TCC Arquitetura & Urbanismo - CENTRO SOLIDÁRIO FEMININO

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CENTRO SOLIDÁRIO FEMININO: Abrigo e acolhimento a mulheres vítimas de violência e vulnerabilidade social no bairro da Freguesia do Ó


UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ARQUITETURA E URBANISMO CAMPUS MARQUÊS

CENTRO SOLIDÁRIO FEMININO:

Abrigo e acolhimento a mulheres vítimas de violência e vulnerabilidade social no bairro da Freguesia do Ó

BRUNA FERNANDA CARAÇA DE ALMEIDA l N146AF-3

Monografia para obtenção do título em nível Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela UNIP Universidade Paulista, Campus Marquês Orientadora: Profª Dra. Renata Priore Lima

SÃO PAULO 2021

FONTES CAPA: Imagem 1 Fonte: Unsplash Autoria: Christopher Campbell Imagem 2 Fonte: Unsplash Autoria: Sharon Pittaway Colagem: autoria própria


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às mulheres fortes e incríveis que todos os dias lutam pela dignidade de uma sociedade igualitária.

Imagem 3 Fonte: Unsplash Autor: Ian Kiragu Imagem 4 Fonte: Unsplash Autor: Zach Taiji Colagem: autoria própria


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, aquele que nos meus momentos de ansiedade e angústia, soube como me acalmar. Sou grata a minha família, por me apoiar e me garantir o suporte necessário. Agradeço também a minha orientadora Renata Priore, pela paciência e disponibilidade no desenvolvimento do trabalho de conclusão. E aos meus amigos e colegas pelo companheirismo e por me tranquilizarem durante a minha formação.

Imagem 5 Fonte: cut.org.br Autor: EYE FOR EBANY Imagem 6 Fonte: Unsplash Autor: Henry Be Colagem: autoria própria


EPÍGRAFE “Triste, louca ou má Será qualificada ela Quem recusar Seguir receita tal

E um homem não me define Minha casa não me define Minha carne não me define Eu sou meu próprio lar

A receita cultural Do marido, da família Cuida, cuida da rotina

E um homem não me define Minha casa não me define Minha carne não me define Eu sou meu próprio lar

Só mesmo rejeita Bem conhecida receita Quem, não sem dores Aceita que tudo deve mudar Que um homem não te define Sua casa não te define Sua carne não te define Você é seu próprio lar Um homem não te define Sua casa não te define Sua carne não te define Você é seu próprio lar Ela desatinou Desatou nós Vai viver só Ela desatinou Desatou nós Vai viver só Eu não me vejo na palavra Fêmea: Alvo de caça Conformada vítima Prefiro queimar o mapa Traçar de novo a estrada Ver cores nas cinzas E a vida reinventar

Ela desatinou Desatou nós Vai viver só Ela desatinou Desatou nós Vai viver só Ela desatinou (e um homem não me define) Desatou nós (minha casa não me define) Vai viver só (minha carne não me define) Eu sou meu próprio lar Ela desatinou (e um homem não me define) Desatou nós (minha casa não me define) Vai viver (minha carne não me define) Eu sou meu próprio lar.”

Francisco, el hombre Triste, Louca ou Má.

Imagem 7 Fonte: Unsplash Autor: Gabriel Silvério Imagem 8 Fonte: Unsplash Autor: Aida Batres Colagem: autoria própria


RESUMO

Este trabalho visa propor um projeto de arquitetura de um centro de apoio e acolhimento para mulheres no distrito da Freguesia do Ó em São Paulo. A implantação desse centro prevê abrigo para mulheres e seus dependentes que sofrem violência doméstica e/ou sexual, ou que estão em situação de vulnerabilidade. O conjunto arquitetônico proposto está pensado também para proporcionar serviços como atendimento médico e psicológico, assistência jurídica, atividades de capacitação, assim como o fornecimento de alimentação e espaços de lazer. Dessa forma, o centro terá a responsabilidade de ser acolhedor e seguro, como também garantir às mulheres a reinserção social, através do fortalecimento da sua autonomia. Palavras chaves: Apoio, acolhimento, violência doméstica e sexual, vulnerabilidade, segurança, reinserção social, autonomia.

Imagem 9 Fonte: Unsplash Autor: Kelly Sikkema Imagem 10 Fonte: Pinterest Autor: Sam Schroeder Colagem: autoria própria


SUMÁRIO

PROJETO URBANO

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ANÁLISE E DIAGNÓSTICO Perímetro de estudo 19 Breve histórico 22 Evolução da Mancha urbana 23 Atributos físicos 24 Atributos socioeconomicos 25 Atributos de lote 26 Uso do solo 27 Infraestrutura e mobilidade 28 Legislação urbanística 29 Dinâmicas, centralidades e equipamentos públicos 30 Patrimônio histórico 31 Diagnóstico urbanístico 32 PROPOSTA Perímetro de intervenção urbana Características do perímetro Diretrizes urbanísticas Plano de massas Programa de intervenção Produções urbanas por uso

34 35 36 37 38 39

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ESTUDOS DE CASO Abrigo para Vítimas de Violência Doméstica (Israel) 41 Centro de oportunidades para mulheres (Ruanda) 45 Proposta de Moradia estudantil da Unifesp Osasco 49

ÁREA Localização da área de projeto Caracterização da área de projeto Caracterização do terreno

54 55 56

DESENVOLVIMENTO Conceito Evolução volumétrica Intenções projetuais Programa de necessidades Índices urbanísticos do projeto Estrutura e modulação

58 59 60 61 62 62

DESENHOS TÉCNICOS Plantas Tipologia das acomodações Cortes Fachadas Perspectivas

64 79 80 86 90

05 CONCLUSÃO

12 13 14 15 16 17

03 FUNDAMENTAÇÃO

TEMA A figura feminina no contexto histórico A mulher no período colonial brasileiro Decorrer do feminismo no Brasil Linha do tempo das conquistas feministas no Brasil Violência contra a mulher e feminicídio no Brasil Serviços para a mulher na cidade de São Paulo

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PROJETO ARQUITETÔNICO

APRESENTAÇÃO

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INTRODUÇÃO Justificativa Objetivos

REFERÊNCIAS Temática Estudos de caso Normas técnicas e legislação Livros

111 112 112 112


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APRESENTAÇÃO - INTRODUÇÃO

Imagem 11. Ato de mulheres no Rio de Janeiro pede o fim da cultura do estupro. Fonte: El país Autoria: Tomaz Silva/Agência Brasil


JUSTIFICATIVA

Segundo o 12º anuário brasileiro de segurança pública, no ano de 2017 foram registrados 221.238 casos de lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica e familiar, o que representa uma média de 606 casos por dia no território nacional. Já na cidade de São Paulo, a pesquisa aponta que em 2019 houve um aumento de 64% de casos de violência doméstica, se comparado ao ano de 2016, de acordo com a pesquisa “mapa de desigualdade” divulgada pela Rede Nossa SP. Além disso, sobre o atual contexto da pandemia de covid-19, os atendimentos da Polícia Militar a mulheres vítimas de violência aumentaram 44,9% no estado de São Paulo, comparando março de 2019 e março de 2020, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Dessa forma, percebe-se que a necessidade de oferecer medidas que assegurem mulheres e meninas, que sofrem com a violência doméstica e sexual, torna-se mais indispensável no contexto em que vivemos. Assim, este trabalho implica em um projeto de um centro de apoio e acolhimento a mulheres dentro do distrito da Freguesia do Ó, localizado às margens do Rio Tietê, região norte da cidade de São Paulo. O trabalho cresce ao redor da necessidade de fornecer uma instituição pública que garanta abrigo e acolhimento das mulheres que sofrem com a violência doméstica, sexual, ou que estão em situação de vulnerabilidade social. Mulheres que necessitam de ajuda e proteção, da oferta de serviços necessários para a contribuição das suas necessidades, fortalecimento da sua identidade e autonomia, assim como sua reinserção no espaço urbano social.

Imagem 12. Jackie Henderson addresses a crowd of 500 at a Women’s Liberation rally at Nathan Phillips Square. Fonte: Toronto public library Autoria: Reg. Innell Imagem 13. Fonte: Unsplash Autoria: Alexandr Hovhannisyan Colagem: autoria própria

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OBJETIVOS GERAIS O objetivo deste trabalho é implantar um equipamento social de apoio e acolhimento a mulheres vítimas de violência no distrito da Freguesia do Ó, o qual possa atender todas as demandas necessárias advindas da situação de cada vítima em seu individual e coletivo. Esse equipamento deve ofertar uma arquitetura segura e humanizada, de maneira a garantir que todas as atividades e serviços a serem desenvolvidos funcionem adequadamente.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Proporcionar espaços de abrigo e acolhimento, que forneçam a sensação de conforto e segurança, não somente para as próprias mulheres, bem como para seus filhos e/ou dependentes; • Oferecer suporte em assistências para as vítimas, como psicológica, médica e jurídica; • Propiciar programas de enfrentamento da violência, sendo ela doméstica, familiar ou sexual, como meio de superação do trauma; • Promover programas que garantam a capacitação profissional dessas mulheres, assim como o fortalecimento de sua autonomia e empoderamento feminino, como também para seus filhos, como atividades de aprendizagem fora do período da sala de aula; • Garantir a oportunidade de comercialização de suas produções realizadas dentro do centro, como meio do fortalecimento da autonomia da administração financeira pessoal; • Criar espaços necessários para o desenvolvimento desses programas e atividades, bem como espaços técnicos de suporte as necessidades básicas, além de espaços comuns entre os acolhidos, de maneira a garantir a convivência social e a melhor qualidade de vida; • Fazer com que o conjunto arquitetônico requalifique o entorno em que está inserido.

Fonte: elaboração com o site Word art. (https://wordart.com/create)

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APRESENTAÇÃO - TEMA

Imagem 11. Ato de mulheres no Rio de Janeiro pede o fim da cultura do estupro. Fonte: El país Autoria: Tomaz Silva/Agência Brasil


A FIGURA FEMININA NO CONTEXTO HISTÓRICO Durante o decorrer da história da humanidade, a figura feminina foi revelada de forma pouco fiel à realidade. A imposição de uma visão machista sobre a personalidade da mulher é algo que confirma isso. Pode-se observar que o homem constantemente esteve em primeiro plano, o mais retratado em todas as questões, sempre em superioridade à mulher. O pensamento histórico ocidental transforma a figura feminina em ser irracional, sem capacidade de opinar e tomar decisões, e por isso, necessitavam do homem para viver, cabendo a elas a vida familiar dentro do sistema patriarcal. “No decorrer da história há uma relação entre gênero e poder que precisa ser estudada, revelada, reescrita, pois a história tradicional antropocêntrica e universalizante criou o mito do sexo frágil, da impotência feminina e da sua dependência existencial do masculino.” (TEDESCHI, 2012,

Práticas, pensamentos e costumes machistas, sexistas e conservadores ainda são muito enraizados na sociedade atual, elas causam uma enorme influência negativa na vida das mulheres, uma vez que enfatizam a impotência feminina e a dependência existencial do homem. Como também, fica muito claro que ainda o pseudoerotismo, que é a sexualização do corpo feminino, se faz muito presente na vida cotidiana, sendo evidente nas mídias, como em anúncios e comerciais. Além disso, a associação de mulheres à maternidade é algo muito conservador, mas que ainda é uma associação muito recorrente, como se a todas as mulheres tivesse o destino de ser mãe. “Para elas cabe a maternidade enquanto função exclusiva do feminino, as tarefas domésticas e o espaço do privado e, sendo assim, muitas delas deixam de ser para existirem em função da dominação masculina. ” (TEDESCHI, 2012, p. 43).

Dessa maneira, muitas mulheres veem a necessidade de renovação dessa história, assim como a mudança da forma de tratamento imposta pela própria sociedade, lutando pela sua liberdade, e reivindicando por direitos que não lhe eram concebidos. As lutas das mulheres se iniciam efetivamente por volta das últimas décadas do século XIX, com a chamada Revolução Francesa, ligada ora pela ideologia do iluminismo de igualdade e racionalidade, ora pelos ideais da Revolução Industrial, como as novas condições de trabalho. Dessa forma, as mulheres reivindicavam a igualdade de direitos entre os sexos, sendo o direito ao voto o mais defendido e popularizado na época, o qual era defendido pelas sufragistas, que ficaram conhecidas por lutarem por essa temática. O movimento sufragista teve sua maior repercussão nos Estados Unidos e Inglaterra, e era composto em sua maioria por mulheres da classe burguesa, as quais muitas vezes aderiam à greves de fome, ou até mesmo acabavam sendo presas. Já no contexto nacional, as lutas feministas se iniciaram com foco no movimento sufragista, o qual foi liderado por Bertha Lutz, uma importante bióloga, que na década de 1910 inicia a luta pelo direito ao voto, tendo esse movimento um caráter mais conservador.

Imagem 14. Fonte: Revista Movimento.

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A MULHER NO PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO MULHERES NA ÉPOCA COLONIAL Na época colonial, as mulheres brancas eram consideradas propriedade dos homens, estando subordinadas a seus pais e maridos. Assim, não possuíam acesso à educação, e muito menos à participação social, deveriam preservar os costumes, como a fidelidade, enquanto seus maridos praticavam a poligamia. Possuíam a função restrita a cuidar de seus filhos junto as amas de leite escravas. Já as mulheres negras, eram escravas dos senhores portugueses, muitas vezes serviam sexualmente a eles e aos seus filhos, como forma de inicialização sexual. Também possuíam funções de cuidar da casa e dos filhos da família colonial, bem como servir de ama de leite. Muitas vezes sofriam com agressão, maus tratos e abusos sexuais, e acabavam gerando filhos bastardos, que mais tarde serviriam como força de trabalho nas fazendas. A importação de africanos para o Brasil, além de âmbito econômico teve outro objetivo. Com a escassez de mulheres brancas, o tráfico de mulheres negras se deu com uma nova grande necessidade: trazer para a colônia ventres geradores de uma maior quantidade de mão de obra, contando-se com a ação multiplicadora da poligamia e da miscigenação. (FREIRE, 2013).

Já as indígenas eram vistas pelos colonos como objetos sexuais que exalavam sexualidade, muitas vezes acabavam sendo abusadas sexualmente, gerando também filhos dos portugueses. Como se vê, foram múltiplos os papéis da mulher indígena. Abusadas sexualmente, exploradas como escravas, dotadas do nobre papel de mães de famílias de filhos considerados legítimos e ilegítimos. Trabalhavam na roça e com os cuidados da casa e da família, donde provavelmente herdamos nossos mais fortes hábitos de higiene. Foram, também, junto com seu povo, vítimas do extermínio quando este foi conveniente. Geraram, em seus ventres os primeiros mestiços brasileiros. (LACERDA, 2010:44)

Imagem 15. Quadro “Escravidão Indígena no Brasil”; Fonte: Aventuras na historia uol

Imagem 16. Uma senhora de algumas posses em casa, 1823. Fonte: Bolsa de Arte Autoria: DEBRET, Jean Baptiste

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DECORRER DO FEMINISMO NO BRASIL AS ONDAS DO FEMINISMO NO BRASIL

TERCEIRA ONDA: RUMO À CIDADANIA

Para Constância Lima Duarte, doutora em literatura e pesquisadora do feminismo brasileiro, a história do feminismo nacional não é muito conhecida pelo fato de ser pouco contada e retratada. Em seu projeto de pesquisa intitulado “Literatura e feminismo no Brasil: trajetórias e diálogos”, Constância sugere quatro momentos que marcam a história feminista brasileira, os quais ela denomina “momentos-onda”, que foram movimentações que obtiveram maior visibilidade, sendo em torno dos anos de 1830, 1870, 1920 e 1970.

Conforme as palavras de Constância (2003, pág.160): “O século XX já inicia com uma movimentação inédita de mulheres mais ou menos organizadas, que clamam alto pelo direito ao voto, ao curso superior e à ampliação do campo de trabalho, pois queriam não apenas ser professoras, mas também trabalhar no comércio, nas repartições, nos hospitais e indústrias”. É nessa onda que o nome de Bertha Lutz se destaca, ela se torna uma líder que proclama em prol do voto feminino e pela igualdade de direitos entre os sexos. Também surgem outros nomes, como o de Maria Lacerda de Moura, que defendia a instrução como fator transformador da vida da mulher, Ercília Nogueira Cobra, que colocava em pauta a exploração sexual e trabalhista da mulher, entre outras. Apenas em 1932, no governo de Getúlio Vargas, é incorporado o direito de voto à mulher dentro do Código Eleitoral.

PRIMEIRA ONDA: AS PRIMEIRAS LETRAS No início do século XIX, o direito básico de aprendizado era reservado somente aos homens, não cabendo as mulheres ter a oportunidade de aprender ler e escrever. Nessa época surge como destaque o nome de Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885), que segundo Constância, teria sido uma das primeiras mulheres no país a ultrapassar os limites do espaço privado e publicar textos em jornais da grande imprensa. Em 1832 publica seu primeiro livro intitulado Direitos das mulheres e injustiça dos homens, sendo o primeiro livro brasileiro que retratou o direito das mulheres à instrução e ao trabalho. Apenas em meados do século XIX, surgem os primeiros jornais escritos por mulheres, entretanto os críticos os consideravam inconsistentes, por serem escritos pelo “sexo frágil”. Outros nomes tiveram destaque nos jornais e editoriais, como o de Joana Paula Manso de Noronha e Júlia de Albuquerque Sandy Aguiar.

SEGUNDA ONDA: AMPLIANDO A EDUCAÇÃO E SONHANDO COM O VOTO A segunda onda, segundo Constância, surge por volta de 1870, se caracterizando principalmente pela grande quantidade de jornais e revistas feministas. O nome que a autora mantém destaque é o da jornalista Josefina Álvares de Azevedo, a qual vai questionar a construção ideológica do gênero feminino, exigindo mudanças na sociedade. Seu trabalho faz denúncia a algumas pautas, como o direito ao trabalho remunerado e ao voto, sendo uma das primeiras mulheres que o defende.

Imagem 18. BERTHA LUTZ: A SUFRAGISTA BRASILEIRA. Fonte: UOL. Autoria: Arquivo ONU

Imagem 19. 0 momento em que as mulheres vão às urnas pela primeira vez no Brasil, em 1933. Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

QUARTA ONDA: REVOLUÇÃO SEXUAL E LITERATURA

Imagem 17. Capa do periódico A Família, fundado em 1977 pela jornalista Josefina Álvares de Azevedo, retratada na ilustração. Fonte: UOL Autoria: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

A quarta onda surge por volta dos anos de 1970, tendo repercussões mais ousadas. Segundo as palavras de Constância (2003, pág.165): “Enquanto nos outros países as mulheres estavam unidas contra a discriminação do sexo e pela igualdade de direitos, no Brasil o movimento feminista teve marcas distintas e definitivas, pois a conjuntura histórica impôs que elas se posicionassem também contra a ditadura militar e a censura, pela redemocratização do país, pela anistia e por melhores condições de vida. Mas ainda assim, ao lado de tão diferentes solicitações, debateu-se muito a sexualidade, o direito ao prazer e ao aborto”. O dia 8 de março de 1975 é oficializado pela ONU, o Dia Internacional das Mulheres. Também no mesmo ano, é fundado o jornal Brasil mulher, e em 1976 o periódico Nós Mulheres, ambos traziam questões polêmicas, como o aborto, as mulheres na política, preconceito racial, entre outros. É nessa onda, onde há o começo da presença das mulheres na política, mesmo que ainda não forte, além da forte presença de movimentos de institucionalização dos estudos sobre a mulher. 14


LINHA DO TEMPO DAS CONQUISTAS FEMININAS NO BRASIL

Imagem 20 Fonte: Instituto Maria da Penha

Imagem 21 Fonte: Folha Uol. Autoria: Jorge Araújo / Folha press.

Imagem 22 Fonte: PT no senado.

Imagem 23 Fonte: Uol Autoria: Getty Images/iStockphoto

Imagem 24 Fonte: Capricho Abril

Imagem 25 Fonte: Estadão Autoria: Tiago Queiroz

Linha do tempo do feminismo no Brasil. Fonte: elaboração própria com uso de dados dos sites: Nossa Causa e Capricho Abril.

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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E FEMINICÍDIO NO BRASIL De acordo com a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) existem cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher, são elas: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. A violência física abrange ações que ofendam a integridade ou saúde corporal da mulher, como espancamento, estrangulamento, tortura, entre outros. A psicológica envolve condutas que afetam o emocional, como ameaças, humilhação, manipulação e insultos. A moral engloba atos de difamação, calúnia ou injúria. Já a sexual se configura no ato de uma relação sexual não consentida pela mulher, através de alguma ameaça ou coação. Por fim, a violência patrimonial compreende ações que retém e destroem bens, recursos, objetos, ou documentos pessoais da vítima por parte do agressor. Todas essas violências são recorrentes em todo o mundo e muitas vezes acontecem de maneira combinada, sendo no Brasil muito mais evidente, uma vez que em 2015, o país ocupou o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, de acordo com a OMS (Organização Mundial da saúde). Segundo o jornal Folha de São Paulo, dados baseados nos anos de 2014 a 2018, mostram que a cada 4 minutos uma mulher é vítima de agressão, e sobrevive. De acordo com o Fórum brasileiro de segurança pública, 1.206 mulheres foram assassinadas em 2018, e nove em cada dez casos, a mulher foi morta por seu companheiro ou ex-companheiro, sendo esse número 11% a mais em relação a 2017. Dessa forma, fica evidente a gravidade da problemática no país, não somente no espaço privado como identificado até agora, mas também no público, onde o medo se torna presente nas cidades, e impede o direito de ir e vir das mulheres em determinados trajetos e horários do dia. Uma pesquisa realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, indica que 97% das mulheres brasileiras já sofreram assédio em meios de transporte. Segundo levantamentos da Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, iniciados no ano de 2018 na cidade de São Paulo, 46% das mulheres paulistanas sentem que o maior risco de assédio ocorre no transporte público. Mulheres todos os dias enfrentam situações de assédio, violência, estupro e desigualdade, seja no espaço público ou no privado, em casa ou no trabalho, na rua ou no transporte. É uma triste realidade brasileira que afronta os direitos das mulheres na sociedade e as impedem de exercerem sua liberdade nos diferentes contextos. É um fenômeno que requer mudanças, sejam culturais, educativas e sociais, além de políticas e ações por parte do governo e da sociedade que se tornam essenciais para o enfrentamento da problemática no país.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o isolamento social tem influenciado a vida de milhares de mulheres que já vivenciavam a violência doméstica, não somente no cenário nacional, como também em outros países. A problemática se insere quando essas mulheres são obrigadas a passarem mais tempo em casa junto de seu agressor, ocasionando assim, em um aumento significativo dos casos de violência. Além disso, estudos revelam que há fatores que agravam ainda mais essa situação, como aumento do estresse, vulnerabilidade econômica, desemprego, entre outros. Uma das consequências diretas dessa situação, além do aumento dos casos de violência, tem sido a diminuição das denúncias, uma vez que em função do isolamento muitas mulheres não têm conseguido sair de casa para fazê-la ou têm medo de realizá-la pela aproximação do parceiro. (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020) Assim, percebe-se que esses casos de subnotificações fazem com que os dados não reflitam a realidade, e somente evidenciam a dificuldade que a mulher encontra para realizar a denúncia dentro do período de isolamento. Tendo em vista a dificuldade que mulheres encontram para fazer denúncias de violência por conta própria nesse cenário, a percepção de agentes externos sobre os episódios e a possibilidade de que eles denunciem possíveis crimes se torna fundamental para assegurar às vítimas as medidas de proteção necessárias. Dados de comentários de usuários em redes sociais fornecem evidências de que terceiros, principalmente vizinhos, muitas vezes notam casos de brigas e violência. (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020) A FBSP em parceria com a Decode, realizou uma pesquisa através do Twitter, onde terceiros e vizinhos em sua maioria mulheres, relatam casos de brigas entre casais com indícios de violência doméstica, a qual indicou um aumento de 431% entre fevereiro e abril de 2020, ocasionando em um aumento de quatro vezes. Todo esse cenário evidencia que é de extrema necessidade que haja melhores condutas, serviços de apoio, e espaços que ofereçam segurança e proteção à essas mulheres. 16


SERVIÇOS PARA A MULHER NA CIDADE DE SÃO PAULO A prefeitura de São Paulo disponibiliza algumas unidades que fornecem serviços às LOCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PARA MULHERES - CIDADE DE SÃO PAULO mulheres vítimas de violência contra a mulher, sendo eles: CENTRO DE REFERÊNCIA A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA - CRM Esse tipo de unidade oferece serviços de acompanhamento psicológico, social e jurídico, para as mulheres que sofrem com a violência. CENTRO DE CIDADANIA DA MULHER - CCM Esse centro oferece atividades de capacitação profissional para todas as mulheres que desejam participar, visando uma maior independência e autonomia financeira. Além disso, a unidade fornece orientação para as mulheres que queiram assegurar seus direitos sociais, políticos e culturais. CENTRO DE DEFESA E DE CONVIVÊNCIA DA MULHER – CDCM São espaços que prestam serviços de atendimento psicossocial, orientações e encaminhamento jurídico, tanto para as mulheres vítimas de violência, quanto para seus familiares. DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER – DDM Atende de mulheres vítimas de violência física, moral e sexual, como também crianças e adolescentes. CASA ABRIGO É caracterizado como um serviço de alojamento temporário que oferece proteção integral às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar de gênero, como também para suas/seus filhas/os com idade inferior a 18 anos. Possuem endereço sigiloso. CASA DE ACOLHIMENTO PROVISÓRIO DE CURTA DURAÇÃO (CASA DE PASSAGEM) São unidades que recebem mulheres e suas/seus filhas/os com idade inferior a 18 anos, e realizam o encaminhamento aos serviços especializados apresentados anteriormente. O intuito é garantir segurança e integridade à saúde, como também apoio psicológico e social. CASA DA MULHER BRASILEIRA Oferece serviços de acolhimento e escuta por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) que garante a prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica. Além disso, possui apoio do Ministério Público, da Defensoria Pública, e o Tribunal de Justiça, que orientam e auxiliam nos processos jurídicos, além do programa Guardiã Maria da Penha da Guarda Civil Metropolitana para proteger as vítimas.

Mapa elaborado através da plataforma MY MAPS do Google com os dados da Prefeitura de São Paulo e da Defensoria píblica do Estado de São Paulo.

No mapa ao lado, pode-se perceber que nas proximidades do bairro de estudo, a Freguesia do Ó, existem poucas unidades de serviços, como também a ausência de uma casa abrigo. Dessa forma, podese ver a necessidade da implantação de um espaço que oferte tais serviços, assim este trabalho propõe a criação de um Centro de apoio e acolhimento às mulheres vítimas.

Mapa elaborado através da plataforma MY MAPS do Google com os dados da Prefeitura de São Paulo e da Defensoria píblica do Estado de São Paulo.

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Imagem 27. Fonte: esquerda.net. Autoria: Paulete Matos Imagem 28. Fonte: brasildefato.com.br. Autoria: Fernando Frazão/Agência Brasil Imagem 29. Fonte: brasildefato.com.br. Autoria: George Campos/Agência Brasil Imagem 30. Fonte: diariodepernambuco.com.br. Autoria: Paulo Pinto/ AGPT/Fotos Públicas Colagem: autoria própria

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PROJETO URBANO - ANÁLISE E DIAGNÓSTICO

Imagem 26. Fonte: pt.m.wikipedia.org. Autor: Wikimedia Commons


PERÍMETRO DE ESTUDO - FREGUESIA DO Ó A primeira etapa deste trabalho consiste em um estudo urbanístico de um bairro tradicional da cidade de São Paulo, a Freguesia do Ó. Um perímetro de estudo foi escolhido para o aprofundamento das análises urbanísticas, que se desdobraram em diretrizes de intervenção e em um plano de massas elaborado para um perímetro reduzido.

Fonte: autoria própria.

Imagem 31. Charme e topografia dignos de cidadezinha italiana na Freguesia do Ó. Fonte: Veja SP Autoria: Alexandre Battibugli

Atualmente o bairro tem dois importantes eixos viários no sentido Norte e Sul, as Avenidas Inajar de Souza e a General Edgar Faccó, que se caracterizam como vias arteriais que ligam paralelamente os bairros a Marginal do Rio Tietê, representadas no mapa aéreo da próxima página. Assim como as vias arteriais principais, destaca-se na vista aérea as avenidas arteriais secundárias que fazem a ligação entre os bairros vizinhos. O bairro é conhecido principalmente pelo seu maior destaque, sendo a paróquia Nossa Senhora do Ó, que se encontra no largo da Matriz, região com topografia acentuada, onde há um desnível até a várzea do Rio Tietê de 52 metros aproximadamente.

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BREVE HISTÓRICO DA FREGUESIA DO Ó A história do bairro da Freguesia do Ó se inicia há mais de 430 anos, quando Manoel Preto, um bandeirante português, construiu a sede de sua fazenda próxima às Margens do rio Tietê. Esse local, a princípio foi muito utilizado como passagem pelos viajantes, os quais estavam em busca de ouro no Pico do Jaraguá, posteriormente transforma-se em um polo da economia agrícola de cana-de-açúcar, destacando-se através de um alambique, que produzia a “caninha do Ó”. Além da cana-de-açúcar, a produção local também possuía grandes fazendas produtoras de algodão, café, e milho, chegando a pertencer ao “Cinturão Verde” da capital paulista. Esta característica agrícola acompanhou a localidade até o início da urbanização paulistana, que começa em meados do século XX, quando o distrito é conectado a cidade através da ponte da Freguesia do Ó.

Imagem 32 - 37 Fonte: Portal do Ó Imagem 38 Fonte: folha.uol Imagem 39 Fonte: noticiando.net

Linha do tempo da história da Freguesia do Ó Fonte: autoria própria.

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EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA DO BAIRRO

Mapa 1930 - Evolução da Mancha Urbana - Verifica-se a presença de poucas edificações isoladas, possuindo uma baixa desidade construtiva, concentrando-se ao redor do perímetro histórico.

Vista aérea 2008 - Evolução da Mancha Urbana - Pode-se reparar a evidência de uma barreira ao centro do perímetro, a qual divide a região mais ao Norte e a mais ao Sul, denominada Linhão, por abrigar linhas de alta tensão.

Mapa 1954 - Evolução da Mancha Urbana - Percebe-se o maior adensamento da região de forma homogênea, restringindo-se mais a várzea do Rio Tietê. Fonte: Elaboração própria com base no mapa Vaps de 1954.

Vista aérea 2020 - Evolução da Mancha Urbana Fonte: Elaboração própria com base na vista aérea do Google Earth de 2020.

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HIPSOMETRIA E HIDROGRAFIA:

ATRIBUTOS FÍSICOS O distrito da Freguesia do Ó possui área de 10,50km², segundo o site da prefeitura de São Paulo, e a área de estudo possui 3,28km² aproximadamente. Com o mapa ao lado, fica notória a presença do rio Tietê e dos córregos já canalizados na forma de organização e urbanização do perímetro de estudo. Com as cheias do Rio Tietê ainda não retificado, os fazendeiros de canade-açucar se acomodaram nas terras altas e seguras, desta forma deu-se o desenvolvimento do bairro. Com o processo de urbanização foram criadas duas vias arteriais nas extremidades, no sentido norte-sul, acima dos córregos que foram canalizados, sendo as avenidas General Edgar Facó e a Inajar de Souza. Além disso, também foram criadas três vias trânsito rápido que compõe a avenida Marginal Tietê na área de várzea lindeira ao rio e que seguem passíves de alagamentos e enchentes. A área de perímetro histórico tem, como mar­co do bairro, a Igreja Matriz, implantada de for­ma a ser vista de diferentes ângu­los pelas cotas mais baixas do restante da área do bairro.

Com as demarcações do mapa, pode-se perceber a maior presença de cobertura vegetal média e alta, tendo em destaque as áreas de praças e canteiros centrais, sendo os principais: RUI CARLOS VIEIRA BERBET

LARGO DA MATRIZ

LARGO DA MATRIZ VELHA

PRAÇA FLÁVIO RANGEL

Imagen 40 Fonte: Google maps, 2020

Imagen 42 Fonte: google earth, 2020

VEGETAÇÃO:

Imagen 41 Fonte: Folha uol

Imagen 43 Fonte: wikimedia Autoria: Picasa

A região demarcada pelo linhão possui vegetação baixa e uma pequena parte com agricultura.

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ATRIBUTOS SOCIOECONÔMICOS Segundo o censo demográfico do IBGE, no ano de 2010, o distrito da Freguesia do Ó possuia um total de 142.327 pessoas residentes em seu território, sendo essa população composta pelas características a seguir:

Abaixo encontra-se um mapa do levantamento da densidade demográfica (habitantes/km²) da região de estudo que se localiza na região sul do distrito da Freguesia do Ó: DENSIDADE DEMOGRÁFICA:

POPULAÇÃO RESIDENTE POR SEXO - 2010

Gráfico 1 Fonte: Prefeitura de São Paulo. Autoria: IBGE-Censo demográfico. Gráfico: autoria própria.

POPULAÇÃO RESIDENTE POR IDADE - 2010 Gráfico 2 Fonte: Prefeitura de São Paulo. Autoria: IBGE-Censo demográfico. Gráfico: autoria própria.

Em relação aos dados economicos, segundo a pesquisa Origem e destino da Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ/SP), no ano de 2007 a renda média familiar era de 2.498 reais, e a per Capita era de 730 reais. Abaixo um gráfico de comparação da renda média familiar, com alguns outros distritos da cidade de São Paulo:

RENDA MÉDIA FAMILIAR (R$) - 2007

POPULAÇÃO RESIDENTE POR RAÇA OU COR - 2010

Gráfico 3 Fonte: Prefeitura de São Paulo. Autoria: IBGE-Censo demográfico. Gráfico: autoria própria.

Gráfico 4 Fonte: Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ/SP). Gráfico: autoria própria.

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ATRIBUTOS DE LOTE Através do levantamento dos espaços de cheios e vazios, pode-se observar as características dos lotes e das quadras, podendo assim, relacionar com as edificações existentes. Dessa forma, percebe-se que terrenos de grandes áreas são compostos por grandes fábricas, galpões e indústrias, tendo assim a necessidade de trazer permeabilidade e maior fruição para estes. Podemos também observar que grande parte destes vazios é atualmente utilizada pela Companhia de Eletricidade-ENEL, a qual tem como propriedade uma extensa área linear onde encontram-se torres de energia de alta tensão que atravessam os bairros vizinhos.

CHEIOS E VAZIOS:

As áreas caracterizadas, no mapa ao lado, datam o início da urbanização, com a presença de: • Lotes grandes (acima de 15.000 m²): Próximos as regiões de várzea do Rio, destinados principalmente a indústrias, desde o começo da ocupação urbana.

ESTRUTURA FUNDIÁRIA:

• Lotes de dimensão média (de 500m² a 15.000m²): No decorrer do centro do bairro, com perfil de uso do solo dedicada a serviços, comércios, instituições entre outras funções de usufruto da população. • Lotes menores (até 500m²): Em sua grande maioria são habitacionais, advindos dos primeiros loteamentos feitos na região.

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USO DO SOLO LOTE A LOTE A grande predominância no bairro ocorre por meio de áreas residenciais, concentrando-se principalmente ao entorno do perímetro histórico do bairro e próximas às Avenidas Edgar Facó e Inajar de Souza. Assim como comércios e alguns serviços que também acompanham as duas avenidas e, concentram-se em quantidade considerável no Largo do Clipper e região histórica do bairro. Além disso, industrias e instituições localizam-se mais próximas à Avenida Marginal Tiete, como a Editora Abril e a Diretoria Regional de Ensino. USO DO SOLO:

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INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE No levantamento de dados referente à mobilidade, destaca-se uma grande quantidade de vias arteriais em sentido Norte-Sul, responsáveis por distribuir o tráfego do bairro as rodovias ou vias expressas. Entretanto, no sentido Leste-Oeste isso ocorre com menor intensidade, uma vez que há a ausência de uma via de grande porte que possa realizar a conexão entre os bairros vizinhos. Destacam-se no sentido norte-sul, as duas avenidas arteriais das extremidades, sendo a General Edgar Facó e a Inajar de Souza, as quais são importantes eixos estruturais para a região, fazendo até o papel de delimitação ao próprio distrito. Entretanto, as duas avenidas possuem algumas fragilidades que afetam diretamente os pedestres, como os grandes congestionamentos, poucas áreas verdes e de lazer e grandes distâncias entre travessias. Dessa forma, os pedestres ficam limitados à regiões específicas dessas avenidas, como na Edgar Facó, onde há o canteiro central Rui Carlos Vieira Berbet, o qual possui faixas para caminhadas, ciclofaixa e equipamentos de lazer. Observa-se também que as ciclofaixas e rotas de bike que se encontram na região são escassas em relação ao perímetro de estudo, inviabilizando o uso da bicicleta como meio de transporte.

AV. GENERAL EDGAR FACÓ

INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE:

Imagen 44 Fonte: google earth

AV. INAJAR DE SOUZA

Imagen 45 Fonte: google earth

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LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA

ZONEAMENTO:

ZONEAMENTO O perímetro da área de estudo tem predominância de zonas de ZEM, ZEMP e ZEU. Visto que a ZEU, zona eixo de estruturação urbana, promove áreas tanto para usos residenciais quanto não residenciais. A ZEM, zona de estruturação metropolitana, está inserida nas microáreas de estruturação metropolitana e assim como a ZEU, promove usos residenciais e não residenciais. Por fim, a ZEMP se enquadra nesses mesmos objetivos, porém seus critérios só entrarão em vigor após a emissão de ordens de serviço das infraestruturas do sistema de transporte que define o eixo. Ver art. 83 do PDE.

ÁREA DE INTERVENÇÃO No perímetro de estudo demarcado, o zoneamento presente contém zonas de ZC (Zona de Centralidade), ZM (Zona Mista), ZEM (Zona de Estruturação Metropolitana) e ZEMP (Zona de Estruturação Metropolitana Prevista), como indica o mapa ao lado.

QUADRO PARÂMETROS OCUPAÇÃO COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO

TAXA DE OCUPAÇÃO MÁXIMA

ZONA

TRANSFORMAÇÃO

QUALIFICAÇÃO

ZEM ZEU ZEMP ZC ZM ZEIS 1 ZDE 2

CA MÍNIMO

CA BÁSICO

CA MÁXIMO

0,5 0,5 0,5 0,3 0,3 0,5 0,5

1 1 1 1 1 1 1

2 (d) 4 2 (e) 2 2 2,5 (f) 2

TO LOTES ATÉ TO LOTES > 500 m² 500 m²

0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,7

0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,5

RECUOS MÍNIMOS (m) GABARITO DE ALTURA MÁXIMO (m)

FUNDOS E LATERAIS FRENTE

28 NA 28 48 28 NA 28

NA 5 NA 5 5 5 5

h DA h DA EDIFICAÇÃO < EDIFICAÇÃO > 10m 10m NA 3 (j) NA 3 (h) NA 3 (j) NA 3 (j) NA 3 (j) NA 3 (j) 3 3

Tabela 1 Fonte: ANEXO INTEGRANTE DA LEI Nº 16.402, DE 22 DE MARÇO DE 2016

PLANO DIRETOR ESTRÁTÉGICO Conforme os objetivos e estratégias do PDE (2016) o plano tem como propósito garantir moradia digna, orientar o crescimento, melhorar a mobilidade, qualificar a vida nos bairros, promover o desenvolvimento econômico, incorporar a agenda ambiental e preservar o patrimônio cultural.

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DINÂMICAS, CENTRALIDADES E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

DINÂMICAS E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS:

No levantamento realizado, pode-se observar que as centralidades se encontram na região do Largo da Matriz e no Largo do Clipper principalmente. Na primeira encontra-se a paróquia Nossa Senhora do Ó, a qual realiza missas durante a semana e em algumas épocas do ano há a presença de festividades. Além da igreja, há também a concentração do bloco de carnaval Urubó, a casa de cultura Salvador Ligabue, o CEI menino Jesus (Centro Educacional Infantil), a escola Padre Manoel da Nóbrega, além da praça do Largo da Matriz velha, que possui equipamentos de ginástica e grande arborização. Também, há a forte presença de comércios consolidados, como a pizzaria Bruno e o bar Frangó, que fortalecem a dinâmica no local em questão. Além dessa região, também há a concentração de pessoas no Largo do Clipper, onde há a pista de skate que atrai muitos jovens no período diurno, a praça Dollman, escolas como o EMEI Manoel Preto e a Prof. Antônio Emílio Souza Penna, fora a concentração de comércios e serviços que garante uma grande dinâmica diurna na região. Além disso, atualmente está em andamento a construção da nova linha de metro 6 laranja, que terá uma estação no coração do Largo, a qual atrairá muitas pessoas e novos investimentos para a região.

PRAÇA DA MATRIZ

Imagen 41 Fonte: Folha uol

SOCIEDADE ROSAS DE OURO

Imagen 46 Fonte: revistaferasnafolia

EE PADRE MANOEL DA NOBREGA

Imagen 47 Fonte: Portal do Ó Autoria: Benedito Camargo

CASA DE CULTURA SALVADOR LIGABUE

Imagen 48 Fonte: jornadadopatrimonio

PISTA DE SKATE

Imagen 43 Fonte: wikimedia Autoria: Picasa

PRAÇA DA MATRIZ VELHA

Imagen 42. Fonte: google earth.

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PATRIMÔNIO HISTÓRICO O CONPRESP tombou o berço da Freguesia do Ó, considerando o valor histórico representado pela área no processo de ocupação da margem direita do Rio Tietê. O seu valor urbanístico e referencial na paisagem urbana paulistana é representado pelo conjunto de edificações que ocupam o núcleo original de povoamento do bairro, destacando-se a partir do final do século XIX a atual Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. O valor histórico-arquitetônico, ambiental e afetivo de diversas edificações localizadas em torno dos dois largos, da Matriz Velha e da atual Igreja, tem como caracterização dessa área a relação indissociável entre a conformação espacial desse núcleo e as relações de solidariedade e sociabilidade que caracterizam a identidade própria dos moradores desse antigo assentamento, e que até hoje se mantém, mesmo com as intensas modificações urbanas ocorridas

Imagem 49 Fonte: spimovel Imagem 50 - 56 Fonte: google maps, 2020

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DIAGNÓSTICO URBANÍSTICO Através da análise da região de estudo, podemos notar que algumas áreas apresentam características semelhantes, dessa forma, a área foi dividida em seis setores:

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Imagem 27. Fonte: esquerda.net. Autoria: Paulete Matos Imagem 28. Fonte: brasildefato.com.br. Autoria: Fernando Frazão/Agência Brasil Imagem 29. Fonte: brasildefato.com.br. Autoria: George Campos/Agência Brasil Imagem 30. Fonte: diariodepernambuco.com.br. Autoria: Paulo Pinto/ AGPT/Fotos Públicas Colagem: autoria própria

02

PROJETO URBANO - PROPOSTA

Imagem 26. Fonte: pt.m.wikipedia.org. Autor: Wikimedia Commons


PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO URBANA O recorte destacado envolve os pontos de maior interesse na região da Freguesia do Ó, sendo o perímetro histórico, envolvendo a paróquia Nossa Senhora do Ó, o largo da Matriz velha, a casa de cultura Salvador Ligabue, e comércios consolidados que fortalecem a dinâmica da região. Além destes, envolve também o largo do Clipper que é considerado uma centralidade, e o linhão, como uma barreira. Todas essas áreas juntas compõe uma zona de interesse e tende a passar por um processo de especulação imobiliária e gentrificação por conta do seu potencial e, também pelos seus zoneamentos predominantes, que são a ZEMP E ZEM. Outra característica que soma a esses interesses, é estar localizada entre duas vias estruturais, Avenidas Edgar Faccó e Inajar de Souza, além da implantação da Linha 6 Laranja do metrô prevista para o ano de 2025, a qual potencializa essa especulação e viabiliza as intervenções na área.

LARGO DO CLIPPER

ge Ima

m

57

. FO

NTE :

Google Maps., 202

0

LARGO DA MATRIZ

Im

age

vel

m 49 imo . FONTE: sp

ÁREA DO PROJETO ARQUITETÔNICO VISTA DA RUA ENÉIAS LUÍS CARLOS

PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO URBANA:

02 s, 2 p a . FONTE: Google M

0

Im age m 58

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CARACTERÍSTICAS DO PERÍMETRO USO DO SOLO POR LOTE:

Com o levantamento de uso do solo dentro do perímetro de estudo, pode-se notar a presença prodominante de residências, e áreas de comércios e serviços mais concentradas no entorno do Largo do Clipper. Além disso, há uma quantidade considerável de lotes vazios e subutilizados, e poucas áreas de praças.

MOBILIDADE:

A região demarcada possui avenidas com grande fluxo de automóveis, sendo elas a Av. Itaberaba e Av. Paula Ferreira (fazendo conexão com a Av. Edgar Facco), situadas próximo ao Largo da Matriz, assim como as avenidas Santa Marina e Miguel Conejo, próximas ao Largo do Clipper responsáveis por conectar a região a Av. Marginal Tietê. A área também conta com a futura estação de metro da Linha Laranja e com outra via importante, a Rua Antonieta Leitão que conecta o largo do Clipper com o largo da Matriz.

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DIRETRIZES URBANÍSTICAS

ADENSAR

APROXIMAR E DIVERSIFICAR

CONECTAR

INTERAGIR

ASSEGURAR

Aumentar a densidade construtiva e populacional de forma equilibrada, ocupando lotes vazios e/ou subutilizados existentes para que o bairro absorva melhor o crescimento urbano e se aproveite adequadamente dos eixos de infraestrutura que ali possuem, considerando a humanização dos ambientes urbanos através da concepção de espaços na escala humana, percepção defendida com Jane Jacobs e Jan Gehl, em suas teorias sobre o planejamento da cidade.

Se apropriando do incentivo da legislação, e do conceito da Cidade Compacta, procura-se aproximar e diversificar o uso do solo, possibilitando um local onde as pessoas possam morar, trabalhar e se divertir sem a necessidade de grandes deslocamentos, fazendose com que o tempo de realização das atividades cotidianas seja mais proveitoso, além de representar melhorias na qualidade de vida, aliado a densidade, representam melhoria no uso dos serviços e recursos, e podem atender a mais pessoas de forma mais racional.

Em uma perspectiva local, a principal característica do traçado viário que se associa a uma maior movimentação de pessoas e vitalidade nas ruas é a dimensão do quarteirão (Jacobs, 2000). Segundo Jacobs, quadras mais curtas criam maiores conexões e cruzamentos, que geram alternativas de percursos dentro de limites razoáveis de distância e com isso, a possibilidade dos fluxos se distribuírem pelas vias, além de maiores interações. Estas conexões formam ruas que desempenham papel importante de ligação na escala local entre a via principal e as vias perpendiculares, criando espaços adequados para comércios e se, além disso, com essas conexões alinhadas entre si, gerando continuidade com certa linearidade de percursos, as vias podendo vir a concentrar uma quantidade de fluxo significativa, mesmo que menor que a principal, ajudando a estruturar o tecido e abrigar usos comerciais e de serviços maiores e mais especializados.

As características morfológicas das edificações e suas relações com o espaço aberto, assim como o conjunto e o ambiente que surgem dessa interação influenciam diretamente na quantidade de pessoas que utilizam do espaço público e no tipo de atividade a ser desenvolvida. A permeabilidade entre estes ocorre nas entradas dos edifícios (Bentley, 1985) por este motivo a fachada ativa na beira do lote é incentivada, para enriquecer o espaço público através da dinâmica entre as atividades exercidas e a interação entre as pessoas.

Garantir a segurança da cidade é tarefa principal das ruas e das calçadas (Jacobs, 2000). O conceito de “olhos da rua” descreve o arranjo de fachadas visualmente permeáveis, próximas à rua e com moradores com vista para a calçada, funcionando no sentido de se promover uma maior sensação de segurança para quem caminha ou desenvolve outro tipo de atividade nas ruas. Outros elementos que são assegurados aqui e possuem grande importância no planejamento urbano é a proteção do patrimônio histórico, a prioridade aos pedestres e somados todos os fatores, a iniciativa de democratizar o acesso à cidade e dar suporte a experiências plenas e enriquecedoras do espaço urbano, bem como promover o encontro e o acesso aos diferentes recursos que fazem parte de nossa cada vez mais

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PLANO DE MASSAS

37


PROGRAMA DE INTERVENÇÃO

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PRODUÇÕES URBANA POR USO

USO DAS EDIFICAÇÕES PROPOSTAS:

CORTE A

CORTE B

39


Colagem: autoria própria

03

FUNDAMENTAÇÃO - ESTUDOS DE CASO

Imagem 59 Fonte: behance.net Autor: Amanda Pietra


01

ABRIGO PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ISRAEL

Imagem 60 Fonte: archdaily Autor: Amit Geron


ABRIGO PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA FICHA TÉCNICA Arquitetos: Amos Goldreich Architecture, Jacobs Yaniv Architects; Localização: Tel Aviv-Yafo, Israel; Ano do projeto: 2015; Construção: 2018; Área costruída: 1.600 m²; Materiais utilizados: Vidro, aço e tijolo.

BREVE DESCRIÇÃO O abrigo fornece refúgio a mulheres e crianças que se encontram em situações de abuso ou que estão passando por alguma dificuldade, o intuito é oferecer uma sensação de conforto e segurança. Localiza-se em um bairro tranquilo predominantemente residencial, composto por casas residenciais particulares e blocos de apartamentos.

Imagem 61 Fonte: architize Autor: Amit Geron

Imagem 62 Fonte: archdaily Autor: Amit Geron

“Mais de 45% das mulheres em Israel, assim como muitos países no oeste, serão vítimas de violência doméstica em algum momento das suas vidas e recentes estatísticas indicam que 45% das crianças em Israel também estão sujeitas à violência. É uma epidemia mundial.” (World Health Organisation, 2018).

SANTUÁRIO VERDE O complexo tem capacidade para abrigar até 12 famílias, e está escalonado em pequenas edificações que se interligam através de um pátio interno. Esse páio é dito como um santuário verde que se torna um ponto de encontro dos moradores, além de ter um propósito funcional, proporcionando conexões visuais entre as mulheres e seus filhos.

Imagem 63 Fonte: archdaily Autor: Amit Geron

Imagem 64 Fonte: archdaily Autor: Amit Geron

42


PROGRAMA O programa do abrigo inclui: Áreas de acomodações: com espaços de dormitório e sanitários privados; Serviços: sendo o refeitório, as cozinhas e os sanitários; Áreas infantis: compostos por playground, e berçario; Capacitação: como salas de aulas, escritórios, sala de reunião, e lojas;

Assistência; Lazer: como o santuário verde central e

sala de TV; Áreas técnicas: como depósito; Circulação interna. Acessos.

Planta térreo Fonte: archdaily / Edição: autoria própria

Planta primeiro pavimento Fonte: archdaily / Edição: autoria própria

FLUXOGRAMA PAVIMENTO TÉRREO

Fonte: autoria própria.

Imagem 65 Fonte: archdaily Autor: Amit Geron

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CORTES

Nos cortes pode-se perceber a presença da técnica da ventilação cruzada (natural) indicada pelas setas. Além disso, há a utilização de sistemas de ventilação mecânica, os quais são muito eficientes. Corte A Fonte: archdaily / Edição: autoria própria

Em ambos os cortes, o pátio central se mostra presente (indicado pela mancha), sendo o coletor dessa ventilação, além de realizar o serviço contrátrio. Os materiais uilizados são todos sustentáveis, duráveis ​​e de baixa manutenção, além de terem sido adquiridos localmente, e para o aquecimento de águas, o abrigo utiliza de painéis solares.

Corte C Fonte: archdaily / Edição: autoria própria

ANÁLISE CRÍTICA Analisando o abrigo, percebe-se que ele oferece boas estruturas e condições para as mulheres e seus filhos, de forma a passar a sensação de conforto e segurança dentro do espaço de acolhimento, o que torna-se uma característica muito importante. Entretanto, em relação ao programa, o projeto carece de roteiros e atividades que fortaleçam a autonomia e emporamento feminino, assim como a reinserção social dessas mulheres. Referente ao projeto arquitetônico, o uso do vidro é algo muito interessante, uma vez que ele fornece trasparencia para os espaços, garantindo que a luz solar entre, além de servir como uma divisão entre áreas comuns e privativas, de maneira a não ser uma barreira visual.

APLICAÇÕES NO PROJETO - Uso do vidro;

- Pátio interno; - Ventilação cruzada.

Imagem 66 Fonte: archdaily. Autor: Amit Geron.

imagem 67 Fonte: archdaily. Autor: Amit Geron.

44


02

CENTRO DE OPORTUNIDADES PARA MULHERES RUANDA

Imagem 68 Fonte: archdaily Autor: Elizabeth Felicella


CENTRO DE OPORTUNIDADES PARA MULHERES FICHA TÉCNICA Arquitetos: Sharon Davis Design; Localização: Kayonza, Ruanda; Ano do projeto: 2013; Área costruída: 2.200 m²; Materiais utilizados: Madeira, aço e tijolo.

BREVE DESCRIÇÃO O projeto se debruça sobre uma sociedade marcada por conflitos, e com acesso a poucos recursos, são mulheres que se dedicam a a atividades de subsistência. Dessa forma, o centro de oportunidades surge como meio de oferecer um sistema de aldeia vernacular, onde há a criação de oportunidades econômicas e de aprendizado na vida dessas mulheres. A instalação foi projetada em colaboração com a organização humanitária Women for Women International, e capacita entorno de 300 mulheres por ano. Imagem 69 Fonte: Archdaily Autor: Elizabeth Felicella

“O centro tem uma grade permanente de serviços, focada no aprendizado de competências importantes para a vida dessas mulheres. Além disso, promove o empoderamento da comunidade e o fortalecimento das redes e conexões locais, ajudando a promover a paz e prosperidade local.” - Karen Sherman, diretora executiva dos

Imagem 70 Fonte: Archdaily.Autor: Elizabeth Felicella

Imagem 71 Fonte: Archdaily.Autor: Elizabeth Felicella

Imagem 72 Fonte: Archdaily.Autor: Elizabeth Felicella

Imagem 73 Fonte: Sharondavisdesign Autor: Elizabeth Felicella

programas globais da WfWi.

PRODUÇÃO COMO MEIO DE COMERCIALIZAÇÃO No centro de oportunidades, as mulheres desenvolvem atividades de plantio, criação de animais, como vacas, porcos, coelhos e cabras, e artesanato. Aprendem a produzir através de praticas orgânicas, métodos de armazenamento e processamento de alimentos, que são ensinados na aldeia. Todas essas atividades geradas dessa produção, são comecializadas por essas mulheres dentro do próprio centro, em um espaço de praça que oferece fácil acesso. Os produtos incluem alimentos, tecidos, cestas, além da própria água recolhida a partir dos telhados.

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PROGRAMA O programa do centro de oportunidades inclui: Espaço de reunião; Salas de aula;

Sanitários; Salas de parceiros; Administração; Guarita de acesso;

Mercado: Espaço que as mulheres podem comercializar seus feitos; Alojamentos: abrigo para as mulheres que vivem no centro; Alojamentos dos convidados: Tendo doadores e organizações parceiras como hóspedes; Cozinha; Fazenda; Espaços de armazenamento; Implantação Fonte: wikiarquitectura. / Edição: autoria própria

Acessos.

INTERIOR DA EDIFICAÇÃO DAS SALAS DE AULA Imagem 74 Fonte: thesanzala. Autor: Elizabeth Felicella

SALA DE AULA

COZINHA Imagem 75 Fonte: thesanzala. Autor: Elizabeth Felicella Imagem 76 Fonte: thesanzala. Autor: Elizabeth Felicella

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TÉCNICAS

ESTRUTURA E MATERIAIS

O centro realizou parceria com empresas locais para instalar redes de captação de água, a qual é feita através dos telhados ondulados dos pavilhões, além do sistema de purificação de água e biogás. Além disso, possuem banheiros de compostagem simples, os quais reduzem o uso da água, ao mesmo tempo que conseguem armazenar resíduos ricos em nitrogênio e efluêntes líquidos, produzindo fertilizantes naturais para serem utilizados na fazenda.

Ao lado pode-se ver como funciona a estrutura de uma das construções, onde há a presença do material de tijolos feitos de barro para a vedação. Esses tijolos foram produzidos com materiais locais da região, com a ajudan da própria comunidade local, e a produção foi realizada com o método de prensagem manual adptado das técnicas de construção locais. Além da vedação, podemos reparar que a estrutura do telhado é independente dos pilares de aço que a sustentam. Essa cobertura faz o papel de oferecer uma maior proteção contra os raios solares. Como se pode ver na imagem anterior, onde ela torna-se elevada e com uma pequena saliência abaixo que permite que a a incidência solar seja menos intensa. Além disso, o telhado por sua forma ondulada, consegue fazer a captação de água, como se pode observar o sistema indicado na imagem ao lado.

ESQUEMA DO SISTEMA DE COMPOSTAGEM

ESQUEMA DO SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

Fonte: thesanzala

Fonte: thesanzala

Imagem 77 Fonte: architizer Fonte: architizer

Imagem 78 Fonte: architizer

Fonte: architectural-review

ANÁLISE CRÍTICA O centro de oportunidades é um exemplo de arquitetura muito interessante, uma vez que usa de materiais locais, como os tijolos de barros, e também de técnicas ecológicas, como a coleta de água da chuva e sua reutilização e o armazenamento de resíduos sólidos para o reuso nas hortas. Já referente ao programa, o método de criar oportunidades ecônomicas para as mulheres, através das atividades do plantio, criação de animais e artesanato local, e posteriormente a comercialização dessas produções, é algo muito interessante, pois fortalece a automia dessas mulheres, e o empoderamento feminino das mesmas.

APLICAÇÕES NO PROJETO -Programa de plantio; -Reaproveitamento da água da chuva; -Uso de elementos vazados para garantir melhor ventilação. 48


03

PROPOSTA FINALISTA DO CONCURSO PARA A MORADIA ESTUDANTIL DA UNIFESP OSASCO

Imagem 79 Fonte: archdaily Autor: Cortesia de Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger


MORADIA ESTUDANTIL UNIFESP OSASCO FICHA TÉCNICA Arquitetos: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger; Localização: Osasco - SP, Brasil; Ano do projeto: 2015; Área: 8.900m²; Materiais utilizados: Concreto, metal e vidro.

BREVE DESCRIÇÃO O projeto consiste em um conjunto de três torres com 6 andares que juntas comportam 240 unidades habitacionais para estudantes da Unifesp de Osasco, inseridos em uma região residencial. Imagem 80. Entrada do Campus - Platô. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

“O que nosso projeto propõe, portanto, não é um edifício isolado e autossuficiente, mas um conjunto edificado capaz de tecer urbanidade – uma conexão entre campus e cidade, e que ambos se insiram de forma a complementar seus espaços. Nesse sentido, os limites do terreno se diluem e o usuário adentra o espaço de forma fluida.” - Albuquerque + Schatzmann arquitetos,

Imagem 81. Implantação. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

Imagem 82. Pilotis. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

Diego Tamanini, Felipe Finger.

RELAÇÃO INTERIOR COM O EXTERIOR Do lado leste, a interação entre o complexo da moradia e a cidade ocorre por meio da composição de um espaço convidativo que se encontra no nível dos pilotis. Já do lado Sul ao Campus, essa conexão acontece por baixo do platô, onde há a presença de uma praça e uma biblioteca que também realizam o papel de convidar os usuários a adentrar a edificação.

Imagem 83. Rampa. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

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FACHADAS

UNIDADES HABITACIONAIS

A fachada leste possui aspecto mais residencial por abrigarem as janelas e persianas dos dormitórios, recebendo maior incidência do sol da parte da manhã.

Esquema da incidência solar. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

As três torres estão dispostas de maneira que a circulação vertical fica para fora do pavimento tipo, liberando mais espaço para as unidades habitacionais que possuem suas janelas voltadas para a fachada leste, como pode ser visto ao lado.

Planta baixa pavimento tipo. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger. Edição: autoria própria

O projeto comporta 4 tipos de unidades habitacionais, sendo:

Imagem 84. Fachada leste. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

Já a fachada oeste é onde se encontram as circulações horizontais, as quais são protegidas por chapas de metal perfuradas.

Imagem 85. Fachada oeste. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

PLANTA BAIXA - QUARTOS INDIVIDUAIS

PLANTA BAIXA - QUARTO FAMÍLIA

Plantas baixas dos módulos. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger Edição: autoria própria.

PLANTA BAIXA - QUARTOS COMPARTILHADOS

PLANTA BAIXA - QUARTOS ADAPTADOS 51


ESTRUTURA E MATERIALIDADE Todo o sistema foi pensado de maneira racional e de forma a tornar o processo ágil e garantir a flexibilidade e durabilidade, assim o projeto é pensado em módulos de 1,20m, o qual define a estrutura, fechamentos e espaços. Para a laje foi escolhida a de concreto pré-moldada tipo BubbleDeck, a qual possibilita grandes vãos sem a necessidade de vigas. Para os fechamentos, foi utilizado préfabricados e modulares, assim como para as instalações hidrossanitárias.

SUSTENTABILIDADE O uso de peças pré-fabricadas minimiza perdas e desperdícios, dessa forma, a laje de concreto BubbleDeck é uma boa saída, pois dispensa o uso de formas e assoalhos. Para as unidades pensou-se na questão da ventilação cruzada, fazendo a utilização das venezianas nos dormitórios abaixo das bancadas, e nas partes superiores nas demais divisórias, além da presença das chapas metálicas na fachada oeste, que possibilita a troca de calor e ventilação. Já para garantir a permeabilidade do solo, utilizou-se piso drenante de concreto poroso no nível dos pilotis e na praça do térreo. Por fim, na cobertura há a presença de placas solares de aquecimento de água e paneis fotovoltaicos, além de um sistema de captação de água da chuva.

Componentes construtivos. Fonte: Archdaily.Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger. Edição: autoria própria

ANÁLISE CRÍTICA O projeto da moradia estudantil da Unifesp de Osasco é muito interessante do ponto de vista da sustentabilidade, pois utiliza de técnicas como a ventilação cruzada, a captação de água da chuva, assim como a utilização de painéis fotovoltaicos, além do uso de pisos drenantes no térreo para aumentar a área de permeabilidade. Sua relação com o entorno também se torna algo interessante, pois permite a permeabilidade dos usuários por meio de espaços abertos e convidativos que chamam a atenção. Por fim, as unidades habitacionais são compactas tornando tudo muito funcional dentro da modulação, além de possuir diferentes tipologias que atendem as necessidades dos usuários que ali vão habitar.

APLICAÇÕES NO PROJETO Esquema de sustentabilidade. Fonte: Archdaily Autor: Albuquerque + Schatzmann arquitetos, Diego Tamanini, Felipe Finger

-Uso de venezianas nas esquadrias para realizar a ventilação cruzada; -Sistema de captação de água e painéis fotovoltaicos; -Sanitários das unidades desmembrados, com lavatório externo.

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04

PROJETO ARQUITETÔNICO - ÁREA

Imagem 86. Brises da fachada leste. Fonte: Autoria própria.


LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PROJETO O terreno do projeto a ser realizado se encontra entre as Ruas Bruno Bertucci, Julio de Lamare e Enéias Luís Carlos Barbanti.

Vista aérea. Fonte: Google earth, 2020 Edições: autoria própria.

Conforme realizações do projeto urbano, o entorno do terreno passa a ser composto por um parque linear, sendo um lazer aberto ao público, na região do antigo linhão, onde foi realizado o enterramento das torres de energia elétrica. Além disso, com a presença de duas conexões que interligam a parte baixa do bairro, onde se encontra a área de projeto, e a parte alta, que abrange a região da Praça da Matriz nova e antiga, marco da região. Também, na lateral esquerda ao terreno em questão, há a presença do complexo estudantil Nilo Peçanha, uma escola de nível fundamental. Por fim, a maioria das edificações circundantes foram mantidas como residenciais. Dessa forma, pode-se perceber que todas as questões descritas acima tornam-se favoráveis a implantação do Centro, de maneira que ele possa ser seguro, acolhedor, familiar, de fácil acesso a importantes regiões do bairro, e a educação para os filhos e/ou dependentes das mulheres acolhidas.

Vista aérea. Fonte: Google earth, 2020. Edições: autoria própria.

Vista aérea. Fonte: Google earth, 2020. Edições: autoria própria.

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CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE PROJETO Vista aérea do terreno no contexto urbano do bairro da Freguesia do Ó.

Fonte: Google earth, 2020. Edções: autoria própria.

Vista da Rua Enéias Luis Carlos Barbanti, com vista das edificações vizinhas do lado direito. do terreno.

Vista da Rua Enéias Luis Carlos Barbanti, com vista das edificações vizinhas do lado esquerdo.

Vista da Rua Bruno Bertucci, com vista das edificações vizinhas do lado esquerdo.

Imagem 87. Fonte: Google 2020.

Imagem 88. Fonte: Google 2020.

Imagem 89. Fonte: Google 2020.

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Vista da Rua Bruno Bertucci, com vistas das edificações vizinhas do lado direito do terreno.

Vista da Rua Júlio de Lamare para a Rua Bruno Bertucci, com vistas das edificações vizinhas e das torres de energia da área do linhão na parte porterior do terreno.

Vista da Rua Enéias Luis Carlos Barbanti, do lado esquerdo da foto encontra-se a Escola Fundamental Nilo Peçanha, que no projeto urbano torna-se o complexo estudantil Nilo Peçanha.

Imagem 90. Fonte: Google 2020.

Imagem 91. Fonte: Google 2020.

Imagem 92. Fonte: Google 2020.

earth,

earth,

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CARACTERIZAÇÃO DO TERRENO DADOS DO TERRENO Área: 5.428,40 m²; Zoneamento: ZEMP; CA mín. (Coef. de aproveitamento): 0,5 - A= 2.714,20 m²; CA máx. (Coef. de aproveitamento): 2 - A= 10.856,80 m²; TO (Taxa de ocupação): 0,7 - A= 3.799,88 m²; TP (Taxa de permeabilidade): 0,3 - A= 1.628,52 m²; Gabarito máx. de altura: 28 m; Recuos: NA (frente) / h<10m=NA / h>10m=3 m (Fundos e laterais).

Para a composição do terreno, foram utilizados os lotes F006, F0067 e F003, tendo sua extensão abrangendo a ruas Bruno Bertucci e a Enéias Luis Carlos Barbanti.

CORTE AA DIAGRAMA DE INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO

RUA

BRUN

O BE RT

UCCI

S ANTE

EDOMI S PR N O T VEN

RUA

ENÉI

AS L UÍS CARL OS

BARB

CORTE BB

ANTI

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PROJETO ARQUITETÔNICO - DESENVOLVIMENTO

Imagem 86. Brises da fachada leste. Fonte: Autoria própria.


CONCEITO

ACOLHER

O centro solidário feminino parte de princípios inerentes a reestruturação da vida das mulheres vítimas, sendo baseado na tríade acolher, capacitar e assistir. O acolhimento se apoia na promoção de espaços seguros e confortáveis, de estadia temporária ou permanente, de maneira a evocar a ideia de lar para essas mulheres e seus filhos e/ou dependentes. Além de espaços comuns de permanência e de lazer, garantindo a convivência social e a melhor qualidade de vida. A capacitação se baseia no oferecimento de programas, cursos e atividades que terão como principal fim o restabelecimento da autonomia, e o empoderamento de cada mulher em seu individual. Como aulas de artesanato, artes, dança, e a prática da jardinagem com o programa dos viveiros de flores. Este programa evoca a conexão emocional com a natureza, a qual possui efeito terapêutico, e torna-se um refúgio de desconexão dos problemas, alimentando o espírito dessas mulheres. Dessa forma, está associado ao conceito de “biofilia” termo utilizado pela primeira vez pelo ecólogo americano Edward O. Wilson, significando literalmente “amor pela vida”. Esse princípio engloba também a ideia de independência financeira dessas mulheres, através da oportunidade de comercialização de suas produções comercializadas dentro do centro. A assistência, terceiro princípio adotado na tríade, mas não menos importante, traz a questão do apoio em demais questões que envolvem a saúde e a justiça para essas mulheres. Com o fornecimento de atendimentos e auxílios de especialistas na área psicológica, médica, principalmente ginecológica, e odontológica, bem como uma assistência jurídica, a qual significará acesso rápido e fácil a uma melhor orientação em questões legais.

CAPACITAR

ASSISTIR

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EVOLUÇÃO VOLUMÉTRICA

ETAPA 1 - Presença dos anexos: - Creche; - Viveiro; - Comércio. - Viveiro centralizado;

ETAPA 2 - Retirada do anexo Creche, sendo incluída como berçário no prorama do edifício principal; - Viveiro descentralizado;

ETAPA 3 - Inversão da dinâmica do projeto, com o acesso principal público para a Rua Enéias Luís Carlos Barbanti, a qual possui maior dinâmica urbana; - Desmembramento do lote F0067.

- Desmembramento do lote F0062.

- Entrada principal pública pela Rua Bruno Bertucci.

O projeto tem como função ser ao mesmo tempo acolhedor, seguro, e possuir dinâmica pública, garantindo a integração entre as pessoas no espaço. As volumetrias resultantes dessas condicionantes formaram uma área pública restrita ao térreo, e áreas de acesso controlado. As edificações de interface pública se mantiveram em apenas um pavimento, formando juntas, espaços mais abertos e convidativos. Essas edificações são compostas pelos espaços de comércio livre (onde há a comercialização da produção das mulheres), espaços de exposição de artes, viveiro de flores, e um pequeno café. Já a edificação de interface privada é composta principalmente por dois blocos que se interligam em todos os pavimentos, de forma mais fechada e vertical, garantindo a restrição de entrada de pessoas externas à edificação, e a instalação das acomodações nos andares superiores.

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INTENÇÕES PROJETUAIS

O projeto do centro solidário feminino vem com o intuito de ser um espaço seguro, sem que a essência de interação com o público externo seja corrompida. Assim, uma das intenções se baseia no fornecimento de espaços atrativos, externamente a edificação principal, de acesso aberto a população do bairro, e ao mesmo tempo, ambientes de acesso controlado, como meio de garantir segurança e proteção para as principais usuárias do centro, as mulheres vítimas. Dessa forma, surge como solução a criação de uma grande praça externa, onde estariam dispostos equipamentos de acesso público, que se encotrariam ao entorno de áreas verdes e livres para passeio público, concedendo ao conjunto uma relação de convivência e troca de experiências entre diferentes pessoas. Já os ambientes privados compõem a edificação principal, a qual possui acesso controlado para garantir segurança as mulheres usuárias. A grande intenção foi criar um pátio interno no térreo, e uma laje com espaço de horta e lazer, que garantissem a convivência social entre os abrigados e a melhor qualidade de vida. Essa edificação principal é composta por um programa que supre as demandas necessárias advindas da situação de cada vítima em seu individual e coletivo, bem como para seus dependentes. Sendo esse programa composto por espaços de ocorrência de atividades, aulas, projetos, assistências, e lazer, bem como áreas de suporte para o desenvolvimento de todo o conjunto.

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PROGRAMA DE NECESSIDADES DIAGRAMA 3D POR SETORIZAÇÃO

FLUXOGRAMA

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ÍNDICES URBANÍSTICOS DO PROJETO

ESTRUTURA E MODULAÇÃO ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO: O concreto armado foi escolhido ao seu menor custo, por não necessitar de mão de obra especializada. LAJE NERVURADA: A laje nervurada foi escolhida pois possibilita um maior aproveitamento do pé-direito da edificação, também seu menor consumo em aço, causa um menor custo da estrutura, além de ser mais leve por conta de suas cubetas.

PLANTA DE FORMA

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PROJETO ARQUITETÔNICO - DESENHOS TÉCNICOS

Imagem 86. Brises da fachada leste. Fonte: Autoria própria.


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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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INTERFACES PÚBLICAS SEGURANÇA LAZER SERVIÇOS SAÚDE CAPACITAÇÃO ACOMODAÇÕES

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TIPOLOGIAS DAS ACOMODAÇÕES

MÓDULO 1 UNIDADE 1 QUARTO COMPARTILHADO: Comporta 3 mulheres.

UNIDADE 1

UN IDADE 2

UNIDADE 2 QUARTOS INDIVIDUAIS (1 PESSOA POR QUARTO): Comporta 2 mulheres, ou 1 mulher e 1 dependente.

ou

UNIDADE DE S E RV IÇ O

MÓDULO 2

UNIDADE 4

UNIDADE 3

UNIDADE DE S E RV IÇ O

UNIDADE 3 QUARTO INDIVIDUAL PNE (1 PESSOA POR QUARTO): Comporta 2 mulheres ou 1 mulher e 1 dependente por quarto, sendo um deles adptável.

ou

UNIDADE 4 QUARTO FAMILIAR: Comporta 1 mulher e 2 dependentes. 79


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PERSPECTIVAS

VISTA 1 - RUA BRUNO BERTUCCI

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VISTA 2 - RUA BRUNO BERTUCCI

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VISTA 1 - RUA ENÉIAS LUIS CARLOS BARBANTI

92 17


VISTA 2 - RUA ENÉIAS LUIS CARLOS BARBANTI

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RAMPA DE ACESSO PELA RUA BRUNO BERTUCCI

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RAMPA DE ACESSO À RUA BRUNO BERTUCCI

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ÁREA DE EXPOSIÇÃO

98


ÁREA DE EXPOSIÇÃO

98 99


PRAÇA DE CONVIVÊNCIA PÚBLICA

100


PRAÇA DE CONVIVÊNCIA PÚBLICA

101


ACESSO À PRAÇA DE CONVIVÊNCIA PÚBLICA

102


ACESSO À PRAÇA DE CONVIVÊNCIA PÚBLICA

103


VIVEIRO DE FLORES

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PÁTIO INTERNO DE CONVIVÊNCIA (PRIVADO)

105


PÁTIO INTERNO DE CONVIVÊNCIA (PRIVADO)

106


PÁTIO INTERNO DE CONVIVÊNCIA (PRIVADO)

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PLAYGROUND (PRIVADO)

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LAJE DE CONVIVÊNCIA (PRIVADO)

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CONCLUSÃO - REFERÊNCIAS

Imagem 86 Fonte:www.elisariemer.com. br Autor: Elisa Riemer


TEMÁTICA Por dia, 606 casos de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha. Disponível em: <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia-em-dados/por-dia-606-casos-de-lesao-corporal-dolosa-enquadrados-nalei-maria-da-penha/>. Acesso em: 3 maio. 2021. VIOLÊNCIA CONTRA MULHER CRESCE 64% EM SP EM 3 ANOS; CASOS DE FEMINICÍDIO CHEGAM A SER 16 VEZES MAIORES EM UM BAIRRO EM RELAÇÃO A OUTRO, DIZ MAPA. Violência contra mulher cresce 64% em SP em 3 anos; casos de feminicídio chegam a ser 16 vezes maiores em um bairro em relação a outro, diz Mapa. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/10/29/violencia-contra-mulher-cresce-64percent-em-sp-em3-anos-casos-de-feminicidio-chegam-a-ser-16-vezes-maiores-em-um-bairro-em-relacao-a-outro-diz-mapa.ghtml>. Acesso em: 3 maio. 2021. SP: VIOLÊNCIA CONTRA MULHER AUMENTA 44,9% DURANTE PANDEMIA. SP: violência contra mulher aumenta 44,9% durante pandemia. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-04/ sp-violencia-contra-mulher-aumenta-449-durante-pandemia>. Acesso em: 3 maio. 2021. Conquistas do feminismo no Brasil: uma linha do tempo. Disponível em: <https://nossacausa.com/conquistas-do-feminismo-no-brasil/>. Acesso em: 4 maio. 2021. OLIVEIRA, A.; OTTO, I. A linha do tempo do feminismo no Brasil de 1827 a 2019. Disponível em: <https://capricho.abril.com.br/comportamento/a-linha-do-tempo-do-feminismo-no-brasil-de-1827-a-2019/>. Acesso em: 4 maio. 2021. Tipos de violência - Instituto Maria da Penha. Disponível em: <https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html>. Acesso em: 25 maio. 2021. Violência doméstica e familiar - Dossiê Violência contra as Mulheres. Disponível em: <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra-as-mulheres/>. Acesso em: 25 maio. 2021. PESQUISA MOSTRA QUE 97% DAS MULHERES JÁ SOFRERAM ASSÉDIO EM TRANSPORTE. Pesquisa mostra que 97% das mulheres já sofreram assédio em transporte. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-06/pesquisa-mostra-que-97-das-mulheres-sofreram-assedio-em-transporte>. Acesso em: 25 maio. 2021. COMUNICAÇÃO. Pesquisa aponta que 63% das paulistanas já sofreram algum tipo de assédio. Disponível em: <https://www.nossasaopaulo.org.br/2020/03/04/pesquisa-aponta-que-63-das-paulistanas-ja-sofreram-algum-tipode-assedio/>. Acesso em: 25 maio. 2021. UOL. Dia Contra a Violência à Mulher: 10 dados mostram por que falar sobre isso. Disponível em: <https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/10/10/dia-contra-a-violencia-a-mulher-10-dados-explicam-por-quefalar-sobre-isso.htm>. Acesso em: 25 maio. 2021. Violência doméstica durante a pandemia de Covid-19. [s.l.] , [s.d.]. Disponível em: <https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2018/05/violencia-domestica-covid-19-v3.pdf>. DIREITOS HUMANOS - PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO. A Coordenação. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/mulheres/a_secretaria/index.php?p=242277>. Acesso em: 5 jul. 2021. MPSP. Centros de Defesa e de Convivência da Mulher (CDCMS) - Ministério Público do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Violencia_Domestica/Rede_de_Atendimento/CDCMS>. Acesso em: 5 jul. 2021. DPESP/Portal-mulher/Delegacias Especializadas. Disponível em: <https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Default.aspx?idPagina=3454>. Acesso em: 5 jul. 2021. TEDESCHI, Losandro Antonio. As mulheres e a história: Uma introdução teórico metodológica. Dourados, MS: Editora UFGD, 2012. LACERDA, Marina Basso. “As mulheres no Brasil Colonial”. Colonização dos corpos: Ensaio sobre o público e o privado. Patriarcalismo, patrimonialismo, personalismo e violência contra as mulheres na formação do Brasil. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2010. DUARTE, Constância Lima. Feminismo e literatura no Brasil. Estudos avançados. São Paulo, 2003.

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ESTUDOS DE CASO Abrigo para Vítimas de Violência Doméstica / Amos Goldreich Architecture + Jacobs Yaniv Architects. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/895789/abrigo-para-vitimas-de-violencia-domestica-amos-goldreich-architecture-plus-jacobs-yaniv-architects>. Acesso em: 25 abr. 2021. Shelter for Victims of Domestic Violence - Amos Goldreich Architecture. Disponível em: <https://agarchitecture.net/portfolio/shelter-for-victims-of-domestic-violence/>. Acesso em: 25 abr. 2021. SHELTER FOR VICTIMS OF DOMESTIC VIOLENCE | THE DOUBLE UNIT. The Double Unit. Disponível em: <https://www.thedoubleunit.com/new-page>. Acesso em: 25 abr. 2021. Shelter for victims of domestic violence by Amos Goldreich Architecture. Disponível em: <https://architizer.com/projects/shelter-for-victims-of-domestic-violence/>. Acesso em: 26 abr. 2021. Centro de Oportunidade para Mulheres / Sharon Davis Design. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-158650/centro-de-oportunidade-para-mulheres-slash-sharon-davis-design>. Acesso em: 29 abr. 2021. Centro de oportunidades para mulheres: Sharon Davis Design. Disponível em: <http://thesanzala.com/2018/06/29/centro-de-oportunidades-para-mulheres-sharon-davis-design/>. Acesso em: 29 abr. 2021. Women’s Opportunity Center. Disponível em: <https://sharondavisdesign.com/project/womens-opportunity-center-rwanda/>. Acesso em: 29 abr. 2021. Women’s Opportunity Center, Rwanda. Disponível em: <https://architizer.com/projects/womens-opportunity-center-rwanda/>. Acesso em: 29 abr. 2021. Proposta finalista do concurso para a Moradia Estudantil da Unifesp Osasco / Albuquerque + Schatzmann arquitetos + Diego Tamanini + Felipe Finger. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/770051/proposta-finalista-do-concurso-para-a-moradia-estudantil-da-unifesp-osasco-albuquerque-plus-schatzmann-arquitetos-plus-diego-tamanini-plus-felipe-finger>. Acesso em: 18 jun. 2021. HABITAÇÃO ESTUDANTIL UNIFESP. Disponível em: <https://www.desterro.arq.br/unifesp>. Acesso em: 18 jun. 2021.

NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO ABNT NBR 9050/2020: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Disponível em: <https://www.caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR-9050-15-Acessibilidade-emenda-1_-03-08-2020. pdf>. Acesso em: 12 jun. 2021. ABNT NBR 9050/2020: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Disponível em: <https://www.caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR-9050-15-Acessibilidade-emenda-1_-03-08-2020. pdf>. Acesso em: 22 jun. 2021. ABNT NBR 6492/1994: Representação de projetos de arquitetura. Disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-6492-representacao-de-projetos-de-arquitetura>. Acesso em: 22 jun. 2021. PMSP. Lei de Parcelamento, uso e ocupação do solo (lei nº 16.402/2016). Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/desenvolvimento_urbano/texto%20de%20lei%20pdf.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2021. PMSP. Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014). Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2015/01/Plano-Diretor-Estrat%C3%A9gico-Lein%C2%BA-16.050-de-31-de-julho-de-2014-Texto-da-lei-ilustrado.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2021. PMSP. Código de Obras e Edificações (Lei nº 16.642, de 9 de maio de 2017, Decreto nº 57.776, de 7 de julho de 2017) Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/codigo_de_obras_ ilustrado.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2021.

LIVROS GEHL, Yan. Cidade para pessoas. 1ª edição, Perspectiva, 2013. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades, 3ª edição, WMF Martins Fontes, 2011. HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura, 3ª edição, Martins Fontes, 2015.

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“Qual é a maior lição que uma mulher pode aprender? Que desde o primeiro dia, ela sempre teve tudo o que precisa dentro de si mesma. Foi o mundo que a convenceu que ela não tinha.” -Rupi Kaur.

OBRIGADA!


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