Revista E.T.C. Abril 2018

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Mallu

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ABRIL/2018 Editora do site e revista Bruna Santos Repórter de música Carolina Cordeiro

EXPEDIENTE

Editora Assistente Thais Brazil Colaboradores Bruna Camilo Jaqueline Oliveira Juliana Lopes Kíssila Machado Renata Schmidt Lucas Miguel Mariane Barbosa Thiago Queiroz Colunistas: Henrique Garcia Roncoletta (NDK) Arthur Viana Concolato Diagramação Bruna Santos Coluna literária: Bruna Camilo

www.cultetc.com 2

carta

da editora

Não é de hoje que deixamos claro o nosso amor pela música. Essa arte entra em nossos lares, nos mais diferente formatos e nos arrebata em cheio. Seja no indie, no rock, pop ou no rap; adoramos chegar em shows e cantar até não termos mais voz. E março, apenas o mês mais lotado de shows desde o começo do ano, chegou (e já passou)! As possibilidades de eventos e atrações eram gigantescas e, foi pensando nisso tudo, que criamos a edição especial Lollapalooza 2018. A ideia aqui, porém, é enaltecer um pouco mais os artistas nacionais que brilharam nos três dias de festival no Autódromo de Interlagos. Como parte do especial, conversamos com a cantora maravilhosa, Mallu Magalhães, que falou um pouco sobre suas inspirações e maternidade. Falamos ainda com a banda Ego Kill Talent que acaba de sair da maratona de shows pelo Brasil ao lado do Foo Fighters e do Queens Of The Stone Age. Ainda tem mais entrevistas com Luneta Mágica, Gustavo Mota e Selvagens à procura de Lei. Também fizemos um texto com um resumão sobre o que rolou de mais legal pelo Lollapalooza. A editora que vos fala, se sentiu uma turista ao chegar no festival, mas logo se acostumou - e se apaixonou - pela vibe incrível do lugar e das pessoas. É um sonho conseguir ver tantos artistas talentosos em um final de semana só. É cansativo? É! Mas vale muitíssimo a pena o esforço. E, como tudo que é bom continua acontecendo (pelo menos por aqui), temos todas as colunas que cultivamos ao longo desses últimos meses em nossas páginas. São elas: coluna de literatura, coluna do Henrique do NDK e mais pensamentos do Arthur Viana. Esperamos ver vocês nos próximos shows cantarolando músicas pelas ruas e, claro, nas nossas redes sociais acompanhando as novidades de pertinho. Um beijo enorme.

Bruna Santos 3


EM CARTAZ

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sumário

e mais... CAPA

ESPECIAL LOLLAPALOOZA ENTREVISTAS COM MALLU MAGALHÃES, EGO KILL TALENT, SELVAGENS À PROCURA DE LEI, GUSTAVO MOTA E LUNETA MÁGICA

08 COLUNA DO RIKE

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EU INDICO, TU INDICAS TODO MÊS UM ÁLBUM DIFERENTE

RESUMO LOLLAPALOOZA

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COLUNA DO ARTHUR VIANA

LIVROS

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E.T.C. NO MIDIORAMA CRÔNICA SOBRE O LOLLAPALOOZA 2018

CONFIRA NO SITE

LA CASA DE PAPEL ARTISTAS DA MÚSICA COLOMBIANA 10 SÉRIES PARA QUEM GOSTA DE HISTÓRIA 7


Mallu ESPECIAL LOLLAPALOOZA

Entrevistas e o que achamos do festival rolou em Sรฃo Paulo no final de marรงo

Por Bruna Santos e Carolina Cordeiro

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ntramos no Lollapalooza como turistas e saímos como amantes. Fizemos da festa de três dias de muita música, a nossa casa e por lá andamos quilômetros, sorrimos, encontramos e fizemos amigos. Para essa edição da revista, conversamos com alguns dos artistas brasileiros do Lollapalooza antes mesmo deles entrarem naqueles palcos e contamos um pouco do que vivemos no festival. A começar por quem abrilhanta a nossa capa, Mallu Magalhães. A moça que começou a carreira ainda adolescente com suas músicas “Tchubaruba” e “Shine Yellow”, ainda pode ser vista mesmo em seus trabalhos mais recentes, mas as mudanças, ainda assim, são gigantescas. Após o álbum “Pitanga” de 2011 (o responsável por nos fazer amá-la), ela lançou o disco com seu marido Marcelo Camelo e Fred Ferreira como Banda do Mar lá em 2014. Em 2017, pouco menos de dois anos depois do nascimento de sua primeira filha, Mallu divulgou o seu novo álbum, “Vem”. Foram essas composições que a levaram ao palco do Lollapalooza 2018. Com cerca de 40 minutos de show, Mallu se apresentou no primeiro dia do festival como a segunda atração do Palco AXE depois da banda Plutão Já Foi Planeta. A apresentação prevista para acabar às 15h15 se encerrou mais cedo para tristeza dos fãs que pediram em vão para mais uma faixa. Mesmo com seu jeito tímido de ser – ainda que talvez ela não seja – Mallu se soltou um pouco mais no palco e agradou o seu público que acompanhava as músicas do novo álbum e as clássicas – e amadas – de “Pitanga”. Sobre o seu trabalho, nós falamos com a cantora que agora mora em Portugal com sua família, enquanto divide o tempo também no Brasil. “Viajo muito por conta da profissão e da família. Onde moro depende dos planos do ano. Acho que essa instabilidade, essa falta de casa, força, precisamente, essa busca pelas raízes, talvez pela necessidade de conforto e de segurança. Mas sempre organizo minha vida para estar bastante no Brasil. Aos pouquinhos, se as coisas correrem bem, consigo fazer uma segunda casa em São Paulo e viver meio a meio, é um sonho meu”, confessa.

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De acordo com ela, outra coisa que a influenciou, mas dessa vez, a sua vida como um todo, foi a maternidade. “Existe uma falta de disponibilidade de tempo prático e tempo emocional. Parece que não sobra tanta coisa da gente, sabe? É mesmo uma experiência de dar tudo. E mais um pouco. E mais muito. Hoje relativo mais as coisas. Nada me parece tão grave. Não há tempo nem espaço para sofrer ou pensar demais”. A cantora que já lançou nos últimos meses também o documentário da turnê “Vem” no YouTube e um novo clipe para a faixa “Navegador”, ainda contou para nossa entrevista que o clipe de “Será Que Um Dia” ainda vai rolar nos próximos dias. Além disso, Mallu contou que não pode deixar de fora da setlist de seus shows as clássicas “Velha e Louca”, “Mais Ninguém” e “Navegador”. E disse que espera para 2018 um ano lotado de shows na agenda.

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EGO KILL

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TALENT

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epois do Rock in Rio e de abrir o show das bandas Foo Fighters e Queens of The Stone Age no Brasil, a Ego Kill Talent parou no palco do Lollapalooza para apresentar o seu rock pesado para o público que já esperava Pearl Jam colados na grade – e agradou. “Tocar num intervalo de 20 dias com 3 das bandas que fazem parte do nosso background musical de alguma maneira, é incrível. O convite para a turnê com FF e QOTSA veio pouquíssimos dias depois do anúncio dos Lollapaloozas, ambos do Chile e do Brasil. Dividimos o palco com o Pearl Jam e a nossa entrega nesses shows não difere em nada do que a gente vem fazendo em todos. É muita energia, intensidade e som alto”, comemoram. Ambos, público e a presença ilustre do skatista Bob Burnquist – que veio para o Brasil somente para assistir a banda – se empolgaram com as músicas que os caras apresentaram no palco Budweiser no segundo dia de festival. Em nossa rápida entrevista com eles, falamos sobre o clipe de “Last Ride” que teve imagens captadas no deserto do Atacama, no Chile. “A experiência foi única e bastante intensa. Desde que fizemos a música tínhamos esse sentimento de que ela remetia a algo de outro planeta e o Atacama foi o lugar perfeito para representar isso. Foram 5 dias bem frenéticos. Acordávamos às 5h da manhã e filmávamos o dia todo, passando por lugares e paisagens inacreditáveis. A altitude e o clima árido ajudaram a deixar tudo um pouco mais difícil, mas todos os dias depois das filmagens quando voltávamos para o hotel e assistíamos o que tinha sido captado, tínhamos a certeza de que escolhemos o lugar certo”, contam. Já sobre os planos para o ano, eles disseram sobre os shows que farão pela Europa ainda em Junho para o Festival Download Paris (onde tocarão novamente ao lado do Foo Fighters), para o Graspop, na Bégica, e outros shows que ainda serão divulgados. “Vamos também lançar um single que já está pronto e estamos preparando o nosso segundo álbum”. Muitas novidades por aí, sim ou claro?

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SELVAGENS À PROCURA DE LEI

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banda cearense entrou pela primeira no palco do Lollapalooza em 2014. Na época, com toda a empolgação da novidade, os integrantes mal sabiam que aquela não seria a única vez. No último dia 23 (sexta-feira) – e primeiro dia de evento – eles foram a segunda banda a pisar no Palco Budweiser logo após a apresentação de “Nem Liminha Ouviu”. Enquanto o público ainda chegava para lotar o Autódromo, a banda já tocava suas músicas e colocava no seu show a experiência que ganharam nos últimos anos. “Somos uma banda diferente agora. Tem as músicas do “Praieiro”, que mudaram profundamente o som da banda e lançamos recentemente o single, “Gostar Só Dela”, que já aponta para um novo caminho. Rodamos muito depois do último Lolla para esse, a “Tour Praieiro” foi gigante! O show está diferente. Somos quatro caras bem mais experientes do que éramos em 2014”, afirmam. Depois de falarem que gostariam de tocar ao lado de Tame Impala (que tocou no Lollapalooza de 2016), os integrantes contaram um pouco sobre a música “Gostar Só Dela”, lançamento recente da banda. “Ela era basicamente um samba-rock que havia sobrado do “Praieiro”. A gente sempre curtiu muito ela, então resolvemos desconstruí-la juntamente com o Yury Kalil (produtor). Sinto que tem um pouco dos nossos três discos nela”. Por conta de seus shows na Argentina e até a gravação do clipe de “Gostar Só Dela” que foi feita na terra dos “Hermanos” com direção de Rafael Carvalo (@ ratdc), decidimos perguntar sobre uma provável turnê pela América Latina. “Esperamos que tenha! A América Latina é maravilhosa. A Argentina tem uma identidade musical muito forte (e muito rock ‘n roll também). Seria ótimo voltar para lá e, de repente, fazer uma gig no Chile ou no Uruguai”, conta. Além disso, eles encerram nos deixando com aquele gosto por querer ler logo o próximo capítulo da história. “Seria incrível lançar uma versão em espanhol de alguma música dos Selvagens, né? Tipo como os Paralamas fizeram lá atrás, quem sabe...”, finalizam.

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GUSTAVO MOTA S

ábado, uma hora da tarde. Uma das primeiras apresentações do segundo dia de festival. Gustavo Mota, DJ brasileiro entrou no palco Perry’s by Doritos para apresentar seu trabalho que já rodou diversas casas e festivais. Após se formar em turismo, ele abandonou a carreira para seguir seus sonhos e tocar para multidões. Em nossa conversa ele contou um pouco de como foi esse passo gigantesco em sua vida e os obstáculos que vieram com a decisão. “Todo começo, seja qual carreira for seguir, é muito difícil. E com a música não é diferente, o mercado é muito concorrido. Os maiores obstáculos são a concorrência, o trabalho exaustivo para depois não conseguir obter o resultado esperado do público, é trabalhar mais e lidar com a ansiedade de querer fazer parte de grandes line ups. O segredo é a persistência e acreditar no nosso potencial. Com maiores influências em bandas clássicas, como Beatles, Led Zeppelin, Red Hot Chilli Peppers e Daft Punk, Gustavo conta como a música eletrônica vem mudando nos últimos anos. “Antes ela era vista de uma outra forma. Era algo mais fechado, que tinha um determinado tipo de público. A música eletrônica se popularizou e hoje em dia um DJ toca em festas ao lado de grandes artistas de outro segmento. Isso não acontecia no Brasil há quatro anos atrás, por exemplo”, explica. No Lollapalooza, ele mostrou a que veio cheio de surpresas e novidades. É assim que ele costuma apresentar seu trabalho em festivais. “Cada festa tem uma energia diferente, cada pista tem uma vibe. Tocar em festival envolve um preparo maior, porque quem está ali espera algo novo de cada artista. Procuro fazer algo que as pessoas não estão esperando, seja com uma abertura diferente ou um remix inédito”, finaliza.

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LUNETA MÁGICA

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uneta Mágica quis ser um pouco diferente dos artistas anteriores dessa matéria e tocou no Palco Ônix logo antes da banda Vanguart, no primeiro dia de Lollapalooza. Com o público ainda tímido, se acomodando com suas cangas jogadas no chão. A banda lançou recentemente o single “Parte”, que já nos dá um gostinho do próximo álbum. Falamos com os integrantes sobre essa próxima fase que está por vir. “Ainda vamos entrar em processo de pré-produção, provavelmente no segundo semestre. Estamos ansiosos! Queremos ficar um mês reclusos em um sítio nosso, trabalhando ininterruptamente, vendo se os Deuses da Música nos abençoam e nos inspiram para a criação de nosso próximo disco”, brincam. Os amazonenses começaram o show com a faixa “No meu Peito” homenageando o artista Bob Medina, que foi encontrado morto em sua casa no dia 21. Já em “Aqui Nunca Nasceram Heróis”, eles dedicaram aos artistas independentes que estão na luta para crescer no cenário musical brasileiro. Em nossa entrevista, eles falaram um pouco sobre a cena amazonense. “Tem se fortalecido cada vez mais. Mesmo em época de crise política e financeira, muitos grupos têm surgido e lançado materiais novos muito interessantes. Muitas bandas se juntam para fortalecer eventos da cena local”, contam. Formada por Daniel Freire (baixo), Eron Oliveira (bateria), Victor Neves (synth e programações), Pablo Araújo (vocal e guitarra) e Erick Omena (vocal e guitarra), a Luneta Mágica tocou recentemente no SXSW, conferência de música em Austin, no Texas. Depois de tantas conquistas, questionamos qual sonhos eles escolheriam para realizar hoje e eles responderam: “Gravar com o Dave Fridmann (músico e produtor musical americano), seria demais”. Que os bons ventos o realize.

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O QUE ACHAMOS DO LOLLAPALOOZA

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ra nossa primeira vez no Autódromo de Interlagos para conferir o festival. Chegamos com a sensação de turista que não sabia muito bem para qual caminho seguir. Mas se enturmar e entrar no clima do evento não é nada difícil. Os três dias tiveram muita coisa em comum: andança, cansaço, sede, calor e muita música. Vocês podem até pensar que estaríamos pensando em somente voltar para algo parecido depois de um ano, mas não. A vontade era de retornar ao Lollapalooza nesse próximo final de semana mesmo. Nem o cansaço e nem calor tiram a animação de quem é um verdadeiro amante de música. Os portões abrindo e a primeira banda começando a tocar já é razão o suficiente para estar na frente do palco. Na sexta-feira, assistimos a apresentação do duo inglês Oh Wonder. O minimalismo da apresentação, com as músicas doces, arrebatam o público facilmente. A vocalista Josephine demonstrou empolgação com o número de pessoas que estavam assistindo o show e a vibe delas, o tempo todo. Chegava a ser contagiante ver o quão feliz ela estava em cima do palco. Gostamos muito também da apresentação do rapper brasileiro Rincon Sapiência. Por mera coincidência da vida, encontramos com ele na saída do festival no dia seguinte e conversamos um pouco sobre sua música e o show no Lollapalooza. Ele demonstrou extrema simpatia e felicidade pelos momentos que está vivendo nos últimos meses em nossa conversa, quanto demonstrou em cima do palco. Sua apresentação com a participação especial da cantora IZA em “Ginga”, também levou todo mundo para dançar.

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Ainda acompanhamos os shows do Royal Blood, Chance The Rapper e o principal da noite, Red Hot Chilli Peppers. Mesmo vista de longe, é possível sentir a energia da banda com os vários hits atemporais da carreira deles que vão passando pela setlist um por um. A energia do público era notável, assim como a banda toda em cima do palco. Flea, claro, é um caso a parte. Pula, sorri, gira e dá pirueta. Mais um dia normal na vida do baixista. No sábado o dia foi mais tranquilo. O desejo por assistir Pearl Jam, o headline da noite, nos deixou por horas plantadas na frente do Palco Budweiser. Conseguimos assistir alguns shows antes como os brasileiros Gustavo Mota e Ego Kill Talent, e o rapper Mac Miller. Logo depois, seguimos para o The Nationals que nos surpreendeu com seu rock mais melancólico e maduro. Para o show principal, ficamos perto da grade para acompanhar Eddie Vedder e sua turma, e lá atingimos o ápice do festival até então. A banda tocou por cerca de duas horas e deixou diversos fãs emocionados com as mais lentas como “Sirens” e “Black”. “Jeremy” também empolgou, bem como as partes em que o vocalista tentava falar português com o público que lotou o Autódromo para vê-los. “Sabe quando o show nos faz sair leve? Foi isso! Fiquei em êxtase em vê-los tão de perto e tocando todas as músicas que amo”, diz uma fã no dia do show. Já no domingo, queríamos aproveitar ao máximo a experiência toda. Nas andanças pelos stands vimos as atividades para o pessoal que não se importava em pegar uma pequena fila. Tinha também o slackline que dava vista para o palco principal. O pessoal muito bem equipado, cada um por vez, andava na linha suspensa no ar e se divertia tentando atravessar sem cair e apreciando a vista ao mesmo tempo. Nos shows, conseguimos conferir os três que mais tínhamos vontade no dia. The Neighbourhood, que levantou todas as fãs que os esperavam desde cedo. Na apresentação, eles mostraram que não é só de “Sweater Weather” que eles são feitos e o coro era constante durante a uma hora de show. Logo depois, acompanhamos a emoção da cantora Aurora. A norueguesa atraiu um grande público e ficou chocada com tamanha atenção para o seu show. Em sua segunda passagem pelo Brasil (ela se apresentou no país pela primeiro vez em outubro do ano passado),

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Aurora cantou suas músicas mais conhecidas como “Running with the wolves”, “Warrior” e “Conqueror”. A única que sentimos falta foi “Murder Song”, um hino para os fãs. Para nossa sorte, Lana Del Rey se apresentaria cinco minutos depois de Aurora no palco ao lado. O Ônix só vira tamanho público ao redor dele antes da Lana, para o show do Imagine Dragons no dia anterior. O palco foi encerrado com chave de ouro pela apresentação da cantora do domingo. Lana se entregou às milhares de pessoas presentes e emocionou os casais e os solteiros que assistiram a sua performance. Sensual e com sua voz poderosa, ela cantou entre o público, deitou no palco, cantou no balanço e ainda fez a vontade do público no final de sua apresentação. Mostrando claramente que estava muito feliz por estar tocando para aquela plateia, Lana pediu para que os fãs falassem as três últimas músicas que ela cantaria no Lollapalooza Brasil. “Summertime Sadness” foi cantada por dezenas de milhares e encerrou o palco Ônix com maestria. Demos a volta final na roda gigante (icônica do festival) ao som de The Killers, que encerrava os três dias do evento. O show estava tão contagiante que até mesmo quem estava de longe pulava e dançava ao som de suas faixas. O clima era de encerramento, mas a festa não estava perto de acabar. Nem mesmo no caminho de volta para a estação de trem, o Lollapalooza parecia ter acabado. A sensação é de voltar para o Autódromo no dia seguinte, uma pena que esse dia seja somente em 2019.

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1 - Aurora por Mariana Pekin/UOL 2 - Eddie Vedder no show do Pearl Jam por Diego Padilha/I Hate Flash 3 - Lana Del Rey por Manuela Scarpa/Brazil News 4 - The Neighbourhood por Denis Ono 5 - Mac Miller por Breno Galtier/MRossi 6 - Red Hot Chilli Peppers por Diego Padilha/I Hate Flash/Multishow

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INDICO,

TU

Por Henrique Roncoletta - NDK// Foto: Ricardo Nasi

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M

uitas coisas estão acontecendo no Brasil e no mundo nesses últimos dias e o que me acalma diante de tudo isso que estamos vivendo, é só a música. Sempre será a música. A nova, a velha, a atual, a que talvez já esteja fora de moda. Em toda a minha carreira na música e esse tempo com o NDK, consegui, felizmente, construir amizades verdadeiras para além da arte que produzimos. Uma dessas amizades foi com o Walter da banda Pollares. Alguns meses atrás, tive o prazer de conhecê-lo e cantamos juntos em uma gravação. Foi assim que conheci o trabalho lindo da banda e é assim que chegamos até aqui. Como essa coluna é de indicação de um álbum ou música pelo nosso convidado da edição (e por mim), fiz aquele mesmo questionamento para o Walter. Ele, me surpreendendo, foi o primeiro convidado que citou uma obra atual na resposta. Por que não pode ter sido algo que ouvi ontem que mudou minha vida? Gostei disso! Segue a resposta dele: “Quando o Rike me fez tal pergunta pipocaram automaticamente na minha mente todos os discos do Led Zeppelin, “A Night At The Opera” do Queen, “Dark Side of the Moon” do Pink Floyd e o primeiro (e icônico) disco do Secos e Molhados. Todos eles mudaram dramaticamente minha vida em um determinado tempo. Depois pensei nos discos que lancei em minha carreira e solo (Walter Mourão-Sonho, 2012) e mais, recentemente, os últimos dois discos da minha banda Pollares (Indestrutível, lançado em 2013 e Juno de 2017). A criação de algo tão autobiográfico e carregado de sonhos é algo transformador na vida de todo músico.

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Walter Mourão Banda Pollares

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Ao final desse turbilhão mental decidi pensar no último disco que mudou minha vida. Esse disco se chama “In my room” de Jacob Collier, 2016. Esse rapaz de 23 anos, que já conta com dois prêmios Grammy em sua estante, é um virtuose, multi-instrumentista e, sobretudo, um apaixonado por música. O disco é repleto de instrumentos não usuais, as músicas não seguem o padrão da indústria, seja em afinação, estrutura ou volume. O estilo é enquadrado como Jazz mas, para mim, é o mais puro significado de liberdade. Jacob me abriu os olhos para as melodias que estão dentro de mim, mesmo que elas sejam as mais loucas possíveis. Em sua música tudo é possível, viagens melódicas, harmônicas e rítmicas. Devo a ele o resgate da minha paixão inconsequente e cega pela música, sem cobrança, sem estereótipos, sem moldes. Simplesmente livre”. Como não conhecia o disco do Jacob, já coloquei no play do meu Spotify para conhecer mais e, quem sabe, me inspirar tanto quanto o nosso amigo. Por isso que é ótimo sempre nos conectarmos com pessoas e descobrir coisas novas. Nunca se sabe de onde surgirá um gatilho para criar algo novo e que faça ainda mais sentido para você como artista ou como pessoa. Para completar a coluna, vou indicar um disco antigo que realmente mudou a minha vida e a minha forma de ouvir música. Sempre tive meu pai como grande referência musical e me lembro de assistir vários DVDs desse artista no sofá da sala. Era ouvir, ficar arranhando um inglês que não existia (e ainda não existe tão bem rsrs) e soltando o gogó sem medo de ser feliz. Esse disco é sensacional e ainda envolve toda a magia do rock e da música. Lançado em 1968, ele trouxe o Creedence para o mundo da música, mundo esse que o grupo nunca mais saiu. Vale a pena mesclar o antigo e o novo e aproveitar com o som no máximo.

Rike 30

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coluna

Reflexões da web, da música, da cena independente e do cotidiano Por Arthur Viana

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temas densos, de forma casual e te fazer refletir (mesmo sem aprofundarem em praticamente nenhum assunto). Nesse vídeo, em especial, os três, mesmo discordando em tudo na maioria dos vídeos, concordaram. Eles não se sentiam merecedores das suas conquistas, uns em mais aspectos que os outros, outros mais do que uns. Mas, todos eles, se sentiam fazendo, ou tendo feito, menos do que o necessário para chegar onde chegaram (sucesso financeiro, fama...). Esse sentimento que eles compartilharam me deixou um tanto impressionado e me fez refletir um bocado. E dizem que o Youtube não serve para nada... Imagine que você é um alpinista. Você demorou três semanas para chegar no topo da montanha, enfrentou tempestades de neve, correu riscos, quase morreu, se privou de muita coisa e agora chegou ao topo. Agora você pode olhar o céu, sentir um frio bizarro, observar a natureza e se sentir bem consigo mesmo. Você conseguiu! Agora imagine que, por sorte, você encontrou um balão e chegou no topo. Você vai curtir a vista, o frio, mas a sensação da jornada não será a mesma. Você não precisou dar o seu melhor, embora tenha alcançado o sucesso. O que aprendi com esse vídeo foi: seja SEMPRE a sua melhor versão de você. Alcançar o seu sonho sem merecer não vai te trazer a sensação de dever cumprido, mesmo que você usufrua. Dê o seu melhor em tudo! Talvez esse seja um dos grandes segredos da vida!

SEJA SEMPRE A SUA MELHOR VERSÃO DE VOCÊ

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stava viajando pelos vídeos de YouTube de gatinhos, críticas sobre filmes, cultura pop e músicas desconhecidas de bandas desconhecidas, e me deparei com um dos melhores canais dos últimos tempos, o Ilha de Barbados. Resumidamente, o Ilha de Barbados une três dos maiores nomes da internet brasileira, o sempre polêmico e já veterano Rafinha Bastos, o revoltado Cauê Moura e o PC Siqueira, que está na ativa desde os primórdios do Youtube. Os três já passaram dos 30 anos, aparentemente são bem-sucedidos financeiramente e tratam de assuntos que, teoricamente, não estão no leque dos mais pesquisados por lá. Sério, vale a pena conhecer esse canal! Foi assim que assisti o vídeo cujo tema é “Não Merecemos Nossas Conquistas”. Em geral, Rafinha Bastos é o “bobo” do grupo, o cara bem humorado, “pra cima” e com opiniões até ingênuas perto dos outros. PC Siqueira é o total oposto, sendo para baixo, com opiniões bem pautadas e uma tendência a levar tudo de forma catastrófica. O Cauê Moura é o que fica entre os dois, tendendo mais para o lado PC Siqueira da balança, mas com algumas opiniões meio revoltadas. E é no mínimo interessante como três pessoas com personalidades totalmente distintas conseguem abordar

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Você quer muitos livros, @? Se você está querendo descobrir qual a sua próxima leitura, mas não consegue se decidir. Estamos aqui para te ajudar! Confira os cinco principais lançamentos do mês de março que selecionamos para você. Por Bruna Camilo

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CLUBE DA LUTA FEMINISTA JESSICA BENNET FÁBRICA231

Apesar das conquistas das mulheres ao longo dos anos, ainda há muito o que fazer para acabar com o machismo. Na vida profissional principalmente é onde as mulheres maia sofrem. Em Clube da Luta Feminista – Um manual de sobrevivência (para um ambiente de trabalho machista), a autora e jornalista Jessica Bennett utiliza dados de pesquisas e experiências pessoais suas e das amigas para mostrar que dá para reagir, mas precisamos de sororidade, da união feminina, de muita empatia e força.

AINDA VAMOS RIR DE TUDO ISSO RUTH MANUS EDITORA SEXTANTE

O livro é uma reportagem definitiva da tragédia na boate Kiss em Santa Maria - RS no ano de 2013, e ao mesmo tempo faz uma homenagem as vítimas dessa tragédia. A jornalista Daniela Arbex coletou várias horas de depoimentos para poder passar o que realmente aconteceu naquele dia, passando pelo desespero das pessoas reunidas no banheiro procurando por ar até o momento em que os pais das vítimas tiveram que ir a um ginásio reconhecer os corpos de seus filhos. Assim, não permitindo o esquecimento desse crime com culpados impunes.

QUERIA QUE VOCÊ ME VISSE EMERY LORD EDITORA SEGUINTE

Após a morte de seu pai, Jonah e seus cinco irmãos se tornaram responsáveis por manter a casa em ordem e cuidar do restaurante da família. Mas, tudo começa a mudar no verão, sua vida está prestes a tomar outro rumo. Jonah conhece Vivi Alexander, uma garota encantadora e que é apaixonada pela vida apesar de seus problemas e acredita que a vida é bem mais cheia de aventuras sem ter que tomar seu remédio. Ao encontrar Jonah ela tem certeza que muita coisa espera por eles, mas será que o garoto vai querer correr os mesmos riscos que ela?

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COM AMOR, SIMON

AOS DEZESSETE ANOS

Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue. Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar. Agora, o adolescente precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance para a felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que já conheceu. Uma história que trata com naturalidade e bom humor de questões delicadas, explorando a difícil tarefa que é amadurecer e enfrentar os dilemas para nos encontrarmos.

Marilyn viveu um grande amor aos dezessete anos e engravidou, após isso ela decidiu criar a filha sozinha. Agora Angie, uma garota mestiça, cresceu e mais do que nunca quer saber sobre a família do seu pai e sua descendência negra. Tudo que ela sabe foi contado para garota é que seu pai morreu em um acidente de carro antes de ela nascer. Mas, quando Angie descobre que seu pai pode estar vivo, ela vai para Los Angeles junto com Sam - seu ex namorado. Nessa busca a garota vai descobrir o que realmente aconteceu com seu pai, mais coisas sobre sua mãe e principalmente sobre si própria.

BECCA ALBERTALLI EDITORA INTRÍNSECA

AVA DELLAIRA EDITORA SEGUINTE

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E. T. C. É TUDO CULTURA

EDIÇÃO 10/ ANO 01 ABRIL/2018 ABRIL, 2017

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