TFG_FAUUSP_Bruna Bertuccelli_A esquina como gentileza urbana

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como gentileza urbana a in uso e apropriação das esquinas de Higienópolis



a esquina como gentileza urbana uso e apropriação das esquinas de Higienópolis

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Bruna Bertuccelli Fagá de Moraes orientadora: Helena Ayoub

são paulo | novembro de 2016



Agradecimentos Agradeço ã minha orientadora, por todos ensinamentos e questionamentos que me possibilitaram concluir esse trabalho. Aos professores Barossi e Karina por terem, gentilmente, aceitado compor a banca. À Fê Tsuda pela amizade e companheirismo, mesmo com a correria diária. À Lara, Cindy e Nathália por tantos bons momentos que compartilhamos ao longo dos anos de FAU. Aos fauanos do SFLC (Mariane, Denise, Laura, Marina, Ana, Mafe, Ana, Igayara, Tadeu e Pirata) por todas as noites de temaki, just dance e risadas. À Isabela, minha sorellina, pela ajuda com o TFG e por sempre estar disponível para abraços, conselhos e um café. À Stéfanie, por ter sido um dos melhores presentes de Milão e, ainda que distante, se faça sempre tão presente. Ao Heitor, pelas conversas e por aquele cappuccino quando mais precisei. Ao Ezio e à Mari pela hospitalidade milanesa e por tantas festas e viagens pelo mundo. Vi porto via con me, ragazzi! Aos meus antigos e queridos amigos: Julianne, Lipe Lima, Zé, Mari, Juliano, Andreza, Stéfani, Priscilla, Filipe, Vinícius e Eduardo por acompanharem minha trajetória fauana do início ao fim. Às Brunas da minha vida: Bruna Lavorato e Bruna Caroline pelo amor, pela preocupação e por estarem presentes em todas as etapas mais importantes para mim. Sem vocês, tudo teria sido muito mais difícil. Ao meu namorado e companheiro Arthur Braga, pela paciência, pelo amor incondicional, por cada abraço e cada risada que fizeram desse ano mais leve. Obrigada por, de repente, ter se tornado meu Martín. Há muito da nossa história aqui! E por fim, principalmente, agradeço de coração à minha família (tios, primos e avós) e aos meus pais Noely e Guilherme pelo amor e apoio incondicionais e por todas as vezes que abriram mão de seus próprios sonhos para se dedicarem aos meus.



Ao Guilherme Pimentel (in memorian) por ter sido o início da minha história com a arquitetura. “O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar” Oscar Niemeyer



Sumário

introdução inspiração o espaço público e a esquina a esquina como espaço de encontro a casa e a esquina Higienópolis proposta projeto referências considerações finais bibliografia

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11


01. INTRODUÇÃO A escolha pelo tema de esquinas urbanas ocorreu através de uma narrativa que traça um paralelo entre um planejamento urbano desordenado e os desencontros nas relações interpessoais (e, consequentemente, entre construções mal elaboradas e a solidão humana). O filme argentino “Medianeras”, de maneira extremamente sutil e sensível, traz seus dois personagens principais - Martín e Mariana - vivendo numa mesma avenida de Buenos Aires, o que faz com que os dois, frequentemente, se cruzem por esquinas - nada gentis - e não percebam um a outro: resultado de uma metrópole que se fecha com paredes cegas e grandes muros. Martín mora na avenida Santa Fé, número 1105. Um bonito edifício de esquina que, contudo, ele classifica como um amontado de apartamentos “caixa de sapatos”. São, na verdade, pequenos studios para uma ou no máximo duas pessoas habitarem. No seu caso, sozinho e profissional da área de programação, passa o dia online: “A internet me aproximou do mundo, mas me afastou da vida. Pago minhas contas pela internet; leio revistas pela internet; baixo música, escuto rádio pela internet; compro comida pela internet; alugo e vejo filmes pela internet; bato papo pela internet; estudo pela internet; jogo na internet; faço sexo pela internet”. Conectado o tempo todo e alheio ao mundo real, possui medo da cidade e, numa tentativa de perdê-lo, utiliza seus pés - pois somente confia neles - para conhecer a cidade através de fotografias. 10

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Numa outra esquina da mesma avenida, na mesma quadra, encontra-se Mariana. Arquiteta há dois anos, ela é depressiva; frustrada com a profissão e também mora sozinha na sua “caixa de sapatos” que, além de pequena e estreita, possui apenas uma janela, um único meio de contato com a cidade afora. Apresenta fobia de multidões, de elevadores e de locais extremamente fechados. Assim como Martín, é muito solitária e sabe que diversos aspectos egoístas das grandes cidades - como Buenos Aires e São Paulo - apenas acentuam esse sentimento. “Estou convencido de que as separações e os divórcios; a violência familiar; o excesso de canais de tv a cabo; a falta de comunicação; de desejo; a agonia; a depressão; os suicídios; as neuroses; os ataques de pânico; a obesidade; os torcicolos; a insegurança; o hipocondrismo; o estresse e o sedentarismo sào de responsabilidade dos arquitetos e empresários da construção. Que sofram todos esses males: exceto o suicídio”. (Martín)

Foto tirada de um trecho do filme “Medianeras Buenos Aires da Era do amor virtual”

“Vivemos em Buenos Aires como se estivessemos apenas de passagem” a esquina como gentileza urbana | tfg

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Diante dessa realidade que os conecta ao mundo, mas que os afasta da vida (e, consequentemente, da cidade) podemos ver em Martín e Mariana um reflexo nítido da nossa atual existência, uma denúncia triste e poética do modo como vivemos atualmente. Isolados em grandes condomínios fechados, atrás de grandes muros e observando as ruas e os espaços públicos apenas através do vidro dos carros. A ausência de interação com a cidade faz com que percamos uma das maiores qualidades existentes numa metrópole: a empatia e a percepção ao próximo. Estes encontros que são evitados poderiam trazer novas delicadezas para o nosso dia a dia e nada mais metafórico para encontros do que as esquinas. Enquanto as ruas levam a apenas um trajeto, as esquinas se abrem e dão passagem a novas descobertas. Não por coincidência, Mariana e Martín se esbarram em vários cruzamentos ao longo do filme, mas não se percebem, já que a desordenada Buenos Aires não contribui para isso. E se nossos protagonistas estivessem em São Paulo? Em alguma região da cidade poderíamos imaginar uma troca de sorrisos e olhares entre esse futuro casal? A partir desse questionamento, iniciou-se o interesse pelo estudo de algum bairro paulistano que apresentasse não só esse cuidado com seus cidadãos, como também uma qualidade de vida melhor do que aquela apresentada em bairros loteados por condomínios fechados. Com o conteúdo sobre esquinas e sua relação com o restante da cidade na primeira etapa do trabalho, no segundo semestre o objetivo seria a escolha de um terreno para um projeto de uso misto que pudesse abranger os conceitos assimilados e reafirmar o bairro escolhido como uma “centralidade gentil” de São Paulo.

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02. INSPIRAÇÃO Dentre todas as esquinas que já marcaram, de alguma maneira, a minha vida, a de maior significado foi uma das esquinas do “Duomo di Milano”. Ela é formada pela sua escadaria e, por conta da amplitude do ângulo de visão, é possível não só observar a Galleria Vittorio Emanuele II como também todo o percurso do Corso Vittorio Emanuele - que liga a praça principal à San Babila - e o início das Vias Dei Mercanti, Orefici e Torino. É muito comum encontrar centenas de turistas na praça do Duomo durante todos os períodos do dia, mas, ainda que seja o ponto turístico principal da cidade, o espaço possui uma diversidade grande de apropriação. Para os viajantes, é o momento das fotos e da contemplação, ou seja, um lugar de passagem; enquanto que, para os moradores de Milão, é um lugar de permanência em geral, uma vez que é uma prática diária para os italianos sentar nas escadas de suas igrejas. Para mim, a esquina do Duomo se tornou um espaço público do qual me apropriei ao longo de um ano de diversas maneiras. Para observar o movimento, conversar com estrangeiros, pensar, comer um panino, tomar vinho à noite com os amigos ou mesmo ler um livro. Assim como a população local, pude usufruir de um espaço público e criar uma identificação cultural e afetiva com ele. 14

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Trazendo para o contexto brasileiro e, pensando que a rotina da nossa esquina é marcada principalmente por barzinhos, padarias e pequenos comércios; um dos principais objetivos desse trabalho final de graduação é poder identificar e analisar a delicadeza e a gentileza dos encontros entre ruas e pessoas. São nelas que, diariamente, ocorrem pequenas atitudes entre seus usuários que garantem a generosidade na cidade e a devida apropriação do espaço.

Foto panorâmica da esquina do Duomo de Milão (Fonte: Google Earth)

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03. O ESPAÇO PÚBLICO E A ESQUINA Espaço público: definí-lo é extremamente complexo, uma vez que é um conceito presente no urbanismo e convém a diversas vertentes como: à legislação; ao projeto urbano; à gestão de cidade; ao paisagismo e outros. Inicialmente, sem uma análise mais profunda, pode-se dizer que o espaço público é aquele que, dentro do território urbano tradicional, tange o sentido de comunidade e de posse coletiva, sendo de responsabilidade não só do poder público como de todos os cidadãos. São locais de livre acesso e de reprodução da vida social e coletiva, importantes pelo seu caráter democrático - ao meu ver, inclusive, a característica mais relevante de um espaço público. De acordo com Doriélli Fornaciari (2007), “Tais espaços devem receber e incentivar o exercicio da cidadania e vivências sociais entre indivíduos; serem acessíveis a todo o grupo, tanto no que diz respeito à acessibilidade fisica, quanto aos horários de uso e ainda, quanto ao tipo de usuário (independente de faixa etária, raça, condição social, etc.)”. Para David Harvey, por exemplo, o papel político no urbanismo é ressaltado através do dever para com o espaço público; para que o mesmo consiga atingir diversas funções e diferentes significados para cada cidadão. Dessa maneira, é possível observar um discurso carregado por duas vertentes: uma social e outra política. 16

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Nas duas últimas décadas, frequentemente foram publicados livros e teses que descrevessem os espaços públicos do ponto de vista sociopolítico, como espaços de manifestação; de realização da cidadania; da vida e da opinião pública. A cidade é, como local de manifestação, um grande potencial democrático para transformações políticas de um país, além de ter a obrigação de assegurar os direitos do cidadão ao uso da mesma através da acessibilidade universal; da sua história e memória; da segurança; conforto e circulação. Contudo, será que apenas assegurar o direito à cidade de maneira sociopolítica é o suficiente para garantir qualidade de vida para seus moradores? De acordo com Jane Jacobs, não. Em “Morte e vida de grandes cidades”, a jornalista critica radicalmente o planejamento e desenhos urbanos modernos. Ainda que eles fossem apontados como solução para o pós-guerra na Europa - uma vez que padronizavam e segmentavam espaços - as consequencias disso eram espaços vazios, sem vida e sem usuários. Para Jacobs, era a “anti-cidade” produzida por arquitetos incapazes de olhar e de aprender com a cidade real. Os modernistas buscavam autonomia de bairros pequenos e acolhedores, à moda de pequenas cidades ao invés de valorizarem a diversidade das grandes metrópoles. A autora - uma das maiores referências para esse TFG - defende veemente a diversidade. Seja ela de usos; de raças; de tipos de edificações; de nível sócio econômico da população. Somente a diversidade pode combater grande parte dos males urbanos causados pela padronização atual. Para que isso seja garantido nas ruas das cidades, é necessário verificar usos diversos e combinados dos espaços: o distrito deve atender a mais de uma função principal com a finalidade de a esquina como gentileza urbana | tfg

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assegurar pessoas nas ruas em todos os horários dos dias. Além disso, outro ponto defendido por ela e, implicitamente por esse trabalho, é a necessidade de quadras curtas para que as oportunidades de virar esquinas sejam frequentes. As esquinas são capazes de aumentar o campo de visão do pedestre e, dessa maneira, proporcionar maior segurança para os moradores da região, já que, os olhos nas ruas permitem a “vigilância cidadã”; além de permitir a oportunidade do encontro e da permanência no espaço, uma vez que a cidade deve ser, principalmente, um local de permanência e não apenas de passagem.

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04. A ESQUINA COMO ESPAÇO DE ENCONTRO As calçadas e esquinas, além de acolher pedestres, possuem outro papél crucial numa cidade: são espaços de transição onde edifício e cidade se encontram. Para que sejam espaços gentis, eles devem ser zonas de permanência e de troca entre os seus usuários, através do bate papo; da caminhada, da parada à porta; da interação com vitrines; das compras, do sentar-se; do olhar para fora e para dentro. Para que esse objetivo seja alcançado, de acordo com Jan Gehl em “Cidades para pessoas”, alguns pontos são essenciais: - Escala e Ritmo O ritmo da caminhada numa escala de 5km/h é muito mais interessante do ponto de vista da permanência do que os 60km/h que funciona para os motororistas em movimento. - Transparência Poder enxergar o que ocorre dentro das edificações - e vice versa traz confiança e sentimento de segurança ao usuário da esquina assim como para o usuário do térreo do edifício.

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- Apelo aos muitos sentidos Experimentamos o ritmo das fachadas, os materiais, cores, cheiros e pessoas que estão à nossa volta. Em geral, isso determina se essa caminhada é interessante e interativa. - Diversidade de funções Inúmeras portas e funções garantem vários pontos de intercâmbio entre o interior e o exterior, promovendo um maior número de experiências.

Foto da esquina da Rua Minas Gerais x Avenida Paulista

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Esse exemplo presente na foto anterior nos deixa claro que, a esquina, por si só, não é nada. Se as esquinas e as calçadas não passam a sensação de segurança e não possuem algo mais atrativo, as pessoas as evitarão pois são prudentes e demonstram bom senso ao evitar ruas onde podem ser assaltadas. Jane Jacobs, inclusive, escreve que um dos requisitos básicos para a chamada vigilância cidadã é um número substancial de estabelecimentos e de outros locais públicos. Lojas, bares, padarias, e restaurantes levam as pessoas a circularem onde os mesmos existem, atraindo ainda mais pessoas. Uma esquina viva possui usuários e telespectadores. Enquanto consumidores podem ser os usuários; os comerciantes e lojistas contribuem para a tranquilidade porque são ótimos vigilantes da sua própria calçada e realizam, em geral, rituais diários, dando movimento e vida ao espaço.

Foto da esquina do bar do Veloso, na Vila Mariana (Fonte: Google Earth)

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Além disso, do ponto de vista do encontro, a esquina é fundamental para os contatos entre desconhecidos. É um espaço público, que nos revela uma compreensão da identidade pública das pessoas e respeito e confiança mútuos. Apesar desses contatos parecerem despretensiosos e aleatórios, são eles que criam uma rede a partir do qual pode florescer a vida pública animada da cidade grande. Um generoso exemplo de cidade que valoriza os encontros que ocorrem nas esquinas é Barcelona. Através do Plano Cerdá de 1859, observa-se um desenho urbano o qual enfatiza, entre outras premissas, o chanfro existente entre as quatro esquinas que constituem um cruzamento. Essa reta como solução arquitetônica auxilia não só o giro de veículos através da amplitude do ângulo de visão nos cruzamentos, como também faz com que as esquinas estejam ainda mais abertas e os seus edifícios sejam ocupados por diversos comércios e instituições.

Fotos das esquinas: site Passaporte BCN

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Outra questão de suma importância para o encontro e a permanência da esquina é a cidade ao nível dos olhos, ou seja, a escala do térreo identificar-se e relacionar-se direta ou indiretamente com a escala do pedestre, porque é através dessa relação que se pode observar atentamente todos os detalhes das fachadas, vitrines, atividades em geral. Outros andares de uma edificação, por exemplo, possuem uma distância suficiente para que as nossas percepções se percam. De acordo com Jan Gehl, “se tais atividades básicas ligadas aos sentidos e ao aparelho motor humano (como andar a pé) puderem ocorrer em boas condições, essas e outras atividades relacionadas deverão ser capazes de se desdobrar em todas as combinações possíveis na paisagem humana. De todas as ferramentas de planejamento urbano disponíveis, a mais importante é a escala menor”. Para o autor, a boa qualidade ao nível dos olhos deve ser considerada direito humano básico pois, mesmo que a cidade não se importe com a pequena escala, os seus usuários vão usufruir das ruas de alguma maneira, podendo aproveitar seus caminhos ou sofrendo com a falta de virtudes deles. Dois exemplos de cidades divergentes nesse quesito ainda que cada uma possua suas próprias particularidades - são Veneza e Brasília. No caso da primeira, mesmo sendo conhecida mundialmente como uma cidade aquática, é essencial lembrarmos do fato de que os pontos das ilhas principais somente são acessíveis através da caminhada. A cidade toda é composta por percursos água terra, ou seja, as ilhas são ligadas por pontes, sendo a mais famosa delas a Ponte Rialto. a esquina como gentileza urbana | tfg

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Veneza (abril/15) entre seus canais e pontes

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As mais distantes são ligadas por linhas de barcos públicos. Veneza é, provavelmente, o único sistema viário completo exclusivo para pedestres. Em contrapartida, temos Brasília, concebida através de princípios do urbanismo moderno na década de 60. Sem qualquer vínculo com o passado, foi setorizada a partir de um eixo que divide a cidade em Norte e Sul. A cidade possui zonas residenciais e administrativas dispostas em tais eixos perpendiculares entre si, como uma cruz. Claramente, percebe-se com essa distribuição o objetivo de se obter uma cidade planejada e eficiente. No entanto, ao caminhar pelo Plano Piloto, entende-se que as calçadas não possuem o mesmo planejamento que ocorre com as vias destinadas aos automóveis. Por conta disso, os pedestre traçam seus próprios caminhos em terrenos vazios, áreas verdes e até viadutos, como é possível observarmos a seguir.

Brasília e seus caminhos criados por pedestres (Fonte: Google Earth)

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05. A CASA E A ESQUINA Uma das funções primordiais da casa é proporcionar um espaço reservado às relações familiares, ou seja, um espaço de proteção e privacidade. A partir do momento em que a casa se torna a “casca” do homem ao mundo externo, ela pode ser considerada o oposto ao coletivo, à rua. Ainda que essa relação oposta deva existir como uma maneira de garantir o funcionamento da cidade, a transição entre as duas pode ocorrer de maneira delicada e gradual. Um exemplo de relação saudável entre rua, esquina e casa é Higienópolis, o que justifica a escolha do lugar tema para esse trabalho. O bairro é marcado e conhecido, principalmente, por edifícios modernistas projetados nos anos 40 e 50, que propuseram novos agenciamentos espaciais e de uso dos edifícios. As soluções apresentadas por eles apresentam associações muito interessantes com seus respectivos entornos, nos ensinando que a privacidade não precisa ser adquirida através de grandes muros; e, a segurança, não é adquirida através de câmeras. Algumas dessas características podem ser exemplificadas nos tópicos a seguir: - grandes janelas voltadas para a rua, fazendo com que os moradores possam observar o movimento nas esquinas e calçadas. 26

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- edifícios com grande diversidade de usos proposto. Em alguns pavimentos térreos são previstos comércio, serviços, equipamentos culturais e até mesmo pilotis, transformando o térreo numa instância de transiçào entre o público e o privado. - formas diversificadas de implantação da edificação, enriquecendo a relação do mesmo com o entorno. Alguns criam praças; caminhos; bancos; espaços coletivos, além de um tratamento paisagistico apurado. Esse é o caso do edifício Louveira (1946), projetado pelos arquitetos Artigas e Cascaldi, que concebeu um espaço aberto entre duas lâminas paralelas. Ao invés de de definirem um volume construído junto ao alinhamento das calçadas, optaram pelo vazio que permite a continuação espacial da área verde, uma continuação da própria praça pública localizada à frente, a Vilaboim. É o caso também do edifício Lugano Locarno projeto por Franz Heep em 1962. Apesar de não estar localizado numa esquina, sua implantação cria uma dentro do próprio condomínio, dando continuidade visual à rua Itacolomi.

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06. HIGIENÓPOLIS A importância desse bairro para a cidade de São Paulo surgiu no final do século XIX. Localizado entre a Paulista e os Campos Elísios que era, na época, o bairro de concentração da elite paulistana; Higienópolis surgiu de terras compradas por dois imigrantes - Victor Nothmann e Martinho Burchard - que tinham como objetivo construir um empreendimento com potencial para encantar o escol paulistano. Primeiro, pela sua geografia: em terras altas, recebia mais sol e vento do que os Campos Elíseos. Em segundo, por uma infraestrutura formada por uma quadrícula de vias largas, arborizadas e iluminadas a gás, com rede de água, esgoto e até mesmo com trilhos para bondes. A nota negativa atribuída ao bairro se deu pela ausência de espaços públicos, uma vez que o Parque Buenos Aires, por exemplo, foi uma iniciativa da prefeitura posteriormente. A família Silva Prado foi a primeira a chegar. A Dona Veridiana, em 1884, deixou para trás seu sobrado de taipa na Consolação para inaugurar um novo modo de viver da elite local. Após separar-se do marido, passou a viver num palacete afrancesado de 3,5 mil metros quadrados, onde aspirava ser cosmopolita e recebia personagens ilustres, como a princesa Isabel. Em seguida, chegaram famílias como os Penteado e os Alves de Lima, começando, assim, a se consolidar a alma do bairro, rendada pela elite de famílias tradicionais e por imigrantes enriquecidos. 28

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Higienópolis, um século depois, conservou seu perfil majoritariamente residencial, o que não significa que ele ficou isento da violenta transformação urbana brasileira. Desde a metade dos anos 1930, os palacetes começaram a dar lugar aos edifícios de apartamentos enormes, decisivos para que a elite paulistana aceitasse a moradia coletiva. O primeiro edifício do bairro, por exemplo, foi construído para uma família inteira e cada apartamento possui mais de 400 metros quadrados por andar. Entre os anos 40 e 50, muitos arquitetos e engenheiros desembarcaram no Brasil a fim de fugir da Segunda Guerra Mundial e atraídos por um potente catálogo de uma exposição sobre a arquitetura brasileira. Os europeus perceberam que, liderados por Lucio Costa e Niemeyer, arquitetos brasileiros criaram um repertório moderno com tempero local, misturando materiais e elementos das construções luso-brasileiras com a doutrina moderna de Le Corbusier. Toda essa teoria modernista está materializada nas pastilhas, curvas e pilotis em muitos edifícios de Higienópolis.

Palacete da D. Veridiana, construído em 1884

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Ainda hoje, Higienópolis é predominantemente residencial, mesmo possuindo avenidas - como a Avenida Angélica - comerciais. Suas esquinas, quando não ocupadas por pequenos negócios, contam com simpáticos edifícios modernistas que se relacionam com as ruas e respeitam a calçada como um espaço não só de passagem. Para um estudo mais aprofundado, foram produzidos alguns mapas do bairro: de uso e ocupação do solo; gabaritos dos edifícios e espaços verdes públicos x massa verde do bairro. No caso do mapa de uso de solo, é evidente o traçado retilíneo de comércios formado pela Avenida Angélica, além de dois pólos institucionais importantes para a região, o Mackenzie e a FAAP. No mais, o bairro conta com edifícios, sendo o térreo residencial ou comercial, além de casarões. Ainda que em algumas regiões apenas um tipo de uso seja predominante (no caso, residencial), o bairro possui uma ótima distribuição de serviços e infraestrutura. Já no segundo mapa, através das alturas de todas as edificações, fica evidente que as residências à oeste são, em geral, grandes sobrados; enquanto que, ao norte, encontram-se a maioria dos edifícios modernos citados anteriormente. Em relação a espaços verdes públicos, apesar de o bairro não possuir tantas opções - sendo a centralidade principal o Parque Buenos Aires - a maioria das suas ruas são extremamente arborizadas.

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Mapa de inserção na cidade de SP sem escala

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Mapa de uso e ocupação do solo escala 1:10000

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Massa verde da região

Espaços públicos

Mapa de áreas verdes escala 1:10000

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Mapa de uso e ocupação do solo escala 1:10000

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Após diversos passeios pelo bairro a fim de sentir e observar as esquinas existentes e suas dinâmicas, aquelas que mais chamaram a atenção foram destacadas em dois mapas abaixo por serem bons exemplos da diversidade e da delicadeza dos encontros que existem em Higienópolis. No primeiro caso (rua Goiás x rua Bahia) o encontro das quatro esquinas ocorre em terrenos ocupados integralmente por comércios de um a três pavimentos. Ou seja, observa-se uma proximidade grande entre o gabarito baixo e a escala do pedestre que se utiliza desses comércios, trazendo movimento e grande fluxo de pessoas para o local. O segundo e terceiro casos foram escolhidos pela diversificação das implantações das duas importantes obras que os compõe: o Louveira, de Artigas, e o Edifício Lugano e Locarno, do Franz Heep. São através delas que se criaram, dentro dos próprios condomínios, uma esquina como extensão do espaço público. No quarto caso, localizado na Rua Maranhão, as quatro esquinas são compostas apenas por edifícios residenciais; portanto, na teoria, seriam espaços menos seguros e de menor circulação de pessoas. No entanto, possem características que mostram que, mesmo sem comércios ou serviços no térreo, é possível gerar uma relação saudável e uma transição delicada entre espaço público e privado. Apresentam grades baixas, vazadas e janelas voltadas para as ruas; pilotis no térreo; rampas; apurado tratamento paisagístico. E, por último, um exemplo de encontros de diversos usos e gabaritos entre si: duas esquinas residenciais, uma comercial e outra institucional. É a variedade que consegue gerar a dinâmica e a segurança da região. a esquina como gentileza urbana | tfg

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Esquina 1: Rua Goiás x Rua Bahia

Esquina 2: Rua Aracaju x Rua Piauí

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Esquina 3: Rua Itacolomi x Av. Angélica

Esquina 3: Rua Sabará x Rua Maranhão

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Esquina 5: Rua Itambé x Rua Piauí

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07. PROPOSTA Após a pesquisa e as observações realizadas sobre as esquinas e sua relação direta com as cidades, o escopo do segundo semestre de TFG foi escolher um terreno em Higienópolis para a realização de um conjunto de uso misto - comercial, serviços e residencial. Essa escolha foi baseada tendo em vista a sua localização e as suas características morfológicas, uma vez que o terreno situa-se numa região exclusivamente residencial e exatamente no limite entre uma região com edificações de gabarito alto e outra com edificações de gabarito baixo. Além disso, o terreno íngreme e em frente a uma praça contribui para maiores possibilidades de projeto.

Imagem aérea do terreno

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Foto do terreno escolhido

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Foto do terreno escolhido

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Fotos do entorno

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Fotos do entorno

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Para realizar o projeto de maneira à preservar características importantes de uma esquina gentil, o partido já se inicia no próprio programa do conjunto, uma vez que a diversidade de usos é um aspecto essencial e, inclusive, exposto anteriormente. É proposto, portanto, um térreo de uso público com duas lojas, que poderão ser ocupadas de acordo com a necessidade local, assim como uma cafeteria localizada intencionalmente em frente à praça Farias de Brito e com uma grande profundidade que permita permeabilidade ao longo de toda extensão do terreno. Já no primeiro pavimento, optou-se por um andar aberto e de descanso como entrada para um coworking, ou seja, um espaço de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos, reunindo pessoas de diversas áreas de atuação e, consequentemente, gerando uma grande heterogeneidade. Também nesse andar, a academia projetada gera um ambiente coletivo que pode atender tanto os moradores da residência quanto os trabalhadores do coworking.

RESIDENCIAL

SERVIÇO

ANDAR ABERTO TÉRREO COMERCIAL 46

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térreo de uso público

permeabilidade

cheios e vazios

hierarquização das circulações

alternância de gabarito

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08. PROJETO O conjunto é dividido em três volumes principais. O primeiro, no chão, é a base de junção dos outros dois volumes - o residencial e o de serviços. O acesso e a circulação do edifício residencial ocorrem pela Rua Pará; enquanto que os outros acessos se abrem pela rua Ceará com a Praça Farias Brito.

Acesso comercio e coworking

Acesso residencial Circulações 48

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Fachada ativa


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PRAÇA FARIAS BRITO

RUA PARÁ

5 6 5 7 4

4

1 3

2 2

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pavimento térreo níveis 791,00 793,00 794,00 COMÉRCIO E SERVIÇO ACESSO HABITAÇÃO 1. Acesso ao coworking 2. Circulação vertical 3. Espaço para funcionários 4. Café 5. Comércio 6. Acesso à habitação 7. Circulação vertical


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PRAÇA FARIAS BRITO

RUA PARÁ

3

4

5

6

7

1 2 2

1. Coworking 2. Circulação vertical 3. Apartamento 1 dormitório (45m²) 4. Apartamento 1 dormitório (45m²) 5. Apartamento 2 dormitórios (70m²) 6. Circulação horizontal 7. Circulação vertical

Á EAR

SERVIÇO E HABITAÇÃO

AC RU

2o pavimento nível 799,00


PRAÇA FARIAS BRITO

RUA PARÁ

3

4

5

2

1 2

1. Coworking 2. Circulação vertical 3. Apartamento 3 dormitórios (90m²) 4. Apartamento 2 dormitórios (70m²) 5. Circulação horizontal 6. Circulação vertical

Á EAR

SERVIÇO E HABITAÇÃO

AC RU

3o pavimento nível 802,00

6


PRAÇA FARIAS BRITO

RUA PARÁ

3

4

5

6

2

1 2

Á

1. Coworking 2. Circulação vertical 3. Apartamento 1 dormitório (45m²) 4. Apartamento 1 dormitório (45m²) 5. Apartamento 2 dormitórios (70m²) 6. Circulação horizontal 7. Circulação vertical

EAR

SERVIÇO E HABITAÇÃO

AC RU

4o pavimento nível 805,00

7


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PRAÇA FARIAS BRITO

RUA PARÁ

1

2 3

4

1. Apartamento 1 dormitório (45m²) 2. Apartamento 1 dormitório (45m²) 3. Apartamento 2 dormitórios (70m²) 4. Circulação horizontal 5. Circulação vertical

Á EAR

HABITAÇÃO

AC RU

6o e 8o pavimentos níveis 811,00 817,00

5


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CORTE AA


CORTE BB


CORTE CC


VISTA 01


VISTA 02






COWORKING (SALAS DE TRABALHO)

UNIDADES 45 M²

UNIDADES 90 M² UNIDADES 70 M²

ACADEMIA COLETIVA

ENTRADA RESIDÊNCIA

COMÉRCIO

CAFÉ ENTRADA COWORKING


Unidades de 45 m²

Unidade de 70 m²

Unidade de 90 m²

Unidade de 70 m²

Plantas apartamentos (escala 1:150)


Imagens unidade 45 m²


Imagens unidade 70 m²


Imagens unidade 90 m²


Imagens coworking


Imagens coworking






09. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir de um estudo interdisciplinar envolvendo cinema, cidade e projeto de edificação, esse trabalho de conclusão do curso de arquitetura buscou colocar em prática boa parte do que foi apreendido ao longo dos últimos sete anos. O projeto de edificação final propõe uma arquitetura funcional e apropriada em que se permita dialogar com o entorno do bairro em que está inserido, Higienópolis, além de ratificar uma bonita característica do mesmo: esquinas e calçadas gentis com os seus pedestres. São Paulo possui uma dinâmica urbana intensa e diversificada, onde inserir e contextualizar uma moradia gentil na cidade se faz um desafio, visto bairros como o Jardim América ou Morumbi, onde boa parte das residências são tomadas por grandes muros e câmeras de segurança. Portanto, essa proposta torna-se essencial e extremamente relevante para uma cidade mais segura, sã e saudável. O trabalho de graduação, como um todo, tem a finalidade de inspirar outros novos projetos em diversas regiões, disseminando essa relação perceptiva entre cidade e edifício; público e privado; usuário e morador. Dessa maneira, tornar-se-á possível a estruturação e concepção de um dos pilares mais importantes da arquitetura: o de convivência com o próximo. 78

a esquina como gentileza urbana | tfg


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10. REFERÊNCIAS DE PROJETO

3° Pré-classificado no concurso Unifesp Osasco Acayaba Rosenberg Arquitetos

4° Pré-classificado no concurso Unifesp Osasco Moretti Engenharia Consultiva 80

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Edifício Itacolomi - Gruposp

Edifício Fidalga - Andrade Morettin

Conjunto habitacional assembléia - Andrade Morettin

Edifício Simpatia - Gruposp a esquina como gentileza urbana | tfg

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11. BIBLIOGRAFIA SANTOS, Carlos F. Nelson dos (et al.). Quando a rua vira casa. 3.ed. São Paulo: Projeto, 1985. HARVEY, David. Condição pós moderna. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1992. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Traduzido por Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1997. HALL, Peter. Cidades do amanhã. São Paulo. Perspectiva, 2010. JACOBS, Jane. Morte e vida nas grandes cidades. São Paulo, Martins Fontes, 2009. YAZIGI, Eduardo. O mundo das calçadas. São Paulo, Humanitas, 2000. ZYGMUNT, Bauman. Modernidade líquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edtor Ltda, 2000. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo, Perspectiva, 2013. SAIA, Luis. Morada Paulista. São Paulo, Perspectiva, 1978. 82

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MACEDO, Silvio Soares. Higienópolis e arredores: processo de mutação da paisagem urbana. São Paulo, EDUSP, 2012. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. Studio Nobel/Fapesp, 1998. ALBA, Lilian Bueno. 1935-1965: trinta anos de edifícios modernos em São Paulo. Mestrado: São Paulo, 2004. MONOLITO HIGIENÓPOLIS. São Paulo: fevereiro/março, 2014.

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