PROJETO PILOTO
REUTILIZAÇÃO DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS COM SUSTENTABILIDADE
PROJETO PILOTO DE REUTLIZAÇÃO DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS COM SUSTENTABILIDADE UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
BRUNA DE CASTRO CARVALHO ORIENTADORA: PROFESSORA MIRELA PILON PESSATTI CAMPINAS 2019
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CAPA A capa deste presente trabalho apresenta um triângulo (três pontas) com linhas contínuas para representar os três pilares da Sustentabilidade e também o conceito do projeto (Integração) que será apresentado no decorrer do trabalho. Linhas contínuas remetem a um caminho que de alguma forma sempre conectam e integram um ponto a outro. A paleta de cores do trabalho foi escolhida para representar os edifícios antigos e históricos tão importantes para serem lembrados com Sustentabilidade.
07 08 09
ANEXOS
PROJETO
CONCLUSÃO
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pag 38
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JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS
REFERÊNCIAS
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LOCALIZAÇÃO
TEMA
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
Este Trabalho Final de Graduação apresenta um projeto piloto para um Programa Municipal de Sustentabilidade e reaproveitamento de edifícios históricos. O terreno escolhido para o projeto foi o do antigo Clube Semanal de Cultura Artística, que atualmente está sem uso. O novo uso proposto para a área neste trabalho é de um Alojamento Temporário para Imigrantes. A lógica de reutilização da cidade antiga significa também um uso mais eficiente e sustentável dos recursos e evita o contínuo alargamento do perímetro urbano que gera mais infraestruturas e gastos de energia. Em 2018, o Brasil consumiu 472.242 GWh no ano e cada unidade de medida desta representa 85,98 tep (tonelada de petróleo equivalente). Ou seja, estamos produzindo uma quantidade elevada de energia não renovável. Dividindo este consumo em setor, pode-se observar que as Indústrias e as Residências são as que consomem mais energia. No Brasil, 55,9% da fonte de energia é não renovável e 44,1% é renovável. Deste total de energia não renovável, utilizamos em predominância o petróleo, já que os padrões atuais de produção e consumo de energia no mundo e no Brasil são baseados em fontes fósseis, com consequente impacto sobre o meio ambiente. Todas estas questões fazem com que o setor da construção gere 25% de todos os resíduos sólidos, consuma 25% da água disponível, ocupe 12% das terras do planeta e seja o setor que mais extrai materiais do meio natural (30%), gerando um consumo de energia entre 40% a 50% do total consumido. Responde também por 1/3 das emissões de gases de efeito estufa no planeta e 35% das emissões de carbono. É significativo o consumo de energia pela construção civil, tanto na extração de materiais quanto na fabricação, transporte e pro-
cessamento dos insumos. (Moura, Motta, 2015) No segmento de edificações, as emissões são prioritariamente provenientes do uso de energia. 10 a 20% dessas emissões estão ligadas à extração e ao processamento das matérias-primas, à fabricação de produtos e à etapa de construção e demolição. Os 80 a 90% restantes são geradas na etapa de operação e uso do edifício, em função do aquecimento (no caso de países do hemisfério norte), ar condicionado (em países quentes), iluminação e equipamentos. (MOURA; MOTTA, 2015) Se pensarmos em edifícios históricos, todos estes problemas se agravam. Os mesmos foram construídos com energia fóssil, não renovável e sem tecnologias que levavam em consideração a sustentabilidade. Além disso, não possuímos significativos incentivos para a sustentabilidade e reaproveitamento do tecido histórico e ele acaba ficando abandonado, mesmo sendo tão importante para as cidades. Por isso, o reaproveitamento de edifícios históricos é tão importante. Principalmente no Brasil que ainda não temos esta cultura difundida e onde o trabalho é feito praticamente com foco em não descaracterizar o mesmo. De uma maneira geral, os teóricos defendem o não abandono dessas edificações que materializam o passado no presente e que um dos meios mais eficientes de se preservar é conceder novos usos a esses prédios. Desta forma, edificações tidas como antigas e abandonadas podem ser reinseridas na paisagem da cidade como funcionais e verdadeiros patrimônios culturais e arquitetônicos. (DINIZ, 2019) O problema social do patrimônio está filiado à falta de conscientização geral. Infelizmente, ainda hoje apenas uma pequena parcela da sociedade estuda e conhece o assunto. A grande parte apenas vê as edificações, as obras de arte e o patrimônio natural
como uma forma de distração e lazer. Deste modo, desvaloriza-se o valor histórico e, em alguns casos, até o valor artístico do patrimônio em detrimento ao valor econômico; deixando a sua gestão a cargo dos interesses da iniciativa privada. Políticas de educação patrimonial se fazem cada vez mais necessárias para que sejam alargadas essas ações no campo do patrimônio e para a conscientização da população da sua importância e seus distintos papéis na cidade. Ações de reaproveitamento de edificações abandonadas e de espaços vazios já são percebidas em algumas cidades e nos países europeus, por exemplo, isto acontece com vantagens até de ordem econômica. A intensificação desta atuação pública seria outro caminho. Assim, alinhando o desenvolvimento sustentável ao patrimônio, tem-se uma das “fórmulas” mais eficazes para minimizar os problemas que atingem os dois setores.
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LOCALIZAÇÃO
A área escolhida para a realização do Projeto Piloto para o Programa Municipal de Eficiência Energética é o bairro Centro, localizado em Campinas, São Paulo. O município encontra-se localizado a 97 km da Capital e é parte importante de um dos polos metropolitanos da cidade de São Paulo, formado por 19 cidades com uma população estimada de 2,3 milhões de habitantes (6,31% da população do Estado). Ela desempenha um papel estratégico no desenvolvimento do Estado através da indústria, serviços e geração de tecnologia, além de contar com importantes Universidades. A cidade surgiu na primeira metade do século XVIII como um bairro rural da Vila de Jundiaí. Localizado nas margens de uma trilha aberta por paulistas do Planalto de Piratininga entre 1721 e 1730, o povoamento do “Bairro Rural do Mato Grosso” teve início com a instalação de um pouso de tropeiros nas proximidades da “Estrada dos Goiases”. O pouso das “Campinas do Mato Grosso” (erguido em meio a pequenos descampados ou “campinhos”, em uma região de mata fechada) impulsionou o desenvolvimento de várias atividades de abastecimento e promoveu uma maior concentração populacional. (VIRTUAL, 2019) No mesmo período (segunda metade do século XVIII), ganhava forma também uma outra dinâmica econômica, política e social na região, associada à chegada de fazendeiros procedentes de Itú, Porto Feliz, Taubaté, entre outras. Estes fazendeiros buscavam terras para instalar lavouras de cana e engenhos de açúcar, utilizando-se para tanto de mão de obra escrava. Por interesse destes fazendeiros e do Governo da Capitania de São Paulo, qo bairro rural do Mato Grosso se transformou em Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso (1774); depois, em Vila de São Carlos (1797), e
em Cidade de Campinas (1842); período no qual as plantações de café já suplantavam as lavouras de cana e dominavam a paisagem da região. Os cafezais, por sua vez, nasceram do interior das fazendas de cana, impulsionando em pouco tempo um novo ciclo de desenvolvimento da cidade. A partir da economia cafeeira, Campinas passou a concentrar um grande número de trabalhadores escravos, empregados em plantações e em atividades produtivas rurais e urbanas. No mesmo período (segunda metade do século XVIII), a cidade começava a experimentar um intenso percurso de “modernização” dos seus meios de transporte, de produção e de vida, permanecendo vivo até hoje na memória da cidade, aspectos diversos destas transformações. (VIRTUAL, 2019) Com a crise da economia cafeeira, a partir da década de 1930, a cidade de Campinas assumiu um perfil mais industrial e de serviços. No plano urbanístico, a cidade recebeu o “Plano Prestes Maia” (1938), um amplo conjunto de ações voltado a reordenar suas vocações urbanas, sempre na perspectivas de impulsionar velhos e novos talentos, como o de pólo tecnológico do interior do Estado de São Paulo. No mesmo percurso, a cidade passou a concentrar uma população mais significativa, constituída de migrantes e imigrantes procedentes das mais diversas regiões do estado, do País e do mundo, e que chegavam à Campinas atraídos pela instalação de um novo parque produtivo (composto de fábricas, agro-indústrias e estabelecimentos diversos). (VIRTUAL, 2019) Entre as décadas de 1930 e 1940, portanto, a cidade de Campinas passou a vivenciar um novo momento histórico, marcado pela migração e pela multiplicação de bairros nas proximidades das fábricas, dos estabelecimentos e das grandes rodovias em implantação: Via Anhanguera, (1948), Rodovia Bandeirantes (1979)
e Rodovia Santos Dumont, (década de 1980). Estes novos bairros, implantados originalmente sem infra-estrutura urbana, conquistaram uma melhor condição de urbanização entre as décadas de 1950 a 1990, ao mesmo tempo em que o território da cidade aumentou 15 vezes e sua população, cerca de 5 vezes. De maneira especial, entre as décadas de 1970/1980, os fluxos migratórios levaram a população a praticamente duplicar de tamanho. (VIRTUAL, 2019).
Figura 1. Mapa Brasil - Campinas Fonte: Autoria própria
Macrozoneamento Segundo o Plano Diretor de 2018, o município de Campinas foi dividido em 4 Macrozonas, entre elas a Macrozona de Relevância Ambiental, Macrozona de Estruturação Urbana, Macrozona Macro Metropolitana e Macrozona de Desenvolvimento Ordenado. A área analisada se encontra na Macrozona de Estruturação Urbana. Essa macrozona engloba diversos bairros distintos da cidade que envolvem desde o centro tradicional, passando pelo centro expandido e chegando aos limites das rodovias principais do município. Uma das diretrizes que o Plano Diretor de 2018 traz para esta área é o incentivo à ampliação da oferta de moradia, reabilitação dos espaços públicos e dos bens históricos e culturais. Além desta, ele visa a promoção de intervenções na estrutura viária e de transporte para correção dos
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problemas de descontinuidade entre bairros, estabelecimento de usos mistos compatíveis com o uso residencial no interior dos bairros residenciais, urbanização dos núcleos urbanos informais de interesse social passíveis de consolidação e a titulação dos ocupantes, adoção de medidas visando compelir os responsáveis a regularizar as áreas de interesse específico, quando tecnicamente possível, reserva de áreas para produção de habitação de interesse social com oferta adequada de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas.
Área do Recorte O recorte escolhido para estudo e diagnóstico se localiza entre o bairro Centro e Vila Lídia.
Levantamento O levantamento da área é importante para que se possa entender suas características e assim utilizá-las para tomar decisões viáveis e coerentes no projeto.
Figura 2. Área de Recorte Fonte: Google Maps
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Mapa de Uso e Ocupação do Solo Com o mapa de uso e ocupação do solo é possível verificar que a área possui um uso maior comercial e de serviços, característica que condiz com o Zoneamento do Local e com o fluxo pendular que acontece na região, já que estes usos acontecem predominantemente no horário comercial e quem as frequentam são pessoas que estão apenas de passagem e voltando de seus trabalhos.
Figura 3. Mapa de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Autoria própria
Mapa de Topografia A topografia do local em geral não tem grandes oscilações, porém é de grande relevância em uma análise urbana no momento de realizar um projeto.
Figura 4. Mapa de Topografia Fonte: Autoria própria
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Mapa de Gabarito Uma característica bastante marcante da região é o gabarito elevado em quase toda a área, fazendo com que ela seja densa e com uma poluição visual e sonora. Esta característica deve-se ao fato que o bairro foi um dos primeiros do município de Campinas e seu adensamento foi necessário para suportar toda a população que chegava na cidade. A expansão horizontal só aconteceu após não ter condições de expansão vertical mais.
Figura 5. Mapa de Gabarito Fonte: Autoria própria
Mapa de Equipamentos Públicos Com o mapa de Equipamentos Públicos é possível verificar uma grande quantidade de igrejas, já que a área sendo de centralidade é de fácil acesso para encontros religiosos. Há uma grande quantidade também de Hospitais, porém todos particulares e uma grande quantidade de Escolas, sendo a maioria para Ensino Médio e Fundamental.
Figura 6. Mapa de Equipamentos Urbanos Fonte: Autoria própria
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Mapa de Nós e Limites A área apresenta uma grande quantidade de patrimônios tombados que caracterizam como Nós da Região, já que prendem a atenção de quem passa e acaba tornando ponto de referência de muitas pessoas. Os principais limites da área seriam as Linhas de Trem (Mogiana e Fepasa), Av Orosimbo Maia e Av. Aquidabã, que dividem a cidade em classes sociais e limitam a travessia.
O fluxo de pedestres se encontra alto na Av João Jorge, José de Alencar, Senador Saraiva, 13 de Maio e em uma parte da Lix da Cunha.
Figura 7. Mapa de Nós e Limites Fonte: Autoria própria
Mapa de Mobilidade - Fluxos A área é bem característica pelo alto fluxo, tanto de pedestres quanto de veículos particulares e públicos. Grande parte deste fluxo deve-se ao fluxo pendular, já que a área é um dos principais locais de trabalho da cidade e também zona de passagem de muitas pessoas pelas principais Avenidas e Rodovias que conectam o município. O fluxo alto de veículos particulares se encontra principalmente nas Avenidas Aquidabã, Sales de Oliveira, Andrade Neves, Moraes Salles, Benjamin Constant, Orozimbo Maia e Barão de Itapura. Já o alto fluxo de transporte público se encontra principalmente nas Avenidas Salles de Oliveira, Irmã Serafina, João Jorge, Campos Salles, Senador Saraivae e Francisco Glicério.
Figura 8. Mapa de Mobilidade - Fluxos Fonte: Autoria própria
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Mapa de Mobilidade - Detalhamento Em relação a Estacionamentos é possível verificar uma grande quantidade espalhada pela área, já que o bairro é caracterizado pelo uso predominantemente de serviços e comércios e traz a necessidade de suportar a quantidade de veículos que chegam dos clientes. Além de possui também Terminais, Intermodal e Rodoviário que traz a facilidade de acesso ao local através de outros modais além do veículo particular. Ainda é visto poucas área de permanência e acessibilidade na área devido ao seu grande adensamento a qualquer custo.
Mapa de Questões Sociais Por ser uma área de fácil acesso e que suporta diversos tipos de usos, acaba sendo a escolha de muitos moradores de rua para se alocarem. Com o fluxo pendular, no período noturno a região se encontra vazia e acaba sendo ambiente para diversos pontos de venda e uso de droga, além de prostituição. Estas atividades em conjunto causam a sensação de insegurança noturna em diversos pontos.
Figura 9. Mapa de Mobilidade - Detalhamento Fonte: Autoria própria
Figura 10. Mapa de Questões Sociais Fonte: Autoria própria
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Diagnóstico Com todo o levantamento da área é possível analisar que o fluxo pendular tem um grande efeito. A maior parte das questões sociais citadas sobre moradores de rua, prostituição e usuários de droga são causados devido ao pouco uso noturno que a região possui ao terminar as suas atividades no horário comercial, sendo local de sensação de insegurança noturna. O alto fluxo de veículos particulares e públicos em determinados horários de pico também são ocasionados devido ao fluxo pendular, já que as pessoas se locomovem para suas casas sempre nos mesmos horários. Aproveitando deste alto fluxo de pedestres e do grande uso comercial que a área possui, o comércio irregular se apropria das calçadas dificultando o acesso de quem transita pelo local. O grande limite formado pela Fepasa também é bastante marcante, já que ele divide as classes sociais do município (ricas acima da linha e pobres abaixo da linha) e não há formas de conexão durante sua extensão. Os patrimônios históricos da área também são bastante característicos, já que a cidade se deu início neste bairro. Porém, muitos deles estão sem uso, deteriorados ou mal utilizados.
Figura 11. Mapa de Diagnóstico Fonte: Autoria própria
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Mapa de Diretrizes de Projeto Integrado Após as análises do Levantamento, como forma de melhorar o local potencializando suas características positivas e solucionando as negativas, foi decidido na matéria de PI (Projeto Integrado) realizar um projeto intervenção na área utilizando o Conceito de Conexão e Integração como forma de unir os dois lados da cidade e integrar os projetos de TFG (Trabalho Final de Graduação) a seus usuários. Como diretriz do projeto está a Reestruturação de alguma vias que conectam com os Projetos de TFG dos integrantes do grupo, a criação de um Parque na atual Fepasa e a criação de uma Rota Patrimonial.
Figura 12. Mapa de Diretrizes Fonte: Autoria própria
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Intervenção Urbana de Projeto Integrado
de edifícios estratégicos, além de indicar um partido do projeto: forma do piso que remete a reconstrução da Fepasa anteriormente “abandonada”.
A seguir serão mostradas as três diretrizes detalhadamente do projeto realizado na matéria de Projeto Integrado. Parque Para a criação do Parque na atual Fepasa foi levantado primeiramente quais edifícios do local se encontram tombados, os que possuem uso e quais estão em estado de deterioração. A idéia do projeto é manter os usos existentes e demolir os edifícios deteriorados, não tombados, que estão em ruínas e inviáveis de serem requalificados. Os usos escolhidos para o projeto do Parque foram pensados de acordo com as características físicas e morfológicas de cada edifício. Edificios onde o pé direito é maior, foi aproveitado esta característica já existente a seu favor, como no caso do prédio para bares e restaurantes que foi utilizado mezaninos para as acomodações. O estado de conservação deles também foi considerado para a escolha do novo uso. Edifícios melhores conservados foram colocados usos mais nobres, como o prédio administrativo, por exemplo. Foi considerado também a localização, já que o parque foi dividido em setores. Nas proximidades da área residencial foi escolhido usos de serviço e comércio para atender esta população e os próprios trabalhadores da área central, por exemplo. Os eixos de circulação foram pensados de acordo com o conceito do projeto: Integração e conexão. Eles tem como objetivo conectar o entorno com o Parque e trazer permeabilidade. Seu formato junto com as áreas verdes, trazem funcionalidade quando necessário, como barreiras ou indução ao caminho e visibilidade.
Figura 13. Diagramas Parque Fonte: Autoria própria
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Reestruturação de Vias O estudo de insolação foi pensada no projeto da reestruturação da via. Na Av. Campos Salles onde a incidência de sol é menor, for alargada a calçada para que o pedestre utilize desta área como principal fluxo. A escolha das vias que seriam reestruturadas foram de acordo com as de principal fluxo da área que conectam com os projetos de TFG. O objetivo é diluir este alto fluxo tanto de pedestres quanto de veículos públicos e particulares a fim de melhorar a permeabilidade e trazer a Conexão e Integração (conceito do projeto). Em todas estas vias foram alargadas as calçadas, tendo uma boa infraestrutura para que o pedestre se sinta pertencente e possa escolher andar a pé ao invés de utilizar o veículo particular, além de possibilitar que o comércio irregular que se instala nas calçadas não atrapalhe o fluxo destes pedestres e eles possam andar juntos. Rota Patrimonial Os edifícios históricos escolhidos para fazer parte da rota patrimonial são os que se localizam nas proximidades das vias de reestruturação, aproveitando a infraestrutura já criada e possibilitando que o pedestres possa valorizar e vivenciar o patrimônio da cidade, tão marcante na região. Além, de trazer através do projeto de TFG inserido na área de Escola Parque o incentivo a Educação Patrimonial, tão esquecida e abandonada.
Figura 14. Diagramas Vias e Rota Patrimonial Fonte: Autoria própria
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A B
A B
Figura 15. Implantação Geral Projeto PI Fonte: Autoria própria
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Figura 16. Perspectiva área de convivência Fonte: Autoria própria
Corte AA Escala 1:5000
Corte BB Escala 1:5000 Figura 18. Cortes AA e BB escala 1:5000 Fonte: Autoria própria
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Figura 17. Perspectiva Área para Shows Fonte: Autoria própria
Figura 19. Perspectiva Geral Fonte: Autoria prรณpria
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TEMA
De acordo com o diagnóstico da área apresentado anteriormente, o tema escolhido para o presente Trabalho Final de Graduação, está relacionado com a Sustentabilidade e reaproveitamento de Edifícios Históricos do município de Campinas. A contextualização deste tema e da questão do novo uso de Alojamento Temporário para Imigrantes será apresentado a seguir.
História da Sustentabilidade O conceito de Desenvolvimento Sustentável é apresentado pela primeira vez na década de 80 pelo Relatório Brundtland. Em 1992, a declaração do Rio sobre o meio ambiente é o resultado das discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ocorreu em junho no Rio de Janeiro, a ECO-92, reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972. O documento produzido define vinte e sete princípios, entre eles está presente o direito ao desenvolvimento sustentável, atendendo as necessidades de desenvolvimento das gerações presentes e futuras, além de recomendar aos Estados a tarefa de erradicar a pobreza. A Agenda 21 é mais um resultado das discussões da ECO-92. Trata-se de um documento firmado entre os países em que predomina o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações. A Agenda 21 não é simplesmente uma Agenda Ambiental e sim uma Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, em que o meio ambiente é uma consideração importante.
tentável, realizada em Johannesburg, afirma que o Desenvolvimento Sustentável é construído sobre três pilares visando maior integração das dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental. Eles devem interagir, pois sem eles a sustentabilidade não se sustenta, desde a pequena a grande escala. O Pilar Social trata-se do capital humano. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos como o bem estar dos seus funcionários. Nesse item, está inserido também problemas gerais da sociedade como educação, violência e até o lazer. (LASSU, 2019) O Pilar Ambiental refere-se ao capital natural de um empreendimento ou sociedade. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, deve-se pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar. Além disso, deve ser levado em conta a adequação à legislação ambiental. (LASSU, 2019) O último Pilar é o Econômico, onde são analisados os temas ligados à produção, distribuição e consumo de bens e serviços e deve-se levar em conta os outros dois pilares.
Pilares da Sustentabilidade A Declaração de Política de 2002 da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sus-
Figura 20. Pilares da Sustentabilidade Fonte: Autoria Própria
Sustentabilidade na Construção Civil Na década de 60, a ONG Clube de Roma, debatia as questões ambientalistas e em seu primeiro relatório impactou a comunidade científica ao apresentar cenários bastante catastróficos sobre o futuro do planeta se continuasse a se desenvolver como estava. A partir daí vários outros relatórios sobre preservar o meio ambiente foram elaborados, como a Declaração de Estocolmo (1972), Relatório de Bruntland: Nosso Futuro Comum (1987), Declaração do Rio (1992), Agenda 21 (1992). A incorporação de práticas de sustentabilidade na construção é uma tendência crescente no mercado e o setor da construção precisa se engajar cada vez mais. As empresas devem introduzir a sustentabilidade, buscando, em cada obra, soluções que sejam economicamente relevantes e viáveis para o empreendimento. (CORRÊA, 2009). A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e outras instituições apresentam diversas soluções e princípios básicos desta construção sustentável, como o aproveitamento de condições naturais locais, utilização mínima de terreno e integração com o ambiente natural, implantação e análise do entorno, redução dos impactos no entorno, qualidade ambiental interna e externa, gestão sustentável da implantação da obra, adaptação às necessidades atuais e futuras dos usuários, uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo, redução do consumo energético, redução do consumo de água, redução, reutilização e reciclagem corretamente dos resíduos sólidos, introdução de inovações tecnológicas sempre que possível e viável e educação ambiental. Precisa-se reestabelecer a harmonia, pois muitos processos que privilegiavam o apro
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mento passivo de fatores naturais, como luz, calor, ventilação, entre outros, foram abandonados com o advento da energia elétrica e tecnologias de aquecimento e resfriamento artificiais. (CORRÊA, 2009). Esta concepção da construção sustentável deve estar presente em todo o ciclo de vida do empreendimento, desde sua concepção até sua re-qualificação, desconstrução ou demolição. É necessário um detalhamento do que pode ser feito em cada fase da obra, demonstrando aspectos e impactos ambientais e como estes itens devem ser trabalhados para que se caminhe para um empreendimento que seja: uma idéia sustentável, uma implantação sustentável e uma moradia sustentável.
LEED
Figura 24. Leed
Fonte: Leed, 2019 Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), está mudando a maneira como pensamos sobre como os edifícios e as comunidades são planejados, construídos e operados. Ele é a principal plataforma utilizada para green buildings ou edifícios verdes. Esta certificação funciona para todos os edifícios desde novas edificações, design de interiores, edifícios existentes e bairros, além de poder ser aplicado a qualquer momento no empreendimento. Os Projetos que buscam a certificação LEED serão analisados por 8 dimensões. Todas possuem pré-requisitos e créditos que a medida
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que atendidos, garantem pontos à edificação. O nível da certificação é definido, conforme a quantidade de pontos adquiridos, podendo variar de 40 pontos a 110 pontos. Os níveis são: Certificado, Silver, Gold e Platinum. (BRASIL, 2019) Dentre seus benefícios podemos destacar os econômicos que incluem a diminuição dos custos operacionais, diminuição dos riscos regulatórios, valorização do imóvel para revenda ou arrendamento, aumento na velocidade de ocupação, aumento da retenção e modernização e menor obsolescência da edificação. Há também os benefícios sociais, como a melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes, inclusão social e aumento do senso de comunidade, capacitação profissional, conscientização de trabalhadores e usuários, aumento da produtividade do funcionário, melhora na recuperação de pacientes (em Hospitais), melhora no desempenho de alunos (em Escolas); aumento no ímpeto de compra de consumidores (em Comércios), incentivo a fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais, aumento da satisfação e bem estar dos usuários, estímulo a políticas públicas de fomento a Construção Sustentável. (BRASIL, 2019) Os benefícios ambientais são diversos. Podemos citar o uso racional e redução da extração dos recursos naturais, redução do consumo de água e energia, implantação consciente e ordenada, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental, redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção .
Selo Procel Edificações
O Selo Procel Edificações foi criado em novembro de 2014 e é de adesão voluntária. Ele
tem o objetivo de identificar as edificações que apresentem as melhores classificações de eficiência energética em uma certa categoria, motivando o mercado consumidor a adquirir e utilizar imóveis mais eficientes. Este é um setor de extrema importância no mercado de energia elétrica, representando cerca de 50% do consumo de eletricidade do País. (PROCEL, 2019) Para obter o Selo Procel Edificações, recomenda-se que a edificação seja concebida de forma eficiente desde a etapa de projeto, ocasião em que é possível obter melhores resultados com menores investimentos, podendo chegar a 50% de economia. Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados três sistemas: envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Nas Unidades Habitacionais são avaliados: a envoltória e o sistema de aquecimento de água. (PROCEL, 2019) O Selo Procel Edificações é dado tanto na etapa de projeto, válido até a finalização da obra, quanto na etapa da edificação construída. Os Selos são emitidos pela Eletrobras após a avaliação realizada por um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA) pelo Inmetro, com escopo de Eficiência Energética em Edificações (OIA-EEE).
Figura 25. Selo Procel Edificações Fonte: Procel, 2019
Edifícios Históricos e seu Reaproveitamento Sustentável Atualmente ficuldade em
verifica-se encontrar
uma diregulamenta-
ções direcionadas para a construção antiga, havendo uma falta de compromisso legislativo com a revitalização do tecido histórico. A lógica de reutilização da cidade antiga significa também um uso mais eficiente e sustentável dos recursos e evita o contínuo alargamento do perímetro urbano que gera mais infraestruturas e gastos de energia. É necessário que em todo o tecido histórico seja feito uma adequação às exigências de conforto, com a consciência de que se trata de um recurso não renovável para o qual é urgente uma preservação a longo prazo. (GONÇALVES, 2015) Os edifícios históricos eram ausentes de consumo de energia fóssil (sendo as fontes primárias de energia disponíveis utilizadas para a construção). Neste sentido os edifícios antigos são de uma abordagem urgente para a harmonia do ambiente. A reabilitação energética de edifícios históricos é uma atividade de importância extrema em todo o mundo, sobretudo por razões de sustentabilidade da construção, de onde se destaca: Preservação de valores culturais: até à primeira metade do século XX, o conceito de Patrimônio Arquitetônico encontrava-se restrito a monumentos e construções especiais. Posteriormente à Carta de Veneza de 1964, este conceito passou a abranger sítios, centros urbanos e edifícios. Compreendeu-se que os conjuntos antigos de edifícios são essenciais para o entendimento da história, tanto da cidade quanto das pessoas, demonstrando a evolução da própria edificação. Eles são a herança física de variados movimentos estéticos arquitetônicos e artísticos; (GONÇALVES, 2015) Proteção ambiental: a reabilitação de edifícios históricos tem o intuito de preservar grande parte dos elementos construídos, reduzindo as demolições e reconstruções. Cor-
responde a menores emissões de dióxido de carbono, por diminuir o consumo de energia na produção e aplicação de novos produtos e na quantidade de materiais a remover e a destruir. Em edifícios deste caráter é aconselhável uma reabilitação energética que faça uso de materiais tradicionais naturais (como a madeira, pedra, areia ou cal) ao invés dos industriais e artificiais (como o cimento, aço, pvc ou alumínio); (GONÇALVES, 2015) Vantagens econômicas: preservar e reabilitar o tecido histórico existente apresenta diversos benefícios econômicos em relação à opção de demolir e voltar a reconstruir. Evitam-se os custos de demolição, reduzem-se os custos com licenças e taxas, existe maior simplicidade na aprovação de projetos, reduzem-se os custos de estaleiro, reduzem-se as perturbações do tráfego urbano e a quantidade de novos materiais. Mesmo que os preços unitários dos trabalhos de reabilitação sejam mais elevados do que os correspondentes a uma construção de raiz, o custo total da intervenção tende a ser menor do que a construção de um novo edifício. A comparação entre a reabilitação de edifícios históricos e a nova construção nunca deve ser baseada por custos por metro quadrado, mas sim através de uma análise de todos os interesses anteriormente citados: a protecção dos valores culturais e ambientais. (GONÇALVES, 2015)
A reutilização de estruturas existentes é uma estratégia de sustentabilidade e mesmo com todos os seus benefícios continuamos a exaltar pequenos projetos enquanto há milhares de edifícios abandonados em nossos centros urbanos, sofrendo com o descaso e esperando por alguém que possa dar um novo uso e uma nova vida a ele. Construir uma dúzia de pequenos edifícios “sustentáveis” não é mais importante do que transformar e adaptar centenas de edifícios históricos para que tenham um melhor desempenho energético. Projetos como esse são muito mais va-
liosos do que sistemas de altíssima tecnologia .
Preservação de Edifícios Históricos Em linhas gerais, Patrimônio é entendido como qualquer criação arquitetônica, sítio rural ou urbano que testemunhe um período, uma civilização, uma evolução significativa ou um acontecimento histórico (CARTA DE VENEZA, 1964). Esse conceito surgiu no chamado Século das Luzes, no contexto da Revolução Francesa. Naquela época, emergiram também os ideais de tombamento (transformar uma edificação ou monumento em um objeto público), inventário (descrição detalhada do patrimônio) e reutilização das edificações. (DINIZ, 2019) Entretanto, a ideia de conservação do patrimônio e da história da arte ganharam popularidade e passaram a fazer parte do imaginário e do debate das elites letradas a partir da Revolução Industrial, diante das grandes mudanças sociais, econômicas e urbanas evidenciadas naquele momento, bem como dos processos resultantes delas, dentre os quais destaca-se o êxodo rural. (CHOAY, 2001). A partir de então, diversos teóricos passaram a dissertar sobre o assunto, dentre eles: Vollet-Le-Duc (1814-1879), John Ruskin (18181900) e Camillo Boito (1836-1914). O primeiro foi um arquiteto francês de posicionamento intervencionista e defensor da restauração agressiva e historicizante das edificações tidas como de importância histórica/patrimonial. O segundo, por sua vez, era um crítico de arte britânico, com pensamento radical e anti-intervencionista, acreditando que todo edifício ou monumento histórico estava fadado à ruína. Já Camillo Boito foi um
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arquiteto italiano que compilou diretrizes para a conservação de monumentos históricos, afirmou a legitimidade da restauração em relação ao presente, quando os meios de salvaguarda tiverem fracassado, e defendeu a conservação da pátina dos edifícios e dos seus sucessivos acréscimos provenientes do tempo (CHOAY, 2001), cujas ideias e posicionamentos acerca do patrimônio ainda são contemporâneos. (DINIZ, 2019) De uma maneira geral, os teóricos defendem o não abandono dessas edificações que materializam o passado no presente e que um dos meios mais eficientes de se preservar é conceder novos usos a esses prédios. Desta forma, edificações tidas como antigas e abandonadas podem ser reinseridas na paisagem da cidade como funcionais e verdadeiros patrimônios culturais e arquitetônicos. (DINIZ, 2019) O problema social do patrimônio está filiado à falta de conscientização geral. Infelizmente, ainda hoje apenas uma pequena parcela da sociedade estuda e conhece o assunto. A grande parte apenas vê as edificações, as obras de arte e o patrimônio natural como uma forma de distração e lazer. Deste modo, desvaloriza-se o valor histórico e, em alguns casos, até o valor artístico do patrimônio em detrimento ao valor econômico; deixando a sua gestão a cargo dos interesses da iniciativa privada. Políticas de educação patrimonial se fazem cada vez mais necessárias para que sejam alargadas essas ações no campo do patrimônio e para a conscientização da população da sua importância e seus distintos papéis na cidade. Ações de reaproveitamento de edificações abandonadas e de espaços vazios já são percebidas em algumas cidades e nos países europeus, por exemplo, isto acontece com vantagens até de ordem econômica. A intensificação desta atuação pública seria outro cami-
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nho. Assim, alinhando o desenvolvimento sustentável ao patrimônio, tem-se uma das “fórmulas” mais eficazes para minimizar os problemas que atingem os dois setores.
História Clube Semanal de Cultura Artística
O Clube Semanal, como era conhecido, tornou-se um dos principais cenários da região e do Estado, em razão das importantes decisões políticas, administrativas e culturais, que nele foram tomadas e que inegavelmente fizeram parte da história da cidade e do país. Somente 13 anos após a fundação do clube, em 1870, ainda por iniciativa e responsabilidade de seus fundadores foram emitidos títulos para que pudesse ser construído um imóvel destinado a uma sede e assim pudesse ser realizado recitais de arte, concertos, solenidades cívicas e sociais, que segundo historiadores, pode ter sido a primeira do país com esta finalidade. Após 3 anos de construção, em 1873 foi inaugurado o ambiente destinado à instalação de um clube, situado à Rua Regente Feijó, número 1455. Nesta época, já destacando-se como o principal referencial político da região, e considerado o berço da cultura campineira, todas as famílias tradicionais solicitavam seu ingresso no clube, onde apenas conseguiam ser aceitas, as que passando por rigorosa avaliação do grupo. Diante dessas fundamentais exigências, após mais 1 ano de sua sede própria ser inaugurada, em 1874, a entidade conseguiu formar um
quadro associativo de 70 famílias, cujos membros a frequentavam em atividades políticas e culturais. Nessa sede, apresentou-se inúmeras vezes a imortal soprano campineira, Maria Monteiro, e por ser próxima a residência de Carlos Gomes, utilizou-se de dois excelentes pianos de cauda que ali existiam. Lamentavelmente, em 1889, a epidemia da febre amarela arrasou Campinas, modificando o rumo de sua trajetória e do então primeiro clube fundado no país. Apesar das intensas dificuldades provocadas pela crise financeira e pelo holocausto febril, o clube conseguiu manter-se de portas abertas, sob a presidência de Bento Quirino e do vice-presidente Raphael Sampaio, graças às contribuições de ambos e por ser o presidente um dos principais líderes campineiros e articulador político da região, além de sua relevante influência nas artes. Esta primeira sede social funcionou efetivamente até 1916. Após haver sido submetida a várias reformas, interiores e exteriores, suas precárias instalações deixaram de atender ao fim que se destinava, tornando-se ultrapassada para o número de associados que o clube já possuía. Em 1925 seus sócios proprietários acionistas locaram o imóvel e na sequência o venderam, para a “Organizacione Nazionale Dopo Lavoro”, entidade local, que abrigava membros e descendentes de famílias italianas. O Clube Semanal de Cultura Artística necessitava urgentemente de outro local, que possibilitasse acolher diariamente seus associados, e possuísse amplos salões para atender um aumento do novo quadro associativo. Existiram na época dois locais para ser construída a sede. Ambos, como usava naquele tempo, sobre galerias de lojas. O primeiro deles na Av. Francisco Glicério, 964, onde seria construído o ainda hoje
Edifício Rio Branco, em pavimentos superiores da Galeria Rio Branco, e o segundo, situado na Rua Irmã Serafina, em frente ao jardim Carlos Gomes, também sobre uma galeria de lojas foi o local escolhido. Todo planejamento e as obras foram executados através da mais importante empresa campineira do ramo na época, Construtora Ribeiro Novaes, pertencente aos associados do clube, Ralfo Fonseca ribeiro e Ruy Helmestter Novaes, prefeito da cidade, e tendo como engenheiro responsável, o também associado, Noyr M. Rodriguez. Apesar de alguns conservadores preferirem o endereço, para que a sede fosse construída na Av. Francisco Glicério, em razão de julgarem o local escolhido descentralizado, e um pouco distante, a maioria pensava que o centro se expandiria rapidamente até lá. Atualmente a sede se encontra na Rodovia Heitor Penteado, Km 6 em Sousas e no lugar do edifício se instalou uma Unidade de Pronto Atendimento por um período e devido a corte de verbas pelo município a mesma foi retirada do local deixando-o sem uso atualmente.
Alojamento Temporário para Imigrantess Campinas é considerada como futuro centro de redistribuição de imigrantes estrangeiros que estão no Norte do Brasil. Por ser um polo tec nológico, tem a presença de imigrantes com alta especialização profissional e imigrantes com menor especialização e nível de escolaridade. Ela foi a segunda cidade do estado de São Paulo que mais recebeu imigrantes entre os anos 2000 e 2015 - foram cerca de 16 mil pessoas no período, quase mil por ano, segundo Nepo (Núcleo de Estudos da
População “Elza Berquó”), da Unicamp em 2018. Este movimento deve-se a mobilidade do capital e a força de trabalho. Ela foi potencializado por causa da decisão de países europeus e dos Estados Unidos de fecharem as suas fronteiras aos imigrantes. Como consequência, houve um aumento na presença de países do sul nesses fluxos. Além de venezuelanos, haitianos e cubanos, a cidade conta com imigrantes bolivianos, peruanos, colombianos e africanos. O menor movimento é do Oriente Médio. (MARTINS, 2019). Eles estão divididos em 4 grupos, segundo o Livro Migrações Sul-Sul publicado em 2018. Grupo 1 - Indivíduos com atividade e tempo de permanência pré-definido, sobretudo estudantes, professores universitários, trabalhadores de multinacionais e religiosos, e que não utilizam-se de Serviço de Referência. Grupo 2 - Indivíduos sozinhos ou pequenos grupos familiares, constituído por profissionais liberais variados, intelectuais, artistas, artesãos, que geram pouca, ou nenhuma, demanda específica de políticas públicas e não representam o público principal atendido pelo Serviço de Referência. Grupo 3 - Grupos originários dos fluxos migratórios do último quartel do século XX, apresentam boa visibilidade em situação de total inclusão social, e com manifestações de preservação de aspectos de sua cultura de origem. Temos nesse grupo, que também não é usuário principal do Serviço de Referência, sobretudo: Chilenos, Angolanos, Paraguaios, Chineses. Grupo 4 - Grupos dos fluxos migratórios de 2010 até o presente. Esse é o principal demandante de políticas públicas específicas (apoio para regularização de documentação, trabalho, idioma, intermediação do acesso à saú-
de, educação, assistência, trabalho, abrigamento, moradia, etc). Somam cerca de 1600 pessoas. O grupo 4 tem o perfil geral masculino e jovem e são eles que precisam de apoio ao chegar no país. Existem poucas cidades, mesmo com recebimento de fluxo migratório, com serviço específico para atendimento dessa população. E, diferentemente de São Paulo, Campinas não tem organizações da sociedade civil com histórico de trabalho com imigrantes e refugiados. O serviço da prefeitura foi criado no final de 2016 e atende cerca de 18 pessoas por dia em serviços diversos de assistência. Muitos destes imigrantes chegam sem possuir uma moradia e acabam se instalando nas ruas da cidade, sem condições mínimas de se viver. Por isso, cidades como São Paulo e Roraima, que recebem um grande número de imigrantes, já adotam a prática de Alojamentos Temporários para esta população. Após a regularização da família no país é possível se instalar por um período determinado neste alojamento. Neste período entende-se que a família pode se especializar, conseguir um emprego e uma moradia fixa, podendo permanecer no país com condições mínimas.
Figura 26. Clube Semanal de Cultura Artistica Atualmente Fonte: Acervo Pessoal, 2019
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JUSTIFICATIVAS
A área central de Campinas para o projeto piloto do Plano Municipal de Sustentabilidade e reaproveitamento de edifícios Históricos, se justifica pelo fato de ser uma região onde há o maior número de Patrimônios Históricos do Município, além de possuir edifícios importantes que fazem parte da história da cidade e ainda não são tombados. Dentre estes, grande parte está deteriorada e abandonada, além de esquecida em relação a sua história e significado para a cidade. Estes também não recebem significativos incentivos para a reutilização do tecido histórico, logo neste momento da história da humanidade, quando a utilização irracional dos recursos energéticos leva a consequentes impactos ao meio ambiente. Por isso, com o Plano Municipal teremos um tecido histórico mais valorizado em relação aos seus valores culturais e ambientais, já que estes edifícios são a herança física de variados movimentos estéticos arquitetônicos e artísticos. Assim, alinhando o desenvolvimento sustentável ao patrimônio, tem-se uma das “fórmulas” mais eficazes para minimizar os problemas que atingem os dois setores. Para o Projeto Piloto foi escolhido o antigo Clube Semanal de Cultura Artística, um dos primeiros edifícios modernistas de Campinas que abrigava um tradicional Clube Cultural das famílias Campineiras. Atualmente este edifício está sem uso e por isso, dar um novo uso a ele preservará também grande parte dos elementos construídos, reduzindo as demolições/reconstruções e tendo menores emissões de dióxido de carbono. Evitamos com os custos de demolição, de licenças e taxas, de novos materiais, além de possuir maior simplicidade na aprovação de projetos. O projeto terá um custo total menor do que a construção de um novo edifício, gastará menos
energia e proporcionará e preservação da história já existente de quem frequentava o local. O novo uso será um Alojamento Temporário de 4 meses para Imigrantes, o que fará com que a cidade possa comportar a grande quantidade de imigrantes e proporcionar condições mínimas a esta população, sendo atualmente os Venezuelanos o maior volume, além de atender a já existente cogitação do município receber este tipo de alojamento. Segundo notícia da A Cidade On, Campinas é a segunda cidade que mais recebeu imigrantes entre 2000 e 2015, totalizando 16 mil pessoas neste período e 1066 pessoas por ano. Destes, o município possui apenas 1 grupo, de 4, que se encontra em vulnerabilidade e necessita de políticas públicas, totalizando 266 imigrantes nesta situação por ano. Como o alojamento possui infraestrutura para suportar até 92 pessoas, o período escolhido para que este imigrante se instale é de até 4 meses, já que neste tempo o município recebe 88 pessoas dos 266 imigrantes anuais. Desta forma, o alojamento comportará todos os imigrantes do grupo em vulnerabilidade que chegam em Campinas, além de possuir uma margem caso chegue mais imigrantes comparado com a média calculada. O bairro escolhido para o Projeto Piloto está localizado no mesmo onde se encontra o Terminal Multimodal Ramos de Azevedo de Campinas, o Terminal Central e o Terminal Mercado, o que facilitará na locomoção deste imigrante até o edifício após sua chegada no município. Visando facilitar mais ainda a mobilidade do usuário, a requalificação da Av. Campos Salles e Rua General Osório conectará o edifício ao Centro de Integração e desenvolvimento Multiétnico localizado na atual Fepasa. Organizar e incentivar o reaproveitamento de um edifício histórico sustentável através de um Plano Municipal fará com que ocorra na prática os benefícios deste tipo de projeto de
eficiência energética, além de trazer Incentivos fiscais, como o IPTU Verde, que rende descontos de 3% a 20% no IPTU anual em edifícios que procuram a sustentabilidade. Motivar os proprietários dos edifícios a verem retorno das boas práticas de um edifício sustentável fará com que o mesmo seja viável em uma realidade que muitos proprietários aceitam sua realização apenas se houver retorno financeiro. (Gonçalves, 2015). Com todas estas diretrizes, o projeto atingirá os três pilares da Sustentabilidade (ambiental, econômico e social), já que terá a economia quando falamos de eficiência energética, a utilização de materiais sustentáveis pensando no meio ambiente e o Social com a integração dos imigrantes a sociedade através das vias somente para pedestres e o olhar para a preservação e reuso de edifícios históricos).
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OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Objetivos Geriais Propor um Plano Municipal de sustentabilidade e reaproveitamento de edifícios históricos. Para tal será desenvolvido além das diretrizes para o referido plano, um projeto piloto no Edifício do antigo Clube Semanal de Cultura Artística.
Objetivos Específicos • • • • •
Incentivar edifícios sustentáveis, através da demonstração dos benefícios desta prática; Usar o edifício do antigo Clube Semanal de Cultura Artística como ‘’projeto piloto’’ do Plano Municipal Dar um uso ao edifício do antigo Clube Semanal de Cultura Artística; Promover a etiquetagem do Selo Procel e Certificação Leed no edifício do antigo Clube Semanal de Cultura Artística; Criar Parque na atual Fepasa e requalificar vias que conectam o edifício a este parque.
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Palacete dos Duques de Arévalo Del Rey Localização: Rua Manuel Silvela nº 4 - 28010 Madrid - Espanha Programa Inicial: Hotel Programa intermediário: Habitação colectiva Atual: Sede da Procuradoria Especial para o Combate à Corrupção e à Criminalidade Organizada Data da construção: 1905 Data da reabilitação: 2011 Construção: Arquiteto Luis Sainz De Los Terreros Reabilitação: Arquiteto Ignacio Mendaro Corsini Edifício protegido devido ao seu valor patrimonial enquanto exemplo histórico excepcional do final do século XIX. Dispõe de uma fraca exposição solar devido ao seu entorno. (GONÇALVES, 2015) O desejo dos Duques de Arévalo del Rey em constituir um Hotel nos arredores de Madrid é o pretexto para a construção original deste Palacete. Não se conhecendo as razões, sabe-se que seis anos após a sua construção, o Palacete seria vendido. Com a alteração de proprietários foi solicitado a modificação tipológica para um uso habitacional coletivo. (GONÇALVES, 2015) Em 1911, o Arquitecto Luis Sainz De Los Terreros é chamado a intervir novamente no edifício sob uma perspectiva de ampliação. Em 2005, perante a sua inutilização, o Palacete foi adquirido pelo Estado. Num contexto de degradação, o Ministério da Economia e das Finanças lança um concurso para a sua reabilitação e alteração funcional, por forma a acolher a Procuradoria Especial para o Combate à Corrupção e à Criminalidade Organizada. (GONÇALVES, 2015) O arquiteto Ignacio Mendaro Corsini já possui um conhecimento e experiência
em construções sustentáveis, principalmente voltadas a edifícios históricos, o qual ele fez diversas palestras durante a sua trajetória. O Palacete dos Duques Del Rey é um exemplo de uma destas construções, que inclusive ganhou prêmios de melhor restauração sustentável e melhor instalação geotérmica. A elaborada proposta buscou nas raízes históricas do edifício, valorizar o projeto original de 1905, além de utilizar sistema de energia renovável geotérmica, já que o edifício necessitava de um aquecimento durante o período de inverno e uma estrutura termoativa de aquecimento. Até os dias atuais o edifício está sendo utilizado e é bastante elogiado pelas suas soluções construtivas que conseguiu aproveitar da identidade histórica juntamente com soluções sustentáveis, tão pouco visto atualmente.
Mais informações da referência
Figura 27. Perspectiva Palacete após projeto Fonte: Gongalves, 2015
Figura 30. Sistema Geotérmico Fonte: Gongalves, 2015
Figura 28. Primeira planta Fonte: Gongalves, 2015
Figura 29. Perspectiva Projeto Original (1905) Fonte: Gongalves, 2015
Figura 31. Sistema Geotérmico 2 Fonte: Gongalves, 2015
Figura 32. Perspectiva Palacete após projeto Fonte: Gongalves, 2015
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Hangar Business Park Local: BA, Brasil Início do projeto: 2011 Conclusão da obra: 2013 Área do terreno: 28.000 m² Área construída: 147.000 m² Tipo de obra: Uso Misto Tipologia: Uso Misto Projetado pelo escritório Caramelo Arquitetos Associados, o complexo possui dois hotéis, duas torres comerciais e cinco torres de escritórios Foi concebido e avaliado de acordo com os critérios necessários à certificação com selo de eficiência energética PROCEL-EDIFICA e INMETRO e o primeiro na categoria existente no Norte e Nordeste brasileiro. (VITORIANO, 2019) Possui como estratégia o aproveitamento da luz natural, ampla penetração de luz, uso de lâmpadas LED e lâmpadas de indução magnética, uso de porcelanato ecológico e adoção de controle de tráfego inteligente nos elevadores de áreas comuns, energia solar para o aquecimento da água e sistemas que racionalizam o uso dos recursos hídricos. Utiliza de método construtivo que favorece a multiplicidade nas combinações modulares, economia de insumos, redução nas perdas e na produção de resíduos, como criação de pavimentos únicos com o mínimo de pilares internos. (VITORIANO, 2019)
Mais informações da referência
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Figura 33. Perspectiva Edifício Fonte: Victoriano, 2019
Figura 34. Perspectiva Edifício Fonte: Victoriano, 2019
Figura 35. Perspectiva Edifício Fonte: Victoriano, 2019
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PROJETO
Plano Municipal
Partido
O objetivo geral deste trabalho é a criação de um Projeto Piloto de um Plano Municipal de eficiência energética em edifícios históricos. Este Plano Municipal terá como diretriz a construção de projetos sustentáveis que tenham o Selo Procel Edifica e a certificação Leed em edifícios históricos, de preferência que estejam sem uso ou deteriorados. Outra diretriz deste Plano será o subsídio da energia excedente do projeto a outro edifício de bem social. Com estas diretrizes o Programa fará que qualquer projeto pertencente a ele sustente os três pilares da Sustentabilidade (Social, Ambiental e Econômico), além de incentivar este tipo de ação.
Para atingir o conceito proposto, o Projeto Piloto terá como partido às seguintes questões:
Projeto Piloto O projeto apresentado a seguir é um Piloto do que o Programa Municipal pode oferecer de acordo com as características e necessidades da área.
• • • • • •
Utilização de uma das vias de reestruturação propostas na matéria de Projeto Integrado para conectar com o Projeto Piloto; Criação de duas novas vias somente para pedestres que concectam com a via de reestruturação da matéria de Projeto Integrado; Criação de áreas de lazer no edifício para conectar e integrar os usuários. Adição de um andar no edifício ja existente para comportar um número maior de imigrantes; Criação de eixo central no edifício para ventilação e insolação, conectando o externo com o ambiente interno; Utilização de desenho no piso das vias somente para pedestres similar ao do edifício, dando relação de continuidade e integração entre eles.
Conceito O conceito do Projeto Piloto possui relação com o de Projeto Integrado: Conexão e Integração. O objetivo é que com este conceito o projeto integre e conecte todos os pilares da Sustentabilidade, já que é necessário que os três andem juntos para definirmos como um edifício sustentável.
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Programa de Necessidades - Edifício O edifício atualmente possui três andares e de acordo com o novo Zoneamento de Centralidade 4 (ZC4) presentes no novo Plano Diretor de Campinas, para Habitações Multifamiliares Verticais é permitido apenas até 4 pavimentos e 1 subsolo. Desta forma, para atingir um maior número de unidades de alojamento foi adicionado um pavimento no edifício mantendo os recuos existentes. Esse novo pavimento será sustentado através de uma estrutura metálica (Steel Frame) individual, já que a existente por ser muito antiga, não suportaria a carga adicional. O novo zoneamento não permitiria manter os recuos atuais do edifício já existente no pavimento adicional, por isso foi utilizado da Outorga Onerosa que segundo o Direito Diário, 2016 é a prerrogativa que o proprietário de imóvel tem de edificar acima do limite permitido em virtude de contraprestação financeira, não ultrapassando o Coeficiente Máximo de Aproveitamento que no caso da ZC4 é de 1,5 em contrapartida da criação de espaços públicos de lazer nas vias somente para pedestres ao lado do edifício. Sendo assim, o Programa de Necessidades proposto possui quatro tipologias de Alojamento. Uma para famílias de até 2 pessoas, outra para famílias de até 4 pessoas e uma tipologia para famílias de até 6 pessoas aproximadamente. Além de uma tipologia para deficicientes de até 3 pessoas (10% dos apartamentos). Totalizando até 32 famílias e 92 pessoas. Considerando que grande parte dos imigrantes que chegam a cidade pertencentes ao grupo de vulnerabilidade social são famílias, as tipologias a partir de 3 pessoas será em maior quantidade. A ideia é que estas famílias de imigrantes tenham moradia digna ao chegarem
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no município e se sintam pertencentes a sociedade através de um edifício sustentável. Ao se alojarem por até 4 meses (período em que chega no município a quantidade de imigrantes que o alojamento suporta), eles terão a chance e tempo de se especializarem no Centro Multi Étnico para Imigrantes do Projeto de TFG da aluna Camila Silva de Projeto Integrado e assim conseguirem um emprego que subsidie uma outra moradia a eles. Além dos alojamentos, o programa de necessidades do Projeto Piloto contempla uma lavanderia comunitária com o objetivo de otimizar espaço no interior dos alojamentos, além de permitir a interação entre os moradores, áreas de convivência nas sacadas, Sanitário Masculino e Feminino da área Administrativa, além de Acolhimento médico para caso o imigrante necessite após a sua chegada no alojamento, Hall e Sala Administrativa. Para alocar os carros dos moradores será utilizado uma parceria com um estacionamento já existente da área.
Figura 36. Visão isométrica forma final Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 38. Tipologia 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 37. Plano de Necessidades Edifício Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 40. Tipologia 3 Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 39. Tipologia 2 Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 41. Tipologia 4 Fonte: Autoria Própria, 2019
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8.3.1. Fluxograma O fluxograma setorizado do edifício define que o andar Térreo será as áreas administrativas, sanitários femininos e masculinos, além do acolhimento médico, lavanderia comunitária e sala de jogos. Já o Primeiro Pavimento e o Segundo contemplarão áreas verdes/convivência e abrigos. O Terceiro Pavimento terá abrigos e áreas de convivência particulares de alguns apartamentos e também coletivas.
Figura 42. Fluxograma Edifício Fonte: Autoria Própria, 2019
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Estudo de insolação e sombreamento A partir da carta solar e da Rosa dos Ventos de Campinas, além do entendimento do entorno, foi feito um estudo de insolação e sombreamento para auxiliar nas decisões da forma do edifício. É possível identificar que no geral a fachada principal do edifício possui pouca incidência de luz solar durante o ano todo e o momento em que há uma maior incidência é na manhã de inverno, período já caracterizado pelo sol mais distante da Terra e consequentemente menos quente.
Verão manhã Figura 43. Estudo do sol Verão manhã Fonte: Autoria Própria, 2019
Sem intensidade de sol direto
Verão tarde Figura 45. Estudo do sol Verão tarde Fonte: Autoria Própria, 2019
Inverno manhã Figura 44. Estudo do sol Inverno manhã Fonte: Autoria Própria, 2019
Máxima intensidade de sol direto
Inverno tarde Figura 46. Estudo do sol Inverno tarde Fonte: Autoria Própria, 2019
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Zona Bioclimática 3 Segundo a NBR 15220 3 de Desempenho térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, Campinas está inserido na Zona Bioclimática número 3. Esta NBR ao mesmo tempo em que estabelece um Zoneamento Bioclimático Brasileiro, são feitas recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de estratégias de condicionamento térmico passivo, com base em parâmetros e condições de contorno fixados. Todas as recomendações têm o objetivo de otimizar o desempenho térmico das edificações, através de sua melhor adequação climática. A Zona Bioclimática 3, que inclui o município de Campinas, possui como diretriz aberturas para ventilação médias, sombreamento das aberturas que permita o sol durante inverno, além da vedação externa da parede sendo leve refletora e a cobertura leve isolada. Como estratégia de condicionamento térmico passivo no verão o indicado é a ventilação cruzada e no inverno o aquecimento solar junto com vedações internas pesadas.
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Figura 47. Carta Solar São Paulo Fonte: Sol-Ar, 2019
Figura 48. Rosa dos Ventos São Paulo Fonte: Sol-Ar, 2019
Figura 49. Zona Bioclimática Fonte: NBR 15220 3, 2003
Figura 50. Carta bioclimática com normais climatológicas de cidade desta zona - Florianópolis/SC Fonte: Autoria Própria, 2019
Eixo de Ventilação Natural De acordo com o estudo de insolação e sombreamento realizado em conjunto com as diretrizes da Zona Bioclimática 3 pertencente ao município de Campinas, foi definido a utilização de um eixo de abertura no centro para a ventilação natural e inércia térmica de resfriamento. A ventilação pode exercer três diferentes funções em relação ao ambiente construído: renovação do ar, resfriamento psicofisiológico, resfriamento convectivo. Os sistemas passivos de ventilação baseiam-se em diferenças de pressão para mover o ar fresco através dos edifícios e com esta abertura ocorrerá o chamado efeito chaminé, em que o ar mais frio, mais denso, exerce pressão positiva e o ar mais quente, por tornar-se menos denso, exerce baixa pressão e tende a subir criando correntes de convecção. (PROJETEE, 2019) Além do efeito chaminé, a abertura central pode causar também a ventilação cruzada, que explora os efeitos de pressão negativa e positiva que o vento exerce sobre a edificação ou qualquer outro anteparo. A ventilação cruzada promove a remoção do calor por acelerar as trocas por convecção e também contribui para melhoria da sensação térmica dos ocupantes por elevar os níveis de evaporação. (PROJETEE, 2019) A quantidade de calor removido por determinada taxa de fluxo de ar depende da diferença de temperatura entre o interior e o exterior. Por isso a geração de calor interna também é decisiva no desempenho do edifício naturalmente ventilado.
Figura 51. Diagrama de Ventilação Natural Fonte: Projetee, 2019
Mais informações do Sistema de Ventilação
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Inércia Térmica para Aquecimento Uma das estratégias bioclimáticas para a Zona Bioclimática 3 é a inércia térmica para aquecimento. Uma edificação de elevada inércia térmica proporcionará uma diminuição das amplitudes térmicas internas e um atraso térmico no fluxo de calor devido a sua alta capacidade de armazenar calor, fazendo com que o pico de temperatura interna apresente uma defasagem e um amortecimento em relação ao externo. De fato, componentes de alta inércia térmica funcionam como uma espécie de bateria térmica: Durante o verão absorvem o calor, mantendo a edificação confortável; no inverno, se bem orientado, pode armazenar o calor para liberá-lo à noite, ajudando a edificação a permanecer aquecida. (PROJETEE, 2019) A inércia térmica depende das características do piso, parede e cobertura, que devem ser compostos por materiais geralmente densos, de elevada capacidade térmica. (PROJETEE, 2019) Para atingir esta inércia térmica, será utilizado nos pavimentos já existentes do edifício um reforço com o concreto e a alvenaria cerâmica que apresentam resistência térmicas conforme sua espessura e densidade, aumentando a massa e resultando em uma maior redução da amplitude térmica dos ambientes internos, principalmente quando recebem alta radiação solar. Além deste materiais, será utilizado como isolamento térmico e acústico a manta. No piso adicional foi utilizado o Steel Frame e o Drywall, que junto com o isolamento térmico e acústico também possuem boa Inércia Térmica para resfriamento.
Mais informações do Sistema de Inécia Térmica para Aquecimento
Figura 54. Diagrama Inércia Térmica para Aquecimento Fonte: Projetee, 2019
Figura 52. Concreto Fonte: Mapa da Obra, 2019 Figura 55. Resistência, Transmitância e Capacidade Térmica dos componentes utulizados em conjunto no Pavimento jadicionao, 2019
Figura 53. Alvenaria cerâmica Fonte: Ceramicamifale, 2019
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Figura 56. Resistência, Transmitância, Atraso Térmico e Capacidade Térmica dos componentes utulizados em conjunto nos Pavimentos já existentes, 2019
Placas Fotovoltaicas No edifício será utilizado a energia solar através de placas fotovoltaicas como fonte de energia elétrica. Uma placa solar ou painel solar é composto por células fotovoltaicas que são fabricadas de materiais semicondutores como o silício. A geração de corrente elétrica ocorre quando os fótons (partículas de luz solar) colidem com os átomos do material do painel solar, provocando assim o deslocamento dos elétrons e por consequência a corrente elétrica que carrega uma bateria. (PORTAL SOLAR, 2019) Considerando que o edifício consumirá em média 157KWh por família no mês, temos um total de 5.024KWh no edifício. Cada placa fotovoltaica produz aproximadamente 41KWh por mês, desta forma precisaria de 122 placas de 3m² para suprir a energia consumida no projeto As placas foram alocadas na cobertura do edifício, direcionadas ao Norte para uma melhor detecção e absorção da radiação solar. A área escolhida para a alocação (cobertura), possui estrutura para suportar até 136 placas, excedendo 14 placas em relação ao necessário, que produzem mensalmente 574 KWh de energia. Este excedente será utilizadopara consumo das áreas comuns e iluminação das ruas para pedestres que houve intervenção com o projeto.
Mais informações sobre Placas Fotovoltáicas
Figura 57. Diagrama Painél Solar Fonte: Portal Solar, 2019
Figura 58. Diagrama Composição Painél Solar Fonte: Portal Solar, 2019
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Reaproveitamento de Água No projeto do Plano Piloto será utilizado o sistema de reúso de água da chuva. O reúso e tratamento de água da chuva, feito de forma adequada, permite que estas águas pluviais possam ser reutilizadas para lavagem de pisos, descarga em vasos sanitários, irrigação, entre outras possibilidades, o que garante uma economia diária no volume de água utilizado. O processo pelo qual a água deve passar é muito simples: após a captação no telhado pelas calhas, a água é conduzida até o pré-filtro, onde a sujeira bruta, como galhos e folhas, será retida. Após esse processo inicial de filtragem, a água é enviada para o reservatório. (ECOCASA, 2019) Do reservatório a água passa para o filtro. Uma bomba ajuda nesse processo, jogando a água do reservatório para o filtro, para que depois ela retorne para o reservatório, já tratada, com a cloração feita pelo dissolvedor de pastilhas. Esse processo é feito em circuito fechado, recirculando a água entre o filtro e o reservatório e refazendo a cloração, no mínimo três vezes por semana. Considerando que cada pessoa utiliza diariamente aproximadamente 200 litros de água e que o edifício suporta até 92 pessoas, ele possui um gasto diário de 18.400 litros e para uma reserva de 2 dias é necessário 36.800 litros. Desta forma, com o reaproveitamento de água o edifício poderá diminuir este gasto.
Figura 59. Diagrama Esquema de captação de água da chuva Fonte: Sempre Sustentável, 2019
Mais informações sobre aproveitamento de água da chuva
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Iluminação interna e externa Toda a iluminação interna do edifício foi pensada com o objetivo de atender a norma 8995-1 que estabelece parâmetros de iluminância para ambientes de trabalho. Uma boa iluminação propicia a visualização do ambiente, permitindo que as pessoas vejam, se movam com segurança e desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, precisa e segura, sem causar fadiga visual e desconforto. A iluminação pode ser natural, artifi cial ou uma combinação de ambas. Uma boa iluminação requer igual atenção para a quantidade e qualidade da iluminação. (ABNT, 2013) Neste projeto foi utilizada a iluminação em LED, que tem o benefício de um melhor aproveitamento da anergia (podendo diminuir em até 80% o consumo comparado com uma iluminação convencional), vida útil maior, e benefícios para o meio ambiente. A Temperatura de cor da iluminação (aparência de cor da luz emitida por sua fonte) também foi pensada para o conforto ambiental. Geralmente são citadas como uma temperatura mais fria ou quente, onde temos em seus extremos a fria como uma cor branca / azulada e o quente um tom mais avermelhado. Medida em Kelvins (k), a temperatura de cor de uma fonte luminosa tem total influência em um ambiente e em nossos sentimentos, pois está diretamente ligada à natureza humana. As luzes brancas (acima de 4000K) são recomendadas para uso em ambientes de trabalho como escritórios e fábricas, além de ambientes residenciais como cozinhas, garagens, etc (NEWLINE, 2019). No presente projeto foi utilizada em cozinhas, salas administrativas, médicas e ilu-
minação pública. Por sua vez, as luzes mais quentes (entre 2700k e 4000k) sugerem aconchego ao ambiente e são recomendadas para uso em dormitórios, sobre mesas de jantar, cantos de leitura, etc. No projeto foi utilizada na biblioteca, nos qurtos, salas de estar e ambientes de convivência.
Figura 60. Temperatura de Cor Fonte: Newline, 2019
Figura 61. Luminária LED Fonte: Newline, 2019
Figura 59. Mais informações sobre Temperatura de Cor
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Muro e teto verde Também conhecido como telhado ecológico, o telhado verde consiste na aplicação de vegetação sobre coberturas. Essa técnica é adotada nos Estados Unidos e Europa há mais de 30 anos e pode ser aplicada em qualquer tipo de edificação, desde que observadas questões como estrutura e impermeabilização do local a ser implantado. (SUSTENTABILIDADE, 2019) O telhado verde pode ser adotado tanto nas grandes cidades, em coberturas de edifícios, muitas vezes sem uso, como nos telhados residenciais convencionais. É uma técnica sustentável que têm inúmeras vantagens, tanto estruturais como de bem estar aos usuários, além de contribuir com o entorno urbano, amenizando os efeitos de ilhas de calor. (SUSTENTABILIDADE, 2019) Os muros verdes ou jardins verticais seguem os mesmos princípios dos telhados verdes, sendo sua implantação vertical. Entre as principais vantagens estão: conforto térmico (por atuarem como eficientes isolantes térmicos, graças às camadas de substratos e vegetação) e diminuirem significativamente a necessidade de energia para climatização de ambientes. Além, de reterem o carbono, os telhados e muros verdes agem como purificadores do ar urbano, através da fotossíntese e da absorção dos poluentes ao substrato. Age também como isolamente acústico, pois a vegetação absorve e isola ruídos. Outro benefício é a proteção estrutural, pois a cobertura vegetal elimina a concentração de calor, evitando a dilatação e protegendo a edificação contra trincas. (SUSTENTABILIDADE, 2019)
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Figura 62. Muro verde Fonte: Homify, 2019
Figura 63. Teto verde Fonte: ICF Construtora Inteligente, 2019
Descarte de Materiais Os resíduos da construção respondem por pelo menos metade do entulho gerado nas cidades brasileiras. E é de responsabilidade do gerador, independe do porte, cuidar para que os resíduos tenham destinação apropriada. (SILVA, 2019) No presente projeto houve diversos descartes de materiais, já que trata-se de um retrofit que há demolições de paredes existentes. Por isso, foi escolhido a reciclagem dos mesmos como alternativa para diminuir o impacto ambiental gerado. A prática é vantajosa em vários aspectos como por exemplo, a redução das chances de depósito em locais clandestinos, custos menores com a destinação e reaproveitamento de materiais. A opção pela reciclagem é atualmente facilitada pela existência de um mercado, em crescimento, com empresas de captação, manejo e valorização dos resultados da construção. (SILVA, 2019) Os produtos da reciclagem não têm função estrutural. Porém, possuem uma série de outras aplicações, como : Areia: produção de argamassa de sentamentos, blocos e tijolos de vedação.
tação, reforço e subleito de pavimentos e regularização de vias não-pavimentadas. Rachão: obras de pavimentação, drenagem e terraplanagem. As características dos agregados e as condições de uso são dadas pelas normas NBR 15.115:2004 e NBR 15116:2004.
as-
Pedrisco: fabricação de artefatos de concreto, como mesas e bancos de praça, pisos intertravados, manilhas de esgoto. Brita: obras de drenagem e ção de concretos não-estruturais.
produ-
Bica corrida: base e sub-base de pavimen-
Figura 64. Descarte de materiais Fonte: Aecweb, 2019
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Telha ecológica A telha ecológica é mais leve do que as telhas de cerâmica e de fibrocimento. Trazendo mais facilidade no transporte e mais economia. Além, de resistencia a quedas de objetos, o que garante que o telhado tenha uma longa vida útil. Esta telha possui menos de 1% de absorção de água. Diferente das telhas de cerâmica ou fibrocimento, que absorvem muita água e aumentam em até 30% o seu peso, a telha ecológica permanece com praticamente o mesmo peso, o que não sobrecarrega a estrutura do telhado. (ONDULINE, 2019) Ela é resiste a ventos fortes e vendavais de mais de 250 km/h. Além, de ser até 2ºC mais fria quando comparada a uma telha de fibrocimento de 5 mm e esfria muito mais rápido durante a noite, garantindo um ambiente mais fresco. (ONDULINE, 2019) A telha é feita de fibras vegetais impermeabilizada com asfalto e resina termofixa. A composição da cor é feita com pigmentos minerais, garantindo a sustentabilidade do produto. (ONDULINE, 2019)
Figura 65. Telha ecológica, 2019 Fonte: Onduline, 2019
Mais informações sobre a Telha ecológica utilizada
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Figura 62. Informações Telha ecológica, 2019 Fonte: Onduline, 2019
Estrutura Metálica No andar adiconal do edifício foi necessário a utilização de uma estrutura independete que fosse leve para não sobrecarregar os pavimentos já existentes antigos. Foi escolhido o Steel Frame (ou Light Steel Framing - LSF - estrutura leve de perfis de aço) um sistema de construção a seco, que utiliza o aço galvanizado como principal elemento estrutural. São estruturas que não utilizam tijolo ou cimento. É um sistema construtivo que faz parte do Sistema CES - Construção Energitérmica Sustentável. Mundialmente consolidado, amplamente utilizado em diversos países. Entre suas vantagens está a obra limpa, construção sustentável, menor custo de materiais e mão de obra, economia de energia na obra e sem uso de água, maior conforto térmicoacústico, entre outros. (DRYLEVIS, 2019)
Mais informações sobre Drywall e Stell Frame
Figura 66. Exemplo de estrutura em Steel Frame, 2019 Fonte: Drylevis, 2019
Steel Frame: Utilizado para as paredes externas do pavimento adicional compondo o “esqueleto estrutural” composto por painéis em perfis leves e aço galvanizado, projetados para suportar todas as cargas da edificação. (DRYLEVIS, 2019) Será utilizado viga metálica perfil I , pilar perfil H e laje Alveolar. Drywall: Utilizado para as paredes internas do pavimento adicional e dos já existentes, já que é um sistema de vedação, não estrutural, que utiliza aço galvanizado em menor espessura em sua sustentação. (DRYLEVIS, 2019)
Figura 67. Exemplo de alvenaria interna em Drywall, 2019 Fonte: Drylevis, 2019
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Bombeiro A Norma Técnica 01/2014 que tem como objetivo atender o Código Estadual de Segurança Contra Incêndio e Pânico (Lei Estadual n. 15802, de 11 de setembro de 2006), estabelecendo as medidas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações e áreas de risco, critérios e procedimentos para apresentação de Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico no Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO). Segundo esta IT, o edifício do projeto em questão se enquadra na classificação das esificações quanto a ocupação ou uso no grupo A - 3 (Residencial - Habitação coletiva) e quanto a altura se enquadra no Tipo IV (Edificação de média altura , entre 12m e 22m). Por isso, entre as medidas de segurança contra Incêndio e Pânico neste edifício está: uma Central de Gás, Iluminação de Emergência, Saída de Emergência, Sinalização de Emergência, Escada Enclausurada, entre outras.
Figura 68. Tabela de paramÊtros do Bombeiro para o grupo A-3,2019 Fonte: IT 11, 2019
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Desenho Universal
•
Aplicando o conceito de Integração do projeto, foi utilizado as diretrizes do Desenho Universal nos ambientes do edifício. Segundo o manual de Diretrizes do Desenho Universal nas Habitações de Interesse Social no Estado de São Paulo o direito à habitação não deve prescindir da liberdade e igualdade de utilização por todos os usuários. Uma moradia digna contempla as necessidades do ser humano em todas as etapas e circunstâncias da vida e não somente a adaptação de imóveis para atender situações específicas. (KRÄHENBÜHL; BATTISTELLA, 2015) Este manual apresenta sete principios do Desenho Universal:
Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração; Eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as expectativas e intuição do usuário; Disponibilizar as informações segundo a ordem de importância
•
Uso equitativo
Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por usuários com capacidades diferentes; Evitar segregação ou estigmatização de qualquer usuário; Oferecer privacidade, segurança e proteção para todos os usuários; Desenvolver e fornecer produtos atraentes para todos os usuários. •
Uso flexível
Criar ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades de usuários com diferentes habilidades e preferências diversificadas, admitindo adequações e transformações; Possibilitar adaptabilidade às necessidades do usuário, de forma que as dimensões dos ambientes das construções possam ser alteradas.
•
Uso simples e intuitivo
Informação de fácil percepção
Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis, entre outras, para compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros; Disponibilizar formas e objetos de comunicação com contraste adequado; Maximizar com clareza as informações essenciais; Tornar fácil o uso do espaço ou equipamento. •
Tolerância ao erro (segurança)
Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais de acabamento e demais produtos - como corrimãos, equipamentos eletromecânicos, entre outros - a serem utilizados nas obras, visando minimizar os riscos de acidentes. •
Esforço físico mínimo
o mínimo de fadiga; Minimizar ações repetitivas e esforços físicos que não podem ser evitados. Como diretriz, o Desenho Universal diz que o projeto precisa prever sistemas construtivos que permitam a flexibilização dos espaços com a remoção e/ou relocação de vedos internos, sem que isso implique reformas estruturais. Além disso, deve prever a possibilidade do usuário fixar equipamentos e mobiliários nas paredes, como barras de segurança. (KRÄHENBÜHL; BATTISTELLA, 2015) Deve haver a adequação de vãos de portas e largura dos corredores de acordo com as medidas impostas em legislação; correta solução de abertura de portas e janelas; facilidade de manobra e acesso às janelas em todos os ambientes; soluções adequadas para ventilação; correta intercomunicação entre ambientes e locação dos pontos de comando; instalação de interruptores paralelos e/ou intermediários para quartos e corredores; pontos para instalação de campainhas com sinais sonoros e/ou luminosos; reserva de área para instalação de elevadores ou plataformas; adequação na altura de visibilidade nas áreas de estar; instalação de revestimentos antiderrapantes; especificação de metais sanitários adequados; e instalação de bancadas nas áreas molhadas. (KRÄHENBÜHL; BATTISTELLA, 2015)
Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e com
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Programa de Necessidades - Vias para pedestres As vias somente para pedestres que se encontram na Rua Cel. Rodovalho e na Rua Dr. César Bierrenbach terão em seu Programa de Necessidades setores de convivência e de circulação. Entre eles está academia ao ar livre, Playground, Espaço para Food Truck, Espaços de permanência, Bicicletário e Biblioteca Pública. A área do terreno do edifício e o Zoneamento da área limitam as possibilidades de lazer e convivência dentro dele. Por isso, ao passar estas atividades para vias públicas conseguimos fazer com que o usuário do edifício possa interagir com o entorno e se sentir pertencente àquela cidade, principalmente quando falamos de imigrantes que estão em processo de pertencimento e realocação. Todo este processo faz parte de um dos pilares da sustentabilidade: o Social. Trazer esta relação com o entorno e a preocupação com o imigrante que está alojado, junto com os outros pilares que serão citados, é ser sustentável.
Figura 69. Plano de Necessidades Vias para pedestres Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 70. Relação do projeto de TFG com projeto de PI Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 71. Tipos de fluxo projeto TFG Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 72. Setorização dos pisos vias somente para pedestres Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 73. Desenho do piso vias somente para pedestres Fonte: Autoria Própria, 2019
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Trabalho Final de Graduação se encerra com diversas análises elaboradas e um bom entendimento da área. Foi possível levantar todo o diagnóstico necessário para tomada de decisões eficázes no projeto. A contextualização do tema também foi de grande importância para análise de viabilidade e justificativa de projeto, fomentando os pontos positivos de se instalar um Projeto Piloto de reutilização de edifícios históricos de forma Sustentável. Todo o detalhamento do projeto arquitetônico foi realizado e diversas soluções de conforto ambiental e sustentabilidade foram propostos para justificar e afirmar os objetivos do presente TFG, além de ter conseguido utilizar os três pilares da Sustentabilidade (Social, Ambiental e Econômico) de forma completa.
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BIBLIOGRAFIA
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Verdes. Disponí24 nov. 2019.
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ANEXOS
Figura 74. Diagramas Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 75. Diagramas 2 Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 76. Planta Construir Demolir Térreo - Escala 1:400 Fonte: Autoria Própria, 2019
Figura 77. Planta Construir Demolir Primeiro Pavimento - Escala 1:400 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 78. Planta Construir Demolir Segundo Pavimento - Escala 1:400 Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 79. Planta Construir Demolir Terceiro Pavimento - Escala 1:400 Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
Figura 80. Área Geral Edifício 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 81. Imagem Edifício Antes do Projeto Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 82. Imagem Edifício Depois do Projeto Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 83. Imagem Geral do Edifício 2 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 84. Imagem Geral do Edifício 3 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 85. Varanda Edifício 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 86. Varanda Edifício 2 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 87. Varanda Edifício3 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 88. Varanda Edifício 3 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 89. Horta Comunitรกria Edificio Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 90. Área Comidas e Bebidas Área Externa 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 91. rea Comidas e Bebidas ร rea Externa 2 Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 92. Descanso ร rea Externa Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 93. Biblioteca ao ar livre ร rea Externa Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 94. Parquinho ร rea externa Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 95. Academia ao ar livre ร rea Externa Fonte: Autoria Prรณpria, 2019
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Figura 96. Restaurante Edifício 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 97. Restaurante Edifício 2 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 98. Recepção Edifício Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 99. Biblioteca Edifício 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 100. Biblioteca Edifício 2 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 101. Lavanderia Comunitária Edifício 1 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 102. Lavanderia Comunitária Edifício 2 Fonte: Autoria Própria, 2019
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Figura 103. Sala de Jogos Edifício Fonte: Autoria Própria, 2019
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MAIS SOBRE O PROJETO
Video do Antes e Depois do Projeto