniram-se em 1949 na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Seis anos depois, URSS e o Leste Europeu constituíram o Pacto de Varsóvia (veja o mapa na pág. ao lado). Os demais países alinharam-se a uma ou outra tendência ou integraram o Movimento Não Alinhado – que nunca atingiria coesão nem atuação significativas. A China, que se tornou socialista em 1949, com a Revolução Chinesa, permaneceu autônoma em relação à URSS a partir de 1960.
Enfrentamento
Em 1949, a URSS explodiu sua primeira bomba atômica, num teste controlado. Agora, as duas potências tinham a poderosa arma, e um conflito entre elas poderia destruir o mundo. Foi essa condição que deu origem à expressão Guerra Fria. Afinal, norte-americanos e soviéticos viviam em clima beligerante, mas não existia um confronto direto. Indiretos, porém, houve vários. No Terceiro Mundo – como eram chamados na época os países em desenvolvimento –, as forças locais adversárias envolvidas em guerras civis e em movimentos anticoloniais acabavam se alinhando às superpotências, em busca de apoio, e aí a Guerra Fria esquentava. O primeiro grande confronto desse tipo foi a Guerra da Coreia (1950-1953), iniciada por causa da invasão da Coreia do Sul, capitalista, pela Coreia do Norte, socialista. Outros importantes conflitos que opuseram os dois blocos foram a Guerra
O PLANETA DIVIDIDO Confira de que lado estava cada país* na Guerra Fria e a potência dos arsenais das grandes alianças militares encabeçadas por EUA e URSS ALEMANHA ORIENTAL
ALEMANHA OCIDENTAL
CANADÁ ESTADOS UNIDOS CUBA
do Vietnã (veja pág. 79), a Revolução Cubana (veja pág. 77), a guerra civil em Angola (1961-2002) e a Revolução Sandinista, na Nicarágua (1979). A Guerra Fria também foi caracterizada pelas intervenções das potências em suas áreas de influência. A URSS reprimiu violentamente rebeliões na Hungria (1956) e na Tchecoslováquia (1968) e invadiu o Afeganistão (1979-1989). Os EUA, temendo o avanço socialista na América Latina, apoiaram sangrentas ditaduras militares em países da região, incluindo o Brasil (veja na pág. 123). Após a morte do líder soviético Josef Stálin, em 1953, e a ascensão de Nikita Kruschev, a URSS tentou reduzir a corrida armamentista implementando a política de Coexistência Pacífica. Seus efeitos, entretanto, foram limitados. O momento mais tenso da Guerra Fria foi a crise dos mísseis. Em 1962, a URSS instalou secretamente ogivas nucleares em Cuba. Os EUA descobriram, e o presidente John Kennedy ordenou um bloqueio naval à ilha. Moscou enviou uma frota para um confronto, mas o líder soviético Nikita Kruschev cedeu e retirou os mísseis. Afora as tensões bélicas, a disputa entre EUA e URSS estendia-se para várias outras esferas, como a esportiva, a cultural e a científica. Um importante capítulo da contenda foi a corrida espacial, uma acirrada competição tecnológica que culminou com a chegada do primeiro homem à Lua – o norteamericano Neil Armstrong –, em 1969. A Guerra Fria foi amenizada em 1973, quando as superpotências concordaram em desacelerar a corrida armamentista, por meio da Política da Détente. Porém, o acordo duraria apenas até a invasão soviética no Afeganistão, em 1979. O conflito global só esmoreceu, de fato, a partir de 1985, com a subida ao poder do líder soviético Mikhail Gorbatchov (veja pág. 80).
HONDURAS NICARÁGUA
[1] DPA/AFP [2] NASA
COREIA DO NORTE
CHINA
MARROCOS
LÍBIA
VENEZUELA GUIANA FRANCESA BRASIL
ARÁBIA SAUDITA
ÍNDIA
COREIA VIETNÃ DO SUL
ETIÓPIA AFEGANISTÃO
A D I B I O
CONGO ZAIRE ANGOLA
MADAGASCAR
ÁFRICA DO SUL ARGENTINA
Otan milhão 1,367 Estados Unidos e aliados (Otan) 9.900 Países alinhados com os EUA 1.475 União Soviética e aliados (Pacto de Varsóvia) 2.875 Países alinhados com a URSS 300 Países não alinhados 28 83 * Informações referentes ao ano de 1985
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MONGÓLIA
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Fontes: ALMANAQUE ABRIL, Otan
[2]
MUNDO DA LUA O astronauta norte-americano Buzz Aldrin passeia pela superfície do satélite
PARA IR ALÉM O filme Treze Dias que Abalaram o Mundo, de Roger Donaldson, retrata a crise dos mísseis de Cuba, em outubro de 1962, um dos episódios em que o mundo mais se aproximou de um conflito total durante a Guerra Fria. Outra boa pedida sobre o tema é o filme Doutor Fantástico, de Stanley Kubrick, que satiriza as tensões e o medo de destruição do planeta no período.
Contingente Tanques e blindados Helicópteros armados Peças de artilharia Submarinos Porta-aviões Navios de superfície
AUSTRÁLIA
Pacto de Varsóvia 1,425 milhão 26.000 1.700 11.200 290 12 300
A HISTÓRIA HOJE CRISE NA UCRÂNIA REVIVE DISPUTA ENTRE A RÚSSIA E O OCIDENTE
A Ucrânia tornou-se alvo de uma tensa disputa entre a Rússia e o Ocidente – representado pelos Estados Unidos (EUA) e pela União Europeia (UE). A crise teve início quando o governo ucraniano rejeitou um acordo comercial com a UE para manterse economicamente ligado à esfera de influência da Rússia. Inconformada com a decisão, parte da população ucraniana aderiu a protestos que resultaram na queda do presidente Viktor Yanucovich, em fevereiro de 2014. A deposição de seu aliado gerou forte insatisfação do governo russo, que respondeu com a anexação da Crimeia, uma república autônoma da Ucrânia, em março. O fato abriu a mais grave crise envolvendo as grandes potências desde o fim da Guerra Fria. Em retaliação, EUA e UE aplicaram sanções econômicas à Rússia, enquanto o leste da Ucrânia passou a conviver com violentos distúrbios separatistas. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA REVOLUÇÃO CHINESA
RADICALIZAÇÃO Estudantes da Guarda Vermelha erguem cópias de O Pequeno Livro Vermelho de Mao Tsé-tung: culto ao líder provocou perseguições
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[1]
O gigante comunista Sob a liderança de Mao Tsé-tung, o movimento revolucionário transformou a sociedade chinesa
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om o fim da II Guerra Mundial e a eclosão da Guerra Fria, o mundo presenciou um conjunto de movimentos revolucionários. Um dos mais importantes ocorreu na China no fim dos anos de 1940 e causou grande impacto geopolítico por envolver uma civilização milenar, de grande população e extenso território.
Guerra Civil
A Revolução Chinesa de 1949 foi o resultado de uma longa batalha iniciada logo depois do fim da I Guerra Mundial, em 1921, com a fundação do Partido Comunista Chinês (PCC). Os comunistas consideravam que a instauração da República, em 1911, e a chegada ao poder do Partido Nacionalista não resultaram em um Estado efetivamente soberano nem proporcionaram reformas sociais profundas que melhorassem a vida dos trabalhadores urbanos e rurais chineses. Desde então, a China viveu períodos alternados de guerra civil entre nacionalistas e comunistas e períodos de aliança, nos quais esses dois grupos
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lutaram juntos contra agressões estrangeiras — o Japão invadiu o país durante a década de 1930 e no decorrer da II Guerra Mundial. O fim da II Guerra e a expulsão das forças japonesas do território chinês abriram um novo período de acirrada disputa de poder entre nacionalistas e comunistas. O líder dos nacionalistas, Chiang Kai-chek (1887-1975), não resistiu ao avanço dos guerrilheiros camponeses comandados pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Em 1º de outubro de 1949, Mao proclamou a República Popular da China e reorganizou o país nos moldes comunistas, com a coletivização das terras e a expropriação das grandes empresas, que passaram para o controle estatal. Chiang Kai-chek refugiou-se na Ilha de Taiwan (Formosa) e fundou a República da China. Ainda hoje, Taiwan se auto-intitula a “verdadeira China”, mas é considerada uma “província rebelde” pelo governo de Pequim.
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Revolução Cultural
Com a ascensão dos comunistas ao poder, várias tentativas de economia planejada foram implementadas, como o Grande Salto para a Frente (1958-1962), com o objetivo de acelerar o processo de industrialização e a modernização da sociedade chinesa. No entanto, o resultado foi um caos econômico, que causou a fome e a morte de milhões de camponeses. Nesse cenário, começaram a surgir críticas, no interior das fileiras do PCC, à liderança
de Mao Tsé-tung. Para neutralizar seus opositores e reverter um movimento que considerava ameaçar as conquistas da revolução, Mao desencadeou a Revolução Cultural. Ele convocou os jovens e, com eles, organizou as Guardas Vermelhas, unidades paramilitares encarregadas de enfrentar os burocratas e o “revisionismo burguês” e manter vivo o “espírito revolucionário”. O grupo, que chegou a ter 11 milhões de integrantes, perseguiu membros rivais do PCC e pessoas acusadas de conservadorismo. As Guardas Vermelhas também combateram o pensamento do filósofo Confúcio (século V a.C.), que durante milênios influenciou a sociedade chinesa. Com a perseguição a qualquer ideia considerada reacionária, a Revolução Cultural resultou em escolas fechadas, no ataque (não apenas verbal) a intelectuais e no culto exagerado à personalidade de Mao As Guardas Vermelhas começaram a perder poder quando racharam em várias facções, cada uma acreditando ser a legítima representante de Mao. A Revolução Cultural foi encerrada após a morte do líder, em 1976. Com isso, abriuse caminho para a ascensão de Deng Xiaoping à chefia do Partido Comunista Chinês. Suas reformas, baseadas na abertura econômica do país ao mercado internacional e no aproveitamento da abundante mão de obra para produzir artigos para a exportação, deram o impulso necessário para a China se transformar na superpotência de hoje.
IDADE CONTEMPORÂNEA REVOLUÇÃO CUBANA Fidel foi preso e exilado no México. Em 1956, ele retornou clandestinamente ao país e, com a ajuda do argentino Che Guevara, montou uma base rebelde em Sierra Maestra, no leste da ilha. Em 1959, conquistou Havana e instaurou um governo revolucionário no país. Fidel decretou a reforma agrária, fuzilou colaboradores de Batista e nacionalizou as empresas norte-americanas instaladas na ilha, desagradando os EUA. A tensão entre os dois países cresceu em abril de 1961, quando exilados cubanos treinados pela CIA, a agência central de inteligência dos Estados Unidos, desembarcaram na Baía dos Porcos, numa tentativa malsucedida de derrubar o governo revolucionário.
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REVOLUÇÃO EM MARCHA Fidel Castro (em pé, no centro do veículo) é saudado na chegada a Havana
Governo socialista
O comunismo desembarca nas Américas
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A revolução liderada por Fidel Castro culminou na instalação de um governo baseado no modelo soviético a poucos quilômetros dos Estados Unidos
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pesar de ser oficialmente independente desde 1902, Cuba continuou sendo dominada pelos Estados Unidos (EUA) por várias décadas. A existência da Emenda Platt na Constituição da ilha garantia aos norte-americanos a prerrogativa de intervenção militar no país. E os EUA fizeram valer esse direito, ocupando Cuba em cinco ocasiões para preservar seus interesses estratégicos na região, entre 1906 e 1933. Nesse período, Cuba sofria forte interferência econômica dos EUA. No fim dos anos 1950, 75% das terras, 90% dos serviços e 40% da produção de açúcar do país eram controlados por capitais norte-americanos. Além disso, cerca de 80% das importações vinham da potência americana.
N E V A Revolução
Em 1952, os EUA apoiaram a instalação de uma ditadura militar pelo ex-sargento Fulgencio Batista. No ano seguinte, a repressão oficial levou rebeldes liderados pelo advogado Fidel Castro a atacar o quartel de La Moncada. [1] JEAN VINCENT/AFP [2] AFP
A HISTÓRIA HOJE
MORTE DE FIDEL ABRE PERÍODO DE INCERTEZAS
A morte de Fidel Castro, em novembro de 2016, intensificou os debates quanto aos rumos das transformações econômicas em Cuba. Sem a presença de Fidel, a expectativa é que o país avance mais nas reformas. Outro fator que pode ser decisivo para o futuro de Cuba é a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. Em dezembro de 2014, Cuba e EUA anunciaram a retomada das relações diplomáticas após quase 54 anos de rompimento. Desde então, os dois países vêm promovendo uma reaproximação gradual, tendo como ápice a reabertura das embaixadas, em julho de 2015. No entanto, Trump vem se mostrando abertamente contrário ao realinhamento com Cuba, o que aumenta os receios de retrocesso nos recentes avanços obtidos nas relações bilaterais.
Após o episódio, Fidel anunciou a adesão ao marxismo-leninismo e aproximou-se da URSS, tornando-se o único país socialista da América. Os EUA reagiram, em 1962, com um bloqueio econômico e político a Cuba, que acabou sendo expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA). Nesse mesmo ano, a União Soviética instalou, secretamente, mísseis na ilha, capazes de atingir o território norte-americano. Os EUA descobriram e impuseram um bloqueio naval a Cuba. A crise dos mísseis elevou a tensão, e o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear, até que os soviéticos recuaram, retirando os mísseis da região. As reformas implantadas pelo governo comunista de Fidel Castro garantiram várias melhorias sociais à população, especialmente em saúde e educação, mas a economia continuou precária e fortemente dependente da ajuda soviética. Descontentes, milhares de pessoas deixaram a ilha, criando uma grande comunidade de exilados na Flórida (EUA). Com o colapso da URSS, no início da década de 1990, a economia entrou em crise. Nos últimos anos, já sob a liderança de Raúl Castro, irmão de Fidel, que assumiu o poder oficialmente em 2008, o governo iniciou um programa de reformas liberalizantes. Entre as mudanças estão o direito à compra e venda de imóveis, o incentivo ao trabalho autônomo e cooperativo, o reconhecimento da existência de empresas privadas e o arrendamento de terras. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA
AINDA QUE TARDIA Multidão em Argel comemora a independência da Argélia, em 1962. No centro da imagem, um retrato de Ben Bella, herói da insurreição
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Baby boom de nações Após a II Guerra Mundial, uma onda de independências na África e na Ásia deu origem a dezenas de novos países
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processo de independência das antigas colônias europeias na África e na Ásia, ocorrido após a II Guerra Mundial, foi impulsionado pelo enfraquecimento das nações imperialistas da Europa durante a II Guerra, pelo interesse de Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) em transformar os territórios coloniais europeus em suas zonas de influência e pelo surgimento de movimentos nacionalistas nas colônias.
N E V Ásia
Dois processos distintos marcaram a descolonização asiática: a resistência pacífica, na Índia, e a guerra pela independência, cujo melhor exemplo é a Indochina. Na Índia, o advogado Mohandas Gandhi, o Mahatma (Grande Alma), desencadeou um amplo movimento de resistência pacífica e desobediência civil, pregando o boicote aos produtos da metrópole inglesa e o não pagamento de impostos. Abalado pela II Guerra, o Reino Unido viu-se obrigado a conceder a independência, em 1947. A ex-colônia
78 GE HISTÓRIA 2018
foi dividida na União Indiana, de maioria hindu, e no Paquistão, majoritariamente muçulmano. A separação levou a um intenso movimento migratório e a violentas lutas entre os grupos religiosos, deixando milhares de mortos. A Indochina, antiga colônia francesa formada por Vietnã, Laos e Camboja, foi invadida pelo Japão na II Guerra Mundial. Após a rendição japonesa, o movimento nacionalista Vietminh, liderado pelo comunista Ho Chi Minh, proclamou a independência do Vietnã. A tentativa da França de retomar o domínio levou à Guerra da Indochina (1946-1954). Os europeus foram derrotados, e os países obtiveram a independência. O Vietnã ficou dividido em Vietnã do Norte e
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SAIBA MAIS O REGIME DO APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL
Entre 1948 e 1992, o apartheid – política de segregação racial na África do Sul – impediu o acesso dos negros à propriedade da terra e à participação política, confinando-os em territórios tribais – os bantustões. A perseguição política fez milhares de vítimas, incluindo Nelson Mandela, preso em 1962. Ele só seria libertado em 1990 e, dois anos depois, a África do Sul pôs fim ao apartheid. Em 1994, Mandela venceu a primeira eleição presidencial multirracial do país.
Vietnã do Sul, que só seriam reunificados em 1976, após a Guerra do Vietnã (veja na pág. ao lado).
África
A maioria dos países africanos conquistou a independência na década de 1960. Três dos processos mais conturbados ocorreram na Argélia, no Congo e em Angola. A guerra da independência da Argélia, colônia francesa, durou de 1954 a 1962, deixando mais de 1 milhão de mortos. O conflito resultou em uma crise política na França, que culminou com a queda do governo e a tomada da presidência pelo herói da II Guerra Mundial Charles de Gaulle, em 1958. Quatro anos depois, ele negociou a paz. Na República Democrática do Congo, colônia belga, a independência foi proclamada em 1960, por Patrice Lumumba, que assumiu o governo. A reação das multinacionais belgas à sua administração levou a uma guerra civil com intervenções da Bélgica e da URSS. Lumumba foi assassinado em 1961. Em 1965, num golpe de Estado apoiado pelos EUA, o general Joseph Mobutu instalou uma sangrenta ditadura. As colônias portuguesas levaram mais tempo para obter a independência. As negociações só ocorreram no fim do regime salazarista, em 1974. O caso mais violento foi o de Angola: a partir de 1975, a luta pela independência virou uma guerra civil, finalizada em 2002 com 1 milhão de mortos.
IDADE CONTEMPORÂNEA GUERRA DO VIETNÃ
VITÓRIA VIETCONG Tanques nortevietnamitas chegam a Saigon sem enfrentar a resistência dos Estados Unidos, que bateram em retirada e aceitaram a derrota
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Hegemonia ameaçada Nas selvas asiáticas, os EUA sofreram a maior derrota militar de sua história
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ntre 1959 e 1975, o Vietnã serviu de palco para que os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS) medissem forças na tentativa de impor sua influência ideológica, refletindo o antagonismo característico da Guerra Fria. A Guerra do Vietnã foi um dos principais conflitos armados do século XX, responsável pela maior derrota militar da história dos EUA.
N E V Repressão
Antiga colônia da França, o Vietnã foi dividido no fim da Guerra da Indochina (1946-1954) em Vietnã do Norte, sob o regime socialista liderado por Ho Chi Minh, e Vietnã do Sul, monárquico e pró-capitalista. Um referendo para decidir a unificação foi acertado para 1956. No entanto, um ano antes da consulta, o primeiro-ministro do Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem, cancelou as eleições e instalou uma ditadura militar. A ação teve o apoio dos EUA, que temiam a instalação de um governo socialista caso o país fosse reunificado. A partir daí o regime iniciou uma perseguição a budistas, nacionalistas e comunistas. Em [1] [2] AFP
resposta à repressão, a guerrilha comunista Frente de Libertação Nacional, conhecida como Vietcong, iniciou uma série de ataques às forças do sul e às bases norte-americanas no país em 1959. Começava a Guerra do Vietnã.
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Os EUA na guerra
Os EUA estavam envolvidos no conflito desde o início, mas a intervenção militar aberta ocorre a partir de 1964. Ao todo, mais de 2,5 milhões de soldados norte-americanos participaram da operação. Além das milhões de toneladas de bombas, a máquina de guerra norte-americana contava com pesados armamentos não convencionais, como o napalm (uma bomba incendiária) e o Agente Laranja (um herbicida e desfolhante altamente tóxico) – o contato com o produto foi responsável por casos de câncer e pela malformação de crianças, problema que atravessou gerações e perdura ainda hoje. Mesmo diante de uma evidente inferioridade militar, os vietcongues mostraram grande resistência, lançando mão de eficientes táticas de guerrilha, com emboscadas que surpreendiam as tropas norte-americanas. O conhecimento da densa selva tropical foi fundamental para os vietcongues se esconderem pela mata e criar trilhas para o suprimento de seus soldados. Em 1973, após sofrerem muitas baixas e enfrentando protestos pacifistas em casa, os norte-americanos aceitaram um cessar-fogo. Em 1975, a superpotência
bateu em retirada. Um ano depois, o Vietnã foi reunificado sob o regime socialista, alinhado à URSS. A Guerra do Vietnã terminou com a morte de mais de 58 mil militares norte-americanos e de pelo menos 1,1 milhão de vietnamitas. Apesar de vitorioso, o Vietnã saiu da guerra devastado e isolado economicamente. Já os EUA mostraram-se vulneráveis e tiveram sua hegemonia ameaçada pela URSS. PARA IR ALÉM Ícone do movimento hippie, o filme Hair, de Milos Forman, conta a história de um jovem do interior convocado para a Guerra do Vietnã. Ao chegar a Nova York para se apresentar ao Exército, torna-se amigo de um grupo de hippies, adeptos do pacifismo e contra a guerra.
SAIBA MAIS A CONTRACULTURA
O aumento da presença dos EUA na Guerra do Vietnã levou ao surgimento de um movimento de contestação no final dos anos de 1960. Com lemas como “paz e amor” e “faça amor, não faça guerra”, a juventude criticava o estilo de vida da elite consumista, as ações do governo e a guerra. Era o nascimento do movimento hippie, que atingiu seu auge com o festival de música de Woodstock, em 1969. Essas manifestações também acabaram se juntando a outros movimentos da contracultura, como o Black Power, pelo qual os negros do país lutavam por igualdade civil. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA FIM DA GUERRA FRIA EFEITO DOMINÓ A queda do Muro de Berlim, em 1989, marca o colapso do bloco socialista: uma a uma, as nações da Cortina de Ferro passaram por intensas reformas
Solidariedade. Mas em 1982 o governo tornou o Solidariedade ilegal, medida que só seria anulada em 1989. Em junho daquele ano, o Solidariedade venceu as eleições parlamentares e, no ano seguinte, seu líder, Lech Walesa, foi eleito presidente.
A D I B I O
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Queda do Muro de Berlim
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O desmoronamento soviético
A desintegração da URSS e a redemocratização dos países socialistas do Leste Europeu marcam o fim da Guerra Fria, com o triunfo do capitalismo comandado pelos EUA
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ma série de reformas adotadas pela União Soviética (URSS) nos anos 1980, visando à recuperação da economia, e a ascensão de movimentos nacionalistas e pródemocracia levaram ao esfacelamento da nação, com todo o bloco socialista. Essa derrocada marcou o fim da Guerra Fria, encerrando a polarização entre norte-americanos e soviéticos. A URSS já passava por uma grave crise ao fim dos 18 anos do governo de Leonid Brejnev, em 1982. O governo centralista e altamente burocratizado causou sérios prejuízos à economia do país, que ficou estagnada enquanto os gastos com armamentos aumentaram. Para piorar, em 1979, a URSS invadiu o Afeganistão, ocupando militarmente o país até 1988. Esse esforço de guerra contribuiu para enfraquecer ainda mais a economia. O panorama político começou a mudar em 1985, quando Mikhail Gorbatchov assumiu o governo, iniciando duas grandes reformas. Na política, a glasnost (transparência) abrandou a censura e abriu espaço à liberdade de expressão. Na economia, a peres-
N E V 80 GE HISTÓRIA 2018
troika (reestruturação) liberalizou a economia, restabelecendo, com limites, a propriedade privada e permitindo a instalação de empresas estrangeiras. Gorbatchov também melhorou as relações com o Ocidente e assinou acordos com os Estados Unidos (EUA) para frear a corrida armamentista.
Agitação política
Enquanto a URSS iniciava o processo de abertura política e econômica, movimentos pró-democracia ganhavam força em alguns dos oito países do Leste Europeu que formavam parte do bloco socialista: Polônia, Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária, Hungria, Iugoslávia, Albânia e Alemanha Oriental. No passado, era parte da doutrina soviética intervir em nações que se desviassem do socialismo, mas Gorbatchov indicara que não usaria a força para manter o bloco unido. A derrocada dos governos socialistas no Leste Europeu teve início na Polônia, onde greves culminaram em 1980 na formação, por operários e intelectuais, do sindicato independente
Na Hungria, a abertura da fronteira com a Áustria, em setembro de 1989, levou milhares de alemães orientais a cruzar o território húngaro em direção ao austríaco, com destino à Alemanha capitalista. Enquanto a migração se realizava, agitações ocorriam por todo o Leste Europeu. Essa efervescência política culminou no episódio que simbolizou a desintegração do bloco: a queda do Muro de Berlim. Na noite de 9 de novembro de 1989, o muro foi tomado por manifestantes dos lados ocidental e oriental. Sob pressão, os guardas começaram a liberar a passagem para quem quisesse atravessar a fronteira. Nas horas seguintes, centenas de moradores dos dois lados saltaram a muralha que separava a cidade para se confraternizar, enquanto uma multidão com marretas, martelos e barras de ferro começava, aos poucos, a arrancar pedaços da construção. Caía, assim, o Muro de Berlim, o maior símbolo do período da Guerra Fria. O evento deu início à reunificação do país, concluída em 1990.
Guerra e paz
A queda do muro abalou todo o Leste Europeu. Em alguns países, como a Tchecoslováquia, a transição foi pacífica. Se em 1968 os tanques soviéticos esmagaram um processo de democratização do socialismo – a Primavera de Praga –, em 1989 os intelectuais tchecos conseguiram consumar um amplo movimento de liberalização. A onda popular culminou com a deposição do
URSS DESMEMBRADA Confira os países que surgiram com o fim da União Soviética
Riga Tallinn
FEDERAÇÃO RUSSA ESTÔNIA LETÔNIA LITUÂNIA Vilna Moscou BELARUS Minsk UCRÂNIA Kiev CAZAQUISTÃO MOLDÁVIA Kichinev Tbilisi Astana Bishkek GEÓRGIA Baku UZBEQUISTÃO QUIRGUISTÃO TURCOMENISTÃO Yerevan TADJIQUISTÃO Ashkhabad ARMÊNIA Tashkent Dushanbe AZERBAIDJÃO
[2]
NA LUTA Passeata nas ruas de Varsóvia, na Polônia, organizada pelo sindicato Solidariedade
A D I B I O
Fazem parte da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) Não fazem parte da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) Saiu da CEI em 2009
Fonte: Leonel Itaussu A. Mello, Luís César Amad Costa, História Moderna e Contemporânea, 5 ed., Scipione, pág. 443
presidente e a libertação do dramaturgo Václav Havel, líder da oposição que se tornou presidente. Por seu caráter pacífico, o movimento ficou conhecido como Revolução de Veludo. O processo resultou no desmembramento da Tchecoslováquia em dois países independentes, em 1993: a República Tcheca e a Eslováquia Já na Iugoslávia, a pressão pelo fim do socialismo levou a um violento processo de desintegração do país, cujo capítulo mais sangrento foi a Guerra da Bósnia (1992-1995), o mais prolongado e violento conflito na Europa desde a II Guerra Mundial, com 200 mil mortos. A antiga Iugoslávia originou seis novas repúblicas: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia, Montenegro e Macedônia. Em 2008, o Kosovo declarou independência da Sérvia, mas a província ainda não foi reconhecida pela ONU como Estado independente.
reformas e, em agosto de 1991, mobilizou a população para evitar um golpe militar contra Gorbatchov. Fortalecido, Iéltsin promoveu a desmontagem das principais instituições socialistas russas, esvaziando o poder de Gorbatchov, que renunciou no mesmo ano. Em dezembro de 1991, a superpotência teve fim e, com ela, a Guerra Fria. No lugar da URSS, surgiram 15 repúblicas independentes (veja o mapa acima), sendo a principal a Federação Russa, que elegeu Iéltsin presidente. Com exceção de Estônia, Letônia e Lituânia, essas repúblicas passaram a integrar a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), um fórum de coordenação política e econômica.
A D
N E V O fim da URSS
Como não poderia deixar de ser, essa agitação política atingiu em cheio a principal nação socialista. Na URSS, a ineficiência da agricultura e as reformas econômicas provocaram escassez de alimentos e aumento da inflação, o que gerou forte pressão popular. Ao mesmo tempo, a abertura política fortaleceu os movimentos nacionalistas nas 15 repúblicas que compunham o país. O presidente do Soviete Supremo (Parlamento) da Federação Russa, Boris Iéltsin, defendia a aceleração das [1] GERARD MALIE/AFP PHOTO [2] DRUSZCZ WOJTEIC/AFP
R P
Após a dissolução da URSS, a Rússia perdeu poder econômico e militar e deixou de ser ator decisivo na geopolítica global. O planeta assistiu, então, ao surgimento de uma nova ordem mundial, marcada pela supremacia dos EUA como a única superpotência e pela consolidação do capitalismo como sistema econômico dominante. PARA IR ALÉM No filme Adeus, Lênin!, de Wolfgang Becker, a ação se passa durante o processo de reunificação da Alemanha, quando uma comunista devota sai do coma e não sabe que o Muro de Berlim foi derrubado. Temendo que a mudança política agrave o estado de saúde da mãe, seu filho elabora um plano para que ela pense que tudo continua como antes.
SAIBA MAIS O AVANÇO DA UNIÃO EUROPEIA SOBRE A ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RÚSSIA
Em 1992, um ano após o desmembramento da União Soviética (URSS), o Tratado de Maastricht oficializava a criação da União Europeia, o mais ousado passo para a integração política e econômica do continente. Ela é baseada em quatro fundamentos: livre circulação de mercadorias, de capitais, de serviços e de pessoas. Em 2002, o lançamento do euro, a moeda comum, consolidou ainda mais a união financeira do bloco. Inicialmente com 12 países, o bloco se expandiu nos anos seguintes. Aproveitando a instabilidade da Rússia, que ainda se adaptava a uma nova ordem pós-Guerra Fria, a UE avançou para o leste. Em 2004, o bloco passou a abrigar nações que faziam parte da esfera de influência soviética, como Polônia, Hungria e República Tcheca, e até mesmo antigas repúblicas da URSS, como Estônia, Letônia e Lituânia. Ainda hoje, o governo russo se ressente desse avanço europeu em sua tradicional área de controle geopolítico. Atualmente, o bloco enfrenta uma grave crise econômica, com o elevado endividamento de nações como Grécia e Portugal, e política, devido ao pedido do Reino Unido para se retirar do bloco. GE HISTÓRIA 2018
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IDADE CONTEMPORÂNEA LINHA DO TEMPO
Idade Contemporânea Veja os principais fatos da Revolução Francesa (1789) até os dias atuais. Os acontecimentos que têm indicação de páginas correspondem aos temas mais cobrados no vestibular. [2]
[3]
1789
SÉC. XVIII
1848
1870
1885
Estoura a Revolução Francesa. Pág. 56
Início da Revolução Industrial, na Inglaterra. Pág. 58
Os filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto Comunista, que origina o socialismo científico, umas das doutrinas sociais e políticas do século XIX. Pág. 61
Ocorre a unificação italiana, que integra os vários Estados e reinos da Península Itálica. No mesmo ano, Bismarck efetiva a unificação alemã, integrando os Estados germânicos no II Reich (II Império). Pág. 63
As potências europeias regulamentam a partilha da África na Conferência de Berlim. É um dos momentos mais representativos do Imperialismo. Pág. 64
A D I B I O
[1]
1790
1800
1810
1804
Napoleão toma o poder como imperador da França. Pág.57
1817
Tem início a guerra pela independência das colônias espanholas na América. Pág. 60
1830
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N E V [4]
1820
R P 1840
1850
1830
1848
A burguesia francesa, reagindo às medidas autoritárias do rei Carlos X, derruba a dinastia Bourbon e leva ao poder Luís Felipe I, um Orléans alinhado com seus interesses. Seguem-se várias insurreições semelhantes na Europa, as Revoluções Liberais.
A crise econômica e a falta de liberdade civil acentuam a oposição à monarquia na França e levam às Revoluções de 1848, conhecidas como Primavera dos Povos, de inspiração nacionalista e liberal. Pág. 62
1860
82 GE HISTÓRIA 2018
1880
1890
1861
Interesses antagônicos entre os estados do sul dos Estados Unidos (latifundiários e escravagistas) e os do norte (industrializados e abolicionistas) provocam a Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão. Com um saldo de 600 mil mortos, o conflito termina em 1865, com a vitória do norte e o fim da escravidão.
[7]
1871 Um levante popular na capital francesa implanta um governo revolucionário de inspiração socialista – a Comuna de Paris – que acaba com os privilégios e as distinções de classe: institui, por exemplo, o ensino gratuito, o controle do preço e a distribuição da renda em sistema cooperativo. Após 72 dias, a Comuna é derrotada pelas tropas governamentais. Pág. 62
[6]
[5]
1870
[9]
1929 Os Estados Unidos (EUA) enfrentam a crise de 1929, que se espalharia pelo mundo. Pág. 70
[8]
1910 Milhões de camponeses descontentes com o domínio dos latifundiários dão início à Revolução Mexicana, a primeira revolta popular do século XX. Pág. 60
1900
1948
1989
A política de segregação racial do apartheid é oficializada na África do Sul. Só nos anos 1990, o regime é revogado, no governo de Frederik de Klerk. Em 1994, o líder negro Nelson Mandela é eleito presidente.
A queda do Muro de Berlim marca o fim da Guerra Fria. Nos anos seguintes, o planeta assistiria ao desmantelamento do mundo comunista e mergulharia numa nova ordem mundial. Pág. 80.
N E V
1973
Começa a II Guerra Mundial. Pág. 72
A D I B I O
1920
[11]
1959 Irrompe a Revolução Cubana. Pág. 77
1930
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1940
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Começa a I Guerra Mundial. Pág. 66
Tem início a Guerra do Vietnã. Pág. 79
1939
1910
1914
[10]
1959
1946
1950
Eclode a Guerra da Indochina, um dos capítulos da descolonização afro-asiática. Pág. 78
1922
Benito Mussolini toma o poder na Itália, inaugurando os regimes nazifascistas, que marcariam a Europa após a I Guerra Mundial. Pág. 71
1960
[13]
1949
O líder comunista Mao Tsé-tung proclama a República Popular da China e reorganiza o país nos moldes socialistas: é a Revolução Chinesa. Pág. 76
[12]
1917
1936
1948
1950
É deflagrada a Revolução Russa. Pág. 68
Liderados pelo general Francisco Franco, militares rebelam-se contra o governo republicano da Espanha, iniciando a Guerra Civil Espanhola. Pág. 71
O Estado de Israel é proclamado em maio de 1948, após a aprovação pela ONU do plano de partilha da Palestina entre árabes e judeus. Pág. 73
Começa a Guerra da Coreia, o primeiro grande conflito da Guerra Fria. Pág. 74
Golpes de Estado instalam regimes militares no Chile e no Uruguai. O movimento atinge vários outros países do continente. São as ditaduras latinoamericanas.
1970
1980
1990
2000
1966
Em meio a lutas internas no Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung impulsiona a Grande Revolução Cultural. Jovens militantes são estimulados a formar a Guarda Vermelha, que persegue os adversários. Pág. 76
2001 Em 11 de setembro, as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, são derrubadas, no maior ataque terrorista da história.
[15]
1979 [14]
Descontente com o governo pró-Ocidente do xá Reza Pahlevi, a maioria xiita do Irã inicia a Revolução Islâmica.
[1] [4] MUSEU DO LOUVRE/FRANÇA [2] [3] [9] [14] REPRODUÇÃO [5] MUSEU BOLÍVAR/VENEZUELA [6] [8] [14] BIBLIOTECA DO CONGRESSO/EUA [7] BIBLIOTECA UNIVERSIDADE NORTHWESTERN/EUA [10] DEPARTAMENTO DE DEFESA/EUA [11] [15] DIVULGAÇÃO [12] MUSEU CENTRAL ESTATAL DA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DA RÚSSIA [13] JORGE ROSEMBERG
GE HISTÓRIA 2018
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COMO CAI NA PROVA
1. (UNIFOR 2015) A Primeira Revolução Industrial desenvolveu-
-se na Inglaterra, a partir da metade do século XVIII. Este acontecimento histórico provocou profundas transformações tecnológicas, organizacionais e sociais. O surgimento da Indústria Moderna estruturou uma nova sociedade e expandiu-se, depois, por vários países do mundo. Assinale a alternativa correta sobre este assunto: a) A Primeira Revolução Industrial aumentou a produtividade do trabalho e, com isto, promoveu uma melhor distribuição de renda desde o início. b) A Primeira Revolução Industrial foi caracterizada pela formação de cartéis, trustes e “holdings”. c) A nova classe de trabalhadores adaptou-se rapidamente às máquinas, pois estas diminuíam o esforço físico. d) A fonte básica de energia usada na Revolução foi o querosene. e) A máquina a vapor, o tear mecânico e a energia gerada pelo carvão são acontecimentos básicos da Revolução.
RESOLUÇÃO
As tecnologias desenvolvidas são consideradas marcos que determinam as fases da Revolução Industrial. Em sua primeira etapa, entre meados dos séculos XVIII e XIX, as principais tecnologias foram o carvão e o ferro. O carvão utilizado como força motriz das máquinas e como combustível para as locomotivas e barcos a vapor, e o ferro como matéria-prima para a construção das próprias máquinas. A invenção do tear mecânico é considerada o marco inicial desse processo. Apesar de aumentar a produtividade e o lucro dos proprietários das manufaturas, a situação dos trabalhadores não melhorou com o advento da Revolução Industrial. Pelo contrário: os operários eram submetidos a duras condições, com longas e desgastantes jornadas de trabalho em troca de salários baixíssimos. Resposta: E
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3. (FGV ECONOMIA 2015) Em nome do direito de viver da humanidade,
a colonização, agente da civilização, deverá tomar a seu encargo a valorização e a circulação das riquezas que possuidores fracos detenham sem benefício para eles próprios e para os demais. Age-se, assim, para o bem de todos. (...) [A Europa] está no comando e no comando deve permanecer.
A D I B I O
Albert Sarrault, Grandeza y servidumbres coloniales Apud Hector Bruit, O Imperialismo, 1987, p. 11
A partir do fragmento, é correto afirmar que a) a partilha afro-asiática da segunda metade do século XIX, liderada pela Inglaterra e França, fruto da expansão das relações capitalistas de produção, garantiu o controle de matérias-primas estratégicas para a indústria e a colonização como missão civilizadora da raça branca superior. b) o velho imperialismo do século XVI foi produto da revolução comercial pela procura de novos produtos e mercados para Portugal e Espanha que, por meio do exclusivo metropolitano e do direito de colonização sobre os povos inferiores, validando os superlucros da exploração colonial. c) o novo imperialismo da primeira metade do século XIX, na África e Oceania, consequência do capitalismo comercial, impôs o monopólio da produção colonial, em especial, para a Grã-Bretanha que, de forma pacífica, defendeu o direito de colonização sobre os povos inferiores. d) o colonialismo do século XVI, na África e Ásia, tornou essas regiões fontes de matérias-primas e mercados para a Europa, em especial Alemanha e França, que, por meio da guerra, submeteram os povos inferiores e promoveram a industrialização africana. e) a exploração da África e da Ásia na segunda metade do século XVII, pelas grandes potências industriais, foi um instrumento eficaz para a missão colonizadora daquelas áreas atrasadas e ampliou o domínio europeu em nome do progresso na medida em que implantou o monopólio comercial.
R P
2. (PUC-RJ 2015) A Revolução Francesa foi vivenciada, por mui-
tos dos atores envolvidos, como uma ruptura com o Antigo Regime. O próprio conceito de Antigo Regime era utilizado pelos revolucionários para nomear a organização social e política anterior a 1789. As alternativas abaixo apresentam transformações que representavam uma ruptura com essa organização. Assinale a alternativa INCORRETA: a) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamando a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. b) A sanção da Constituição Civil do Clero, transformando os sacerdotes católicos paroquiais em funcionários públicos. c) A eliminação do feudalismo, suprimindo os privilégios dos senhores feudais. d) A abolição dos dízimos e da propriedade privada como direito inviolável e sagrado. e) A supressão da Monarquia absoluta e a defesa do princípio da soberania do povo.
RESOLUÇÃO
A alternativa D está incorreta, pois os revolucionários franceses utilizaram como base teórica para seu movimento as ideias iluministas, baseadas nos princípios do liberalismo desenvolvido
84 GE HISTÓRIA 2018
por John Locke na Inglaterra do século XVII, que pregavam a inviolabilidade da propriedade privada, considerada por estes como direito natural e sagrado. A referência à abolição dos dízimos presente na alternativa está correta, uma vez que foi durante o processo revolucionário que se efetivou a separação entre o Estado e a Igreja, tendo sido abolidos os privilégios do clero. Resposta: D
RESOLUÇÃO
As novas tecnologias surgidas com a Segunda Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XIX, como a eletricidade, o aço e o petróleo, promoveram um significativo aumento da produção dos países industrializados, como França e Inglaterra. A necessidade de novas matérias-primas, da ampliação de mercados consumidores, do escoamento da população excedente nas áreas europeias e de locais para investimentos de capitais das grandes empresas acabaram levando as potências europeias a ocuparem a África e a Ásia, impondo seu imperialismo. O Imperialismo foi justificado tomando por base as ideias de Darwin e Spencer (Darwinismo Social), colocando o invasor como civilizador, humanista e filantropo, que levava a civilização para regiões onde ela não poderia se desenvolver de forma espontânea. Resposta: A
RESUMO
4. (ESAMC 2015 – ADAPTADO) Leia o fragmento abaixo para responder a questão:
Idade contemporânea
Jamais a face do globo e a vida humana foram tão dramaticamente transformadas quanto na era que começou sob as nuvens em cogumelo de Hiroshima e Nagasaki. Mas como sempre a história tomou apenas consciência marginal das intenções humanas, mesmo as dos formuladores de decisões nacionais. A verdadeira transformação social não foi pretendida nem planejada. E, de qualquer modo, a primeira contingência que se teve que enfrentar foi o imediato colapso da grande aliança antifascista. Assim que não mais houve um fascismo para uni-los contra si, capitalismo e comunismo mais uma vez se prepararam para enfrentar um ao outro como inimigos mortais.
REVOLUÇÃO FRANCESA Inspirada pelas ideias iluministas, a burguesia francesa foi responsável pelo primeiro grande movimento europeu de derrubada do Antigo Regime. Com o apoio popular e sob o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, eliminou os últimos resquícios feudais do continente, pondo fim aos privilégios do clero e da nobreza, abrindo caminho para o capitalismo industrial no país.
Fonte: HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. SP: Companhia das Letras, 1995, p. 177.
A leitura das informações e do contexto por elas retratado nos permite inferir que: a) apesar das disputas ideológicas do pós-Segunda Guerra, as perdas humanas provocadas pelas bombas atômicas levaram as potências a não se enfrentarem em uma nova guerra, evitando, assim, uma destruição ainda maior. b) a bipolarização ideológica da Guerra Fria teve como principais causas o fim do fascismo e a tentativa dos Estados Unidos de impedir uma nova catástrofe nuclear, uma vez que a URSS detinha a tecnologia atômica. c) apesar da destruição humana provocada pelas bombas atômicas, para as potências fortalecidas após a guerra, o mais importante era demonstrar sua força e garantir sua supremacia no mundo bipolar da Guerra Fria. d) sem a aliança antifascista, capitalismo e socialismo voltaram a se enfrentar após a Segunda Guerra, o que levou à redução dos arsenais atômicos como forma de evitar uma nova tragédia nuclear. e) a utilização das bombas atômicas pelos Estados Unidos pode ser entendida como um recado para a URSS, o que levou os soviéticos a não desenvolverem armar nucleares e nem se envolverem em guerras contra os EUA.
N E V
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RESOLUÇÃO
A D I B I O
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial alterou profundamente as antigas relações de produção agrárias e consolidou o capitalismo, caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção e pelo trabalho assalariado. Inicialmente restrita ao território inglês, a Revolução se espalhou pelo mundo ao longo dos séculos XVIII e XIX. Divide-se, tradicionalmente, em três etapas: a I, a II e III Revolução Industrial. IMPERIALISMO E I GUERRA MUNDIAL Um dos principais efeitos da Revolução Industrial foi o aumento da produção em escala global e a necessidade de expandir os mercados consumidores. As disputas por esses mercados entre as potências levaram à partilha da África e da Ásia, responsável pelos conflitos que deflagraram a I Guerra Mundial. Ao final do conflito, a Alemanha foi derrotada, sendo obrigada a ceder territórios e pagar indenizações. Houve também os desmembramentos dos Impérios Austro-Húngaro e Turco-Otomano.
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De acordo com o excerto e com o contexto histórico do imediato pós-Segunda Guerra Mundial, o fim do nazifascismo eliminou a tênue aliança existente entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), acirrando tensões que ficaram suspensas durante o conflito. Caracterizado pela Guerra Fria, conflito ideológico, político, econômico e militar entre as duas potências, o pós-Guerra inaugurou uma fase na qual os inimigos se armaram e procuraram demonstrar ao outro lado que, caso a guerra eclodisse novamente, seu potencial seria mais devastador. Após a apresentação ao mundo da bomba atômica da URSS (1949), acirrou-se a corrida nuclear, em um movimento que levou as duas superpotências a expandir seu arsenal atômico. Durante o período, houve enfrentamentos em que os países envolvidos acabavam se alinhando com EUA ou URSS. Foi o caso da Guerra da Coreia, na qual o sul teve o apoio norte-americano e o norte contou com a ajuda soviética. Mas, apesar das tensões surgidas ao longo do período, uma guerra direta entre as superpotências seria praticamente impossível, uma vez que, para vencer o inimigo, não haveria outra possibilidade a não ser a destruição mútua. Resposta: C
NAZIFASCISMO E II GUERRA MUNDIAL Após a I Guerra Mundial, países como Itália e Alemanha viviam em situação desesperadora. Com um discurso nacionalista e de natureza autoritária, o nazifascismo ganhou força. O expansionismo característico desses regimes totalitários levou a um novo desequilíbrio, responsável pela eclosão da II Guerra Mundial. Ao final do conflito, Alemanha e Itália estavam arrasadas. No Oceano Pacífico, os combates foram encerrados com o lançamento de duas bombas atômicas pelos norte-americanos no Japão, matando milhares de pessoas e encerrando definitivamente o conflito. GUERRA FRIA Após o fim da II Guerra, o mundo se dividiu no bloco capitalista, liderado pelos EUA, e no socialista, encabeçado pela União Soviética. Apesar de não haver embate direto entre as duas potências atômicas, conflitos como as Guerras da Coreia e do Vietnã e episódios como a Revolução Cubana tiveram participação ativa de EUA e União Soviética e foram influenciados pela polarização ideológica da Guerra Fria.
FIM DA URSS A partir da segunda metade da década de 1980, uma série de reformas políticas levou ao colapso do regime soviético. Paralelamente, a pressão dos movimentos pródemocracia e nacionalistas fez ruir o bloco socialista. Esse processo marcou o fim da Guerra Fria e a consolidação dos EUA como a grande potência hegemônica e do capitalismo como sistema econômico dominante.
GE HISTÓRIA 2018
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5
BR ASIL C OLÔNIA CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
Política, economia e sociedade ...................................................................88 Interiorização ...................................................................................................91 Escravidão ..........................................................................................................92 Independência ..................................................................................................94 Linha do tempo ................................................................................................96 Como cai na prova + Resumo .......................................................................98
A escalada da exploração
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Falta de regulamentação no Brasil freia punições contra empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão
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m junho de 2014, o Congresso promulgou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do trabalho escravo, que foi saudada como uma grande conquista no campo dos direitos humanos. Com a nova determinação, as terras e os imóveis onde forem flagrados trabalhadores em condições análogas à escravidão serão expropriados e destinados à reforma agrária e a programas de habitação popular. Os empregadores não terão direito a indenização e estarão sujeitos às punições previstas no Código Penal – prisão de dois a oito anos e multa. No entanto, mais de dois anos após a sua promulgação, a PEC ainda não entrou em vigor. Sua aplicação depende da regulamentação que determina o que pode ser considerado trabalho escravo. As propostas estão em tramitação no Congresso e deflagraram uma nova queda de braço entre os defensores dos direitos humanos e grupos que querem alterar a definição de trabalho escravo. Atualmente, de acordo com o Código Penal, algumas situações que caracterizam o trabalho análogo à escravidão são as condições degradantes de trabalho (que colocam em risco a vida e a saúde do empregado), a jornada exaustiva, o trabalho forçado e a servidão por dívida. No entanto, o lobby da bancada ruralista, que envolve alguns dos principais acusados de explorar o trabalhador,
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quer flexibilizar o conceito de trabalho escravo, retirando da regulamentação o trabalho degradante e a jornada exaustiva. Para muitos proprietários rurais, o fato de descumprir a legislação trabalhista não pode ser tratado como trabalho escravo. Até a ONU chegou a se pronunciar a respeito do impasse sobre a legislação que regulamenta o trabalho escravo no Brasil, recomendando a manutenção do que já determina o Código Penal. O tema é bastante sensível no Brasil, onde, só em 2015, foram flagrados mais de mil trabalhadores em condições análogas à escravidão, principalmente nos setores de extração de minérios, confecção, construção civil, agricultura e pecuária. Além disso, o uso do trabalho compulsório, que foi um dos pilares da base da economia do país durante o período colonial, deixou profundas mazelas em nossa sociedade e uma grande dívida em relação aos povos explorados – índios e negros africanos, so- SERVIDÃO MODERNA bretudo. Neste capí- Imigrante boliviano dá tulo, você saberá mais expediente em confecção sobre o trabalho escra- em São Paulo: jornadas vo e outras caracterís- exaustivas de trabalho ticas que marcaram a e falta de salários fazem sociedade e a econo- parte da rotina de muitos mia do Brasil Colônia. trabalhadores no Brasil
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ANTÔNIO GAUDÉRIO/FOLHAPRESS
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BRASIL COLÔNIA POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE A PRIMEIRA DIVISÃO POLÍTICA
Colonização lucrativa
Veja como as capitanias hereditárias foram divididas e confira o nome dos donatários de cada faixa de terra
Extenso e distante, o Brasil era um desafio administrativo para os portugueses. Mas a metrópole impôs uma rentável política econômica que transferiu as riquezas da colônia para seus cofres
Capitanias que prosperaram
Pará (João de Barros e Aires da Cunha) Maranhão (Fernão Álvares de Andrade) Ceará (Antônio Cardoso de Barros)
dos ataques dos índios e da falta de investimentos. A maior parte faliu ou nem sequer foi ocupada pelos donatários. Das 15, apenas Pe r n a m b u c o , e f e t i v a m e n t e, prosperou, favorecida pela produção açucareira. Outras, como São Vicente, acabaram desenvolvendo uma economia de subsistência.
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Capitanias hereditárias
Com o objetivo de tomar posse, explorar e defender o território brasileiro, Portugal deu início à montagem da estrutura administrativa colonial. Sem recursos financeiros nem humanos para empreender uma ocupação em grande escala na colônia, o rei dom João III decidiu, em 1534, dividir o território brasileiro em 15 faixas de terra – as capitanias hereditárias (veja o mapa ao lado). O direito de administrá-las, vitalício e hereditário, era dado aos donatários, nobres ou burgueses que se comprometiam a arcar com os gastos, repassando grande parte dos rendimentos à Coroa. A regulamentação do sistema era feita por meio dos documentos Carta de Doação e Foral. O donatário aplicava a Justiça e podia doar sesmarias (fazendas) e cobrar impostos relativos à agricultura e à exploração dos rios. A Coroa tributava a exploração de pau-brasil, especiarias e metais preciosos. O sistema não apresentou os resultados esperados por causa do isolamento,
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Rio Grande do Norte (João de Barros e Aires da Cunha) LINHA DE TORDESILHAS
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chegada de Pedro Álvares Cabral e sua esquadra ao litoral da Bahia, em 22 de abril de 1500, colocou Portugal definitivamente no rol das grandes potências marítimas. Já tendo desbravado novas rotas comerciais para o Oriente, que romperam o monopólio dos mercadores de Gênova e Veneza, a descoberta do Brasil abriu caminho para a exploração colonial, um lucrativo negócio que abasteceu os cofres portugueses por mais de três séculos. Para muitos historiadores, na verdade, a chegada dos portugueses ao litoral da Bahia foi mais uma tomada de posse do que propriamente o descobrimento do Brasil. Isso porque a existência do território já era sabida – em 1494, Portugal e Espanha já haviam dividido as terras do novo continente com o Tratado de Tordesilhas (veja mais na pág. 46).
Itamaracá (Pero Lopes de Sousa)
A D I B I O Pernambuco (Duarte Coelho)
Bahia de Todos os Santos (Francisco Pereira Coutinho)
Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia)
Porto Seguro (Pero do Campo Tourinho)
Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho)
São Tomé (Pero de Góis) São Vicente (Martim Afonso de Sousa) – 2˚ lote Santo Amaro (Pero Lopes de Sousa) São Vicente (Martim Afonso de Sousa) – 1˚ lote Sant’Ana (Pero Lopes de Sousa)
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Governo-Geral
Fonte: Alfredo Boulos Júnior, História: Sociedade & Cidadania – 7a série, 1a ed., FTD, pág. 42
Em 1548, com o fracasso das capitanias e o aumento das investidas estrangeiras na colônia, Portugal resolveu impor-se para assumir o controle efetivo da administração criando o Governo-Geral, com capital em Salvador. O governador-geral coordenava a defesa, cobrava impostos e incentivava a economia. Embora o Governo-Geral tenha sido implantado após as capitanias, ele não as substituiu. A ideia era impor uma centralização política, o que funcionou na esfera militar, mas não se refletiu no dia a dia, em razão da falta de infraestrutura de transporte e comunicação. Boa parte do poder, de fato, era exercida pela Câmara Municipal de cada vila. Entre os principais governadores-gerais estão Tomé de Souza e Mem de Sá. Após a morte desse último, em 1572, Portugal dividiu o território nos governos do Norte e do Sul. Em 1621, fez nova divisão: foram criados o Estado do Brasil, com capital em Salvador, e o Estado do Maranhão, com capital em São Luís, que, em 1751, passou a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com sede em Belém.
Pau-brasil
Essa estrutura administrativa foi voltada para o pacto colonial, segundo o qual os brasileiros só podiam comercializar com os portugueses, de modo que esses compravam barato, vendiam caro e ainda tinham exclusividade na exportação das mercadorias do Brasil a outras nações. A grande maioria dos lucros ia para a Coroa portuguesa, que cobrava altos impostos sobre a exploração dos produtos coloniais. A primeira riqueza brasileira percebida por Portugal foi o pau-brasil, madeira então abundante em nosso litoral, usada como matéria-prima para a fabricação de tinturas. A extração era feita pelos índios, que trocavam a mercadoria – numa prática conhecida como escambo – por quinquilharias, como espelhos e colares, fornecidos pelos comerciantes portugueses. Em alguns pontos da costa foram instaladas feitorias para o armazenamento do produto. A atividade era simples e lucrativa, mas trazia um problema: os mercadores lusitanos vinham ao Brasil, carregavam seus navios e voltavam à Europa, sem se fixar na colônia, o que facilitava os ataques
OCUPAÇÃO Pintura de Benedito Calixto mostra ao centro Martim Afonso de Sousa, donatário da capitania de São Vicente, no início do período colonial
estrangeiros. Para garantir a proteção de seus domínios, Portugal precisava povoá-los urgentemente. Havia uma maneira bastante rentável de fazer isso: introduzir uma atividade produtiva na região.
Açúcar
Sociedade do Açúcar
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Escolhida a estratégia, definiu-se o produto: o açúcar. A matéria-prima, a cana-de-açúcar, adaptava-se ao clima e ao solo. Portugal já possuía experiência na produção de cana nos Açores e na ilha da Madeira, e, para completar, o açúcar tinha grande aceitação na Europa. Entretanto, faltavam aos portugueses capital inicial e uma eficiente infraestrutura de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar produzido por Portugal nas ilhas do Atlântico. O sistema instalado foi o de plantation, cujas características eram:
N E V
Grandes propriedades (latifúndios) monocultoras (dedicadas a apenas um produto) – os engenhos. Mão de obra escrava (primeiramente indígena; depois negra). Produção para o mercado externo. Os latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma produção vasta a baixo custo. O destino era a exportação, uma vez que Portugal não tinha interesse em desenvolver a economia interna. Os poucos lucros que ficavam no Brasil iam para os senhores de engenho, provocando grande concentração de renda. [1] BENEDITO CALIXTO/PALÁCIO DE SÃO JOAQUIM, RJ
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[1]
Além de escravista, a sociedade do Nordeste açucareiro era agrária (os principais aspectos econômicos e socais aconteciam em torno dos latifúndios) e estratificada (apresentava pouca ou nenhuma mobilidade entre as classes). O grupo mais privilegiado era o dos senhores de engenho, a elite econômica, social e política. Eles eram os donos das terras, das máquinas e da mão de obra – tudo o que representava riqueza e prestígio. O símbolo máximo do poder era a casa-grande, a sede do engenho, onde o senhor vivia com a família e os criados. Por ser pai e autoridade máxima no latifúndio, diz-se que ele comandava uma sociedade patriarcal.
No outro extremo da hierarquia social estavam os escravos, que eram propriedade do senhor e exerciam todas as atividades de produção. Os escravos viviam nas senzalas, alojamentos cuja simplicidade se contrapunha à opulência da casa-grande (veja mais sobre a escravidão na pág. 92). Havia, ainda, outras duas classes intermediárias. Alguns engenhos tinham trabalhadores assalariados que ocupavam cargos como o de feitor-mor, responsável pela administração do engenho; feitor, que vigiava os escravos; alfaiate; pedreiro; etc. Existiam também os comerciantes, que negociavam escravos, animais, trigo e outros produtos. Alguns conseguiam romper a típica imobilidade da sociedade açucareira, acumulando fortunas e convertendo-se em senhores de engenho.
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Mineração
A produção de açúcar foi a principal atividade econômica do Brasil colonial durante os séculos XVI e XVII, sendo ultrapassada no século XVIII pela mineração. Em 1693, abundantes jazidas de ouro foram descobertas na região hoje ocupada por Minas Gerais. A notícia se espalhou e milhares de pessoas, das mais variadas origens, rumaram para lá em busca de riquezas. A Coroa portuguesa, a fim de impor uma administração mais rígida e garantir sua parte nos lucros, publicou, em 1702, o Regimento Aurífero, que regulava a extração mineral. O documento criava as intendências das minas – go-
SAIBA MAIS OS PRIMEIROS BRASILEIROS
Ainda não se sabe exatamente quando e como os primeiros humanos chegaram ao território hoje pertencente ao Brasil – e nem mesmo ao continente americano. A hipótese mais tradicional sobre a ocupação da América diz que os primeiros homens chegaram aqui há 12 mil anos, vindos da Ásia, ao atravessar o Estreito de Bering. Ela é baseada no fato de que 11 mil anos atrás o homem ocupava o sítio de Clóvis, no sul dos EUA. Mas essa teoria é posta em dúvida por achados arqueológicos no Brasil que indicam a presença humana mais antiga. Segundo teoria da arqueóloga Niède Guidon, com base em vestígios de fogueiras e ferramentas encontrados em São Raimundo Nonato (PI), o Nordeste brasileiro é ocupado por grupos humanos há até 100 mil anos. Para ela, os homens chegaram ao continente por mar, talvez pelo Atlântico. O sítio da Pedra Pintada, no Pará, guarda indícios de que a Floresta Amazônica tenha sido ocupada há 11,3 mil anos. Mais ao sul, um fóssil de mulher, chamado de Luzia, revela presença humana entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás, em Lagoa Santa (MG). Posteriormente, a partir de 1000 a.C. os tupis vieram da América Central e se espalharam pelo território. GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL COLÔNIA POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE ECONOMIA DO BRASIL COLÔNIA Veja onde e quando se desenvolveram as atividades econômicas introduzidas em nosso país durante os três séculos do período colonial
Século XVII
Século XVI
Século XVIII
Boa Vista
Meridiano de Tordesilhas
TERRAS PERTENCENTES A PORTUGAL
Meridiano de Tordesilhas
Belém TERRAS PERTENCENTES À ESPANHA
Olinda
Salvador São Jorge dos Ilhéus Porto Seguro
Recife
Santarém Borba
Cuiabá
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, págs. 31, 33, 36
vernos quase autônomos que prestavam satisfação a Portugal. Em 1720, a região mineradora, então parte da capitania de São Vicente, foi transformada na nova capitania de Minas Gerais. As áreas de ocorrência de metais preciosos foram divididas em lavras (grandes propriedades escravistas) e faiscações (extração individual ou familiar, sem presença de escravos). Quem se dedicava à extração devia pagar 20% do ouro encontrado à Coroa – o quinto. Em 1720, em razão da sonegação, foram criadas as Casas de Fundição, nas quais o ouro em pó era transformado em barras e tinha o quinto extraído. Só era permitida a exportação do ouro fundido. Dez anos depois, a Coroa criou um novo tributo: a capitação, que incidia sobre o número de escravos usados.
sociedade mineradora é o embrião da atual classe média brasileira. A mineração favoreceu o surgimento de núcleos urbanos e o aumento da população. Também levou a uma integração do mercado interno, pois o Sudeste passou a comprar gado do Sul e escravos do Nordeste.
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N E V
Sociedade do Ouro
Formada por pessoas atraídas pela possibilidade de enriquecer garimpando ouro, a sociedade mineradora era bem diferente da açucareira. Não havia o latifúndio – a população era organizada em núcleos urbanos. Além disso, a mobilidade social era muito maior e o trabalho livre, muito mais significativo. Surgiu, pela primeira vez no Brasil, uma classe média, constituída por artesãos, barbeiros, médicos, advogados, tropeiros e soldados, entre outros. No espectro social, eles ficavam acima dos escravos e abaixo dos grandes comerciantes e donos de minas. Esse estrato intermediário da
90 GE HISTÓRIA 2018
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SAIBA MAIS
HOLANDESES NO BRASIL
Durante a União Ibérica (1580-1640), quando Portugal esteve submetido ao domínio espanhol, a Espanha passou a controlar o Brasil e proibiu a Holanda de comercializar o açúcar brasileiro – ainda que os holandeses tivessem um acordo anterior com os portugueses. Para garantir seus investimentos no Brasil, a Holanda tomou posse das regiões nordestinas produtoras do açúcar. O auge da presença holandesa ocorreu durante o governo de Maurício de Nassau (1637-1644). Sua administração selou uma importante aliança com os senhores de engenho ao melhorar as condições de produção e reduzir os impostos. Com o fim da União Ibérica em 1640, Portugal decidiu recuperar o controle do Nordeste. Paralelamente, os senhores de engenho se rebelaram contra os holandeses devido ao aumento de impostos, o que deu início à Insurreição Pernambucana, em 1645. A rebelião conseguiu expulsar os holandeses em 1654.
Salvador
Vila Rica (Ouro Preto) Cana-de-açúcar Pecuária Rio de Janeiro Curitiba São Paulo Mineração Drogas do sertão Porto Alegre Algodão Vias de transporte interno
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Cana-de-açúcar Pecuária Mineração Drogas do sertão
Área de ocorrência de pau-brasil Cana-de-açúcar Pecuária
Fortaleza Recife
Salvador
Porto Seguro Vitória Taubaté Rio de Janeiro São Vicente Cananeia
Nossa Senhora da Vitória São Sebastião do Rio de Janeiro Santos São Vicente Cananeia
Belém São Luís
Administração Pombalina
Na segunda metade do século XVIII, a mineração começou a entrar em decadência. Este fator, somado à dependência econômica em relação à Inglaterra, gerou uma forte crise econômica em Portugal. Para tentar reverter a situação, o rei dom José I escolheu como primeiro-ministro o Marquês de Pombal, em 1750. Suas medidas visavam a melhorar a economia de Portugal, reduzir a dependência dos ingleses e eliminar o poder dos jesuítas (veja pág. 91). Para isso, ele reorganizou a administração do Brasil e intensificou a exploração. Veja suas principais medidas: criação de Companhias de Comércio; instituição da derrama (cobrança de impostos atrasados sobre a região mineradora); estímulo à produção do algodão no Maranhão; expulsão dos jesuítas e instituição do ensino laico (desvinculado dos religiosos); emancipação dos índios; transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (para aumentar a eficiência no controle sobre a entrada e a saída de produtos e riquezas); fim das capitanias hereditárias. Pombal permaneceu como primeiro-ministro até 1777. Apesar das medidas de modernização econômica e política, elas foram fundamentais para o início dos movimentos de contestação ao colonialismo português no Brasil.
BRASIL COLÔNIA INTERIORIZAÇÃO DESBRAVANDO O TERRITÓRIO Veja as rotas, os líderes e os objetivos das principais entradas e bandeiras realizadas entre os séculos XVII e XVIII
Gurupá
As ações dos bandeirantes e dos jesuítas foram responsáveis diretas pelo processo que desconcentrou a população da colônia da faixa litorânea.
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ntre os séculos XVII e XVIII, exploradores paulistas penetraram nos sertões brasileiros e estenderam como nunca os limites da colônia. Essas expedições de desbravamento do interior do Brasil ficaram conhecidas como entradas e bandeiras. De maneira geral, dizemos que as entradas eram as campanhas oficiais financiadas pelo governo e as bandeiras resultavam da iniciativa de particulares, partindo, principalmente, da capitania de São Vicente. Apesar de não terem inicialmente como meta a conquista de novos territórios, elas acabaram se transformando no maior ciclo de crescimento dos domínios portugueses na América.
N E V
Nas últimas décadas da União Ibérica (1580-1640), época em que Portugal estava submetido ao domínio espanhol, os holandeses tomaram dos portugueses os principais pontos de tráfico de escravos na costa africana, levando à falta de mão de obra no Brasil. A solução encontrada foi a substituição dos negros pelos indígenas. Em São Vicente, desde o início da colonização, eram organizadas expedições rumo ao interior para o aprisionamento de índios, utilizados como escravos. Além da experiência na atividade, outro fator que contribuiu para fazer da capitania o principal núcleo de irradiação das bandeiras foi o desapego da população à terra, já que a capitania se empobreceu por ter fracassado na produção do açúcar.
1 1
Recife
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Vila Bela
Cuiabá
4
Salvador
Vila Boa
3
4
4
2
São Paulo
5 Como não havia mais muitos índios 1 Domingos Jorge Velho Captura de índios nas áreas próxi2 Fernão Dias e Borba Gato Mineração mas ao litoral, as Sertanismo de contrato 3 Bartolomeu Bueno expedições tiveRegião de Palmares 4 Raposo Tavares ram de adentrar Missões mais profunda5 Raposo Tavares e Fernão Dias mente o território. Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 35 As incursões eram comandadas por portugueses e descendentes de lusitanos, Jesuítas como Antônio Raposo Tavares e Fernão Os primeiros jesuítas chegaram ao BraDias Pais Leme. Por conhecerem bem sil em 1549. Sua ação visava, fundamentalos sertões, muitos bandeirantes foram mente, converter os índios ao catolicismo contratados por fazendeiros e adminis- e educar os colonos. Para catequizar os tradores coloniais para combater índios nativos, os membros da Companhia de e negros que resistiam à escravidão. Era Jesus criaram povoados indígenas, coo sertanismo de contrato. As mais co- nhecidos como missões, em torno dos nhecidas expedições foram feitas pelo quais foram fundadas vilas e cidades. Devido ao interesse dos colonos em espaulista Domingos Jorge Velho. cravizar os indígenas, os jesuítas levaram Em busca do ouro as missões para o interior do país, o que Em 1648, Portugal retomou o controle ajudou a desbravar o território. Além da sobre o tráfico negreiro no Atlântico. catequização, as missões desenvolveram Paralelamente, a produção de açúcar várias atividades econômicas com a mão no Brasil começava a entrar em deca- de obra indígena. No Vale Amazônico, dência. Os dois fatores contribuíram a extração das drogas do sertão (cacau, para o aparecimento de outro tipo de cravo, guaraná, entre outras) permitiu a expedição, as bandeiras de prospec- ocupação portuguesa sobre o noroeste da colônia. No extremo sul, a pecuária e a ção, que buscavam metais preciosos. As primeiras bandeiras rumaram à mineração foram as principais atividades. região do atual estado de Minas Gerais, As missões duraram até 1759, quando permitindo o surgimento da atividade o Marquês de Pombal expulsou os jesuímineradora no século XVIII. Em seguida, tas, alegando que a Companhia de Jesus direcionaram-se a Mato Grosso e a Goiás. ocupava funções mais políticas do que Os principais líderes dessas bandeiras religiosas, ameaçando o poder da Coroa. foram os paulistas Bartolomeu Bueno da O governo português também se ressentia Silva e Manuel de Borba Gato. da proteção dos jesuítas aos índios.
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Índios e negros
Fortaleza
Meridiano de Tordesilhas
Nas entranhas do Brasil
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GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL COLÔNIA ESCRAVIDÃO
APONTE O CELULAR PARA A IMAGEM E VEJA UMA VIDEOAULA SOBRE A ESCRAVIDÃO NO BRASIL (MAIS INFORMAÇÕES NA PÁG. 6)
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MOENDA DE CANA Considerados seres inferiores, os negros africanos eram tratados como mercadoria, sendo submetidos a trabalhos forçados
Crueldade histórica
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Por quase quatro séculos, milhões de indígenas e negros foram sequestrados, vendidos, castigados e obrigados a trabalhar de graça para fazer girar a economia brasileira
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o Brasil, o uso do escravo como mão de obra teve início com a atividade açucareira nos engenhos de cana, atravessou o período colonial e só foi oficialmente extinto em 1888, já no fim do império. Durante praticamente todo esse período, o trabalho compulsório (forçado) constituiu a base da economia do país: eram os escravos que realizavam a coleta, a pesca, o serviço doméstico e a agricultura. Inicialmente foram escravizados apenas os indígenas; depois, os africanos, que logo se tornaram majoritários. Trazidos pelo tráfico negreiro – que dava enorme lucro à metrópole –, os negros, assim como os índios, eram mantidos subjugados mediante uma política desumana de repressão e controle.
N E V Índios
A mão de obra indígena foi a primeira a ser utilizada no Brasil colônia, para a extração do pau-brasil, nas primeiras décadas do século XVI. Os nativos eram livres, sendo explorados pelo sistema do escambo (troca). A escravidão só viria com a introdução da cana-de-açúcar, por volta de 1550.
92 GE HISTÓRIA 2018
No entanto, nos anos seguintes, Portugal optou pela substituição dos nativos pelos africanos. A razão era fundamentalmente econômica: o aprisionamento indígena era uma atividade interna do Brasil, não resultando em renda para os portugueses; já a captura e o comércio intercontinental de africanos garantiam importantes ganhos aos mercadores lusitanos. Outros fatores justificavam a troca: os índios, ao contrário dos negros africanos, não estavam culturalmente acostumados à atividade agrícola em larga escala. Por isso, eles não se adaptavam bem à produção nos canaviais. Além disso, os nativos tinham um bom conhecimento do território brasileiro, o que facilitava sua fuga.
Negros
Estima-se que, entre 1550 e 1850, tenham chegado ao Brasil 4 milhões de negros trazidos do continente africano, especialmente da Guiné, Costa do Marfim, Congo, Angola, Moçambique e Benin. Para aprisioná-los, inicialmente os portugueses promoviam invasões às
aldeias. Mais tarde passaram a incentivar a luta entre tribos rivais para depois negociar com os vencedores a troca dos derrotados por panos, alimentos, cavalos e munições. Os negros eram trazidos para a América nos porões superlotados dos navios negreiros, conhecidos como tumbeiros. A sujeira, os maus-tratos e a má alimentação matavam até metade dos escravos transportados. No Brasil, os africanos eram vendidos em praça pública como mercadoria. Quando comprados, tornavam-se propriedade do senhor e ficavam sujeitos a punições. Os castigos mais comuns eram a palmatória, o chicote e o açoite.
Resistência
Algumas práticas adotadas pelos negros na luta contra a escravidão eram a fuga, a queima de plantações, os atentados a feitores e a senhores e até mesmo a morte de recém-nascidos e o suicídio. Mas a mais expressiva forma de resistência foi a organização dos quilombos, comunidades autossuficientes formadas por escravos fugidos. O mais importante foi o de Palmares, criado no fim do século XVI, em uma área onde fica a divisa de Alagoas com Pernambuco. Em seu auge, chegou a ser formado por nove aldeias, denominadas mocambos, contando com uma população de 20 mil habitantes. Tinha uma economia bem organizada, realizando comércio com o entorno. Abrigava, além de negros fugidos, índios e brancos marginalizados.
ENTRADA DE AFRICANOS NO BRASIL* De 1551 a 1860, chegaram 4 milhões de escravos ao país O aumento do ingresso de escravos na primeira metade do século XIX – 1,713 milhão de 1801 a 1850 – relaciona-se à expansão da cultura cafeeira Desembarque dos primeiros escravos no Brasil
Os escravos são utilizados nas lavouras de cana-de-açúcar
10 1551–1575
1576–1600
175
1651–1675
1676–1700
292,7
312,4
1626–1650
1701–1720
1721–1740
1741–1760
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1761–1780
*Em milhares de pessoas
N E V Abolição
ponto do Atlântico. A pressão inglesa era cada vez maior, e, em 1850, foi promulgada a Lei Eusébio de Queiroz, que novamente proibia a entrada de escravos no país. Dessa vez, o governo brasileiro empenhou-se em cumprila. Com o fim do tráfico, a escravidão entrou em declínio. Para suprirem a demanda por mão de obra, os fazendeiros e o governo imperial começaram a incentivar a vinda de imigrantes europeus. O trabalho assalariado tornou-se cada vez mais comum, em oposição à escravatura, que passou a ser vista como algo anacrônico. Além disso, percebeu-se que o trabalho compulsório era um empecilho ao desenvolvimento do capitalismo, pois
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A partir de 1830, já no período imperial, a expansão da cultura cafeeira aumentou a necessidade de mão de obra. Ao mesmo tempo cresciam as pressões contra o tráfico negreiro, principalmente da Inglaterra, preocupada com a concorrência, já que nas colônias inglesas no Caribe o comércio de escravos havia sido proibido, e os produtos exportados tinham ficado mais caros. Em 1831, cumprindo acordos firmados com a Inglaterra, o governo brasileiro declarou o tráfico ilegal no território nacional. Mas o comércio continuou em grande escala. Diante disso, o Parlamento britânico aprovou, em 1845, a Bill Aberdeen, lei que dava à Marinha de Guerra inglesa o direito de aprisionar tumbeiros em qualquer [1] REPRODUÇÃO/JEAN-BAPTISTE DEBRET/MUSEU CASTRO MAYA
384,8
325,9
Fonte: Luis Felipe Alencastro, O Trato dos Viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul, Cia. das Letras, 200, pág. 69
A existência de Palmares estimulava ainda mais a fuga de escravos. Com isso, já no século XVII, os fazendeiros da região decidiram reunir milícias para atacá-lo. O líder da comunidade, Ganga Zumba (“grande chefe”), firmou um acordo de paz com os brancos em 1678, mas foi assassinado. Seu sucessor, Zumbi, liderou a resistência contra os invasores até 1694, quando o principal mocambo de Palmares caiu diante das forças de Domingos Jorge Velho. Nos meses seguintes, as outras aldeias capitularam. Zumbi fugiu, mantendo a resistência. Mas, em 1695, traído, teve o esconderijo descoberto e foi morto numa emboscada.
põe fim ao tráfico de escravos para o Brasil
414,8
354,5
50
1601–1625
765,7 Eusébio de Queiroz (1850) 569
185
150 40
A promulgação da Lei
Predomínio das atividades de mineração, que também usaram mão de obra escrava
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1781–1800
1801–1820
1821–1840
1841–1860
atravancava a formação do mercado interno. Só por volta de 1880 surgiu um movimento pró-abolição. A pressão sobre o governo levou à publicação de uma série de leis, que, lentamente, conduziram ao fim do trabalho forçado no país. A primeira foi a do Ventre Livre, em 1871, que deveria libertar os filhos de escravos nascidos a partir de então. Em 1885, foi promulgada a Lei do Sexagenário, que deu liberdade aos raros escravos que conseguiam passar dos 60 anos. Em 1888, foi criada a Lei Áurea – assinada pela princesa Isabel, que substituiu o imperador dom Pedro II, em viagem à Europa –, que finalmente extinguiu a escravidão no país.
SAIU NA IMPRENSA BRASIL SERÁ JULGADO POR TRABALHO ESCRAVO A Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em San José (Costa Rica), começa nesta quinta-feira seu primeiro julgamento sobre trabalho escravo. O caso em questão é o da Fazenda Brasil Verde, no Pará, acusada de manter cerca de 340 pessoas em condições análogas à de escravo entre 1988 e 2000. Como se trata de uma análise inédita, a decisão vai balizar futuras ações sobre o tema. A Corte poderá condenar o governo brasi-
leiro a ressarcir os trabalhadores e a adotar medidas e leis para prevenir casos como esses. O Brasil é criticado por não ter havido condenação penal dos proprietários de fazendas e indústrias que submeteram seus trabalhadores a formas degradantes de trabalho. (...) No caso da Fazenda Brasil Verde, segundo a denúncia, havia desde más condições de trabalho, servidão por dívida e até denúncias mais graves, de confinamento, tráfico de pessoas e o desaparecimento de ao menos dois trabalhadores. (...) O Globo, 18/2/2016
GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL COLÔNIA INDEPENDÊNCIA
MAQUIAGEM ROMÂNTICA A proclamação da independência não foi tão gloriosa quanto retratada no famoso quadro pintado por Pedro Américo
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Independente só no grito
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Em 1822, após um longo processo, o Brasil finalmente obteve a sua soberania política — mas ela não veio acompanhada da independência econômica nem de grandes transformações na estrutura social
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separação política entre a colônia brasileira e Portugal foi declarada oficialmente em 7 de setembro de 1822. Ela resultou de um processo iniciado com as revoltas emancipacionistas do fim do século XVIII e início do XIX (veja o infográfico na pág. ao lado), a vinda da corte portuguesa ao Brasil e a crise do sistema colonial. Fatores externos, como a independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa, as guerras napoleônicas e a pressão da Inglaterra pela liberação dos mercados consumidores americanos – aos quais queria vender seus produtos industrializados – também influenciaram a emancipação.
N E V
Vinda da corte portuguesa
Em 1806, o bloqueio comercial à Inglaterra imposto na Europa continental por Napoleão Bonaparte foi desrespeitado por Portugal, que dependia economicamente dos britânicos. A invasão francesa ao território lusitano, como retaliação, tornou-se iminente, e, em 1807, o regente português, o futuro dom João VI, e sua corte fugiram para o Brasil.
94 GE HISTÓRIA 2018
Assim que chegou à colônia, no início de 1808, o monarca decretou a abertura dos portos às nações amigas. Com a possibilidade de comercializar com outros países que não a metrópole, o Brasil ficou praticamente livre do pacto colonial. A novidade fez com que a elite econômica brasileira compreendesse melhor a necessidade da independência como uma maneira de aumentar seus lucros. Ao mesmo tempo, a Inglaterra, que passou a dominar nosso mercado após a abertura dos portos, viu que o fim do controle de seu aliado Portugal sobre o Brasil não impactaria as relações com nosso país. Formou-se, assim, uma espécie de aliança entre a elite brasileira e a inglesa. A família real instalou-se no Rio de Janeiro, transformado em capital do reino português. Em 1815, o governo joanino (como era conhecida a administração de dom João VI) elevou o Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. Em sua política externa, dom João VI dominou a Guiana Francesa, entre 1808 e 1817, em represália a Napoleão, e ocupou a Cisplatina (atual Uruguai) entre 1821 e 1828.
Regência de dom Pedro
Em 1820, em Portugal, a burguesia tomou o poder por meio da Revolução do Porto. Foi instalada uma monarquia constitucional baseada nas Cortes Constituintes (Parlamento). Elas obrigaram dom João VI a retornar a Portugal e a jurar lealdade à Constituição recém-promulgada. Ele voltou e deixou em seu lugar, como regente do Brasil, seu filho dom Pedro, que deveria conduzir a separação política, caso fosse inevitável. Pela Constituição portuguesa eram claras as intenções do novo governo em recolonizar o Brasil. Também era exigência das Cortes a volta de dom Pedro à Europa. O príncipe regente, entretanto, resistiu às pressões, as quais considerava uma tentativa de esvaziar o poder da monarquia. Formou-se em torno dele um grupo de políticos brasileiros que defendiam a manutenção do status do Brasil de Reino Unido a Portugal. Em 29 de dezembro de 1821, dom Pedro recebeu um abaixo-assinado de representantes da elite nacional pedindo que não deixasse o Brasil. Sua decisão de ficar foi anunciada em 9 de janeiro do ano seguinte, no episódio conhecido como Dia do Fico.
Independência
Entre os políticos que cercavam o regente estava José Bonifácio de Andrada e Silva, ministro e conselheiro de dom Pedro. Ele lutou, num primeiro momento, pela manutenção
dos vínculos com Portugal. Porém, ao perceber que o rompimento era necessário, tornou-se o principal ideólogo da independência do Brasil, entrando para a história como o Patriarca da Independência. Fora do círculo da corte, líderes liberais passaram a criticar pesadamente o colonialismo português e a defender a total separação. Em 3 de junho de 1822, dom Pedro recusou fidelidade à Constituição portuguesa e convocou a primeira Assembleia Constituinte brasileira. Em 1º de agosto, ele declarou inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no país. Cinco dias depois, assinou o Manifesto às Nações Amigas. Nele, defendeu a independência do Brasil. Em protesto, os portugueses anularam a convocação da Assembleia Constituinte brasileira, ameaçaram enviar tropas e exigiram o retorno do príncipe regente. Ao receber as cartas com tais exigências, em 7 de setembro, dom Pedro proclamou a independência do Brasil. Em 12 de outubro foi aclamado imperador e, em 1º de dezembro, coroado, recebeu o título de dom Pedro I.
imperador – e foi outorgado (ou seja, imposto) em março de 1824. Com a Constituição em vigor e vencidas as últimas resistências portuguesas nas províncias, a separação entre colônia e metrópole estava concluída. O reconhecimento oficial da independência pelo governo português, porém, só viria em 1825, quando dom João VI assinou o Tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil.
Significado
PATRIARCA José Bonifácio foi conselheiro de dom Pedro I e ideólogo da independência do Brasil
No início de 1823, realizaram-se eleições para a Assembleia Constituinte, encarregada de elaborar e aprovar a Constituição do Império. Entretanto, o órgão entrou em divergência com dom Pedro I e foi fechado em novembro. O texto acabou sendo elaborado pelo Conselho de Estado – instituição nomeada pelo
A D
MOVIMENTOS PRÉ-INDEPENDÊNCIA
N E V
A D I B I O
[2]
R P
A independência do Brasil representou o triunfo do conservadorismo de José Bonifácio. Ele promoveu a independência mantendo a monarquia e o caráter agrário, latifundiário, escravocrata e exportador da economia, favorecendo os interesses da elite local. Apesar da soberania política, o Brasil continuou economicamente dependente, agora da Inglaterra. Era dos ingleses que comprávamos quase tudo e era a eles que vendíamos a maioria de nossa produção, restrita a produtos primários. Além disso, contraímos volumosos empréstimos dos britânicos, o que nos deixou ainda mais submissos ao seu poder econômico.
No período colonial, ocorreram várias revoltas da população brasileira contra os portugueses. As primeiras, chamadas de nativistas, exprimiam rebeldia em relação ao domínio estrangeiro, mas não propunham a independência. Só a partir do fim do século XVIII aconteceram as revoltas emancipacionistas. Veja como, onde e quando se deu cada uma Nativistas Emancipacionistas
Sãoo Luís uíss
REVOLTA DOS BECKMAN (1684)
Liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, fazendeiros se rebelaram contra a má administração da Companhia de Comércio do Maranhão. Foram derrotados, mas a companhia encerrou suas atividades.
Recifee
A elite local rebelou-se com a falta de autonomia da província. Os rebeldes organizaram, no Recife, o primeiro governo brasileiro independente e republicano. Sem o apoio das províncias nordestinas, capitularam.
GUERRA DOS MASCATES (1710-1711)
CONJURAÇÃO BAIANA (1798)
Revolta dos ruralistas de Olinda contra a emancipação do Recife decretada pelos comerciantes portugueses (os mascates). Na época, Recife era parte de Olinda. A Coroa intervém, e o Recife mantém a autonomia.
Chamada de Revolta dos Alfaiates, foi organizada por negros e mulatos que queriam a independência, o fim da escravidão e a instalação de uma sociedade baseada nos ideais da Revolução Francesa. Acabaram presos e mortos.
Salvadoor
Vila Rica (Ouro Preto)
São Paulo
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817)
REVOLTA DE FILIPE DOS SANTOS (1720)
INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)
Também chamada de Rebelião de Vila Rica, foi uma reação da população às taxas excessivas e ao anúncio de criação das Casas de Fundição. O movimento foi sufocado e seu líder, Filipe dos Santos, esquartejado.
A decretação da derrama, a cobrança forçada de tributos da mineração, foi o estopim do movimento. Parte da elite tramou a revolta. Todos foram presos, mas só um executado: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Oceano Atlântico
ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO (1641)
GUERRA DOS EMBOABAS (1708-1709)
Com a notícia da restauração portuguesa, após o fim da União Ibérica, alguns paulistas resolveram se desligar de Portugal e proclamaram Amador Bueno rei de São Paulo. O movimento terminou com a recusa do aclamado.
Conflito entre mineradores paulistas, descobridores das jazidas de Minas Gerais e garimpeiros de outras regiões – os “emboabas” –, interessados em explorar a riqueza. Os paulistas foram derrotados; e Portugal criou as capitanias de São Paulo e das Minas do Ouro.
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 35 [1] REPRODUÇÃO/PEDRO AMÉRICO/FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL [2] REPRODUÇÃO/BENEDITO CALIXTO/MUSEU PAULISTA
GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL COLÔNIA LINHA DO TEMPO
Colônia Veja os principais acontecimentos da história do Brasil durante o período colonial. Os fatos que têm indicação de página (remissão) correspondem aos assuntos que mais são cobrados no vestibular.
[2]
1630 Nas décadas de 1630 e 1640, chega ao auge no Sudeste o movimento das entradas e bandeiras. Pág. 91
1500 O português Pedro Álvares Cabral e sua esquadra chegam ao litoral da Bahia em 22 de abril. É o descobrimento do Brasil. Segundo a maioria dos historiadores, trata-se mais de uma tomada de posse do que do descobrimento em si, pois a existência do território – dividido seis anos antes entre portugueses e espanhóis pelo Tratado de Tordesilhas – já era conhecida por Portugal. Nos anos seguintes, tem início a exploração do pau-brasil. Pág. 88
A D I B I O 1630
[1]
1500
1510
1520
1530
1530
O militar português Martim Afonso de Sousa comanda a expedição pioneira de colonização do Brasil. Em 1532, funda a primeira vila da colônia, São Vicente, no atual estado de São Paulo.
O rei de Portugal, dom João III, cria as capitanias hereditárias, a primeira divisão política do Brasil. Veja mais na matéria sobre política colonial. Pág. 88
1550
1549
R P
1570
1580
1590
1600
Chegam ao Brasil os primeiros jesuítas — religiosos da ordem católica Companhia de Jesus. Chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega, dedicam-se à catequese dos índios e à educação dos colonos.
1550
Tomé de Sousa assume o primeiro governo-geral do Brasil. Pág. 88
Por volta desse ano, paralelamente à introdução do plantio da cana-deaçúcar, tem início a escravidão africana no Brasil. Pág. 92
1610
[3]
1580
[4]
1548
96 GE HISTÓRIA 2018
1560
A D
N E V 1534
1540
Após duas tentativas pouco efetivas na década anterior, na Bahia, os holandeses invadem o Brasil, dessa vez em Pernambuco. Para vencer a resistência da população local, os estrangeiros contam com a ajuda do pernambucano Domingos Calabar, que considera a invasão positiva para a região. Permanecem no Nordeste até a Insurreição Pernambucana (1645-1654). Pág. 90
1620
1630
1640
1650
1660
1637
O domínio holandês no Brasil passa a ser administrado pelo militar Maurício de Nassau. Sua atuação em Pernambuco fica marcada pela prosperidade econômica e cultural. Seu governo se encerra em 1644. Pág. 90
Dois anos após a morte do rei português dom Sebastião, que não deixa herdeiro, o espanhol Felipe II, ligado por parentesco à Casa Real Portuguesa, impõe-se como rei de Portugal. A União Ibérica vigora até 1640 e equivale a uma anexação de Portugal pela Espanha.
[5]
1555
1594
A França não aceita a partilha das terras americanas feita pelo Tratado de Tordesilhas e defende seu direito de ocupação. A primeira invasão francesa no território brasileiro ocorre na ilha de Serigipe (atual Villegaignon), na Baía de Guanabara, onde é instalada a França Antártica, chefiada por Nicolas Durand de Villegaignon. Os portugueses expulsam os franceses em 1567.
Os aventureiros franceses Jacques Riffault e Charles Vaux instalam-se no Maranhão depois de naufragar ao largo da costa. O governo francês os apoia e incentiva a criação de uma colônia no território, a França Equinocial. Em 1612, chegam centenas de colonos, que erguem o forte de São Luís, origem de São Luís do Maranhão. São expulsos três anos depois pelos portugueses.
1693
1777
1805
As primeiras jazidas de ouro são descobertas no atual estado de Minas Gerais. No século seguinte, a atividade mineradora se tornaria a mais importante da colônia. Pág. 89
É assinado o Tratado de Santo Ildefonso, que restitui aos espanhóis Sete Povos das Missões. Os portugueses tentam obter a devolução da Colônia do Sacramento, mas não conseguem. As fronteiras atuais do Rio Grande do Sul só são definidas pelo Tratado de Badajoz, em 1801.
O mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o maior nome da escultura barroca brasileira, conclui sua obra-prima: o conjunto de imagens sacras: Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG).
[7]
1750 O Tratado de Madri reconhece a presença lusobrasileira em grande parte dos territórios a oeste da linha do Tratado de Tordesilhas. Como parte das negociações, Portugal cede à Espanha a Colônia do Sacramento (atualmente no Uruguai) em troca da área dos Sete Povos das Missões (no atual Rio Grande do Sul).
1670
1680
1690
Tem início, em Minas Gerais, a Guerra dos Emboabas. Pág. 95
1700
1710
1720
A D
1711
É fundada Vila Rica, atual Ouro Preto (MG), símbolo da sociedade urbanizada que surge no contexto da mineração. Veja mais na matéria sobre a sociedade colonial. Pág. 89
N E V
1730
A D I B I O 1798
No âmbito mundial, a Revolução Francesa marca o início da Idade Contemporânea. Pág. 56
1708 [6]
1789
É deflagrada a Conjuração Baiana. Pág. 95
R P 1740
1750
1760
1770
1754
1768
Os guaranis dos Sete Povos das Missões recusamse a deixar suas terras, e tem início a Guerra Guaranítica. São derrotados após dois anos, por uma aliança entre hispano-argentinos e luso-brasileiros.
Ao lançar Obras Poéticas, o mineiro Cláudio Manuel da Costa inaugura o arcadismo, o primeiro movimento literário a se afastar dos modelos portugueses, ao retratar temas tipicamente brasileiros. Costa e Tomás Antônio Gonzaga, outro importante poeta árcade, seriam integrantes da Inconfidência Mineira.
1808 Fugindo de Napoleão Bonaparte, a corte portuguesa transfere-se para o Brasil. Pág. 94
1800
1810
1820
1817
1821
Estoura a Revolução Pernambucana. Pág. 95
Pressionado pelo Parlamento português, dom João VI regressa a Portugal, deixando Pedro, seu filho mais velho, como regente do Brasil, com o título de dom Pedro I.
Dom João é coroado rei de Portugal, do Brasil e de Algarves, no Rio de Janeiro, com o título de dom João VI.
Ocorre a Inconfidência Mineira. Pág. 95
É deflagrada a Revolta de Filipe dos Santos, também chamada de Rebelião de Vila Rica. Pág. 95
1790
1818
1789
1720
[8]
1780
1822 Dom Pedro I proclama a independência do Brasil. Pág. 94
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[1] MUSEU PAULISTA [2] [3] [4] [5] [8] REPRODUÇÃO [6] MUSEU AFROBRASIL [7] MARCELO CURIA [8] JOSÉ EDUARDO CAMARGO [9] PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA [10] MUSEU IMPERIAL
[10]
GE HISTÓRIA 2018
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COMO CAI NA PROVA
1. (UNICAMP 2016) Os estudos históricos por muito tempo ex-
plicaram as relações entre Portugal e Brasil por meio da noção de pacto colonial ou exclusivo comercial. Sobre esse conceito, é correto afirmar que: a) Trata-se de uma característica central do sistema colonial moderno e um elemento constitutivo das práticas mercantilistas do Antigo Regime, que considera fundamental a dinâmica interna da economia colonial. b) Definia-se por um sistema baseado em dois polos: um centro de decisão, a metrópole, e outro subordinado, a colônia. Esta submetia-se à primeira através de uma série de mecanismos político-institucionais. c) Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e foram insubordinados diante do pacto colonial, ao exigirem sua presença e atuação nas Cortes dos reis ou ao pedirem a presença do Marquês de Pombal na colônia. d) A noção de pacto colonial é um projeto embrionário de Estado que acomodava as tensões surgidas entre os interesses metropolitanos e coloniais, ao privilegiar as experiências do “viver em colônia”.
RESOLUÇÃO
N E V
2. (UNESP 2016) Os diários, as memórias e as crônicas de viagens es-
critas por marinheiros, comerciantes, militares, missionários e exploradores, ao lado das cartas náuticas, seriam as principais fontes de conhecimento e representação da África dos séculos XV ao XVIII. A barbárie dos costumes, o paganismo e a violência cotidiana foram atribuídos aos africanos ao mesmo tempo que se justificava a sua escravização no Novo Mundo. A desumanização de suas práticas serviria como justificativa compensatória para a coisificação dos negros e para o uso de sua força de trabalho nas plantations da América. Regina Claro. Olhar a África, 2012. Adaptado.
As “plantations da América”, citadas no texto, correspondem a a) um esforço de coordenação da colonização ao redor do Atlântico, com a aplicação de modelos econômicos idênticos nas colônias ibéricas da América e da costa africana. b) uma estratégia de valorização, na colonização da América e na África, das atividades agrícolas baseadas em mão de obra escrava, com a consequente eliminação de toda forma de artesanato e de comércio local.
98 GE HISTÓRIA 2018
A D I B I O
RESOLUÇÃO
O modelo mais básico de exploração colonial, adotado pelas metrópoles europeias, foi o chamado sistema de plantation. As principais características do modelo eram a monocultura, a escravidão e a produção em larga escala em latifúndios, voltada, fundamentalmente para o mercado externo. Nesse processo, várias foram as justificativas para a adoção da mão de obra escrava dos negros, entre elas a inferioridade dos africanos e a desvalorização de suas tradições culturais e religiosas frente às dos europeus. Resposta: C
R P
Tradicionalmente, as relações entre colônias e metrópoles, como no caso de Brasil e Portugal, são explicadas por um conjunto de determinações expresso no chamado Pacto Colonial. Uma das principais características desse pacto é o chamado exclusivo metropolitano, recurso pelo qual a metrópole detinha o monopólio da exploração econômica sobre sua colônia. Ou seja, os brasileiros só podiam comercializar produtos com os portugueses. Para garantir sua lucratividade, a metrópole instituía sistemas administrativos por vezes complexos e ineficazes, instituindo altos impostos sobre a exploração dos produtos coloniais. A função da colônia neste contexto era a de enriquecer a metrópole, com uma produção voltada fundamentalmente para o abastecimento de seus mercados. Resposta: B
A D
c) um modelo de organização da produção agrícola caracterizado pelo predomínio de grandes propriedades monocultoras, que utilizavam trabalho escravo e destinavam a maior parte de sua produção ao mercado externo. d) uma forma de organização da produção agrícola, implantada nas colônias africanas a partir do sucesso da experiência de povoamento das colônias inglesas na América do Norte. e) uma política de utilização sistemática de mão de obra de origem africana na pecuária, substituindo o trabalho dos indígenas, que não se adaptavam ao sedentarismo e à escravidão.
3. (ESPCEX 2016) No fim do século XVIII, era grande a insatisfação
com a carestia e a opressão colonial. A isso se somava a simpatia que muitas pessoas demonstravam em relação às lutas pela emancipação do Haiti (1791-1804) e à Revolução Francesa (1789). Para difundir esta ideia fundou-se a loja maçônica Cavaleiros da Luz. Em agosto de 1798, alguns conspiradores afixaram em muros e postes da cidade manifestos exortando a população à revolução. Os panfletos pregavam a proclamação da República, a abolição da escravidão, melhores soldos para os militares, promoção de oficiais, liberdade de comércio etc. Denunciado por um traidor, o movimento foi esfacelado. Alguns participantes foram presos, outros fugiram e quatro foram condenados à morte: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorim Torres, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos. Adaptado de ARRUDA & PILETTI, p. 351
O texto acima descreve, em parte, a a) Revolta dos Alfaiates, ocorrida em Salvador, Bahia. b) Inconfidência Mineira, desencadeada em Ouro Preto, Minas Gerais. c) Revolta de Beckman, que teve por palco São Luís, Maranhão. d) Confederação do Equador, ocorrida em Recife, Pernambuco. e) Cabanagem, ocorrida em Belém, Pará. RESOLUÇÃO
A questão descreve em linhas gerais a Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, ocorrida em 1798. O movimento possuía caráter fundamentalmente popular, apesar da participação de grupos médios, como médicos, padres e advogados, sendo liderado por representantes das camadas populares (alfaiates, negros libertos, brancos pobres etc.). Pregava a separação em relação a Portugal e ao Brasil, proclamando a República Baiense. Teve como principais influências as ideias iluministas, a Revolução Francesa, em sua fase popular, e a independência do Haiti. Resposta: A
RESUMO
4.
(PUC-SP 2015) A invasão e a ocupação holandesas no Nordeste do Brasil, ocorridas durante o período da União Ibérica (1580-1640),
Brasil Colônia
a) derivaram dos conflitos territoriais entre Portugal e Espanha, que fragilizaram o controle português sobre a colônia. b) foram resultado das disputas entre Holanda e Inglaterra pelo controle da navegação comercial atlântica. c) derivaram dos interesses holandeses na produção e comercialização do açúcar de cana. d) foram resultado do expansionismo naval espanhol, que desrespeitou os limites definidos no Tratado de Tordesilhas. e) derivaram da corrida colonial, entre as principais potências europeias, na busca de fontes de matérias-primas e carvão.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA A fim de tomar posse e explorar a colônia recém-descoberta, Portugal dividiu o território brasileiro em 15 capitanias hereditárias, em 1534. Elas foram entregues a nobres ou burgueses representantes da Coroa. O sistema não teve sucesso por falta de investimentos, ataques indígenas e isolamento da colônia. Em 1548, criouse o Governo-Geral, com sede na Bahia, numa tentativa de centralizar o poder. O objetivo foi atingido, do ponto de vista militar, mas o dia a dia da população continuou a ser gerido pelas Câmaras Municipais de cada vila.
RESOLUÇÃO
ECONOMIA A economia colonial estava sob influência do pacto colonial, pelo qual os brasileiros só comercializavam produtos com os portugueses, que ficavam com grande parte dos lucros gerados no Brasil. A extração do pau-brasil, a produção de açúcar, a pecuária e a mineração foram as principais atividades econômicas do período.
A presença dos holandeses no Nordeste brasileiro está ligada aos desdobramentos da União Ibérica, período em que houve a união das monarquias de Portugal e Espanha, sob controle dos espanhóis. Se por um lado a Holanda era parceira econômica de Portugal, tendo investido maciçamente na produção do açúcar no Brasil, por outro estava em guerra com a Espanha na luta pela concretização de sua independência. Ao dominar Portugal, a Espanha corta o fornecimento do açúcar brasileiro aos flamengos, que, como forma de garantir seus investimentos, invadem as regiões produtoras no Brasil – naquele momento também sob o domínio espanhol. Durante a presença holandesa no Nordeste brasileiro, a administração de Maurício de Nassau selou um acordo com os senhores de engenho que impulsionou a produção de açúcar. Nesse período, também foram realizados grandes investimentos na infraestrutura do Recife. Resposta: C
R P
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N E V SAIBA MAIS
Confira no mapa abaixo a área que foi invadida e ocupada pelos holandeses no Nordeste brasileiro entre 1630 e 1654.
INVASÃO E DOMÍNIO HOLANDÊS NO NORDESTE (1630–1654) São Luís
OCEANO ATLÂNTICO
e rib
Jagu
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Parnaíba
MARANHÃO
Natal ITAMARACÁ aíba Par Capibaribe
Olinda
Sã o F r ancisco
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BAHIA ESCALA
Salvador
0
MOVIMENTO BANDEIRANTE A busca por metais preciosos, a captação de mão de obra indígena e o combate a negros fugitivos motivaram, nos séculos XVII e XVIII, expedições de desbravamento do interior do Brasil – as entradas e bandeiras. O movimento foi responsável direto pela expansão territorial.
JESUÍTAS Com a função inicial de catequizar os nativos, convertendo-os ao catolicismo, os jesuítas contribuíram com a expansão territorial da colônia, com a extração das drogas do sertão no Vale Amazônico e com a pecuária e a mineração no extremo sul, com mão de obra predominantemente indígena.
INDEPENDÊNCIA O Brasil concretizou sua independência em 7 de setembro de 1822, mas revoltas emancipacionistas já ocorriam desde o fim do século XVIII. Apesar de politicamente soberano, o país continuou economicamente dependente – não mais de Portugal, mas da Inglaterra. Para alavancar a economia, recém-emancipada, o país contraíra volumosos empréstimos dos britânicos, tornando-se submisso ao seu poder econômico.
Recife
de
SOCIEDADE A sociedade açucareira era agrária, escravagista e estratificada. O grupo mais privilegiado era dos senhores de engenho. Já na sociedade do ouro, a população se concentrava em núcleos urbanos, e a mobilidade social e o trabalho livre estavam muito mais presentes, permitindo o surgimento de uma classe média, ausente na sociedade açucareira.
ESCRAVIDÃO Para movimentar a economia açucareira, Portugal recorreu à escravidão, primeiramente dos índios e, posteriormente, dos africanos. Estima-se que 4 milhões de negros africanos tenham chegado ao Brasil entre 1550 e 1850. Como forma de resistência, entre outras práticas, os escravos criaram comunidades autossuficientes, os quilombos, formados por fugitivos. A escravidão só foi abolida em 1888, no fim do império.
Fortaleza
PERNAMBUCO
A D I B I O
188 km
GE HISTÓRIA 2018
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6
BR ASIL IMP ÉR IO CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
� Primeiro Reinado ...........................................................................................102 � Regência ............................................................................................................103 � Segundo Reinado ...........................................................................................105 � Linha do tempo ..............................................................................................108 � Como cai na prova + Resumo .....................................................................110
Harmonia comprometida
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A D I B I O
Impasse sobre a presidência do Mercosul e desavenças entre o Brasil e a Venezuela acirram os ânimos na América do Sul e ameaçam a estabilidade regional
A
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América do Sul atravessa um período de turbulência política que ameaça a relativa estabilidade regional dos últimos anos. O Mercado Comum do Sul (Mercosul), o principal bloco econômico da região, é o pivô da atual crise, que tem como protagonistas os governos da Venezuela e do Brasil. Composto por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, o Mercosul passou por um enorme desgaste durante o processo de transição da presidência rotativa do bloco, exercida pelo Uruguai até o final de julho de 2016. Conforme determina o regimento do Mercosul, o próximo país a assumir a presidência seria a Venezuela. No entanto, em uma manobra liderada pelo Brasil, os outros membros do bloco não aceitaram a Venezuela em seu comando. O motivo alegado é que os venezuelanos não cumpriram todas as regras de adesão ao bloco desde que ingressaram em 2012, o que inclui de normas comerciais até um protocolo de respeito aos direitos humanos. Por essa mesma razão, a Venezuela acabou sendo suspensa por tempo indeterminado do Mercosul. A medida, adotada em dezembro de 2016, agravou ainda mais a crise na região. O governo venezuelano rejeitou a suspensão e declarou tratar-se de um golpe ao Mercosul e de uma agressão ao país.
N E V 100 GE HISTÓRIA 2018
Mas há outras questões políticas por trás da suspensão. A Venezuela é o principal expoente da esquerda bolivariana e vive atualmente um momento de efervescência, com o fortalecimento da oposição contra o governo do presidente Nicolás Maduro. O Brasil, que nas gestões do Partido dos Trabalhadores (2002-2016) teve na Venezuela um importante aliado, mudou de posição após o impeachment de Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer. O atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, passou a criticar abertamente o presidente Maduro e seu comprometimento com a democracia. O encontro de Serra com líderes da oposição ao governo venezuelano causou mal-estar diplomático entre os dois países. A expectativa é que a harmonia regional prevaleça. Afinal, as nações possuem instituições maduras o suficiente para evitar que desavenças políticas tenham con- RISCO DIPLOMÁTICO sequências mais gra- O ministro das Relações ves – como ocorreu no Exteriores do Brasil, José século XIX durante a Serra (à esq.), cumprimenta Guerra do Paraguai, o líder oposicionista da um dos temas aborda- Venezuela, Henrique dos neste capítulo, que Capriles, em Brasília, trata do Brasil imperial. em junho de 2016
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ALANNA JESSIKA LIMA/MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES/AFP
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GE HISTÓRIA 2018
101
BRASIL IMPÉRIO PRIMEIRO REINADO
SAGRAÇÃO Pintura de JeanBaptiste Debret mostra a cerimônia de coroação de dom Pedro I, cujo governo foi marcado pela instabilidade
A D I B I O
[1]
Ascensão e queda de dom Pedro I
dissolver a Câmara dos Deputados e suspender juízes. O regime adotado era monárquico, constitucional e hereditário; foi instituído o padroado (sistema de unidade entre o Estado e a Igreja Católica); as províncias não tinham autonomia; e o voto era censitário e aberto, ou seja, não secreto.
A D
N E V A
Desde que recebeu a coroa, dom Pedro I tentou concentrar o poder do país em suas mãos. Conseguiu, mas não por muito tempo
pós a independência, dom Pedro I convocou uma Assembleia Constituinte para elaborar a Constituição. Mas, diante das ameaças da Constituinte de limitar o poder imperial, dom Pedro I a dissolveu e nomeou um Conselho de Estado, para elaborar a primeira Constituição do país. O texto foi outorgado (ou seja, imposto de forma não democrática) em março de 1824. Tratava-se de uma Constituição de inspiração liberal, baseada na divisão dos poderes, em Executivo, Legislativo e Judiciário. Incluía um quarto poder, o Moderador. De uso exclusivo do imperador, o artifício lhe dava o direito de nomear pessoalmente os senadores,
102 GE HISTÓRIA 2018
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Queda de popularidade
Além do choque com a elite latifundiária, expresso durante a elaboração da Constituição, uma série de outros fatores contribuiu para a diminuição da popularidade de dom Pedro I no decorrer do seu governo: CRISE ECONÔMICA Durante o Primeiro Reinado, nenhum dos principais produtos de exportação do país (açúcar, algodão, fumo) passava por um bom momento. Isso resultava em baixa capacidade de importação e falta de recursos para saldar os compromissos externos do país. CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR Em 1824, a insatisfação do povo com a situação da economia e com a outorga da Constituição resultou numa revolta no Recife. O movimento assumiu o controle da cidade e proclamou a República. O objetivo era unir as províncias do Nordeste e separar-se do império, criando a Confederação do Equador. A revolta foi severamente reprimida pelas tropas imperiais e vários de seus líderes, executados, entre eles frei Caneca.
GUERRA DA CISPLATINA Em 1825, os uruguaios proclamaram a independência, rebelando-se contra a dominação brasileira, imposta por dom João VI, que anexara a região sob o nome de Província Cisplatina. Contra a vontade das elites brasileiras, dom Pedro I enviou tropas, e a guerra se estendeu até 1828. Sob mediação inglesa, foi feito acordo no qual a província se tornava um Estado soberano, o Uruguai. SUCESSÃO DO TRONO PORTUGUÊS O envolvimento de dom Pedro I na tentativa de assegurar a sucessão do trono português para sua filha, Maria da Glória, foi encarado por seus opositores no Brasil como um sinal de que ele pretendia, no futuro, reunificar os dois reinos. Quando provas dessas intervenções vieram a público, a insatisfação popular deu origem a revoltas.
Abdicação
Em 1831, quando dom Pedro I retornava ao Rio de Janeiro de uma viagem a Minas Gerais, manifestantes portugueses que o defendiam entraram em confronto com brasileiros que se opunham ao monarca, na série de eventos batizada de Noites das Garrafadas. Diante da ameaça de novas revoltas, dom Pedro I abdicou em 7 de abril do trono brasileiro em nome do filho, Pedro, então com 5 anos. Voltou para a Europa e foi coroado rei de Portugal, como dom Pedro IV. Até que o herdeiro do trono brasileiro adquirisse a maioridade, o país seria administrado provisoriamente pelas regências.
BRASIL IMPÉRIO REGÊNCIA
Em nome do rei Durante nove anos, entre o Primeiro e o Segundo Reinado, o Império brasileiro ficou nas mãos de governantes provisórios, os regentes
A
pós a abdicação de dom Pedro I, em 1831, o Brasil foi governado por regentes – líderes políticos que agiam em nome do herdeiro da Coroa, dom Pedro II, impossibilitado de tomar posse por ser menor de idade. O período regencial foi marcado por grande agitação social e política.
no Rio de Janeiro, os poucos parlamentares restantes na capital decidiram eleger uma regência provisória. Para compô-la, foram escolhidos os senadores Nicolau de Campos (moderado) e Carneiro de Campos (restaurador) e um representante do Exército, o brigadeiro Lima e Silva. Os três permaneceram no poder por dois meses. Entre suas medidas destacaram-se a reintegração do último ministério deposto por dom Pedro I e a suspensão temporária do poder Moderador. Outra iniciativa adotada pela Regência Trina Provisória foi a proibição do tráfico de escravos. A entrada de negros africanos no país, entretanto, continuou ocorrendo em grande escala. A escravidão era considerada indispensável ao avanço econômico, sobretudo para atender a demanda criada pela expansão da cultura cafeeira.
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Avanço liberal
Nessa primeira etapa do período regencial, conhecida como Avanço Liberal, três partidos disputavam o poder político: o Exaltado (ou farroupilha), integrado pela esquerda liberal, que defendia a implantação de uma política federal descentralizada; o Moderado (ou chimango), composto da direita liberal, que lutava pelos interesses dos grandes fazendeiros; e o Restaurador (ou caramuru), constituído pela direita conservadora, cujo maior objetivo era trazer dom Pedro I de volta ao trono. Os integrantes do partido Moderado conseguiram se firmar como a principal força do período, implementando medidas liberais, porém contidas, que não chegaram a transformar radicalmente a estrutura socioeconômica do Brasil.
N E V
REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA Depois da partida de dom Pedro I, a Assembleia Geral (Parlamento) deveria eleger três líderes (uma regência trina) para governar o país até a maioridade de dom Pedro II. Porém, como em abril de 1831 o Parlamento brasileiro estava em recesso, e a maioria dos deputados e senadores não se encontrava [1] REPRODUCÃO [2] REPRODUÇÃO/BIBLIOTECA NACIONAL
A D I B I O [2]
PEDIU PARA SAIR A abdicação de dom Pedro I deixou o país sob controle dos regentes
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REGÊNCIA TRINA PERMANENTE Em junho foi
eleita a Regência Trina Permanente, formada por três moderados: os deputados Bráulio Muniz e Costa Carvalho e o brigadeiro Lima e Silva. Porém, quem despontou como homem forte do novo governo foi o ministro da Justiça, Diogo Feijó. Ainda em 1831, ele criou a Guarda Nacional, um corpo militar comandado pelos grandes fazendeiros – os quais receberam a patente de coronel –, que foi usado para reprimir com violência as manifestações das parcelas mais exaltadas da população. No ano seguinte, após uma tentativa frustrada de golpe de Estado, o ministro Feijó renunciou.
Acalmados os ânimos dos setores mais radicais, o governo introduziu duas importantes reformas liberalizantes. A primeira foi a promulgação, em 1832, do Código do Processo Criminal, que conferia ampla autonomia judiciária aos municípios. Um efeito da medida foi o fortalecimento do poder local dos fazendeiros. A outra foi o Ato Adicional de 1834, que reformou a Constituição de 1824. Ele descentralizou o poder, ao extinguir o Conselho de Estado e instituir as Assembleias Legislativas Provinciais, e aproximou o regime político em vigor do sistema republicano, ao substituir a Regência Trina pela Regência Una, formada por apenas um governante, eleito pelo voto censitário para um mandato de quatro anos.
Regresso Conservador
A partir de 1834, as forças políticas do país se reorganizaram, dando início ao período conhecido como Regresso Conservador. Naquele ano morreu dom Pedro I, o que levou à extinção dos restauradores, que pregavam sua volta ao poder. Os exaltados também haviam praticamente desaparecido, por causa da repressão oficial. E os moderados, durante a campanha para a eleição da Regência Una, em 1835, acabaram divididos em duas facções. A mais conservadora se uniu aos antigos restauradores e formou o partido Regressista, defensor de um governo forte e centralizado. A mais liberal agregou remanescentes GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL IMPÉRIO REGÊNCIA REVOLTAS REGENCIAIS O período das regências foi marcado por uma série de rebeliões provinciais. De maneira geral, elas foram motivadas pela miséria da população e pelo descontentamento com o governo central. Veja quais foram esses movimentos e como, onde e quando aconteceram
Belém
São Luís
dos exaltados e compôs o partido Progressista, liderado por Diogo Feijó, favorável à monarquia constitucional. Feijó venceu a eleição e tomou posse em outubro de 1835. REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ Com o Parlamento dominado pela oposição, Feijó teve imensa dificuldade para governar. Ele não conseguiu solucionar a crise econômica que atingiu o país nem pôde conter rebeliões (veja mapa ao lado). Em 1837, Feijó não teve outra alternativa senão renunciar ao cargo. Foi substituído interinamente pelo regressista Pedro de Araújo Lima, confirmado no cargo pelas eleições realizadas em 1838.
Salvador
Porto Alegre
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REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA Ao chegarem ao Executivo, os regressistas decidiram reformular as principais medidas adotadas durante o Avanço Liberal. Pela Lei de Interpretação do Ato Adicional, de 1840, o sistema jurídico voltou ao controle do governo, e as Assembleias Provinciais tiveram a atuação limitada. Com o objetivo de tentar retomar o poder, os progressistas deram início a uma campanha pela antecipação da posse de dom Pedro II. A causa ganhou as ruas, e, em julho de 1840, dom Pedro II foi declarado maior de idade, aos 14 anos. Era o fim do período regencial e o começo do Segundo Reinado. O Golpe da Maioridade beneficiou os progressistas, que foram escolhidos pelo jovem imperador para compor seu ministério.
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PARA IR ALÉM A HQ Balaiada, a Guerra do Maranhão, de Iramir Araújo, Ronilson Freire e Beto Nicário, retrata a Balaiada sob o ponto de vista dos revolucionários, considerados heróis por grande parcela da população do estado, ao contrário das narrativas tradicionais que procuram transformar os líderes populares em desordeiros sanguinários.
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A D I B I O
Oceano Atlântico
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CABANAGEM (1835-1840) Única revolta que instalou um governo popular de fato, a Cabanagem deve seu nome ao modo como a massa pobre do Grão-Pará era chamada: cabanos. Cansada da miséria, da opressão das elites e do descaso do governo, a população tomou Belém sob o comando de líderes populares, como Félix Clemente Malcher. A violenta reação oficial, que teve a ajuda de mercenários estrangeiros, arrasou o levante em 1840, causando a morte de 40 mil pessoas – quase metade da população da província à época.
REVOLTA DOS FARRAPOS (1835-1845) Conhecida como Revolução Farroupilha, nasceu do descontentamento dos estancieiros (latifundiários) em relação aos impostos sobre o charque gaúcho, que o tornavam mais caro do que a carne importada. Liderados por Bento Gonçalves, eles tomaram Porto Alegre em 1835. No ano seguinte, proclamaram a República Rio-Grandense. O movimento se alastrou para Santa Catarina, onde, em 1839, surgiu a República Juliana. Em 1845, após derrotas rebeldes, foi negociada a paz.
SABINADA (1837-1838) Descontente com a falta de autonomia da província e com os desmandos da administração regencial, a classe média de Salvador, apoiada por uma parcela do Exército, tomou a cidade e proclamou a República Baiana, em 1837. Os rebeldes eram liderados pelo médico Francisco Sabino, daí o nome Sabinada. Sem respaldo popular, porém, o movimento se enfraqueceu. No ano seguinte, as tropas oficiais, apoiadas pelos latifundiários da região, cercaram e derrotaram os revoltosos.
BALAIADA (1838-1841) A miséria causada pela crise do algodão e pelo aumento de impostos e preços, somada ao descaso das autoridades, motivou a rebelião popular do sertão maranhense em 1838. O movimento era liderado por um chefe de quilombo, o negro Cosme; um vaqueiro, Raimundo Gomes; e um artesão, Manuel Francisco Ferreira, o “Balaio” – daí o nome Balaiada. Eles ocuparam a vila de Caxias, a segunda mais importante da província, mas, em 1841, foram derrotados pelas tropas do governo central.
Fonte: Alfredo Boulos Júnior, História: Sociedade & Cidadania – 7a série, 1 ed., FTD, pág. 331
A HISTÓRIA HOJE CURRAIS ELEITORAIS
Tem sido frequente, nas campanhas eleitorais do país, o fato de algumas candidaturas se tornarem alvo da lei eleitoral que proíbe a doação de brindes e o transporte de eleitores em troca de voto. O resultado é que prefeitos e deputados, por exemplo, acabam sendo processados pelos tribunais eleitorais e correm o risco de perder o mandato. Esse tipo de prática remonta ao período do Império, quando começaram a ser realizadas as primeiras eleições no Brasil. Os grandes chefes políticos locais, denominados coronéis, compravam a patente da Guarda Nacional (força militar-policial da província) na época das eleições e exerciam todo tipo de pressão sobre os eleitores para escolher seus candidatos. Uma das mais típicas práticas dos coronéis é a formação de currais eleitorais: aproveitando-se da miséria da população, os grandes latifundiários oferecem roupas, ferramentas e emprego em troca do voto.
BRASIL IMPÉRIO SEGUNDO REINADO
O último imperador Política interna estável, terríveis confrontos internacionais e o café consolidado como carrochefe da economia: assim foi o capítulo derradeiro da monarquia no Brasil
S
ob a liderança de dom Pedro II, a política interna durante o Segundo Reinado manteve-se relativamente tranquila, mas o país se envolveu em sangrentos conflitos com as nações vizinhas. A economia foi impulsionada pelo café, que contribuiu para uma série de mudanças, ocorridas no fim do período, que acabariam colaborando para a queda da monarquia: a substituição da mão de obra escrava pela assalariada, a vinda em massa de imigrantes europeus e um surto de crescimento industrial.
No Brasil, o sistema foi implantado ao contrário: o imperador nomeava o presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro), que formava o próprio conselho. Depois, eram convocadas eleições parlamentares, geralmente fraudadas para garantir a vitória dos candidatos do primeiro-ministro. Caso o Poder Legislativo entrasse em conflito com o gabinete de ministros, o imperador poderia dissolver a Câmara e convocar novas eleições, de acordo com o poder Moderador. Também podia derrubar o Executivo quando quisesse.
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Política interna
Logo no início do Segundo Reinado, o Partido Progressista mudou de nome e passou a se chamar Partido Liberal, e o Regressista foi rebatizado de Partido Conservador. Essas duas forças políticas brigariam entre si durante a maior parte do reinado de dom Pedro II. As disputas resultaram, em 1842, numa revolta dos liberais em São Paulo e em Minas Gerais, logo debelada.
PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS Para evitar novos conflitos entre liberais e conservadores, em 1847 foi adotado o parlamentarismo no país. O regime, entretanto, foi adaptado aos interesses da elite agrária nacional. Nas monarquias parlamentaristas clássicas, há eleições para a Câmara dos Deputados, e o partido que obtém maioria na Casa compõe o gabinete (primeiro-ministro e conselho de ministros), que exerce o Executivo, amparado por maioria parlamentar. [1] DEBRET/BIBLIOTECA NACIONAL
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LONGO REINADO Dom Pedro II é aclamado imperador do Brasil, permanecendo por 49 anos no poder
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REVOLTA PRAIEIRA A adoção desse tipo peculiar de parlamentarismo garantiria um revezamento pacífico entre liberais e conservadores no poder. A última revolta do Império ocorreu em 1848, em Pernambuco. Após o Senado, dominado pelos conservadores, vetar a indicação do liberal pernambucano Antônio Chichorro da Gama a uma cadeira da Casa, a ala exaltada do Partido Liberal do estado se rebelou. Chamados de praieiros (pois a sede de seu jornal ficava na Rua da Praia), eles tomaram Olinda e atacaram o Recife, exigindo o fim da monarquia e a proclamação da república. Foram derrotados em 1849.
Política externa
As relações exteriores brasileiras durante o Segundo Reinado foram marcadas por desentendimentos com a Inglaterra e por conflitos militares com os vizinhos sul-americanos.
QUESTÃO CHRISTIE Por causa do sumiço
de mercadorias de um navio inglês naufragado na costa brasileira em 1861 e da prisão de oficiais da Marinha britânica responsáveis por tumultos nas ruas do Rio de Janeiro no ano seguinte, o embaixador britânico Willian Christie exigiu do governo brasileiro indenizações e pedido de desculpas. O caso foi levado a uma corte internacional, na Bélgica, que deu ganho de causa ao Brasil. A Inglaterra não aceitou a decisão, e os dois países romperam relações. A situação normalizou-se em 1865, quando os ingleses, interessados em fazer negócios com o Brasil e considerando que o país era um aliado estratégico, desculparam-se pelo ocorrido.
GUERRA DO PARAGUAI A relação do Brasil com seus vizinhos da Bacia do Prata foi bastante conturbada durante o período imperial. Em 1851, o governo brasileiro interveio no Uruguai e, no ano seguinte, na Argentina, colocando no poder forças políticas simpáticas ao país. O Brasil realizou nova intervenção no Uruguai em 1864, quando o chefe de governo Atanásio Aguirre rejeitou indenizar estancieiros gaúchos por prejuízos causados por fazendeiros uruguaios na região de fronteira. O Brasil entrou em conflito armado com o Uruguai e derrubou Aguirre, abrindo uma grave crise regional. O presidente paraguaio Solano López, que era aliado de Aguirre, se opôs à invasão brasileira no Uruguai e reagiu declarando guerra ao Brasil – era o início da Guerra do Paraguai. GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL IMPÉRIO SEGUNDO REINADO COMBATE REGIONAL Pintura retrata a Batalha do Riachuelo, ocorrida durante a Guerra do Paraguai: o conflito reconfigurou o equilíbrio de forças na América do Sul
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[1]
Pequeno e isolado no interior do continente, o Paraguai não despertou o interesse das potências estrangeiras após sua independência, em 1811, tendo adotado um modelo diferente de desenvolvimento em relação a outras nações sul-americanas. Quase não havia escravidão nem elite agrária no país, e, sem depender de capital externo, o governo garantia eficientes serviços públicos e significativa distribuição da terra e da renda. Esse relativo sucesso passou a ser considerado um perigoso exemplo pela Inglaterra e pelos latifundiários dos países vizinhos. Além disso, paraguaios, argentinos e brasileiros tinham pretensões conflitantes entre si – o Paraguai, por exemplo, reivindicava uma saída para o mar, bloqueada pela Argentina desde 1811. O primeiro ano da Guerra do Paraguai foi marcado pelo sucesso da ofensiva da nação guarani. Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai firmaram o Tratado da Tríplice Aliança e, com o apoio inglês, deflagraram um forte contra-ataque. Sob o comando dos brasileiros Manuel Luís Osório e Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, em 1869 os aliados avançaram pelo país e entraram em Assunção. No ano seguinte, com o assassinato de Solano López, o confronto foi encerrado. O Paraguai teve sua economia destruída, cerca de dois terços de sua população foram dizimados e perdeu porções de seu território para os aliados. Apesar de vitorioso, o Brasil saiu da guerra com uma grande dívida, por causa da importação de armas e equipamentos da Inglaterra.
Crise do regime
Apesar da prosperidade do Império, a estrutura socioeconômica brasileira não sofreu mudanças realmente significativas. As lutas pela modernização do país acabariam impulsionando a queda do regime e a proclamação da República, em 1889. O fim da monarquia foi resultado da ruptura das relações do governo com os três setores da sociedade que lhe davam sustentação: a Igreja, o Exército e a aristocracia escravista.
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QUESTÃO RELIGIOSA Desde a época colonial vigorava no Brasil o regime do padroado, que foi mantido pela Constituição de 1824. Segundo esse regime, o imperador detinha poderes para vetar
as decisões papais (beneplácito) e nomear os membros dos cargos eclesiásticos mais importantes no país. Em 1864, quando o Vaticano proibiu as relações entre a Igreja e a maçonaria, surgiu um conflito. Dom Pedro II foi contrário à decisão papal e a rejeitou. Porém, em 1872, os bispos de Olinda e de Belém mandaram fechar as irmandades religiosas que se negassem a expulsar os maçons. O governo, então, prendeu os clérigos, abalando a relação entre a Igreja e a monarquia. Desde então, a Igreja deixou de apoiar a monarquia.
QUESTÃO MILITAR Após a Guerra do Paraguai, o Exército brasileiro ganhou grande relevância. Tornou-se popular nos quartéis a corrente filosófica do positivismo, que defendia a República como um sistema político. Convencidos de que cabia a eles impor ao país “ordem e progresso” (típica máxima positivista), os militares se indispuseram com o Império numa série de incidentes. Os casos mais conhecidos foram o do tenente-coronel Sena Madureira e o do coronel Cunha Matos, punidos por terem se manifestado
SAIU NA IMPRENSA PARAGUAIOS AINDA PERSEGUEM TESOUROS ENTERRADOS NA GUERRA COM O BRASIL
Do New York Times
Nas profundezas tropicais da América do Sul, a caçada não para. Enterrados sob ruas de terra vermelha, ou talvez à sombra de mangueiras nos campos ao redor, tesouros opulentos estão espalhados por centenas de quilômetros – pelo menos segundo uma fábula que impregna o subconsciente cultural do Paraguai há gerações. Os tesouros são conhecidos como "plata
yvyguy" na língua nacional gutural do país. Acredita-se de modo geral que eles foram escondidos pelo governo e pela elite que fugiu em pânico da capital, Assunção, a apenas 20 km a noroeste, quando as forças de ocupação avançaram durante a Guerra da Tríplice Aliança, chamada no Brasil de Guerra do Paraguai, contra Brasil, Argentina e Uruguai há 150 anos. Mas o passar do tempo não diminui a esperança de descobrir toneladas de metais preciosos, baús com libras britânicas e, os mais cobiçados, abacaxis ornamentais forjados em ouro. (...) UOL Notícias, 14/3/2016
SAIBA MAIS ECONOMIA E SOCIEDADE
O café foi o maior responsável pelas transformações sociais e econômicas pelas quais o Brasil passou durante o Segundo Reinado. Inicialmente produzido para o consumo interno, a partir do começo do século XIX, passou a ser exportado para os Estados Unidos e para a Europa. Na década de 1830, já era o principal produto de nossa economia. O cultivo expandiu-se do Rio de Janeiro para o interior do Sudeste, encontrando no oeste paulista seu polo de desenvolvimento.
na imprensa contra o governo – o que era proibido aos militares. Os episódios incentivaram a adesão do Exército à causa republicana. Em 1887 foi criado o Clube Militar, que passou a pressionar o governo. Seu primeiro presidente foi o marechal Deodoro da Fonseca, futuro líder da proclamação da República. CAMPANHA ABOLICIONISTA E REPUBLICANA A partir de 1870, teve início na classe média uma campanha a favor da abolição da escravidão e da instalação da República. As camadas urbanas não mais aceitavam o domínio político das antigas aristocracias agrárias. Identificadas com o trabalho assalariado e com a industrialização, queriam um novo regime político no qual tivessem maior representatividade. Em 1870, foi fundado no Rio de Janeiro o Partido Republicano. Em 1873, surgiu o Partido Republicano Paulista. No mesmo ano, reunidos na Convenção de Itu, os cafeicultores de São Paulo – o setor mais dinâmico da economia brasileira – aderiram à causa republicana. A campanha crescia, mas não obtinha bons resultados eleitorais. Cada vez ficava mais claro que apenas a luta política não seria suficiente. Em 1888, pressionado, o governo publicou a Lei Áurea, abolindo a escravidão (veja a matéria na pág. 92). A medida abalou a monarquia, que perdeu o apoio dos latifundiários escravocratas. Os republicanos aproveitaram o momento e intensificaram a conspiração contra o regime. Comandante de prestígio, Deodoro da Fonseca foi convidado a chefiar o levante. Em 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, à frente de suas tropas, ele proclamou a República. A família real foi desterrada para a Europa e Deodoro assumiu o governo provisório.
IMIGRAÇÃO O café teve papel fundamental na disseminação do uso da mão de obra assalariada. Em 1850, quando a pressão inglesa pelo fim da escravidão levou à proibição do tráfico negreiro, o café estava em plena expansão, e os imigrantes europeus passaram a ser alternativa aos escravos negros. Italianos, portugueses, espanhóis, japoneses e alemães constituíram os maiores fluxos. Inicialmente, vigorou o sistema de parceria, segundo o qual os fazendeiros financiavam a vinda e a instalação dos estrangeiros em troca de parte da produção. Porém, os imigrantes ficavam altamente dependentes dos latifundiários, sem nunca conseguir quitar suas dívidas, submetidos a um estado de semisservidão. No fim da década de 1850, esses trabalhadores se rebelaram e o sistema fracassou. Foi então adotado o sistema do colonato. O governo pagava a viagem da Europa, o fazendeiro custeava o primeiro ano de estada no Brasil e o imigrante recebia um salário fixo anual e mais um rendimento variável, conforme a colheita.
PARA IR ALÉM Ilustrada por Spacca, As Barbas do Imperador é uma brilhante adaptação para os quadrinhos do clássico livro sobre dom Pedro II publicado em 1998 por Lilia Schwarcz. [1] REPRODUÇÃO/BIBLIOTECA NACIONAL
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INDUSTRIALIZAÇÃO Desde 1844, os preços dos produtos importados estavam mais elevados em razão da Tarifa Alves Branco. Com o fim do tráfico de escravos, em 1850, os capitais alocados no tráfico buscaram nova forma de se valorizar. A situação favoreceu o surgimento de novos empreendedores, como o gaúcho Irineu Evangelista de Sousa, o visconde e barão de Mauá. Ele investiu em companhias de bonde, navegação, iluminação urbana, em estradas de ferro e na instalação de um telégrafo submarino ligando o Brasil à Europa. Devido à sua atuação, as primeiras décadas da segunda metade do século XIX ficaram conhecidas como Era Mauá.
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A ECONOMIA NO SÉCULO XIX
Veja quais eram e por onde se estendiam as atividades econômicas brasileiras no período
Belém Manaus
São Luís
Fortaleza Natal Recife
Salvador
Cuiabá Cana-de-açúcar
Oceano Atlântico
Pecuária Mineração Drogas do sertão e borracha Indústria Estrada de ferro Café Erva-mate Algodão Cacau
Rio de Janeiro Curitiba
São Paulo
O AVANÇO DO CAFÉ EM SP
Início do séc. XIX 1836 1854 1886 1920 1935
Porto Alegre
Tabaco
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 38 GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL IMPÉRIO LINHA DO TEMPO
Império
1847
Veja os principais eventos do período. Os fatos com indicação de páginas são os mais cobrados no vestibular.
1831
1836
1845
Isolado no poder, em abril dom Pedro I abdica do trono em nome de seu filho, Pedro, então uma criança. Pág. 102
Gonçalves de Magalhães lança Suspiros Poéticos e Saudades, marco do romantismo no Brasil. O movimento desenvolve uma linguagem própria nacional e aborda temas ligados à natureza e às questões políticosociais.
O Parlamento britânico aprova a Bill Aberdeen, lei que dá à Marinha inglesa o direito de prender navios negreiros no Atlântico. A partir daí, o tráfico de escravos para o Brasil cai significativamente. Pág. 93
1831
[1]
1822 Após proclamar a independência do Brasil, dom Pedro I é coroado imperador, dando início ao Primeiro Reinado. Pág. 102
Após a abdicação de dom Pedro I, um grupo de líderes políticos assume interinamente o governo do país. É o período das Regências. Pág. 103
1830
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1824 As províncias do Nordeste revoltamse contra o poder imperial, formando a Confederação do Equador. Pág. 102
N E V 1824
Dom Pedro I outorga a primeira Constituição brasileira. Pág. 102
Começa a Guerra da Cisplatina, que acaba em 1828, com a independência do Uruguai, que fora anexado pelo Brasil como província Cisplatina em 1821. Pág. 102
1835
1850
1837
O médico Francisco Sabino lidera uma revolta separatista na Bahia, a Sabinada. Pág. 104
1831
Cumprindo acordos firmados com a Inglaterra, o governo brasileiro declara suspenso o tráfico negreiro. Mas a entrada de escravos africanos permanece em grande escala. É o trabalho forçado que garante os bons preços no mercado externo do café – principal produto da economia na época.
[3]
1840
No Sul, tem início a maior rebelião ocorrida durante o período regencial, a Revolta dos Farrapos. Pág. 104
1835
1838
Um levante popular contra o governo regencial no Pará fica conhecido como Cabanagem. Pág. 104
No Maranhão, irrompe a Balaiada. Pág. 104
Aos 14 anos, dom Pedro II é declarado maior de idade e começa a reinar. Tem início o Segundo Reinado. Pág. 105
1835 Um grupo de malês – nome pelo qual eram conhecidos os negros muçulmanos – rebelase em Salvador. É a Revolta dos Malês. Ex-escravos que conseguiram comprar a liberdade, os revoltosos reclamam que continuam marginalizados e sofrem opressão tanto pela cor quanto pela religião. O levante é violentamente reprimido.
[2]
108 GE HISTÓRIA 2018
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Um ano depois de o Ato Adicional de 1834 substituir a Regência Trina pela Regência Una, o ex-ministro da Justiça Diogo Feijó assume como regente. Pág. 104
1835
A D I B I O 1848
Em Pernambuco, tem início a Revolta Praieira. Pág. 105
1840
1825
É instituído no país o “parlamentarismo às avessas”, em que o imperador permanece com grande poder: é ele quem nomeia o gabinete e pode dissolver o Executivo e a Câmara. Pág. 105
1850 O tráfico de escravos é definitivamente extinto no país com a Lei Eusébio de Queiroz. Aos poucos, trabalhadores assalariados passam a substituir os escravos, principalmente nas fazendas de café. Pág. 93
1883
1872 A Questão Religiosa, choque entre a Igreja Católica e o governo monárquico, leva o clero brasileiro a apoiar a República, enfraquecendo o regime imperial. Pág. 106
Uma série de conflitos entre o governo imperial e o Exército – a Questão Militar – abala ainda mais a monarquia. Pág. 106
A D I B I O [5]
1888
Em 13 de maio, a princesa Isabel assina a Lei Áurea (pág. 93), que extingue a escravidão no Brasil. A abolição desagrada aos fazendeiros, que exigem indenização pela perda de propriedade. Sem conseguir, aderem ao movimento republicano como forma de pressão. O Império perde sua última base de sustentação política. Pág. 107
[4]
1864 Pretensões territoriais e interesses econômicos levam à Guerra do Paraguai, o maior conflito da história da América do Sul. Pág. 105
1860
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1870
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N E V
1870
1871
No Rio de Janeiro, fazendeiros, políticos, jornalistas e intelectuais lançam o Manifesto Republicano, defendendo um regime presidencialista, representativo e federativo.
É promulgada a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre. Ela dá liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir da data da assinatura, mas os mantém sob a tutela de seus senhores até os 21 anos. Pág. 93
1854
1870
O empresário gaúcho Irineu Evangelista de Souza, o visconde de Mauá, inaugura a primeira ferrovia brasileira, entre Petrópolis e o Rio de Janeiro. Pág. 107
O maestro paulista Carlos Gomes ganha projeção internacional ao apresentar no Teatro Scala de Milão, na Itália, sua ópera O Guarani.
[6]
[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [9] REPRODUÇÃO [8] INSTITUTO MOREIRA SALLES
1880
11880
1885
[7]
Políticos e intelectuais como Joaquim Nabuco (na foto) e José do Patrocínio criam no Rio de Janeiro a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, que estimula a formação de dezenas de agremiações similares pelo país. Pág. 93
É criada a Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 60 anos mediante compensações aos proprietários. Pág. 93
1889 É proclamada a República, pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca. Pág. 107
[8]
1881 Um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, Machado de Assis lança Memórias Póstumas de Brás Cubas, marco no país do realismo, movimento que se caracteriza por uma abordagem objetiva da realidade.
[9]
GE HISTÓRIA 2018
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COMO CAI NA PROVA
1. (ESPM 2015) A revolta começou a partir de uma série de dispu-
tas entre grupos da elite local. A instabilidade política provocou a falta de confiança nas autoridades. As rivalidades acabaram resultando em uma revolta popular. Ela se concentrou no sul do Maranhão, onde atuavam grupos armados chefiados pelo vaqueiro Raimundo Gomes Vieira Jutaí, o Cara Preta, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, artesão que fazia cestos, e o preto Cosme, ex-escravo que liderava três mil escravos fugidos. Hélio Viana. História do Brasil
O texto apresentado no enunciado deve ser relacionado a uma revolta ocorrida no Brasil durante o Período Regencial (1831-1840). Assinale a alternativa que apresente essa revolta: a) Sabinada; b) Cabanagem; c) Farroupilha; d) Praieira; e) Balaiada. RESOLUÇÃO
A crise do algodão, principal produto do Maranhão, teve consequências para vários grupos sociais e econômicos. Os privilégios das elites e as disputas entre liberais e conservadores levaram à reação popular, dando início a uma série de movimentos, dos quais participaram vaqueiros, artesãos, escravos e negros libertos. Podemos dizer que a Balaiada foi mais do que uma rebelião, pois representou uma série de revoltas realizadas pelos diferentes grupos que se aproveitaram do início da crise para se manifestarem. Resposta: E
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N E V 2. (ENEM 2015)
RESOLUÇÃO
As ilustrações de dom Pedro II apresentadas no enunciado desta questão tentam passar a imagem de um imperador equilibrado, maduro e seguro, apesar da pouca idade – no início dos anos 1850, quando estas imagens foram produzidas, ele teria menos de 30 anos. Essse período é imediatamente posterior a uma fase conturbada na política interna brasileira, com a instituição do parlamentarismo às avessas, para acomodar os interesses políticos divergentes, e o fim da Revolta Praieira, que eclodiu em Pernambuco, no fim da década de 1840. Dessa forma, as imagens procuram mostrar à sociedade brasileira que dom Pedro II era um governante responsável e respeitador das leis, tentando, ainda, apagar a impressão de aventureiro construída por seu pai, dom Pedro I, durante seu breve reinado. Resposta: B
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3. (UNESP 2015) Não há dúvida de que os republicanos de São Pau-
lo e do Rio de Janeiro representavam preocupações totalmente distintas. Enquanto os republicanos da capital, ou melhor, os que assinaram o Manifesto de 1870, refletiam as preocupações de intelectuais e profissionais liberais urbanos, os paulistas refletiam preocupações de setores cafeicultores de sua província. [...] A principal preocupação dos paulistas não era o governo representativo ou direitos individuais, mas simplesmente a federação, isto é, a autonomia estadual.
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José Murilo de Carvalho. A Construção da Ordem, m 1980.
As diferenças entre os republicanos de São Paulo e do Rio de Janeiro, nas décadas de 1870 e 1880, podem ser explicadas, entre outros fatores, a) pelo interesse dos paulistas em reduzir a interferência do governo central nos seus assuntos econômicos e em concentrar, na própria província, a maior parte dos recursos obtidos com exportação. b) pela disposição dos intelectuais da capital de assumir o controle pleno da administração política nacional e de eliminar a hegemonia econômica dos cafeicultores e comerciantes de São Paulo. c) pela ausência de projetos políticos nacionais comuns aos representantes de São Paulo e do Rio de Janeiro e pela defesa pragmática dos interesses econômicos das respectivas províncias. d) pelo esforço dos paulistas em eliminar as disparidades regionais e em aprofundar a unidade do país em torno de um projeto de desenvolvimento econômico nacional. e) pela presença dos principais teóricos ingleses e franceses do liberalismo no Rio de Janeiro e por sua influência junto à intelectualidade local e ao governo monárquico. RESOLUÇÃO
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável. b) imperador adulto que governaria segundo as leis. c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares. d) soberano religioso que acataria a autoridade papal. e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
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O texto apresentado no enunciado da questão faz referência às divergências entre os projetos republicanos de paulistas e fluminenses. O domínio econômico dos cafeicultores de São Paulo, agregados no Partido Republicano Paulista, levou o grupo a desejar, como modelo a ser adotado após a proclamação da República, o federalismo. Dessa forma, São Paulo teria uma autonomia plena, o que reduziria a interferência do governo central em seus assuntos. O principal objetivo era concentrar na própria província os lucros obtidos com as exportações de café. Resposta: A
RESUMO
4.
(UNESP 2016) O fato de ser a única monarquia na América levou os governantes do Império a apontarem o Brasil como um solitário no continente, cercado de potenciais inimigos. Temia-se o surgimento de uma grande república liderada por Buenos Aires, que poderia vir a ser um centro de atração sobre o problemático Rio Grande do Sul e o isolado Mato Grosso. Para o Império, a melhor garantia de que a Argentina não se tornaria uma ameaça concreta estava no fato de Paraguai e Uruguai serem países independentes, com governos livres da influência argentina. Francisco Doratioto. A Guerra do Paraguai, 1991.
Segundo o texto, uma das preocupações da política externa brasileira para a região do Rio da Prata, durante o Segundo Reinado, era a) estimular a participação militar da Argentina na Tríplice Aliança. b) limitar a influência argentina e preservar a divisão política na área. c) facilitar a penetração e a influência política britânicas na área. d) impedir a autonomia política e o desenvolvimento econômico do Paraguai. e) integrar a economia brasileira às economias paraguaia e uruguaia.
Disputas pelo controle sobre a região da Bacia do Rio Prata ocorriam desde o século XVII entre Portugal e Espanha. Após a concretização dos movimentos de independência das colônias ibéricas, as nações surgidas herdaram o interesse pela região e as disputas por seu controle. Entre as maiores preocupações do governo imperial brasileiro, estava a possibilidade de a Argentina se tornar uma grande potência e ameaçar seus interesses na região. O agravamento das disputas na região culminou com a eclosão da Guerra do Paraguai. Vale ressaltar que, apesar das rivalidades históricas, Brasil e Argentina acabaram se unindo contra as pretensões expansionistas do Paraguai, que contrariava seus interesses na região. Resposta: B
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Veja no mapa as mudanças nas fronteiras do Paraguai após o fim da guerra. Veja como o país perdeu territórios para o Brasil e a Argentina, apesar de conquistar uma área que pertencia à Bolívia, ao norte. Fronteira antes da guerra
ESCALA
Território perdido 0
500 km
BOLÍVIA
BRASIL PARAGUAI Assunção
O AT CEA LÂ NO NT ICO
ARGENTINA
URUGUAI
PRIMEIRO REINADO O Primeiro Reinado estendeu-se da concretização da independência, em 1822, à abdicação de dom Pedro I, em 1831. Foi um período marcado pela instabilidade política e econômica. Centralizador, dom Pedro I outorgou uma nova Constituição, em 1824, que lhe conferia amplos poderes. Revoltas populares, crise econômica, envolvimento na questão sucessória de Portugal e a derrota na Guerra da Cisplatina (que levou à independência do Uruguai, anexado anos antes pelo Brasil) fragilizaram dom Pedro I. O monarca acabou abdicando em nome do filho, Pedro II.
A D I B I O
REGÊNCIAS Dom Pedro II não pôde assumir o trono, pois só tinha 5 anos quando seu pai renunciou. Instituíram-se, então, governos provisórios, as regências. Esse período é dividido, tradicionalmente, em duas fases. Na Avanço Liberal, o Partido Moderado efetivou medidas progressistas, como a criação das Assembleias Legislativas Provinciais. Durante o Regresso Conservador, o Partido Regressista tentou implantar um governo forte e centralizador. Em 1840, com o Golpe da Maioridade, dom Pedro II foi coroado imperador, com apenas 14 anos.
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RESOLUÇÃO
SAIBA MAIS
Brasil Império
SEGUNDO REINADO Dom Pedro II foi o mais longevo mandatário brasileiro: ficou 49 anos no poder. Seu reinado foi marcado pelo fortalecimento da economia, graças à produção cafeeira, e por relativa tranquilidade na política interna. Em 1847, foi adotado o parlamentarismo, para acalmar os ânimos dos partidos Liberal e Conservador. No entanto, o sistema implementado no Brasil apresentava diferenças em relação às monarquias parlamentaristas clássicas. Nelas, o rei tinha uma atuação limitada; aqui no Brasil, cabia ao imperador a nomeação do primeiro-ministro.
SEGUNDO REINADO – POLÍTICA EXTERNA No plano internacional, incidentes envolvendo cidadãos e interesses britânicos no Brasil abalaram as relações com a Inglaterra, levando ao rompimento entre os dois países (a Questão Christie). O Brasil também se envolveu em guerras contra seus vizinhos continentais, interferindo nas questões internas de Uruguai e Argentina para preservar seus interesses. A Guerra do Paraguai deixou o país endividado com a Inglaterra, da qual comprou armas e equipamentos, e promoveu o fortalecimento do Exército, contribuindo para o processo de crise do Império. CRISE DO SEGUNDO REINADO A queda da monarquia resultou da ruptura do regime com três importantes setores sociais: a Igreja, o Exército e a aristocracia escravagista. O clero revoltouse por causa da submissão da Igreja ao Estado, em vigor desde 1824; os militares passaram a defender ideais republicanos; e a aristocracia escravocrata ressentiu-se com os prejuízos decorrentes da abolição da escravidão. Os republicanos viram nesse cenário a chance de proclamarem a República, o que foi feito em 15 de novembro de 1889.
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BR ASIL R EP Ú BLIC A CONTEÚDO DESTE CAPÍTULO
� República da Espada ....................................................................................114 � República Oligárquica ..................................................................................115 � Primeiro governo Vargas.............................................................................118 � República Democrática................................................................................120 � Ditadura Militar .............................................................................................123 � Nova República...............................................................................................126 � Linha do tempo ..............................................................................................128 � Como cai na prova + Resumo .....................................................................130
Uma nova ruptura institucional
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O impeachment de Dilma Rousseff é mais um episódio na República brasileira em que os presidentes tiveram o mandato interrompido antes do final
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pós um desgastante processo que durou nove meses, o plenário do Senado ficou encarregado da decisão final sobre o impeachment de Dilma Rousseff, em 30 de agosto de 2016. Por 61 votos a 20, a primeira mulher a ser eleita presidente do Brasil foi destituída do cargo. Poucas horas depois, o vice Michel Temer assumia a Presidência em caráter definitivo. Na denúncia que desencadeou o processo de impeachment de Dilma por crime de responsabilidade, estavam duas ações de sua gestão: as chamadas “pedaladas fiscais”, uma manobra para simular um saldo positivo nas contas do governo, que gerou atrasos nos repasses de recursos para os bancos públicos; e os decretos para abrir créditos suplementares, que teria levado o governo a gastar mais do que o previsto no orçamento federal. A defesa de Dilma rebateu as acusações, dizendo que as medidas não foram ilegais, e sustentou que as acusações não tinham fundamentos jurídicos consistentes, o que caracterizaria um golpe à democracia. As duas narrativas, que confrontavam o crime de responsabilidade e a tese do golpe, polarizaram a sociedade brasileira como raramente se viu na história recente do país. Como pano de fundo, a grave crise econômica abalava a popularidade de Dilma. O cenário político tampouco era mais
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favorável: Dilma havia perdido o apoio da base parlamentar e enfrentava a ferrenha oposição do PSDB e de setores da imprensa e da sociedade civil. Para piorar, os avanços da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras, mancharam a administração federal. Os congressistas que votaram no processo de impeachment foram contaminados por essa conjuntura em que mais pesaram os aspectos econômicos e políticos do que propriamente as implicações jurídicas da denúncia contra Dilma. Agora sob a presidência de Temer, o Brasil tenta superar uma das mais graves crises institucionais de sua história, com a sociedade dividida e um governo que ainda busca legitimidade. As rupturas institucionais são sempre traumáticas para um país, ainda mais em se tratando de uma democracia jovem como o Brasil, que apenas retomou as eleições presidenciais diretas em 1989. Neste capítu- SAÍDA PRECOCE lo, você confere outros Funcionário do Palácio do momentos em que os Planalto retira o retrato presidentes não con- de Dilma Rousseff após cluíram seus mandatos, a votação no Senado além dos demais fatos que cassou seu mandato relevantes do período presidencial, em 30 de republicano no país. agosto de 2016
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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BRASIL REPÚBLICA REPÚBLICA DA ESPADA MAGNA CARTA Assembleia reunida para redigir a primeira Constituição da República, que instituiu a divisão dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário
Com mão de ferro O início da República foi marcado por governos militares autoritários e centralizadores que enfrentaram a oposição de setores da sociedade civil, das oligarquias e dos monarquistas
Governo Floriano Peixoto (1891-1894)
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os primeiros cinco anos da República, de 1889 a 1894, o Brasil foi governado por militares. O Exército era favorável a um regime centralizador e com reformas que favoreciam as nascentes classes médias urbanas e os setores industriais. As oligarquias, entretanto, preferiam uma república federativa descentralizada alinhada com seus interesses econômicos.
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Governo Provisório (1889-1891)
Com o fim da monarquia foi implantado um Governo Provisório, presidido pelo marechal Deodoro da Fonseca. Suas primeiras medidas foram a extinção do Conselho de Estado, a nomeação de interventores estatais, a expulsão da família real, a separação entre Igreja e Estado e a naturalização de todos os estrangeiros que viviam no país. No plano econômico, o ministro da Fazenda, Rui Barbosa, adotou uma política de expansão monetária e do crédito visando a dinamizar a economia e impulsionar os novos negócios. Boa parte do crédito, contudo, foi investida em empresas fantasmas e no consumo. O resultado foi uma onda de especulação na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, conhecida como encilhamento, e a elevação dos preços. Desgastado pelos efeitos da política emissionista, Rui Barbosa renunciou em 1891. O período também marca a promulgação, em 1891, da segunda Constituição brasileira. Inspirada na dos Estados Unidos, a nova Carta definia o Bra-
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sil como uma República Federativa (Estados Unidos do Brasil), presidencialista e com voto aberto limitado aos homens alfabetizados. Estabelecia também a divisão em três poderes: Executivo, exercido pelo presidente eleito por voto direto para um mandato de quatro anos; Legislativo, formado pelo Congresso Nacional (Câmara e Senado) e eleito pelo povo; e Judiciário, exercido pelos juízes federais sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal.
Governo Deodoro da Fonseca (1891)
Depois da aprovação da Constituição, Deodoro foi eleito indiretamente presidente do Brasil – de acordo com a nova lei, deputados e senadores do Congresso Nacional escolheriam o primeiro governante. No curto período em que ocupou o cargo, Deodoro enfrentou dura oposição parlamentar, que tentou silenciar, em 1891, fechando o Congresso e determinando estado de sítio. O golpe enfrentou a resistência do próprio Exército, chefiado pelo vice-presidente, o marechal Floriano Peixoto. Deodoro acabou renunciando ao cargo.
[1]
Ao assumir a Presidência, Floriano Peixoto reabriu o Congresso e suspendeu o estado de sítio. Ele governou com mão de ferro e impôs uma política centralizadora, que priorizava um Executivo forte. Usou o apoio popular para radicalizar a luta contra os setores monarquistas, acusados de conspirar contra o novo regime. No âmbito econômico e social, implementou reformas que favoreceram a nova burguesia e as classes média e baixa. Ele lançou uma política de protecionismo alfandegário, de empréstimos às indústrias e baixou o preço do peixe e da carne. Apesar de ter conquistado o apoio de muitos setores da sociedade, o presidente precisou enfrentar uma polêmica sobre a legalidade da sua permanência no poder e teve de lidar com rebeliões e protestos até o fim de seu mandato, em 1894. Em setembro de 1893, alguns comandantes da Marinha exigiram o afastamento de Floriano Peixoto do poder. A Revolta da Armada conseguiu pouco apoio no Rio de Janeiro e foi rapidamente reprimida. Sem chances de vitória, os oficiais revoltosos dirigiram-se ao Sul e tentaram articular-se com os federalistas gaúchos para tirar o presidente do poder. No Rio Grande do Sul, a disputa de poder entre os federalistas (maragatos), representantes da velha elite do Partido Liberal do Império, e os republicanos históricos (pica-paus) do Partido Republicano Rio-Grandense descambou para uma guerra civil. Floriano Peixoto recusou o pedido dos maragatos de intervenção federal no estado e apoiou os pica-paus. Os maragatos reagiram e, em janeiro de 1893, teve início a Revolta Federalista, que se espalhou para Santa Catarina e Paraná. O confronto foi violentamente reprimido pelas forças oficiais.
BRASIL REPÚBLICA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
Poderosos oligarcas Após o breve comando militar no ínicio do período republicano, o Brasil passou a ser controlado pelas oligarquias de Minas Gerais e São Paulo
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ntre 1894 e 1930, o Brasil esteve sob o comando de setores das oligarquias paulista e mineira, que controlaram eleições, fizeram presidentes e dominaram o país. Esses grupos controlavam as principais questões políticas do país com o apoio de outras oligarquias estaduais.
Campos Salles (1898-1902)
Para garantir o domínio das oligarquias, o presidente seguinte, o paulista Campos Salles, montou o esquema conhecido como política dos governadores: o presidente dava suporte aos candidatos oficiais nas eleições estaduais, e os governadores, por sua vez, apoiavam o indicado do governo nas eleições presidenciais. O plano contava com a autoritária prática do coronelismo, por meio da qual os coronéis usavam seu poder sobre o eleitorado regional. Cada coronel controlava o próprio “curral eleitoral”, garantindo os votos dos eleitores para os candidatos por ele indicados. Além disso, o governo mantinha o controle da Comissão de Verificação de Poderes do Congresso Nacional, responsável pelos resultados eleitorais e pela diplomação dos eleitos. Organizava-se, assim, a fraude eleitoral.
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República do Café com Leite
A denominação República do Café com Leite é feita em alusão à aliança que garantia o controle político para os estados de Minas Gerais (grande produtor de leite) e São Paulo (líder cafeeiro). Por meio dessa política, instalada para garantir os interesses de suas oligarquias regionais, os dois estados mais ricos e populosos do Brasil – reunidos nos partidos Republicano Paulista (PRP) e Republicano Mineiro (PRM) – escolhiam um candidato único às eleições presidenciais. Dessa forma, mineiros e paulistas dominaram o país e ditaram os rumos da nação.
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Prudente de Morais (1894-1898)
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SENHORES DA TERRA Prudente de Morais (ao centro) foi o primeiro presidente civil do Brasil
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Rodrigues Alves (1902-1906)
Em 1902 foi eleito o paulista Rodrigues Alves. O novo presidente adotou uma política de valorização do café, batizada de socialização das perdas: sempre que o preço do produto caía no mercado internacional, o governo reduzia a taxa cambial, desvalorizando a moeda e aumentando, assim, o lucro
As eleições de 1894 fizeram do paulista Prudente de Morais o primeiro presidente civil do Brasil. Ele procurou conter a oposição militar e restaurar as finanças, mas enfrentou muitas crises. Dois anos após sua posse, estourou a Guerra de O QUE ISSO TEM A VER COM PORTUGUÊS Canudos (veja o boxe na pág. seguinte). A Ao cobrir a Guerra de Canudos para o situação econômica também não melho- jornal O Estado de S. Paulo, o escritor Euclydes da Cunha produziu a obra-prima rou, e a moeda brasileira quase perdeu o Os Sertões, considerada o marco inicial do valor. Apesar disso, Prudente de Morais pré-modernismo. Saiba mais no GUIA DO elegeu seu sucessor. ESTUDANTE PORTUGUÊS. [1] REPRODUÇÃO/MUSEU DA REPÚBLICA [2] ACERVO DO DR. MODESTO CARVALHOSA
dos cafeicultores. Essa desvalorização provocava mais inflação e aumentava o custo de vida da população, que pagava caro para beneficiar a classe dominante. Amparados por essa política benevolente, os fazendeiros elevaram demasiadamente a produção cafeeira, causando uma crise de superprodução. Para tentar valorizar o produto, foi criado, em 1906, o Convênio de Taubaté – acordo entre os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro para comprar o excedente estocado. Em troca, os barões do café evitariam futuras superproduções. Apesar de ser cafeicultor paulista, o presidente não reconheceu o convênio, e suas políticas só foram implantadas no governo seguinte. Ainda no plano econômico, Rodrigues Alves investiu na realização de obras públicas. Com o auxílio do prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, modernizou a capital federal, que, naquele momento, era uma cidade suja, com focos de ratos e mosquitos transmissores de doenças. A falta de saneamento básico no Rio de Janeiro deixava os moradores vulneráveis a epidemias de febre amarela, varíola e outras doenças. Coube ao governo realizar o alargamento de ruas, o saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas e o acerto do serviço de limpeza pública. Uma reforma sanitária foi conduzida pelo prefeito e pelo cientista Osvaldo Cruz, chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública. Mas a tensão foi imediata quando, em 1904, o governo impôs a vacinação à população. Na raiz GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL REPÚBLICA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA LUTA MESSIÂNICA Sob a liderança de Antônio Conselheiro, milhares de camponeses combateram na Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897
da chamada Revolta da Vacina estava a reurbanização do centro da cidade, que removeu parte da população à força dos cortiços e morros centrais para bairros distantes. O descontentamento fez da cidade um campo de batalha. A oposição militar aproveitou-se da situação para tentar depor o presidente. Mas a revolta foi sufocada, deixando centenas de mortos de ambos os lados.
Afonso Pena (1906-1909)
O paulista Rodrigues Alves foi sucedido pelo mineiro Afonso Pena, que pôs em prática as decisões do Convênio de Taubaté. Promoveu a construção de estradas de ferro e portos e ampliou a colonização do interior brasileiro. Em 1907 expandiu a rede de comunicações do país ao ligar a Amazônia ao Rio de Janeiro por meio do telégrafo. Na sucessão de Afonso Pena, porém, ocorreu um cisma na aliança entre mineiros e paulistas: o nome indicado pelos paulistas não foi aceito pela maioria do Partido Republicano Mineiro, e o desacordo fez com que os mineiros se aliassem aos gaúchos na escolha do marechal Hermes da Fonseca. Os paulistas, por sua vez, uniram-se aos baianos para lançar a candidatura de Rui Barbosa. O esforço de Rui Barbosa ganhou o nome de Campanha Civilista, por opor um civil a um militar. À época das eleições, o governo já era ocupado pelo fluminense Nilo Peçanha, vice de Afonso Pena, que assumira em 1909, com a morte do presidente. O triunfo de Hermes da Fonseca, em 1910, representou a vitória da situação.
SAIBA MAIS
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CANUDOS E CONTESTADO: A FÉ EM ARMAS
Os movimentos de Canudos e do Contestado foram bem diferentes, apesar do caráter messiânico de ambos. O primeiro ocorreu em 1896, no sertão da Bahia. Sob a liderança do pregador Antônio Conselheiro, milhares de pessoas juntaram-se no Arraial de Canudos. Conselheiro proclamava o início de uma nova era e convocava os fiéis a combater a República. Fazia duras críticas à Igreja Católica, além de recusar o pagamento de impostos. Canudos, com cerca de 20 mil moradores, começou a ser visto não só como “arraial de fanáticos”, mas também como reduto de rebeldes monarquistas, apesar de seu líder não defendê-la. Em 1897, o povoado foi destruído por tropas federais, deixando milhares de mortos. Já o Contestado ocorreu em Santa Catarina, entre 1912 e 1916. O beato José Maria aglutinou milhares de camponeses no Contestado, região de Santa Catarina na divisa com o Paraná. Uma enorme massa de desempregados engrossava o rol dos aflitos: eram trabalhadores da Brazil Railway Company, contratados em cidades como Salvador para a construção de uma estrada de ferro na região e, após concluído o trabalho, demitidos e largados à própria sorte. Nos primeiros combates com as tropas estaduais, José Maria foi morto. Os fiéis resistiram, mas o Exército decidiu o conflito, com milhares de revoltosos mortos.
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Hermes da Fonseca (1910-1914)
Hermes da Fonseca buscou recuperar para os militares a influência antes exercida na esfera pública. Com esse objetivo, pôs em prática a política das salvações, que derrubou as velhas oligarquias estaduais do Nordeste por meio de intervenções militares e colocou no poder grupos mais afinados com o presidente.
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A D I B I O [1]
CANUDOS
O CONTESTADO
Veja a dimensão do movimento de Antônio Conselheiro
Entenda a pendenga no sul do país
Área de influência de Antônio Conselheiro (1893-1897)
PARANÁ Rio Iguaçu
São Luís Fortaleza
MARANHÃO CEARÁ
Teresina
PIAUÍ
RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA
Natal João Pessoa Recife
Cabrobó PERNAMBUCO Petrolina Canudos Maceió Juazeiro ALAGOAS Monte Santo Jerembabo SERGIPE Jacobina Aracaju
BAHIA
Salvador
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 40
Curitiba União da Vitória Curitibanos
Campos Novos
São Francisco do Sul
SANTA CATARINA
RIO GRANDE DO SUL
Lages
Região da Guerra do Contestado Área do Paraná pretendida por Santa Catarina
Florianópolis
Oceano Atlântico
Área de Santa Catarina pretendida pelo Paraná Ferrovia Fonte: Alfredo Boulos Júnior, História: Sociedade & Cidadania – 8ª série, 1 ed., FTD, pág. 109
Várias rebeliões ocorreram no seu governo. A Revolta da Chibata, também conhecida como Revolta dos Marinheiros, ocorreu no Rio de Janeiro, em 1910. Os rebelados queriam o fim dos castigos corporais aplicados por oficiais brancos em marujos negros, a redução da jornada de trabalho e a concessão de anistia. Liderados pelo gaúcho João Cândido, assumiram o controle de navios da Marinha de Guerra, ancoradas na Baía de Guanabara. O presidente prometeu, inicialmente, atender às reivindicações, mas acabou prendendo e deportando muitos deles. Já a Revolta de Juazeiro foi consequência da política das salvações, que, no Ceará, opôs oligarquias locais ao governo federal, em 1911. Para retirar o poder da família Acioli, o presidente indicou um novo governador, Marcos Franco Rabelo. Os coronéis, apoiados pelo padre Cícero, então prefeito de Juazeiro do Norte, reagiram armando centenas de sertanejos e enviando-os à capital, onde foram contidos pelas forças federais. Rabelo renunciou, e Hermes da Fonseca nomeou um novo interventor, o general Setembrino de Carvalho. No fim do mandato de Hermes da Fonseca ainda estouraria a Guerra do Contestado (veja o boxe na pág. ao lado).
Veja onde ocorreram os movimentos dos jovens oficiais e a revolta que derrubou a República do Café com Leite
RR
N E V
Passado o mandato de Fonseca, o mineiro Venceslau Brás foi eleito presidente em 1914. É durante seu governo que o Brasil toma parte na I Guerra Mundial. Nesse contexto do conflito global, a atividade industrial crescia no país, formando, um contingente expressivo de operários nos grandes centros. Em 1917, influenciados pela Revolução Russa, os trabalhadores do bairro paulistano da Mooca formaram um movimento que se espalhou por todo o país. Foi organizada uma greve nacional por aumento salarial, jornadas de oito horas e abolição do trabalho noturno para mulheres e menores. Após intensos confrontos, a classe patronal concordou em negociar, pondo fim à mobilização.
Tenentismo
O paulista Rodrigues Alves foi eleito para suceder Venceslau Brás, mas morreu antes de assumir o cargo. Seu vice, o mineiro Delfim Moreira, governou por um ano até convocar novas eleições, em [1] FLÁVIO DE BARROS/WIKIMEDIA
AP
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PARAGUAI
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BOLíVIA
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RN PB PE AL SE
SP RJ SC RS
Rio de Janeiro
São Paulo Oceano Atlântico
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para união à Coluna Prestes
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3ed., Ática, pág. 40
1919. No novo pleito, venceu o paraibano Epitácio Pessoa, candidato apoiado pelo PRM e pelo PRP, que governou de 1919 a 1922. Seu sucessor foi o mineiro Artur Bernardes (1922 a 1926), que não conseguiu obter a unanimidade de paulistas e mineiros. Bernardes também despertou uma oposição militar, principalmente da ala jovem do Exército. Descontentes diante das instituições fraudulentas da República, os oficiais formaram um movimento armado para derrubar o governo – o Tenentismo. Contavam com o apoio de oligarquias dissidentes e de parte da classe média e defendiam o voto secreto, o combate à corrupção e um governo central forte. Em 1922, os tenentistas tomaram o Forte de Copacabana, mas a revolta foi sufocada e a maioria dos líderes, morta. O auge do movimento tenentista ocorreu após uma tentativa frustrada de tomar a cidade de São Paulo em 1924, que ficou conhecida como Revolução Paulista. Derrotados, os oficiais fugiram para o interior e, unidos com rebeldes paranaenses e gaúchos, lutaram
Revolução de 1930
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MG ES
MS PR
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Venceslau Brás (1914-1918)
sob a liderança de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes. Buscando conquistar a adesão popular, a Coluna Prestes – também conhecida como Coluna PrestesMiguel Costa – marchou por 25 mil quilômetros de sul a norte do país, mas seu esforço foi em vão. Em 1927, embora não tenham perdido uma única batalha, cansados e sem o apoio popular, os rebeldes refugiaram-se na Bolívia. Em 1926 foi eleito o paulista Washington Luís. Durante seu governo, ele enfrentou o endividamento interno e externo do país, a retração das exportações e, a partir de 1929, os problemas provocados pela crise econômica mundial com a quebra da Bolsa de Nova York (veja a matéria na pág. 70). Na verdade, era o auge de toda uma década de crise, com a falência do Convênio de Taubaté e a ascensão da classe média e dos movimentos operário e tenentista formando uma oposição importante ao governo, com demandas por maior liberdade, modernização e democracia. Para sua sucessão, para defender os interesses da cafeicultura, Washington Luís lançou como candidato o governador de São Paulo, Júlio Prestes, do PRP. Ao indicar outro paulista, rompeu com a política do café com leite. Em represália, o PRM foi para a oposição e, com o apoio do Rio Grande do Sul e da Paraíba, compôs a Aliança Liberal. O gaúcho Getúlio Vargas seria candidato a presidente e o paraibano João Pessoa, a vice. O programa da Aliança Liberal continha reivindicações democráticas, como a defesa do voto secreto e da Justiça Eleitoral. Mas, em 1930, a chapa de Júlio Prestes venceu a eleição. A princípio, a oposição aceitou o resultado. Mas quando João Pessoa foi assassinado, em crime passional, os aliancistas atribuíram motivos políticos ao crime, deflagrando uma rebelião político-militar. Articulada entre o Sul e o Nordeste, e liderada por Getúlio Vargas, a Revolução de 1930 tomou o poder, pondo fim à República Velha. PARA IR ALÉM Na HQ A Luta contra Canudos, os desenhos de Jozz e Akira Sanoki captam a essência da pobreza do interior da Bahia no fim do século XIX, enquanto o roteiro de Esteves utiliza uma linguagem interiorana carregada, típica da região. GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL REPÚBLICA PRIMEIRO GOVERNO VARGAS
EMERGE O LÍDER Getúlio Vargas (ao centro) celebra a vitória na Revolução de 1930, movimento que lhe garantiu a tomada da Presidência do Brasil
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[1]
Carisma e poder
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Em seu primeiro período à frente do governo, Getúlio impulsionou o desenvolvimento do país e implementou ganhos sociais. Mas também criou o autoritário Estado Novo
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epois de liderar a revolução que pôs fim à República Velha, em 1930, Getúlio Vargas assumiu o governo e conduziu o país durante um período caracterizado pelo desenvolvimento industrial e pela ampliação das leis trabalhistas. Seu governo, que durou até 1945, foi marcado ainda pelo Estado Novo, período de forte autoritarismo, calcado na personificação quase mítica da figura do presidente, que ficou conhecido como o “pai dos pobres”.
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Governo Provisório (1930-1934)
Uma das primeiras medidas de Getúlio ao assumir o poder foi nomear interventores para ocupar o lugar dos governadores nos estados. Na maior parte, esses cargos foram preenchidos pelos tenentes, que defendiam um Estado forte e centralizado. A indicação de um tenente oriundo do Nordeste como interventor em São Paulo, associada à indefinição do prazo para realização de eleições para a Constituinte, acirrou a oposição da oligarquia paulista contra Getúlio Vargas. Numa das manifestações contra o governo patrocinada
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por esses opositores, quatro estudantes (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) foram mortos pelas forças oficiais. Esse acontecimento, em maio de 1932, catalisou a oposição contra o governo em São Paulo e deu início, em 9 de julho, à denominada Revolução Constitucionalista de 1932. O movimento ganhou as ruas da capital e de cidades do interior paulista e contou com o apoio de industriais, estudantes, intelectuais e políticos ligados à Velha República. A luta, porém, acabou restrita a São Paulo, já que mineiros e gaúchos não efetivaram o prometido apoio. Os revoltosos acabaram derrotados. A Revolução Constitucionalista foi sufocada, deixando um saldo de 633 paulistas mortos. A tentativa da oligarquia paulista de depor Vargas e voltar ao poder, sob o pretexto da reconstitucionalização do país, havia fracassado.
Governo Constitucional (1934-1937)
Em 1934, foi promulgada a nova Constituição, de caráter liberal. Estabelecia o princípio federativo, mas a União passava a ter maior influência na esfera
econômica e na social. As riquezas do subsolo e as quedas-d’água foram nacionalizadas, assim como os bancos e as seguradoras. A Carta Magna instituía importantes mecanismos de proteção ao trabalhador, como a Justiça do Trabalho, o salário mínimo, a jornada de oito horas, férias remuneradas e o descanso semanal. Por fim, o texto – que também criava a Justiça Eleitoral – estabelecia que o primeiro pleito presidencial após sua aprovação se daria de forma indireta, pelos membros da Assembleia Constituinte. Foi assim que, em 17 de julho de 1934, Getúlio foi eleito presidente da República por 175 votos a 71. A calmaria com a promulgação da nova Constituição e a eleição do presidente, entretanto, não duraria muito. À época, em território brasileiro se reproduzia um quadro europeu de radicalização e polarização política entre grupos de esquerda e de direita, com o crescimento de partidos nazifascistas e comunistas. No Brasil, essa politização se manifestou principalmente por meio de duas instituições opostas: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL). De cunho fascista, a AIB foi criada em 1932, por Plínio Salgado. Era composta de setores mais reacionários e anticomunistas da sociedade. Já a ANL, fundada em 1935, era formada sobretudo por intelectuais liberais nacionalistas, sindicalistas e membros do Partido Comunista, sob a liderança de Luís Carlos Prestes.
No mesmo ano de sua criação, a ANL lançou um programa de reformas que pregava, entre outras coisas, a nacionalização imediata das empresas e a suspensão do pagamento da dívida externa. O governo reagiu com a implementação da Lei de Segurança Nacional, que dava ao Estado poderes para combater qualquer tipo de movimento considerado subversivo. A ANL, por sua vez, ampliava sua aceitação entre as massas empobrecidas. Em novembro de 1935, o governo fechou as portas das sedes da ANL. Foi a deixa para que os aliancistas iniciassem uma insurreição político-militar, que ficou conhecida como Intentona Comunista. Mas o sonho de envolver as massas numa revolução acabou logo nos primeiros dias. Revoltosos e simpatizantes foram perseguidos, presos ou mortos, e o movimento abriu caminho para Getúlio endurecer o regime. O principal líder comunista, Luís Carlos Prestes, ficou preso até 1945. Já sua mulher, a militante alemã Olga Benário Prestes, apesar de estar grávida, foi torturada e enviada de volta à Alemanha, onde foi entregue à Gestapo – a polícia política nazista – e acabou morrendo num campo de concentração em 1942. O levante veio ao encontro dos planos de Getúlio, que usou o pretexto do perigo comunista para decretar estado de sítio, abolindo as garantias constitucionais. Tudo estava preparado para o golpe que o deixaria no poder por mais oito anos.
O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL
Simpatizante do ideário fascista, Getúlio Vargas optou por manter a neutralidade do Brasil no início da II Guerra Mundial, mas dava sinais de que poderia aproximar-se de Hitler e de Mussolini. Sob pressão dos Estados Unidos, contudo, em 1942 declarou guerra aos países do Eixo e constituiu a Força Expedicionária Brasileira (FEB). O grupo foi enviado, em 1944, para lutar ao lado dos Aliados, e, apesar da falta de preparo bélico e técnico, as tropas brasileiras participaram de importantes batalhas e sucessivas vitórias. Mas o apoio não foi de graça. Ele foi condicionado à ajuda financeira norte-americana para a construção de grandes obras, como a CSN, e para a modernização do aparato militar nacional.
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O Estado Novo (1937-1945)
De acordo com a Constituição, deveria haver eleições em 1938. Entretanto, em setembro de 1937, os jornais publicaram o Plano Cohen. Segundo informavam, tratava-se de um plano de tomada do poder elaborado pelos comunistas. Diante dessa ameaça, o Legislativo decidiu outorgar poderes excepcionais para Vargas enfrentar a ameaça comunista. Baseado nesses poderes, ele implantou, em novembro de 1937, o Estado Novo e impôs ao país uma nova Constituição. Apelidada de “polaca”, por se inspirar na Constituição corporativista da Polônia, dava ao Executivo poder para dissolver o Congresso e nomear e substituir interventores, suprimia a autoridade dos estados e extinguia os partidos políticos. A AIB, que havia [1] CLARO JANSSON/WIKIMEDIA
Crise do regime
SAIBA MAIS
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sido usada pelo governo contra a ANL, foi fechada. A fim de divulgar as ações do governo e manter rígido controle sobre os meios de comunicação, Getúlio criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Por outro lado, o Estado Novo foi marcado por avanços nas políticas sociais. A nova legislação trabalhista, que inclui garantias históricas, como salário mínimo e direito a férias, foi unificada na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que entrou em vigor em 1943. Na economia, o período foi marcado pela aceleração do crescimento industrial. Entre 1933 e 1939, por exemplo, o aumento da produção industrial foi de aproximadamente 11% ao ano. Isso se deveu, sobretudo, à desvalorização cambial, às tarifas sobre importações, aos investimentos estatais em infraestrutura (como ferrovias e navegação) e a uma política protecionista e nacionalista. Getúlio criou, entre outras iniciativas, o Conselho Nacional do Petróleo, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a mineradora Companhia Vale do Rio Doce.
Com a deflagração da II Guerra Mundial e a posterior adesão do Brasil à causa aliada, Getúlio passou a enfrentar uma grave contradição em seu governo: se, no plano exterior, lutava contra as ditaduras nazista e fascista, internamente era, ele próprio, uma ditadura. À medida que os aliados avançavam e o fim da II Guerra Mundial se tornava iminente, os movimentos de oposição no Brasil foram ganhando força. Os grupos empresariais liberais, a imprensa e a classe média se organizaram num agrupamento político que, posteriormente, originou o principal partido de oposição ao ideário nacionalista e intervencionista de Vargas, a União Democrática Nacional (UDN). Líderes políticos regionais e setores da burocracia estatal do Estado Novo, aliados a fazendeiros e empresários próximos ao governo Vargas, criaram o Partido Social Democrata (PSD). Os sindicalistas e os trabalhadores em geral, por sua vez, constituíram o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Certo de que dificilmente conseguiria manter a ditadura por muito tempo depois que a guerra acabasse, Vargas se antecipou e adotou um conjunto de reformas de caráter democrático, como a liberdade de expressão e organização e a lei antitruste. Essa legislação previa a possibilidade de nacionalização de empresas estrangeiras que tivessem atuação lesiva ao interesse nacional. Além disso, estabeleceu relações diplomáticas com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e convocou, para o fim de 1945, eleições gerais e para uma nova Assembleia Constituinte. Essas medidas provocaram uma divisão na oposição. Os militares e a UDN radicalizaram sua postura contra Vargas, enfurecidos com as medidas nacionalistas e a aproximação com a URSS. Os setores populares, ligados ao PTB e à esquerda do PCB, passaram a apoiar Getúlio e a defender a sua permanência no poder até que a nova Constituição ficasse pronta. Sob o slogan “Queremos Getúlio”, organizaram um movimento de apoio ao presidente, o “Queremismo”. No entanto, em outubro de 1945, os opositores deram um golpe e depuseram Getúlio, encerrando a ditadura do Estado Novo. GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL REPÚBLICA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA “O PETRÓLEO É NOSSO” Getúlio Vargas comemora o sucesso da campanha que culminaria com a criação da Petrobras, em 1953
A volta de Getúlio Vargas (1951-1954)
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Respiro (quase) democrático Após o Estado Novo, o Brasil viveu uma conturbada democracia, que terminou com o golpe militar de 1964
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o período compreendido entre o fim do Estado Novo, em 1945, e o golpe militar, em 1964, o Brasil viveu anos de transição e de adaptação. A democracia havia substituído um sistema ditatorial, mas o populismo – política calcada na figura de um líder paternalista voltada para as massas populares – dominou a maioria dos mandatos presidenciais, e as forças de direita e de esquerda viveram em permanente e exacerbada tensão. No plano internacional, a Guerra Fria polarizava o mundo e exigia o posicionamento dos países periféricos. O Brasil, na maioria do tempo, manteve-se ao lado do capitalismo, encabeçado pelos norte-americanos.
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O governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)
Após a derrubada de Getúlio Vargas, foram convocadas eleições. O vencedor foi o ex-ministro da Guerra de Getúlio, Eurico Gaspar Dutra, do Partido Social Democrático (PSD), com o apoio do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Saíram derrotados o brigadeiro Eduar-
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do Gomes , candidato da União Democrática Nacional (UDN), e Iedo Fiuza, do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Dutra tomou posse em 1946 e instalou a Assembleia Constituinte. Em setembro, foi promulgada a quinta Constituição nacional, que definia cinco anos de mandato para o presidente, garantia a liberdade de expressão e concedia ampla autonomia administrativa e política a estados e municípios. Um ano depois, contudo, os ares democráticos já davam sinais de mudança. Primeiro, foi extinto o PCB. A medida foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal, com base no texto constitucional que proibia a existência de partido político contrário ao regime democrático. Em seguida, o Ministério do Trabalho fechou a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), controlada por comunistas, e interveio em mais de 100 sindicatos, acusados de serem focos de agitação operária. O governo rendeu-se às pressões norte-americanas e rompeu relações com a URSS. Na economia, ao contrário da política intervencionista de Getúlio, Dutra adotou o liberalismo, abrindo o país às importações, o que, de certa forma, quase paralisou o processo de industrialização alavancado por Getúlio. Para conter a inflação, o presidente tentou organizar os gastos públicos. Lançou o Plano Salte, prevendo investimentos em saúde, alimentação, transporte e energia. Mas a falta de recursos minou o projeto, e o país continuou com seu déficit social.
Nas eleições de 1950, o “pai dos pobres” voltou ao poder, dessa vez eleito pelo PTB. Em seu novo mandato, continuou o processo de industrialização. Inaugurou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e promoveu a estatização da produção de energia elétrica. Para atender os trabalhadores urbanos, Getúlio flexibilizou a legislação sindical. Tudo era feito para reforçar o caráter nacionalista de seu governo. O auge dessa política ocorreu quando o presidente enviou ao Congresso o projeto de lei que estabelecia o monopólio estatal sobre a perfuração e o refino do petróleo brasileiro. O texto causou polêmica entre os nacionalistas e os “entreguistas”, os defensores da entrega da exploração do petróleo ao capital estrangeiro. Após forte campanha promovida pelo governo e intitulada “O Petróleo É Nosso”, em 1953, a lei que criou a Petrobras foi sancionada. A vitória governista, acrescida do êxito da greve geral por reajuste salarial que reuniu 300 mil trabalhadores em São Paulo, causou a ira dos conservadores liderados pela UDN. Em 1954, no Rio de Janeiro, um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, ferrenho opositor udenista, matou um major da Aeronáutica. Ficou comprovado o envolvimento de Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial de Getúlio. Após esse episódio, o governo se fragilizou, num processo conturbado que atingiu seu ápice com a divulgação de um manifesto dos militares exigindo a renúncia do presidente. Sob pressão e abandonado politicamente, Getúlio se suicidou em 24 de agosto, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Sua morte foi seguida de grandes manifestações populares. Considera-se que tenha sido a comoção popular que tornou desfavorável o contexto político para um eventual golpe udenista, garantindo, assim, uma transição do poder dentro da legalidade.
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EM OBRAS O presidente Juscelino Kubitschek (ao centro, de chapéu) visita o prédio do Congresso em construção, em 1959, na futura capital do país, Brasília
Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Com a morte do presidente, tomou posse o vice, João Café Filho. Cercado por udenistas, o novo mandatário tentou conciliar os interesses dos golpistas favoráveis à ditadura, dos conservadores antigetulistas e dos que queriam manter a política de Getúlio. Nas eleições de 1955, saiu vencedor o candidato da coligação PTB-PSD, Juscelino Kubitschek, tendo como vice o ex-ministro do Trabalho de Getúlio, João Goulart, o Jango. Derrotada, a UDN tentou impedir a posse dos eleitos, em manobras como a mobilização da população e de militares antigetulistas por meio do jornal Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda. Nas matérias, os udenistas diziam que os novos governantes tiveram apoio dos comunistas e incitavam os leitores a rejeitar a posse. Mas a tentativa de golpe foi frustrada por comandantes legalistas, tendo à frente o ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, que mobilizou o Exército, cercando as bases aéreas e navais envolvidas com os golpistas. O presidente pôde, então, tomar posse em 1956. Com um discurso desenvolvimentista, cujo lema era “Cinquenta anos (de progresso) em cinco (de governo)”, JK manobrou as diversas facções políticas e se aproximou dos militares. Em seu mandato, os operários ganharam concessões salariais, a classe média aplaudiu o progresso econômico e os industriais ampliaram sua ação por meio da facilidade de crédito. Essa relativa estabilidade política foi resultado, principalmente, do crescimento industrial. O governo apostou no “nacionalismo desenvolvimentista”. Apesar do nome, a política de expansão industrial não teve nada de nacionalista. Foi, pelo contrário, repleta de medidas de desnacionalização, com a abertura do mercado ao capital es-
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[1] ACERVO PETROBRAS [2] AG. ESTADO
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trangeiro, atraído pela ampliação dos serviços de infraestrutura. Com esses investimentos externos, JK estimulou a diversificação da economia nacional, aumentando a produção de máquinas e insumos, o transporte ferroviário e a construção civil. Isso favoreceu, entre outras coisas, a implantação do polo automobilístico no ABC paulista. Para sistematizar seu projeto, o presidente lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento. Conhecido como Plano de Metas, ele privilegiou cinco setores: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. O crescimento da Região Nordeste foi incentivado com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Em 1957, o presidente decidiu que o Brasil deveria ter uma nova capital, que integrasse melhor todo o território e facilitasse o desenvolvimento do interior. Começou, assim, a construção de Brasília, meta símbolo do governo. O projeto urbanístico foi assinado por Lúcio Costa e os principais prédios foram projetados por Oscar Niemeyer. Três
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anos depois, a cidade era inaugurada, à custa do endividamento externo e da emissão de moeda. Na verdade, toda a política econômica de JK ocasionou um endividamento externo, associado à alta da inflação e ao consequente arrocho salarial.
Jânio Quadros (1961)
Nas eleições de 1960, o candidato do Partido Trabalhista Nacional (PTN), Jânio Quadros, apoiado pela UDN, venceu a disputa. Era a primeira vez, desde 1945, que a coligação PTB-PSD não elegia o presidente – conseguiu apenas o vice, João Goulart. A derrota do candidato de JK ocorreu principalmente pelo estado em que se encontrava o país no fim de seu governo: inflação alta, desvalorização da moeda e aumento do custo de vida. O novo presidente tinha carisma, e seu discurso populista conseguiu fascinar o povo. O símbolo de sua campanha foi uma vassoura, segundo ele, “para varrer a corrupção”. Jânio aplicou a austeridade na economia, restringiu o crédito e congelou os salários. Adotou GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL REPÚBLICA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA
SAIBA MAIS EFERVESCÊNCIA CULTURAL
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DEMOCRACIA POR UM FIO Jango discursa na Central do Brasil (RJ) dias antes de ser derrubado
uma política externa independente daquela ditada pelos EUA. Entretanto, ao manter-se neutro diante da Revolução Cubana, duramente criticada pelos EUA, foi atacado por setores conservadores do país, e a UDN rompeu definitivamente com o presidente. Pressionado com a explosão de denúncias, segundo as quais apoiaria o comunismo, Jânio partiu para uma medida arriscada: renunciou, em agosto de 1961, na esperança de que seus ministros militares e a população pedissem sua volta. Nenhuma força social, contudo, se mobilizou a seu favor. A crise institucional acirrou-se na hora de passar o cargo ao vice, pois os militares e os setores conservadores não admitiam que o esquerdista Jango ficasse no poder. Sua posse só foi aceita após uma manobra no Congresso, que instituiu o parlamentarismo no país. A Constituição de 1946 foi reformada, reduzindo-se os poderes do presidente em favor de um gabinete ministerial chefiado por um primeiro-ministro.
A crise econômica exigia soluções rápidas. Foi então que o governo implementou o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, ou somente Plano Trienal. O programa propunha uma taxa de crescimento de 7% ao ano e a redução da inflação por meio de empréstimos externos e da renegociação da dívida. Mas o plano fracassou, e a inflação voltou a crescer. Outras tentativas de reestruturação, como as reformas de base (agrária, bancária, eleitoral, fiscal, urbana e salarial), também não conseguiam vencer a forte resistência da oposição. Seguiu-se um período de intensa radicalização política: de um lado, greves e manifestações populares a favor das propostas do presidente; de outro, adversários de oposição, que responsabilizavam o governo pela crise econômica. Buscando reforçar sua base política e se fortalecer no poder, Goulart tentou mobilizar as massas trabalhadoras, o que levou o empresariado, parte da Igreja Católica e os partidos de oposição, liderados pela União Democrática Nacional (UDN) e pelo Partido Social Democrático (PSD), a denunciar a preparação de um suposto golpe comunista, que contaria com a participação do próprio presidente. A tensão chegou ao ápice em março de 1964. No dia 13, o presidente promoveu um comício popular na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, com a presença de cerca de 300 mil pessoas para apoiá-lo. Seis dias depois, seus
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João Goulart e o golpe (1961-1964)
Mesmo com poderes limitados, Jango aceitou a proposta e assumiu o governo num contexto de inflação ascendente, queda de investimento e baixo crescimento. Numa tentativa de reverter a situação, mobilizou, em 1963, suas forças políticas para a campanha pelo retorno do presidencialismo em referendo popular. Com o restabelecimento do presidencialismo, Jango retomou as rédeas da nação.
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A vida cultural brasileira passou por grande efervescência na década de 1950. Um grupo de atores criou, em 1953, o Teatro de Arena, com o objetivo de levar o teatro ao povo. As apresentações ocorriam em escolas, fábricas e clubes. Em 1958, um baiano de Juazeiro abriu novo caminho para o desenvolvimento da música brasileira. No seu primeiro LP, Chega de Saudade, João Gilberto inovou com uma interpretação refinada e uma batida original e criou a bossa nova. No início dos anos 1960, uma nova estética cinematográfica ganhou forma por meio de um grupo de cineastas liderado por Glauber Rocha. Eles se insurgiram contra os padrões hollywoodianos e fizeram filmes com poucos recursos e linguagem e temática comprometidas com os problemas que o país enfrentava. O movimento foi batizado de Cinema Novo.
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adversários reagiram com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu entre 300 e 500 mil pessoas na cidade de São Paulo. A queda de braço continuou até que, no dia 31, tropas do Exército ocuparam as ruas das principais cidades do país e, no dia seguinte, declararam vaga a presidência da República, destituindo Jango, que se refugiou no Uruguai. O pretexto para a manobra, que recebeu apoio de grande parte da classe média e de setores importantes da elite nacional, foi o combate à “ameaça comunista”, à corrupção e à crise político-econômica brasileira. No dia 1º de abril de 1964, uma junta militar assumiu o controle da nação, implantando um longo e lamentável regime militar no Brasil. PARA IR ALÉM A HQ O Golpe de 64, de Oscar Pilagallo e Rafael Campos Rocha, trata dos dez anos que se passam entre a morte de Getúlio Vargas, em 1954, e o golpe militar de 1964. Com riqueza de detalhes retrata a crise política do período, as ações golpistas da UDN, o desenvolvimentismo de JK e, claro, a deposição de Jango em 1964.
BRASIL REPÚBLICA DITADURA MILITAR
Tempos de chumbo
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Com o golpe de 1964, o Brasil passou mais de 20 anos sob uma ditadura militar caracterizada pela violação dos direitos políticos e civis
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ditadura militar no Brasil, instaurada pelo golpe de Estado de 31 de março de 1964, durou 21 anos. Chamada por seus defensores de “revolução”, foi marcada pela ruptura do regime democrático, por forte centralismo e autoritarismo, pela cassação dos direitos políticos de opositores e pela violação das liberdades individuais da população. No período, o país viveu ainda a euforia – e, mais tarde, a decepção – do “milagre econômico”. Após a deposição de João Goulart seguiu-se uma onda de repressão, que atingiu entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e as Ligas Camponesas. Os militares passaram a decretar os atos institucionais (AI), utilizados para dar força de lei às suas ações. O primeiro deles, o AI-1, imposto em abril de 1964, cassou mandatos e suspendeu a imunidade parlamentar, o caráter vitalício dos cargos dos magistrados, a estabilidade dos funcionários públicos, entre outros direitos constitucionais. Com a cassação de membros da oposição, os apoiadores do golpe tornaram-se maioria no Parlamento, que referendou como próximo presidente o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
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Humberto Castelo Branco (1964-1967)
O militar assumiu com a promessa de que a intervenção seria curta e o poder voltaria aos civis logo que o país superasse os problemas que levaram [1] [2] AG. O GLOBO
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DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA Tanques de guerra na ruas do Rio de Janeiro colocam o golpe em marcha
ao golpe. No entanto, o que se viu foi apenas o início do que seria um longo período de desmandos militares. Três meses após sua posse, Castelo Branco promulgou a emenda constitucional que prorrogou seu mandato até 1967. Em outubro de 1965, editou o AI-2, que estabelecia a eleição indireta para presidente, extinguia partidos políticos e permitia ao Executivo cassar mandatos. O presidente também instituiu o bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena), de situação, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição – ou o que sobrou dela após as cassações. Foi criado, ainda, o Serviço Nacional de Informações (SNI), uma espécie de polícia política. Em fevereiro de 1966, como resposta às pressões pelo fim do regime, foi editado o AI-3, tornando indiretas as eleições para governador. Em dezembro veio o AI-4, que fechou o Congresso e determinou as regras para a aprovação da nova Constituição, votada em janeiro de 1967. O texto incorporou os atos institucionais, ampliou os poderes do presidente e reduziu ainda mais a força do Legislativo.
No plano econômico, Castelo Branco implementou uma política recessiva, com seu Plano de Ação Econômica, cuja principal meta era conter a inflação. Para isso, cortou os gastos públicos e aumentou impostos.
Arthur da Costa e Silva (1967-1969)
O sucessor de Castelo Branco foi o general Arthur da Costa e Silva, exministro do Exército. Em seu mandato, a oposição se acentuou e as manifestações pelo fim do regime se multiplicaram. Em março de 1968, o estudante Edson Luiz Lima Souto é morto pela polícia militar durante uma passeata no Rio de Janeiro. O incidente provoca nova onda de protestos e passeatas estudantis. Em junho, uma manifestação organizada pela UNE contra a ditadura, a Passeata dos Cem Mil, tomou o centro da capital fluminense. Enquanto isso, o governo também era pressionado pelos militares da linha dura, que defendiam a intensificação das ações repressivas. Em setembro, num ousado discurso contra o regime, o deputado oposicionista Márcio GE HISTÓRIA 2018
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BRASIL REPÚBLICA DITADURA MILITAR NINGUÉM SE MEXE Estudantes deitados, sob revista da polícia no Campo de Botafogo (RJ), em 1968: a repressão militar se intensificou após o AI-5
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Moreira Alves, do MDB, convocou, na tribuna da Câmara, a população a boicotar a parada militar de 7 de Setembro. Profundamente irritados, os militares solicitaram ao Congresso licença para processar o parlamentar. Por não ter obtido autorização para processá-lo, o governo decidiu fechar o Congresso Nacional. Em seguida, decretou o AI-5, iniciando a fase mais dura do regime. As forças policiais e militares passaram a ter carta branca para prender opositores do governo sem precisar de acusação formal nem registro. A repressão policial aumentou em larga escala, enquanto grupos radicais de esquerda se voltaram para ações de guerrilha urbana.
Emílio Garrastazu Médici (1969-1974)
Afastado por problemas de saúde, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar, que governou o país durante dois meses e realizou a própria reforma constitucional, instituindo, entre outras medidas, a prisão perpétua e a pena de morte a quem praticasse ações “subversivas”. Ao fim do período, os ministros reabriram o Congresso para que os parlamentares pudessem oficializar a escolha do novo presidente, o general Emílio Garrastazu Médici. Conhecido como “anos de chumbo”, o mandato de Médici foi caracterizado pela multiplicação das acusações de tortura e de desaparecimento de opositores. Espalharam-se pelo país os
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ABUSOS INSTITUCIONAIS No Brasil da ditadura foram impostos ao todo 17 atos institucionais. Confira os principais
AI-1 (9 de abril de 1964)
Cassou mandatos e suspendeu a imunidade parlamentar, a vitaliciedade dos magistrados, a estabilidade dos funcionários públicos e outros direitos constitucionais.
AI-2 (27 de outubro de 1965)
Estabeleceu a eleição indireta para presidente, extinguiu partidos políticos e permitiu ao Executivo cassar mandatos.
AI-3 (5 de fevereiro de 1966)
Fixou eleições indiretas para governador, vice-governador, prefeito e vice-prefeito.
AI-4 (7 de dezembro de 1966)
Fechou o Congresso e determinou as regras para a aprovação da nova Constituição.
AI-5 (13 de dezembro de 1968)
Deu ao presidente plenos poderes para cassar mandatos, suspender direitos políticos, demitir e aposentar juízes e funcionários; acabou com a garantia do habeas corpus; ampliou e endureceu a repressão policial e militar.
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centros de tortura do regime, ligados ao Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). A guerrilha urbana perdeu terreno nas capitais e tentou afirmar-se no interior, como no Araguaia, mas acabou enfraquecida e derrotada. Os dirigentes de esquerda Carlos Marighella e Carlos Lamarca foram mortos nessa época. Enquanto isso, o regime apelava ao ufanismo, tentando criar a imagem do “Brasil Grande” com projetos megalomaníacos, como a rodovia Transamazônica e slogans do tipo “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Como trunfo, o governo alardeava o vigor da economia. De fato, entre 1969 e 1973, o Brasil viveu o “milagre econômico”, crescendo, em média, 11,1% ao ano. Tal pujança se deveu, entre outros fatores, a uma política de investimentos no setor financeiro, a subsídios e incentivos fiscais para a indústria e a agricultura, à imposição de um arrocho salarial, ao apoio às exportações e a intensos empréstimos no exterior. A euforia começou a se transformar em decepção com a eclosão da crise mundial do petróleo, ocorrida em 1973, e a escalada das taxas dos juros internacionais. Uma das consequências da política governamental, por exemplo, foi o salto vertiginoso da dívida externa no período, que passou de 3,5 bilhões para 17 bilhões de dólares.
Ernesto Geisel (1974-1979)
O presidente seguinte, o general Ernesto Geisel, enfrentou uma série de dificuldades econômicas e políticas. Era o fim do milagre, e a oposição se fortalecia, provocando temores na cúpula militar pela estabilidade do regime. Diante do contexto adverso, o governo decidiu iniciar um processo de liberalização controlada, e Geisel anunciou o projeto de abertura política “lenta, gradual e segura”. Ela, de fato, foi lenta e teve grandes solavancos. Apesar da diminuição das denúncias de tortura e da suspensão da censura prévia à imprensa, em outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi encontrado morto nas dependências do Exército, em São Paulo. Segundo a versão oficial, tratava-se de suicídio, mas protestos e manifestações públicas denunciavam a morte de Herzog por tortura.
Um ano depois, foi editada a Lei Falcão, que proibia o debate no rádio e na televisão. Mesmo assim, a oposição venceu as eleições legislativas. O MDB ampliou sua bancada de 12% para 30% no Senado. Na Câmara, o salto foi de 28% para 44%. Em 1977, ante a iminência de nova derrota eleitoral, Geisel fechou temporariamente o Congresso e editou um conjunto de regras eleitorais conhecido como Pacote de Abril. Entre as principais mudanças estavam a ampliação das bancadas do Norte e do Nordeste na Câmara dos Deputados – o que garantia maioria parlamentar à Arena –, o aumento do quórum para mudar a Constituição de 50% dos parlamentares para mais de dois terços (medida que seria decisiva, em 1984, para a não aprovação da emenda das Diretas Já) e a criação do senador biônico: dos três senadores de cada estado, um passou a ser escolhido diretamente pelos deputados estaduais. Em 1977, o regime assistiu ao ressurgimento do movimento estudantil e das greves. No ABC paulista, renasceu o movimento metalúrgico, liderado pelo torneiro mecânico Luiz Inácio da Silva. Em 1978, Geisel enviou ao Congresso emenda constitucional que acabava com o AI-5 e restaurava o habeas corpus. Com isso, abriu caminho para a volta gradual da democracia.
TRAN TRANSIÇÃO Último presidente Últim militar, o general milit João Figueiredo (à esq esquerda) seria suced sucedido por Tancredo Neves (à Tancr direita), que morreu direi antes de assumir o pod poder
O sucessor de Figueiredo deveria ser escolhido pelo Colégio Eleitoral em novembro de 1984. Um ano antes, porém, o deputado oposicionista Dante de Oliveira (PMDB-MT) apresentou uma emenda à Constituição que previa a volta das eleições diretas para a Presidência. Ao mesmo tempo que a emenda tramitava no Congresso, a campanha ganhava as ruas de todo o país: eram as Diretas Já, e chegou a reunir 1,7 milhão de pessoas em São Paulo. Mas, apesar disso, a Emenda Dante de Oliveira não obteve os dois terços necessários para sua aprovação. O regime, contudo, estava definitivamente abalado. O PMDB e uma dissidência do PDS, ligado à ditadura, for-
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João Baptista Figueiredo (1979-1985)
A gestão do general João Baptista Figueiredo manteve o processo de abertura que culminaria na redemocratização. Em 1979, o presidente decretou a lei da anistia, que permitiu a libertação e a volta ao país dos opositores do regime. Entretanto, de acordo com a mesma lei, a anistia era ampliada aos próprios militares, que não poderiam ser processados pelos crimes cometidos durante a ditadura. No mesmo ano, o pluripartidarismo foi restabelecido e, em 1980, desapareceu a figura do senador biônico, e voltaram a vigorar as eleições diretas para governador. No pleito de 1982, foram eleitos 12 governadores pelo partido alinhado ao governo e dez pelas legendas de oposição, entre eles os governantes de estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além disso, a oposição garantiu maioria na Câmara Federal. Mas faltava ainda restabelecer a eleição direta para presidente da República. [1] AGENCIA JB [2] CARLOS NAMBA
A D I B I O
[2]
R P
maram a Aliança Liberal e lançaram o governador de Minas Gerais Tancredo Neves como candidato a presidente no Colégio Eleitoral. Em janeiro de 1985, ele obteve a maioria, com 480 votos, contra 180 de Paulo Maluf, do PDS. Tancredo, porém, adoeceu três dias antes da posse e morreu sem assumir. A Presidência foi ocupada pelo vice, José Sarney, cuja posse, em 15 de março de 1985, marcou o fim do longo regime militar no Brasil. PARA IR ALÉM Além de textos relevantes sobre o período da ditadura militar, o livro Os Cartazes Desta História – Resistir É Preciso, de Vladimir Sacchetta, Ricardo Carvalho e João Luiz del Roio, traz 243 pôsteres com mensagens contra os governos dos militares no país.
A HISTÓRIA HOJE COMISSÃO DA VERDADE IDENTIFICA CRIMINOSOS DA DITADURA
Instalada em maio de 2012 para investigar as violações contra os direitos humanos entre 1946 e 1988, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) teve como foco maior de atuação o período da ditadura militar, entre 1964 e 1985, quando as violações ocorreram de forma mais sistemática, por meio de torturas, assassinatos, sequestros e desaparecimento de opositores do regime. Entre outras ações, a investigação da CNV confirmou um dos casos mais emblemáticos da repressão: o deputado federal Rubens Paiva foi, de fato, morto nas dependências cariocas do DOI-Codi, o órgão de inteligência subordinado ao Estado. O relatório final, divulgado em 2014, lista 434 vítimas, entre mortos e desaparecidos, da repressão cometida pelo regime. Também foi apresentada uma lista com a identificação de 377 responsáveis por crimes durante o período. A entidade defende que os 196 responsáveis ainda vivos sejam levados à Justiça. No entanto, a comissão não tem poderes para punir criminosos. Isso porque a Lei da Anistia, aprovada em 1979, livra de qualquer processo os que cometeram crimes como funcionários do Estado. A Corte Internacional de Direitos Humanos pressiona para que esses crimes sejam apurados e punidos. GE HISTÓRIA 2018
125
BRASIL REPÚBLICA NOVA REPÚBLICA
De volta à democracia Com o fim da ditadura, os governos civis se pautaram por solidificar as instituições democráticas e pelas tentativas de estabilizar a economia do país e retomar o crescimento
C
om o fim do regime militar, o Brasil voltou a eleger diretamente seus governantes. Os presidentes que se seguiram à ditadura tentaram resolver a crise econômica que emperrava o crescimento, adotando uma sequência de planos econômicos, muitos infrutíferos e com fins eleitoreiros.
Sarney apresentou mais três programas de estabilização: os planos Cruzado II, Bresser e Verão, todos sem sucesso. No fim de seu governo, a inflação ultrapassava 80% ao mês. Em 1988 foi promulgada a nova Constituição, que ampliou os direitos individuais e coletivos.
José Sarney (1985-1990)
Na primeira eleição direta para a Presidência desde 1960, o ex-governador de Alagoas Fernando Collor de Mello venceu, no segundo turno, sobretudo por causa do apoio de setores da mídia, o rival Luiz Inácio Lula da Silva, um dos fundadores do PT. A fim de debelar a inflação, Collor lançou, em março de 1990, seu programa de estabilização, o Plano Collor, baseado no confisco monetário de contas-correntes e de poupanças e no congelamento de preços e salários. Tais medidas visavam conter a demanda, numa visão errônea das causas inflacionárias. A inflação voltou a crescer, levando à nova crise econômica. O quadro se agravou com o surgimento de suspeitas de envolvimento de ministros e altos funcionários em uma grande rede de corrupção. Em maio, o Congresso instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar o caso e votou o impeachment (destituição) presidencial. Durante o julgamento no Senado, Collor renunciou. Mesmo assim, ele teve os direitos políticos cassados por oito anos, sendo substituído pelo vice, Itamar Franco.
A D
Após a morte de Tancredo Neves, seu vice, José Sarney, tornou-se o primeiro presidente civil após 21 anos de regime militar. Os desafios iniciais não eram poucos: consolidar a democracia, realizar a reforma constitucional, estabilizar a economia e retomar o crescimento. Tudo num quadro de recessão e de inflação alta. Sarney revogou a legislação autoritária herdada dos governos militares, tomando medidas como o restabelecimento da eleição direta para a Presidência da República e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Para conter a inflação, o presidente lançou, em 1986, o Plano Cruzado. Os preços foram congelados, e os salários, reajustados. A estratégia teve bons resultados no início. Por todo o país, por exemplo, consumidores incorporaram o slogan de “fiscais do Sarney” para vigiar se o congelamento de preços dos produtos era respeitado. Entretanto, como os ajustes necessários no plano foram protelados para não prejudicar os candidatos do governo nas eleições estaduais, a economia se desequilibrou.
N E V 126 GE HISTÓRIA 2018
A D I B I O [1]
NOVOS RUMOS Em sessão presidida por Ulysses Guimarães, o Congresso promulga a Constituição de 1988
R P
Fernando Collor de Mello (1990-1992)
Itamar Franco (1992-1995)
Em dezembro de 1992, Itamar Franco herdou o mesmo problema: a inflação elevada. Em julho de 1994, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda, anunciou o Plano Real, novo pacote econômico que mudou o nome da moeda para real, com valor cambial fixado em estreita paridade com o dólar. Dessa vez, o combate à inflação funcionou, abrindo espaço para a candidatura de FHC nas eleições seguintes.
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003)
Apresentado ao eleitorado como o idealizador do Plano Real, FHC elegeuse presidente no primeiro turno, passando a praticar uma política neoliberal, que defende a intervenção mínima do Estado na economia. Privatizou empresas das áreas de siderurgia, mineração e telecomunicações. Em 1997, um ano antes das eleições que definiriam o sucessor de FHC, o governo aprovou a emenda que permitia a reeleição. FHC foi reeleito e deu continuidade ao Plano Real, promovendo ajustes para manter a inflação baixa. Mas surgiram sinais de recessão, o que levou à adoção de medidas para estancar a saída de divisas, como o aumento da taxa de juros. Em 1999, no início do seu segundo mandato, FHC utilizou o câmbio flutuante, desvalorizando o real, com vista a incentivar as exportações e a equilibrar as contas públicas. Em seu último ano no poder, FHC enfrentou
duras críticas: se o Plano Real trouxe benefícios, como o controle da inflação, também aprofundou o desemprego e a desnacionalização da economia. O desgaste de FHC garantiu o triunfo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial de 2002.
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010)
Lula tomou posse em janeiro de 2003, após ter sido derrotado em três eleições presidenciais consecutivas. Principal nome da esquerda nacional, Lula iniciou o mandato cercado por expectativas de mudanças na condução da política nacional. Mas os dois primeiros anos de mandato do petista frustrariam seus seguidores mais antigos. A pretexto de garantir a tranquilidade econômica, Lula manteve os princípios adotados por seu antecessor. A contenção da inflação, por meio da obtenção de altos superávits primários e juros elevados, impediu o investimento na produção e manteve o freio no crescimento. No âmbito político, em meados de 2005 surgiria o mais grave escândalo de seu governo, o chamado mensalão. A ERA DOS PLANOS
Denúncias deflagradas pela imprensa apontaram a existência de um esquema de compra de votos no Congresso Nacional para reforçar a base de apoio do governo. Isso envolveu membros do governo, deputados, banqueiros e empresários. A aprovação de Lula caiu, mas o presidente conseguiu se reeleger em segundo turno, derrotando o candidato Geraldo Alckmin (PSDB), em 2006. Em sua segunda gestão, marcada pela deliberada expansão do Estado e por uma agressiva política de redistribuição de renda, o país viveria anos de crescimento, avanços sociais e relativa tranquilidade política. O segundo governo de Lula combateu a desigualdade por meio da ampliação de programas sociais, como o Bolsa Família, e da política de valorização do salário mínimo, com reajustes acima da inflação. O segundo governo Lula também seria beneficiado pela alta das commodities agrícolas, impulsionadas pela abertura ao mercado consumidor chinês. Com aprovação de 83%, Lula elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil.
N E V
A D
SAIU NA IMPRENSA COLLOR COMPARA SEU IMPEACHMENT COM O PROCESSO DE DILMA Em seu pronunciamento durante o segundo dia de julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) lembrou seu próprio processo de impeachment, em 1992, que culminou com sua renúncia e cassação por oito anos. Em 2014, foi absolvido pela Suprema Corte, por falta de provas. Lembrou que o impeachment é “um remédio constitucional de urgência no presidencialismo quando o governo, além de cometer crime de responsabilidade, perde as rédeas do comando político e econômico do país”. (...) (...) Para Collor, o “governo afastado transformou sua gestão em uma tragédia anunciada”, tanto pelos equívocos econômicos quanto pelo que chamou de surdez política. (...)
A D I B I O
R P
Site da revista Brasileiros, 30/8/2016
Confira o que foi cada um dos pacotes econômicos baixados pelo governo na Nova República e como eles influenciaram a inflação e a variação do crescimento da nossa economia Inflação* (%)
1985
1.782,8
1.037,5
1.476,7
65
2.708,4
1.157,8
909,7
480,2
415,9
235,1
7,85
PIB (%)
14,8
7,49
1986
3,53
-0,06
3,16
-4,35
1,03
-0,54
1987
1988
1989
1990
1991
1992
4,92 1993
5,85 1994
9,3
4,22
2,15
1995
1996
20 7,5
9,8
10,4
4,31
1,31
2000
2001
1,7
3,38
0,04
0,25
1997
1998
1999
* IGP-DI Fonte: Banco Central Obs: gráfico sem proporção precisa de escala
PLANO CRUZADO
PLANO BRESSER
PLANO VERÃO
PLANO COLLOR
PLANO REAL
Implantado em fevereiro de 1986 pelo ministro da Fazenda, Dilson Funaro, do governo José Sarney, combina austeridade fiscal e monetária com a preocupação de elevar a renda dos assalariados. Muda a moeda de cruzeiro para cruzado, congela preços e salários, extingue a correção monetária e cria o seguro-desemprego e o gatilho salarial. No plano externo, o governo decreta moratória e suspende o pagamento das dívidas do país. Porém, medidas de ajuste no plano, chamadas de Cruzado II, são adiadas para depois das eleições de novembro de 1986, comprometendo a eficácia do programa.
Em 1987, o novo ministro da Fazenda do governo Sarney, Luís Carlos Bresser Pereira, lança o Plano Bresser, voltado principalmente para o equilíbrio das contas públicas. Além do congelamento de preços e salários, aumenta as tarifas públicas e extingue o gatilho salarial. No plano externo, mantém a moratória. Também não dá resultado no que se refere ao controle da inflação.
Em 1989, ainda durante o governo Sarney, o ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, implanta o Plano Verão. Busca deter a inflação pelo controle do déficit público, privatização de empresas estatais e demissão de funcionários. A moeda muda de cruzado para cruzado novo. Além de não evitar a elevação acelerada da inflação, causa forte recessão.
O governo Collor toma posse em março de 1990 implantando o Plano Collor, que é baseado em um inédito confisco monetário, com a retenção do dinheiro das contas-correntes, da poupança e dos diversos tipos de aplicação financeira. Há ainda o congelamento de preços e salários. A moeda muda de cruzado novo para cruzeiro. Inicia-se também o processo de abertura econômica, facilitando a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país.
Em julho de 1994, o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, do governo Itamar Franco, lança o Plano Real, que se apoia no corte dos gastos públicos, na privatização de estatais, na elevação dos juros e no incentivo à abertura econômica. A moeda, que havia mudado de cruzeiro para cruzeiro real em agosto de 1993, muda para real em julho de 1994. Durante o governo FHC, que toma posse em 1995, o Plano Real segue apresentando bons resultados no combate à inflação.
[1] CLAUDIO VERSIANI
GE HISTÓRIA 2018
127
BRASIL REPÚBLICA LINHA DO TEMPO
República Acompanhe p um resumo da história republicana. p Os fatos com indicação ç de página p g referem-se aos temas que mais caem nos vestibulares
1903
1910
1937
Pelo Tratado de Petrópolis, o Brasil compra da Bolívia o Acre, região que havia sido invadida por seringueiros brasileiros no fim do século XIX, com o ciclo da borracha.
No Rio de Janeiro, irrompe a Revolta da Chibata. Pág. 117
Getúlio Vargas implanta a ditadura do Estado Novo. A quarta Constituição é outorgada, oficializando o regime. Pág. 119
1891
1904
É promulgada a segunda Constituição brasileira, a primeira da República. Em seguida, Deodoro da Fonseca é oficialmente eleito, pelo Congresso, o primeiro presidente do Brasil. Pág. 114
A Revolta da Vacina ocorre no Rio de Janeiro. Pág. 115
1891
1932
Deodoro renuncia. O vice, marechal Floriano Peixoto, assume a Presidência. Pág. 114
1890
1900
N E V 1889
Logo após proclamar a República, o marechal Deodoro da Fonseca assume provisoriamente o governo do país. É o início da República da Espada, que dura até 1894. Pág. 114
1910
R P 1920
1893
1897
Oficiais da Marinha dão início à Revolta da Armada. Pág. 114
O governo federal massacra o povoado de Canudos, fundado pelo líder políticoreligioso Antônio Conselheiro. Pág. 116
A Revolta dos 18 do Forte é a primeira das Revoltas Tenentistas, fruto da insatisfação de setores militares com a República Velha. O maior desses levantes é a Coluna Prestes, que tem início em 1924. Pág. 117
1912
1930
Um violento conflito social ocorre no Contestado, área disputada por Santa Catarina e Paraná. Pág. 116
A Revolução de 1930 põe fim à República Velha. É o início do Primeiro Governo Vargas. Pág. 118
1893
No Rio Grande do Sul, eclode a Revolta Federalista. Pág. 114
1894 Prudente de Morais é eleito, pelo voto direto, o primeiro presidente civil brasileiro. Começa a República Oligárquica. Pág. 115
1922
1938
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, é morto a mando do governo em Sergipe. Ele é o maior expoente do cangaço. O movimento entra para a história como expressão da revolta contra a pobreza e o abandono dos sertanejos.
Inicia-se a Revolução Constitucionalista de 1932. Pág. 118
A D
1889-1930 Vigência da República Velha, como é conhecido o período que compreende a República da Espada e a República Oligárquica.
A D I B I O [2]
[1]
1930
1940
1935
1942
Inspirada nas frentes populares europeias antifascistas, é criada a Aliança Nacional Libertadora (ANL). No mesmo ano, é organizada a Intentona Comunista. Pág. 118
O Brasil entra na II Guerra Mundial ao lado dos Aliados. O primeiro contingente é deslocado em 1944. Pág. 119
[5]
1945
[3]
[4]
128 GE HISTÓRIA 2018
1950
Getúlio Vargas renuncia. Eurico Gaspar Dutra é eleito presidente e toma posse no ano seguinte, quando promulga a quinta Constituição brasileira. É o início da República Democrática. Pág. 120
[6]
1951 Reeleito, dessa vez por voto direto, Getúlio Vargas assume a Presidência. Ele permanece no cargo até 1954, quando se suicida. Pág. 120
1968
1974
Costa e Silva fecha o Congresso e decreta o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que institucionaliza a repressão. Pág. 124
O general Ernesto Geisel assume a Presidência. Ele inicia a abertura política “lenta, segura e gradual”. Pág. 124
[7]
1964 João Goulart é deposto pelos militares, que impõem um regime autoritário. É o início da ditadura militar. Pág. 122
1969
1979
1984
O general Emílio Garrastazu Médici é empossado presidente. Ele comanda o período mais brutal da ditadura, batizado de anos de chumbo. Pág. 124
É sancionada a lei que concede anistia aos acusados ou condenados por crimes políticos. Pág. 125
O movimento pelas eleições diretas para presidente cresce, e grandes comícios ocorrem nas principais cidades brasileiras, sob o lema Diretas Já. Pág. 125
É lançado o Plano Real. O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, elege-se presidente. Em 1999 tem início seu segundo mandato. Pág. 126
A D I B I O
R P 1980
A D
N E V Jânio Quadros assume como presidente, mas renuncia em agosto. A posse de João Goulart, tido como esquerdista, é aceita com a condição de o Congresso instituir o parlamentarismo. Só em 1963 o presidencialismo é restaurado. Pág. 121
1970
1967
1973
É aprovada a sexta Constituição brasileira, institucionalizando a ditadura. Pág. 123
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ultrapassa 14%. É o auge do milagre econômico. Pág. 124
1968
1978
Contra as violentas ações repressivas do governo, é realizada no Rio de Janeiro a Passeata dos Cem Mil. Pág. 123
Os sindicatos começam a reorganizar-se, e Luiz Inácio Lula da Silva, como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, lidera a primeira greve do ABC paulista desde 1964. Pág. 125
[1] REPRODUÇÃO/RENATO CHAUÍ [2] [3] [6] [8] REPRODUÇÃO [4] CLARO JANSSON [5 ] FORÇAS ARMADAS/FAB [7] ORLANDO BRITO [9] DIVULGAÇÃO [10] IRMO CELSO [11] ROBERTO STUCKERT FILHO
1990
1985
O civil Tancredo Neves é eleito presidente pelo Colégio Eleitoral, mas morre antes de ser empossado. Seu vice, José Sarney, torna-se o primeiro presidente civil desde o início do Regime Militar. Pág. 125
[9]
Após uma série de governos provisórios, Juscelino Kubitschek é empossado presidente. Pág. 121
1961
1994
Acusado de corrupção, Collor tem processo de impeachment aberto na Câmara, é afastado e renuncia. Seu vice, Itamar Franco, o substitui. Pág. 126
[8]
1960
1956
1992
1986 O governo Sarney lança o Plano Cruzado. Pág. 126
2000
2010
1990
O governo lança o Plano Collor, que também não consegue conter a inflação. Pág. 126
1988
2010
É promulgada a sétima Constituição brasileira, atualmente em vigor. Pág. 126
Eleito em 2002 e reeleito em 2006, Lula sai de seu segundo mandato com prestígio suficiente para eleger sua sucessora, Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o país.
1989
[10]
Ocorrem as primeiras eleições diretas para a Presidência desde 1960. O vencedor é Fernando Collor de Mello. Pág. 126
[11]
GE HISTÓRIA 2018
129
COMO CAI NA PROVA
1.
(FGV-RJ 2016) A imagem a seguir é uma foto que retrata a marcha dos “18 do Forte”, ocorrida em 5 de julho de 1922, quando o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi tomado durante um levante militar.
ações do governo, através da criação do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda. d) A política externa do governo Vargas foi marcada pelo apoio irrestrito aos EUA em troca de vantagens econômicas. Isso levou o país a enviar um contingente militar para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – a Força Expedicionária Brasileira (FEB) –, a fim de lutar contra o Eixo ao lado de tropas norte-americanas. e) Na fase final do regime, Getúlio evitou a sua deposição, permitindo a volta das eleições e a criação de novos partidos, como a UDN, o PTB e o PSD. Dessa maneira, conseguiu manter-se politicamente atuante na democracia, elegendo-se novamente presidente em 1950.
A D I B I O
RESOLUÇÃO
Esse movimento está relacionado a) à indignação dos militares, em relação à política externa brasileira, considerada subserviente aos interesses norteamericanos. b) à reação contra a chamada Coluna Prestes, que percorria o interior do Brasil combatendo as forças do Exército. c) à repressão ao Partido Comunista Brasileiro, que acabara de ser fundado por influência da Revolução Bolchevique. d) aos interesses das elites de São Paulo e Minas Gerais, que estimulavam o levante contra o centralismo do Rio de Janeiro. e) ao tenentismo, movimento nacionalista que propunha reformas na estrutura do poder político oligárquico do país.
A D
N E V RESOLUÇÃO
R P
O tenentismo foi um movimento militar realizado por jovens oficiais do Exército, oriundo das classes médias surgidas e/ou fortalecidas após a industrialização ocorrida durante a I Guerra Mundial. Entre suas reivindicações, presentes no chamado Ideal de Salvação Nacional, estavam a moralização da política nacional, por meio da derrubada das oligarquias dominantes e da instituição do voto secreto, e a ampliação do ensino público de base. Não eram, no entanto, revolucionários, mas sim reformistas. Os tenentistas chegaram a tomar o Forte de Copacabana, como diz o enunciado da questão, mas o movimento foi controlado pelo governo, e a maioria dos líderes acabou sendo morta. Resposta: E
2. (PUC-RS 2015) Sobre as políticas e medidas adotadas por Ge-
túlio Vargas, durante o Estado Novo, é correto afirmar: a) Nesse período, Getúlio Vargas completou a sua política trabalhista, criando o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1942, e instituindo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. b) O governo desenvolveu uma política de incentivo à industrialização, inibindo a importação de bens manufaturados e criando algumas empresas estatais importantes, como a Cia. Siderúrgica Nacional, a Fábrica Nacional de Motores (FNM) e a Petrobras. c) Vargas desenvolveu uma política autoritária de repressão aos opositores, com censura ferrenha à imprensa e ampla propaganda das
130 GE HISTÓRIA 2018
Para responder à questão, é necessário conhecer as principais realizações dos governos de Getúlio Vargas e saber relacionálas aos diferentes períodos em que ele esteve na Presidência do Brasil. A questão trata da ditadura do Estado Novo, o regime que vigorou entre 1937 e 1945 e tinha como principais características o autoritarismo, o centralismo e o corporativismo. A alternativa a aborda duas medidas que, de fato, foram implementadas por Getúlio Vargas. No entanto, a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio data de 1930 e não de 1942, como indica de forma equivocada a alternativa. Já a Consolidação das Leis do Trabalho foi mesmo criada em 1943. A alternativa b está errada porque a Petrobras surgiu apenas em 1953, durante o segundo governo de Vargas (1951-1954). Já a Cia. Siderúrgica Nacional foi criada em 1941 e a Fábrica Nacional de Motores surgiu em 1942, ambas no período correspondente ao Estado Novo. A alternativa correta é a c, que trata da política repressiva do Estado Novo, cujo principal marco é a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), para divulgar as ações do governo e vigiar ideologicamente os meios de comunicação. A alternativa d está errada porque Vargas era simpatizante do ideário fascista, e o alinhamento com os Estados Unidos só se concretizou com o envio de um contingente militar brasileiro para lutar na II Guerra Mundial ao lado dos aliados em 1944. Em troca, o Brasil recebeu apoio financeiro para a construção de grandes obras. Por fim, a alternativa e está errada porque Getúlio foi deposto. Resposta: C
3. (UNESP 2016) Brasília simbolizou na ideologia nacional-desenvolvimentista o “futuro do Brasil”, o arremate e a obra monumental da nação a ser construída pela industrialização coordenada pelo Estado planificador, pela ação das “forças do progresso” (aquelas voltadas para o desenvolvimento do “capitalismo nacional”), que paulatinamente iriam derrotar as “forças do atraso” (o imperialismo, o latifúndio e a política tradicional, demagógica e “populista”). José William Vesentini. A Capital da Geopolítica, a 1986.)
Segundo o texto, a construção de Brasília deve ser entendida a) como uma tentativa de limitar a migração para o centro do país e de reforçar o contingente de mão de obra rural. b) dentro de um conjunto de iniciativas de caráter liberal, que buscava eliminar a interferência do Estado nos assuntos econômico-financeiros.
RESUMO
c) dentro do rearranjo político do pós-Segunda Guerra Mundial, que se caracterizava pelo clima de paz nas relações internacionais. d) dentro de um amplo projeto de redimensionamento da economia e da política brasileiras, que pretendia modernizar o país. e) como um esforço de internacionalização da economia brasileira, que provocaria aumento significativo da exportação agrícola. RESOLUÇÃO
O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) tinha como projeto fundamental o desenvolvimentismo, resumido no slogan “50 anos de progresso em 5 anos de governo” e no Plano de Metas. A construção de Brasília era considerada a “meta síntese” do projeto, procurando demonstrar que as modernizações política e econômica finalmente haviam se concretizado. Dentro dessa visão, JK acreditava que a transferência da capital, que migrava do litoral do Sudeste para a região Centro-Oeste do país, poderia integrar melhor o território nacional e estimular o desenvolvimento do interior. Durante o mandato de JK, o Estado fez pesados investimentos em setores estratégicos da economia, que impulsionaram o crescimento do país, mas provocaram grande endividamento externo e alta da inflação. Resposta: D
4.
A D
N E V
REPÚBLICA DA ESPADA No início do período republicano (1889 a 1894), o Brasil foi governado por militares. Em 1891, o país ganhou uma nova Constituição. Em seguida, o marechal Deodoro da Fonseca foi eleito, pelo Congresso, o primeiro presidente brasileiro. Foi sucedido pelo marechal Floriano Peixoto, que enfrentou a Revolta da Armada, promovida por oficiais da Marinha, e a Revolta Federalista, na Região Sul. O período foi marcado por uma grave crise econômica.
A D I B I O
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA As elites de São Paulo e Minas Gerais controlaram a vida política nacional entre 1894 e 1930, por meio da chamada política do “café com leite”. Nesse período, paulistas e mineiros contaram com o apoio dos coronéis (líderes políticos regionais) para sustentar seu poder. Mas os governantes tiveram que enfrentar rebeliões no Arraial de Canudos e no Contestado. A República Oligárquica teve fim com a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas.
R P
(FATEC 2015) No dia 25 de janeiro de 1984, milhares de pessoas se reuniram na Praça da Sé, na cidade de São Paulo, para a realização do primeiro grande comício de um movimento que se espalharia por todo o Brasil e ficaria conhecido na história nacional como "Diretas Já":
Sobre esse movimento é correto afirmar que
Brasil República
a) foi um dos movimentos de maior participação popular da história do Brasil e pedia, após quase vinte anos de ditadura, a realização de eleições diretas para presidente da República. b) foi bem-sucedido em suas pretensões e, em abril daquele mesmo ano, a população foi às urnas pela primeira vez para eleger o presidente da República. c) ocorreu no momento em que a população brasileira foi chamada a decidir, via plebiscito, entre os sistemas parlamentarista e presidencialista de governo. d) foi comandado pelas classes sociais mais altas, banqueiros e empresários, que receberam apoio dos Estados Unidos para garantir a continuidade da ditadura. e) ocorreu por iniciativa dos militares, preocupados em preparar a população civil para a participação na vida política do regime democrático que se iniciava. RESOLUÇÃO
O movimento das Diretas Já foi uma tentativa de, por meio de iniciativas populares lideradas por grupos de oposição ao regime militar, pressionar o Congresso a aprovar a Emenda Constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira, do PMDB, que reivindicava que as eleições seguintes, marcadas para janeiro de 1985, fossem diretas. Apesar de a Emenda ter recebido a maioria dos votos favoráveis, não atingiu os 2/3 dos deputados, número necessário para a sua aprovação. Resposta: A
PRIMEIRO GOVERNO VARGAS Vargas assumiu o poder provisoriamente. Enfrentou a Revolução Constitucionalista de 1932, fruto do descontentamento dos paulistas, e foi eleito, de forma indireta, dois anos depois. Em 1937, legitimou um autogolpe e inaugurou o Estado Novo. Seu governo nacionalista e populista foi marcado por avanços nas políticas sociais e econômicas e pelo caráter autoritário. Em 1945, Getúlio foi deposto. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA Entre o Estado Novo e a ditadura militar (1964), o Brasil viveu forte tensão entre conservadores e progressistas. Em 1951, Getúlio voltou ao poder, mas não resistiu à pressão oposicionista e se suicidou em 1954. Foi sucedido por Juscelino Kubitschek, cujo governo desenvolvimentista foi responsável pela inauguração de Brasília. Após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, o parlamentarismo foi instituído no país. João Goulart governou sob forte radicalização política e acabou deposto num golpe militar. DITADURA MILITAR Durante 21 anos, o país viveu sob o signo do autoritarismo. Os militares implementaram medidas arbitrárias, como o fechamento do Congresso, o endurecimento da repressão e a violação dos direitos civis. O processo de abertura foi gradual. A campanha pela volta das eleições diretas para a Presidência (Diretas Já) ganhou as ruas, mas a medida não foi aprovada pelo Congresso. O regime militar terminou em 1985 com a posse do presidente José Sarney.
NOVA REPÚBLICA O maior desafio dos governos civis que se sucederam no comando do país a partir da redemocratização foi colocar a economia nos trilhos. Vários planos econômicos fracassaram nos governos Sarney e Collor. Na esteira do sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente e controlou a inflação. Seu sucessor, o ex-líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, implantou medidas sociais de impacto.
GE HISTÓRIA 2018
131
RAIO X DECIFRE OS ENUNCIADOS E VEJA AS CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DAS QUESTÕES QUE CAEM NAS PROVAS FUVEST 2016 – 1a FASE 3
3
A D
a) defesa do mercantilismo e do protecionismo comercial ingleses, ameaçados pela cobiça de outros impérios, sobretudo o francês. b) critica à monarquia inglesa, vista, no contexto da expansão revolucionária francesa, como opressora da própria sociedade inglesa. c) alegoria das pretensões francesas sobre a Inglaterra, já que Napoleão Bonaparte era frequentemente considerado, pela burguesia, um líder revolucionário ateu. d) apologia da monarquia e da igreja inglesas, contrárias à laicização da política e dos costumes típicos da Europa da época. e) propaganda de setores comerciais ingleses, defensores dos monopólios comerciais e contrários ao livre cambismo que, à época, ganhava força no país.
N E V
DICAS PARA A RESOLUÇÃO A Além de a imagem não fazer nenhuma referên-
cia a questões comerciais inglesas, a alternativa cita o império francês. Levando em conta que o Império na França foi implantado por Napoleão Bonaparte em 1804, a data exclui a alternativa. O conhecimento do contexto, portanto, ajudaria a eliminar esta opção.
B ESTA É A ALTERNATIVA CORRETA. Note que o título do quadro, “Governo Inglês – O Inglês Nascido Livre”, já apresenta uma ironia. O cetro e a coroa sobre a figura monstruosa representam o governo inglês, que “oprime” seu povo, o “nascido livre” ironizado no título, expelindo gases sobre ele e sufocando-o. Como o governo francês era popular e havia uma
132 GE HISTÓRIA 2018
A D I B I O
R P
Jacques-Louis David. Governo Inglês - o inglês nascido livre 2, 1794 1
A imagem pode ser corretamente lida como uma
1 Neste tipo de questão, é essencial conhecer o contexto histórico do período em que a imagem foi produzida. Em 1794, a França era governada pela Convenção Nacional, de maioria jacobina, no poder desde a segunda metade de 1792. No ano anterior ao quadro retratado na questão, 1793, Luís XVI, rei deposto pela Revolução, e Maria Antonieta, a rainha, foram condenados por traição e executados pela Convenção. Assustados e preocupados com os rumos radicais e populares da Revolução na França, outras nações absolutistas se mobilizaram para impedir a continuidade do processo revolucionário francês. Vale lembrar que 1794 foi marcado pelo período mais radical da Revolução Francesa, o Terror Jacobino, com perseguições e execuções dos considerados “inimigos da Revolução”.
2 A legenda também nos informa que a alegoria apresentada na imagem se passa na Inglaterra. Apesar de o país ter posto fim ao seu absolutismo entre 1688-89, com a Revolução Gloriosa, havia o temor de uma concorrência caso a burguesia francesa se fortalecesse após se consolidar no poder. Por isso, os ingleses ajudaram no financiamento de coligações europeias contra a França.
3 Com relação aos elementos apresentados na imagem, note como a figura monstruosa caracteriza o governo inglês. Essa leitura é possível a partir da observação de dois elementos que caracterizam a realeza: a coroa e o cetro real, símbolos do poder político. Veja também como o monstro que representa o governo expele gases sobre o povo, sufocando-o.
forte influência de suas ações sobre outras nações, podemos contextualizar esse período dentro de uma “expansão revolucionária”. C Novamente, a exemplo da alternativa A, a lembrança de que o Império francês foi implantado por Napoleão Bonaparte, em 1804, anularia a alternativa. D A imagem, com a figura monstruosa coroada e com o cetro em mãos, e o título da obra já anularia a alternativa. E Uma das características do liberalismo, defendido pela burguesia inglesa, é justamente o livre cambismo, o que inviabiliza a alternativa E.
FUVEST 2016 – 2a FASE Períodos
Minas Gerais
Goiás 1
Mato Grosso 1
Total
1700-1705
1.470
-
-
1.470
1706-1710
4.410
-
-
1711-1715
6.500
-
-
6.500
1716-1720
6.500
-
-
6.500
1721-1725
7.000
-
600
7.600
1726-1729
7.500
-
1.000
8.500
1730-1734
7.500
1.000
500
9.000
1735-1739
10.637
2.000
1.500
14.137
1740-1744
10.047
3.000
1.100
14.147
1745-1749 2
9.712
4.000
1.100
14.812
1750-1754
8.780
5.880
1.100
15.760 12.616
1755-1759 2
8.016
3.500
1.100
1760-1764
7.399
2.500
600
1765-1769
6.659
2.500
600
1770-1774
6.179
2.000
600
1775-1779
5.518
2.000
600
4.884
1.000
400
3.511
1.000
400
3.360
750
400
750
400
A D
1780-1784 1785-1789 1790-1794
N E V 1795-1799
3.249
4.410
DICAS PARA A RESOLUÇÃO A A comparação entre a produção total de ouro no
Brasil e em Minas Gerais, no período descrito na tabela, salta aos olhos para a elaboração do gráfico pedido pela questão. Ao escolher essa opção, o gráfico deveria ficar, mais ou menos, assim:
A D I B I O Produção de ouro no Brasil – 1700-1794 (em kg)
20.000 15.000 10.000 5.000
R P 10.499 9.759
8.779
8.118
6.284
4.911
4.510
4.399
0
4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 70 -171 -172 -173 -174 -175 -176 -177 -178 -179 11 721 1730 1740 1750 1760 1770 1780 1790 7 1 1
0-1
0 17
Minas Gerais
Total
Se optasse por algum dos outros estados, deveria, apenas, alterar a coluna referente à região escolhida. Uma última possibilidade seria comparar a produção entre dois dos três estados citados, desconsiderando a produção total.
Virgílio Noya Pinto – O Ouro Brasileiro e o Comércio Anglo-Português. Adaptado.
a) Utilize a coluna “Períodos” e outras duas à sua escolha, e elabore um gráfico representando, de modo aproximado e simultâneo, os dados da tabela. b) Relacione os números apresentados nas duas colunas escolhidas com outros aspectos da economia colonial do Brasil no século XVIII. 1 A contextualização das informações é o ponto fundamental para a solução da questão. A tabela faz referência à produção de ouro no Brasil entre os anos de 1700 e 1799. Note que, gradativamente, outras regiões além de Minas Gerais, como Goiás e Mato Grosso, começaram a produção mineradora. Essa produção demonstra o processo de interiorização pelo qual passava a colônia, graças ao advento da mineração. Além da ocupação de outras regiões, a mineração provocou uma série de transformações na colônia, como um processo de urbanização, um grande aumento populacional e o desenvolvimento de um intenso mercado interno, tanto na própria região e em seu entorno, como entre as várias regiões do território. 2 Outro dado importante presente na tabela é que a produção mineradora entra em declínio em Minas Gerais a partir de 1745 e no Brasil de modo geral depois de 1755. Alguns fatores explicam essa queda, como o esgotamento das jazidas e o aumento das pressões fiscais, com impostos cada vez mais abusivos. Lembrar que a partir de 1750 o Marquês de Pombal passou a administrar o Império Português e a criar novas formas de exploração, como a instituição da derrama, a cobrança de impostos atrasados, ajuda a entender ainda melhor esse declínio. Uma das consequências dessa agressiva política fiscal, no momento em que a atividade mineradora declinava, foi o início dos movimentos emancipacionistas. O primeiro deles, inclusive, foi a Conjuração Mineira, numa reação das elites mineiras contra a programação de uma violenta derrama para o ano de 1789.
B Note na tabela que a produção mineradora cresceu constantemente durante a primeira metade do século XVIII. Jazidas no auge da produção e a descoberta de um número cada vez maior de regiões com capacidade mineradora levaram a esse aumento. Por ser o centro da mineração, Minas Gerais atraiu um número cada vez maior de imigrantes portugueses e de outras regiões da Colônia, levando à necessidade da criação de uma estrutura urbana e comercial. O comércio na região promoveu um grande crescimento urbano e permitiu o surr gimento de uma classe média, formada, além dos comerciantes, por profissionais liberais, pequenos manufatureiros e funcionários públicos. Além disso, a necessidade de abastecimento da região levou a um incremento das relações comerciais entre as regiões. Destaque para a pecuária, primeiramente vinda do Nordeste e, posteriormente, do extremo sul. A partir da segunda metade do século XVIII, o declínio da produção aurífera será seguido pelo estímulo a uma diversificação da atividade agrícola, conhecida como Renascimento Agrícola. GE HISTÓRIA 2018
133
SIMULADO QUESTÕES SELECIONADAS ENTRE OS MAIORES VESTIBULARES DO PAÍS COM RESPOSTAS COMENTADAS
1. PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (Fuvest 2017)
Um elemento essencial para a evolução da dieta humana foi a transição para a agricultura como o modo primordial de subsistência. A Revolução Neolítica estreitou dramaticamente o nicho alimentar ao diminuir a variedade de mantimentos disponíveis; com a virada para a agricultura intensiva, houve um claro declínio na nutrição humana. Por sua vez, a industrialização recente do sistema alimentar mundial resultou em uma outra transição nutricional, na qual as nações em desenvolvimento estão experimentando, simultaneamente, subnutrição e obesidade. George J. Armelagos, “Brain Evolution, the Determinates of Food Choice, and the Omnivore’s Dilemma”, Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 2014. Adaptado.
a) A quantidade absoluta de mantimentos disponíveis para as sociedades humanas diminuiu após a Revolução Neolítica. b) A invenção da agricultura, ao diversificar a cesta de mantimentos, melhorou o balanço nutricional das sociedades sedentárias. c) Os ganhos de produtividade agrícola obtidos com as revoluções Neolítica e Industrial trouxeram simplificação das dietas alimentares. d) As populações das nações em desenvolvimento estão sofrendo com a obesidade, por consumirem alimentos de melhor qualidade nutricional. e) A dieta humana pouco variou ao longo do tempo, mantendo-se inalterada da Revolução Neolítica à Revolução Industrial.
N E V
2. GRÉCIA (FGV Economia 2017)
(...) a partir do século V a.C., a guerra tornou-se endêmica no Mediterrâneo. Foram séculos de guerra contínua, com maior ou menor intensidade, ao redor de toda a bacia. O trabalho acumulado nos séculos anteriores tornara possível um adensamento dos contatos, um compartilhamento de informações e estruturas sociais, uma organização dos territórios rurais que propiciava a extensão de redes de poder. Foram os pontos centrais dessas redes de poder que animaram o conflito nos séculos seguintes. Norberto Luiz Guarinello. História Antiga, 2013.
Sobre esses “séculos de guerra contínua”, é correto afirmar que a) as Guerras Púnicas, entre Atenas e Cartago, foram uma disputa pelo controle comercial sobre o Mar Mediterrâneo, terminando após três grandes enfrentamentos, com a vitória de Cartago e a hegemonia cartaginesa em todo o Mundo Antigo Ocidental. b) as Guerras Macedônicas foram um longo conflito entre o Reino da Macedônia, em aliança com os persas, e o Império Romano, que venceu com muitas dificuldades porque ainda estava em guerra com outros povos.
134 GE HISTÓRIA 2018
A D I B I O
R P
A respeito dos resultados das transformações nos sistemas alimentares descritas pelo autor, é correto afirmar:
A D
c) as Guerras Médicas, entre persas e gregos, resultaram na vitória dos últimos e, em meio a esses confrontos, permitiram que Atenas liderasse a Liga de Delos, aliança de cidades-Estados gregas com o intuito de combater a presença persa no Mediterrâneo. d) as Campanhas de Alexandre, o Grande, aliado a Esparta e Corinto, combateram e venceram as poderosas forças persas e ampliaram os domínios gregos até a Ásia Menor, propagando os princípios de democracia ateniense pelo Mediterrâneo. e) a Guerra do Peloponeso, o mais importante conflito bélico da Antiguidade, envolveu as principais cidades-Estados gregas, que, aliadas a Roma, enfrentaram e derrotaram as forças militares cartaginesas.
3. ROMA (Fuvest 2016)
Os impérios do mundo antigo tinham ampla abrangência territorial e estruturas politicamente complexas, o que implicava custos crescentes de administração. No caso do Império Romano da Antiguidade, são exemplos desses custos: a) as expropriações de terras dos patrícios e a geração de empregos para os plebeus. b) os investimentos na melhoria dos serviços de assistência e da previdência social. c) as reduções de impostos, que tinham a finalidade de evitar revoltas provinciais e rebeliões populares. d) os gastos cotidianos das famílias pobres com alimentação, moradia, educação e saúde. e) as despesas militares, a realização de obras públicas e a manutenção de estradas.
4. O PODER DA IGREJA (Unesp 2017)
A Igreja foi responsável direta por mais uma transformação, formidável e silenciosa, nos últimos séculos do Império: a vulgarização da cultura clássica. Essa façanha fundamental da Igreja nascente indica seu verdadeiro lugar e função na passagem para o feudalismo. A condição de existência da civilização da Antiguidade em meio aos séculos caóticos da Idade Média foi o caráter de resistência da Igreja. Ela foi a ponte entre duas épocas. Perry Anderson. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, 2016. Adaptado.
O excerto permite afirmar corretamente que a Igreja cristã a) tornou-se uma instituição do Império Romano e sobreviveu à sua derrocada quando da invasão dos bárbaros germânicos. b) limitou suas atividades à esfera cultural e evitou participar das lutas políticas durante o feudalismo. c) manteve-se fiel aos ensinamentos bíblicos e proibiu representações de imagens religiosas na Idade Média.
d) reconheceu a importância da liberdade religiosa na Europa Ocidental e combateu a teocracia imperial. e) combateu o universo religioso do feudalismo e propagou, em meio aos povos sem escrita, o paganismo greco-romano.
5. FEUDALISMO (PUC-Campinas 2017)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: José de Alencar retratou o seu herói goitacá em prosa, a exemplo do que o escocês Walter Scott havia feito com os cavaleiros medievais na célebre novela Ivanhoé. Para evocar um mítico passado nacional, na falta dos briosos cavaleiros medievais de Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria mão. (...) O índio entrara como tema na literatura universal por influência das ideias dos filósofos iluministas e, especialmente, da obra de Jean-Jacques Rousseau (...). As teses de Rousseau sobre o “bom selvagem”, por sua vez, bebiam na fonte das narr rativas de viajantes do século XVI, os primeiros europeus que haviam colocado os pés no chão americano. Foram esses viajantes os responsáveis pela propagação do juízo de que, do outro lado do oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei (...). NETO, Lira. O Inimigo do Rei. Uma Biografia de José de Alencar. São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167.
a) os servos garantiam a sobrevivência material da sociedade em troca da concessão de segurança e proteção militar. b) a participação do Exército nas guerras era muito importante na conquista, manutenção e defesa do feudo e das cidades. c) os nobres combatiam por todos, mas podiam dedicar-se a esse tipo de vida porque os servos trabalhavam para sustentá-los. d) a servidão representou, na Europa Ocidental, um verdadeiro renascimento da escravidão conforme existia na Roma imperial. e) a atuação dos cavaleiros garantia a segurança da sociedade num contexto de conflito entre as classes e os Estados nacionais.
N E V
Fonte: FARTHING, Stephen. Tudo sobre Arte. RJ: Sextante, 2010, p. 175.
Tomando por base o contexto europeu no qual se enquadra o Renascimento Cultural e o Científico, bem como as informações acima, julgue os itens.
A D I B I O
I – A presença de personagens importantes da Antiguidade Clássica, bem como o destaque dado a Platão e Aristóteles no quadro, demonstra a influência da cultura clássica sobre os renascentistas. II – A representação de Platão e Aristóteles, um apontando para cima e o outro para o chão, determina uma das diferenças fundamentais em sua filosofia: enquanto aquele defende a supremacia do mundo das ideias, este aponta para o mundo real, concreto e palpável.
R P
O ideal cavalheiresco, herança dos valores militares romanos e germânicos, foi uma das características marcantes da Idade Média. Nesse período,
A D
[No afresco] A Escola de Atenas, filósofos, matemáticos, astrônomos e cientistas da Antiguidade conversam sob uma imponente basílica, aparentemente baseada nos antigos projetos de Bramante para a nova igreja de São Pedro. No centro da imagem estão Platão e Aristóteles, claramente identificados pelos títulos de seus livros: Platão aponta para cima [...], enquanto Aristóteles estende a mão aberta entre o céu e a terra.
6. RENASCIMENTO (Esamc 2016)
III – Na obra podemos identificar vários elementos científicos, como as noções de profundidade e de movimento na imagem, bem como a valorização dos elementos humanos, tão caras aos humanistas do Renascimento. Está(ão) correto(s): a) I apenas. b) I e II apenas. c) I e III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III.
7. REFORMA RELIGIOSA (FGV Administração 2016)
Em um dos diálogos da peça intitulada Henrique VIII, de William Shakespeare, encenada em 1613, a rainha católica Catarina, primeira esposa do rei, desabafava:
Analise as informações para responder ao que se pede. Mesmo aqui poderemos falar, pois, em consciência, até hoje nada fiz que não pudesse revelar francamente em qualquer parte. Prouvera ao céu que todas as mulheres pudessem declarar a mesma coisa com igual liberdade. Meus senhores, uma felicidade sempre tive: isso de não ligar nunca importância ao fato de meus gestos comentados serem por toda a gente, de ficarem sob a vista de todos, e como alvo dos ataques da inveja e da calúnia, tão certa me acho de ter vida limpa. Se vindes para examinar a minha conduta como esposa, sede francos. Sempre a verdade ama linguagem rude. http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/oitavo.html
A Escola de Atenas, s de Rafael Sanzio (1508-1511)
O monarca Henrique VIII governou a Inglaterra entre 1509 e 1547. Durante esse turbulento período, a) o catolicismo foi consolidado na Inglaterra, por ação direta do rei, que se manteve aliado a Roma contra os monarcas ibéricos. b) a liberdade de culto foi implementada, favorecendo a constituição de diversos grupos religiosos após a Reforma Protestante. GE HISTÓRIA 2018
135
SIMULADO c) o casamento civil, desvinculado da cerimônia religiosa, foi estabelecido como alternativa para os diversos matrimônios do rei. d) uma nova religião se formou, marcada por uma estrutura sacerdotal ligada diretamente ao Estado inglês e aos interesses do rei. e) medidas legais foram criadas para impedir as mulheres de participarem da linha sucessória na monarquia inglesa.
8. ILUMINISMO (Fatec 2016)
Sobre o Iluminismo, movimento filosófico surgido na Europa entre o final do século XVII e início do século XVIII, é correto afirmar que a) valorizava a razão como o único meio confiável de alcançar o conhecimento, opondo-se às explicações religiosas para os fenômenos naturais, sociais e políticos. b) buscava revitalizar a fé no cristianismo, enfraquecida pela hegemonia do pensamento científico, que florescera nos últimos séculos do período medieval. c) pregava a importância dos ensinamentos em detrimento da razão e da religião, caracterizando a legitimidade do Romantismo como expressão humana. d) defendia a retomada de ideias e valores característicos da Antiguidade Clássica, como o politeísmo, a estratificação social e a vida urbana. e) procurava fortalecer os movimentos sociais das minorias à luz de descobertas científicas que afirmavam a inexistência das raças humanas.
A D
9. REVOLUÇÃO FRANCESAA (PUC-PR 2016)
N E V
A D I B I O
10. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (Esamc 2016)
Leia atentamente as informações para responder à questão:
R P
A Revolução Francesa foi um dos momentos mais importantes no processo de formação do mundo contemporâneo. Foi um movimento violento que sepultou o absolutismo na cena política e o mercantilismo na economia, tendo um papel de grande destaque a burguesia, interessada em instituir um regime que atendesse aos seus interesses. Durante a revolução tomou forma um corpo legislativo denominado Assembleia Nacional, que tomou parte central na consolidação das reformas objetivadas pela revolução. Dentre as principais reformas realizadas na fase moderada da Revolução Francesa (1789-1791), pela Assembleia Nacional, podemos citar CORRETAMENTE: a) Abolição dos privilégios especiais do clero e da nobreza; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; subordinação da Igreja ao Estado; elaboração de uma constituição para a França; reformas administrativas e judiciárias; e ajuda à economia francesa. b) Declaração Universal dos Direitos Humanos; elaboração do Edito de Nantes, que dava liberdade religiosa para os não católicos; criação do Banco da França; legalização da anexação dos territórios da margem esquerda do Reno; elaboração do Código Civil Francês. c) Criação do Código Civil Francês; criação do Banco da França; elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; elaboração das primeiras leis trabalhistas que proibiam o trabalho infantil; concessão do direito ao voto às mulheres.
136 GE HISTÓRIA 2018
d) Direito de voto para todos os homens, independente da renda; favorecimento de legislação que incentivava o capitalismo comercial; reforma do sistema educacional com a criação dos liceus clássicos e de ofícios; maior autonomia para as províncias históricas da França; criação de uma estrutura descentralizada de governo na França. e) Regulamentação das leis trabalhistas na França; extensão do direito de voto para todos os homens e mulheres maiores de 18 anos; reconhecimento do direito de minorias; criação do Código Civil; a França se tornou uma confederação descentralizada, dividida em cantões com alto grau de autonomia política; elaboração da Constituição Civil do Clero.
Primeira Etapa da Crueldade. Gravura de William Hogarth, 1751, retratando o Grande Massacre de Gatos em Paris no final dos anos de 1730. Disponível em: http://pt.wahooart.com/@@/8XZ73Z-William-Hogarth-Primeira-etapa-dacrueldade. Acesso em: 11 ago. 2016, às 11h30.
A vida de aprendiz [nas Corporações de Ofícios] era dura [...]. Em vez de jantar à mesa do patrão, tinham de comer os restos de seu prato na cozinha. Pior ainda, o cozinheiro [...] dava aos rapazes comida de gato [...]. Uma paixão pelos gatos parecia ter tomado conta das gráficas, pelo menos entre os patrões, ou burgueses [que os tratavam melhor do que aos aprendizes]. [Os gatos] uivavam a noite toda, no telhado do sujo quarto de dormir dos aprendizes, impossibilitando uma noite inteira de sono. [...] Certa noite [um aprendiz] rastejou pelo telhado até chegar a uma área próxima ao quarto de dormir do patrão e então começou a uivar e miar, de maneira tão terrível que o burguês e sua mulher não pregaram o olho. Depois de várias noites com esse tratamento [...] mandaram os aprendizes livrarem-se dos gatos. Fonte: DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos. SP: Graal, 2006, p. 103-106.
b) o caudilhismo, sob a liderança política criolla, e o discurso revolucionário de uma nova ordem política, que assegurou profundas transformações econômicas na América. c) o uso dos princípios liberais de organização política republicana e a criação imediata de exércitos nacionais que lutaram contra as forças espanholas. d) a participação de indígenas e camponeses, determinante para a consolidação do processo de independência em regiões como o México, e sua ausência nas ações comandadas por Bolívar.
12. IMPERIALISMO E I GUERRA MUNDIAL (PUC-Campinas 2017)
Desenho representando os quebradores de máquinas. Autor desconhecido, início do século XIX. Disponível em: http://www.historiadigital.org/curiosidades/6-doutrinas-sociais-da-revolucao-industrial/. Acesso em: 11 ago. 2016, às 11h30.
[...] nem todos os homens se renderam diante das forças irresistíveis do novo mundo fabril, e a experiência do movimento dos quebradores de máquinas demonstra uma inequívoca capacidade dos trabalhadores para desencadear uma luta aberta contra o sistema de fábrica.
Tomando por base as informações acima, julgue as afirmativas: I – Os dois movimentos apresentados nos excertos podem ser entendidos como reações dos trabalhadores às condições de trabalho impostas pelo sistema produtivo de sua época. II – Apesar da reação dos aprendizes, na fase pré-fabril as condições de trabalho eram mais dignas do que as da fase industrial, não ocorrendo uma ação efetiva contra o sistema, como a vista no movimento dos quebradores de máquinas. III – A ação dos aprendizes, apesar de ter ocorrido na fase anterior à Revolução Industrial, pode ser entendida como reação dos trabalhadores contra o modo de produção burguês, concretizado com o surgimento do sistema de fábrica.
N E V
Cecil Rodes
Ao mesmo tempo, essas palavras refletem e, em última instância, remetem ao fator determinante, para muitos historiadores especialistas no tema, da Primeira Guerra Mundial: o Imperialismo.
R P
Fonte: DECCA, Edgar de. O Nascimento das Fábricas. SP: Brasiliense, 1984, p. 30.
A D
A D I B I O
“O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo dividido, conquistado, colonizado. Pense nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas, se pudesse; penso sempre nisso. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes.”
Está(ão) correta(s): a) I apenas. b) I e II apenas. c) I e III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III.
In: BERUTTI, Flavio. Tempo, Espaço & História. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 404.
Nessa perspectiva, pode-se afirmar que a Guerra de 1914 a) estabeleceu os fundamentos do armamentismo na geopolítica de conquista territorial. b) resultou da emergência das revoluções socialistas que desajustaram os países capitalistas. c) marcou o início de uma nova era na história da sociedade e um desafio à ordem burguesa. d) foi o desdobramento previsível e inevitável das contradições próprias do capitalismo. e) representou o fim da política de compensação territorial adotada pelas nações imperialistas.
13. CRISE DE 1929 E GRANDE DEPRESSÃO (Esamc 2016)
Leia o texto abaixo, que versa sobre a Grande Depressão que se seguiu à crise econômica financeira de 1929:
As revoluções de independência na América hispânica foram, ao mesmo tempo, um conflito militar, um processo de mudança política e uma rebelião popular.
A Grande Depressão confirmou a crença de intelectuais, ativistas e cidadãos comuns de que havia alguma coisa fundamentalmente errada no mundo em que viviam. Quem sabia o que se podia fazer a respeito? Cerr tamente poucos dos que ocupavam cargos de autoridade em seus países e com certeza não aqueles que tentavam traçar um curso com os instrumentos de navegação tradicionais do liberalismo [...]. Em 1933, não era fácil acreditar, por exemplo, que onde a demanda de consumo e, portanto, o consumo, caíssem em depressão, a taxa de juros cairia também o necessário para estimular o investimento, para que a demanda de investimento preenchesse o buraco deixado pela menor demanda de consumo.
Rafael Rojas, s Las Repúblicas de Aire. Buenos Aires: Taurus, 2010, p. 11
Fonte: HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. SP: Companhia das Letras, 1995, p. 106-107.
São características dos processos de independência nas ex-colônias espanholas na América: a) o descontentamento com o domínio colonial e a agregação de grupos que expressavam a heterogeneidade étnica, regional, econômica e cultural do continente.
De acordo com o fragmento, entre as causas da Grande Depressão, ocorrida nos Estados Unidos, podemos identificar: a) a queda em investimentos que estimulassem o consumo interno e o excesso de intervencionismo estatal, herança dos pensadores do século XIX.
11. INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA (Unicamp 2016)
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SIMULADO b) a manutenção das políticas liberais do século XIX, que estimulavam o constante aumento dos juros como forma de conter o consumo do país. c) a falta de controle estatal sobre a economia, herança do liberalismo clássico do século XIX, e a queda brusca da capacidade de consumo do país. d) o intervencionismo protecionista praticado na época, que, ao impedir a entrada de produtos estrangeiros, levou a uma queda vertiginosa do consumo no país. e) a queda das taxas de juros, que, ao baratear os custos dos produtos, levou a um aumento excessivo do consumo, não acompanhado pela produção industrial.
d) assinatura do Pacto Antiamericano, que previa a união de tropas alemãs e soviéticas contra os EUA, e ao seu posterior rompimento, quando os alemães invadiram a URSS. e) assinatura do Pacto de Não Agressão Germano-Soviético, assinado em 1939, e a seu posterior rompimento, em 1941, quando tropas soviéticas invadiram a Alemanha.
15. GUERRA FRIA (Enem 2016/2ª Aplicação)
A D I B I O
14. II GUERRA MUNDIAL (Esamc 2016) Analise as imagens:
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela
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Charge de Belmonte, publicada originalmente em 16 de setembro de 1939. Disponível em: BELMONTE. Caricatura dos Tempos. SP: Melhoramentos, 1982, p. 34.
N E V
a) ampliação da Guerra do Vietnã. b) construção do muro de Berlim. c) instalação de mísseis em Cuba. d) eclosão da Guerra dos Sete Dias. e) invasão do território do Afeganistão.
16. ESCRAVIDÃO (Enem 2016/1ª Aplicação) TEXTO I
Charge de Belmonte, publicada originalmente em 07 de outubro de 1943. Disponível em: Ob. Cit., p. 92.
Tomando por base as imagens acima, que representam Adolf Hitler e Joseph Stalin, e o contexto da Segunda Guerra Mundial (19391945), infere-se que fazem referência à/ao: a) aliança diplomática e, posteriormente, militar, entre a Alemanha e a União Soviética, na tentativa de barrar o avanço dos países da Europa Ocidental em direção ao Oriente. b) acordo de colaboração mútua na Segunda Guerra Mundial, assinado em 1939, e ao seu rompimento, em 1941, quando tropas alemãs invadiram possessões soviéticas na Polônia. c) assinatura do Pacto de Não Agressão Germano-Soviético, assinado em 1939, e ao seu posterior rompimento em 1941, quando a Alemanha invadiu a União Soviética.
138 GE HISTÓRIA 2018
Imagem de São Benedito. Disponível em: http//acerco.bndigital.bn.br. Acesso em: 6 já. 2016 (adaptado).
TEXTO II Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para atrair novos devotos, pois eram obedientes a Deus e ao poder clerical. Contando e estimulando o conhecimento sobre a vida dos santos, a Igreja transmitia
aos fiéis os ensinamentos que julgava corretos e que deviam ser imitados por escravos que, em geral, traziam outras crenças de suas terras de origem, muito diferentes das que preconizavam a fé católica. OLIVEIRA, A. J. Negra devoção. Revista de História da Biblioteca Nacional, nº 20, maio de 2007 (adaptado).
Posteriormente ressignificados no interior de certas irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o ícone e a prática mencionada no texto estiveram desde o século XVII relacionados a um esforço da Igreja Católica para
entre Portugal e Holanda, pois se tratava de nações inimigas desde o século XV, em virtude da disputa pelo comércio oriental. e) as promessas dos invasores holandeses se confirmaram, e a elite ligada à produção açucareira e ao comércio colonial foi amplamente beneficiada, principalmente pelo livre comércio, o que explica a resistência desses setores sociais ao interesse português em retomar a região invadida pela Holanda.
18. ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL (Unesp 2017)
Em meados do século o negócio dos metais não ocuparia senão o terço, ou bem menos, da população. O grosso dessa gente compõe-se de mercadores de tenda aberta, oficiais dos mais variados ofícios, boticários, prestamistas, estalajadeiros, taberneiros, advogados, médicos, cirurgiões-barbeiros, burocratas, clérigos, mestres-escolas, tropeiros, soldados da milícia paga. Sem falar nos escravos, cujo total, segundo os documentos da época, ascendia a mais de cem mil. A necessidade de abastecer-se toda essa gente provocava a formação de grandes currais; a própria lavoura ganhava alento novo.
a) reduzir o poder das confrarias. b) cristianizar a população afro-brasileira. c) espoliar recursos materiais dos cativos. d) recrutar libertos para seu corpo eclesiástico. e) atender a demanda popular por padroeiros locais.
17. OCUPAÇÃO HOLANDESA (FGV 2017 Economia) Leia o excerto de uma peça teatral de 1973:
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Nassau Como Governador-Geral de Pernambuco, a minha maior preocupação é fazer felizes os seus moradores. Mesmo porque eles são mais da metade da população do Brasil, e esta região, com a concentração de seus quase 350 engenhos de açúcar, domina a produção mundial de açúcar. Além do mais, nessa disputa entre Holanda, Portugal e Espanha, quero provar que a colonização holandesa é a mais benéfica. Minha intenção é fazê-los felizes... sejam portugueses, holandeses ou os da terra, ricos ou pobres, protestantes ou católicos romanos e até mesmo judeus. Senhores, a Companhia das Índias Ocidentais, que financiou a campanha das Américas, fecha agora o balanço dos últimos quinze anos com um saldo devedor aos seus acionistas da ordem de dezoito milhões de florins.
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Sérgio Buarque de Holanda. “Metais e pedras preciosas”. História Geral da Civilização Brasileira, vol 2, 1960. Adaptado.
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Viva! Já ganhou! (...) Viva ele! Viva!
Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Calabar: o elogio da traição, 1976. Adaptado.
Sobre o fato histórico ao qual a obra teatral faz referência, é correto afirmar que a) as bases religiosas da colonização holandesa no Nordeste brasileiro produziram uma organização administrativa que privilegiava a elite luso-brasileira, ao oferecer financiamento com juros subsidiados e parcelas importantes do poder político aos grandes proprietários católicos. b) a grande distância entre as promessas de tolerância religiosa e a realidade presente no cotidiano dos moradores da capitania de Pernambuco deu-se porque os dirigentes da companhia holandesa impuseram o calvinismo como religião oficial e perseguiram as demais religiões. c) a presença da Companhia das Índias Ocidentais no nordeste da América portuguesa trouxe benefícios aos proprietários lusobrasileiros, como o financiamento da produção, mas reproduziu a lógica do colonialismo, ao concentrar a riqueza no setor mercantil e não no produtivo. d) a felicidade prometida pelos invasores holandeses não pôde ser efetivada em função da lógica diplomática presente na relação
De acordo com o excerto, é correto concluir que a extração de metais preciosos em Minas Gerais no século XVIII a) impediu o domínio do governo metropolitano nas áreas de extração e favoreceu a independência colonial. b) bloqueou a possibilidade de ascensão social na colônia e forçou a alta dos preços dos instrumentos de mineração. c) provocou um processo de urbanização e articulou a economia colonial em torno da mineração. d) extinguiu a economia colonial agroexportadora e incorporou a população litorânea economicamente ativa. e) restringiu a divisão da sociedade em senhores e escravos e limitou a diversidade cultural da colônia.
19. MOVIMENTOS PRÉ-INDEPENDÊNCIA (Fuvest 2017)
Os ensaios sediciosos do final do século XVIII anunciam a erosão de um modo de vida. A crise geral do Antigo Regime desdobra-se nas áreas periféricas do sistema atlântico – pois é essa a posição da América portuguesa –, apontando para a emergência de novas alternativas de ordenamento da vida social. István Jancsó, “A Sedução da Liberdade”. In: Fernando Novais. História da Vida Privada no Brasil, v.1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
A respeito das rebeliões contra o poder colonial português na América, no período mencionado no texto, é correto afirmar que, a) em 1789 e 1798, diferentemente do que se dera com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham o claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil. b) da mesma forma que as contestações ocorridas no Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por alvo o monopólio exercido pela companhia exclusiva de comércio que operava na Bahia. c) em 1789 e 1798, tal como ocorrera na Guerra dos Mascates, os sediciosos esperavam contar com o suporte da França revolucionária. GE HISTÓRIA 2018
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SIMULADO d) tal como ocorrera na Guerra dos Emboabas, a sedição de 1789 opôs os mineradores recém-chegados à capitania aos empresários há muito estabelecidos na região. e) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições anteriores.
20. INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (Albert Einstein Medicina 2017)
“A vinda da Corte com o enraizamento do Estado português no Centro-Sul daria início à transformação da colônia em metrópole interiorizada. Seria esta a única solução aceitável para as classes dominantes em meio à insegurança que lhes inspiravam as contradições da sociedade colonial, agravadas pelas agitações do constitucionalismo português e pela fermentação mais generalizada no mundo inteiro da época, que a Santa Aliança e a ideologia da contrarrevolução na Europa não chegavam a dominar.” Maria Odila Leite da Silva Dias. A Interiorização da Metrópole e Outros Estudos. São Paulo: Alameda, 2005.
O texto oferece uma interpretação da independência do Brasil, que implica a) o reconhecimento da importância do processo de emancipação, que influenciou a luta por autonomia na Europa e em outras partes da América, impulsionou a economia mundial e estabeleceu as bases para um pacto social dentro do Brasil. b) a caracterização da emancipação como um ato meramente formal, uma vez que ela não foi acompanhada de alterações significativas no cenário político, nem de reformas sociais e econômicas capazes de romper a dependência externa do Brasil. c) o reconhecimento da complexidade do processo de emancipação, afetado simultaneamente por movimentos como os reflexos da Revolução Francesa, a Revolução do Porto, as disputas políticas na metrópole e na colônia e as tensões sociais dentro do Brasil. d) a caracterização da emancipação como uma decorrência inevitável do declínio econômico português provocado pela invasão napoleônica, pelo endividamento crescente com a Inglaterra e pela redução nos recursos obtidos com a colonização do Brasil.
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22. IMIGRAÇÃO NO BRASIL IMPERIAL (Unesp 2016)
Os colonos que emigram, recebendo dinheiro adiantado, tornamse, pois, desde o começo, uma simples propriedade de Vergueiro & Cia. E em virtude do espírito da ganância, para não dizer mais, que anima numerosos senhores de escravos, e também da ausência de direitos em que costumam viver esses colonos na província de São Paulo, só lhes resta conformarem-se com a ideia de que são tratados como simples mercadorias ou como escravos.
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21. GOLPE DA MAIORIDADE (Unicamp 2017)
O escritor José de Alencar relata como ocorriam as reuniões do Clube da Maioridade, realizadas na casa de seu pai em 1840. Discutiase nessas ocasiões a antecipação da maioridade do imperador D. Pedro II, então com apenas 14 anos, para que ele pudesse assumir o trono antes do tempo determinado pela Constituição. No fim da vida, José de Alencar rememora os episódios de sua infância e chega a uma surpreendente conclusão: os políticos que frequentavam sua casa na ocasião iam lá não porque estavam pensando no futuro do país, mas apenas para devorar tabletes e bombons de chocolate. Conforme o relato do escritor, os membros do Clube da Maioridade, discutindo altos assuntos na sala de sua casa, pareciam realmente gente séria e preocupada com os destinos do Brasil, até que chegava a hora do chocolate. Para Alencar, a discussão política no Brasil se resumia a um “devorar de chocolate”, isto é, cada um defendia apenas seus interesses particulares e nada mais. Adaptado de Daniel Pinha Silva, “O império do chocolate”, em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/o-imperio-do-chocolate. Acessado em 01/08/2016.
Sobre o Golpe da Maioridade e a visão de José de Alencar a esse respeito, é correto afirmar que:
140 GE HISTÓRIA 2018
a) O golpe foi uma manobra das elites políticas, que criaram uma forma de alterar a Constituição e contemplar os seus interesses durante o período regencial, fato criticado por Alencar ao fazer uma anedota com o chocolate. b) Ao entregar o poder a um jovem de 14 anos, alegando ser maior de 18, os políticos do Império manifestavam uma ousada visão política para evitar a influência da Inglaterra nos assuntos brasileiros, preservando seus interesses como donos de escravos. c) O golpe foi uma resposta dos conservadores às propostas liberais que pretendiam estabelecer a República no país, e Alencar apontou uma prática política dos parlamentares que é recorrente na história do país. d) José de Alencar expressou sua decepção com os políticos e, ao registrar sua visão sobre o Clube da Maioridade, o escritor contribuiu para inibir procedimentos semelhantes durante o Império, assegurando uma transição pacífica e legal para a República, em 1889.
Thomas Davatz. Memórias de um Colono no Brasil (1850), 1941.
O texto aponta problemas enfrentados por imigrantes europeus que vieram ao Brasil para a) trabalhar nas primeiras fábricas, implantadas na Região Sudeste do país, para reduzir a dependência brasileira de manufaturados ingleses. b) substituir a mão de obra escrava nas lavouras de café e canade-açúcar, após a decretação do fim da escravidão pela Lei Áurea. c) trabalhar no sistema de parceria, estando submetidos ao poder político e econômico de fazendeiros habituados à exploração da mão de obra escrava. d) substituir a mão de obra indígena na agricultura e na pecuária, pois os nativos eram refratários aos trabalhos que exigiam sua sedentarização. e) trabalhar no sistema de colonato, durante o período da grande imigração, e se estabeleceram nas fazendas de café do Vale do Paraíba e litoral do Rio de Janeiro.
23. GUERRA DO PARAGUAI (Unesp 2017)
Art. 3º O governo paraguaio se reconhece obrigado à celebração do Tratado da Tríplice Aliança de 1º de maio de 1865, entendendo-se estabelecido desde já que a navegação do Alto Paraná e do Rio Paraguai nas águas territoriais da república deste nome fica franqueada aos navios de guerra e mercantes das nações aliadas, livres de todo e qualquer ônus, e sem que se possa impedir ou estorvar-se de nenhum modo a liberdade dessa navegação comum. “Acordo Preliminar de Paz Celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai com o Paraguai (20 junho 1870)”. In: Paulo Bonavides e Roberto Amaral (orgs.). Textos Políticos da História do Brasil, 2002. Adaptado.
O tratado de paz imposto pelos países vencedores da guerra contra o Paraguai deixa transparente um dos motivos da participação do Estado brasileiro no conflito: a) o domínio de jazidas de ouro e prata descobertas nas províncias centrais. b) o esforço em manter os acordos comerciais celebrados pelas metrópoles ibéricas. c) a garantia de livre trânsito nas vias de acesso a províncias do interior do país. d) o projeto governamental de proteger a nação com fronteiras naturais e) o monopólio governamental do transporte de mercadorias a longa distância.
ABOLICIONISMO: Movimento político internacional surgido no fim do século 18 com o propósito de abolir a escravatura nas Américas. Embora liderado principalmente por intelectuais humanistas e muitas vezes obedecendo a interesses políticos e econômicos, foi resultado das reações, ativas ou passivas, das próprias vítimas, desde o início do tráfico negreiro. Em todo o processo abolicionista, é importante ressaltar a atuação de militantes negros, muitos deles escravos, libertos ou filhos de escravos.
Tomando por base as informações contidas no fragmento, bem como o contexto das lutas abolicionistas no Brasil, desde o início da utilização da escravidão dos africanos até a abolição no final do século XIX, julgue os itens:
I – Mesmo tendo sido utilizado, em determinados momentos, por grupos políticos e econômicos, como forma de garantir seus interesses, o movimento abolicionista contou com grande participação dos próprios escravos, desde as lutas e resistências iniciais até a abolição. II – Apesar da participação de grupos de escravos, libertos e filhos de escravos nas lutas pelo fim da escravidão, seu fim foi resultado da liderança da elite intelectual e econômica, uma vez que os negros não possuíam recursos para comandar tal processo. III – A formação de quilombos, as fugas e a preservação de práticas culturais e religiosas trazidas da África podem ser apontadas como forma de resistência dos negros desde os primórdios da escravidão africana no Brasil. Está(ão) correto(s): a) I apenas. b) I e II apenas. c) I e III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III.
25. CORONELISMO (Enem 2016 / 1ª Aplicação)
No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas baseavam-se na a) coação das milícias locais. b) estagnação da dinâmica urbana. c) valorização do proselitismo partidário. d) disseminação de práticas clientelistas. e) centralização de decisões administrativas.
A D I B I O
A imagem abaixo integrou uma cartilha lançada, em 1941, pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Ela pode ser relacionada
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Fonte: LOPES, Nei. Dicionário Escolar Afro-Brasileiro. SP: Selo Negro, 2015, p. 14.
N E V
CARVALHO, J. M. Pontos e Bordados: Escritos de História Política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998 (adaptado).
26. ESTADO NOVO (Albert Einstein Medicina 2017)
24. CAMPANHA ABOLICIONISTA (Esamc 2016)
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o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto.
O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem
“Cartilha para a juventude” Extraído de: Maria Helena Capelato. Multidões em Cena. Campinas: Papirus, 1998. Adaptado.
a) à propaganda do governo Vargas, que buscava promover as manifestações cívicas e apresentava a figura do presidente como “pai da nação”. b) à implantação, pelo governo Vargas, do ensino público e gratuito para todos os brasileiros menores de 21 anos. c) à política, desenvolvida pelo governo Vargas, de estimular o trabalho infantil nas áreas urbanas e rurais do país. d) à crítica dos cafeicultores ao governo Vargas, a quem chamavam de “pai dos pobres”, acusando-o de não governar para todos os brasileiros.
27. GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (Unesp 2017)
A industrialização contemporânea requer investimentos vultosos. No Brasil, esses investimentos não podiam ser feitos pelo setor privado, devido à escassez de capital que caracteriza as nações em desenvolvimento. Além disso, o crescimento econômico do Brasil, um recém-chegado ao processo de modernização, processouse em condições socioeconômicas diferentes. Um efeito internacional de demonstração, na forma de imitação de padrões de vida, entre países ricos e pobres, e entre classes ricas e pobres dentro das nações, resultou em pressões significativas sobre as taxas de crescimento para diminuir a diferença entre nações desenvolvidas GE HISTÓRIA 2018
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SIMULADO e em desenvolvimento. Em vista das aspirações de melhores padrões de vida, o governo desempenhou um papel importante no crescimento econômico recente do Brasil. Carlos Manuel Pelaez e Wilson Suzigan. História Monetária do Brasil. 1981. Adaptado.
Os impasses do desenvolvimento industrial brasileiro, apontados pelo texto, foram enfrentados no governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) com o Plano de Metas, cujo objetivo era promover a industrialização por meio a) da associação de esforços econômicos entre o Estado, o capital estrangeiro e as empresas nacionais. b) da valorização da moeda nacional, da estatização de fábricas falidas e da contenção de salários. c) da criação de indústrias têxteis estatais e do aumento de impostos sobre o grande capital nacional. d) do emprego de empresas multinacionais submetidas à severa lei da remessa de lucros, juros e dividendos para o exterior. e) do combate à seca no Nordeste e do aumento do salário mínimo, com controle da inflação.
28. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA (Unesp 2017)
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O cartaz alude à situação histórica brasileira marcada por a) estabilidade política, crescimento da economia agroindustrial e baixas taxas de inflação. b) renúncia presidencial, debates sobre sistema de governo e projetos de reforma social. c) ascensão de governos conservadores, despolitização da sociedade e abolição de leis trabalhistas. d) deposição do presidente da República, privatizações de empresas estatais e adoção do neoliberalismo. e) autoritarismos governamentais, restrições à liberdade de expressão e cassações de mandatos de parlamentares.
142 GE HISTÓRIA 2018
O fragmento abaixo trata da política brasileira durante os últimos anos do governo militar, iniciado em 1964, no início da década de 1980. Leia-o para responder à questão. A oposição recebera 25,3 milhões de votos em disputas pelos governos estaduais [nas eleições diretas de 1982], contra 17,9 milhões dados ao PDS. [Apesar da vitória da oposição] o partido do governo preservou a maioria no Colégio Eleitoral que escolheria o sucessor [do presidente João Baptista Figueiredo]. [Além disto, o Governo] manteve-se próximo da maioria do Congresso [...], assegurando também o controle do Senado. [Mas] pela primeira vez em dezoito anos, governadores de partidos da oposição assumiriam, em março de 1983, a administração de dez Estados. Entre eles, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. Das três novidades, essa era a única que mexia com o poder.
A D I B I O Fonte: GASPARI, Elio. A Ditadura Acabada. RJ: Intrínseca, 2016, p. 229.
Analisando o excerto, bem como o período de crise dos governos militares e as transformações decorrentes desta crise, julgue as afirmativas:
I – Se, por um lado, as eleições diretas para governadores dos Estados demonstravam a disposição dos militares em pôr fim ao seu governo, o controle político sobre o Congresso e o Colégio Eleitoral, davam, por outro, a sensação dos desejos continuístas das Forças Armadas. II – As pressões políticas das oposições e dos movimentos sociais levaram, já a partir do final da década de 1970, à necessidade de mudanças, ainda que aparentes em certos casos, nas práticas políticas ditatoriais dos militares, como por exemplo a convocação de eleições diretas para governadores de Estados. III – O resultado das eleições diretas de 1982, com a vitória da oposição, tanto em números quanto em Estados considerados de maior expressão, demonstrou o esgotamento do modelo político adotado pelos militares a partir do golpe de Estado de 1964.
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Observe o cartaz, relativo ao plebiscito realizado em janeiro de 1963.
A D
29. DITADURA MILITAR (Esamc 2016)
Está(ão) correta(s): a) I apenas. b) II apenas. c) I e III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III.
30. NOVA REPÚBLICA (Enem 2016/ 1 Aplicação) a
Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação que antecede as primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos. O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal do Brasil,l 15 nov. 1989.
O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas continuidades consistiu na:
a) representação do legislativo com a fórmula do bipartidarismo. b) detenção de lideranças populares por crimes de subversão. c) presença de políticos com trajetórias no regime autoritário. d) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais. e) estabilidade da economia com o congelamento anual de preços.
31. DITADURA MILITAR / NOVA REPÚBLICA (UFRGS 2016 - adaptada) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, sobre a história do Brasil contemporâneo.
( ) A expressão “Pacote de Abril” refere-se ao conjunto de decretos editados durante o governo Geisel que adiou para 1982 a eleição direta para governadores, modificou a composição do colégio eleitoral e reforçou a presença do partido governista (ARENA). ( ) O governo de José Sarney foi marcado pela aprovação do mandato presidencial de quatro anos, pelo controle rígido da inflação com o Plano Cruzado e pela estatização das telecomunicações no Brasil. ( ) O Brasil passou por um processo de integração política, social e econômica com países da América Latina, após o período da transição democrática e da definição de uma nova carta constitucional em 1988.
N E V
3. A crise romana, iniciada na Monarquia e agravada nos anos
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da República, teve como seu auge a implantação do Império em 27 a.C. Os gastos com obras públicas, a abertura, a pavimentação e a manutenção das extensas estradas que cortavam o vasto território dominado por Roma sempre foram um problema para as finanças do Império. A partir do início da expansão territorial, houve a necessidade de garantir o sustento de seu numeroso Exército, já que o militarismo foi a base fundamental da configuração territorial romana e de sua política imperialista. A combinação do aumento das despesas com o enfraquecimento da economia imperial agravou a crise institucional, levando à queda do Império na segunda metade do século V. Resposta: E
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( ) A estabilidade monetária alcançada a partir do governo de Itamar Franco foi a principal causa para o fim dos conflitos fundiários no Brasil, na década de 1990, contexto de democratização de acesso à terra.
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de Atenas, que se transformou em democrática e imperialista. Dessa forma, o choque com o expansionismo da Pérsia era quase inevitável, uma vez que os atenienses dominavam áreas coloniais na Ásia Menor, ameaçadas pelo poderio persa. Com a evolução dos conflitos, várias cidades gregas, reunidas na Confederação ou Liga de Delos, sob o comando dos atenienses, passaram a participar das guerras. A vitória dos gregos levou à hegemonia de Atenas sobre a maior parte dos territórios da Grécia e ao controle sobre os mares Egeu e Negro, bem como partes do norte do Mar Mediterrâneo. Resposta: C
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – F – V – F. b) F – F – V – V. c) F – V – F – V. d) V – V – F – F. e) F – V – V – F.
RESPOSTAS
1. Os dois momentos históricos retratados, a Revolução Neolítica, que
também é conhecida como Revolução Agrícola, e a industrialização de produtos alimentícios, após a Revolução Industrial, promoveram um aumento da produção de alimentos. Porém, ao mesmo tempo, reduziram a variedade de alimentos, limitando a oferta de nutrientes e levando, simultaneamente, à obesidade e à subnutrição da população mundial. Resposta: C
2. As chamadas Guerras Médicas foram um conjunto de conflitos
que opuseram, inicialmente, Atenas e o Império Persa, em uma disputa pelo controle dos mares Egeu e Negro. O século V a. C., momento dos conflitos citados no excerto, coincide com o projeto expansionista
4. Nos séculos que antecederam a queda do Império Romano do
Ocidente, a Igreja cristã atuou como base de sustentação de suas estruturas, uma vez que parcelas maiores da população professavam a religião. A partir da oficialização do cristianismo como religião do império, em 313, a Igreja ganhou cada vez mais poderes. Quando das invasões dos “bárbaros” germânicos, a Igreja cristã foi a única instituição a sobreviver ao colapso do Império Romano. Dessa forma, influenciou os conquistadores a ponto de estes precisarem se associar à instituição como forma de legitimar seu poder. Sendo assim, a Igreja criou as bases para a formação da Europa Cristã Medieval, funcionando como uma espécie de ponte entre o mundo antigo e o medieval. Resposta: A
5.
A divisão social do feudalismo era estamental, isto é, não permitia a mobilidade entre os estamentos que a constituíam. Nessa estrutura, as três ordens que constituíam a divisão social do período tinham funções bem definidas: o clero orava, a nobreza combatia e os servos trabalhavam. Dessa forma, cada uma das ordens trabalhava para as outras duas, e, caso não o fizesse, poderia desestabilizar a organização econômica e social. Sendo assim, os nobres podiam combater e garantir a segurança dos demais grupos, uma vez que os servos garantiam seu sustento por meio da sua produção. Resposta: C
6. O período conhecido como Renascimento Cultural deve ser
entendido como algo muito além da simples retomada de padrões da cultura clássica na produção artística. Ao se desenvolver em um período marcado pela contestação aos padrões defendidos e propagados pela Igreja, que era contestada desde o início da crise do feudalismo, os GE HISTÓRIA 2018
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SIMULADO estudos científicos, impregnados do racionalismo típico da Renascença, se transformam em bases para a própria produção artística, uma vez que as obras passam a incorporar elementos desses estudos, como a matemática e a anatomia, amplamente utilizadas nessa produção. A valorização dos elementos humanos e de personagens importantes do Mundo Clássico, notadamente Platão e Aristóteles, apontam para duas das maiores características do Renascimento: o humanismo e a retomada de padrões, artísticos, científicos e filosóficos presentes na cultura greco-romana. A afirmativa II explica, de forma clara, os conceitos gerais das filosofias de Platão e Aristóteles, em destaque no centro do afresco. Resposta: E
7. O contexto histórico expresso na questão é o da Reforma Protes-
tante do século XVI, especificamente a Reforma Anglicana, realizada pelo rei Tudor Henrique VIII. Após a recusa do papa em anular seu casamento com Catarina de Aragão, o rei rompeu com Roma e, por meio do Ato de Supremacia, de 1534, criou o anglicanismo, religião na qual o líder supremo era o próprio monarca. Resposta: D
críticas ao Antigo Regime, caracterizado pelo absolutismo na política, pelo mercantilismo como base econômica e pela intolerância religiosa como padrão filosófico e social. Podemos identificar no Iluminismo o racionalismo, o liberalismo e o naturalismo como algumas de suas principais bases filosóficas. Dessa forma, as explicações religiosas para os acontecimentos políticos e sociais e para os fenômenos naturais são substituídas pelas análises racionais. Resposta: A
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9. Ao adotar as medidas relacionadas na alternativa A, a Assembleia Nacional, oficializada como a primeira forma de governo após o início da Revolução Francesa, demonstrou o caráter burguês do movimento, ao promover, entre outras transformações, a eliminação dos privilégios do clero e da nobreza, além de atender a seus próprios interesses, por exemplo, com a elaboração de uma Constituição que eliminava os entraves à sua ascensão ao poder. Resposta: A
10. A análise das informações aponta para formas diferentes de
reação dos trabalhadores à situação imposta pelos sistemas produtivos burgueses – ambas violentas. Seja nas oficinas da fase anterior à Revolução Industrial, seja nas fábricas após o surgimento do Sistema Fabril, as condições desumanas e humilhantes impostas aos trabalhadores levaram a movimentos de reação contra seus patrões ou contra o sistema por eles criado. Resposta: C
11. Além de expressar um dos fatores para o sucesso do movimento
de independência da América Espanhola, a união dos vários grupos sociais contra o domínio metropolitano, a alternativa explicita um dos motivos fundamentais para o fracasso do projeto panamericano
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12. A I Guerra Mundial (1914-18) apresenta, em sua essência, as disputas entre as potências capitalistas, participantes da II Revolução Industrial, em meados do século XIX. O aumento da produção, por um lado, gerou uma maior capacidade de acumulação de capitais às nações industrializadas, mas, por outro lado, acirrou as disputas entre elas próprias pelo controle de mercados consumidores. A partilha afro-asiática, o neocolonialismo e o consequente o imperialismo levaram ao aumento das tensões entre as nações, tendo como desdobramento inevitável o grande conflito. Resposta: D
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13. Entre os fatores determinantes para a crise econômico-fi-
nanceira que se abateu sobre os Estados Unidos e teve seu auge com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, podemos identificar a falta de controle estatal sobre as questões econômicas. Durante os anos 1920, a produção industrial do país aumentou significativamente. A expansão das empresas impulsionou a ação de especuladores, que obtinham empréstimos bancários para comprar ações dessas companhias e revendê-las com lucro. No entanto, a produtividade superou em muito a capacidade de consumo do planeta. Dessa forma, o acúmulo de produção e a consequente queda do consumo, interno e externo, desencadeou uma série de eventos, incluindo o fechamento de empresas e a quebra da Bolsa de Nova York, que praticamente determinaram a falência econômica do país. Uma das medidas posteriores para recuperar a economia foi justamente a intervenção estatal para controlar os empréstimos bancários e restringir a ação especulativa. Resposta: C
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8. O Iluminismo pode ser definido como o pensamento burguês de
A D
de Simón Bolívar, uma das principais lideranças revolucionárias: “a heterogeneidade étnica, regional, econômica e cultural do continente”. Estas características impediram as antigas colônias espanholas de formar uma grande federação de repúblicas, unidas em um único país. Resposta: A
14. Após o término da Guerra Civil Espanhola, em abril de 1939, que
teve o envolvimento direto da Alemanha e da União Soviética (URSS) em lados opostos, os líderes dos dois países assinaram o Pacto de Não Agressão Germano-Soviético, em agosto do mesmo ano, pelo qual se comprometiam a não se enfrentarem na guerra que se avizinhava. No entanto, em junho de 1941, teve início a Operação Barbarossa, pela qual os alemães invadiram o território soviético, precipitando a entrada da URSS no conflito, o que contribuiu diretamente para a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Resposta: C
15. Podemos identificar na charge as figuras dos líderes norte-
-americano, John Kennedy, e soviético, Nikita Kruchev, no início dos anos de 1960. A imagem representa as disputas entre os dois países, que caracterizaram a Guerra Fria. Durante o período, ocorreram vários conflitos que aumentaram as tensões e as preocupações do planeta com a possibilidade de uma guerra total entre os dois blocos. Um dos momentos mais tensos dessa disputa, se não o mais tenso, foi a chamada Crise dos Mísseis, em Cuba. Em 1962, temendo uma invasão à Ilha,
Fidel Castro solicita aos soviéticos a instalação de mísseis nucleares apontados para os EUA. Após dias de extrema tensão, os soviéticos retiram as bases de mísseis de Cuba, evitando, dessa forma, o que poderia vir a ser uma nova guerra mundial. Resposta: C
16. Antes mesmo do início efetivo da colonização portuguesa na
América, havia uma grande preocupação, por parte da Igreja Católica, com o crescimento do protestantismo, surgido no século XVI após a Reforma Protestante. A necessidade de aumentar o número de fiéis do catolicismo pode ser apontada como um fator fundamental do interesse da Igreja no processo de expansão marítima e a consequente colonização do continente americano. Em relação aos escravos africanos trazidos ao Brasil, a pretensão da Igreja era de, ao mesmo tempo, “salvar suas almas”, incutindo-lhes o “verdadeiro Deus”, e inseri-los na sociedade colonial, convencendo-os de sua inferioridade em relação aos padrões culturais, étnicos e religiosos dos europeus. A adoção de santos negros cumpria, de forma eficiente, esse objetivo, o que promoveu um grande sincretismo dos padrões religiosos africanos e católicos. Resposta: B
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21. O Golpe da Maioridade (1840), que deu início ao Segundo
Reinado no Brasil, apesar de ser articulado pelos representantes do Partido Liberal, não sofreu uma oposição sistemática dos Conservadores, uma vez que a ascensão do jovem imperador tinha como finalidade a preservação da integridade territorial do país, ameaçada pela série de rebeliões do Período Regencial. Ao utilizar a anedota do chocolate, o escritor José de Alencar deixa claro que as articulações que levaram ao golpe tinham por objetivo a preservação dos interesses particulares das elites brasileiras, fossem liberais ou conservadoras. Resposta: A
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Durante a administração de Maurício de Nassau (1637-1644) no Nordeste ocupado pelos holandeses, houve um grande estímulo à produção açucareira, dentre outros motivos, pelo financiamento aos senhores de engenho com prazos longos para pagamento. Outra medida significativa de Nassau foi a decretação de liberdade de culto nas regiões dominadas pelos holandeses. Além disso, o setor comercial holandês foi o maior beneficiado com a produção e exportação do açúcar proveniente do Brasil. No entanto, essas medidas ainda estavam inseridas na lógica do colonialismo, ou seja, as principais funções da colônia eram produzir, visando ao abastecimento dos mercados europeus, e enriquecer a metrópole. Não havia a preocupação em desenvolver as áreas produtoras. Resposta: C
A D
20.
O excerto destacado na questão explicita que o processo de independência do Brasil foi resultado de uma combinação de fatores e conjunturas iniciadas na Europa no início do século XIX. A expansão napoleônica, a Revolução do Porto, em 1820, e as crescentes tensões entre colônia e metrópole acabaram por precipitar o rompimento do pacto colonial português. A própria transferência da sede do Império Português para o Brasil, em 1808, é resultado do complexo quadro geopolítico que caracterizava a Europa no período. Vale lembrar que a vinda da Corte portuguesa e a mudança do centro político para o Rio de Janeiro são resultado dos desdobramentos da expansão napoleônica e causa do início do processo de mudanças políticas e econômicas na Colônia que desembocaram na conclusão do processo de independência do Brasil em 1822. Resposta: C
18. Ao descrever a grande variedade de atividades econômicas e/ou profissionais, o texto aponta para uma sociedade fundamentalmente urbana, cercada de propriedades agropecuaristas, que, em última análise, garantiam o abastecimento da própria região mineradora. Vale destacar que, graças ao incremento da mineração, articulou-se, também, um intenso comércio entre as mais variadas regiões do Brasil. Resposta: C
19. O século XVIII europeu foi marcado pelo desenvolvimento das
ideias iluministas, que estimularam, entre outros eventos, a Independência dos EUA e os movimentos emancipacionistas no restante da América. No Brasil, os dois movimentos de independência do século XVIII foram as Conjurações Mineira (1789) e Baiana (1798). Os movimentos anteriores ocorridos no país ficaram conhecidos como Nativistas, uma vez que, apesar de contestarem medidas e posturas da Coroa portuguesa, não pregavam o rompimento do pacto colonial. Dentre os principais Movimentos Nativistas, podemos citar a Revolta de Beckman, a Guerra dos Mascates, a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Felipe dos Santos. Resposta: E
22. Em 1847 o senador Nicolau de Campos Vergueiro, ao trazer
80 famílias de imigrantes europeus para sua fazenda na região de Campinas (SP), deu início ao chamado Sistema de Parceria. À época, as dificuldades para a obtenção de mão de obra escrava africana se intensificaram após a promulgação do Bill Aberdeen, entre 1845 e 1846, que autorizava a marinha inglesa a aprisionar navios negreiros que transitassem pelo Oceano Atlântico. Como as despesas de deslocamento dos imigrantes para o Brasil eram bancadas pelos fazendeiros, ao chegarem às fazendas, os novos trabalhadores estrangeiros se viam presos em uma dívida eterna, uma vez que o rendimento de sua atividade era apropriado pelo patrão como forma de pagar essas despesas. Além disto, a tradição escravista fazia com que, por não conhecerem outro tipo de trabalhador, os fazendeiros tratassem os imigrantes como escravos. Resposta: C
23. Uma das causas fundamentais da Guerra do Paraguai (1864-
1870) foi o desejo paraguaio de reconquistar sua saída para o mar, bloqueada pela Argentina desde 1811. Para o império brasileiro, a comunicação entre o Rio de Janeiro e as províncias do Centro-Oeste era feita, basicamente, por vias fluviais. Dessa forma, ao defender a livre navegação na Bacia Platina, o país procurava garantir o acesso por meio, principalmente, da utilização dos rios Paraná e Paraguai, que tinham grandes porções em territórios dos vizinhos Paraguai e Argentina. Com o fim da Guerra, como pode ser observado no fragmento, a navegação na região foi franqueada aos países participantes da Tríplice Aliança, ou seja, Brasil, Argentina e Uruguai. Resposta: C GE HISTÓRIA 2018
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SIMULADO
24. O fragmento e as afirmativas I e III apontam para a participação
ativa dos grupos e movimentos negros nas lutas pelo fim da escravidão, desde os primórdios da utilização da mão de obra africana no Brasil, seja de forma pacífica ou violenta. Apesar disso, em determinados momentos, a causa abolicionista foi apropriada por grupos políticos que pretendiam se fortalecer junto às camadas inferiores da sociedade, despontando como libertadores dos negros. Resposta: C
25. O fenômeno político conhecido como Coronelismo remonta
aos primórdios da colonização portuguesa no Brasil, uma vez que desde o início do processo o poder era garantido às elites agrárias. A partir das primeiras décadas do século XIX, esse poder foi oficializado por meio da criação das Guardas Nacionais (1831), controladas pelos fazendeiros, que, em sua maioria, recebiam a patente de coronel. A garantia do poder das elites estava vinculada a práticas clientelistas, pelas quais, em troca de favores, os trabalhadores demonstravam sua gratidão, por exemplo, ao votar em políticos de interesse dos coronéis, que valiam-se de seus currais eleitorais e do voto de cabresto. Resposta: D
cipais órgãos utilizados por Vargas foi o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tinha, entre outras, a função de promover uma moldagem ideológica e uma adequação aos padrões defendidos pelo governo, desde a infância. Elaborando, por exemplo, as cartilhas com as quais as crianças eram alfabetizadas, estimulava o nacionalismo, o civismo e o fortalecimento da imagem positiva do presidente, reforçando o paternalismo de seu governo. Resposta: A
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27. No governo de JK, grupos de investidores estrangeiros foram
atraídos para o Brasil, com o objetivo de realizar o Projeto Desenvolvimentista do presidente. JK denominava a parceria de “capitalismo associado”, uma vez que o desenvolvimento seria resultado da parceria entre capitais nacionais e estrangeiros, públicos e privados. Ao Estado, caberia fornecer a infraestrutura necessária e supervisionar todo o processo, apontando eventuais mudanças no direcionamento da parceria. A historiografia crítica ao desenvolvimentismo denomina a parceria de “capitalismo dependente”, uma vez que a participação dos grupos estrangeiros e privados superava em muito a do Estado. Resposta: A
28. Em agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros renunciou
à presidência do Brasil. A existência de grupos que defendiam e se opunham à posse de seu vice, João Goulart, levou o país a um impasse e à possibilidade de uma guerra civil. Para resolver a questão, o Congresso aprovou uma Emenda Constitucional implantando, temporariamente, o parlamentarismo. Goulart assumiria, mas teria os poderes reduzidos com a nomeação de um primeiro-ministro. Em janeiro de 1963, um referendo deveria decidir pela manutenção do sistema ou pelo restabelecimento do presidencialismo. A vitória do NÃO ao parlamentarismo, e o consequente aumento dos poderes do
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29. A partir do final da década de 1970, com o esgotamento dos
modelos político e econômico adotados pelos militares a partir de 1964, as pressões sociais levaram à necessidade de mudanças na orientação do governo. A convocação de eleições para governadores de estados, bem como o fim do bipartidarismo, apontava para a disposição do governo de eliminar a presença dos militares da vida política do Brasil. No entanto, à medida que dava a sensação de abertura, os membros das Forças Armadas manipulavam o sistema político com o intuito de se sustentarem no poder. O esforço para manter o controle sobre o Senado e o Colégio Eleitoral, responsável pela eleição do sucessor do presidente João Baptista Figueiredo, são exemplos dos interesses continuístas dos militares. Resposta: E
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26. Durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), um dos prin-
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presidente, contribuiu para o agravamento das tensões sociais no país, devido às propostas de reformas sociais, expressas no conjunto batizado de Reformas de Base. A instabilidade política e social decorrente do surgimento de grupos de apoio e oposição ao projeto acelerou o movimento golpista que depôs o presidente em 1964. Resposta: B
30. O contexto retratado no fragmento é o governo de José Sarney (1985-90). Sarney, bem como nomes como Paulo Maluf e Antônio Carlos Magalhães, foi um grande defensor dos governos militares, inclusive sendo um dos grandes responsáveis pela derrota da Emenda das Diretas Já. Além dos nomes que apoiaram o regime militar, outros, como Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte, instalada em 1986, atuaram durante o período de ditadura, porém na oposição ao governo. Resposta: C
31. A primeira afirmação é verdadeira. O “Pacote de Abril” foi um
conjunto de regras eleitorais editadas pelo general Ernesto Geisel em 1977. Entre as medidas, destaca-se o adiamento da eleição para governadores – inicialmente previsto para 1978, o pleito só ocorreu em 1982. Além disso, houve uma mudança na composição da Câmara dos Deputados, ampliando a bancada do Norte e Nordeste, que era formada por muitos congressistas da Arena, o partido governista. A segunda afirmação é falsa. No governo de José Sarney foi aprovado o mandato presidencial de cinco anos. Além disso, ao contrário do que diz a afirmativa, o Plano Cruzado, lançado em 1986, falhou no combate à inflação, que disparou e chegou a mais de 80% ao mês ao final de seu governo. A terceira afirmação é verdadeira. A redemocratização no Brasil e a promulgação da nova Constituição de 1988 abriu caminho para um gradual processo de integração regional, cujo ponto alto é a criação do Mercosul, em 1991, unindo as economias de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai naquele que é o principal bloco econômico da América do Sul. A quarta afirmação é falsa. O Plano Real consistiu em uma série de medidas econômicas que, de fato, conseguiu controlar a inflação no final do governo do presidente Itamar Franco. Mas o seu sucesso em nada se relaciona com os conflitos fundiários no Brasil, que persistem até os dias de hoje e têm como principal causa a grande concentração de terras no Brasil. Resposta: A