A Dança Pela Arquitetura

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A DANÇA PELA ARQUITETURA

TEAT A RO E SEDE DA COMPANHIA ESTÁ AT T VEL DE PIRACICABA TÁ

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A DANÇA PELA ARQUITETURA

TEATRO E SEDE DA COMPANHIA ESTÁVEL DE PIRACICABA

BRUNA DEDINI SILVA ORIENT. PROF . DRa. MARTA BOGÉA a

Trabalho Final de Graduação

FAU USP | DEZEMBRO | 2015 3


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Afresco Teatro São José. Foro Acervo Pessoal.

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Agradeço, primeiramente, à minha orientadora Marta Bogéa por todas as conversas ao longo deste ano, por sua orientação sempre bem humorada, tranquilizadora e multilateral. À banca presente, Francisco Fanucci e Milton Braga, por terem se interessado pelo trabalho e tão gentilmente aceito este convite. Ao Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba - IPPLAP - e ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural, que me concederam as bases arquitetônicas necessárias para a viabilização. À São Paulo Companhia de Dança por abrir suas portas a tudo que se fizesse necessário. À Oficina da Dança e à Companhia Estável de Dança de Piracicaba, especialmente às minhas mestras, Marcela Lacreta e Camilla Pupa, lembradas sempre com muito carinho e presentes em todas as entrelinhas. Aos meus meninos - Gustavo, Anibal, Stefano, Maurício, Pedro, Lucas e Felipe - que estão sempre ao meu lado e estarão sempre. À Aninha, Bru e Gabi, por serem as melhores companhias que eu poderia ter encontrado nessa grande cidade. Minha família paulistana, aquelas que compartilharam comigo o dia a dia, os trabalhos, a rotina, almoços, jantares, crises e conquistas nesses quase 6 anos vivendo juntas. Vocês foram tudo que eu precisei no final de cada dia. Eu viveria tudo de novo por vocês. Agradeço também, e principalmente, à minha família, minha inteligente e inspiradora mãe, meus pais, irmão e novos irmãos, que são meu porto seguro, mesmo na distância. Por estarem presentes do café da manhã ao fim do dia antes mesmo que eu sequer pudesse pronunciar “arquitetura”.

Meu obrigada. 7


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SUMÁRIO INTRODUÇÃO

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a companhia objetivo

A CIDADE

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contexto histórico patrimônio arquitetônico mapeamento do patrimônio anexo bens significativos

CLUBE E TEATRO

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clube coronel barbosa teatro são josé

ENTORNO

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demolições a praça diretrizes urbanísticas

DIAGNÓSTICO

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PROGRAMA

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praça das artes teatro erotides de campos são paulo cia de dança cedan comparativo áreas

O PROJETO

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS

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Foto à esquerda: Inauguração Teatro São José, 11 de Julho 1927. Acervo CCB.

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Foto à esquerda: Anexo construído na década de 60 sem estudos aprofundados. Acervo pessoal.

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INTRODUÇÃO Antigos casarões, cinemas, teatros e escolas centenários são demolidos todos os dias. Em tempos onde quase tudo é descartável, demolir é, em muitos casos, mais fácil e econômico do que restaurar. Mas levar abaixo um edifício pode ser muito mais do que descartar uma grande pilha de madeira, taipa, estuque, concreto. É levar abaixo toda a memória de um Lugar. Só agora isso realmente começa a ser discutido. Por poucos, ainda. É de especial interesse tirar partido do existente, conservar esses lugares de memória coletiva é conservar vivos capítulos da história das nossas cidades, do nosso país. O maior desafio quando se trabalha com patrimônio é como se posicionar em relação ao existente, sem impor ou romper com aquilo que esta ali, ao mesmo tempo que não se tenta voltar a um passado que já não existe. Mas qual arquitetura surgirá dessa preexistência? Qual a justa medida? A distância para o convívio lado a lado? Intervir em uma situação existente é se posicionar em relação a ela. É dançar junto. É esse o intuito desse trabalho. 11


TEMÁTICA COMPANHIA DE DANÇA Criada há oito anos em Piracicaba, a CEDAN - Companhia Estável de Dança - está vinculada à Secretaria da Ação Cultural da prefeitura da cidade e hoje conta com 20 bailarinos em seu corpo. Sob direção artística de Camilla Pupa, hoje é uma das mais importantes companhias do interior paulista e trabalha com a formação teórica e prática de seu corpo de baile amador e permanente. Em seu corpo já passaram bailarinos hoje trabalhando em grandes companhias do mundo tais como São Paulo Cia de Dança, Ballet Nacional Argentino, Europa Ballett Konservatorium, Miami City Ballet, Ballet Nacional de Sodre e Ballet Stagium. Recepciona na cidade uma série de eventos relacionados à dança e hoje sofre com a falta de uma sede que acompanhe seu provável crescimento. O projeto de Teatro e de nova sede da Companhia Estável de Dança de Piracicaba é o objeto do trabalho final de graduação proposto. Abrigará todo o administrativo, educativo, salas de ensaio, teatro e apoio à visitantes com o restauro e reabilitação de dois edifícios tombados a nível municipal da cidade de Piracicaba e construção de novos edifícios anexo.

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1. Cedan, no Ateliê Internacional da SPCD. Foto: Nanah D’Louize. Acervo: Cedan. 2. Monike Cristina, primeira bailarina Cedan. Foto: Nanah D’Louize. 3. Monike Cristina para Cedan. Foto: Nanah D’Louize. Acervo: Cedan. 4 e 5. Cedan em aula aberta. Foto: Nanah D’Louize. Acervo: Cedan. 6. Monike Cristina e Ivan Domiciano para Cedan. Foto: Mauro Veloso. Acervo: Cedan. 7. Cedan em aula. Foto: Chris Castro. Acervo Cedan.

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A CIDADE CONTEXTO HISTÓRICO Piracicaba foi fundada no alto de uma colina, de acordo com a historiadora Maria Celestina Torres (Torres, 1938), entre o Rio Piracicaba e o Ribeirão Itapeva, onde habitavam os índios paiaguás e onde haviam se fixado alguns posseiros. Sua história se confunde com a do desenvolvimento do Estado e do seu interior. Fundada oficialmente como povoado em 1767, Piracicaba foi rapidamente transformada em freguesia e Vila devido ao seu rápido crescimento. Por petição do então vereador da cidade, Prudente de Moraes - mais tarde primeiro presidente civil do Brasil - foi elevada à cidade, e algum tempo depois adotou o nome de “Piracicaba” – lugar onde o peixe para - abandonando a antiga denominação portuguesa de Vila Nova da Constituição. Toda sua história é ligada à terra, ao rio que leva seu nome e à cana-de-açúcar. Os engenhos foram grande fator de desenvolvimento da cidade que, na virada do século, firmou-se como um dos maiores polos do estado de São Paulo, e maior produtora de açúcar da América Latina (Bruno, 2004). A cidade, por essa história rural, era comandada pelos barões, capitães e coronéis, títulos concedidos a grandes proprietários de terras e oligarcas. Após a libertação dos escravos, com a chegada de imigrantes – artesãos, marceneiros, artistas e mestres construtores - passou por grande desenvolvimento econômico, social e principalmente cultural (LIMA, 200?, p. 10). Em 1900, com cerca de 25.374 habitantes (NEME, 1936, p. 120), é a quarta maior cidade do Estado, e com o capital gerado pela cana-de-açúcar e o café, possui luz elétrica, serviço de telefone e em terras doadas por Luiz Vicente de Queiróz começa a formação da futura Escola Superior de Agronomia, Esalq. Paralelamente a essa renovação urbana, floresceram as artes plásticas, a música, os esportes e a vivência cultural. Foram fundados clubes, teatros, cinemas e boas escolas. Prova disso é reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, em 1927: “Tratando-se de um dos melhores centros de cultura do interior do Estado, seja sob o ponto de vista artístico, seja como meio intelectual, a que dá relevo uma vida escolar intensa e múltipla [...] Piracicaba recebe, nos últimos tempos, constantes visitas dos mais reputados artistas nacionais [...] encontrando um público educado e culto, que sabe responder aos seus méritos.” (O Estado de São Paulo, 1927) Porém, com o fim do ciclo do café e a queda constante do preço do açúcar, a economia da cidade começou a estagnar. Isso foi revertido somente a partir do início de sua industrialização quando foram tomadas iniciativas para alavancar a economia da cidade por meio da construção de rodovias e investimentos.

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Foto acima: Planta da cidade, 1934. Acervo Municipal. Foto à direita: Praça José Bonifácio, data desconhecida. Acervo Municipal.


“A Cidade progrediu, Novos problemas surgiram, exigindo novas normas de administração. Alterou-se a mão-de-obra com a Abolição e a entrada do trabalhador livre. Vitoriosa a máquina a vapor, já se anunciava a usina. Os capitais tomavam outros rumos e o capitalismo se afirmava sob a forma de reinvestimentos” (Torres, 2009). Nesse contexto a cidade cresceu, tornou-se uma das primeiras a se industrializar no país, chegando a quase 400.000 habitantes e se tornando, hoje, um dos maiores polos de produção sucroalcooleira do mundo, além de importante centro industrial.

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PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO No início do Século XX, quando Piracicaba se firma como um dos maiores polos do interior de São Paulo, ao mesmo tempo em que as outras artes, a arquitetura floresce na cidade. Isso, graças à atuação de projetistas e construtores imigrantes (LIMA, 200?, p.12), maioria italianos como Carlo Zanotta, Paulo Cavioli e Antônio Borja Medina. Nesse momento, uma nova arquitetura começaria a mostrar-se, fruto do desenvolvimento socioeconômico que proporcionou crescimento urbano. Surge nas fábricas, escolas, igrejas, residências, e todo tipo de construção que almejasse certo destaque, até tomar praticamente a cidade toda, quase substituindo o aspecto colonial que antes predominava na cidade. Essa arquitetura por vezes se apoiava no laço cultural da terra natal desses novos imigrantes, como por exemplo, no estilo neorromânico nos bairros de predominância italiana e neoclássico nas edificações coloniais americanas. Nesse momento também, os palacetes já buscavam, muito provavelmente, seguir os preceitos do neoclassicismo francês, pois se caracterizava como o melhor e mais moderno tipo de moradia na época, e proporcionava, sobretudo, status social. Apesar de a cidade e, consequentemente, sua produção cultural terem se desenvolvido tão velozmente no início do século, só em 1974, o urbanista Joaquim Guedes, em proposta para o Plano Diretor da cidade, pela primeira vez defende a necessidade da preservação desse patrimônio arquitetônico. “A destruição do patrimônio urbano extraordinário de Piracicaba, além de representar um custo elevadíssimo, tanto do ponto de vista social, cultural, como econômico, teria interesse prático nenhum. Não impedila seria um crime. [...] O desenvolvimento urbano proposto conserva e respeita as estruturas existentes, pelas suas excepcionais qualidades” (GUEDES, 1974) Essa proposta de Plano Diretor não foi aprovada, a cidade cresceu com forte ação da especulação imobiliária, o centro foi adensado e antigas construções foram alteradas, reformadas ou demolidas. Grande parte dos exemplares da arquitetura de finais do século XIX a início do XX foi destruída por esse suposto progresso, mas, ainda hoje, a cidade guarda alguns exemplares desse e de outros períodos da arquitetura. Nesse âmbito, Piracicaba só passou a ter alguma política de preservação efetiva em 1997, com a criação do CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba – que surge de um outro órgão de criação tardia, o SEMAC - Secretaria da Ação Cultural da Prefeitura de Piracicaba, de 1992. A partir de então o Conselho vem trabalhando para a proteção dos edifícios históricos da cidade.

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Fotos à esquerda, de cima para baixo em ordem: Edifício em processo de tombamento demolido ilegalmente na área Central de Piracicaba. Foto: Google Maps; Edifício da antiga Sociedade Hispano-Brasileira. Foto: Google Maps; Edifício de 1917, ainda conservado. Acervo pessoal; Capela de São Pedro. Foto: Hélio Antunes.

ÁREA CENTRAL Como estudo e produção de conhecimento, foram identificados no exame preliminar da bibliografia quais eram os edifícios marcantes na zona central da cidade de estudo e a partir daí, buscou-se nos órgãos competentes qual a situação de proteção de cada um desses edifícios, a fim de identificar um - ou mais - edifícios para uma possível intervenção. Em resultado disso, foi elaborado um mapa, que identifica os edifícios historicamente representativos, e os devidos instrumentos aplicados a eles. No caderno anexo, se pode ver fotos e uma breve história de cada um deles, recolhidos durante o estudo prévio à escolha do edifício foco de projeto. 17


MAPA DOS EDIFÍCIOS HISTORICAMENTE SIGNIFICATIVOS IPHAN - bens tombados CONDEPHAAT - bens tombados CODEPAC - bens tombados CODEPAC - em processo de tombamento Edifícios históricos conservados mas não protegidos 1. Teatro São José 2. Clube Coronel Barbosa 3. Edifício Aristides Figueiredo 4. Passo do Senhor do Horto 5. Antiga Caixa Econômica 6. Edifício Tenenzio Galesi 7. Igreja São Benedito 8. Antigo Cine Broadway 9. Antiga Empresa Elétrica 10. Catedral de Santo Antônio 11. Sociedade Sírio Libanesa 18

12. Condomínio São Francisco 13. Edifício e Anexo Martha Watts 14. Antigo Externato São José 15. Societá Italiana di Mutuo Soccorso 16. Mercado Municipal 17. Antiga Estação E. F. Sorocabana 18. Sociedade Beneficiente 13 de Maio 19. Museu Prudente Moraes 20. EE. Morais Barros - antiga cadeia 21. Antiga Loja Maçônica 22. Antigo Ponto de Bondes


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PATRIMÔNIO - ÁREA CENTRAL DE PIRACICABA 1 - CLUBE CORONEL BARBOSA Originalmente chamado Clube ‘Piracicabano’ foi fundado em 1883, na Rua Moraes Barros, e contava com 60 sócios em 1899. O Clube Piracicabano se destacava por reunir a elite dominante da época. Endereço: Rua São José, 799 - Centro. Proprietário: Clube Coronel Barbosa. Estilo Arquitetônico: Eclético Neoclassicista. Autoria: Orlando Carneiro e Antonio Borja Medina. Data de construção: 1925. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC

2 - SÃO JOSÉ 1 Foto: Helio Antunes

O Teatro foi inaugurado em 11 de julho de 1927, com festividades conduzidas pela ‘Associação de Cultura Artística’ e pelo ‘Orpheon Piracicabano’. O Teatro São José, assim como o Clube ‘Coronel Barbosa’, foi projetado pelo engenheiro Orlando Carneiro e construído por Antônio Borja Medina. Foi arrendado como cinema durante quase toda a sua história. Endereço: Rua São José, 821 - Centro. Proprietário: Clube Coronel Barbosa. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Orlando Carneiro e Antonio Borja Medina. Data de construção: 1927. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

3 - EDIFÍCIO ARISTIDES FIGUEIREDO

2 Foto: acervo pessoal

O ‘Edifício Aristides Figueiredo’ tem sua história vinculada à Rádio Difusora de Piracicaba e a de seus proprietários, a família Figueiredo. A Rádio Difusora, uma das mais antigas emissoras do Brasil, foi fundada em 12 de outubro de 1933, como ‘Rádio Clube’ por João Sampaio Góes, e depois foi vendida à família Figueiredo. O edifício é vizinho ao do Clube Coronel Barbosa. Endereço: Praça José Bonifácio, 813, 815 e 819 - Centro. Proprietário: Particular. Estilo Arquitetônico: Neoclássico. Autoria: Desconhecida. Data de construção: Final do século XIX. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC

3 Foto: acervo pessoal

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4 - PASSO DO SENHOR DO HORTO Também conhecido como Passo da Via Sacra São Vicente de Paulo, é um dos poucos deste tipo de construção na cidade, ligado à devoção católica do período imperial. É o único remanescente de um conjunto de 12 passos, correspondentes às doze estações da Via Sacra, visitados pela população durante a Semana Santa e Domingo de Ramos. Endereço: Rua Prudente de Moraes, s/n - Centro. Proprietário: Diocese de Piracicaba. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Miguel Archanjo Benício D’Assumpção Dutra. Data de construção: 1873. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC em 2004 e pelo CONDEPHAAT em 11/04/1972

5 - BANCO DO BRASIL A ‘Caixa Econômica Autônoma’ iniciou suas operações em Piracicaba em 1917, ano de sua criação, como Instituto anexo à Coletoria Estadual local, e permaneceu como dependência da coletoria até 1939, quando passou a ser independente, iniciando uma nova fase. Endereço: Rua Prudente de Moraes, 723 - Centro. Proprietário: Banco do Brasil S/A. Estilo Arquitetônico: Art Déco. Autoria: Elisiário Antonio da Cunha Bahiana. Data de construção: 1947. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC

4 Foto: autor desconhecido

6 - EDIFÍCIO TERENZIO GALESI Dos estabelecimentos comerciais de Piracicaba do início século XX, o mais destacado foi o Armazém de Terenzio Galesi. O imigrante italiano, além do armazém com grande variedade de artigos importados, teve também uma casa de câmbio, que funcionavam neste edifício, uma indústria de beneficiamento de arroz e outra de refino de açúcar. Endereço: Rua Prudente de Moraes, 642 - Centro. Proprietário: Particular. Estilo Arquitetônico: Eclético (Neoclassicista). Autoria: Alberto Borelli. Data de construção: 1906. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

5 Foto: acervo pessoal

6 Foto: acervo pessoal

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7 - IGREJA SÃO BENEDITO Originalmente havia no local onde se encontra a Igreja São Benedito, uma capela de N. S. do Rosário anterior a 1858, sendo que seu largo deu nome à rua onde está edificada. Essa capela foi substituída pela primeira construção consagrada a São Benedito datada de 1867, com plano total de Miguel Arcanjo B. D’Assumpção Dutra. Endereço: Rua do Rosário, 801 - Centro. Proprietário: Diocese de Piracicaba. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Eduardo Kiehl. Data de construção: 1917. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

8 - CINE BROADWAY 7 Foto: acervo pessoal

O antigo Cine Broadway, teve sua obra iniciada em 1935 por José R. Andrade, dono de uma rede de cinemas da Capital, sendo este o 22° cinema inaugurado pela empresa. Foi construído no terreno em que antes funcionava o Cine Iris. Endereço: Rua São José, 644 - Centro. Proprietário: Particular. Estilo Arquitetônico: Art Déco. Construção: Antonio Borja Medina. Data de construção: 1935. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

9 - EMPRESA ELÉTRICA

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Em 1903 foi fundada a Empresa Elétrica de Piracicaba, com a finalidade de fornecer energia à cidade de Piracicaba, cuja força motriz era gerada pela queda do Rio Piracicaba A sede da Companhia Elétrica, em frente à Matriz de Santo Antônio tem como característica estilística predominante o Neoclássico inglês. Endereço: Praça da Catedral, 990 - Centro. Proprietário: Particular. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Alberto Jackson Byington. Data de construção: 1912. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

Foto: arquivo histórico de Piracicaba

9 Foto: Google Maps

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10 - CATEDRAL DE SANTO ANTÔNIO A atual Catedral de Santo Antonio é a quinta igreja a ocupar o mesmo terreno. Foi construída em 1946, após a Matriz ser destruída por um incêndio em 1939. Foi construída em estilo neorromânico, com linhas retas e simples, pelo arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto. Endereço: Praça da Catedral - Dom Ernesto de Paula, s/n. - Centro. Proprietário: Diocese de Piracicaba. Estilo Arquitetônico: Neo-românico. Autoria: Benedito Calixto de Jesus Neto. Data de construção: 1946 - 1961. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

11 - SOCIEDADE SÍRIO LIBANESA Numerosos em Piracicaba, os imigrantes dos países árabes também procuraram a união em sociedade de ajuda mútua. Criaram a Sociedade Síria, que viria depois a transformar-se em Sociedade Sírio Libanesa em 1902. Endereço: Rua Governador Pedro de Toledo, 1045 - Centro. Proprietário: Sociedade Beneficente Sírio-Libanesa. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Desconhecida. Data de construção: 1927. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC

10 Foto: acervo pessoal

12 - CONDOMÍNIO SÃO FRANCISCO Construído em 1948, o edifício foi projetado pelo ex-prefeito Eng. Francisco Salgot Castillon. Com estrutura em concreto armado, uma raridade na cidade na época em que foi construído, o prédio foi o primeiro na cidade a receber portas de aço onduladas e esquadrias de ferro batido. Endereço: Av. Armando de Salles Oliveira, 1824, 1830, 1834 - Centro. Proprietário: Particular. Estilo Arquitetônico: Art Déco. Autoria: Francisco Salgot Castillon. Data de construção: 1945. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC 11 Foto: Google Maps

12 Foto: Google Maos

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13 - EDIFÍCIO MARTHA WATTS Primeiro edifício da cidade construído para abrigar uma escola, mudou a paisagem da Rua Boa Morte, quando as casas eram caiadas e térreas no alinhamento da calçada, o grande sobrado recuado de alvenaria aparente se destacava. Endereço: Rua Boa Morte, 1225 e 1257 - Centro. Proprietário: Instituto Educacional Piracicabano. Estilo Arquitetônico: Eclético Neoclassicista. Autoria: Matheus Haussler e George Krug. Data de construção: 1884 e 1914. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

14 - ANTIGO EXTERNATO SÃO JOSÉ 13 Foto: Hélio Antunes

Em 21 de novembro de 1921, a Sociedade de Instrução Popular e Beneficência (Colégio Assunção) favoreceu, através da isenção de imposto, a construção do Externato São José. Endereço: Rua Dom Pedro II, 627 - Centro. Proprietário: Universidade Estadual de Campinas. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Holger Jensen Kok e Paulo Elias Pecorari. Data de construção: 1924. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

15 - SOCIETÁ ITALIANA DI MUTUO SOCCORSO A Societá Italiana di Mutuo Soccorso foi fundada em 11 de dezembro de 1887. Como destaque na sua atuação, a Sociedade Italiana cumpriu papel pedagógico ensinando os imigrantes a se adaptarem ao Brasil. O projeto foi executado com elementos do classicismo italiano. Endereço: Rua Dom Pedro I, 781 - Centro. Proprietário: Societá Italiana de Mutuo Soccorso. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Carlos Zanotta. Data de construção: 1905. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

14 Foto: autor desconhecido

15 Foto: acervo pessoal

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16 - MERCADO MUNICIPAL Em 1886, a Câmara aprovou a construção de um Mercado Municipal e houve concorrência pública para seu projeto. Três arquitetos apresentaram esboços: Miguel Asmussen, Francisco Laffreve e William Gory, sendo que o vencedor foi o primeiro. Foi instalado na Rua do Comércio (Gov. Pedro de Toledo). Endereço: Praça Dr. Alfredo Cardoso, 1336 - Centro. Proprietário: Prefeitura Municipal. Estilo Arquitetônico: Híbrido. Autoria: Miguel Asmussem (original), Paulo Elias Pecorari (reforma). Data de construção: 1887. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC. 16

17 - ANTIGA ESTAÇÃO DA E. F. SOROCABANA

Foto: acervo pessoal

Estação construída para receber o ramal da E.F. Ytuana, posterior Cia. União Sorocabana. Em 1943 passou por ampla reforma, com projeto do eng. Manuel Hermínio Paquete, e adquiriu o aspecto que apresenta hoje. Funcionou como Delegacia, e hoje é ocupado pela SEMUTTRAN. Endereço: Av. Armando de Salles Oliveira, 2001 - Centro. Proprietário: Prefeitura de Piracicaba. Estilo Arquitetônico: Proto-moderno. Autoria: Eng. Manuel Hermínio Paquete. Data de construção: 1945. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

18 - SOCIEDADE BENEFICIENTE 13 DE MAIO Em 13 de maio de 1901, comemorando o aniversário da Lei Áurea, foi criada a Sociedade Beneficente ‘Antônio Bento’, cujo nome homenageava o abolicionista Dr. Antonio Bento de Souza e Castro. Endereço: Rua 13 de Maio, 1.118 - Centro. Proprietário: Sociedade Beneficente ‘13 de Maio’. Estilo Arquitetônico: Neocolonial. Autoria: Archimedes Dutra. Data de construção: 1948. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

17 Foto: acervo pessoal

18 Foto: acervo pessoal

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19 - MUSEU PRUDENTE DE MORAIS Antiga residência que pertenceu ao Presidente Prudente José de Moraes Barros, onde atualmente funciona o Museu do qual é patrono. Endereço: Rua Santo Antonio, 641 - Centro. Proprietário: Prefeitura de Piracicaba. Autoria: Desconhecida. Estilo Arquitetônico: Imperial Brasileiro e Chalet. Data de construção: 1870. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC, CONDEPHAAT e IPHAN.

19 Foto: acervo pessoal

20 - EEI MORAES BARROS Antigo edifício da cadeia municipal , foi transformado em 11 de março de 1896, no segundo Grupo Escolar de Piracicaba. A edificação de dois pavimentos se caracteriza pelos elementos de inspiração Renascentista e Barroca de sua decoração na fachada - marcando as entradas principais, há grandes frontões decorados com relevos, volutas e compoteiras. Endereço: Praça Dr. Jorge Tibiriçá, 600 - Centro. Proprietário: Governo do Estado de São Paulo. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Serafino Corso e Carlos Zanotta. Data de construção: 1904. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC e CONDEPHAAT.

21 - ANTIGA LOJA MAÇÔNICA 20 Foto: acervo pessoal

A Loja Maçônica de Piracicaba foi fundada em 24 de novembro de 1875. Sob a liderança de Prudente de Moraes, 35 fundadores se organizaram formando a Loja administrada por João Batista da Rocha Conceição. Endereço: Rua Santo Antonio, 475 - Centro. Proprietário: Particular. Estilo Arquitetônico: Eclético. Autoria: Desconhecida. Data de construção: 1934. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

22 - PONTO DE BONDES

21 Foto: acervo pessoal

Os bondes começaram a circular em Piracicaba em 1916. Haviam três linhas, todas elas partiam de um ponto central, atrás da Catedral de Santo Antônio. O edifício do antigo Ponto de Bondes hoje é protegido em nível municipal e é utilizado como ponto de ônibus. Endereço: Rua XV de Novembro, s/n - Centro. Proprietário: Prefeitura Municipal de Piracicaba. Estilo Arquitetônico: Modernista. Autoria: Jacques Pilon. Data de construção: Década de 1950. Nível de proteção: Tombado pelo CODEPAC.

22 Foto: acervo pessoal

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EDIFÍCIOS FOCO DE PROJETO TEATRO SÃO JOSÉ E CLUBE CORONEL BARBOSA Dentre os edifícios estudados, do ponto de vista arquitetônico e de flexibilidade para um possível projeto, o antigo Cinema e Teatro São José e seu vizinho, Clube Coronel Barbosa, se destacaram. Sua vizinhança à Praça da Catedral da cidade, a possibilidade de retomada de uso ao teatro, ainda conservado, juntamente à inserção em uma quadra com outros edifícios protegidos foram, dentre outras, as questões que motivaram a escolha do edifício como foco do projeto. As fachadas dos dois edifícios são tombadas a nível municipal, com decretos no 9766 e 9767 de 23 de janeiro de 2002.

Foto na página à esquerda: foto de satélite da Praça José Bonifácio, Clube Coronel Barbosa e Teatro São José - Terrenos de Projeto. Google Earth. Foto acima: Palacete Barbosa à época de sua inauguração, 1925. Nota-se o Teatro São José ao lado, ainda em obra. Acervo CCB. Foto logo à esquerda: Teatro São José, 1927. Autor Desconhecido. Acervo CCB.

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CLUBE CORONEL BARBOSA O originalmente chamado ‘Clube Piracicabano’ foi fundado em 1883, e pouco tempo depois, em 1899, já contava com 60 sócios, se destacando por reunir a elite piracicabana da época. Provavelmente um de seus sócios, o Coronel José Barbosa Ferraz, teve a ideia de construir um local definitivo para sediar o Clube. “O Coronel Barbosa gostava muito de reuniões sociais, certamente frequentava o Clube Piracicabano e teve a ideia de construir um local específico para reunir-se com os amigos. Adquiriu antigos imóveis, localizados na esquina da Rua São José com a Praça José Bonifácio, providenciou a demolição deles e, com a venda de café, de sua fazenda, conseguiu recursos suficientes para ali construir o Teatro São José e o denominado Palacete Barbosa, o qual passou a ser sede do Clube Piracicabano” (Lima, 2001) O Palacete foi finalizado antes do Teatro em 1925. O edifício neoclassicista foi construído (LIMA, 2000), com dois pavimentos, sendo o térreo para fins comerciais e o primeiro pavimento para atividades recreativas, com salão de baile e salas de jogos. O autor do projeto foi o engenheiro Orlando Carneiro, formado pela Escola Politécnica de São Paulo. Seu construtor foi Antônio Borja Medina. Internamente a decoração seguiu o estilo Art-nouveau, nas portas e janelas finamente trabalhadas e nos forros, além de um grande vitral floral, na escadaria principal. Mas após a morte do Coronel Barbosa (LIMA, 2001), em 1937, houve um esvaziamento da sede do Clube, a então viúva do Coronel, Carolina Silveira Mello Ferraz, solicitou a desocupação do prédio, e o Clube mudou-se para um antigo Armazém. O Clube ‘Coronel Barbosa’, foi fundado em 8 de setembro de 1940, após a mobilização de antigos sócios do Clube Piracicabano em alugar o Palacete Barbosa. Os objetivos do novo Clube seriam estritamente sociais, não permitindo atividades esportivas, ao contrário dos outros clubes que surgiam na época. Em 1958, a sociedade comprou a sede do Clube. Em 1962, o Cine Teatro São José. Foram muitos anos de sucesso, com frequentados bailes de gala. “O Clube Coronel Barbosa foi o clube da elite de Piracicaba. Lá se realizavam bailes de debutantes, festas juninas, bailes de primavera e o famoso carnaval da cidade. Os bailes juninos eram maravilhosamente decorados, no hall do Teatro ficavam carrinhos de pipoca e de algodão doce. As moças em geral se vestiam elegantemente de sinhá moça e os rapazes de caipira. Todo mundo ia fantasiado. O carnaval mais famoso da cidade realizava-se no Teatro São José, ocupando o salão, as frisas e o primeiro camarote. Era alegre e maravilhoso. Houve anos em que ao mesmo tempo realizavam um carnaval para idosos no Salão de Cristal. Vale ressaltar que os bailes naquela época eram realizados com orquestras, como de Osmar Milani, Silvio Caldas e outras” (Gomes, 2013)

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No entanto, com o passar dos anos, a concorrência de outros clubes, com quadras esportivas e demais instalações campestres, aumentou. O número de sócios do Clube Coronel Barbosa começou a decair cada vez mais, até hoje contar com pouco mais de 100 associados, muitos deles já bastante idosos, não pagantes de mensalidades, cujas famílias não se interessam em manter o vínculo com o Clube. O estado de conservação dos dois edifícios é cada vez mais precário devido à falta de dinheiro para a manutenção, e as reformas, realizadas sem estudos prévios, apesar dos edifícios estarem sob proteção do órgão de preservação municipal há alguns anos. “Para economizar, Marli [atual presidente do Clube] dispensou profissionais que poderiam lhe ajudar, como um arquiteto ou um engenheiro, e utiliza a mão de obra de seus funcionários, que sob sua orientação, realizam as melhorias.” (Destro, 2014)

1. Palacete Barbosa e Teatro São José vistos a partir da Praça José Bonifácio. Autor Desconhecido. Acervo CCB; 2. Fachada atual Clube Cel. Barbosa. Acervo pessoal; 3. Clube Cel. Barbosa visto da Praça José Bonifácio. Acervo Pessoal.

2

1

3

31


TEATRO SÃO JOSÉ De acordo com o IPPLAP – Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba - o Teatro foi inaugurado em 10 de julho de 1927. O Teatro São José, assim como o Clube ‘Coronel Barbosa’, foi projetado pelo engenheiro Orlando Carneiro e construído por Antônio Borja Medina. As obras do Teatro São José foram iniciadas após a atual sede do Clube Coronel Barbosa, ambos construídos pelo patrono do clube. Segundo Caio Tabajara Esteves de Lima (2000, p. 78), a abertura do teatro foi um grande evento social na cidade, e diversas reportagens em seus principais jornais contavam a ansiosa espera dos piracicabanos para ter uma nova casa de espetáculos. “Inaugura-se, finalmente, amanhã, o suntuoso Teatro São José, a mais confortável e luxuosa casa de espetáculos desta cidade. [...] O Teatro São José foi construído pelo hábil construtor aqui residente Sr. Antônio Medina, em cujas acreditadas oficinas desta cidade foram feitos os trabalhos de marcenaria, muito bem acabados, que se encontram na sala de espera e em outros pontos. Os serviços de pintura foram confiados ao Sr. Bruno Sercelli, residente em São Paulo, cujas qualidades de artista se revelam no gosto fino e na sobriedade das tintas, que tornam o seu trabalho no Teatro São José capaz de satisfazer ao apreciador mais exigente. A instalação elétrica de centenas de lâmpadas, de várias cores, foi feita pela Casa Sant’Anna, da capital. Possui a nova casa de diversões acomodações para cerca de 2000 pessoas, pois, além de 1002 cadeiras da platéia, conta 46 camarotes, 36 frisas, 242 localidades de balcões numerados e 200 de anfiteatro. [...] A nova casa de espetáculos, de propriedade do Sr. Coronel José Barbosa Ferraz, vai ser explorada pela Empresa Teatral Hungria, sob a direção do Sr. J. Soares Hungria, que está recebendo assinaturas para uma temporada de 8 recitais, da Companhia Nacional de Comédias, atualmente no Apollo, de São Paulo. [...] (Jornal de Piracicaba, 10/07/1927 apud. LIMA, 2000, p. 78-80) O projeto, em palavras de Marcelo Cachioni (IPPLAP, 2013) apresenta características de várias correntes estilísticas, como o Art-nouveau nas ferragens envidraçadas, e o Neocolonial na decoração da fachada, com volutas e óculos. Na fachada, não apresenta qualquer ordem classicista, nem colunas ou pilastras. A platibanda é balaustrada, mas arrematada por ameias. As janelas do primeiro pavimento foram desenhadas em arcos plenos e toda a balaustrada foi instalada de ‘ponta-cabeça’. No Foyer foram executadas pinturas murais, com grande variedade de cores, com muitos acabamentos em gesso, como relevos e estátuas. O Teatro possui forro ornamentado, com pinturas alegóricas, e há uma grande boca de cena para o palco. Desde o início de seu funcionamento, o Teatro São José esteve arrendado. Construído em 1927 para ser um teatro, já a partir de 1929, estreou como cinema, com a apresentação do primeiro filme falado de todo o interior paulista.

2

4

32 6


“O Cine Teatro São José, em prédio ainda existente, que começou a funcionar em 1927 e onde estreou o primeiro filme sonoro, “O Pagão”, em 24/10/29.” (ELIAS, 2000)

1

3

“Foi, como prevíamos, um sucesso em toda a linha a inauguração do cinema sonoro, realizado [sic] ontem, no Teatro São José. O vasto e luxuoso centro de diversões da Empresa A. Campos e Cia. apresentava um aspecto formidável e imponente, que se coadunava soberbo com a majestade da inauguração a que Piracicaba assistiu. Nem um só lugar vago. Uma enchente fantástica. Assistentes de pé em toda parte onde houvesse um espaço. [...] (Jornal de Piracicaba, 25/10/1929) O então Cine São José apresentou filmes até os anos 1960, quando foi vendido, pela família Barbosa Ferraz, para o Clube ‘Coronel Barbosa’, seu vizinho. Passou então, em 1968, por diversas reformas para adequar-se ao novo uso. A partir de uma decisão da diretoria, chefiada por João Tacla, o piso do cine-teatro, antes inclinado, com poltronas distribuídas em degraus, foi nivelado em assoalho (LIMA, 2000, p. 80), e o fosso da orquestra inutilizado, para o aumento do palco. Tais medidas foram tomadas para que o teatro pudesse abrigar bailes e outros eventos. Além disso, Lima (2000, p. 81) destaca a criação de banheiros maiores, contando com o espaço dos camarotes do palco, e o bar, que passou a ocupar parte do corredor que separava o clube do teatro. Após as mudanças, o São José sediou as festas de carnaval do clube e dezenas de shows de grandes nomes da música brasileira. Uma das apresentações mais marcantes, sobre a qual se comenta até hoje, foi o show de Roberto Carlos, em 1972. “ O Clube Coronel Barbosa e o Teatro São José foram palco de festas e espetáculos que marcaram a memória da elite piracicabana e ainda se destacam no cenário urbano do centro da cidade. “ (IPLAPP, 2012)

5

1. Fachada do Teatro S!ao José, 2015. Foto Acervo Pessoal. 2. Foyer do Teatro São José, em sua inauguração. Autor desconhecido. Acervo CCB; 3. Cine São José. Data e autor desconhecidos. Acervo CCB; 4. Sala de espetáculos do Teatro São José, data desconhecida. Acervo CCB; 5. Inauguração Teatro São José, 11 jul 1927. Acervo CCB; 6. Teatro São José, vista da platéia. Acervo Pessoal; 7. Teatro São José vista da platéia. Foto Acervo Pessoal.

33 7


ENTORNO DEMOLIÇÕES E TERRENO DE TRABALHO 1. Teatro São José - Edifício de 1927, tombado em nível municipal desde 2002. 2. Palacete Clube Coronel Barbosa - Edifício de 1925, tombado em nível municipal.

7

6

9 8

4

5

3 1

3. Edifício Aristides Figueiredo - Edifício do final do século XIX, sede da Rádio Difusora desde 1933, tombado em nível municipal. 4. Edifício de 7 pavimentos, único na quadra que ultrapassa o gabarito dos edifícios protegidos.

2

5. Edifício atualmente ocupado por restaurante, provavelmente do início do século XX, porém completamente descaracterizado.

7

6

9 8

4

10. Terreno de Projeto

5

3 1 2

7

9 8

10

10

3 1 2

34

6. Anexo ao Clube Coronel Barbosa, construído durante uma reforma na década de 1970.


1

2

4

8

3

5

9

7

1. Teatro São José 2. Clube Cel. Barbosa; 3. Edifício Aristides Figueiredo; 4. Edifício a ser demolido; 5. Edifício a ser demolido; 7. Banco Safra; 8. Edifício comercial; 9. Edifício comercia; Fotos acervo pessoal.

35


1

2

3

36


ENTORNO A futura Sede da Cia. De Dança de Piracicaba, cercada da Praça José Bonifácio, praça da Matriz da cidade, e a menos de 50m da Rua Governador de Toledo, principal rua comercial da cidade, estará em plena área central. Após as demolições propostas, o terreno de projeto cria uma grande esquina entre a Praça e a Rua São José. Seu uso cultural, de sede da Companhia, e reativação do São José como Teatro, trarão público em diversos horários e vida diversificada à área central, hoje quase que exclusivamente de usos comerciais diurnos.

A PRAÇA A Praça José Bonifácio, vizinha do Teatro São José e do Clube Coronel Barbosa, é a praça central e mais antiga da cidade. Nela foi construída a primeira catedral de Santo Antônio, seu padroeiro. Foi remodelada como jardim público na década de 1880 (IPPLAP, 2012, p.14-15), quando ganhou, com a inauguração do serviço de abastecimento de água, um chafariz. “Largo da Matriz: onde se encontra o referido tempo. É o lugar central da cidade. Fica entre as ruas Direita e Quinze de Novembro nos seus cruzamentos com a da Boa Morte” (Camargo, 1900) “Grande espetáculo para Piracicaba foi a experiência para a Empresa Hidráulica, realizada no jardim do largo da Matriz, onde ia ser construído um chafariz. A água jorrou numa altura de 12 metros. Foi a verdadeira maravilha o fato da água do Piracicaba subir até o Largo da Matriz” (Guerrini, 2009). “A esforços dos Srs. G. Scolari e E Skark, o largo da Matriz transformouse à noite em um verdadeiro jardim de fadas, onde, entre luzes de todas as cores, bandeiras e galhardetes [...]sendo alí grande a concorrência do povo.” (Gazeta de Piracicaba, 1887) O jardim público era no início do século XX um dos poucos espaços de lazer da cidade. Era dali que partiam os bondes, e onde estavam a Catedral, o Hotel Central, o Clube Piracicabano, o Cine Teatro São José, o Cine Broadway e o antigo Teatro Santo Estevão. Nos anos sessenta, foi palco de passeatas de protesto contra a ditadura, encabeçadas pelo movimento estudantil.

1. Vista Geral da Praça José Bonifácio. Palacete Barbosa acima à direita, ao lado do já demolido Teatro Santo Estevão. Autor Desconhecido. Acervo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba; 2. Praça José Bonifácio, meados do século XIX. Autor desconhecido, Acervo Municipal; 3. Vista aérea Praça José Bonifácio e Clube Coronel Barbosa. Foto Hélio Antunes.

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DIRETRIZES URBANÍSTICAS De acordo com o Plano Diretor da cidade, de 2006, a quadra de projeto esta situada em Zona de Adensamento Prioritário - ZAP -, em Zona Especial de Interesse Histórico, Cultural e Arquitetônico e dentro de perímetro de intervenção prioritária, cujos objetivos são: “- Requalificação urbanística - Reverter o processo de esvaziamento populacional - Promover a permanência e atração da população com diversidade social e usos - Induzir formas de apropriação qualificadoras e democráticas - Preservar a identidade histórica A Praça José Bonifácio também, por si só, se encontra em área de intervenção. Sofre com a decadência de uso em horários não comerciais, devido a uma época em que limitou radicalmente o acesso de veículos a esse espaço público. “Em Piracicaba, a praça José Bonifácio passou a ter seu uso restrito, fundamentalmente, ao período de atividade dos estabelecimentos comerciais e de serviços, sobretudo bancários, permanecendo o local ocioso grande parte do dia. Mesmo os tradicionais estabelecimentos gastronômicos que ocupavam o local, famosos na década de 1970, entraram em decadência.” (IPPLAP, 2005) Nesse sentido, posterior a “completa remodelação do espaço público da praça, com a eliminação das barreiras físicas e visuais, padronização dos equipamentos públicos, melhorias na iluminação e arborização, bem como a abertura à circulação de veículos no perímetro da praça” (IPPLAP, 2005), o Instituto de Pesquisas e Planejamento divulgou uma série de diretrizes para o perímetro da praça: “- definição de ocupação do entorno considerando imóveis tombados e relações volumétricas de gabarito entre os novos edifícios a serem propostos e os existentes; - definição de instrumentos de incentivo aos imóveis limítrofes à praça que apresentem interesse cultural. ” A partir disso, o projeto proposto busca atender tais parâmetros de modo a contribuir à adequação e os espaços públicos e entorno da praça, principalmente com usos de interesse cultural, garantindo ao máximo o aproveitamento do potencial desse espaço, tanto nas formas de apropriação quanto nos horários de ocupação, e a inserção da mesma dentro de um contexto urbano mais amplo. Segue também diretrizes que visam à ocupação do entorno considerando imóveis tombados, e as relações de gabarito entre os edifícios a serem propostos e os existentes.

ZONA DE ADENSAMENTO PRIORITÁRIO CA máximo: 5 TO: 80% TP: 10% zona especial de interesse histórico, cultural e arquitetônico praça josé bonifácio quadra de intervenção perímetro de intervenção prioritária

38


39


Detalhe Teatro São José. Acervo pessoal.

“O diagnóstico das patologias de um edifício como um todo ou em suas partes significa identificar as manifestações e sintomas das falhas, determinar as origens e mecanismos de formação, estabelecer procedimentos e recomendações para a prevenção. A partir do diagnóstico é possível planejar as atividades de recuperação, restauração, dentre outras.” (BARBOSA, 2011) O diagnóstico elaborado não se aprofunda em questões patológicas que imprescindivelmente necessitam ser elencadas para que se torne possível o projeto de restauro do edifício. Ao contrário disso, principalmente por falta de tempo hábil para o estudo técnico de todas as patologias existentes, o diagnóstico a seguir expõe problemas a serem solucionados no âmbito desse trabalho. 40


DIAGNÓSTICO FACHADA Fachada em bom estado de conservação, apesar de pintura provavelmente não condizente com a original. Além disso, alguns caixilhos foram substituídos e uma marquise foi adicionada à entrada principal do teatro, provavelmente construída na década de 70, substituindo a ferragem Art Nouveau original. (2)

1. Pintura Mural no foyer do Teatro São José; 2. Vista Rua São José; 3. Foyer do Teatro São José. Foto acervo pessoal.

PINTURA Pinturas das paredes internas e externas em tinta látex brilhante, com cor única e detalhes em cor mais clara. É de grande necessidade a prospecção a fim de guardar para fins históricos a coloração e os desenhos originais do edifício. Porém, como a ideia não é retornar ao bem original, propõe-se a manutenção da pintura de cor única, provavelmente com tinta à base de cal. (1) (2) “Com o propósito de solucionar a delicada questão referente ao tratamento dispensado às paredes de monumentos neoclássicos, que, originalmente, apresentam argamassa de cal e pintura com tinta à base de cal, em que a aplicação do látex compromete a aderência e a aparência; ou em função da excessiva lisura dessa técnica; ou apenas no intuito de tratar integralmente essas fachadas com a textura pictórica que lhes é peculiar, o Grupo Oficina de Restauro tem utilizado a cal nas intervenções em pinturas parietais nos edifícios históricos submetidos à restauração.” (Cal. Grupo Oficina de Restauro)

1

2

FOYER Foyer conservado, com pinturas murais “restauradas”, gesso e estátuas em bom estado. (3)

3

41


FORRO Ainda existente, a pintura do teto do teatro, em estuque, do artista Bruno Sercelli, foi perfurada após serem pendurados tirantes em uma festa de carnaval. Os buracos hoje são preenchidos com gesso branco. Propõese estudo e recuperação da pintura original por equipe especializada em restauro (1)(2)

PLATÉIA 1

2

3

4

A plateia do teatro, antes inclinada com poltronas distribuídas em degraus, juntamente ao fosso da orquestra, foram nivelados com assoalho em reforma feita posteriormente à venda do teatro ao clube, para que pudessem ser realizados bailes e outros eventos. De acordo com levantamento do Órgão de Preservação Municipal, o assoalho antigo e o fosso da orquestra ainda permanecem intactos abaixo do novo. Foram levantadas duas opções: a manutenção do assoalho original, mesmo com pouca inclinação, e descobrimento do fosso da orquestra; ou a inserção de nova plateia inclinada central, sobre o assoalho atual, em estrutura metálica. A primeira opção se mostrou mais viável, e se propõe então a retirada do assoalho nivelado, utilização do original e retomada do fosso de orquestra. (3)

ANEXO CLUBE CORONEL BARBOSA

5

42

6

Anexo construído provavelmente em 1968, juntamente com outras reformas, quando o clube comprou o teatro. Possui sanitários, café e cozinha em apoio ao teatro. Além de obstruir a iluminação de parte do edifício sede do Clube Coronel, esta em mau estado de conservação, com madeiramento infestado de cupins. Propõe-se a demolição do anexo e substituição da infraestrutura de banheiro e café, que agora se distribuirão nos novos edifícios. (4) (5) (6)


ANEXO NO RECÚO A escadaria de acesso ao balcão superior e sanitários no recuo lateral direito atendiam ao público de classe mais baixa, com acesso direto da rua, sem ligação com o foyer e o primeiro balcão. A área era rudemente chamada de “poleiro”. Propõese a demolição dessa construção no recuo, substituição por infraestrutura de escada e elevador em maiores dimensões com acesso pelo interior do teatro. (7)

PALCO O palco esta em estado de conservação regular, com camarins construídos na área das coxias e madeiramento original de cobertura com infestação de cupins. Como palco hoje tem dimensões pequenas, falta de coxias, camarins e vestiários, não sendo hábil para receber grandes espetáculos. Propõe-se a demolição da caixa cênica, que juntamente com o terreno do edifício demolido com fachada para a praça, darão espaço a uma construção de palco ampla, com espaço para coxias e armazenamento de cenário, acompanhada de doca, elevador cênico, camarins e alojamento. Tudo isso acompanhado da manutenção da boca de cena original. (8) (9) (11) Obs. Devido ao levantamento feito pelo CODEPAC não chegar no nível do assoalho antigo, os desenhos da plateia foram feitos considerando a menor inclinação possível para a condição ideal de visibilidade.

7

8

9

10

JANELAS DO TEATRO As janelas do teatro foram fechadas com tampos de madeira após a construção dos anexos durante a reforma pela qual passaram os prédios, nos anos 60. Com a construção de novo edifício e adoção de ventilação artificial as janelas continuariam sem uso, porém com fechamento em gesso e cortinas. (10)

11

1. Decoração Forro do Foyer; 2. Pintura em Estuque Forro do teatro; 3. Platéia; 4, 5 e 6. Anexo Clube Col. Barbosa; 7. Anexo recúo Teatro; 8. Detalhe da Boca de cena; 9. Maquinário de apoio ao palco; 10. Janelas internas do teatro; 11. Palco. Fotos

acervo pessoal.

43


ANÁLISE PARA DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMA A Companhia Estável de Dança de Piracicaba - CEDAN - hoje locada no interior do Teatro Municipal, necessita de espaço mais amplo. Hoje conta com 20 bailarinos porém não pode aumentar seu corpo de baile devido à falta de uma sede a abrigue. Para elaboração do programa de necessidades da Cia. foram analisados alguns projetos que poderiam auxiliar no dimensionamento e desenvolvimento de um quadro de áreas, que guiasse a atividade projetual desde o início. 44


COMPANHIA ESTÁVEL DE DANÇA DE PIRACICABA, TEATRO MUNICIPAL

COMPANHIA ESTÁVEL DE DANÇA DE PIRACICABA

Salas de ensaio

Qtide.

ÁREA

1 sala

91m²

Convivência

50m²

Vestiários

2

15m²

WCs

2

10m²

Cozinha

7m²

Depósito

4m²

Figurinos

6m²

Almoxarifado

4m²

Direção WCs Administração

Contíguo ao

RH

Teatro Municipal

Superintendência Produção/ Comunicação Áudio Visual Sala de reunião

12m²

Sala dos Professores Palco

456m²

Camarins

8

_

Sala de Ensaio

1

_

Boca de cena

20m

Lugares

668

Companhia Estável de Dança de Piracicaba, Sala de ensaio. Acervo pessoal.

45


TEATRO EROTIDES DE CAMPOS, 2012, BRASIL ARQUITETURA O Teatro Erotides de Campos foi analisado por ter escala de palco bastante parecida com a do Teatro São José, e por assim ser, contribuir para o dimensionamento das áreas necessárias a seu funcionamento.

TEATRO ENGENHO CENTRAL Qtide. Palco

120m² 10.5m

Sala técnica (máquinas) Depósito Mobiliário palco

10

20

1:750

Planta Baixa Teatro Engenho Central. Fotos: Nelson Kon. Arquivo Brasil Arquitetura.

46

100m²

Sala de Ensaio Platéia

5

150m² 4

Boca de cena Cabine de controle

01

250m²

Coxias Camarins

ÁREA

400 lugares 15m² 170m² 35m² 12m²

Bilheteria

15m²

Foyer

113m²

Circulação Vertical

50m²

Sanitários

30m²

Café

125m²


SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA Com base em visita à SPCD e dimensionamento de suas áreas, o programa da Cia. de Dança de Piracicaba pôde surgir.

SÃO PAULO CIA DE DANÇA Qtide. Salas de ensaio

2 salas

Convivência Vestiários

01

5

10

20

1:750

161m² 120m² 32m²

2

Auditório (improvisado) Fisioterapia

ÁREA

73m² 100 lugares

2

13m² 9m²

Cozinha

4m²

Depósito

17m²

Figurinos

48m²

Almoxarifado

15m²

Confecção Figurinos

45m²

Servidor

15m²

Direção

22m²

Administração

39m²

RH

22m²

Produção/ Comunicação

121m²

Áudio Visual

28m²

Sala de reunião

28m²

Sala Uso educativo

150m²

Sala dos Professores

15m²

Palco - Teatro Sérgio Cardoso

530m²

Camarins - Teatro Sérgio Cardoso

14

_

Sala de Ensaio - Teatro Sérgio Cardoso

5

_

Boca de cena - Teatro Sérgio Cardoso Lugares - Teatro Sérgio Cardoso

11m 820

Planta Baixa Sala de ensaio da São Paulo Cia de Dança. Fotos: Arquivo SPCD.

47


PRAÇA DAS ARTES, 2012, BRASIL ARQUITETURA Mesmo em uma escala de projeto muito maior do que a proposta nesse trabalho, a Praça das Artes foi estudada com o intuito de dimensionar e comparar aos outros projetos estudados camarins, sala de maestros, salas de aula e ensaio para dança e áreas administrativas. Vale ressaltar que a Praça também é de especial interesse do ponto de vista de seu posicionamento em relação ao histórico que acontece em maior escala diante do grande centro histórico de São Paulo e em menor escala se colocando lado a lado e intervindo, como no caso do Antigo Conservatório Dramático Musical e da fachada do antigo Cine Cairo.

48


PRAÇA DAS ARTES Qtide. Salas de ensaio dança Salas de ensaio música

4 salas

ÁREA 140m² 220m²

9 salas

190m²

11 salas

400m²

Convivência

180m²

Vestiários

2/andar

16m²

Camarins

2

80m²

WCs

2

Exposições Documentação WCs

10m² 200m² 150m²/pavimento

2

13m²/pavimento 128m²

Café

50m² 76m²

Restaurante Sala dos maestros

360m² 3

Cozinha Sala Maestros

77m² 3

67m²

Coral Paulistano

100m²

Coral Lírico

200m²

Direção

12m²

WCs

2

365m²

Superintendência Salas de reunião Escola Sala dos Professores

16m² 213m²

Administração Escolas

Planta Baixa na página à esquerda. Fotos de cima pra baixo, na ordem: Praça das Artes; Sala de ensaio; Fachada Av. São João. Fotos Nelson Kon e Leonardo Finotti. Arquivo Brasil Arquitetura.

90m² juntas

12m² 5

39m² 35m² 13m²

49


QUANTITATIVO/COMPARATIVO ÁREAS SÃO PAULO CIA DE DANÇA (40 bailarinos) Qtide. Salas de ensaio Dança Corpo Técnico de Dança

Vestiários Sala Educativo

73m²

100 lugares

TEATRO ENGENHO

Qtide.

ÁREA

Qtide.

ÁREA

Qtide.

_

_

1 sala

_

_

2/andar

16m²

_

_

2

_

_

_

_

80 lugares

_

_

_

_

_

4 salas

Figurinos

_

_

_

_

45m²

_

_

_

_

_

_

_

_

_

2

_

Direção

22m²

12m²

_

_

Administração

39m²

213m² 365m²

_

_

RH

22m²

_

_

_

_

Arquivo

Produção

91m² 50m² 15m²

_

2

140m² 80m²

2

_

1

20m²

15m² 30m² 30m² Contíguo ao Teatro Municipal

50m² 30m² 12m²

_

Sala dos Professores

15m²

3

90m²

_

_

Produção/ Comunicação

121m²

_

_

_

_

_

_

Áudio Visual

28m²

_

_ 128m² 50m² 76m²

_

_

_

_

_

_

_

_

2

10m²

12m²

_

_

77m²

_

_

7m²

2

30m² 70m² 25m² 4

50

10m² 20m²

Depósito

17m²

_

_

_

_

4m²

10m²

15m²

_

_

_

_

4m²

15m²

Servidor

15m²

_

_

_

Palco

530m²

_

_

456m²

270m²

Camarins

14

_

2

80m²

Sala de Ensaio

5

_

_

_

Boca de cena

_

15m²

250m² 4

100m²

8

_

7

120m²

1

_

1

11m

_

_

820 lugares

_

_

_

400 lugares

10.5m _

668 lugares

20m _

Antessala Camarins

_

_

_

_

_

_

_

_

Cabine de controle

_

_

_

_

15m²

_

_

700 lugares

30m² dimensão = palco 10m _ 50m² 20m²

Cabine Transmissão P.N.E

Teatro (Público)

30m²

Almoxarifado

Platéia

Teatro (Técnico)

30m²

100 lugares

50m²

_

4m²

ÁREA

30m²

35m²

Cozinha

Qtide.

_

5

100m²

CEDAN E TEATRO PROGRAMA PROPOSTO

6m²

28m²

Sanitários

Teatro (Elenco)

_

ÁREA

Sala de reunião

Café

Serviço geral

CEDAN HOJE (20 bailarinos)

140m² 220m² 180m²

Confecção Figurinos Recepção

Direção Geral/ Administração

2

PRAÇA DAS ARTES

13m² 9m² 48m²

Fisioterapia Apoio CIA

2

Convivência

ÁREA 161m² 120m² 32m²

QUADRO DE ÁREAS

15m²

Sala técnica (máquinas)

_

_

_

_

Fosso orquestra

_

_

_

_

Depósito Mobiliário palco

_

_

_

_

Bilheteria

_

_

_

Foyer

_

_

Circulação Vertical

_

Sanitários

_

Café Estar Café

150m² 35m²

_

_

150m²

_

_

30m²

12m²

_

_

20m²

_

15m²

_

_

15m²

_

_

113m²

_

_

170m²

_

_

_

50m²

_

_

_

_

_

30m²

_

_

_

_

_

_

25m²

_

_

50m² 60m² 30m² 25m²

_

_

_

_

100m²

_

_

100m²

4


TEATRO E SEDE DA CIA ESTÁVEL DE DANÇA DE PIRACICABA PROPOSTA DE PROGRAMA Salas de ensaio Dança Corpo Técnico de Dança

Qtide.

ÁREA

2

140m² 80m²

Convivência Vestiários Sala Educativo Fisioterapia

Apoio CIA

QUADRO DE ÁREAS

2

30m²

100 lugares

_

1

20m²

Figurinos

50m²

Confecção Figurinos

30m²

Recepção

Direção Geral/ Administração

Direção

30m² 30m²

Administração

50m²

RH

30m²

Arquivo Sala de reunião

12m² 2

Sala dos Professores Produção

Produção/ Comunicação

70m²

Áudio Visual

25m²

Café Sanitários Serviço geral

Teatro (Elenco)

Teatro (Público)

4

10m²

Cozinha

20m²

Depósito

10m²

Almoxarifado

15m²

Servidor

15m²

Palco

270m²

Camarins

7

30m²

Sala de Ensaio

1

dimensão = palco

Boca de cena Platéia

Teatro (Técnico)

30m² 30m²

10m 700 lugares

_

Antessala Camarins

50m²

Cabine de controle

20m²

Cabine Transmissão P.N.E

15m²

Sala técnica (máquinas)

150m²

Fosso orquestra

30m²

Depósito Mobiliário palco

20m²

Bilheteria

15m²

Foyer

170m²

Circulação Vertical

Café

50m² 60m² 30m² 25m²

Estar Café

100m²

Sanitários

4

51


O PROJETO TEATRO E SEDE DA COMPANHIA ESTÁVEL DE DANÇA DE PIRACICABA A ideia geral do projeto é tirar partido do existente para, aproveitando-se da qualidade arquitetônica de edifícios subutilizados, trazer nova vida para a Praça Central da cidade de Piracicaba. O projeto se apoia nos edifícios do Palacete Barbosa – atual Clube Coronel Barbosa – do Cine Teatro São José, e de dois novos edifícios construindo um Complexo com Teatro e Sede da Companhia de Dança de Piracicaba. O programa de necessidades se distribui nesse complexo de forma a dispor de quatro edifícios com suas funções bastante claras: o Palacete que faz esquina com a Praça José Bonifácio abriga toda a parte administrativa do teatro e da Cia; o antigo Cine Teatro São José retomando seu uso como teatro a fim de aproveitar sua inquestionável qualidade a esse fim; o anexo ao lado do teatro como Sede das atividades do Corpo de Baile da Companhia, com salas de ensaio, vestiários e fisioterapia; por fim, o edifício anexo ao fundo do São José, com fachada à Praça José Bonifácio, abrigando todo o corpo técnico do teatro, com a construção de uma nova caixa cênica, camarins, alojamento para visitantes e sala de ensaio. O projeto busca obter com a inserção dos novos edifícios, somados a renovação dos existentes, a indispensável integração de todo o conjunto, desde a Rua São José até o outro lado da esquina, que se vê a partir da Praça José Bonifácio. As demolições e os novos volumes buscam reforçar a identidade do lugar, considerar o entorno como área envoltória de bem tombado, conservando o gabarito, deixando que o conjunto em sua totalidade se torne o novo protagonista. A volumetria adotada para as novas edificações se organiza de dentro para fora a partir de elementos complementares necessários ao Teatro, como a circulação vertical, os camarins e a caixa cênica. Isso permite que sejam criadas fachadas internas como um microcosmos, uma alternativa às aberturas frontais a fim de manter nestas uma linearidade, a fim de que não se sobreponham nem anulem os edifícios históricos. Os prédios anexos permitem a união de todos os elementos e de todos os seus níveis, brincando com a possibilidade de um edifício olhar o outro por suas aberturas internas. A demolição dos elementos construídos posteriormente à década de 60, possível somente devido ao decreto de tombamento dizer respeito somente à fachada, abre um grande fosso de luz, possibilitando a ambos os edifícios – Teatro e palacete – voltarem a respirar. A demolição da antiga caixa cênica busca viabilizar a construção de um palco novo e moderno que possa receber grandes espetáculos. Aumenta em profundidade e espaço para as coxias, isso tudo por detrás da Boca de Cena original, conservada em sua integridade. Além disso é retomada a inclinação da plateia e revivido o antigo fosso de orquestra, ambos cobertos por um assoalho da década de 60. Os novos edifícios surgem de uma base de concreto aparente, cujos pisos são nivelados conforme os pavimentos da edificação já existente. As fachadas externas da serão recobertas por um sistema de placas perfuradas de aço cortén, levemente afastadas da superfície de vedação do volume, pleno de grandes janelas de vidro.

52


A inserção do corten como elemento arquitetônico na fachada marca sua individualidade contemporânea, ao mesmo tempo que não anula o histórico, demarcando o novo conjunto. A pele dupla - com as janelas de vidro que se abrem por detrás das placas de cortén proporciona ventilação, visibilidade de dentro para fora e de fora para dentro, brincando com os reflexos e sombras dos bailarinos em movimento, o que dá à fachada rígida e linear, qualidades de desmaterialização e provocação ao público, que em comunhão às enormes portas pivotantes, convida à entrada.

53


IMPLANTAÇÃO

54


RUA GOVERNADOR PEDRO DE TOLEDO

PRAÇA JOSÉ BONIFÁCIO

RUA BOA MORTE

RUA SÃO JOSÉ

CATEDRAL DE STO ANTÔNIO

55


56


VISTA DA RUA SÃO JOSÉ

VISTA DA PRAÇA JOSÉ BONIFÁCIO

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PLANTA PAVIMENTO TÉRREO demolição manutenção 1. Foyer 2. Platéia 3. Circulação Teatro 4. Recepção 5. Diretoria 6. Bilheteria

58

7. Arquivo 8. RH 9. Servidor 10. Administração 11. Depósito 12. Copa

13. Loja Cia. 14. Café 15. Exposições 16. Palco 17. Figurinos e Cenários 18. Serviço Teatro


59


PLANTA 1° PAVIMENTO demolição manutenção 1. Primeiro Balcão 2. Circulação Teatro 3. Circulação Cia. 4. Sala de Ensaio

60

5. Fisioterapia 6. Camarins Elenco 7. Camarim Maestro 8. Jardim


61


PLANTA 2° PAVIMENTO demolição manutenção 1. Sala Educativo 2. Comunicação 3. Sala Professores 4. Sala Reunião 5.Produção

62

6. Áudio Visual 7. Depósito Figurinos 8. Confecção Figurinos 9. Balcão 10.Cabine Técnica

11. Cabine Transm. P.N.E 12. Convivência 13. Alojamento Bailarinos 14. Passarela Teatro-Cia.


63


PLANTA 3° PAVIMENTO

1. Laje Café 2. Sala Técnica 3. Passarela Técnica

64


2 1 3

65


PLANTA 4째 PAVIMENTO

1. Sala de Ensaio Palco

66


1

67


PLANTA SUBSOLO

1. Porão Palco 2. Sala Técnica

68

3. Projeção Quartelada 4. Fosso Orquestra


2

3 1

4

69


CORTE AA

70


71


72


CORTE BB

73


CORTE CC

74


75


CORTE DD

76


77


78


DETALHE FACHADAS DUPLAS 13

14 15

fachada rua são josé 3 1 4

10

fachada praça josé bonifácio

8

9 10

12

6 11 3 7 2 1 4

DETALHE CONSTRUTIVO | CORTE DD 1. Chapa de aço corten 4mm 2. Perfil metálico 2mm vertical (5cm x 5cm) para estruturação da porta pivotante 3. Perfil metálico 2mm vertical (5cm x 5cm) para fixação da chapa de aço corten 4. Pilar 5. Perfil metálico 2mm horizontal (5cm x 5cm) para estruturalção da porta pivotante 6. Trilho embutido para porta de correr 7. Viga 8. Vidro laminado 9. Tacos de madeira 2cm 10. Vigas de madeira 2cm para estruturação do piso amortecedor 11. Neoprene 12. Barra de Balé embutida no piso 13. Pingadeira 14. Telha metálica com proteçao térmica. 15. Calha

5 4 3 2 1

1:20

79


CORTE EE

80


81


82


CONSIDERAÇÕES FINAIS Eu deveria falar sobre o projeto, mas vou falar sobre o fim. Porque o fim nunca é realmente o fim. O trabalho foi o fechamento de seis anos de estudos nessa maravilhosa faculdade. Não é sobre história da cidade, nem sobre teoria da restauração, nem sei mesmo se é sobre projeto. É produção de conhecimento e prazer. Um trabalho feito por mim, para mim. Patrimônio sempre foi uma paixão, dança outra. Um projeto unindo tudo. Uma orientadora que entendesse e compartilhasse essa vontade. O resultado, trabalho feito sem drama, com muito prazer, amor e dedicação. E agora acaba - e como todo projeto - esta incompleto, com dezenas, talvez centenas, de novas dúvidas, sobre o que é, o que foi, o que poderia ter sido. Dá vontade de continuar. Mas fecha um ciclo e abre outro. De mais aprendizado e muito trabalho. Meu obrigada novamente por poder compartilhar esse “fim” com vocês.

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REFERÊNCIAS REFERENCIAS PROJETUAIS Casa de Cultura de Ortuella, aq4 Arquitectura, Ortuella, 201 Museu Rodin. Brasil Arquitetura, Salvador, 2005. Praça das artes / organização de Victor Nosek -- Rio de Jnaeiro : Beco do Azougue, 2013. Restauração do Sobrado Aguiar Vallin. GrupoSP+República Arquitetura, Bananal, 2013. Teatro Erotides de Campos, Brasil Arquitetura, Piracicaba, 2012. The National Ballet School . KPMB Architects, Toronto, 2005 The Pennsylvania Ballet. Erdy McHenry Architecture, Philadelphia, 2014. The Wyckoff Exchange, Andre Kikoski Architect, 2011, Brooklyn, New York.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARGO, Manuel de Arruda. Largos, 1900 CAPRI, Roberto. Piracicaba, São Paulo, Brasil. Roma: Tip. Poliglota Mundus, 1914. Catálogo da Exposição Itinerante: desenhando o patrimônio cultural de Piracicaba/Marcelo Cachioni (org.). Piracicaba: IPPLAP, 2013 GUERRINI, Leandro. História de Piracicaba em Quadrinhos, 2009 LIMA, Caio Tabajara Esteves de. Histórico do Clube Coronel Barbosa e Teatro São José. Revista do IHGP (Piracicaba), n.7, 2000. Pelas ruas da antiga Piracicaba – Piracicaba: IPPLAP, 2012. Perímentros de Intervenção Prioritária-Praça José Bonifácio. Piracicaba. IPPLAP, Centro Vivo, 2005. <http://ipplap.com.br/site/perimetros-de-intervencao-prioritaria-praca-jose-bonifacio>. BRUNO, José Eduardo de Oliveira. História de Piracicaba. São Paulo. 2004. <http://www. genealogiafreire.com.br/jeo_historia_de_piracicaba.html>. Piracicaba em traços e cores – Piracicaba: IPPLAP, 2013. Piracicaba : levantamento sistematico destinado a inventariar bens culturais do Estado de São Paulo -- Sao Paulo : Condephaat, 2005. GUEDES, Joaquim. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Piracicaba – Diagnóstico. Secretaria Municipal de Planejamento da Prefeitura de Piracicaba. 1974. TORRES, Maria Celestina. Octavio Teixeira Mendes e Sua Piracicaba. São Paulo: Shekinah. TORRES, Maria Celestina. Piracicaba no Século XIX ELIAS, Cecílio Netto. V Memorial de Piracicaba. Almanaque, 2000. Destro, Eleni. Complexo São José em obras em Piracicaba. iG Paulista. 2014. <http:// correio.rac.com.br/_conteudo/2014/01/ig_paulista/149025-complexo-sao-jose-em-obras-empiracicaba.html>. Gomes, Marli de Bem. Histórico do Clube Coronel Barbosa. 2013 <https://colinasdopiracicaba. wordpress.com/2013/10/24/historico-do-clube-coronel-barbosa-2>.

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Canteiro de Obras. Direção: Rica Saito. São Paulo Companhia de Dança, 2014. 1 DVD (28 min). Marques, Isabel A. ensino de dança hoje: textos e contextos. são paulo: cortez, 1999. 126 p. il. bibliografia: p. 119-126 (89 ref.) isbn 85-249-0717-7. 2. ed. 2001. Primeira estação : ensaios sobre a São Paulo Companhia de Dança / Inês Bogéa (org.) -- São Paulo : Imprensa Oficial : São Paulo Companhia de Dança, 2009. Sala de ensaio : textos sobre a São Paulo Companhia de Dança. Rehearsal room : esays on São Paulo Companhia de Dança / Organização Inês Bogéa ; versão para o inglês Izabel Murat Burbridge -- São Paulo : Imprensa Oicial do Estado : São Paulo Companhia de Dança, 2010. Armsrong, Leslie. Space for dance: an architectural design guide. New York, 1940. Lima, Evelyn Fuquim Werneck. Espaço e Teatro: do edifício teatral à cidade como palco. Neufert, Ernest. Arte de projetar em arquitetura. São Paulo: Gili, 1965. BARBOSA, Maria Teresa; et. al. Patologias de Edifícios Históricos Tombados. Estudo de Caso – Cine Teatro Central. Arquitextos, São Paulo, ano 11, n. 128.05, Vitruvius, jan. 2011 <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.128/3720>. CHOAY, Françoise. A alegoria do Patrimônio. São Paulo: UNESP, 2001 Congresso Internacional de arquitetos e técnicos dos monumentos históricos - icomos, Carta de Veneza,1964. Manual de Obras para Imóveis Preservados – Piracicaba: IPPLAP, 2006. PINHEIRO DA SILVA, Luiz Eduardo et al. Manual de Obras em Edificações Preservadas. Vol. 1. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, Departamento Geral de Patrimônio Cultural, 1991. ZANCHETTI, Sílvio; Marinho, Geraldo; Millet, Vera. Estratégias de intervenção em áreas históricas. Recife: UFPE,1995. Cal. Grupo Oficina de Restauro. <http://www.grupooficinaderestauro.com.br/tecnologias/cal. html>.

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